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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Funções de onda do elétron em um átomo de hidrogênio em diferentes níveis de energia. A mecânica quântica
não pode prever a localização exata de uma partícula no espaço, apenas a probabilidade de encontrá-la em locais
diferentes.[1] As áreas mais brilhantes representam uma maior probabilidade de encontrar o elétron.
Mecânica quântica
Δ�Δ�≥ℏ2
Princípio da Incerteza
Formulação matemática
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A mecânica quântica (também conhecida como física quântica, teoria quântica, modelo mecânico
de ondas e mecânica de matriz) é a teoria física que obtém sucesso no estudo dos sistemas físicos
cujas dimensões são próximas ou abaixo da escala atômica, tais como moléculas, átomos, elétrons,
prótons e de outras partículas subatômicas, muito embora também possa descrever fenômenos
macroscópicos em diversos casos.[2]
A mecânica quântica é um ramo fundamental da física com vasta aplicação. A teoria quântica
fornece descrições precisas para muitos fenômenos previamente inexplicados tais como a radiação
de corpo negro e a estabilidade dos átomos. Apesar de, na maioria dos casos, a mecânica quântica
ser relevante para descrever sistemas microscópicos, os seus efeitos específicos não são somente
perceptíveis em tal escala.
A mecânica quântica recebe esse nome por prever um fenômeno bastante conhecido dos físicos: a
quantização. No caso dos estados ligados (por exemplo, um elétron orbitando em torno de um
núcleo positivo) a Mecânica Quântica prevê que a energia (do elétron) deve ser quantizada. Este
fenômeno é completamente alheio ao que prevê a teoria clássica.
Um panorama
O desenvolvimento da mecânica quântica foi uma necessidade gerada pelo acúmulo de resultados
experimentais ao longo da virada dos séculos XIX e XX, os quais não conseguiam ser entendidos ou
explicados à luz das teorias físicas existentes naquele período. As tentativas de contornar as
dificuldades através da adaptação dos formalismos e ferramentas então disponíveis foram
paulatinamente abandonadas, pois logo ficou claro que novas frentes conceituais e técnicas teriam
que ser abertas. As propostas de uma equação de onda, que generalizava ideias acerca do caráter
ondulatório das partículas, bem como de uma formulação matricial, baseada na utilização de
observáveis experimentais na descrição dos sistemas atômicos, logo foram seguidas por trabalhos
mais marcadamente matemáticos, que tinham por principal objetivo aparar possíveis arestas
formais surgidas ao longo desse avanço conceitual.[3]
A palavra “quântica” (do Latim quantum) quer dizer quantidade. Na mecânica quântica, esta palavra
refere-se a uma unidade discreta que a teoria quântica atribui a certas quantidades físicas, como a
energia de um elétron contido num átomo em repouso. A descoberta de que as ondas
eletromagnéticas podem ser explicadas como uma emissão de pacotes de energia (chamados
quanta) conduziu ao ramo da ciência que lida com sistemas moleculares, atômicos e subatômicos.
Este ramo da ciência é atualmente conhecido como mecânica quântica.
Em física, chama-se "sistema" um fragmento concreto da realidade que foi separado para estudo.
Dependendo do caso, a palavra sistema refere-se a um elétron ou um próton, um pequeno átomo
de hidrogênio ou um grande átomo de urânio, uma molécula isolada ou um conjunto de moléculas
interagentes formando um sólido ou um vapor. Em todos os casos, sistema é um fragmento da
realidade concreta para o qual deseja-se chamar atenção.
Muitas variáveis que ficam bem determinadas na mecânica clássica são substituídas por
distribuições de probabilidades na mecânica quântica, que é uma teoria intrinsecamente
probabilística (isto é, dispõe-se apenas de probabilidades não por uma simplificação ou ignorância,
mas porque isso é tudo que a teoria é capaz de fornecer).
A representação do estado
No formalismo da mecânica quântica, o estado de um sistema num dado instante de tempo pode
ser representado de duas formas principais:
Em suma, tanto as "funções de onda" quanto os "vetores de estado" (ou kets) representam os
estados de um dado sistema físico de forma completa e equivalente e as leis da mecânica quântica
descrevem como vetores de estado e funções de onda evoluem no tempo.
Estes objetos matemáticos abstratos (kets e funções de onda) permitem o cálculo da probabilidade
de se obter resultados específicos em um experimento concreto. Por exemplo, o formalismo da
mecânica quântica permite que se calcule a probabilidade de encontrar um elétron em uma região
particular em torno do núcleo.
Para compreender seriamente o cálculo das probabilidades a partir da informação representada nos
vetores de estado e funções de onda é preciso dominar alguns fundamentos de álgebra linear.
