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Governo do Estado do Rio Grande do Sul

Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA

Ano de Referência: 2006


Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul

SUMÁRIO

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul

Relatório Anual Sobre a Situação dos Recursos Hídricos


no Estado do Rio Grande do Sul

Fevereiro/2007

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 1

GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 3

1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................6

2. A SITUAÇÃO ATUAL DO SISTEMA ESTADUAL DE RECURSOS


HÍDRICOS .......................................................................................................................9

2.1. O ESTÁGIO ATUAL DE IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA ESTADUAL


DE RECURSOS HÍDRICOS ..............................................................................9
2.2. A DIVISÃO HIDROGRÁFICA VIGENTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL.....................................................................................13
2.3. O ACERVO TÉCNICO DISPONÍVEL.............................................................15

3. METODOLOGIA......................................................................................................19

3.1. ANÁLISE POR BACIA HIDROGRÁFICA ......................................................20


3.2. BALANÇO HÍDRICO QUALI-QUANTITATIVO.............................................20

4. AS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO GRANDE DO SUL - SITUAÇÃO


QUALI-QUANTITATIVA ATUAL DOS RECURSOS HÍDRICOS ........................25

4.1. REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA .......................................................26


4.2. REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI....................................................40
4.3. REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS ...........................51

5. ATLAS DA SITUAÇÃO HÍDRICA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS


DO RIO GRANDE DO SUL........................................................................................64

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul

APRESENTAÇÃO

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 1

Porto Alegre, 12 de fevereiro de 2007.

A Secretaria de Meio Ambiente – SEMA, através do seu Departamento de Recursos


Hídricos – DRH, vem apresentar ao Conselho de Recursos Hídricos, órgão máximo do
Sistema de Gestão das Águas do Rio Grande do Sul e à totalidade da sociedade
gaúcha, através dos Comitês de Bacia, o Relatório Anual Sobre a Situação dos
Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul para 2006.

O presente relatório, o segundo já editado pelo Estado do Rio Grande do Sul, foi
elaborado no âmbito da construção do Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH,
ora em desenvolvimento.

Apresenta, de forma objetiva e sintética, para o devido conhecimento público e social,


a situação atual do Sistema Estadual de Recursos Hídricos e as condições quanto à
quantidade e a qualidade dos recursos hídricos nas 25 bacias hidrográficas que
integram as três regiões hidrográficas de nosso Estado (Guaíba, Uruguai e Bacias
Litorâneas).

É importante destacar que, face ao estágio de andamento dos estudos do PERH que
subsidiaram a elaboração do presente Relatório, algumas restrições se impõem aos
resultados ora apresentados, notadamente no que se refere aos balanços hídricos
quantitativos: as disponibilidades referem-se às vazões fluentes, desconsiderando-se
os volumes hídricos acumulados ou estocados, e as demandas hídricas foram
determinadas no âmbito técnico, devendo, ainda, ser avaliadas e validadas pelos
setores usuários responsáveis pelas respectivas utilizações da água (o que deverá
ocorrer no âmbito da CEAC – Comissão Executiva de Articulação e Construção do
PERH, com a participação direta dos Comitês de Gerenciamento de Bacias
Hidrográficas). Tão logo os estudos avancem, sobretudo na validação das demandas,
será possível a emissão de nova versão do Relatório Anual, como os balanços
hídricos mais precisos e mais aproximados da realidade.

A edição deste relatório é mais um esforço do Sistema Estadual de Recursos Hídricos


no sentido de possibilitar uma efetiva participação social no processo de planejamento
e gestão das águas em nosso Estado.

Vera Lúcia Maróstica Callegaro


Secretária de Estado do Meio Ambiente
Presidente do Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul

Rogério Dewes
Diretor do Departamento de Recursos Hídricos da
Secretaria Estadual de Meio Ambiente

Paulo Paim
Secretário Executivo do Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul
Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos

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GLOSSÁRIO

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GLOSSÁRIO

A seguir, apresenta-se um glossário com os principais termos técnicos


utilizados neste relatório, com o objetivo de facilitar a sua leitura e
compreensão.

AQÜÍFERO – formação geológica com capacidade para armazenar e transmitir


água subterrânea.

BACIA HIDROGRÁFICA – conjunto de terras drenadas por um curso de água


principal e seus afluentes. A noção de bacia hidrográfica inclui naturalmente a
existência de cabeceiras ou nascentes, divisores de água, curso de água
principal, afluentes, subafluentes, etc.

BALANÇO HÍDRICO – comparação direta entre as demandas ou consumos de


água e as disponibilidades hídricas. Normalmente está associado à figura de
uma balança em que, de um lado tem-se a quantidade de água disponível e, de
outro, tem-se a quantidade de água necessária a determinado uso.

CLASSE DE USO – padrão de qualidade das águas superficiais associado à


classificação conforme o uso que se deseja fazer dos recursos hídricos,
estabelecida legalmente pela Resolução do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA) Nº 357/2005. (ver página 50)

CONSUMO DE ÁGUA – quantidade de água efetivamente consumida por


determinado uso e que não é disponibilizada novamente ao manancial para
uso posterior.

DEMANDA DE ÁGUA – quantidade de água retirada de um manancial para


satisfazer determinado uso.

DISPONIBILIDADE HÍDRICA – quantidade de água disponível para uso.

ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQA) – resultado de análise conjunta de


diversos parâmetros indicadores da qualidade das águas, calculado através de
uma equação e expresso por um valor variando entre 0 (Muito Ruim) e 100
(Excelente). (ver página 37).

VAZÃO – quantidade de água que flui em determinado tempo em uma seção


de um curso de água; usualmente expressa em litros por segundo ou metros
cúbicos por segundo. É um padrão utilizado para determinar a quantidade de
água de flui pelos cursos de água.

VAZÃO MÉDIA (Q méd.) – quantidade média, ao longo de determinado


período, que flui em uma determinada seção de um curso de água.

VAZÃO MÍNIMA (Q95%) – quantidade mínima que flui por determinado curso de
água; normalmente está associada a um período ou evento; no caso da Q95%,

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significa uma quantidade de água fluindo em uma determinada seção de um


curso de água que é ultrapassada em 95% do tempo considerado (por
exemplo: em 347 dias por ano).

USO CONSUNTIVO – o uso dos recursos hídricos que importa na retira de


determinado volume de água do manancial (para o abastecimento público, por
exemplo).

USO NÃO CONSUNTIVO – uso que não implica na retirada de água do


manancial, mas que apenas exige que a água esteja disponível no próprio
manancial em determinada qua ntidade.

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1. INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

Em conformidade com a Lei Nº 10.350/94, que instituiu o Sistema Estadual de


Recursos Hídricos, regulamentando o Artigo 171 da Constituição do Estado do
Rio Grande do Sul, e especificamente no que se refere aos objetivos e
princípios da Política Estadual de Recursos Hídricos, definidos na Seção 1 do
Capítulo I, “é dever primordial do Estado oferecer à sociedade, periodicamente,
para conhecimento, exame e debate, relatórios sobre o estado quantitativo e
qualitativo dos recursos hídricos” (Artigo 3°, inciso V). Esses relatórios,
denominados de Relatórios Anuais Sobre a Situação dos Recursos Hídricos no
Estado do Rio Grande do Sul, devem ser aprovados pelo Conselho de
Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul – CRH/RS (Artigo 8°, inciso IV),
elaborados pelo Departamento de Recursos Hídricos – DRH (Artigo 11°, inciso
II, alínea c) e apreciados pelos Comitês de Bacias Hidrográficas (Artigo 19°,
inciso IV). O Estado do Rio Grande do Sul decidiu estabelecer uma
periodicidade anual para o referido relatório.

Caberia, ainda, às Agências de Região Hidrográfica subsidiar o Departamento


de Recursos Hídricos na elaboração desse relatório, conforme o Artigo 20°,
inciso IV. No entanto, a inexistência atual das Agências de Região Hidrográfica
impede o cumprimento desse estatuto legal. Com vistas a compensar a falta de
subsídio técnico, pela inexistência das referidas Agências, o Departamento de
Recursos Hídricos aproveitou a atual fase de elaboração do Plano Estadual de
Recursos Hídricos, utilizando as informações decorrentes desse processo de
planejamento , para subsidiar a construção do Relatório Anual Sobre a Situação
dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul.

O objetivo do Relatório Anual consiste, então, em articular as diversas


informações e análises sobre os recursos hídricos no Rio Grande do Sul, de
forma a possibilitar que a sociedade tenha um efetivo conhecimento sobre a
situação atual das águas em nosso Estado. Baseado nas diretrizes da Política
Estadual de Recursos Hídricos, que pressupõem a ampla e efetiva participação
social no processo de gestão das águas, há necessidade real de primeiro
informar à sociedade para depois buscar a sua participação. De fato, a mera
participação social sem o devido conhecimento, embasando as tomadas de
decisão, desqualifica o processo como um todo.

Com base nessa lógica, foi estruturado e elaborado o presente relatório, fruto
das informações coletadas, sistematizadas e analisadas no âmbito da
elaboração do primeiro Plano Estadual de Recursos Hídricos. Importante
considerar que esse é o segundo Relatório Anual Sobre a Situação dos
Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul (o primeiro relatório foi
editado em 2002) e, portanto, segue a estruturação da edição anterior,
adequando-a aos condicionantes e à realidade atual (ano de 2006).

Assim, no capítulo 2, é apresentada a situação atual do Sistema Estadual de


Recursos Hídricos, considerando o seu estágio de implementação, a divisão
hidrográfica estadual vigente e a existência de informações técnico-
institucionais através de estudos existentes ou em elaboração.

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No capítulo 3 é apresentada a metodologia utilizada para a configuração da


situação atual dos recursos hídricos no Rio Grande do Sul, enfatizando a
unidade de estudo definida pelas bacias hidrográficas, a montagem de
balanços hídricos quantitativos (disponibilidades versus demandas e
consumos) e a avaliação qualitativa das águas superficiais e subterrâneas em
nosso Estado.

No capítulo 4 são apresentadas as situações quali-quantitativas dos recursos


hídricos, organizadas para cada uma das três regiões hidrográficas do Estado
com base em avaliações efetuadas em cada uma das 25 bacias hidrográficas
que as integram.

Por fim, no capítulo 5 é apresentado um Atlas das bacias hidrográficas do Rio


Grande do Sul. São apresentadas, de maneira espacial, as informações
técnicas que integram o capítulo anterior, de modo a possibilitar uma melhor
visualização e uma análise comparativa entre as bacias.

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2. A SITUAÇÃO ATUAL DO SISTEMA DE RECURSOS HÍDRICOS

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2. A SITUAÇÃO ATUAL DO SISTEMA ESTADUAL DE RECURSOS


HÍDRICOS
A situação atual do Sistema Estadual de Recursos Hídricos é caracterizada
através da abordagem de três importantes temas: o estágio de implementação
do próprio Sistema Estadual de Recursos Hídricos, a divisão hidrográfica
vigente no Rio Grande do Sul e a existência de estudos relativos
especificamente à temática de recursos hídricos. Esses temas são abordados
em itens específicos a seguir.

2.1. O ESTÁGIO ATUAL DE IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA ESTADUAL DE


RECURSOS HÍDRICOS

O Sistema Estadual de Recursos Hídricos - SERH é integrado pelo Conselho


de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul (CRH-RS), pelo Departamento de
Recursos Hídricos (DRH-SEMA), pelos Comitês de Gerenciamento de Bacia
Hidrográfica, pelas Agências de Região Hidrográfica, e pelo órgão ambiental
estadual, a FEPAM, conforme o Artigo 5º da Lei Nº 10.350/94. Para a
caracterização do estágio atual de implementação do SERH são abordadas as
situações atuais de existência e operacionalidade de cada um de seus entes
integrantes.

O Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul – CRH-RS é instância


deliberativa superior do SERH e encontra-se instituído e em operação, sendo
que sua estrutura e competências foram definidas nos Artigos 7º e 8º da Lei Nº
10.350/94, posteriormente ajustados pela Lei Estadual Nº 11.560, de 22 de
dezembro de 2000. Conforme a legislação vigente, o CRH-RS é presidido pelo
Secretário Estadual do Meio Ambiente, tendo como vice-presidente o
Secretário Estadual de Obras Públicas e Saneamento. É assistido em suas
funções administrativas por uma Secretaria Executiva e em suas funções
técnicas pelo DRH-SEMA. Basicamente, compete ao CRH-RS propor
alterações ou opinar sobre propostas de alterações na Política Estadual de
Recursos Hídricos, apreciar o anteprojeto de lei do Plano Estadual de Recursos
Hídricos, aprovar os relatórios anuais sobre a situação dos recursos hídricos,
aprovar critérios de outorga do uso da água, aprovar os regimentos dos
Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica, decidir os conflitos de uso
de água em última instância, entre outras. Em termos operacionais o CRH-RS
reúne-se, ordinariamente, a cada dois meses e utiliza o instrumento legal das
Resoluções para oficializar suas principais decisões, quando necessário ou
adequado.

O Departamento de Recursos Hídricos – DRH, atualmente está vinculado à


estrutura institucional da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – SEMA, atua
como órgão de integração do Sistema Estadual de Recursos Hídricos. Ao DRH,
compete, por força de lei, elaborar o anteprojeto de lei do Plano Estadual de
Recursos Hídricos, coordenar e acompanhar a execução do Plano Estadual de
Recursos Hídricos, propor ao CRH-RS critérios para a outorga de uso da água,
regulamentar a operação e uso dos mecanismos de gestão dos recursos

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hídricos, elaborar o relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos no


Estado e assistir tecnicamente o Conselho de Recursos Hídricos. Conforme
estabelecido no Decreto 40.931/01, que aprovou o Regimento Interno da
SEMA, o DRH é composto pelas seguintes Divisões: Divisão de Outorga e
Fiscalização do Uso dos Recursos Hídricos (integrada pelas Seções Controle e
Autorização do Uso da Água e Fiscalização e Controle de Obras em Recursos
Hídricos) e Divisão de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos (integrada
pelas Seções de Apoio Técnico Operacional e de Planejamento do Uso da
Água).

Face à atual situação financeira e orçamentária, o DRH não se encontra em


plenas condições operacionais. Neste contexto, o DRH atua atendendo às
seguintes demandas prioritárias: contratação de estudos de planejamento em
bacias hidrográficas para o Estado, operacionalização de rede
hidrometeorológica na Região Hidrográfica do Guaíba e controle do uso da
água através da emissão de outorga de direito de uso da água.
Especificamente quanto à emissão de outorgas, até dezembro de 2006,
existiam 6.633 processos cadastrados e 4.040 outorgas emitidas. A diferença
entre o número de outorgas concedidas e processos cadastrados deve-se,
basicamente, ao tempo necessário para a análise e aprovação dos processos e
ao fato de que muitos processos apresentam falhas ou lacunas no seu
preenchimento. Do total de processos cadastrados, cerca de 65% referem-se a
águas subterrâneas.

Os Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica consistem em órgãos


descentralizados e de participação social no processo de planejamento e
gestão dos recursos hídricos no Estado do Rio Grande do Sul, sendo que para
cada bacia hidrográfica deve existir um Comitê. Aos Comitês cabe a
coordenação programática local, compatibilizando as metas do Plano Estadual
de Recursos Hídricos com a crescente melhoria da qualidade dos corpos
hídricos. As atribuições dos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica
consistem em: encaminhar ao DRH as propostas locais para o Plano Estadual
de Recursos Hídricos, conhecer e manifestar-se sobre o Plano Estadual de
Recursos Hídricos, aprovar o Plano da respectiva bacia hidrográfica, apreciar o
relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos, propor o enquadramento
dos corpos de água da bacia hidrográfica, aprovar os valores a serem cobrados
pelo uso da água, realizar o rateio dos custos de obras de interesse de uso
comum, aprovar os programas anuais e plurianuais de investimentos e
compatibilizar os interesses dos diferentes usuários da água, dirimindo, em
primeira instância, os eventuais conflitos.

O Estado do Rio Grande do Sul, conforme a divisão hidrográfica vigente (ver


item 2.2, a seguir) é integrado por 25 bacias hidrográficas, sendo que 22 são
de rios de domínio estadual (excetuam-se as bacias hidrográficas do Quarai,
Negro e Mampituba). Nestas 22 bacias hidrográficas, os respectivos Comitês
de Gerenciamento são parte integrante do Sistema Estadual de Recursos
Hídricos, sendo que desses já se encontram instituídos 20 Comitês, a saber:

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Na Região Hidrográfica do Guaíba:

ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí


ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Caí
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Taquari – Antas
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Jacuí
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Vacacaí e Vacacaí-Mirim
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Baixo Jacuí
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo

Na Região Hidrográfica do Uruguai:

ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Apuaê – Inhandava


ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio da Várzea
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Turvo – Santa Rosa – Santo Cristo
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Piratinim
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria
ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Ijuí

Na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas:

ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí


ü Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã
ü Comitê das Bacias Hidrográficas da Lagoa Mirim e do Canal São
Gonçalo

Para as demais bacias hidrográficas sob a atuação do Sistema Estadual de


Recursos Hídricos (Butuí – Icamaquã e Litoral Médio) já existem comissões
provisórias encaminhando a criação dos respectivos Comitês.

As Agências de Região Hidrográfica consistem na única parte integrante do


Sistema Estadual de Recursos Hídricos ainda não instituída. Atualmente,
através de Convênio do DRH com a UNESCO, estão sendo desenvolvidos
estudos com o objetivo de definir o melhor perfil institucional para as Agências
de Região Hidrográfica, bem como as suas personalidades jurídicas. Às
Agências cabe prestar apoio técnico ao Sistema Estadual de Recursos

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Hídricos, incluindo o assessoramento técnico aos Comitês de Gerenciamento


de Bacia Hidrográfica, o fornecimento de subsídios aos Comitês, através de
estudos técnicos, com vistas a possibilitar a definição dos valores de cobrança
pelo uso da água e na proposição de enquadramento para os corpos de água,
subsidiar o DRH na elaboração do relatório anual sobre a situação dos
recursos hídricos e do Plano Estadual de Recursos Hídricos, manter e operar
os equipamentos e mecanismos de gestão dos recursos hídricos e arrecadar e
aplicar os recursos correspondentes à cobrança pelo uso da água. Na
inexistência das Agências de Região Hidrográfica, o Sistema Estadual de
Recursos Hídricos tem suprido a lacuna operacional decorrente através da
contratação de serviços e estudos com terceiros. É importante destacar o papel
fundamental das Agências no que se refere à implementação da cobrança pelo
uso da água, instrumento essencial à materialização dos Planos de Bacia
Hidrográfica e à própria subsistência operacional do Sistema Estadual de
Recursos Hídricos.

A FEPAM é o órgão ambiental estadual que, segundo a legislação, tem


atribuições no Sistema Estadual de Recursos Hídricos, tais como: a outorga de
lançamento de efluentes, o monitoramento da qualidade da água.

Cabe, ainda, comentar o estágio atual de implementação dos instrumentos de


planejamento no âmbito do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, quais são:
o Plano Estadual de Recursos Hídricos e os Planos de Bacia Hidrográfica,
integrados pelos respectivos processos de enquadramento dos corpos de
água. O Plano Estadual de Recursos Hídricos encontra-se em elaboração,
devendo estar concluído até o final do ano de 2007. Para tanto, o DRH
contratou (Contrato SEMA Nº 002/06, em maio de 2006) consultoria específica
para apoio à elaboração do referido Plano. Destaca-se o esforço exercido pelas
instituições participantes na elaboração do PERH de efetivar a participação
social no processo de planejamento e de estabelecer vínculos técnico-
institucionais com o Plano Nacional de Recursos Hídricos, recentemente
aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Com relação aos Planos de Bacias Hidrográficas, alguns estudos, mais


recentes e nos moldes previstos pela legislação, merecem destaque, a saber:

ü 1ª Etapa do Plano de Bacia do Lago Guaíba (diagnóstico, cená rios


futuros e enquadramento).
ü 1ª Etapa do Plano de Bacia do Rio Tramandaí (diagnóstico, cenários
futuros e enquadramento).
ü 1ª Etapa do Plano de Bacia do Rio Pardo (diagnóstico, cenários futuros
e enquadramento) e Programa de Ações da Sub-Bacia do Rio Pardinho,
consistindo, para a Sub-Bacia do Rio Pardinho, no primeiro estudo com
abrangência de conteúdo integral de um Plano de Bacia no Estado do
Rio Grande do Sul.

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ü 1ª Etapa do Plano de Bacia do Rio Caí (diagnóstico, cenários futuros e


enquadramento), este, em elaboração.

Também é importante referir outras ações de planejamento desenvolvidas nas


bacias hidrográficas dos rios Sinos, Santa Maria e Gravataí, bem como no
Taquari-Antas e Apuaê-Inhandava.

2.2. A DIVISÃO HIDROGRÁFICA VIGENTE DO ESTADO DO RIO GRANDE


DO SUL

A Lei Estadual Nº 10.350, de 1994, dividiu o Estado do Rio Grande do Sul, para
fins de gestão de recursos hídricos, em três grandes regiões hidrográficas,
conforme apresentado no Mapa 1 do Atlas (capítulo 5):

ü Região Hidrográfica do Guaíba;


ü Região Hidrográfica do Uruguai; e
ü Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas.

Em 2002, o Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul – CRH-RS,


através da Resolução Nº 04/02, estabeleceu a divisão do Estado em 24 bacias
hidrográficas, unidades territoriais básicas do planejamento dos recursos
hídricos (posteriormente revogada pela Resolução Nº 02/03).

É importante ressaltar que, na conjuntura atual, após a oficialização dos


Comitês das Bacias do Rio Passo Fundo e do Rio da Várzea, em 2004, e dos
Comitês das Bacias do Piratinim e do Butuí – Icamaquã, em 2006, as antigas
Bacias Passo Fundo – Várzea e Butuí – Piratinim – Icamaquã são tratadas
separadamente, e as Bacias do rio Jaguarão e Piratini – São Gonçalo –
Mangueira, foram unidas, formando a bacia Mirim – São Gonçalo, resultando,
por decorrência, em uma divisão em 25 bacias hidrográficas.

