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JURIS EM DIA

REVISÃO DE
JURISPRUDÊNCIA

FGV
Bloco III - Direito Administrativo, Direito
Ambiental, Direito Empresarial, Direito
Tributário e Direito Previdenciário

*Este infoproduto foi criado e desenvolvido por


Mariana David Ferreira Machado
JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Olá, querido(a) aluno(a)!

Sou a Mariana Machado, advogada e responsável pelo projeto @jurisemdia, e elaborei esse material
especialmente para você que fará os concursos para Juiz de Direito Substituto do Tribunal de Justiça
do Estado do Paraná e do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, ambos da banca FGV (Fundação
Getúlio Vargas), cujas provas serão realizadas, respectivamente, nos dias 03/12/2023 e 17/12/2023.

Nas páginas a seguir, você vai encontrar uma seleção com julgados importantes referentes às
disciplinas do Bloco III dos mencionados concursos, são elas: a) Direito Administrativo; b) Direito
Ambiental; c) Direito Empresarial; d) Direito Tributário; e e) Direito Previdenciário (disciplina do
concurso do TJ/PR).

Vou te lembrar que este é o terceiro e-book de três, cada qual referente a um bloco da sua prova. O
próximo – e último – e-book será disponibilizado no dia 06/11/2023 e contará com julgados
relevantes deste ano de 2023, englobando TODAS as disciplinas.

Se tiver alguma dúvida, entre em contato pelo nosso perfil do Instagram (@jurisemdia) ou pelo e-
mail: jurisemdia@gmail.com

Vá fundo em sua preparação e bons estudos!

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
ATENÇÃO! NÃO DEIXE DE LER:

• Você vai receber um material separado com os julgados em destaque do ano de 2023.

• Neste material você encontrará, além de julgados importantes, um destaque para os temas
que vêm sendo cobrados pela banca FGV. Fique de olho nessas sinalizações, pois as bancas
tendem a ser repetitivas na elaboração de suas questões – você perceberá, por exemplo, que
há julgados que foram cobrados recentemente nas provas para o TJ/MS e para o TJ/ES, ambas
aplicadas neste ano de 2023.

• Além dos materiais de revisão, será liberado para você um Cronograma de Leitura, para te
guiar e auxiliar na conclusão da sua revisão antes da data da primeira prova (TJ/PR –
03/12/2023).

• Atenção, agora, ao cronograma de liberação dos materiais incluídos nesta revisão:

DATA DE LIBERAÇÃO MATERIAL


07/09/2023 Material de Jurisprudência – Bloco I
14/09/2023 Rodada 1 – Questões de fixação – Bloco I
21/09/2023 Rodada 2 – Questões de fixação – Bloco I
25/09/2023 Material de Jurisprudência – Bloco II
02/10/2023 Rodada 3 – Questões de fixação – Bloco II
09/10/2023 Rodada 4 – Questões de fixação – Bloco II
16/10/2023 Material de Jurisprudência – Bloco III
23/10/2023 Rodada 5 – Questões de fixação – Bloco III
30/10/2023 Rodada 6 – Questões de fixação – Bloco III
06/11/2023 Material de Jurisprudência 2023
13/11/2023 Rodada 7 – Questões de fixação – todas as disciplinas
20/11/2023 Rodada 8 – Questões de fixação – todas as disciplinas
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Jurisprudência Bloco III
Sumário

DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................ 4

DIREITO AMBIENTAL ............................................................................................................... 46

DIREITO EMPRESARIAL ............................................................................................................ 61

DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................................... 86

DIREITO PREVIDENCIÁRIO ..................................................................................................... 118

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Jurisprudência Bloco III
DIREITO ADMINISTRATIVO

O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo personalidade jurídica própria, detém legitimidade autônoma
para ajuizar mandado de segurança contra ato do Governados do Estado em defesa de sua autonomia
institucional.

No caso concreto foi impetrado MS contra ato do Governador que atrasava o repasse de duodécimos devidos
ao Poder Judiciário, tendo a 1ª Turma do STF entendido pela possibilidade de impetração do MS nessa hipótese.

STF, 1ª Turma, MS 34.483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/11/2016 – Informativo 848

O prazo decadencial do art. 54 da Lei n. 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente
a Constituição Federal.

Não existe direito adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a vacância do cargo ocorre na
vigência da CF/88, que exige a submissão a concurso público (art. 236, § 3º). O prazo decadencial do art. 54
da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. O art.
236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição da Lei 8.935/1994
ela já tinha plena eficácia e o concurso público era obrigatório como condição para o ingresso na atividade
notarial e de registro.

STF, Plenário, MS 26.860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 02/04/2014 – Informativo 741

IMPORTANTE!

O candidato que toma posse em concurso público por força de decisão judicial precária assume o risco de
posterior reforma desse julgado que, em razão do efeito “ex tunc”, inviabiliza a aplicação da teoria do fato
consumado em tais hipóteses.

A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório não implica a
manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a exigência de prévia aprovação em concurso
público (CF, art. 37, II), valor constitucional que prepondera sobre o interesse individual do candidato, que não
pode invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança legítima, pois conhece a precariedade da
medida judicial.

Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram o cargo público por força
de decisão judicial provisória posteriormente revista.

STF, Plenário, RE 608.482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 07/08/2014 (repercussão geral) – Informativo 753
STF, 1ª Turma, RMS 31.538/DF, Rel. Min. Luiz Fux, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio, j. 17/11/2015 – Info. 808
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#FGVAMA
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Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJMG (2022).

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Jurisprudência Bloco III
Não cabe indenização a servidor empossado por decisão judicial sob o argumento de que houve demora na
nomeação. Em outras palavras, a nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial não gera
direito à indenização.

Excepcionalmente, será devida indenização se ficar demonstrado, no caso concreto, que o servidor não foi
nomeado logo por conta de uma situação de arbitrariedade flagrante.

STF, Plenário, RE 724.347/DF (repercussão geral), Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Roberto Barroso, j.
26/02/2015 – Informativo 775

Sobre o tema: A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à
qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam
se houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação.
STF, Plenário, RE 629.392/MT (repercussão geral), Rel. Min. Marco Aurélio, j. 08/06/2017 – Informativo 868

É possível o cumprimento imediato da penalidade imposta ao servidor logo após o julgamento do PAD e antes
do julgamento do recurso administrativo cabível. Não há qualquer ilegalidade na imediata execução de
penalidade administrativa imposta em PAD a servidor público, ainda que a decisão não tenha transitado em
julgado administrativamente.

STJ, 1ª Seção, MS 19.488/DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 25/03/2015 – Informativo 559

As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não configuram prova
ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da Administração Pública e da própria
coletividade, especialmente quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, expressa menção
da sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre
monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou
instruir procedimento administrativo.

STJ, 2ª Turma, RMS 48.665/SP, Rel. Min. Og Fernandes, j. 15/09/2015 – Informativo 576

A instauração de processo disciplinar contra servidor efetivo cedido deve ocorrer, preferencialmente, no
órgão em que tenha sido praticada a suposta irregularidade. Por outro lado, o julgamento e a eventual
aplicação de sanção só podem ocorrer no órgão ao qual o servidor efetivo estiver vinculado.

STJ, Corte Especial, MS 21.991/DF, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, j.
16/11/2016 – Informativo 598
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Mesmo em matéria penal, a jurisprudência do STF e do STJ é no sentido de que não é necessária a degravação
integral das escutas, sendo bastante que dos autos constem excertos suficientes a embasar o oferecimento
da denúncia.

O servidor processado, que também é réu no processo criminal, tem acesso à integralidade das interceptações
e, se entender necessário, pode juntar no processo administrativo os eventuais trechos que considera
pertinentes ao deslinde da controvérsia.

O acusado em processo administrativo disciplinar não possui direito subjetivo ao deferimento de todas as
provas requeridas nos autos, ainda mais quando consideradas impertinentes ou meramente protelatórias pela
comissão processante (art. 156, §1º, Lei nº 8.112/90).

STF, 1ª Turma, RMS 28.774/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Roberto Barroso, j. 09/08/2016 –
Informativo 834

Em ação ordinária na qual se discute a eliminação de candidato em concurso público – em razão da


subjetividade dos critérios de avaliação de exame psicotécnico previstos no edital – a legitimidade passiva será
da entidade responsável pela elaboração do certame (e não da instituição contratada).

STJ, 1ª Turma, REsp 1.425.594/ES, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 07/03/2017 – Informativo 600

Não se pode cassar a aposentadoria do servidor que ingressou no serviço público por força de provimento
judicial precário e se aposentou durante o processo, antes da decisão ser reformada.

STF, 1ª Turma, RE 740.029 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 14/08/2018 – Informativo 911

#JURISEXPLICA
Em regra, não produzem fato consumado a posse e o exercício em cargo público decorrentes de
decisão judicial tomada à base de cognição não-exauriente. Em outras, não se aplica a teoria do fato
consumado para candidatos que assumiram o cargo público por força de decisão judicial provisória
posteriormente revista (RE 608.482/RN, Tema 476 RG).
É diferente, contudo, quando a pessoa permanece vários anos no cargo e consegue a concessão da
aposentadoria. Neste caso, em razão do elevado grau de estabilidade da situação jurídica, o princípio da
proteção da confiança legítima incide com maior intensidade – trata-se, pois, de excepcionalidade que
autoriza o distinguish quanto ao Tema 476 de RG.
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Jurisprudência Bloco III
GREVE DE SERVIDORES:

A Administração Pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do
direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É
permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que
a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público.
➢ STF, Plenário, RE 693.456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 27/10/2016 (repercussão geral) – Informativo 845

Não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a remuneração do servidor público
dos dias parados e não compensados provenientes do exercício do direito de greve – pode o desconto ser
feito, pois, de forma parcelada.
➢ STJ, 2ª Turma, RMS 49.339/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 06/10/2016 – Informativo 592

O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os
servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública.
➢ STF, Plenário, ARE 654.432/GO, Rel. Min. Edson Fachin, Rel. Acd. Min. Alexandre de Moraes, j. 05/04/2017
(repercussão geral) – Informativo 860

A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos
celetistas da Administração Pública direta, autarquias e fundações públicas.
➢ STF, Plenário, RE 846.854/SP, Rel. Min. Luiz Fux, Rel. Acd. Min. Alexandre de Moraes, j. 01/08/2017
(repercussão geral) – Informativo 871

ACUMULAÇÃO DE CARGOS:

A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se
sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na
Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de horários no
exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela administração pública.
➢ STF, 1ª Turma, RE 1.094.802 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 11/05/2018.
➢ STJ, 2ª Turma, REsp 1.746.784/PE, Rel. Min. Og Fernandes, j. 23/08/2018.

#FGVAMA Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJMS

Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do


art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada
a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público.
➢ STF, Plenário, RE 612.975/MT e RE 602.043/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 27/04/2017 (repercussão geral)
– Info. 862

Ocorrida a morte do instituidor da pensão em momento posterior ao da Emenda Constitucional 19/1998, o


teto constitucional previsto no inciso XI do art. 37 da Constituição Federal incide sobre o somatório de
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remuneração ou provento e pensão percebida por servidor.


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➢ STF, Plenário, RE 602.584/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 06/08/2020 (Tema 359 RG) – Info. 985

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Jurisprudência Bloco III

O prazo prescricional previsto na lei penal se aplica às infrações disciplinares também capituladas como crime
independentemente da apuração criminal da conduta do servidor.

Para se aplicar a regra do § 2º do art. 142 da Lei n. 8.112/1990 não se exige que o fato esteja sendo apurado
na esfera penal (não se exige que tenha havido oferecimento de denúncia ou instauração de inquérito policial).
Se a infração disciplinar praticada for, em tese, também crime, deve ser aplicado o prazo prescricional previsto
na legislação penal independentemente de qualquer outra exigência.

STJ, 1ª Seção, MS 20.857/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, j. 22/05/2019
– Informativo 651

A exclusão do candidato, que concorre à vaga reservada em concurso público, pelo critério da
heteroidentificação, seja pela constatação de fraude, seja pela aferição do fenótipo ou por qualquer outro
fundamento, exige o franqueamento do contraditório e da ampla defesa.

STJ, 2ª Turma, RMS 62.040/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 17/12/2019 – Informativo 666

Nos casos de preterição de candidato na nomeação em concurso público, o termo inicial do prazo prescricional
quinquenal recai na data em que foi nomeado outro servidor no lugar do aprovado no certame.

STJ, 2ª Turma, AgInt no REsp 1.643.048/GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 05/03/2020 – Informativo 668

Importante!

Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal, é possível à Administração Pública, inclusive durante o
estágio probatório, estabelecer critérios alternativos para o regular exercício dos deveres funcionais inerentes
aos cargos públicos, em face de servidores que invocam escusa de consciência por motivos de crença religiosa,
desde que presentes a razoabilidade da alteração, não se caracterize o desvirtuamento do exercício de suas
funções e não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira
fundamentada.

STF, Plenário, RE 611.874/DF (RG Tema 386), Rel. Min. Dias Toffoli, Rel. Acd. Min. Edson Fachin, j. 26/11/2020
– Informativo 1000
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Jurisprudência Bloco III
MUITO IMPORTANTE!

É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da Administração Pública indireta, de capital social majoritariamente público que prestem
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial.

STF, Plenário, RE 633.782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, j. 23/10/2020 (Tema 532) – Informativo 996/2020

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJAP (2022).

#JURISEXPLICA
O fato de a pessoa jurídica integrante da Administração Pública indireta destinatária da delegação da
atividade de polícia administrativa ser constituída sob a roupagem de regime privado não a impede de exercer
a função pública de polícia administrativa.
O regime jurídico híbrido das estatais prestadoras de serviço público em regime de monopólio é
plenamente compatível com a delegação, nos mesmos termos em que se admite a constitucionalidade do
exercício delegado de atividade de polícia por entidades de regime jurídico de direito público. Isso porque a
incidência de normas de direito público em relação àquelas entidades da Administração indireta tem o condão
de as aproximar do regime de direito público, do regime fazendário e acabar por desempenhar atividade
própria do Estado.
O STJ, ao desdobrar o ciclo de polícia, entende que somente os atos relativos ao consentimento e à
fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do
Poder Público. Segundo a teoria do ciclo de polícia, o atributo da coercibilidade é identificado na fase de
sanção de polícia e caracteriza-se pela aptidão que o ato de polícia possui de criar unilateralmente uma
obrigação a ser adimplida pelo seu destinatário.
Apesar da substancialidade da tese, verifica-se que, em relação às estatais prestadoras de serviço
público de atuação própria do Estado e em regime de monopólio, não há razão para o afastamento do atributo
da coercibilidade inerente ao exercício do poder de polícia, sob pena de esvaziamento da finalidade para a
qual aquelas entidades foram criadas.
Por outro lado, cumpre ressaltar a única fase do ciclo de polícia que, por sua natureza, é
absolutamente indelegável: a ordem de polícia, ou seja, a função legislativa. A competência legislativa é
absolutamente restrita aos entes públicos previstos na Constituição, sendo vedada sua delegação, fora das
hipóteses expressamente autorizadas no texto constitucional, a pessoas jurídicas de direito privado.
Em suma, os atos de consentimento, de fiscalização e de aplicação de sanções podem ser delegados
a estatais que possam ter um regime jurídico próximo daquele aplicável à Fazenda Pública.

Importante!

Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da honra
ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente agredida e o dano reflexo sobre os demais
jurisdicionados em geral for evidente.
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STJ, 2ª Turma, REsp 1.722.423/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 24/11/2020 – Informativo 684

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Jurisprudência Bloco III

A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita ao regime público ou privado depende do
estatuto de sua criação ou autorização e das atividades por ela prestadas.

As atividades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação, quando definidas como objetos de dada
fundação, ainda que essa seja instituída ou mantida pelo poder público, podem de submeter ao regime
jurídico de direito privado.

Portanto, a fundação instituída pelo Estado pode estar sujeita ao regime público ou privado, a depender do
seu estatuto e das atividades por ela prestadas.

STF, Plenário, RE 716.378/SP (repercussão geral), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 07/08/2019 – Informativo 946

O Estado responde subsidiariamente por danos materiais causados a candidatos em concurso público
organizado por pessoa jurídica de direito privado (art. 37, § 6º, da CRFB/88), quando os exames são cancelados
por indícios de fraude.

STF, Plenário, RE 662.405 (RG Tema 512), Rel. Luiz Fux, j. 29/06/2020 – Informativo 986

Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de
concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou a
ação penal.

STF, Plenário, RE 560900/DF (RG Tema 22), Rel. Min. Roberto Barroso, j. 06/02/2020 – Informativo 965

As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção de custas processuais.

Para as fundações públicas receberem tratamento semelhante ao conferido aos entes da Administração Direta
é necessário que tenham natureza jurídica de direito público, que se adquire no momento de sua criação e
decorre da própria lei.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.409.199/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 10/03/2020 – Informativo 676

A serventia judicial tem o dever de elaborar e fornecer à Defensoria Pública, na proteção das pessoas com
deficiência, relatórios dos processos em que há medida de segurança sendo aplicada.

STJ, 2ª Turma, RMS 48.922/SP, Rel. Min. Og Fernandes, j. 19/10/2021 – Informativo 714/2021

É constitucional dispositivo legal que veda a indicação de pessoa que exerça cargo em organização sindical ou
que seja membro de conselho ou diretoria de associação patronal ou trabalhista para a alta direção das
agências reguladoras.
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STF, Plenário, ADI 6276/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 17/09/2021 – Informativo 1030/2021

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Jurisprudência Bloco III
No tocante ao valor da reparação mensal devida aos anistiados políticos, a fixação do quantum indenizatório,
por pesquisa de mercado, deve ser supletiva, utilizada apenas quando não há, por outros meios, como se
estipular o valor da prestação mensal, permanente e continuada.

STJ, 1ª Seção, MS 24.508/DF, rel. Min. Assussete Magalhães, j. 12/05/2021 – Informativo 696/2021

Importante!

Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos
ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma
ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.

STF, Plenário, RE 636.553/RS (RG Tema 445), Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 19/2/2020 – Informativo 967/2020

No mesmo sentido, o STJ:


Os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.

STJ, REsp 1.506.932/PR, 2ª Turma, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 02/03/2021 – Informativo 687/2021

É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo decadencial de 10 (dez) anos para anulação de atos
administrativos reputados inválidos pela Administração Pública estadual

STF, Plenário, ADI 6019/SP, rel. min. Marco Aurélio, rel. p/ acd. Min. Roberto Barroso, j. 12/04/2021 –
Informativo 1012/2021

Impedir que candidato em concurso público que já é integrante dos quadros da Administração prossiga no
certame público para ingresso nas fileiras da Polícia Militar na fase de sindicância de vida pregressa, fundada
em relato do próprio candidato no formulário de ingresso na corporação de que foi usuário de drogas há sete
anos, acaba por aplicá-lo uma sanção de caráter perpétuo, dado o grande lastro temporal entre o fato tido
como desabonador e o momento da investigação social.

STJ, 2ª Turma, AREsp 1.806.617/DF. Rel. Min. Og Fernandes, j. 01/06/2021 – Informativo 699/2021

É inconstitucional a interpretação que exclui o direito de candidatos com deficiência à adaptação razoável em
provas físicas de concursos públicos. É inconstitucional a submissão genérica de candidatos com e sem
deficiência aos mesmos critérios em provas físicas, sem a demonstração da sua necessidade para o exercício
da função pública.

STF, Plenário, ADI 6476/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 03/09/2021 – Informativo 1027/2021
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Jurisprudência Bloco III
O candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital, exige título de Ensino
Médio profissionalizante ou completo com curso técnico em área específica, caso não seja portador desse
título, mas detenha diploma de nível superior na mesma área profissional.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.888.049/CE, Rel. Min. Og Fernandes, j. 22/09/2021 (Tema 1094) – Informativo 710/2021

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJMS.

Para a recusa à nomeação de aprovados dentro do número de vagas em concurso público devem ficar
comprovadas as situações excepcionais elencadas pelo Supremo Tribunal Federal no RE 598.099/MS, não
sendo suficiente a alegação de estado das coisas – pandemia, crise econômica, limite prudencial atingido para
despesas com pessoal –, tampouco o alerta da Corte de Contas acerca do chamado limite prudencial.

STJ, 1ª Turma, RMS 66.316/SP, Rel. Min. Manoel Erhardt (convocado TRF-5), j. 19/10/2021 – Informativo
715/2021

Comentários:
O STF, quando do julgamento do RE 598.099/MS, mencionado no julgado acima citado, decidiu o
seguinte: Quando se afirma que a Administração Pública tem a obrigação de nomear os aprovados dentro do
número de vagas previsto no edital, deve-se levar em consideração a possibilidade de situações
excepcionalíssimas que justifiquem soluções diferenciadas, devidamente motivadas de acordo com o
interesse público. Não se pode ignorar que determinadas situações excepcionais podem exigir a recusa da
Administração Pública de nomear novos servidores. Para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do
dever de nomeação por parte da Administração Pública, é necessário que a situação justificadora seja dotada
das seguintes características: a) Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional
devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do certame público; b) Imprevisibilidade: a
situação deve ser determinada por circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do
edital; c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves,
implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras
do edital; d) Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve
ser extremamente necessária, de forma que a Administração somente pode adotar tal medida quando
absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional e
imprevisível. De toda forma, a recusa de nomear candidato aprovado dentro do número de vagas deve ser
devidamente motivada e, dessa forma, passível de controle pelo Poder Judiciário (STF, Plenário, RE 598.099,
Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 10/08/2011).

A contratação temporária de terceiros para o desempenho de funções do cargo de enfermeiro, em


decorrência da pandemia causada pelo vírus Sars-CoV-2, e determinada por decisão judicial, não configura
preterição ilegal e arbitrária nem enseja direito a provimento em cargo público em favor de candidato
aprovado em cadastro de reserva.
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STJ, 2ª Turma, RMS 65.757/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 04/05/2021 – Informativo 695/2021
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Jurisprudência Bloco III
A norma de edital que impede a participação de candidato em processo seletivo simplificado em razão de
anterior rescisão de contrato por conveniência administrativa fere o princípio da razoabilidade.

STJ, 2ª Turma, RMS 67.040/ES, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 23/11/2021 – Informativo 719/2021

Muito importante!

Tese repetitiva revisada: A tese firmada no Tema Repetitivo n. 126/STJ passa a ter o seguinte teor: "O índice
de juros compensatórios na desapropriação direta ou indireta é de 12% até 11/06/1997, data anterior à
vigência da MP 1577/97.".

Súmula cancelada: A Súmula 408/STJ, com igual redação da tese 126/STJ original, resta cancelada.

STJ, 1ª Seção, Pet. 12.344/DF (Tema 126), Rel. Min. Og Fernandes, j. 28/10/2020, DJe 13/11/2020 –
Informativo 684/2021

I) Tese revisada no Tema Repetitivo n. 280/STJ: "Até 26/9/1999, data anterior à edição da MP n. 1901-30/1999,
são devidos juros compensatórios nas desapropriações de imóveis improdutivos".

II)Tese revisada no Tema Repetitivo n. 281/STJ: "Mesmo antes da MP n. 1901-30/1999, são indevidos juros
compensatórios quando a propriedade se mostrar impassível de qualquer espécie de exploração econômica
atual ou futura, em decorrência de limitações legais ou fáticas".

III) Tese revisada no Tema Repetitivo n. 282/STJ: "i) A partir de 27/9/1999, data de edição da MP n. 1901-
30/1999, exige-se a prova pelo expropriado da efetiva perda de renda para incidência de juros compensatórios
(art. 15-A, § 1º, do Decreto-Lei n. 3365/1941); e ii) Desde 5/5/2000, data de edição da MP 2027-38/2000,
veda-se a incidência dos juros compensatórios em imóveis com índice de produtividade zero (art. 15-A, § 2º,
do Decreto-Lei n. 3365/1941)".

IV) Cancelamento do Tema Repetitivo n. 283/STJ.

STJ, 1ª Seção, Pet. 12.344/DF (Temas 280, 281, 282 e 283), Rel. Min. Og Fernandes, j. 28/10/2020, DJe
13/11/2020 – Informativo 684/2021

Nova tese repetitiva afirmada: Os juros compensatórios observam o percentual vigente no momento de sua
incidência.

STJ, 1ª Seção, Pet. 12.344/DF (Tema 1072), Rel. Min. Og Fernandes, j. 28/10/2020, DJe 13/11/2020 –
Informativo 684/2021
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Jurisprudência Bloco III
Nova tese repetitiva afirmada: As Súmulas n. 12, 70 e 102 (As Súmulas 12/STJ: "Em desapropriação, são
cumuláveis juros compensatórios e moratórios", 70/STJ: "Os juros moratórios, na desapropriação direta ou
indireta, contam-se desde o trânsito em julgado da sentença" e 102/STJ: "A incidência dos juros moratórios
sobre compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei") somente se
aplicam às situações ocorridas até 12/01/2000, data anterior à vigência da MP 1.997-34.

STJ, 1ª Seção, Pet. 12.344/DF (Tema 1073), Rel. Min. Og Fernandes, j. 28/10/2020, DJe 13/11/2020 –
Informativo 684/2021

Nova tese repetitiva afirmada: A discussão acerca da eficácia e efeitos da medida cautelar ou do julgamento
de mérito da ADI 2332 não comporta revisão em recurso especial.

Descabe recurso especial para discussão acerca dos efeitos do julgado do Supremo. Veda-se, assim, qualquer
tentativa de provocar transversalmente o STJ a abordar o teor ou efeitos da matéria constitucional apreciada
pela Corte competente, bem como os limites de seu julgado.

STJ, 1ª Seção, Pet. 12.344/DF (Tema 1071), Rel. Min. Og Fernandes, j. 28/10/2020, DJe 13/11/2020 –
Informativo 684/2021

A justiça comum é competente para processar e julgar ação em que se discute a reintegração de empregados
públicos dispensados em face da concessão de aposentadoria espontânea. A concessão de aposentadoria,
com utilização do tempo de contribuição, leva ao rompimento do vínculo trabalhista nos termos do art. 37, §
14 da CF/88. Entretanto, é possível a manutenção do vínculo trabalhista, com a acumulação dos proventos
com o salário, se a aposentadoria se deu pelo RGPS antes da promulgação da EC 103/2019.

STF, Plenário, RE 655.283/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. p/ acd. Min. Dias Toffoli, j. 16/06/2021 –
Informativo 1022/2021

Os recursos públicos vinculados ao orçamento de estatais prestadoras de serviço público essencial, em regime
não concorrencial e sem intuito lucrativo primário não podem ser bloqueados ou sequestrados por decisão
judicial para pagamento de verbas trabalhistas, em virtude do disposto no art. 100 da CF/88, e dos princípios
da legalidade orçamentária (CF/88, art. 167, VI), da separação dos poderes (CF/88, art. 2º, 60, § 4º, III) e da
eficiência da administração pública (CF/88, art. 37, caput).

STF, Plenário, ADPF 588/PB, rel. min. Roberto Barroso, j. 26/04/2021 – Informativo 1014/2021

IMPORTANTE!

É dispensável autorização legislativa expressa para a criação de subsidiárias quando houver autorização
legislativa da criação de empresa pública ou sociedade de economia mista e nesta constar permissão genérica
da possibilidade de criação de subsidiária. Com base no paralelismo das formas, como não é exigida lei
14

específica para criar a subsidiária, também não é necessária lei específica para alienar o seu controle acionário.
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STF, Plenário, ADPF 794/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 21/05/2021 – Informativo 1018/2021

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Jurisprudência Bloco III

É inconstitucional o bloqueio ou sequestro de verba pública, por decisões judiciais, de empresa estatal
prestadora de serviço público em regime não concorrencial e sem intuito lucrativo primário.

Tese fixada: Os recursos públicos vinculados ao orçamento de estatais prestadoras de serviço público
essencial, em regime não concorrencial e sem intuito lucrativo primário não podem ser bloqueados ou
sequestrados por decisão judicial para pagamento de suas dívidas, em virtude do disposto no art. 100 da
CF/88, e dos princípios da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF), da separação dos poderes (arts. 2º, 60,
§ 4º, III, da CF) e da eficiência da administração pública (art. 37, caput, da CF).

STF, Plenário, ADPF 616/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 21/05/2021 – Informativo 1018/2021
STF, Plenário, ADPF 789/MA, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 20/08/2021 – Informativo 1026/2021

O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da ANVISA.

STJ, 1ª Seção, PUIL 2.101/MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 10/11/2021 – Informativo 717/2021

Comentários:
Quanto ao tema em questão, veja o que dispõe a Lei n. 8.080/1990:

Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS:

I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medicamento, produto e


procedimento clínico ou cirúrgico experimental, ou de uso não autorizado pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA;

II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medicamento


e produto, nacional ou importado, sem registro na Anvisa.

Com efeito, a 1ª Seção do STJ, no julgamento dos EDcl no REsp 1.657.156/RJ, submetido ao rito dos
recursos representativos de controvérsia repetitiva, ao interpretar o mencionado dispositivo legal, firmou a
compreensão no sentido de que o requisito do registro na ANVISA afasta a possibilidade de fornecimento de
medicamento para uso off label, salvo se assim autorizado pela referida agência reguladora.
Nessa toada, naquela oportunidade foi fixada a seguinte tese: A concessão dos medicamentos não
incorporados em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos seguintes requisitos: i)
comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste
o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o
tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; ii) incapacidade financeira de arcar com o custo
do medicamento prescrito; iii) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos
autorizados pela agência.
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Jurisprudência Bloco III
É possível o acordo de não persecução cível no âmbito da ação de improbidade administrativa em fase
recursal.

STJ, 1ª Turma, AREsp 1.314.581/SP, rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 23/02/2021 – Informativo 686/2021

Aplica-se à ação de improbidade administrativa o previsto no art. 19, § 1º, da Lei da Ação Popular, segundo o
qual das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.925.492/RJ, rel. min. Herman Benjamin, j. 04/05/2021 – Informativo 695/2021

São cabíveis medidas executivas atípicas de cunho não patrimonial no cumprimento de sentença proferida em
ação de improbidade administrativa.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.929.230/MT, rel. min. Herman Benjamin, j. 04/05/2021 – Informativo 695/2021

Comentários:
Conforme tem preconizado a jurisprudência do STJ: “A adoção de meios executivos atípicos é cabível
desde que, verificando-se a existência de indícios de que o devedor possua patrimônio expropriável, tais
medidas sejam adotadas de modo subsidiário, por meio de decisão que contenha fundamentação adequada
às especificidades da hipótese concreta, com observância do contraditório substancial e do postulado da
proporcionalidade” (3ª Turma, REsp 1.788.950/MT, DJe 26/04/2019).

