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JESUS, O SACRIFÍCIO PERFEITO

SÁBADO, 19 FEVEREIRO

Leitura para o Estudo desta Semana: Hebreus 9:15; Génesis 15:6-21; Jeremias 34:8-
22; Efésios 3:14-19; Hebreus 7:27; Hebreus 10:10; Hebreus 9:22-28.

Verso Áureo: “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre os que estão sendo
santificados”(Hebreus 10:14, NAA).

A ideia de que um homem considerado culpado e que foi executado numa cruz devesse ser
adorado como Deus era ofensiva para a mentalidade antiga. As raras referências à cruz na
literatura romana mostram a sua aversão à ideia. Para os Judeus, a lei declarava que um homem
pendurado num madeiro era amaldiçoado por Deus (Deut. 21:23).

Por isso, os primeiros motivos que encontramos nas pinturas cristãs das catacumbas eram o
pavão (supostamente símbolo da eternidade), uma pomba, a palma de vitória do atleta e o peixe.
Mais tarde, apareceram outros temas: a arca de Noé; Abraão a sacrificar um carneiro em vez de
Isaque; Daniel na cova dos leões; Jonas a ser cuspido pelo peixe; um pastor a carregar um
cordeiro; ou pinturas de milagres, como a cura do paralítico e a ressurreição de Lázaro. Estes
eram símbolos de salvação, de vitória e de cuidado. A cruz, por outro lado, transmitia um
sentimento de derrota e de vergonha. No entanto, foi a cruz que se tornou no emblema do
Cristianismo. Na realidade, Paulo simplesmente chamava ao evangelho “a palavra da cruz” (I
Cor. 1:18).

Esta semana vamos olhar para a cruz tal como ela aparece no livro de Hebreus.

JESUS, O SACRIFÍCIO PERFEITO


SÁBADO, 19 FEVEREIRO

Foi a cruz, esse instrumento de vergonha e tortura, que trouxe esperança e salvação ao mundo.
Os discípulos eram homens humildes, sem dinheiro e sem outra arma senão a Palavra de Deus.
Entretanto, confiantes em Cristo, saíram para contar a maravilhosa história da manjedoura e da
cruz e para triunfar sobre toda a oposição. Sem honra ou reconhecimento terrestres, foram heróis
da fé. Dos seus lábios fluíam palavras de eloquência divina que abalaram o mundo. – Atos dos
Apóstolos, p. 55, ed. P. SerVir.

No tempo de Paulo a cruz era olhada com sentimentos de repulsa e horror. Exaltar como
Salvador da Humanidade Aquele que tinha morrido sobre a cruz poderia, naturalmente,
despertar ridículo e oposição. …
Mas para Paulo, a cruz era o único objeto de supremo interesse. Desde que tinha sido detido na
sua corrida em perseguição dos seguidores do crucificado Nazareno, jamais tinha deixado de se
gloriar na cruz. Nessa ocasião foi-lhe dada uma revelação do infinito amor de Deus, revelado na
morte de Cristo; e tinha-se dado, na sua vida, uma maravilhosa transformação, pondo em
harmonia com o Céu todos os seus planos e propósitos. Desde esse momento tinha-se tornado
num novo homem em Cristo. Sabia por experiência pessoal que, quando um pecador chega a
contemplar o amor do Pai, visível no sacrifício do Seu Filho, e se rende à influência divina, tem
lugar uma mudança de coração, e a partir daí Cristo é tudo em todos. – Atos dos Apóstolos, p.
176, ed. P. SerVir.

A cruz do Calvário apela-nos com poder, proporcionando uma razão pela qual devemos amar o
nosso Salvador e pela qual devemos fazer d’Ele o primeiro, o último e o melhor em tudo.
Devemos tomar o lugar que nos compete em penitência humilde aos pés da cruz. Aí, ao vermos
o nosso Salvador em agonia, o Filho de Deus a morrer, o justo pelos injustos, podemos aprender
lições de mansidão e humildade de espírito. Contemplem Aquele que, com uma palavra, podia
chamar legiões de anjos em Seu auxílio, sendo objeto de troça e riso, de insulto e ódio. Ele
entrega-Se como sacrifício pelo pecado. Ao ser insultado, não ameaça; ao ser acusado
falsamente, não abre a boca. Ele ora na cruz pelos Seus assassinos. Está a morrer por eles; está a
pagar um preço infinito por cada um deles. Suporta as consequências dos pecados do homem
sem qualquer murmuração. E essa vítima que não se queixa é o Filho de Deus. O Seu trono é
desde a eternidade, e o Seu reino não terá fim. – Exaltai-O (Meditações Matinais, 1998), p. 225,
ed. P. Atlântico.

POR QUE ERAM NECESSÁRIOS SACRIFÍCIOS?


DOMINGO, 20 FEVEREIRO

Por que eram Necessários Sacrifícios?

Hebreus 9:15 (ARC) explica que a morte de Jesus como sacrifício tinha o propósito de
providenciar “remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento”, para que o
povo de Deus pudesse receber “a promessa da herança eterna”.

No antigo Próximo Oriente, um concerto entre duas pessoas ou nações era um assunto sério.
Envolvia a troca de promessas sob juramento. Implicava a noção de que os deuses puniriam
aqueles que quebrassem o juramento. Com frequência, esses concertos eram ratificados através
do sacrifício de um animal.

Por exemplo, quando Deus fez um concerto com Abraão, a cerimónia envolveu cortar animais
ao meio (Gén. 15:6-21). As partes passariam entre as metades como reconhecimento de que
esses animais representavam o destino da parte que quebrasse o concerto. Significativamente, só
Deus passou entre as metades dos animais, com o objetivo de comunicar a Abraão que não iria
quebrar a Sua promessa.

Compare Génesis 15:6-21 e Jeremias 34:8-22. O que nos ensinam estes textos acerca do
concerto?
A aliança com Deus deu a Israel acesso à Terra Prometida como sua herança. Contudo, envolvia
um conjunto de mandamentos e a aspersão de sangue sobre um altar. Esta aspersão implicava o
destino da parte que quebrasse o concerto. É por isso que Hebreus diz que “sem derramamento
de sangue, não há remissão [dos pecados]” (Heb. 9:22, tradução literal).

