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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA (UFRB)

CURSO TÉCNICO EM GESTÃO DE COOPERATIVAS

ADRIELLE DA CRUZ SILVA


ALINE MACHADO PIRES
ÁVILA SAMARA SANTOS MOREIRA
LAVÍNIA OLIVEIRA ARAÚJO MOTA
THAMARA DAS NEVES BURY
VANESSA DE JESUS SAMPAIO

RELATÓRIO: OUTRA ECONOMIA

Cruz das Almas – BA


2023
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA (UFRB)
CURSO TÉCNICO EM GESTÃO DE COOPERATIVAS

ADRIELLE DA CRUZ SILVA


ALINE MACHADO PIRES
ÁVILA SAMARA SANTOS MOREIRA
LAVÍNIA OLIVEIRA ARAÚJO MOTA
THAMARA DAS NEVES BURY
VANESSA DE JESUS SAMPAIO

RELATÓRIO: OUTRA ECONOMIA

Relatório com o objetivo de relatar as


experiências de pesquisa para discutir a oferta
e demanda na Feira da Agricultura Familiar e
Economia Solidária da UFRB solicitado na
disciplina Fundamentos de Economia.

Solicitante: Prof.(a) Ana Georgina Rocha

Cruz das Almas – BA


2023

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1. INTRODUÇÃO

Segundo SPECHT et al (2019) as feiras livres são uma forma de conectar ou


reconectar o consumo e a produção. Desta forma, derivam diferentes dinâmicas que formatam
este canal de comercialização e interação com o mercado. Podemos associar essa conexão
com o fato de que a população está se conscientizando dos alimentos que consome, a procura
por alimentos vindos de origem saudável, sem agrotóxicos é cada vez maior. Sobre esse viés,
relaciona-se que o projeto da feira visa oferecer um espaço de comercialização desses
produtos a fim de promover os nossos agricultores familiares e artesãs. Para que eles possam
tirar uma renda e através daquele local conscientizar os consumidores.
Este relatório tem como seu objetivo apresentar uma análise mais detalhada sobre a
oferta e demanda na Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária através de uma
pesquisa realizada com os consumidores e agricultores participantes da feira. Buscamos
compreender melhor as dinâmicas utilizadas nesse ambiente, tentando identificar as principais
características da oferta e demanda dos produtos ofertados. A metodologia utilizada para a
elaboração desse relatório consistiu em um estudo empírico baseado na coleta de dados por
meio de questionários que foram planejados em conjunto com a turma da disciplina. E após
isso, foram selecionadas e estruturadas as melhores perguntas para que o formulário pudesse
ser feito. As entrevistas foram conduzidas por nós durante o funcionamento da feira, buscando
obter informações precisas sobre suas percepções, comportamentos e experiências
relacionadas à oferta e demanda dos produtos.
É importante ressaltar que este relatório é baseado em informações obtidas por meio
de pesquisa realizada na Feira da Agricultura Familiar e Solidária da UFRB. Os resultados
apresentados refletem as percepções e opiniões dos entrevistados e não podem ser
generalizados para além desta situação específica. No entanto, acreditamos que essas
informações nos ajudarão a entender a dinâmica ali presente e que fará com que esses
produtores possam ter uma visibilidade e melhorias mais concretas a partir de uma análise
mais focada no crescimento dos seus empreendimentos. A feira como um espaço de
oportunidade e desenvolvimento para eles deve ser melhorada ao máximo para que essas
pessoas consigam tirar sua renda daquele local de forma a garantir sua renda.

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2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA FEIRA

A Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária, vinculada ao programa de


