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Templo de Apolo Epicuro em Bassae

Templo de Apolo Epicuro Bassae,Mc Gill, Classic Studies,1966


http://www.mcgill.ca/classics/mccullagh-archive/greek-world/bassae

Parte I- Arquitetura

Sandra Margarida Lima Alves


Neste trabalho envolvente das duas unidades curriculares foi-me atribuído o templo de Apolo Epicuro
Bassae. Qual a importância do templo em si? Qual a ligação, semelhança com o Partenon? Três ordens
para quê, qual o ponto de desenvolvimento de? Tanta decoração para quê? Porquê de Epicuros?

Situa-se...

Seria do período arcaico (fase inicial do desenvolvimento entre os séculos VIII aC e V aC) Construído
entre 450 e 425 a. C. Localiza-se numa área isolada e montanhosa da Arcádia, Peloponeso.1 Pertenceria
a um santuário ligado à cidade por uma estrada sagrada a quase 13 Km de distância.

A construção é toda em calcário cinza, salvo o friso, que é de mármore.

Pausânias

Pausanias (pela beleza da pedra e harmonia) coloca-o em 2º lugar entre todos os templos do
Peloponeso, depois do de Tegea e diz que o autor e arquiteto Ictino viveu em Atenas na época de
Péricles.

…According to Paausanias the small city of Phigaleia in south- west Arkadia in the
Peloponese got in no less a figure than the architect of the Partenon, a man named
Iktinos, to rebuild the temple of Apollo at its out- of- town sanctuary in the mountains at
Bassai…

Osborne, Robin; Archaic and Classical Greek Art; Oxford History of art, página 205

Pausânias diz que o arquiteto deste templo é Ictino mesmo arquiteto de Parténon (sendo este templo
pós- partenon), segundo este também o epíteto de epicuros deus, vem da relação á libertação da praga
que se alastrou no início da guerra do Peloponeso, a grande peste de 430 e pela qual Apolo recebeu em
Atenas o epíteto de Alexikakos. Apolo que é também deus de Delfos, mas também é Epicuro.

Epíteto

O epíteto de Epicuro (atribuído por Pausânias), pode não ser o mais correto segundo Osborne pode se
referir a um tipo de ajuda fornecida aos epikouroi dos quais Arkadia era famosa pelos soldados
mercenários

Descrição

Templo períptero- dórico (seis por quinze). Exteriormente apresenta uma colunata dórica que forma o
peristilo. No seu interior é formado por colunas jónicas endossadas nas paredes e uma coluna isolada
coríntia que suporta a arquitrave.

Construído sentido norte- sul. A sua distribuição interna era anormal, com a Cella dividida em duas
partes desiguais, que todavia não constituíam dois espaços isolados. O ádito com uma porta lateral em
sua parede leste.

Estilóbato vai de 14,5 m por 38 m..

1
Olympia Vikatou; odysseus Ministério da Cultura e | do Desporto Bassae (culture.gr)
Distribuição de colunas: duplo In antis Cella com Pronaos e opistodomus profundos, dístilo, por um lado
simétricos, in antis. Espaço na naus vasto com um vão aberto para nascente. Restante da cella formada
por colunas embutidas afixadas a pequenas paredes que se projetavam das paredes laterais.

Dentro do naus friso continuo dentro do naus e não fora do naus, variações a um processo mais ou
menos canónico da proporção.

Frisos do exterior: não eram decorados

Frisos internos:Cenas de amazonomaquia (luta entre gregos e amazonas), cenas de centauromaquia (luta
entre centauros e lápitas).

Porta lateral: Possivelmente para permitir que o sol iluminasse a estátua cultual de Apolo, no interior do
templo.

Planta do templo de Apolo Bassae; Aula de História;planta de Apolo em Bassae - Bing images

Percurso …
Templo de Apolo em Delfos, Enciclopédias, EL
TEMPLO DE APOLO EN DELFOS Y SU HISTORIA Templo de Apolo Epicuro em Bassae, Viaje al
(enciclopedias.com) Patrimonio, Templo de Apolo Epicuro en Bassae -
Viaje al Patrimonio

"... High in the mountains of Arcadia, the temple was unknown except to locals until was discovered by
a French architect in 1765. His investigation was cut short by murderous bandits…”

FIELD, D. M.; The World's Greatest Architecture Past & Present; Grange Books 2007

Ao contrário do templo de Apolo em Delfos que teria sido destruído por cristãos a mando de Teodósio I
numa tentativa de remover todos os vestígios do paganismo, este encontra-se consideravelmente bem
conservado, desconhecido exceto para os locais, descoberto só em 1765 por um arquiteto francês que
fez uma curta investigação.