Quando Israel quebrou o concerto, Deus enfrentou um penoso dilema. O concerto requeria a
morte dos transgressores, mas Deus amava o Seu povo. Se Deus simplesmente decidisse olhar
para o lado ou recusar punir os transgressores, os Seus mandamentos nunca seriam aplicáveis e
este mundo mergulharia no caos.

No entanto, o Filho de Deus ofereceu-Se como Substituto. Ele morreu em nosso lugar, para que
possamos receber “a promessa da herança eterna” (Heb. 9:15, 26; Rom. 3:21-26). Ou seja, Ele
ia manter a santidade da Sua Lei, enquanto, ao mesmo tempo, salvava aqueles que quebrassem
essa Lei. E só podia fazer isto por meio da cruz.

Como é que podemos ver aqui o motivo pelo qual a Lei é tão central para a mensagem do
evangelho?

POR QUE ERAM NECESSÁRIOS SACRIFÍCIOS?


DOMINGO, 20 FEVEREIRO

O concerto da graça foi feito primeiramente com o homem no Éden, quando, depois da queda,
foi feita uma promessa divina de que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente. Este
concerto oferecia a todos os homens perdão e a graça auxiliadora de Deus para a futura
obediência mediante a fé em Cristo. Prometia-lhes também vida eterna sob condição de
fidelidade à lei de Deus. Assim receberam os patriarcas a esperança da salvação.

Este mesmo concerto foi renovado a Abraão, na promessa: “Na tua semente serão benditas todas
as nações da Terra.” Gén. 22:18. Esta promessa apontava para Cristo. Assim, Abraão
compreendeu-a (ver Gál. 3:8, 16), e confiou em Cristo para o perdão dos pecados. Foi esta fé
que lhe foi atribuída como justiça. O concerto com Abraão mantinha também a autoridade da lei
de Deus. …

Se bem que este concerto tivesse sido feito com Adão e renovado a Abraão, não poderia ser
ratificado antes da morte de Cristo. Tinha existido pela promessa de Deus desde que se fez a
primeira indicação de redenção. Tinha sido aceite pela fé. Contudo, ao ser ratificado por Cristo,
é chamado um novo concerto. A lei de Deus foi a base deste concerto, que era simplesmente
uma disposição destinada a levar os homens novamente à harmonia com a vontade divina,
colocando-os onde poderiam obedecer à lei de Deus. – Patriarcas e Profetas, pp. 327 e 328, ed.
P. SerVir.

Cristo é o nosso mediador e oficiante Sumo-Sacerdote diante do Pai. A João, Ele foi-lhe
mostrado como um Cordeiro que fora morto, mesmo no ato de derramar o Seu sangue em
benefício do pecador. Quando a lei de Deus é posta diante do pecador, mostrando-lhe a
profundidade dos seus pecados, ele deve ser encaminhado ao Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo. Deve-se ensinar-lhe arrependimento para com Deus, e fé para com o nosso
Senhor Jesus Cristo. Assim, estará o trabalho do representante de Cristo em harmonia com a Sua
obra no santuário celestial. – Testemunhos para a Igreja, vol. 4, p. 395.

Caim foi perante Deus incrédulo, murmurando no seu íntimo, sobre o sacrifício prometido e a
necessidade de ofertas sacrificais. A sua oferta não exprimia arrependimento do pecado.
Achava, como muitos ainda hoje, que seria um reconhecimento de fraqueza seguir exatamente o
plano indicado por Deus, confiando a sua salvação inteiramente à expiação do Salvador
prometido. Preferiu depender apenas de si próprio. Viria com os seus próprios méritos. Não
traria o cordeiro, nem misturaria o seu sangue com a oferta, mas apresentaria os frutos, produto
do seu trabalho. Apresentou a sua oferta como um favor feito a Deus, pelo qual esperava obter a
aprovação divina. Caim obedeceu ao construir um altar, obedeceu ao apresentar um sacrifício,
prestou, porém, apenas, uma obediência parcial. A parte essencial, o reconhecimento da
necessidade de um Redentor, ficou excluída. – Patriarcas e Profetas, p. 52, ed. P. SerVir.

DIVERSOS TIPOS DE SACRIFÍCIOS


SEGUNDA-FEIRA, 21 FEVEREIRO

A morte de Jesus providenciou perdão, ou remissão, para os nossos pecados. Mas a remissão dos
nossos pecados envolve muito mais do que o cancelamento da pena por termos transgredido o
concerto. Envolve outros elementos igualmente importantes. Era por essa razão que o sistema
sacrificial israelita tinha cinco tipos diferentes de sacrifícios. Cada um deles era necessário para
expressar a riqueza do significado da cruz de Cristo.

Leia Efésios 3:14-19. Que pedido a favor dos crentes fez Paulo em oração?

A oferta do holocausto (ou oferta queimada) requeria que todo o animal fosse consumido no
altar (Levítico 1). Representava Jesus, cuja vida foi consumida em nosso favor. A expiação
exigia o compromisso total de Jesus connosco. Embora fosse igual a Deus, Jesus “a si mesmo se
esvaziou, assumindo a forma de servo” (Fil. 2:5-8, ARA).

A oferta de cereais era um dom de gratidão por Deus ter providenciado sustento para o Seu
povo (Levítico 2, OL). Também representava Jesus, “o pão da vida” (João 6:35, 48), através de
Quem temos a vida eterna.

A oferta de paz ou de comunhão implicava uma refeição comunitária com amigos e família para
celebrar o bem-estar providenciado por Deus (Levítico 3, BpT). Representava Cristo, cujo
sacrifício nos proporcionou paz (Isa. 53:5; Rom. 5:1; Efé. 2:14). Também salienta que
necessitamos de participar no sacrifício de Jesus comendo a Sua carne e bebendo o Seu sangue
(João 6:51-56).

A oferta pelo pecado ou de purificação providenciava expiação pelos pecados (Lev. 4:1-
5:13, NVI). Este sacrifício salientava o papel do sangue do animal – que representava a sua vida
– para proporcionar redenção dos pecados (Lev.17:11) e apontava para o futuro, para o sangue
de Jesus, que nos redime dos nossos pecados (Mat. 26:28; Rom. 3:25; Heb. 9:14).
A oferta de culpa ou de reparação (Lev. 5:14-6:7, OL) providenciava perdão em casos em que a
reparação ou a restituição eram possíveis. Diz-nos que o perdão de Deus não nos liberta da
responsabilidade de fazermos restituição ou reparação, sempre que possível, àqueles a quem
prejudicámos.

