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Cálculo II

2º Semestre 2019/2020

1
Programa
0. Derivada da Função Composta (revisões)
1. Teoremas
1.1 Função Homogénea e Teorema de Euler
1.2 Teorema de Lagrange e Teorema dos Acréscimos Finitos
1.3 Fórmula de Taylor e Resto de Lagrange
1.4 Teorema da Função Inversa
1.5 Teorema da Função Implícita

2
2. Optimização
2.1 Conceitos básicos
2.2 Optimização livre
2.3 Optimização com restrições de igualdade
2.4 Optimização com restrições de desigualdade
3. Primitivas e Integrais
3.1 Técnicas de primitivação
3.2 Integração e cálculo de áreas
3.3 Teorema fundamental do cálculo
3.4 Integrais duplos

3
1. TEOREMAS
1.1 Função Homogénea e Teorema de Euler
1.2 Teorema de Lagrange e Teorema dos Acréscimos Finitos
1.3 Fórmula de Taylor e Resto de Lagrange
1.4 Teorema da Função Inversa
1.5 Teorema da Função Implícita

4
1.1 Função Homogénea e Teorema de Euler
Definição de função homogénea
Uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ é homogénea de grau 𝛼 se
𝑓 𝑡𝑥 = 𝑡𝛼 𝑓 𝑥 ⇔ 𝑓 𝑡𝑥1, 𝑡𝑥2, … , 𝑡𝑥𝑛 = 𝑡𝛼 𝑓 𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑛

quaisquer que sejam 𝑥 ∈ 𝐷 e 𝑡 > 0 tais que 𝑡𝑥 ∈ 𝐷.

Se multiplicarmos todas as variáveis independentes pelo factor 𝑡, e a função for


homogénea de grau 𝛼, então a variável dependente vem multiplicada por 𝑡𝛼 .

5
Exemplos
𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ
𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑥𝑦 2
2
𝑓 𝑡𝑥, 𝑡𝑦 = 𝑡𝑥 𝑡𝑦 = 𝑡𝑥𝑡 2 𝑦 2 = 𝑡 3 𝑥𝑦 2 = 𝑡 3 𝑓 𝑥, 𝑦 Função homogénea de grau 3

𝑔: 𝐷 ⊂ ℝ3 → ℝ
3
𝑔 𝑚, 𝑛, 𝑝 = 𝑚 𝑛+𝑝
5
3 3 3
𝑔 𝑡𝑚, 𝑡𝑛, 𝑡𝑝 = 𝑡𝑚 𝑡𝑛 + 𝑡𝑝 = 𝑡 𝑚 𝑡 𝑛+𝑝 = 𝑡 6𝑔 𝑚, 𝑛, 𝑝
𝟓
Função homogénea de grau
𝟔

6
Aplicação económica
𝐹: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ Função de produção Cobb-Douglas (K-capital, L-trabalho)
𝐹 𝐾, 𝐿 = 𝐾 0,5 𝐿0,4
0,5 0,4
𝐹 𝑡𝐾, 𝑡𝐿 = 𝑡𝐾 𝑡𝐿 = 𝑡 0,9 𝐾 0,5 𝐿0,4 = 𝑡 0,9 𝐹 𝐾, 𝐿 Função homogénea de grau 0,9

Independentemente do nível de inputs que estão a ser usados num dado instante, se
duplicarmos a quantidade de capital e de trabalho, o nível de produção menos do que
duplica. A produção vem multiplicada pelo factor 20,9 ≈ 1,866 < 2.

×2 + ×2 × 1,866

7
Generalizando….
Função de produção Cobb-Douglas (K-capital, L-trabalho)
𝐹: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ
𝐹 𝐾, 𝐿 = 𝐴𝐾 𝛼 𝐿𝛽
𝛼 𝛽
𝐹 𝑡𝐾, 𝑡𝐿 = 𝐴 𝑡𝐾 𝑡𝐿 = 𝐴𝑡 𝛼 𝐾 𝛼 𝑡𝛽 𝐿𝛽 = 𝑡 𝛼+𝛽 𝐴𝐾 𝛼 𝐿𝛽 = 𝑡 𝛼+𝛽 𝐹 𝐾, 𝐿
Função homogénea de grau 𝛼 + 𝛽

Se 𝛼 + 𝛽 > 1, temos uma função de produção com rendimentos crescentes à escala.


Se 𝛼 + 𝛽 = 1, temos uma função de produção com rendimentos constantes à escala.
Se 𝛼 + 𝛽 < 1, temos uma função de produção com rendimentos decrescentes à escala.

8
Interpretação geométrica da homogeneidade
Seja 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ uma função homogénea de grau 𝛼.
Seja (𝑥1 , 𝑥2 ) ≠ (0,0) um qualquer ponto de 𝑓.

O conjunto de todos os pontos (𝑡𝑥1 , 𝑡𝑥2 ), quando 𝑡 > 0 dá-nos a semi-recta que passa na
origem e em (𝑥1 , 𝑥2 ).

Pela definição de função homogénea de grau 𝛼, tem-se 𝑓 𝑡𝑥1 , 𝑡𝑥2 = 𝑡 𝛼 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 ).

Ou seja, se for conhecido o valor da função em (𝒙𝟏 , 𝒙𝟐 ), também será conhecido o valor
que a função toma em qualquer ponto da semi-recta que passa na origem e em (𝒙𝟏 , 𝒙𝟐 ).

9
Se uma função é homogénea basta conhecer uma curva de nível para que se conheçam as
restantes curvas de nível.
Seja 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ uma função homogénea de grau 3.
𝑓 𝑥1 , 𝑥2 Sabe-se que 𝑥12 + 𝑥22 = 1 representa a curva de nível 5 de 𝑓.

Conhecendo o valor da função em 𝑥1 , 𝑥2 = 0,1 é


possível encontrar o valor da função em qualquer ponto da
0,1,5
semi-recta (a vermelho) que passa em 𝑥1 , 𝑥2 = 0,0 e
𝑓 𝑥1 , 𝑥2 = 5 em 𝑥1 , 𝑥2 = 0,1 , nomeadamente em 𝑥1 , 𝑥2 = 0,2 .

𝑓 0,1 = 5 ⇒ 𝑓 0,2 = 23 × 5 = 40

1 2 𝑥2 Assim, se 𝑥12 + 𝑥22 = 1 representa a curva de nível 5 de 𝑓,


1 então 𝑥12 + 𝑥22 = 4 representa a curva de nível 40 de 𝑓 e,
𝑥1 mais genericamente, 𝑥12 + 𝑥22 = 𝑡 2 representa a curva de
nível 5𝑡 3 de 𝑓.

10
Homogeneidade das derivadas parciais
Seja 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ uma função diferenciável e homogénea de grau 𝛼.
Então as suas derivadas parciais são funções homogéneas de grau 𝛼 − 1.

Prova:
𝑓 𝑡𝑥1 , 𝑡𝑥2 , … , 𝑡𝑥𝑛 = 𝑡 𝛼 𝑓 𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ⇒ (derivemos ambos os
membros em ordem a 𝒙𝒊 )

𝜕𝑓 𝑡𝑥1 , 𝑡𝑥2 , … , 𝑡𝑥𝑛 𝛼


𝜕𝑓 𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 𝜕𝑓 𝑡𝑥1 , 𝑡𝑥2 , … , 𝑡𝑥𝑛 𝛼−1
𝜕𝑓 𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛
𝑡=𝑡 ⇔ =𝑡
𝜕𝑡𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑡𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑖
Assim, as derivadas parciais de 𝑓 em ordem a 𝑥𝑖 , com 𝑖 = 1, … , 𝑛, são funções homogéneas de grau 𝛼 − 1.

Nota: trata-se uma implicação e não de uma equivalência, as derivadas parciais podem ser homogéneas
sem que a função original o seja.

11
Exercício
1
Seja 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ uma função diferenciável em 𝐷 e homogénea de grau 2. Sabendo
𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓 1 1
que 1,1 = 5, calcule 4,4 + 𝜕𝑥 2 , 2 .
𝜕𝑥 𝜕𝑥

12
Teorema de Euler
Seja 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ uma função diferenciável e homogénea de grau 𝛼, então satisfaz a
identidade de Euler: 𝑥 𝑓 ′ + 𝑥 𝑓 ′ + ⋯ + 𝑥 𝑓 ′ = 𝛼𝑓 𝑥 , 𝑥 , … , 𝑥
1 𝑥1 2 𝑥2 𝑛 𝑥𝑛 1 2 𝑛

Prova:
𝑓 𝑡𝑥1 , 𝑡𝑥2 , … , 𝑡𝑥𝑛 = 𝑡 𝛼 𝑓 𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛

Admitindo que 𝑢𝑖 = 𝑡𝑥𝑖 :


𝑓 𝑢1 , 𝑢2 , … , 𝑢𝑛 = 𝑡 𝛼 𝑓 𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛

Derivando ambos os membros em ordem a 𝑡:


𝜕𝑓 𝜕𝑢1 𝜕𝑓 𝜕𝑢𝑛 𝛼−1
𝜕𝑓 𝜕𝑓
+ ⋯+ = 𝛼𝑡 𝑓 𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ⇔ 𝑥1 + ⋯ + 𝑥𝑛 = 𝛼𝑡 𝛼−1 𝑓 𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛
𝜕𝑢1 𝜕𝑡 𝜕𝑢𝑛 𝜕𝑡 𝜕𝑢1 𝜕𝑢𝑛

13
𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑥1 + ⋯ 𝑥𝑛 = 𝛼𝑡 𝛼−1 𝑓 𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛
𝜕𝑢1 𝜕𝑢𝑛

Se a expressão anterior é válida para todo o 𝑡 > 0, então também é válida para 𝑡 = 1.

Para 𝑡 = 1 (implica 𝑢𝑖 = 𝑡𝑥𝑖 = 𝑥𝑖 ), tem-se:

𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑥 +⋯ 𝑥 = 𝛼𝑓 𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 Identidade de Euler
𝜕𝑥1 1 𝜕𝑥𝑛 𝑛

Seja 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ uma função diferenciável e que respeita a identidade de Euler


para todos os pontos de 𝐷, então 𝑓 será homogénea.

