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AULA 3 –EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM

𝑡 5𝑡
Nesta aula trataremos das equações diferenciais de 𝑑𝑦 1 1
𝑒 𝑡/2 + 𝑒 𝑡/2 𝑦 = 𝑒 𝑡/3 ∙ 𝑒 𝑡/2 ⇒ (𝑒 2 ∙ 𝑦) = 𝑒 6
𝑑 1
primeira ordem 𝑑𝑡 2 2 𝑑𝑡 2
𝑑𝑦 Integrando, obtemos:
= 𝑓(𝑡, 𝑦) (1) 𝑡 3 5𝑡
3 𝑡 𝑡
𝑑𝑥 𝑒 2 ∙ 𝑦 = 𝑒 6 + C e 𝑦 = 𝑒 3 + C𝑒 −2
5 5
Em que 𝑓 é uma função dada de duas variáveis. Iremos 3 𝑡
2 𝑡
utilizar um método para a subclasse das equações A solução que contém o ponto (0,1), é 𝑦 = 𝑒 3 + 𝑒 −2 .
5 5
lineares.
2.1 Equações Diferenciais Lineares
Se a função 𝑓 na Eq. (1) depende linearmente da
variável dependente 𝑡, então ela é dita linear de primeira
ordem. Um exemplo típico é:
𝑑𝑦
𝑑𝑡
= −𝑎𝑦 + 𝑏 (2)
Em que 𝑎 e 𝑏 são constantes dadas. Agora,
consideraremos a equação linear de primeira ordem
geral, obtida substituindo-se os coeficientes 𝑎 e 𝑏 na Eq.
por funções arbitrárias de 𝑡. Em geral, escreveremos a
equação diferencial linear de primeira ordem geral na
forma padrão.
𝑑𝑦
𝑑𝑡
+ 𝑝(𝑡)𝑦 = 𝑔(𝑡) (3)
em que 𝑝 e 𝑔 são funções dadas da variável
Caso geral
independente 𝑡. Algumas vezes, é mais conveniente 𝑑𝑦
escrever a equação na forma: Para equações da forma + 𝑎𝑦 = 𝑔(𝑡) em que 𝑎 é
𝑑𝑡
𝑑𝑦 uma constante dada e 𝑔(𝑡) é uma função dada, o fator
𝑃(𝑡) + 𝑄(𝑡)𝑦 = 𝐺(𝑡)
𝑑𝑡
(4) 𝑑𝜇
na qual 𝑃, 𝑄 e 𝐺 são dadas. Sempre que 𝑃(𝑡) ≠ 0, você integrante 𝜇(𝑡) tem que satisfazer = 𝑎𝜇. Daí, o fator
𝑑𝑡
𝑎𝑡
pode converter a Eq. (4) na Eq. (3) dividindo a Eq. (4) por integrante é 𝜇(𝑡) = 𝑒 . Multiplicando a ED por 𝜇(𝑡)
𝑑𝑦 𝑑
𝑃(𝑡). temos 𝑒 𝑎𝑡 + 𝑎𝑒 𝑎𝑡 𝑦 = 𝑒 𝑎𝑡 𝑔(𝑡) ou (𝑒 𝑎𝑡 𝑦) = 𝑒 𝑎𝑡 𝑔(𝑡).
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Em alguns casos, é possível resolver a equação
Integrando, 𝑒 𝑎𝑡 𝑦 = ∫ 𝑒 𝑎𝑡 𝑔(𝑡)𝑑𝑡 + 𝑐.
diretamente por integração, por exemplo.
Observação - Para muitas funções simples 𝑔(𝑡),
Exemplo
𝑑𝑦 podemos calcular a integral na Eq. e expressar a solução
1. Resolva a equação diferencial (4+𝑡 2 ) + 2𝑡𝑦 = 4𝑡 𝑦 em termos de funções elementares. No entanto, para
𝑑𝑡
Observe que no lado esquerdo da equação existe uma funções 𝑔(𝑡) mais complicadas, pode ser necessário
𝑑𝑦
combinação entre e 𝑦, logo, utilizando a regra da deixar a solução em forma integral.
𝑑𝑡
derivada do produto: (𝑢 ∙ 𝑦)′ = 𝑢 ∙ 𝑦 ′ + 𝑢′ ∙ 𝑦, temos 𝑦 = 𝑒 −𝑎𝑡 ∫ 𝑒 𝑎𝑡 𝑔(𝑡)𝑑𝑡 + 𝑐