Os sacrifícios do santuário ensinam-nos que a experiência da salvação é mais do que apenas


aceitar Jesus como nosso Substituto. Também precisamos de nos “alimentar” d’Ele, de partilhar
as Suas bênçãos com outros e de providenciar reparação para com aqueles a quem fizemos mal.

DIVERSOS TIPOS DE SACRIFÍCIOS


SEGUNDA-FEIRA, 21 FEVEREIRO

Não é somente o privilégio, mas o dever de cada cristão manter uma união íntima com Cristo e
ter uma rica experiência nas coisas de Deus. … Quando lemos a vida de homens que foram
eminentes pela sua piedade, muitas vezes consideramos as suas experiências e conquistas como
muito além do nosso alcance. Mas este não é o caso. Cristo morreu por todos; e é-nos
assegurado na Sua Palavra que Ele está mais pronto a dar o Seu Santo Espírito àqueles que Lho
pedirem do que os pais terrenos a dar boas dádivas aos seus filhos. Os profetas e apóstolos não
aperfeiçoaram o caráter cristão por milagre. Eles usaram os meios colocados por Deus ao seu
alcance; e todos os que fizerem o mesmo esforço hão de conseguir os mesmos resultados.

Na sua carta à igreja de Éfeso, Paulo … assegura-lhes as suas fervorosas orações em favor da
sua prosperidade espiritual: “... Me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo,... para que, segundo as riquezas da Sua glória, vos conceda que sejais corroborados com
poder pelo Seu Espírito no homem interior; para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a
fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com
todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o
amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de
Deus” (Efésios 3:14-19). – Santificação, pp. 93 e 94.

[Jesus] “fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si


mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses 2:7 e 8). Ele assumiu
voluntariamente a natureza humana. Foi pela Sua própria ação e através do Seu próprio
consentimento. Ele foi, durante todo o tempo, como Deus, mas não apareceu como Deus. Velou
as demonstrações da Divindade, que haviam ordenado a homenagem, e suscitado a admiração,
do Universo de Deus. Ele foi Deus enquanto esteve na Terra, mas destitui-Se da forma de Deus,
e, no seu lugar, assumiu a forma e o modelo do homem. Andou na Terra como homem. Por nós,
tornou-Se pobre, para que através da Sua pobreza pudéssemos ser ricos. Deixou de lado a Sua
glória e majestade. Ele era Deus, mas abdicou das glórias da forma de Deus durante um tempo.
Embora tenha andado entre os homens na pobreza, espalhando as Suas bênçãos por onde
andava, à Sua palavra legiões de anjos rodeariam o seu Redentor e prestar-Lhe-iam homenagem.
Mas, Ele andou pela Terra sem ser reconhecido nem confessado, com algumas exceções, pelas
Suas criaturas. A atmosfera estava contaminada com o pecado e as pragas, no lugar do hino de
louvor. A Sua sorte foi pobreza e humilhação. Ao andar de um lado para o outro na Sua missão
de misericórdia para aliviar os enfermos, para animar os deprimidos, raras foram as vozes
solitárias que O chamaram bendito, e os homens mais importantes da nação ignoraram-n’O com
desdém. – Comentários de Ellen G. White, The SDA Bible Commentary, vol. 5, p. 1126.

O SACRIFÍCIO PERFEITO DE JESUS


TERÇA-FEIRA, 22 FEVEREIRO

Leia Hebreus 7:27 e Hebreus 10:10. Como é descrito o sacrifício de Jesus nestas
passagens?

Os sacerdotes levíticos – que eram “muitos, porque a morte os impede de continuar no seu
ofício” (Heb. 7:23, NVI) – são contrastados com Jesus, que vive para sempre e que tem um
sacerdócio eterno (Heb. 7:24 e 25). Os sacerdotes levíticos ofereciam “diariamente” (Heb.
7:27) e “cada ano” (Heb. 9:25) dons e sacrifícios “embora estes, no que diz respeito à
consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto” (Heb. 9:9, NAA; Heb.
10:1-4).

No entanto, Jesus ofereceu-Se “uma vez por todas”, “um único sacrifício” (Heb. 10:10, 12-
14, NVI) que purifica a nossa consciência (Heb. 9:14; Heb. 10:1-10) e que elimina o pecado
(Heb. 9:26). O sacrifício de Jesus é superior ao sacrifício dos animais porque Jesus era o Filho
de Deus (Heb. 7:26-28), que cumpriu perfeitamente a vontade de Deus (Heb. 10:5-10).

A afirmação de que o sacrifício de Jesus foi feito “de uma vez por todas” tem diversas
implicações importantes.

Primeira, o sacrifício de Jesus é perfeitamente eficaz e nunca pode ser superado. Os sacrifícios
dos sacerdotes levíticos eram repetidos porque não eram eficazes; “doutra sorte, não teriam
cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por
todas, não mais teriam consciência de pecados?” (Heb. 10:2, ARA).

Segunda, todos os diversos tipos de sacrifícios do Velho Testamento encontraram o seu


cumprimento na cruz. Portanto, Jesus não só nos limpa do pecado (Heb. 9:14), mas também
providencia santificação (Heb. 10:10-14), ao eliminar o pecado da nossa vida (Heb. 9:26).
Antes de os sacerdotes poderem aproximar-se de Deus no santuário e ministrar em favor dos
outros seres humanos, tinham de ser purificados e santificados, ou consagrados (Levítico 8 e 9).
O sacrifício de Jesus purifica-nos e consagra-nos (Heb. 10:10-14) para podermos aproximar-nos
de Deus com confiança (Heb. 10:19-23) e para O servirmos como “sacerdócio real” (Heb.
9:14; I Pedro 2:9).

Finalmente, o sacrifício de Jesus também providencia alimento para a nossa vida espiritual.
Oferece um exemplo que precisamos de observar e de seguir. Assim, Hebreus convida-nos a
fixar os nossos olhos em Jesus, especialmente nos eventos da cruz, e a seguirmos a Sua
orientação (Heb. 12:1-4; Heb. 13:12 e 13).
A cruz é a base para todos os benefícios que Deus nos concede. Proporciona purificação do
pecado, santificação para servirmos e alimento para crescermos. Como é que podemos
experimentar melhor o que nos foi dado em Jesus?