Formulação matemática
Muitos fenômenos quânticos difíceis de se imaginar concretamente podem ser compreendidos com
um pouco de abstração matemática. Há três conceitos fundamentais da matemática - mais
especificamente da álgebra linear - que são empregados constantemente pela mecânica quântica.
São estes: (1) o conceito de operador; (2) de autovetor; e (3) de autovalor.
Por agora, importa saber que tais objetos (vetores) podem ser adicionados uns aos outros e
multiplicados por um número escalar. O resultado dessas operações é sempre um vetor pertencente
ao mesmo espaço. Os espaços vetoriais são os objetos básicos do estudo na álgebra linear, e têm
várias aplicações na matemática, na ciência, e na engenharia.
O espaço vetorial mais simples e familiar é o espaço Euclidiano bidimensional. Os vetores neste
espaço são pares ordenados e são representados graficamente como "setas" dotadas de módulo,
direção e sentido. No caso do espaço euclidiano bidimensional, a soma de dois vetores quaisquer
pode ser realizada utilizando a regra do paralelogramo.
Todos os vetores também podem ser multiplicados por um escalar - que no espaço Euclidiano é
sempre um número real. Esta multiplicação por escalar poderá alterar o módulo do vetor e seu
sentido, mas preservará sua direção. O comportamento de vetores geométricos sob estas operações
fornece um bom modelo intuitivo para o comportamento dos vetores em espaços mais abstratos,
que não precisam de ter a mesma interpretação geométrica. Como exemplo, é possível citar o
espaço de Hilbert (onde "habitam" os vetores da mecânica quântica). Sendo ele também um espaço
vetorial, é certo que possui propriedades análogas àquelas do espaço Euclidiano.
Um operador é um ente matemático que estabelece uma relação funcional entre dois espaços
vetoriais. A relação funcional que um operador estabelece pode ser chamada transformação linear.
Os detalhes mais formais não serão apontados aqui. Interessa, por enquanto, desenvolver uma ideia
mais intuitiva do que são esses operadores.
Por exemplo, considere o Espaço Euclidiano. Para cada vetor nesse espaço é possível executar uma
rotação (de um certo ângulo) e encontrar outro vetor no mesmo espaço. Como essa rotação é uma
relação funcional entre os vetores de um espaço, podemos definir um operador que realize essa
transformação. Assim, dois exemplos bastante concretos de operadores são os de rotação e
translação.
Do ponto de vista teórico, a semente da ruptura entre as física quântica e clássica está no emprego
dos operadores. Na mecânica clássica, é usual descrever o movimento de uma partícula com uma
função escalar do tempo. Por exemplo, imagine que vemos um vaso de flor caindo de uma janela.
Em cada instante de tempo podemos calcular a que altura se encontra o vaso. Em outras palavras,
descrevemos a grandeza posição com um número (escalar) que varia em função do tempo.
Para compreender como essa forma abstrata de representar a natureza fornece informações sobre
experimentos reais é preciso discutir um último tópico da álgebra linear: o problema de autovalor e
autovetor.
O problema de autovalor e autovetor é um problema matemático abstrato sem o qual não é possível
compreender seriamente o significado da mecânica quântica.
Em primeiro lugar, considere o operador  de uma transformação linear arbitrária que relacione
vetores de um espaço E com vetores do mesmo espaço E. Neste caso, escreve-se [eq.01]:
�^:�↦�
Observe que qualquer matriz quadrada satisfaz a condição imposta acima desde que os vetores no
espaço E possam ser representados como matrizes-coluna e que a atuação de  sobre os vetores de
E ocorra conforme o produto de matrizes a seguir:
[�11�12⋯�1��21�22⋯�2�⋮⋮⋱⋮��1��2⋯���]⋅[�1�2⋮��]=[�1�2⋮��]
Como foi dito, a equação acima ilustra muito bem a atuação de um operador do tipo definido em
[eq.01]. Porém, é possível representar a mesma ideia de forma mais compacta e geral sem fazer
referência à representação matricial dos operadores lineares [eq.02]:
�^⋅�→=�→
Para cada operador  existe um conjunto {�1→,�2→,…,��→} tal que cada vetor
do conjunto satisfaz [eq.03]:
�^⋅��→=��⋅��→
��∈�
�=1,2,3,…,�
(1) ��→=0→ satisfaz o problema para qualquer operador Â. Por isso, o vetor
�^⋅�→=�⋅�→
∴�^⋅�→=�^⋅�→
∴{�^−�^}⋅�→=0→
Onde:
�^=[�0⋯00�⋯0⋮⋮⋱⋮00⋯�]
���{�^−�^}=0
Para compreender o significado físico de toda essa representação matemática abstrata, considere o
Na mecânica quântica, cada partícula tem associada a si uma quantidade sem análogo clássico
chamada spin ou momento angular intrínseco. O spin de uma partícula é representado como um
