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Título do Modulo: Aplicar Fundamentos de Electrotecnia em Corrente Alternada Código do Módulo: UCEPI05301171 No de Créditos: 8
Horas por semestre: 80.0h Horas por semana: 4.0h Semestre: I Ano lectivo: 2020
Medir e calcular a tensão, corrente, desfasamento e impedância dos circuitos R, RL, RC e RLC ligados a uma fonte de corrente
Elemento de Competência 4:
alternada.
a. Análise de Circuitos de CA - Calcular a tensão, corrente, desfasamento, resistência, e impedância nos circuitos R, RL, RC, e RLC
ligados a uma fonte de alimentação em C.A;
Critérios de desempenho:
b. Fazer a medição da tensão, corrente, desfasamento, resistência, e impedância nos circuitos R, RL, RC, e RLC ligados a uma fonte de
alimentação em C.A.
Evidência de que o candidato é capaz de correctamente, ligar instrumentos de medição num circuito, selecionar as escalas de leitura
Evidências requeridas:
apropriadas, e ler/interpretar correctamente as grandezas obtidas.
1. INTRODUCAO AO ESTUDO DE NUMEROS COMPLEXOS
1.1. Números complexos na forma retangular ou cartesiana
Um número complexo na forma retangular (cartesiana) é composta por uma parte real e uma parte
imaginaria. Em números complexos na forma retangular, a parte real é representada no eixo dos x (eixo real)
e a parte imaginária é representada no eixo dos Y (eixo imaginário).
Seja: C = a + jb
Sendo que: C = é o número complexo; a = parte real do numero; b = parte imaginaria do numero
Exemplo 1: C = 5 + j3 Exemplo 2: C = 4 – j4
Seja: C = z ∠
Seja C = a + jb, um número complexo na forma retangular, para converter na forma polar C = z ∠, temos:
𝐛
𝒛 = √𝒂𝟐 + 𝒃𝟐 , sendo o angulo igual a 𝛗 = 𝐚𝐫𝐜𝐭𝐠 𝐚.
C = 60 + j80 b
φ = arctg a
z = √602 + 802 φ = arctg
80
60
z = 100 φ = 53,13o
C = 100∠
1.4. Conversão de números na forma Polar para forma Retangular
Seja C = z ∠ um número complexo na forma polar, para converter para a forma retangular C = a + jb, temos:
C = z ∠
a = z . cos
b = z . sen
2.2.Circuitos Capacitivos
Capacitor ou condensador é um componente que armazena cargas elétricas num campo elétrico,
acumulando um desequilíbrio interno de carga elétrica. A propriedade que estes dispositivos têm de armazenar
energia elétrica sob a forma de um campo eletrostático é chamada de capacitância ou capacidade (C)
Figura 4: Gráficos da tensão e da i(t) = imax . sen (t + °) e i(t) = imax ∠ °
corrente em circuito capacitivo
Substituindo na segunda fórmula de corrente os valores do gráfico,
temos: i(t) = 0,5 ∠ A.
A oposição que o capacitor oferece à passagem da corrente elétrica depende da frequência do sinal elétrico
aplicado. Essa oposição é chamada de Reatância Capacitiva (XC), medida em ohms e expressa por:
𝟏 𝟏
𝑿𝒄 = = [Ω]
𝛚. 𝐂 𝟐𝛑. 𝐟. 𝐂
Aplicando-se a lei de Ohm podemos determinar a reatância capacitiva (XC) pela fórmula:
Substituindo na última fórmula da reactância capacitiva os valores de tensão e corrente do gráfico, temos:
𝒖𝒎𝒂𝒙 𝟐𝟎
𝑿𝒄 = ∟ −90o ⟹ 𝑿𝒄 = 𝟎,𝟓 ∟ −90o ⟹ Xc = 40 ∟ −90o ou Xc= -40j; (j= 90º)
𝒊𝒎𝒂𝒙
A figura mostra que a corrente elétrica em um circuito capacitivo adianta 90º em relação á tensão.
No exemplo anterior, considerando a frequência de 60 Hz, pode-se determinar o valor da capacitância C, cuja
sua unidade é Farad (F).
𝟏 𝟏 1 1
𝑿𝒄 = → 𝑪= → C= → C= → C = 0,0000663 F
𝟐𝝅. 𝒇. 𝑪 𝐗 𝐜 . 𝟐𝛑. 𝐟 40 .2π. 60 40 . 377
C = 66, 3 μF
NB: Nos circuitos capacitivos em tensão de CA, não há potência média dissipada, pois no hemiciclo positivo
o capacitor recebe energia do gerador e no negativo a devolve integralmente.