Redescoberto por acidente por viajantes alemães e franceses no início do século XIX

Conhece-se o templo através de desenhos reconstrutivos de Haller e Cockerell, encontrando-se hoje o


friso no museu britânico, arrancado das ruínas do templo.

"Fué arrancado de las ruinas en 1812 por Cokerell y el barón de Stackelberg y vendido al Gobierno
Britânico por 12.000 libras."

PIJOÁN, José; Summa Arties; v.4 página 282

O templo em si passou por um processo de restauração recentemente

“... to protect it from the elements during its complicated restoration, the magnificent temple is
swathed in a gigantic grey marquee suspended from metal girders… Panels make clear that the work
is badly needed to keep the whole thing from simply tumbling, stone by stone…”

ELLINGHAM, Mark (co fundador); The Rough Guide to Greece; 2012; Capítulo Peloponeso,The
Rough Guide to Greece - Google Livros

Desenvolvimento

❖ Ictino

"... che sa trovare geniali soluzioni a particolari problemi di culto, d'impianto, di decorazione,
particolarmente sensibile agli effetti ottici e prospettici che, mentre dà una raffinatezza nuova e una
elaborata eleganza all'ordine dorico, ravviva l'architettura templare tradizionale con introduzione
dell'elemento ionico del fregio, delle colonne, delle semicolonne con una concezione più preziosistica e
ricca dello spazio interno..."2
3
A arquitetura é antropomórfica o percepção do mundo através da razão, o celebrar a capacidade do
homem de entender e interpretar o mundo através da lógica da filosofia. A partir daqui há a influência
na arquitetura, este antropocentrismo leva a um sistema de medidas baseados no corpo humano
entendido como cânone de beleza e proporção, este sistema leva à escala humana

Escala (sistema de medidas de modo a manter uma relação de proporção, parte das relações
próprias do corpo humano: a medida dos pés em relação às pernas, a medida de um polegar, a
altura em relação às dimensões da cabeça).

Passam a medir o corpo humano e estipular uma relação de proporções entendida como harmoniosa e
bela, os edifícios passam a ser medidos e construídos a partir da mesma relação dimensional do corpo
humano, passam a se adaptar às medidas do homem. Tudo isto parte da sua busca da perfeição.

Não deixando claro aqui as medidas com base no corpo humano, o antropomorfismo, aqui Ictino quebra
o cânone em si, desde a quebra de simetria, a partir da porta a leste, a utilização de 3 ordens (atribuindo
funções diferentes), o friso no interior do templo e a orientação incomum. Tudo se deve muito à
localização do templo e à função do mesmo.

❖ Local

2
Ictinus; Treccani; Enciclopédia italiana; 1933; Treccani, il portale del sapere
3
Página 5 e 6; Studocu; 2018; sebenta-historia-da-arquitetura-classica.pdf
Desenho de Templo de Apolo Epicuro, Edward Dodwell em 1806, Museu Britânicodrawing |
British Museum

"...os templos são réplicas de Montanha cósmica e, consequentemente, constituem a


"ligação" por excelência entre a Terra e o Céu,..."

ELLIADE, Mirccea; Sagrado e Profano

As arquiteturas têm uma expressão sagrada de lugar, não se muda de lugar devido à
sacralidade. O templo de Apolo Epicuro situado assim numa área montanhosa da Arcádia no
Peloponeso como já foi dito, representado assim para a sua aproximação com o deus Apolo. O
templo que era a casa do deus onde este estava presente, localizado num sítio sagrado e não
profano devido aos rituais (no altar) a Apolo, a dita "Montanha cósmica" se designa de
montanha onde preside a ordem contrariamente ao caos (desordem), a ordem era imposta com
a presença dos deuses, os rituais que aconteciam, a ressurreição dos acontecimentos
passados na origem do mundo que levou do caos ao cosmos

❖ Orientação

A orientação quebra o cânone na Hélade sendo comum a orientação leste- oeste aqui apresenta uma
orientação norte-sul.

“..os alicerces dos templos mergulham profundamente nas regiões inferiores..."

ELLIADE, Mirccea; Sagrado e Profano


A função dos templos com a orientação tradicional seria marcar um centro, como em todos os templos e
nesse centro haveria a ligação aos deuses, tal como a ligação aos mortos que não deixariam de estar
protegidos por estes na sua outra vida onde também estariam presentes os vivos, era um lugar sagrado.

