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MARCELO ANDRÉ MITTELSTÄDT

SERMÃO ESCRITO

Sermão escrito.

São Paulo – 2022


Título ou tema do sermão: Atenção! Pecado é coisa séria!

Passagem a ser exposta: Números 16.41-50

Ideia exegética: Entre o pecado do homem e o julgamento de Deus estão


as providências da graça divina.

Ideia homilética: O pecado te desequilibra, deixando-o em apuros diante


de Deus, mas a graça de Deus se manifesta por intermédio do mediador e sumo
sacerdote que se coloca entre os vivos e os mortos aplacando assim a ira de
Deus.

Propósito do sermão: Ao final deste sermão, o ouvinte deverá


reconhecer a hediondez de seu pecado, assim como a justiça de Deus em Sua
ira. Deverá também perceber a grandeza de Deus em Sua graça e misericórdia
manifestadas em Cristo e Sua obra de salvação para que se arrependa de seus
pecados e os confesse ao Senhor.

Introdução: Você já passou pela situação de logo após ter cometido um


pecado chegar à conclusão de que se comportou como um irracional? Você já
fez esse tipo de exercício, olhar para pecados que você cometeu e analisar o
seu comportamento naquele momento? Percebestes que estavas
desequilibrado em seu juízo? Esse é o tipo de situação que o povo de Israel
estava vivendo naquele momento da história. Nem havia ainda esfriados os
corpos de Corá e seus seguidores e na manhã seguinte ao fatídico dia, todo o
povo de Israel murmura contra Arão e Moisés. Como podem ter agido assim?
Que falta de noção, quanta cegueira, quanta ingratidão! Essa história nos aponta
os perigos do pecado. Por isso,

Atenção! Pecado é coisa séria!


I. Porque te leva ao Desequilíbrio (vs. 41)
a. Gerando um terrível desrespeito aos avisos de Deus

Essas pessoas tinham testemunhado julgamento após julgamento por


causa da rebelião; ontem tinham visto Corá, Datã e Abirão engolidos pela
terra, e os 250 homens que ofereciam incenso consumidos pelo fogo do
Senhor, mas hoje eles saem em rebelião novamente. Advertências
parecem não surtir efeito neles, confirmando o texto de Provérbios 29.1:

“ O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será


quebrantado de repente sem que haja cura. ”1

Tanto o abismo quanto o fogo eram provas manifestas do maravilhoso


poder de Deus, por que esses loucos não refletem que estão travando
uma guerra fatal contra Ele? Qual era o propósito desse modo
extraordinário de punição, senão para que com medo eles aprendessem
a se humilhar sob as mãos de Deus? Diante disso tudo, porém, se
entregam em audácia e violência, voluntariamente fazendo-se parecer
com os pecadores que o castigo eles tinham acabado de presenciar.

Até quando você irá ignorar as exortações das Escrituras? Até quando
irá negligenciar os mandamentos de Deus? Até quando irá testar a
paciência do Senhor? Encare seu pecado com a seriedade que é devida
ao seu perigo. Em Mateus 18.9 Jesus demonstrou a seriedade do pecado
dizendo que seu teu olho te faz pecar, então que o arranque. Uma ação
radical diante de um perigo radical. E você? Vai continuar subestimando
o perigo do pecado?

Pecado é coisa séria! Porque te leva ao Desequilíbrio


b. Gerando ingratidão e confusão em discernir entre o bem e o mal

Sua acusação contra Moisés e Arão era totalmente injusta e ingrata.


Foi devido à intercessão destes santos homens (vs. 22) que toda a
congregação não se consumia. Eles acusam Moisés e Arão do
assassinato, do qual Deus claramente se mostrou o autor. Mas assim é a
cegueira que o pecado causa com respeito às obras de Deus. Assim, em
seu desejo de vingar a morte de alguns, eles chamam esses de
assassinos do povo do Senhor, a quem deveriam ser gratos pela
segurança de todos.