É possível a inclusão do valor de eventual multa civil na medida de indisponibilidade de bens decretada em
ação de improbidade administrativa, inclusive nas demandas ajuizadas com esteio na prática de conduta
prevista no art. 11 da Lei n. 8.429/92, tipificador da ofensa aos princípios nucleares administrativos.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.862.792/PR, Rel. Min. Manoel Erhardt (convocado TRF-5), j. 25/08/2021 (Tema 1055) –
Informativo 706/2021

Na ação civil pública por ato de improbidade administrativa é possível o prosseguimento da demanda para
pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ainda que sejam declaradas prescritas as demais sanções previstas
no art. 12 da Lei n. 8.429/1992

STJ, 1ª Seção, REsp 1.899.455/AC, Rel. Min. Assussete Magalhães, j. 22/09/2021 (Tema 1089) – Informativo
710/2021

A decisão de recebimento da petição inicial da ação de improbidade não pode limitar-se ao fundamento de in
dubio pro societate.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.570.000/RN, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. p/ Acd. Min. Gurgel de Faria, j. 28/09/2021 –
Informativo 711/2021
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Jurisprudência Bloco III
É viável o prosseguimento de ação de improbidade administrativa exclusivamente contra particular quando
há pretensão de responsabilizar agentes públicos pelos mesmos fatos em outra demanda conexa.

STJ, 1ª Turma, AREsp 1.402.806/TO, Rel. Min. Manoel Erhardt (convocado TRF-5), j. 19/10/2021 – Informativo
714/2021

O regime de licitação e contratação previsto na Lei n. 8.666/93 é inaplicável às sociedades de economia mista
que explorem atividade econômica própria das empresas privadas, concorrendo, portanto, no mercado.

STF, Plenário, RE 441.280, rel. min. Dias Toffoli, j. 06/03/2021 – Informativo 1008/2021

A transferência de propriedade de veículo automotor usado implica, obrigatoriamente, a expedição de novo


Certificado de Registro de Veículo - CRV, ainda quando a aquisição ocorra para fins de posterior revenda.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.429.799/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 02/03/2021 – Informativo 687/2021

Em se tratando de multa aplicada às pessoas jurídicas proprietárias de veículo, fundamentada na ausência de


indicação do condutor infrator, é obrigatório observar a dupla notificação: a primeira que se refere à autuação
da infração e a segunda sobre a aplicação da penalidade, conforme estabelecido nos arts. 280, 281 e 282 do
Código de Trânsito Brasileiro.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.925.456/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 21/10/2021 (Tema 1097) – Informativo
715/2021

A instituição de subtetos remuneratórios com previsão de limites distintos para as entidades políticas, bem
como para os Poderes, no âmbito dos estados e do Distrito Federal não ofende o princípio da isonomia.

STF, Plenário, ADI 3855/DF e 3872/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 26/11/2021 – Informativo 1039/2021

O exercício da advocacia, mesmo em causa própria, é incompatível com as atividades desempenhadas por
servidor ocupante de cargo público de agente de trânsito, nos termos do art. 28, V, da Lei n. 8.906/1994.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.815.461/AL (Tema 1028), Rel. Min. Assussete Magalhães, j. 10/02/2021 – Informativo
685/2021
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Jurisprudência Bloco III
Está em desconformidade com a Constituição Federal a delegação a cada Poder para definir, por norma
interna, as hipóteses pelas quais a divulgação de ato, programa, obra ou serviço públicos não constituirá
promoção pessoal.

STF, Plenário, ADI 6522/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 14/05/2021 – Informativo 1017/2021

Comentários:
O agente público não pode se valer do cargo que exerce ou dos recursos públicos que gere para a
autopromoção política, sob pena de incorrer em desvio de finalidade e contrariar os princípios da
impessoalidade e da probidade. Dispõe o § 1º do art. 37 da CF/88: “A publicidade dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades
ou servidores públicos”. Referida norma não admite qualquer flexibilização por norma infraconstitucional ou
regulamentar. Assim, o § 5º do art. 22 da Lei Orgânica do DF – que atribui a cada Poder a edição dos critérios
pelos quais a divulgação de ato, programa, obra ou serviço públicos não será considerada promoção pessoal
– abriu espaço indevido de regulamentação, não previsto na CF/88, tornando deficiente a proteção contra
eventuais desvios de finalidade, motivo pelo qual foi declarado inconstitucional pelo Plenário do STF.

Em processo administrativo, a notificação por edital reserva-se exclusivamente para as hipóteses de: a)
interessado indeterminado; b) interessado desconhecido; ou, c) interessado com domicílio indefinido.

STJ, 1ª Seção, MS 27.227/DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 27/01/2021 – Informativo 716/2021

Comentários:
A validade do processo administrativo é constitucionalmente vinculada à rigorosa observação do
princípio da ampla defesa “com os meios e recursos a ela inerentes” (CF, art. 5º, LV). Ao disciplinar, no âmbito
do processo administrativo, a incidência do princípio da ampla defesa e “dos meios e recursos a ela inerentes”,
o legislador ordinário positivou parâmetros mais precisos, cuidadosamente descritos no art. 2º, parágrafo
único, da Lei do Processo Administrativo Federal (Lei n. 9.784/99), os quais não foram fixados para
conveniência, ou comodidade, da Administração. Antes, privilegiaram a garantia dos direitos dos
administrados, razão pela qual a notificação que não chega ao conhecimento do cidadão intimado não
cumpre, em linha de princípio, a sua função constitucionalmente prevista. Assim, a intimação por via postal
só pode ser tida como meio idôneo se alcançar o fim a que se destina: dar, ao interessado, inequívoca ciência
da decisão ou da efetivação de diligências (Lei n. 9.784/99, art. 26).
Seguindo esse raciocínio, a 1ª Seção do STJ fixou entendimento no sentido de que, nas hipóteses em
que a tentativa de entrega da notificação pelos Correios é frustrada, cabe à Administração buscar outro meio
idôneo para provar, nos autos, “a certeza da ciência do interessado” (§ 3º do art. 26), reservando-se a
publicação oficial, nos termos da lei, tão somente às hipóteses de: a) interessado indeterminado; b)
interessado desconhecido; ou, c) interessado com domicílio indefinido.
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Jurisprudência Bloco III
IMPORTANTE!

É objetiva a responsabilidade civil do Estado em relação a profissional da imprensa ferido por agentes policiais
durante cobertura jornalística, em manifestações em que haja tumulto ou conflitos entre policiais e
manifestantes. Cabe a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva da vítima, nas hipóteses em que o
profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas, em que
haja grave risco à sua integridade física.

STF, Plenário, RE 1.209.429/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. p/ acd. Min. Alexandre de Moraes, j. 10/06/2021
– Informativo 1021/2021

Comentários:
O art. 37, § 6º, da CF/88, prevê a responsabilidade civil objetiva do Estado quando presentes e
configurados a ocorrência do dano, o nexo causal entre o evento danoso e a ação ou omissão do agente
público, a oficialidade da conduta lesiva e a inexistência de causa excludente da responsabilidade civil (força
maior, caso fortuito ou comprovada culpa exclusiva da vítima). Não é adequado, no entanto, atribuir a
profissional da imprensa culpa exclusiva pelo dano sofrido, por conduta de agente público, somente por
permanecer realizando cobertura jornalística no local da manifestação popular no momento em que ocorre
um tumulto, sob pena de ofensa ao livre exercício da liberdade de imprensa.

É inadmissível a previsão de “controle de qualidade” – a cargo do Poder Executivo – de serviços públicos


prestados por órgãos do Poder Judiciário.

STF, Plenário, ADI 1905/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 16/08/2021 – Informativo 1025/2021

É inconstitucional o aproveitamento de servidor, aprovado em concurso público a exigir a formação de nível


médio, em cargo que pressuponha escolaridade superior.

STF, Plenário, RE 740.008, rel. Min. Marco Aurélio, j. 19/12/2020 (Tema 697 – repercussão geral) – Informativo
1003/2021

É inconstitucional a interpretação de disposições legais que viabilizem a promoção a cargo de nível superior a
servidores que ingressaram por concurso público para cargo de nível médio.

STF, Plenário, ADI 6355/PE, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 28/05/2021 – Informativo 1019/2021
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Jurisprudência Bloco III
Muito importante!

Os pagamentos indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro administrativo (operacional ou de


cálculo), não embasado em interpretação errônea ou equivocada da lei pela Administração, estão sujeitos à
devolução, ressalvadas as hipóteses em que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé
objetiva, sobretudo com demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento indevido.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.769.306, rel. min. Benedito Gonçalves, j. 10/03/2021 (Tema 1009) – Informativo
688/2021

Comentários:
No julgamento do Recurso Especial Repetitivo n. 1.244.182/PB (Tema 531/STJ), definiu-se que quando
a Administração Pública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, de
boa-fé, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim,
que ocorra desconto dos mesmos, o que está em conformidade com a Súmula 34 da AGU. Assim, acerca da
impossibilidade de devolução ao erário de valores recebidos indevidamente por servidor público, de boa-fé,
em decorrência de equívoco na interpretação de lei pela Administração Pública, constata-se que o tema está
pacificado.
O art. 46, caput, da Lei n. 8.112/90 estabelece a possibilidade de reposições e indenizações ao erário.
Trata-se de disposição legal expressa, plenamente válida, embora com interpretação dada pela jurisprudência
com alguns temperamentos, especialmente em observância aos princípios gerais do direito, como o da boa-
fé, a fim de impedir que valores pagos indevidamente sejam devolvidos ao erário.
Diferentemente dos casos de errônea ou má aplicação de lei, onde o elemento objetivo é, por si,
suficiente para levar à conclusão de que o beneficiário recebeu o valor de boa-fé, assegurando-lhe o direito
da não devolução do valor recebido indevidamente, na hipótese de erro material ou operacional deve-se
analisar caso a caso, de modo a averiguar se o servidor tinha condições de compreender a ilicitude no
recebimento dos valores, a ponto de se lhe exigir comportamento diverso, diante do seu dever de lealdade
para com a Administração Pública.
Impossibilitar a devolução dos valores recebidos indevidamente por erro perceptível da
Administração Pública, sem a análise do caso concreto da boa-fé objetiva, permitiria o enriquecimento sem
causa por parte do servidor, em flagrante violação do art. 884 do Código Civil. Por tudo isso, não há que se
confundir erro na interpretação de lei com erro.

O teto constitucional remuneratório não incide sobre os salários pagos por empresas públicas e sociedades
de economia mista, e suas subsidiárias, que não recebam recursos da Fazenda Pública.

STF, Plenário, ADI 6584/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 21/05/2021 – Informativo 1018/2021

O teto remuneratório aplicável aos servidores municipais, excetuados os vereadores, é o subsídio do prefeito
municipal.
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STF, Plenário, ADI 6811/PE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 20/08/2021 – Informativo 1026/2021
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Jurisprudência Bloco III
Comentários:
O art. 37, XI, da CF/88, estabelece um teto único para os servidores municípios, não havendo motivo
para se cogitar da utilização do art. 37, § 12, da CF/88, para fixação de teto único diverso, pois essa previsão é
direcionada apenas para servidores estaduais, esfera federativa na qual existem as alternativas de fixação de
teto por poder ou de forma única.

Havendo remoção de um dos companheiros por interesse da Administração Pública, o(a) outro(a) possui
direito líquido e certo de obter a remoção independentemente de vaga no local de destino e mesmo que
trabalhem em locais distintos à época da remoção de ofício.

STJ, 2ª Turma, RMS 66.823/MT, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 05/10/2021 – Informativo 712/2021

É necessária condenação anterior na ficha funcional do servidor ou, no mínimo, anotação de fato que o
desabone, para que seus antecedentes sejam valorados como negativos na dosimetria da sanção disciplinar.

STJ, 1ª Seção, MS 22.606/DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 10/11/2021 – Informativo 718/2021

É inconstitucional a vinculação de reajuste de vencimentos de servidores públicos estaduais ou municipais a


índices federais de correção monetária.

STF, Plenário, ADI 5584/MT, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 03/12/2021 – Informativo 1040/2021

Comentários:
Para evitar aumentos em cascata, a Constituição Federal, em seu art. 37, XIII, veda a vinculação ou a
equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal no serviço
público. Além disso, a vinculação de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de
correção monetária afronta a autonomia dos entes subnacionais para concederem reajustes a seus servidores,
bem como desrespeita a Súmula Vinculante n. 42.

A Lei n. 1.046/1950 não ampara a extinção do débito de empréstimo consignado em razão do óbito de servidor
público estadual ou municipal.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.835.511/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 07/12/2021, DJe 10/12/2021 – Informativo
721/2021

As regras previstas nos arts. 18 a 21 do Estatuto da Advocacia (Lei n. 8.906/1994) – que tratam da relação de
emprego, salário, jornada de trabalho e honorários de sucumbência – são aplicáveis aos advogados
empregados de empresas públicas e de sociedade de economia mista que atuam no mercado em regime
concorrencial (sem monopólio).

STF, Plenário, ADI 3396/DF, Rel. Min. Nunes Marques, j. 23/06/2022 – Informativo 1060
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
É inconstitucional, por violação aos princípios republicano, democrático, da moralidade, da impessoalidade e
da igualdade, lei municipal que concede pensão especial mensal e vitalícia a viúvas de ex-prefeitos.

STF, Plenário, ADPF 975/CE, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 07/10/2022 – Informativo 1071

Comentários:
Os cargos políticos de chefia do Poder Executivo são exercidos por mandatos temporários e os seus
ocupantes são transitórios, motivo pelo qual a jurisprudência do STF é no sentido da inexistência de qualquer
direito ao recebimento de pensão vitalícia por seus ex-ocupantes, nas esferas estadual e municipal, e por seus
respectivos dependentes.
A concessão do referido benefício pelo mero exercício de cargo eletivo implica quebra do tratamento igual
que deve ser conferido para pessoas em idênticas condições jurídico-funcionais. Assim, assegurar a percepção
de verba mensal a viúvas de ex-prefeitos configura condição privilegiada e injustificada em relação aos demais
beneficiários do Regime Geral de Previdência Social (CF/1988, art. 40, § 13, com a redação dada pela EC
103/2019), que atenderam aos requisitos constitucionais e legais para a concessão de seus benefícios.

Importante!

Nas hipóteses em que não haja exercício do controle de legalidade por Tribunal de Contas, o prazo decadencial
quinquenal previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999 transcorre a partir da edição do ato pela Administração.

STJ, 1ª Turma, AgInt no AREsp 1.761.417/RS, Rel. Min. Manoel Erhardt (convocado TRF-5), j. 20/06/2022, DJe
23/06/2022 – Informativo 750

Comentários:
Acerca dessa questão, a orientação jurisprudencial do STJ é a de que, nas hipóteses em que não haja
exercício do controle de legalidade pelo Tribunal de Contas, o prazo decadencial quinquenal transcorre a partir
da edição do ato pela Administração.
Com efeito, em julgado semelhante assentou-se que, embora a orientação jurisprudencial do Superior
Tribunal de Justiça seja a de que o prazo decadencial do art. 54 da Lei n. 9.784/1999 não se consuma no
período entre a data da aposentadoria e o exame da legalidade do ato pela Corte de Contas, quando a revisão
do ato de concessão se dá pela própria Administração Pública, sem determinação do órgão fiscalizador de
Contas (TCU), o prazo decadencial flui normalmente (...) - AgInt no AREsp 1.738.937/RS, 2ª Turma, DJe de
01/07/2021.

São constitucionais os prazos para conclusão dos procedimentos administrativos de atualização do rol
de procedimentos e eventos em saúde suplementar (Lei 9.656/1998, art. 10, §§ 7º e 8º), por inexistir
incompatibilidade entre a sua definição e a urgência dos pacientes na obtenção de um tratamento.

O formato adotado para a composição da Comissão de Atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em


Saúde Suplementar (Lei 9.656/1998, art. 10-D, §§ 1º, 2º e 4º) não fere a Constituição Federal, ante a ausência
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da alegada exclusão de participantes usuários de planos de saúde ou discriminação de qualquer natureza.


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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
São constitucionais os critérios a serem considerados no relatório elaborado pela referida Comissão (Lei
9.656/1998, art. 10-D, § 3º), uma vez que não há submissão do direito à saúde à interesses econômicos e
financeiros.

STF, Plenário, ADI 7088/DF e ADI 7183/DF, Rel. Min; Roberto Barroso, j. 09/11/2022 – Informativo 1075

É inconstitucional a criação de cargos em comissão sem a devida observância dos requisitos indispensáveis
fixados pelo STF no julgamento do RE 1.041.210 (Tema 1010 RG).

STF, Plenário, ADI 6655/SE, Rel. Min. Edson Fachin, j. 06/05/2022 – Informativo 1053

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJPE (2022).

Comentários:
A Constituição Federal reservou à Administração Pública regime jurídico minucioso na conformação
do interesse público com a finalidade de resguardar a isonomia e a eficiência na formação de seus quadros de
pessoal. Os cargos em comissão, por sua vez, representam exceção à regra.
Nesse contexto, a jurisprudência do STF é assertiva quanto às condições para a criação de cargos em
comissão. No julgamento do RE 1.041.210 (Tema 1010 RG), o Supremo cuidou de consolidar os critérios
cumulativos que devem nortear o controle de constitucionalidade das leis que os criam, a saber: a) A criação
de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de direção, chefia e assessoramento,
não se prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas ou operacionais; b) tal criação deve
pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado; c) o número
de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir e
com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que os criar; e d) as atribuições
dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na própria lei que os instituir.

As concessionárias de serviço público podem efetuar a cobrança pela utilização de faixas de domínio de
rodovia, mesmo em face de outra concessionária, desde que haja previsão editalícia e contratual.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.677.414/SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 14/12/2021 – Informativo 722
STJ, 2ª Turma, AREsp 1.510.988/SP, Rel. Min. Assussete Magalhães, j. 08/02/2022 – Informativo 724

Comentários:
O STF, no julgamento do Tema n. 261 de repercussão geral, concluiu pela impossibilidade de o ente
público realizar cobrança de taxa pelo uso de espaços públicos municipais por parte das concessionárias de
serviço público.
De acordo com o entendimento da Suprema Corte, é vedada a cobrança de valores ao concessionário
de serviço público pelo uso de faixas de domínio de rodovia quando tal exigência emana do próprio Poder
Concedente, tendo em vista que: a) a utilização, nesse caso, se reverte em favor da sociedade - razão pela qual
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não cabe a fixação de preço público; e b) a natureza do valor cobrado não é de taxa, pois não há serviço público
prestado ou poder de polícia exercido.
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Jurisprudência Bloco III
No entanto, situação distinta exsurge quando o poder concedente autoriza concessionária de serviço
público, com base no art. 11 da Lei n. 8.987/1995, a efetuar cobrança pela utilização de faixas de domínio de
rodovia, mesmo em face de outra concessionária, desde que haja previsão editalícia e contratual. Veja a
redação do citado dispositivo:

Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder


concedente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade
de outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias
ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a
modicidade das tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei.

Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo serão obrigatoriamente


consideradas para a aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Essa obrigação "(...) envolve justificativas importantes no contexto do interesse público, haja vista que
a previsão de outras fontes, receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, em
benefício do concessionário do serviço público - nos termos do art. 11 da Lei n. 8.987/1995 - desde que
devidamente previstas no edital de licitação e no respectivo contrato firmado com o poder concedente,
encerra elemento a ser considerado no equilíbrio econômico-financeiro contratual e na obtenção do princípio
da modicidade tarifária" (AREsp 977.205/SP, 2ª Turma, j. 19/04/2018).
No presente caso concreto, julgado pela 1ª Turma do STJ, a cobrança não abrange ente da Federação,
mas conflito entre concessionárias de serviço público com previsão editalícia e contratual da cobrança de
remuneração pelo uso das faixas de domínio.
Assim, o entendimento fixado no RE 581.947/RO (Tema 261/STF), segundo o qual os entes da
federação não podem cobrar retribuição pecuniária pela utilização de vias públicas, inclusive solo, subsolo e
espaço aéreo, para a instalação de equipamentos destinados à prestação de serviço público, não impede que
concessionárias de rodovias realizem tal exigência pela utilização das faixas de domínio, nos termos do art.
11 da Lei n. 8.987/1995, desde que tal exação seja autorizada pelo poder concedente e esteja expressamente
prevista no contrato de concessão, porquanto não houve discussão sobre esta hipótese.
Esse distinguishing foi realizado no julgamento dos Embargos de Divergência no Recurso Especial
985.695/RJ, apreciados pela Primeira Seção do STJ, e tal orientação vem sendo replicada em inúmeras
decisões da Corte Superior, para autorizar o poder concedente a prever, no edital de licitação e em favor da
concessionária, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares,
acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, para favorecer a modicidade das tarifas, na
forma do art. 11 da Lei n. 8.987/1995.

Em regra, não cabe ao Poder Judiciário anular cláusula de contrato de concessão de serviço público que
autoriza o reajuste de tarifa telefônica em percentual superior ao índice inflacionário.

STF, Plenário, RE 1.059.819/PE (Tema 991 RG), Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Alexandre de Moraes,
j. 18/02/2022 – Informativo 1044
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Jurisprudência Bloco III
Não se exige contraditório prévio à decretação de intervenção em contrato de concessão com concessionária
de serviço público.

STJ, 2ª Turma, RMS 66.794/AM, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 22/02/2022 – Informativo 727/2022

É constitucional a transferência da concessão e do controle societário das concessionárias de serviços públicos,


mediante anuência do poder concedente (Lei n. 8.987/95, art. 27).

STF, Plenário, ADI 2946/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 08/03/2022 – Informativo 1046

É indevida a cobrança promovida por concessionária de rodovia, em face de autarquia prestadora de serviços
de saneamento básico, pelo uso da faixa de domínio da via pública concedida.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.817.302/SP (Tema IAC 8), Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 08/06/2022 – Informativo 740

Comentários:
A questão debatida diz respeito ao reconhecimento da legalidade de cobrança promovida por
concessionária de rodovia, em face de autarquia de prestação de serviços de saneamento básico, pelo uso da
faixa de domínio da via pública concedida. Em outras palavras, questiona-se a legitimidade da cobrança, por
pessoa jurídica de direito privado, em face de pessoa jurídica de direito público interno, pelo uso de parte da
faixa de domínio de autovia concedida para implementar obras de saneamento básico.
Embora cedido ao particular, o bem público de uso comum do povo não se desnatura, permanecendo,
pois, afetado à destinação pública, motivo pelo qual se afigura ilegítimo exigir remuneração pela sua
utilização, quando voltada a viabilizar a execução de serviço público de saneamento básico prestado por
entidade estatal que esteja fora do regime concorrencial.
Com efeito, revela-se ilegal a cobrança pelo uso da faixa marginal promovida pelo Estado contra
concessionária, porquanto inviável tipificar os valores envolvidos como preço público ou taxa, seja porque, no
primeiro caso, o uso do espaço se reverte em favor da coletividade, seja porque, na segunda hipótese, estão
ausentes a prestação de serviço público ou o exercício do poder de polícia.
Em contrapartida, figurando sujeitos privados na relação processual de tais lides, ou seja, quando
presente, primariamente, a tônica negocial e a exploração econômica, a exigência se revela legítima, porém
dependente de previsão no contrato de concessão, nos moldes do art. 11 da Lei n. 8.987/1995.
Pelo prisma jurisprudencial revelado nos precedentes do próprio STJ, é possível afirmar que o
regramento contido no mencionado dispositivo abrange interações entre concessionárias, sendo inapto para
embasar cobrança pelo uso da faixa de domínio quando, sob regime de exploração direta ou indireta, o Estado
participe da relação processual, seja na qualidade de gestor da rodovia e autor da cobrança, seja na condição
de sujeito passivo, quando lhe é exigido o pagamento pela utilização do espaço por empresa privada
administradora da via.
Portanto, ainda que respeitada a modicidade tarifária, não é possível às concessionárias de rodovias
alargar a base de arrecadação pelo ingresso de receita complementar derivada da exploração da faixa de
domínio se, para tanto, for preciso onerar entidade estatal prestadora de serviço público distinto do viário,
25

cuja configuração jurídica seja adversa à lucratividade.


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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
A queda de arrecadação fiscal de município contratante advinda da redução do preço do barril de petróleo no
mercado internacional não constitui motivo suficiente para redução da contraprestação devida à
concessionária de serviços públicos se essa contraprestação não estiver vinculada contratualmente à variação
do preço do petróleo.

STJ, Corte Especial, AgInt na SLS 2779/RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha,
j. 01/06/2022, DJe 16/08/2022 – Informativo 748

É inconstitucional lei estadual que isenta servidores públicos da taxa de inscrição em concursos públicos
promovidos pela Administração Pública local, privilegiando, sem justificativa razoável para tanto, um grupo
mais favorecido social e economicamente.

STF, Plenário, ADI 5818/CE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Rel. Acd. Min. Dias Toffoli, e ADI 3918/CE, Rel.
Min. Dias Toffoli, j. 13/05/2022 – Informativo 1054

É inconstitucional norma estadual que, de maneira genérica e abrangente, permite a convocação temporária
de profissionais da área da educação sem prévio vínculo com a Administração Pública para suprir vacância de
cargo público efetivo.

STF, Plenário, ADPF 915/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 20/05/2022 – Informativo 1055

A reclassificação do candidato para dentro do número de vagas oferecidas no edital de abertura de concurso
público, operada em razão de ato praticado pela Administração Pública, confere-lhe o direito público subjetivo
ao provimento no cargo público, ainda que durante a vigência do ato não tenha sido providenciada a sua
nomeação e que, em seguida, o ato de que derivada a reclassificação tenha sido posteriormente anulado.

STJ, 2ª Turma, RMS 62.093/TO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 24/05/2022 – Informativo 738

A exigência dos requisitos previstos em edital para nomeação em cargo público não pode ser afastada por
legislação posterior mais benéfica ao candidato.

STJ, 2ª Turma, AgInt no RMS 61.658/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 10/05/2022, DJe 27/05/2022
– Informativo 748

É inadequado o manejo de mandado de segurança com vistas à defesa do direito de candidato em concurso
público a continuar concorrendo às vagas reservadas às pessoas pretas ou pardas, quando a comissão
examinadora de heteroidentificação não confirma a sua autodeclaração.

STJ, 1ª Turma, RMS 58.785/MS, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 23/08/2022 – Informativo 746
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Jurisprudência Bloco III
Nos contratos administrativos, é válida a cláusula que prevê renúncia do direito aos honorários de
sucumbência por parte de advogado contratado.

STJ, 1ª Turma, AREsp 1.825.800/SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 05/04/2022, DJe 11/04/2022 –
Informativo 733

Há violação aos limites das matérias que podem ser discutidas em ação de desapropriação direta quando se
admite o debate – e até mesmo indenização – de área diferente da verdadeiramente expropriada, ainda que
vizinha.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.577.047/MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 10/05/2022, DJe 25/05/2022 – Informativo
738

Comentários:
Registra-se, inicialmente, que a parte recorrente defendia que uma grande parcela da indenização
fixada no juízo a quo, a título de "lucros cessantes", correspondia na realidade à área localizada para além das
dos limites fixados na inicial.
Entendeu o órgão julgador de origem que a indenização deveria incluir a área de seringal diretamente
afetada pela desapropriação, porque devidamente comprovado nos autos os lucros cessantes a ela
correspondentes.
Ao se admitir a discussão - e até mesmo indenização - de área diferente da que é objeto de
desapropriação, ainda que vizinha, houve violação à norma do art. 20 do Decreto n. 3.365/1941, a qual reserva
às ações próprias as discussões que vão além do imóvel expropriado.
No caso, mostrava-se ainda mais necessário submeter à sede autônoma a discussão sobre a área
contígua à expropriada, pois o valor da indenização foi muito superior ao do próprio imóvel objeto da
desapropriação (cerca de três vezes), e apresentava complexa discussão própria sobre o cálculo que deveria
ser adotado para determinação dos lucros cessantes de exploração de seringueiras.
Registre-se que não tratou a decisão recorrida de indenizar a depreciação de área remanescente (art.
27 do Decreto n. 3.365/1941), mas de produzir efeitos semelhantes ao de verdadeira desapropriação indireta,
ampliação objetiva não admitida no caso, porque ultrapassa os limites da lide.
Com isso, entendeu a 1ª Turma do STJ que deveria ser decotado da condenação/indenização o
pagamento referente à área de seringal, e, consequentemente, as demais discussões sobre a incidência dos
lucros cessantes e/ou juros compensatórios relativas àquela parte do imóvel restam prejudicadas.

A lesão ou ameaça de lesão a direito aptas a ensejar a necessidade de manifestação judiciária do Estado se
caracterizam em demandas de cobrança do seguro DPVAT, salvo exceções particulares, após o prévio
requerimento administrativo, consoante aplicação analógica do entendimento firmado pelo STF no RE
631.240, julgado em repercussão geral.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.987.853/PB, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 14/06/2022, DJe 20/06/2022 – Informativo 741
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Jurisprudência Bloco III
Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto n. 20.910/1932 às empresas estatais prestadoras de serviços
públicos essenciais, não dedicadas à exploração de atividade econômica com finalidade lucrativa e natureza
concorrencial.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.653.716/DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 04/10/2022, DJe 11/10/2022 – Informativo
753

Em ação que pretende o fornecimento de medicamento registrado na ANVISA, ainda que não incorporado em
atos normativos do SUS, é prescindível a inclusão da União no polo passivo da demanda.

