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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

LETRAS-PORTUGUÊS

MARIA TEREZA FRANCHI SILVA

ESTUDOS DIRIGIDOS

ALFENAS/MG
2023
​ESTUDO DIRIGIDO: “ESAÚ E JACÓ”, Machado de Assis

1. O livro retrata a divisão do Brasil à época da Proclamação da República. Para


tanto, Machado de Assis apresenta o conflito entre dois irmãos como fórmula para
transformar em alegoria importante período histórico brasileiro: a transição entre
Império e República. O que vem a ser alegoria? Explicite a alegoria utilizada por
Machado nesta obra.

Alegoria é a palavra utilizada para determinar quando uma referência é feita a partir
de outras formas. Por exemplo, a possibilidade de poder dizer algo com o mesmo
sentido, mas de outras maneiras.

A alegoria usada pelo autor é a construção do posicionamento político entre os dois:


Pedro é monarquista e Paulo republicano.

2. O Conselheiro Aires é uma das personagens da obra. Aparece mais do que os


próprios gêmeos Pedro e Paulo. Podemos dizer que ele representa a elite brasileira.
Qual o comportamento do Conselheiro Aires no decorrer da história? É republicano?
É monarquista? Qual seria, então, a proposta da história para caracterizar a elite
brasileira?

O Conselheiro Aires, que também é um narrador, se opõe a qualquer tipo de


posicionamento. Não é possível defini-lo como monarquista e nem como
republicano.

A elite brasileira, a partir das características do personagem Conselheiro Aires, pode


ser caracterizada como uma classe influenciável.

3. Como você interpreta a personagem Custódio? O confeiteiro também pode ser


considerado uma figura emblemática do brasileiro?
Considero que o personagem Custódio estava conformado com o regime
imperialista. No período de transição do Brasil Império para o Brasil República, o
personagem perdeu o interesse no movimento político. Essa interpretação do
personagem Custódio representa a alienação da população brasileira, que ainda
permanece nos dias atuais.

4. A construção da narrativa também não é simples. Apesar da advertência no início


do livro, o leitor pode pensar que o Conselheiro Aires é o autor da história ou o
narrador. Na verdade, temos um narrador onisciente (a voz machadiana que
conversa com o leitor), ora em terceira pessoa ora em primeira pessoa. Aponte
fragmentos que comprovem isso.

No trecho a seguir a narrativa é a voz machadiana, fazendo, por meio de um jogo


psicológico, que entendamos a história do Conselheiro Aires como "real":

"Quando o conselheiro Aires faleceu, acharam-se-lhe na secretária sete cadernos


manuscritos, rijamente encapados em papelão. Cada um dos primeiros seis tinha o
seu número de ordem, por algarismos romanos, I, II, III, IV, V, VI, escritos a tinta
encarnada. O sétimo trazia este título: Último."

Já no trecho abaixo a narrativa é do personagem Conselheiro Aires:

"Ao cabo, não estou contando a minha vida, nem as minhas opiniões, nem nada que
não seja das pessoas que entram no livro. Estas é que preciso pôr aqui
integralmente com as suas virtudes e imperfeições, se as têm. Entende-se isto, sem
ser preciso notá-lo, mas não se perde nada em repeti-lo."

5. Qual o Brasil de Machado de Assis em “Esaú e Jacó”? Explique.

Com o final do Império e a proclamação da República, o Brasil estaria dividido entre


monárquicos e republicanos. E é em torno dessa dualidade entre os gêmeos que a
história se discorre: uma disputa entre ideais.
ESTUDO DIRIGIDO - A CAUSA SECRETA – MACHADO DE ASSIS
.
QUESTÕES

O conto “A causa secreta” foi publicado pela primeira vez em 1885. Posteriormente,
foi publicado em Várias histórias (1896). Conforme Antonio Candido, o conto trata
do tema da “transformação do homem em objeto do homem", que é uma das
maldições ligadas à falta de liberdade verdadeira, econômica e espiritual. Este tema
é um dos demônios familiares da sua obra, desde as formas atenuadas do simples
egoísmo até os extremos do sadismo e da pilhagem monetária” (1970, p.28).

Responda:

1. Machado possibilita, ao longo do conto, por meio das ações de Fortunato, que o
leitor vá compondo o perfil moral dessa personagem e, assim, permite-nos perceber
as características principais de sua personalidade. Indique quais as características
marcantes da personalidade de Fortunato. Comprove com fragmento do texto.