O Mapa 2 (no capítulo 5) apresenta a atual divisão hidrográfica do Estado do


Rio Grande do Sul e o Quadro 2.1, a seguir, explicita as regiões hidrográficas e
suas respectivas bacias, bem como as suas áreas.

Com efeito, a análise da atual divisão do Estado em bacias hidrográficas


constitui objeto de uma atividade específica no escopo de trabalho do Plano
Estadual de Recursos Hídricos, ora em elaboração, na qual serão analisados
os diversos aspectos envolvidos nessa divisão (físicos, ambientais, culturais,
sócio-econômicos, gestão, identidade da população) para corroborar ou
retificar a situação atual.

Este fato indica a necessidade de implementar uma divisão hidrográfica para o


Estado que compatibilize o planejamento e a gestão dos recursos hídricos de
forma a atender aos aspectos legais e sócio-institucionais demandados,
buscando uma identidade social que reflita na efetiva mobilização da sociedade
para participação no processo de gestão dos seus recursos hídricos.

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Quadro 2.1 - Divisão das Regiões e Bacias Hidrográficas do Rio Grande Sul
Região Hidrográfica Bacia Hidrográfica Código do SERH Área (km²)
Gravataí G10 2.008,93
Sinos G20 3.680,04
Caí G30 4.957,74
Taquari-Antas G40 26.323,76
Alto Jacuí G50 13.037,20
GUAÍBA
Vacacaí-Vacacaí Mirim G60 11.085,77
Baixo Jacuí G70 17.370,48
Lago Guaíba G80 2.459,91
Pardo G90 3.631,24
TOTAL (9 bacias) 84.555,07
Tramandaí L10 2.745,73
Litoral Médio L20 6.472,10
Camaquã L30 21.517,58
BACIAS LITORÂNEAS
Mirim -São Gonçalo L40 25.666,83
Mampituba L50 683,76
TOTAL (5 bacias) 57.085,98
Apuaê-Inhandava U10 14.510,51
Passo Fundo U20 4.847,25
Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo U30 10.824,02
Piratinim U40 7.647,26
Ibicuí U50 35.041,38
URUGUAI Quarai U60 6.658,78
Santa Maria U70 15.665,92
Negro U80 3.005,24
Ijuí U90 10.704,60
Várzea U100 9.508,42
Butuí-Icamaquã U110 8.025,76
TOTAL (11 bacias) 126.439,14
Total das 25 Bacias Hidrográficas 268.080,19
Lagoas dos Patos e Mirim 14.049,35
Total do Estado do Rio Grande do Sul 282.129,54
Fonte: Cartografia oficial do Estado, na escala 1:250.000, calculada pelo Sistema de Informações Geográficas
estruturado para o Plano Estadual de Recursos Hídricos e compatibilizada com o IBGE. Ecoplan, 2006.

A seguir, apresenta -se uma descrição sintética das três Regiões Hidrográficas
que integram o Estado do Rio Grande do Sul.

Região Hidrográfica do Guaíba

A Região Hidrográfica do Guaíba ocupa a porção centro-leste do Estado do Rio


Grande do Sul, com uma área aproximada de 84.555 km², correspondendo a
cerca de 30% do território gaúcho. A sua população está estimada (2006) em
7,1 milhões de habitantes, correspondendo a 65% da população do Estado,

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distribuídos em 250 municípios, com destaque para os inseridos na Região


Metropolitana de Porto Alegre que contribuem para a sua elevada densidade
demográfica, de 84 hab/km². A Região é formada pelas bacias que drenam
direta ou indiretamente para o Lago Guaíba; esse, por sua vez, deságua na
Laguna dos Patos, exutório da grande Região.

Região Hidrográfica do Uruguai

A Região Hidrográfica do Uruguai abrange a porção norte, noroeste e oeste do


Estado, com área de aproximadamente 126.440 km², equivalente a 45% da
área do Rio Grande do Sul, e engloba as áreas de drenagem do Rio Pelotas,
do Rio Uruguai e do Rio Negro. Sua população total está estimada em 2,6
milhões de habitantes, que representa 29% da população estadual, distribuídos
em 227 municípios, resultando em uma densidade demográfica de cerca de 20
hab/km². A Região é formada pelas bacias que drenam direta ou indiretamente
para o Rio Uruguai. A bacia do Rio Santa Maria drena para o Uruguai através
do Rio Ibicuí e, a bacia do Rio Negro, à exceção das demais, drena para a
fronteira com o país vizinho (República Oriental do Uruguai).

Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas

A Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas está localizada na porção leste e


extremo sul do Estado e ocupa uma superfície de aproximadamente 57.085
km², correspondendo a 20% do território gaúcho. Sua população total está
estimada em 1,2 milhões de habitantes, representando 12% da população do
Rio Grande do Sul, distribuídos em 66 municípios, com uma densidade
demográfica em torno de 21 hab/km². Nesta região se individualizam dois
corpos de água de expressão: a Laguna dos Patos e a Lagoa Mirim, além do
cordão de lagoas costeiras do RS; algumas bacias desta região drenam
diretamente para o Oceano Atlântico. A bacia do Rio Mampituba é
compartilhada com o Estado de Santa Catarina, e junto com a bacia do Rio
Tramandaí, drena para o Oceano Atlântico. As bacias do Rio Camaquã, Litoral
Médio e Mirim -São Gonçalo drenam para a Laguna dos Patos.

2.3. O ACERVO TÉCNICO DISPONÍVEL

Atualmente, o Sistema Estadual de Recursos Hídricos conta com um acervo de


informações e dados técnicos amplo e diversificado, o que, entretanto, não
garante uma abrangência espacial que englobe a totalidade da área do Estado,
nem tampouco esgote o leque temático associado aos recursos hídricos.
Nesse sentido, a estruturação e posterior implementação de um Sistema de
Informações Sobre Recursos Hídricos consistirá em importante passo na
direção da sistematização do acervo técnico ora disponível.

Com base na coleta de dados, informações e estudos relativos aos recursos


hídricos no Rio Grande do Sul, procedida no âmbito da elaboração do Plano
Estadual de Recursos Hídricos, foi identificado, como referencial básico, o
acervo técnico apresentado no Quadro 2.2.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 16

Quadro 2.2 – Acervo Técnico Disponível do Sistema Estadual de Recursos Hídricos


Dado/Informação/Estudo Fonte/Origem
Base Cartográfica do Estado do Rio Grande do Sul FEPAM - DRH
Banco de Dados de Outorga de Uso da Água DRH
Banco de Dados SIAGAS CPRM
Mapa Rodoviário do Estado do Rio Grande do Sul DAER
Mapa de Solos do Estado do Rio Grande do Sul EMBRAPA
Mapa de Geologia e Hidrogeologia do Estado do Rio Grande do Sul DRH - CPRM
Mapa de Uso do Solo e Cobertura Vegetal do Rio Grande do Sul EMBRAPA
Divisão de Bacias Hidrográficas DRH
Mosaico de Imagens de Satélite do Estado do Rio Grande do Sul CBERS / INPE
Estações Pluviométricas e Fluviométricas ANA
Rede de Estações Pluviométricas e Fluviométricas do Pró-Guaíba DRH
PRÓ-GUAÍBA/
Rede de Qualidade de Água do Pró-Guaíba e Litoral
FEPAM
Programa de Gerenciamento Costeiro - GERCO FEPAM
Informações Municipais: Censitárias IBGE
Informações Municipais: Sócio-econômicas FEE
Estudos Específicos de Bacias Hidrográficas:
- 1ª Etapa dos Planos de Bacia:
Lago Guaíba DRH
Tramandaí (Litoral Norte) DRH
Pardo (incluindo Programa de Ações para a Sub-Bacia do Rio Pardinho) DRH
Estudos de Disponibilidades Quali-Quantitativas e Demandas Hídricas:
Região Hidrográfica do Guaíba:
Bacia do Rio Gravataí DRH
Bacia do Rio dos Sinos DRH
Bacia do Rio Caí DRH
Bacia do Taquari-Antas DRH
Bacia do Rio Pardo DRH
Bacia do Vacacaí-Vacacaí-Mirim DRH
Região Hidrográfica do Uruguai:
Bacia do Ibicuí DRH
Bacia do Rio Santa Maria DRH
Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas:
Bacia do Rio Tramandaí DRH
Bacia do Rio Camaquã DRH
Atualização do Diagnóstico e Plano Diretor da Região Hidrográfica do Guaíba PRÓ-GUAÍBA
Análise de Fragilidades Ambientais e, Estudos de Diretrizes e de Viabilidade para o
Licenciamento de Aproveitamentos Hidrelétricos:
Bacia do Taquari-Antas FEPAM
Bacia do Rio Ijuí FEPAM
Bacias Piratinim-Butuí-Icamaquã FEPAM

DRH / SEMA
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Dado/Informação/Estudo Fonte/Origem
Monitoramento da Qualidade das Águas na Bacia dos Rios Turvo, Santa Rosa e Santo
SEMA – FEPAM
Cristo (PNMA)
Projeto SAD na Bacia do Lajeado Grande (U30) SEMA – FEPAM
Estudos na Bacia do Apuaê-Inhandava FEPAM
Relatório Anual Sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Rio Grande do Sul (2002) DRH
Plano Nacional de Recursos Hídricos - PNRH SRH/MMA

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 18

3. METODOLOGIA

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 19

3. METODOLOGIA

O presente Relatório Anual Sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado


do Rio Grande do Sul foi elaborado com base no acervo técnico disponível,
contando, principalmente, com o suporte técnico-informacional proporcionado
pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos, ora em elaboração. Conforme
comentado no item anterior, o acervo técnico disponível, embora amplo e
diversificado, não configura uma base informacional uniforme, consolidada e
plenamente distribuída, seja em termos espaciais no Estado, seja em termos
temáticos quanto aos recursos hídricos. Desta forma, as informações geradas
no âmbito do PERH foram consideradas como a base referencial para a
determinação da situação atual dos recursos hídricos no Estado, visto a
abrangência espacial e a uniformidade temática que o Plano apresenta.

Dentre as diversas atividades em desenvolvimento pelo Plano Estadual de


Recursos Hídricos, três destacam-se quanto aos resultados alcançados e seus
respectivos aproveitamentos na configuração do presente relatório. Os
resultados das atividades A.1 (Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas) e A.2
(Diagnóstico e Prognóstico das Demandas Hídricas) conformam a base de
informações necessárias para subsidiar, tecnicamente, a situação atual dos
recursos hídricos, que consiste, justamente, em um dos resultados da atividade
A.3 (Elaboração do Cenário de Tendências), com destaque para os balanços
hídricos estabelecidos para cada uma das 25 bacias hidrográficas que integram
o Rio Grande do Sul. Ou seja, dos resultados das atividades A.1, A.2 e A.3 do
Plano Estadual de Recursos Hídricos decorrem as informações necessárias
para a determinação da situação quali-quantitativa dos recursos hídricos,
objetivo maior do presente relatório.

Outra fonte de consulta referencial para o presente trabalho consistiu no


primeiro Relatório Anual Sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do
Rio Grande do Sul, editado em 2002, e que estava baseado nas informações
básicas decorrentes de diversos estudos específicos, notadamente daqueles
relacionados às avaliações quali-quantitativas de disponibilidades e demandas
hídricas em algumas bacias hidrográficas de nosso Estado. Essa base de
informações não permitiu que fosse obtida uma cobertura homogênea para
todo o Estado em termos dos parâmetros fundamentais envolvidos na temática
dos recursos hídricos.

Importante destacar que face às dificuldades na obtenção e análise dos dados


relativos à qualidade das águas, dispersos em diversas instituições, sem a
devida sistematização e com divergências quanto aos parâmetros amostrados
ou considerados, foram priorizadas, no presente estudo, as informações
originadas dos bancos de dados da FEPAM. Nesta questão reside uma das
principais lacunas quanto às informações básicas necessárias à
operacionalização do Sistema Estadual de Recursos Hídricos: enquanto os
dados referentes à quantidade de água (precipitações, vazões e evaporações)
encontram-se sistematizados e adequadamente distribuídos em termos
espaciais e temporais, o mesmo não ocorre com os dados relativos à qualidade
das águas.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 20

Duas linhas metodológicas principais estruturam a lógica de abordagem técnica


adotada neste relatório: análise inicial da situação dos recursos hídricos por
bacias hidrográficas e adoção do balanço hídrico como instrumento referencial
para a configuração da situação quantitativa dos recursos hídricos. A questão
específica relativa à qualidade das águas apresenta maior complexidade na
sua configuração face à dificuldade de uniformização da base de informações,
em termos espaciais, temporais e de parâmetros amostrados e está tratada de
forma mais geral em cada bacia hidrográfica.

A seguir, são pormenorizadas cada uma das premissas metodológicas


adotadas para a configuração da situação atual dos recursos hídricos no
Estado do Rio Grande do Sul.

3.1. ANÁLISE POR BACIA HIDROGRÁFICA

A unidade básica de planejamento e gestão de recursos hídricos é a bacia


hidrográfica, conforme explicitado no Artigo 1º da Lei Nº 10.350/94, que trata
dos objetivos e princípios da Política Estadual de Recursos Hídricos. Aliás,
esse é um princípio válido também na legislação brasileira (Lei Nº 9.433/97),
como de resto na maioria dos países mais evoluídos no trato das questões
hídricas. Com base nesse princípio, o Plano Estadual de Recursos Hídricos,
em elaboração, vem adotando a bacia hidrográfica como unidade referencial
para a determinação dos principais parâmetros hídricos superficiais e
subterrâneos, tanto no que se refere à quantidade de água, como à qualidade.

Dentro da lógica do presente relatório de utilizar as informações resultantes e


disponíveis do Plano Estadual de Recursos Hídricos e de forma a atender
integralmente à legislação específica, a situação atual dos recursos hídricos no
Estado do Rio Grande do Sul foi determinada para cada uma das 25 bacias
hidrográficas referidas no item 2.2.

Por outro lado, o Plano Estadual de Recursos Hídricos está tratando a


abordagem analítica mais aprofundada sobre a situação dos recursos hídricos
através do agrupamento das bacias hidrográficas nas três Regiões
Hidrográficas que constituem o Estado: Guaíba, Uruguai e Bacias Litorâneas.
Essa estratégia se deve à organização político-administrativa que se dá através
dos municípios, cujas conformações e limites não necessariamente respeitam
as delimitações hidrográficas, tornando complexa e, por vezes impossível, a
abordagem direta de alguns temas por bacia hidrográfica.

3.2. BALANÇO HÍDRICO QUALI-QUANTITATIVO

Os parâmetros hídricos básicos utilizados na presente avaliação da situação


atual dos recursos hídricos no Estado do Rio Grande do Sul, conforme já
comentado anteriormente, decorrem dos resultados das atividades A.1, A.2 e
A.3 do Plano Estadual de Recursos Hídricos, materializados em relatórios
específicos.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 21

Com o objetivo de configurar a situação atual dos recursos hídricos, foram


adotados dois instrumentos de avaliação: no que se refere à quantidade os
balanços hídricos disponibilidades versus demandas e de disponibilidades
versus consumos; e, no que se refere à qualidade, a avaliação direta das
informações constantes nos bancos de dados da FEPAM/Pró-Guaíba quanto
aos resultados de amostragens pontuais, para as águas superficiais e as
análises da CPRM, que acompanham o Mapa Hidrogeológico do Rio Grande
do Sul para as águas subterrâneas.

Os balanços hídricos são ferramentas clássicas que servem para configurar a


situação quanto ao uso quantitativo dos recursos hídricos, comparando, de um
lado, as disponibilidades hídricas, e, de outro, as demandas ou consumos de
água. A comparação adotada refere-se à relação do segundo parâmetro
(demandas ou consumos) com o primeiro (disponibilidades), através de uma
divisão simples. O resultado dessa divisão (coeficiente), normalmente expresso
em termos percentuais, retrata a quantidade da água disponível que está
sendo efetivamente utilizada, seja quanto à captação (demandas) ou quanto ao
uso efetivo (consumos). O primeiro caso expressa as situações específicas em
determinados pontos das bacias hidrográficas, aproximando a situação real
verificada à beira do curso de água. Já o segundo caso retrata com maior grau
de fidelidade a situação geral da bacia hidrográfica, no seu todo, visto que os
consumos consideram somente a parcela efetivamente utilizada da água e que
não retorna aos cursos de água, após o uso.

O presente relatório apresenta, de forma direta textual e gráfica, nos capítulos


4 e 5 respectivamente, os seguintes balanços hídricos para cada uma das
bacias hidrográficas do Estado:

Considerando as demandas hídricas:

ü Disponibilidade Média Anual versus Demandas Totais Anuais


ü Disponibilidade Mínima Anual (Q95%) versus Demandas Totais Anuais
ü Disponibilidade Média de Verão (janeiro) versus Demanda Total de
Verão (janeiro)
ü Disponibilidade Mínima de Verão (janeiro) versus Demanda Total de
Verão (janeiro)
Considerando os consumos hídricos efetivos:

ü Disponibilidade Média Anual versus Consumos Totais Anuais


ü Disponibilidade Mínima Anual (Q95%) versus Consumos Totais Anuais
ü Disponibilidade Média de Verão (janeiro) versus Consumo Total de
Verão (janeiro)
ü Disponibilidade Mínima de Verão (janeiro) versus Consumo Total de
Verão (janeiro)

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 22

No Relatório A.1 – Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas, do Plano


Estadual de Recursos Hídricos, foram abordados os recursos hídricos
superficiais e subterrâneos, em termos de quantidade e qualidade. As
disponibilidades hídricas superficiais foram determinadas individualmente para
todas as bacias hidrográficas, através da obtenção de séries históricas de
vazões medidas em seções localizadas nos cursos de água principais. Foram
utilizadas, basicamente, estações com séries temporais superiores a 40 anos e
determinados os principais parâmetros hidrológicos estatísticos ou vazões
características (vazão média de longo período e em determinados percentuais
de permanência – 99, 95, 90, 70, 50 e 30% – bem como as vazões médias,
máximas e mínimas mensais para possibilitar a verificação das variações
sazonais).

Como regra geral foi escolhida uma estação fluviométrica para cada bacia
hidrográfica. Com base nos parâmetros determinados para as estações
selecionadas foram definidos os valores válidos para as bacias hidrográficas,
pelo método das relações entre áreas, ou vazões específicas. Ou seja, para
cada bacia hidrográfica foram determinados um conjunto de parâmetros
hídricos (vazões características) que a caracterizam em termos de
disponibilidade hídrica superficial.

Em termos subterrâneos, devido às lacunas no conhecimento das dinâmicas


de fluxo e geometria da maioria dos corpos aqüíferos, da falta de
monitoramento de níveis e inexistência de séries históricas, a determinação
destas disponibilidades torna-se bastante complexa. Assumindo que os valores
anuais de recarga dos aqüíferos presentes em cada uma das bacias
hidrográficas equivalem aos valores anuais das respectivas descargas naturais,
sendo estes possíveis de determinação através da separação de hidrogramas,
chegou-se a valores denominados de reservas reguladoras. Estas reservas
reguladoras são referências para a disponibilidade hídrica subterrânea.
Salienta-se desde já que se trata de uma primeira estimativa que não
contempla os grandes volumes armazenados nos aqüíferos (confinados e não-
confinados) sob a forma de reservas permanentes. A determinação segura das
reservas permanentes implica em uma série de informações todavia não
disponíveis. Os sistemas aqüíferos do Estado são apresentados no Mapa 3 do
Atlas.

No Relatório A.2 – Diagnóstico das Demandas Hídricas, foram determinadas as


demandas para os usos consuntivos, posteriormente divididas em dois
parâmetros: as demandas propriamente ditas e os consumos hídricos efetivos,
nos quais foram descontadas as parcelas hídricas que retornam aos
mananciais após o uso. Foram considerados nos cálculos os seguintes usos
consuntivos: abastecimento humano, irrigação, uso industrial e criação animal.
Para cada um desses usos (bem como para o seu somatório) e para cada
bacia hidrográfica foram determinadas demandas volumétricas e , em termos de
vazão, para intervalos de tempo mensais e anual, possibilitando verificar as
variações sazonais.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 23

No referido relatório (A.2), também foram caracterizados os principais usos não


consuntivos (geração de energia, transporte hidroviário interior, mineração,
turismo e lazer, pesca e preservação ambiental) bem como calculadas as
cargas orgânicas lançadas na rede hidrográfica de origem humana, industrial e
animal, para cada bacia hidrográfica.

Com base nas informações disponíveis foi, então, determinada a situação atual
dos recursos hídricos para cada bacia hidrográfica: em termos de quantidade
através dos balanços hídricos e em termos de qualidade através da avaliação
das informações relativas aos pontos amostrados no Estado, disponíveis nos
bancos de dados consultados.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 24

4. AS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO GRANDE DO SUL


SITUAÇÃO QUALI-QUANTITATIVA ATUAL DOS RECURSOS HÍDRICOS

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 25

4. AS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO GRANDE DO SUL


SITUAÇÃO QUALI-QUANTITATIVA ATUAL DOS RECURSOS HÍDRICOS

A situação atual dos recursos hídricos no Rio Grande do Sul é apresentada,


neste capítulo, através das 25 bacias hidrográficas que integram o Estado,
agrupadas conforme as regiões hidrográficas em que se localizam. A opção de
apresentar as informações relativas à situação dos recursos hídricos de forma
agrupada pelas bacias hidrográficas que integram cada uma das três regiões
hidrográficas gaúchas decorreu da possibilidade de, neste formato, ficar
facilitada a comparação entre bacias, permitindo, conseqüentemente, uma
melhor avaliação das situações individuais frente ao contexto geral de cada
região hidrográfica.

Para cada uma das regiões hidrográficas (Guaíba, Uruguai e Bacias


Litorâneas), compostas por suas respectivas bacias hidrográficas, são
apresentadas as seguintes informações, caracterizadoras da situação atual dos
recursos hídricos:

A. Relação dos municípios integrantes das bacias hidrográficas.

B. População residente nas bacias hidrográficas (para o ano de 2006).

C. Disponibilidades hídricas superficiais, englobando vazão média de longo


período, vazão com permanência de 95% no tempo – Q95% –, vazão
média (mensal) do mês de janeiro e vazão mínima (mensal) do mês de
janeiro.