extensão "Redes de comercialização inovadoras na UFRB: agricultura familiar, economia
solidária e sustentabilidade", ocorre quinzenalmente nas sextas-feiras, entre os centros de
ensino CCAAB e CETEC, no Campus de Cruz das Almas. Seu principal objetivo é criar um
espaço de comercialização para produtos da agricultura familiar e economia solidária,
promovendo a integração sociocultural e a troca de experiências. Além disso, busca-se a
curricularização da extensão, permitindo a participação dos estudantes em programas
educativos e solidários.
A feira possui princípios e valores fundamentais, como a oferta de produtos orgânicos
provenientes da agricultura autorregulável e a garantia de qualidade higiênico-sanitária,
seguindo as normas de boas práticas e manipulação de alimentos. A organização da feira é
feita de forma participativa e com corresponsabilidade, contando com o acompanhamento da
equipe do projeto e a realização de ações formativas para assegurar a melhor qualidade dos
produtos. A busca por preços justos é essencial para o crescimento do projeto, valorizando
tanto os produtores quanto os consumidores. Destaca-se que a sustentabilidade e a
coletividade são princípios indispensáveis para promover a troca de conhecimentos e
experiências e criar uma identidade territorial forte.
Para situar a economia solidária com os empreendimentos tradicionais, podemos
perceber a grande diferença nas suas motivações. Enquanto um empreendimento comum
apenas visa o lucro, a economia solidária pode ser definida desta forma:
A economia solidária é a economia do bem viver, da cooperação, da autogestão, da
democracia, da solidariedade, do respeito à natureza, da promoção da dignidade e da
valorização do trabalho humano, tendo em vista um projeto de desenvolvimento
sustentável global e coletivo. Também é entendida como uma estratégia de
enfrentamento e superação da exclusão social e da precarização das relações de
trabalho, sustentadas em formas coletivas, justas e solidárias de geração de trabalho
e renda (Trilhas educativas, 2017).

Podemos ressaltar que a economia solidária é uma outra forma de se fazer economia, que visa
o bem estar das pessoas e que oferece oportunidades de maneira igualitária àqueles que
podem estar menos favorecidos na sociedade. Entretanto, cabe aos conhecedores dessa outra
maneira de usar a economia disseminar essa ideia para que se torne mais popular. Dessa
forma, poderemos começar a propagar práticas que sejam inclusivas e que tragam um
significado maior para o mundo e não aquelas excludentes.

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3. OUTRA FORMA DE FAZER ECONOMIA

A ideia de "outra economia" busca propor alternativas ao modelo econômico tradicional,


buscando um desenvolvimento mais justo, sustentável e inclusivo. Nesse contexto, a Feira
pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento socioeconômico local,
promovendo a economia plural.
A economia plural refere-se a um sistema econômico que reconhece e valoriza a
diversidade de formas de produção, consumo e troca, em contraste com a lógica dominante de
concentração de poder e recursos. Ela enfatiza a importância de múltiplos atores e setores,
incluindo pequenos produtores, empreendimentos comunitários, cooperativas, comércio justo
e solidário, entre outros.
Ao analisar como a Feira contribui para o desenvolvimento socioeconômico local, é
necessário considerar alguns aspectos. Primeiramente, a Feira pode proporcionar um espaço
de visibilidade e fortalecimento dos pequenos produtores e empreendimentos locais,
permitindo que eles comercializem seus produtos diretamente para os consumidores. Isso
contribui para a geração de renda, a valorização da produção local e a redução das
desigualdades econômicas.
Além disso, a Feira pode incentivar a prática de comércio justo e solidário, estabelecendo
relações mais equitativas entre os produtores e os consumidores. Essa abordagem valoriza a
remuneração justa do trabalho, a qualidade dos produtos e a preservação do meio ambiente.
A economia plural também enfatiza a importância da sustentabilidade ambiental.
Nesse sentido, a Feira pode promover a oferta de produtos orgânicos, artesanais e de baixo
impacto ambiental, contribuindo para a preservação dos recursos naturais e a adoção de
práticas mais sustentáveis. Outro aspecto relevante é o fomento à participação da comunidade
local na Feira, permitindo que os próprios moradores se tornem protagonistas e beneficiários
diretos do empreendimento. Isso fortalece os laços sociais, promove a coesão comunitária e
estimula a autonomia econômica local.

4. PERFIL DOS CONSUMIDORES E PRODUTORES DA FEIRA

O questionário realizado com os consumidores da feira revelou que a maioria dos


participantes eram mulheres entre 36 e 59 anos, autodeclaradas como negras ou pardas,
provenientes da cidade de Cruz das Almas. A divulgação adequada da feira por meio das
redes sociais foi identificada como um fator importante para atrair mais participantes. Os
consumidores avaliaram positivamente o local da feira, o horário e o dia de funcionamento.