O personagem em questão é um homem individualista, de comportamento jovial e,


ao mesmo tempo, hospitaleiro. A princípio, essas são as características do
Fortunato. Depois que ele abre uma casa de saúde junto com Garcia e passa a
estudar anatomia e fisiologia, os seus traços mais íntimos começam a se revelar. No
trecho abaixo evidencia o comportamento e aspectos tomados por insanidade e
frieza do médico:

"Garcia, defronte, conseguia dominar a repugnância do espetáculo para fixar a cara


do homem. Nem raiva, nem ódio; tão-somente um vasto prazer, quieto e profundo,
como daria a outro a audição de uma bela sonata ou a vista de uma estátua divina,
alguma coisa parecida com a pura sensação estética."

2. Na cena do martírio do rato, observa-se que Fortunato é sádico e Garcia é


masoquista. Embora sinta repulsa, fica a contemplar a cena. Da mesma forma, nós
leitores. Comente.
A cena em que Fortunato tortura o rato é a passagem mais desconfortável do conto.
Eu acredito que Garcia tenha sentido medo do Fortunato nesse momento, por isso
se absteve.

3. O conto é escrito mediante duas técnicas: a do enigma (sugerido pelo título) e a


do jogo teatral. As personagens, na história, ora funcionam como atores, ora como
espectadores. Comente tal assertiva, justificando o efeito produzido por Machado na
narrativa, para produzir a construção do tema principal: o sadismo.

O autor constrói a personalidade do Fortunato desde o início do conto, quando narra


que as suas características eram de um homem que zomba das situações alheias,
não dá atenção para a sua esposa ao mesmo tempo não trata as coisas com
indiferença.

4. Qual o seu ponto de vista em relação aos comentários de Bosi e Cândido:

* “Fortunato possui, como a Fortuna que traz no nome, um caráter maligno, ...
Fortunato, que se diverte com as convulsões da agonia, é um caso particular da
perversão universal” (1982, p.455).
* Os “mais desagradáveis, os mais terríveis dos seus personagens, são homens de
corte burguês impecável, perfeitamente entrosados nos mores da sua classe”
(CANDIDO, 1970, p.31).

Em relação ao comentário de Bosi, considero que ele quis dizer ser um "caso
particular da perversão universal" por conta de algumas características de "médico
hospitaleiro"que ele demonstra ao decorrer do conto e pela sua reação ao final do
conto, quando flagra Garcia em profundo sofrimento afetivo pelo cadáver de Maria
Luísa.

O comentário de Cândido traz em si a ideia do privilégio que o personagem


Fortunato, por ser médico e ocupar uma alta classe na sociedade, tem para
satisfazer suas necessidades sádicas e manter-se uma ameaça imperceptivel aos
olhos da sociedade.
ESTUDO DIRIGIDO - De Machadinho a Brás Cubas – Augusto Meyer
.

QUESTÕES

01. Na primeira fase de Machado de Assis, considerada de longa gestação, existem


elementos que de alguma forma antecipam ou sugerem aquele que seria conhecido
por Machadão? Justifique.

Segundo o autor Augusto Meyer, Machado de Assis começa a se realizar mais


profundamente na obra Iaiá Garcia, que é o último romance da fase romântica de
Machado. Como elementos precedentes , o romance tem como características a
força das personagens femininas, e toda a questão psicológica leva ao
comportamento dos personagens.

02. O próprio Machado explica a mudança do escritor de Helena a Brás Cubas,


ocorrida entre outubro de 1878 a março de 1879. O que aconteceu? Como Augusto
Meyer encara tal fato?

Houve uma mudança na corrente literária do autor, que fez de Helana um romance
e, depois, inaugurou o realismo em Brás Cubas. Augusto Meyer acredita que essa
transição foi também o "nascimento" de algo que estava se preparando para nascer
há um tempo. A grande realização de Machado teria sido o encontro dele com ele
mesmo, a partir do realismo.

03. De onde vem a voz de Brás Cubas? Explique segundo Meyer.

Segundo Meyer, a voz viria de outro mundo, por se tratar de um defunto autor. E
que ele proporciona um ambiente de aceitação irresponsável e ironia.
04. O que seria “o tom metafísico e gratuito de Brás Cubas”?
Seria a pauta memorialista, sem outras intenções.

05. Há duas inflexões dominantes no tom de Brás Cubas. Explique.

A de Brás Cubas como autor defunto e defunto autor, e a de Brás Cubas como
memorialista, brasileiro, solteiro, que não sabe o que fazer com o tempo.

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