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Visão docente sobre plantas medicinais

VISÃO DOCENTE SOBRE PLANTAS


MEDICINAIS COMO UM SABER E SUA
UTILIZAÇÃO COMO MEDICAMENTO
THE VISION OF EDUCATORS ON MEDICINAL
PLANTS AS A KNOWLEDGE AND ON ITS USE AS A
MEDICATION

Janaína Sena*
Maria Cristina Flores Soares**
Marta Regina Cezar-Vaz***
Ângela Sena****
Ana Luiza Muccillo-Baisch*****

RESUMO: Considerando o distanciamento do conhecimento e práticas acadêmicas de saúde das


práticas populares, este artigo objetiva verificar o posicionamento de docentes de Cursos de Graduação
em Enfermagem e Medicina frente ao tema plantas medicinais. A partir de estudos sobre práticas popu-
lares de saúde, foi realizada pesquisa descritiva com aplicação do método estatístico, em 2004. Foram
realizadas entrevistas com 183 docentes de três Cursos de Enfermagem e dois de Medicina do Rio
Grande do Sul. A maioria docente de Faculdades de Rio Grande (55,56%) e de Pelotas (77,78%) consi-
dera que o saber científico e o popular se encontram no tema plantas medicinais, e entre os docentes dos
cursos de Medicina predominou a concepção saber popular; 79,94% dos entrevistados atribuem valor
terapêutico a essas plantas; a maioria as utiliza como recurso terapêutico. Conclui-se que os docentes
associam o saber científico e o popular às plantas medicinais, valorizando a influência cultural no
desenvolvimento das práticas terapêuticas.
Palavras-chave: Docente; educação superior; planta medicinal; terapia alternativa.

ABSTRACT
ABSTRACT:: Considering the gap between the academic knowledge and practices in the health area and
the popular practices, this research aimed at verifying the vision of Nursing and Medicine educators
about medicinal plants. A descriptive study, applying the statistical method, has been accomplished in
the state of Rio Grande do Sul in 2004. 183 educators from three Nursing Courses and two Medicine
Courses have been interviewed. Most of the nursing educators (55,56% of the educators from the Faculty
of Rio Grande and 77,78% of the educators from Pelotas) believe that the scientific and the popular
knowledge meet together in the medicinal plants’ theme, but most of the medicine educators view
medicine plants as a popular knowledge; 79,94% of all the interviewed professionals accredit a therapeutic
value to those plants, and most of them use such plants therapeutically. We have concluded that the
educators associate scientific and popular knowledge to medicinal plants, thus valuing the cultural
influence upon the development of therapeutic practices.
Keywords: Teacher; undergraduate education; medicinal plant, alternative therapeutics.

INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre as plantas medici- sim como a construção efetiva do Sistema Único
nais pode contribuir na área da saúde, suprindo de Saúde (SUS), sendo dever do Estado garantir
necessidades básicas, já que elas são utilizadas po- o direito de todos ao acesso às várias terapias dis-
pularmente na condição de alimentos auxiliares poníveis para promoção, proteção, recuperação e
em terapias e algumas se mostram eficazes. reabilitação da saúde1.
Nesse sentido, uma consideração relevante Assim, entende-se que a saúde deva incluir
é a que refere a saúde como dimensão fundamen- em suas referências as crenças, valores, conheci-
tal e princípio norteador do desenvolvimento, as- mentos e práticas vivenciadas pelas pessoas, re-

