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Governador

Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Andréa Araújo Rocha
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DESENHO TÉCNICO

1.1. INTRODUÇÃO

A arte de representar um objeto ou fazer sua leitura por meio do Desenho


Técnico é muito importante para o Engenheiro e o Projetista, visto que ele fornece
todas as informações precisas e necessárias para a construção de uma peça. Assim,
o Desenho Técnico surgiu da necessidade de representar com precisão máquinas,
peças, ferramentas e outros instrumentos de trabalho.

1.2. FINALIDADE E IMPORTÂNCIA


A finalidade principal do Desenho Técnico é a representação precisa, no plano,
das formas do mundo material e, portanto, tridimensional, de modo a possibilitar a
reconstituição espacial das mesmas. Assim, constitui-se no único meio conciso, exato
e inequívoco para comunicar a forma dos objetos; daí sua importância na tecnologia,
face à notória dificuldade da linguagem escrita ao tentar a descrição da forma, apesar
da riqueza de outras informações que essa linguagem possa veicular.
As aplicações do Desenho Técnico não se limitam à fase final de comunicação
dos projetos , mas ainda cumpre destacar sua contribuição fundamental nas fases de
criação e de análise dos mesmos. Adicionalmente, face à dificuldade em
concebermos estruturas, mecanismos e movimentos tridimensionais, o Desenho
Técnico permite estudá-los e solucioná-los eficazmente, porque permite a sua
representação.

1.3. Definição de Desenho Técnico

O desenho técnico é uma forma de expressão gráfica que tem por finalidade a
representação de forma, dimensão e posição de objetos de acordo com as diferentes
necessidades requeridas pelas diversas modalidades de engenharia e também da
arquitetura.
Utilizando-se de um conjunto constituído por linhas, números, símbolos e
indicações escritas normalizadas internacionalmente, o desenho técnico é definido
como linguagem gráfica universal da engenharia e da arquitetura Assim como a
linguagem verbal escrita exige alfabetização, a execução e a interpretação da
linguagem gráfica do desenho técnico exige treinamento específico, porque são
utilizadas figuras planas (bidimensionais) para representar formas espaciais.
A Figura 1 está exemplificando a representação de forma espacial por meio de
figuras planas, donde pode-se concluir que:
1. Para os leigos a figura é a representação de três
2. Na linguagem gráfica do desenho técnico a figura corresponde à
representação de um determinado cubo.

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Figura 1: Quadrado

Conhecendo-se a metodologia utilizada para elaboração do desenho


bidimensional é possível entender e conceber mentalmente a forma espacial
representada na figura plana.
Na prática pode-se dizer que, para interpretar um desenho técnico, é
necessário enxergar o que não é visível e a capacidade de entender uma forma
espacial a partir de uma figura plana é chamada visão espacial
Visão espacial é um dom que, em princípio todos têm, dá a capacidade de
percepção mental das formas espaciais. Perceber mentalmente uma forma espacial
significa ter o sentimento da forma espacial sem estar vendo o objeto
Por exemplo, fechando os olhos pode-se ter o sentimento da forma espacial de um
copo, de um determinado carro, da sua casa etc, ou seja, a visão espacial permite a
percepção (o entendimento) de formas espaciais, sem estar vendo fisicamente os
objetos.
Apesar da visão espacial ser um dom que todos têm, algumas pessoas têm
mais facilidade para entender as formas espaciais a partir das figuras planas.
A habilidade de percepção das formas espaciais a partir das figuras planas pode ser
desenvolvida a partir de exercícios progressivos e sistematizados.

1.4.O Desenho Técnico e a Engenharia

Nos trabalhos que envolvem os conhecimentos tecnológicos de engenharia, a


viabilização de boas idéias depende de cálculos exaustivos, estudos econômicos,
análise de riscos etc. que, na maioria dos casos, são resumidos em desenhos que
representam o que deve ser executado ou construído ou apresentados em gráficos e
diagramas que mostram os resultados dos estudos feitos.
Todo o processo de desenvolvimento e criação dentro da engenharia está
intimamente ligado à expressão gráfica. O desenho técnico é uma ferramenta que
pode ser utilizada não só para apresentar resultados como também para soluções
gráficas que podem substituir cálculos complicados.
Apesar da evolução tecnológica e dos meios disponíveis pela computação
gráfica, o ensino de Desenho Técnico ainda é imprescindível na formação de
qualquer modalidade de engenheiro, pois, além do aspecto da linguagem gráfica que
permite que as idéias concebidas por alguém sejam executadas por terceiros, o
desenho técnico desenvolve o raciocínio, o senso de rigor geométrico, o espírito de
iniciativa e de organização.

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1.4.1. Tipos de Desenho Técnico

O desenho técnico é dividido em dois grandes grupos:


• Desenho projetivo – são os desenhos resultantes de projeções do
objeto em um ou mais planos de projeção e correspondem às vistas
ortográficas e às perspectivas.
• Desenho não-projetivo – na maioria dos casos corresponde a desenhos
resultantes dos cálculos algébricos e compreendem os desenhos de
gráficos, diagramas etc..
Os desenhos projetivos compreendem a maior parte dos desenhos
feitos nas indústrias e alguns exemplos de utilização são:
• Projeto e fabricação de máquinas, equipamentos e de estruturas nas
indústrias de processo e de manufatura (indústrias mecânicas,
aeroespaciais, químicas, farmacêuticas, petroquímicas, alimentícias
etc.).
• Projeto e construção de edificações com todos os seus detalhamentos
elétricos, hidráulicos, elevadores etc..
• Projeto e construção de rodovias e ferrovias mostrando detalhes de
corte, aterro, drenagem, pontes, viadutos etc..
• Projeto e montagem de unidades de processos, tubulações industriais,
sistemas de tratamento e distribuição de água, sistema de coleta e
tratamento de resíduos.
• Representação de relevos topográficos e cartas náuticas.
• Desenvolvimento de produtos industriais.
• Projeto e construção de móveis e utilitários domésticos.
• Promoção de vendas com apresentação de ilustrações sobre o produto.

Pelos exemplos apresentados pode-se concluir que o desenho projetivo é


utilizado em todas as modalidades da engenharia e pela arquitetura. Como resultado
das especificidades das diferentes modalidades de engenharia, o desenho projetivo
aparece com vários nomes que correspondem a alguma utilização específica:
• Desenho Mecânico
• Desenho de Máquinas
• Desenho de Estruturas
• Desenho Arquitetônico
• Desenho Elétrico/Eletrônico
• Desenho de Tubulações

Mesmo com nomes diferentes, as diversas formas de apresentação do


desenho projetivo têm uma mesma base, e todas seguem normas de execução que
permitem suas interpretações sem dificuldades e sem mal-entendidos
Os desenhos não-projetivos são utilizados para representação das diversas
formas de gráficos, diagramas, esquemas, ábacos, fluxogramas, organogramas etc..