vetor com projeções nos eixos x, y e z. A cada projeção do vetor spin :�→ corresponde
um operador:
�→=(��^,��^,��^)
��^=ℏ/2⋅[100−1]
���(��^−�^)=0
ou seja
���([ℏ/2−�00−ℏ/2−�])=(ℏ2−�)⋅(ℏ2+�)=0
�=ℎ�=ℏ�
No entanto, isso parecia não explicar o efeito fotoelétrico (1839), no qual a incidência de luz em
certos materiais pode ejetar elétrons do mesmo. Em 1905, baseando seu trabalho na hipótese
quântica de Planck, Albert Einstein postulou que a própria luz é formada por quanta individuais,[6] o
que em 1926 ficou conhecido como fóton. Em 1921, Einstein recebeu o Prêmio Nobel pelo efeito
fotoelétrico.[7]
Louis de Broglie levou mais a fundo a ideia corpuscular e ondulatória da luz e por analogia, postulou
que partículas também possuiriam um comprimento de onda, uma onda de matéria. O físico francês
relacionou o comprimento de onda (λ) com a quantidade de movimento (p) da partícula, mediante a
fórmula:
�=ℎ�
onde h é a Constante de Planck. De Broglie também postulou que se elétrons fossem propriamente
submetidos ao experimento de dupla fenda, também apresentariam um padrão de interferência. Em
1927, O experimento de Davisson–Germer confirmou as previsões de de Broglie, estabelecendo a
dualidade onda-partícula da matéria. Em 1929, de Broglie recebeu o Prêmio Nobel pela descoberta
da natureza ondulatória do elétron.[8]
Em meados da década de 1920, a evolução da mecânica quântica rapidamente fez com que ela se
tornasse a formulação padrão para a física atômica. No verão de 1925, Bohr e Heisenberg
publicaram resultados que fechavam a "antiga teoria quântica". Da simples postulação de Einstein
nasceu uma enxurrada de debates, teorias e testes e, então, a todo o campo da física quântica,
levando à sua maior aceitação na quinta Conferência de Solvay em 1927.
Princípios
Primeiro princípio: Princípio da superposição
Na mecânica quântica, o estado de um sistema físico é definido pelo conjunto de todas as
informações que podem ser extraídas desse sistema ao se efetuar alguma medida.
Na mecânica quântica, todos os estados são representados por vetores em um espaço vetorial
complexo: o Espaço de Hilbert H. Assim, cada vetor no espaço H representa um estado que poderia
ser ocupado pelo sistema. Portanto, dados dois estados quaisquer, a soma algébrica (superposição)
deles também é um estado.
Como a norma dos vetores de estado não possui significado físico, todos os vetores de estado são
preferencialmente normalizados. Na notação de Dirac, os vetores de estado são chamados "Kets" e
são representados como aparece a seguir:
∣�⟩
Usualmente, na matemática, são chamados funcionais todas as funções lineares que associam
vetores de um espaço vetorial qualquer a um escalar. É sabido que os funcionais dos vetores de um
espaço também formam um espaço, que é chamado espaço dual. Na notação de Dirac, os funcionais
- elementos do Espaço Dual - são chamados "Bras" e são representados como aparece a seguir:
⟨�∣
Segundo princípio: Medida de grandezas físicas
o a) Para toda grandeza física A é associado um operador linear autoadjunto Â
pertencente a A: Â é o observável (autovalor do operador) representando a
grandeza A.
|�′⟩=|��⟩/‖��‖2
Terceiro princípio: Evolução do sistema
Seja |�(�)⟩ o estado de um sistema ao instante t. Se o sistema não é submetido a
nenhuma observação, sua evolução, ao longo do tempo, é regida pela equação de Schrödinger:
�ℏ���|�(�)⟩=�^|�(�)⟩
Em estados ligados, como o elétron girando ao redor do núcleo de um átomo, a energia não
se troca de modo contínuo, mas sim de modo discreto (descontínuo), em transições cujas
energias podem ou não ser iguais umas às outras. A ideia de que estados ligados têm níveis
de energias discretos é devida a Max Planck.
O fato de ser impossível atribuir ao mesmo tempo uma posição e um momento exatos a
uma partícula, renunciando-se assim ao conceito de trajetória, vital em mecânica clássica.
Em vez de trajetória, o movimento de partículas em mecânica quântica é descrito por meio
de uma função de onda, que é uma função da posição da partícula e do tempo. A função de
onda é interpretada por Max Born como uma medida da probabilidade de se encontrar a
partícula em determinada posição e em determinado tempo. Esta interpretação é a mais
aceita pelos físicos hoje, no conjunto de atribuições da Mecânica Quântica regulamentados
pela Escola de Copenhaga. Para descrever a dinâmica de um sistema quântico deve-se,
portanto, achar sua função de onda, e para este efeito usam-se as equações de movimento,
propostas por Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger independentemente.