14
Exercício
𝑦𝑔(𝑥, 𝑦)
2
Seja 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ → ℝ a função definida por 𝑓 𝑥, 𝑦 = onde 𝑔 e ℎ são funções
𝑥 2 ℎ(𝑥, 𝑦)
diferenciáveis e homogéneas de graus 𝑎 e 𝑏, respectivamente.

a) Mostre que 𝑓 é uma função homogénea e determine o seu grau de homogeneidade.

1 1 𝜕𝑔 1 1 𝜕ℎ 2
b) Sabendo que 𝑔 , = , = ℎ 1,1 = 1,1 = 1 e que 𝑎 = − 𝑏 = 1,
4 4 𝜕𝑦 4 4 𝜕𝑥 3
𝜕𝑓
determimine 𝜕𝑥 1,1 .

15
1.2 Teorema de Lagrange e Teorema dos Acréscimos Finitos
Teorema de Lagrange (ou teorema do valor médio)
Seja uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ → ℝ, contínua em 𝑎, 𝑏 ⊂ 𝐷 e diferenciável em 𝑎, 𝑏 . Então,
existe pelo menos um valor de 𝑐 ∈ 𝑎, 𝑏 tal que:
𝑓 𝑏 −𝑓(𝑎)
= 𝑓′(𝑐)
𝑏−𝑎

O declive da recta secante ao gráfico de 𝑓 que


passa em 𝑎, 𝑓 𝑎 e em 𝑏, 𝑓 𝑏 é igual à
derivada no ponto 𝒄, com 𝒄 = 𝟏 − 𝜽 𝒂 + 𝜽𝒃,
para 𝜽 ∈ 𝟎, 𝟏

16
Demonstração

A equação da recta secante ao gráfico de 𝑓 que passa nos pontos 𝑎, 𝑓 𝑎 e 𝑏, 𝑓 𝑏 é dada


𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
por 𝑦 = 𝑓 𝑎 + (𝑥 − 𝑎).
𝑏−𝑎

Defina-se a função 𝑔 dada pela diferença entre a função 𝑓 e a recta anterior:

𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
𝑔 𝑥 =𝑓 𝑥 − 𝑓 𝑎 + (𝑥 − 𝑎)
𝑏−𝑎

Pelo facto de 𝑔 𝑎 = 𝑔 𝑏 = 0, 𝑔 ser contínua em 𝑎, 𝑏 (diferença de funções contínuas) e 𝑔


ser diferenciável em 𝑎, 𝑏 (diferença de funções diferenciáveis) então, pelo Teorema de Rolle,
há pelo menos um ponto 𝑐 no intervalo 𝑎, 𝑏 com derivada nula, ou seja, 𝑔′ 𝑐 = 0.

17
𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
𝑔 𝑥 =𝑓 𝑥 − 𝑓 𝑎 + (𝑥 − 𝑎)
𝑏−𝑎

𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎 𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
𝑔′ 𝑐 = 0 ⇔ 𝑓 ′ 𝑐 − = 0 ⇔ 𝑓′(𝑐) =
𝑏−𝑎 𝑏−𝑎

A existência de pelo menos um zero de 𝑔′ em 𝑎, 𝑏 obriga à existência de pelo menos um


ponto 𝑐 neste intervalo com derivada igual à taxa média de variação de 𝑓 em 𝑎, 𝑏 .

Ou seja, nas condições do teorema de Lagrange, existe pelo menos um ponto 𝑐 no intervalo
𝑎, 𝑏 onde o declive da recta tangente ao gráfico de 𝑓 nesse ponto é igual ao declive da recta
secante ao gráfico de 𝑓 que passa nos pontos 𝑎, 𝑓 𝑎 e 𝑏, 𝑓 𝑏 .

18
Exercícios

1. Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função diferenciável em ℝ tal que 𝑓 2 = 3𝑓 5 = 3. Mostre que


existe pelo menos um ponto de 𝑓 pertencente ao intervalo 2,5 onde a recta tangente
2
ao gráfico de 𝑓 nesse ponto é paralela à recta de equação 𝑦 = − 3 𝑥 + 1.

2. Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função tal que 𝑓 e 𝑓’ são de classe 𝐶 1 em ℝ. Sabe-se que 𝑓 é uma
1 1
função homogénea de grau 3 e que 𝑓′ 2 = 6. Mostre que existe pelo menos um ponto
no gráfico de 𝑓′ pertencente ao intervalo 1,2 onde a recta tangente ao gráfico de 𝑓′
1
nesse ponto é perpendicular à recta de equação 𝑦 = − 2 𝑥 − 50.

19
Diferencial em ℝ (funções reais de variável real)

Permite fazer aproximações ao valor (desconhecido) de uma função num ponto desde
que num ponto vizinho conheçamos o valor da função e da sua derivada.

Exemplos:
- A partir de 9 podemos estimar o valor de 10 ou de 11.
- Sabendo o valor que uma dada variável toma hoje e sabendo o seu ritmo de
crescimento hoje, é possível estimar o seu comportamento no futuro.

20
𝑓: ℝ → ℝ
- Ponto conhecido x0 , f x0 

- dx corresponde à variação na variável 𝑥

- Consideremos o novo valor de 𝑥 dado por x0  dx

- Pretende-se estimar f ( x0  dx)

21
Acréscimo de 𝑓 decorrente de um aumento de 𝑑𝑥
unidades a 𝑥0 :
𝐴 − 𝐶 = 𝑓 𝑥0 + 𝑑𝑥 − 𝑓 𝑥0 = ∆𝑓(𝑥0 )
Trata-se da verdadeira variação nas imagens quando
𝑥 passa de 𝑥0 para 𝑥0 + 𝑑𝑥.

Diferencial de 𝑓 decorrente de um aumento de 𝑑𝑥


unidades a 𝑥0 :
𝐵 − 𝐶 = 𝑓 ′ 𝑥0 𝑑𝑥 = 𝑑𝑓(𝑥0 )
Trata-se da estimativa da variação nas imagens
fornecida pela recta tangente ao gráfico de 𝑓 em 𝑥0
quando 𝑥 passa de 𝑥0 para 𝑥0 + 𝑑𝑥.

22
Imagem do ponto
conhecido
Aproximação de
primeira ordem
𝑓 𝑥0 + 𝑑𝑥 ≈ 𝑓 𝑥0 + 𝑑𝑓(𝑥0 ) = 𝑓 𝑥0 + 𝑓′ 𝑥0 𝑑𝑥

Imagem do ponto Diferencial


desconhecido

Afinal…. nada de novo!


𝑑𝑓
= 𝑓 ′ 𝑥 ⇒ 𝑑𝑓(𝑥)= 𝑓 ′ 𝑥 𝑑𝑥
𝑑𝑥

23
Exemplo:

A partir do valor de 4 estime o valor de 5 . A ideia geral é que 5 será 4 mais um


“bocadinho”. Esse “bocadinho” é o diferencial em 4 para 𝑑𝑥 = 1.

1 1
f ( x)  x logo f ' ( x)  e f ' (4) 
2 x 4


1 9
5 ≈ 4 + 𝑑𝑓(𝑥0 ) ⇔ 5 ≈ 4 + 𝑓 (4)𝑑𝑥 ⇔ 5 ≈ 2 + . 1 ⇔ 5 ≈
4 4

𝐴 𝐶 𝐵−𝐶 𝐴 𝐵

24
Teorema de Lagrange vs Diferencial em ℝ
Seja uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ → ℝ, contínua em 𝑎, 𝑏 ⊂ 𝐷 e diferenciável em 𝑎, 𝑏 . Então,
pelo teorema de Lagrange, existe pelo menos um valor de 𝑐 ∈ 𝑎, 𝑏 tal que:

𝑓 𝑏 − 𝑓(𝑎)
= 𝑓′(𝑐)
𝑏−𝑎

De forma análoga:
𝑓 𝑏 − 𝑓 𝑎 = 𝑓 ′ 𝑐 𝑏 − 𝑎 = 𝑓 ′ 𝑐 𝑑𝑥

Ou seja, nas condições do Teorema de Lagrange, garante-se a existência de 𝑐 ∈ 𝑎, 𝑏 tal que o


acréscimo 𝑓 𝑏 − 𝑓 𝑎 é igual ao diferencial quando a derivada é avaliada em 𝑐 𝑓 ′ 𝑐 𝑑𝑥 .

25
Ainda de forma análoga:

𝑓 𝑏 = 𝑓 𝑎 + 𝑓 ′ 𝑐 (𝑏 − 𝑎) = 𝑓 𝑎 + 𝑓 ′ 𝑐 𝑑𝑥

Ou seja, nas condições do Teorema de Lagrange, garante-se a existência de 𝑐 ∈ 𝑎, 𝑏 tal que


𝑓 𝑏 pode ser escrito através da soma entre 𝑓 𝑎 e o diferencial de 𝑓 quando a derivada é
avaliada em 𝑐.

Por outras palavras, garante-se a existência de um ponto 𝑐 ∈ 𝑎, 𝑏 cuja derivada nesse


ponto representa a taxa de crescimento da função entre 𝑎 e 𝑏.

26
Teorema dos Acréscimos Finitos
Seja uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ contínua em todos os pontos do segmento de recta que liga
os pontos 𝑎 e 𝑏 e diferenciável no interior desse conjunto. Então, existe pelo menos um 𝑐
pertencente a este último conjunto tal que:

𝑓 𝑏 − 𝑓 𝑎 = 𝛻𝑓 𝑐 . (𝑏 − 𝑎)
com 𝒄 = 𝟏 − 𝜽 𝒂 + 𝜽𝒃, para 𝜽 ∈ 𝟎, 𝟏

De forma análoga:

𝑓 𝑏 = 𝑓 𝑎 + 𝛻𝑓 𝑐 . (𝑏 − 𝑎)
A conclusão deste teorema é bastante similar à do teorema de
Lagrange. Ora vejamos.

