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Guia Básico

Ilustrado da
Avaliação da
Eficiência de Sistema
Separador Areia,
Água e Óleo (SAAO)
O que você vai encontrar nesse guia?

Tendo em vista a escassez de material nessa área,


elaboramos esse guia com objetivo de reunir
informações úteis para o dimensionamento e
execução de dispositivos de tratamento de efluentes
oleosos que podem ser utilizados para atender
postos de combustível, oficinas, lava jatos e diversos
empreendimentos que geram efluentes oleosos.

Esperamos que esse eBook realmente seja um


guia para sua jornada!

1
Sobre os
autores

Eng. Osmair Simões


Engenheiro Sanitarista e Ambiental
Acredita no ensino a partir de
exemplos práticos, de forma clara e
objetiva.
Idealizador da Academia da
Engenharia.

@a.academiadaengenharia

2
Sobre os
autores
Dr. Eng. Guilherme H. Cavazzana
Doutor em Saneamento
Ambiental e Recurso Hídricos e
Engenheiro Ambiental.
Atualmente professor na
Universidade Católica Dom Bosco
e sócio-proprietário da Cavazzana
Engenharia e Arquitetura.

3
Sobre os
autores
Mariane Martins Zem
Acadêmica de Engenharia
Sanitária e Ambiental na
Universidade Católica Dom Bosco.
Parceira da Academia da
Engenharia.

@a.academiadaengenharia

4
A gente ainda vai bem longe, depois de
estar cansado. (JORDÃO e PESSOA, 2014)

5
Prefácio

Fiz esse guia com o intuito de mostrar de maneira prática e


objetiva a realidade do dimensionamento dos dispositivos que
compõem um sistema de tratamento de efluentes oleosos.

Aqui você vai entrar em contato com um conteúdo em um


nível de detalhe que você provavelmente não teve na sua
formação acadêmica. Conhecimento realmente prático.

O objetivo aqui é que você saia confiante!

Eng. Osmair Simões


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Sumário

Conceitos Básicos.................................................................9
Caixa SAAO............................................................................10
Avaliação da Eficiência.......................................................25

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Tratamento de Efluentes
Oleosos

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CONCEITOS BÁSICOS
São diversas as atividades antrópicas que geram efluentes contaminados com
óleos e graxas tais como postos de combustível, lava jatos, concessionárias
automobilísticas e qualquer atividade dotada de setor de abastecimento.

A atenção ao efluente oleoso se deve a toxicidade ao homem e ao meio


ambiente além de possuir um tratamento complexo para sua biodegradação.
Portanto, essa substância nunca deve ser destinada para corpos hídricos ou
mesmo para galerias de esgoto sem prévio tratamento.

Dessa forma, se faz necessária a implantação de dispositivos capazes de


promover a separação da água e óleo, comumente chamados de caixa
separadora de areia, água e óleo ou Caixa SAAO (ou SAO, dependendo do
autor, então não estranhem pois ambas as siglas são validas).

Esse sistema tem como principal função a retenção dos resíduos oleosos e
dos sólidos (flutuantes e sedimentáveis) contaminados, enquanto a água é
destinada para a rede ou reutilizada no sistema, como água de reuso.
9
Caixa SAAO

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FUNCIONAMENTO
No mercado existem diversos modelos, com diferentes geometrias, além dos
dispositivos construídos em alvenaria, mas para facilitar o entendimento
podemos afirmar que o funcionamento de um sistema SAAO se dá por meio
físico e caracterizá-lo da seguinte maneira:

Compartimento para retenção de sólidos: ao entrar no sistema SAAO o


efluente sofre a primeira separação que é a dos sólidos grosseiros, como
areia e terra;

Compartimento para retenção de óleo: a segunda etapa é a retenção da


camada oleosa, considerando que o óleo, por ser menos denso que a água,
tende a formar uma camada sobrenadante, permitindo a sua separação - esta
etapa pode acontecer em uma ou mais caixas;

Compartimento de Coleta de Óleo: câmara que recebe o óleo separado água;

Compartimento de inspeção: câmara que permite visibilidade e coleta do


efluente já tratado, permitindo o monitoramento da eficiência do tratamento.

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FUNCIONAMENTO
Placa Coalescente para SAAO: enchimento de plástico com função de
aumentar o tempo do efluente no interior do equipamento, favorecendo a
captura e aglutinação de gotas menores, formando gotas maiores, com maior
velocidade de ascensão, acelerando assim a separação dos elementos água e
óleo e por consequência a descontaminação.