Apesar de ter sua estrutura formal basicamente pronta desde a década de 1930, a interpretação da
Mecânica Quântica foi objeto de estudos por várias décadas. O principal é o problema da medição
em Mecânica Quântica e sua relação com a não-localidade e causalidade. Já em 1935, Einstein,
Podolski e Rosen publicaram seu Gedankenexperiment (paradoxo EPR), mostrando uma aparente
contradição entre localidade e o processo de medida em mecânica quântica. Nos anos 60 J. S. Bell
publicou uma série de relações que seriam respeitadas caso a localidade — ou pelo menos como a
entendemos classicamente — ainda persistisse em sistemas quânticos. Tais condições são chamadas
desigualdades de Bell e foram testadas experimentalmente por Alain Aspect, P. Grangier, Jean
Dalibard em favor da mecânica quântica. Como seria de se esperar, tal interpretação ainda causa
desconforto entre vários físicos, mas a grande parte da comunidade aceita que estados
correlacionados podem violar causalidade desta forma.
Tal revisão radical do nosso conceito de realidade foi fundamentada em explicações teóricas
brilhantes para resultados experimentais que não podiam ser descritos pela teoria clássica, e que
incluem:
Espectro de radiação do corpo negro, resolvido por Max Planck com a proposição da
quantização da energia.
Explicação do experimento da dupla fenda, no qual eléctrons produzem um padrão de
interferência condizente com o comportamento ondular.
Explicação por Albert Einstein do efeito fotoelétrico descoberto por Heinrich Hertz, onde
propõe que a luz também se propaga em quanta (pacotes de energia definida), os chamados
fótons.
O Efeito Compton, no qual se propõe que os fótons podem se comportar como partículas,
quando sua energia for grande o bastante.
A questão do calor específico de sólidos sob baixas temperaturas, cuja discrepância foi
explicada pelas teorias de Einstein e de Debye, baseadas na equipartição de energia segundo
a interpretação quantizada de Planck.
A absorção ressonante e discreta de energia por gases, provada no experimento de Franck-
Hertz quando submetidos a certos valores de diferença de potencial elétrico.
A explicação da estabilidade atômica e da natureza discreta das raias espectrais, graças ao
modelo do átomo de Bohr, que postulava a quantização dos níveis de energia do átomo.
O desenvolvimento formal da teoria foi obra de esforços conjuntos de muitos físicos e matemáticos
da época como Erwin Schrödinger, Werner Heisenberg, Einstein, P.A.M. Dirac, Niels Bohr e John von
Neumann, entre outros (de uma longa lista).
Formalismos
Há várias interpretações da mecânica quântica, como uma tentativa de responder a questão: Sobre
o que trata exatamente a mecânica quântica? Dentre elas, destacam-se:
Interpretação de Copenhaga;
Interpretação de Bohm;
Interpretação de muitos mundos;
Histórias consistentes;
Consciência causa colapso (interpretação de von Neumann-Wigner);
Teorias de colapso objetivo - inclui Teoria de Ghirardi-Rimini-Weber e interpretação de
Penrose;
Abordagens da informação quântica - ontologias de informação, que já foram descritas
como um reavivamento do imaterialismo; e interpretações em que a mecânica quântica é
dita como descrevendo o conhecimento do observador em relação ao mundo, ao invés do
mundo em si, que são consideradas similares ao instrumentalismo;[9]
Lógica quântica;
Interpretação transacional;
Interpretação conjunta;
Interpretação estocástica.
Interações com outras teorias científicas
As regras da mecânica quântica são fundamentais. Eles afirmam que o espaço de estado de um
sistema é um espaço de Hilbert (crucialmente, que o espaço tem um produto interno) e que os
observáveis do sistema são operadores hermitianos que atuam em vetores naquele espaço - embora
não nos digam qual espaço de Hilbert ou quais operadores. Estes podem ser escolhidos
apropriadamente para obter uma descrição quantitativa de um sistema quântico. Um guia
importante para fazer essas escolhas é o princípio da correspondência, que afirma que as previsões
da mecânica quântica se reduzem às da mecânica clássica quando um sistema se move para energias
mais altas ou, equivalentemente, para números quânticos maiores, ou seja, enquanto uma única
partícula exibe um grau de aleatoriedade, em sistemas que incorporam milhões de partículas, a
média assume o controle e, no alto limite de energia, a probabilidade estatística de comportamento
aleatório se aproxima de zero. Em outras palavras, a mecânica clássica é simplesmente uma
mecânica quântica de grandes sistemas. Esse limite de "alta energia" é conhecido como limite
clássico ou de correspondência. Pode-se até começar a partir de um modelo clássico estabelecido de
um sistema específico e tentar adivinhar o modelo quântico subjacente que daria origem ao modelo
clássico no limite de correspondência.