Um indutor é um dispositivo elétrico passivo que armazena energia na forma de campo magnético,
normalmente combinando o efeito de vários loops da corrente elétrica.
O indutor pode ser utilizado em circuitos como um filtro passa baixa, rejeitando as altas frequências. Também
costuma ser chamado de bobina, chooper ou reator. Consideremos o circuito da figura 6.
𝒖𝒎𝒂𝒙
𝑿𝑳 = ∟90o
𝒊𝒎𝒂𝒙
A figura mostra que a corrente elétrica em um circuito indutivo atrasa 90º em relação á tensão.
Considerando a frequência de 60 Hz, pode-se determinar o valor da indutância cuja sua unidade é Henry (H):
𝟏 1 1
𝑿𝑳 = 𝟐𝝅. 𝒇. 𝑳 → 𝑳= → L= → L= → C = 0,442 mH
𝐗 𝐋 . 𝟐𝛑. 𝐟 6 .2π. 60 6 . 377
NB: Assim como o capacitor, o indutor em CA não apresenta dissipação de potência média, pois no hemiciclo
positivo recebe energia do gerador e no negativo a devolve integralmente.
3. ANÁLISE DE CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA
A partir de agora analisaremos os circuitos nos quais ocorrem com binações entre os três elementos básicos:
resistências, capacitores e indutores. O somatório dos efeitos de oposição à passagem de corrente é
denominada impedância, representada por Z. Para os três efeitos, Z é dada por:
𝒁 = √(𝑿𝑳 − 𝑿𝑪 )𝟐 + 𝑹𝟐
Esta passa a ser a equação geral para a impedância total do circuito, não importando sua configuração. À
impedância podem-se aplicar todas as leis de eletricidade conhecidas.
3.1. Circuitos RC
3.1.1. Resistência e Capacitor em série
total do circuito.
P = UR·i
Potência reativa (Q) - Corresponde à potência Potência aparente (S) - É a potência total, fornecida pelo gerador
sobre o capacitor. ao circuito. S=U·i
Q = UC · i
S = P + jQ
No circuito RC em paralelo (figura 11), a tensão é a mesma do gerador nos vários dispositivos do circuito.
Apenas as correntes em cada um deles são diferentes, proporcionais a cada resistência ou reatância (figura
12). A corrente total no gerador é a soma vetorial das correntes individuais:
i = iR + jiC
Figura 11: Circuito RC em paralelo Figura 12: Gráfico da tensão e das correntes em
circuito RC paralelo
Em que:
𝒖 𝒖 𝒖
i= iR = IC =
𝒁 𝑹 𝑿𝒄
NB: A impedância total do circuito é calculada da mesma forma que se calcula a resistência equivalente em
paralelo.
3.2.Circuitos RL
3.2.1. Resistência e indutor em série
No circuito RL em série (figura 13), no instante inicial o indutor se comporta como circuito aberto, por causa
da variação do campo magnético. A tensão é máxima e a corrente nula. O fluxo do campo magnético produz
desfasagem de 90° entre a tensão e a corrente, ou seja, a corrente está atrasada em relação à tensão, como
apresentado na figura 14.
Figura 13: circuito RL em
série. Figura 14: (a) Gráfico das tensões e da Figura 14: diagrama fasorial de
corrente em circuito RL em série; (b) circuito RL em série.
representação polar da tensão e da corrente
𝐗𝐋
Na forma polar, z = Z∟𝝋, em que 𝛗 = 𝐚𝐫𝐜𝐭𝐠 é o ângulo de fase total do circuito.
𝐑
𝒖
i = 𝒁 ⟹ i = I∟𝝋 constante para todo o circuito.
uR = i . R ⟹ uR = UR ∟𝝋
uL = i . XL ⟹ uL = UL ∟𝝋-90o
No circuito RL em paralelo (figura 15), à parte certas características do indutor, seu comportamento mostra
alguma semelhança com o que ocorre no capacitor. Nesse caso, a corrente no indutor está desfasada de 90°
em relação à tensão do gerador, enquanto a corrente total apresenta desfasagem menor (figura 16).
Figura 16: Gráfico da tensão e das
Figura 15: circuito RL em Figura 17: diagrama fasorial de
correntes em circuito
paralelo. circuito RL em paralelo.
RL em paralelo.
i = iR + iL
Uma das principais aplicações práticas para os circuitos RC e RL em série são os chamados fltros passivos.
Medimos a tensão em um dos componentes, que passa a ser denominada tensão de saída (US), em contraste
com a tensão de entrada ou do gerador (Ue).
