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“Disto dão alguns a culpa aos reis de Portugal, outros aos povoadores;
aos reis pelo pouco caso que haviam feito deste tão grande estado, que
nem o título quiseram dele, pois intitulando-se senhores de Guiné, por
uma caravelinha que lá vai, e vem, como disse o Rei do Congo, do Brasil
não se quiseram intitular, nem depois da morte de el-rei d. João
Terceiro, que o mandou povoar e soube estimá-lo, houve outro que dele
curasse, senão para colher suas rendas e direitos; e deste mesmo modo
se haviam os povoadores, os quais por mais arraigados, que na terra
estivessem, e mais ricos que fossem, tudo pretendiam levar a Portugal, e
se as fazendas e bens que possuíam soubessem falar também lhes
haveriam de ensinar a dizer como os papagaios, aos quais a primeira
coisa que ensinam é papagaio real para Portugal; porque tudo querem
para lá, e isto não tem só os que de lá vieram, mas ainda os que cá
nasceram, que uns e outros usam da terra, não como senhores, mas
como usufrutuários, só para a desfrutarem, e a deixarem destruída.”
Primeiros Cronistas
Ambrósio Fernandes Brandão
Diálogos das Grandezas do Brasil – 1618
Livro também importante enquanto fonte produzida no
período colonial, mas ainda não é “História” do Brasil;
Apresenta texto em forma de diálogo, algo que passou a ser
muito usado nos séculos XVI e XVII (renascimento);
Também tem tons satíricos e críticos, mas també, muitos
detalhes da economia colonial;
Só foi publicado parcialmente em 1849 e na íntegra em 1900;
é o primeiro cronista a dar grande destaque para a atividade
comercial na colônia, enquanto fator de enriquecimento (em
contraposição à produção de açúcar);
Primeiros Cronistas
Sebastião da Rocha Pita
História da América Portuguesa: desde o ano de 1500 de seu
descobrimento até o de 1724 – (1730)
Era baiano, versado em línguas, mitologia, história,
literatura clássica;
sua escrita, no entanto, é bem diferente da de frei Vicente,
pois Rocha Pita tem visão acadêmica, retórica afetada e
autor de uma prosa cansativa;
Apesar disto, foi um dos primeiros a aborda o tema das
rebeliões coloniais (Mascates, Emboabas), sem se aprofundar
contudo;
Rocha Pita era favorável ao predomínio português, tanto
que o título do livro é “América portuguesa” e não Brasil.
Primeiros Cronistas
André João Antonil (ou João Antônio Andreoni)
Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas – 1711.
Jesuíta da Toscana, veio ao Brasil em 1681, para o engenho
jesuíta, onde morreu em 1716;
Escreveu muito sobre economia, principalmente no que se
refere à produção de açúcar, tabaco, mineração e criação de
gado;
É uma das fontes mais usadas sobre o Brasil colonial, devido
aos detalhes sobre a produção colonial e as técnicas usadas.
Sua obra foi proibida duas semanas após publicada e os
livros foram queimados, restando apenas alguns em posse
dos arquivos reais.
Primeiros Cronistas
No livro, Antonil, alem descrever o processo de extração do
ouro e a localização das minas recém descobertas (1692). fez
também comentários sobre os preços dos produtos locais;
Um ano antes, em 1710, o corsário francês Charles Duclerc
havia atacado e saqueado a cidade do Rio de Janeiro ,
portanto, não convinha expôr a situação da colônia com
tantos detalhes;
Em 1808, foi publicado em edição parcial, somente a parte
relativa à produção do açúcar, já em decadência;
Em 1837, com o Brasil independente, foi então publicado na
íntegra.
Primeiros Cronistas
Cláudio Manoel da Costa
Poeta inconfidente, escreveu Vila Rica, poema épico de 1773,
onde versa sobre a História da região, hoje Ouro Preto;
É obra literária com base histórica.
Morreu na prisão, suicidado ou suicidando-se;
Bernardo Pereira de Berredo
Anais Históricos do Estado do Maranhão, em que se dá notícia de
seu descobrimento, e tudo o mais que nele tem sucedido desde o
ano que foi descoberto até o de 1718 (1749- 710 p.);
É importante por ser texto mais completo sobre o Estado do
Maranhão (AM, MA-PI-CE), cuja administração era
separada do Estado do Brasil.
Primeiros Cronistas
Frei Gaspar da Madre de Deus
Memórias da capitania de São Vicente hoje chamada de
São Paulo do Estado do Brasil – 1797
Promoveu a “visão bandeirante” da ocupação
colonial, através da compilação de várias crônicas
de expedições e estudos genealógicos;
Na época em que foi escrito, já havia terminado há
décadas o bandeirantismo, o ouro já estava em
franca decadência e vários movimentos e levantes
contra a metrópole ocorriam.
O Século da História (XIX)
Luis dos Santos Vilhena
Recopilação de Notícias soteropolitanas e brasílicas em vinte cartas
(1802)
Vilhena, português e professor de grego na Bahia, difere dos
demais cronistas vistos até este período por descrever a vida
urbana de Salvador, na virada do século XVIII ao XIX, só
publicado em 1921;
Nestas cartas, mostra com tons críticos os costumes
cotidianos de vários classes (ricos senhores, militares de várias
patentes, quitandeiras, ganhadeiras e prostitutas);
Atribui os péssimos costumes dos humildes ao mau
exemplo dos poderosos, pois mesmo aqueles que tinham
posses e passaram a viver na pobreza, ainda se
“empavonam ridiculamente” ao saírem às ruas (ostentação
enquanto status);
O Século da História (XIX)
Robert Southey
History of Brazil - escrito entre 1810 e 1819, em três volumes,
talvez não tenha sido o primeiro brazilianista, mas o primeiro
a fazer um trabalho de grande porte e com viés histórico;
Southey, escreve embalado pela novidade da transferência
da corte lusitana ao Brasil, auxiliada pelos próprios ingleses,
inclusive um tio seu que vivia em Portugal e tinha vasta
biblioteca sobre o país e suas colônias;
Admirado com a história da colônia, ‘previu’ que em breve
o Brasil estaria independente, devido às riquezas que aqui
haviam, em contraposição com a 'desgastada metrópole‘;
Foi a principal ‘história geral’ do Brasil no século XIX e
início do XX.