27
Diferencial em ℝ𝒏 (funções reais de variável vectorial)

O diferencial de uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ segundo o vector 𝑢 no ponto 𝑎 ∈ 𝐷 traduz a


estimativa da alteração nas imagens fornecida pelo hiperplano tangente ao gráfico de 𝑓
em 𝑎 quando 𝑥 se desloca segundo o vector 𝑢.

𝜕𝑓 𝜕𝑓 Também denominado por


𝑑𝑢 𝑓 𝑎 = 𝑢1 + ⋯ + 𝑢𝑛 = 𝛻𝑓 𝑎 . 𝑢 diferencial total se
𝜕𝑥1 𝑎
𝜕𝑥𝑛 𝑎 𝒖 = (𝒅𝒙𝟏 , 𝒅𝒙𝟐 , … , 𝒅𝒙𝒏 )

Desta forma, o teorema dos acréscimos finitos garante que há pelo menos um 𝑐 entre 𝑎 e
𝑏 tal que avaliando nesse ponto todas as derivadas parciais de 𝑓, garante-se a igualdade
entre o acréscimo de 𝑓 (quando 𝑥 se desloca de 𝑎 para 𝑏) e o diferencial de 𝑓 segundo o
vector 𝑢 = 𝑏 − 𝑎.
𝑓 𝑏 − 𝑓 𝑎 = 𝛻𝑓 𝑐 . (𝑏 − 𝑎)

28
Como os pontos 𝑎 e 𝑏 pertencem a ℝ𝑛 , o movimento desde 𝑎 até 𝑏 é realizado ao longo de 𝑛
dimensões. 𝛻𝑓 𝑐 traduz um conjunto de derivadas parciais (uma por cada dimensão) que
representa a taxa de crescimento da função desde 𝒂 até 𝒃.

29
Exercícios

1. Considere 𝑓: ℝ2 → ℝ definida por 𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑥 2 + 𝑥𝑦 + 2𝑦 2 . Calcule o diferencial


total de 𝑓 em 1,0 se 𝑑𝑥 = 0,02 e 𝑑𝑦 = −0,03.

2. Seja a função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ definida por 𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑒 𝑥 + 𝑦 2 . Considere os pontos


𝑎 = (−1,0) e 𝑏 = (1,1). Determine 𝑐 = 𝟏 − 𝜽 𝒂 + 𝜽𝒃, para 𝜽 ∈ 𝟎, 𝟏 tal que 𝑓 𝑏 −
𝑓 𝑎 = 𝛻𝑓 𝑐 𝑏 − 𝑎 .
1
Nota: a solução numérica de 2𝑒 2𝜃−1 + 2𝜃 = 𝑒 + 1 − 𝑒 é 𝜃 ≈ 0.56

3. Seja 𝑓 uma função diferenciável e homogénea de grau 3 em ℝ2 , tal 𝑓 0,0 = 0 e


𝑓 𝑥, 𝑦 ≠ 0, ∀(𝑥, 𝑦) ≠ (0,0). Determine o ponto intermédio dos acréscimos finitos
aplicado aos pontos 0,0 e (𝑎, 𝑏) para (𝑎, 𝑏) qualquer.

30
Generalização do teorema dos acréscimos finitos a funções vectoriais
Seja uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ𝑚 , contínua em todos os pontos do segmento de recta que liga 𝑎 e 𝑏 e
diferenciável em todos os pontos do tipo 𝟏 − 𝜃 𝒂 + 𝜃𝒃, para 𝜃 ∈ 𝟎, 𝟏 . Então, para cada função
componente de 𝑓 existe um ponto 𝑐𝑗 = 𝟏 − 𝜃 𝒂 + 𝜃𝒃, para 𝜃 ∈ 𝟎, 𝟏 (com 𝑗 = 1, … , 𝑚) tal que:

𝑓𝑗 𝑏 − 𝑓𝑗 𝑎 = 𝛻𝑓𝑗 𝑐𝑗 . (𝑏𝑗 − 𝑎𝑗 )

𝜕𝑓1 𝜕𝑓1 𝜕𝑓1


𝑐 𝑐1 … 𝑐
𝑓1 𝑏 − 𝑓1 𝑎 𝛻𝑓1 (𝑐1 ) 𝑏1 − 𝑎1 𝜕𝑥1 1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝑛 1 𝑏1 − 𝑎1
𝑓2 𝑏 − 𝑓2 𝑎 𝛻𝑓2 (𝑐2 ) 𝑏2 − 𝑎2 𝜕𝑓2 𝜕𝑓2 𝜕𝑓2 𝑏2 − 𝑎2
= = 𝑐 𝑐2 … 𝑐
… … … 𝜕𝑥1 2 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝑛 2 …

𝑓𝑚 𝑏 − 𝑓𝑚 𝑎 𝛻𝑓𝑚 (𝑐𝑚 ) 𝑏𝑛 − 𝑎𝑛 𝜕𝑓𝑚 𝜕𝑓𝑚 𝜕𝑓𝑚 𝑏𝑛 − 𝑎𝑛
𝑐 𝑐𝑚 … 𝑐
𝜕𝑥1 𝑚 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝑛 𝑚

31
Os valores de 𝑐1 , 𝑐2 , … , 𝑐𝑚 não têm que ser iguais entre si porque sendo 𝑓1 , 𝑓2 ,…, 𝑓𝑚
eventualmente funções distintas, os hiperplanos tangentes ao gráfico de cada uma destas
funções serão também distintos, fazendo com que o ponto do segmento [𝑎𝑏] para o qual
o diferencial avaliado nesse ponto é igual ao acréscimo da função de 𝑎 para 𝑏 não tenha
que ser igual para 𝑓1 , 𝑓2 ,…, 𝑓𝑚 .

Precisamente pelo facto de 𝑐1 , 𝑐2 , … , 𝑐𝑚 não terem que ser iguais, a matriz das derivadas
parciais não é a matriz jacobiana (cada linha está a ser avaliada em pontos eventualmente
distintos).

32
Exemplo 1
Seja a função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ → ℝ3 definida por 𝑓 𝑥 = 𝑥 2 + 2𝑥, 𝑥 3 − 2𝑥, 1 − 𝑥 2 . Encontre os
pontos 𝑐1 , 𝑐2 , 𝑐3 , com 𝑐𝑗 = 𝟏 − 𝜃𝑗 𝒂 + 𝜃𝑗 𝒃, para 𝜃𝑗 ∈ 𝟎, 𝟏 , 𝑗 = 1,2,3 cuja existência é
assegurada pelo teorema dos acréscimos finitos no intervalo 1,3 .

𝑓1 1 = 3 , 𝑓1 3 = 15
𝑓2 1 = −1 , 𝑓2 3 = 21
𝑓3 1 = 0 , 𝑓3 3 = −8

𝜕𝑓1
𝑐 𝑐1 = 2
𝑓1 𝑏 − 𝑓1 𝑎 𝜕𝑥 1 2𝑐1 + 2 4𝑐1 + 4 4𝑐1 + 4 = 12
𝜕𝑓2 12
13
𝑓2 𝑏 − 𝑓2 𝑎 = 𝑐 𝑏 − 𝑎 ⇔ 22 = 3 𝑐2 2 − 2 2 = 6 𝑐2 2 − 4 ⇔ 6 𝑐2 2 − 4 = 22 ⇔ 𝑐2 =
𝑓3 𝑏 − 𝑓3 𝑎 𝜕𝑥 2 −8 −2𝑐3 −4𝑐3 −4𝑐3 = −8 3
𝜕𝑓3
𝑐 𝑐3 = 2
𝜕𝑥 3

33
Exemplo 2
Seja a função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ2 definida por 𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑥 2 − 𝑦, 𝑥 + 𝑦 2 . Encontre os pontos 𝑐1 , 𝑐2 cuja
existência é assegurada pelo teorema dos acréscimos finitos no segmento de recta que liga 𝑎 e 𝑏, sendo
𝑐𝑗 = 𝟏 − 𝜃𝑗 𝒂 + 𝜃𝑗 𝒃, 𝜃𝑗 ∈ 𝟎, 𝟏 , 𝑗 = 1,2 𝑎 = 0,1 e 𝑏 = −1,2 .

𝑓1 0,1 = −1 , 𝑓1 −1,2 = −1 𝑐1 = 𝑐11 , 𝑐12 = 1 − 𝜃1 (0,1) + 𝜃1 (−1,2) = −𝜃1 , 1 + 𝜃1


𝑓2 0,1 = 1 , 𝑓2 −1,2 = 3 𝑐2 = 𝑐21 , 𝑐22 = 1 − 𝜃2 𝑎 + 𝜃2 𝑏 = −𝜃2 , 1 + 𝜃2

𝜕𝑓1 𝜕𝑓1
𝑓1 𝑏 − 𝑓1 𝑎 𝑐11 , 𝑐12 𝑐11 , 𝑐12 𝑏1 − 𝑎1 2𝑐11 − 1 −1
𝜕𝑥 𝜕𝑦 0
= ⇔ = ⇔
𝑓2 𝑏 − 𝑓2 𝑎 𝜕𝑓2
𝑐21 , 𝑐22
𝜕𝑓2
𝑐21 , 𝑐22 𝑏2 − 𝑎2 2 1 2𝑐22 1
𝜕𝑥 𝜕𝑦
1
0 −2𝜃1 −1 −1 2𝜃1 − 1 = 0 𝜃1 = 1 3 1 3
⇔ = ⇔ ⇔ 2 𝑐1 = − , 𝑐2 = − ,
2 1 2 1 + 𝜃2 1 1 + 2𝜃2 = 2 1 2 2 2 2
𝜃2 =
2

34
Diferenciais de ordem superior à primeira

Seja uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ de classe 𝐶 2 em 𝐷.