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1.4.2. Formas de Elaboração e Apresentação do Desenho Técnico

Atualmente, na maioria dos casos, os desenhos são elaborados por


computadores, pois existem vários softwares que facilitam a elaboração e
apresentação de desenhos técnicos.
Nas áreas de atuação das diversas especialidades de engenharias, os primeiros
desenhos que darão início à viabilização das idéias são desenhos elaborados à mão
livre, chamados de esboços.
A partir dos esboços, já utilizando computadores, são elaborados os desenhos
preliminares que correspondem ao estágio intermediário dos estudos que são
chamados de anteprojeto.
Finalmente, a partir dos anteprojetos devidamente modificados e corrigidos
são elaborados os desenhos definitivos que servirão para execução dos estudos
feitos. Os desenhos definitivos são completos, elaborados de acordo com a
normalização envolvida, e contêm todas as informações necessárias à execução do
projeto.

1.4.3 A Padronização dos Desenhos Técnicos

Para transformar o desenho técnico em uma linguagem gráfica foi necessário


padronizar seus procedimentos de representação gráfica. Essa padronização é feita
por meio de normas técnicas seguidas e respeitadas internacionalmente.
As normas técnicas são resultantes do esforço cooperativo dos interessados
em estabelecer códigos técnicos que regulem relações entre produtores e
consumidores, engenheiros, empreiteiros e clientes. Cada país elabora suas normas
técnicas e estas são acatadas em todo o seu território por todos os que estão ligados,
direta ou indiretamente, a este setor.
No Brasil as normas são aprovadas e editadas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT, fundada em 1940.
Para favorecer o desenvolvimento da padronização internacional e facilitar o
intercâmbio de produtos e serviços entre as nações, os órgãos responsáveis pela
normalização em cada país, reunidos em Londres, criaram em 1947 a Organização
Internacional de Normalização (International Organization for Standardization – ISO)
Quando uma norma técnica proposta por qualquer país membro é aprovada
por todos os países que compõem a ISO, essa norma é organizada e editada como
norma internacional.
As normas técnicas que regulam o desenho técnico são normas editadas pela ABNT,
registradas pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial) como normas brasileiras-NBR e estão em consonância com as
normas internacionais aprovadas pela ISO.

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5. Normas da ABNT

A execução de desenhos técnicos é inteiramente normalizada pela ABNT. Os


procedimentos para execução de desenhos técnicos aparecem em normas gerais
que abordam desde a denominação e classificação dos desenhos até as formas de
representação gráfica, como é o caso da NBR 5984 – NORMA GERAL DE
DESENHO TÉCNICO (Antiga NB 8) e da NBR 6402 – EXECUÇÃO DE DESENHOS
TÉCNICOS DE MÁQUINAS E ESTRUTURAS METÁLICAS (Antiga NB 13), bem
como em normas específicas que tratam os assuntos separadamente, conforme os
exemplos seguintes:

 NBR 10647 – DESENHO TÉCNICO – NORMA GERAL, cujo objetivo é


definir os termos empregados em desenho técnico. A norma define os
tipos de desenho quanto aos seus aspectos geométricos (Desenho
Projetivo e Não-Projetivo), quanto ao grau de elaboração (Esboço,
Desenho Preliminar e Definitivo), quanto ao grau de pormenorização
(Desenho de Detalhes e Conjuntos) e quanto à técnica de execução (À
mão livre ou utilizando computador)
 NBR 10068 – FOLHA DE DESENHO LAY-OUT E DIMENSÕES, cujo
objetivo é padronizar as dimensões das folhas utilizadas na execução de
desenhos técnicos e definir seu lay-out com suas respectivas margens e
legenda.

As folhas podem ser utilizadas tanto na posição vertical como na posição


horizontal, os tamanhos das folhas seguem os Formatos da série “A”, e o desenho
deve ser executado no menor formato possível, desde que não comprometa a sua
interpretação.
Os formatos da série “A” têm como base o formato A0, cujas dimensões
guardam entre si a mesma relação que existe entre o lado de um quadrado e sua
diagonal ), e que corresponde a um retângulo de área igual a 1 m 2.

Tabela 1: Os Formatos da série “A” seguem as seguintes dimensões em milímetros:

Margem Espessura
Comprimento da
Formato Dimensões linhas da
Esquerda Outras legenda
margens
A0 841 x 1189 25 10 175 1,4
A1 594 x 841 25 10 175 1,0
A2 420 x 594 25 7 178 0,7
A3 297 x 420 25 7 178 0,5
A4 210 x 297 25 7 178 0,5

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Havendo necessidade de utilizar formatos fora dos padrões mostrados na


tabela 1, é recomendada a utilização de folhas com dimensões de comprimentos ou
larguras correspondentes a múltiplos ou a submúltiplos dos citados padrões.
A legenda deve conter todos os dados para identificação do desenho (número,
origem, título, executor etc.) e sempre estará situada no canto inferior direito da folha.

Outras Normas
• NBR 10582 – APRESENTAÇÃO DA FOLHA PARA DESENHO
TÉCNICO
• NBR 13142 – DESENHO TÉCNICO – DOBRAMENTO DE CÓPIAS
• NBR 8402 – EXECUÇÃO DE CARACTERES PARA ESCRITA EM
DESENHOS TÉCNICOS
• NBR 8403 – APLICAÇÃO DE LINHAS EM DESENHOS – TIPOS DE
LINHAS– LARGURAS DAS LINHAS
• NBR10067 – PRINCÍPIOS GERAIS DE REPRESENTAÇÃO EM
DESENHOTÉCNICO
• NBR 8196 – DESENHO TÉCNICO – EMPREGO DE ESCALAS
• NBR 12298 – REPRESENTAÇÃO DE ÁREA DE CORTE POR MEIO
DEHACHURAS EM DESENHO TÉCNICO
• NBR10126 – COTAGEM EM DESENHO TÉCNICO
• NBR8404 – INDICAÇÃO DO ESTADO DE SUPERFÍCIE EM
DESENHOS TÉCNICOS
• NBR 6158 – SISTEMA DE TOLERÂNCIAS E AJUSTES
• NBR 8993 – REPRESENTAÇÃO CONVENCIONAL DE PARTES
ROSCADASEM DESENHO TÉCNICO

Existem normas que regulam a elaboração dos desenhos e têm a finalidade de


atender a uma determinada modalidade de engenharia. Como exemplo, pode-se
citar: a NBR 6409, que normaliza a execução dos desenhos de eletrônica; a NBR
7191, que normaliza a execução de desenhos para obras de concreto simples ou
armado; NBR 11534, que normaliza a representação de engrenagens em desenho
técnico.

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CAPITULO 2

INSTRUMENTOS USADOS

2.1. Lápis e lapiseiras

Ambos possuem vários graus de dureza: uma grafite mais dura permite pontas
finas, mas traços muito claros. Uma grafite mais macia cria traços mais escuros, mas
as pontas serào rombudas.

Recomenda-se uma grafite HB, F ou H para traçar rascunhos e traços finos, e


uma grafite HB ou B para traços fortes. O tipo de grafite dependerá da preferência
pessoal de cada um.