A análise é feita com base na influência da frequência sobre as reatâncias ora capacitivas, ora indutivas. A
𝐔𝐬
relação entre as tensões de saída e entrada é denominada ganho de tensão (AV), em que: 𝐀𝐕 = 𝐔𝐞
Um circuito RC em série com tensão de saída no capacitor (UC = US), como o da figura 18, é denominado filtro
passa-baixa, pois XC é muito maior que R em baixas frequências. Assim, praticamente toda a tensão de entrada
é aplicada ao capacitor.
O mesmo circuito RC em série com tensão de saída sobre a resistência R é chamado filtro Passa-alto, pois XC é
muito menor que R e, portanto, praticamente toda a tensão estará sobre a resistência do circuito.
A análise dos circuitos passa-baixo e passa-alto nos circuitos RL, é o inverso dos circuitos RC. Se substituir o
capacitor pelo indutor nas duas figuras, então temos um filtro passa-alto e passa-baixo respetivamente.
Nestes casos, podemos deduzir a frequência de corte (fc) como a frequência-limite de utilização do filtro ou a
𝟏 𝟏 𝐑
frequência para a qual o ganho de tensão é: AV = e 𝐟𝐜 = para filtros passa baixo RC e 𝐟𝐜 = para
√𝟐 𝟐𝛑𝐑𝐂 𝟐𝛑𝐋
filtros passa-baixo RL. Ou seja, quando a tensão de saída é 0,707 da tensão de entrada ou a potência de saída é a
metade da potência de entrada.
Figura 19: Circuito RLC em série. A tensão na resistência está em fase com a corrente no circuito.
A tensão no capacitor está atrasada em 90° em relação à corrente no
circuito.
A tensão no indutor está adiantada de 90° em relação à corrente no
circuito.
Entre a tensão do indutor e a do capacitor há uma defasagem de 180°.
do circuito.
Exemplo
A equação de i(t): imax . sen (t +) ⟹ i(t)= 4.sen (t - 6,87º) [A]
Potência aparente: S = umax . imax ⟹ S = 200 ∠30° x 4 ∠-6,87° ⟹ S = 800 ∠(30° - 6,87°) ⟹ S = 800 ∠23,13°
[VA]
Potencia ativa: P = UR . I ⟹ P = 160 ∠-6,87o x 4 ∠-6,87° ⟹ P = 640 ∠(-6,87o - 6,87o) ⟹ P = 640 ∠-13,74o
[W]
3.4.3. Ressonâncias
Em um circuito RLC, seja em série, seja em paralelo, a ressonância ocorre quando o efeito do capacitor é
anulado pelo efeito do indutor. Nesse caso, o circuito se comporta como circuito puramente resistivo. Isso
acontece em dada frequência, que passa a ser denominada frequência de ressonância (fr), determinada por:
𝟏 𝟏
XL = Xc ⇒2𝑳𝑓𝑟 = ⟹ 𝒇𝒓 =
𝟐𝛑𝐂𝑓𝑟 𝟐𝝅√𝑳𝑪
Ressalte-se que esse cálculo é o mesmo para os circuitos RLC em série e paralelo. No caso do circuito
RLC em série, verifca-se a menor impedância do circuito e, portanto, a maior corrente, quando:
Z = R ou Z = R ∟ (Ω)
Sendo:
V = Vmax∠𝟎° [V]
Então:
𝐕𝐦𝐚𝐱
Ir = Imax ∠0o = ∠0o [A]
𝐑
O circuito ressonante de baixa corrente é o desejo das concessionárias de energia, porém raramente ocorre,
sobretudo quando a frequência da rede é constante (f = 50 ou 60 Hz). As concessionárias estabelecem limite
para que não haja abuso em relação à corrente do circuito.
Uma forma de controlar esse excesso é limitando o valor do fator de potência. Hoje esse fator não deve ser
menor do que 0,92.
Na prática, a maioria dos circuitos tem predominância indutiva, devido à grande quantidade de dispositivos
constituídos de indutores, como motores, reatores, transformadores etc. Desse modo, quando o fator de
potência do circuito estiver abaixo do limite estabelecido (0,92), devem-se acrescentar capacitores em paralelo
ao gerador do circuito a fm de eliminar ou reduzir seu efeito. A medida do fator de potência é feita com um
instrumento denominado cosfímetro.
Do mesmo modo que no cálculo de fo (frequência de ressonância), podemos determinar o valor do capacitor
𝐏 (𝐭𝐠 𝛗𝟏 − 𝐭𝐠 𝛗𝟐 )
ou conjunto de capacitores a ser ligado ao circuito. O valor do capacitor é dado por: C = 𝟐 ;
𝛚𝐕𝐞𝐟
Exemplo: Determine o valor do capacitor para corrigir o fator de potência para 0,95 de um circuito com Vef
do gerador igual a 220 V, potência ativa de 2,2 kW, frequência de 60 Hz e fator de potência 0,8.