Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

LETRAS-PORTUGUÊS

MARIA TEREZA FRANCHI SILVA

AS TRADUÇÕES DE DOM QUIXOTE PERANTE AS LEIS DE DIREITOS


AUTORAIS DO BRASIL

ALFENAS/MG
2023
Os direitos autorais das traduções.

A tradução é uma das atividades mais importantes para a disseminação da


cultura e do conhecimento entre diferentes países e culturas. Para nós, estudantes
de Letras, é comum que os professores indiquem traduções de obras literárias e
científicas para que possamos ampliar nossos conhecimentos e aprofundarmos o
nosso entendimento sobre diferentes temas. No entanto, é importante destacar que
a tradução não é apenas uma questão linguística, mas também envolve questões
legais, como o direito autoral. Por isso, é fundamental que os tradutores tenham um
conhecimento profundo sobre as leis que regulam as traduções e o uso de obras
protegidas por direitos autorais. Além disso, para se tornar uma referência na
tradução, é necessário ter habilidades linguísticas, culturais e técnicas, bem como
um profundo conhecimento sobre o tema que está sendo traduzido.

De acordo com a Lei de Direitos Autorais no Brasil (Lei nº 9.610/1998), a


tradução de uma obra literária, artística ou científica cria uma criação intelectual
autônoma. Isso significa que o tradutor tem direitos exclusivos sobre sua tradução e
pode controlar o uso e a reprodução da mesma. Assim como ocorre com qualquer
obra protegida por direitos autorais, a tradução só pode ser reproduzida, distribuída
ou utilizada publicamente com a autorização do titular dos direitos autorais, que
normalmente é o tradutor ou a editora responsável pela publicação da tradução.

A duração dos direitos autorais para uma tradução segue as mesmas regras
estabelecidas para outras obras. No Brasil, os direitos autorais geralmente duram
até 70 anos após a morte do autor, mas existem algumas exceções, como no caso
de obras anônimas ou pseudônimas..

Em resumo, as traduções estão sujeitas às leis autorais, que garantem os


direitos dos autores e definem as regras para a tradução e a reprodução de obras
literárias. No Brasil, a Lei de Direitos Autorais estabelece os parâmetros legais para
as traduções e busca equilibrar os interesses dos autores, tradutores e do público
em geral, promovendo assim o desenvolvimento e a disseminação da cultura por
meio das traduções. A tradução é uma atividade complexa e fundamental para a
cultura e expansão de obras, e requer um profissionalismo e um conhecimento
aprofundado sobre as leis e as técnicas de tradução.

Historiografia da tradução

Segundo Silvia Cobelo, “Historiografia” foi um termo escolhido pela autora


Judith Woodsworth. A expressão engloba a manifestação acerca de informações
históricas, que devem ser organizadas e analisadas a partir de certos princípios.
Com base nos estudos de Cobelo, é possível constatar que um dos desafios
enfrentados pelos pesquisadores é a ausência dos repertórios atualizados de
traduções, o que dificulta a realização de estudos e a coleta de dados precisos.

Anthony Pym, acadêmico citado por Cobelo, é o autor e professor que mais
se destaca na área das traduções. Ele divide os estudos da historiografia em três
partes: estudo, obras traduzidas e pesquisa biográfica de tradutores. Para integrar
essas três partes, Pym usa o termo “arqueologia da tradução” e destaca que a
palavra “arqueologia” não deve ser interpretada de forma depreciativa, mas sim
como um campo interessante que, frequentemente, envolve investigações
complexas, e é um serviço de extrema dedicação e valioso para as outras áreas da
história da tradução.

No caso específico do Brasil, o autor destaca a precariedade das referências


disponíveis para a história da tradução. Isso significa que há uma falta de fontes
confiáveis que documentem as práticas de tradução ao longo do tempo no país. Isso
pode ser atribuído a uma série de fatores, por exemplo, com a catalogação de
materiais relevantes, a falta de tradição bibliográfica no campo da tradução e a
priorização de outros aspectos da pesquisa acadêmica.

Diante desse cenário, podemos entender que a pesquisa na área da


historiografia da produção é essencial para preencher as lacunas existentes e
compreender melhor o contexto histórico, cultural e sociológico das traduções. Com
o avanço metodológico e o uso adequado de modelos teóricos, é possível explorar
de forma mais aprofundada a complexidade desse campo e suas conexões com
outras áreas da tradução.
Estudo das traduções dos provérbios.

Os provérbios são ditados populares e tradicionais, que podem ser de cunho


religioso (bíblico), populares estrangeiros ou populares nacionais. Esses têm como
função expressar uma verdade baseada em um senso comum. São frequentemente
metafóricos e têm como objetivo aconselhar, demonstrar a maneira pelas quais as
pessoas enfrentam a realidade e desempenham os seus afazeres.

Os provérbios interpretam um papel importante na obra literária "Dom


Quixote", escrita por Miguel de Cervantes. O personagem Sancho Pança, fiel
companheiro de Dom Quixote, é conhecido por sua sabedoria popular expressa por
meio de provérbios.

No entanto, quando se trata de traduzir "Dom Quixote" para o português no


Brasil, surgem desafios relacionados à transposição desses provérbios e sua
adaptação para a cultura e língua brasileira.Uma das dificuldades está na questão
da equivalência cultural e linguística. Muitos provérbios em espanhol podem não ter
uma correspondência direta em português, o que requer que o tradutor encontre
expressões ou ditados semelhantes que emitem o mesmo significado.