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velando-se, desta forma, seu aspecto subjetivo, gem da Universidade da Região da Campanha –
particular e peculiar para cada indivíduo e gru- Bagé (URCAMP-Bagé).
po, intimamente ligado com a qualidade de vida Assim, entre todos os Departamentos/Insti-
desejada e esperada. tutos/Faculdades/Centros existentes nas Univer-
Ao refletir sobre a subjetividade do sujeito, sidades, optou-se por selecionar uma amostra dos
a qual envolve um contexto cultural, conside- que administram aulas para os cursos de Enfer-
rou-se de grande relevância citar a Organização magem e/ou Medicina.
Mundial de Saúde2 (OMS) quando recomenda Desse modo, na FURG, fizeram parte do es-
que os países membros, especialmente os do Ter- tudo 89 docentes, sendo assim distribuídos: De-
ceiro Mundo, procurem ampliar o arsenal partamentos de Enfermagem (21); Matemática
terapêutico para a saúde pública através do apro- (1); Educação e Ciências do Comportamento (1);
veitamento de práticas de medicina caseira em- Materno-Infantil (10); Medicina Interna (19);
pregadas pelo povo. As plantas medicinais, se usa- Ciências Morfo-Biológicas (3); Ciências Fisioló-
das com base em princípios científicos, podem ser gicas (11); Patologia (9) e Cirurgia (14).
a solução para algumas das dificuldades apresen- Na UFPEL, fizeram parte da pesquisa 79 do-
tadas no setor saúde, entre elas o alto custo dos centes: Faculdade de Enfermagem (18); Depar-
medicamentos, já que são econômica e cultural- tamento de Medicina Especializada (9); Depar-
mente viáveis à população em geral. tamento Materno-infantil (8); Departamento de
Ainda, a Organização Mundial da Saúde Saúde Mental (5); Departamento de Medicina
recomendou, formalmente, na Conferência de Social (7); Departamento de Clínica Médica (12);
Alma-Ata3, que os recursos de medicina tradici- Departamento de Cirurgia Geral (8). No Institu-
onal e popular fossem utilizados pelos sistemas to de Biologia, participaram docentes de quatro
nacionais de saúde e que seus praticantes fossem Departamentos: Zoologia Genética (3);
recrutados como aliados na organização e Microbiologia e Parasitologia (2); Fisiologia e Far-
implementação de medidas para melhorar a saú- macologia (4); Departamento de Morfologia (1);
de da comunidade. ainda, do Instituto de Química e Geociências (1)
Nessa mesma direção, tem-se como objeti- e do Instituto de Física e Matemática (1).
vos verificar o posicionamento de docentes de Já na URCAMP teve-se a participação de
Cursos de Graduação em Enfermagem e Medici- 15 docentes, assim distribuídos por Centros: Ci-
na frente ao tema plantas medicinais e sua utili- ências da Saúde (10); Economia e Informática
zação como recursos terapêuticos. (1); Educação, Comunicação e Artes (2) e Ciên-
cias Rurais (2).
METODOLOGIA A ausência de dados referentes ao conheci-
mento sobre o tema plantas medicinais na forma-
O desenvolvimento desta pesquisa surgiu ção universitária nos levou a estimar que 5% dos
da necessidade de compreender como se inseria docentes abordam o tema em algum momento,
o tema plantas medicinais em universidades, con- no seu processo de trabalho. O nível de confian-
siderando para tanto o conhecimento e as práti- ça admitido foi de 95%, com margem de erro de
cas docentes sobre esse tema. 5%. Do total de 300 docentes que ministravam
O estudo exploratório foi desenvolvido como aulas para os cursos de Enfermagem e/ou Medici-
uma pesquisa quantitativa, com aplicação do na, foi então retirada uma amostra de 183 (61%)
método descritivo e analítico. Foi realizada em docentes4.
2004, nos municípios de Rio Grande, Pelotas e O instrumento utilizado para coleta de da-
Bagé, sendo os dois primeiros inseridos na região dos foi um questionário, contendo perguntas fe-
Sul, e o último, na região da Campanha do Esta- chadas sobre as seguintes variáveis: tipo de saber
do do Rio Grande do Sul. no qual insere as plantas medicinais (científico,
A população-alvo selecionada foi constituí- popular, ambos); o significado dessas plantas; seu
da de docentes efetivos e substitutos dos cursos uso terapêutico; e sua aplicação como terapia
de graduação em Enfermagem e Medicina da complementar.
Fundação Universidade Federal do Rio Grande Os participantes foram esclarecidos previa-
(FURG), da Universidade Federal de Pelotas mente acerca dos objetivos e finalidade do estu-
(UFPEL) e do curso de graduação em Enferma- do, respeitando-se os princípios éticos de pesqui-

