Você está na página 1de 3

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO Diretora: Erivânia

16ª URE – UNIDADE REGIONAL DE EDUCAÇÃO Disciplina: Língua Portuguesa


E.E.E.M. DEP. RAIMUNDO RIBEIRO DE SOUZA Professora :Marilízia
Série: 2º EG Turma: __ Turno: Tarde Data:___ /__/2023
Aluno (a):____________________________ 4º BIMESTRE
Análise: A Causa Secreta
No conto "A Causa Secreta" de Machado de Assis percebemos traços fortes do realismo, abordando
vários assuntos: violência, vida em família, amizade, ciência, trabalho entre outros; Criando, dentro de um
espaço familiar, um cenário conflitante cheio de rodeios e tramas, ganhando destaque a questão do
sofrimento ou da crueldade humana.
O realismo se apresenta quando aparece a personalidade humana envolvida com sentimentos fortes,
demonstração da incapacidade de amar, a dissimulação da raça humana, a amoralidade entre outros
fatores.
Garcia, médico recém-formado, conhece o senhor Fortunato, homem frio e possuidor de uma grande
compaixão em ajudar os doentes. O preocupante é a sua frialdade, que de tão grande, nem a pobre e
ingênua esposa, Maria Luiza, escapa dos seus maus-tratos.
De linguagem simples e de fácil compreensão. O foco narrativo é a 3 º pessoa. De narrador onisciente
que possui uma notável posição psicológica capaz de envolve o mais crítico leitor. O conto possui uma
estrutura não-linear. Como se percebe em Garcia e Fortunato tornando-se amigos, a apresentação de
Maria Luiza, a bela esposa de Fortunato e depois ambos combinam abrir uma casa de saúde.
Se percebe na leitura vários aspectos psicológicos que se submetem seus personagens. Como a figura de
Fortunato. O leitor é convidado a investigar, as razões, os porquês e as atitudes que fez com que tal pessoa
agisse assim.
Ao experiente leitor é levado a compreender que com Fortunato e o médico Garcia o conto só pode
pertence ao movimento realista, isto porque o enredo é marcado por atos de liberdade do homem, pelo
progresso da própria ciência, pela descentralização do amor pelo amor etc. Além disso, há um momento
de tensão com relação ao grande segredo da personagem principal e o envolvimento que esse faz com os
demais. Fortunado diante várias cenas de seu dia-a-dia mostrasse uma pessoa má e sem nenhum
sentimentalismo pelo sofrimento dos outros. Percebe-se isso quando o mesmo socorre o ferido a punhal
ou ainda no momento que estava assistindo o filme com cenas fortes
O clímax chega quando a esposa e o amigo da família Garcia flagra Fortunato torturando um rato até a
morte. Ficando explicita o sentido do título do conto: “A causa secreta”. Era de fato este o segredo daquele
homem. O sofrimento alheio lhe era prazeroso, ficando claro nesse trecho: "Castiga sem raiva", pensou o
médico, "pela necessidade de achar uma sensação de prazer, que só a dor alheia lhe pode dar: é o segredo
deste homem".
Os fatos assim são conduzidos por uma narrativa mais contundente e crítica. Fortunado começa a realizar
experiências com animais em sua própria casa. A esposa não gostando da ideia pede ao médico que
intervenha para que Fortunato não mais realize em seu lar. Tempo mais tarde a mulher acaba contraindo
tuberculose e acaba morrendo.
No final do trecho, Garcia encontra-se sozinho velando a defunta e nesse estante sente o forte desejo de
beijar a face já desfeita de Maria Luísa. O esposo entra no recinto e vê seu amigo nos prantos e beijos
naquela que amou. Ao invés de ficar irado acaba sentindo um sentimento sádico com relação ao episodio.
Atividade
1.(UFV-MG) Machado de Assis foi notabilizado pela crítica por sua capacidade de construir personagens
bastante complexas, de dimensão psicológica profunda, que desmascaram as convenções sociais
hipócritas. Assinale a alternativa que indica a personagem que comprova essa afirmativa.
a) A cartomante, de A cartomante. c) Garcia, de A causa secreta.
b) Fortunato, de A causa secreta. d) Camilo, de A cartomante.
.* Leia o fragmento do conto “A causa secreta”, de Machado de Assis:
“Garcia estava atônito. Olhou para ele, viu-o sentar-se tranquilamente, estirar as pernas, meter as mãos
nas algibeiras das calças, e fitar os olhos no ferido. Os olhos eram claros, cor de chumbo, moviam-se
devagar, e tinham a expressão dura, seca e fria. Cara magra e pálida; uma tira estreita de barba, por baixo
do queixo, e de uma têmpora a outra, curta, ruiva e rara. Teria quarenta anos. De quando em quando,
voltava-se para o estudante, e perguntava alguma coisa acerca do ferido; mas tornava logo a olhar para
ele, enquanto o rapaz lhe dava a resposta. A sensação que o estudante recebia era de repulsa ao mesmo
tempo que de curiosidade; não podia negar que estava assistindo a um ato de rara dedicação, e se era
desinteressado como parecia, não havia mais que aceitar o coração humano como um poço de
mistérios”.(MACHADO DE ASSIS. A causa secreta. In: Machado de Assis – obra completa. v.2. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986. p. 513.)