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No entanto, a participação nas atividades culturais durante o evento foi baixa, o que requer
uma análise mais aprofundada para entender as razões e melhorar a comunicação sobre essas
opções. O atendimento dos feirantes recebeu uma avaliação muito positiva dos consumidores.
No questionário realizado com os feirantes, a maioria eram mulheres residentes na
zona rural e se identificaram como agricultores familiares. A participação na feira ocorreu
principalmente por meio de amigos e pelo grupo de consumo, destacando a importância
dessas formas de acesso. É essencial fortalecer e apoiar a participação dos agricultores
familiares na feira, especialmente das mulheres, por meio de capacitações, acesso a crédito,
assistência técnica e parcerias com grupos de consumo. Os princípios fundamentais da feira,
como a valorização de produtos orgânicos e agroecológicos, foram confirmados pelas
respostas dos consumidores. Além da comercialização de produtos, a feira busca promover a
conscientização e o conhecimento sobre a produção sustentável, incentivando o engajamento
dos consumidores nesse processo. Os consumidores valorizaram o preço justo, a
sustentabilidade, a solidariedade e a coletividade. A feira é destacada como um espaço que
atende aos anseios e valores dos consumidores, promovendo uma experiência que vai além do
comércio, estimulando a consciência e a participação ativa em questões relacionadas à
alimentação saudável, sustentabilidade e solidariedade.

5. METODOLOGIA

Este estudo utilizou uma abordagem quantitativa e qualitativa para obter informações
sobre os consumidores e feirantes da Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária.
Foram aplicados questionários estruturados aos participantes, visando obter dados
demográficos, comportamentais e avaliações sobre a feira.
A coleta de dados ocorreu por meio de uma amostra conveniente de 15 consumidores
e 14 feirantes, selecionados aleatoriamente durante a realização da feira. A maioria dos
consumidores era composta por mulheres entre 36 e 59 anos, de origem negra ou parda,
residentes em Cruz das Almas. Já os feirantes, em sua maioria mulheres residentes na zona
rural, se identificaram como agricultores familiares.
Os consumidores foram questionados sobre sua frequência na feira, como tiveram
conhecimento do evento, avaliação da experiência, percepção do atendimento dos feirantes,
participação em atividades culturais e preocupações relacionadas à sustentabilidade e
solidariedade. Os feirantes foram indagados sobre sua participação na feira, fontes de acesso
ao evento e necessidades específicas.
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Os dados coletados foram analisados por meio de técnicas estatísticas descritivas,
como frequências, médias e escalas de avaliação. A análise qualitativa das respostas abertas
foi realizada por meio de categorização temática para identificar padrões e tendências.
Os resultados revelaram que a maioria dos consumidores conheceu a feira por meio
das redes sociais e a frequenta regularmente. A avaliação do local, horário e atendimento dos
feirantes foi positiva. No entanto, poucos consumidores participaram das atividades culturais,
indicando a necessidade de compreender melhor as razões desse baixo engajamento.
Os feirantes destacaram a importância de amigos e grupos de consumo como fontes de
participação na feira. Esses resultados indicam a relevância de fortalecer o envolvimento dos
agricultores familiares, especialmente mulheres, na feira, por meio de capacitações, parcerias
e divulgação da origem dos produtos.
A pesquisa confirmou a consonância dos consumidores e feirantes com os princípios
da feira, como a valorização de produtos orgânicos, preços justos, sustentabilidade e
solidariedade. A conscientização e participação ativa dos consumidores na construção de um
sistema alimentar mais sustentável foram destacadas.
No geral, essa metodologia permitiu obter insights sobre os consumidores e feirantes
da Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária, fornecendo informações relevantes
para melhorar a experiência dos participantes e promover práticas mais sustentáveis e
solidárias na produção e consumo de alimentos.

6. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

A análise dos dados coletados revela informações significativas sobre a oferta e


demanda dos produtos na feira, tanto do ponto de vista dos feirantes quanto dos
consumidores.
Em relação aos feirantes, destaca-se a importância da sua conexão direta como
fornecedores, sendo a maioria agricultores familiares. Isso ressalta a relevância da produção
local e sustentável, permitindo o fornecimento de alimentos frescos e de qualidade. Além
disso, as respostas dos consumidores indicam uma demanda específica pela fruta-pão,
sugerindo uma oportunidade para os feirantes aumentarem a oferta desse produto. As
sugestões dos consumidores, como ampliação da variedade de produtos, mais toldos para os
feirantes e maior divulgação, podem ser consideradas para melhorar a experiência na feira e
atrair um público mais amplo.

