Filosofia: Professor Manoel Ramos
A CONSCIÊNCIA MITICA
O MITO GREGO, UMA INTERPRETAÇÃO SOBRENATURAL DA REALIDADE (Século XIII ao VI A.C.)
1-Considerações Iniciais:
Na imagem acima a ninfa Eco observa Narciso
contemplando seu reflexo na água (tela de J. William,
1903). O Belo Narciso era filho do deus Cefiso e da
ninfa Liríope. Conta o mito que ele se apaixonou pela
própria imagem, afogando-se no rio ao contemplá-la.
Na Grécia Antiga, as pessoas seguiam uma
religião politeísta, ou seja, acreditavam em vários
deuses num período que vai do Século XIII ao VI a.
C. Os gregos criaram vários mitos para poder passar
mensagens para as pessoas e também com o
objetivo de preservar a memória histórica de seu
povo. Há três mil anos, não havia explicações
científicas para grande parte dos fenômenos da
natureza ou para os acontecimentos históricos.
Portanto, para buscar um significado para os fatos
naturais, políticos, econômicos e sociais, os gregos
criaram uma série de histórias, de origem
imaginativa e de caráter sobrenatural, que eram
transmitidas, exclusivamente, através da palavra
oral. Grande parte destes mitos chegou até os dias de
hoje e são importantes fontes de informações para
entendermos a história da civilização da Grécia
Antiga e da própria humanidade.
2-As Fontes: HOMÉRO E HESÍODO (Poetas ou
rapsodos aos quais são atribuídas as narrativas
mitológicas):
Ao longo dos tempos, esses mitos foram
expressos através de uma extensa coleção de narrativas
que constituem a literatura grega e também na
representação de outras artes, como a pintura da Grécia
Antiga. Inicialmente divulgados em tradição oral-
poética, hoje esses mitos são tratados apenas como parte
da literatura grega. Essa literatura abrange as mais
conhecidas fontes literárias da Grécia Antiga: os poemas
épicos Ilíada e Odisséia (ambos atribuídos a Homero e
que focam sobre os acontecimentos em torno da Guerra
de Tróia, destacando a influência de deuses e de outros
seres), e também a Teogonia (narra o nascimento dos
deles e do mundo) e Os Trabalhos e os Dias, ambos
produzidos por Hesíodo.
3-Entendendo a Mitologia Grega:
Os gregos antigos enxergavam vida em
quase tudo que os cercavam, e buscavam explicações
sobrenaturais para tudo (Panteísmo: “tudo estava
cheio de Deuses”). A imaginação fértil deste povo
criou personagens e figuras mitológicas das mais
diversas. Deuses e Heróis habitavam o mundo
material, influenciando em suas vidas. Bastava ler os
sinais da natureza, para conseguir atingir seus
objetivos. A Pitonisa, espécie de sacerdotisa era uma
importante personagem neste contexto. Os gregos a
consultavam em seus oráculos para saber sobre as
coisas que estavam acontecendo e também sobre o
futuro. Quase sempre, a Pitonisa buscava explicações
mitológicas para tais acontecimentos. Agradar uma
divindade era condição fundamental para atingir
bons resultados na vida material.
4-Termo e Compreensão:
Embora seja essa a convenção, os mitos
gregos possuem uma abrangência muito grande e
complexa em seu significado. Costumam ser
compreendidas como narrativas falsas ou fantasiosas,
mas também arquétipos presentes no inconsciente
coletivo, como prefere Jung, embora também sejam
vistos como histórias que servem como guia de
comportamento, para Malinowski, ou, finalmente,
narrativas sagradas, onde existe o culto dos seres;
todavia, existe também a interpretação, segundo Lévi-
Strauss, de ser narrativas voltadas à linguagem, à
expressão, ou mesmo à conceitos e categorias.