𝑑𝑦 𝑑((4 + 𝑡 2 )𝑦)
(4+𝑡 2 ) + 2𝑡𝑦 = Exemplo
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑦
𝑑((4+𝑡 2 )𝑦)
1. Dada a equação diferencial − 2𝑦 = 4 − 𝑡,encontre
𝑑𝑦 𝑑𝑡
Assim: (4+𝑡 2 ) + 2𝑡𝑦 = 4𝑡 ⇒ = 4𝑡 a solução geral, desenhe o gráfico de diversas
𝑑𝑡 𝑑𝑡
2t2 C soluções e discuta o comportamento das soluções
Integrando: (4+𝑡 2 )𝑦 2
= 2𝑡 + C ∴ y = + ∎
4+𝑡 2 4+𝑡 2 quando 𝑡 → ∞.
Infelizmente, a maioria das EDOs lineares não pode ser Inicialmente, vamos multiplicar a eq. pelo fator
resolvida desta forma. Entretanto, se a equação integrante, assim temos:
diferencial for multiplicada por determinada função 𝜇(𝑡), 𝑑𝑦
então a Eq. transforma-se em uma que é imediatamente 𝜇(𝑡) ∙ − 2𝜇(𝑡) ∙ 𝑦 = 𝜇(𝑡) ∙ (4 − 𝑡)
𝑑𝑡
integrável usando-se a regra para a derivada de um Assim, temos que 𝜇 ′ (𝑡) = −2𝜇(𝑡) ⇒ 𝜇(𝑡) = 𝑒 −2𝑡
𝑑𝑦
produto. A função 𝜇(𝑡) é chamada de fator integrante. Logo: 𝑒 −2𝑡 ∙ − 2𝑒 −2𝑡 ∙ 𝑦 = 𝜇(𝑡) ∙ (4 − 𝑡)
𝑑𝑡
Exemplo 𝑑(𝑒 −2𝑡 𝑦)
𝑑𝑦 1 1 E: = 𝑒 −2𝑡 (4 − 𝑡) ⇒ 𝑒 −2𝑡 𝑦 = ∫(4𝑒 −2𝑡 − 𝑒 −2𝑡 𝑡)𝑑𝑡
1. Encontre a solução geral da + 𝑦 = 𝑒 𝑡/3 e solução 𝑑𝑡
𝑑𝑡 2 2
Ou seja, 𝑒 𝑦 = ∫(4𝑒 −2𝑡 )𝑑𝑡 + ∫(−𝑒 −2𝑡 𝑡)𝑑𝑡
−2𝑡
(5)
particular cujo gráfico contém o ponto (0, 1).
Multiplicamos a Eq. por uma função 𝜇(𝑡), assim: Para a ∫(4𝑒 −2𝑡 )𝑑𝑡 = −2 ∫(−2𝑒 −2𝑡 )𝑑𝑡 = −2𝑒 −2𝑡 + 𝑐1 (6)
𝑑𝑦 1 1 E para ∫(−𝑒 −2𝑡 𝑡)𝑑𝑡 temos que resolver por parte, pois é
𝜇(𝑡) + 𝜇(𝑡)𝑦 = 𝜇(𝑡)𝑒 𝑡/3 um produto de funções, (∫ 𝑢𝑑𝑣 = 𝑢𝑣 − ∫ 𝑣𝑑𝑢), assim
𝑑𝑡 2 2 1
escolher 𝜇(𝑡) de tal modo que a expressão à esquerda fazendo 𝑢 = 𝑡 ⇒ 𝑑𝑢 = 𝑑𝑡 e 𝑑𝑣 = −𝑒 −2𝑡 ⇒ 𝑣 = 𝑒 −2𝑡 ,
2
do sinal de igualdade na Eq. seja a derivada do produto 1
temos ∫(−𝑒 −2𝑡 𝑡)𝑑𝑡 = 𝑒 −2𝑡 𝑡 − ∫ 𝑒 −2𝑡 𝑑𝑡
1
𝑑𝜇 1 2 2
𝜇(𝑡)𝑦, ou seja, que = 𝜇(𝑡) (ver aula 2). 1 1 4 1
𝑑𝑡 2 Para resolver − ∫ 𝑒 −2𝑡 𝑑𝑡 ⟹ ∫ − 𝑒 −2𝑡 𝑑𝑡 = 𝑒 −2𝑡
𝑑𝜇 1 𝑑𝜇 1 1 2 4 2 4
= 𝜇(𝑡) ∴ = ∴ ln|𝜇(𝑡)| + C ∴ μ(t) = 𝑘𝑒 𝑡/2 1
Ou seja ∫(−𝑒 −2𝑡 𝑡)𝑑𝑡 = 𝑒 −2𝑡 𝑡 + 𝑒 −2𝑡 + 𝑐2
1
(7)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 𝜇(𝑡) 2 2 4
E fazendo 𝐾 = 1, temos: μ(t) = 𝑒 𝑡/2 . Substituindo (6) e (7) em (5), teremos:
𝑑𝑦 1 1 1 1
Agora, multiplicando a ED + 𝑦 = 𝑒 𝑡/3 pelo fator 𝑒 −2𝑡 𝑦 = −2𝑒 −2𝑡 + 𝑐1 + 𝑒 −2𝑡 𝑡 + 𝑒 −2𝑡 + 𝑐2
𝑑𝑡 2 2
2 4
integrante μ(t) = 𝑒 𝑡/2 , temos:
AULA 3 –EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM

