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Os primitivos centros da civilização

Curso de Arquitetura e Urbanismo

ARQUITETURA E URBANISMO PRÉ-INDUSTRIAL


Arquitetura e Cidade Egípcias

Profª Rosamônica da Fonseca Lamounier

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Arquitetura e Cidade no Egito


José Ramón
O Egito como laboratório de arquitetura. A singularidade do Egito.

Onde os acontecimentos e situações arquitetônicas se dão com “simplicidade”, mas


de forma muito elaborada e em condições geográficas e históricas muito especiais.

Egito como essência da an?guidade: os ar=stas gregos aprenderam com os egípcios e


todos nós somos alunos dos gregos. Egito e Grécia – berços da arquitetura ocidental.

Conquistas: métodos de cálculo; geometria/ medição da terra/ ramos das ciências


matemá?cas; escrita.

Marco geográfico e marco histórico.

3.000 anos de civilização entre 5.000 e 2.000 a.C.: Impérios An?go, Médio e Novo.
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EGITO | CIDADES Egito
Nordeste da África, ao longo do Nilo
Nilo = dádiva dos céus; Egito = dádiva do Nilo

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Vale do Nilo com os


Montes Líbicos ao fundo. A história do Egito está dividida em
30 dinas5as e começa por volta dos
anos 3.000 a.C.

A contagem dos anos recomeçava


no início de cada uma delas.

O ano egípcio compreendia três


estações: Inundação, Semeadura e
Colheita, com quatro meses de 30
dias cada.
[Vale de 5 a 25Km]

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A estrutura social do Egito an1go está baseada no poder total do rei, N
Arquitetura e Cidade no Egito
considerado como deus, filho do Sol (Rá). Esse poder divino coloca o rei em José Ramón
plano superior, ina1ngível ao homem comum e é transmi1do aos filhos e filhas.

Afresco encontrado na Orientação e ortogonalidade


tumba de Tutankamon. XVIII
Dinas@a. Cerca de 1350 a.C.
Norte e Sul: direção espacial primária
+ O L
Direção do caminho do Sol

Eixo Longitudinal e Eixo Transversal (trama)

Tutmó@s III.
Escultura em mármore.
XVIII Dinas@a. Cairo,
Museu Arqueológico. S
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Arquitetura e Cidade no Egito Importância simbólica do arado (abertura de sulcos paralelos na terra, abrindo parcelas mais
José Ramón retangulares) até a urbanização.

“Horizontal e ver?cal” (trama longitudinal e tranversal) As sociedades agrícolas necessitam de um sistema simples de parcelamento do solo para a
Da conjunção desses 2 eixos surge uma estrutura espacial simples: delimitação das plantações e das propriedades rurais; assim como de um sistema de tecido
a RETÍCULA; ou a QUADRÍCULA se ambos os eixos se cortam urbano para o reparcelamento e a remarcação de um transbordamento ou de uma cheia.
perpendicularmente.
Importância fundamental para o que vem depois.

Eixo maior e eixo menor no


Egito: da reNcula à
quadrícula

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A trama retilínea satisfaz tudo isso e permite planejar o uso do território.

A reNcula e a quadrícula no Templo funerário de


A reNcula e a quadrícula no Templo de Luxor, em Tebas.
Rameseum, em Tebas.
Fonte: Pereira.
Fonte: Pereira.

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Arquitetura e Cidade no Egito Arquitetura e Cidade no Egito | José Ramón


José Ramón Axialidade e Simetria como caracterís<cas da arquitetura egípcia.
Horizontalidade e ver?calidade Axialidade ~ Eixo
Eixo: linha imaginária com a qual todos os pontos de uma superCcie, volume ou espaço mantém
2º elemento inicial: a diretriz ver?cal, que também faz parte do início da arquitetura: uma determinada relação.
relação do plano horizontal em que estamos com a abóboda celeste/ caminho do sol.
Associação com a limitação geográfica do Egito como um território linear vertebrado em torno
Introdução da ver?cal como princípio da organização na arquitetura egípcia. do Nilo.