Quando a mecânica quântica foi originalmente formulada, ela foi aplicada a modelos cujo limite de
correspondência era a mecânica clássica não relativista. Por exemplo, o modelo bem conhecido do
oscilador harmônico quântico usa uma expressão explicitamente não relativística para a energia
cinética do oscilador e, portanto, é uma versão quântica do oscilador harmônico clássico.
Também foram desenvolvidas teorias quânticas de campo para a força nuclear forte e a força
nuclear fraca. A teoria quântica de campos da força nuclear forte é chamada cromodinâmica
quântica e descreve as interações de partículas subnucleares, como quarks e glúons. A força nuclear
fraca e a força eletromagnética foram unificadas, em suas formas quantizadas, em uma única teoria
quântica de campos (conhecida como teoria eletrofraca), pelos físicos Abdus Salam, Sheldon
Glashow e Steven Weinberg. Esses três homens compartilharam o Prêmio Nobel de Física em 1979
por este trabalho.[1]
Provou-se difícil construir modelos quânticos da gravidade, a força fundamental restante. As
aproximações semiclássicas são viáveis e levaram a previsões como a radiação Hawking. No entanto,
a formulação de uma teoria completa da gravidade quântica é dificultada por aparentes
incompatibilidades entre a relatividade geral (a teoria da gravidade mais precisa atualmente
conhecida) e algumas das suposições fundamentais da teoria quântica. A resolução dessas
incompatibilidades é uma área de pesquisa ativa, e teorias como a teoria das cordas estão entre os
possíveis candidatos a uma futura teoria da gravidade quântica.
A mecânica clássica também foi estendida para o domínio complexo, com a mecânica clássica
complexa exibindo comportamentos semelhantes à mecânica quântica.[10]
A coerência quântica é uma diferença essencial entre as teorias clássica e quântica, conforme
ilustrado pelo paradoxo de Einstein–Podolsky–Rosen (EPR) – um ataque a uma certa interpretação
filosófica da mecânica quântica por um apelo ao realismo local.[14] A interferência quântica envolve a
soma de amplitudes de probabilidade, enquanto as "ondas" clássicas inferem que há uma soma de
intensidades. Para corpos microscópicos, a extensão do sistema é muito menor que o comprimento
de coerência, o que dá origem a entrelaçamento de longo alcance e outros fenômenos não locais
característicos dos sistemas quânticos.[15] A coerência quântica não é tipicamente evidente em
escalas macroscópicas, embora uma exceção a essa regra possa ocorrer em temperaturas
extremamente baixas (isto é, se aproximando do zero absoluto) nas quais o comportamento
quântico pode se manifestar macroscopicamente.[16] Isso está de acordo com as seguintes
observações:
Uma grande diferença entre a mecânica clássica e a quântica é que elas usam descrições cinemáticas
muito diferentes.[19]
Na visão madura de Niels Bohr, é necessário que os fenômenos da mecânica quântica sejam
experimentos, com descrições completas de todos os dispositivos do sistema, preparativos,
intermediários e finalmente medidos. As descrições são em termos macroscópicos, expressas em
linguagem comum, complementadas com os conceitos da mecânica clássica.[20][21][22][23] A condição
inicial e a condição final do sistema são descritas respectivamente por valores em um espaço de
configuração, por exemplo, um espaço de posição ou algum espaço equivalente, como um espaço
de momento. A mecânica quântica não admite uma descrição completamente precisa, em termos
de posição e momento, de uma condição inicial ou "estado" (no sentido clássico da palavra) que
apoiaria uma previsão causal e precisamente determinística de uma condição final.[24][25] Nesse
sentido, defendido por Bohr em seus escritos maduros, um fenômeno quântico é um processo, uma
passagem da condição inicial para a condição final, não um "estado" instantâneo no sentido clássico
dessa palavra.[26][27] Portanto, existem dois tipos de processos na mecânica quântica: estacionário e de
transição. Para um processo estacionário, as condições inicial e final são as mesmas. Para uma
transição, eles são diferentes. Obviamente, por definição, se apenas a condição inicial for fornecida,
o processo não será determinado.[24] Dada sua condição inicial, a previsão de sua condição final é
possível, causalmente, mas apenas probabilisticamente, porque a equação de Schrödinger é
determinística para a evolução da função de onda, mas a função de onda descreve o sistema apenas
probabilisticamente.[28][29]
Para muitos experimentos, é possível pensar nas condições iniciais e finais do sistema como uma
partícula. Em alguns casos, parece que existem potencialmente várias vias ou trajetórias