Rearrumando e fazendo 𝐶 = 𝑐1 + 𝑐2 , temos: Observação - Neste exemplo a solução não existe para
1 1 alguns valores de 𝑡. Isso se deve à descontinuidade
𝑒 −2𝑡 𝑦 = ( − 2) 𝑒 −2𝑡 + 𝑒 −2𝑡 𝑡 + 𝐶
4 2 inͅfinita na função 𝑝(𝑡) em 𝑡 = 0, o que restringe a
Isolando o y, encontramos: solução ao intervalo 0 < 𝑡 < ∞.
7 1 Exemplo
𝑦 = − + 𝑡 + 𝐶𝑒 2𝑡
4 2 4) Resolva o problema de valor inicial 2𝑦 ′ + 𝑡𝑦 = 2,
𝑦(0) = 1.
𝑡 𝑡2
𝑑𝑦 𝑡
Temos + 𝑦 = 1 e 𝜇(𝑡) = 𝑒 ∫2𝑑𝑡 = 𝑒 4
𝑑𝑡 2
𝑡2 𝑡2
E temos 𝑦 = 𝑒− 4 [∫ 𝑒 4 𝑑𝑡 + 𝐶]
Esta integral não pode ser calculada em termos das
funções elementares usuais, de modo que a deixamos
em forma integral. No entanto, escolhendo o limite
inferior de integração como o ponto inicial 𝑡 = 0, e
substituímos nela, assim teremos
𝑡2 𝑡 𝑠2 𝑡2
𝑦 = 𝑒− 4 ∫ 𝑒 4 𝑑𝑡 + 𝐶 𝑒− 4
0
O comportamento das soluções para valores grandes Para determinar a solução particular que satisfaz a
de 𝑡 é determinado pelo termo 𝑐𝑒 2𝑡 . Se 𝑐 ≠ 0, a condição inicial, 𝑡 = 0 e 𝑦 = 1, temos:
0 𝑠2
solução cresce exponencialmente em módulo com o
mesmo sinal que c. Portanto, a solução diverge quando 1 = 𝑒0 ∫ 𝑒 4 𝑑𝑡 + 𝐶 𝑒0 ⇒ 𝐶 = 1
0
t se torna muito grande. A fronteira entre soluções que
divergem positivamente e que divergem negativamente
ocorre quando 𝑐 = 0. Se escolhermos 𝑐 = 0, a Exercícios
solução cresce positivamente, mas linearmente, não 1. Encontre a solução geral da equação diferencial dada
exponencialmente. e use-a para determinar o comportamento das soluções
Para a equação linear geral de primeira ordem quando 𝑡 → ∞.
𝑑𝑦 a) 𝑦 ′ + 3𝑦 = 𝑡 + 𝑒 −2𝑡
+ 𝑝(𝑡)𝑦 = 𝑔(𝑡) em que p e g são funções dadas.
𝑑𝑡 b) 𝑦 ′ − 2𝑦 = 𝑡 2 𝑒 2𝑡
Como anteriormente, vamos multiplicar por um fator c) 𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑡𝑒 −𝑡 + 1
𝑑𝑦 1
𝜇(𝑡) ∙ + 𝑝(𝑡) ∙ 𝜇(𝑡) ∙ 𝑦 = 𝜇(𝑡) ∙ 𝑔(𝑡) d) 𝑦 ′ + 𝑦 = 3 cos(2𝑡) , 𝑡 > 0
𝑡
𝑑𝑡
Assim, devemos encontrar uma função 𝜇(𝑡), de forma e) 𝑦 ′ − 2𝑦 = 3𝑒 𝑡
que 𝑝(𝑡)𝜇(𝑡) =
𝑑𝜇(𝑡)
, ou seja,
𝑑𝜇(𝑡)