1 Todas as citações bíblicas são da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA).


De duas maneiras, eles demonstram que o pecado os deixara
desequilibrados; primeiro, substituindo Moisés e Arão como culpados do
assassinato, no lugar de Deus; e, em segundo lugar, santificando aqueles
rebeldes pecadores. Estão isentando-se de suas culpas, colocando a
responsabilidade na liderança e para se justificarem, estão santificando
os seus iguais.

Eles falam de Corá, Datã e Abirão, e seus seguidores, como “o povo


do Senhor”. Assim, eles justificam o ímpio; canonizam os rebeldes de
coração mais duro como os santos do Senhor. Essa simpatia com os
rebeldes endurecidos que Deus destruiu, traz a essa rebelião um forte
agravo. Os julgamentos mais severos não são capazes de mudar os
pecaminosos corações dos homens, ou mesmo, restringir a ação pecado!
Só a graça de Deus é capaz de fazer isso.

Esse desequilíbrio no discernimento não é exclusivo do povo do


deserto, nós vemos essa mesma confusão entre o bom e o mal em
Mateus 27.15-23, quando escolhem libertar Barrabás e crucificarem o
Cristo.

E você meu irmão, vai continuar colocando a culpa de que sua família
não conhece bem a bíblia porque o seu pastor e seus presbíteros são
fracos? Seu filho não evangeliza porque a UCP, UPA ou UMP não tem
ações evangelísticas? Você não dizima e oferta porque o conselho não
sabe administrar os valores? Seus próximos na igreja são os que pensam
assim como você a respeito dessas coisas? O teu pecado tem afetado os
que estão perto de você. Cuidado, não transfira a sua responsabilidade.
Pare de culpar os outros por aquilo que você não faz.

Pecado é coisa séria!


II. Porque te leva ao Juízo (vs. 42-45)
a. Juízo que manifesta a glória e a justiça de Deus

Moisés e Arão foram protegidos pela cobertura da nuvem, o que nos


leva a deduzir o quão incontrolável era a fúria do povo. Como a nuvem
permanecia continuamente sobre o tabernáculo durante o tempo de
acampamento, podemos deduzir que neste momento a nuvem cobriu-o
em um sentido mais completo e muito mais visível, tal como tinha feito
quando o tabernáculo foi erguido primeiro, e que ao mesmo tempo a glória
de Deus irrompeu a partir da nuvem escura em um espetáculo
maravilhoso. Isso foi feito para a segurança de Seus servos e para frear
o ímpeto da multidão a quaisquer outros atos de violência, embora a luz
lhes foi apresentada em vão em sua cegueira.2 Moisés e Arão se dirigiram
ao santuário, porque, no extremo do perigo, a única esperança que lhes
restava era a ajuda de Deus. Quando eles fugiram para este abrigo
sagrado, Deus os recebeu sob a sombra de Suas asas. Assim, Deus
testificou que as orações e esperanças de Seu povo nunca são em vão,
mas que Ele os socorre sempre que eles O invocam. Pois embora, hoje
em dia, Ele não apareça em uma residência visível, ainda está perto de
todos aqueles que lançam suas preocupações sobre Ele.

Deus considera seu povo com amor constante, Ele adia Sua vingança
contra os ímpios, até que esses estejam separados e colocados em
segurança. O texto nos mostra que assim quando Moisés e Arão
estivessem seguros, todo o resto pereceria em um só momento. Mas
incrível foi o testemunho desses servos, em humildemente interceder por
um povo tão ingrato, que merecia morrer. Moisés e Arão, esquecidos de
suas próprias vidas, estavam prontos para fazer expiação pela culpa, a
fim de resgatar da morte aqueles desgraçados abandonados que
tramavam sua destruição.

Se tivessem sidos consumidos, quem poderia ter questionado a


justiça dessa condenação? Claro que não, mas Deus não manifesta
apenas sua ira, glória e majestade, Ele também manifesta sua infinita
misericórdia. Sobre mim e sobre você pairava a ira de Deus, mas quem
bebeu o cálice dessa ira foi Cristo Jesus em nossa substituição, para que
sobre nós derramasse pela graça de Deus a sua infinita misericórdia.