espacialmente distintas pelas quais uma partícula pode passar da condição inicial para a condição
final. É uma característica importante da descrição cinemática quântica que ela não permite uma
declaração definida única de qual dessas vias é realmente seguida. Somente as condições inicial e
final são definidas e, conforme declarado no parágrafo anterior, são definidas apenas com a precisão
permitida pela descrição do espaço de configuração ou seu equivalente. Em todos os casos em que é
necessária uma descrição cinemática quântica, há sempre uma razão convincente para essa restrição
de precisão cinemática. Um exemplo de tal razão é que, para que uma partícula seja encontrada
experimentalmente em uma posição definida, ela deve ser mantida imóvel; para que seja
experimentalmente encontrada um momento definido, ele deve ter movimento livre; esses dois são
logicamente incompatíveis.[30][31]
A cinemática clássica não exige primariamente descrição experimental de seus fenômenos. Permite
uma descrição completamente precisa de um estado instantâneo por um valor no espaço de fase, o
produto cartesiano de espaços de configuração e momento. Esta descrição simplesmente assume ou
imagina um estado como uma entidade fisicamente existente, sem se preocupar com sua
mensurabilidade experimental. Essa descrição de uma condição inicial, juntamente com as leis do
movimento de Newton, permite uma previsão determinística e causal precisa de uma condição final,
com uma trajetória definida de passagem. A dinâmica hamiltoniana pode ser usada para isso. A
cinemática clássica também permite a descrição de um processo análogo à descrição inicial e final da
condição usada pela mecânica quântica. A mecânica lagrangiana se aplica a isso.[32] Para processos
que precisam levar em consideração as ações de um pequeno número de constantes de Planck, a
cinemática clássica não é adequada; mecânica quântica é necessária.
Relatividade geral e mecânica quântica
A gravidade é insignificante em muitas áreas da física de partículas, de modo que a unificação entre
a relatividade geral e a mecânica quântica não é uma questão urgente nessas aplicações
particulares. No entanto, a falta de uma teoria correta da gravidade quântica é uma questão
importante na cosmologia física e na busca pelos físicos de uma elegante "Teoria de Tudo".
Consequentemente, resolver as inconsistências entre as duas teorias tem sido um dos principais
objetivos da física dos séculos XX e XXI. Muitos físicos de destaque, incluindo Stephen Hawking,
trabalharam há muitos anos na tentativa de descobrir uma teoria subjacente a tudo. Esta Teoria de
Tudo combinaria não apenas os diferentes modelos da física subatômica, mas também derivaria as
quatro forças fundamentais da natureza – força forte, eletromagnetismo, força fraca e gravidade –
de uma única força ou fenômeno. Enquanto Stephen Hawking acreditava inicialmente na Teoria de
Tudo, depois de considerar o Teorema da Incompletude de Gödel, ele concluiu que uma não é
obtenível e o declarou publicamente em sua palestra "Gödel e o Fim da Física" (2002). [34]
A busca para unificar as forças fundamentais através da mecânica quântica ainda está em
andamento. A eletrodinâmica quântica (ou "eletromagnetismo quântico"), que atualmente é (pelo
menos no regime perturbativo) a teoria física mais precisamente testada em competição com a
relatividade geral,[35][36] foi combinada com sucesso com a força nuclear fraca na força eletrofraca
atualmente, e atualmente está sendo feito um trabalho para mesclar as forças forte e eletrofraca à
força eletroforte. As previsões atuais afirmam que, por volta de 1014 GeV, as três forças mencionadas
acima são fundidas em um único campo unificado.[37] Além dessa "grande unificação", especula-se
que seja possível mesclar a gravidade com as outras três simetrias de gauge, que devem ocorrer em
aproximadamente 1019 GeV. Contudo – e enquanto a relatividade especial é parcimoniosamente
incorporada na eletrodinâmica quântica – a relatividade geral expandida, atualmente a melhor
teoria que descreve a força da gravitação, não foi totalmente incorporada à teoria quântica. Um dos
que procuram uma Teoria de Tudo coerente é Edward Witten, um físico teórico que formulou a
teoria M, que é uma tentativa de descrever a teoria das cordas baseada em supersimetria. A teoria
M postula que nosso espaço-tempo 4-dimensional aparente é, na realidade, um espaço-tempo 11-
dimensional contendo 10 dimensões espaciais e 1 dimensão temporal, embora 7 das dimensões
espaciais sejam – em energias mais baixas –completamente "compactadas" (ou infinitamente
curvas) e não são facilmente passíveis de medição ou sondagem.