D. Estimativas das reservas reguladoras subterrâneas, indicativas das


disponibilidades hídricas subterrâneas, em termos de volume hídrico
anual, principais sistemas aqüíferos e respectivas capacidades
específicas.

E. Demandas hídricas setoriais (total anual e para o mês de janeiro)


abrangendo os seguintes usos consuntivos: abastecimento humano, uso
industrial, irrigação e criação animal; e demanda hídrica global da bacia
hidrográfica.

F. Consumos hídricos setoriais (total anual e para o mês de janeiro)


abrangendo os seguintes usos consuntivos: abastecimento humano, uso
industrial, irrigação e criação animal; e consumo hídrico global da bacia
hidrográfica.

G. Resultados dos balanços hídricos em oito formatos:

ü Balanços Hídricos Disponibilidade versus Demandas: considerando a


disponibilidade média anual com a demanda média anual; a
disponibilidade mínima anual (Q95%) com a demanda média anual; a

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 26

disponibilidade média de verão (para o mês de janeiro) com a


demanda média de verão (também para o mês de janeiro) e a
disponibilidade mínima de verão (para o mês de janeiro) com a
demanda média de verão (também para o mês de janeiro).
ü Balanços Hídricos Disponibilidade versus Consumos: considerando a
disponibilidade média anual com o consumo médio anual; a
disponibilidade mínima anual (Q95%) com o consumo médio anual; a
disponibilidade média de verão (para o mês de janeiro) com o
consumo médio de verão (também para o mês de janeiro) e a
disponibilidade mínima de verão (para o mês de janeiro) com o
consumo médio de verão (também para o mês de janeiro).
H. Identificação dos principais usos não consuntivos dos recursos hídricos
em cada bacia hidrográfica.

I. Avaliação da situação referente à qualidade das águas superficiais e


subterrâneas, com base nas informações sistematizadas disponíveis.

J. Identificação dos principais problemas ambientais e situações de conflito


de uso com relação aos recursos hídricos.

Posteriormente, no capítulo 5, os resultados dos principais aspectos relativos


aos recursos hídricos avaliados são apresentados na forma de mapas integrais
do Estado (incluindo informações de todas as 25 bacias hidrográficas),
constituindo um Atlas da situação atual dos recursos hídricos no Rio Grande do
Sul. Nesta configuração panorâmica há possibilidade de visualização integrada
da situação dos recursos hídricos.

4.1. REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA

A Região Hidrográfica do Guaíba localiza-se na porção central do Estado do


Rio Grande do Sul e possui área aproximada de 84.555 km2, representando
cerca de 30% da superfície total estadual. Nela residem 7,1 milhões de
habitantes, ou seja, 65% da população gaúcha estimada para o ano de 2006.
Ao norte, oeste e sudoeste apresenta divisor de águas comum com a Região
Hidrográfica do Uruguai e ao leste e sul com a Região Hidrográfica das Bacias
Litorâneas.

A Região Hidrográfica do Guaíba é integrada por nove bacias hidrográficas:


Gravataí, Sinos, Caí, Taquari-Antas, Pardo, Alto Jacuí, Vacacaí-Vacacaí-Mirim,
Baixo Jacuí e Lago Guaíba. As áreas dessas bacias hidrográficas são
apresentadas no Quadro 4.1 e podem ser visualizadas no Mapa 4, do Atlas
(capítulo 5). Os valores foram calculados a partir da base cartográfica oficial do
Estado, na escala 1:250.000, através do Sistema de Informações Geográficas
(SIG) estruturado para o Plano Estadual de Recursos Hídricos (Ecoplan, 2006)
e compatibilizada com o IBGE.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 27

Quadro 4.1 – Áreas das Bacias Hidrográficas Integrantes da Região Hidrográfica do Guaíba
Bacia Hidrográfica Área (km2) Participação (%)
Gravataí (G10) 2.008,93 2,38
Sinos (G20) 3.680,04 4,35
Caí (G30) 4.957,74 5,86
Taquari-Antas (G40) 26.323,76 31,13
Alto Jacuí (G50) 13.037,20 15,42
Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 11.085,77 13,11
Baixo Jacuí (G70) 17.370,48 20,54
Lago Guaíba (G80) 2.459,91 2,91
Pardo (G90) 3.631,24 4,9
Total da Região Hidrográfica 84.555,07 100,00
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Das nove bacias hidrográficas, duas respondem em conjunto por mais de 50%
da área da Região Hidrográfica do Guaíba: Taquari-Antas e Baixo Jacuí; e
duas por aproximadamente 5% da referida superfície (Gravataí e Lago
Guaíba), demonstrando a grande diversidade de situações quanto ao tamanho
das unidades de planejamento e gestão de recursos hídricos.

A relação dos municípios integrantes de cada uma das nove bacias


hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba é apresentada no Quadro 4.2,
a seguir, e foi obtida a partir da sobreposição da malha municipal (Divisão
Oficial atual do IBGE) com a divisão hidrográfica atual do Estado.
Quadro 4.2 – Relação dos Municípios por Bacia Hidrográfica na Região Hidrográfica do Guaíba
Bacia
Municípios
Hidrográfica
ALVORADA, CACHOEIRINHA, CANOAS, GLORINHA, GRAVATAÍ, PORTO ALEGRE, SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA,
Gravataí (G10) TAQUARA, VIAMÃO
ARARICÁ, CACHOEIRINHA, CAMPO BOM, CANELA, CANOAS, CAPELA DE SANTANA, CARAÁ, DOIS IRMÃOS, ESTÂNCIA
VELHA, ESTEIO, GRAMADO, GRAVATAÍ, IGREJINHA, IVOTI, NOVA HARTZ, NOVA SANTA RITA, NOVO HAMBURGO,
Sinos (G20) OSÓRIO, PAROBÉ, PORTÃO, RIOZINHO, ROLANTE, SANTA MARIA DO HERVAL, SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA, SÃO
FRANCISCO DE PAULA, SÃO LEOPOLDO, SÃO SEBASTIÃO DO CAÍ, SAPIRANGA, SAPUCAIA DO SUL, TAQUARA, TRÊS
COROAS
ALTO FELIZ, BARÃO, BOM PRINCÍPIO, BROCHIER, CANELA, CAPELA DE SANTANA, CARLOS BARBOSA, CAXIAS DO
SUL, DOIS IRMÃOS, ESTÂNCIA VELHA, FARROUPILHA, FELIZ, GRAMADO, HARMONIA, IGREJINHA, IVOTI, LINDOLFO
COLLOR, LINHA NOVA, MARATÁ, MONTENEGRO, MORRO REUTER, NOVA HARTZ, NOVA PETRÓPOLIS, NOVA SANTA
Caí (G30) RITA, PARECI NOVO, PICADA CAFÉ, PORTÃO, PRESIDENTE LUCENA, SALVADOR DO SUL, SANTA MARIA DO HERVAL,
SÃO FRANCISCO DE PAULA, SÃO JOSÉ DO HORTÊNCIO, SÃO JOSÉ DO SUL, SÃO PEDRO DA SERRA, SÃO SEBASTIÃO
DO CAÍ, SÃO VENDELINO, SAPIRANGA, TRÊS COROAS, TRIUNFO, TUPANDI, VALE REAL

ÁGUA SANTA, ANDRÉ DA ROCHA, ANTA GORDA, ANTÔNIO PRADO, ARROIO DO MEIO, ARVOREZINHA, BAR ÃO,
BARROS CASSAL, BENTO GONÇALVES, BOA VISTA DO SUL., BOM JESUS, BOM RETIRO DO SUL, BOQUEIRÃO DO
LEÃO, BROCHIER, CAMARGO, CAMBARÁ DO SUL, CAMPESTRE DA SERRA, CANUDOS DO VALE, CAPÃO BONITO DO
SUL, CAPITÃO, CARLOS BARBOSA, CASCA, CASEIROS, CAXIAS DO SUL, CIRÍACO, COLINAS, COQUEIRO BAIXO,
CORONEL PILAR, COTIPORÃ, CRUZEIRO DO SUL, DAVID CANABARRO, DOIS LAJEADOS, DOUTOR RICARDO,
ENCANTADO, ESTRELA, FAGUNDES VARELA, FARROUPILHA, FAZENDA VILANOVA, FLORES DA CUNHA, FONTOURA
XAVIER, FORQUETINHA, GARIBALDI, GENERAL CÂMARA, GENTIL, GUABIJU, GUAPORÉ, IBIRAIARAS, IBIRAPUITÃ,
Taquari-Antas ILÓPOLIS, IMIGRANTE, IPÊ, ITAPUCA, JAQUIRANA, LAGOA VERMELHA, LAJEADO, MARAU, MARQUES DE SOUZA,
MATO CASTELHANO, MATO LEITÃO, MONTAURI, MONTE ALEGRE DOS CAMPOS, MONTE BELO DO SUL,
(G40) MONTENEGRO, MUÇUM, MUITOS CAPÕES, MULITERNO, NOVA ALVORADA, NOVA ARAÇÁ, NOVA BASSANO, NOVA
BRÉSCIA, NOVA PÁDUA, NOVA PRATA, NOVA ROMA DO SUL, PARAÍ, PASSO DO SOBRADO, PASSO FUNDO,
PAVERAMA, POÇO DAS ANTAS, POUSO NOVO, PROGRESSO, PROTÁSIO ALVES, PUTINGA, RELVADO, ROCA SALES,
SALVADOR DO SUL, SANTA CLARA DO SUL, SANTA CRUZ DO SUL, SANTA TEREZA, SANTO ANTÔNIO DO PALMA, SÃO
DOMINGOS DO SUL, SÃO FRANCISCO DE PAULA, SÃO JORGE, SÃO JOSÉ DO HERVAL, SÃO JOSÉ DOS AUSENTES,
SÃO MARCOS, SÃO PEDRO DA SERRA, SÃO VALENTIM DO SUL, SERAFINA CORRÊA, SÉRIO, SINIMBU, SOLEDADE,
TABAÍ, TAQUARI, TEUTÔNIA, TRAVESSEIRO, TRIUNFO, UNIÃO DA SERRA, VACARIA, VALE VERDE, VANINI, VENÂNCIO
AIRES, VERANÓPOLIS, VESPASIANO CORREA, VILA FLORES, VILA MARIA, VISTA ALEGRE DO PRATA, WESTFALIA.
ALTO ALEGRE, ARROIO DO TIGRE, BOA VISTA DO INCRA, CAMPOS BORGES, CARAZINHO, CHAPADA, COLORADO,
CRUZ ALTA, ERNESTINA, ESPUMOSO, ESTRELA VELHA, FORTALEZA DOS VALOS, IBARAMA, IBIRAPUITÃ, IBIRUBÁ,
JACUIZINHO, JÚLIO DE CASTILHOS, LAGOA BONITA DO SUL, LAGOA DOS TRÊS CANTOS, LAGOÃO, MARAU, MATO
Alto Jacuí (G50) CASTELHANO, MORMAÇO, NÃO-ME-TOQUE, NICOLAU VERGUEIRO, PASSA SETE, PASSO FUNDO, PINHAL GRANDE,
QUINZE DE NOVEMBRO, SALDANHA MARINHO, SALTO DO JACUÍ, SANTA BÁRBARA DO SUL, SANTO ANTÔNIO DO
PLANALTO, SEGREDO, SELBACH, SOBRADINHO, SOLEDADE, TAPERA, TIO HUGO, TUNAS, TUPANCIRETÃ, VICTOR
GRAEFF

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 28

Bacia
Municípios
Hidrográfica
Vacacaí – CAÇAPAVA DO SUL, CACHOEIRA DO SUL, DILERMANDO DE AGUIAR, FORMIGUEIRO, ITAARA, JÚLIO DE CASTILHOS,
Vacacaí-Mirim RESTINGA SECA, SANTA MARGARIDA DO SUL, SANTA MARIA, SÃO GABRIEL, SÃO JOÃO DO POLÊSINE, SÃO SEPÉ,
SILVEIRA MARTINS, VILA NOVA DO SUL
(G60)
AGUDO, ARROIO DOS RATOS, BARÃO DO TRIUNFO, BUTIÁ, CAÇAPAVA DO SUL, CACHOEIRA DO SUL, CANDELÁRIA,
CERRO BRANCO, CHARQUEADAS, DOM FELICIANO, DONA FRANCISCA, ELDORADO DO SUL, ENCRUZILHADA DO SUL,
FAXINAL DO SOTURNO, GENERAL CÂMARA, IBARAMA, IVORÁ, JÚLIO DE CASTILHOS, LAGOA BONITA DO SUL,
Baixo Jacuí (G70) MARIANA PIMENTEL, MINAS DO LEÃO, MONTENEGRO, NOVA PALMA, NOVO CABRAIS, PANTANO GRANDE, PARAÍSO
DO SUL, PASSA SETE, PASSO DO SOBRADO, PINHAL GRANDE, RESTINGA SECA, RIO PARDO, SANTA CRUZ DO SUL,
SANTANA DA BOA VISTA, SÃO JERÔNIMO, SÃO JOÃO DO POLÊSINE, SERTÃO SANTANA, SILVEIRA MARTINS,
SOBRADINHO, TRIUNFO, VALE VERDE
Lago Guaíba BARÃO DO TRIUNFO, BARRA DO RIBEIRO, CANOAS, CERRO GRANDE DO SUL, ELDORADO DO SUL, GUAÍBA, MARIANA
(G80) PIMENTEL, NOVA SANTA RITA, PORTO ALEGRE, SENTINELA DO SUL, SERTÃO SANTANA, TAPES, VIAMÃO

BARROS CASSAL, BOQUEIRÃO DO LEÃO, CANDELÁRIA, GRAMADO XAVIER, HERVEIRAS, LAGOÃO, PASSA SETE, RIO
Pardo (G90) PARDO, SANTA CRUZ DO SUL, SINIMBU, VALE DO SOL, VENÂNCIO AIRES, VERA CRUZ

Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

O Quadro 4.3 apresenta as populações residentes nas bacias hidrográficas,


estimadas para o ano de 2006, em termos totais, urbanos e rurais, com base
nas populações municipais projetadas para 2006 (estimativa do IBGE)
rearranjadas através das parcelas espaciais dos respectivos municípios em
cada bacia hidrográfica. O Mapa 5 do Atlas (capítulo 5) apresenta a densidade
populacional das bacias hidrográficas do Estado (hab/Km²).

Quadro 4.3 – Populações Residentes por Bacia Hidrográfica na Região Hidrográfica do Guaíba
População População População Partic.
Bacia Hidrográfica Urbana Rural Total Popul. Total
(hab.) (hab.) (hab.) (%)
Gravataí (G10) 1.313.526 47.592 1.361.118 19,14
Sinos (G20) 1.259.995 62.426 1.322.421 18,60
Caí (G30) 403.545 94.714 498.259 7,01
Taquari-Antas (G40) 898.585 351.451 1.250.036 17,59
Alto-Jacuí (G50) 277.332 98.434 375.766 5,29
Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 357.983 49.550 407.533 5,73
Baixo Jacuí (G70) 264.958 126.902 391.860 5,51
Lago Guaíba (G80) 1.231.938 53.676 1.285.614 18,09
Pardo (G90) 147.933 67.985 215.918 3,04
Total da Região Hidrográfica 6.155.795 952.730 7.108.525 100,00
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 – Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

Na Região Hidrográfica do Guaíba residem mais de 7,1 milhões de habitantes,


representando 65,02% da população do Estado, em apenas 30% da superfície
estadual, o que demonstra a concentração populacional desta região. As
bacias hidrográficas do Gravataí, Sinos e Lago Guaíba respondem, em
conjunto, por quase 4 milhões de habitantes, apresentando as maiores
densidades demográficas do Estado. Enquanto a média da Região Hidrográfica
é de 84 hab/km2, no Gravataí atinge 677, no Sinos, 359 e no Lago Guaíba, 523
hab/km².

Para a caracterização das disponibilidades hídricas superficiais em cada bacia


hidrográfica, são apresentadas no Quadro 4.4 as seguintes vazões
caracterís ticas: vazão média de longo período, vazão média específica (QLP),
vazão característica de mínimas (Q95% - vazão com permanência temporal de

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 29

95%), vazão mínima específica, vazão média para o mês típico de verão
(janeiro) e vazão mínima para o mês típico de verão (janeiro), em termos
absolutos (m3 /s). Os Mapas 6, 7, 8, 9 e 10 do Atlas apresentam as vazões
média anual e média específica anual, vazão mínima anual e mínima
específica, e a vazão média de verão, respectivamente.

Importante destacar a magnitude da vazão mínima de verão na bacia


hidrográfica do Vacacaí, da ordem de apenas 0,40 m3/s. Igualmente
interessante é a relação entre as vazões mínimas e médias, da ordem de 9%
em termos médios na Região Hidrográfica, mas que, para as bacias do
Vacacaí e do Pardo situam-se abaixo de 5%, indicando forte restrição à
disponibilidade hídrica na época de verão.

Quadro 4.4 – Disponibilidades Hídricas Superficiais Características das Bacias Hidrográficas da


3
Região Hidrográfica do Guaíba (m /s)
Vazão Vazão Vazão Vazão
Vazão Vazão
Bacia Hidrográfica Média Mínima Média Mínima
Média Mínima
Específica Anual Verão Verão
Anual Específica
(QLP) (Q95% ) (jan.) (jan.)

Gravataí (G10) 29,26 14,57 3,67 1,83 9,07 3,24

Sinos (G20) 87,91 23,89 7,50 2,04 51,26 4,54

Caí (G30) 99,52 20,07 6,81 1,37 53,03 7,35

Taquari-Antas (G40) 606,06 23,02 43,41 1,65 345,49 19,79

Alto Jacuí (G50) 316,39 24,27 24,33 1,87 203,43 15,30

Vacacaí – Vacacaí-Mirim
190,28 17,16 6,46 0,58 70,20 0,40
(G60)

Baixo Jacuí (G70) [1] 1.728,67 22,62 151,90 1,99 826,24 54,46
[1]
Lago Guaíba (G80) 1.888,35 17,25 174,23 4,53 911,16 72,24

Pardo (G90) 110,19 30,34 5,521 1,52 59,80 5,81

Região Hidrográfica 1.888,35 174,23 911,16 72,24


[1]
Disponibilidades hídricas acumuladas, considerando as contribuições de montante.
Obs.: Vazão Média de Verão corresponde à média das vazões mensais no mês de janeiro e Vazão Mínima de Verão
corresponde à mínima vazão mensal observada para o mês de janeiro.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.1 – Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas.
Ecoplan, 2006.

As estimativas das reservas reguladoras de águas subterrâneas, indicativas


das disponibilidades hídricas subterrâneas, para cada bacia hidrográfica, são
apresentadas no Quadro 4.5, em termos de volumes totais anuais, indicando
seus principais sistemas aqüíferos e suas respectivas capacidades específicas
(Q/s - m³/h/m) e médias de vazão (Q – m³/h) . Esses valores podem ser
visualizados no Mapa 11 do Atlas, e foram calculados a partir dos volumes de
recarga ou descarga dos aqüíferos considerados em cada bacia hidrográfica,
obtidos através da separação de escoamentos em hidrogramas, conforme
metodologia adotada no PERH (Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas –
Ecoplan, 2006), em termos volumétricos totais anuais. A produtividade dos
aqüíferos pode ser visualizada no Mapa 3 do Atlas. Apresenta-se ainda, no

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 30

Mapa 12, uma classificação dos aqüíferos quanto à vulnerabilidade


(confeccionado por CPRM e FEPAM).
Quadro 4.5 – Estimativa das Reservas Reguladoras de Águas Subterrâneas para as Bacias
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba
Capacidade
Reserva % de
Bacia Principais Sistemas Vazão (Q) Específica Média
Reguladora Ocorrência
Hidrográfica Aqüíferos Aflorantes (1) (m 3/h/) (2) da Bacia(Qs)
(hm 3/ano) na Bacia
(m 3/h/m) (1)
Barreira Marinha 8.27 >50m3/h
Botucatu/Pirambóia 7.21 6,9 m 3/h
Aquitardos permeanos 32.03
Em geral muito
Basalto/Botucatu 2.09
baixa; Barreira
Gravataí (G10) 214 Embasamento Cristalino I 6.78 Marinha com Q/s
Embasamento Cristalino II 6.61 muito alta
Embasamento Cristalino III 0.43
Quaternário Costeiro II 34.80
Serra Geral II 1.78 27.5 m 3/h
Botucatu/Pirambóia 39.72 10 m 3/h
Aquitardos permeanos 6.88
Em geral muito
Basalto/Botucatu 2.81
baixa; Botucatu
Sinos (G20) 558 Botucatu 0.27
confinado com Q/s
Quaternário Costeiro II 1.23 baixa
Serra Geral II 41.22
Serra Geral II 7.87 6.7 m 3/h
Botucatu/Pirambóia 17.74 13.5 m 3/h
Em geral muito
Aquitardos permeanos 3.92
baixa; Botucatu
Caí (G30) 519 Botucatu 0.90
confinado com Q/s
Quaternário Costeiro II 0.36
baixa
Serra Geral II 77.09 10.8 m 3/h
Botucatu/Pirambóia 1.28 16.52 m 3/h Em geral muito
Aquitardos permeanos 0.78 baixa; Serra Geral
Botucatu 0.50 I com Q/s baixa; e
Serra Geral I 4.88 15.1 m 3/h Santa Maria na
Serra Geral II 88.14 borda da serra
Taquari-Antas
3.388 Santa Maria 4.06 18 m 3/h com Q/s de média
(G40)
Sanga do Cabral/Pirambóia 0.37 a muito baixa;
Botucatu
confinado com Q/s
variando de baixa
a média
Serra Geral I 87.12 17.68 m 3/h Em geral baixa;
Serra Geral II 12.88 Serra Geral II
muito baixa com
Alto-Jacuí (G50) 2.023
Botucatu
confinado com Q/s
muito baixa
Aquitardos permeanos 14.49 Em geral muito
Basalto/Botucatu 0.41 baixa; Santa Maria
Botucatu 0.25 na borda da serra
Vacacaí – Embasamento Cristalino II 12.44 3.8 m 3/h com Q/s de média
Vacacaí-Mirim Embasamento Cristalino III 0.81 a muito baixa
568
(G60) Aquiclude Eo-Paleozóico 14.80 (Unidade
Palermo/Rio Bonito 19.41 3 m 3/h hidroestratigráfica
Serra Geral II 2.33 Passo das Tropas
Santa Maria 5.50 8.7 m 3/h confinado com Q/s
Sanga do Cabral/Pirambóia 29.55 média)
Aquitardos permeanos 9.01 Em geral muito
Botucatu/Pirambóia 1.20 14.5 m 3/h baixa; Santa Maria
Botucatu 1.63 com com Q/s
Embasamento Cristalino II 22.77 média na encosta
Embasamento Cristalino III 7.57 da serra (Unidade
Baixo Jacuí Aquiclude Eo-Paleozóico 8.40 hidroestratigráfica
1.741 Palermo/Rio Bonito 8.60 Passo das Tropas
(G70)
Quaternário Costeiro II 2.65 confinado com Q/s
Sedimentos Deltáicos 0.29 média)
Serra Geral I 0.07 11.5 m 3/h
Serra Geral II 10.35
Santa Maria 8.99 10 m 3/h
Sanga do Cabral/Pirambóia 18.47

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 31

Bacia Reserva Principais Sistemas % de Vazão (Q) Capacidade


Hidrográfica Reguladora Aqüíferos Aflorantes (1) Ocorrência (m 3/h/) (2) Específica Média
(hm 3/ano) na Bacia da Bacia(Qs)
(m 3/h/m) (1)
Aquitardos permeanos 0.26 Em geral muito
Barreira Marinha 5.03 38 m 3/h baixa; Barreira
Embasamento Cristalino I 3.37 5.2 m 3/h Marinha com Q/s
Lago Guaíba
(G80) 651 Embasamento Cristalino II 25.70 muito alta
Embasamento Cristalino III 22.61
Quaternário Costeiro II 40.73
Sedimentos Deltáicos 2.27
Botucatu 4.43 Em geral muito
Serra Geral I 9.57 9.7 m 3/h baixa; Serra Geral
Serra Geral II 50.62 I com Q/s baixa; e
Santa Maria 24.73 13.5 m 3/h Santa Maria na
Sanga do Cabral/Pirambóia 10.65 borda da serra
Pardo (G90) 465 com Q/s de média
a muito
baixa(Unidade
hidroestratigráfica
Passo das Tropas
confinado com Q/s
média)
Total da Região 10.127 - - - -
Hidrográfica
(1)
Informação extraída do Mapa Hidrogeológico do Estado do Rio Grande do Sul, CPRM 2005.
(2)
Estimativa extraída a partir de análise do banco de dados SIAGAS
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.1 – Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas.
Ecoplan, 2006.