Durante 3 milênios man=vemos o Axialidade ⇒ Simetria (axial ou bilateral/ resulta da ver<cal como princípio de organização).
método de composição com base em PLANOS: Simetria em transla<va ou em série: repe<ção rítmica as formas, criando ordem composi<va.

HORIZONTAIS e DIRETRIZ VERTICAL.


HORIZONTAL = linha de repouso.
VERTICAL = linha do movimento.
Que se combinam no ângulo reto.

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Arquitetura e Cidade no Egito
José Ramón

Caracterís?cas composi?vas da arquitetura egípcia

ORTOGONALIDADE
(combinação perpendicular entre eixos)

HORIZONTAL ⬌ VERTICAL
(linha terrena da procissão – linha divina da ascensão)

SIMETRIA ⬌ AXIALIDADE
(eixo e repe=ção)
Os conceitos geométricos da arquitetura egípcia, exemplificados na seção longitudinal
e na planta do Templo do Consu, em Karnak (Carnac).
Fonte: Pereira.

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Arquitetura e Cidade no Egito Arquitetura e Cidade no Egito


José Ramón José Ramón
Todos esses conceitos: Enchentes do Nilo – aparição da geometria para a medição de terras.

PLANO HORIZONTAL Sistema pictórico/ símbolo ➔ escrita = representação de objetos pela


DIRETRIZ VERTICAL sua figura ➔ escrita ideográfica, abreviando ➔
RETÍCULA escrita hieroglífica (palavras ou partes de palavras).
ORTOGONALIDADE
AXIALIDADE Mais tarde, da escrita ideográfica para a fonética, tornando silábicos
SIMETRIA os símbolos.
SÉRIE
Mais adiante, por volta de 1.500 a.C., surge a leste do Mediterrâneo a
reforçam a posição fundamental da geometria como base da arquitetura. ideia de limitar o número de símbolos gráficos a 25, cada um deles
representando uma única consoante ➔ alfabeto grego e latino.
Diferentes hieróglifos que simbolizam, como se fossem
logotipos, a forma do templo egípcio. Fonte: Pereira.

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Arquitetura e Cidade no Egito
José Ramón
Experiência alfabé?ca tem consequências no campo da arquitetura.

Do mundo das ideias a um mundo de signos e formas.

Alfabeto ➔ meio de comunicação ➔ logo?po ➔ signo arquitetônico


➔ forma arquitetônica = signo = significado + significante = conceito + imagem.

História da arquitetura egípcia = história das formas absolutas:


Horizontal e ver=cal: obeliscos, pirâmides e pilonos (pór=co monumental à
entrada dos templos egípcios).

Lugar onde o problema geométrico e a ar=culação de planos e diretrizes são a


origem das formas plás=cas.
Pilono de entrada do Templo de Horus, em Edfu, Egito. Fonte: Pinterest.

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Obras de arquitetura no Egito Arquitetura e Cidade no Egito


José Ramón
TÚMULOS TÚMULOS
Com estrutura acima do solo (mastabas e pirâmides) Origem da arquitetura piramidal = mastabas. A sobreposição de várias mastabas dá
Subterrâneos (hipogeus) lugar à pirâmide escalonada.

TEMPLOS
Divinos e funerários
Acima do Solo
Parcialmente subterrâneos (hemispeus)
Totalmente subterrâneos (speus)

PALÁCIOS E RESIDÊNCIAS

Mastaba de Abidos, origem da arquitetura piramidal. Conjunto funerário de Djoser, em Saqqara (cerca de
Fonte: Pereira. 2.500=2630 a.C.); Arq. Imhotep.

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A forma da Mastaba tende a evoluir para a forma da
pirâmide que, a princípio, se apresenta escalonada, sob
a forma de mastabas superpostas.