Outra teoria popular é a gravidade quântica em loop (LQG), uma teoria proposta pela primeira vez
por Carlo Rovelli que descreve as propriedades do quantum de gravidade. É também uma teoria do
espaço quântico e do tempo quântico, porque na relatividade geral a geometria do espaço-tempo é
uma manifestação da gravidade. A LQG é uma tentativa de mesclar e adaptar a mecânica quântica
padrão e a relatividade geral padrão. A principal saída da teoria é uma imagem física do espaço onde
o espaço é granular. A granularidade é uma conseqüência direta da quantização. Tem a mesma
natureza da granularidade dos fótons na teoria quântica do eletromagnetismo ou nos níveis
discretos da energia dos átomos. Mas aqui é o próprio espaço que é discreto. Mais precisamente, o
espaço pode ser visto como uma malha ou rede extremamente fina "tecida" de laços finitos. Essas
redes de loops são chamadas de redes de rotação. A evolução de uma rede de spin ao longo do
tempo é chamada de espuma de spin. O tamanho previsto dessa estrutura é o comprimento de
Planck, que é aproximadamente 1.616×10-35 m. Segundo a teoria, não há significado para um
comprimento menor que esse (cf. Energia de escala de Planck). Portanto, a LQG prevê que não
apenas a matéria, mas também o próprio espaço, possui uma estrutura atômica.
Implicações filosóficas
Albert Einstein, ele próprio um dos fundadores da teoria quântica, não aceitou algumas das
interpretações mais filosóficas ou metafísicas da mecânica quântica, como a rejeição ao
determinismo e à causalidade. Ele é citado por dizer que, em resposta a esse aspecto, "Deus não
brinca com dados".[40] Ele rejeitou o conceito de que o estado de um sistema físico depende do
arranjo experimental para sua medição. Ele sustentou que um estado de natureza ocorre por si só,
independentemente de como ou possa ser observado. Nessa visão, ele é apoiado pela definição
atualmente aceita de um estado quântico, que permanece invariável sob a escolha arbitrária do
espaço de configuração para sua representação, ou seja, o modo de observação. Ele também
sustentou que subjacente à mecânica quântica deveria haver uma teoria que expresse completa e
diretamente a regra contra a ação à distância; em outras palavras, ele insistiu no princípio da
localidade. Ele considerou, mas rejeitou por razões teóricas, uma proposta específica de variáveis
ocultas para evitar o indeterminismo ou a causalidade da medição da mecânica quântica. Ele
considerou que a mecânica quântica era atualmente uma teoria válida, mas não permanentemente
definitiva, para os fenômenos quânticos. Ele achava que sua substituição futura exigiria avanços
conceituais profundos e não ocorreria com rapidez ou facilidade. Os debates Bohr-Einstein fornecem
uma crítica vibrante da interpretação de Copenhague a partir de uma epistemológica ponto de vista.
Ao defender suas opiniões, ele produziu uma série de objeções, a mais famosa das quais ficou
conhecida como o paradoxo de Einstein-Podolsky-Rosen.
John Bell mostrou que esse paradoxo EPR levou a diferenças experimentalmente testáveis entre a
mecânica quântica e as teorias que dependem de variáveis ocultas adicionadas. Experimentos foram
realizados confirmando a precisão da mecânica quântica, demonstrando assim que a mecânica
quântica não pode ser melhorada pela adição de variáveis ocultas.[41] As experiências iniciais de Alain
Aspect em 1982, e muitas experiências subsequentes desde então, verificaram definitivamente o
emaranhamento quântico. No início dos anos 80, experimentos mostraram que essas desigualdades
eram realmente violadas na prática – para que houvesse de fato correlações do tipo sugerido pela
mecânica quântica. A princípio, esses pareciam efeitos esotéricos isolados, mas em meados da
década de 90 eles estavam sendo codificados no campo da teoria da informação quântica e levaram
a construções com nomes como criptografia quântica e teletransporte quântico.[42]
A mecânica quântica teve um sucesso enorme[46] em explicar muitas das características do nosso
universo. A mecânica quântica é frequentemente a única teoria que pode revelar os
comportamentos individuais das partículas subatômicas que compõem todas as formas de matéria
(elétrons, prótons, nêutrons, fótons e outros). A mecânica quântica influenciou fortemente as
teorias de cordas, candidatas a uma teoria de tudo (ver reducionismo).
A mecânica quântica também é extremamente importante para entender como átomos individuais
são unidos por uma ligação covalente para formar moléculas. A aplicação da mecânica quântica à
química é conhecida como química quântica. A mecânica quântica também pode fornecer
informações quantitativas sobre os processos de ligação iônica e covalente, mostrando
explicitamente quais moléculas são energeticamente favoráveis a quais outras e as magnitudes das
energias envolvidas.[47] Além disso, a maioria dos cálculos realizados na química computacional
moderna depende da mecânica quântica.