2. A partir da análise do trecho do conto, podemos dizer que o texto classifica-se como
a) Um texto de relato, pois transmite os fatos acontecidos com foco no acontecimento;
b) Um texto narrativo, seu material é o fato e a ação que envolve os personagens;
c) Um texto dissertativo, cuja principal intenção é a exposição de opiniões com a intenção de persuadir o
leitor;
d) Um texto narrativo-descritivo, pois é predominantemente narrativo com passagens descritivas.
3. No conto A Causa Secreta, de Machado de Assis: qual é a causa secreta?
a)O plano de vingança de Gouveia contra os capoeiras que o feriram é a causa secreta dessa história.
b) A causa secreta é o amor que Garcia sente pela mulher de Fortunato.
c) A paixão de Maria Luísa por Garcia é a causa secreta do conto.
d) A causa secreta é o sadismo de Fortunato, o prazer que ele sente com o sofrimento alheio, de pessoas
ou de animais.
*Maria Luísa defendeu-se a medo, disse que era nervosa e mulher; depois foi sentar-se à janela com as
suas lãs e agulhas, e os dedos ainda trêmulos, tal qual a vimos no começo desta história. Hão de lembrar-se
que, depois de terem falado de outras coisas, ficaram calados os três, o marido sentado e olhando para o
teto, o médico estalando as unhas. Pouco depois foram jantar; mas o jantar não foi alegre. Maria Luísa
cismava e tossia; o médico indagava de si mesmo se ela não estaria exposta a algum excesso na companhia
de tal homem. Era apenas possível; mas o amor trocou-lhe a possibilidade em certeza; tremeu por ela e
cuidou de os vigiar.
Ela tossia, tossia, e não se passou muito tempo que a moléstia não tirasse a máscara. Era a tísica,
velha dama insaciável, que chupa a vida toda, até deixar um bagaço de ossos. Fortunato recebeu a notícia
como um golpe; amava deveras a mulher, a seu modo, estava acostumado com ela, custava-lhe perdê-la.
Não poupou esforços, médicos, remédios, ares, todos os recursos e todos os paliativos. Mas foi tudo vão. A
doença era mortal.
Nos últimos dias, em presença dos tormentos supremos da moça, a índole do marido subjugou
qualquer outra afeição. Não a deixou mais; fitou o olho baço e frio naquela decomposição lenta e dolorosa
da vida, bebeu uma a uma as aflições da bela criatura, agora magra e transparente, devorada de febre e
minada de morte. Egoísmo aspérrimo, faminto de sensações, não lhe perdoou um só minuto de agonia,
nem lhos pagou com uma só lágrima, pública ou íntima. Só quando ela expirou, é que ele ficou aturdido.
Voltando a si, viu que estava outra vez só.
De noite, indo repousar uma parenta de Maria Luísa, que a ajudara a morrer, ficaram na sala
Fortunato e Garcia, velando o cadáver, ambos pensativos; mas o próprio marido estava fatigado, o médico
disse-lhe que repousasse um pouco.
Vá descansar, passe pelo sono uma hora ou duas: eu irei depois.
Fortunato saiu, foi deitar-se no sofá da saleta contígua, e adormeceu logo. Vinte minutos depois
acordou, quis dormir outra vez, cochilou alguns minutos, até que se levantou e voltou à sala. Caminhava
nas pontas dos pés para não acordar a parenta, que dormia perto. Chegando à porta, estacou assombrado.
Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as feições
defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse
momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser
o epílogo de um livro adúltero. Não tinha ciúmes, note-se; a natureza compô-lo de maneira que lhe não
deu ciúmes nem inveja, mas dera-lhe vaidade, que não é menos cativa ao ressentimento. Olhou
assombrado, mordendo os beiços.
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver; mas então não pôde mais. O
beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas
de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa
explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
(trecho final do conto “A Causa Secreta”, do livro “Várias Histórias”, de Machado de Assis)
4. A expressão “velha dama insaciável”, no segundo parágrafo, é exemplo de
a) assonância. c) eufemismo.
b) metáfora. d) prosopopeia.
5.Qual das alternativas abaixo não é coerente ao que está escrito no excerto acima?
a) Com o trecho “como se a morte espiritualizasse tudo”, do sétimo parágrafo, o narrador quis nos dizer
que Garcia se sentiu beijando o espírito intacto de Maria Luísa, não o corpo desfigurado da mulher amada.
b) Garcia é o nome do amigo médico de Fortunato.
c) No sétimo parágrafo, o narrador afirma que a vaidade é tão causadora de ressentimento (mágoa)
quanto o ciúme e a inveja.
d) O último período do conto indica que Fortunato sentiu moralmente ofendido com o beijo de Garcia em
sua esposa.
6. A palavra “subjugou” – (terceiro parágrafo) – pode ser substituída adequadamente por
a) aproximou.
b) destruiu.
c) elevou.
d) reprimiu.
7.A palavra “índole” – (terceiro parágrafo) – pode ser substituída coerentemente por
a) caráter
b) mágoa
c) masoquismo
d) sadismo

Você também pode gostar