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Em relação aos hábitos de compra, os consumidores relatam que costumam realizar
suas compras em supermercados, mas expressaram interesse em comprar diretamente dos
feirantes devido à frescura dos produtos e à proximidade com os produtores. A valorização da
origem dos produtos e a preocupação com a rastreabilidade e a sustentabilidade dos alimentos
são aspectos que podem ser explorados pela feira para promover a transparência e atrair mais
consumidores. Os feirantes destacaram a oferta de hortaliças como um ponto forte, com
preços considerados justos e competitivos. A prática de consumir os próprios produtos
vendidos na feira demonstra confiança na qualidade e segurança alimentar. No entanto,
enfrentam desafios de locomoção devido à sua origem em áreas rurais, o que afeta a
regularidade e a quantidade de produtos disponíveis.
A escolha da maioria dos feirantes em não utilizar defensivos químicos em suas
culturas reflete um compromisso com a sustentabilidade e a preocupação com a saúde dos
consumidores. A dependência da feira como única fonte de renda destaca a importância
econômica do evento para esses produtores. Em suma, a análise dos dados revela a
importância da feira como um meio de promover a agricultura local, oferecer produtos frescos
e de qualidade, atender às preferências dos consumidores e garantir o sustento dos feirantes.
Essas informações podem ser utilizadas para aprimorar a oferta de produtos, promover a feira
de forma mais eficaz e proporcionar uma experiência satisfatória para os consumidores.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização da pesquisa de campo na Feira, com base na construção conjunta dos


instrumentos de coleta de dados, permitiu uma análise abrangente e aprofundada da
experiência desse espaço de comercialização na perspectiva da "outra economia". Os dados
coletados e sistematizados revelaram informações relevantes sobre o perfil dos consumidores
e dos produtores da Feira, bem como os princípios e valores que norteiam esse ambiente de
trocas e interações.
Ao comparar a Feira com outros canais de comercialização, fica evidente que essa
iniciativa se destaca por sua abordagem coletiva, justa e solidária de geração de trabalho e
renda. Os princípios e valores da economia solidária, como o bem viver, a cooperação, a
autogestão, a democracia e o respeito à natureza, estão presentes e influenciam a dinâmica da
Feira. Essa abordagem busca enfrentar e superar a exclusão social e a precarização das
relações de trabalho, promovendo uma economia mais inclusiva e sustentável.

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A análise dos dados e a reflexão teórica realizada pelo grupo ao elaborar o relatório
proporcionou uma compreensão mais aprofundada da experiência da Feira na perspectiva da
"outra economia". Os aspectos teóricos discutidos na disciplina de economia plural foram
relacionados com as práticas observadas na Feira, enriquecendo o debate e a compreensão
sobre modelos alternativos de desenvolvimento.
Nesse sentido, a pesquisa de campo e a análise dos dados da Feira contribuíram para a
ampliação do conhecimento sobre a economia plural e a consolidação da proposta da "outra
economia". Através da socialização dos dados, foi possível promover uma discussão coletiva
e enriquecedora sobre a experiência da Feira. Em suma, a pesquisa de campo realizada na
Feira e a análise dos dados obtidos proporcionaram uma visão aprofundada da experiência da
"outra economia". Essa abordagem, baseada na construção conjunta dos instrumentos de
coleta de dados, na pesquisa de campo e na sistematização dos dados, contribuiu para a
compreensão do perfil dos consumidores e dos produtores, dos princípios e valores presentes
e da contribuição da Feira para o desenvolvimento socioeconômico local.

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REFERÊNCIAS

IFCRIA. Incubadora de empreendimentos Econômicos e Empreendimentos da economia


solidária. Trilhas Educativas 2017. Disponível em:
http://www.camboriu.ifc.edu.br/ifcria/empreendimentos-economicos-solidarios-eess/
Acesso em: 25 de maio de 2023.

SPECHT, Suzimary; BLUME; Roni; ENDE, Marta Von; SOUZA, Mylla Trisha Mello de. É
dia de fazer feira na Universidade: análise do perfil do consumidor da Polifeira. Redes (Santa
Cruz do Sul. Online), Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da UFSM,
v. 24, n. 3, p.183-197, set./dez. 2019.

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