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sas que envolvem seres humanos determinados trar que os docentes dos Cursos de Medicina de
pela Resolução 196/96, do Conselho Nacional de ambas as Instituições também destacaram a con-
Saúde, garantindo ainda o anonimato dos cepção de saber científico e popular, respectiva-
respondentes, por meio do Consentimento Livre mente 32,2% e 40%, como demonstra a Tabela 1.
e Esclarecido. Segundo Amorozo 6, a sociedade humana
Foi realizada a distribuição da freqüência acumula um acervo de informações sobre o ambi-
porcentual dos dados coletados. Após, as diferen- ente que a cerca, que vai possibilitar-lhe interagir
ças entre porcentagens foram analisadas através com este, para permitir prover suas necessidades.
do Teste do Qui-Quadrado, sendo considerados Nesse acervo, inscreve-se o conhecimento rela-
estatisticamente significativos os valores de tivo ao mundo vegetal, com o qual estas socieda-
p<0,05; nos casos da análise comparativa entre des estão em contato. Assim, pode-se pensar nes-
mais de dois grupos, foi aplicado o Teste de Multiple se tipo de saber como sendo popular, cabendo sa-
Comparisons for Proportions5. lientar que, por ser obtido por meio de informa-
Após o término da coleta de dados, obteve- ções adquiridas através das necessidades da co-
se um total de 153 docentes participantes, dos munidade, torna-se tão importante quanto o sa-
183 pretendidos, havendo 34 (18,38%) perdas ber científico.
(distribuídas entre FURG (2) e UFPEL (32)), Conforme referem Elisabetsky e Souza7, existe
decorrentes da negativa dos sujeitos em partici- a argumentação de que a cultura pode identifi-
par da pesquisa. car os sintomas, mas não caracteriza as doenças
segundo o modelo de medicina utilizado na atua-
RESULTADOS E DISCUSSÃO lidade e por essa mesma razão informações basea-
das na cultura popular não servem de parâmetro
O posicionamento docente frente às plan- para a pesquisa e desenvolvimento de novos me-
tas medicinais é analisado quanto às seguintes dicamentos. Além disso, salienta que a carência
variáveis: tipo de saber, significado, uso terapêutico de educação e cultura formais não é sinônimo de
e terapia complementar. ausência de conhecimento, já que muitos igno-
ram outros padrões culturais.
Plantas Medicinais como um Tipo de Ainda, há possibilidade de se produzir um
Saber conhecimento alternativo favorável, partindo de
Na análise inicial, verificou-se o tipo de sa- um saber popular com embasamento científico,
ber atribuído pelos docentes às plantas medici- que pode trazer contribuições e esclarecimentos
nais. Na relação curso/instituição, tem-se que a das classes sociais distintas, tornando uma “for-
maioria docente – 55,56% dos entrevistados da ma fecunda e criativa, de reflexão e produção
Enfermagem FURG e 77,78% da Enfermagem científica, que deve ser explorada”8:31.
UFPEL – considera que essas plantas compreen-
dem um saber misto – científico e popular. Entre Significado das Plantas Medicinais
os docentes do Curso de Medicina da FURG As plantas medicinais foram identificadas,
(35,59%) e da UFPEL (44%), bem como os de principalmente, como medicamento pela maioria
Enfermagem da URCAMP (47,06%), houve pre- (79,74%), enquanto 20,26% dos entrevistados as
dominância da resposta saber popular. Vale regis- consideram alimento ou medicamento e alimento.

TABELA 1: Distribuição percentual de docentes por instituição/cursos e tipo de saber atribuído às plantas medicinais.
Rio Grande do Sul, 2004.

