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CITAÇÕES REFERÊNCIADAS DOS AUTORES DE MITOLOGIA “IMAGENS DO

INCONSCIENTE” DE NISE DA SILVEIRA

Para seleção das notas de Autores de Mitologia foi utilizada a obra:


SILVEIRA, Nise da. IMAGENS DO INCONSCIENTE. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015
Todos os trecho são referentes a essa edição.

Notas

Capítulo 1 - O Atelier de Pintura - Abstração e Angústia/ o Espaço Subvertido

Capítulo 2 - Dissociação/Ordenação - O Afeto Catalisador

Um dia (18/01/68), quando Carlos entregou sua pintura à monitora, disse: “Sertanejo foi até o céu
falar com Nossa Senhora”. A pintura representa um cão em movimento de escalada, as patas
anteriores estendidas para adiante. O cão esforça-se para ascender em direção a uma imagem
situada no alto (céu). Esta imagem con gura um peixe, traçado tenuemente, que traz no corpo as
letras N. Snr. ( g. 38). A representação de Nossa Senhora sob a forma de peixe parece estranha.
Entretanto não é a primeira vez que a Grande Mãe assume esse aspecto, total ou parcialmente
representada como peixe ou provida de cauda semelhante à das sereias. Atargatis, Artemis,
Aphaia, Dictynna, Britomartis (54).

54. NEUMANN, E. The Great Mother. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1955, p. 276.
54. NEUMANN, E. A Grande Mãe. São Paulo, SP: Editora Pensamento-Cultrix, 2021. P.271-273
(Capitulo 13 - A Senhora dos Animais)

Capítulo 3 - A psicologia da Esquizofrenia Segundo C.G. Jung

Os conteúdos do inconsciente coletivo possuem extraordinária carga energética de efeitos


desintegrativos. A colisão de arquétipos opostos faz “recomeçar a guerra dos deuses, a guerra dos
Titãs(93).

93. von FRANZ, M.-L. Creation Myths. [s.l.]: Spring, 1972, p. 108.

Capítulo 5 - Imagens arquetípicas na esquizofrenia

Com efeito, o mito de Íxion é muito pouco conhecido e as representações plásticas que o
mostram amarrado a uma roda são raríssimas. É improvável que o negro americano soubesse
que Íxion, depois de haver assassinado o sogro e ter sido absolvido deste crime por Zeus, tivesse
tentado seduzir Hera. Embora Zeus lograsse Íxion, dando a uma nuvem o aspecto de Hera,
puniu-o lançando-o ao mundo subterrâneo onde foi amarrado sobre uma roda que deveria girar
eternamente(165).

165. KERÉNYI, K. La Mythologie des Grecs. Paris: Payot, 1952, p. 158.

Freud apreendeu a semelhança entre esta representação visual e Baubo, personagem da mitologia
grega. Quando a grande deusa Deméter procurava a lha desaparecida por todos os caminhos da
Grécia, ao chegar a Elêusis encontra pousada na casa de Baubo e Dysaules. Deméter chorava e
lamentava-se sem consolo. Então Baubo, tentando distrair a deusa, dança diante dela e de súbito
suspende as vestes mostrando o ventre onde é vista uma face animada. Deméter não pode deixar de
rir e aceitar a bebida ritual de cevada (kykeon) que Baubo lhe oferecia. Este episódio foi
incorporado às dramatizações dos mistérios de Elêusis, como intermezzo grotesco que vinha
quebrar as longas lamentações (167).
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167. KERÉNYI, K. Op. cit., p. 240

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Será interessante pesquisar se tais guras, de acordo com Neumann, provêm de misturas e
combinações dentro das matrizes arquetípicas numa fase de desenvolvimento da consciência em
que esta ainda não adquiriu capacidade para distinguir e diferenciar(171), ou se será válido admitir
que a representação de seres aberrantes faça parte de uma modalidade de linguagem do
inconsciente, até bastante apurada.

171. NEUMANN, E. The Great Mother. Londres: Kegan Paul, 1955, p. 12.

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Muitos etnólogos admitem que os espíritos do mal representados como seres híbridos e aleijões por
feiticeiros e xamãs não passariam de produtos da fantasia desses indivíduos, que seriam psicóticos.
M.-L. von Franz, entretanto, lembra que essas guras distorcidas “não provêm da esquizofrenia,
mas do fato de que os espíritos do mal sempre foram representados sob tais formas”(173)

173. Von FRANZ, M.-L. Shadow and Evil in Fairytales. Nova York: Spring, 1974, p. 147.

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As três imagens têm características comuns. a) À frente de cada mulher existe uma cerca baixa, em
quadrados. A cerca é citada por Neumann entre os símbolos conectados com a Grande Mãe, tais
como grutas, casas, muros, tendo a signi cação de encerramento num espaço protegido(191). 1. No
mundo arcaico era este espaço o lugar onde as mulheres pariam e de onde a Deusa Mãe ditava suas
leis. Os homens não penetravam nesse recinto(192).