1
= 𝑝(𝑡) e assim, f) 𝑡𝑦 ′ − 𝑦 = 𝑡 2 𝑒 −𝑡 , 𝑡 > 0
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝜇(𝑡) g) 𝑦 ′ + 𝑦 = 5𝑠𝑒𝑛(2𝑡)
temos: h) 2𝑦 ′ + 𝑦 = 3𝑡 2
𝑑(ln|𝜇(𝑡)|)
= 𝑝(𝑡) ⇒ 𝑙𝑛|𝜇(𝑡)| + 𝑐 = ∫ 𝑝(𝑡)𝑑𝑡
𝑑𝑡 2. Encontre a solução do problema de valor inicial dado.
Pegando 𝜇(𝑡) > 0 e 𝑐 = 0, temos:
a) 𝑦 ′ − 𝑦 = 2𝑡𝑒 2𝑡 , 𝑦(0) = 1
𝜇(𝑡) = 𝑒 ∫ 𝑝(𝑡)𝑑𝑡
Aplicando este fator integrante no nosso caso geral, b) 𝑦 ′ + 2𝑦 = 𝑡𝑒 −2𝑡 , 𝑦(1) = 0
𝑑𝑦 2 𝑐𝑜𝑠𝑡
temos: 𝑒 ∫ 𝑝(𝑡)𝑑𝑡 ∙ + 𝑝(𝑡) ∙ 𝑒 ∫ 𝑝(𝑡)𝑑𝑡 ∙ 𝑦 = 𝜇(𝑡) ∙ 𝑔(𝑡), daí c) 𝑦 ′ + 𝑡 𝑦 = 𝑡2
, 𝑦(𝜋) = 0, 𝑡 > 0
𝑑𝑡

𝑑(𝜇(𝑡)∙𝑦)
= 𝜇(𝑡) ∙ 𝑔(𝑡) e 𝑦 =
1
[∫ 𝜇(𝑡) ∙ 𝑔(𝑡)𝑑𝑡 + 𝐶] d) 𝑡𝑦 + (𝑡 + 1)𝑦 = 𝑡, 𝑦(𝑙𝑛2) = 1, 𝑡 > 0
𝑑𝑡 𝜇(𝑡)

Exemplo 3. Considere o problema de valor inicial


Resolva o problema de valor inicial 𝑡𝑦 + 2𝑦 = 4𝑡 ′ 2 1
𝑦 ′ + 𝑦 = 2𝑐𝑜𝑠𝑡, 𝑦(0) = 1
com 𝑦(1) = 2. 2
Temos que + 𝑦 = 4𝑡
𝑑𝑦 2 Encontre as coordenadas do primeiro ponto de
𝑑𝑡 𝑡
Daí calculamos máximo local da solução para 𝑡 > 0.
2 2
𝜇(𝑦) = 𝑒 ∫ 𝑡 𝑑𝑡 = 𝑒 2𝑙𝑛𝑡 = 𝑒 𝑙𝑛𝑡 = 𝑡 2
E obtemos que 4. Considere o problema de valor inicial
1 1 𝐶
𝑦 = 2 (∫ 𝑡 2 (4𝑡)𝑑𝑡 + 𝐶) = 2 [𝑡 4 + 𝐶] = 𝑡 2 + 2 2 1
𝑡 𝑡 𝑡 𝑦 ′ + 𝑦 = 1 − 𝑡, 𝑦(0) = 𝑦0
A solução de valor inicial, 𝑡 = 1 e 𝑦 = 2, encontrada é: 3 2
2= 1+𝐶 ⟺𝐶 = 1 Encontre o valor de y_0 para o qual a solução toca, mas
Logo não cruza o eixo dos t.
1
𝑦 = 𝑡2 + 2
𝑡

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