Dentro da Mastaba, no
compartimento do Serdab, eram
colocadas as estátuas do Ka, ou
duplo indivisível do falecido.
Pirâmide escalonada de Saqqara, Egito, cerca de 2630 a.C. (Destinado a oferendas e dar vida
Primeira construção de pedra em escala monumental. Arquiteto Imhotep. Fonte: Pereira. ao defunto)

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AS EXPERIÊNCIAS DE SNEFERU (Snefru)

Pirâmides construídas por Sneferu. Saqqara, IV Cortes das pirâmides de Saqqara, Medium (Snefru), Dahshur e Gizé; Egito, cerca de 2.550 - 2460 a.C. Tamanhos rela@vos.
Dinas@a. Cerca de 2700 a.C. Quéops como a maior e mais complexa em termos de arranjo, passagens e câmeras internas. Fonte: Fazio et Al..

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Necrópole de Gizé. Pirâmides de
Arquitetura e Cidade no Egito Quéops, Kéfren e Miquerinos.
José Ramón IV Dinas@a, cerca de 2500 a.C.

Pirâmides de Gizé (Guizé; cerca de 2.200 a.C.) – uma das maiores e melhores amostras
de toda a arquitetura da humanidade: com Quéops (Khofu); Quéfren e Miquerinos.
Colossais e perfeitas pirâmides.

Miquerinos

Quéfren

Quéops
230x203m
H=150m

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A implantação das pirâmides segue rigorosamente a


orientação dos pontos Cardeais. Originalmente eram
revesDdas de calcário e Dnham suas faces lisas.
(A altura da pirâmide de Queops é
137m corresponde a 203 fiadas de pedras superpostas
formando escadaria com espelho de 68cm e 54cm de piso)
Altura de um prédio de 45 andares

Pirâmides Gisé, Egito, cerca de 2.550-2.460 a.C. Fonte: Pereira.

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A região do Egito é riquíssima em pedras de toda espécie que foram largamente
usadas por construtores e artistas. A capa de argila, anualmente renovada, TIPOS DE PIRÂMIDES
forneceu igualmente material abundante para a confecção de adobes,
empregados nas residências. -Algumas pirâmides têm núcleo de Fjolos com
revesFmento de pedra (fig.131)
Necrópole de Gizé.
IV Dinas@a.
- Algumas são de pedra, colocadas em fiadas oblíquas;

- Outras de pedras em fiadas horizontais formando uma


escadaria gigantesca revesFda de calcário (Gizé) com faces
planas de inclinação uniforme;

- Algumas com esqueleto de pedra (espinha de peixe) nas


diagonais da base, coberto com enchimento de detritos de
Fjolos e com revesFmento de pedra aparelhada (fig. 132)

Tríade de Miquerinos. Basalto verde. Cerca de 2600 a.C.


Cairo, Museu Arqueológico.

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CONSTRUÇÃO E TRANSPORTE DE PEDRAS

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– Esfinge 57m comprimento e 20m altura.
(simboliza a união da doçura e da força,
FUNCIONAMENTO DO COMPLEXO do sol e da terra, de Isis e Osíris)
1 - Grande Pirâmide
2 – Câmara do rei
3 – Câmara da rainha
4 – Câmara inacabada
5 e 6 – Corredores
7 – Grande Galeria
8 – Entrada de ar
9 – Templo funerário
10 – Calçada
11 – Templo do vale
12 – Barcas solares
13 – Mastaba
15 – Pirâmides satélites (abrigar as múmias
de pessoas da família real)

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A PIRÂMIDE NA LINGUAGEM CONTEMPORÂNEA DA ARQUITETURA

Pirâmide do Louvre. Arq. Ieoh Ming Pei. Paris, 1989. Cesar Pelli: Canary Wharf Tower. Londres, 1989.

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Arquitetura e Cidade no Egito


José Ramón Templos anexos à pirâmide de
Quéfren, em Gizé, cujas plantas
TEMPLOS EGÍPCIOS mostram o horror egípcio do
espaço interno.
§ Oásis longitudinal fechado Fonte: Pereira.
§ Organizado axialmente
§ Ordem ortogonal/ estruturado ortogonalmente
§ Massa megalí<ca
§ Percurso

Espaços fechados colossais com uma floresta de colunas e fechados


por muros altos.

Não é uma forma absoluta como os túmulos, mas uma forma


plás<ca cristalina – sucessão de câmeras escuras estreitas que não
permitem a impressão de espacialidade/ ou pá<os internos nos
quais faltam significado.