Classificação por números Classificação por letras Classif. por nº e letras


Nº 1-Macio - Linha cheia B - Macio - Equivale ao grafite nº 1 2B, 3B...até 6B – Muito

Nº 2 – Médio – Linha média HB – Médio – Equivale ao grafite nº 2 macios

Nº 3 – Duro – Linha fina H – Duro – Equivale ao grafite nº 3 2H, 3H...até 9H – Muito duros

Os lápis devem estar sempre apontados, de preferência com estilete. Para


lapiseiras, recomenda-se usar grafites de diâmetro 0,5 ou 0,3 mm.

2.2. Esquadros

São usados em pares: um de 90°, 45° e 45° e outro de 90°, 60° e 30. Em geral
são fabricados em acrílico ou plástico transparente e sem graduação A combinação
de ambos permite obter vários ângulos comuns nos desenhos, bem como traçar retas
paralelas e perpendiculares.

Para traçar retas paralelas, segure um dos esquadros, guiando o segundo


esquadro através do papel. Caso o segundo esquadro chegue na ponta do Apostila
de Desenho Técnico Básico primeiro, segure o segundo esquadro e ajuste o primeiro
para continuar o traçado.

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Figura 2: Traçando retas paralelas com os esquadros

Figura 3 - Traçando retas perpendiculares com os esquadros

Exercício

Utilize ambos os esquadros para traçar uma “estrela” de retas:,


usando os seguintes ângulos: 0o , 15o , 30o, 45o, 60o, 75o , 90o, 105o,
120o, 135o, 150o, 165o, 180o.

2.3. Compasso

Usado para traçar circunferências e para transportar medidas. O


compasso tradicional possui uma ponta seca e uma ponta com grafite,

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com alguns modelos com cabeças intercambiáveis para canetas de nanquim ou


tira-linhas.

São fabricados em metal são mais precisos e duráveis. O compasso é usado


para traçar circunferências, arcos de circunferências (partes de circunferência) e
também paratransportar medidas. Numa de suas hastes temos a ponta seca e na
outra o grafite, que deve ser apontado obliquamente (em bisel). Ao abrirmos o
compasso, estabelecemos uma distância entre a ponta seca e o grafite. Tal distância
representa o raio da circunferência ou arco a ser traçado.

Em um compasso ideal, suas pontas se tocam quando se fecha o compasso,


caso contrário o instrumento está descalibrado. A ponta de grafite deve ser apontada
em “bizel”, feita com o auxílio de uma lixa.

Os compassos também podem ter pernas fixas ou articuladas, que pode ser
útil para grandes circunferências. Alguns modelos possuem extensores para traçar
circunferências ainda maiores.

Existem ainda compassos específicos, como o de pontas secas (usado


somente para transportar medidas), compassos de mola (para pequenas
circunferências), compasso bomba (para circunferências minúsculas) e compasso de
redução (usado para converter escalas).

2.4. Escalímetro

O uso de réguas não é indicado para uso em desenhos,


pois são em geral para uso em operações mais simples, sendo
mais aplicada a utilização de escalímetro, que é um conjunto
de réguas, em forma triangular, com várias escalas usadas em
engenharia. Seu uso elimina ouso de cálculos para converter
medidas, reduzindo o tempo de execução do projeto.

O tipo de escalímetro mais usado é o triangular, com escalas típicas de


arquitetura: 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100, 1:125. A escala 1:100 corresponde a 1 m = 1
cm, e pode ser usado como uma régua comum (1:1). O uso de escalas será explicado
mais adiante.

2.5 Transferidor:

Utilizado para medir e traçar ângulos, deve ser de material transparente


(acrílico ou plástico) e podem ser de meia volta (180°) ou de volta completa (360°).

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CAPÍTULO 3

LINHAS

3.1 TIPOS DE LINHAS

As linhas empregadas no desenho técnico dividem-se em: Grossa (A e B), Média (C


e D) e Fina (E, F, e G). Veja a figura 16. Esta classificação toma por base a linha grossa de
0,5 mm de espessura.

Figura 5. Tipos de linhas e seu emprego

As linhas empregadas no desenho técnico dividem-se em: Grossa (A e B), Média (C


e D) e Fina (E, F, e G). Veja a figura 5. Esta classificação toma por base a linha grossa de 0,5
mm de espessura.

Para desenhar as projeções são usados vários tipos de linhas. A seguir descrevem-se
algumas delas:

Linha para arestas e contornos visíveis: É uma linha continua larga que
indica o contorno de modelos esféricos ou cilíndricos e as arestas visíveis do
modelo para o observador.
Linha para arestas e contornos não-visíveis: É uma linha tracejada que
indica as arestas não-visíveis para o observador, isto é, as arestas que ficam
encobertas.

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Linha de centro: É uma linha estreita, formada por traços e pontos


alternados, que indica o centro de alguns elementos do modelo, como furos,
rasgos, etc.
 Linha de simetria: É uma linha estreita, formada por traços e pontos
alternados. Ela indica que o modelo é simétrico.

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A seguir, um exemplo dos tipos de linha apresentados:

Figura 6. Representação de linhas para arestas e contornos visíveis:

Figura 7 :Figura 7: Peca simétrica, tanto na horizontal como


na vertical, e os tipos de linha apresentados:

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3.2 PROJEÇÕES ORTOGONAIS

Em desenho técnico, projeção é a representação gráfica do modelo feito


em um plano.

Existem varias formas de projeção, entretanto a ABNTNT adota a


PROJEÇÃO ORTOGONAL, por ser a representação mais fiel à forma do modelo.

Para entender como é feita a projeção ortogonal, é necessário conhecer os


seguintes elementos : observador, modelo, e plano de projeção.

Observe a linha projetante. A linha projetante é a linha perpendicular ao


plano deprojeção que sai do modelo e o projeta no plano de projeção.

Para entender, como é feita a projeção, é necessário conhecer os


seguintes elementos: O OBSERVADOR (ou Centro de Projeção), o MODELO (ou
Objeto), e o PLANO DE PROJEÇÃO.

A projeção pode ser:

Cônica (ou Central) quando o centro de projeção esta a uma distancia


finita da superfície;

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Cilíndrica (ou Paralela) quando o centro de observação está a uma


distancia infinita.

Ainda, em relação à superfície plana de projeção, é ORTOGONAL quando


as projetantes são perpendiculares; e Obliqua, quando inclinadas.

Na ilustração da figura abaixo, o Modelo (ou Objeto) é representado por um Dado.


Observe, que Linha projetante é perpendicular ao Plano de Projeção. Unindo
perpendicularmente os três planos junto com o modelo, tem-se a projeção em três
planos. Estas projeções são chamadas VISTAS, conforme a seguir:

REBATIMENTO DOS TRÊS PLANOS DE PROJEÇÃO:

Quando se tem a projeção ortogonal do modelo, o modelo não é mais


necessário e assim é possível rebater os planos de projeção ou vistas figura abaixo
(A).

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Observação As linhas projetantes auxiliares não aparecem no desenho técnico do


modelo. São linhas imaginárias que auxiliam no estudo da teoria da projeção
ortogonal.