Sendo 𝑓 de classe 𝐶 2, é diferenciável em qualquer ponto 𝑎 ∈ 𝐷, logo:
𝑛
𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑓′𝑢 𝑎 = 𝑑𝑢 𝑓 𝑎 = 𝛻𝑓 𝑎 . 𝑢 = 𝑎 . 𝑢1 + ⋯ + 𝑎 . 𝑢𝑛 = 𝑢𝑖
𝜕𝑥1 𝜕𝑥𝑛 𝜕𝑥𝑖 𝑎
𝑖=1

Defina-se a função que a cada ponto 𝑥 faz corresponder a sua derivada direccional segundo 𝑢
nesse ponto (𝑥 → 𝑓 ′𝑢 (𝑥)).
𝑛
𝜕𝑓
𝑓′𝑢 = 𝑑𝑢 𝑓 = 𝛻𝑓 𝑥 . 𝑢 = 𝑢𝑖
𝜕𝑥𝑖 𝑥
𝑖=1

35
Como calcular o diferencial de segunda ordem de 𝑓 , primeiro em relação a 𝑢 e
depois em ordem a 𝑣 (ou seja, a derivada direccional de segunda ordem)?
𝑛
𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑑𝑢 𝑓 = 𝑓′𝑢 = 𝛻𝑓 𝑥 . 𝑢 = .𝑢 + ⋯+ .𝑢 = 𝑢
𝜕𝑥1 1 𝜕𝑥𝑛 𝑛 𝜕𝑥𝑖 𝑖
𝑖=1
𝑛 𝑛 𝑛
2 𝑓
𝜕 𝜕 𝜕𝑓 𝜕2𝑓
𝑑𝑢𝑣 = 𝑓′′𝑢𝑣 = 𝛻𝑑𝑢 𝑓 𝑥 . 𝑣 = 𝑑𝑢 𝑓 𝑣𝑗 = 𝑢𝑖 𝑣𝑗 = 𝑢𝑖 𝑣𝑗
𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑗
𝑗=1 𝑗=1 𝑖=1 𝑖,𝑗

2 𝑓 =
𝜕2𝑓 O segundo diferencial segundo os
𝑓′′𝑢𝑣 = 𝑑𝑢𝑣 𝑢𝑖 𝑣𝑗 = 𝑢′ 𝐻𝑓 𝑣
𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑗 vectores 𝑢 e 𝑣 de 𝑓 é o diferencial
𝑖,𝑗 segundo 𝑣 da função diferencial de
𝑓 segundo 𝑢.
𝐻 é a matriz hessiana de 𝑓 (simétrica por 𝑓 ser de classe 𝐶 2 )

36
Caso particular: (𝑛 = 2)

Seja uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ de classe 𝐶 2 em 𝐷.


Sendo 𝑓 de classe 𝐶 2, é diferenciável em qualquer ponto 𝑎 ∈ 𝐷, logo:
𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑓′𝑢 𝑎 = 𝑑𝑢 𝑓 𝑎 = 𝛻𝑓 𝑎 . 𝑢 = 𝑎 . 𝑢1 + 𝑎 . 𝑢2
𝜕𝑥1 𝜕𝑥2

Defina-se a função 𝑥 que a cada ponto faz corresponder a sua derivada direccional segundo 𝑢
nesse ponto (𝑥 → 𝑓 ′𝑢 (𝑥)).
𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑓′𝑢 = 𝑑𝑢 𝑓 = 𝛻𝑓 𝑥 . 𝑢 = .𝑢 + .𝑢
𝜕𝑥1 1 𝜕𝑥2 2

37
Derivada de 𝑓′𝑢 ou 𝑑𝑢 𝑓 segundo o vector 𝑣:

𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑓′𝑢 = 𝑑𝑢 𝑓 = 𝛻𝑓 𝑥 . 𝑢 = . 𝑢1 + . 𝑢2
𝜕𝑥1 𝜕𝑥2
2 𝑓 =
𝜕 𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕 𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑓′′𝑢𝑣 = 𝑑𝑢𝑣 . 𝑢1 + . 𝑢2 𝑣1 + . 𝑢1 + . 𝑢2 𝑣2 =
𝜕𝑥1 𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥2 𝜕𝑥1 𝜕𝑥2

𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 𝜕2𝑓


= 2 𝑢1 𝑣1 + 𝑢2 𝑣1 + 𝑢1 𝑣2 + 2 𝑢2 𝑣2 =
𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥1 𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥2
𝜕2𝑓 𝜕2𝑓
𝜕𝑥12 𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝑣1 A matriz hessiana de 𝑓 é simétrica
= 𝑢1 𝑢2
𝑣2 pois 𝑓 é de classe 𝐶 2 .
𝜕2𝑓 𝜕2𝑓
𝜕𝑥2 𝜕𝑥1 𝜕𝑥22

38
Se 𝑢 = 𝑣 temos o diferencial de segunda ordem em relação a 𝑢.

𝜕 2𝑓 𝜕 2𝑓
𝜕 2𝑓 𝜕 2𝑓 𝜕 2𝑓 𝜕𝑥12 𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝑢1
𝑓′′𝑢 = 𝑑𝑢2 𝑓 = 𝑢1
2
+2 𝑢1 𝑢2 + 𝑢 2
2 = 𝑢1 𝑢2
𝑢2 = 𝑢´𝐻𝑓 𝑢
𝜕𝑥12 𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥22 𝜕 2𝑓 𝜕 2𝑓
𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥22

A derivada de segunda ordem de 𝑓 em relação a 𝑢


(diferencial de segunda ordem em relação a 𝑢 ) indica-
nos a curvatura da função quando nos afastamos do
ponto em causa na direcção do vector 𝑢

39
Resumindo….

Diferencial de primeira ordem (derivada direccional de uma função diferenciável):


𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑑𝑢 𝑓 𝑎 = 𝑓′ 𝑢 𝑎 = 𝛻𝑓 𝑎 . 𝑢 = 𝑎 . 𝑢1 + 𝑎 . 𝑢2 + ⋯ + 𝑎 . 𝑢𝑛
𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝑛

Diferencial de segunda ordem (em relação a 𝑢, sendo 𝒇 de classe 𝐶 2 e 𝒏 = 𝟐):


2𝑓 2𝑓 2𝑓 2
𝜕 2
𝜕 𝜕 2
𝜕 𝜕
𝑑𝑢2 𝑓 𝑎 = 𝑓 ′′ 𝑢 ′
𝑎 = 𝑢 𝐻𝑓 𝑢 = 2 𝑢1 + 2 𝑢1 𝑢2 + 2 𝑢2 = 𝑢1 + 𝑢2 𝑓(𝑎)
𝜕𝑥1 𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥2 𝜕𝑥 1 𝜕𝑥 2

Não é um quadrado! É a notação


usada para designar diferencial de
segunda ordem em relação a 𝑢

40
Diferencial de segunda ordem (em relação a 𝑢, sendo 𝒇 de classe 𝐶 2 e 𝒏 variáveis):
2
𝜕 𝜕
𝑓 ′′ 𝑢 𝑎 = 𝑑𝑢2 𝑓 𝑎 = 𝑢′ 𝐻𝑓 𝑢 = 𝑢1 + ⋯ + 𝑢𝑛 𝑓(𝑎)
𝜕𝑥1 𝜕𝑥𝑛

Diferencial de ordem superior (em relação a 𝑢, sendo 𝒇 de classe 𝐶 𝑘 e 𝒏 variáveis):


𝑘
𝜕 𝜕
𝑑𝑢𝑘 𝑓 𝑎 = 𝑢1 + ⋯ + 𝑢𝑛 𝑓(𝑎)
𝜕𝑥1 𝜕𝑥𝑛

41
Exemplo:
Seja uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ de classe 𝐶 2 em 𝐷 definida por 𝑓 𝑥, 𝑦 = 3𝑥𝑦 2 e uma direcção genérica 𝑢 = 𝑢1 , 𝑢2 .

O diferencial de primeira ordem de 𝑓 em relação a 𝑢 é igual a:


𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑓 ′ 𝑢 = 𝑑𝑢 𝑓 = 𝛻𝑓 𝑥, 𝑦 . 𝑢 = . 𝑢1 + . 𝑢2 = 3𝑦 2 𝑢1 + 6𝑥𝑦𝑢2
𝜕𝑥 𝜕𝑦
O diferencial de segunda ordem de 𝑓 em relação a 𝑢 é igual a:

𝜕 𝜕
𝑓 ′′ 𝑢 = 𝑑𝑢2 𝑓 = 𝛻𝑓 ′ 2 2
𝑢 𝑥 . 𝑢 = 𝜕𝑥 3𝑦 𝑢1 + 6𝑥𝑦 𝑢2 . 𝑢1 + 𝜕𝑦 3𝑦 𝑢1 + 6𝑥𝑦𝑢2 . 𝑢2 =

= 6𝑦𝑢2 𝑢1 + 6𝑦𝑢1 𝑢2 + 6𝑥𝑢2 𝑢2 = 12𝑦𝑢1 𝑢2 + 6𝑥𝑢22

𝜕2𝑓 2 𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 2


Confirme o resultado anterior aplicando directamente a fórmula: 𝑓 ′′ 𝑎 = 𝑑𝑢2 𝑓 𝑎 = 2 𝑢1 + 2 𝑢 𝑢 + 𝑢
𝑢 𝜕𝑥 𝜕𝑥𝑦 1 2 𝜕𝑦 2 2

42
1.3 Fórmula de Taylor e Fórmula de McLaurin
Permitem fazer aproximações polinomiais do valor de uma função num ponto a partir de
um ponto conhecido.