O SACRIFÍCIO PERFEITO DE JESUS


TERÇA-FEIRA, 22 FEVEREIRO

Enquanto Deus desejava ensinar aos homens que do Seu próprio amor vem o Dom que os
reconcilia com Ele, o arqui-inimigo da Humanidade tem procurado representar Deus como
alguém que Se agrada com a sua destruição. Assim, os sacrifícios e ordenanças designados pelo
Céu para que revelem o divino amor têm sido pervertidos.

Em palavras e em obras o Messias devia revelar à Humanidade durante o Seu ministério


terrestre a glória de Deus, o Pai. Cada ato da Sua vida, cada palavra proferida, cada milagre
operado, devia ter como objetivo tornar conhecido à Humanidade caída o infinito amor de Deus.

Assim, através dos patriarcas e profetas, bem como por símbolos e tipos, Deus falou ao mundo
sobre a vinda de um Libertador do pecado. – Exaltai-O (Meditações Matinais, 1998), p. 18, ed.
P. Atlântico.

A base da nossa esperança em Cristo é o facto de nos reconhecermos a nós mesmos como
pecadores em necessidade de restauração e redenção. É por sermos pecadores, que temos a
coragem de pretender tê-l’O como nosso Salvador. Cuidemos, pois, para não tratarmos com os
que erram de maneira que deem aos outros a ideia de julgarmos que nós não temos necessidade
de redenção. Não denunciemos, nem condenemos ou destruamos, como se fôssemos sem
defeito. É obra de Cristo consertar, curar, restaurar. Deus é amor em Si mesmo, na Sua essência.
Ele não dá a Satanás nenhuma ocasião de triunfar fazendo aparecer aos nossos inimigos o que
temos de pior, ou expondo-lhes as nossas fraquezas.

Cristo veio para pôr a salvação ao alcance de todos. Os que mais erram, os mais pecaminosos,
não foram passados por alto; a Sua ação foi especialmente em favor dos que mais necessitavam
da salvação. Quanto maior a sua necessidade de reforma, tanto mais profundo o Seu interesse,
tanto maior a Sua simpatia, e tanto mais fervorosos os Seus esforços. O Seu grande coração de
amor comovia-se até às profundezas por aqueles cujo estado era o mais desesperador e que mais
careciam da Sua graça transformadora. – Nos Lugares Celestiais (Meditações Matinais, 2011),
p. 288, ed. P. SerVir.

Não há descanso para o cristão ativo neste lado do mundo eterno. Obedecer aos mandamentos
de Deus é fazer o que é justo e somente o que é justo. Nisto consiste a maturidade cristã. Mas
muitos necessitam de tirar repetidas e frequentes lições do exemplo de Cristo, que é o autor e
consumador da nossa fé. “Considerai, pois, Aquele que suportou tais contradições dos pecadores
contra Si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos. Ainda não
resististes até ao sangue, combatendo o pecado” (Hebreus 12:3 e 4). Devem crescer na graça
cristã. Se nas ofensas revelarem mansidão e se apartarem de todas as coisas vis da Terra, darão a
prova de que Cristo habita em vós, e com cada pensamento, palavra e ato estarão a atrair os
homens para Jesus e não para vocês mesmos. Há uma grande quantidade de trabalho a fazer e
pouco tempo resta para fazê-lo. Que o propósito da vossa vida seja incutir em todos a ideia de
que têm um trabalho a fazer para Cristo. Aceitem os deveres que outros não reconhecem, porque
não querem compreender a missão que lhes está confiada.

O padrão da moralidade não tem sido suficientemente exaltado entre o povo de Deus.
– Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 597.

A CRUZ E O PREÇO DO PERDÃO


QUARTA-FEIRA, 23 FEVEREIRO

Leia Hebreus 9:22-28. O que diz esta passagem acerca do trabalho de Cristo no santuário
celestial?

A ideia de que o santuário celestial precisa de ser purificado faz sentido no contexto do santuário
do Velho Testamento. O santuário é um símbolo do governo de Deus (I Sam. 4:4; II Sam. 6:2),
e a forma como Deus lida com o pecado do Seu povo afeta a perceção pública da justiça do Seu
governo (Sal. 97:2). Como governante, Deus é o Juiz do Seu povo, e espera-se que seja justo,
justificando os inocentes e condenando os culpados. Logo, quando Deus perdoa o pecador, tem
responsabilidade judicial. O santuário, que representa o caráter de Deus e a Sua administração, é
contaminado. Isso explica por que razão Deus leva os nossos pecados quando perdoa (Êxo.
34:7; Núm. 14:17-19, a palavra hebraica original para perdoar [nōśēʾ] nestes versículos,
significa “carregar”, “levar”).

O sistema de sacrifícios no santuário israelita ilustrava este ponto. Quando uma pessoa
procurava perdão, trazia um animal como sacrifício em seu favor, confessava os seus pecados
sobre ele e matava-o. O sangue do animal era pincelado sobre as pontas do altar ou aspergido
diante do véu no templo, na primeira sala (lugar santo). Desse modo, o pecado era
simbolicamente transferido para o santuário. Deus tirava os pecados do povo e levava-os Ele
mesmo.

No sistema israelita, a purificação, ou expiação, dos pecados era feita em duas fases. Durante o
ano, os pecadores arrependidos traziam sacrifícios ao santuário, o que os purificava dos seus
pecados, mas transferia esses pecados para o santuário, para o próprio Deus. No fim do ano, no
Dia das Expiações, que era um dia de juízo, Deus ia purificar o santuário, limpando a sua
responsabilidade judicial ao transferir os pecados do santuário para o bode emissário, Azazel,
que representava Satanás (Lev. 16:15-22).