Porquê da orientação incomum?

O estranho do norte-sul pode ser explicado pelo relevo do terreno, respeita as circunstâncias do lugar. O
cânone deixa a função cosmogónica e passa maioritariamente ao sentido plástico da representação, ao
próprio sentido da representação.

"...harks back to earlier traditions. A possible explanation is that it was influenced by the
earlier Temple of Apollo at Delphi, the god's chief shrine, a theory supported by the
unusual orientation of the temple, which faces north, towards Delphi.

FIELD, D. M.; The World's Greatest Architecture Past & Present; Grange Books 2007

Esta orientação já adotada num templo mais antigo, de Apolo em Delfos.

Fachada

As seis colunas da fachada são mais grossas que as


colunas dos outros três lados, umas das duas
possíveis teorias seria uma arquação direta ou as
colunas erguidas num “estágio” anterior de
construção. 4

❖ Colunas

Perante Crepidoma , vemos os dois degraus da estereóbata estilóbata onde sem base naturalmente
assenta a coluna dórica.

Hoje de origem vê-se o equino e o ábaco, o friso foi retirado como já referido por Cokerell e o barão de
Stackelberg hoje presente no museu Britânico.

Imagem recortada, Templo de Apolo Epicuro Bassae,Mc Gill, Classic Studies,1966


http://www.mcgill.ca/classics/mccullagh-archive/greek-world/bassae

"O fuste de vinte estrias superficiais e sua altura é oito vezes o seu
diâmetro."
Vida Oculta Na Maçonaria, LEADBEATER C. W. ,Editora Pensamento,
Como é que no mesmo edifício de piso único, usamos colunatas

4
Templo de Apollon Epicurios (Bassai) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
distintas?Três ordens para quê, qual o ponto de desenvolvimento de?
A ordem dórica originalmente sendo uma transformação primitiva de construção em madeira para
construção em pedra, é uma ordem mais robusta, mais simples dando o aspeto de fortificação, ao
contrário da ordem jónica com as colunas mais esbeltas. Aqui acontece uma ordem dórica não de
simples soluções formais que não são canónicas, dadas por Ictino.

Imagem recortada, Templo de Apolo Epicuro Bassae,Mc Gill, Classic Studies,1966


http://www.mcgill.ca/classics/mccullagh-archive/greek-world/bassae

Como no Partenon a ordem dórica está unida à ordem jónica interna sendo que aqui as colunas jónicas
estão endossadas nas paredes.

Uma das peculiaridades deste templo é a junção das três ordens à aqui um lado tradicional
modernizado, revive a arquitetura tradicional, dando "...uma concepção mais preciosa e rica do espaço
interior."

“…the columns turn out to be but carved wall- ends with widely flaring mouldings at the base and
Ionic capitals whose continuous curve is hard to parallel elsewhere…”

Osborne, Robin; Archaic and Classical Greek Art; Oxford History of art, página 205

As colunas jónicas, aqui a inovação vê-se no uso da venustas (para além de desempenhar a utilidade de
cumprir a função de suporte e passam a fazer parte do revestimento). Passam a fazer parte da decoração
já não se apresentam isoladas mas presas nas paredes laterais formando assim nichos, superiormente
com um friso esculpido no interior do templo.

"Según la reconstrucción de Cockerell, cuatro volutas de hojas se elevan por encima de una doble
guirnalda de hojas de acanto hacia las esquinas del ábaco dórico de severo corte…”

MULLER,Werner; VOGEL,Gunther; Atlas De Arquitectura De Mesopotâmia A Bizancio


5
Muller faz a comparação entre mais 3 templos.
Em Bassae, a frente do capitel mostra um antigo
motivo de duas espirais encimadas por uma
palmeta, em Dídimo (séc. IV a. C.) os capitéis já
estão uniformemente limpos por folhas de
acanto e guirlandas, em Atenas (séc. I a. C.) mais
elegante renúncia às volutas enérgicas, em
Elêusis (entre VI a. C. a IV d. C.) em vez de
volutas, há cabeças de fúrias sustentando o
ábaco para fora na diagonal. A riqueza plástica
junta-se ao olhar dos escultores.