STJ, 2ª Turma, RMS 68.602/GO, Rel Min. Assussete Magalhães, j. 26/04/2022, DJe 29/04/2022 – Informativo
734

Comentários:
O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Tema 793 da Repercussão Geral, fixou tese no sentido de
que "os entes da federação, em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis nas
demandas prestacionais na área da saúde, e diante dos critérios constitucionais de descentralização e
hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de repartição de
competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro" (STF, EDcl no RE 855.178/SE,
DJe 16/04/2020).
Igual entendimento é adotado pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que se orienta no
sentido de que o funcionamento do Sistema Único de Saúde é de responsabilidade solidária da União, dos
Estados e dos Municípios, de modo que qualquer um destes entes possui legitimidade para figurar no polo
passivo da demanda, cabendo à parte autora escolher contra quem deseja litigar.
A Primeira Seção do STJ, ao examinar questão análoga, firmou entendimento no sentido de que, "ao
julgar o RE 855.178 ED/SE (Tema 793/STF), o Supremo Tribunal Federal foi bastante claro ao estabelecer na
ementa do acórdão que 'É da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que o tratamento médico adequado
aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, porquanto responsabilidade solidária dos entes
federados. O polo passivo pode ser composto por qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente.’.

ATENÇÃO: Apesar de o STJ ter afirmado, no julgado acima, que o entendimento adotado está em
conformidade com o STF, a Suprema Corte decidiu de maneira diversa recentemente. Veja abaixo:

É obrigatória a inclusão da União no polo passivo de demanda na qual se pede o fornecimento gratuito de
medicamento registrado na Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), mas não incorporado aos Protocolos
Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Sistema Único de Saúde.

STF, 1ª Turma, RE 1.286.407 AgR-segundo/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 26/04/2022 – Informativo
1052
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Jurisprudência Bloco III
Importante!

Nas ações de improbidade administrativa, a competência da Justiça Federal é definida em razão da presença
das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da Constituição Federal na relação processual,
e não em razão da natureza da verba federal sujeita à fiscalização do Tribunal de Contas da União.

STJ, 1ª Seção, CC 174.764/MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 09/02/2022 – Informativo 724

Comentários:
A competência para processar e julgar ações de ressarcimento ao erário e de improbidade
administrativa, relacionadas à eventuais irregularidades na utilização ou prestação de contas de repasses de
verbas federais aos demais entes federativos, estava sendo dirimida pelo STJ sob o enfoque das Súmulas
208/STJ ("Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita à
prestação de contas perante órgão federal") e 209/STJ ("Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito
por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal").
O art. 109, I, da Constituição Federal prevê, de maneira geral, a competência cível da Justiça Federal,
delimitada objetivamente em razão da efetiva presença da União, entidade autárquica ou empresa pública
federal, na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes na relação processual. Estabelece, portanto,
competência absoluta em razão da pessoa (ratione personae), configurada pela presença dos entes elencados
no dispositivo constitucional na relação processual, independentemente da natureza da relação jurídica
litigiosa.
Por outro lado, o art. 109, VI, da Constituição Federal dispõe sobre a competência penal da Justiça
Federal, especificamente para os crimes praticados em detrimento de bens, serviços ou interesse da União,
entidades autárquicas ou empresas públicas. Assim, para reconhecer a competência, em regra, bastaria o
simples interesse da União, inexistindo a necessidade da efetiva presença em qualquer dos polos da demanda.
Nesse contexto, a aplicação dos referidos enunciados sumulares, em processos de natureza cível, tem
sido mitigada no âmbito do STJ. A Segunda Turma afirmou a necessidade de uma distinção (distinguishing) na
aplicação das Súmulas 208 e 209 do STJ, no âmbito cível, pois tais enunciados provêm da Terceira Seção do
STJ, e versam hipóteses de fixação da competência em matéria penal, em que basta o interesse da União ou
de suas autarquias para deslocar a competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da
CF. Logo adiante concluiu que a competência da Justiça Federal, em matéria cível, é aquela prevista no art.
109, I, da Constituição Federal, que tem por base critério objetivo, sendo fixada tão só em razão dos figurantes
da relação processual, prescindindo da análise da matéria discutida na lide (REsp 1.325.491/BA, DJe
25/06/2014).
Assim, nas ações de ressarcimento ao erário e improbidade administrativa ajuizadas em face de
eventuais irregularidades praticadas na utilização ou prestação de contas de valores decorrentes de convênio
federal, o simples fato das verbas estarem sujeitas à prestação de contas perante o Tribunal de Contas da
União, por si só, não justifica a competência da Justiça Federal.
O STF já afirmou que o fato dos valores envolvidos transferidos pela União para os demais entes
federativos estarem eventualmente sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas da União não é capaz de
alterar a competência, pois a competência cível da Justiça Federal exige o efetivo cumprimento da regra
prevista no art. 109, I, da CF/88.
29

Igualmente, a mera transferência e incorporação ao patrimônio municipal de verba desviada, no


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âmbito civil, não pode impor de maneira absoluta a competência da Justiça Estadual. Se houver manifestação
de interesse jurídico por ente federal que justifique a presença no processo, (v.g. União ou Ministério Público

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Federal) regularmente reconhecido pelo Juízo Federal nos termos da Súmula 150/STJ, a competência para
processar e julgar a ação civil de improbidade administrativa será da Justiça Federal.
Em síntese, é possível afirmar que a competência cível da Justiça Federal é definida em razão da
presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da CF na relação processual, seja
como autora, ré, assistente ou oponente e não em razão da natureza da verba federal sujeita à fiscalização da
Corte de Contas da União.

É possível a homologação judicial de acordo de não persecução cível no âmbito da ação de improbidade
administrativa em fase recursal.

STJ, 1ª Seção, EAREsp 102.585/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 09/03/2022 – Informativo 728

A contratação de servidores públicos temporários sem concurso público, mas baseada em legislação local, por
si só, não configura a improbidade administrativa prevista no art. 11 da Lei n. 8.429/1992, por estar ausente
o elemento subjetivo (dolo) necessário para a configuração do ato de improbidade violador dos princípios da
administração pública.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.913.638/MA (Tema 1108), Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 11/05/2022 – Informativo 736

MUITO IMPORTANTE!

É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação dos atos de improbidade


administrativa, exigindo-se – nos arts. 9º, 10 e 11 da LIA – a presença do elemento subjetivo – DOLO.

A norma benéfica da Lei n. 14.230/2021 – revogação da modalidade culposa do ato de improbidade


administrativa – é IRRETROATIVA, em virtude do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, não tendo incidência
em relação à eficácia da coisa julgada; nem tampouco durante o processo de execução das penas e seus
incidentes.

A nova Lei n. 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa culposos praticados na vigência
do texto anterior da lei, porém sem condenação transitada em julgado, em virtude da revogação expressa do
texto anterior; devendo o juízo competente analisar eventual dolo por parte do agente.

O novo regime prescricional previsto na Lei n. 14.230/2021 é IRRETROATIVO, aplicando-se os novos marcos
temporais a partir da publicação da lei.

STF, Plenário, ARE 843.989/PR (Tema 1199 RG), Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 18/08/2022 – Informativo
1065

Comentários:
A partir do advento da Lei 14.230/2021 (nova Lei de Improbidade Administrativa – LIA) — cuja
30

publicação e entrada em vigor ocorreu em 26/10/2021 —, deixou de existir, no ordenamento jurídico, a


tipificação para atos culposos de improbidade administrativa.
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
A alteração promovida pelo legislador no texto original da Lei 8.429/1992, no sentido de suprimir a
modalidade culposa do ato de improbidade administrativa, é clara e plenamente válida, pois a própria
Constituição Federal delega à legislação ordinária a forma e tipificação dos atos ímprobos, assim como a
gradação das sanções constitucionalmente estabelecidas (CF/88, art. 37, § 4º).
Nada obstante, com o advento da nova lei, o agente público que culposamente causar dano ao erário,
embora não mais responda por ato de improbidade administrativa, poderá responder civil e
administrativamente pelo ato ilícito.
Por força do art. 5º, XXXVI, da CF/88, a revogação da modalidade culposa do ato de improbidade
administrativa, promovida pela Lei 14.230/2021, é irretroativa, de modo que os seus efeitos não têm
incidência em relação à eficácia da coisa julgada, nem durante o processo de execução das penas e seus
incidentes.
Isso porque o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica (CF/88, art. 5º, XL) não tem
aplicação automática para a responsabilidade por atos ilícitos civis de improbidade administrativa, por
ausência de expressa previsão legal e sob pena de desrespeito à constitucionalização das regras rígidas de
regência da Administração Pública e responsabilização dos agentes públicos corruptos com flagrante
desrespeito e enfraquecimento do direito administrativo sancionador.
Referido princípio baseia-se em particularidades do direito penal, o qual está vinculado à liberdade do
criminoso (princípio do favor libertatis), fundamento inexistente no direito administrativo sancionador. Trata-
se de regra de exceção que, como tal, deve ser interpretada restritivamente, prestigiando-se a regra geral da
irretroatividade da lei e a preservação dos atos jurídicos perfeitos, especialmente porque, no âmbito da
jurisdição civil, prevalece o princípio tempus regit actum.
Assim, incide a Lei 14.230/2021 em relação aos atos de improbidade administrativa culposos
praticados na vigência da Lei 8.429/1992, desde que não exista condenação transitada em julgado, cabendo
ao juízo competente o exame da ocorrência de eventual dolo por parte do agente. Com efeito, diante da
revogação expressa do texto legal anterior, não se admite a continuidade de uma investigação, uma ação de
improbidade, ou uma sentença condenatória por improbidade com base em uma conduta culposa não mais
tipificada legalmente.
Entretanto, a incidência dos efeitos da nova lei aos fatos pretéritos não implica a extinção automática
das demandas, pois deve ser precedida da verificação, pelo juízo competente, do exato elemento subjetivo
do tipo: se houver culpa, não se prosseguirá com o feito; se houver dolo, prosseguir-se-á. Essa medida é
necessária porque, na vigência da Lei 8.429/1992, como não se exigia a definição de dolo ou culpa, muitas
vezes a imputação era feita de modo genérico, sem especificar qual era o elemento subjetivo do tipo.
Nesse contexto, todos os atos processuais até então praticados são válidos, inclusive as provas
produzidas, as quais poderão ser compartilhadas no âmbito disciplinar e penal, assim como a ação poderá ser
utilizada para fins de ressarcimento ao erário.
Além disso, os prazos prescricionais previstos na Lei 14.230/2021 não retroagem, sendo aplicáveis a
partir da publicação do novo texto legal (26/10/2021).
Isso se dá em respeito ao ato jurídico perfeito e em observância aos princípios da segurança jurídica,
do acesso à Justiça e da proteção da confiança, garantindo-se a plena eficácia dos atos praticados validamente
antes da alteração legislativa.
Com efeito, a inércia nunca poderá ser caracterizada por uma lei futura que, diminuindo os prazos
prescricionais, passe a exigir o impossível, isto é, que, retroativamente, o poder público — que foi diligente e
31

atuou dentro dos prazos à época existentes — cumpra algo até então inexistente. Por outro lado, a teor do
Página

que decidido pelo STF no Tema 897 de repercussão geral, permanecem imprescritíveis as ações de
ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na LIA (RE 852.475).

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Importante!

Os entes públicos que sofreram prejuízos em razão de atos de improbidade administrativa também estão
autorizados, de forma concorrente com o Ministério Público, a propor ação e a celebrar acordos de não
persecução civil em relação a esses atos.

STF, Plenário, ADI 7042/DF e ADI 7043/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 31/08/2022 – Informativo 1066

#FGVAMA
Esse julgado acabou de cair na prova para Juiz do TJES.

É cabível a avaliação pericial provisória como condição à imissão na posse nas ações regidas pelo Decreto-Lei
n. 3.365/1941, quando não observados os requisitos previstos no art. 15, § 1.º, do referido diploma.

STJ, 2ª Turma, AREsp 1.674.697/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 08/11/2022 – Informativo 756

É válida a recusa pela Polícia Federal de pedido de inscrição em curso de reciclagem para vigilantes
profissionais, quando configurada a ausência de idoneidade do indivíduo em razão da prática de delito que
envolve emprego de violência contra a pessoa ou da demonstração de comportamento agressivo incompatível
com as funções do cargo.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.952.439/DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 26/04/2022, DJe 28/04/2022 – Informativo 734

O militar de carreira ou temporário - este último antes da alteração promovida pela Lei n. 13.954/2019 -,
diagnosticado como portador do vírus HIV, tem direito à reforma ex officio por incapacidade definitiva para o
serviço ativo das Forças Armadas, independentemente do grau de desenvolvimento da Síndrome de
Imunodeficiência Adquirida - SIDA/AIDS, porém, sem a remuneração calculada com base no soldo
correspondente ao grau hierárquico imediatamente superior ao que possuía na ativa, se não estiver
impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho, na forma do art. 110, § 1º, da Lei n.
6.880/1980.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.872.008/RS (Tema 1088), Rel. Min. Assussete Magalhães, j. 11/05/2022 – Informativo
736

A apresentação de resultado negativo em exame toxicológico de larga janela de detecção é obrigatória para
a habilitação e a renovação da Carteira Nacional de Habilitação do motorista autônomo de transporte coletivo
escolar, nos termos do art. 148-A da Lei n. 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro).

STJ, 1ª Seção, REsp 1.834.896/PE (Tema IAC 9), Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 08/06/2022 – Informativo 740
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Jurisprudência Bloco III
Importante!

A União é parte legítima para figurar no polo passivo de ação em que se discute o indeferimento de bolsa do
PROUNI.

STJ, 1ª Turma, AgInt no REsp 1.873.134/MG, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 15/08/2022, DJe 18/08/2022 –
Informativo 748

O espólio possui legitimidade ativa para ajuizar ação postulando pelo pagamento de reparação econômica
retroativa à data da concessão de anistia política, na hipótese em que a data do óbito do anistiado é posterior
a esta.

STJ, 1ª Seção, MS 28.276/DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 10/08/2022, DJe 16/08/2022 – Informativo 747

Comentários:
No caso concreto, o anistiado faleceu após o julgamento da anistia e o início dos efeitos financeiros
da respectiva Portaria. De acordo com a 1ª Seção do STJ, os efeitos financeiros retroativos representam,
unicamente, valores incorporados ao patrimônio do de cujus, relativos ao período compreendido entre a data
fixada na Portaria anistiadora e a da morte do anistiado, constituindo, portanto, direitos patrimoniais
transmissíveis aos herdeiros/sucessores do de cujus, razão pela qual o espólio é parte legítima para requerer
o pagamento desse montante.

Importante!

É ilegítimo o ato de autoridade que condiciona ao pagamento de multa a liberação de veículo retido por
realizar transporte irregular de passageiros.

STJ, 2ª Turma, AgInt no REsp 2.003.502/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 24/10/2022, DJe 04/11/2022 –
Informativo 759

Comentários:
No caso concreto, o Tribunal de origem consignou que a conduta do agente de trânsito de apreender
e remover o veículo é lícita, sendo, portanto, a restituição deste ao proprietário, nos termos do art. 271, § 1º,
do CTB, condicionada ao prévio pagamento de multas, taxas e despesas com remoção e estada, além de outros
encargos previstos na legislação específica.
Contudo, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento segundo o qual se configura ilegítimo o
ato de autoridade que condiciona ao pagamento de multa a liberação de veículo retido por realizar transporte
de passageiros, sem a devida autorização, por se tratar de infração prevista no art. 231, VIII, do Código de
Trânsito Brasileiro.
Nesse sentido: "(...) IV. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp
1.144.810/MG, de relatoria do eminente Ministro Teori Albino Zavascki, sob o rito do art. 543-C do CPC/1973,
33

firmou entendimento no sentido de que a liberação do veículo retido por transporte irregular de passageiros
não está condicionada ao pagamento de multas e despesas com transbordo. (AgInt no AREsp 1.371.903/SP,
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Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 7/5/2019, DJe 13/5/2019).

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Jurisprudência Bloco III
É legítimo o poder de polícia conferido à ANATEL para fiscalizar as atividades de radiodifusão.

STF, Plenário, ADI 4039/DF, Rel. Min. Rosa Weber, j. 24/06/2022 – Informativo 1060

O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito decorrente de multa aplicada por Tribunal
de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos causados ao erário municipal.

STJ, 2ª Turma, AgInt no AREsp 926.189/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 15/02/2022 – Informativo 725

Comentários:
O STJ, neste julgado, alinhou seu posicionamento ao do STF, que fixou, no julgamento do Tema 642,
em 15/09/2021, a seguinte tese: "o Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito
decorrente de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos
causados ao erário municipal." (RE 1.003.433).

Importante!

Não é possível a condenação de prefeito ao ressarcimento de valores despendidos na realização dos trabalhos
desenvolvidos com vista à elaboração de Projeto de Lei, na hipótese em que o ato administrativo encaminhado
à Câmara Municipal desconsidera a legislação vigente, e é praticado com desvio de finalidade.

STJ, 1ª Turma, AREsp 1.408.660/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 16/08/2022 – Informativo 745

Os processos administrativos sancionadores instaurados por agências reguladoras contra concessionárias de


serviço público devem obedecer ao princípio da publicidade durante toda a sua tramitação, ressalvados
eventuais atos que se enquadrem nas hipóteses de sigilo previstas em lei e na Constituição.

STF, Plenário, ADI 5371/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 25/02/2022 – Informativo 1045

Comentários:
Em regra, a imposição de sigilo a processos administrativos sancionadores, instaurados por agências
reguladoras contra concessionárias de serviço público, é incompatível com a Constituição.
Isso porque: (i) a regra no regime democrático instaurado pela CF/88 é a publicidade dos atos estatais,
sendo o sigilo absolutamente excepcional, (ii) a CF/88 afasta a publicidade em apenas duas hipóteses:
informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança do Estado e da sociedade e proteção à intimidade, vida
privada, honra e imagem das pessoas, (iii) essas exceções constitucionais, regulamentadas pelo legislador
especialmente na “Lei de Acesso à Informação”, devem ser interpretadas restritivamente, sob forte escrutínio
do princípio da proporcionalidade, e (iv) o STF deve se manter vigilante na defesa da publicidade estatal, pois
retrocessos à transparência pública têm sido recorrentes.
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Jurisprudência Bloco III
IMPORTANTE!

O oferecimento de denúncia criminal por autoridade que, em razão de suas atribuições legais, seja obrigada a
fazê-lo não a inabilita, só por isso, a desempenhar suas funções como autoridade julgadora no processo
administrativo.

STJ, 1ª Turma, RMS 54.717/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 09/08/2022 – Informativo 744

Sobre o tema:
Respeitados todos os aspectos processuais relativos à suspeição e impedimento dos membros da Comissão
Processante previstos pelas Leis 8.112/90 e 9.84/99, não há qualquer impedimento ou prejuízo material na
convocação dos mesmos servidores que anteriormente tenham integrado Comissão Processante, cujo
relatório foi posteriormente anulado (por cerceamento de defesa), para comporem a segunda Comissão de
Inquérito. Assim, não há qualquer impeditivo legal de que a comissão de inquérito em processo
administrativo disciplinar seja formada pelos mesmos membros de comissão anterior que havia sido anulada.

STF, 1ª Turma, RMS 28.774/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Roberto Barroso, j. 09/08/2016 –
Informativo 834
STJ, 1ª Seção, MS 16.192/DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 10/04/2013

A pena de cassação de aposentadoria é compatível com a Constituição Federal, a despeito do caráter


contributivo conferido àquela, especialmente porque nada impede que, na seara própria, haja o acertamento
de contas entre a administração e o servidor aposentado punido.

Assim, constatada a existência de infração disciplinar praticada enquanto o servidor estiver na ativa, o ato de
aposentadoria não se transforma num salvo conduto para impedir o sancionamento do ilícito pela
administração pública. Faz-se necessário observar o regramento contido na Lei n. 8.112/1990, aplicando-se a
penalidade compatível com as infrações apuradas.

STJ, 1ª Seção, MS 23.608/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, j. 27/11/2019
– Informativo 666
STF, 2ª Turma, AgR no ARE 1.092.355, Rel. Min. Edson Fachin, j. 17/05/2019

São inadmissíveis, em processos administrativos de qualquer espécie, provas consideradas ilícitas pelo Poder
Judiciário.

STF, Plenário, ARE 1.316.369/DF (Tema 1238 RG), Rel. Min. Edson Fachin, Rel. Acd. Min. Gilmar Mendes, j.
09/12/2022 – Informativo 1079

Comentários:
As provas declaradas ilícitas pelo Poder Judiciário não podem ser utilizadas, valoradas ou aproveitadas
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em processos administrativos de qualquer espécie.


A Constituição Federal preconiza, de modo expresso, a inadmissibilidade, no processo, de provas
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obtidas com violação a normas constitucionais ou legais (CF/88, art. 5ª, LVI). Nesse sentido, não é dado a

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Jurisprudência Bloco III
nenhuma autoridade pública valer-se de provas ilícitas em prejuízo do cidadão, seja no âmbito judicial, seja
na esfera administrativa, independentemente da natureza das pretensões deduzidas pelas partes. Ademais,
as provas declaradas nulas em processos judiciais não podem ser valoradas e aproveitadas, em desfavor do
cidadão, em qualquer âmbito ou instância decisória.
Nesse contexto, a compreensão consolidada do Supremo é no sentido de que, para ser admitida em
processos administrativos, a prova emprestada do processo penal deve ser produzida de forma legítima e
regular, com observância das regras inerentes ao devido processo legal.

A interposição de recurso administrativo não afasta a incidência dos juros moratórios sobre multa aplicada
por agência reguladora.

STJ, 1ª Turma, AREsp 1.574.873/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 18/10/2022 – Informativo 754

É constitucional, desde que observado o teto remuneratório, norma estadual que destina aos procuradores
estaduais honorários advocatícios incidentes na hipótese de quitação de dívida ativa em decorrência da
utilização de meio alternativo de cobrança administrativa ou de protesto de título.

STF, Plenário, ADI 5910/RO, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 27/05/2022 – Informativo 1056

Reconhecida a responsabilidade estatal por acidente com evento morte em rodovia, é devida a indenização
por danos materiais aos filhos menores e ao cônjuge do de cujus.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.709.727/SE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 05/04/2022, DJe 11/04/2022 – Informativo
733

Muito importante!

O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas
funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou
culpa, sob pena de improbidade administrativa.

O Estado possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de
registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.

STF, Plenário, RE 842.846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, j. 27/02/2019 – Informativo 932
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Página

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Jurisprudência Bloco III
MUITO IMPORTANTE!

Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de fogos
de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando
for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder
público eventuais irregularidades praticadas pelo particular.

STF, Plenário, RE 136.861/SP (RG Tema 366), Rel. Min. Edson Fachin, Rel. Acd. Min. Alexandre de Moraes, j.
11/03/2020 - Informativo 969/2020

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJMS e na prova para Juiz do TJAP (2022).

Importante!

O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança, contribuindo de forma determinante e
específica para homicídio praticado em suas dependências, responde objetivamente pela conduta omissiva.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.708.325/RS, Rel. Min. Og Fernandes, j. 24/05/2022 – Informativo 740

Comentários:
A responsabilidade civil estatal é, em regra, objetiva e decorre do risco administrativo, a respeito da
qual não se exige perquirir sobre existência de culpa, conforme disciplinado pelos arts. 14 do Código de Defesa
do Consumidor; 186, 192 e 927 do Código Civil; e 37, § 6º, da Constituição Federal. O dualismo ocorre diante
dos atos omissivos, para os quais, embora a lei não tenha feito distinção, há os que entendem que, para o
ente público, a responsabilidade se reveste do caráter subjetivo.
Sob a premissa doutrinária de que não é dado ao intérprete restringir onde o legislador não restringiu,
sobretudo em se tratando de legislador constituinte, o STJ, em diversos julgados, tem se alinhado ao
entendimento do STF no sentido de que - inclusive por atos omissivos - o Poder Público responde de forma
objetiva, quando constatada a precariedade/vício no serviço decorrente da falha no dever legal e específico
de agir.
O caso concreto em julgamento, envolve responsabilidade civil atribuída a hospital, em que a atividade
pública exercida, por sua natureza, inclui, além do serviço técnico-médico, o serviço auxiliar de estadia e, por
tal razão, está o ente público obrigado a disponibilizar equipe/pessoal e equipamentos necessários e eficazes
para o alcance dessa finalidade.
A inação estatal está atrelada ao mau funcionamento dos trabalhos auxiliares e estruturas
operacionais (ausência de serviço/pessoal de vigilância), razão pela qual entende-se que o ente público, em
virtude da natureza da atividade pública exercida, responde de forma objetiva, uma vez que, inegavelmente,
tem o dever de atuar, ao menos minimamente, para impossibilitar a ocorrência do evento nocivo.
Para a 2ª Turma do STJ, a omissão do Estado no caso em questão revela-se específica e contribuiu
decisivamente para a morte da vítima, pois o hospital público não ofereceu nenhuma ou sequer a mínima
37

garantia de integridade aos que se utilizam do serviço e pela qual, em razão do risco da atividade prestada,
tem o dever de zelo e proteção.
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Jurisprudência Bloco III
Assim, concluiu-se que a conduta do hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança e,
por conseguinte, despreza o dever de zelar pela incolumidade física dos seus pacientes contribuiu de forma
determinante e específica para o homicídio praticado em suas dependências, afastando-se a alegação da
excludente de ilicitude ventilada no caso, qual seja, fato de terceiro.

Importante!

A requisição administrativa “para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes


de situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias” – prevista na Lei
Orgânica do Sistema Único de Saúde (Lei 8.080/1990) – não recai sobre bens e/ou serviços públicos de outro
ente federativo.

STF, Plenário, ADI 3454/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 20/06/2022 – Informativo 1059

São constitucionais o compartilhamento, mediante convênio, com estados, Distrito Federal ou municípios, da
execução de atividades e serviços públicos federais essenciais, e a adoção de procedimentos simplificados
para a garantia de sua continuidade em situações de greve, paralisação ou operação de retardamento
promovidas por servidores públicos federais.

STF, Plenário, ADI 4857/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 11/03/2022 – Informativo 1046

O servidor público reintegrado não faz jus ao recebimento das parcelas remuneratórias referentes ao auxílio-
transporte e ao adicional de insalubridade pelo período em que esteve indevidamente afastado do cargo
público.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.941.987/PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 07/12/2021, DJe 10/12/2021 – Informativo 722

É vedado o reenquadramento, em novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração, de servidor admitido sem
concurso público antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, mesmo que beneficiado pela
estabilidade excepcional do art. 19 do ADCT, haja vista que esta regra transitória não prevê o direito à
efetividade, nos termos do art. 37, II, da Constituição Federal e decisão proferida na ADI 3609 (Rel. Min. Dias
Toffoli, Tribunal Pleno, DJe 30/10/2014).

STF, Plenário, ARE 1.306.505/AC (Tema 1157 RG), Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 28/03/2022 – Informativo
1048

O magistrado em gozo de licença para capacitação no exterior não faz jus ao pagamento das vantagens de
Retribuição por Direção de Fórum e Gratificação pelo Exercício Cumulado de Jurisdição ou Acumulação de
Acervo Processual.

STJ, 1ª Turma, RMS 67.416/SE, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 29/03/2022 – Informativo 731/2022
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Jurisprudência Bloco III
Para a aposentadoria voluntária de servidor público, o prazo mínimo de cinco anos no cargo em que se der a
aposentadoria refere-se ao cargo efetivo ocupado pelo servidor e não à classe na carreira alcançada mediante
promoção.

STF, Plenário, RE 1.322.195/SP (Tema 1207 RG), Rel. Luiz Fux, j. 01/04/2022 – Informativo 1049

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJSC (2022).

Comentários:
O Plenário do STF, na oportunidade, fixou a seguinte tese: A promoção por acesso de servidor a classe
distinta na carreira não representa ascensão a cargo diverso daquele em que já estava efetivado, de modo
que, para fins de aposentadoria, o prazo mínimo de cinco anos no cargo efetivo, exigido pelo artigo 40, § 1º,
inciso III, da Constituição Federal, na redação da Emenda Constitucional 20/1998, e pelos artigos 6º da Emenda
Constitucional 41/2003 e 3º da Emenda Constitucional 47/2005, não recomeça a contar pela alteração de
classe.
Isso porque a promoção do servidor à classe posterior dentro do mesmo cargo não caracteriza
provimento originário, mas sim derivado. Logo, quando a carreira for organizada em classes, o cálculo dos
proventos deve ter por base a remuneração percebida na mesma classe ocupada quando da aposentadoria.

Valores recebidos por servidores públicos por força de decisão judicial precária, posteriormente reformada,
devem ser restituídos ao erário.

STJ, 2ª Turma, AREsp 1.711.065/RJ, Rel. Min. Assussete Magalhães, j. 03/05/2022, DJe 05/05/2022 –
Informativo 735

Comentários:
Inicialmente, registra-se que o caso ora analisado, relativo à devolução de valores recebidos pelos
servidores por força de liminar - confirmada em acórdão concessivo da segurança, posteriormente cassado
pelo Tribunal Superior do Trabalho, com trânsito em julgado -, não se amolda à matéria referente ao Tema
531/STJ ("Quando a Administração Pública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento
indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos são legais e definitivos,
impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público"), tampouco ao Tema
1.009/STJ ("Os pagamentos indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro administrativo (operacional
ou de cálculo), não embasado em interpretação errônea ou equivocada da lei pela Administração, estão
sujeitos à devolução, ressalvadas as hipóteses em que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-
fé objetiva, sobretudo com demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento indevido").
Nos termos da jurisprudência consolidada do STJ, "tendo a servidora recebido os referidos valores
amparada por uma decisão judicial precária, não há como se admitir a existência de boa-fé, pois a
Administração em momento nenhum gerou-lhe uma falsa expectativa de definitividade quanto ao direito
pleiteado. A adoção de entendimento diverso importaria, dessa forma, no desvirtuamento do próprio instituto
39

da antecipação dos efeitos da tutela, haja vista que um dos requisitos legais para sua concessão reside
justamente na inexistência de perigo de irreversibilidade, a teor do art. 273, §§ 2º e 4º, do CPC" (STJ, EREsp
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1.335.962/RS, 1ª Seção, DJe de 02/08/2013).