Este sistema em duas fases, representado pelas duas salas do santuário terrestre, que eram uma
semelhança do santuário celestial (Êxo. 25:9; Heb. 8:5), permitia que Deus mostrasse
misericórdia e justiça ao mesmo tempo. Aqueles que confessavam os seus pecados durante o
ano mostravam lealdade a Deus observando um repouso solene e afligindo-se no Dia das
Expiações (Lev. 16:29-31). Aqueles que não mostrassem lealdade seriam “eliminados” (Lev.
23:27-32, ARA).
Pense no que teria de enfrentar, se tivesse que receber o justo castigo pelos seus pecados.
De que modo é que essa verdade o deve ajudar a perceber o que Cristo fez por si?

A CRUZ E O PREÇO DO PERDÃO


QUARTA-FEIRA, 23 FEVEREIRO

Somente uma vez por ano podia o sumo-sacerdote entrar no lugar santíssimo, depois de uma
preparação muito cuidadosa e solene. Nenhuma vista mortal, a não ser a do sumo-sacerdote,
podia olhar para a sagrada grandeza deste compartimento, porque era o lugar especial de
habitação da glória visível de Deus. O sumo-sacerdote entrava sempre ali com tremor, enquanto
o povo aguardava o seu regresso em silêncio solene. Os seus fervorosos desejos eram para Deus,
em busca da Sua bênção. Diante do propiciatório, Deus comunicava com o sumo-sacerdote. Se
ele permanecia no lugar santíssimo durante um período de tempo invulgar, o povo ficava muitas
vezes aterrorizado, temendo que, por causa dos seus pecados, ou de algum pecado do sacerdote,
a glória do Senhor o tivesse fulminado. Mas quando era ouvido o som das campainhas das suas
vestes, ficavam grandemente aliviados. Ele então saía e abençoava o povo. – A História da
Esperança, pp. 117 e 118, ed. P. SerVir.

O imaculado Filho de Deus pendia na cruz, a carne retalhada pelos açoites, aquelas mãos tantas
vezes estendidas para abençoar, pregadas nas traves de madeira; aqueles pés tão incansáveis ao
serviço do amor, cravados no madeiro; a cabeça real ferida pela coroa de espinhos; aqueles
lábios trémulos expressando em palavras um grito de dor. E tudo quanto sofreu – as gotas de
sangue que jorraram da Sua cabeça, das Suas mãos, dos Seus pés, a agonia que atormentou o
Seu corpo, e a inexprimível angústia que O encheu quando a face do Pai se escondeu – tudo fala
aos filhos da família humana, declarando: É por ti que o Filho de Deus consente em carregar
este fardo de culpa; por ti, Ele destrói o domínio da morte, e abre as portas do Paraíso. Aquele
que impôs calma às ondas revoltas e caminhou sobre as ondas cobertas de espuma, que fez
tremer os demónios e fugir a doença, que abriu os olhos cegos e chamou os mortos à vida –
ofereceu-Se a Si mesmo na cruz em sacrifício, e isto por amor a ti. Ele, o Portador de pecados,
sofre a ira da justiça divina, e torna-Se mesmo pecado por amor de ti. – O Desejado de Todas as
Nações, p. 644, ed. P. SerVir.

Nesta vida, apenas podemos começar a compreender o maravilhoso tema da redenção. Com a
nossa compreensão finita podemos considerar muito seriamente a vergonha e a glória, a vida e a
morte, a justiça e a misericórdia que se encontram na cruz; contudo, com as mais elevadas
capacidades do poder da mente, falhamos em compreender o seu profundo significado. O
comprimento e a largura, a profundidade e a altura do amor que redime não são compreendidos
senão palidamente. O plano da redenção não será totalmente compreendido, mesmo quando os
resgatados virem, assim como eles são vistos, e conhecerem como são conhecidos; mas, através
das eras eternas, novas verdades se desdobrarão continuamente perante a sua mente cheia de
admiração e prazer. Embora as tristezas, dores e tentações da Terra estejam terminados, e
removidas as suas causas, o povo de Deus terá sempre um conhecimento claro e inteligente, do
que custou a sua salvação. – O Grande Conflito, p. 541, ed. P. SerVir.

O JUÍZO E O CARÁTER DE DEUS


QUINTA-FEIRA, 24 FEVEREIRO

Leia Romanos 3:21-26; Romanos 1:16 e 17; Romanos 5:8. O que revela acerca de Deus a
redenção na cruz para perdão dos nossos pecados?

O perdão dos nossos pecados implica duas fases na mediação de Jesus nas duas salas do
santuário celestial. Primeira, Jesus removeu os nossos pecados e carregou-os Ele mesmo na
cruz, para providenciar perdão a todos os que creem n’Ele (Atos 2:38; Atos 5:31). Na cruz,
Jesus ganhou o direito de perdoar qualquer pessoa que creia n’Ele, porque Ele carregou os
nossos pecados. Também inaugurou o novo concerto, o qual Lhe permite pôr a Lei de Deus no
coração dos crentes através do Espírito Santo (Heb. 8:10-12; Eze. 36:25-27).

Uma segunda fase no ministério de Jesus consiste num juízo, o juízo pré-Advento, que, do ponto
de vista de Hebreus, ainda estava no futuro (Heb. 2:1-4; Heb. 6:2; Heb. 9:27 e 28; Heb. 10:25).
Este juízo começa com o povo de Deus e é descrito em Daniel 7:9-27; Mat. 22:1-14 e Apoc.
14:7). O seu propósito é mostrar a justiça de Deus ao perdoar o Seu povo. Neste julgamento, os
registos da vida desse povo serão abertos, para que o Universo os veja. Deus irá mostrar o que
aconteceu no coração dos crentes e como é que eles aceitaram Jesus como seu Salvador e o
Espírito Santo na sua vida.

Falando deste juízo, Ellen G. White escreveu: “Não pode o homem por si mesmo defender-se
dessas acusações. Nas suas vestes manchadas de pecado, confessando a sua culpa, ei-lo perante
Deus. Mas Jesus, nosso Advogado, apresenta um eficaz rogo em favor de todos os que,
mediante arrependimento e fé, a Ele confiaram a guarda da sua vida. Defende a sua causa e
derrota o seu acusador, com os poderosos argumentos do Calvário. A Sua perfeita obediência à
lei de Deus, mesmo até à morte de cruz, conferiu-Lhe todo o poder no Céu e na Terra, e Ele
pleiteia do Seu Pai misericórdia e reconciliação para o homem culpado. ... Mas, conquanto
devamos reconhecer o nosso estado pecaminoso, temos de confiar em Cristo como nossa justiça,
nossa santificação e redenção. Não podemos contestar as acusações de Satanás contra nós.
Cristo, unicamente, pode pleitear eficazmente em nosso favor. Ele é capaz de silenciar o
acusador com argumentos baseados não nos nossos méritos, mas nos Seus.” – Ellen G.
White, Testemunhos para a Igreja, vol. 5, cap. 53, pp. 471 e 472.