O objectivo é encontrar o polinómio 𝑃(𝑥) de grau 𝑘 (grau da aproximação) que tenha a


mesma imagem que a função no ponto conhecido (𝑥 = 𝑎 ) e os mesmos valores das
derivadas (até à ordem 𝑘) nesse ponto e usar esse polinómio para prever as imagens que a
função toma noutros pontos.
𝑃 𝑎 = 𝑓(𝑎)
𝑃′ 𝑎 = 𝑓′(𝑎) A função 𝑓 tem que ser diferenciável até à
… ordem 𝑘 em 𝑥 = 𝑎.
𝑃 𝑘 𝑎 = 𝑓 𝑘 (𝑎)

43
Funções Reais de Variável Real
𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ → ℝ

44
A função tem que ser
diferenciável até à ordem 1

Polinómio de Taylor de grau 1 (em torno de 𝑥 = 𝑎):


𝑃1 𝑥 = 𝐴 + 𝐵 𝑥 − 𝑎 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ → ℝ
y 𝑃 𝑥
𝑃 𝑎 = 𝑓(𝑎) 𝐴 = 𝑓(𝑎)

𝑃′ 𝑎 = 𝑓′(𝑎) 𝐵 = 𝑓′(𝑎) f
𝑓(𝑥)
𝑃1 𝑥 = 𝑓(𝑎) + 𝑓′(𝑎) 𝑥 − 𝑎 𝑃 𝑥
𝑓(𝑎)

Polinómio de McLaurin de grau 1 (𝑎 = 0):

𝑃1 𝑥 = 𝑓(0) + 𝑓 ′ 0 𝑥 𝑎 𝑥 x

45
A função tem que ser
diferenciável até à ordem 2

Polinómio de Taylor de grau 2 (em torno de 𝑥 = 𝑎):


𝑃2 𝑥 = 𝐴 + 𝐵 𝑥 − 𝑎 + 𝐶 𝑥 − 𝑎 2 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ → ℝ
y
𝐴 = 𝑓(𝑎) 𝑃 𝑥
𝑃 𝑎 = 𝑓(𝑎) 𝐴 = 𝑓(𝑎)
𝐵 = 𝑓′(𝑎)
𝑃′ 𝑎 = 𝑓′(𝑎) ⇔ 𝐵 + 2𝐶(𝑥 − 𝑎) 𝑥=𝑎 = 𝑓′(𝑎) ⇔
1 f
𝑃′′ 𝑎 = 𝑓′′(𝑎) 2𝐶 = 𝑓′′(𝑎) 𝐶 = 𝑓′′(𝑎) 𝑓(𝑥)
2
𝑃 𝑥
1
𝑃2 𝑎 =𝑓 𝑎 + 𝑓′ 𝑎 𝑥 − 𝑎 + 𝑓′′(𝑎) 𝑥 − 𝑎 2 𝑓(𝑎)
2!

Polinómio de McLaurin de grau 2 (𝑎 = 0):


𝑎 𝑥 x
1
𝑃 𝑥 = 𝑓 0 + 𝑓 0 𝑥 + 𝑓′′(0)𝑥 2
2 ′
2!

46
A função tem que ser
diferenciável até à ordem 3

Polinómio de Taylor de grau 3 (em torno de 𝑥 = 𝑎):


𝑃3 𝑥 = 𝐴 + 𝐵 𝑥 − 𝑎 + 𝐶 𝑥 − 𝑎 2 +𝐷 𝑥−𝑎 3

𝐴 = 𝑓(𝑎)
𝑃 𝑎 = 𝑓(𝑎) 𝐴 = 𝑓(𝑎) 𝐵 = 𝑓′(𝑎)
2
𝐵 + 2𝐶 𝑥 − 𝑎 + 3𝐷 𝑥 − 𝑎 𝑥=𝑎 = 𝑓′(𝑎)
𝑃′ 𝑎 = 𝑓′(𝑎) 1
⇔ ⇔ 𝐶 = 𝑓′′(𝑎)
𝑃′′ 𝑎 = 𝑓′′(𝑎) 2𝐶 + 3 × 2𝐷 𝑥 − 𝑎 𝑥=𝑎 = 𝑓′′(𝑎) 2
𝑃′′′ 𝑎 = 𝑓′′′(𝑎) 3 × 2𝐷 = 𝑓′′′(𝑎) 1
𝐷= 𝑓′′′(𝑎)
3×2
1 ′′ 1 ′′′
𝑃3 𝑎 =𝑓 𝑎 + 𝑓′ 𝑎 𝑥−𝑎 + 𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 2 + 𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 3
2! 3!

Polinómio de McLaurin de grau 3 (𝑎 = 0):


1 ′′ 1 ′′′
𝑃3 𝑥 =𝑓 0 + 𝑓′ 0 𝑥 + 𝑓 0 𝑥 + 𝑓 0 𝑥3
2
2! 3!

47
A função tem que ser
diferenciável até à ordem k

Polinómio de Taylor de grau 𝒌 (em torno de 𝑥 = 𝑎):

1 ′′ 1 ′′′ 1 𝑘
𝑃𝑘 𝑥 =𝑓 𝑎 + 𝑓′ 𝑎 𝑥−𝑎 + 𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 2 + 𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 3 + ⋯+ 𝑓 𝑎 𝑥 − 𝑎 𝑘
2! 3! 𝑘!

Polinómio de McLaurin de grau 𝒌 (𝑎 = 0):

1 ′′ 1 ′′′ 1 𝑘
𝑃𝑘 𝑥 =𝑓 0 + 𝑓′ 0 𝑥 + 𝑓 0 𝑥 + 𝑓 0 𝑥 + ⋯ + 𝑓 0 𝑥𝑘
2 3
2! 3! 𝑘!

Se a função é diferenciável até à ordem 𝒌 num ponto 𝑥 = 𝑎, então ela pode


aproximar-se, na vizinhança desse ponto, por um polinómio de grau 𝒌.

48
O polinómio de Taylor de grau 𝒌 é uma aproximação da função.
1 ′′ 1 1
𝑃𝑘 𝑎 = 𝑓 𝑎 + 𝑓 ′ 𝑎 𝑥 − 𝑎 +𝑓 𝑎 𝑥 − 𝑎 2 + 𝑓 ′′′ 𝑎 𝑥 − 𝑎 3 + ⋯ + 𝑓 𝑘 𝑎 𝑥 − 𝑎 𝑘
2! 3! 𝑘!
𝑘 ′
1 ′′ 2
1 ′′′ 3
1 𝑘 𝑘
𝑓 𝑥 ≈ 𝑃 𝑥 ⇔ 𝑓 𝑥 ≈ 𝑓 𝑎 + 𝑓 𝑎 𝑥 − 𝑎 + 𝑓 𝑎 𝑥 − 𝑎 + 𝑓 𝑎 𝑥 − 𝑎 + ⋯+ 𝑓 𝑎 𝑥 − 𝑎
2! 3! 𝑘!

Designemos por 𝑹𝒌 (𝒙) o erro de aproximação quando for utilizado um polinómio de


grau 𝒌.
1 ′′ 1 ′′′ 1 𝑘
𝑓 𝑥 =𝑓 𝑎 + 𝑓′ 𝑎 𝑥−𝑎 + 𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 2 + 𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 3 + ⋯+ 𝑓 𝑎 𝑥 − 𝑎 𝑘 + 𝑅𝑘 (𝑥) Fórmula de
2! 3! 𝑘!
Taylor de
resto grau 𝒌
polinómio de Taylor de grau 𝒌

49
Há várias formas de exprimir o resto cometido, uma das mais usadas é denominada por
Resto de Lagrange:

1
𝑅𝑘 𝑥 = 𝑓 𝑘+1 𝑐 𝑥−𝑎 𝑘+1 , com 𝑎 < 𝑐 < 𝑥 ou 𝑥 < 𝑐 < 𝑎
𝑘+1 !

O resto cometido corresponde ao termo seguinte do polinómio de Taylor em que a derivada é avaliada
num ponto intermédio entre 𝑎 e 𝑥 ou 𝑥 e 𝑎.
1 ′′ 1 ′′′ 1 𝑘 1
𝑓 𝑥 = 𝑓 𝑎 + 𝑓′ 𝑎 𝑥 − 𝑎 + 𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 2
+ 𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 3
+ ⋯+ 𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 𝑘
+ 𝑓 𝑘+1 𝑐 𝑥 − 𝑎 𝑘+1
2! 3! 𝑘! 𝑘+1 !
Se 𝑘=0:
𝑓 𝑥 = 𝑓 𝑎 + 𝑓′ 𝑐 𝑥 − 𝑎 A fórmula de Taylor é uma generalização do teorema de Lagrange.

50
Se uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ → ℝ for de classe 𝐶 𝑘+1 o erro cometido num ponto 𝒙, por ser
usado o polinómio de Taylor de grau 𝑘 em torno de 𝑥 = 𝑎 e não a verdadeira função,
tende para 0 mais depressa do que a distância entre 𝒙 e 𝒂 elevada a 𝒌.

𝑓 𝑥 − 𝑃𝑘 (𝑥) 𝑅𝑘 (𝑥)
lim 𝑘
= lim 𝑘
=0
𝑥→𝑎 𝑥−𝑎 𝑥→𝑎 𝑥−𝑎

Ou seja, o erro cometido (𝑅𝑘 (𝑥)) é um infinitésimo de ordem superior a 𝑥 − 𝑎 𝑘 .

51
Funções Reais de Variável Vectorial
𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ

52
Seja uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ de classe 𝐶 𝑘+1 numa vizinhança de 𝑎 que contenha o
ponto 𝑥.

Polinómio de Taylor de grau 1 (em torno de 𝑥 = 𝑎):

𝑃1 𝑥 = 𝑓 𝑎 + 𝑓𝑢′ 𝑎 = 𝑓 𝑎 + 𝑑𝑢 𝑓 𝑎 = 𝑓 𝑎 + 𝛻𝑓 𝑎 . 𝑢 O polinómio de Taylor de grau 1 em


𝑥 = 𝑎 é o plano tangente ao gráfico
de 𝑓 em 𝑎, 𝑓 𝑎 .

Polinómio de McLaurin de grau 1 (𝑎 = 0):


𝑃1 𝑥 = 𝑓(0) + 𝑓𝑢′ (0) 0 - designa o vector nulo de ℝ𝑛

53
Polinómio de Taylor de grau 2 (em torno de 𝑥 = 𝑎):

1 ′′ 1 2
𝑃2 𝑎 =𝑓 𝑎 + 𝑓𝑢′ 𝑎 + 𝑓𝑢 𝑎 = 𝑓 𝑎 + 𝑑𝑢 𝑓 𝑎 + 𝑑𝑢 𝑓 𝑎
2! 2!

Polinómio de McLaurin de grau 2 (𝑎 = 0):


1 ′′
𝑃2 𝑥 =𝑓 0 + 𝑓𝑢′ 0 + 𝑓𝑢 (0)
2!