Além disso, o contexto cultural também desempenha um papel fundamental


na tradução de provérbios. Como o Brasil possui uma cultura diferente da
espanhola, é necessário que o tradutor busque equivalentes brasileiros que sejam
familiares ao público leitor, certificando assim a compreensão e a identificação dos
provérbios do contexto brasileiro.

No caso específico de "Dom Quixote" no Brasil, pode haver algumas


dificuldades por conta da escassez de referências e catálogos atualizados que
documentem a história da tradução no país, como foi citado pela autora Cobelo, ao
parafrasear Anthony Pym. Isso pode dificultar a pesquisa e a coleta de dados
precisos sobre as abordagens e estratégias de tradução usadas nas diferentes
versões do livro em português.
A pesquisadora Anna Sanchez realizou um estudo em sua dissertação de
mestrado sobre a linguagem de Sancho Pança, fazendo um inventário das
sequências em forma de avalanche em sete momentos distribuídos nos capítulos
um e dois. Ela analisou o campo léxico-semântico dos provérbios, suas
características morfológicas, sintáticas e estilísticas. Sanchez apresentou suas
próprias traduções e notas explicativas sobre o significado dos provérbios. Essas
traduções foram utilizadas como referência na análise acadêmica. (COBELO,2009,
p.53 )

A autora justifica sua escolha ao usar o termo "provérbio" em sua dissertação,


embora reconheça a existência do termo "refrão" e sua frequência de uso na
literatura paremiologia em língua espanhola. A decisão de adotar "provérbio" se deu
tanto na predominância de referências utilizando esse termo quanto na ambiguidade
do lexema "refrão", que pode ter diferentes significados, incluindo o estribilho de uma
canção. A autora argumenta que essa opção de terminologia é mais apropriada para
sua pesquisa e facilita a compreensão para os leitores que estão mais familiarizados
com o termo "provérbio".

Entradas no Google

A autora Silvia Cobelo parafraseia a autora Heloísa Cintrão, que fala sobre a
importância do avanço tecnológico para o campo da tradução. Ambas afirmam que o
surgimento de ferramentas de traduções online oferecem aos usuários a capacidade
de traduzir textos rapidamente, acessando bases de dados linguísticos e algoritmos
de aprendizado. No entanto, Heloísa Cintrão alerta que é importante lembrar que as
ferramentas de tradução automática têm suas limitações, principalmente quando se
trata de diferenças culturais e contextuais. A competência humana na tradução
ainda é fundamental para garantir a precisão, a fluidez e a compreensão adequada
do texto original. Portanto, embora as ferramentas de tradução online sejam úteis e
convenientes, é necessário ter cautela e ter consciência de que elas devem ser
utilizadas com discernimento e complementadas com o conhecimento de tradutores
profissionais.

Catálogo das traduções do Quixote publicadas no Brasil


Neste capítulo, é abordado a existência de catálogos de traduções disponíveis
em plataformas online de livros, como a Estante Virtual e acervos virtuais. Essas
plataformas oferecem uma ampla variedade de livros usados e novos, possibilitando
aos usuários pesquisar por títulos específicos e encontrar diferentes traduções
disponíveis.

A autora Silvia Cobelo retira uma tabela e uma imagem do site “Estante
Virtual” para mostrar como o acervo virtual é catalogado. Na primeira imagem, temos
uma tabela com três colunas na vertical e oito na horizontal. Entre as colunas
verticais temos a coluna campo, onde contém as seguintes informações: autor, título,
editora, ano, estante, preço, descrição, peso. Na segunda coluna, intitulado
“tamanho máximo”, contém a numeração de quantos caracteres ou dígitos caberão
em cada campo de pesquisa. E, por último, na terceira coluna, temos o conteúdo
que foi filtrado a partir das informações gerais obtidas nos campos de pesquisa.

Na segunda imagem, a autora tem como objetivo mostrar a vasta diversidade


de Dom Quixote que pode ser encontrado a partir da ferramenta de busca. São mil
seiscentos e trinta e oito livros que nos são entregues pelo site, utilizando apenas
“Dom Quixote” no campo de busca. Ao selecionar a editora ou filtrar com mais
informações, o número de obras reduz.

É importante ressaltar que informações como editora, número de página,


volumes, nome do tradutor, ilustrações, ano de publicação, volumes, entre outras,
passam por uma análise e uma coleta de dados, no intuito de que algumas versões
sejam destacadas pela qualidade de sua produção e tradução.
Tradutores

Em relação às traduções e tradutores, Cobelo afirma que, por meio da


ferramenta Google Acadêmico e Google Livros é possível, tanto para pesquisadores,
quanto para tradutores, encontrar traduções de obras literárias, incluindo trabalhos
sobre Cervantes. Ao realizar buscas específicas, como "traduções de Dom Quixote"
ou buscar por nomes de tradutores, o Google Acadêmico apresenta uma lista de
resultados que podem enriquecer o conhecimento e oferecer perspectivas
relevantes para o processo de tradução.

Em resumo, o Google Acadêmico e o Google Livros são plataformas bastante


relevantes para os tradutores que procuram melhorar suas habilidades e
conhecimentos sobre a obra de Miguel de Cervantes.

Referência Bibliográficas:

COBELO, Silvia. Historiografia das traduções do Quixote publicadas no Brasil -


Provérbios do Sancho Pannza. 2009. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/tde-02022010-140637/publico/SIL
VIA_COBELO.pdf.Acesso em: 5 de junho de 2023

BRASIL. Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a


legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial
da União, 1998.

Você também pode gostar