Página 162; MULLER,Werner; VOGEL,Gunther; Atlas De Arquitectura De Mesopotâmia A Bizancio

Em Bassae…

Coluna coríntia suporta uma arquitrave. Coluna colocada obliquamente, neste alinhamento oblíquo a
coluna distinta. Um dos primeiros coríntios à escala mundial (desaparecido agora ?). Naus com luz
orientada com luz a bater na coríntia, a partir de uma porta. Segundo Osborne6 cria um efeito muito
mais dramático no observador (ao espaço “homogéneo” do Partenon)de luz e sombra
independentemente de qualquer estátua de Apolo que tenha havido. Dá assimetria ao lugar, e coloca no
olhar do observador o resultado de um processo evolutivo que parte da mudança da madeira à pedra.

❖ Entablamento

O entablamento simples, suportado naturalmente por colunas. Na arquitrave não tripartida como se
apresentava na ordem jónica. Acima estavam as lajes de pedra acanaladas e os tríglifos, alternadamente.

❖ Acrotério

Com a cornija, descansa o telhado de duas águas com a acrótera a sobressair sobre este.

Acrótera: pedestal ornamentado típico da arquitetura grega e romana. Feita em terracota pintada.

5
Página 163; MULLER,Werner; VOGEL,Gunther; Atlas De Arquitectura De Mesopotâmia A Bizancio

6
OSBORNE, Robin; Archaic and Classical Greek Art; Oxford History of art, página 207
Reconstituição Bassae;Following Hadrian; reconstituicion of temple of Apolo Bassae - Bing images

❖ Planta

Planta do templo de Apolo Bassae; Aula de História;planta de Apolo em Bassae - Bing images
O edifício peristilo com duplo In antis.

O opistodomus,lugar de oferendas ao deus, lugar do seu tesouro, com duas colunas in antis.

“No interior a orientação tivera como consequência a criação de uma sala principal, que reunia o lugar
santo com a estátua de culto e se distinguia de forma excepcional…”

SHEFOLD, Karl, A Grécia Clássica, Página 206

O naos lugar, da estátua da divindade, virada para a entrada e a coluna coríntia que provavelmente
definiria o auge da perfeição ao lado da estátua.
A sala principal dividia-se pela coluna coríntia onde de um lado estava o adyton (lugar da imagem de
culto, com a porta do lado direito estando a estátua virada para a entrada e do outro lado o naos com as
colunas endossadas nas paredes.

Anterior ao naos está o pronaos, a entrada para esta arquitetura já não axial onde se sai e entra pelo
mesmo sítio, com a porta no adyton.
Parte II - Escultura

Interior do Templo de Apolo Epicurius, Charles Cockerell, 1860O Templo de Apolo


Epicúrio em Bassae e suas Ordens - Instituto de Arquitetura Clássica e Arte
(classicist.org)
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O friso de Bassae mostra-se próximo do observador a partir de figuras que olham para este,
dirigindo-se com gestos dramáticos, a teatralidade que coloca uma ênfase de violência. Os olhos
profundos que também sugerem dor, medo e desespero.

OSBORNE, Robin; Archaic and Classical Greek Art; Oxford History of art, página 207
No Friso Bassai é usado o mármore em alto relevo em 23 painéis, 31m de comprimento por
63cm de altura. Os 23 blocos do friso no interior do templo mostram a batalha entre os gregos
e as Amazonas e os lápitas e centauros. De entre 11 representam Gregos a lutar contra os
centauros e os outros 12 Gregos contra os Amazonas.

Troiana Amazonomaquia

7
Wikipédia; Bassae Frieze - Wikipedia
As Esculturas Bassai,Friso (mudança da amazona a ganhar vantagem para um grego mais bem
armado do friso a vencer contra a amazona), Museu Britânico, frieze | British Museum

Ataque aos Gregos em Tróia por Amazonas


A batalha estende-se por 3 lajes, terminando na 4º laje com uma trégua no final da batalha.
Na 1ª laje um amazona ganha vantagem situação que muda, um grego barbudo, o soldado
mais fortemente armado (quitão, capacete, escudo,...) agarra uma amazona pelos cabelos
enquanto a pisoteia.
Noutra laje, uma amazona usa um escudo hoplita para proteger uma segunda amazona
ajoelhada que acaba de atirar uma flecha.
Na 3ª laje Aquiles mata a rainha Penthesilea, estes que aparecem no centro da laje.

As Esculturas Bassai,Friso (Aquiles mata Penthesilea), Museu Britânico,


frieze | British Museum
A última laje representa a trégua entre gregos e amazonas.

