Você está na página 1de 5

1

Pobreza menstrual: entendendo o problema e as propostas de ações


eficientes
A pobreza menstrual é um problema de saúde pública que afeta milhares de pessoas
que menstruam no Brasil e em todo o mundo. Trata-se da dificuldade ou impossibilidade
de acesso a produtos higiênicos adequados durante o período menstrual, assim como
à infraestrutura básica, como banheiros e água encanada.

Neste artigo, abordaremos as necessidades de pessoas que menstruam e as diferentes


formas de combater a pobreza menstrual no Brasil. Discutiremos as principais causas
do problema e as soluções possíveis, incluindo políticas públicas, iniciativas sociais e
opções sustentáveis de produtos menstruais.

Entendendo a pobreza menstrual

A pobreza menstrual atinge, em sua maioria, pessoas em situação de vulnerabilidade


social, como moradores de rua ou abrigos, população carcerária e indivíduos em
situação de pobreza em geral.

Essas pessoas, muitas vezes, precisam escolher entre comprar alimentos ou produtos
menstruais, o que agrava ainda mais a desigualdade social e a exclusão.

Soluções mais sustentáveis são acessíveis?

Uma possível solução para a pobreza menstrual seria a disponibilização de produtos


reutilizáveis, como coletores menstruais e absorventes de pano. No entanto, esses
produtos têm custo inicial mais elevado e exigem cuidados específicos, como acesso a
água limpa e sabão, o que pode não ser viável para muitas pessoas em situação de
pobreza menstrual.

Políticas públicas e iniciativas sociais

Para combater efetivamente a pobreza menstrual, são necessárias políticas públicas e


iniciativas sociais que garantam o acesso a produtos menstruais e saneamento
básico a todas as pessoas. Isso inclui a redução da carga tributária sobre absorventes,
classificá-los como produtos essenciais e fornecer itens gratuitos em escolas, abrigos e
presídios.

Um exemplo de política pública bem-sucedida existe na Escócia, que se tornou o


primeiro país do mundo a fornecer produtos menstruais gratuitos, em 2020.

A participação da sociedade civil é fundamental para ampliar o alcance dessas


iniciativas e conscientizar a população sobre a importância do tema. Portanto,
também é importante apoiar organizações não governamentais (ONGs) e projetos
sociais, como o Menstruação Sem Tabu e o Banco de Absorventes, que arrecadam e
distribuem produtos de higiene menstrual no Brasil.

Quebrando o tabu sobre menstruação

Para enfrentar a pobreza menstrual, é preciso também quebrar o tabu em torno


da menstruação. Conversar abertamente sobre o assunto e promover a educação
menstrual nas escolas e na sociedade em geral são ações fundamentais para eliminar
estigmas e garantir que todas as pessoas que menstruam compreendam seus direitos e
tenham acesso a informações sobre saúde e higiene.

A pobreza menstrual é um problema complexo que afeta a vida e a saúde de milhares de


pessoas no Brasil. Para combatê-lo, é necessário unir esforços de políticas públicas,
iniciativas sociais e conscientização da população.

Todos nós temos um papel a desempenhar na luta contra a pobreza menstrual. Seja
apoiando ONGs e projetos sociais, pressionando o governo a implementar políticas
públicas efetivas ou promovendo conversas abertas e educativas sobre menstruação,
podemos fazer a diferença na vida de pessoas que enfrentam esse desafio.

Juntos, podemos construir uma sociedade mais justa e igualitária, na qual todas as
pessoas que menstruam tenham acesso aos cuidados e à dignidade que merecem.

Fontes: BBC News (2020). Scotland becomes first country to make period products free, Unicef, Quindim, Educa
Mais Brasil

2
Dignidade menstrual: Programa de Proteção e Promoção da Saúde e
Dignidade Menstrual beneficiará 8 milhões de pessoas

Política prevê distribuição de absorventes e outras ações básicas relativas à


promoção da dignidade menstrual.
Publicado em 09/03/2023

Oferta gratuita de absorventes para pessoas de baixa renda, matriculadas


em escolas da rede pública, em situação de rua ou de vulnerabilidade
extrema e que estejam no sistema prisional ou socioeducativo. Parece uma
medida simplória, mas não. Hoje, milhares de pessoas que menstruam não
têm acesso a absorventes. São meninas que deixam de frequentar as aulas
por vergonha, mulheres que usam, quando muito, papel higiênico para conter
o fluxo.