Curso/ Instituiçao Enf-FURG Enf-UFPEL Enf-URCAMP Med-FURG Med-UFPEL


(n=45) (n=27) (n=17) (n=59) (n=25)
Tipo de Saber % % % % %
Ambos (científico e popular) 55,56 77,78 17,65 32,20 40,00
Saber popular 22,22 14,81 47,06 35,60 44,00
Saber científico 20,00 7,21 35,29 30,51 16,00
Princípios de botânica 2,22 - - - -
Depende da abordagem - - - 1,69 -

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Para Di Stasi 9, medicamento se refere ao na UFPEL, 59,18%, e na FURG, 56,32%. Verifi-


complexo que, ao possuir uma atividade benéfica cou-se ainda, através do Teste de Comparação
ao organismo, independente de sua origem, com- Múltipla de Proporções5, que a utilização de plan-
posição, forma de apresentação, será útil em de- tas para tratar e/ou curar doenças é significativa-
terminada dose como tratamento de uma doença mente maior (p<0,000002) na URCAMP quan-
específica ou de diversos sintomas, restabelecendo do comparadas às demais instituições.
o equilíbrio das funções vitais de um organismo. Considerando a utilização terapêutica des-
Já o alimento não é apenas uma fonte de sas plantas por docente/curso, constatou-se que
nutrição, pois em todas as sociedades humanas os cursos de Enfermagem da UFPEL (77,78%),
este possui muitos papéis, estando profundamen- FURG (75,56%) e URCAMP (70,59%) alcança-
te entrelaçado aos aspectos sociais, religiosos e ram porcentagens significativamente maiores (p
econômicos do dia-a-dia. Dessa forma, o alimen- < 0,0006) que os cursos de Medicina da FURG
to torna-se parte essencial do modo como a soci- (45,76%) e UFPEL(40%).
edade se organiza e vê o mundo em que habita10. É possível que essa diferença se deva aos as-
Nesse sentido, foi comprovado que muitas pectos culturais relacionados aos cursos de Enfer-
plantas são usadas como remédio popular e como magem. Leininger12 desenvolveu a Enfermagem
alimento. Muitas das plantas usadas como remé- Transcultural, a qual é definida como um ramo da
dios têm valor nutritivo, enquanto algumas, uti- enfermagem que dá enfoque ao estudo comparati-
lizadas essencialmente como alimento, também vo e à análise de diferentes culturas quanto às prá-
têm efeito medicinal10. ticas de cuidados referentes ao processo saúde-
Assim, pode-se tender a pensar que os sujeitos doença, às crenças e valores dos sujeitos envolvi-
entrevistados, ao utilizarem as plantas como medi- dos nesse processo, buscando proporcionar um ser-
camento, estão sendo beneficiados com seus efeitos viço de enfermagem expressivo e eficaz para os in-
nutricionais, assim como quando as utilizam como divíduos, dentro de seu contexto cultural.
alimento, se favorecem de seus efeitos medicinais. Ainda9, o uso de espécies vegetais com fins
Porém, deve-se observar que a utilização de plantas de tratamento e cura de doenças e sintomas re-
não exime os consumidores de riscos, já que, assim monta ao início da civilização, desde o momento
como os produtos farmacêuticos, as plantas medici- em que o homem começou a utilizar os recursos
nais e os medicamentos populares têm riscos associ- naturais para seu próprio benefício. Essa prática
ados ao seu consumo, sendo necessário testar as hi- ultrapassou todas as barreiras e obstáculos durante
póteses propostas com todos os controles e rigor exi- o processo evolutivo e chegou aos dias atuais, sen-
gidos pelo método científico, levando em conside- do amplamente utilizada por parte da população
ração toda a informação necessária – inclusive o mundial como fonte terapêutica eficaz. Isso faz
modo de preparo e a posologia7. pensar que o uso de plantas para tratar e/ou curar
Vale destacar que, o uso tanto popular quanto doenças, por parte dos entrevistados, provavelmen-
tradicional não é suficiente para validar as plan- te deva-se aos aspectos culturais, já que o ser hu-
tas medicinais como medicamentos que propor- mano vem utilizando esses recursos desde que sen-
cionem eficácia e segurança aos consumidores. tiu a necessidade de buscar novas práticas.
Necessita, assim, estar fundamentado em evidên-
cias experimentais comprobatórias para que o ris- Terapia Complementar
co ao qual se expõem aqueles que as utilizam seja Ao serem perguntados sobre a utilização de
superado pelos benefícios que possam ocorrer11. plantas medicinais juntamente com outros medi-
Dessa forma, deve-se buscar conhecimentos so- camentos prescritos, obteve-se uma porcentagem
bre a forma de utilização correta das plantas, bem significativamente maior (p<0,01) de entrevis-
como suas dosagens, para que realmente se possa tados da Enfermagem UFPEL (74,07%) que as
usufruir de seus benefícios, tanto alimentares como utilizam como terapia complementar, segundo o
medicinais. Teste de Comparação Múltipla de Proporções5.
Seguem-se os resultados obtidos nos outros Cur-
Uso Terapêutico sos/Instituições, por ordem decrescente: Enferma-
Relacionando esta variável, observou-se que gem FURG (51,11%), Enfermagem URCAMP
70,59% dos docentes entrevistados na URCAMP (47,05%), Medicina FURG (32,20%), Medicina
utilizam plantas para tratar e/ou curar doenças; UFPEL (32%).