De maneira geral observam-se algumas tendências importantes:

ü A grande ocorrência em área dos sistemas aqüíferos Serra Geral


praticamente em todas as bacias, principalmente em suas porções de
montante, embora fornecendo vazões relativamente baixas.

ü Altas vazões nos sedimentos costeiros, principalmente aqueles relativos à


barreira marinha nas Bacias do Gravataí e Lago Guaíba.

ü Altas vazões do sistema aqüífero Santa Maria nas bacias do Taquari-Antas,


Pardo, Baixo Jacuí e Vacacaí, principalmente em suas porções mais baixas.

As demandas hídricas setoriais, globais e específicas, para cada bacia


hidrográfica, em termos médios, anuais e para o mês de janeiro (típico de
verão), são apresentadas nos Quadros 4.6 e 4.7, respectivamente, sendo que
as demandas globais anuais e as demandas específicas podem ser
visualizadas, respectivamente, nos Mapas 13 e 14 do Atlas.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 32

Quadro 4.6 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais Anuais (Médias) para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba (m /s)
Bacia Total Específica
Humano[1] Irrigação [2] Animal[3] Industrial[4] Total
Hidrográfica (L/s/km²)
Gravataí (G10) 3,76 6,44 0,09 0,41 10,70 5,319
Sinos (G20) 3,41 3,07 0,10 3,42 10,01 2,723
Caí (G30) 1,13 1,33 0,30 1,54 4,29 0,863
Taquari-Antas (G40) 2,67 3,47 2,42 2,11 10,66 0,405
Alto-Jacuí (G50) 0,81 1,27 0,51 0,14 2,73 0,209
Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 1,02 29,41 0,49 0,08 31,00 2,797
Baixo Jacuí (G70) 0,77 40,90 0,67 2,15 44,49 2,561
Lago Guaíba (G80) 3,62 9,73 0,08 4,88 18,31 7,438
Pardo (G90) 0,48 3,84 0,18 0,08 4,59 1,266
Região Hidrográfica 17,65 99,46 4,85 14,81 136,78 1,617
[1]
Demanda hídrica para abastecimento humano: considerou (i) as populações urbanas e rurais residentes nas bacias,
tendo como fonte de dados as estimativas municipais do IBGE para o ano de 2006, e (ii) as demandas hídricas per
capita (variando entre 180 e 250 L/hab/dia, conforme o porte populacional urbano - no caso de abastecimento urbano,
e 125 L/hab/dia no caso do abastecimento rural).
[2]
Demanda hídrica para irrigação de arroz : considerou (i) as áreas cultivadas referentes à safra 2004/2005 nas bacias ,
segundo levantamento municipal do IRGA, e (ii) demanda hídrica por unidade de área irrigada de 12.600 m3/ha/safra.
Para outras culturas irrigadas foram utilizadas as demandas hídricas informadas nos respectivos processos de outorga
emitidos pelo DRH/SEMA (2007).
[3]
Demanda hídrica para criação animal: considerou (i) o efetivo dos principais rebanhos (bovino, suíno, eqüino, ovino e
aves) obtido através da Pesquisa Pecuária Municipal de 2004 e (ii) as demandas unitárias por tipo de rebanho,
conforme diferentes fontes bibliográficas (45 L/cab/dia para bovinos de corte, 62 L/cab/dia para bovinos de leite, 100
L/cab/dia para suínos, 40 L/cab/dia para eqüinos, 6,0 L/cab/dia para ovinos, 0,6 L/cab/dia para galinhas e 0,25
L/cab/dia para galos e frangos).
[4]
Demanda hídrica para uso industrial: considerou (i) o número de indústrias por município (FEPAM, 2003) e (ii)
demanda hídrica unitária de 3,0 L/s (média das demandas das indústrias de baixo e médio consumo, conforme o
cadastro de outorgas do DRH/SEMA , 2007); complementarmente, foram consideradas ainda as demandas hídricas de
indústrias de grande consumo identificadas no referido cadastro de outorgas .
Fonte Geral: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 - Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

Com base nas informações do Quadro 4.6, o Mapa 23 do Atlas (capítulo 5)


aponta os principais usos consuntivos por bacia hidrográfica.
Quadro 4.7 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba (m /s)
Bacia Hidrográfica Total Humano Irrigação Animal Industrial
Gravataí (G10) 27,77 3,76 23,51 0,09 0,41
Sinos (G20) 18,15 3,41 11,22 0,10 3,42
Caí (G30) 7,81 1,13 4,84 0,30 1,54
Taquari-Antas (G40) 19,84 2,67 12,65 2,42 2,11
Alto-Jacuí (G50) 6,09 0,81 4,63 0,51 0,14
Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 108,94 1,02 107,36 0,49 0,08
Baixo Jacuí (G70) 152,87 0,77 149,29 0,67 2,15
Lago Guaíba (G80) 44,10 3,62 35,53 0,08 4,88
Pardo (G90) 14,76 0,48 14,02 0,18 0,08
Região Hidrográfica 400,35 17,65 363,04 4,85 14,81
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 - Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 33

Em termos anuais, a irrigação representa cerca de 73% das demandas hídricas


na Região Hidrográfica do Guaíba, subindo esse percentual para 91% no mês
de janeiro, mostrando a grande importância desse setor usuário. Em termos
espaciais, cerca de 55% das demandas hídricas anuais estão concentradas
apenas nas bacias do Vacacaí e Baixo Jacuí, em razão das extensas áreas de
lavouras de arroz. A exemplo das demandas, os consumos hídricos setoriais e
globais, para cada bacia hidrográfica, em termos médios anuais e para o mês
de janeiro (típico de verão), são apresentados nos Quadros 4.8 e 4.9,
respectivamente. No Mapa 15 do Atlas é possível visualizar os consumos
hídricos globais anuais.
Quadro 4.8 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais Anuais (Médios) para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba (m /s)
Bacia Hidrográfica Total Humano Irrigação Animal Industrial
Gravataí (G10) 4,80 0,75 3,86 0,06 0,12
Sinos (G20) 3,63 0,68 1,85 0,07 1,03
Caí (G30) 1,70 0,23 0,80 0,21 0,46
Taquari-Antas (G40) 4,99 0,53 2,13 1,69 0,63
Alto-Jacuí (G50) 1,83 0,16 1,27 0,36 0,04
Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 18,22 0,20 17,65 0,34 0,02
Baixo Jacuí (G70) 25,81 0,15 24,54 0,47 0,64
Lago Guaíba (G80) 8,08 0,72 5,84 0,06 1,46
Pardo (G90) 2,56 0,10 2,31 0,13 0,02
Região Hidrográfica 71,61 3,53 60,24 3,39 4,44
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 - Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

Quadro 4.9 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba (m /s)
Bacia Hidrográfica Total Humano Irrigação Animal Industrial
Gravataí (G10) 15,04 0,75 14,10 0,06 0,12
Sinos (G20) 8,52 0,68 6,74 0,07 1,03
Caí (G30) 3,81 0,23 2,91 0,21 0,46
Taquari-Antas (G40) 10,65 0,53 7,79 1,69 0,63
Alto-Jacuí (G50) 5,20 0,16 4,63 0,36 0,04
Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 64,98 0,20 64,41 0,34 0,02
Baixo Jacuí (G70) 90,84 0,15 89,57 0,47 0,64
Lago Guaíba (G80) 23,56 0,72 21,32 0,06 1,46
Pardo (G90) 8,67 0,10 8,42 0,13 0,02
Região Hidrográfica 231,26 3,53 219,89 3,39 4,44
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 - Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

A irrigação representa cerca de 84% do consumo anual global e 95% no mês


de janeiro, demonstrando (ainda mais que em termos de demandas) a
importância desse setor usuário. Em termos espaciais, as bacias do Vacacaí e
Baixo Jacuí concentram mais de 60% dos consumos globais anuais.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 34

Os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades hídricas


com as demandas de água, considerando as quatro hipóteses de
disponibilidade, referidas no Quadro 4.4, são apresentadas no Quadro 4.10,
para cada bacia hidrográfica, em termos percentuais (parcela da
disponibilidade que é atualmente demandada pelos usos consuntivos
considerados). Os Mapas 16, 17 e 18 do Atlas (capítulo 5) apresentam,
respectivamente os resultados dos seguintes balanços hídricos: Demanda
Média Anual versus Disponibilidade Média Anual, Demanda Média Anual
versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%) e
Demanda de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão.
Quadro 4.10 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Demandas para as Bacias
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba (%)
Demanda Méd. Demanda Méd. Demanda Verão Demanda Verão /
Bacia Hidrográfica Anual / Dispon. Anual / Dispon. / Dispon. Méd. Dispon. Mín.
Méd. Anual Mín. Anual (Q95% ) Verão [1] Verão [1]
Gravataí (G10) 36,6% 291,6% 306,2% 857,1%
Sinos (G20) 11,4% 133,5% 35,4% 399,8%
Caí (G30) 4,3% 63,0% 14,7% 106,3%
Taquari-Antas (G40) 1,8% 24,6% 5,7% 100,3%
Alto-Jacuí (G50) 0,9% 11,2% 3,0% 39,8%
Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 16,3% 479,9% 155,2% 27.235,0%
Baixo Jacuí (G70) 2,6% 29,3% 18,5% 280,7%
Lago Guaíba (G80) 1,0% 10,5% 4,8% 61,0%
Pardo (G90) 4,2% 0,1% 24,7% 254,0%
Total da Região Hidrográfica 7,2% 78,5% 43,9% 554,2%
[1]
Considerado no mês de janeiro.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Em termos médios anuais não são verificadas situações problemáticas, sendo


que na média da Região Hidrográfica do Guaíba, apenas 7,2% das
disponibilidades médias anuais são atualmente demandadas. Em termos
médios para o mês de janeiro, são observados déficits hídricos nas bacias do
Gravataí e Vacacaí–Vacacaí-Mirim, sendo importante destacar que na
abordagem realizada não foram considerados os volumes armazenados (ou
estáticos) e tampouco a vazão ecológica, mas apenas as vazões fluentes
(volumes dinâmicos). Através do armazenamento, há maior disponibilidade
hídrica nos meses de verão. Considerando as disponibilidades mínimas (Q95% e
vazão mínima mensal de janeiro), características de situações de menor
disponibilidade hídrica, somente não são verificadas insuficiências hídricas,
com base nas vazões fluentes, nas bacias do Alto Jacuí e Lago Guaíba.

Já os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades


hídricas com os consumos de água, considerando as mesmas quatro hipóteses
de disponibilidade antes referidas, são apresentados no Quadro 4.11, para
cada bacia hidrográfica, em termos percentuais. Os Mapas 19, 20 e 21 do Atlas
apresentam, respectivamente os resultados dos seguintes balanços hídricos:
Consumo Médio Anual versus Disponibilidade Média Anual, Consumo Médio

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 35

Anual versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%)


e Consumo de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão.

Neste caso, considera-se nos balanços hídricos apenas a parcela da demanda


efetivamente consumida, ou que não retorna ao manancial. Esta abordagem
apresenta uma configuração para a bacia hidrográfica como um todo com
maior fidelidade à situação real. Os balanços hídricos considerando os
consumos permitem verificar as situações mais reais no âmbito de cada bacia
hidrográfica. Nessa ótica, observam-se situações mais extremas, quanto à
insuficiência hídrica, nas bacias do Gravataí e Vacacaí–Vacacaí-Mirim,
notadamente nos meses de verão, em razão da irrigação de arroz. No entanto,
a existência de açudagem nessas bacias, tem por objetivo reservar a água de
excesso do inverno e primavera, para uso no verão, reduzindo os índices
apontados no Quadro 4.11. As bacias do Pardo e Sinos aproximam-se de
situações de insuficiência, principalmente nos períodos de verão.
Quadro 4.11 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Consumos para as Bacias
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba (%)
Consumo Méd. Consumo Méd. Consumo Verão Consumo Verão /
Bacia Hidrográfica Anual / Dispon. Anual / Dispon. / Dispon. Méd. Dispon. Mín.
Méd. Anual Mín. Anual (Q95% ) Verão [1] Verão [1]
Gravataí (G10) 16,4% 130,8% 165,8% 464,2%
Sinos (G20) 4,1% 48,4% 16,6% 187,7%
Caí (G30) 1,7% 25,0% 7,2% 51,8%
Taquari-Antas (G40) 0,8% 11,5% 3,1% 53,8%
Alto-Jacuí (G50) 0,6% 7,5% 2,6% 34,0%
Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 9,6% 282,0% 92,6% 16.245,0%
Baixo Jacuí (G70) 1,5% 17,0% 11,0% 166,8%
Lago Guaíba (G80) 0,4% 4,6% 2,6% 32,6%
Pardo (G90) 2,3% 0,0% 14,5% 149,2%
Total da Região Hidrográfica 3,8% 41,1% 25,4% 320,1%
[1]
Considerado no mês de janeiro.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Os principais usos não consuntivos identificados, em cada bacia hidrográfica,


são relacionados no Quadro 4.12, a seguir, e podem ser visualizados no Mapa
22 do Atlas. Ao identificar o uso “preservação ambiental” está se referindo
especificamente à existência áreas úmidas relevantes para a conservação
como, por exemplo, banhados (não se tratando, assim, da proteção das
comunidades aquáticas que é considerada em todas as bacias hidrográficas).

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 36

Quadro 4.12 – Principais Usos Não Consuntivos nas Bacias Hidrográficas da Região
Hidrográfica do Guaíba
Bacia Hidrográfica Principais Usos Não Consuntivos
Gravataí (G10) Navegação, Mineração e Preservação Ambiental
Sinos (G20) Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental
Geração de Energia(*), Navegação, Mineração, Turismo & Lazer e
Caí (G30)
Preservação Ambiental
Geração de Energia, Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e
Taquari-Antas (G40)
Preservação Ambiental (potencial)
Alto-Jacuí (G50) Geração de Energia, Mineração e Pesca
Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental
Baixo Jacuí (G70) Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental
Lago Guaíba (G80) Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Preservação Ambiental e Pesca
(*) No caso específico da Bacia do Rio Caí, a geração de energia é um uso consuntivo, pois está associada à
transposição de águas para a Bacia do Rio dos Sinos.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Para a Região Hidrográfica do Guaíba, a situação da qualidade das águas


superficiais foi determinada com base no Índice de Qualidade das Águas1
(IQA), considerando os seguintes parâmetros: oxigênio dissolvido, coliformes
fecais, demanda bioquímica de oxigênio, pH, nitrogênio amoniacal, fosfato
total, turbidez e sólidos totais.

O IQA consiste em um índice ou nota final obtida através da consideração,


ponderada em uma equação, dos parâmetros antes relacionados. Como
resultado tem-se um índice ou nota, que classifica as águas superficiais pelas
seguintes faixas:

Valores do IQA Classificação das águas


0 a 25 Muito Ruim
26 a 50 Ruim
51 a 70 Regular
71 a 90 Boa
91 a 100 Excelente

A situação atual referente à qualidade atual das águas superficiais, com base
nas informações sistematizadas disponíveis (banco de dados FEPAM/PRÓ-
GUAÍBA), é apresentada, de forma sintetizada, no Quadro 4.13.

1
adaptado da metodologia proposta pela National Sanitation Foundation.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 37

Quadro 4.13 – Síntese de Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais nas Bacias
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba
Bacia Hidrográfica Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais
O Rio Gravataí apresenta IQA Regular para o trecho do Chico Lomã até o
Passo dos Negros; deste ponto até a captação para Cachoeirinha
Gravataí (G10) apresenta IQA Ruim, podendo atingir o nível Muito Ruim junto à sua foz.
A redução na qualidade das águas no sentido montante-jusante decorre,
principalmente, dos lançamentos de esgotos domésticos e industriais.
O Rio dos Sinos apresenta IQA variando entre Bom-Regular para o
trecho compreendido entre as suas nascentes e a localidade de Santa
Cristina. Deste ponto até a foz a faixa predominante de IQA é Regular .
Sinos (G20) Junto à foz dos arroios Luiz Rau e Portão são observadas as piores
situações, com IQA variando de Ruim a Muito Ruim . A origem da
degradação das águas decorre do lançamento de esgotos domésticos e
industriais.
O Rio Caí, entre São Francisco de Paula e Canela apresenta águas
classificadas como Boas (IQA). Deste ponto até a foz, em Morretes, a
Caí (G30) qualidade predominante é Regular , podendo atingir a classificação Boa
entre o Pólo e a foz. Os lançamentos de efluentes industriais são
predominantes na Bacia.
As águas do sistema Taquari-Antas variam entre a classificação, quanto
Taquari-Antas (G40) ao IQA, Boa e Regular , com predominância desta última. Há uma leve
tendência de piora na situação de qualidade das águas no sentido de
jusante.
O Rio Jacuí, em seu trecho superior, compreendido entre suas nascentes
e Agudo, apresenta classificação variando entre Boa e Regular (IQA),
Alto-Jacuí (G50)
com predominância da primeira. A pior situação é verificada junto à cidade
de Espumoso.
Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) As águas dos rios Vacacaí e Vacacaí-Mirim possuem classificação
Regular , quanto ao IQA, apresentando pouca variação.
A qualidade das águas do Rio Jacuí, entre Cachoeira do Sul e a sua foz,
Baixo Jacuí (G70) variam de Regular a Boa. A pior situação, classificação Ruim , foi
verificada em São Jerônimo e a melhor, Boa, na sua foz.
O Lago Guaíba apresenta três compartimentos distintos: o canal de
navegação e as margens esquerda e direita. No canal de navegação a
qualidade das águas varia entre Boa e Regular , melhorando
sistematicamente para jusante, a partir do arroio Dilúvio. Na margem
Lago Guaíba (G80) esquerda (onde se encontra Porto Alegre) há forte variação na qualidade
das águas, desde Muito Ruim , na foz do arroio Dilúvio, até Boa no Lami,
com predominância da classificação Regular . Na margem direita, a
classificação varia entre Regular e Boa, com as piores condições junto à
cidade de Guaíba e ao arroio Celupa.
Pardo (G90) As águas do Rio Pardo, incluindo o Pardinho, apresentam degradação
qualitativa no sentido montante-jusante, variando entre Boa e Regular ,
quanto ao IQA.
Fonte: Atualização do Diagnóstico da Região Hidrográfica do Guaíba. Pró-Guaíba, 2004.

No Mapa 24 do Atlas é apresentada a situação atual da qualidade das águas


superficiais na Região Hidrográfica do Guaíba, comparativamente às demais
regiões hidrográficas, em termos genéricos. É importante comentar que, no
Mapa 24, as situações de qualidade das águas nas três regiões hidrográficas
resultam de bases de informações e parâmetros analisados distintos, e que a
comparação unificada somente permite uma aproximação quanto a situações
mais genéricas do tipo: preocupante, alerta e conforto.