Por que razão a cruz e o ministério de Jesus em nosso favor sugerem que devemos olhar
para o juízo com confiança, mas também com humildade e arrependimento?

O JUÍZO E O CARÁTER DE DEUS


QUINTA-FEIRA, 24 FEVEREIRO

Cristo humilhou-Se para Se colocar à frente da Humanidade a fim de sofrer tentações e suportar
as provas que a Humanidade tem de sofrer e suportar. Tinha de conhecer o que a Humanidade
tem de sofrer da parte do inimigo caído, a fim de saber como socorrer os que são tentados.
E Cristo foi feito nosso juiz. O Pai não é o juiz. Tampouco o são os anjos. Aquele que Se
revestiu da humanidade e viveu neste mundo uma vida perfeita, será quem nos há de julgar. Só
Ele pode ser o nosso Juiz. Lembrar-nos-emos disso, irmãos? Lembrar-se-ão disso os pastores? E
os pais e as mães, lembrar-se-ão? Cristo assumiu a Humanidade para poder ser o nosso Juiz.
Nenhum de nós foi designado para julgar a outrem. Tudo o que podemos fazer é corrigir-nos.
Exorto-vos, no nome de Cristo, a obedecerem à ordem que lhes dá, de nunca assumirem a
atitude de juízes. Dia a dia tem soado aos meus ouvidos esta mensagem: “É preciso descer do
assento de juiz. Fazê-lo em humildade.” – Testemunhos para a Igreja, vol. 9, p. 185.

“Nisto está a caridade, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou a
nós e enviou o Seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” Eis uma linguagem que
exprime o Seu espírito para com um povo corrupto e idólatra: “Como te deixaria, ó Efraim?
como te entregaria, ó Israel? … Está mudado em Mim o Meu coração, todos os Meus pesares
juntamente estão acendidos.” Deve Ele abandonar o povo por quem fora feita tal provisão, a
saber, o Seu Filho unigénito, a expressa imagem de Si mesmo? Deus permite que o Seu Filho
seja entregue pelas nossas ofensas. Ele mesmo assume para com o Portador de pecados o caráter
de juiz, despojando-Se das ternas qualidades de um pai.

Nisto se recomenda o Seu amor da mais maravilhosa maneira para com a raça rebelde. Que vista
para os anjos contemplarem! Que esperança para o homem, “em que Cristo morreu por nós,
sendo nós ainda pecadores”! O justo sofreu pelos injustos; e levou os nossos pecados sobre Seu
próprio corpo no madeiro. “Aquele que nem mesmo a Seu próprio Filho poupou, antes O
entregou por todos nós, como nos não dará também com Ele todas as coisas?” – Testemunhos
para Ministros e Obreiros Evangélicos, pp. 245 e 246.

Necessitamos de ter uma perceção mais elevada e distinta do caráter de Cristo. Não devemos
pensar em Deus apenas como Juiz e esquecer que Ele é um Pai amoroso. Coisa alguma pode
fazer maior mal à nossa alma do que isto, pois toda a nossa vida espiritual é moldada pela nossa
conceção do caráter de Deus. Temos lições a aprender do amor de Jesus.

“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo
vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.”
Efé. 5:1 e 2. Esta é a altura que nos é exigida atingir no amor. E o tecido desse amor não é
manchado pelo egoísmo. – A Nossa Alta Vocação (Meditações Matinais, 2015), p. 172, ed. P.
SerVir.

SEXTA-FEIRA, 25 FEVEREIRO

Estudo Adicional: Leia, de Ellen G. White, “O Calvário”, cap. 78, pp. 679-693; e “Está
Consumado”, cap. 79, pp. 695-701, em O Desejado de Todas as Nações, 2017, ed. P. SerVir.

O Professor Jiri Moskala explicou a natureza desse julgamento pré-Advento. Deus “não está ali
para expor os meus pecados, como numa montra de loja. Ao contrário, Ele vai mencionar em
primeiro lugar a Sua poderosa e espantosa graça transformadora, e, perante todo o Universo,
como verdadeira Testemunha de toda a minha vida, vai explicar a minha atitude para com Deus,
os meus motivos interiores, o meu pensamento, os meus atos, a minha orientação e direção de
vida. Vai revelar tudo. Jesus vai testemunhar que eu cometi muitos erros, que transgredi a Sua
santa Lei, mas também que me arrependi, pedi perdão e fui transformado pela Sua graça. Ele vai
proclamar: ‘O Meu sangue é suficiente para o pecador Moskala, a sua orientação de vida está
voltada para Mim, a sua atitude para comigo e para com outras pessoas é calorosa e altruísta, é
digno de confiança, ele é o Meu bom e fiel servo.’” – “Toward a Biblical Theology of God’s
Judgment: A Celebration of the Cross in Seven Phases of Divine Universal Judgment,” Journal
of the Adventist Theological Society 15 (Spring 2004): p. 155.

“Mas tanto os seres remidos como os não caídos encontrarão na cruz de Cristo a sua ciência e o
seu cântico. Ver-se-á que a glória que resplandece na face de Jesus Cristo é a glória do amor
abnegado. À luz do Calvário ficará bem claro que a lei do amor altruísta é a lei da vida para a
Terra e o Céu; que o amor que ‘não procura os seus interesses’ tem a sua fonte no coração de
Deus; e que no manso e humilde Jesus se manifesta o caráter d’Aquele que habita na luz
inacessível ao homem.” – Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, cap. 1, p. 9, 2017,
ed. P. SerVir.