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Jurisprudência Bloco III
Tal entendimento vem sendo mantido, inclusive em acórdãos recentes do STJ. Não pode o servidor
alegar boa-fé para não devolver valores recebidos por meio de liminar, em razão da própria precariedade da
medida concessiva e, por conseguinte, da impossibilidade de presumir a definitividade do pagamento" (STJ,
AgInt no AgInt no AREsp 1.609.657/MS, 2ª Turma, DJe de 16/03/2021).

Muito importante!

O servidor público que seja pai solo – de família em que não há a presença materna – faz jus à licença
maternidade e ao salário maternidade pelo prazo de 180 dias, da mesma forma em que garantidos à mulher
pela legislação de regência.

Tese fixada: À luz do art. 227 da Constituição Federal, que confere proteção integral da criança com absoluta
prioridade e do princípio da paternidade responsável, a licença maternidade, prevista no art. 7º, XVIII, da
CF/88 e regulamentada pelo art. 207 da Lei 8.112/1990, estende-se ao pai genitor monoparental.

STF, Plenário, RE 1.348.854/SP (Tema 1182 RG), Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 12/05/2022 – Informativo
1054

É constitucional norma estadual que prevê o pagamento proporcional da remuneração devida a conselheiro
de Tribunal de Contas para auditor em período de substituição.

STF, Plenário, ADI 6951/CE e ADI 6952/AM, Rel. Min. Edson Fachin, j. 10/06/2022 – Informativo 1058

A fundação privada de apoio à universidade pública presta serviço público, razão pela qual responde
objetivamente pelos prejuízos causados a terceiros, submetendo-se a pretensão indenizatória ao prazo
prescricional quinquenal previsto no art. 1º-C da Lei n. 9.494/97.

STJ, 2ª Turma, AREsp 1.893.472/SP, Rel. Min. Og Fernandes, j. 21/06/2022, DJe 28/06/2022 – Informativo 744

Comentários:
De acordo com o entendimento da 2ª Turma do STJ, é irrelevante que se trate de fundação de
natureza privada. A pessoa jurídica de direito privado que preste serviço público tem obrigação constitucional
de reparar os prejuízos causados a terceiros. A hipótese é regulada pelo art. 1º-C da Lei n. 9.494/1997 quanto
ao prazo prescricional, fixado em 5 (cinco) anos.
No caso concreto, a fundação privada prestou serviços públicos de apoio à universidade pública e
assumiu perante estas obrigações alusivas ao desembaraço aduaneiro das amostras biológicas objeto da
pesquisa de pós-doutoranda. Por fatores ainda não esclarecidos, a documentação necessária não foi recebida
tempestivamente pela transportadora, resultando no retorno dos materiais genéticos para Portugal, onde a
pesquisa teve início. Com sua degradação, restaram inúteis para o trabalho científico desenvolvido ao longo
de anos, custeados por financiamento público.
Assim, diante da existência de serviço público na relação entabulada entre a fundação privada e a
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universidade pública, atrai-se a responsabilidade objetiva extracontratual perante terceiros das pessoas
jurídicas de direito privado que prestem serviços públicos, configurando-se hipótese de incidência do prazo
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prescricional quinquenal.

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
É defeso o pagamento de remuneração em valor inferior ao salário mínimo ao servidor público, ainda que
labore em jornada reduzida de trabalho.

STF, Plenário, RE 964.659/RD (Tema 900 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 05/08/2022 – Informativo 1062

É defeso o pagamento de remuneração em valor inferior ao salário mínimo ao servidor público, ainda que
labore em jornada reduzida de trabalho.

STF, Plenário, RE 964.659/RD (Tema 900 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 05/08/2022 – Informativo 1062

Não extrapola o poder regulamentar da Administração Pública, ou os princípios que a regem, Decreto Estadual
que dispõe sobre o dever de agentes públicos disponibilizarem informações sobre seus bens e evolução
patrimonial.

STJ, 1ª Turma, AgInt nos EDcl no RMS 55.819/MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 08/08/2022, DJe 17/08/2022 –
Informativo 747

É possível, em acordo celebrado em ação de divórcio, dispor sobre a manutenção do ex-cônjuge como
dependente em plano de saúde fechado, restrito a servidores públicos.

STJ, 1ª Turma, AgInt no RMS 67.430/BA, Rel. Min. Manoel Erhardt (convocado TRF-5), j. 05/09/2022, DJe
09/09/2022 – Informativo 750

No exercício da autonomia legislativa municipal, não pode o Município, ao disciplinar o regime jurídico de seus
servidores, restringir o direito de férias a servidor em licença saúde de maneira a inviabilizar o gozo de férias
anuais previsto no art. 7º, XVII da Constituição Federal de 1988.

STF, Plenário, RE 593.448/MG (Tema 221 RG), Rel. Min. Edson Fachin, j. 02/12/2022 – Informativo 1078

É possível ao servidor que já usufruiu o primeiro período de férias, após cumprida a exigência de 12 (doze)
meses de exercício, usufruir as férias seguintes no mesmo ano civil, dentro do período aquisitivo ainda em
curso, nos termos do § 1° do art. 77 da Lei n. 8.112/1990.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.907.153/CE (Recursos Repetitivos – Tema 1135), Rel. Min. Manoel Erhardt, j. 26/10/2022,
DJe 28/10/2022 – Informativo 755

Os períodos de férias, recesso, licenças e afastamentos de juiz convocado para atuar como desembargador
devem ser considerados quanto ao direito de recebimento de diferença de vencimentos previsto no art. 124
da Lei Complementar n. 35/1979.
41

STJ, 2ª Turma, REsp 1.902.244/CE, Rel. Min. Og Fernandes, j. 16/08/2022, DJe 30/08/2022 – Informativo 759
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Ausente a efetiva mudança de residência para a sede do CNJ, e findo o seu mandato junto a esse mesmo
Conselho, o magistrado não fará jus à ajuda de custo para despesas de retorno ao seu domicílio funcional de
origem.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.819.105/RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 29/11/2022, DJe 05/12/2022 – Informativo 761

Importante!

A fuga de presidiário e o cometimento de crime, sem qualquer relação lógica com sua evasão, extirpa o
elemento normativo, segundo o qual a responsabilidade civil só se estabelece em relação aos efeitos diretos
e imediatos causados pela conduta do agente. Nesse cenário, em que não há causalidade direta para fins de
atribuição de responsabilidade civil extracontratual do Poder Público, não se apresentam os requisitos
necessários para a imputação da responsabilidade objetiva prevista na Constituição Federal - em especial,
como já citado, por ausência do nexo causal.

STF, Plenário, RE 608.880, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Alexandre de Moraes, j. 08/09/2020

Entendimento do Supremo Tribunal Federal é de que a contratação precária para o exercício de atribuições
de cargo efetivo durante o prazo de validade do concurso público respectivo traduz preterição dos candidatos
aprovados e confere a esses últimos direito subjetivo à nomeação.

O direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses:
I - Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;
II - Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação;
III - Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e
ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos
acima.

STF, Plenário, RE 837.311/PI, Informativo 811

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJAP (2022).

A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde que o proprietário
comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo.

STF, Plenário, RE 635.336/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/12/2016 (repercussão geral) – Informativo 851

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJAP (2022).
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Importante! TODA HORA CAI EM PROVA – Leia os comentários com atenção.

Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção, previsto no art. 5º, XLIX, da CF/88, o Estado é
responsável pela morte de detento.

STF, Plenário, RE 841.526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 30/03/2016 – Informativo 993

#JURISEXPLICA
Imagine que o Preso 1 sofria de alguns problemas de saúde e, mesmo precisando de tratamento
médico, este não lhe foi oferecido de forma adequada pela administração penitenciária. Trata-se, pois, de
violação ao art. 14 da LEP, de modo que, se o Preso 1 vier a falecer em razão de seu estado de saúde, agravado
pela ausência de tratamento médico adequado, deverá o Estado ser responsabilizado, uma vez que houve
omissão específica e o óbito era, evidentemente, previsível.
Por outro lado, imagine que o Preso 2 estivesse, aparentemente, saudável, sem nenhum sinal ou
evidência de doença e, do nada, sofre um mal súbito do coração que acaba o levando a óbito. Nesse caso, não
há que se falar em responsabilização do Estado, já que não há qualquer omissão do Poder Público – o Preso 2
faleceria em qualquer lugar que estivesse naquele momento.
O mesmo raciocínio se aplica se a morte do detento tiver sido em razão de suicídio. Ou seja, se o
preso que pratica o suicídio já havia apresentado indícios de que agiria dessa forma, tornando o evento – ainda
que minimamente – previsível, o Estado deverá indenizar seus familiares, por não ter adotado as medidas
necessárias a evitar o ocorrido. Se, de outro modo, o preso nunca havia demonstrado sinais da prática de
suicídio, sendo este um ato completamente repentino e imprevisível, então não será o caso de
responsabilização, porque não houve qualquer omissão atribuível ao Poder Público (STJ, 2ª Turma, REsp
1.305.259/SC, j. 08/02/2018).

Importante!

Aplica-se igualmente ao estado o previsto no art. 927, parágrafo único, do Código Civil, relativo à
responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser
comissiva ou omissiva.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.869.046/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 09/06/2020, DJe 26/06/2020 – Informativo
674/2020

Comentários:
No caso concreto, um advogado, dentro do fórum, foi vítima de homicídio praticado por seu cliente,
réu em ação penal, em razão de disparo de arma de fogo. Debatia-se, então, se, nesse caso, deveria o Estado
arcar com indenização por danos morais e materiais em virtude do ocorrido.
A 2ª Turma do STJ entendeu haver responsabilidade estatal. Em seu voto, o ministro relator frisou que
a regra é: responsabilidade civil objetiva por fato comissivo do Estado e responsabilidade civil subjetiva por
conduta omissiva. Contudo, em situações excepcionais de risco anormal da atividade normalmente
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desenvolvida, a responsabilização estatal na omissão também se faz independentemente de culpa.


Com efeito, a norma do art. 927, parágrafo único, do CC, aplica-se também ao Estado, ensejando a
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responsabilidade civil objetiva pela prática de atividade naturalmente perigosa, seja ela lícita ou ilícita. Afinal,

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Jurisprudência Bloco III
tanto o Estado quanto os fornecedores particulares devem cumprir com o dever de segurança, ínsito a
qualquer produto ou serviço prestado.
Nesse sentido, são elementos caracterizadores da responsabilidade estatal por omissão: (i)
comportamento omissivo, (ii) dano, (iii) nexo de causalidade e (iv) culpa do serviço público – esta última
implicando rompimento de dever específico. Portanto, depende da ocorrência do ato omissivo ilícito,
consistente na ausência do cumprimento de deveres estatais legalmente estabelecidos.
Note que, no caso concreto, evitar o dano era possível ao ente público, que não o fez, caracterizando,
assim, o descumprimento de uma obrigação legal. Desta forma, configurado, na situação, o dano evitável,
inafastável se torna a responsabilização do Estado.
Assim sendo, concluiu o relator: Presentes, pois, a culpa (embora desnecessária, à luz do art. 927,
parágrafo único, do Código Civil) e o nexo causal, elementos aptos a determinar a responsabilização do poder
público no caso concreto. Se não fosse por sua conduta omissiva, tendo deixado de agir com o cuidado
necessário a garantir a segurança, no Fórum, dos funcionários e das partes, o evento danoso não teria ocorrido.

MUITO IMPORTANTE!

Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos
ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma
ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.

STF, Plenário, RE 636.553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 19/02/2020 (repercussão geral – Tema 445) –
Informativo 967

O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente
ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário,
nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93.

STF, Plenário, RE 760931/DF, Rel. Min. Rosa Weber, Rel. Acd. Min. Luiz Fux, j. 26/04/2017 (repercussão geral)
– Informativo 862

Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 1.601/2011, do Estado do Amapá. Instituição da Política Estadual
de Prevenção, Enfrentamento das Violências, Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Preliminar. Ausência de impugnação específica dos dispositivos da lei questionada. Não conhecimento, em
parte. Art. 9º. Estabelecimento de prazo para o Poder Executivo regulamentar as disposições legais
constantes de referido diploma normativo. Impossibilidade. Violação dos arts. 2º e 84, II, da Constituição
da Republica. 1. Recai sobre o autor das ações de controle concentrado de constitucionalidade o ônus
processual de indicar os dispositivos impugnados e realizar o cotejo analítico entre cada uma das proposições
normativas e os respectivos motivos justificadores do acolhimento da pretensão de inconstitucionalidade, sob
pena de indeferimento da petição inicial, por inépcia. 2. Não se mostra processualmente viável a impugnação
genérica da integralidade de um decreto, lei ou código por simples objeção geral, insuficiente, para tanto, a
mera invocação de princípios jurídicos em sua formulação abstrata, sem o confronto pontual e fundamentado
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entre cada um dos preceitos normativos questionados e o respectivo parâmetro de controle. 3. Firme a
jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal no sentido da incompatibilidade de dispositivos normativos
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que estabeleçam prazos, ao Poder Executivo, para apresentação de projetos de lei e regulamentação de

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Jurisprudência Bloco III
preceitos legais, por violação dos arts. 2º e 84, II, da Constituição da Republica. 4. Ação direta de
inconstitucionalidade conhecida em parte e, nessa extensão, pedido julgado procedente.

STF, Plenário, ADI 4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber, j. 16/11/2021, DJe 13/12/2021 – Informativo 1037

#FGVAMA Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJPE (2022).

O adicional de 1/3 (um terço) previsto no art. 7º, XVII, da Constituição Federal incide sobre a remuneração
relativa a todo período de férias.

STF, Plenário, RE 1.400.787/CE (Tema 1.241 RG), Rel. Min. Rosa Weber, j. 15/12/2022 – Informativo 1080

#FGVAMA Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJMS.

Comentários:
O art. 7º, XVII, da CF/1988 assegura ao trabalhador o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal, sem limitar o tempo da sua duração, razão pela qual esse
adicional deve incidir sobre todo o tempo de descanso previsto em lei.
Esse direito também se estende ao servidor público por força do art. 39, § 3º, da CF/88. Nesse
contexto, como a legislação do Município de Boa Viagem/CE garante 45 (quarenta e cinco) dias de férias anuais
para os respectivos professores, o acréscimo de 1/3 há de incidir sobre o valor pecuniário a ele
correspondente, sendo incabível sua restrição ao período de apenas 30 (trinta) dias, em respeito ao princípio
da legalidade (CF/88, art. 37, caput).
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, reconheceu a existência de repercussão
geral da questão constitucional suscitada (Tema 1.241 RG) e, no mérito, também por unanimidade, reafirmou
a jurisprudência dominante sobre a matéria para negar provimento ao recurso extraordinário.

É inconstitucional — por violar o devido processo legal (art. 5º, LIV, CF/88) e o princípio da não culpabilidade
(art. 5º, LVII, CF/88) — norma estadual que prevê a supressão remuneratória de policial investigado em sede
de sindicância. Não obstante, o afastamento do acusado deve ser analisado à luz do caso concreto.

O Supremo já decidiu que a presunção de inocência se estende até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória. Desse modo, é evidente que a tramitação do processo criminal, em si, não autoriza a supressão
do pagamento do servidor público acusado de crime.

Já a possibilidade do afastamento preventivo do policial em sede de sindicância (LC paranaense 14/1982, art.
240, §§ 5º e 6º) dependerá das circunstâncias do caso concreto, diante da inviabilidade de determinação de
um rol exaustivo dos elementos fáticos que podem surgir na apuração administrativa da falta funcional.

STF, Plenário, ADI 2926/PR, Rel. Min. Nunes Marques, j. 20/03/2023 – Informativo 1087
45

#FGVAMA Esse julgado acabou de cair na prova para Juiz do TJES.


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Jurisprudência Bloco III
DIREITO AMBIENTAL

É possível que o Estado-membro, por meio de decreto e portaria, determine que os usuários dos serviços de
água tenham em suas casas, obrigatoriamente, uma conexão com a rede pública de água.

O decreto e a portaria estaduais também poderão proibir o abastecimento de água para as casas por meio de
poço artesiano, ressalvada a hipótese de inexistência de rede pública de saneamento básico.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.306.093/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 28/05/2013 – Informativo 525

O MPF possui legitimidade para propor, na Justiça Federal, ação civil pública que vise à proteção de zona de
amortecimento de parque nacional, ainda que a referida área não seja de domínio da União.

STJ, 2ª Turma, AgRg no REsp 1.373.302/CE, Rel. Min. Humberto Martins, j. 11/06/2013 - Informativo 526

Não gera dano moral a conduta do IBAMA de, após alguns anos concedendo autorizações para desmatamento
e queimada em determinado terreno com a finalidade de preparar o solo para atividade agrícola, deixar de
fazê-lo ao constatar que o referido terreno integra área de preservação ambiental.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.287.068/RR, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 10/ 9/2013 – Informativo 531

Não é razoável a conduta do órgão ambiental que apreende uma ave (ex: papagaio) que já estava sendo criada
por longo período de tempo em ambiente doméstico, sem qualquer indício de maus-tratos ou risco de
extinção. Em casos como esse, não se mostra plausível que a apreensão do animal ocorra exclusivamente
sobre a ótica da estrita legalidade. É preciso se examinar as peculiaridades do caso sob a luz da finalidade da
Lei Ambiental que, sabidamente, é voltada à melhor proteção do animal.

Desse modo, com base nas peculiaridades do caso concreto, e em atenção ao princípio da razoabilidade, é
possível autorizar que a ave permaneça no ambiente doméstico do qual jamais se afastou por longos anos.

No caso concreto o animal já estava convivendo com a família há 15 anos, de modo que, para o STJ, tal período
é suficiente para configurar a adaptabilidade do animal ao convívio humano, bem como o vínculo afetivo do
animal com a família.

STJ, 1ª Turma, AgRg no REsp 1.457.447/CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 16/12/2014
STJ, 2ª Turma, AgInt no REsp 1.389.418/PB, Rel. Min. Og Fernandes, j. 21/09/2017

No mesmo sentido: O particular que, por mais de vinte anos, manteve adequadamente, sem indícios de maus
tratos, duas aves silvestres em ambiente doméstico, pode permanecer na posse dos animais (STJ, 2ª Turma,
REsp 1.425.943/RN, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 02/09/2014, Info. 550).
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#JURISDICA – Caiu no TJ/MS (FCC – 2020) – Em mandado de segurança impetrado contra ato de fiscal
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ambiental que apreendeu animal silvestre (papagaio-verdadeiro) adquirido irregularmente, o impetrante


confessa a origem ilícita da ave, mas alega que a adquiriu para sua filha pequena há 01 (um) ano, sendo a ave

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Jurisprudência Bloco III
um verdadeiro membro da família. Alega, por fim, que a menina sente muita falta do papagaio. A ordem
deverá ser: negada, diante da origem ilícita do animal silvestre. A banca considerou que 1 ano não é tempo
suficiente para adaptabilidade do animal e criação de vínculo afetivo, sendo o caso da questão diferente dos
casos considerados pelo STJ, em que o convívio do animal já perdurava por mais de 15 anos.

É constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que estabelece a aplicação de multa aos
proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima dos padrões considerados aceitáveis, uma
vez que o Município, no âmbito do interesse local, tem competência para legislar sobre meio ambiente e
controle da poluição.

STF, Plenário, RE 194.704/MG, Rel. Min. Carlos Velloso, Rel. Acd. Min. Edson Fachin, j. 29/06/2017 –
Informativo 870

É inconstitucional – por violação ao art. 225, § 1º, III, da CF/88 – a redução ou a supressão de espaços
territoriais especialmente protegidos, como é o caso das unidades de conservação, por meio de medida
provisória.

A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de medida provisória, ainda que não
conste expressamente do elenco das limitações estabelecidos no art. 62, § 1º, da CF/88. Deve haver lei em
sentido estrito nesse sentido, por força do que dispõe o art. 225, § 1º, III, da CF/88.

STF, Plenário, ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 05/04/2018 – Informativo 896

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJAP (2022).

A aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da esfera cível
para reparação dos danos causados, mas deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a
conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com
demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano.

Assim, a responsabilidade civil ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa


ambiental, esta será subjetiva.

STJ, 1ª Seção, EREsp 1.318.051/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 08/05/2019 – Informativo 650

O transporte em quantidade excessiva de madeira, não acobertada pela respectiva guia de autorização,
legitima a apreensão de toda a mercadoria – e não apenas do excesso. A gravidade da conduta de quem
transporta madeira em descompasso com a respectiva guia de autorização não se calcula com base apenas no
quantitativo em excesso, uma vez que esse tipo de infração compromete a eficácia de todo o sistema de
proteção ambiental. Logo, a medida de apreensão deve compreender a totalidade da mercadoria
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transportada.
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STJ, 2ª Turma, REsp 1.784.755, Rel. Min. Og Fernandes, j. 17/09/2019 – Informativo 658

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Jurisprudência Bloco III

As autoridades ambientais podem apreender veículo utilizado para a prática de infração ambiental mesmo
que este bem seja alugado e quem tenha cometido o ilícito tenha sido o locatário.

STJ, 2ª Turma, AREsp 1.084.396/RO, Rel. Min. Og Fernandes, j. 19/09/2019 – Informativo 659

Comentários:
Ainda que se trate de bem locado ao real infrator, a apreensão do bem é possível. Não se pode dizer
que houve uma injusta restrição ao proprietário (que não deu causa à infração ambiental). Ao alugar o veículo,
o locador assume o risco decorrente da exploração da atividade econômica por ele exercida. Além disso, seja
em razão do conceito legal de poluidor, seja em função do princípio da solidariedade que rege o direito
ambiental, a responsabilidade administrativa pelo ilícito recai sobre quem, de qualquer forma, contribuiu para
a prática da infração ambiental, por ação ou omissão.
Ademais, aquele que realiza a atividade de locação de veículos deve adotar garantias para a prevenção
e o ressarcimento dos danos causados pelo locatário. Não é possível admitir que o Judiciário comprometa a
eficácia da legislação ambiental e impeça a apreensão do veículo tão somente porque o instrumento utilizado
no ilícito originou-se de um contrato de locação, cessão ou de qualquer outro meio juridicamente previsto.
Por outro lado, após a medida de apreensão, a autoridade administrativa deverá notificar o
proprietário do veículo locado para dar a ele a oportunidade de comprovar a sua boa-fé antes de decidir
sobre a destinação do bem apreendido pela prática de infração ambiental. Cabe ao proprietário do veículo
comprovar sua boa-fé, demonstrando que, pelas circunstâncias da prática envolvida e apesar de ter tomado
as precauções necessárias, não tinha condições de prever a utilização do bem no ilícito ambiental.

Importante!

O erro na concessão de licença ambiental não configura fato de terceiro capaz de interromper o nexo causal
na reparação por lesão ao meio ambiente.

Os danos ambientais são registos pela teoria do risco integral. Assim, a pessoa que explora a atividade
econômica ocupa a posição de garantidor da preservação ambiental, sendo sempre considerado responsável
pelos danos vinculados à atividade. Logo, não se pode admitir a exclusão da responsabilidade pelo fato
exclusivo de terceiro ou força maior.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.612.887/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 28/04/2020 – Informativo 671

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJAP (2022).

Comentários:
O caso concreto julgado pelo STJ envolvia a construção de um posto de gasolina que causou danos em
área ambiental protegida. Mesmo tendo havido a concessão de licença ambiental – que se mostrou
48

equivocada –, entendeu a Corte Superior que isso não poderia ser considerado como causa excludente da
responsabilidade do proprietário do estabelecimento. Com efeito, mesmo que se considere que a instalação
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do posto de combustível somente tenha ocorrido em razão de erro na concessão da licença ambiental, é o

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Jurisprudência Bloco III
exercício dessa atividade, de responsabilidade do empreendedor, que gera o risco concretizado no dano
ambiental, razão pela qual não há possibilidade de eximir-se da obrigação de reparar a lesão verificada.

O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado se configura como direito fundamental da pessoa
humana. A mera revogação de normas operacionais fixadoras de parâmetros mensuráveis necessários ao
cumprimento da legislação ambiental, sem sua substituição ou atualização, aparenta comprometer a
observância da Constituição Federal, da legislação vigente e de compromissos internacionais.

STF, Plenário, ADPF 747 MC-Ref/DF, ADPF 748 MC-Ref/DF e ADPF 749 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, j.
27/11/2020 – Informativo 1000/2020

Na vigência do novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2012), a extensão não edificável nas Áreas de Preservação
Permanente de qualquer curso d'água, perene ou intermitente, em trechos caracterizados como área urbana
consolidada, deve respeitar o que disciplinado pelo seu art. 4º, caput, inciso I, alíneas "a, b, c, d e e, a fim de
assegurar a mais ampla garantia ambiental a esses espaços territoriais especialmente protegidos e, por
conseguinte, à coletividade.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.770.760/SC (Tema 1010), Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 28/04/2021 – Informativo
694/2021

O Município é competente para legislar sobre meio ambiente com União e Estado, no limite de seu interesse
local e desde que tal regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados.

STF, Plenário, RE 586.224, rel. Min. Luiz Fux, j. 05/03/2021 (Repercussão Geral – Tema 145)

Importante!

Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de Constituição do estado de São Paulo que
proíbe a caça em seu respectivo território.

STF, Plenário, ADI 350/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 18/06/2021 – Informativo 1022/2021

Comentários:
Considerando as regras de repartição de competência previstas nos arts. 23, VI e VII, e 24, VI, da CF/88,
o constituinte estadual apenas reforçou a proibição de caça prevista no art. 1º da Lei n. 5.197/1967, norma
geral de proteção à fauna editada pela União.
No entanto, o Plenário do STF destacou que, na interpretação do dispositivo da Constituição estadual
sob análise, não devem ser incluídas a vedação às modalidades conhecidas como caça de controle e caça
científica, tendo em vista que tais modalidades destinam-se ao reequilíbrio do ecossistema, tendo, pois,
natureza protetiva em relação ao meio ambiente.
Seguindo esse raciocínio, o pedido formulado na ADI foi julgado parcialmente procedente, apenas
49

para conferir interpretação conforme à Constituição, esclarecendo que não se incluem na vedação à caça a
destruição para fins de controle e a coleta para fins científicos, previstas, respectivamente, nos arts. 3º, § 2º,
Página

e 14, ambos da Lei federal n. 5.197/1967.

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
A apreensão do instrumento utilizado na infração ambiental, fundada na atual redação do § 4º do art. 25 da
Lei n. 9.605/1998, independe do uso específico, exclusivo ou habitual para a empreitada infracional.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.814.944/RN, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 10/02/2021 (Tema 1036) –
Informativo 685/2021

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na última prova para Juiz do TJPR (2021).

O delito de causar dano em unidade de conservação (art. 40 da Lei n. 9.605/98) pode ser absorvido pelo delito
de construir em solo que, por seu valor ecológico, não é edificável (art. 64 da Lei n. 9.605/98).

STJ, 5ª Turma, REsp 1.925.717/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 25/05/2021, DJe 28/05/2021 – Informativo
698/2021

Comentários:
As unidades de conservação não são o único espaço a receber especial tutela da legislação penal, pois
a Lei n. 9.605/98 tipifica, também, os danos ambientais causados em outras espécies de áreas, como as
florestas de preservação permanente (arts. 38, 39, 40 e 44), as de domínio público (arts. 44 e 50-A), a Mata
Atlântica (art. 38-A), a vegetação fixadora de dunas e mangues (art. 50) e as praias (art. 54, § 2º, IV). Na
verdade, considerando a quantidade e diversidade de espações protegidos pela Lei n. 9.605/98, é mesmo
difícil imaginar uma situação em que o delito do art. 64 (na ação típica de construir em área não edificável por
seu valor ecológico) não produza, também, danos sobre algum dos outros espaços referidos naquele diploma
legislativo.
Para avaliar a possibilidade de absorção de um crime por outro, o mais importante é verificar se o
delito menor se encontra na cadeia causal do delito continente, como uma etapa do iter criminis – seja na
preparação, consumação ou exaurimento do crime maior. Este raciocínio não é obstado pela diversidade de
bens jurídicos protegidos por cada tipo incriminador, tampouco impede a consunção o de que o crime
absorvido tenha pena maior do que a do crime continente.
A bem da verdade, a distinção entre os bens jurídicos tutelados pelos arts. 40 a 64 da Lei n. 9.605/98
não é tão intensa, pois este último dispositivo se refere, expressamente, à construção em espaços não
edificáveis por sua especial relevância ecológica. Por conseguinte, o dispositivo não destina a proteger
somente a higidez das posturas locais de ordenação urbanística e da ocupação do solo, mas abrange
textualmente a guarida do meio ambiente.
Após estabelecer essas premissas teóricas, a 5ª Turma do STJ decidiu que o dano causado pela
construção à estação ecológica se encontra, efetivamente, absorvido pela edificação irregular. O dano pode,
em tese, ser considerado concomitante à construção, enquanto ato integrante da fase de execução do iter do
art. 64, caso em que se aplicaria o princípio da consunção em sua formulação genérica; ou, então, como
consequência naturalística inafastável e necessária da construção, de maneira que seu tratamento jurídico
seria o de pós-fato impunível. De todo modo, o dano à unidade de conservação se situa dentro da escala causal
da construção irregular – seja como ato executório ou como exaurimento –, nela exaurindo toda sua
50

potencialidade lesiva.
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
É inconstitucional norma estadual que estabelece hipóteses de dispensa e simplificação do licenciamento
ambiental para atividades de lavra a céu aberto, por invadir a competência legislativa da União para editar
normas gerais sobre proteção do meio ambiente, nos termos previstos no art. 24, §§ 1º e 2º, da Constituição
Federal.

STF, Plenário, ADI 6650/SC, rel. min. Cármen Lúcia, j. 26/04/2021 – Informativo 1014/2021

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJPE, aplicada em 2022.

Importante!

Não havendo norma federal disciplinadora, é constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais
para desenvolvimento, experimento e teste de produtos cosméticos, higiene pessoal, perfumes, limpeza e
seus componentes (1). É, no entanto, inconstitucional que norma estadual vede a comercialização de
produtos desenvolvidos a partir de teste em animais, bem como a que determina conste no rótulo informação
acerca da não realização de testes em animais (2).