54
Polinómio de Taylor de grau 𝒌 (em torno de 𝑥 = 𝑎):

1 ′′ 1 ′′′ 1 𝑘
𝑃𝑘 𝑎 =𝑓 𝑎 + 𝑓𝑢′
𝑎 + 𝑓𝑢 𝑎 + 𝑓𝑢 𝑎 + ⋯ + 𝑓𝑢 𝑎
2! 3! 𝑘!
1 1 1
= 𝑓 𝑎 + 𝑑𝑢 𝑓 𝑎 + 𝑑𝑢2 𝑓 𝑎 + 𝑑𝑢3 𝑓 𝑎 + ⋯ + 𝑑𝑢𝑘 𝑓 𝑎
2! 3! 𝑘!

Polinómio de McLaurin de grau 𝒌 (𝑎 = 0):

1 ′′ 1 ′′′ 1 𝑘
𝑃𝑘 0 =𝑓 0 + 𝑓𝑢′ (0) + 𝑓𝑢 (0) + 𝑓𝑢 (0) + ⋯ + 𝑓𝑢 0
2! 3! 𝑘!

55
O polinómio de Taylor de grau 𝒌 é uma aproximação da função.
Designemos por 𝑹𝒌 (𝒙) o erro de aproximação quando for utilizado um polinómio de
grau 𝒌.
1 ′′ 1 ′′′ 1 𝑘
𝑓 𝑥 =𝑓 𝑎 + 𝑓𝑢′ (𝑎) + 𝑓𝑢 (𝑎) + 𝑓𝑢 (𝑎) + ⋯ + 𝑓𝑢 𝑎 + 𝑅𝑘 (𝑥) Fórmula de
2! 3! 𝑘! Taylor de
grau 𝒌
Polinómio de Taylor de grau 𝒌 resto

1
𝑅𝑘 𝑥 = 𝑓𝑢𝑘+1 𝑐 , com 𝑐 = 𝜃𝑎 + 1 − 𝜃 𝑥, 0 < 𝜃 < 1
𝑘+1 !

𝑓 𝑥 − 𝑃𝑘 (𝑥) 𝑅𝑘 (𝑥) O erro cometido (𝑅𝑘 (𝑥)) é um


lim = lim =0 infinitésimo de ordem
𝑥→𝑎 𝑥−𝑎 𝑘 𝑥→𝑎 𝑥 − 𝑎 𝑘
superior a 𝑥 − 𝑎 𝑘 .

56
Exemplo 1

Seja a função 𝑓: ℝ → ℝ definida por 𝑓 𝑥 = 𝑒 2𝑥 .


Encontre o polinómio de Taylor de grau 3 em torno de 𝑥 = 1.

𝑓 ′ 1 = 2𝑒 2𝑥 𝑥=1 = 2𝑒 2 𝑓 ′′′ 1 = 8𝑒 2𝑥 𝑥=1 = 8𝑒 2

𝑓 ′′ 1 = 4𝑒 2𝑥 𝑥=1 = 4𝑒 2

1 1
𝑃 3 𝑥 = 𝑓 1 + 𝑓 ′ 1 𝑥 − 1 + 𝑓 ′′ 1 𝑥 − 1 2 + 𝑓 ′′′ 1 𝑥 − 1 3
2! 3!
1 1 4
= 𝑒 2 + 2𝑒 2 𝑥 − 1 + 4𝑒 2 𝑥 − 1 2 + 8𝑒 2 𝑥 − 1 3 = 𝑒 2 + 2𝑒 2 𝑥 − 1 + 2𝑒 2 𝑥 − 1 2 + 𝑒2 𝑥 − 1 3 =
2 6 3
𝑒 2 2
4𝑒 3
= − + 2𝑒 2 𝑥 − 2𝑒 2 𝑥 2 + 𝑥
3 3

57
Exemplo 2
1
Seja a função 𝑓: ℝ2 → ℝ definida por 𝑓 𝑥, 𝑦 = .
1+𝑥 2 +𝑦 2
Encontre o polinómio de McLaurin de grau 2.
𝜕𝑓 −2𝑥 𝜕2𝑓 𝜕2𝑓
0,0 = =0 0,0 = 2 0,0 = −2
𝜕𝑥 1 + 𝑥 2 + 𝑦2 2
0,0 𝜕𝑥 2 𝜕𝑦

𝜕𝑓 −2𝑦 𝜕2𝑓
(0,0) = =0 0,0 = 0
𝜕𝑦 1 + 𝑥 2 + 𝑦2 2
0,0 𝜕𝑥𝜕𝑦

1 ′′ 𝜕𝑓 𝜕𝑓 1 𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 𝜕2𝑓


𝑃2 𝑥, 𝑦 = 𝑓 0 + 𝑓𝑢′ 0 + 𝑓𝑢 0 = 1 + 0,0 . 𝑥 + 0,0 . 𝑦 + 2
2
0,0 . 𝑥 + 2 0,0 . 𝑥𝑦 + 2 0,0 . 𝑦 2
2! 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2 𝜕𝑥 𝜕𝑥𝜕𝑦 𝜕𝑦
𝑢 = 𝑥, 𝑦 − (0,0) 1
= 1 + −2𝑥 2 − 2𝑦 2 = 1 − 𝑥 2 − 𝑦 2
2

58
Confirmação de que o resto cometido com esta aproximação é um infinitésimo de ordem
superior à norma do vector elevada ao grau do polinómio.
1
2 − 1 − 𝑥2 − 𝑦2
𝑅2 (𝑥, 𝑦) 𝑓 𝑥, 𝑦 − 𝑃 (𝑥, 𝑦) 2
1+𝑥 +𝑦 2
lim 2
= lim 2
= lim 2
=
(𝑥,𝑦)→(0,0) 𝑥, 𝑦 − (0,0) (𝑥,𝑦)→(0,0) 𝑥, 𝑦 (𝑥,𝑦)→(0,0) 𝑥, 𝑦

𝑥 4 + 2𝑥 2 𝑦 2 + 𝑦 4 𝑥 2 + 𝑦2 2 𝑥 2 + 𝑦2
= lim = lim = lim =0
(𝑥,𝑦)→(0,0) 1 + 𝑥 2 + 𝑦 2 𝑥, 𝑦 2 (𝑥,𝑦)→(0,0) 1 + 𝑥 2 + 𝑦 2 𝑥 2 + 𝑦2 (𝑥,𝑦)→(0,0) 1 + 𝑥 2 + 𝑦 2

59
Exemplo 3

Seja a função 𝑓: ℝ3 → ℝ definida por 𝑓 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 .


Encontre o polinómio de Taylor de grau 2 em torno de 1, −1,0 . Interprete o resultado.

𝜕𝑓
1, −1,0 = 2𝑥 1,−1,0 =2
𝜕𝑥 𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 𝜕2𝑓
1, −1,0 = 2 1, −1,0 = 2 1, −1,0 = 2
𝜕𝑓 𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 𝜕𝑧
1, −1,0 = 2𝑦 1,−1,0 = −2
𝜕𝑦
𝜕2 𝑓 𝜕2 𝑓 𝜕2 𝑓
1, −1,0 = 1, −1,0 = 1, −1,0 = 0
𝜕𝑓 𝜕𝑥𝜕𝑦 𝜕𝑥𝜕𝑧 𝜕𝑦𝜕𝑧
1, −1,0 = 2𝑧 1,−1,0 =0
𝜕𝑧
1 ′′ 1
𝑃2 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝑓 1, −1,0 + 𝑓𝑢′ 1, −1,0 + 𝑓𝑢 1, −1,0 = 2 + 2(𝑥 − 1) − 2(𝑦 + 1) + 2 𝑥 − 1 2 +2 𝑦+1 2 + 2𝑧 2 ) =
2! 2
2 2
= 𝑥 +𝑦 + 𝑧 2
𝑢 = 𝑥, 𝑦, 𝑧 − 1, −1,0 = 𝑥 − 1, 𝑦 + 1, 𝑧

60
Confirmação de que o resto cometido com esta aproximação é um infinitésimo de ordem
superior à norma do vector elevada ao grau do polinómio.

𝑅2 (𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑓 𝑥, 𝑦, 𝑧 − 𝑃2 (𝑥, 𝑦, 𝑧)
lim 2
= lim 2
=
(𝑥,𝑦,𝑧)→(1,−1,0) 𝑥, 𝑦, 𝑧 − (1, −1,0) (𝑥,𝑦,𝑧)→(1,−1,0) 𝑥 − 1, 𝑦 + 1, 𝑧
𝑓 𝑥, 𝑦, 𝑧 − 𝑓 𝑥, 𝑦, 𝑧 0
= lim = lim =0
(𝑥,𝑦,𝑧)→(1,−1,0) 𝑥 − 1, 𝑦 + 1, 𝑧 2 (𝑥,𝑦,𝑧)→(1,−1,0) 𝑥 − 1, 𝑦 + 1, 𝑧 2

61
1.4 Teorema da Função Inversa
Função injectiva:
Se não existirem dois objectos distintos com a mesma imagem.

𝑓: 𝐷 ⊂ 𝐴 → 𝐵
𝑓 injectiva ⇔ ∀𝑥1 , 𝑥2 ∈ 𝐷𝑓 : 𝑥1 ≠ 𝑥2 , 𝑓 𝑥1 ≠ 𝑓 𝑥2

Função sobrejectiva:
Se todos os elementos do espaço de chegada forem imagem de pelo menos um objecto, ou
seja, se o contradomínio da função coincidir com o espaço de chegada.
𝑓: 𝐷 ⊂ 𝐴 → 𝐵
𝑓 sobrejectiva ⇔ ∀𝑐 ∈ 𝐵, ∃𝑥 ∈ 𝐷: 𝑐 = 𝑓(𝑥)

62
Função bijectiva:
Uma função é bijectiva se for injectiva e sobrejectiva. A cada elemento do domínio
corresponde um elemento do espaço de chegada e a cada elemento do espaço de chegada
corresponde um elemento do domínio.

Função globalmente invertível:


Uma função bijectiva é globalmente invertível se existir uma expressão que relacione os
objectos e as imagens de 𝑓 e mostre como obter objectos a partir das imagens. Uma função é
globalmente invertível se e só se for bijectiva.