É com foco nesse público em condição de vulnerabilidade social e com o


objetivo de combater a precariedade menstrual, identificada como a falta de
acesso a produtos de higiene e a outros itens necessários no período da
menstruação, é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, na última
quarta-feira (8), em cerimônia que celebrou o Dia Internacional das Mulheres,
decreto que cria o Programa de Proteção e Promoção da Dignidade
Menstrual. Cerca de 8 milhões de pessoas serão beneficiadas pela iniciativa
que prevê investimento de R$ 418 milhões por ano. A compra dos
absorventes que serão distribuídos pelo SUS será feita de forma centralizada
pelo Ministério da Saúde.

DIGNIDADE MENSTRUAL - Além da distribuição gratuita de absorventes


higiênicos, descartáveis e externos, o programa inclui outras ações básicas
relativas à promoção da dignidade menstrual. A Organização das Nações
Unidas (ONU), desde 2014, já reconheceu o direito à higiene menstrual como
uma questão de saúde pública e de direitos humanos.
Nesse sentido, o programa também tem por objetivo combater a falta de
acesso a produtos de higiene e a outros itens necessários no período da
menstruação ou a falta de recursos que possibilitem a sua aquisição, além
de garantir os cuidados básicos de saúde e desenvolver os meios para a
inclusão das pessoas que menstruam, em ações e programas de proteção à
saúde, promovendo, assim, a dignidade menstrual.

ATORES - O Ministério da Saúde, em articulação com os entes federativos,


será responsável por fortalecer, promover, prevenir e cuidar da saúde das
pessoas que menstruam e que se encontram em situação de precariedade
menstrual. Além disso, a pasta promoverá, em parceria com entidades
públicas e privadas, as medidas para o enfrentamento a essas
vulnerabilidades que possam comprometer o desenvolvimento pleno das
pessoas que menstruam em todo seu ciclo de vida.

Esse trabalho se dará por meio da promoção de ações de formação de


agentes públicos na área da saúde menstrual e ações de comunicação
quanto ao tema.
Caberá ao Ministério da Justiça e Segurança Pública promover as ações
destinadas às pessoas que se encontram em situação de privação de
liberdade e a formação dos agentes públicos do sistema prisional.

Fonte: Gov.com - *Com informações do Ministério da Saúde

3
Pobreza menstrual afeta 4 em cada 10 mulheres no Nordeste
Problema não é solucionado apenas com a distribuição de absorventes,
afirma especialista
28/07/22, 11h07 (atualizada em 06/06/23, 19h06)

O período menstrual exige uma série de cuidados mínimos para as mulheres.


Ter acesso a produtos adequados para higiene menstrual, um banheiro em
bom estado de conservação, à água e saneamento básico podem parecer
coisas comuns para a maioria das pessoas, mas infelizmente não é a
realidade.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e analisada pela Agência


Tatu mostra que, entre janeiro e fevereiro deste ano, 43% das mulheres da
região Nordeste já precisaram pedir absorventes ou dinheiro emprestado
porque não tinham condições financeiras para comprar os produtos.

O gasto com esses insumos pesa no orçamento de 45% das mulheres da


região, que declararam que precisam economizar com esses itens. Outro
resultado da pesquisa revela que 30% das meninas e mulheres da região já
tiveram que usar outros itens no lugar de produtos de higiene menstrual por
não possuírem condições financeiras para comprá-los. Papel higiênico é a
principal substituição.

Em uma análise do preço do absorvente descartável externo, que é o produto


mais utilizado pelas pessoas que menstruam no Nordeste (83%), o custo
mensal com esse item é em média R$ 16,56, de acordo com os preços do
Procon Maceió.

O valor pode parecer ínfimo, mas significativo para muitas famílias em


situação de vulnerabilidade social e que enfrentam a fome no Nordeste. Isso
explica por que 61% das nordestinas concordam que se produtos de higiene
menstrual fossem oferecidos gratuitamente trocariam com maior frequência,
e por que 74% das mulheres dessa região afirmam que a menstruação
atrapalha a rotina.

A pobreza menstrual é um fenômeno caracterizado principalmente pela falta


de acesso a produtos adequados para o cuidado da higiene menstrual, como
absorventes, além de papel higiênico e sabonete; questões estruturais como
a ausência de banheiros seguros e em bom estado de conservação;
saneamento básico; insuficiência ou incorreção nas informações sobre a
saúde menstrual; tabus e preconceitos sobre a menstruação, entre outros
pontos.

Fonte: https://www.agenciatatu.com.br/noticia/pobreza-menstrual-afeta-4-a-cada-10-mulheres-no-nordeste/

Você também pode gostar