191. NEUMANN, E. The Great Mother. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1955, p. 46.
192. Ibid., p. 159.

Capítulo 6 - O Tema Mítico do Dragão-Baleia

O tema do dragão-baleia é uma das mais antigas e universais variações do mito do herói. Em vez de
percorrer longas extensões da terra em busca de aventuras, de combater e matar dragões, aqui o
herói é devorado pelo monstro(2060.

206. CAMPBELL, J. El Heroe de las Mil Caras. México: Fondo de Cultura, 1959, p. 88.

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Mircea Eliade, no livro Nascimentos místicos, descreve rituais de puberdade e de iniciação (África,
Austrália), nos quais a cabana onde o noviço ca isolado representa o ventre de um monstro
marinho, crocodilo ou serpente. “Ficar encerrado na cabana equivale a permanecer no ventre do
monstro [...]. O ventre do monstro, como motivo iniciático, tem enorme difusão e foi continuamente
reinterpretado em numerosos contextos culturais. A cabana iniciática gura, além de ventre do
monstro devorador, o ventre materno. A morte do neó to signi ca regressão ao estado embrionário.
Não é a repetição da gestação materna e do nascimento carnal, mas uma regressão provisória ao
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mundo virtual pré-cósmico – simbolizado pela noite e as trevas – seguido de um renascimento
homologável a uma criação do mundo”(209).

209. ELIADE, M. Naissances Mystiques. Paris: Gallimard, 1959, p. 83-84.

Capítulo 7 - O Tema Mítico de Dafne

Capítulo 8 - O Tema Mítico de Dionísio

Segundo narrações muito antigas Dionisos emergiu do mar. O deus é representado na sua forma
arcaica, barbudo, solitário no seu barco de vela e mastros recobertos pela vinha(253).

253. KERÉNYI, C. La Mythologie des Grecs. Paris: Payot, 1952, p. 262.

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As condições preliminares para a iniciação nos Mistérios de Elêusis eram jejuar e depois tomar o
Kykeon, bebida fermentada composta de cevada, hortelã e água. Beber Kykeon favorecia a entrada
na experiência religiosa, no estado de beatitude, dom essencial dos Mistérios de Deméter(263).

263. KERRÉNYI, C. Eleusis. Nova York: [s.e.], 1967, p. 177 [Bollingen Series, LXV-4].

Capítulo 9 - O Tema Mítico da União de Opostos

Estudando o desenvolvimento do arquétipo do feminino, diz E. Neumann que, através de um


processo natural, o caráter transformativo inerente a este arquétipo, depois de manifestar-se pelos
símbolos-primordiais do ventre, útero, seios, evolui até que “um novo órgão torna-se visível, o
coração”, do qual nasce o mundo do espírito como produto da própria natureza criadora. Do
coração brota a sabedoria do sentimento, não a sabedoria do intelecto(307).

307. NEUMANN, E. The Great Mother. Londres: Routledge and Kegan Paul, 1955, p. 330.

Capítulo 10 - O Tema Mítico do Deus Sol

No mesmo sentido pesa a opinião de Mircea Eliade que a rma a existência de paralelismo entre as
hierofanias solares e o desenvolvimento do racionalismo. Somente no Egito, onde oresceu uma
alta civilização, o culto do sol propriamente dito alcançou verdadeira predominância. E na América,
foi no Peru e no México, isto é, entre os únicos povos desse continente que atingiram autêntica
organização política, que o culto do sol chegou ao apogeu. Teria havido, pois, concordância entre a
supremacia das hierofanias solares e o desenvolvimento histórico(320).

320. ELIADE, M. Traité d’Historie des Religions. Paris: Payot, 1968, p. 115

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O herói mitológico não representará um indivíduo especí co, pois suas qualidades transbordam
daquilo que é estritamente pessoal. Na sua gura pode-se discernir a conexão arquetípica do ego
com o self(324).
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324. von FRANZ, M.-L. Problems of the Feminine in Fairy Tales. Nova York: Spring, 1972, p.
16.

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Sol e tartaruga ( g. 3). Segundo versão arcaica da mitologia mexicana, quando o sol se põe no
ocidente é devorado pela terra, monstro insaciável semelhante a uma tartaruga. Também no Egito a
tartaruga, relacionada à terra e à lua, está em oposição ao sol(335).

335. NEUMANN, E. The Great Mother. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1955, p. 183 e
301.

O deus sol tem uma face sombria e destrutiva que várias religiões puseram em relevo. No Rig Veda,
além de seu aspecto resplandecente, o Sol possui também um aspecto tenebroso(338). O deus sol
Apolo é o deus dos lobos, animais noturnos e ferozes; ele próprio metamorfoseia-se em lobo para
derrotar seus inimigos(339).

338. ELIADE, M. Traité d’ Historie des Religions. Paris: Payot, 1968, p. 131.
339. KERÉNYI, C. La Mythologie des Grecs. Paris: Payot, 1952, p. 136.
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