As águas subterrâneas dos principais aqüíferos da Região Hidrográfica do


Guaíba possuem tendência à potabilidade, existindo entretanto algumas
regiões onde as mesmas podem ser consideradas impróprias para uso no

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 38

abastecimento e irrigação. Estas restrições devem-se às características


naturais dos sistemas aqüíferos que as condicionam. São águas muito
salinizadas, com altos valores de STD e condutividade, como por exemplo o
caso de porções do sistema aqüífero sedimentos deltáicos na bacia do Lago
Guaíba, porções do sistema aqüífero quaternário costeiro II na bacia do
Gravataí, ou mesmo porções do sistema aqüífero Santa Maria nas bacias do
Taquari-Antas, Pardo, Baixo Jacuí e Vacacaí. Nestes inclusive podem ocorrer
unidades aqüíferas com altos teores de flúor, acima dos padrões de
potabilidade.

As situações atuais de conflito pelo uso da água são apresentadas, para cada
bacia hidrográfica, no Quadro 4.14, a seguir, obtidas a partir do Relatório Anual
Sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul
(DRH/SEMA, 2002) e atualizadas com base nas informações atuais levantadas
no Plano Estadual de Recursos Hídricos.
2
Quadro 4.14 – Situações Atuais de Conflito pelo Uso da Água e Problemas Ambientais nas
Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba
Bacia Hidrográfica Situações Atuais de Conflito
• Insuficiência hídrica em períodos de baixa vazão, principalmente nos meses de
verão.
• Baixa qualidade das águas no trecho médio-baixo, inviabilizando os usos mais
exigentes.
• Conflito de quantidade entre Abastecimento Humano e Irrigação.
• Orizicultura, localizada a montante e jusante do Banhado Grande, provocando
modificações na rede de drenagem e poluição por excesso de fertilizantes e
Gravataí (G10) agrotóxicos.
• Lançamento de esgotos domésticos, com ênfase nas sub-bacias dos arroios:
Demétrio, Barnabé, Águas Belas, Feijó, Passo Grande, Brigadeiro, Areia e
Sarandi.
• Lançamentos de efluentes industriais na porção baixa da bacia.
• Disposição indevida de resíduos sólidos na Região Metropolitana de Porto
Alegre, gerando contaminação de recursos hídricos.
• Insuficiência hídrica nos meses de verão.
• Lançamentos de esgotos domésticos pouco ou não tratados, comprometendo a
qualidade das águas principalmente em situações de baixas vazões no leito do
rio, no trecho médio-baixo.
• Lançamentos de efluentes industriais acima da capacidade de assimilação do
rio em períodos de baixas vazões, no trecho médio-baixo.
Sinos (G20) • Conflito de quantidade entre Abastecimento Humano e Irrigação.
• Conflito de qualidade entre os lançamentos de es gotos e efluentes com outros
usos (principalmente o abastecimento humano, lazer e preservação ambiental).
• Disposição indevida de resíduos sólidos na Região Metropolitana de Porto
Alegre, gerando contaminação de recursos hídricos.
• Mau uso do solo e desmatamento nas encostas declivosas, o que gera a
acentuação dos processos erosivos e modificações no balanço hídrico.
• Exploração agrícola intensa e desmatamento nas encostas declivosas, o que
gera a acentuação dos processos erosivos e modificações no balanço hídrico.
• Mineração desordenada, agravando o assoreamento dos recursos hídricos.
Caí (G30) • Poluição hídrica no curso médio e inferior, representada por teores de fosfato e
mercúrio correspondentes à Classe 4 do CONAMA.
• Conflito de qualidade entre os lançamentos de esgotos urbanos e outros usos
(principalmente abastecimento humano, lazer e preservação ambiental).
• Conflito de qualidade entre os lançamentos de efluentes urbanos e os usos para
Taquari-Antas abastecimento humano, turismo e lazer e preservação ambiental.
(G40) • Conflito de quantidade localizado (no tempo e no espaço) entre a geração de
energia e a preservação ambiental.

2
Problemas ambientais relacionados aos recursos hídricos.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 39

Bacia Hidrográfica Situações Atuais de Conflito


• Exploração agrícola intensa e desflorestamento de encostas declivosas, o que
gera modificações no balanço hídrico.
• Mineração desordenada, agravando o assoreamento dos recursos hídricos.
• Poluição hídrica, representada por teores de fosfato correspondentes à Classe 4
do CONAMA.
• Expressiva quantidade de poços tubulares e extração de água subterrânea nos
limites das principais cidades, gerando rebaixamentos consideráveis de níveis
freáticos e potenciométricos.
• Uso de água subterrânea fora dos limites de potabilidade (excesso de flúor)
• Presença do uso para geração de energia em grandes barragens e o
Alto-Jacuí (G50) conseqüente alagamento de terras.
• Atual expansão da irrigação utilizando pivôs centrais.
• Insuficiência hídrica acentuada em períodos de baixa vazão, principalmente no
verão, em decorrência da irrigação do arroz.
Vacacaí – • Conflito entre abastecimento humano e irrigação.
• Extração de areia na porção central da bacia.
Vacacaí-Mirim
• Manejo inadequado do solo.
(G60) • Orizicultura nas várzeas do Rio Vacacaí e afluentes, o que gera a interrupção
de trechos do rio principal e seus afluentes.
• Uso de água subterrânea fora dos limites de potabilidade (excesso de flúor).
• Mineração de carvão, na sub-bacia do Arroio do Conde, gerando contaminação
das águas com metais pesados.
• Mineração de calcário, caulim e argila, gerando assoreamento de arroios.
• Mineração de areia no leito do Rio Jacuí, provocando assoreamento dos corpos
Baixo Jacuí de água, comprometimento das condições de vida de peixes com importância
(G70) comercial, e riscos à infra-estrutura da hidrovia.
• Orizicultura nas várzeas do Jacuí e afluentes, provocando: drenagem de
banhados, redução da mata ciliar, perda da diversidade biológica, e riscos de
contaminação por agroquímicos.
• Uso de água subterrânea fora dos limites de potabilidade (excesso de flúor).
• Poluição industrial, concentrada em Porto Alegre, que gera o maior número de
resíduos sólidos classe 1 (perigosos) e também apresenta grande número de
indústrias com alto e médio potencial de poluição atmosférica.
• Lançamento de esgotos domésticos (com baixo índice de tratamento) na
margem esquerda do Lago Guaíba
• As águas subterrâneas têm seu uso para abastecimento público comprometido
Lago Guaíba pela presença de sulfatos e também problemas disponibilidade.
• Problemas ambientais em áreas rurais, como assoreamento dos arroios e
(G80) destino inadequado de embalagem de agrotóxicos.
• Problemas ambientais em áreas urbanas, tais como a ocupação de áreas de
risco, caracterizando um importante problema ambiental, e o potencial de
erodibilidade em áreas urbanas, agravado pela ocupação urbana de encostas
declivosas dos morros graníticos da Região Metropolitana de Porto Alegre.
• Mineração: a extração de materiais para construção civil e a ocupação das
áreas da Região Metropolitana de Porto Alegre, geram conflitos de uso do solo.
• Insuficiência hídrica em períodos de baixa vazão, principalmente nos meses de
verão.
• Qualidade das águas superficiais comprometidas na porção média-baixa da
Bacia, principalmente após Santa Cruz do Sul, em decorrência do lançamento
de esgotos domésticos com baixo índice de tratamento.
• Conflito de quantidade entre abastecimento humano e irrigação.
• Mineração de cascalho e areia, no rio Pardo, alterando as condições naturais de
Pardo (G90) escoamento.
• Forte desmatamento da vegetação ciliar.
• Manejo inadequado do solo em áreas declivosas.
• Ocorrência elevada de cheias no Rio Pardinho, junto à Santa Cruz do Sul.
• Expressiva quantidade de poços tubulares e extração de água subterrânea nos
limites das principais cidades gerando rebaixamentos consideráveis de níveis
freáticos e potenciométricos.
• Uso de água subterrânea fora dos limites de potabilidade (excesso de flúor).
Fonte: Relatório Anual Sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul. DRH/SEMA, 2002.
Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 40

Importante destacar que o lançamento de esgotos domésticos apresenta maior


comprometimento da qualidade das águas junto aos principais centros
urbanos. Relativamente aos efluentes industriais, os esgotos domésticos
apresentam menor grau de tratamento, evidenciando-se, assim, como a
principal causa da degradação qualitativa dos recursos hídricos superficiais.

4.2. REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI

A Região Hidrográfica do Uruguai localiza-se na porção norte e oeste do


Estado do Rio Grande do Sul e possui área aproximada de 126.439 km2,
representando cerca de 45% da superfície total estadual. Nela residem 2,6
milhões de habitantes, significando 23,5% da população gaúcha estimada para
o ano de 2006. Ao sul e leste apresenta divisor de águas comum com a Região
Hidrográfica do Guaíba e ao sudeste com a Região Hidrográfica das Bacias
Litorâneas.

A Região Hidrográfica do Uruguai é integrada por onze bacias hidrográficas:


Apuaê-Inhandava, Passo Fundo, Turvo -Santa Rosa-Santo Cristo, Piratinim,
Ibicuí, Quarai, Santa Maria, Negro, Ijuí, Várzea e Butuí-Icamaquã. As áreas
dessas bacias hidrográficas são apresentadas no Quadro 4.15 e podem ser
visualizadas no Mapa 4, do Atlas. Os valores referentes às áreas foram
calculados a partir da base cartográfica oficial do Estado, na escala 1:250.000,
através do Sistema de Informações Geográficas (SIG) estruturado para o Plano
Estadual de Recursos Hídricos (Ecoplan, 2006) e compatibilizada com o IBGE.
Quadro 4.15 – Áreas das Bacias Hidrográficas Integrantes da Região Hidrográfica do Uruguai
Bacia Hidrográfica Área (km2) Participação (%)
Apuaê-Inhandava (U10) 14.510,51 11,48
Passo Fundo (U20) 4.847,25 3,83
Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo (U30) 10.824,02 8,56
Piratinim (U40) 7.647,26 6,05
Ibicuí (U50) 35.041,38 27,71
Quarai (U60) 6.658,78 5,27
Santa Maria (U70) 15.665,92 12,39
Negro (U80) 3.005,24 2,38
Ijuí (U90) 10.704,60 8,47
Várzea (U100) 9.508,42 7,52
Butuí-Icamaquã (U110) 8.025,76 6,35
Total da Região Hidrográfica 126.439,14 100,00
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Observa-se que 3 das 11 bacias hidrográficas que integram a R. H. do Uruguai


são responsáveis por mais de 50% da área total dessa região, a saber: Ibicuí,
Santa Maria e Apuaê-Inhandava. Apenas o sistema composto pelas bacias do
Ibucuí e Santa Maria (lembrando que o Santa Maria é afluente do Ibicuí) é
responsável por 40% da área total da região. Por outro lado, tem-se a bacia
hidrográfica do Negro, que contém menos de 2,5% da área da região.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 41

A relação dos municípios integrantes de cada uma das onze bacias


hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai é apresentada no Quadro
4.16, a seguir, e foi obtida a partir da sobreposição da malha municipal (Divisão
Oficial atual do IBGE) com a divisão hidrográfica atual do Estado.
Quadro 4.16 – Relação dos Municípios por Bacia Hidrográfica na Região Hidrográfica do
Uruguai

Bacia
Hidrográfica Municípios

ÁGUA SANTA, ARATIBA, ÁUREA, BARÃO DE COTEGIPE, BARRA DO RIO AZUL, BARRACÃO, BOM JESUS, CACIQUE
DOBLE, CAPÃO BONITO DO SUL, CARLOS GOMES, CASEIROS, CENTENÁRIO, CHARRUA, CIRÍACO, COXILHA,
EREBANGO, ERECHIM, ESMERALDA, ESTAÇÃO, FLORIANO PEIXOTO, GAURAMA, GENTIL, GETÚLIO VARGAS, IBIAÇÁ,
Apuaê-Inhandava IBIRAIARAS, ITATIBA DO SUL, LAGOA VERMELHA, MACHADINHO, MARCELINO RAMOS, MARIANO MORO, MATO
(U10) CASTELHANO, MAXIMILIANO DE ALMEIDA, MONTE ALEGRE DOS CAMPOS, MUITOS CAPÕES, MULITERNO, PAIM FILHO,
PINHAL DA SERRA, SANANDUVA, SANTA CECÍLIA DO SUL, SANTO EXPEDITO DO SUL, SÃO JOÃO DA URTIGA, SÃO JOSÉ
DO OURO, SÃO JOSÉ DOS AUSENTES, SERTÃO, SEVERIANO DE ALMEIDA, TAPEJARA, TRÊS ARROIOS, TUPANCI DO
SUL, VACARIA, VIADUTOS, VILA LÂNGARO
BARÃO DE COTEGIPE, BARRA DO RIO AZUL, BENJAMIN CONSTANT DO SUL, CAMPINAS DO SUL, COXILHA,
Passo Fundo CRUZALTENSE, ENTRE RIOS DO SUL, EREBANGO, ERECHIM, ERVAL GRANDE, ESTAÇÃO, FAXINALZINHO, GRAMADO
DOS LOUREIROS, IPIRANGA DO SUL, ITATI BA DO SUL, JACUTINGA, NONOAI, PASSO FUNDO, PAULO BENTO, PONTÃO,
(U20) PONTE PRETA, QUATRO IRMÃOS, RIO DOS ÍNDIOS, RONDA ALTA, RONDINHA, SÃO VALENTIM, SERTÃO, TRÊS
PALMEIRAS, TRINDADE DO SUL
ALECRIM, ALEGRIA, BOA VISTA DO BURICÁ, BOM PROGRESSO, BRAGA, CAMPINA DAS MISSÕES, CAMPO NOVO,
CÂNDIDO GODÓI, CATUÍPE, CERRO LARGO, CHIAPETA, CORONEL BICACO, CRISSIUMAL, DERRUBADAS, DOUTOR
MAURÍCIO CARDOSO, ESPERANÇA DO SUL, GIRUÁ, GUARANI DAS MISSÕES, HORIZONTINA, HUMAITÁ,
Turvo-Santa INDEPENDÊNCIA, INHACORÁ, MIRAGUAÍ, NOVA CANDELÁRIA, NOVA RAMADA, NOVO MACHADO, PALMEIRA DAS
Rosa-Santo MISSÕES, PORTO LUCENA, PORTO MAUÁ, PORTO VERA CRUZ, PORTO XAVIER, REDENTORA, ROQUE GONZALES,
SALVADOR DAS MISSÕES, SANTA ROSA, SANTO ÂNGELO, SANTO AUGUSTO, SANTO CRISTO, SÃO JOSÉ DO INHACORÁ,
Cristo (U30)
SÃO MARTINHO, SÃO PAULO DAS MISSÕES, SÃO PEDRO DO BUTIÁ, SÃO VALÉRIO DO SUL, SEDE NOVA, SENADOR
SALGADO FILHO, SETE DE SETEMBRO, TENENTE PORTELA, TIRADENTES DO SUL, TRÊS DE MAIO, TRÊS PASSOS,
TUCUNDUVA, TUPARENDI, UBIRETAMA
BOSSOROCA, CAPÃO DO CIPÓ, DEZESSEIS DE NOVEMBRO, ENTRE-IJUÍS, EUGÊNIO DE CASTRO, GARRUCHOS, JÓIA,
Piratinim (U40) PIRAPÓ, ROLADOR, SANTO ANTÔNIO DAS MISSÕES, SÃO BORJA, SÃO LUIZ GONZAGA, SÃO MIGUEL DAS MISSÕES,
SÃO NICOLAU, TUPANCIRETÃ

ALEGRETE, BARRA DO QUARAÍ, CACEQUI, CAPÃO DO CIPÓ, DILERMANDO DE AGUIAR, ITAARA, ITAQUI, JAGUARI, JARI,
JÚLIO DE CASTILHOS, MAÇAMBARÁ, MANOEL VIANA, MATA, NOVA ESPERANÇA DO SUL, QUARAÍ, QUEVEDOS, ROSÁRIO
Ibicuí (U50) DO SUL, SANTA MARIA, SANTANA DO LIVRAMENTO, SANTIAGO, SÃO BORJA, SÃO FRANCISCO DE ASSIS, SÃO
MARTINHO DA SERRA, SÃO PEDRO DO SUL, SÃO VICENTE DO SUL, TOROPI, TUPANCIRETÃ, UNISTALDA, URUGUAIANA

Quarai (U60) BARRA DO QUARAÍ, QUARAÍ, SANTANA DO LIVRAMENTO, URUGUAIANA

Santa Maria CACEQUI, DOM PEDRITO, LAVRAS DO SUL, ROSÁRIO DO SUL, SANTANA DO LIVRAMENTO, SÃO GABRIEL
(U70)
Negro (U80) ACEGUÁ, BAGÉ, HULHA NEGRA

AJURICABA, AUGUSTO PESTANA, BOA VISTA DO CADEADO, BOZANO, CAIBATÉ, CATUÍPE, CERRO LARGO, CHAPADA,
CONDOR, CORONEL BARROS, CRUZ ALTA, DEZESSEIS DE NOVEMBRO, ENTRE-IJUÍS, EUGÊNIO DE CASTRO, GUARANI
DAS MISSÕES, IJUÍ, JÓIA, MATO QUEIMADO, NOVA RAMADA, PALMEIRA DAS MISSÕES, PANAMBI, PEJUÇARA, PIRAPÓ,
Ijuí (U90) PORTO XAVIER, ROLADOR, ROQUE GONZALES, SALVADOR DAS MISSÕES, SANTA BÁRBARA DO SUL, SANTO ÂNGELO,
SÃO LUIZ GONZAGA, SÃO MIGUEL DAS MISSÕES, SÃO PAULO DAS MISSÕES, SÃO PEDRO DO BUTIÁ, SETE DE
SETEMBRO, TUPANCIRETÃ, VITÓRIA DAS MISSÕES
ALMIRANTE TAMANDARÉ DO SUL, ALPESTRE, AMETISTA DO SUL, BARRA DO GUARITA, BARRA FUNDA, BOA VISTA DAS
MISSÕES, CAIÇARA, CARAZINHO, CER RO GRANDE, CHAPADA, CONSTANTINA, COQUEIROS DO SUL, CORONEL BICACO,
CRISTAL DO SUL, DERRUBADAS, DOIS IRMÃOS DAS MISSÕES, ENGENHO VELHO, ERVAL SECO, FREDERICO
WESTPHALEN, GRAMADO DOS LOUREIROS, IRAÍ, JABOTICABA, LAJEADO DO BUGRE, LIBERATO SALZANO, MIRAGUAÍ,
Várzea (U100) NONOAI, NOVA BOA VISTA, NOVO BARREIRO, NOVO TIRADENTES, NOVO XINGU, PALMEIRA DAS MISSÕES,
PALMITINHO, PASSO FUNDO, PINHAL, PINHEIRINHO DO VALE, PLANALTO PONTÃO, REDENTORA RIO DOS ÍNDIOS,
RODEIO BONITO, RONDA ALTA, RONDINHA, SAGRADA FAMÍLIA, SANTO ANTÔNIO DO PLANALTO, SÃO JOSÉ DAS
MISSÕES, SÃO PEDRO DAS MISSÕES, SARANDI, SEBERI, TAQUARUÇU DO SUL, TENENTE PORTELA, TRÊS PALMEIRAS,
TRINDADE DO SUL, VICENTE DUTRA, VISTA ALEGRE, VISTA GAÚCHA
Butuí-Icamaquã BOSSOROCA, CAPÃO DO CIPÓ, ITACURUBI, ITAQUI, MAÇAMBARÁ, SANTIAGO, SANTO ANTÔNIO DAS MISSÕES, SÃO
(U110) BORJA, UNISTALDA

Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

O Quadro 4.17 apresenta as populações residentes nas bacias hidrográficas,


estimadas para o ano de 2006, em termos totais, urbanos e rurais, com base
nas populações municipais projetadas para 2006 (estimativa do IBGE)
rearranjadas através das parcelas espaciais dos respectivos municípios em
cada bacia hidrográfica. O Mapa 5 do Atlas apresenta a densidade
populacional nas bacias hidrográficas do Estado (hab/km²).

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 42

Quadro 4.17 – Populações Residentes por Bacia Hidrográfica na Região Hidrográfica do


Uruguai
População População População Partic.
Bacia Hidrográfica Urbana Rural Total Popul. Total
(hab.) (%)
(hab.) (hab.)
Apuaê-Inhandava (U10) 243.026 149.137 392.163 15,21
Passo Fundo (U20) 136.810 49.575 186.385 7,23
Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo (U30) 217.004 156.361 373.365 14,48
Piratinim (U40) 47.370 44.001 91.371 3,54
Ibicuí (U50) 362.146 82.908 445.054 17,26
Quarai (U60) 26.559 7.091 33.650 1,31
Santa Maria (U70) 178.397 17.815 196.212 7,61
Negro (U80) 102.063 13.009 115.072 4,46
Ijuí (U90) 252.106 94.531 346.637 13,44
Várzea (U100) 170.078 140.030 310.108 12,03
Butuí-Icamaquã (U110) 65.969 22.358 88.327 3,43
Total da Região Hidrográfica 1.801.528 776.816 2.578.344 100,00
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 – Diagnóstico das Demandas
Hídricas. Ecoplan, 2006.

Na Região Hidrográfica do Uruguai residem cerca de 2,6 milhões de


habitantes, representando 23,6% da população do Estado, em 45% da
superfície estadual, resultando em uma densidade populacional média da
ordem de 20,4 hab./km2, para a região, aproximadamente quatro vezes menor
que a densidade média na R. H. Guaíba.

A população encontra-se relativamente distribuída, tendo-se cinco bacias com


populações totais acima de 300.000 hab. As bacias do Passo Fundo e Negro
apresentam as maiores densidades populacionais da região, no entanto são 15
vezes menores que a máxima densidade verificada na região do Guaíba.

Para a caracterização das disponibilidades hídricas superficiais em cada bacia


hidrográfica, são apresentados no Quadro 4.18 os seguintes parâmetros
hídricos: vazão média de longo período, vazão característica de mínimas (Q95%
- vazão com permanência temporal de 95%), vazão média para o mês típico de
verão (janeiro) e vazão mínima para o mês típico de verão (janeiro), em termos
absolutos (m3/s).