STF, Plenário, ADI 5995/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 27/05/2021 – Informativo 1019/2021

Comentários:
(1) Ante a inexistência de disciplina da matéria em nível federal, é permitido aos estados exercitar a
competência legislativa plena, conforme autoriza o art. 24, § 3º, da CF/88. Na hipótese, apesar da proximidade
temática da norma impugnada em relação ao conteúdo da Lei federal n. 11.794/2008, esta possui objeto
distinto, pois dispõe tão somente acerca do uso de animais para fins de atividade de ensino e pesquisa
científica. Portanto, não há no caso invasão da competência da União para editar normas gerais sobre fauna,
conservação da natureza e proteção ao meio ambiente (CF/88, art. 24, VI).
(2) Por outro lado, normas estaduais que vedem comercialização de produtos desenvolvidos a partir de testes
em animais e que determinam que haja informação no rótulo acerca da não realização dos testes em animais
acabam por invadir a competência legislativa da União para legislar sobre produção e consumo e sobre
comércio interestadual (art. 22, VIII, da CF/88).

Muito importante!

É inconstitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais


apreendidos em situação de maus-tratos.

STF, Plenário, ADPF 640/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 17/09/2021 – Informativo 1030/2021

Comentários:
Essa interpretação – proposta por órgãos administrativos e adotada por autoridades judiciais – ofende
51

normas materiais da Constituição Federal, em especial o art. 225, § 1º, VII, que impõe a proteção à fauna e
proíbe qualquer espécie de maus-tratos aos animais.
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Embora sejam relevantes, os problemas estruturais e financeiros, mencionados nas decisões judiciais
e nas manifestações administrativas, não autorizam o abate, e sim o uso de instrumentos descritos na
legislação infraconstitucional, como a soltura em habitat natural ou em cativeiros, a doação a entidades
especializadas ou a pessoas habilitadas e, inclusive, o leilão. A finalidade das normas protetivas não autoriza
concluir que os animais devam ser resgatados de situações de maus-tratos para, logo em seguida, serem
abatidos.
As decisões judiciais e as interpretações administrativas que justificam o abate preferencial e imediato
desses animais violam, também, o princípio da legalidade (CF, art. 37, caput). Afinal, inexiste autorização legal
expressa que possibilite o abate no caso específico de apreensão em situação de maus-tratos, conforme se
observa da literalidade do art. 25, §§ 1º e 2º, combinado com o art. 32 da Lei n. 9.605/98 (Lei de Crimes
Ambientais), bem como dos arts. 101, 102 e 103 do Decreto n. 6.540/2008.
Com base nesse entendimento, o Plenário do STF julgou procedente o pedido formulado na ADPF 640
para declarar a ilegitimidade da interpretação dada aos mencionados dispositivos e das demais normas
infraconstitucionais que autorizem o abate de animais apreendidos em situação de maus-tratos.

É constitucional o novo marco legal do saneamento básico.

STF, Plenário, ADI 6492/DF, ADI 6536/DF, ADI 6583/DF e ADI 6882/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 02/12/2021 –
Informativo 1040/2021

Comentários:
A Lei n. 14.026/2020, fundamentada nos arts 21, XX, 22, XXVII, e 23, IX, da
Constituição Federal, possibilitou a formação de arranjos federativos de contratação
pública compatíveis com a autoadministração dos municípios. Com efeito, embora a
organização das atividades continue sob a titularidade dos municípios, o planejamento das
políticas de saneamento é o resultado da deliberação democrática em dois níveis, o Plano
federal e o Plano estadual ou regional, não havendo, assim, que se falar em violação à autonomia
municipal.
Da mesma forma, não ocorre ofensa ao princípio federativo em decorrência da nova
redação do art. 50 da Lei 11.445/2007, a qual determina os requisitos de conformidade
regulatória esperados dos municípios, do Distrito Federal e dos estados, para que façam jus às
transferências voluntárias, onerosas e não onerosas, provenientes da União. Trata-se de
mecanismo de compliance e o condicionamento da destinação de recursos federais via
transferências voluntárias pode ocorrer, inclusive, por pactuação contratual, sendo
desnecessária a existência de lei disciplinadora das condições para a percepção das dotações.
Ademais, a exclusão do contrato de programa para a execução dos serviços públicos
de saneamento básico a partir da promulgação da Lei 14.026/2020, representa uma afetação
proporcional à autonomia negocial dos municípios, em prol da realização de objetivos
setoriais igualmente legítimos. Essa proibição ocorre no mesmo ritmo da opção legislativa
pela delegação sob o modelo de concessão, que, além de proteger a segurança jurídica com a
continuidade dos serviços, estipula metas quanto à população atendida pela distribuição de água (99% da
população) e pelo esgotamento sanitário (90% da população), visa a fomentar a concorrência para os
52

mercados e aumentar a eficiência na prestação dos serviços.


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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
É inconstitucional lei estadual que legitime ocupações em solo urbano de área de preservação permanente
(APP) fora das situações previstas em normas gerais editadas pela União.

STF, Plenário, ADI 5675/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 17/12/2021 – Informativo 1042

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJMS.

Comentários:
Os arts. 2º, III; 3º, II, “c”; e 17, da Lei nº 20.922/2013, do Estado de Minas Gerais, ampliaram os casos
de ocupação antrópica em áreas de preservação permanente previstos na norma federal vigente à época (no
caso, a Lei nº 11.977/2009, revogada pela Lei nº 13.465/2017).
Com isso, essa lei estadual, além de estar em descompasso com o conjunto normativo elaborado pela
União, flexibilizou a proteção ao meio ambiente local, tornando-o mais propenso a sofrer danos.
A legislação mineira, ao flexibilizar os casos de ocupação antrópica em áreas de Preservação
Permanente, invadiu a competência da União, que já havia editado norma que tratava da regularização e
ocupação fundiária em APPs.

Sob a vigência da Lei n. 4.771/1965, é lícita a queima da palha de cana-de-açúcar em atividades agroindustriais,
desde que devidamente autorizada pelo órgão ambiental competente e com a observância da
responsabilidade civil por eventuais danos de qualquer natureza causados ao meio ambiente ou a terceiros.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.443.290/GO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 19/04/2022, DJe 28/04/2022 – Informativo
734

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJSC (2022).

Em ação que tem por objeto apenas a reparação de danos morais e materiais suportados por pescadores em
razão do rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG, não se discutindo a responsabilização do
Estado, não prevalece a competência da 12ª Vara Federal de Belo Horizonte, permitindo-se o ajuizamento no
foro de residência do autor ou no local do dano.

STJ, 4ª Turma, AgInt no AREsp 1.966.684/ES, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 17/10/2022, DJe 20/10/2022 –
Informativo 758

A indenização de dano ambiental deve abranger a totalidade dos danos causados, não sendo possível ser
decotadas em seu cálculo despesas referentes à atividade empresarial (impostos e outras).

STJ, 2ª Turma, REsp 1.923.855/SC, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 26/04/2022, DJe 28/04/2022 – Informativo
734
53

#FGVAMA
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Esse julgado acabou de cair na prova para Juiz do TJES.

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Comentários:
Na origem trata-se de ação civil pública ajuizada pela União objetivando condenação dos réus na
obrigação de restauração de área degradada e ao pagamento de valor total do lucro obtido com a extração
ilegal de areia e argila.
O Tribunal a quo fixou a indenização no montante de 50% (cinquenta por cento) do faturamento total
da empresa proveniente da extração irregular do minério, porquanto consideradas as despesas referentes à
atividade empresarial (impostos e outras).
No entanto, a indenização deve abranger a totalidade dos danos causados ao ente federal, sob pena
de frustrar o caráter pedagógico-punitivo da sanção e incentivar a impunidade de empresa infratora, que
praticou conduta grave com a extração mineral irregular, fato incontroverso nos autos.
Na hipótese analisada, o valor indicado em sede administrativa é incontroverso, encontrado após
detida análise, inclusive mediante imagens de satélite, sendo o estimado como o de mercado ao tempo da
extração, a representar 100% do valor obtido com a extração ilegal, no que se entende pela desnecessidade
de apuração em sede de liquidação de sentença.

A omissão na fiscalização e mitigação dos danos ambientais enseja a imposição judicial de obrigações positivas
para o Município a fim de solucionar o problema cuja extensão temporal e quantitativa revela afronta à
dimensão ecológica da dignidade humana.

STJ, 2ª Turma, AREsp 2.204.982/SP, Rel. Min. Og Fernandes, j. 14/06/2022, DJe 24/06/2022 – Informativo 742

A empresa que efetua irregularmente a lavra de minério, enriquecendo-se ilicitamente, não pode pretender
o ressarcimento dos custos operacionais dessa atividade contra legem, sob o argumento de que a não
remuneração ensejaria o locupletamento sem causa da União.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.860.239/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 09/08/2022, DJe 19/08/2022 – Informativo 746

Importante!

A responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva e solidária. E, nos casos em que o Poder Público
concorre para o prejuízo por omissão, a sua responsabilidade solidária é de execução subsidiária (ou com
ordem de preferência).

STJ, 2ª Turma, AREsp 1.756.656/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 18/10/2022, DJe 21/10/2022 – Informativo
758

Comentários:
O Estado é solidário, objetiva e ilimitadamente responsável, nos termos do art. 14, § 1º, da Lei n.
6.938/1981, por danos ambientais decorrentes da omissão do seu dever de controlar e fiscalizar, nos casos
em que contribua, direta ou indiretamente, tanto para a degradação ambiental em si mesma, como para o
seu agravamento, consolidação ou perpetuação. Em casos tais em que o Poder Público concorre para o
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prejuízo por omissão, a sua responsabilidade solidária é de execução subsidiária (ou com ordem de
preferência).
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
É inconstitucional a concessão automática de licença ambiental no sistema responsável pela integração
(Redesim) para o funcionamento de empresas que exerçam atividades de risco médio nos termos da
classificação estabelecida em ato do Poder Público.

STF, Plenário, ADI 6808/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 28/04/2022 – Informativo 1052

É inconstitucional interpretação do art. 264 da Constituição do Estado do Ceará de que decorra a supressão
da competência dos Municípios para regular e executar o licenciamento ambiental de atividades e
empreendimentos de impacto local.

STF, Plenário, ADI 2142/CE, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 24/06/2022 – Informativo 1060

Comentários:
Cabe aos municípios promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos que
possam causar impacto ambiental de âmbito local.
Com amparo nas regras de repartição de competências, o entendimento do Supremo se firmou no
sentido de que o município é competente para legislar sobre o meio ambiente com a União e o estado no
limite do seu interesse local e desde que tal regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos
demais entes federados (CF/1988, art. 24, VI c/c o art. 30, I e II).
A Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecida pela Lei 6.938/1981, expressamente prevê que
dependem de licenciamento ambiental a construção, a instalação, a ampliação e o funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou
capazes de causar degradação ambiental sob qualquer forma. Nesse contexto, o conjunto normativo (LC
140/2011, art. 9º, XIV, “a” e “b”, e Res. CONAMA 237/97, arts. 6º e 7º) e a jurisprudência acerca do tema (STF,
ADI 6288) reforçam a referida competência municipal e a sua importância.
Com base nesse entendimento, o Plenário do STF julgou procedente a ADI para conferir interpretação
conforme a Constituição Federal ao art. 264 da Constituição do Estado do Ceará, no sentido de que a aplicação
do dispositivo deve se limitar à estrutura político-administrativa do Estado do Ceará, ficando resguardadas as
competências administrativa e legislativa dos municípios relativas ao licenciamento de atividades e
empreendimentos de impacto local.

Importante!

É inconstitucional — por invadir a competência legislativa geral da União (CF/1988, art. 24, VI, §§ 1º e 2º) e
violar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (CF/1988, art. 225, § 1º, IV) — norma estadual
que cria dispensa do licenciamento ambiental para atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente.

STF, Plenário, ADI 4529/MT, Rel. Min. Rosa Weber, j. 21/11/2022 – Informativo 1076
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Importante!

A repartição de competências comuns, instituída pela LC 140/2011, mediante atribuição prévia e estática das
competências administrativas de fiscalização ambiental aos entes federados, atende às exigências do princípio
da subsidiariedade e do perfil cooperativo do modelo de Federação, cuja finalidade é conferir efetividade nos
encargos constitucionais de proteção dos valores e direitos fundamentais.

É inconstitucional regra que autoriza estado indeterminado de prorrogação automática de licença ambiental.

STF, Plenário, ADI 4757/DF, Rel. Min. Rosa Weber, j. 12/12/2022 – Informativo 1079

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJMS.

São inconstitucionais as normas que, a pretexto de reestruturarem órgãos ambientais, afastam a participação
da sociedade civil e dos governadores do desenvolvimento e da formulação de políticas públicas, bem como
reduzem, por via de consequência, o controle e a vigilância por eles promovidos.

STF, Plenário, ADPF 651/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 28/04/2022 – Informativo 1052

Comentários:
A Constituição Federal confere ao Poder Público e à coletividade o dever de preservar e defender o
meio ambiente. A responsabilidade da coletividade só existe se a ela for viabilizada a participação na
formulação, execução e controle das políticas públicas ambientais, razão pela qual a Constituição também
teve o cuidado de estabelecer o dever de o Poder Público promover a educação ambiental, em todos os níveis
de ensino, e a conscientização pública para a necessidade de preservação do meio ambiente (CF/88, art. 225,
§ 1º, VI).
Nesse sentido, as medidas de proteção ambiental devem se orientar para acolher a participação da
sociedade civil. A eliminação da presença de seus representantes na composição de órgãos ambientais exclui
a coletividade da atuação cívica das políticas adotadas, bem como confere ao Poder Executivo o controle
exclusivo de suas decisões, neutralizando o caráter plural, crítico e diversificado da formulação, desempenho
e controle social, que, por definição constitucional, caracteriza condição inerente à atuação desses órgãos.
Com base nesse entendimento, o Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade do art. 5º do Dec.
10.224/2020, que extinguiu a participação da sociedade civil no Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do
Meio Ambiente, bem como declarou a inconstitucionalidade do Dec. 10.239/2020, especificamente no ponto
em que excluída a participação de governadores no Conselho Nacional da Amazônia Legal, e do inciso CCII do
art. 1º do Dec. 10.223/2020, especificamente no ponto em que extinguiu o Comitê Orientador do Fundo da
Amazônia.
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
É inconstitucional a Resolução CONAMA 500/2020, que revogou as Resoluções CONAMA 284/2001,
302/2002 e 303/2002, as quais dispõem, respectivamente, sobre (i) licenciamento de empreendimentos de
irrigação; (ii) parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais
e o regime de uso do entorno; e (iii) parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.

Ao revogar normativa necessária e primária de proteção ambiental na seara hídrica, o ato normativo
impugnado implicou evidente retrocesso na proteção e defesa dos direitos fundamentais à vida, à saúde e ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, pois revela autêntica situação de degradação de ecossistemas
essenciais à preservação da vida sadia, comprometimento da integridade de processos ecológicos essenciais
e perda de biodiversidade, assim como o recrudescimento da supressão de cobertura vegetal em áreas
legalmente protegidas

É constitucional a Resolução CONAMA 499/2020, porque, ao disciplinar condições, critérios, procedimentos


e limites a serem observados no licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para a atividade
de coprocessamento de resíduos, a Resolução atende não apenas à exigência de estudo prévio de impacto
ambiental para a instalação de atividade potencialmente causadora de degradação do meio ambiente, como
também à obrigação imposta ao Poder Público de controlar o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.

STF, Plenário, ADPF 748/DF, Rel. Min. Rosa Weber, j. 20/05/2022 – Informativo 1035

Tese A) O direito de acesso à informação no Direito Ambiental brasileiro compreende: i) o dever de publicação,
na internet, dos documentos ambientais detidos pela Administração não sujeitos a sigilo (transparência ativa);
ii) o direito de qualquer pessoa e entidade de requerer acesso a informações ambientais específicas não
publicadas (transparência passiva); e iii) direito a requerer a produção de informação ambiental não disponível
para a Administração (transparência reativa).

Tese B) Presume-se a obrigação do Estado em favor da transparência ambiental, sendo ônus da Administração
justificar seu descumprimento, sempre sujeita a controle judicial, nos seguintes termos: i) na transparência
ativa, demonstrando razões administrativas adequadas para a opção de não publicar; ii) na transparência
passiva, de enquadramento da informação nas razões legais e taxativas de sigilo; e iii) na transparência
ambiental reativa, da irrazoabilidade da pretensão de produção da informação inexistente.

Tese C) O regime registral brasileiro admite a averbação de informações facultativas sobre o imóvel, de
interesse público, inclusive as ambientais.

Tese D) O Ministério Público pode requisitar diretamente ao oficial de registro competente a averbação de
informações alusivas a suas funções institucionais.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.857.098/MS (Tema IAC 13), Rel. Min Og Fernandes, j. 11/05/2022 – Informativo 737
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
A pretensão executória de obrigações de fazer previstas em Termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado
para reparação de danos ambientais decorrentes de empreendimento imobiliário, quando relacionadas a
questões meramente patrimoniais, não visando a restauração de bens de natureza ambiental, sujeita-se à
prescrição quinquenal.

STJ, 1ª Turma, AREsp 1.941.907/RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 09/08/2022 – Informativo 744

Comentários:
A jurisprudência do STJ, seguindo a orientação firmada no âmbito do STF (Tema 999 de RG), possui
entendimento no sentido de que é imprescritível a pretensão de reparação civil por danos ambientais.
Também recentemente o STF reconheceu a repercussão geral no ARE 1.352.872/SC, da matéria atinente à
“prescritibilidade de título executivo decorrente de condenação por dano ambiental posteriormente
convertida em perdas e danos” (Tema 1194/STF). Todavia, o contexto delineado no caso concreto denota não
se tratar de recomposição de dano ambiental. Isso porque o MP pretende executar cláusula do TAC firmado
com a empresa responsável pela construção de empreendimento imobiliário.
A pretensão trazida não se refere à reparação de danos ambientais em si, a ensejar a
imprescritibilidade, mas sim à pretensão executória de obrigações de fazer previstas em TAC, relacionada a
obras e serviços de pavimentação, pintura e instalação de telhas, assumidos pela empresa construtora como
contrapartida à comunidade vizinha, pela instalação do empreendimento imobiliário. Discute suposto
inadimplemento parcial de uma das cláusulas previstas no TAC firmado com o Ministério Público Estadual,
alusivas a obras de melhorias e conservação em prédios, sob a alegação de que não foram executadas com o
devido padrão de qualidade esperado. Não se visa a restauração de bens de natureza ambiental, mas a
reparação meramente patrimonial.
Além disso, não se trata de ação de indenização por dano ambiental, mas sim execução de pretenso
título executivo extrajudicial, em relação a qual há de incidir a prescrição.
Por oportuno, é importante ressaltar que a jurisprudência do STJ distingue a obrigação de reparar o
dano ambiental e a obrigação de executar a multa administrativa por infração ambiental, haja vista que
aquela, ao contrário do que ocorre com esta, não são alcançadas pela incidência da prescrição. Nesse sentido
é o que dispõe a Súmula 467 do STJ ("Prescreve em cinco anos, contados do término do processo
administrativo, a pretensão da Administração Pública promover a execução da multa por infração ambiental").
Assim, não se tratando diretamente de danos ambientais, não há como se afastar do entendimento
de que a presente pretensão executória, proposta pelo Ministério Público Estadual após mais de cinco anos
do termo final para cumprimento das obrigações constantes no TAC, está sujeita à prescrição quinquenal,
diante da aplicação do disposto no artigo 21 da Lei n. 4.717/1965.
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
REPARAÇÃO POR DANO AMBIENTAL

#FGVAMA – O tema foi cobrado na prova para Juiz do TJPE (2022).

É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental. A reparação do dano ao meio ambiente é
direito fundamental indisponível, sendo imperativo o reconhecimento da imprescritibilidade no que toca à
recomposição dos danos ambientais.

➢ STF, Plenário, RE 654.833, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 20/04/2020 (Tema 999 RG), Info. 983

O prazo prescricional da ação indenizatória, por danos causados em razão da construção de usina hidrelétrica,
inicia-se a partir da data em que o titular do direito toma conhecimento inequívoco do fato e da extensão de
suas consequências, nos termos do princípio da actio nata, podendo esse momento coincidir ou não com o
do alagamento do reservatório da usina hidrelétrica (dano ambiental).

As demandas indenizatórias ajuizadas com vistas à reparação de interesses de cunho individual e patrimonial,
devem sujeitar-se ao prazo prescricional trienal, estabelecido no art. 206, § 3º, V, do CC, o que afasta a tese
de dano ambiental contínuo.

➢ STJ, 2ª Turma, AgInt no AREsp 1.734.250/MA, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 10/05/2021

É inconstitucional lei estadual que proíbe os órgãos ambientais e a polícia militar de destruírem e inutilizarem
bens particulares apreendidos em operações de fiscalização ambiental.

Essa lei viola a competência da União para legislar sobre normas gerais de proteção ao meio ambiente (art.
24, VI e VII, da CF/88) e afronta a competência privativa da União para legislar sobre direito penal e processual
penal (e 22, I, da CF/88).

STF, Plenário, ADI 7203/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 01/03/2023 – Informativo 1084

#FGVAMA
Esse julgado acabou de cair na prova para Juiz do TJES. Veja como a FGV não está para amadores e
você deve estar com a júris em dia: o julgado é de março de 2023 e a prova em questão foi aplicada em agosto
de 2023!
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
SÚMULAS SOBRE DIREITO AMBIENTAL:

• STJ, Súmula 467. Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo,
a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental.

• STJ, Súmula 613. Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito
Ambiental.
*Cobrada pela FGV na última prova para Juiz do TJPR (2021).

• STJ, Súmula 618. A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.

• STJ, Súmula 623. As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível
cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.

• STJ, Súmula 629. Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de
fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar.

• STJ, Súmula 652. A responsabilidade civil da Administração Pública por danos ao meio
ambiente, decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter solidário, mas de
execução subsidiária.
*Aprovada pela 1ª Seção do STJ em 02/12/2021 e cobrada pela FGV na prova para Juiz do
TJSC (2022).

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
DIREITO EMPRESARIAL

Às patente pipeline não se aplicam os requisitos ordinários da novidade, atividade inventiva e industrial.

A patente pipeline é um mecanismo para o reconhecimento de patentes estrangeiras no território nacional. O


propósito deste dispositivo é, pelo menos em tese, proteger a propriedade intelectual dos detentores
estrangeiros de direitos de patente industrial. Com isso, os direitos reconhecidos no país de depósito da
patente original são validados também no Brasil. São também conhecidas como “patentes de importação” ou
“de validação”.

Uma patente pipeline concedida no exterior e revalidada no Brasil não pode ser anulada ao fundamento de
falta de um dos requisitos de mérito do art. 8º da Lei 9.279/1996 (Lei de Propriedade Industrial – LPI), mas
apenas por ausência de requisito especificamente aplicável a ela (como, por exemplo, por falta de pagamento
da anuidade no Brasil) ou em razão de irregularidades formais.

Da leitura dos arts. 230 e 231 da LPI e de acordo com doutrina especializada, uma vez concedida a patente
pipeline por outra jurisdição, ela não poderá ser anulada invocando-se a ausência de um dos requisitos de
mérito previstos no art. 8º da LPI para a concessão das patentes ordinárias (novidade, atividade inventiva e
aplicação industrial).

Ademais, A Lei de Propriedade Industrial, em seu art. 230, § 4º, c/c o art. 40, estabelece que a proteção
oferecida às patentes estrangeiras, chamadas patentes pipeline, vigora 'pelo prazo remanescente de
proteção no país onde foi depositado o primeiro pedido', até o prazo máximo de proteção concedido no
Brasil – 20 anos – a contar da data do primeiro depósito no exterior, ainda que posteriormente abandonado.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.201.454/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 14/10/2014 - Informativo 550
STJ, 4ª Turma, AgRg no REsp 1.207.571/RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 04/11/2014

#FGVAMA
Esse julgado acabou de cair na prova para Juiz do TJES e pegou todo mundo de surpresa, pois poucos
conheciam a patente pipeline. Isso foi tão comentado, que acho pouco provável que a banca venha novamente
com o tema, mas é bom já ficar por dentro, pois pode ser assunto abordado por outras bancas e, até, numa
prova discursiva ou oral.

O banco sacado não é parte legítima para figurar no polo passivo de ação ajuizada com o objetivo de reparar
os prejuízos decorrentes da devolução de cheque sem provisão de fundos emitido por correntista.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.509.178/SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 20/10/2015 - Informativo 574

O juízo onde tramita o processo de recuperação judicial é o competente para decidir sobre o destino dos bens
e valores objeto de execuções singulares movidas contra a recuperanda, ainda que se trate de crédito
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decorrente de relação de consumo.


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STJ, 3ª Turma, REsp 1.630.702/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 02/02/2017 – Informativo 598

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III

O uso indevido da marca acarreta dano material uma vez que a própria violação do direito revela-se capaz de
gerar lesão à atividade empresarial do titular. O uso indevido da marca provoca desvio de clientela e confusão
entre as empresas, acarretando indiscutivelmente dano material.

Desse modo, se ficar demonstrado o uso indevido de marca, o juiz deverá declarar a existência do dano (an
debeatur). O quantum debeatur, por sua vez, deverá ser apurado no âmbito da liquidação pelo procedimento
comum, haja vista a necessidade de comprovação de fatos novos, nos termos do art. 210 da LPI.

Quanto ao prejuízo extrapatrimonial, prevalece que o uso indevido da marca gera dano moral in re ipsa, ou
seja, sua configuração decorre da mera comprovação da prática de conduta ilícita - contrafação -, revelando-
se desnecessária a demonstração de prejuízos concretos ou a comprovação probatória do efetivo abalo moral.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.327.773/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 28/11/2017 – Informativo 619

A duplicata mercantil, apesar de causal no momento da emissão, com o aceite e a circulação adquire abstração
e autonomia, desvinculando-se do negócio jurídico subjacente, impedindo a oposição de exceções pessoais a
terceiros endossatários de boa-fé, como a ausência ou a interrupção da prestação de serviços ou a entrega
das mercadorias.

STJ, 2ª Seção, EREsp 1.439.749/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 28/11/2018 – Informativo 640

IMPORTANTE!

O prazo do stay period, previsto no art. 6º, § 4º da Lei nº 11.101/2005, deve ser computado em dias corridos.

A Lei nº 11.101/2005, ao erigir o microssistema recuperacional e falimentar, estabeleceu, a par dos institutos
e das finalidades que lhe são próprios, o modo e o ritmo pelo qual se desenvolvem os atos destinados à
liquidação dos ativos do devedor, no caso da falência, e ao soerguimento econômico da empresa em crise
financeira, na recuperação.

O sistema de prazos adotado pela Lei nº 11.101/2005 revela a necessidade de se impor celeridade e
efetividade ao processo de recuperação judicial, notadamente pelo cenário de incertezas quanto à
solvibilidade e à recuperabilidade da empresa devedora e pelo sacrifício imposto aos credores.

Não se pode conceber, assim, que o prazo do stay period, previsto no art. 6º, § 4º da Lei nº 11.101/2005, seja
alterado, por interpretação extensiva, em virtude da superveniência do CPC/2015, até mesmo porque ele não
possui natureza de prazo processual.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.698.283/GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 21/05/2019 – Informativo 649
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
É possível a oposição de exceção pessoal ao portador de cheque prescrito. Isso porque se o cheque está
prescrito, ele perde as suas características cambiárias, tais quais a autonomia, a independência e a abstração.
Assim, como o cheque prescrito perde a autonomia, não se aplica mais o conhecido princípio da
inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé previsto no art. 25 da Lei do Cheque (Lei nº
7.357/85).

STJ, 3ª Turma, REsp 1.669.968/RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 08/10/2019 – Informativo 658

A aposição de número incorreto da fatura na duplicata invalida o título de crédito, retirando-lhe a exigibilidade
executiva extrajudicial.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.601.552/PE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 05/11/2019 – Informativo 660

A ação de habilitação retardatária de crédito deve ser ajuizada até a prolação da decisão de encerramento
do processo recuperacional.

Se o credor não requereu a habilitação de seu crédito e o quadro-geral de credores já foi homologado, a única
via que ainda resta para esse credor será pleitear a habilitação por meio de ação judicial autônoma que
tramitará pelo rito ordinário, nos termos do art. 10, § 6º, da LFRE: § 6º Após a homologação do quadro-geral
de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento
ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a
retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito.

Vale ressaltar, no entanto, que essa ação pedindo a habilitação retardatária somente pode ser proposta até a
prolação da decisão de encerramento do processo recuperacional. Desse modo, uma vez encerrada a
recuperação judicial, não se pode mais autorizar a habilitação ou a retificação de créditos.

STJ. 3ª Turma. REsp 1.840.166-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/12/2019 (Info 662).

O cônjuge que apenas autorizou seu consorte a prestar aval, nos termos do art. 1.647, III, do Código Civil
(outorga uxória), não é avalista. Dessa forma, não havendo sido prestada garantia real, não é necessária sua
citação como litisconsorte, bastando a mera intimação do cônjuge que apenas autorizou o aval.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.475.257/MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 10/12/2019 - Informativo 663

É necessária a outorga conjugal para fiança em favor de sociedade cooperativa.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.351.058/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 26/11/2019 – Informativo 664
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Na letra de câmbio não aceita, não há obrigação cambial que vincule o sacado e, assim, o sacador somente
tem ação extracambial contra o sacado não aceitante, cujo prazo prescricional não sofre as interferências do
protesto do título de crédito.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.748.779/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 19/05/2020, DJe 25/05/2020 – Informativo
672/2020

Comentários:
Cinge-se a discussão a determinar se o protesto da letra de câmbio não aceita e que não circula tem
o condão de interromper a prescrição da dívida que serve de causa subjacente para a emissão do título de
crédito.
O CC prevê, em seu art. 202, III, que o protesto cambial interrompe a prescrição. Mas qual é o alcance
dessa norma? De acordo com a 3ª Turma do STJ, a prescrição interrompida pelo protesto cambial se refere
única e exclusivamente à ação cambiária, regra que se aplica por não existir na legislação cambiária norma
sobre a matéria, bem como porque somente se tem em mira a pretensão dirigida ao responsável principal
pela dívida e, eventualmente, aos devedores indiretos do título, entre os quais não se enquadra o sacado não
aceitante.
Certo é que, segundo o princípio da autonomia das relações cambiais, a relação jurídica causal que
enseja a emissão do título e a relação cambiária são completamente distintas, não estando, nos termos da
doutrina, o cumprimento das obrigações assumidas por alguém no título vinculado a outra obrigação
qualquer, mesmo ao negócio que deu lugar ao nascimento do título, motivo pelo qual deve a interrupção da
prescrição atingir unicamente a ação cambiária. Sob esse entendimento, chegou-se à conclusão de que na
letra de câmbio não aceita, não há obrigação cambial que vincule o sacado e, assim, o sacador somente terá
ação extracambial contra o sacado não aceitante, motivo pelo qual o prazo prescricional não deve sofrer as
interferências do protesto do título de crédito.