Amazonomaquia de Héracles

Batalha entre os gregos, comandados por Héracles, contra as Amazonas numa tentativa do
herói de tomar o cinturão da rainha amazona Hippolyte.
Esta Amazonomaquia vê-se por 8 quarteirões do meio do lado oeste.
Na 1ª laje, um amazonense e um grego levam a melhor num par de duelos.
Na laje seguinte, olhamos a primeira vítima, vê-se uma amazona provavelmente segurando o
cabo de um machado na mão direita enquanto ela desmaia. O peplos diz que seria uma das 3
rainhas do Amazonas.
A rainha e primeira vítima seria Melanippe, e o grego que a mata Telamon (ao lado da vítima e
agora vira a sua lança para outra pessoa)
A próxima vítima da lança de Telamon será o, que ajuda um camarada ferido.
Amazona (de pé à esquerda de Telamon), entendida como parte de um plano espacial mais
profundo. Telamon aponta a sua lança para um inimigo distante e esta provável que para o
grego na laje anterior que se encontra prestes a arrastar uma amazona (novamente com um
peplos overgirt, provavelmente que significasse da realeza) esta seria Antíope.

As Esculturas BassaiGravura, friso(Héracles Foto de reconstituição frontão do partenon;


(comanda os gregos contra os amazonas), John Lee;flickr;2009;+fronton of partenon
grego a derrubar uma amazona montada, reconstituicion of museum acropolis - Bing
Kaieus esquecido), FINDEN, William; images
CORBOULD, Henry
print | British Museum

No longo eixo do templo e sobre o capitel coríntio há uma unidade com destaque em Héracles
enquanto em cada extremidade do trio de lajes há o equilíbrio de pares de um grego e
amazona a ajudar companheiros feridos.
Há uma 3ª rainha Hipólito que, tal como as outras, distingue-se pelo vestuário (manto enrolado
na sua cintura chama a atenção visualmente para o cinto disputado.
Na última laje, a única de Amazonomaquia do lado leste, retrata o momento final do conflito, o
resultado final a última das amazonas agarrada a um altar enquanto é presa por um grego.
“...Heracles y su contendiente recuerdan notablemente al grupo central del frontón
occidental del Partenón…”.
ROBERTSON, Martin (versão María Castro), El Arte Griego, 1997, página 243
Aqui o autor conheceria a obra do Partenon, vê-se ao olhar para os que pertencem ao grupo,
tal como o grego caído como o deus rio do outro templo. Apesar de feitos em ambientes
diferentes e com funções diferentes, o Partenon é recordado para a realização do friso de
Bassae. Aqui existe uma tendência segundo El Arte Griego para uma reiterativa expressão de
violência em staccato.

Centauromaquia
Corresponde a 7 lajes do lado leste e quatro do lado norte do entablamento
Paisagem rochosa, enterro do centauro Kaineus, centauros a lutar com galhos de árvores ou
rochas, homens com armaduras e armas são todos elementos de uma batalha campal entre
lápitas e centauros.
Quatro Gregos encontravam-se visivelmente colocados nos principais pontos estruturais na 1ª
laje na esquina e na última laje.
Várias mulheres (incluindo Hippodameia) estão espalhadas por toda a batalha.
Esses elementos pertencem a uma cena diferente na centauromaquia , a briga na festa de
casamento de Peirithoos.
Intervenção dos deuses Apolo e Artemis. Quebra dos desenhos tradicionais, tentativa de
unificá-lo com os outros dois temas do friso, adaptar o assunto às divindades patronais do
santuário.
Procissão ritual para presentear um cinto no santuário de Artemis interrompida por ataque a
centauros, como acontecera na festa de casamento
Centauromaquia
1ª laje Gregos vestidos de mantos a lutar descalços, em direções opostas com poses idênticas
Na 2ª laje, o santuário ritual de Artémis é indicado por uma pele de leão ou de pantera em
ação de graças por uma caçada bem sucedida.
O grego que defende as duas mulheres contra o centauro, apenas com uma arma segurada na
mão direita. Este seria Teseu. As duas mulheres flanqueiam uma estátua de Artemis. O eixo da
estátua é carregado pela sacerdotisa. Quando o centauro puxa a roupa do seu ombro
esquerdo, reaparece na mão esquerda da sacerdotisa, representada também nas partes
inferiores da estátua.

As Esculturas BassaiFriso (Mulheres com Desenho de Cockerell, Museu Britânico,


estátua de culto de Artemis a ser abordada drawing | British Museum
por um centauro), Museu Britânico, frieze |
British Museum

Osborne diz, que intervém entre os espectadores, a ação do friso e pode mesmo representar o friso
como um todo, a mulher que estende os braços para ficar entre o espectador e a estátua de culto.Rostos
frontais dos centauros e suas vítimas, os olhares diagonais das amazonas olhando para fora do plano da
imagem.