Os Mapas 6, 7, 8, 9 e 10 do Atlas apresentam as vazões média anual e média


específica anual, as vazões mínima anual e mínima específica e vazão média
de verão, respectivamente.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 43

Quadro 4.18 – Disponibilidades Hídricas Superficiais Características das Bacias Hidrográficas


3
da Região Hidrográfica do Uruguai (m /s)

Vazão Média Vazão Mín. Vazão Média Vazão


Bacia Hidrográfica Anual Anual (Q95% ) Verão (jan.) Mínima
Verão (jan.)
Apuaê-Inhandava (U10) 385,83 26,94 237,42 35,41
Passo Fundo (U20) 130,25 13,46 99,64 21,12
Turvo-Sta. Rosa-Sto. Cristo (U30) 288,30 27,89 199,15 32,89
Piratinim (U40) 182,34 14,76 101,09 19,98
[1]
Ibicuí (U50) 1.060,44 48,75 471,36 27,70
Quarai (U60) 238,19 10,57 139,90 2,95
Santa Maria (U70) 315,45 16,53 137,46 2,99
Negro (U80) 51,42 1,50 21,13 0,28
Ijuí (U90) 273,94 40,70 199,68 36,78
Várzea (U100) 276,51 26,96 151,79 21,30
Butuí-Icamaquã (U110) 198,01 16,64 95,70 5,01
Região Hidrográfica 3.085,23 228,17 1.716,86 203,42
[1]
Disponibilidades hídricas acumuladas, considerando as contribuições de montante.
Obs.: Vazão Média de Verão corresponde à média das vazões mensais no mês de janeiro e Vazão Mínima de Verão
corresponde à mínima vazão mensal observada para o mês de janeiro.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.1 – Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas.
Ecoplan, 2006.

Chamam a atenção os valores baixos verificados para as bacias do Negro,


Quaraí e Santa Maria, relativamente às vazões mínimas de verão,
notadamente no Negro. A relação entre as vazões mínimas e médias anuais,
da ordem de 7% para a Região Hidrográfica do Uruguai atinge valores
extremos inferiores a 5% nas bacias do Negro, Quaraí e Ibicuí, demonstrando a
restrição hídrica local.

Em procedimento semelhante ao desenvolvido para a Região Hidrográfica do


Guaíba, o Quadro 4.19 apresenta as disponibilidades hídricas subterrâneas
das bacias hidrográficas que compõem a Região Hidrográfica do Uruguai e as
características produtivas dos seus respectivos aqüíferos; o Mapa 11 do Atlas
apresenta a distribuição espacial desta disponibilidade subterrânea por bacia
hidrográfica para todo Estado. Apresenta-se ainda, no Mapa 12, uma
classificação dos aqüíferos quanto à vulnerabilidade.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 44

Quadro 4.19 – Estimativa das Reservas Reguladoras de Águas Subterrâneas para as Bacias
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai
Reserva % de Vazão (Q) Capacidade
Bacia Hidrográfica Reguladora
Principais Sistemas Ocorrência (m3/h/) (2) Específica (Qs)
Aqüíferos Aflorantes (1) na Bacia (m3/h/m) (1)
(hm3/ano)
Serra Geral I 31.06 13.7 m3/h Em geral muito
Apuaê-Inhandava 2.1 68.94
Serra Geral II baixa, Serra Geral
(U10) 68
II com Q/s baixa
Serra Geral I 92.09 15 m 3/h Em geral baixa;
1.0 Serra Geral II 7.90
Passo Fundo (U20) Botucatu confinado
06
com Q/s média
Serra Geral I 72.89 19 m 3/h Em geral baixa;
Turvo-Sta. Rosa-Sto. 1.9 Serra Geral II 25.75 Botucatu confinado
Cristo (U30) 77 Basalto/Botucatu 1.35 com Q/s alta
Serra Geral I 73.68 16.3 m3/h Em geral baixa;
1.0 Serra Geral II 26.32
Piratinim (U40) Botucatu confinado
40
com Q/s média
Basalto/Botucatu 2.81 Em sua parte norte
Botucatu/Guará I 10.23 27.12 m3/h e oeste Q/s muito
Botucatu 0.13 baixas;na parte
Serra Geral I 4.14 17 m 3/h central
Serra Geral II 62.35 (Botucatu/Guará
Santa Maria 5.04 12 m 3/h I)para sul (Sanga
Ibicuí (U50) 2.9 Sanga do Cabral/Pirambóia 15.31 do
74
Cabral/Pirambóia)
Q/s de médias a
baixas; bem a
oeste Botucatu e
Guará confinados
com Q/s alta
Botucatu/Guará I 4.11 21.2 m3/h Em geral muito
Serra Geral II 95.89 8.5 m3/h baixa; Botucatu
confinado com Q/s
88
Quarai (U60) média e
2
Botucatu/Guará I
aflorante com Q/s
média
Aquitardos permeanos 26.38 Em geral muito
Basalto/Botucatu 0.63 baixa; Sanga do
3
Botucatu/Guará I 7.77 36 m /h Cabral/Pirambóia
1.4 Embasamento Cristalino II 9.12 na borda oeste
Santa Maria (U70) Embasamento Cristalino III 7.29
76 com Q/s baixa e
Palermo/Rio Bonito 8.76 Botucatu/Guará I
Serra Geral II 0.39 13 m 3/h aflorante com Q/s
Sanga do Cabral/Pirambóia 39.64 média
Aquitardos permeanos 61.85 Em geral muito
Negro (U80) 13
5 Embasamento Cristalino II 30.95 4.5 m3/h baixa
Palermo/Rio Bonito 7.20 9.6 m3/h
Basalto/Botucatu 0.32 Em geral baixa;
2.6
Ijuí (U90) Serra Geral I 94.44 21.27 m3/h Botucatu confinado
62 Serra Geral II 5.24 com Q/s média
Serra Geral I 87.85 15.8 m3/h Em geral baixa;
1.9 12.15
Várzea (U100) Serra Geral II Botucatu confinado
77
com Q/s média
Basalto/Botucatu 5.90 Em geral muito
Butuí-Icamaquã 1.3 Serra Geral I 10.31 baixa; Botucatu
3
(U110) 70 Serra Geral II 83.46 6 m /h confinado com Q/s
Sanga do Cabral/Pirambóia 0.33 média
Região Hidrográfica 17. -
66
7
(1)
– Informação extraída do Mapa Hidrogeológico do Estado do Rio Grande do Sul, CPRM 2005.
(2)
– Estimativa extraída a partir de análise do banco de dados SIAGAS
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.1 – Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas.
Ecoplan, 2006.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 45

De maneira geral observam-se algumas tendências importantes:

ü O amplo predomínio em área dos sistemas aqüíferos Serra Geral,


ocorrendo em praticamente todas as bacias já demonstrando vazões mais
elevadas se comparadas às bordas dissecadas das bacias da Região
Hidrográfica do Guaíba.
ü Altas vazões dos sistemas aqüíferos relacionados ao Sistema Aqüífero
Guarani, tanto em suas porções aflorantes nas bacias mais a oeste no
Estado (Ibicuí, Quaraí), como em boa parte de sua porção confinada;
lembrando que o mesmo ocorre sotoposto às espessas camadas de basalto
que o confinam.
ü Observa-se o caráter subjetivo da denominação de “aqüífero“, haja visto
que na bacia do Rio Negro, por exemplo, devido a não ocorrência dos
principais sistemas aqüíferos do Estado, formações rochosas que forneçam
vazões superiores a 6 m3 /h, como do sistema aqüífero Rio Bonito, são
considerados excelentes aqüíferos locais.
As demandas hídricas setoriais e globais, para cada bacia hidrográfica, em
termos médios, anuais e para o mês de janeiro (típico de verão), são
apresentadas nos Quadros 4.20 e 4.21, respectivamente, sendo que as
demandas globais anuais podem ser visualizadas no Mapa 13 do Atlas, e as
demandas específicas no Mapa 14.
Quadro 4.20 – Demandas Hídricas Médias Anuais (Globais e Setoriais) para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai (m /s)
Total
Bacia
Humano[1] Irrigação [2] Animal[3] Industrial[4] Total Específica
Hidrográfica
(L/s/km²)
Apuaê-Inhandava (U10) 0,78 0,08 0,77 0,146 1,78 0,122
Passo Fundo (U20) 0,42 0,11 0,26 0,057 0,85 0,177
Turvo-Sta. Rosa-Sto. Cristo
0,71 0,56 0,97 0,117 2,35 0,217
(U30)
Piratinim (U40) 0,16 4,37 0,29 0,000 4,82 0,630
Ibicuí (U50) 1,00 82,93 1,61 0,015 85,56 2,442
Quarai (U60) 0,07 17,86 0,31 0,003 18,24 2,738
Santa Maria (U70) 0,44 34,48 0,78 0,009 35,71 2,279
Negro (U80) 0,30 4,77 0,14 0,012 5,22 1,741
Ijuí (U90) 0,74 1,28 0,43 0,130 2,58 0,240
Várzea (U100) 0,57 0,14 0,78 0,039 1,53 0,160
Butuí-Icamaquã (U110) 0,20 44,61 0,35 0,000 45,16 5,626
Região Hidrográfica 5,39 191,19 6,68 0,528 203,79 1,612
[1]
Demanda hídrica para abastecimento humano: considerou (i) as populações urbanas e rurais residentes nas bacias,
tendo como fonte de dados as estimativas municipais do IBGE para o ano de 2006, e (ii) as demandas hídricas per
capita (variando entre 180 e 250 L/hab/dia, conforme o porte populacional urbano - no caso de abastecimento urbano,
e 125 L/hab/dia no caso do abastecimento rural).
[2]
Demanda hídrica para irrigação de arroz: considerou (i) as áreas cultivadas referentes à safra 2004/2005 nas bacias,
segundo levantamento municipal do IRGA, e (ii) demanda hídrica por unidade de área irrigada de 12.600 m3/ha/safra.
Para outras culturas irrigadas foram utilizadas as demandas hídricas informadas nos respectivos processos de outorga
emitidos pelo DRH/SEMA (2007).

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 46

[3]
Demanda hídrica para criação animal: considerou (i) o efetivo dos principais rebanhos (bovino, suíno, eqüino, ovino e
aves) obtido através da Pesquisa Pecuária Municipal de 2004 e (ii) as demandas unitárias por tipo de rebanho,
conforme diferentes fontes bibliográficas (45 L/cab/dia para bovinos de corte, 62 L/cab/dia para bovinos de leite, 100
L/cab/dia para suínos, 40 L/cab/dia para eqüinos, 6,0 L/cab/dia para ovinos, 0,6 L/cab/dia para galinhas e 0,25
L/cab/dia para galos e frangos).
[4]
Demanda hídrica para uso industrial: considerou (i) o número de indústrias por município (FEPAM, 2003) e (ii)
demanda hídrica unitária de 3,0 L/s (média das demandas das indústrias de baixo e médio consumo, conforme o
cadastro de outorgas do DRH/SEMA , 2007); complementarmente, foram consideradas ainda as demandas hídricas de
indústrias de grande consumo identificadas no referido cadastro de outorgas .
Fonte Geral: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 - Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

Com base nas informações do Quadro 4.20, o Mapa 23 do Atlas (capítulo 5)


aponta os principais usos consuntivos por bacia hidrográfica.
Quadro 4.21 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai (m /s)
Bacia Hidrográfica Total Humano Irrigação Animal Industrial
Apuaê-Inhandava (U10) 1,98 0,78 0,28 0,77 0,146
Passo Fundo (U20) 1,15 0,42 0,41 0,26 0,057
Turvo-Sta. Rosa-Sto. Cristo (U30) 3,84 0,71 2,05 0,97 0,117
Piratinim (U40) 16,40 0,16 15,95 0,29 0,000
Ibicuí (U50) 305,32 1,00 302,69 1,61 0,015
Quarai (U60) 65,58 0,07 65,19 0,31 0,003
Santa Maria (U70) 127,08 0,44 125,85 0,78 0,009
Negro (U80) 17,87 0,30 17,42 0,14 0,012
Ijuí (U90) 5,98 0,74 4,68 0,43 0,130
Várzea (U100) 1,89 0,57 0,49 0,78 0,039
Butuí-Icamaquã (U110) 163,37 0,20 162,82 0,35 0,000
Região Hidrográfica 710,45 5,39 697,85 6,68 0,528
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 – Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

Em termos anuais, a irrigação representa cerca de 94% das demandas hídricas


da região, subindo esse percentual para 98%, no mês de janeiro,
demonstrando a grande importância desse setor usuário. Em termos espaciais,
mais de 81% das demandas hídricas anuais estão concentradas apenas nas
bacias Ibicuí, Butuí-Icamaquã e Santa Maria, em razão das extensas áreas de
lavouras de arroz. A exemplo das demandas, os consumos hídricos setoriais e
globais, para cada bacia hidrográfica, em termos médios anuais e para o mês
de janeiro (típico de verão), são apresentados nos Quadros 4.22 e 4.23,
respectivamente. No Mapa 15 do Atlas é possível visualizar os consumos
hídricos globais anuais.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 47

Quadro 4.22 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais Anuais (Médios) para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai (m /s)
Bacia Hidrográfica Total Humano Irrigação Animal Industrial
Apuaê-Inhandava (U10) 0,82 0,16 0,08 0,54 0,044
Passo Fundo (U20) 0,39 0,08 0,11 0,18 0,017
Turvo-Sta. Rosa-Sto. Cristo (U30) 1,42 0,14 0,56 0,68 0,035
Piratinim (U40) 2,89 0,03 2,65 0,20 0,000
Ibicuí (U50) 51,11 0,20 49,77 1,13 0,005
Quarai (U60) 10,95 0,01 10,72 0,22 0,001
Santa Maria (U70) 21,32 0,09 20,69 0,54 0,003
Negro (U80) 3,02 0,06 2,86 0,10 0,004
Ijuí (U90) 1,75 0,15 1,26 0,30 0,039
Várzea (U100) 0,81 0,11 0,14 0,55 0,012
Butuí-Icamaquã (U110) 27,08 0,04 26,80 0,24 0,000
Região Hidrográfica 121,56 1,08 115,64 4,68 0,158
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 – Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

Quadro 4.23 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai (m /s)
Bacia Hidrográfica Total Humano Irrigação Animal Industrial
Apuaê-Inhandava (U10) 1,02 0,16 0,28 0,54 0,044
Passo Fundo (U20) 0,69 0,08 0,41 0,18 0,017
Turvo-Sta. Rosa-Sto. Cristo (U30) 2,90 0,14 2,05 0,68 0,035
Piratinim (U40) 9,92 0,03 9,69 0,20 0,000
Ibicuí (U50) 183,01 0,20 181,67 1,13 0,005
Quarai (U60) 39,35 0,01 39,12 0,22 0,001
Santa Maria (U70) 76,15 0,09 75,51 0,54 0,003
Negro (U80) 10,62 0,06 10,46 0,10 0,004
Ijuí (U90) 5,10 0,15 4,61 0,30 0,039
Várzea (U100) 1,17 0,11 0,49 0,55 0,012
Butuí-Icamaquã (U110) 98,09 0,04 97,81 0,24 0,000
Região Hidrográfica 428,02 1,08 422,10 4,68 0,158
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 – Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

A irrigação representa cerca de 95% do consumo anual global e 98,6% no mês


de janeiro, demonstrando a predominância desse setor usuário na região. Em
termos espaciais, as bacias do Ibicuí, Butuí-Icamaquã e Santa Maria
respondem por cerca de 82% dos consumos globais anuais, mostrando a
extrema concentração do consumo de água nessa região.

Os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades hídricas


com as demandas de água, considerando as quatro hipóteses de
disponibilidade, referidas no Quadro 4.18, são apresentadas no Quadro 4.24,
para cada bacia hidrográfica, em termos percentuais (ou seja, qual a parcela da

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 48

disponibilidade que é atualmente demandada pelos usos consuntivos


considerados). Os Mapas 16, 17 e 18 do Atlas (capítulo 5) apresentam,
respectivamente, os resultados dos seguintes balanços hídricos: Demanda
Média Anual versus Disponibilidade Média Anual, Demanda Média Anual
versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%) e
Demanda de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão.

Quadro 4.24 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Demandas para as Bacias


Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai (%)
Demanda Méd. Demanda Méd. Demanda Verão Demanda Verão
Bacia Hidrográfica Anual / Dispon. Anual / Dispon. / Dispon. Méd. / Dispon. Mín.
Méd. Anual Mín. Anual (Q95% ) Verão [1] Verão [1]
Apuaê-Inhandava (U10) 0,5% 6,6% 0,8% 5,6%
Passo Fundo (U20) 0,7% 6,3% 1,2% 5,4%
Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo (U30) 0,8% 8,4% 1,9% 11,7%
Piratinim (U40) 2,6% 32,7% 16,2% 82,1%
Ibicuí (U50) 8,1% 175,5% 64,8% 1.102,2%
Quarai (U60) 7,7% 172,6% 46,9% 2.223,1%
Santa Maria (U70) 11,3% 216,0% 92,4% 4.250,2%
Negro (U80) 10,2% 348,0% 84,6% 6.382,1%
Ijuí (U90) 0,9% 6,3% 3,0% 16,3%
Várzea (U100) 0,6% 5,7% 1,2% 8,9%
Butuí-Icamaquã (U110) 22,8% 271,4% 170,7% 3.260,9%
Região Hidrográfica 6,6% 89,3% 41,4% 349,3%
[1]
Considerado no mês de janeiro.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Em termos médios anuais não são verificadas situações problemáticas, sendo


que na média da Região Hidrográfica do Urug uai, apenas 6,6% das
disponibilidades médias anuais são atualmente demandadas (percentual
similar ao verificado na Região Hidrográfica do Guaíba). Em termos médios,
para o mês de janeiro, típico de verão, são observados déficits hídricos em
cinco das 11 bacias, a saber: Ibicuí, Quarai, Santa Maria, Negro e Butuí-
Icamaquã; sendo que no Negro a demanda chega a superar a disponibilidade
em mais de cinco vezes.

É importante destacar que na abordagem realizada não foram considerados os


volumes armazenados (ou estáticos), mas apenas as vazões fluentes (volumes
dinâmicos). Através do armazenamento, que é prática corrente nessas bacias,
há maior disponibilidade hídrica nos meses de verão.

Já os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades


hídricas com os consumos de água, considerando as mesmas quatro hipóteses
de disponibilidade antes referidas, são apresentadas no Quadro 4.25, para
cada bacia hidrográfica, em termos percentuais. Neste caso, considera-se nos
balanços hídricos apenas a parcela da demanda efetivamente consumida, ou
que não retorna ao manancial.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 49

Os Mapas 19, 20 e 21 do Atlas apresentam, respectivamente, os resultados


dos seguintes balanços hídricos: Consumo Médio Anual versus Disponibilidade
Média Anual, Consumo Médio Anual versus Disponibilidade Mínima Anual
(para permanência de 95% - Q95%) e Consumo de Verão (mês de janeiro)
versus Disponibilidade Média de Verão.

Neste caso considera-se nos balanços hídricos apenas a parcela da demanda


efetivamente consumida, ou que não retorna ao manancial. Esta abordagem
apresenta uma configuração para a bacia hidrográfica como um todo com
maior fidelidade à situação real.
Quadro 4.25 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Consumos para as Bacias
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai (%)
Consumo Méd. Consumo Méd. Consumo Verão Consumo Verão
Bacia Hidrográfica Anual / Dispon. Anual / Dispon. / Dispon. Méd. / Dispon. M ín.
Méd. Anual Mín. Anual (Q95% ) Verão Verão
Apuaê-Inhandava (U10) 0,2% 3,0% 0,4% 2,9%
Passo Fundo (U20) 0,3% 2,9% 0,7% 3,3%
Turvo-Sta. Rosa-Sto. Cristo (U30) 0,5% 5,1% 1,5% 8,8%
Piratinim (U40) 1,6% 19,6% 9,8% 49,6%
Ibicuí (U50) 4,8% 104,8% 38,8% 660,7%
Quarai (U60) 4,6% 103,6% 28,1% 1.333,9%
Santa Maria (U70) 6,8% 129,0% 55,4% 2.546,8%
Negro (U80) 5,9% 201,3% 50,3% 3.792,9%
Ijuí (U90) 0,6% 4,3% 2,6% 13,9%
Várzea (U100) 0,3% 3,0% 0,8% 5,5%
Butuí-Icamaquã (U110) 13,7% 162,7% 102,5% 1.957,9%
Região Hidrográfica do Uruguai 3,9% 53,3% 24,9% 210,4%
Obs.: Para o verão foi considerado o mês de janeiro.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Os balanços hídricos considerando os consumos permitem verificar as


situações mais reais no âmbito de cada bacia hidrográfica. Nessa ótica,
observam-se situações mais extremas, quanto à insuficiência hídrica, nas
bacias do Ibicuí, Quaraí, Santa Maria, Negro e Butuí-Icamaquã, notadamente
nos meses de verão, em razão da irrigação do arroz. No entanto, a existência
de açudagem nessas bacias reduz os índices apontados no Quadro 4.25.