Na recuperação judicial, os créditos decorrentes de condenação por danos morais imposta à recuperanda na
Justiça do Trabalho são classificados como trabalhistas.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.869.964/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 16/06/2020 – Informativo 676

O crédito decorrente das astreintes aplicadas no bojo de processo trabalhista deve ser habilitado na
recuperação judicial na classe dos quirografários, e não na dos créditos trabalhistas.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.804.563/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 25/08/2020 - Informativo 679

A pretensão de cobrança, por meio de ação monitória, de dívida representada por cédula de crédito bancário
prescreve em cinco anos.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.940.996/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 21/09/2021, DJe 27/09/2021 –
Informativo 711/2021
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Comentários:
A cédula de crédito bancário, conforme art. 26 da Lei n. 10.931/2004, representa promessa de
pagamento em dinheiro, decorrente de operação de crédito, de qualquer modalidade. O art. 28 da referida
lei acrescenta que a cédula representa dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível, seja pela soma nela
indicada, seja pelo saldo devedor demonstrado em planilha de cálculo ou nos extratos da conta corrente. Disso
se conclui que se trata, então, de dívida constante de instrumento particular, motivo pelo qual, aplicando-se
o art. 206, § 5º, I, do CC, a pretensão de sua cobrança prescreve em 5 anos, a partir do vencimento da
obrigação inadimplida, conforme jurisprudência dominante do STJ.

É válida a cédula de produtor rural financeira que não contém a indicação do índice de preços a ser utilizado
no resgate do título e da instituição responsável por sua apuração ou divulgação, se a cártula contém os
referenciais necessários à clara identificação do preço.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.450.667/PR, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. 19/10/2021, DJe 26/10/2021 –
Informativo 715/2021

Para configuração da prática de atos de concorrência desleal derivados de imitação de trade dress, não basta
que o titular, simplesmente, comprove que utiliza determinado conjunto-imagem, sendo necessária a
observância de alguns pressupostos para garantia da proteção jurídica: ausência de caráter meramente
funcional; distintividade; confusão ou associação indevida; anterioridade de uso.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.943.690/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 19/10/2021, DJe 22/10/2021 – Informativo
715/2021

No mesmo sentido: “A aparência extrínseca identificadora de determinado bem ou serviço não confere
direitos absolutos a seu titular sobre o respectivo conjunto-imagem, sendo necessária a definição de
determinados requisitos a serem observados para garantia da proteção jurídica, como os que dizem respeito
à funcionalidade, à distintividade e à possibilidade de confusão ou associação indevida. (...) O prejuízo
causado prescinde de comprovação, pois se consubstancia na própria violação do direito, derivando da
natureza da conduta perpetrada. A demonstração do dano se confunde com a demonstração da existência
do fato, cuja ocorrência é premissa assentada, devendo o montante ser apurado em liquidação de
sentença.”.
(STJ, 3ª Turma, REsp 1.677.787/SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 26/09/2017)

#FGVAMA
Esse julgado acabou de cair na prova para Juiz do TJES.

Comentários:
Vamos, inicialmente, lembrar que trade dress pode ser conceituado, resumidamente, como o conjunto
de características visuais que forma a aparência geral de um produto ou serviço. Com efeito, já decidiu o STJ
que, apesar da ausência de expressa previsão no ordenamento jurídico pátrio acerca da proteção ao trade
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dress, é inegável que o arcabouço legal brasileiro confere amparo ou conjunto-imagem, sobretudo porque sua
usurpação encontra óbice na repressão da concorrência desleal (REsp 1.843.339/SP).
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@jurisemdia | Criado e desenvolvido por Mariana David Ferreira Machado


JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Isso posto, para a configuração da prática de atos de concorrência desleal derivados de imitação de
trade dress, a jurisprudência entende que não basta que o titular, simplesmente, comprove que utiliza
determinado conjunto-imagem, sendo necessária a observância de alguns requisitos básicos para garantia da
proteção jurídica.
Em primeiro lugar, há que se atentar para o fato de que as características gráfico-visuais do produto
ou embalagem não podem guardar relação com exigências inerentes à técnica ou à funcionalidade precípua
do produto. Ou seja, os elementos que formam o conjunto-imagem não podem ter outra função ou propósito
que não seja especificamente a diferenciação do bem no mercado onde está inserido.
Imprescindível, igualmente, para que se reconheça proteção ao conjunto-imagem, haver possibilidade
de confusão ou associação indevida entre os produtos, na medida em que configura prática anticoncorrencial
a utilização de artifícios capazes de ensejar desvio de clientela (LPI, art. 195, III).
Outro elemento que deve estar presente – além da anterioridade do uso do conjunto-imagem – é sua
distintividade frente aos concorrentes que é, conforme defende a doutrina, o escopo de proteção conferido
ao trade dress é diretamente proporcional ao seu grau de distintividade.
Nota-se, portanto, que a mera utilização de design em domínio público não se apresenta, em si, como
prática de concorrência desleal, visto que se apresenta como conduta em conformidade seja com o contexto
jus positivo decorrente da hermenêutica do conjunto de normas presentes na Lei de Propriedade Intelectual,
seja com o filtro jus axiológico derivado diretamente da Constituição.
Ressalte-se, por fim, que o mesmo raciocínio, mutatis mutandis, é empregado quando se trata de
invocação de tutela fundada em direito autoral, pois incumbe àquele que invoca a proteção o ônus de
demonstrar – exceto no caso de haver identificação na própria obra, na forma do art. 12 da LDA – tanto que
é ele, de fato, o criador da obriga artística – ou que a ele foram transferidos os direitos correlatos – como que
se trata de criação dotada de originalidade.

#JURISDICA #FGVAMA – O julgado abaixo acabou de cair na prova para Juiz do TJES.
As questões acerca do trade dess dos produtos, concorrência desleal e outras demandas afins, por não
envolver registro no INPI e cuidando de ação judicial entre particulares, é inequivocamente de competência
da Justiça Estadual, já que não afeta interesse institucional da autarquia federal. No entanto, compete à
Justiça Federal, em ação de nulidade de registro de marca, com a participação do INPI, impor ao titular a
abstenção do uso, inclusive no tocante à tutela provisória (STJ, 2ª Seção, REsp 1.527.232/SP, j. 13/12/2017,
recurso repetitivo, Info. 618).

Importante!

A empresa faturizada não responde pela insolvência dos créditos cedidos, sendo nulos a disposição contratual
em sentido contrário e eventuais título de crédito emitidos com o fim de garantir a solvência dos créditos
cedidos no bojo de operação de factoring.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.711.412/MG, rel. min. Marco Aurélio Bellizze, j. 04/05/2021 – Informativo 695/2021

O que é o contrato de factoring?


Pelo contrato de factoring o empresário [faturizado] transfere a uma instituição financeira
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[faturizadora] (não necessariamente um banco) as atribuições atinentes à administração do seu crédito.


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Algumas vezes, o contrato também envolve a antecipação desse crédito ao empresário. Em síntese: a
instituição financeira orienta o empresário acerca da concessão do crédito a seus clientes, antecipa o valor

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
dos créditos que o empresário possui e assume o risco da inadimplência desses créditos. Quanto a essa
assunção do risco pela faturizadora [instituição financeira], o STJ tem entendido que não é possível a ela
exercer direito de regresso contra o faturizado [empresário] em caso de inadimplemento dos títulos cedidos,
salvo se o próprio faturizado tiver dado causa a esse inadimplemento. (Direito Empresarial, André Santa Cruz).

Caso concreto publicado no Informativo 695:


No mesmo sentido do que já vem decidindo a Corte Superior, afirmou a 3ª Turma do STJ que o
contrato de factoring não se subsume a uma simples cessão de crédito, contendo, em si, ainda, os serviços
prestados pela faturizadora de gestão de créditos e de assunção dos riscos advindos da compra dos créditos
da empresa faturizada. O risco advindo dessa operação de compra de direitos creditórios, consistente
justamente na eventual inadimplência do devedor/sacado, constitui elemento essencial do contrato de
factoring, não podendo ser transferido à faturizada/cedente, sob pena de desnaturar a operação de fomento
mercantil em análise.
A natureza do contrato de factoring, diversamente do que se dá no contrato de cessão de crédito
puro, não dá margem para que os contratantes, ainda que sob o signo da autonomia de vontades que regem
os contratos em geral, estipulem a responsabilidade da cedente (faturizada) pela solvência do
devedor/sacado. Por consectário, a ressalva constante do art. 296 do CC/2002 (“Salvo estipulação em
contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor”), não tem nenhuma aplicação no contrato de
factoring.
Ratificou-se, assim, o posicionamento prevalente na Corte, segundo o qual, no bojo do contrato de factoring
a faturizadora/cedente não responde, em absoluto, pela insolvência dos créditos cedidos, afigurando-se nulos
a disposição contratual nesse sentido e eventuais título de crédito emitidos com o fim de garantir a solvência
dos créditos cedidos no bojo de operação de factoring, cujo risco é integral e exclusivo da faturizadora.
Importante se atentar ao fato de que, apesar da absoluta impossibilidade de a faturizada responder pela
solvência dos títulos transferidos, em razão da natureza da operação de factoring, ela responde, sim, pela
existência do crédito, ao tempo em que lhe cedeu (pro soluto). Não se tem dúvidas, assim, que a faturizada
se responsabiliza, por exemplo, por saque fraudulento da chamada “duplicata fria”, sem causa legítima
subjacente.

É lícita a previsão, em estatuto social de cooperativa de trabalho médico, de processo seletivo público como
requisito de admissão de profissionais médicos para compor os quadros da entidade, devendo o princípio da
porta aberta ser compatibilizado com a possibilidade técnica de prestação de serviços e a viabilidade estrutural
econômico-financeira da sociedade cooperativa.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.901.911/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 24/08/2021 – Informativo 706/2021

Para penhorar bens pertencentes a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), por dívidas do
empresário que a constituiu, é imprescindível a instauração do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica de que tratam os arts. 133 e seguintes do CPC/2015, de modo a permitir a inclusão do
novo sujeito no processo atingido em seu patrimônio em decorrência da medida.
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STJ, 3ª Turma, REsp 1.874.256/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 17/08/2021, DJe 19/08/2021 – Informativo 705
IMPORTANTE SABER: A EIRELI foi retirada do nosso ordenamento jurídico (Lei n.14.195/2021, art. 41).
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Jurisprudência Bloco III
Os encargos da massa são preferenciais e não dependem de habilitação para serem satisfeitos, observadas as
ressalvas legais do art. 124 do Decreto-Lei n. 7.661/1945.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.383.914/RS, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, j. 16/03/2021 – Informativo 689/2021

É válido o contrato de franquia, ainda que não assinado pela franqueada, quando o comportamento das partes
demonstra a aceitação tácita.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.881.149/DF, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 01/06/2021 – Informativo 699/2021

Comentários:
A franquia qualifica-se como um contrato típico, consensual, bilateral, oneroso, comutativo, de
execução continuada e solene ou formal. Conforme entendimento consolidado do STJ, como regra geral, os
contratos de franquia têm natureza de contrato de adesão, muito embora não consubstancie relação de
consumo, mas, sim, relação de fomento econômico, já que visa ao estímulo da atividade empresarial pelo
franqueado.
A forma do negócio jurídico é o modo pelo qual a vontade é exteriorizada. No ordenamento jurídico
pátrio, vigora o princípio da liberdade de forma, ou seja, salvo quando a lei requerer expressamente forma
especial, a declaração de vontade pode operar de forma expressa, tácita ou mesmo pelo silêncio (CC/2002,
arts. 107 e 111).
A manifestação de vontade tácita configura-se pela presença do denominado comportamento
concludente, que ocorre quando as circunstâncias evidenciam a intenção da parte de anuir com o negócio. A
análise da sua existência dá-se, assim, por meio da aplicação da boa-fé objetiva na vertente hermenêutica.
No caso, a execução do contrato por tempo considerável configura verdadeiro comportamento
concludente, por exprimir sua aceitação com as condições previamente acordadas.

Em ação de nulidade de registro de marca, a natureza da participação processual do INPI, quando não figurar
como autor ou corréu, é de intervenção sui generis (ou atípica) obrigatória, na condição de assistente especial.

STJ, REsp 1.817.109/RJ, 4ª Turma, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 23/02/2021 – Informativo 686/2021

Comentários:
A Lei n. 9.279/96 (LPI) regula os direitos e obrigações relativos à propriedade industrial, definindo,
ainda, o procedimento a ser adotado nas ações de nulidade de patente e de registro de desenho industrial e
de marcas (arts. 57, 118 e 175). Em qualquer das aludidas pretensões, segundo as normas indicadas, deverá
ocorrer a intervenção do INPI, autarquia federal responsável pelo aperfeiçoamento, pela disseminação e pela
gestão do sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade intelectual.
Quanto à nulidade do registro de marca, o caput do art. 175 da LPI estabelece que “a ação de nulidade
do registro será ajuizada no foro da justiça federal, e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito”. Diante
desse contexto normativo, precedentes do STJ – envolvendo discussões sobre ônus sucumbencial e honorários
recursais – consagram entendimento de que, na ação de nulidade de patente ou de registro de marca (ou de
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desenho industrial), a atuação processual do INPI, quando não figurar como autor ou corréu, terá a natureza
de intervenção sui generis (ou atípica), na condição de assistente especial (ou até de amicus curiae), por se
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dar de forma obrigatória, tendo em vista o interesse público encartado na sua finalidade institucional de

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proteção eficiente da propriedade industrial com o necessário estímulo ao desenvolvimento econômico e
tecnológico do país, observada a livre iniciativa, a função social da propriedade e a defesa do mercado
consumidor.
Desse modo, fala-se em uma “migração interpolar” do INPI, a exemplo do que ocorre na ação popular
e na ação de improbidade, nas quais a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja
objeto de impugnação, pode abster-se de contestar o pedido, ou atuar ao lado do autor, desde que isso se
afigure útil ao interesse público, nos termos dos arts. 6º, § 3º da Lei n. 4.717/65 e 17, § 3º da Lei n. 8.429/92.

A diluição da marca no exterior não é suficiente para afastar a distintividade do registro no Brasil.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.922.135/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 13/04/2021 – Informativo 692/2021

Comentários:
Segundo a doutrina, a teoria da diluição, elaborada no direito norte-americano, corresponde ao
conceito de condutas parasitárias construído no direito europeu com o intuito de responsabilizar práticas que
busquem se "beneficiar, indevidamente, do prestígio associado a marcas conhecidas".
Com propósito similar, o art. 130, III, da LPI (Lei de Propriedade Industrial), garante aos titulares ou
depositantes de uma marca o direito de zelar pela sua integridade e reputação. O que a norma enfrenta, em
específico, são os efeitos da diluição, dentre os quais se destaca a perda da força do "sinal distintivo, seja pela
lesão à unicidade, à consistência no uso ou a sua reputação".
Ocorre que a diluição internacional ou, no caso, a ofensa à unicidade, não é suficiente para afastar a
distintividade da marca registrada no Brasil. Assim, permanece hígido o direito da empresa de zelar pela sua
unicidade, integridade ou reputação em território nacional.
Por fim, é válido acrescentar que o registro de marcas é regido pelo princípio da territorialidade,
segundo o qual a proteção marcária não transcenderia os limites nacionais, conforme previsto no art. 129 da
LPI. Inexiste, nesse sentido, previsão normativa que permita a análise da viabilidade de registro conforme o
mercado internacional e a diluição ou não da marca no exterior.

É nulo o registro de marca nominativa de símbolo olímpico ou paraolímpico.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.583.007/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 20/04/2021 – Informativo 693/2021

É possível o uso da expressão "paraolímpico" por instituto com atividades voltadas à inclusão social de pessoas
com necessidades especiais e ao incentivo às práticas esportivas, quando ausentes fins comerciais.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.691.899/RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 08/11/2022 – Informativo 756

Comentários:
Cinge-se a controvérsia à análise das teses referentes à: i) existência de exclusividade na utilização do
termo paraolímpico por comitês oficiais, à luz do disposto na Lei n. 9.279/1996, que trata da propriedade
industrial e na Lei n. 9.615/1998, esta atinente às normas gerais sobre desporto e ii) a possibilidade do uso de
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referido termo por instituto com atividades voltadas à inclusão social de pessoas com necessidades especiais
e ao incentivo às práticas esportivas.
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Na situação dos presentes autos não pretende a parte autora o registro de marca, nem tampouco está
sendo viabilizada a utilização do termo com finalidade comercial. Igualmente não se trata do uso indevido de
símbolos olímpicos/paraolímpicos, mas apenas e tão somente da palavra paraolímpico. Propõe-se, ante
expressa exceção estabelecida em lei, seja conferida autorização à entidade autora, que tem por objetivo
precípuo promover a inclusão social, pela prática desportiva e pela educação de pessoas com necessidades
especiais, o uso da palavra paraolímpico, com a mitigação do uso privativo do termo pelos comitês oficiais.
A parte autora é uma associação - sem fins lucrativos - que tem como objetivo incentivar e promover
atividades e projetos nas áreas do esporte em geral, especialmente no desenvolvimento do esporte
paraolímpico, bem como a promoção da cultura, cidadania, educação gratuita, inclusão social, acessibilidade
de pessoas com necessidades especiais e dos direitos humanos.
A hipótese dos autos deve ser examinada, portanto, tendo-se em conta, também, o envolvimento de
direitos assegurados às pessoas com necessidades especiais, garantidos primordialmente pela Constituição
Federal e pela Lei n. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), visando à sua inclusão social e
cidadania, sempre com o foco de que é dever de toda a coletividade assegurar-lhes, em condições de
igualdade, o exercício desses direitos, dentre outros. Nessa perspectiva, deve ser verificada a existência do
direito à utilização do termo "paraolímpico" da forma que mais contribua à concretização dos direitos
fundamentais, constitucionalmente assegurados às pessoas com deficiências.
A controvérsia subjacente não envolve, efetivamente, um conflito econômico e comercial acerca da
"marca", mas sim saber, se nos termos do 15, § 2º, da Lei n. 9.615/1998, embora considerado privativo dos
comitês olímpicos o uso das bandeiras, lemas, hinos e símbolos olímpicos e paraolímpicos, assim como das
denominações "jogos olímpicos", "olimpíadas", "jogos paraolímpicos", "paraolimpíadas", é permitida a
utilização destas últimas quando se tratar de eventos vinculados ao desporto educacional e de participação.
É inegável que a Lei n. 9.615/1998 assegura aos Comitês oficiais o uso privativo dos símbolos, termos
e expressões relacionadas às olimpíadas ou paraolimpíadas, independentemente de registro ou de averbação
no órgão competente. Porém, o artigo 15, § 2º, permite o uso excepcional das denominações envoltas nos
termos olímpico e paraolímpico quando se tratar de eventos vinculados ao desporto educacional e de
participação.
A proteção ao uso do termo paraolímpico sequer dependeria do registro como marca (art. 87, da Lei
n. 9.615/1998), excepcionando-se a possibilidade da utilização por terceiros, evidentemente sem que haja
intuito comercial, em se tratando de desporto educacional ou de participação.
A problemática em discussão não encontra solução na legislação geral aplicável à espécie,
consubstanciada na Lei n. 9.279/1996, mas, sobretudo, em previsão legal específica, mormente o teor do art.
15, § 2º, da Lei n. 9.615/1998 (Lei Pelé). Ocorre que, a despeito da proteção existente ao uso e à propriedade
das designações olímpicas/paraolímpicas como já relatado, pelo princípio da especialidade, devem ser
observados, também, os artigos 15, § 2º e 87 da Lei Pelé.
Pelo disposto no art. 87 da Lei n. 9.615/1998, evidencia-se que o legislador visou a proteção específica
dos "símbolos", além dos nomes e apelidos das entidades desportivas, para conferir-lhes o amparo de
propriedade exclusiva. De sua vez, o art. 15, § 2º, estabelece que "é privativo do Comitê Olímpico Brasileiro -
COB e do Comitê Paraolímpico Brasileiro - CPOB o uso das bandeiras, lemas, hinos e símbolos olímpicos e
paraolímpicos, assim como das denominações 'jogos olímpicos', 'olimpíadas', 'jogos paraolímpicos' e
'paraolimpíadas', permitida a utilização destas últimas quando se tratar de eventos vinculados ao desporto
educacional e de participação.
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Desse modo, a possibilidade de utilização do termo paraolímpico, encontra amparo expresso e


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específico nos artigos 3º c/c 15, § 2º, da Lei n. 9.615/1998, desde que esteja intrinsecamente relacionada ao
desporto educacional ou de participação, sem fins comerciais.

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A pretensão de cobrança de royalties decorrentes de contrato de licenciamento de uso de cultivares possui
prazo prescricional quinquenal.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.837.219/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 25/05/2021 – Informativo 698/2021

É inconstitucional o parágrafo único do art. 40 da Lei n. 9.279/96, segundo o qual os prazos de vigência de
patentes e de modelos de utilidade podem ser prorrogados na hipótese de o Instituto Nacional de Propriedade
Industrial (INPI) estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial
comprovada ou por motivo de força maior.

STF, Plenário, ADI 5529, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 12/05/2021 – Informativo 1017/2021

Comentários:
De acordo com o Supremo, a referida norma contraria a segurança jurídica, a temporalidade da
patente, a função social da propriedade intelectual, a duração razoável do processo, a eficiência da
Administração Pública, a livre concorrência e a defesa do consumidor e o direito à saúde.

O símbolo partidário pode ser registrado como marca para que se resguarde a exploração econômica por
agremiações políticas (associações civis ou partidos) do uso de marca de produtos/serviços, ainda que não
exerçam precipuamente atividade empresarial.

Para o STJ, é possível:


a) o registro de símbolos políticos enquanto marcas junto ao INPI;
b) a exploração econômica por agremiações políticas (associações civis ou partidos) do uso de marca de
produtos/serviços, ainda que não exerçam precipuamente atividade empresarial; e
c) a coexistência de dupla proteção legal frente aos regramentos específicos de direito eleitoral e marcário.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.353.300/DF, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 22/06/2021 – Informativo 702

Em se tratando de pedido de patente de fármacos, compete à Anvisa analisar - previamente à análise do INPI
- quaisquer aspectos dos produtos ou processos farmacêuticos - ainda que extraídos dos requisitos de
patenteabilidade (novidade, atividade inventiva e aplicação industrial) - que lhe permitam inferir se a outorga
de direito de exclusividade (de produção, uso, comercialização, importação ou licenciamento) poderá ensejar
situação atentatória à saúde pública.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.543.826/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 05/08/2021 – Informativo 703/2021

Se uma marca não teve reconhecido o status de alto renome, ainda que seja famosa, não pode impedir o
registro da mesma marca em segmentos mercadológicos distintos, sem que haja possibilidade de confusão.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.787.676/RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 14/09/2021 – Informativo 709/2021
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Jurisprudência Bloco III
Para que um nome civil, ou patronímico, seja registrado como marca, impõe-se a autorização pelo titular ou
sucessores, de forma limitada e específica àquele registro, em classe e item pleiteados.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.354.473/RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 05/10/2021 – Informativo 712/2021

Eventuais elementos que integram a chamada “indústria da moda” – como o desenho de bordados, rendas
ou estampas – podem se sujeitar à tutela da Lei n. 9.610/1998 (Lei de Direitos Autorais), quando configurarem
uma exteriorização de determinada expressão intelectual.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.943.690/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 19/10/2021, DJe 22/10/2021 – Informativo
715/2021

Não é possível a cumulação dos pedidos de nulidade de registro de marca e abstenção de uso com o pedido
de indenização por danos materiais e morais.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.848.033/RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 19/10/2021 – Informativo 716/2021

Comentários:
O art. 173 da Lei de Propriedade Industrial expressamente autoriza a cumulação do pedido de nulidade
com o pedido de abstenção do uso da marca, que pode ser requerido inclusive liminarmente. No entanto, a
LPI não trata da possibilidade de se cumular, na ação de nulidade, o pedido de indenização, que, a rigor, não
decorre da nulidade do registro em si, mas, sim, de eventual uso indevido da marca anterior.
Com efeito, nos termos do art. 327, § 1º, do CPC/2015, a cumulação de ações apenas se mostra
possível quando, além de compatíveis entre si os pedidos e de adequado o procedimento, for competente
para deles conhecer o mesmo juízo. No caso, porém, enquanto a ação de indenização por danos morais e
materiais decorrentes de infração de marca é de competência da Justiça Estadual, a ação de nulidade de
registro de marca deve tramitar perante a Justiça Federal, conforme exigido pelo art. 175 da LPI, o que torna
inviável sua cumulação.

Não é possível o protesto de cheques endossados após o prazo de apresentação.

O protesto de título de crédito realizado enquanto ainda existe a possibilidade (pretensão) de cobrança
relativa ao crédito referente ao negócio jurídico subjacente não gera danos morais ao devedor.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.536.035/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 26/10/2021 – Informativo 717/2021

ATENÇÃO AQUI!!!
A redação do informativo (acima transcrita) não é boa e pode confundir sua compreensão sobre o
tema. Por isso, vamos esclarecer alguns pontos.
O cheque é, em verdade, uma ordem de pagamento à vista, dada pelo emitente (pessoa que dá a
ordem de pagamento, ou seja, o devedor) em favor do beneficiário (pessoa que recebe o cheque, ou seja, o
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credor), o qual, em posse da cártula, o apresenta ao banco/instituição financeira (denominada sacado).


Resumindo, o beneficiário/credor apresenta o cheque ao banco/sacado para que receber o valor estampado
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na cártula (cheque) emitido pelo devedor.

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Jurisprudência Bloco III
. A Lei n. 7.357/85, chamada de Lei do Cheque, estabelece o chamado “prazo de apresentação”, que
significa o prazo que o beneficiário possui para apresentar o cheque ao sacado e, assim, receber o que lhe é
devido. Com efeito, o art. 33 da referida lei estabelece que o “cheque deve ser apresentado para pagamento,
a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no ligar onde houver de ser pago; e
de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior”.
Portanto, o prazo de apresentação do cheque será de 30 dias quando for da mesma praça do
pagamento (significa dizer que o cheque foi emitido no mesmo município em que será pago) e de 60 dias se o
cheque for de praça diferente.
Passado esse prazo de apresentação, inicia-se o prazo prescricional para propositura de ação
executiva, que será de 6 (seis) meses. Vale lembrar que, mesmo passado esse prazo de 6 meses para
ajuizamento da ação executiva – logo, mesmo tendo se consumado a prescrição –, o beneficiário/credor ainda
possuirá outros meios de realizar a cobrança do cheque, são eles: (i) ação de enriquecimento sem causa (ação
de locupletamento), prevista no art. 61 da Lei do Cheque; (ii) ação de cobrança (prevista no art. 62) da Lei do
Cheque; e (iii) ação monitória (STJ, Súmula 503. O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do
emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada
na cártula).
Visto isso, vamos voltar ao caso julgado pelo STJ. Assim como qualquer outro documento de dívida, o
beneficiário do cheque pode se utilizar do protesto para cobrança do que lhe é devido. A discussão, no caso,
é a seguinte: pode esse protesto ocorrer após o prazo de apresentação do cheque?
Pois bem, entende o STJ que sim. Pode o protesto ser realizado, mesmo que expirado o prazo de
apresentação, desde que seja efetuado em face do emitente – desde que não consumada a prescrição para a
ação executiva –, e não em face dos coobrigados.
Temos, pois, duas situações distintas. Confira:

O protesto do cheque efetuado contra os coobrigados para o exercício do direito de


regresso deve ocorrer antes de expirado o prazo de apresentação (art. 48 da Lei
7.357/85). Trata-se do chamado protesto necessário.

O protesto de cheque efetuado contra o emitente pode ocorrer mesmo depois do


prazo de apresentação, desde que não escoado o prazo prescricional. Esse é o
protesto facultativo.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.297.797-MG, Rel. João Otávio de Noronha, j. 24/2/2015 (Info.
556).

Quanto à parte final do julgado, esta é mais simples de compreender. Já mencionei, aqui nessa
explicação, a Súmula n. 503 do STJ, segundo a qual: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do
emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada
na cártula.
Considere, então, que o beneficiário/credor do cheque tenha realizado o protesto do título após
consumada a prescrição da pretensão executiva, ou seja, após o prazo de 6 (seis) meses contados do termo
final do prazo de apresentação. Nessa hipótese, o protesto terá sido irregular. Contudo, mesmo sendo
73

irregular, se tiver sido realizado quando o título ainda possuía meios de ser cobrado (por exemplo, se realizado
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dentro do prazo de cinco anos, em que o credor poderia ajuizar ação monitória), esse protesto irregular não
vai gerar indenização por danos morais. Vamos entender melhor.

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Jurisprudência Bloco III
Entende o STJ que, no protesto irregular de título de crédito, o reconhecimento do dano moral está
atrelado à ideia do abalo do crédito causado pela publicidade do ato notarial, que, naturalmente, faz associar
ao devedor a fama de “mau pagador”. Todavia, na hipótese em que o protesto é irregular por estar prescrita
a pretensão executória do credor, havendo, porém, vias alternativas para a cobrança da dívida
consubstanciada no título, não há se falar em abalo de crédito, na medida em que o emitente permanece na
condição de devedor, estando, de fato, impontual no pagamento.
Veja só: aquele que, efetivamente, insere-se na condição de devedor, estando em atraso no pagamento de
dívida regularmente por si assumida, passível de cobrança por meios outros que não a execução, não pode se
sentir moralmente ofendido por um ato que, apesar de extemporâneo, apenas testificou sua inadimplência.
Nesse contexto, embora, no particular, tenha sido indevido o protesto, pois extemporâneo, a dívida
consubstanciada no título permanecia hígida, não estando caracterizado, portanto, abalo de crédito apto a
ensejar a caracterização do dano moral.