Fala de apelos da mulher como vítima seguidos de sinais amparados da mulher lutadora que mostram o
problema discriminatório.

”...elaboration of draery as a subject in its own right, and a distinctly innovative exploration of pictorial
illusionism…”

FULLERTON, Mark D. ;Greek Sculpture; John Wiley & Sons; 2016; Greek Sculpture - Mark D. Fullerton -
Google Livros

Esta mulher representada Zeuxis (segundo Osborne) um artista com tendência para o ilusionismo, fala
da revelação do corpo da mulher como da demonstração da habilidade do artista, fortemente envolvido
na ilusão de Parrhasius.

História de Zeuxis, concepção da arte como mimesis imitação da arte da natureza de forma a pensar que
é o espectador.

Zeuxis entra em competição com Parrhasios onde pinta uvas no teatro e atrai os pássaros que acham
que são de verdade, Parrhasios pinta uma cortina para representar a verdade tão bem que Zeuxis
glorificando-se diz para a cortina se abrir para se ver a foto. Apercebendo-se do seu erro dá como
vencedor Parrhasios pois tinha enganado os pássaros, mas Parrhasios engana-o. Mais tarde Zeuxis pinta
um menino a carregar uvas atrai os pássaros e apercebe-se que pintou a uvas melhor do que o menino
caso contrário não atrairia os pássaros

4 lajes
Cada um dos gregos carrega uma armadura ou arma
Um herói que perde a sua espada se protege inutilmente com uma pequena rocha enquanto
recua diante de um centauro.
As Esculturas BassaiFriso (Morte de Kaieus), Desenho friso (Herói que perde a sua espada
Museu Britânico,frieze | British Museum e se protege com pequena rocha, Mulher que
carrega um bebe a ser atacada por um
centauro), Cockerell,drawing | British Museum

Noutros sítios guerreiros vão em auxílio dos camaradas.


Há a divisão em grupos de figuras múltiplas em que a distinção entre vitorioso e vencido é
muitas vezes obscurecida.
Um Centauro
balança um galho de árvore
outros utilizam pedras enormes
outro chuta e morde
Porção emblemática onde Kaineus, herói descartado ao ser enterrado vivo.
A última laje do lado leste, guerra ordenada e a sorte dos gregos melhora.
Gregos armados e desarmados vitoriosos sobre os centauros.
Apolo e Artemis
A norte, Artemis está na sua carruagem puxada por veados, com o seu irmão Apolo, que já
desceu e desenha o seu arco.
As Esculturas Bassai; Friso (Apolo desenha o seu arco, vê-se também Artémis, a carruagem
é da deusa puxada por veados), Museu Britânico,frieze | British Museum

“...As in the west pediment of Olympia, Apollo here also appears in aid of the Lapiths against the
Centaurs…The scene is indicated as being in a country place, by the rocky ground, the tree, and
perhaps also by the image of Hekate…He is figured as the god who wards off ills, and it was for an act
of this nature that the temple was raised to him…”
MURRAY, Alexandre; A history of Greek sculpture, down to the age of Pheidias (and his successors);
Universidade de Oxford; 1883; páginas 171 e 172
O alvo de Apolo é o centauro atrás dele, que agarrou a mulher que carrega o bebe (só ela nas mão de
um centauro mas não defendida por um mortal)
Grupo de centauro e hoplita sustenta o seu escudo, para se defender do centauro
Duas figuras à esquerda da laje repetem a junção da mulher e centauro, sendo que no
entanto aqui a mulher não é atacada pelo centauro mas passa por ele . Este tem a atenção
posta na laje seguinte, em quem ele atira uma pedra, de quem tem a atenção posta que já lida
com outro centauro.
Como o único herói a envolver dois centauros ao mesmo tempo, e por causa de sua
proximidade com a mulher que está sendo levada, ele deve ser Peirithoos. A mulher é
Hippodameia, a única mulher que está sendo sequestrada.
As Esculturas Bassai,Friso (Sequestro de Hippodameia), Museu Britânico, frieze | British
Museum

Os outros quatro são todos derrubados de trás pelos gregos, fariam parte da procissão e sem
vantagem de surpresa que os centauros atacantes tiveram, foram as primeiras vítimas dos
Gregos. Os dois pares de lajes que formam o padrão de figuras do friso compartilham o mesmo
padrão de figura geral. Masculino, Feminino, divino ou mortal, domina a laje esquerda.
Na laje direita, uma fêmea e um centauro são colocados á esquerda e um centauro hoplita á
direita.
Apolo Bassae vs Partenon

“…the constraints of working in an imperialist and self- conscious democratic city. Transplanted to a
different context, the same artists produced quite different work…”

OSBORNE, Robin; Archaic and Classical Greek Art; Oxford History of art, página 205

Tal como Ictino trabalha com Fídias no Partenon, também poderá ter ajudado no templo presente no
trabalho do friso interior aqui com uma atenção mais desviada dele.