Com o rebatimento, os planos de projeção, que estavam unidos


perpendicularmente entresi, aparecem em um único plano de projeção. Pode-se ver o
rebatimento dos planos de projeção, imaginando-se os planos de projeção ligados
por dobradiças, figura (B)

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Dispondo as vistas alinhadas entre si, temos as projeções da peça


formadas pela vista frontal, vista superior e vista lateral esquerda.

Normalmente a vista frontal é a vista principal da peça. As distâncias


entre as vistas ser iguais e proporcionais ao tamanho do desenho

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CAPÍTULO 4

DESENHO GEOMÉTRICO

4.1. ÂNGULO

DEFINIÇÃO: É a região do plano limitada por duas semi-retas distintas, de mesma


origem.

4.1.1. ELEMENTOS:

- Vértice: É o ponto de origem comum das duas semi-retas.

- Lado: Cada uma das semi-retas.

- Abertura: É a região compreendida entre as duas semi-retas. Ela define a


região angular, que é a região que delimita o próprio ângulo.

4.2.2. REPRESENTAÇÃO

É representada pelos segmentos de retas AÔB, BÔA, Ô, ou ainda uma letra grega.

4.1.3. MEDIDA DE ÂNGULOS:

A unidade de medida mais usada para medir ângulos é o grau, cujo símbolo é
(°) exemplo 30o, 50o, 180o. Um grau corresponde à divisão da circunferência em 360
partes iguais. Seus submúltiplos são: o minuto e o segundo, cujas relações são:
1º=60’ e 1’=60”. Os ângulos são medidos através de um instrumento chamado
transferidor.

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4.1.4. CONSTRUÇÃO E MEDIDA DE ÂNGULOS COM O TRANSFERIDOR:

O transferidor pode ser de meia volta (180°) ou de volta completa (360°) e é


composto dos seguintes elementos:

 Graduação ou limbo: corresponde à circunferência ou


semicircunferência externa, dividida em 180 ou 360 graus.
 Linha de fé: segmento de reta que corresponde ao diâmetro do
transferidor, passando pelas
 graduações 0º e 180°.
 Centro: corresponde ao ponto médio da linha de fé.

Para traçarmos ou medirmos qualquer ângulo devemos:

1. Fazer coincidir o centro do transferidor com o vértice do ângulo.


2. Um dos lados do ângulo deve coincidir com a linha de fé, ajustado à
posição 0°.
3. A contagem é feita a partir de 0º até atingir a graduação que
corresponde ao outro lado (caso da medição) ou valor que se quer
obter (caso da construção).
4. Neste último caso, marca-se um ponto de referência na graduação e
traça-se o lado, partindo do vértice e passando pelo ponto.
5. Completa-se o traçado com um arco com centro no vértice e cortando
os dois lados com as extremidades em forma de setas. Então,
escreve-se o valor do ângulo neste espaço, que corresponde à sua
abertura.
Obs: Este último passo (item 5) é de suma importância, pois
indica a região que representa o ângulo (região angular).

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A exemplo veremos em seguida alguns exemplos de medidas de ângulos com


o transferidor.

4.1.5. CLASSIFICAÇÃO:

Quanto à abertura dos lados:

a)Reto: Abertura igual a 90°

b) Agudo: Abertura menor que 90

c) Obtuso: Abertura maior que


90°

d) Raso: Abertura igual a 180°

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e) Pleno: Abertura igual a 360°

Quanto à posição que ocupam:

a) Ângulo Convexo: Abertura maior que 0° e menor que 180°

b) Ângulo Côncavo: Abertura maior que 180° e menor que 360°

4.1.6. POSIÇÕES RELATIVAS DOS ÂNGULOS:

a) Ângulos consecutivos: Quando possuem em comum o vértice e um dos


lados.

b) Ângulos adjacentes: São ângulos consecutivos que não têm pontos


internos comuns.

c) Ângulos opostos pelo vértice: Ângulos congruentes cujos lados são


semi-retas opostas.

d) Ângulos complementares: Dois ângulos são complementares quando a


soma de suas

medidas é igual a 90°.

e) Ângulos suplementares: Dois ângulos são suplementares quando a


soma de suas medidas éigual a 180°.

4.1.7. TRANSPORTE DE ÂNGULOS

Transportar um ângulo significa construir um ângulo congruente a outro,


utilizando-se o compasso:

1. Centra-se no vértice do ângulo que se vai transportar e, com abertura


qualquer descreve-se um arco que corta os dois lados do ângulo,
gerando os pontos 1 e 2.
2. Traça-se um lado do ângulo a ser construído, definindo o seu vértice.
3. Com a mesma abertura do compasso e centro no vértice do segundo
ângulo, descreve-se um arco, igual ao primeiro e que corta o lado já
traçado, definindo um ponto que corresponde ao ponto 1 do primeiro
ângulo.

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4. Volta-se ao primeiro ângulo e mede-se a distância entre os pontos 1 e


2, com o compasso.
5. Aplica-se esta distância no segundo ângulo a partir do ponto
correspondente ao ponto 1 sobre
6. o arco já traçado, definindo o ponto correspondente ao ponto 2.
7. A partir do vértice e passando pelo ponto 2, traça-se o outro lado do
ângulo.
8. Comentário: note que realizamos, nesta construção, dois transportes
de distâncias. Primeiro a
9. distância que correspondia ao arco no primeiro ângulo. Depois, a que
correspondia à distância entre os pontos 1 e 2. Tudo isso feito com a
utilização do compasso.

4.1.8. BISSETRIZ DE UM ÂNGULO:

É a reta que, passando pelo vértice, divide um ângulo em duas partes iguais.

Traçado da bissetriz:

1. Ponta seca no vértice do ângulo, abertura qualquer, descreve-se um


arco que corta os dois
2. lados do ângulo, definindo os pontos 1 e 2.
3. Centro em 1 e 2, com a mesma abertura; cruzam-se os arcos,
gerando o ponto 3.
4. A bissetriz é a reta que passa pelo vértice e pelo ponto 3.

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4.2. Polígonos

Polígonos são figuras fechadas formadas por segmentos de reta, sendo


caracterizados pelos seguintes elementos: ângulos, vértices, diagonais e lados. De
acordo com o número de lados a figura é nomeada.

Um polígono é chamado de eqüiângulo quando possui todos os ângulos


internos congruentes, e eqüilátero quando possui todos os lados congruentes.