Havendo impugnação pelos credores, é cabível a fixação de honorários advocatícios sucumbenciais em


procedimento de homologação do plano de recuperação extrajudicial.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.924.580/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 22/06/2021, DJe 25/06/2021 – Informativo
702/2021

Importante!

Para o fim de submissão aos efeitos da recuperação judicial, considera-se que a existência do crédito é
determinada pela data em que ocorreu o seu fato gerador.

STJ, 2ª Seção, REsp 1.842.911/RS, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 09/12/2020, DJe 17/12/2020 (Tema
1051) – Informativo 684/2021

Os valores pertencentes a terceiros que estão na posse da recuperanda por força de contrato inadimplido não
se submetem aos efeitos da recuperação judicial.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.736.887/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 13/04/2021 – Informativo 692/2021

A remuneração do administrador judicial nas recuperações judiciais envolvendo Microempresas e Empresas


de Pequeno Porte, com limitação de 2% do valor dos créditos submetidos à recuperação ou dos bens alienados
na falência (LREF, art. 24, § 5º), aplica-se às recuperações judiciais em que haja a opção pelo plano especial
(LREF, arts. 70 a 72) e, também, àquelas que adotem o procedimento ordinário de recuperação judicial (LREF,
arts. 51 e seguintes).

STJ, 4ª Turma, REsp 1.825.555/MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 04/05/2021 – Informativo 695/2021

É facultado ao titular do crédito que for voluntariamente excluído do plano recuperacional habilitar o seu
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crédito ou promover a execução individual após finda a recuperação.


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STJ, 4ª Turma, REsp 1.851.692/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 25/05/2021 – Informativo 698/2021

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Jurisprudência Bloco III

Os créditos decorrentes de contratos a termo de moeda submetem-se aos efeitos da recuperação judicial
ainda que seus vencimentos ocorram após o deferimento do pedido de soerguimento.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.924.161/SP, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 08/06/2021 – Informativo 700/2021

O termo inicial da contagem do prazo para pagamento dos credores trabalhistas no procedimento de
recuperação judicial do devedor é a data da concessão desta.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.924.164/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 15/06/2021, DJe 17/06/2021 – Informativo
701/2021

Comentários:
O art. 54 da Lei n. 11.101/2005 garante pagamento privilegiado dos créditos trabalhistas, em razão de
sua natureza alimentar, gozando, pois, de proteção especial em virtude de sua maior vulnerabilidade, de modo
que os credores trabalhistas devem ser pagos no prazo de 1 ano. O referido dispositivo, contudo, deixou de
especificar o marco inicial para cumprimento dessa obrigação. De acordo com a jurisprudência do STJ, decorre
da interpretação sistemática desse diploma legal que o início do cumprimento de quaisquer obrigações
previstas no plano de soerguimento está condicionado à concessão da recuperação judicial (Lei n.
11.101/2005, art. 61, caput, c/c art. 58, caput). Isso porque é apenas a partir da concessão do benefício legal
que o devedor poderá satisfazer seus credores, conforme assentado no plano, sem que isso implique
tratamento preferencial a alguns em detrimento de outros.

Não incide a multa prevista no art. 523, § 1º, do CPC/2015 sobre o crédito sujeito ao processo de recuperação
judicial, decorrente de ação que demandava quantia ilíquida.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.937.516/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 03/08/2021, DJe 09/08/2021 – Informativo
703/2021

O crédito fiscal não tributário não se submete aos efeitos do plano de recuperação judicial.

STJ, 3ªTurma, REsp 1.931.633/GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 03/08/2021 – Informativo 703/2021

Comentários:
O art. 187 do CTN prevê expressamente que o crédito tributário não é sujeito a concurso de credores.
Esse dispositivo nada fala sobre os créditos de natureza não tributária.
A despeito disso, os créditos de natureza não tributária não se submetem aos efeitos do plano de
recuperação judicial, por força do art. 6º, § 7º-B da Lei nº 11.101/2005. Além disso, o art. 29 da Lei nº 6.830/80
afirma, de forma ampla, que a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública não está sujeita a
habilitação em concordata (atual recuperação judicial). A dívida ativa abrange tanto débitos tributários como
não tributários.
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Assim, por exemplo, o crédito concernente à multa administrativa aplicada pela ANVISA não se
submete aos efeitos da recuperação judicial da devedora.
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Jurisprudência Bloco III
A supressão de garantias reais e fidejussórias decididas em assembleia-geral de credores de sociedade
submetida a regime de recuperação judicial não pode ser estendida aos credores ausentes ou divergentes.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.828.248/MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, j. 05/08/2021 –
Informativo 703/2021

O afastamento dos créditos de titulares de posição de proprietário fiduciário dos efeitos da recuperação
judicial da devedora independe da identificação pessoal do fiduciante ou do fiduciário com o bem imóvel
ofertado em garantia ou com a própria recuperanda.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.938.706/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 14/09/2021, DJe 16/09/2021 – Informativo
710/2021

O crédito extraconcursal devido por empresa em recuperação judicial, objeto de cumprimento de sentença
em curso, pode ser acrescido das penalidades previstas no art. 523, § 1º, do CPC/2015.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.953.197/GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 05/10/2021, DJe 08/10/2021 – Informativo
713/2021

Em se tratando de crédito trabalhista por equiparação (honorários advocatícios de alta monta), é possível a
aplicação do limite previsto no art. 83, I, da Lei n. 11.101/2005 por deliberação da Assembleia Geral de
Credores, desde que devido e expressamente previsto no plano de recuperação judicial.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.812.143/MT, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 09/11/2021, DJe 17/11/2021 – Informativo
718/2021

(1) Não pertencendo os bens alienados em garantia ao avalista em recuperação judicial, não podem ser
expropriados outros bens de sua titularidade, pois devem servir ao pagamento de todos os credores.

(2) Os credores fiduciários estão excluídos dos efeitos da recuperação judicial somente em relação ao
montante alcançado pelos bens alienados em garantia.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.953.180/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 25/11/2021, DJe 01/12/2021 –
Informativo 720/2021

Comentários à primeira parte do julgado:


Conforme consignado no julgamento do REsp 1.677.939/SP, "O aval apresenta 2 (duas) características
principais, a autonomia e a equivalência. A autonomia significa que a existência, validade e eficácia do aval
não estão condicionadas à da obrigação principal. A equivalência torna o avalista devedor do título da mesma
forma que a pessoa por ele avalizada. (...) Disso decorre que o credor pode exigir o pagamento tanto do
devedor principal quanto do avalista, que não pode apresentar exceções pessoais que aproveitariam o
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avalizado, nem invocar benefício de ordem."


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Desse modo, se o avalizado for devedor principal, o avalista será tratado como se devedor principal
fosse.

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Jurisprudência Bloco III
Assim, caso os bens alienados em garantia fossem dos avalistas, poderiam ser perseguidos pelo credor
fora da recuperação judicial, já que a extraconcursalidade do crédito está diretamente ligada à propriedade
fiduciária.
No entanto, sendo os bens alienados em garantia de propriedade do devedor principal, o crédito em
relação aos avalistas em recuperação judicial não pode ser satisfeito com outros bens de sua propriedade, que
estão submetidos ao pagamento de todos os demais credores.

Comentários à segunda parte do julgado:


A alienação fiduciária em garantia implica a transferência da propriedade de coisa material ao credor
com a finalidade de garantir a obrigação principal. A transferência da propriedade, porém, é resolúvel.
Satisfeita a obrigação principal, o bem retorna automaticamente à propriedade do devedor. Na hipótese de
inadimplemento, no entanto, o credor poderá retomar a posse do bem para efetivar sua liquidação e saldar a
dívida.
Nos termos do artigo 49, § 3º, da Lei n. 11.101/2005, tratando-se de credor titular da posição de
proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação
judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a
legislação respectiva.
Contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, não será permitida
a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade
empresarial. Como se observa da redação do dispositivo legal, busca-se tutelar o direito de propriedade do
credor, que poderá retomar a posse do bem, sem se submeter aos efeitos da recuperação judicial, salvo
algumas restrições que podem lhe ser impostas se os bens forem essenciais à atividade.
Diante disso, é possível concluir que o que diferencia o credor garantido por alienação fiduciária dos
demais credores é a propriedade do bem alienado em garantia. Assim, é o objeto da garantia que traça os
limites da extraconcursalidade do crédito.
Em outras palavras, se a alienação do bem dado em garantia for suficiente para quitar o débito,
extingue-se a obrigação. Por outro lado, se o valor apurado com a venda do bem não for bastante para
extinguir a obrigação, o restante do crédito em aberto não mais poderá ser exigido fora da recuperação judicial
do devedor, pois não mais existirá a característica que diferenciava o credor titular da posição de proprietário
fiduciário dos demais.
Portanto, o crédito do titular da posição de credor fiduciário será extraconcursal no limite do bem
dado em garantia, sobre o qual se estabelece a propriedade resolúvel.

A cessão fiduciária de título de crédito não se submete à recuperação judicial, independentemente de registro
em cartório.

STJ, 2ª Seção, REsp 1.629.470/MS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 30/11/2021 – Informativo 721/2021

É direito do sócio retirar-se imotivadamente de sociedade limitada regida de forma supletiva pelas normas da
sociedade anônima.
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STJ, 3ª Turma, REsp 1.839.078/SP, rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 09/03/2021 – Informativo 688/2021
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Jurisprudência Bloco III
O fato de a sociedade ter somente dois sócios não é suficiente para afastar a proibição de o administrador
aprovar suas próprias contas.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.692.803/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 23/02/2021 – Informativo 686/2021

Comentários:
Nos termos do art. 115, § 1º, da LSA, o acionista não poderá votar nas deliberações da assembleia
geral relativas à aprovação de suas contas como administrador. A aprovação das próprias contas é caso típico
de conflito formal (ou impedimento de voto), sendo vedado ao acionista administrador proferir voto acerca
da regularidade de suas contas. Na hipótese, o fato de o único outro sócio da sociedade anônima fechada ter
ocupado cargo de administração em parte do exercício não altera a conclusão que o sócio administrador não
pode aprovar as próprias contas.

Na Sociedade Anônima de capital fechado, não fixado prazo para que seja lavrado o termo no Livro de
Transferência de Ações Nominativas, é indispensável a interpelação do devedor para que fique caracterizada
a mora.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.645.757, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 06/04/2021, DJe 08/04/2021 –
Informativo 693/2021

O terceiro de boa-fé, endossatário, em operação de endosso-caução, não perde seu crédito de natureza
cambial em vista da quitação feita ao endossante (credor originário), sem resgate da cártula.

STJ, 4ª Turma, AgInt no AREsp 1.635.968/PR, rel. min. Luis Felipe Salomão, j. 06/04/2021 – Informativo
691/2021

O ajuizamento da ação de busca e apreensão fundada no inadimplemento da cédula de crédito comercial


garantida por alienação fiduciária, com a citação válida do devedor, interrompe o prazo para propor ação de
execução com base no mesmo título de crédito.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.135.682/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 13/04/2021 – Informativo 692/2021

A cártula, contendo todos os requisitos essenciais previstos no art. 2º, § 1º, da Lei das Duplicatas, tem validade
e eficácia de duplicata, mesmo que não siga rigorosamente as medidas do modelo estabelecido na Resolução
do Bacen n. 102/1968 e tenha, também, a descrição da mercadoria objeto da compra e venda e uma fatura
da mercadoria objeto da negociação.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.518.203/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 27/04/2021 – Informativo 694/2021

A aposição de datas de vencimento divergentes em nota promissória não inquina os títulos de crédito de
nulidade, devendo-se adotar a data posterior, se a outra coincide com a data de emissão do título.
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STJ, 3ª Turma, REsp 1.920.311/MG, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 18/05/2021, DJe 20/05/2021 – Informativo
697/2021

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Jurisprudência Bloco III

Na execução de cédula de produto rural em formato cartular é necessária a juntada do original do título de
crédito, salvo se comprovado que o título não circulou.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.915.736/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. em 22/06/2021 – Informativo 702/2021

Inexistindo apresentação do cheque para a compensação ao banco sacado, os juros de mora devem incidir a
partir do primeiro ato do beneficiário tendente à satisfação do crédito estampado na cártula, o que pode se
dar pelo protesto, notificação extrajudicial ou pela citação.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.768.022/MG, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 17/08/2021 – Informativo 705/2021

Embora não constitua instituição financeira, não é vedado à sociedade empresária de factoring celebrar
contrato de mútuo feneratício, devendo apenas serem respeitadas as regras dessa espécie contratual
aplicáveis aos particulares, especialmente quanto aos juros devidos e à capitalização.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.987.016/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 06/09/2022, DJe 13/09/2022 – Informativo 750

A sustação de quaisquer ações judiciais ajuizadas contra a entidade cooperativa é decorrência da publicação
da ata da Assembleia-Geral que deliberou pela sua liquidação extrajudicial, pelo prazo de 1 (um) ano,
prorrogável por igual período, sendo vedadas diversas prorrogações sucessivas, haja vista que a suspensão da
ação judicial não pode perdurar por prazo indeterminado.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.888.428/DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 21/06/2022, DJe 24/06/2022 –
Informativo 749

Importante!

É possível a submissão de cooperativa de crédito ao processo de falência.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.878.653/RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 14/12/2021, DJe 17/12/2021 –
Informativo 722

Na hipótese de autofalência, inexistindo protestos contra a devedora, o termo legal deve ser fixado em até 90
(noventa) dias antes da distribuição do pedido.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.890.290/RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 22/02/2022 – Informativo 726
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Jurisprudência Bloco III
Importante!

É possível a desconsideração da personalidade jurídica incidentalmente no processo falimentar,


independentemente de ação própria, verificada a fraude e a confusão patrimonial entre a falida e outras
empresas.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.686.123/SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 22/03/2022 – Informativo 730/2022

Importante!

Em contrato garantido por hipoteca, a efetivação de penhora sobre o bem dado em garantia, por si só, não
impede que o credor requeira a falência do devedor com fundamento no art. 94, II, da Lei n. 11.101/2005.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.698.997/SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. 16/05/2022 – Informativo 748

Comentários:
A controvérsia cinge-se em determinar se, em contrato garantido por hipoteca, o credor pode
requerer a falência do devedor caso reconhecida a insuficiência do bem dado em garantia.
O bem hipotecado é sujeito a vicissitudes que podem alterar de modo substancial o seu valor de
mercado. Além disso, a evolução da dívida em face do prolongado inadimplemento do devedor, em cotejo
com a inequivalente valorização do bem, são circunstâncias que devem ser consideradas. Note-se que o
Código Civil prevê a possibilidade de vencimento antecipado da dívida à luz dessa realidade.Sem qualquer
descompasso com esse silogismo, o art. 655, § 3º, do CPC/1973 (com a redação da Lei n. 11.382/2006) não
previu que a penhora deveria recair obrigatoriamente sobre o bem hipotecado. Apenas estabelecia que a
constrição incidiria, "preferencialmente", sobre o bem dado em garantia.
A jurisprudência do STJ, seja interpretando a norma do art. 655, § 1º, do CPC/1973, seja interpretando
o art. 835, § 3º, do CPC/2015 - que corresponde àquele -, em conformidade com o princípio da maior
efetividade da execução, entende que a determinação legal de que a penhora incida sobre o bem hipotecado
tem natureza "relativa, devendo ser afastada tal regra quando constatada situação excepcional, notadamente
se o bem dado em garantia real se apresenta impróprio ou insuficiente para a satisfação do crédito da parte
exequente" (AgInt no REsp 1.778.230/DF, DJe 19/11/2019).
Em tal contexto jurídico, a efetivação de penhora sobre o bem hipotecado, por si, não impede que o
credor hipotecário, exequente, requeira a falência do devedor com fundamento no art. 94, II, da Lei
11.101/2005. Isso porque, se o referido bem, atualmente, não for suficiente para quitar a dívida - inexistindo
pagamento, depósito ou ainda a indicação de outros bens à penhora, pelo devedor -, estará caracterizada a
execução frustrada disciplinada no referido dispositivo.
A inidoneidade do bem penhorado - ainda que objeto de garantia real - pode revelar-se em momento
ulterior ao da constrição ou da hipoteca, o que deve ser aferido pelo juiz para avaliar a suficiência da garantia
durante todo o trâmite processual, bem assim para fundamentar o decreto de falência do devedor com
amparo no art. 94, II, da Lei 11.101/2005.
Sob esse enfoque, a legislação processual determina a penhora de tantos bens quantos bastem para
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o pagamento da dívida total - principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios (arts. 659, caput, do
CPC/1973 e 831 do CPC/2015) -, e permite a substituição do bem penhorado quando infrutífera a alienação
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judicial (arts. 656, VI, do CPC/1973 e 848, VI, do CPC/2015), outrossim admitindo que a penhora seja ampliada

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Jurisprudência Bloco III
ou transferida após a avaliação para bens mais valiosos quando o valor dos penhorados for inferior ao
respectivo crédito (arts 685, II, do CPC/1973 e 874, II, do CPC/2015).

É possível o magistrado autorizar modalidade alternativa de realização do ativo da massa falida, mesmo após
rejeição da proposta pela assembleia-geral de credores, desde que exista justificativa suficiente para adoção
da medida excepcional.

• Antes da Lei n. 14.112/2020, o fundamento legal para isso estava no art. 145, § 3º, da Lei nº 11.101/2005.
• Depois da Lei n. 14.112/2020, o fundamento passou a ser o art. 142, V, e § 3º-B, III, da Lei nº 11.101/2005.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.798.915/SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. 04/10/2022 – Informativo 754

#FGVAMA
Esse julgado acabou de cair na prova para Juiz do TJES.

Na aposição de datas de vencimentos distintas em nota promissória, sendo uma coincidente com a emissão
do título, deve prevalecer, por presunção de que se trata da efetiva manifestação de vontade do devedor, a
data posterior.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.964.321/GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 15/02/2022, DJe 18/02/2022 – Informativo 725

Configura concorrência desleal a contratação de serviços de links patrocinados (keyword


advertising) prestados por provedores de busca na internet para obter posição privilegiada em resultado de
busca em que o consumidor de produto ou serviço utiliza como palavra-chave a marca de um concorrente.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.937.989/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 23/08/2022 – Informativo 747

Para a caracterização da infringência de marca, não é suficiente que se demonstrem a semelhança dos sinais
e a sobreposição ou afinidade das atividades, é necessário que a coexistência das marcas seja apta a causar
confusão no consumidor ou prejuízo ao titular da marca anterior, configurando concorrência desleal.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.726.804/RJ, Rel. Min. Moura Ribeiro, j. 27/09/2022, DJe 29/09/2022 – Informativo 752

Comentários:
Para a caracterização da infringência de marca, por usurpação ou arremedo de sua "roupagem", não
é suficiente que se demonstrem a mera semelhança de cores, embalagens, sinais, sobreposição ou afinidade
das atividades. É necessário que o ato apontado como desleal seja de tal relevância que a coexistência das
marcas, em decorrência da identidade de suas trade dresses, cause confusão no consumidor ou prejuízo ao
titular da marca anterior, a impor uma ação do Estado a fim de reprimir a conduta.
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Nos termos do art. 124, incisos VI e VIII, da Lei de Propriedade Industrial, vocábulos genéricos, de uso comum,
e que designam produtos ou serviços inseridos do segmento de atuação da sociedade, bem como as cores e
suas denominações, exceto se combinadas de modo peculiar e distintivo, não são registráveis como marca.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.339.817/RJ, Rel. Min. Raul Araújo, j. 11/10/2022 – Informativo 753

Importante!

Associações civis sem fins lucrativos com finalidade e atividades econômicas detêm legitimidade para requerer
recuperação judicial.

STJ, 4ª Turma, AgInt no TP 3.654/RS, Rel. Min. Raul Araújo, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, j. 15/03/2022
– Informativo 729

É cabível a homologação pelo juízo do plano de recuperação judicial rejeitado pelos credores em assembleia
(cram down), cumpridos os requisitos legais previstos no art. 58 da Lei n. 11.101/2005.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.788.216/PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 22/03/2022 – Informativo 730

IMPORTANTE: Foi considerada, nesse julgamento, a redação legal vigente antes da entrada em vigor da Lei n.
14.112/2020.

O crédito referente ao efetivo adiantamento do contrato de câmbio deve ser objeto de pedido de restituição
nos autos da recuperação judicial e os respectivos encargos reclamam habilitação no quadro geral de credores,
por estarem sujeitos ao regime especial, mostrando-se inadequada a execução direta.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.723.978/PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 22/03/2022 – Informativo 730

O crédito constituído anteriormente à incorporação de empresa a grupo empresarial em recuperação judicial


deve se submeter ao juízo universal.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.972.038/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 29/03/2022, DJe 01/04/2022 – Informativo 733

Produtos agrícolas – soja e milho – não são bens de capital essenciais à atividade empresarial, não incidindo a
norma contida na parte final do § 3º do art. 49 da Lei n. 11.101/2005.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.991.989/MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 03/05/2022, DJe 05/05/2022 – Informativo
735
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Jurisprudência Bloco III
As sociedades de propósito específico que atuam na atividade de incorporação imobiliária e que não
administram patrimônio de afetação podem se valer dos benefícios da recuperação judicial, desde que não
utilizem a consolidação substancial como forma de soerguimento e a incorporadora não tenha sido destituída
pelos adquirentes na forma do art. 43, VI, da Lei n. 4.591/1964.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.975.067/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 17/05/2022 – Informativo 737

O credor não indicado na relação inicial de que trata o art. 51, III, e IX da Lei n. 11.101/2005 não está obrigado
a se habilitar, mas não terá o direito de receber seu crédito pelo valor integral, devendo se submeter às
condições estabelecidas no plano de recuperação judicial aprovado.

STJ, 2ª Seção, REsp 1.655.705/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 27/04/2022, DJe 25/05/2022 –
Informativo 738

Importante!

O prazo de 10 (dez) dias, previsto no art. 8º da Lei n. 11.101/2005, para apresentar impugnação à habilitação
de crédito, deve ser contado em dias corridos.

STJ, 4ª Turma, AgInt no REsp 1.830.738/RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. 24/05/2022 – Informativo 739

Importante!

A habilitação do crédito e a posterior homologação do plano de recuperação judicial não impede a rediscussão
do seu valor em ação revisional de contrato relativa à mesma dívida.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.700.606/PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 07/06/2022, DJe 13/06/2022 –
Informativo 740

Ao produtor rural que exerça sua atividade de forma empresarial há mais de dois anos, é facultado requerer
a recuperação judicial, desde que esteja inscrito na Junta Comercial no momento em que formalizar o pedido
recuperacional, independentemente do tempo de seu registro.

STJ, 2ª Seção, REsp 1.905.573/MT (Recursos Repetitivos – Tema 1145), Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j.
22/06/2022, DJe 03/08/2022 – Informativo 743

É possível, por deliberação da Assembleia Geral de Credores, a aplicação do limite previsto no art. 83, I, da Lei
n. 11.101/2005 às empresas em recuperação judicial, desde que devida e expressamente previsto pelo plano
de recuperação judicial, instrumento adequado para dispor sobre forma de pagamento das dívidas da empresa
em soerguimento.
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STJ, 4ª Turma, REsp 1.785.467/SP, Rel. Min. Raul Araújo, j. 02/08/2022, DJe 16/08/2022 – Informativo 745
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Jurisprudência Bloco III
Os créditos resultantes de honorários advocatícios têm natureza alimentar e equiparam-se aos trabalhistas
para efeito de habilitação em falência ou recuperação judicial.

STJ, REsp 1.785.467/SP, Rel. Min. Raul Araújo, j. 02/08/2022, DJe 16/08/2022 – Informativo 745

O credor que optar por não se habilitar na recuperação judicial sofrerá os seus respectivos efeitos, caso em
que o crédito será considerado novado e o credor deverá recebê-lo em conformidade com o previsto no plano,
ainda que em execução posterior ao encerramento da recuperação judicial.

STJ, 4ª Turma, EDcl no REsp 1.851.692/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 24/05/2022, DJe 09/09/2022 –
Informativo 749

É possível suspender a habilitação de crédito até que se resolva a controvérsia quanto à existência dele, bem
como a seu respectivo valor em juízo arbitral, em observância à cláusula compromissória estabelecida entre
as partes.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.774.649/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, j. 25/10/2022, DJe 03/11/2022 – Informativo 759

Na apuração do resultado de votação em assembleia geral de credores, somente serão computados os votos
daqueles que efetivamente se manifestaram pela aprovação ou rejeição do plano de recuperação, não se
considerando a abstenção para qualquer efeito.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.992.192/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, j. 06/12/2022 –
Informativo 760

Os acionistas minoritários não têm legitimidade extraordinária para promover procedimentos arbitrais
destinados à responsabilização civil dos controladores, com base no art. 246 da Lei n. 6.404/1976 (ação social
uti singuli), enquanto não caracterizada a inércia da companhia, o que se verifica quando, convocada
assembleia geral para deliberar sobre a responsabilidade destes, há deliberação autorizativa e não são
promovidas as medidas cabíveis dentro dos três meses subsequentes ou quando há deliberação negativa.

STJ, 2ª Seção, S/N (segredo de justiça), Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 22/06/2022, DJe 30/06/2022 –
Informativo 749

Comentários:
A ação de reparação de danos causados ao patrimônio social por atos dos administradores, assim
como dos controladores, deverá ser proposta, em princípio, pela companhia diretamente lesada, que é,
naturalmente, a titular do direito material em questão. A chamada ação social de responsabilidade civil dos
administradores e/ou dos controladores, deve ser promovida, prioritariamente, pela própria companhia
lesada (ação social ut universi). Em caso de inércia da companhia (a ser bem especificada em cada caso), a lei
confere, subsidiariamente, aos acionistas, na forma ali discriminada, legitimidade extraordinária para
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promover a ação social em comento (ação social de responsabilidade ut singuli).


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A deliberação da companhia para promover ação social de responsabilidade do administrador e/ou


do controlador dá-se, indiscutivelmente, por meio da realização de assembleia geral. A caracterização da

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Jurisprudência Bloco III
inércia da companhia depende, pois, da deliberação autorizativa e, passados os três meses subsequentes, a
titular do direito não ter promovido a medida judicial/artibral cabível; ou, mesmo da deliberação negativa,
termos a partir dos quais é possível cogitar na abertura da via da ação social ut singuli.
É certo que a Lei 6.404/1976 confere aos acionistas minoritários, na forma ali discriminada, entre
outras garantias destinadas justamente a fiscalizar a gestão de negócios e o controle exercido, o direito de
promover a convocação da assembleia geral, sobretudo para os casos que guardam manifesta gravidade. Caso
os controladores venham a interferir na própria deliberação assembelar, a lei põe à disposição dos acionistas
minoritários, na forma da lei, a possibilidade de ajuizar ação social (subsidiariamente).
Em sendo a deliberação autorizativa, caso a companhia não promova a ação social de responsabilidade
de administradores e/ou de controladores nos três meses subsequentes, qualquer acionista poderá promover
a ação social ut singili (§ 3º do art. 159).
Se a assembleia deliberar por não promover a ação social, seja de responsabilidade de administrador,
seja de responsabilidade de controlador, acionistas que representem pelo menos 5% (cinco por cento) do
capital social poderão promover a ação social ut singili, com fulcro no § 4º do art. 159 e no art. 246 da LSA.
Tem-se, todavia, que, nessa última hipótese, no caso de a assembleia deliberar por não promover ação
social, em se tratando de responsabilidade do controlador, seria dado também a qualquer acionista, com base
no § 1º, a, do art. 246, promover a ação social ut singili, desde que preste caução pelas custas e honorários de
advogado devidos no caso de vir a ação ser julgada improcedente.
Em todo e qualquer caso, portanto, a ação social de responsabilidade de administrador e/ou de
controlador promovida por acionista minoritário (ut singili) em legitimação extraordinária, por ser subsidiária,
depende, necessariamente, da inércia da companhia, titular do direito lesado, que possui legitimidade
ordinária e prioritária no ajuizamento de ação social.
Não se pode conceber que a companhia, titular do direito lesado, fique tolhida de prosseguir com ação
social de responsabilidade dos administradores e dos controladores, promovida tempestivamente e em
conformidade com autorização assemblear (nos moldes prescritos na lei de regência, mediante atuação
determinante de acionista detentor de mais de 5% do capital social) simplesmente porque determinados
acionistas minoritários, em antecipação a tal deliberação e, por isso, sem legitimidade para tanto,
precipitaram-se em promover a ação social de responsabilidade de controladores, possivelmente objetivando
receber o prêmio de cinco por cento, calculado sobre o valor da indenização, a pretexto de defender os
interesses da companhia, em legitimidade extraordinária.

A caracterização da sucessão empresarial fraudulenta não exige a comprovação formal da transferência de


bens, direitos e obrigações à nova sociedade, admitindo-se sua presunção quando os elementos indiquem que
houve o prosseguimento na exploração da mesma atividade econômica, no mesmo endereço e com o mesmo
objeto social.

STJ, 4ª Turma, AgInt no REsp 1.837.435/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 10/05/2022 – Informativo 737
85
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
DIREITO TRIBUTÁRIO

O ICMS é um imposto estadual que tem como um dos fatos geradores a prestação onerosa de serviços de
comunicação. Existem alguns serviços prestados pelas empresas que são preparatórios aos serviços de
comunicação, tais como habilitação, instalação, disponibilidade, assinatura (inicial), cadastro de usuário e
equipamento, dentre outros. Tais serviços preparatórios configuram atividades-meio ou serviços
suplementares.

O ICMS incide, tão somente, na atividade final, que é o serviço de telecomunicação propriamente dito, e não
sobre o ato de habilitação do telefone celular, que se afigura como atividade meramente intermediária.