Função localmente invertível:


Conceito análogo ao de invertibilidade global se nos restringirmos a uma vizinhança de um
ponto. Nessa vizinhança a função tem que ser injectiva. A sobrejectividade da função nessa
vizinhança está garantida pois assume-se que o espaço de chegada passará a ser o conjunto
das imagens nessa vizinhança). Invertibilidade global implica invertibilidade local.

63
Teorema da Função Inversa (em ℝ):

Seja uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ → ℝ contínua no intervalo 𝑎, 𝑏 e de classe 𝐶 1 no seu interior. Se


𝑓 ′ 𝑥0 ≠ 0 para 𝑥0 ∈ 𝑎, 𝑏 , então 𝑓 é localmente invertível em torno de 𝑥0 , concluindo-se que:

A derivada da função
• 𝑓 −1 é de classe 𝐶 1 (diferenciável) em 𝑓 𝑥0 = 𝑦0 inversa avaliada em 𝑦0 é
igual ao inverso da derivada
1 1
• 𝑓 −1 ′
𝑦0 = 𝑓′ 𝑥0
= 𝑓′ 𝑓−1 𝑦0
da função em 𝑥0 .

Se 𝑓 ′ 𝑥 = 0, a função ainda pode ser locamente invertível em 𝑎.


Este teorema não exclui essa possibilidade.

64
Teorema da Função Inversa (em ℝ𝑛 ):
Seja uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ𝑛 de classe 𝐶 1 em 𝐷.
Se 𝐽𝑓 𝑥0 ≠ 0 para 𝑥0 ∈ 𝑎, 𝑏 , então 𝑓 é localmente invertível em 𝑥0 , concluindo-se que:

• 𝑓 −1 é de classe 𝐶 1 (diferenciável) em 𝑓 𝑥0 = 𝑦0

−1
• 𝐽𝑓−1 𝑦0 = 𝐽𝑓 𝑥0

Se 𝑓 for de classe 𝐶 1 e o jacobiano 𝐽𝑓 𝑥0 se anular, nada se pode concluir.

65
Exemplo 1

Seja a função 𝑓: ℝ → ℝ definida por 𝑓 𝑥 = 𝑒 2𝑥+2 .


Usando o teorema da função inversa, encontre a derivada da função inversa de 𝑓 no ponto 1.

• 𝑓 é de classe 𝐶 1 em ℝ por ser uma função exponencial (logo contínua em qualquer subconjunto de ℝ)
• 𝑓 ′ 𝑥 ≠ 0,∀𝑥 ∈ ℝ
𝑓 é globalmente invertível logo é localmente invertível numa vizinhança de 𝑥 = 1.

1 1 1 𝑒 2𝑥+2 = 1 ⇔ 𝑥 = −1
𝑓 −1 ′ 1 = = =
𝑓′ −1 2𝑒 2𝑥+2 𝑥=−1 2
−1,1  ponto de 𝑓
1, −1  ponto de 𝑓 −1
Confirme o resultado obtido invertendo 𝑓 e calculando o valor da sua derivada em 1.

66
Exemplo 2

Seja a função 𝑓: ℝ2 → ℝ2 definida por 𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑢, 𝑣 = 𝑥 3 + 𝑥, 𝑦


Usando o teorema da função inversa, encontre a matriz jacobiana de 𝑓 −1 em −2,0 .

• 𝑓: ℝ𝑛 → ℝ𝑛
• 𝑓 é de classe 𝐶 ∞ em ℝ2 logo também é 𝐶 1 em ℝ2 (as funções componentes são polinomiais)
3𝑥 2+1 0
• 𝐽𝑓 (−1,0) = =4≠0
0 1 (−1,0)
𝑥 3 + 𝑥 = −2 ⇔ 𝑥 = −1
𝑓 é localmente invertível numa vizinhança de −1,0 . 𝑦=0

1 −1,0  ponto de 𝑓
−1 −1
4 0 0 −2,0  ponto de 𝑓 −1
𝐽𝑓−1 −2,0 = 𝐽𝑓 (−1,0) = = 4
0 1
0 1

67
Exemplo 3

Seja a função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ2 → ℝ2 definida por 𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑢, 𝑣 = 𝑥 2 𝑦 2 + 𝑙𝑛𝑥, 𝑒 𝑥 − 𝑥𝑒 𝑦 .


Usando o teorema da função inversa, encontre a matriz jacobiana de 𝑓 −1 em 𝑓 1,1 = 2,0 .

• 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 → ℝ𝑛
• 𝑓 é de classe 𝐶 ∞ em ℝ2 logo também é 𝐶 1 em ℝ2 (as duas funções componentes são 𝐶 ∞ )
1
2𝑥𝑦 2 + 2𝑦𝑥 2 3 2
• 𝐽𝑓 (1,1) = 𝑥 = = −3𝑒 ≠ 0
𝑥
𝑒 −𝑒 𝑦 𝑦
− 𝑥𝑒 (1,1) 0 − 𝑒 (1,1)

𝑓 é localmente invertível numa vizinhança de 1,1 .

1 2 1,1  ponto de 𝑓
−1 3 2 −1
3 3𝑒 2,0  ponto de 𝑓 −1
𝐽𝑓−1 2,0 = 𝐽𝑓 (1,1) = =
0 −𝑒 1
0 −
𝑒

68
1.5 Teorema da Função Implícita
A forma mais habitual de representar uma função é através de uma expressão analítica que
traduza uma relação explícita entre as variáveis dependentes e independentes (as
primeiras são escritas em função das segundas).
𝑦=𝑓 𝑥 𝑧 = 𝑓 𝑥, 𝑦 𝑢, 𝑣 = 𝑓1 𝑥, 𝑦 , 𝑓2 𝑥, 𝑦

No entanto, também é possível definir as funções anteriores na seguinte forma:

𝐹1 𝑥, 𝑦, 𝑢 = 0
𝐹 𝑥, 𝑦 = 0 𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 0
𝐹2 𝑥, 𝑦, 𝑣 = 0

Tratam-se de relações implícitas entre as variáveis dependentes e independentes. São funções


definidas implicitamente. Não é claro quais são as variáveis dependentes e independentes.

69
Exemplos

𝑦 = 𝑥+2 ⇔𝑓 𝑥 =𝑥+2 Forma explícita


−𝑥 + 𝑦 − 2 = 0 ⇔ 𝐹 𝑥, 𝑦 = 0 Forma implícita

𝑧 = 𝑥 − 𝑒 𝑥𝑦 ⇔ 𝑓 𝑥, 𝑦 = 𝑥 − 𝑒 𝑥𝑦 Forma explícita
𝑧 − 𝑥 + 𝑒 𝑥𝑦 = 0 ⇔ 𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 0 Forma implícita

𝑢, 𝑣 = 𝑦 + 𝑙𝑛𝑥, 𝑥 − 3𝑦 ⇔ 𝑓1 𝑥, 𝑦 , 𝑓2 𝑥, 𝑦 = 𝑦 + 𝑙𝑛𝑥, 𝑥 − 3𝑦 Forma explícita

𝑢 − 𝑦 − 𝑙𝑛𝑥 = 0 𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑢 = 0
⇔ 1 Forma implícita
𝑣 − 𝑥 + 3𝑦 = 0 𝐹2 𝑥, 𝑦, 𝑣 = 0

70
Considere a recta representada por 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐 = 0 e a equação 𝑥 2 + 𝑦 2 + 1 = 0. Será que as
equações anteriores definem implicitamente 𝑦 como função de 𝑥?

𝑎 𝑐
No primeiro caso, sim. É possível explicitar 𝑦 fazendo 𝑦 = − 𝑥 − .
𝑏 𝑏

No segundo caso, não. A equação 𝑥 2 + 𝑦 2 + 1 = 0 não define implicitamente 𝑦 como função


de 𝑥 pois não há quaisquer pares de números reais cuja soma dos quadrados seja -1.

Nestes exemplos foi fácil verificar se as equações definem, ou não, 𝑦 como função de 𝑥, mas no
caso geral da equação 𝐹 𝑥, 𝑦 = 0 convém saber em que condições ela define 𝑦 como função
de 𝑥 sem resolver em ordem a 𝑦.

71
Questões-Chave:

1. Quando é que, dada a condição 𝐹 𝑥, 𝑦 = 0, podemos assegurar que 𝒚 pode escrever-


se de forma explícita como função de 𝒙, ou seja, quando é que é possível assegurar a
existência da função 𝑓? E será essa função diferenciável?

2. Se 𝑓 existir e for diferenciável, então será possível encontrar 𝑓 ′ (𝑥) ou 𝐽𝑓 (𝑥) sem ter que
explicitar a função (ou seja, sem encontrar 𝑓)?

Estas questões são fundamentais, principalmente se tivermos que trabalhar com funções
cuja explicitação das variáveis dependentes seja muito complicada.