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Recomeçam os espaços até no santuário (núcleo gerador)

Pilono
(pórtico
monumental)
PáDo aberto com
Templo de Amon em Carnac (Tebas), planta, colunas=PerisDlo
(XIX DinasDa, 1500-1400 a.C. 104x52m,
com 140 colunas. Fonte: Pereira.
Sala com colunas
coberta=Hipostilo

Recinto mais fechado=santuário

Templo de Amon em Carnac (Tebas), seção transversal do salão hiposDlo. Fonte: Pereira.

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Os templos são divinos quando dedicados ao culto de um deus, funerário quando se acham no TEMPLOS CONSTRUÍDOS ACIMA DO SOLO - ESQUEMA
recinto de uma necrópole ou quando se destinam às comemorações em honra de um morto.

avenida
de esfinge

ou carneiros

Complexo funerário de Ramsés II. Deir-el-Bahri. Séc. XIII a.C.

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Templo de Amon, Karnak. Interior da
Sala Hipos=la. Em primeiro plano,
colunas papiriformes fechadas. Ao
fundo, colunas papiriformes abertas,
mais altas, possibilitando o uso de
venezianas de pedra.

TEMPLO DE AMON, KARNAK. Possível processo de elevação das pedras.

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Templo Funerário de Hatshepsut +


Mentuhopte I, em Deir-el-Bahari,
no Império Novo, Tebas, ~1.500
a.C.. Arq.
Fonte: Pereira.

Hipogeu (escavação subterrânea)


organizado por um eixo
longitudinal que penetra na
montanha. Prolongando o eixo do
Trenó para transporte de pedras. Procedente do Egito. XII dinas@a, cerca de 1950/1900 a.C. Templo de Amon do outro lado do
Nova York, Museu Metropolitano. Nilo.

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SISTEMAS CONSTRUTIVOS | PILARES E COLUNAS
Nos esteios isolados, o bloco algumas vezes era monolí?co, com as faces mais ou
menos trabalhadas. Conforme sua seção transversal, chamam-se os esteios: pilares
(seção transversal quadrada, retangular ou poligonal) ou colunas (seção transversal
circular ou aproximadamente circular).

Templo de Harchepsut, em Deir-El-Bahari.

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A NATUREZA COMO REFERÊNCIA Capitéis em MODERNISMO


forma de papiro
A exuberante paisagem do vale do Nilo serviu fechado.
de modelo aos construtores egípcios no Templo de
momento de definir as formas das colunas e Amenófis III,
seus capitéis. Luxor, Séc. XIII
a.C.
Emblema de fertilidade, símbolo da terra e das
plantas sagradas. A esse sentido se associa o Le Corbusier: Vila Savoye.
de duração. Oscar Niemeyer: Congresso Nacional. Brasília, 1959.
Poissy, 1929.
Combinação: de massa, solidez e grandiosidade.

Capitéis em forma de papiro aberto


(Figuras A e B) e em forma de
palmeira (Fig. C) Templo de Edfu,
A B C Séc. III a.C. Oscar Niemeyer: Palácio do Planalto. Brasília, 1959.

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PALÁCIOS E RESIDÊNCIAS PRINCIPAIS REFERÊNCIAS DA AULA
As habitações dos vivos não mereciam os mesmos cuidados que as dos deuses e a dos
mortos. Construídas geralmente de argila, ou de <jolos crus (adobes), não resis<ram ao
embate dos homens e das intempéries durante os milênios ocorridos. FAZIO, Michael; MOFFETT, Marian; WODEHOUSE, Lawrence. A história da
arquitetura mundial. 3 Ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.

PEREIRA, José Ramón Alonso. Introdução à História da Arquitetura - das Origens


ao Século XXI. Porto Alegre: Bookman, 2009.

BOLTSHAUSER, João. História da Arquitetura. Belo Horizonte: EAUFMG, 1969.


[volumes I-VI]

Reconstituição de um palácio.
Viollet-le-Duc, séc. XIX.

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