Perguntas para Reflexão:

1. Os seres humanos sempre tiveram a tendência de oferecer diversos tipos de sacrifícios


a Deus, em troca de perdão ou de salvação. Alguns oferecem a Deus heroicos atos de
penitência (longas viagens, etc.), outros oferecem uma vida de serviço, ou atos de auto-
privação, etc.. De que modo devem ser considerados esses atos à luz do sacrifício de
Jesus e da afirmação da Escritura de que a cruz pôs fim a todos os sacrifícios ( Dan.
9:27; Heb. 10:18)?
2. Ao mesmo tempo, qual é o papel do sacrifício na vida do crente? O que queria Jesus
dizer quando ensinou que devemos tomar a nossa cruz e segui-l’O (Mat. 16:24), ou o
apóstolo Paulo, quando disse que devemos oferecer o nosso corpo como “sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus” (Rom. 12:1)? Que relação existe entre as instruções de
Jesus (Mat. 16:24) e de Paulo (Rom. 12:1) e Hebreus 13:15 e 16?

Textos-chave: Hebreus 9:15; Génesis 15:6-21; Jeremias 34:8-22; Efésios 3:14-19; Hebreus
7:27; Hebreus 10:10; Hebreus 9:22-28.

Parte I: Vista Geral

Temas da Lição: Hebreus deixa claro que a morte substitutiva de Jesus é necessária para nos salvar, porque
“sem derramamento de sangue não há perdão dos pecados” (Heb. 9:22, BpT). O sangue representa a vida do
substituto. A exigência da morte do transgressor foi satisfeita por Jesus, que morreu uma vez por todas,
como sacrifício infinito por toda a Humanidade.

O Velho Testamento revela mais do que um tipo de ofertas. Levítico enumera holocaustos para a expiação,
ofertas de manjares em gratidão pela provisão dada por Deus, ofertas de paz para refeições comunitárias
com a família e os amigos, ofertas pelos erros para a redenção do pecado nos casos de pecado acidental e
ofertas de reparação para os casos de restituição (ver Levítico 1-6). Mas, como Paulo salienta, estes
sacrifícios, incluindo os oferecidos no Dia da Expiação, eram, no fim de contas, ineficazes, porque nunca
poderiam tirar os pecados (Heb. 10:1-4). Só o “precioso sangue de Cristo”, para o qual apontavam todos
esses sacrifícios, podia fazê-lo (Heb. 9:14; I Pedro 1:19).
Parte II: Comentário

Como vimos na semana passada, Hebreus 7 fala de Melquisedec que era superior à linhagem aarónica de
sacerdotes. Por conseguinte, Cristo é superior ao sacerdócio levítico porque é sacerdote segundo a ordem de
Melquisedec. Hebreus 8 fala da superioridade do segundo concerto, cuja eficácia é posteriormente discutida
em Hebreus 9:15. O primeiro concerto, estabelecido com os Levitas, era imperfeito e não podia remover os
pecados (Heb. 7:11; Heb. 9:9).

Em Hebreus 9, Paulo também fala do sacrifício superior de Cristo. Por que razão era superior? Primeiro, a
Sua oferta não é aplicada no santuário terrestre, mas no celestial (Heb. 9:23 e 24). Segundo, o sangue que
Ele oferece não é de um animal, mas é o Seu próprio sangue (Heb. 9:25 e 26). Finalmente, o sacrifício de
Cristo é especialmente único (Heb. 9:12, 28, BpT, “uma vez por todas”) e eficaz (Heb. 9:14, BpT, “purifica-
nos a consciência”; Heb. 10:14, BpT, “perfeitos para sempre”) em contraste com os sacrifícios de animais
(Heb. 10:1, 4).

O Dilema do Altar de Incenso no Lugar Santíssimo

Hebreus 9 apresenta o que parece ser uma discrepância. Nos versículos 3 e 4, diz: “Por trás do segundo véu
havia a parte chamada Lugar Santíssimo, onde se encontravam o altar de ouro para o incenso e a arca da
aliança, totalmente revestida de ouro” (Heb. 9:3 e 4, NVI). Este texto parece contradizer Êxodo 30:6: “Porás
o altar [de incenso] diante do véu” (Êxo. 30:6, A21), o que indica que o altar de incenso não estava no Lugar
Santíssimo, mas no Lugar Santo, juntamente com o castiçal e com a mesa dos pães da proposição. Neste
altar de incenso, Aarão devia queimar incenso “todas as manhãs” (Êxo. 30:7, A21). De igual modo, outras
passagens do Pentateuco colocam o altar de incenso no Lugar Santo, não no Lugar Santíssimo (Êxo.
40:5, 26). Então, por que motivo coloca Paulo o altar de incenso no Lugar Santíssimo?

Como é que solucionamos esta aparente anomalia?

Paulo pode ter seguido este raciocínio:

“Embora estivesse posicionado na sala principal (quer dizer, no Lugar Santo), o altar de incenso
(compare Êxo. 30:1-10; I Cró. 28:18), pertencia ao debir (o Lugar Santíssimo). Parece que a queima ritual
de incenso realizada neste altar tinha um efeito direto no Lugar Santíssimo, onde Deus manifestava a Sua
presença entre os querubins. Afinal, o fumo do incenso muito provavelmente enchia a sala interior. Isso
pode explicar por que razão Hebreus coloca o altar de incenso no Lugar Santíssimo (Heb. 9:4).” – The
Seventh-day Adventist International Bible Commentary, entrada sobre Hebreus 9:4.

Também é importante notar que, no grego, o autor de Hebreus não afirma, de facto, que o altar de
incenso estava na segunda sala; apenas diz que o Lugar Santíssimo “tinha” o altar. A palavra traduzida por
“tinha” (A21) pode ser traduzida por “continha”, mas este não é o seu significado único ou necessário.

“A relação entre o altar e o Lugar Santíssimo aqui indicada pode ser devida a que a sua função estava
intimamente ligada com o Lugar Santíssimo. O incenso oferecido diariamente neste altar era dirigido ao
propiciatório no Lugar Santíssimo. Ali, Deus manifestava a Sua presença entre os querubins, e, quando o
incenso subia com as orações dos adoradores, enchia o Lugar Santíssimo e o Lugar Santo. O véu que
separava as duas salas não chegava ao teto, mas chegava apenas a uma parte da altura. Assim, o incenso
podia ser oferecido no lugar santo – o único lugar onde os sacerdotes normais podiam entrar – e, mesmo
assim, alcançar a segunda sala, o lugar para o qual era dirigido.” – The SDA Bible Commentary, vol. 7, p.
449 (trad. direta).