72
Teorema da Função Implícita (para funções reais de variável real):

Seja a função 𝐹: 𝐷 ⊂ ℝ × ℝ → ℝ. Se os seguintes pressupostos forem respeitados:

• 𝐹 de classe 𝐶 1
• 𝐹 𝑥0 , 𝑦0 = 0
• 𝐹′𝑦 𝑥0 , 𝑦0 ≠ 0

Então existe 𝑓 de classe 𝐶 1 numa vizinhança do ponto 𝑥0 , 𝐵 𝑥0 , tal que a cada 𝑥 corresponde
um e um só valor de 𝑦 e tal que:

• 𝒇 𝒙𝟎 = 𝒚 𝟎
𝒅𝒇 −𝟏
• (𝒙) = − 𝑭′𝒚 𝒙, 𝒚 𝑭′𝒙 𝒙, 𝒚 , com 𝑥 ∈ 𝐵 𝑥0 e 𝑦 ∈ 𝐵 𝑦0
𝒅𝒙

73
Exemplo
Considere a equação 4𝑥 + 2𝑦 − 8 = 0. Será que a equação anterior define implicitamente 𝑦
𝑑𝑓
como função de 𝑥 numa vizinhança do ponto (𝑥, 𝑦) = (1,2)? Se sim, encontre .
𝑑𝑥

𝐹 𝑥, 𝑦 = 4𝑥 + 2𝑦 − 8

• 𝐹 de classe 𝐶1 (função polinomial)


• 𝐹 1,2 = 0
• 𝐹′𝑦 1,2 = 2 ≠ 0

Então existe 𝑓 de classe 𝐶1 numa vizinhança do ponto 1, tal que:


Confirme o resultado obtido
explicitando 𝑦 como função de 𝑥
• 𝑓 1 =2
−1 e derivando em ordem a 𝑥.
𝑑𝑓 𝑭′ 𝒙 𝟏,𝟐 𝟒
• (1) =− 𝐹′ 𝑦 1,2 𝐹′ 𝑥 1,2 = − = − = −𝟐
𝑑𝑥 𝑭′ 𝒚 𝟏,𝟐 𝟐

74
Teorema da Função Implícita (para funções reais de duas variáveis):
Seja a função 𝐹: 𝐷 ⊂ ℝ2 × ℝ → ℝ. Se os seguintes pressupostos forem respeitados:

• 𝐹 de classe 𝐶 1
• 𝐹 𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 = 0
• 𝐹′𝑧 𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ≠ 0

Então existe 𝑓 de classe 𝐶 1 numa vizinhança do ponto 𝑥0 , 𝑦0 , 𝐵 𝑥0 , 𝑦0 , tal que tal que a cada par
(𝑥, 𝑦) corresponde um e um só valor de 𝑧 e tal que:

• 𝒇 𝒙𝟎 , 𝒚 𝟎 = 𝒛 𝟎
−𝟏
𝝏𝒇
• 𝒙, 𝒚 = 𝒇′𝒙 𝒙, 𝒚 = − 𝑭′ 𝒛 𝒙, 𝒚, 𝒛 𝑭′ 𝒙 𝒙, 𝒚, 𝒛 , com (𝑥, 𝑦) ∈ 𝐵 𝑥0 , 𝑦0 e z ∈ 𝐵 𝑧0
𝝏𝒙
−𝟏
𝝏𝒇
• 𝒙, 𝒚 = 𝒇′𝒚 𝒙, 𝒚 = − 𝑭′ 𝒛 𝒙, 𝒚, 𝒛 𝑭′ 𝒚 𝒙, 𝒚, 𝒛 , com (𝑥, 𝑦) ∈ 𝐵 𝑥0 , 𝑦0 e z ∈ 𝐵 𝑧0
𝝏𝒚

75
Exemplo 1
Considere a equação 𝑧𝑦 + 𝑥𝑒 𝑦 − 𝑧 2 = 0. Será que a equação anterior define implicitamente 𝑧
𝜕𝑓 𝜕𝑓
como função de 𝑥 e de 𝑦 numa vizinhança do ponto 𝑥, 𝑦, 𝑧 = (1,0,1)? Se sim, encontre e .
𝜕𝑥 𝜕𝑦

𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝑧𝑦 + 𝑥𝑒 𝑦 − 𝑧 2
𝐹: ℝ2 × ℝ → ℝ
• 𝐹 de classe 𝐶1
(operações de funções diferenciáveis)
• 𝐹 1,0,1 = 0
• 𝐹′𝑧 1,0,1 = 𝑦 − 2𝑧 1,0,1 = −2 ≠ 0

Então existe 𝑓 de classe 𝐶1 numa vizinhança do ponto (1,0), tal que:

• 𝑓 1,0 = 1
𝜕𝑓 𝑭′ 𝒙 𝟏,𝟎,𝟏 𝟏 𝟏 𝜕𝑓 𝑭′ 𝒚 𝟏,𝟎,𝟏 𝟐
• 𝟏, 𝟎 = − = − = 𝟏, 𝟎 = − =− =𝟏
𝜕𝑥 𝑭′ 𝒛 𝟏,𝟎,𝟏 −𝟐 𝟐 𝜕𝑦 𝑭′ 𝒛 𝟏,𝟎,𝟏 −𝟐

76
Exemplo 2
𝑥 𝑛 𝑦 𝑛 𝑧 𝑛
Considere a relação + + = 1, 𝑛 ∈ ℕ. Sabendo que define 𝑧 como função de 𝑥 e
𝑎 𝑎 𝑎
2
𝜕 𝑓
de 𝑦, calcule o valor de 𝑥, 𝑦 .
𝜕𝑥𝜕𝑦

𝑥 𝑛 𝑦 𝑛 𝑧 𝑛
𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑧 = + + −1
𝑎 𝑎 𝑎
𝑥 𝑛−1 1 𝑥 𝑛−1
𝜕𝑓 𝑭′ 𝒙 𝒙,𝒚,𝒛 𝒏
𝑎 𝑎 𝑎 𝑥 𝑛−1
• 𝒙, 𝒚 = − =− 𝑛−1 1 =− 𝑛−1 =−
𝜕𝑥 𝑭′ 𝒛 𝒙,𝒚,𝒛 𝒏
𝑧 𝑧 𝑧
𝑎 𝑎 𝑎
𝑦 𝑛−1 1 𝑦 𝑛−1
𝜕𝑓 𝑭′ 𝒚 𝒙,𝒚,𝒛 𝒏
𝑎 𝑎 𝑎 𝑦 𝑛−1
• 𝒙, 𝒚 = − =− 𝑛−1 1 =− 𝑛−1 =−
𝜕𝑦 𝑭′ 𝒛 𝒙,𝒚,𝒛 𝒏
𝑧 𝑧 𝑧
𝑎 𝑎 𝑎
𝜕2 𝑓 𝜕𝑓 𝑥 𝑛−1 𝜕𝑓 𝑥 𝑛−1 𝜕𝑧 𝑥 𝑛−2 𝑥 𝑦 𝑛−1
• 𝒙, 𝒚 = − = − =− 𝑛−1 − 2 −
𝜕𝑥𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝑧 𝜕𝑧 𝑧 𝜕𝑦 𝑧 𝑧 𝑧

77
Teorema da Função Implícita (para funções vectoriais):

Seja a função 𝐹: 𝐷 ⊂ ℝ𝑛 × ℝ𝑚 → ℝ𝑚 . Se os seguintes pressupostos forem respeitados:

• 𝐹 de classe 𝐶 1
• 𝐹 𝑥0 , 𝑦0 = 0 𝑥 = 𝑥1 , … , 𝑥𝑛 𝑦 = 𝑦1 , … , 𝑦𝑚
• 𝐽𝑦𝐹 𝑥0 , 𝑦0 ≠ 0

Então existe 𝑓 de classe 𝐶 1 numa vizinhança do ponto 𝑥0 , 𝐵 𝑥0 , tal que:

• 𝒇 𝒙𝟎 = 𝒚 𝟎
−𝟏
• 𝑱𝒇 𝒙 = − 𝑱𝑭𝒚 𝑥, 𝑦 𝑱𝑭𝒙 𝑥, 𝑦 , com 𝑥 ∈ 𝐵 𝑥0 e 𝑦 ∈ 𝐵 𝑦0

78
Exemplo
Mostre que as seguintes equações definem 𝑦1 e 𝑦2 como funções de 𝑥 numa vizinhança de
𝑑𝑦 𝑑𝑦
1, −1,3 e determine 1 e 2 neste ponto.
𝜕𝑥 𝜕𝑥

𝐹1 𝑥, 𝑦1 , 𝑦2 = 𝑦1 𝑦22 + 3𝑥𝑦2 + 𝑥 2 + 2𝑦1 + 1 = 0


𝐹2 𝑥, 𝑦1 , 𝑦2 = 𝑦12 + 𝑥𝑦1 + 2𝑥𝑦2 − 𝑦2 − 3 = 0

• 𝐹 de classe 𝐶1 (funções componentes de classe 𝐶 1 ) 𝐹: ℝ × ℝ2 → ℝ2


• 𝐹1 1, −1,3 = 0 e 𝐹2 1, −1,3 = 0
𝐹 𝑦22 + 2 2𝑦1 𝑦2 + 3𝑥 11 −3
• 𝐽𝑦1,𝑦2 1, −1,3 = = =8≠0
2𝑦1 + 𝑥 2𝑥 − 1 1,−1,3
−1 1

Podemos garantir que as equações dadas definem 𝑦1 e 𝑦2 em função de 𝑥 numa vizinhança de 1, −1,3 .

79
𝐹1 𝑥, 𝑦1 , 𝑦2 = 𝑦1 𝑦22 + 3𝑥𝑦2 + 𝑥 2 + 2𝑦1 + 1 = 0
𝐹2 𝑥, 𝑦1 , 𝑦2 = 𝑦12 + 𝑥𝑦1 + 2𝑥𝑦2 − 𝑦2 − 3 = 0

−1
𝐽𝑓 𝑥 = − 𝐽𝑦𝐹1,𝑦2 1, −1,3 . 𝐽𝑥𝐹 1, −1,3 =
1 3 13
−1 −1 −
𝑦22 + 2 2𝑦1 𝑦2 + 3𝑥 3𝑦2 + 2𝑥 11 −3 11 11
=− =− =− 8 8 = 4
2𝑦1 + 𝑥 2𝑥 − 1 1,−1,3
𝑦1 + 2𝑦2 1,−1,3 −1 1 5 1 11 5 33

8 8 4

𝑑𝑦1 13 𝑑𝑦2 33
1, −1,3 = − 1, −1,3 = −
𝜕𝑥 4 𝜕𝑥 4

80
Exercícios

1- Mostre que o sistema seguinte define 𝑦 e 𝑧 como funções de 𝑥 numa vizinhança de 1,2, −1 e
𝑑𝑦 𝑑2 𝑦
determine e neste ponto.
𝜕𝑥 𝜕𝑥 2
𝑥 2 + 𝑦2 + 𝑧2 − 6 = 0
𝑥−𝑦−𝑧=0
𝑅: 0 ; −2/3

2- Verifique que o sistema seguinte define implicitamente 𝑢 e 𝑣 como funções de 𝑥 e de 𝑦 numa


𝜕𝑣
vizinhança de 1,0,1,1 e determine neste ponto.
𝜕𝑦
𝐹1 = 𝑢𝑣 − 𝑥 2 = 0
𝐹2 = ln 𝑢𝑣 − 2𝑦 = 0 𝑅: 2

81

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