Nas lutas, os centauros atacam as mulheres e as amazonas os homens.

No Partenon há o fim de privilegiar o cidadão, construção na acrópole com função militar parte da
campanha de Péricles… Em Bassae o fim de mostrar causas importantes, aqui Ictino mostra a sua visão
a fim de dar importância a tais.O afastar do santuário da ideologia controladora da cidade democrática
do Partenon.
Tudo começa na liga de Delos, uma liga militar organizada por Atenas durante as guerras persas, onde as
grandes cidades contribuíram com tropas e navios e as menores pagavam uma contribuição para um
tesouro comum, tudo com o objetivo da defesa das cidades gregas de um possível ataque persa.
Terminando as guerras persas Atenas força as cidades estado a ficarem na liga e transforma as
contribuições em impostos. O dinheiro é transferido de Delos para Atenas e parte dele gasto na
reconstrução de Atenas, atingindo o máximo esplendor. Péricles dá impulso e corpo a um programa
construtivo e também político que terá força nos outros programas construtivos.

A reconstrução (com o dinheiro da liga de Delos) decidida por este parte de um projeto urbano, político,
criação não só de uma comunidade religiosa, mas também política, toda ela chefiada por Atenas.

O bem-estar político, económico e social, reforçado pelo programa cultural de Péricles, atraiu a Atenas,
talentosos artistas, filósofos e intelectuais, o que resultou de saberes e tradições ali entrecruzados. O
friso do Partenon encoraja o espectador a juntar-se a um grupo, a reivindicar uma parte da atividade de
adoração da cidade e a se alegrar com a presença da criselefantina de Atenas.

Enquanto o friso do Partenon representa o indivíduo, com o fim de mostrar um cidadão uno, o cidadão
político,Partenon que vem do plano de Péricles de enaltecer a sua cidade, as arquiteturas que enaltecem
Atenas, este friso dirige-se ao grupo de cidadãos em que os Atenienses se identificam há o fim de
representar a imagem de. O próprio culto era à deusa Atena a deusa padroeira da cidade. Em Bassae o
friso dirige-se aos indivíduos e não há nenhum grupo que os represente. Há aqui o idealismo da arte
através do dramatismo.

Métopas

Desenho fagmentos de métopas de Bassae,Charles Cokereel, Museu Britânico, feito entre


1811-1815; drawing | British Museum

Nas métopas há a escolha de um episódio individual contrariamente ao friso onde sublinhou vários
episódios continuamente.

“...negotiating the power and the limits of the frame. Metopes could be linked to a single scene
extended across more than one metope… episodes shown in successive metopes…”

Página 436,The Frame in Classical Art: A Cultural History;Verity Platt, Michael Squire;Cambridge
University Press;2017

O tema “real” e não mitológico é as mulheres como vítimas e parte do mundo mundo da celebração
atual. Os pórticos dianteiro e traseiro constituem uma única sequência, de violência em contraste com
heroísmo.

“Although the perservation is somewhat fragmentary, the metopes at the rear seem to have shown
Kastor and Polydeukes running off with the Leukippidai, whose immortal father was Apollo, and those
at the front the celebration by dancing women of the spring-bringing return of Apollo from the
Hyperboreans of the wintery north..”

OSBORNE, Robin; Archaic and Classical Greek Art; Oxford History of art; Página 207

Afrodite, Artemis também representadas nas métopas. Juntamente com a figura de arkas que deu o
nome de Arkadia.