2 CALVINO, João. Comentário Bíblico Antigo Testamento 1. Edição do Kindle


Pecado é coisa séria!
III. Porque te leva a Necessidade (vs. 45-50)
b. Necessidade da Misericórdia de Deus que triunfa sobre o Juízo

Quando Deus falou a Moisés sobre a destruição da congregação, ele


e Arão “caíram sobre os seus rostos” em oração humilde e sincera em
favor dos culpados. Moisés descobriu que a peste tinha começado ordena
a Arão que tome um incensário e ponha fogo do altar nele.

A congregação tinha se levantado em rebelião contra eles; a praga foi


o castigo infligido por Deus por causa da rebelião; e Moisés e Arão rogam
a Deus para poupar os rebeldes. Essa conduta nos lembra daquele que
orou: “ Pai, perdoa-lhes; pois eles não sabem o que fazem. ” O nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Arão não teve medo daqueles que estavam irados contra ele, nem a
peste que já ferira milhares do povo; mas ele correu ao meio da
congregação. Arão era um homem velho, mas ele correu. Um exemplo
para os ministros cristãos. A praga cessou. A intercessão foi aceita por
Deus, e Ele deteve o avanço da praga. Que impressionante confirmação
de sacerdócio levítico temos aqui. Compare o incensário de Arão aqui
nessa cena com os incensários dos rebeldes de Corá. Aqueles
provocaram a ira de Deus e a destruição dos rebeldes; o incensário de
Arão pacificou a ira de Deus e isso os salvou.

Como é grande o poder da oração! Se Deus respeitado, assim, o


sacrifício da intercessão de Arão, quão grande deve ser a eficácia do
sacrifício e intercessão do nosso Senhor Jesus Cristo! Como diz o autor
da carta aos Hebreus:

“ Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote


que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não
temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança,
mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao
trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna. ” Hebreus 4.14-16

A expiação de tão grande pecado não dependia de fato da oferta de


incenso, nem devemos imaginar que Deus se apazigua com o cheiro do
incenso; mas essa oferta de incenso foi um símbolo apresentado aquele
povo de coração duro, por meio do qual eles poderiam ser despertados
ao arrependimento e a fé; pois, por mais insensíveis que pudessem ser, a
dignidade do sacerdócio levítico era tão visível no incensário que eles
deveriam ter sido despertados para a reverência.3

A visão do incensário pode ter valido justamente para subjugar sua


dureza de coração, para que, finalmente, eles condenassem e
detestassem seus atos injustos. A segunda advertência que Deus lhes
deu foi que pudessem perceber que Deus só foi propiciado para eles em
virtude de um mediador. Na medida em que realidade das coisas permitia,
o tipo visível desse mediador apontava ao Salvador que ainda viria.

Os vivos estavam em toda parte misturados com os mortos, a ira de


Deus não caiu sobre uma parte do acampamento, a ponto de destruir tudo
o que veio em seu caminho, sem exceção, como tinha acontecido na outra
revolta, mas aqui Ele escolheu aqueles que haviam pecado mais
gravemente. Arão enfrentou a ira de Deus e interrompeu seu curso.
Consequentemente, tanto o fervor de seu zelo, quanto seu ofício de
apaziguar a Deus, poderiam ser melhor percebidos e mais plenamente
confirmados pelo sucesso da mediação. Que milagre mais evidente
poderia ser requerido, do que quando a praga começou a se alastrar
repentinamente, foi interrompida pela chegada de Arão, exatamente como
se um escudo contra a praga tivesse sido erguido? A eficácia do
sacerdócio de Arão em propiciar a Deus é apresentada de maneira clara
diante de nós e somos ensinados que, embora estejamos tão próximos
dos ímpios quando eles perecem, e mesmo que sua destruição chegue

3 CALVINO, João. Comentário Bíblico Antigo Testamento 1. Edição do Kindle


até nós, ainda assim estaremos a salvo de todo o mal, se Cristo interceder
por nós. Arão e o seu sacerdócio apontavam para o mais excelente e
verdadeiro Sumo Sacerdote, Jesus Cristo o Salvador, conforme nos
ensina o autor da carta aos Hebreus no capítulo 5.