4.2.1. Classificação dos polígonos

NÚMERO DE LADOS POLÍGONO NÚMERO DE LADOS POLÍGONO


3 Triângulo 17 Heptadecágono
4 Quadrilátero 18 Octodecágono
5 Pentágono 19 Eneadecágono
6 Hexágono 20 Icoságono
7 Heptágono 25 Pentacoságono
8 Octágono 30 Triacontágono
9 Eneágono 40 Tetracontágono
10 Decágono 50 Pentacontágono
11 Undecágono 60 Hexacontágono
12 Dodecágono 70 Heptacontágono
13 Tridecágono 80 Octacontágono
14 Tetradecágono 90 Eneacontágono
15 Pentadecágono 100 Hectágono
16 Hexadecágono 1000 Quilógono

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4.2.2. POLÍGONOS REGULARES: São polígonos que têm os lados e os ângulos


iguais.

a) O retângulo tem todos os ângulos internos congruentes.Logo, o


retângulo é eqüiângulo.

b) O losango tem todos os lados congruentes. Logo, o losango é


eqüilátero

c) O quadrado tem todos os lados e todos os ângulos internos


congruentes. Logo, o quadrado é eqüilátero e eqüiângulo

Todo polígono eqüilátero e eqüiângulo é chamado de polígono regularUm


polígono é regular quando todos os seus lados e todos os seus ângulos são
congruentes

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4.2.3. Propriedade dos polígonos regulares

 Se uma circunferência for dividida em três ou mais arcos congruentes,


então as cordas consecutivas formam um polígono regular inscrito na
circunferência.
 Se uma circunferência for dividida em três ou mais arcos congruentes,
então as tangentes aos pontos consecutivos de divisão formam um
polígono regular circunscrito à circunferência.

4.2.4. Elementos de um polígono regular

Se um polígono é regular, consideramos:

 Centro do polígono é o centro da circunferência circunscrita a ele (ponto

 
O).
 Raio do polígono é o raio da circunferência circunscrita a ele OC .

 
 Apótema do polígono é o segmento que une o centro do polígono ao
ponto médio de um de seus lados OM .

 Ângulo central é aquele cujo vértice é o centro do polígono e cujo lados


são semi-retas que contêm dois raios consecutivos (CÔD).
 A medida do ângulo central é dada por:
 a  360º (n = número de lados)
c
n

Um polígono irregular é aquele que não possui os ângulos com medidas iguais
e os lados não possuem o mesmo tamanho.

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4.3. CIRCUNFERÊNCIA

4.3.1. Definição:

É o conjunto de pontos, pertencentes a um plano e equidistantes de um único


ponto, chamado centro. Circunferência é, pois, uma linha curva, plana e fechada.

4.3.2. Linhas da circunferência:

a) Raio (AO): É o segmento de reta que une o centro a qualquer ponto da


circunferência. Pela própria definição da curva, os raios são todos
iguais.

b) Secante (s): É a reta que seca (corta) a circunferência em dois de seus


pontos.

c) Corda(BC): É o segmento de reta que une dois pontos de uma


circunferência e tem a secante como reta suporte.

d) Diâmetro(DE): É a corda que passa pelo centro da circunferência. O


diâmetro é, pois, a maior corda e é constituído por dois raios opostos.
Daí dizer-se que o diâmetro é o dobro do raio. O diâmetro divide a
circunferência em duas partes iguais denominadas semicircunferências.

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Por extensão do raciocínio, temos que o círculo pode ser dividido em


dois semicírculos.

e) Arco(BC), (BG), (CE), (AD), etc : É uma parte qualquer da


circunferência, compreendida entre dois de seus pontos. A toda corda
corresponde um arco e vice-versa.

f) Flecha(FG) : É o trecho do raio perpendicular a uma corda e limitado


pela mesma corda e o arco que lhe corresponde.

g) Tangente(t) : É a reta que toca a circunferência em um só ponto e é


perpendicular ao raio que passa por esse ponto. Esta ponto chama-se
ponto de tangência.

4.3.3. Divisão da circunferência em partes iguais: método geral de bion:

a) Descreve-se a circunferência e traça-se seu diâmetro.

b) Divide-se o diâmetro, pelo processo de deslizamento de esquadros, no


número de vezes emque se quer dividir a circunferência.

c)Centro em cada extremidade do diâmetro, com abertura igual ao próprio


diâmetro, faz-se ocruzamento dos arcos, determinando o ponto P.

d) Traça-se a reta que passa pelos pontos P e 2, da divisão do diâmetro.

e) Esta reta corta a circunferência no ponto B.

f) O arco AB corresponde a divisão da circunferência no número de vezes


pretendido. Tal medida deve, portanto, ser aplicada sucessivas vezes
sobre a curva, dividindo-a.

Obs: A aplicação mais comum da divisão de uma circunferência em partes iguais é a


construção do polígono regular inscrito correspondente ao número de lados.

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CAPÍTULO 5
ESCALAS E DIMENSIONAMENTO

Para a leitura e interpretação de desenho técnico, é necessário abordar os


princípios básicos de dimensionamento, porque o exercício de projetos requer a
execução de esboços cotados.
Não se pode esquecer que, na área da mecânica, o meio utilizado para expor o
resultado de um projeto resultante de estudos e cálculos é o desenho técnico e, assim
sendo, os projetistas, de qualquer modalidade, no mínimo precisam estar preparados
para elaborar esboços cotados.
Esboço cotado é um desenho técnico feito primeiramente a mão-livre, no qual,
além da representação da forma, estão contidas todas as dimensões do objeto. E
logo após o desenho com instrumentos(escalímetro, compasso... etc..) em
ferramentas informatizadas(CAD,SOLIWORKS, etc) desta forma, os assuntos
referentes ao dimensionamento dos objetos representados serão apresentados,
visando não só a interpretação de desenhos mas também a sua elaboração.

5.1. Escalas
Como o desenho técnico é utilizado para representação de máquinas,
equipamentos de processamento industriais, é fácil concluir que nem sempre será
possível representar os objetos em suas verdadeiras grandezas. Assim, para
viabilizar a execução dos desenhos, os objetos grandes precisam ser representados
com suas dimensões reduzidas, enquanto os objetos, ou detalhes, muito pequenos
necessitarão de uma representação ampliada.
Para evitar distorções e manter a proporcionalidade entre o desenho e o
tamanho real do objeto apresentado, foi normalizado que as reduções ou ampliações
devem ser feitas respeitando uma razão constante entre as dimensões do desenho e
as dimensões reais do objeto representado.
A razão existente entre as dimensões do desenho e as dimensões reais do
objeto é chamada de escala do desenho. É importante ressaltar que, sendo o
desenho técnico uma linguagem gráfica, a ordem da razão nunca pode ser invertida,
e a escala do desenho sempre será definida pela relação existente entre as
dimensões lineares de um desenho com as respectivas dimensões reais do objeto
desenhado.

5.2. Dimensão do desenho : dimensão real do objeto


Para facilitar a interpretação da relação existente entre o tamanho do desenho e o
tamanho real do objeto, pelo menos um dos lados da razão sempre terá valor unitário,
que resulta nas seguintes possibilidades:
1 : 1 para desenhos em tamanho natural – Escala Natural
1 : n > 1 para desenhos reduzidos – Escala de Redução
n > 1 : 1 para desenhos ampliados – Escala de Ampliação

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A norma NBR 8196 da ABNT recomenda, para o Desenho Técnico, a


utilização das seguintes escalas:

Categoria Escalas recomendadas


1:2 1:5 1 : 10
1 : 20 1 : 50 1 : 100
Escala de Redução 1 : 200 1 : 500 1 : 1000
1 : 2000 1 : 5000 1 : 10000

2:1 5:1 10 : 1
Escala de Ampliação
20 : 1 50 : 1

A indicação é feita na legenda dos desenhos utilizando a palavra ESCALA,


seguida dos valores da razão correspondente.
Quando, em uma mesma folha, houver desenhos com escalas diferentes
daquela indicada na legenda, existirá abaixo dos respectivos desenhos a
identificação das escalas utilizadas.