”…Through these two sets of sculptures the viewer was alerted both to the positive power of Apollo
and to the violence which the power of fecundity and fertility might attract…”
Métopa de Bassae (Figura masculina Métopa de Bassae (mulher com Métopa de Bassae; (panejamento flutuante
com um chiton e alopekis (boné trácio) a chiton e manto com o pescoço a ser pertencente a métopa do canto inferior
segurar uma kithara, pode ser segurado por figura secundária); esquerdo)Museu Britânico; metope | British
identificada como Apolo ou Orfeu); Museu Britânico; metope | Museu Museum
Museu Britânico; metope | British Britânico (britishmuseum.org)
Museum

Hipotética conclusão perante o olhar…

No corpo total do templo pode-se tirar várias hipotéticas conclusões, pondo de parte as factuais funções
de suporte e de venustas e ao tentar olhar de um sentido mais simbólico o uso das três ordens poderia
representar os deuses na sua totalidade, o uso da ordem dórica (a mais simples) no exterior, os deuses
que são antropomórficos, no interior a ordem jónica mais elaborada, melhorada sendo que não são
simples mortais alegorias do amor, do sol, do mar… são base de explicação para a origem do mundo, a
ordem coríntia que estaria perto da estátua poderia representar o poder do deus, o seu poder
sobrenatural, o seu poder de curar.

“...a comunicação às vezes é expressa por meio da imagem de uma coluna universal, Axis mundi, que
liga e sustenta o Céu e a Terra, e cuja base se encontra cravada no mundo de baixo (que se chama
“Infernos”). Essa coluna cósmica só pode situar-se no próprio centro do Universo, pois a totalidade do
mundo habitável espalha-se à volta dela...” página 24

A dita coluna coríntia, onde a dita porta faz bater a luz, poderia ser a representação do centro, a
ligação do mundo dos deuses com o mundo dos homens, a partir de onde o espaço sagrado, a
ligação com o deus que lhe traria proteção, logo poderia simbolizar o seu poder. Não só o
privilegiar a coluna a partir da luz como sendo o centro do mundo, o centro do cosmos, o
símbolo do poder, a ligação com os deuses.

Conclusão final

O pretendido do artista poderia estar ligado à inovação, sendo este sucessor do Partenon, elemento de
grande importância no projeto político de Péricles que leva Atenas a grande lado de inovação e sendo
que:

" «errare humanum est» ... se o erro acompanha a condição do homem, também a busca da perfeição
deve ser uma das suas finalidades..."

FERREIRA, José; MORAIS, Rui; A busca da beleza, A arte e os artistas na Grécia Antiga; Fluir Perene;
2008

A constante busca da perfeição é algo natural no mundo clássico, tal como a Acrópole de Atenas é o auge
da inovação, este templo seria também a continuação da busca da perfeição do mundo Grego, certo que
num contexto diferente mais livre de ideias, sem a dita função política, não se dão ideias, a fim de criar
algo, mas sim questiona-se algo para mudar. Aqui Houve a possibilidade de o artista mostrar a sua visão
do perfeito não só na parte do antropomorfismo, (aqui na arquitetura teve a oportunidade de inovar de
fugir ao tradicional) mas também das suas ideias de perfeição, dos seus olhares sobre o mundo sobre a
sociedade, mostra as suas ideias de perfeição, apresentando-nos o imperfeito o drama, da teatralidade
da ênfase de violência, mostrada no friso.

Índice

● Entrada de catálogo
● Desenvolvimento
● Local
● Orientação
● Ictino
● Colunas
● Entablamento
● Acrotério
● Conclusões
● Escultura
● Friso
● Métopas
● Hipotética conclusão perante o olhar
● Conclusão final

Bibliografia

● ROBERTSON, D. S.; Arquitetura Grega e Romana


● MULLER,Werner; VOGEL,Gunther; Atlas De Arquitectura De Mesopotâmia A Bizancio
● PIJOÁN, José; Summa Arties; v.4
● SHEFOLD, Karl, A Grécia Clássica
● ELLIADE, Mirccea; Sagrado e Profano
● OSBORNE, Robin; Archaic and Classical Greek Art; Oxford History of art,
● FIELD, D. M.; The World's Greatest Architecture Past & Present; Grange Books 2007
● LEADBEATER C. W. , Vida Oculta Na Maçonaria, Editora Pensamento
● FULLERTON, Mark D. ;Greek Sculpture; John Wiley & Sons; 2016; Greek Sculpture - Mark D.
Fullerton - Google Livros
● MURRAY, Alexandre; A history of Greek sculpture, down to the age of Pheidias (and his
successors); Universidade de Oxford
● FERREIRA, José; MORAIS, Rui; A busca da beleza, A arte e os artistas na Grécia Antiga; Fluir
Perene; 2008
● ELLINGHAM, Mark (co fundador); The Rough Guide to Greece; 2012; The Rough Guide
to Greece - Google Livros

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