Conclusão:

Cerca de trezentos haviam sido destruídos por causa da conspiração


feita com Corá; agora um número muito maior foi adicionado. Aqui está
uma impressionante exibição de justiça divina. Os que morreram da praga
foram catorze mil e setecentos. É isso o que os ímpios colhem na sua
obstinação, que Deus sendo cada vez mais provocado, redobra Seus
castigos; mesmo quando Ele ameaça que, a menos que aqueles a quem
Ele castiga se arrependam, ele tratará “sete vezes mais” severamente
com eles. Como está escrito:

“ Se ainda assim com isto não me ouvirdes, tornarei a castigar-vos


sete vezes mais por causa dos vossos pecados. ” Levítico 26.18.

Portanto, temos que aprender quando somos advertidos pelo Senhor,


e nos humilharmos prontamente sob sua mão poderosa. Tenhamos
sempre em mente o que diz o Salmo 32.9, “ Não sejais como o cavalo ou
a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são
dominados; de outra sorte não te obedecem. ”

Os rebeldes reclamaram que o povo do Senhor havia sido morto,


quando trezentos haviam perecido; eles agora experimentam quão melhor
teria sido ser mudo diante de Deus. Vamos, então, lembrar a admoestação
de Paulo: " Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram
destruídos pelo exterminador. " 1 Coríntios 10.10.

Não devemos pensar em falar mal de Deus, quando as Escrituras


tantas vezes nos exortam a ficar em silêncio em Sua presença.

Toda a história do governo divino é a prova de que o pecado não pode


ficar impune. A natureza de Deus proíbe; porque Ele é justo e reto, bem
como bom e gentil. Cristo levou sobre Si a nossa culpa. As Escrituras em
todos os lugares falam da grande misericórdia de Deus. Como
diariamente, a cada hora, minuciosamente tropeçamos contra Ele; e,
ainda, pelo poder de sua misericórdia nos perdoa e continuamos vivos!
Pois, considerando a multidão e hediondez dos nossos pecados; é por
causa de sua misericórdia que nós não somos consumidos, e porque as
suas misericórdias não têm fim. Cristo é a manifestação da graça e da
misericórdia de Deus, Ele é o teu e o meu Salvador.

De todo aquele povo que saiu do Egito, ao final, só 2 pessoas (Josué


e Calebe) alcançam a terra prometida. A rebeldia e a murmuração foram
fatais para a grande maioria de Israel. Não sejamos como esse povo de
dura cerviz, antes nos apropriemos das bênçãos que Cristo conquistou na
cruz em nosso favor. Ele prometeu e morreu para que nenhum dos seus
eleitos se perdesse. A Nova Jerusalém para nós é certa! Abandonemos
nossos pecados e vivamos dignamente aqui com nossos olhos focados
no grande e glorioso dia de encontramos nosso Salvador para com Ele
vivermos eternamente num lugar onde o pecado não mais existirá!
BIBLIOGRAFIA

CALVINO, João. Comentário Bíblico Antigo Testamento 1. Edição do Kindle

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento Parte 1. Edição do


Kindle

GILL, John. Comentário Bíblico Antigo Testamento 1. Edição do Kindle

WENHAN, Gordon J. Números: Introdução e Comentário. São Paulo, SP: Mundo


Cristão, Vida Nova, 1985, 1ª ed. pp 250.

BIBLE HUB. Numbers 16 - Pulpit Commentary Homiletics. Disponível em:


<https://biblehub.com/commentaries/homiletics/numbers/16.htm>.

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