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FUNCIONAMENTO
Abaixo um exemplo que ilustra o funcionamento de um sistema separador
pré-fabricado da marca TecnoPuro. Importante destacar que diferentes
marcas possuem diferentes funcionamento, por isso sempre consulte o
manual do fabricante*.
Separação da fração oleosa

Compartimento
Entrada
de retenção do
óleo

Retenção de sólidos
grosseiros Saída

Elementos *Desconfie se o
coalscentes fabricante não tiver
manual de
instalação,
operação e limpeza.
Fonte: TecnoPuro
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EXECUÇÃO
O sistema de separação de água e óleo, pode ser construído em alvenaria ou
pré-fabricado (PEAD, PRFV) devendo ser dimensionado por profissional
habilitado.

No caso da opção pelo sistema de alvenaria, deve-se ter atenção redobrada


ao processo de impermeabilização das paredes, além das seguintes
recomendações adequadas para ambos os sistemas:
Possuir tampa de acesso resistente ao tráfego de automóveis e
caminhões;
Ser dotado de tampa cega que evite a entrada de águas pluviais;
Ser estruturado ou ser instalado dentro de estrutura especificada pelo
fabricante para suportar os esforços provenientes do tráfego de veículos
e movimentações do solo do entorno, no caso de sistema pré-fabricado.

Para uma melhor eficiência do tratamento podem ser adicionadas placas


coalescentes no compartimento de retenção do óleo que são comercializadas
em tamanho padrão mas que podem ser cortadas para atender o sistema
construído em alvenaria.
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SAAO PRÉ-FABRICADO
Tubulação de
Elementos
coleta da
colescentes
camada oleosa

15 Fonte: Catálogo Bakof


SAAO DE ALVENARIA

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POSIÇÃO DA TUBULAÇÃO
DE ENTRADA
A tubulação de entrada deve ser posicionada de
maneira a favorecer a distribuição do efluente por
toda a caixa, uma alternativa é a instalação de uma
tubulação em TÊ na posição horizontal, como na
foto ao lado do modelo da Bakof. Ainda recomendo a
instalação de prolongadores de ambos os lados do
TÊ, visando garantir ainda melhor distribuição do
efluente.

Outra alternativa para impedir que o efluente vá


rapidamente para o próximo compartimento é a
adição de um joelho voltado para baixo seguido por
um tubo prolongador, como na imagem ao lado
adaptada do catálogo da TecnoPuro.

Obs.: Essas dicas podem ser adotadas tanto em sistemas pré fabricados
como em sistemas de alvenaria.
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POSIÇÃO DA TUBULAÇÃO
DE SAÍDA E SKIMMERS
Na tubulação deve-se instalar uma tubulação em Tê
também, mas essa deve ser mantida sempre na
vertical, de maneira a "barrar" qualquer resquício de
óleo que passe para o último compartimento.

Skimmer ou tubulação de coleta de óleo é o


dispositivo destinado a recolher a camada de óleo
que se forma por cima da água. A seguir uma
imagem que ilustra seu funcionamento.
Skimmer
Os skimmers nunca devem trabalhar Camada de óleo
afogados (submersos), se não irão sobrenadante

coletar grande quantidade de água,


enchendo o compartimento de coleta
antes da hora, acarretando em
transbordamentos, além de antecipar
Nível de
os gastos com a coleta do óleo.
água
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DICA DA AAE
Como a vazão afluente a caixa separadora pode variar durante o dia, fazendo
com que o nível de água (e por consequência do óleo ) varie, uma sacada
para não precisar rotacionar os skimmers a todo instante é a instalação de
um registro na tubulação de saída. Assim é possível drenar a camada
sobrenadante de óleo apenas quando ela estiver na altura correta. O
exemplo abaixo foi retirado do catálogo da HidrusBrasil.

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PARA FICAR DE OLHO
Posição do
Skimmer
Saída

Placas
de óleo

Com a dicas que eu te dei até aqui você já consegue observar uma série de medidas
que podem ser tomadas para melhorar o funcionamento de um sistema SAAO. Olhe
na foto acima: i) Skimmer mal posicionado que não drenada nada; ii) formação de
grandes placas de óleo (inclusive no último compartimento) indicando falta de
acompanhamento; iii) saída com tubo a flor d'água, conduzindo placas de óleo para a
destinação final.
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DICA DA AAE
Posição do
Skimmer
Saída

Placas
de óleo

Para os problemas identificados na imagem acima eu indico as seguintes soluções: i)


coreto posicionamento do skimmer para coleta da camada sobrenadante de óleo
contaminado; ii) intensificação da inspeção do sistema por funcionários da empresa
para remoção manual das placas de óleo que por ventura não tenham sido coletadas
pelo skimmer; iii) instalação de peça em "TÊ" com prolongador, com objetivo de
barrar a saída de material oleoso.
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LIMPEZA
Com objetivo de manter a eficiência do sistema deve-se adotar a rotina de
inspeção semanal e após eventos críticos (entradas de grande vazão e chuvas
fortes), realizando a limpeza sempre que se observar grande acúmulo de
resíduos oleosos (camada sobrenadante e/ou sólidos).