Em muitos aspectos, a tecnologia moderna opera em uma escala em que os efeitos quânticos são
significativos. Aplicações importantes da teoria quântica incluem química quântica, óptica quântica,
computação quântica, ímãs supercondutores, diodos emissores de luz, amplificador óptico e o laser,
os transistores e semicondutores, como o microprocessador, imagens médicas e de pesquisa, como
ressonância magnética e microscopia eletrônica.[48] Explicações para muitos fenômenos biológicos e
físicos estão enraizadas na natureza da ligação química, principalmente no DNA da macromolécula.[49]
Eletrônicos
Muitos dispositivos eletrônicos modernos são projetados usando a mecânica quântica. Exemplos
incluem o laser, o transistor (e, portanto, o microchip), o microscópio eletrônico e a ressonância
magnética. O estudo de semicondutores levou à invenção do diodo e do transistor, que são partes
indispensáveis dos modernos sistemas eletrônicos, computadores e dispositivos de
telecomunicações. Outra aplicação é para fabricar diodo laser e diodo emissor de luz, que são uma
fonte de luz de alta eficiência.
Muitos dispositivos eletrônicos operam sob efeito de tunelamento quântico. Ele existe até no
simples interruptor de luz. O interruptor não funcionaria se os elétrons não pudessem realizar um
túnel quântico através da camada de oxidação nas superfícies de contato do metal. Os chips de
memória flash encontrados nas unidades USB usam o tunelamento quântico para apagar suas
células de memória. Alguns dispositivos de resistência diferencial negativa também utilizam o efeito
de tunelamento quântico, como o diodo de tunelamento ressonante. Ao contrário dos diodos
clássicos, sua corrente é transportada por tunelamento ressonante através de duas ou mais
barreiras de potencial. Seu comportamento de resistência negativa só pode ser entendido com a
mecânica quântica: à medida que o estado confinado se aproxima do nível de Fermi, a corrente do
túnel aumenta. À medida que se afasta, a corrente diminui. A mecânica quântica é necessária para
entender e projetar esses dispositivos eletrônicos.
Criptografia
Computação quântica
Outro tópico ativo de pesquisa é o teletransporte quântico, que trata de técnicas para transmitir
informações quânticas em distâncias arbitrárias.
Embora a mecânica quântica se aplique principalmente aos regimes atômicos menores de matéria e
energia, alguns sistemas exibem efeitos da mecânica quântica em larga escala. Superfluidez, o fluxo
sem fricção de um líquido a temperaturas próximas de zero absoluto, é um exemplo bem conhecido.
O mesmo ocorre com o fenômeno intimamente relacionado da supercondutividade, o fluxo sem
atrito de um gás de elétrons em um material condutor (corrente elétrica) a temperaturas
suficientemente baixas. O efeito Hall quântico fracionário é um estado ordenado topológico que
corresponde a padrões de entrelaçamento quântico de longo alcance.[52] Estados com ordens
topológicas diferentes (ou padrões diferentes de entrelaçamento de longo alcance) não podem
mudar entre si sem uma transição de fase.
Teoria quântica
A teoria quântica também fornece descrições precisas para muitos fenômenos inexplicáveis, como a
radiação de corpo negro e a estabilidade dos orbitais dos elétrons nos átomos. Ela também forneceu
informações sobre o funcionamento de muitos sistemas biológicos diferentes (ver biologia
quântica), incluindo receptores de cheiro e estruturas de proteínas.[53] Trabalhos recentes sobre
fotossíntese forneceram evidências de que as correlações quânticas desempenham um papel
essencial nesse processo fundamental das plantas e de muitos outros organismos.[54] Mesmo assim, a
física clássica geralmente pode fornecer boas aproximações aos resultados obtidos de outra forma
pela física quântica, normalmente em circunstâncias com grande número de partículas ou grande
número quântico. Como as fórmulas clássicas são muito mais simples e fáceis de calcular que as
fórmulas quânticas, as aproximações clássicas são usadas e preferidas quando o sistema é grande o
suficiente para tornar insignificantes os efeitos da mecânica quântica.
Ver também
Introdução à mecânica quântica
Teoria quântica de campos
Vácuo quântico
Efeito túnel
Interpretações da mecânica quântica
Computador quântico
Academia Internacional de Ciências Moleculares Quânticas
História da mecânica quântica
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48. ↑ Ver, por exemplo, as Feynman Lectures on Physics para algumas das aplicações tecnológicas que usam
mecânica quântica, por exemplo, transistores (vol III, pp. 14–11 e seguintes), circuitos integrados, que são a
tecnologia subsequente na física de estado sólido (vol. II, pp. 8–6) e lasers (vol III, pp. 9–13).
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53. ↑ «Applications of Quantum Computing». research.ibm.com
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Créditos: Wikipedia