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Em estudo realizado com comunidades per- nais do meio familiar e/ou da comunidade, sen-
tencentes às equipes do Programa de Saúde da do necessário, assim, reconhecer o uso popular
Família (PSF) de Rio Grande, constatou-se que dessas plantas.
94,4% dos sujeitos questionados utilizam plan- Dessa forma, é preciso que os profissionais
tas medicinais como medicamentos13. Dessa for- da área da saúde adquiram durante a sua for-
ma, torna-se importante a discussão do tema nos mação conhecimentos sobre as plantas medici-
meios acadêmicos, mesmo que os docentes não nais. Para tanto é necessário que as universida-
façam uso desse tipo de recurso, pois, como men- des incluam em seus currículos disciplinas vol-
cionado anteriormente, os clientes utilizam este tadas para o estudo das plantas medicinais nas
tipo de terapia possivelmente por fazer parte de diferentes culturas, com o objetivo de formar
sua cultura e por acreditarem em sua eficácia. profissionais que também valorizem as práticas
Finalmente, a diferença na abordagem populares em saúde, com capacidade para es-
dada por docentes dos Cursos de Enfermagem clarecer as comunidades quanto aos benefícios
pode estar relacionada ao seu contato direto e riscos de sua utilização.
com o cliente, fazendo com que busque a
interação com a comunidade, através da inser-
ção em seu meio, devendo para isso comparti-
REFERÊNCIAS
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tura. Nesse sentido, o enfermeiro necessita co- plantas vivas. Porto Alegre (RS): Corag; 2001.
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pria natureza do seu trabalho e por sua maior go de plantas usadas em fitoterapia no Nordeste do Brasil.
proximidade dos clientes, quer nos hospitais, 2a ed. Fortaleza (CE): Imprensa Universitária – UFC; 2000.
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possibilita a evolução dos estudos sobre o assunto 46-68.
e a valorização da influência cultural para me- 7. Elisabetsky E, Souza GC. Etnofarmacologia como ferra-
lhor compreensão do processo saúde/doença. menta na busca de substâncias ativas. In: Simões CMO,
Petrovick PP, Schenkel E, Mentz LA. Farmacognosia: da
Constatou-se a importância das plantas me- planta ao medicamento. 5a ed. rev. Porto Alegre (RS): Ed.
dicinais, pois a maioria docente reconhece seu valor Universidade/UFRGS; 2003. p. 107-22.
como medicamento e as utiliza como recurso 8. Souza RB. Conhecimento e percepção dos docentes e
terapêutico e, algumas vezes, como terapia com- discentes sobre a utilização de fitoterápicos por pacientes
plementar de medicamentos prescritos. hospitalizados [dissertação de mestrado]. João Pessoa (PB):
Universidade Federal da Paraíba; 1995.
Ressalta-se a importância de buscar conhe- 9. Di Stasi LC. Plantas medicinais: arte e ciência – um guia
cimentos sobre utilização correta das plantas, bem de estudo interdisciplinar. São Paulo: Editora UNESP;1996.
como suas doses, para que realmente se possa 10. Helman CG. Cultura, saúde e doença. 4a ed. Tradução
usufruir de seus benefícios. E mais, torna-se re- de Claudia Buchweitz e Pedro de Moraes Garcez. Porto
levante a discussão do tema nos meios acadêmi- Alegre (RS): Artmed; 2003.
cos, mesmo que os docentes não façam uso des- 11. Lapa AJ. Farmacologia e toxicologia de produtos natu-
se tipo de recurso, pois os clientes utilizam essa rais. In: Simões CMO, Petrovick PP, Schenkel E, Mentz
LA. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5a ed. rev.
modalidade de terapia. Ainda, a utilização de
Porto Alegre (RS): Ed. UFRGS; 2003. p.247-62.
plantas medicinais está intimamente ligada com 12. George BJ, Belcher JR, Bennett AM, Bowman SS, Falco,
a cultura das populações, pois, apesar do grande SM, Fish, LJB et al. Teorias de enfermagem: os fundamen-
número de estudos nessa área, o seu uso tos à prática profissional. 4a ed. Porto Alegre (RS): Artes
freqüentemente decorre de costumes tradicio- Médicas; 2000.