As partículas de óleo mais finas que por ventura não forem coletadas pelos
skimmers e formarem uma película oleosa no último compartimento
poderão ser coletadas manualmente com a utilização de pás ou peneiras
finas, desde que sejam acondicionadas corretamente e posteriormente
coletados por empresa devidamente habilitadas para tal finalidade.

Caso seja necessário o esgotamento da caixa deverá ser realizado por


empresa habilitada ou caso seja feito por funcionários do empreendimento,
deve ser armazenado em recipiente adequado (tambores ou bombonas por
exemplo) para receber destinação correta.

Lembre-se de interromper a geração de efluente e começar o esvaziamento


do sistema a partir do compartimento de entrada, seguido pelos demais.
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LIMPEZA
A lavagem das placas coalescentes deve ser feita sobre o equipamento ou em
local dotado de piso impermeável, cercado de canaletas, a fim de coletar o
efluente da lavagem. Deve-se evitar a aplicação de jato de pressão muito
próximos, visando preservar a integridade das placas.

Deve-se evitar a utilização de detergentes na lavagem das placas, paredes,


fundo, e tubos, pois estes dificultam a posterior adesão de partículas oleosas
às partes integrantes do sistema, dificultando o processo de separação.
Após a limpeza, o sistema precisa estar cheio de água para que possa
começar a receber efluentes novamente.

DICA DA AAE
Em empreendimentos localizados na zona rural ou empresas que trabalham
com lavagem de veículos de grande porte (caminhões e ônibus) recomenda-
se uma caixa desarenadora como pré tratamento visando reter a grande
quantidade de sólidos provenientes da atividade.
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Anotações

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Avaliação da Eficiência

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COMO AVALIAR

A avaliação da eficiência do sistema deve ser feita de forma visual pelo


operador, através de vistoria periódica, visando observar o funcionamento e a
retenção de resíduos oleosos. Além disso, deve-se fazer a coleta de amostras
do efluente tratado para análise laboratorial.

Recomenda-se a periodicidade semestral de coleta, com análise dos


seguintes parâmetros: pH, BTEX, PAH, Óleos e Graxas e Sólidos
Sedimentáveis.

Além disso deve-se considerar a destinação final (sistema público de coleta


de esgoto, sumidouro ou corpo hídrico) para escolha da legislação pertinente
para comparação dos resultados obtidos.

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PONTOS DE COLETA
Considerando que o objetivo é a coleta de amostra do efluente tratado,
são mostrados alguns exemplos de coleta a seguir em diferentes pontos
(por ordem de recomendação):
1. Exemplo de coleta de efluente na caixa de inspeção
(CI) imediatamente após passagem pela caixa SAAO
seguida por filtro de carvão ativado.
CI
Filtro

SAAO

2. Exemplo de coleta de efluente na caixa de inspeção


CI
(CI) imediatamente após passagem pela caixa SAAO
sem filtro de carvão ativado. SAAO

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PONTOS DE COLETA
Considerando que o objetivo é a coleta de amostra do efluente tratado
deve-se considerar a tentativa de coleta nos seguintes pontos (por ordem
de recomendação):
3. Caso após a saída
do sistema ocorra
mistura de efluentes
Registro
na CI mais próxima, é
possível a instalação
de um registro para
coleta após saída da
caixa separadora.

4. Em último caso é possível a coleta diretamente no último compartimento do


dispositivo, entretanto essa prática não é recomendada, devido a possibilidade de
presença de elementos oleosos mais finos que por ventura tenham chegado até o
último compartimento, mas que não são encaminhados à destinação final, por
serem "barrados" pela presença do prolongador .

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Anotações

29
Somos aquilo que fazemos
repetidamente.

Por isso, o mérito não


está na ação eventual e
sim no hábito consistente.

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@A.ACADEMIADAENGENHARIA
Referências Bibliográficas
.NBR 14.605/2 - Armazenamento de líquidos inflamáveis e
combustíveis - Sistema de drenagem oelosa. Parte 2: projeto,
metodologia de dimensionamento de vazão, instalação operação e
manutenção para posto revendedor veicular. Rio de Janeiro, 2010.

CAMPO GRANDE. Plano Diretor de Drenagem Urbana de Campo


Grande - MS. Campo Grande: Planurb, 2015.

MINAS GERAIS. Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG.


Caixa Separadora de água/óleo - Dimensionamento Hidráulico.
Memorial de Cálculo. Belo Horizonte, 2004.

PORTO, R. M. Hidráulica Básica. 4.ed. São Carlos, SP: EESC USP, 2006.
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