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Texto temático 1 Bruna Passos

Na virada do século XX o Brasil entra numa fase de preparação para viabilizar o


aumento da produção e a industrialização em áreas estratégicas para o comércio
exterior. Nesse sentido o texto mostra como os investimentos em saneamento e saúde
pública começam a ser entendidos como primordiais para manutenção das condições
mínimas de infraestrutura exigida pelo capital estrangeiro internacional para os
investimentos que estariam por vir. É evidenciado o direcionamento de esforços para a
institucionalização do saneamento como forma de promover uma rápida transferência
de investimentos que possibilitaria o incentivo a urbanização, a ampliação da produção
industrial que levariam então a expansão do mercado globalizado e a copitação do
Estado Brasileiro pelas correntes liberais de direita via golpe militar.
A percepção sobre a importância de se preservar a saúde pública a fim de garantir
uma base mínima para o progresso esperado influenciou o nascimento de uma reforma
sanitária nacional representada inicialmente por ações em âmbito Federal de combate
às endemias que levou ao conhecimento das mazelas do Brasil marginalizado. Após
muitos relatórios, campanhas e diagnósticos sobre a péssima qualidade de vida do
homem do campo, verificou-se a interrelação existente entre fatores que compõe o
desenvolvimento econômico de um país, como a improdutividade gerada pela
ocorrência das doenças, cuja causa era atribuída à ausência do estado.
Nas décadas que antecedem o golpe militar emerge uma organização política e
institucional criada por meio de departamentos, secretarias, órgãos e entidades a fim
de por em marcha os planos e investimentos de forma centralizada para implementação
da reforma sanitária nos estados federativos. Muitas críticas foram feitas sobre o
modelo centralizado cujo efeito seria a diminuição da autonomia dos estados e
municípios, entretanto a baixa capacidade dos mesmos em lidar com os gargalos do
saneamento influenciou uma série de debates em torno da concepção da
institucionalização do saneamento no Brasil. Obviamente havia interesse na
centralização mas mais tarde, com a criação do Ministério da saúde o saneamento
começa a criar uma certa independência do setor de saúde e se voltar agora para as
grandes obras de modernização do setor e prestação de serviço público. Nesse sentido
foram criados os SAAEs e Sociedades de Economia Mista, como organismo estratégico
para uma administração direta dos recursos financiados e da execução dos serviços que
deveriam ser oferecidos às populações.
Em meio a redemocratização do Estado, as ações de saneamento foram
propulsoras do desenvolvimento econômico pois estava vinculada ao repasse de
grandes investimentos do capital estrangeiro interessado em promover o
desenvolvimento dos países posicionados como subalternos para a manutenção da
hegemonia norteamericana sobre os mercados emergentes. Nesse contexto
obviamente a participação da população nos processos decisórios ficou marginalizada
pois não havia intenção legítima de promover benefício social primordialmente. Isso
revela o caráter da prestação de serviço de saneamento no Brasil, apenas mais uma
premissa vinculada a visão estratégica do mercado que não inclui o bem estar da
população, mas apenas a possibilidade de aporte de recursos.

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