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CAPITULO 6
COTAGEM

6.1. Dimensionamento

O desenho técnico, além de representar, dentro de uma escala, a forma


tridimensional, deve conter informações sobre as dimensões do objeto representado.
As dimensões irão definir as características geométricas do objeto, dando valores de
tamanho e posição aos diâmetros, aos comprimentos, aos ângulos e a todos os
outros detalhes que compõem sua forma espacial.
A forma mais utilizada em desenho técnico é definir as dimensões por meio de
cotas que são constituídas de linhas de chamada, linha de cota, setas e do valor
numérico em uma determinada unidade de medida, conforme mostra a Figura 10

Figura 10: Representação de Cotagem

As cotas devem ser distribuídas pelas vistas e dar todas as dimensões


necessárias para viabilizar a construção do objeto desenhado, com o cuidado de não
colocar cotas desnecessárias.
As cotas devem ser colocadas uma única vez em qualquer uma das vistas que
compõem o desenho, localizadas no local que representa mais claramente o
elemento que está sendo cotado, conforme mostram as Figuras 11 e 12.

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Figura 21

Figura 12

Na Figura 11, o dimensionamento do rasgo existente na parte superior da peça


pode ser feito somente na vista lateral esquerda ou com cotas colocadas na vistas de
frente e na vista superior. Observe que as cotas da vista lateral esquerda definem as
dimensões com muito mais clareza.
Para facilitar a leitura do desenho, as medidas devem ser colocadas com a
maior clareza possível evitando-se, principalmente, a colocação de cotas
referenciadas às linhas tracejadas.
Na Figura 12 pode-se observar que as cotas colocadas na vista de frente
representam as respectivas dimensões com muito mais clareza do que as cotas
colocadas nas vistas superior e lateral esquerda.
Não devem existir cotas além das necessárias para definir as medidas do objeto. O
dimensionamento ou localização dos elementos deve ser cotado somente uma vez,
evitando-se cotas repetidas.
Todas as cotas de um desenho ou de um conjunto de desenhos de uma
mesma máquina ou de um mesmo equipamento devem ter os valores expressos em
uma mesma unidade de medida, sem indicação do símbolo da unidade de medida
utilizada. Normalmente, a unidade de medida mais utilizada no desenho técnico é o
milímetro. Quando houver necessidade de utilizar outras unidades, além daquela

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predominante, o símbolo da unidade deve ser indicado ao lado do valor da cota.

Enquanto a maioria das cotas está em milímetro e sem indicação da unidade


utilizada, o comprimento da peça, na vista de frente, está cotado em centímetro, bem
como a largura, na vista lateral, e o diâmetro do furo, na vista superior, estão em
polegadas.

Figura 3: 6.4

A Figura 6.4 também mostra a utilização de cota com tolerância de erro


admissível para uma determinada dimensão. A cota de 20±0,1 significa que, no
processo de fabricação, a da peça poderá variar de 19,9 a até 20,1.
Na prática, a escolha das cotas ou a colocação de tolerâncias para limitar os
erros dependerá dos processos utilizados na fabricação do objeto e também da sua
utilização futura.
A Figura 6.5 mostra que as dimensões do recorte que aparece na vista de
frente pode ser cotado valorizando o espaço retirado [Figura 6.5 (a)], ou pode ser
cotado dando maior importância às dimensões das partes que sobram após o corte
[Figura 6.5 (b)].

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Outro exemplo de destaque da importância de uma determinada dimensão é a


localização do furo em relação ao comprimento da peça, que na Figura 6.5 (a) é feito
pela face esquerda com a cota de 25, enquanto na Figura 6.5 (b) é feito pela face
direita com a cota de 55.
De acordo com as dimensões de maior importância, o construtor da peça fará
o direcionamento dos erros conseqüentes dos processos de fabricação e a opção por
um dos tipos exemplificados na Figura 6.5 será feita em função da utilização ou do
funcionamento da peça.

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6.2. Regras para Colocação de Cotas

A Figura 6.6 mostra que tanto as linhas auxiliares (linhas de chamada), como
as linhas de cota, são linhas contínuas e finas. As linhas de chamadas devem
ultrapassar levemente as linhas de cota e também deve haver um pequeno espaço
entre a linha do elemento dimensionado e a linha de chamada.
As linhas de chamada devem ser, preferencialmente, perpendiculares ao
ponto cotado. Em alguns casos, para melhorar a clareza da cotagem, as linhas de
chamada podem ser oblíquas em relação ao elemento dimensionado, porém
mantendo o paralelismo entre si, conforme mostra a Figura 6.6 (c).
As linhas de centro ou as linhas de contorno podem ser usadas como linhas de
chamada, conforme mostra a Figura 6.6 (b). No entanto, é preciso destacar que as
linhas de centro ou as linhas de contorno não devem ser usadas como linhas de cota.

O limite da linha de cota pode ser indicado por setas, que podem ser
preenchidas ou não, ou por traços inclinados, conforme mostra a Figura 6.7. A
maioria dos tipos de desenho técnico utiliza as setas preenchidas. Os traços
inclinados são mais utilizados nos desenhos arquitetônicos. Em um mesmo desenho
a indicação dos limites da cota deve ser de um único tipo e também deve ser de um
único tamanho. Só é permitido utilizar outro tipo de indicação de limites da cota em
espaços muito pequenos, conforme mostra a Figura 6.8.

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Havendo espaço disponível, as setas que limitam a linha de cota ficam por
dentro da linha de chamada com direções divergentes, conforme são apresentadas
nas cotas de 15, 20 e 58 da Figura 6.8. Quando não houver espaço suficiente, as
setas serão colocadas por fora da linha de cota com direções convergentes,
exemplificadas pelas cotas de 7, 8 e 12 também na Figura 6.8. Observe que a cota de
12 utiliza como seu limite uma das setas da cota de 15. Quando o espaço for muito
pequeno, como é o caso das cotas de 5, os limites da cota serão Figura 6.8 indicados
por uma seta e pelo traço inclinado.
Na cotagem de raios, o limite da cota é definido por somente uma seta que
pode estar situada por dentro ou por fora da linha de contorno da curva, conforme
está exemplificado na Figura 6.9.

Os elementos cilíndricos sempre são dimensionados pelos seus diâmetros e


localizados pelas suas linhas de centro, conforme mostra a Figura 6.10.

Para facilitar a leitura e a interpretação do desenho, deve-se evitar


colocarcotas dentro dos desenhos e, principalmente, cotas alinhadas com outras
linhas do desenho, conforme mostra a Figura 6.11.

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Outro cuidado que se deve ter para melhorar a interpretação do desenho é


evitar o cruzamento de linha da cota com qualquer outra linha.

Sempre que possível, as cotas devem ser colocadas alinhadas, conforme


mostram as Figuras 6.13 e 6.14.