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Sena J, Soares MCF, Cezar-Vaz MR, Sena A, Muccillo-Baish AL

13. Oliveira SM. A utilização de plantas medicinais na (RS): FURG; 2003.


promoção e recuperação da saúde nas comunidades per- 14. Nogueira MJC. Terapêuticas alternativas em enferma-
tencentes às equipes do programa de saúde da família de gem: Por que não? Rev Enfoque São Paulo 1983; 11 (2):
Rio Grande – RS [dissertação de mestrado]. Rio Grande 31-5.

VISIÓN DOCENTE SOBRE PLANTAS MEDICINALES COMO UN SABER Y SU USO COMO MEDICAMENTO
RESUMEN: Considerando el distanciamiento del conocimiento y prácticas académicas de salud de las
prácticas populares, este estudio objetiva verificar la postura de docentes de Cursos de Pegrado en
Enfermería y Medicina delante del tema plantas medicinales. A partir de estudios sobre prácticas popu-
lares de salud, fue cumplida pesquisa descriptiva con aplicación del método estadístico, en 2004.
Fueron realizadas encuestas con 183 docentes de tres Cursos de Enfermería y dos de Medicina, todos
del Estado de Rio Grande do Sul-Brasil. La mayoría docente de Facultades de Rio Grande (55,56%) y de
Pelotas (77,78%) considera que el saber científico y el popular se encuentran en el tema plantas
medicinales, y entre los docentes de los Cursos de Medicina predominó la concepción saber popular;
79,94% de los entrevistados atribuyen valor terapéutico a esas plantas; la mayoría las utiliza como
recurso terapéutico. Se concluye que los docentes asocian los saberes científico y popular a las plantas
medicinales, valorizando la influencia cultural en el desarrollo de las prácticas terapéuticas.
Palabras Clave: Docente; educación superior; planta medicinal, terapia alternativa.

Recebido em: 23.11.2005


Aprovado em: 16.01.2006

Notas
*
Enfermeira, Mestre em Enfermagem FURG, Professora do Departamento de Enfermagem da Fundação Universidade Federal do Rio
Grande – FURG. Av Santos Dumont, 513 A, bloco G1, apto 303, Bairro Junção; Cep: 96202090; Rio Grande – RS. E-mail:
janaenf@hotmail.com
**
Fisioterapeuta, Doutora em Fisiologia da Reprodução - Universite de Paris, Professora do Departamento de Ciências Fisiológicas da
Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG.
***
Enfermeira, Doutora em Filosofia da Enfermagem – UFSC, Professora do Departamento de Enfermagem da Fundação Universidade
Federal do Rio Grande - FURG.
****
Farmacêutica Bioquímica. Pós-graduanda em Saúde Pública ISEPE.
*****
Enfermeira, Doutora em Ciências Biológicas – BORDEAUX, Professora do Departamento de Ciências Fisiológicas da Fundação
Universidade Federal do Rio Grande – FURG.

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