Embora muitas vezes confundida com a
religião, a mitologia grega é um conjunto de crenças
enraizadas em relatos fictícios e imaginários. Os
gregos acreditavam que todas as coisas
aparentemente inexplicáveis eram fruto das ações
divinas de seres que ninguém era capaz de ver, ou
então obra de heróis do passado, a religião, para o
homem da Grécia antiga, consistia em cultos aos deuses
do Olimpo, realizados em templos comuns ou em altares
e, também, culto aos heróis, realizados em suas
respectivas tumbas. Além de a religião ter sido praticada
através de festivais, nela se acreditava que os deuses
interferiam diretamente nos assuntos humanos e que
era necessário acalmá-los por meio de sacrifícios. Os
gregos, frequentemente, encontravam desígnios dos
 deuses em muitas =CONCLUSÕES:
características da
natureza. Os advinhos, por Cosmovisão do Homem Mítico: Narrações orais
exemplo, acreditavam haver de casráter sobrenatural.
mensagens divinas contidas  Base: fantasia e imaginação.
no vôo das aves e nos
 Consciência Ingênua: não questionava
sonhos. Nas cidades, os
oráculos (a figura ao lado
nada, e aceitava tudo.
retrata as ruinas do que foi  Dominado pelas crenças: afirmações sem
Oráculo de Delfos) — comprovação racional.
locais sagrados — eram usados por um sacerdote que,  Presa do destino: tudo já definido pelos
tomado por êxtase ou loucura divina, servia de deuses.
intermédio entre o diálogo de um fiel e seu deus de  Teocentrismo: as divindades como centro
adoração. Portanto, é possível concluir que a mitologia de tudo.
dos gregos antigos é o conjunto das histórias
 Sem Livre Arbítrio: sem autonomia para
sobrenaturais dos heróis e dos deuses, enquanto que a
sua religião é, basicamente, os cultos e rituais que a
gerir o seu próprio destino.
constituem, sob a finalidade de estabelecer vínculos
com as divindades da mitologia. 6-O Mito Hoje:
Assumiu uma nova roupagem, mas continua
fazendo parte da existência humana. Ainda se caracteriza
5-Os Deuses gregos:
como ponto de partida
para compreensão dos
Zeus é o principal deus da seres ou do ser. Afinal,
mitologia grega. Era considerado, tudo o que pensamos e
na Grécia Antiga, como o deus queremos se situa
dos deuses. O nome Zeus em inicialmente no horizonte
grego antigo significava “rei da imaginação, nos
divino”. De acordo com os pressupostos miticos, cujo
relatos miticos, os deuses sentido existencial serve
habitavam o topo do Monte Olimpo, principal de base para o trabalho
montanha da Grécia Antiga. Deste local, posterior da razão. Exemplo disso são as histórias em
comandavam o trabalho e as relações sociais e quadrinhos com a eterna luta do bem contra o mal,
políticas dos seres humanos. Os deuses gregos eram de um lado os heróis e do outro os bandidos. Outro
imortais, porém possuíam características de seres exemplo são as personalidades artísticas, políticos,
humanos. Ciúmes, inveja, traição e violência esportistas que a mídia
também eram características encontradas no Olimpo. incumbe de transformar
Muitas vezes, apaixonavam-se por mortais e em figuras exemplares
acabavam tendo filhos com estes. Desta união entre exaltando a imaginação
deuses e mortais surgiam os heróis. humana ao representarem
todo tipo de anseios como
=Principais Deuses Gregos: sucesso, poder, liderança,
Zeus - deus de todos os deuses, senhor do Céu. atração sexual, vejamos
Afrodite - deusa do amor, sexo e beleza. alguns exemplos:
Poseidon - deus dos mares. Madonna, Che Guevara,
Hades - deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do Gisele Bundchene o mito
subterrâneo. do corpo perfeito (imagem ao lado), os quais às vezes se
Hera - deusa dos casamentos e da maternidade. Mulher tornam passageiros, devido a rapidez da mídia em
de Zeus. promovê-las e esquecê-las. No entanto, hoje os mitos
Apolo - deus da luz e das obras de artes. não emergem com a mesma força com que se
Artemis - deusa da caça. impuseram na Grécia Antiga, porque o exercício da
Ares - divindade da guerra. crítica racional nos permite legítimá-los ou rejeitá-los
Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da quando nos desumanizam.
cidade de Atenas.
Hermes – mensageiro dos deuses, divindade que Bibliografia:
representava o comércio e as comunicações.
Hefestos - divindade do fogo e do trabalho.
Filosofando, Introduçao à Filosofia, Ed. Moderna.
ARRUDA ARANHA e PIRES MARTINS, Maria
Lúcia/Maria Helena / Adaptado.