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Os números que indicam os valores das cotas devem ter um tamanho que
garanta a legibilidade e não podem ser cortados ou separados por qualquer linha. A
Norma NBR 10126 da ABNT fixa dois métodos para posicionamento dos valores
numéricos das cotas.

O primeiro método, que é o mais utilizado, determina que:

1. Nas linhas de cota horizontais o número deverá estar acima da linha de


cota, conforme mostra a Figura 6.15 (a);
2. Nas linhas de cota verticais o número deverá estar à esquerda da linha
de cota, conforme mostra a figura 6.15 (a);
3. Nas linhas de cota inclinadas deve-se buscar a posição de leitura,
conforme mostra a Figura 6.15 (b).

Pelo segundo método, as linhas de cota são interrompidas e o número é


intercalado no meio da linha de cota e, em qualquer posição da linha de cota, mantém
a posição de leitura com referência à base da folha de papel, conforme mostra a
Figura 6.16.

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As Figuras 6.17 (a) e (b) mostram, respectivamente, a cotagem de ângulos


pelos dois métodos normalizados pela ABNT. A linha de cota utilizada na cotagem de
ângulos é traçada em arco cujo centro está no vértice do ângulo.

Para melhorar a leitura e a interpretação das cotas dos desenhos são


utilizados símbolos para mostrar a identificação das formas cotadas, conforme mostra
a tabela 6.1.

∅ : Indicativo de diâmetro ∅ ESF : Indicativo de diâmetro esférico


R : Indicativo de raio R ESF : Indicativo de raio esférico
: Indicativo de quadrado

Os símbolos devem preceder o valor numérico da cota, como mostram as


Figuras 6.18 (a), (b), (c), (d) e (e).

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Quando a forma do elemento cotado estiver claramente definida, os símbolos


podem ser omitidos, conforme mostram as Figuras 6.19 (a) e (b).

6.3. Tipos de Cotagem

As cotas podem ser colocadas em cadeia ( cotagem em série), na qual as


cotas de uma mesma direção são referenciadas umas nas outras, como mostram as
Figuras 6.20 (a) e (b), ou podem ser colocadas tendo um único elemento de
referência, como mostram as Figuras 6.21 (a) e (b).
Na cotagem em série, mostrada nas Figuras 6.20 (a) e (b), durante os
processos de fabricação da peça, ocorrerá a soma sucessiva dos erros cometidos na
execução de cada elemento cotado, enquanto no tipo de cotagem mostrado nas
Figuras 6.21 (a) e (b) como todas as cotas, de uma determinada direção, são
referenciadas ao mesmo elemento de referência, não ocorrerá a soma dos erros
cometidos na execução de cada cota.

A cotagem por elemento de referência, mostrada nas Figuras 6.21 (a) e (b), é
chamada de cotagem em paralelo. Outro tipo de cotagem por elemento de referência
é a cotagem aditiva. A cotagem aditiva é uma variação simplificada da cotagem em

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paralelo, que pode ser usada onde houver problema de espaço.

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Na prática a cotagem aditiva não é muito utilizada porque existe a


possibilidade de dificultar a interpretação do desenho e conseqüentemente gerar
problemas na construção da peça. A Figura 6.22 mostra o desenho da Figura 6.21 (b)
utilizando cotagem aditiva ao invés da cotagem em paralelo.

A origem é localizada no elemento de referência e as cotas dos outros


elementos da peça são colocadas na frente de pequenas linhas de chamadas que
vinculam a cota ao seu respectivo elemento.
Conforme já foi mencionada anteriormente, a escolha do tipo de cotagem está
diretamente vinculada à fabricação e à futura utilização do objeto e, como em quase
todos os objetos existem partes que exigem uma maior precisão de fabricação e
também existem partes que admitem o somatório de erros sucessivos, na prática é
muito comum a utilização combinada da cotagem por elemento de referência com a
cotagem em série, conforme mostra a Figura 6.23.

Figura 6.23

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A diferença entre a cotagem de cordas e arcos é a forma da linha de cota.


Quando o objetivo é definir o comprimento do arco, a linha de cota deve ser paralela
ao elemento cotado.A Figura 6.24 mostra na parte superior (cota de 70) a cotagem de
arco e na parte inferior (cota de 66) a cotagem de corda.

6.4. Cotagem de Ângulos, Chanfros e Escareados e Cotagem de Cordas e


Arcos

Para definir um elemento angular são necessárias pelo menos duas cotas,
informando os comprimentos de seus dois lados ou o comprimento de um dos seus
lados associados ao valor de um dos seus ângulos, conforme mostra a Figura 6.25
(a). Quando o valor do ângulo for 45°, resultará em ângulos iguais e lados iguais e,
nesta situação, pode-se colocar em uma única linha de cota o valor dos dois lados ou
de um lado associado ao ângulo, como mostra a Figura 6.25 (b).

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Para evitar nos objetos que serão manuseados o contato


com cantos vivos, é usual quebrar os cantos com pequenas
inclinações chamadas de chanfros, conforme mostra a
Figura 6.26. A cotagem dos chanfros segue os princípios
utilizados na cotagem de elementos angulares, como
mostra a Figura 6.25.

Da mesma forma, os cantos vivos dos furos também são quebrados com
pequenas superfícies inclinadas, que no caso dos furos são chamadas de
escareados. A cotagem dos escareados segue os princípios da cotagem de
elementos angulares e está exemplificada na Figura 6.27

6.5. Cotagem de Elementos Eqüidistantes e/ou Repetidos

A cotagem de elementos eqüidistantes pode ser simplificada porque não há


necessidade de se colocar todas as cotas. Os espaçamentos lineares podem ser
cotados indicando o comprimento total e o número de espaços, conforme mostra a
Figura 6.28 (a). Para evitar problemas de interpretação, é conveniente cotar um dos
espaços e informar a dimensão e a quantidade de elementos.

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Os espaçamentos eqüidistantes angulares podem ser cotados indicando


somente o valor do ângulo de um dos espaços e da quantidade de elementos,
conforme mostra a Figura 6.28 (b).
Quando os espaçamentos não forem eqüidistantes, será feita a cotagem dos
espaços, indicando a quantidade de elementos, conforme mostram as Figuras 6.29

6.6. Cotagem de objetos em Meio Corte

Sabendo que as vistas em Meio Corte só podem ser utilizadas para


representar objetos simétricos, conclui-se que a metade que aparece cortada
também existe no lado não cortado e vice-versa.
Desta forma, as vistas em Meio Corte podem ser utilizadas para cotagem do
objeto utilizando linhas de cota somente com uma seta indicando o limite da cota na
parte que aparece em corte, conforme mostra a Figura 6.30. A ponta da linha de cota
que não tem seta deve se estender ligeiramente além do eixo de simetria.