Os principais usos não cons untivos identificados, em cada bacia hidrográfica,


são relacionados no Quadro 4.26 e podem ser visualizados no Mapa 22 do
Atlas. Ao identificar o uso “preservação ambiental” está se referindo
especificamente à existência de áreas úmidas relevantes à conservação como,
por exemplo, banhados; não se tratando assim, da proteção das comunidades
aquáticas, que é considerada em todas as bacias hidrográficas.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 50

Quadro 4.26 – Principais Usos Não Consuntivos nas Bacias Hidrográficas da Região
Hidrográfica do Uruguai
Bacia Hidrográfica Principais Usos Não Consuntivos
Apuaê-Inhandava (U10) Geração de Energia e Turismo & Lazer
Passo Fundo (U20) Geração de Energia
Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo (U30) Geração de Energia, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental
Piratinim (U40) Geração de Energia, Turismo & Lazer e Pesca
Mineração, Navegação, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação
Ibicuí (U50)
Ambiental
Quarai (U60) Pesca e Preservação Ambiental
Santa Maria (U70) Mineração, Turismo & Lazer e Preservação Ambiental
Negro (U80) -
Ijuí (U90) Geração de Energia, Navegação, Turismo & Lazer e Pesca
Várzea (U100) Geração de Energia, Mineração, Turismo & Lazer e Pesca
Butuí-Icamaquã (U110) Pesca e Preservação Ambiental
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Para a Região Hidrográfica do Uruguai, a situação atual referente à qualidade


das águas superficiais foi determinada com base nas informações contidas no
Caderno Regional da Região Hidrográfica do Uruguai (PNRH, 2006), que
considerou a Classe de Uso (conforme a Resolução CONAMA 357/05) para os
parâmetros oxigênio dissolvido e demanda bioquímica de oxigênio, obtidos de
estações operadas pela Agência Nacional de Águas – ANA. Importante lembrar
que a citada Resolução estabelece diferentes Classes conforme os usos das
águas superficiais, a saber:
Classes de Uso
Usos da Água
Especial 1 2 3 4
Abastecimento humano com desinfecção X
Preservação dos ambientes aquáticos X
Abastecimento com tratamento simplificado X
Proteção das comunidades aquáticas X X
Recreação de contato primário X X
Irrigação de hortaliças X X
[1]
Abastecimento com tratamento convencional X X
Pesca e aqüicultura X
Irrigação de grãos X
Recreação de contato secundário X
Criação animal X
Navegação X
Paisagismo X
[1]
ou avançado.

O resultado dessa abordagem, quanto à qualidade das águas na Região


Hidrográfica do Uruguai, é apresentado, de forma sintetizada, no Quadro 4.27.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 51

Quadro 4.27 – Síntese de Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais nas Bacias
Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai
Bacia Hidrográfica Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais
Apresenta Classes 1 e 2 para os parâmetros OD e DBO, indicando
Apuaê-Inhandava (U10) uma situação confortáv el quando a qualidade das águas, exceto em
alguns pontos localizados próximos a cidades.
Apresenta Classe 2 para os parâmetros OD e DBO, indicando uma
Passo Fundo (U20) situação confortável quando a qualidade das águas, exceto em alguns
pontos localizados próximos a cidades.
Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 3 para a DBO,
Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo (U30) indicando alguns problemas quando a qualidade das águas,
principalmente em pontos localizados próximos a cidades.
Apres enta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 1 para a DBO,
Piratinim (U40) indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas,
exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades.
Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 1 para a DBO,
Ibicuí (U50) indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas,
exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades.
Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 3 para a DBO,
Quarai (U60) indicando alguns problemas quando a qualidade das águas,
principalmente em pontos localizados próximos a cidades.
Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 3 para a DBO,
Santa Maria (U70) indicando alguns problemas quando a qualidade das águas,
principalmente em pontos localizados próximos a cidades.
Apresenta Classe 1 para o parâmetro OD e Classe 4 para a DBO,
Negro (U80) indicando um alto índice de poluição oriunda dos esgotos da sede
urbana de Bagé.
Apresenta Classe 1 para o parâmetro OD e Classe 2 para a DBO,
Ijuí (U90) indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas,
exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades.
Apresenta Classe 2 para os parâmetros OD e DBO, indicando uma
Várzea (U100) situação confortável quando a qualidade das águas, exceto em alguns
pontos localizados próximos a cidades.
Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 1 para a DBO,
Butuí-Icamaquã (U110) indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas,
exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades.
Fonte: Caderno Regional da Região Hidrográfica do Uruguai. PNRH, 2006. Plano Estadual de Recursos Hídricos.
Ecoplan, 2006.

No Mapa 24 do Atlas é apresentada a situação atual da qualidade das águas


superficiais na Região Hidrográfica do Uruguai, comparativamente às demais
regiões hidrográficas, em termos genéricos. É importante comentar que no
Mapa 24 as situações de qualidade das águas nas três regiões hidrográficas
resultam de bases de informações e parâmetros analisados distintos e que a
comparação unificada somente permite uma aproximação quanto a situações
mais genéricas do tipo: preocupante, alerta e conforto.

As águas subterrâneas da Região Hidrográfica do Uruguai possuem forte


tendência à potabilidade, variando de tipos bicarbonatadas cálcicas a mistas ou
bicarbonatadas sódicas em seu principal sistema aqüífero – sistema aqüífero
Serra Geral I e II, e bicarbonatadas cálcicas a mistas e cloretadas sódicas no
sistema aqüífero Botucatu/Guará I e Botucatu/Pirambóia. Restrições quanto ao
uso ocorrem principalmente em algumas porções dos sistemas aqüíferos Santa
Maria na Bacia do Ibicuí devido a altas concentrações salinas e, eventualmente
altos teores de flúor, assim como no sistema aqüífero Rio Bonito nas bacias do
Negro e Santa Maria, bastante salinizado quando confinado.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 52

As situações atuais de conflito pelo uso da água são apresentadas, para cada
bacia hidrográfica, no Quadro 4.28, obtidas a partir do Relatório Anual Sobre a
Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul (DRH/SEMA,
2002) e atualizadas com base nas informações atuais levantadas no PERH.
3
Quadro 4.28 – Situações Atuais de Conflito pelo Uso da Água e Problemas Ambientais nas
Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai
Bacia Hidrográfica Situações Atuais de Conflito
• Problemas para o abastecimento das sedes urbanas, que se encontram
distantes dos grandes cursos d’água da região, sobretudo a cidade de
Apuaê-Inhandava Erechim.
• Risco de contaminação de pequenos arroios com os efluentes domésticos
(U10) das cidades (Erechim).
• Risco potencial de contaminaç ão por agroquímicos associados ao cultivo de
maçã.
• Conflitos associados à implantação da UHE Monjolinho, no rio Passo Fundo.
Passo Fundo (U20)
• Geração de energia, causando problemas a montante dos barramentos:
Turvo-Santa Rosa- barreira natural à migração espontânea, isolamento de animais em ilhas e
perda de qualidade e quantidade da vegetação marginal.
Santo Cristo (U30) • Lançamento de efluentes da suinocultura, que devido ao mau manejo
provocam a contaminação de mananciais.
• Potencial ins uficiência hídrica nos meses de baixa vazão, principalmente no
Piratinim (U40)
verão.
• Insuficiência hídrica nos meses de verão, principalmente devido à irrigação do
arroz.
• Lançamentos localizados de esgotos de áreas urbanas, gerando
contaminação das águas com coliformes fecais e totais.
• Orizicultura no curso médio e inferior do rio Ibicuí e junto ao rio Uruguai, na
Ibicuí (U50) porção oeste da bacia (drenagem de banhados e redução da mata-ciliar).
• Mineração de cascalho e areia, no rio Ibicui (trecho entre Cacequi e Manoel
Viana), provocando alteração da dinâmica do rio e instabilidade nos depósitos
aluvionares.
• Mineração de argila, em aluviões, causando um aumento da turbidez das
águas e assoreamento dos cursos de água.
• Insuficiência hídrica nos meses de menor disponibilidade, principalmente no
verão.
Quarai (U60) • Conflitos entre irrigantes, devido à pequena disponibilidade hídrica na região
e as grandes demandas para irrigação de arroz.
• Ocorrências de déficits hídricos verificados, especialmente, no verão, quando
ocorrem as demandas para a orizicultura.
Santa Maria (U70) • Conflitos de quantidade entre o abastecimento público e a irrigação.
• Drenagem de áreas ribeirinhas por expansão das lavouras de arroz.
• Insuficiência hídrica em períodos de menor disponibilidade e potencial
insuficiência generalizada.
• Sérios problemas de abastecimento em Bagé, gerado por déficits hídricos,
Negro (U80) sobretudo em estiagens prolongadas.
• Conflitos entre irrigantes, devido à pequena disponibilidade hídrica na região
e as grandes demandas para irrigação de arroz.
• Implantação acelerada de sistemas de irrigação com pivôs centrais.
Ijuí (U90)
• Previsão de implantação de novos aproveitamentos hidrelétricos.
• Insuficiência hídrica em afluentes.
Várzea (U100)
• Comprometimento localizado da qualidade das águas superficiais.
• Insuficiência hídrica em período de verão, como decorrência das demandas
para irrigação de arroz.
Butuí-Icamaquã • Potencial limitação da disponibilidade hídrica média anual para atender às
(U110) demandas de água.
• Conflito entre orizicultores, em função das baixas disponibilidades hídricas,
associadas a grandes demandas para irrigação.
Fonte: Relatório Anual Sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul. DRH/SEMA, 2002.
Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

3
Problemas ambientais relacionados aos recursos hídricos.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 53

4.3. REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS

A Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas localiza -se na porção leste e sul
do Estado do Rio Grande do Sul, possuindo área aproximada de 57.086 km2, o
que representa cerca de 20% da superfície total estadual. Nela residem 1,2
milhões de habitantes, ou seja, 11,4 % da população gaúcha estimada para o
ano de 2006. A oeste apresenta divisores de águas comuns com as Regiões
Hidrográficas do Guaíba e Uruguai.

A Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas é integrada por cinco bacias


hidrográficas: Tramandaí, Litoral Médio, Camaquã, Mirim – São Gonçalo e
Mampituba. As áreas dessas bacias hidrográficas são apresentadas no Quadro
4.29 e podem ser visualizadas no Mapa 4, do Atlas (capítulo 5).

Os valores foram calculados a partir da base cartográfica oficial do Estado, na


escala 1:250.000, através do Sistema de Informações Geográficas (SIG)
estruturado para o Plano Estadual de Recursos Hídricos (Ecoplan, 2006) e
compatibilizada com o IBGE.

Quadro 4.29 – Áreas das Bacias Hidrográficas Integrantes da Região Hidrográfica das Bacias
Litorâneas
Bacia Hidrográfica Área (km2) Participação (%)
Tramandaí (L10) 2.745,73 4,81
Litoral Médio (L20) 6.472,10 11,34
Camaquã (L30) 21.517,58 37,69
Mirim – São Gonçalo (L40) 25.666,83 44,96
Mampituba (L50) 683,76 1,20
Total da Região Hidrográfica 57.085,98 100,00
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Das cinco bacias hidrográficas que integram a Região Hidrográfica das Bacias
Litorâneas, duas respondem por mais de 82% da área total da região (Mirim –
São Gonçalo e Camaquã), enquanto uma bacia, a do Mampituba apresenta
área aproximada de 1% do total da região, mostrando a grande diversidade de
situações quanto ao tamanho das unidades de planejamento e gestão de
recursos hídricos.

A relação dos municípios integrantes de cada uma das cinco bacias


hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas é apresentada no
Quadro 4.30, a seguir, e foi obtida a partir da sobreposição da malha municipal
(Divisão oficial atual do IBGE) com a divisão hidrográfica atual do Estado.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 54

Quadro 4.30 – Relação dos Municípios por Bacia Hidrográfica na Região Hidrográfica das
Bacias Litorâneas
Bacia
Municípios
Hidrográfica
ARROIO DO SAL, BALNEÁRIO PINHAL, CAPÃO DA CANOA, CIDREIRA, DOM PEDRO DE ALCÂNTARA,
Tramandaí (L10) IMBÉ, ITATI, MAQUINÉ, OSÓRIO, PALMARES DO SUL, RIOZINHO, SÃO FRANCISCO DE PAULA, TERRA
DE AREIA, TORRES, TRAMANDAÍ, TRÊS CACHOEIRAS, TRÊS FORQUILHAS, XANGRI-LÁ
Litoral Médio BALNEÁRIO PINHAL, CAPIVARI DO SUL, CIDREIRA, MOSTARDAS, OSÓRIO, PALMARES DO SUL, SANTO
(L20) ANTÔNIO DA PATRULHA, SÃO JOSÉ DO NORTE, TAVARES, TRAMANDAÍ, VIAMÃO
AMARAL FERRADOR, ARAMBARÉ, ARROIO DO PADRE, BAGÉ, BARÃO DO TRIUNFO, BARRA DO
RIBEIRO, CAÇAPAVA DO SUL, CAMAQUÃ, CANGUÇU, CERRO GRANDE DO SUL, CHUVISCA, CRISTAL,
Camaquã (L30) DOM FELICIANO, DOM PEDRITO, ENCRUZILHADA DO SUL, HULHA NEGRA, LAVRAS DO SUL, PELOTAS,
PINHEIRO MACHADO, PIRATINI, SANTANA DA BOA VISTA, SÃO JERÔNIMO, SÃO LOURENÇO DO SUL,
SENTINELA DO SUL, TAPES, TURUÇU
ACEGUÁ, ARROIO DO PADRE, ARROIO GRANDE , CANDIOTA, CANGUÇU, CAPÃO DO LEÃO, CERRITO,
Mirim – São CHUÍ, HERVAL, HULHA NEGRA, JAGUARÃO, MORRO REDONDO, PEDRAS ALTAS, PEDRO OSÓRIO,
Gonçalo (L40) PELOTAS, PINHEIRO MACHADO, PIRATINI, RIO GRANDE, SANTA VITÓRIA DO PALMAR, TURUÇU
CAMBARÁ DO SUL, DOM PEDRO DE ALCÂNTARA, MAMPITUBA, MORRINHOS DO SUL, SÃO FRANCISCO
Mampituba (L50) DE PAULA, TORRES, TRÊS CACHOEIRAS, TRÊS FORQUILHAS
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

O Quadro 4.31 apresenta as populações residentes nas bacias hidrográficas,


estimadas para o ano de 2006, em termos totais, urbanos e rurais. Os valores
foram determinados com base nas populações municipais projetadas para
2006 (estimativa do IBGE) rearranjadas através das parcelas espaciais dos
respectivos municípios em cada bacia hidrográfica. O Mapa 5 do Atlas
apresenta a densidade populacional nas bacias hidrográficas do Estado
(hab/km²).

Quadro 4.31 – Populações Residentes por Bacia Hidrográfica na Região Hidrográfica das
Bacias Litorâneas
População População População Partic. Popul.
Bacia Hidrográfica Urbana Rural Total Total (%)
(hab.) (hab.) (hab.)
Tramandaí (L10) 127.861 26.377 154.238 12,39
Litoral Médio (L20) 50.955 34.671 85.626 6,88
Camaquã (L30) 120.009 133.960 253.969 20,39
Mirim – São Gonçalo (L40) 655.984 84.109 740.093 59,43
Mampituba (L50) 989 10.377 11.366 0,91
Total da Região Hidrográfica 955.798 289.494 1.245.292 100,00
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 – Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

Na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas residem cerca de 1,25 milhão de


habitantes, representando 11,4% da população do Estado, em 20% da
superfície estadual, o que demonstra a relativa baixa concentração
demográfica dessa região, da ordem de 22 hab./km2, equivalente à do Uruguai
e substancialmente inferior à do Guaíba (84 hab./km2 ). As bacias do Camaquã
e Mirim – São Gonçalo respondem por quase 80% da população da região, no
entanto, em termos de densidade demográfica, o maior índice é observado na
bacia do Tramandaí (56 hab./km2 ).

Com relação à bacia do Tramandaí é importante referir a sua vocação de zona


balneária, com forte afluxo populacional nas épocas de veraneio, o que implica
em um aumento populacional concentrado com reflexos diretos sobre o uso e
as demandas de água.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 55

Para a caracterização das disponibilidades hídricas superficiais em cada bacia


hidrográfica, são apresentados no Quadro 4.32 os seguintes parâmetros
hídricos: vazão média de longo período, vazão característica de mínimas (Q95%
- vazão com permanência temporal de 95%), a vazão média para o mês típico
de verão (janeiro) e vazão mínima para o mês típico de verão (janeiro), em
termos absolutos (m3/s). Os Mapas 6, 7, 8, 9 e 10 do Atlas apresentam as
vazões média anual e média específica anual, vazões mínima anual e mínima
específica anual, e vazão média de verão, respectivamente.

Quadro 4.32 – Disponibilidades Hídricas Superficiais Características das Bacias Hidrográficas


da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas
Vazão
Vazão Vazão Vazão Mínima
Média
Bacia Hidrográfica Média Mínima Verão
Verão
Anual Anual (Q95% ) (jan.)
(jan.)
Tramandaí (L10) 35,08 17,00 35,85 11,98
Litoral Médio (L20) 82,50 40,00 84,31 28,18
Camaquã (L30) 483,10 25,88 198,18 18,41
Mirim – São Gonçalo (L40) 395,91 22,99 208,60 41,98
Mampituba (L50) 8,74 4,24 8,93 2,98
Região Hidrográfica 1.005,33 110,11 535,87 103,53
Obs.: Vazão Média de Verão corresponde à média das vazões mensais no mês de janeiro e Vazão Mínima de Verão
corresponde à mínima vazão mensal observada para o mês de janeiro.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.1 – Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas.
Ecoplan, 2006.

A relação entre as vazões mínima e média anual é da ordem de 11%, podendo


chegar a 19% na situação de verão; valores bastante superiores aos
verificados nas demais regiões hidrográficas do Estado, o que evidencia o
efeito regulador dos grandes corpos híd ricos presentes (Lagoa dos Patos e
Mirim e sistema lagunar do Litoral Norte).

Em procedimento semelhante ao desenvolvido para a Região Hidrográfica do


Guaíba, o Quadro 4.33 apresenta as disponibilidades hídricas subterrâneas
das bacias hidrográficas que compõem a Região Hidrográfica das Bacias
Litorâneas e as características produtivas dos seus respectivos aqüíferos; o
Mapa 11 do Atlas apresenta a distribuição espacial desta disponibilidade
subterrânea por bacia hidrográfica para todo Estado, e o Mapa 12 apresenta
uma classificação dos aqüíferos quanto à vulnerabilidade.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 56

Quadro 4.33 – Estimativa das Reservas Reguladoras de Águas Subterrâneas para as Bacias
Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas
% de Capacidade
Reserva
Bacia Principais Sistemas Ocorrênci Vazão (Q) Específica
Reguladora
Hidrográfica Aqüíferos Aflorantes (1) (m 3/h/) (2) (Qs)
(hm 3/ano) a na Bacia
(m 3/h/m) (1)
Tramandaí (L10) Botucatu 0.42 15.6 m3/h Na parte
Quaternário Costeiro I 37.04 71.8 m3/h oeste mais
Quaternário Costeiro II 14.02 alta Q/s muito
828 Serra Geral II 33.93 20.7 m3/h baixas; na
Serra Geral III 14.59 planície
costeira Q/s
altas
Litoral Médio Barreira Marinha 4.31 Em geral alta
(L20) Embasamento Cristalino III 0.26
3
1.946 Quaternário Costeiro I 81.61 55 m /h
Quaternário Costeiro II 13.46
Serra Geral II 0.37
Camaquã (L30) Barreira Marinha 0.19 Na porção
Embasamento Cristalino II 44.42 5 m3/h oeste Q/s
Embasamento Cristalino III 26.41 muito baixas;
Aquiclude Eo-Paleozóico 12.61 na planície
Palermo/ Rio Bonito 1.40 costeira Q/s
Quaternário Costeiro I 3.78 variando de
2.046 Quaternário Costeiro II 11.36 34.1 m3/h médias a
Quaternário Indiferenciado 1.62 altas; ao
longo do
Camaquã
Quaternário
Indiferenciado
com Q/s altas
Mirim – São Aquitardos Permeanos 9.39 Na porção
Gonçalo (L40) Embasamento Cristalino I 13.26 4 m3/h oeste Q/s
Embasamento Cristalino II 17.27 muito baixas;
Embasamento Cristalino III 14.64 na planície
1.445 Aquiclude Eo-Paleozóico 0.13 costeira Q/s
Palermo/ Rio Bonito 2.38 6.4 m3/h variando de
Quaternário Costeiro I 16.56 21.2 m3/h médias a
Quaternário Costeiro II 26.36 altas
Mampituba (L50) Botucatu 2.41 9 m3/h Em geral
Quaternário Costeiro I 4.50 muito baixas;
206 Quaternário Costeiro II 31.11 Quatern[ario
Serra Geral II 43.12 Costeiro com
Serra Geral III 18.86 Q/s altas
Total da Região - - - -
6.471
Hidrográfica
(1)
– Informação extraída do Mapa Hidrogeológico do Estado do Rio Grande do Sul, CPRM 2005.
(2)
– Estimativa extraída a partir de análise do banco de dados SIAGAS
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.1 – Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas.
Ecoplan, 2006.

De maneira geral observam-se algumas tendências importantes:

ü A grande ocorrência em área dos sistemas aqüíferos Quaternários


Costeiros I e II, assim como da Barreira Marinha (Bacia do Litoral Médio) e
suas respectivas altas vazões.
ü A importância secundária dos sistemas aqüíferos Serra Geral nas bacias
Tramandaí, Litoral Médio e Mampituba e dos sistemas aqüíferos do
Embasamento Cristalino nas bacias do Camaquã e Mirim-São Gonçalo.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 57

As demandas hídricas setoriais e totais, para cada bacia hidrográfica, em


termos médios, anuais e para o mês de janeiro (típico de verão), são
apresentadas nos Quadros 4.34 e 4.35, respectivamente, sendo que as
demandas anuais podem ser visualizadas no Mapa 13 do Atlas, e as
demandas hídricas específicas, no Mapa 14.
Quadro 4.34 – Demandas Hídricas Médias Anuais (Globais e Setoriais) para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (m /s)
Total
Bacia
Humano[1] Irrigação [2] Animal[3] Industrial[4] Total Específica
Hidrográfica
(L/s/km²)
Tramandaí (L10) 0,30 3,10 0,06 0,321 3,78 1,374
Litoral Médio (L20) 0,16 38,12 0,18 0,060 38,52 5,953
Camaquã (L30) 0,47 35,69 0,86 0,036 37,05 1,721
Mirim – São Gonçalo (L40) 1,88 74,24 0,90 0,145 77,17 3,007
Mampituba (L50) 0,02 2,00 0,02 0,000 2,04 0,739
Região Hidrográfica 2,83 153,14 2,03 0,562 158,55 2,681
[1]
Demanda hídrica para abastecimento humano: considerou (i) as populações urbanas e rurais residentes nas bacias,
tendo como fonte de dados as estimativas municipais do IBGE para o ano de 2006, e (ii) as demandas hídricas per
capita (variando entre 180 e 250 L/hab/dia, conforme o porte populacional urbano - no caso de abastecimento urbano,
e 125 L/hab/dia no caso do abastecimento rural).
[2]
Demanda hídrica para irrigação de arroz: considerou (i) as áreas cultivadas referentes à safra 2004/2005 nas bacias,
segundo levantamento municipal do IRGA, e (ii) demanda hídrica por unidade de área irrigada de 12.600 m3/ha/safra.
Para outras culturas irrigadas foram utilizadas as demandas hídricas informadas nos respectivos processos de outorga
emitidos pelo DRH/SEMA (2007).
[3]
Demanda hídrica para criação animal: considerou (i) o efetivo dos principais rebanhos (bovino, suíno, eqüino, ovino e
aves) obtido através da Pesquisa Pecuária Municipal de 2004 e (ii) as demandas unitárias por tipo de rebanho,
conforme diferentes fontes bibliográficas (45 L/cab/dia para bovinos de corte, 62 L/cab/dia para bovinos de leite, 100
L/cab/dia para suínos, 40 L/cab/dia para eqüinos, 6,0 L/cab/dia para ovinos, 0,6 L/cab/dia para galinhas e 0,25
L/cab/dia para galos e frangos).
[4]
Demanda hídrica para uso industrial: considerou (i) o número de indústrias por município (FEPAM, 2003) e (ii)
demanda hídrica unitária de 3,0 L/s (média das demandas das indústrias de baixo e médio consumo, conforme o
cadastro de outorgas do DRH/SEMA , 2007); complementarmente, foram consideradas ainda as demandas hídricas de
indústrias de grande c onsumo identificadas no referido cadastro de outorgas .
Fonte Geral: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 - Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

Com base nas informações do Quadro 4.34, o Mapa 23 do Atlas (capítulo 5)


aponta os principais usos consuntivos por bacia hidrográfica.