De facto, a palavra usada por Paulo para “altar” (thymiatērion) acabou por ser usada na tradução grega do
Velho Testamento (Septuaginta), para referir o incensário em si mesmo (II Cró. 26:19; Eze. 8:11). O sumo-
sacerdote levava este incensário consigo para dentro do Lugar Santíssimo no Dia da Expiação (Lev. 16:12).

De qualquer modo, o foco de Paulo não parece estar tanto nas salas nem no mobiliário, uma vez que o
versículo 5 diz: “Mas não é agora a altura para falarmos de tudo isto em pormenor” (BpT). Este versículo
implica que, mais importante do que o mobiliário e a sua localização, é a conclusão que Paulo está a querer
tirar ao referir-se a eles, nomeadamente, a superioridade do sacrifício de Cristo.

“O incenso, que subia com as orações de Israel, representa os méritos e a intercessão de Cristo, a Sua
perfeita justiça, que pela fé é imputada ao Seu povo, e a qual, e unicamente ela, pode tornar aceitável a Deus
o culto de seres pecadores. Junto ao véu do lugar santíssimo, estava um altar de intercessão perpétua, e,
diante do lugar santo, um altar de expiação contínua. Através do sangue e do incenso deveriam aproximar-se
de Deus – símbolos que apontam para o grande Mediador, por intermédio do qual os pecadores podem
aproximar-se de Jeová, e unicamente por meio de Quem a misericórdia e a salvação podem ser concedidas
àquele que se arrepende e crê.” – Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, cap. 30, pp. 316 e 317, ed. P.
SerVir.

A Morte Substitutiva de Cristo

Substituição e satisfação são termos que têm suscitado muitas críticas. Por que razão precisaria Deus de
algum tipo de substituição para o castigo dos pecados da Humanidade? O que significa substituição?
Substituição, neste contexto, significa que alguém toma o lugar de outra pessoa para suportar o castigo que
era dessa pessoa, com o propósito de a salvar.

Quanto ao segundo termo, satisfação, temos de perguntar: O que precisava de ser satisfeito? Será que a
Bíblia apoia o conceito de morte substitutiva, com a ideia de que a substituição satisfaz as reivindicações da
Lei? Uma substituição tem lugar no caso de Abraão. Quando estava no Monte Moriá para sacrificar o seu
filho Isaac, “foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar do seu filho” (Gén.
22:13, ARC, ênfase acrescentada). Na narrativa da Páscoa, a vida foi poupada por substituição. Mas os
únicos primogénitos poupados foram aqueles cujas famílias tinham sacrificado um cordeiro e pintado as
umbreiras das portas com o seu sangue (Êxo. 12:7, 13). Todo o sistema sacrificial era baseado na
substituição. Dado que a penalidade do pecado é a morte, um animal substituto era morto, poupando assim a
vida do pecador (Lev. 17:11).

No Novo Testamento, encontramos que João Batista identifica Jesus como “o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo” (João 1:29, ARC, ênfase acrescentada). Paulo declarou: “Porque Cristo, nosso cordeiro
da Páscoa, já foi sacrificado” (I Cor. 5:7, A21). Na carta aos Efésios, este mesmo Paulo é inequívoco:
“Cristo nos amou e se entregou por nós, como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus” (Efé.
5:2, NAA, ênfase acrescentada). Em Romanos, Paulo declara: “Cristo morreu por nós, sendo nós ainda
pecadores” (Rom. 5:8, ARC, ênfase acrescentada). A Bíblia está cheia de expressões relativas à substituição
e ao carregar dos pecados. (Para mais exemplos, ver Isa. 53:12; Marcos 10:45; II Cor. 5:14; I Tim.
2:6; Heb. 9:28; I Pedro 2:24.) Hebreus encerra este tópico com a indiscutível, mas muitas vezes ignorada,
afirmação de que “sem derramamento de sangue não há perdão dos pecados” (Heb. 9:22, BpT). Qual
sangue? Não pode ser o sangue de animais, porque “é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os
pecados” (Heb. 10:4, ARC). Portanto, tem de ser o sangue, a vida, de Cristo.

Jesus carregou os nossos pecados e morreu por nós. Assim sendo, não podemos ver Cristo como uma mera
terceira entidade, uma pessoa separada de Deus e da Humanidade. Essa ideia distorceria brutalmente a
compreensão da expiação. Cristo seria, então, descrito como Alguém que simplesmente apaziguava o Pai.
Deus, pelo Seu lado, seria visto como punindo o inocente Jesus só para que nós, os culpados, pudéssemos
sobreviver. A unidade, que ficaria quebrada, entre o Pai e o Filho é plenamente vista na grande declaração
de Paulo sobre a reconciliação, em que o Pai atua através do Filho: “E tudo isto [nova criação em Cristo]
provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo, por Jesus Cristo” (II Cor. 5:18, ARC).

O nosso Substituto não foi Cristo sozinho, nem Deus sozinho, mas Deus em Cristo, que era Deus e Homem.
Em Cristo, Deus substituiu-nos. Assim, as objeções a uma expiação substitutiva desaparecem. Não há nada
imoral (que quebre a Lei) aqui, porque o Substituto para os desobedientes à Lei é o Autor da Lei, o Único
que podia fazer expiação pela transgressão. A cruz não é nenhum negócio transacional com o diabo. Mas,
como Deus, Cristo reconciliou-nos Consigo mesmo, para satisfazer “as reivindicações da lei transgredida, e
assim Ele põe uma ponte através do abismo que o pecado produziu.” – Ellen G. White, Mensagens
Escolhidas, vol. 1, cap. 52, p. 341.

Parte III: Aplicação

1. No contexto da substituição efetuada por Cristo, pense no refrão do hino intitulado


“And Can It Be?” (“E Como É Possível?”) (The SDA Hymnal nº 198, em inglês, apenas):
“Espantoso amor! Como é possível que Tu, meu Deus, morresses por mim?” (trad. direta). O
que significa para si, pessoalmente, este sentimento?
2. Por que motivo é a substituição tão central em todo o plano da salvação? O que nos diz
isso acerca de o pecado ser tão maligno que foi necessário o sacrifício pessoal de “Deus em
Cristo” para resolver o problema e oferecer-nos a esperança da vida eterna?

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