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CAPÍTULO 7

PERSPECTIVAS

7.1 Introdução

A palavra perspectiva vem do latim - Perspicere (ver através de). Se você se


colocar atrás de uma janela envidraçada e, sem se mover do lugar, riscar no vidro o
que está "vendo através da janela", terá feito uma perspectiva; a perspectiva é a
representação gráfica que mostra os objetos como eles aparecem a nossa vista, com
3 dimensões.
A perspectiva é um tipo especial de projeção, na qual são possíveis as
medições de três eixos dimensionais em um espaço bi-dimensional. Desta forma, a
perspectiva se manifesta tanto nas projeções cilíndricas (resultando na perspectiva
isométrica quando ortogonal, ou em cavaleiras quando oblíquas), quanto nas
projeções cônicas (resultando em perspectivas cônicas com um ou vários pontos de
fuga). Ponto de fuga (cuja abreviatura é PF), em geometria, é o ponto de
convergência das linhas que descrevem a profundidade dos objetos; é a direção para
onde o objeto segue; se aprofunda.

Os desenhos em perspectiva são concebidos como um meio termo entre a visão da


peça no espaço, mantendo suas proporções e a escala.

Existem vários tipos de perspectiva, cada um com sua utilidade. Os desenhos em


perspectiva exata ilustram com perfeição o ângulo do observador, porém as dimensões
variam com a posição e proximidade dos objetos.

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TIPOS DE PROJEÇÃO DE ORIGEM DAS PERSPECTIVAS

1. Projeção central, cônica ou perspectiva

1 ponto de fuga

PF1

2 pontos de fuga
PF1
PF2

PF2 PF1

3 pontos de fuga

PF3

2. Projeção cilíndrica
Oblíqua

Perspectivas cavaleiras 30º Medidas do eixo de profundidade com ângulo de 30º

e redução de 1/3.

Medidas do eixo de profundidade com ângulo de 45º


Perspectivas cavaleiras 45º
e redução de ½.

Medidas do eixo de profundidade com ângulo de 60º


Perspectivas cavaleiras 60º
e redução de 2/3.

Perspectivas isométricas Três ângulos iguais entre os eixos.

Ortogonal

Perspectivas dimétricas Dois ângulos iguais entre os eixos.

Perspectivas trimétricas Três ângulos diferentes entre os eixos.

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7.2 PERSPECTIVA ISOMÉTRICA

A perspectiva isométrica é uma perspectiva axonométrica ortogonal onde a


projeção ortogonal é feita sobre um plano perpendicular à diagonal de um cubo, onde
as arestas são paralelas aos três eixos principais. Para construí-la basta adotar uma
única escala para os três eixos.

7.3 PERSPECTIVA CAVALEIRA

A perspectiva cavaleira é também chamada de perspectiva cavalheira, porque os


desenhos das praças militares eram, geralmente, executados em projeção cilíndrica e o
aspecto obtido dava a impressão de que o desenho havia sido colhido da cavaleira, obra alta
de fortificação sobre a qual assentam baterias. É também conhecida como axonometria
oblíqua pois é uma projeção que pressupõe o observador no infinito e, em conseqüência,
utiliza os raios paralelos e oblíquos ao plano do quadro. Esta perspectiva torna uma das três
faces do triedro como plano do quadro. Na perspectiva cavaleira a face da frente conserva a
sua forma e as suas dimensões, a face de fuga (eixo x) é a única a ser reduzida.

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7.4 PERSPECTIVA DIMÉTRICA

A perspectiva dimétrica tem a sua construção conduzida da mesma forma que na


perspectiva isométrica, com exceção da mudança de ângulo e escala em um dos eixos. Na
perspectiva dimétrica a face da frente conserva a sua largura, a face de fuga (eixo x) é
reduzida em 2/3.

7.5 PERSPECTIVA TRIMÉTRICA ou MILITAR

A perspectiva militar, também chamada de perspectiva aérea e vôo de pássaro; é uma


perspectiva axonométrica onde os eixos x e y formam entre si um ângulo reto. Para
construí-la é necessário reduzir as medidas do eixo z (eixo das alturas) em 2/3.

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Para aplicação na área metal-mecânca e mais comumente utilizada para desenhos


técnicos a perspectiva isométrica. Pois esta apresenta em escala as dimensões exata da
peças e/ou conjuntos mecânicos representados.

7.8 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UMA PESPECTIVA ISOMÉTRICA

Acompanhe a construção da perspectiva isométrica do seguinte objeto, feita passo a


passo:

Traçar os eixos isométricos com o uso dos


1
instrumentos

Usar os eixos isométricos para marcação


2 das dimensões gerais do objeto
(comprimento, largura e altura).

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Por meio de retas paralelas aos eixos


3 (traçadas com os esquadros apoiados na
régua paralela) fechar volume do objeto.

Usar os eixos isométricos para marcação


4
das dimensões parciais do objeto

Por meio de retas paralelas aos eixos


completar o volume do objeto.
5

Reforçar os traços que formam as arestas


6 do objeto de forma que as linhas
construtivas fiquem em segundo plano.

7.9 CÍRCULO ISOMÉTRICO

O círculo, representado em perspectiva isométrica perspectiva isométrica,


tem sempre a forma parecida com uma elipse. O próprio círculo, elementos
circulares ou partes arredondadas podem aparecer em qualquer face do modelo ou
da peça e sempre serão representados com forma elíptica.

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Como a construção da elipse não pode ser executada pelos instrumentos


usuais substituiremos a elipse verdadeira por uma falsa elipse, uma oval regular, que
pode ser construída com o compasso isométrico.

7.8 Construção da perspectiva isométrica do círculo


A perspectiva isométrica do círculo será uma elipse inscrita em cada face do cubo

Para a construção da perspetiva do circulo


é necessária a construção de uma das
1 faces do cubo isométrico, os quais
possuem arestas do tamanho do diâmetro
do círculo que se vai desenhar

Determinar o ponto médio dos segmentos


2 de reta que são os lados do quadrado
perspectivado

Derermina - se nos vertices do quadrado


que possuem a menor diagonal os centros
3
1 e 2 traçando os arcos até o pontos
médios dos lados

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Os centros 3 e 4 estarão nos cruzamentos


dos segmentos de reta que unem os
4
centros 1 e 2 aos pontos medios dos lados
opostos

Nos centros 3 e 4 traçar arcos


5 concordantes com os arcos traçados
anteriormente

Reforçar os arcos de circunferência de


6 forma que as linhas construtivas fiquem
em segundo plano

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BIBLIOGRAFIA

CAMPOS, Frederico Oioli DE. Desenho Técnico. 2001.

Ferro, A., et all. Iniciação ao Desenho. SENAI-SP, DMD, 2o Ed. São Paulo, 1991.

FRENCH, Thomas E. Desenho Técnico. Editora Globo.

Giovani, M.; Rino, P.; Giovanni, S. Manual de Desenho Técnico Mecânico. Trad.
Antonio Carlos

Laund. São Paulo. Bisordi, v 3, 1977.

MACHADO, Ardevan (1986). Geometria Descritiva. São Paulo : Projeto Editores


Associados, 26° ed. 306 p.
Notas de aulas: Antonio Clélio Ribeiro, Mauro Pedro Peres, Nacir Izidoro

PRÍNCIPE Jr. Geometria Descritiva. V. 1 e 2.

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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