Quadro 4.35 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (m /s)
Bacia Hidrográfica Total Humano Irrigação Animal Industrial
[1]
Tramandaí (L10) 11,99 0,81 11,30 0,06 0,321
Litoral Médio (L20) 139,53 0,16 139,13 0,18 0,060
Camaquã (L30) 131,62 0,47 130,26 0,86 0,036
Mirim – São Gonçalo (L40) 273,90 1,88 270,97 0,90 0,145
Mampituba (L50) 7,33 0,02 7,29 0,02 0,000
Região Hidrográfica 564,37 3,34 558,95 2,03 0,562
[1]
Valor obtido do Quadro 7.2.5 – Demanda Total de Água para Abastecimento Público do Relatório Temático A.3 –
Diagnóstico e Prognóstico das Demandas Hídricas. 1ª Etapa do Plano de Bacia do Rio Tramandaí. PROFILL, 2005.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 – Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 58

Em termos anuais, a irrigação representa cerca de 97% das demandas hídricas


médias na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, subindo esse percentual
para 99% no mês de janeiro, o que demonstra a forte predominância desse
setor usuário. Em termos espaciais, cerca de 66% das demandas hídricas
anuais estão concentradas apenas na bacia hidrográfica Mirim – São Gonçalo,
em razão das extensas áreas de arroz irrigado.

Também se observa a influência do afluxo populacional sazonal à região do


Litoral Norte (bacia do Tramandaí), na época de veraneio, elevando a demanda
para uso humano de 0,30 para 0,81 m3 /s.

A exemplo das demandas, os consumos hídricos setoriais e totais, para cada


bacia hidrográfica, em termos anuais e para o mês de janeiro (típico de verão),
são apresentados nos Quadros 4.36 e 4.37, respectivamente. No Mapa 15 do
Atlas é possível visualizar os consumos hídricos globais anuais.

Quadro 4.36 – Consumos Hídricos Totais e Setoriais Anuais (Médios) para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (m /s)
Bacia Hidrográfica Total Humano Irrigação Animal Industrial
Tramandaí (L10) 2,06 0,06 1,86 0,04 0,096
Litoral Médio (L20) 23,05 0,03 22,87 0,13 0,018
Camaquã (L30) 22,12 0,09 21,41 0,60 0,011
Mirim – São Gonçalo (L40) 45,60 0,38 44,54 0,63 0,044
Mampituba (L50) 1,22 0,00 1,20 0,02 0,000
Região Hidrográfica 94,04 0,57 91,88 1,42 0,169
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 – Diagnóstico das Demandas
Hídricas. Ecoplan, 2006.

Quadro 4.37 – Consumos Hídricos Totais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias
3
Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (m /s)
Bacia Hidrográfica Total Humano Irrigação Animal Industrial
Tramandaí (L10) 6,98 0,16 6,78 0,04 0,096
Litoral Médio (L20) 83,66 0,03 83,48 0,13 0,018
Camaquã (L30) 78,86 0,09 78,16 0,60 0,011
Mirim – São Gonçalo (L40) 163,64 0,38 162,58 0,63 0,044
Mampituba (L50) 4,39 0,00 4,37 0,02 0,000
Região Hidrográfica 337,52 0,67 335,37 1,42 0,169
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 – Diagnóstico das Demandas
Hídricas. Ecoplan, 2006.

A irrigação representa cerca de 98% do consumo global médio anual e 99% no


mês de janeiro, reafirmando a predominância desse setor usuário no contexto
regional. Em termos espaciais, a bacia do Mirim – São Gonçalo concentra
cerca de 49% do consumo médio global anual.

Os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades hídricas


com as demandas de água, considerando as quatro hipóteses de

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 59

disponibilidade, referidas no Quadro 4.32, são apresentadas no Quadro 4.38,


para cada bacia hidrográfica, em termos percentuais (ou seja, qual a parcela da
disponibilidade que é atualmente demandada pelos usos consuntivos
considerados). Os Mapas 16, 17 e 18 do Atlas (capítulo 5) apresentam,
respectivamente, os resultados dos seguintes balanços hídricos: Demanda
Média Anual versus Disponibilidade Média Anual, Demanda Média Anual
versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%) e
Demanda de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão.

Quadro 4.38 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Demandas para as Bacias


Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (%)
Demanda Méd. Demanda Méd. Demanda Verão / Demanda Verão
Bacia Hidrográfica Anual / Dispon. Anual / Dispon. Dispon. Méd. / Dispon. Mín.
Méd. Anual Mín. Anual (Q95% ) Verão [1] Verão [1]
Tramandaí (L10) 10.8% 22.2% 33.4% 100.1%
Litoral Médio (L20) 46.7% 96.3% 165.5% 495.1%
Camaquã (L30) 7.7% 143.2% 66.4% 714.9%
Mirim – São Gonçalo (L40) 19.5% 335.7% 131.3% 652.5%
Mampituba (L50) 23.3% 48.1% 82.1% 246.0%
Total da Região Hidrográfica 15.8% 144.0% 105.3% 545.1%
[1]
Considerado no mês de janeiro.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Em termos médios anuais verifica-se uma situação de maior comprometimento


das disponibilidades hídricas apenas na bacia do Litoral Médio e a proporção
média utilizada de água na região é de 15,8%, acima da média das outras
regiões (na ordem de 8%). Para o mês de janeiro, típico de verão, em termos
médios, são observados déficits hídricos no Litoral Médio e na Mirim – São
Gonçalo. É importante destacar que nessa análise foram consideradas como
disponibilidades hídricas apenas as vazões fluentes e não os volumes hídricos
estáticos armazenados nos significativos corpos hídricos regionais. Sendo
assim, a presente análise é mais rigorosa em termos de comprometimento das
disponibilidades.

Já os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades


hídricas com os consumos de água, considerando as mesmas quatro hipóteses
de disponibilidade antes referidas, são apresentadas no Quadro 4.39, para
cada bacia hidrográfica, em termos percentuais.

Os Mapas 19, 20 e 21 do Atlas apresentam, respectivamente, os resultados


dos seguintes três balanços hídricos: Consumo Médio Anual versus
Disponibilidade Média Anual, Consumo Médio Anual versus Disponibilidade
Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%), Consumo de Verão (mês de
janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão.

Neste caso, considera-se nos balanços hídricos apenas a parcela da demanda


efetivamente consumida, ou que não retorno ao manancial. Esta abordagem
apresenta uma configuração para a bacia hidrográfica como um todo com
maior fidelidade à situação real.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 60

Quadro 4.39 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Consumos para as Bacias


Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (%)
Consumo Méd. Consumo Méd. Consumo Verão / Consumo Verão /
Bacia Hidrográfica Anual / Dispon. Anual / Dispon. Dispon. Méd. Dispon. Mín.
Méd. Anual Mín. Anual (Q95% ) Verão [1] Verão [1]
Tramandaí (L10) 5.9% 12.1% 19.5% 58.3%
Litoral Médio (L20) 27.9% 57.6% 99.2% 296.9%
Camaquã (L30) 4.6% 85.5% 39.8% 428.4%
Mirim – São Gonçalo (L40) 11.5% 198.3% 78.4% 389.8%
Mampituba (L50) 14.0% 28.8% 49.2% 147.3%
Total da Região Hidrográfica 9.4% 85.4% 63.0% 326.0%
[1]
Considerado no mês de janeiro.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

Considerando nos balanços hídricos apenas as parcelas efetivamente


consumidas, a situação torna-se menos severa, tendo-se, na média anual, um
consumo global da ordem de 9,4% das disponibilidades, sendo que no verão
esse percentual eleva-se para 63%, em termos médios.

Em situações mais críticas quanto à disponibilidade hídrica verifica-se uma


igualdade entre os consumos e as demandas, em termos mínimos anuais, na
região, sendo mais severos nas bacias do Camaquã e Mirim – São Gonçalo.
Novamente, cabe destacar que nesses balanços hídricos foram consideradas
somente as disponibilidades fluentes e não os volumes estáticos armazenados
nos lagos e lagoas da região, que atenuam a situação configurada.

Os principais usos não consuntivos identificados, em cada bacia hidrográfica,


são relacionados no Quadro 4.40, a seguir, e podem ser visualizados no Mapa
22 do Atlas. Ao identificar o uso “preservação ambiental” está se referindo
especificamente à existência de áreas úmidas relevantes para a conservação
como, por exemplo, banhados (não se tratando, assim, da proteção das
comunidades aquáticas que é considerada em todas as bacias hidrográficas).

Quadro 4.40 – Principais Usos Não Consuntivos nas Bacias Hidrográficas da Região
Hidrográfica das Bacias Litorâneas
Bacia Hidrográfica Principais Usos Não Consuntivos
Tramandaí (L10) Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental
Litoral Médio (L20) Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental
Camaquã (L30) Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental
Mirim – São Gonçalo (L40) Navegação, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental
Mampituba (L50) Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Relatório da Atividade A.2 – Diagnóstico das Demandas Hídricas.
Ecoplan, 2006.

Para a Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, a situação atual referente à


qualidade das águas superficiais foi determinada com base nas informações
relativas à balneabilidade em águas doces (obtidas diretamente no site da
FEPAM) e complementadas por informações específicas dos estudos
realizados em algumas bacias hidrográficas, notadamente no Tramandaí.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 61

As águas subterrâneas dos principais aqüíferos da Região Hidrográfica do


Litoral são em sua grande extensão potáveis do tipo bicarbonatadas a
cloretadas sódicas. Em algumas porções, principalmente do sistema aqüífero
Quaternário Costeiro II, podem ocorrer zonas de água salobra e salgada ou
mesmo teores excessivos de ferro, tornando-as impróprias para uso no
abastecimento e irrigação.

A situação atual, retratada em termos de percentuais de locais (dentre os


monitorados) próprios quanto à balneabilidade, é apresentada, de forma
sintetizada, no Quadro 4.41.
Quadro 4.41 – Síntese de Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais nas Bacias
Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas
Bacia Hidrográfica Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais
Apenas 10% dos pontos do Projeto de Balneabilidade (FEPAM) foram classificados
como impróprios, o que indica as boas condições da qualidade da água na Bacia. Os
Tramandaí (L10) dados disponíveis no Plano da Bacia também indicam uma boa situação com os
corpos hídricos sendo classificados em Classes 1 e 2 da Resolução CONAMA
357/2005, com algumas exceções.
Apenas 7% dos pontos do Projeto de Balneabilidade (FEPAM) foram classificados
Litoral Médio (L20)
como impróprios, o que indica as boas condições da qualidade da água na Bacia.
25% dos pontos do Projeto de Balneabilidade (FEPAM) foram classificados como
Camaquã (L30) impróprios, o que indica problemas com a qualidade da água, principalmente próximo
a centros urbanos.
25% dos pontos do Projeto de Balneabilidade (FEPAM) foram classificados como
Mirim – São Gonçalo (L40) impróprios, o que indica poucos problemas com a qualidade da água, principalmente
próximo a centros urbanos.
20% dos pontos do Projeto de Balneabilidade (FEPAM) foram classificados como
Mampituba (L50) impróprios, o que indica problemas com a qualidade da água, principalmente próximo
a centros urbanos (Torres).
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006. Projeto de Balneabilidade (obtido na página da FEPAM na
Internet - www.fepam.rs.gov.br -; acesso em novembro de 2006. 1ª Etapa do Plano de Bacia do Rio Tramandaí. Profill,
2005.

No Mapa 24 do Atlas é apresentada a situação atual da qualidade das águas


superficiais na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, comparativamente
às demais regiões hidrográficas, em termos genéricos. É importante comentar
que no Mapa 24 as situações de qualidade das águas nas três regiões
hidrográficas resultam de bases de informações e parâmetros analisados
distintos e que a comparação unificada somente permite uma aproximação
quanto a situações mais genéricas do tipo: preocupante, alerta e conforto.

As situações atuais de conflito pelo uso da água são apresentadas, para cada
bacia hidrográfica, no Quadro 4.42, a seguir, obtidas a partir do Relatório Anual
Sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul
(DRH/SEMA, 2002) e atualizadas com base nas informações atuais levantadas
no Plano Estadual de Recursos Hídricos.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 62

4
Quadro 4.42 – Situações Atuais de Conflito pelo Uso da Água e Problemas Ambientais nas
Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas
Bacia Hidrográfica Situações Atuais de Conflito
• Lançamentos de esgotos domésticos na planície acustre-lagunar,
l causando
contaminação das águas com coliformes fecais e totais, e o comprometimento da
balneabilidade.
• Concentração de demandas de água nos meses de verão, pela associação do
grande afluxo de veranistas com a irrigação de arroz.
Tramandaí (L10) • Exploração agrícola intensa, com desmatamento, nas encostas declivosas, o que
acentua os processos erosivos.
• Pesca, no complexo lagunar, que sofre o efeito dos conflitos de uso entre
irrigação e abastecimento.
• Uso de água subterrânea de má qualidade para consumo domiciliar através de
poços tubulares rasos (ponteiras).
• Grandes utilizações de água para irrigação de arroz.
• Conflitos com irrigantes no entorno do Parque Nacional da Lagoa do Peixe.
Litoral Médio (L20) • Problemas de restrição de uso pela salinização eventual na Laguna dos Patos.
• Uso de água subterrânea de má qualidade para consumo domiciliar através de
poços tubulares rasos (ponteiras)
• Problemas de assoreamento, desmatamento e contaminação das águas por
atividades minerarias inadequadamente desenvolvidas.
Camaquã (L30)
• Elevadas demandas de água no verão para irrigação das lavouras de arroz na
porção baixa da bacia.
• Demanda hídrica, principalmente para a irrigação de arroz, supera as
disponibilidades mínimas anuais e de verão. Nessas situações é utilizado o
volume hídrico armazenado na Lagoa Mirim.
• Orizicultura em banhados e várzeas, causando a drenagem dessas áreas, a
alteração e assoreamento de cursos de água, a redução da mata-ciliar e a
contaminação por agroquímicos.
• Lançamentos de esgotos de origem urbana, na região de Pelotas e Rio Grande,
Mirim – São Gonçalo (L40) causando: a contaminação das águas com coliformes fecais e totais e poluição
por efluentes industriais.
• Transporte de cargas tóxicas na região de Candiota, Pinheiro Machado e Pelotas,
que apresenta riscos de poluição acidental.
• Mineração na região carbonífera e de exploração de calcário e mármore
(Candiota, Hulha Negra, Pinheiro Machado e Pelotas), causando contaminação
dos recursos hídricos e do solo, modificação da morfologia do relevo local,
desmatamentos, erosão e assoreamento dos rios.
• Insuficiência hídrica nos períodos de menor disponibilidade, face às elevadas
demandas hídricas para a irrigação de arroz.
• Lançamentos de esgotos domésticos, no baixo vale do rio Mampituba, causando
a contaminação das águas com coliformes fecais e totais, e o comprometimento
da balneabilidade.
Mampituba (L50)
• Orizicultura, no curso médio do rio Mampituba, causando: a drenagem de
banhados, a redução da mata-ciliar e os riscos de contaminação por
agroquímicos.
• Bananicultura, nas encostas da Serra Geral, causando contaminação por
agroquímicos e redução da biodiversidade.
Fonte: Relatório Anual Sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul. SRH/SEMA, 2002.
Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006.

4
Problemas ambientais relacionados aos recursos hídricos.

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 63

5. ATLAS DA SITUAÇÃO HÍDRICA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS


DO RIO GRANDE DO SUL

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 64

5. ATLAS DA SITUAÇÃO HÍDRICA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO


GRANDE DO SUL

A situação atual dos recursos hídricos no Estado do Rio Grande do Sul, com
base nos parâmetros avaliados no capítulo 4, são apresentados sob a forma
cartográfica, tendo como unidade de visualização as bacias hidrográficas. A
apresentação em formato de Atlas facilita a visualização e o entendimento das
situações relativas a cada tema ou parâmetro considerado, bem como
possibilita uma visão panorâmica do Estado e comparativa entre as bacias
hidrográficas.

Nos mapas apresentados a seguir, constam as seguintes informações,


relativas à situação atual dos recursos hídricos no Estado do Rio Grande do
Sul:

Mapa 1 – Regiões Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul

Mapa 2 – Divisão Hidrográfica Atual do Estado do Rio Grande do Sul

Mapa 3 – Sistemas Aqüíferos do Estado do Rio Grande do Sul

Mapa 4 – Área das Bacias Hidrográficas

Mapa 5 – Densidade Populacional

Mapa 6 – Disponibilidade Hídrica Superficial – Vazão Média Anual

Mapa 7 – Disponibilidade Hídrica Superficial – Vazão Específica Média


Anual

Mapa 8 – Disponibilidade Hídrica Superficial – Vazão com Duração


Temporal de 95%

Mapa 9 – Disponibilidade Hídrica Superficial – Vazão Específica com


Permanência de 95%

Mapa 10 – Disponibilidade Hídrica Superficial – Vazão Média para o Mês de


Janeiro

Mapa 11 – Disponibilidade Hídrica Subterrânea Específica – Total Anual

Mapa 12 – Vulnerabilidade dos Aqüíferos

Mapa 13 – Demanda Hídrica Global – Anual

Mapa 14 – Demanda Hídrica Específica – Anual

Mapa 15 – Consumo Hídrico Global – Anual

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 65

Mapa 16 – Balanço Hídrico – Disponibilidade Média Anual versus Demanda


Anual

Mapa 17 – Balanço Hídrico – Disponibilidade Mínima Anual (Q95%) versus


Demanda Anual

Mapa 18 – Balanço Hídrico – Disponibilidade Média de Verão (Janeiro)


versus Demanda (Janeiro)

Mapa 19 – Balanço Hídrico – Disponibilidade Média Anual versus Consumo


Anual

Mapa 20 – Balanço Hídrico – Disponibilidade Mínima Anual (Q95%) versus


Consumo Anual

Mapa 21 – Balanço Hídrico – Disponibilidade Média de Verão (Janeiro)


versus Consumo (Janeiro)

Mapa 22 – Principais Usos Não Consuntivos

Mapa 23 – Principais Usos Consuntivos

Mapa 24 – Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais

Mapa 25 – COREDEs e Bacias Hidrográficas

Mapa 26 – Comitês de Bacia

Observação – Mapa 24:

O Mapa 24, que retrata a situação atual da qualidade das águas superficiais no
Rio Grande do Sul é resultado da agregação de três bases de informações
distintas (uma para cada região hidrográfica): IQA para a Região Hidrográfica
do Guaíba, Classes de Uso conforme a Resolução CONAMA 357/05 para a
Região Hidrográfica do Uruguai e balneabilidade em águas doces para a
Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (onde é considerada
prioritariamente a presença de coliformes fecais).

Essas são bases de dados sistematizadas e disponibilizadas à consulta. Na


medida em que o Plano Estadual de Recursos Hídricos (em elaboração)
avance seus estudos quanto à qualidade das águas superficiais, informações
homogêneas em termos de parâmetros e metodologia de análise permitirão a
confecção de um novo mapa, configurando a situação estadual sobre uma
mesma base de dados.

Desta forma, o Mapa 24 deve ser entendido como uma primeira aproximação
no sentido de equalizar as informações quanto à situação geral da qualidade
das águas superficiais no Estado. Para tanto, foi necessário proceder uma

DRH / SEMA
Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul 66

unificação de critérios, cruzando informações díspares na sua origem e


natureza. Essa unificação, em razão das restrições técnicas comentadas, tem
um caráter genérico e resultou na classificação das bacias hidrográficas em
três situações:

Preocupante – quando para qualquer base de informações há: divergência


entre a qualidade das águas e seus usos; baixa qualidade das águas em
termos de IQA (Ruim e Muito Ruim) ou baixo índice de balneabilidade.

Alerta – quando para qualquer base de informações há: situação limite de


conformidade entre a qualidade das águas e seus usos; qualidade Regular em
termos de IQA ou médio índice de balneabilidade.

Conforto – quando para qualquer base de informações há: plena concordância


entre a qualidade das águas e seus usos; qualidade Boa a Excelente em
termos de IQA ou alto índice de balneabilidade.

Cabe, ainda, comentar que a definição de situações gerais para cada bacia
hidrográfica a partir de informações pontuais exigiu a aceitação da
generalização de situações específicas no âmbito espacial das bacias
hidrográficas e que, portanto, o Mapa 24 deve ser visualizado como uma
aproximação genérica de situações específicas e pontuais.

DRH / SEMA

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