STF, Plenário, RE 572.020/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Luiz Fux, j. 06/02/2014 – Informativo 734

São inconstitucionais a instituição e a cobrança de taxas por emissão ou remessa de carnês/guias de


recolhimento de tributos. A emissão de guia de recolhimento de tributos é de interesse exclusivo da
Administração, sendo um instrumento usado na arrecadação. Não se trata de serviço público prestado ou
colocado à disposição do contribuinte. Não há, no caso, qualquer contraprestação em favor do administrado,
razão pela qual é ilegítima sua cobrança.

No mesmo sentido: A Taxa de Expediente para emissão de guia é uma forma velada de transferir um custo
administrativo que incumbe ao Poder Público para o particular. A inconstitucionalidade revela-se,
notadamente, pelo desvirtuamento da materialidade proposta, uma vez que não há nenhuma atividade
prestada em favor dos administrados (STF, ARE 734.452/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe 21/10/2013).

STF, Plenário, RE 789.218/MG (Tema 721 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/04/2014 – Informativo 753

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJAP (2022).

As empresas de TV por assinatura são consideradas prestadoras de serviços de comunicação e, por isso, pagam
ICMS sobre a atividade desenvolvida (LC 87/96, art. 11, § 6º).

STJ, 2ª Turma, REsp 1.497.364/GO, Rel. Min. Humberto Martins, j. 03/09/2015 – Informativo 569

O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é lançado de ofício no início de cada exercício
e constituído definitivamente com a cientificação do contribuinte para o recolhimento da exação, a qual pode
ser realizada por qualquer meio idôneo, como o envio de carnê ou a publicação de calendário de pagamento,
com instruções para a sua efetivação.

A notificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA perfectibiliza a constituição definitiva do crédito


tributário, iniciando-se o prazo prescricional para a execução fiscal no dia seguinte à data estipulada para o
86

vencimento da exação.
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STJ, 1ª Seção, REsp 1.320.825/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 10/08/2016 – Informativo 588

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III

É devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pago a mais,
no regime de substituição tributária para a frente, se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à
presumida.

STF, Plenário, ADI 2675/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski e ADI 2777/SP, Rel. Acd. Min. Ricardo
Lewandowski, j. 19/10/2016 – Informativo 844
STF, Plenário, RE 593.849/MG, Rel. Min. Edson Fachin, j. 19/10/2016 – Informativo 844

A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não se estende a empresa privada
arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica com fins lucrativos. Nessa
hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município.

STF, Plenário, RE 594.015/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 06/04/2017 – Informativo 860

A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal, não abarca o maquinário utilizado
no processo de produção de livros, jornais e periódicos.

A imunidade tributária visa à garantia e efetivação da livre manifestação do pensamento, da cultura e da


produção cultural, científica e artística. Assim, é extensível a qualquer material assimilável a papel utilizado no
processo de impressão e à própria tinta especial para jornal, mas não é aplicável aos equipamentos do parque
gráfico, que não são assimiláveis ao papel de impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade
constitucional do art. 150, VI, “d”, da CF/88.

STF, 1ª Turma, ARE 1.100.204/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Alexandre de Moraes, j. 29/05/2018
– Informativo 904

O termo inicial do prazo prescricional da cobrança judicial do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU -
inicia-se no dia seguinte à data estipulada para o vencimento da exação.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.658.517/PA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 14/11/2018 – Informativo 638

Não incide IPVA sobre veículo automotor adquirido, mediante alienação fiduciária, por pessoa jurídica de
direito público.

Considerando ser a alienação fiduciária o negócio jurídico por meio do qual o devedor fiduciante, em garantia
de direito creditório, transfere ao credor fiduciário a propriedade resolúvel de bem móvel ou imóvel,
mantendo-se na posse direta, é de assentar a aplicação da regra de imunidade versada no artigo 150, inciso
VI, alínea “a”, da Constituição Federal quando o devedor fiduciante for pessoa jurídica de direito público.

STF, Plenário, RE 727.851 (Tema 685 RG), Rel. Min. Marco Aurélio, j. 22/06/2020 – Informativo 985
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#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJAP (2022).

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III

A inadimplência do usuário não afasta a incidência ou a exigibilidade do ICMS sobre serviços de


Telecomunicações.

As vendas inadimplidas não podem ser excluídas da base de cálculo do tributo, pois a inadimplência do
consumidor final — por se tratar de evento posterior e alheio — não obsta a ocorrência do fato gerador do
ICMS-comunicação.

STF, Plenário, RE 1.003.758/RO (Tema 705 RG), Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Alexandre de Moraes,
j. 14/05/2021 – Informativo 1017

É dos Estados e Distrito Federal a titularidade do que arrecadado, considerado Imposto de Renda, incidente
na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por si, autarquias e fundações que instituírem e
mantiverem.

STF, Plenário, RE 607.886/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 04/05/2021 – Informativo 1017/2021

Comentários:
Dispõe o art. 157, I, da CF/88, que: Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I – o produto da
arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre
rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e
mantiverem”. Depreende-se, pois, haver o constituinte estabelecido distinção considerados o ente
competente e o beneficiado pela receita tributária, de modo que, embora a competência impositiva tenha
sido atribuída à União (CF, art. 153. III), cabe aos estados e ao Distrito Federal a arrecadação, na fonte, do
tributo sobre os rendimentos pagos. Com efeito, no ato de retenção dos valores, ocorre a incorporação, ao
patrimônio estadual ou distrital, do produto arrecado.
Portanto, sendo as unidades federativas destinatárias do tributo retira, cumpre reconhecer-lhes a
capacidade ativa para arrecadar o imposto, motivo pelo qual caberá à Justiça comum estadual julgar
controvérsia envolvendo Imposto de Renda retido na fonte na forma do art. 157, I, da CF/88, ante a ausência
de interesse da União.

A validade do protesto de CDA emitida por Fazenda Pública Estadual ou Fazenda Pública Municipal não está
condicionada à prévia existência de lei local que autorize a adoção dessa modalidade de cobrança extrajudicial.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.895.557/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 22/06/2021 – Informativo 702/2021

É possível o protesto da CDA, desde a entrada em vigor da Lei n. 9.492/1997 (Lei do Protesto). A Lei n.
1.767/2012 veio apenas reforçar a possibilidade de protesto da CDA, sendo que isso já era permitido desde a
entrada em vigor da Lei n. 9.492/97 que mencionou expressamente a possibilidade de protesto de “outros
documentos de dívida”. Assim, a Lei n. 12.767/2012 foi uma norma meramente interpretativa.
88

STJ, 1ª Seção, EREsp 1.109.579/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 27/10/2021, DJe 04/11/2021-
Informativo 716/2021
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Jurisprudência Bloco III
Comentários:
Em sede de acórdão submetido ao regime dos recursos repetitivos (REsp 1.686.659/SP, DJe
11/03/2019), a 1ª Seção do STJ pacificou entendimento no sentido de que a Fazenda Pública possui interesse
e pode efetivar o protesto da CDA, documento de dívida, na forma do art. 1º, parágrafo único, da Lei n.
9.492/97, com redação dada pela Lei n. 12.767/2012. Não obstante, em reiterados julgados, a 2ª Turma do
STJ tem reconhecido a possibilidade de protesto da CDA desde a entrada em vigor da Lei n. 9.492/97,
entendendo que a Lei n. 12.767/2012 veio apenas reforçar essa possibilidade, tratando-se de norma
meramente interpretativa.

A técnica de creditamento, em regra, não se coaduna com o regime monofásico da contribuição ao PIS e
COFINS, só sendo excepcionada quando expressamente prevista pelo legislador.

STJ, 1ª Seção, EDv nos EAREsp 1.109.354/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 14/04/2021 – Informativo 691/2021

Comentários:
Atento ao que determinam o art. 150, § 6º, da CF/88 e o art. 2º do Decreto-Lei n. 4.657/1942, deve
prevalecer o entendimento da 2ª Turma do STJ, segundo o qual o benefício fiscal do art. 17 da Lei n.
11.033/2004, em razão da especialidade, não derrogou a Lei n. 10.637/2002 e a Lei n. 10.833/2003, bem como
não desnaturou a estrutura do sistema de créditos estabelecida pelo legislador para a observância do princípio
da não cumulatividade.
Pontua-se que tal técnica é utilizada para setores econômicos geradores de expressiva arrecadação,
por imperativo de praticabilidade tributária, e objetiva o combate à evasão fiscal, foge, com todo o respeito,
da razoabilidade uma interpretação que venha a admitir a possibilidade de creditamento do tributo que
termine por neutralizar toda a arrecadação exatamente dos setores mais fortes da economia.

Importante!

O concurso de preferência entre os entes federados na cobrança judicial dos créditos tributários e não
tributários, previsto no parágrafo único do art. 187 do Código Tributário Nacional e no parágrafo único do art.
29 da Lei n. 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais), não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988.

STF, Plenário, ADPF 357/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 24/06/2021 – Informativo 1023/2021

Descabe ao contribuinte reiterar declaração de compensação com base no mesmo débito que fora objeto de
compensação anterior não homologada.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.570.571/PB, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 15/06/2021, DJe 18/06/2021 –
Informativo 701/2021

Comentários:
O art. 74 da Lei n. 9.430/96 dispõe que não poderão ser objeto de compensação mediante entrega,
89

pelo sujeito passivo, de débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a
compensação se encontre pendente. A Lei, portanto, é clara ao asseverar que a compensação (de débito que
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já tenha sido objeto de compensação não homologada) será considerada como “não declarada” (art. 74, § 3º,

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Jurisprudência Bloco III
V), e, portanto, impassível de novo pedido de compensação, independentemente da qualidade do crédito
fiscal que seja apresentado pelo contribuinte.

A pretensão em mandado de segurança que visa exclusivamente a declaração do direito à compensação de


eventuais indébitos recolhidos anteriormente à impetração, ainda não atingidos pela prescrição, não importa
em produção de efeito patrimonial pretérito, aproveitando apenas o valor referente a indébitos recolhidos
nos cinco anos anteriores ao manejo da ação mandamental.

STJ, 1ª Seção, EREsp 1.770.495/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 10/11/2021 – Informativo 717/2021

É incabível o aproveitamento de crédito da Contribuição ao PIS e da COFINS decorrentes de aquisição de


insumos sujeitos à alíquota zero, quando ocorrerem saídas tributadas.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.423.000/PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 09/11/2021 – Informativo 718/2021

É constitucional a inclusão do valor do IPI incidente nas operações de venda feitas por fabricantes ou
importadores de veículos na base de cálculo presumida fixada para propiciais, em regime de substituição
tributária, a cobrança e o recolhimento antecipados, na forma do art. 43 da Medida Provisória n. 2.158-
35/2001, de contribuições para o PIS e da Cofins devidas pelos comerciantes varejistas.

Em outras palavras: É legítima a inclusão do IPI na base de cálculo presumida do PIS e da Cofins, a ser
considerada pelos industriais e importadores de veículos, em regime de substituição tributária.

STF, Plenário, RE 605.506/RS, Rel. Min. Rosa Weber, j. 10/11/2021 – Informativo 1037/2021

Importante!

O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação – ITCMD, referente a doação não oportunamente declarada
pelo contribuinte ao fisco estadual, a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, observado o fato gerador, em conformidade
com os arts. 144 e 173, I, ambos do CTN.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.841.798/MG, rel. min. Benedito Gonçalves, j. 20/04/2021 (Tema 1048) – Informativo
694/2021

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJMS.
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Jurisprudência Bloco III
É cabível a concessão de remissão, com amparo em convênios CONFAZ, de créditos de ICMS oriundos de
benefícios fiscais declarados inconstitucionais.

STF, Plenário, RE 851.421/DF (Tema 817 RG), Rel. Min. Roberto Barroso, j. 17/12/2021 – Informativo 1042

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJMS.

Comentários:
No caso, a Lei distrital nº 4.732/2011 não “ressuscitou” benefícios fiscais unilaterais declarados
inconstitucionais, mas apenas remitiu, com amparo em convênios, os créditos de ICMS decorrentes,
configurando-se, assim, novo benefício fiscal.
Desse modo, não há que se falar em constitucionalização superveniente. Isso porque os convênios não
convalidaram e não reeditaram as leis distritais julgadas inconstitucionais. Foi editada uma nova lei que
instituiu novo benefício fiscal. Assim, não houve uma mera convalidação do benefício anterior que havia sido
julgado inconstitucional.
Ademais, a lei distrital reuniu os requisitos formais e materiais para resguardar a segurança jurídica
em favor dos contribuintes. Isso porque, com base no art. 155, § 2º, XII, g, da Constituição Federal e na Lei
Complementar nº 24/1975, remitiu os créditos que seriam cobrados inclusive dos contribuintes que
usufruíram de benefícios fiscais condicionais ou onerosos.

IMPORTANTE!

O art. 782, § 3º, do CPC/2015 é aplicável às execuções fiscais, devendo o magistrado deferir o requerimento
de inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes, preferencialmente pelo sistema
SERASAJUD, independentemente de esgotamento prévio de outras medidas executivas, salvo se vislumbrar
alguma dúvida razoável à existência do direito ao crédito previsto na Certidão de Dívida Ativa – CDA.

STJ, REsp 1.807.180/PR, 1ª Seção, Rel. Min. Og Fernandes, j. 24/02/2021 (Tema 1026) – Informativo 686/2021

Comentários:
O objeto da controvérsia foi definir se o art. 782, § 3º, do CPC/2015 é aplicável apenas às execuções
de título judicial ou também às de título extrajudicial, mais especificamente, às execuções fiscais. O
mencionado dispositivo está inserido no Capítulo III (“Da competência”), do Título I (“Da execução em geral”),
do Livro II (“Do processo de execução”), do CPC, sendo que o art. 771 dispõe que “este Livro regula o
procedimento da execução fundada em título extrajudicial”.
Não há dúvidas, portanto, de que o dispositivo em comento, ao determinar que “A requerimento das
partes, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes”, dirige-se às
execuções fundadas em títulos extrajudiciais.
Outrossim, nos termos do art. 1º da Lei n. 6.830/90, o CPC tem aplicação subsidiária às execuções
fiscais, caso não haja regulamentação própria sobre determinado tema na legislação especial, nem se
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configure alguma incompatibilidade com o sistema. É justamente o caso do art. 782, § 3º, do CPC/2015, que
se aplica subsidiariamente às execuções fiscais, pois: (i) não há norma em sentido contrário na Lei n.
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6.830/1980; (ii) a inclusão em cadastros de inadimplência é medida coercitiva que promove no subsistema os

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
valores da efetividade da execução, da economicidade, da razoável duração do processo e da menor
onerosidade para o devedor (arts. 4º, 6º, 139, IV, e 805, todos do CPC/2015).
Em suma, tramitando uma execução fiscal e sendo requerida a negativação do executado com base
no art. 782, § 3º, do CPC/2015, o magistrado deverá deferi-la, salvo se vislumbrar alguma dúvida razoável à
existência do direito ao crédito previsto na CDA, a exemplo da prescrição, da ilegitimidade passiva ad causam,
ou outra questão identificada no caso concreto.
Outro ponto importante a ser fixado é que, sendo medida menos onerosa, a anotação do nome da
parte executada em cadastros de inadimplentes pode ser determinada antes de exaurida a busca por bens
penhoráveis, atendendo-se, assim, ao princípio da menor onerosidade da execução, positivado no art. 805 do
CPC/2015.

É possível a fixação de honorários advocatícios, em exceção de pré-executividade, quando o sócio é excluído


do polo passivo da execução fiscal, que não é extinta.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.764.405/SP, rel. min. Assussete Magalhães, j. 10/03/2021 (Tema 961) – Informativo
688/2021

A teor do art. 39 da Lei n. 6.830/1980, a fazenda pública exequente, no âmbito das execuções fiscais, está
dispensada de promover o adiantamento de custas relativas ao ato citatório, devendo recolher o respectivo
valor somente ao final da demanda, acaso resulte vencida.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.858.965/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 22/09/2021 (Tema 1054) – Informativo 710/2021

Na Execução Fiscal, quando não incluídos como encargo na CDA, os honorários provisórios arbitrados no
despacho do juiz que ordena a citação devem observar o percentual estabelecido no art. 827 e não as faixas
do art. 85, § 3°, ambos do Código de Processo Civil/2015.

STJ, 2ª Turma, AgInt no AREsp 1.738.784/GO, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 05/10/2021 – Informativo
713/2021

É possível a Fazenda Pública habilitar em processo de falência crédito tributário objeto de execução fiscal em
curso, mesmo antes da vigência da Lei n. 14.112/2020, e desde que não haja pedido de constrição de bens no
feito executivo.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.872.759/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 18/11/2021. (Tema 01092) – Informativo
718/2021
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Jurisprudência Bloco III
O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução irregular da pessoa jurídica executada
ou na presunção de sua ocorrência, não pode ser autorizado contra o sócio ou o terceiro não sócio que,
embora exercessem poderes de gerência ao tempo do fato gerador, sem incorrer em prática de atos com
excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou aos estatutos, dela regularmente se retirou e não
deu causa à sua posterior dissolução irregular, conforme art. 135, III do CTN.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.377.019/SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 24/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema
962) – Informativo 719/2021

É cabível o pedido de habilitação de crédito da Fazenda Pública na falência desde que suspensa a execução
fiscal.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.872.153/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 09/11/2021 – Informativo 719/2021

Não é vedado, ao Procurador da Fazenda Nacional que emitiu a certidão de dívida ativa, atuar como
representante judicial da Fazenda Nacional, na respectiva execução fiscal.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.311.899/RS, Rel. Min. Assussete Magalhães, j. 23/02/2021 – Informativo 686/2021

São inconstitucionais o art. 11, § 3º, II; o trecho “ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular” do
art. 12, I; e o art. 13, § 4º, da Lei Kandir, uma vez que não configura fato gerador da incidência de ICMS o mero
deslocamento de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo titular, independentemente de estarem
localizados na mesma unidade federativa ou em estados-membros diferentes.

STF, Plenário, ADC 49/RN, rel. min. Edson Fachin, j. 16/04/2021 – Informativo 1013/2021

Na hipótese de lançamento suplementar de ICMS, em decorrência de dimensionamento incorreto do crédito


tributário (creditamento a maior e diferencial de alíquotas), deve ser aplicado o art. 150, § 4º, e não o art. 173,
I, ambos do CTN.

STJ, 2ªTurma, AREsp 1.471.958/RS, rel. min. Assussete Magalhães, j. 18/05/2021, DJe 24/05/2021 –
Informativo 698/2021

#FGVAMA
Esse julgado acabou de cair na prova para Juiz do TJES.

Comentários:
O termo inicial do prazo decadencial de tributo sujeito a lançamento por homologação – como é o
caso, em regra, do ICMS –, depende da circunstância de ter o contribuinte antecipado, ou não, o pagamento
da exação. Com efeito, nos termos da Súmula n. 555 do STJ: “quando não houver declaração do débito, o prazo
decadencial para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN,
93

nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame
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da autoridade administrativa”.

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Jurisprudência Bloco III
Ou seja, não antecipado o pagamento, o prazo decadencial inicia-se no primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento. Por outro lado, antecipado o pagamento do
tributo, o prazo decadencial observa o art. 150, § 4º, do CTN, ou seja, desde a ocorrência do fato gerador
inicia-se o prazo decadencial para o lançamento suplementar, sob pena de homologação tácita do
lançamento.
No caso concreto analisado pela 2ª Turma do STJ, verificou-se não pagamento de tributo referente a
diferença a menor entre o que foi pago pelo contribuinte e o que foi apurado, posteriormente, no lançamento
complementar pelo Fisco, em decorrência do creditamento integral, realizado pelo contribuinte, e do
diferencial de alíquotas. Vale mencionar que, no caso analisado, não houve qualquer imputação da prática,
pelo contribuinte, de ato doloso, fraudulento ou simulado.
Assim, entendeu a 2ª Turma que, em casos tais, o prazo decadencial rege-se pelo art. 150, § 4º do
CTN, tendo início o prazo decadencial na data da ocorrência do fato gerador, não havendo que se falar na
aplicação do art. 173, I, também do CTN.

É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de


Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) sobre o licenciamento ou cessão do
direito de uso de programas de computador. As operações relativas ao licenciamento ou cessão do direito de
uso de “software”, padronizado ou elaborado por encomenda, são tributáveis pelo Imposto sobre Serviços
(ISS), e não pelo ICMS.

STF, Plenário, ADI 5576/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 02/08/2021 – Informativo 1024/2021

É constitucional resolução do Senado Federal que fixa alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS) aplicável às operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior.

STF, Plenário, ADI 4858/DF, Rel. Min. Edson Fachin, Red. p/ acd. Min. Gilmar Mendes, j. 16/08/2021 –
Informativo 1025/2021

O repasse referente à participação que o município faz jus sobre o ICMS compensado com precatório se dá
com a aceitação desse último com forma de quitação do crédito tributário, não estando condicionado (o
repasse) ao momento em que o crédito estampado no precatório for efetivamente disponibilizado em espécie,
segundo a ordem cronológica.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.894.736/PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 21/09/2021 – Informativo 710/2021

A imunidade tributária estabelecida no art. 150, VI, “c” da Constituição Federal abrange o Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF) incidente inclusive sobre operações financeira praticadas pelas entidades a que
se refere, desde que vinculadas às finalidades essenciais dessas instituições.

STF, Plenário, RE 611.510/SP (Tema 328 RG), rel. min. Rosa Weber, j. 12/04/2021 – Informativo 1012
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
O IOF incide nas movimentações decorrentes das operações de “conferência internacional de ações” de
sociedade estrangeira no aumento do capital social de empresa brasileira.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.671.357/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 09/11/2021 – Informativo 717/2021

O Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), vinculado à exportação de bens e serviços, não constitui
fato gerador do Imposto sobre Operações Financeiras - IOF.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.452.963/SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 18/05/2021 – Informativo 697/2021

O direito ao crédito presumido de IPI só surge na data de exportação e não na data de aquisição dos insumos.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.168.001/RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 17/11/2020, DJe 17/12/2020 – Informativo
684/2021

Comentários:
A Lei n. 9.363/1996 instituiu o benefício fiscal de crédito presumido de Imposto sobre Produtos
Industrializados - IPI para ressarcimento do valor de PIS/PASEP e COFINS incidente sobre as respectivas
aquisições no mercado interno de insumos utilizados no processo produtivo (art. 1º).
O objetivo do benefício foi o de desonerar as exportações; a tal propósito, o elemento temporal eleito
pelo legislador para o gozo dessa benesse foi a data da exportação (e não a da aquisição dos insumos).
Já a MP n. 1.807-2/1999 promoveu a suspensão da fruição desse mesmo benefício, no período
compreendido entre 1º de abril e 31 de dezembro de 1999 (art. 12).
Tal suspensão ocorreu nas exportações realizadas no lapso previsto na MP n. 1.807/1999,
considerando-se que o direito ao crédito surge quando da realização da exportação (data de registro junto ao
SISCOMEX).
Com efeito, "apenas as exportações efetuadas dentro do primeiro trimestre de 1999 geraram crédito
presumido de IPI. Isso porque, muito embora se possa dizer que o direito ao crédito tenha por causa desonerar
as aquisições no mercado interno, a sua utilização somente pode ocorrer quando da realização da exportação
(data de registro junto ao SISCOMEX e embarque da mercadoria), já que o objetivo do benefício é desonerar
as exportações" (REsp 1.340.086/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, DJe 02/05/2017).

O credor fiduciário, antes da consolidação da propriedade e da imissão na posse no imóvel objeto da alienação
fiduciária, não pode ser considerado sujeito passivo do IPTU, uma vez que não se enquadra em nenhuma das
hipóteses previstas no art. 34 do CTN.

STJ, 1ª Turma, AREsp 1.796.224/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 16/11/2021 – Informativo 720/2021
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Não incide imposto de renda sobre os juros de mora devidos pelo atraso no pagamento de remuneração por
exercício de emprego, cargo ou função.

STF, Plenário, RE 855.091/RS, rel. min. Dias Toffoli, j. 13/03/2021 (Tema 808 RG) – Informativo 1009/2021

1) Regra geral, os juros de mora possuem natureza de lucros cessantes, o que permite a incidência do Imposto
de Renda.
2) Os juros de mora decorrentes do pagamento em atraso de verbas alimentares a pessoas físicas escapam à
regra geral da incidência do Imposto de Renda, posto que, excepcionalmente, configuram indenização por
danos emergentes.
3) Escapam à regra geral de incidência do Imposto de Renda sobre juros de mora aqueles cuja verba principal
seja isenta ou fora do campo de incidência do IR.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.470.443/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 25/08/2021 – Informativo 706/2021

Comentários:
Os juros de mora devidos em razão do atraso no adimplemento de remuneração por exercício de
emprego, cargo ou função estão fora do campo de incidência do imposto de renda. Eles visam recompor, de
modo estimado, os gastos a mais que o credor precisa suportar em razão do atraso no pagamento da verba
de natureza alimentar a que tinha direito. Logo, tais juros de mora abrangem danos emergentes, parcela que
não se adequa à materialidade do tributo, por não resultar em acréscimo patrimonial.

Incide imposto de renda sobre verba paga como contraprestação de plantões médicos.

STJ, 2ª Turma, RMS 52.051/AP, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 11/05/2021 – Informativo 696/2021

Comentários:
A verba assim instituída se assemelha àquela paga por horas extras aos demais trabalhadores da
iniciativa privada ou servidores públicos, constituindo evidentemente remuneração, pois corresponde à paga
pelo serviço prestado fora dos horários habituais. Para estes casos (hora extra), é pacífica a jurisprudência do
STJ no sentido da incidência do IR.

A atividade de armazenamento de cargas em terminal portuário alfandegado está sujeita à incidência do


Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN

STJ, 1ª Turma, REsp 1.805.317/AM, rel. Min. Gurgel de Faria, j. 09/02/2021, DJe 17/02/2021 – Informativo
685/2021

Sociedades simples fazem jus ao recolhimento do ISSQN na forma privilegiada previsto no art. 9º, §§ 1º e 3º,
do Decreto-Lei n. 406/1968 quando a atividade desempenhada não se sobrepuser à atuação profissional e
direta dos sócios na condução do objeto social da empresa, sendo irrelevante para essa finalidade o fato de a
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pessoa jurídica ter se constituído sob a forma de responsabilidade limitada.


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STJ, 1ª Seção, EAREsp 31.084/MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 24/03/2021 – Informativo 691/2021

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III

Incide apenas o imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), e não o imposto sobre circulação de
mercadorias e serviços (ICMS), nas operações envolvendo o fornecimento de programas de computador
mediante contrato de licenciamento ou cessão do direito de uso, tanto para os “softwares” padronizados
quanto para aqueles produzidos por encomenda e independentemente do meio utilizado para a transferência,
seja por meio de “download” ou por acesso em nuvem.

STF, Plenário, ADI 5659, rel. min. Dias Toffoli, ADI 1945, rel. min. Carmen Lucia, red. p/ acd. Min. Dias Toffoli,
j. 24/02/2021 – Informativo 1007/2021

No mesmo sentido:

Incide o Imposto sobre serviços (ISS) no licenciamento ou na cessão de direito de uso de softwares
desenvolvidos para clientes de forma personalizada, mesmo quando o serviço seja proveniente do exterior ou
sua prestação tenha se iniciado no exterior.

STF, Plenário, RE 688.223/PR (Tema 590 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 03/12/2021 – Informativo 1040/2021

É legítima a incidência do ISSQN nas prestações de serviços de reparos navais em embarcações de bandeira
estrangeira em águas marítimas no território nacional.

STJ, REsp 1.805.226/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 09/11/2021, DJe 19/11/2021 – Informativo 719

O fato gerador do imposto sobre transmissão inter vivos de bens imóveis (ITBI) somente ocorre com a efetiva
transferência da propriedade imobiliária, que se dá mediante o registro.

STF, Plenário, ARE 1294969 (RG Tema 1124), j. 11/02/2021

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJMS e na última prova para Juiz do TJPR
(2021).

O seguro de vida VGBL não integra a base de cálculo do ITCMD.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.961.488/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 16/11/2021, DJe 17/11/2021 – Informativo
718/2021

A matriz pode discutir relação jurídico-tributária, pleitear restituição ou compensação relativamente a


indébitos de suas filiais.

STJ, 1ª Turma, AREsp 1.273.046/RJ, rel. Min. Gurgel de Faria, j. 08/06/2021 – Informativo 700/2021
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
A multa moratória na hipótese de descumprimento, pelo contribuinte beneficiário, da obrigação de exportar
no regime especial de drawback em sua modalidade suspensão, somente ocorrerá após o trigésimo dia do
inadimplemento.

STJ, 1ª Seção, EREsp 1.580.304/RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 16/09/2021, DJe 23/09/2021 – Informativo
710/2021

O que significa “drawback”?


Trata-se de operação pela qual o contribuinte se compromete a importar a mercadoria, beneficiá-la
e, depois, mandá-la de volta ao exterior (exportá-la). Explica o Min. João Otávio de Noronha, que “drawback”
é a operação mediante a qual o contribuinte, para fazer jus a incentivos fiscais, importa mercadoria com o
compromisso de exportá-la após o beneficiamento (STJ REsp 385634/BA).
Ainda, nas palavras da Min. Regina Helena Costa: “O drawback constitui um regime aduaneiro
especial, que pode apresentar-se em três modalidades - isenção, suspensão e restituição de tributos - e é
classificado como incentivo à exportação, nos termos dos arts. 1º, I, da Lei nº 8.402/92 e 383, caput, do
Decreto nº 6.759/09. O incentivo consubstancia-se na desoneração do processo de produção o que acaba
tornando a subsequente mercadoria nacional mais competitiva no mercado global.” (STJ REsp 1313705/PR).

Comentários ao julgado:
Trata-se da incidência ou não de multa moratória na hipótese de descumprimento, pelo contribuinte
beneficiário, da obrigação de exportar no regime especial de drawback, em sua modalidade suspensão.
O acórdão embargado, proferido pela Segunda Turma desta Corte, entendeu pela incidência de juros
de mora e multa ao fundamento de que o prazo de trinta dias previsto no art. 342 do Decreto n. 4.543/2002
"não tem o condão de alterar a data de constituição da obrigação tributária, tampouco da data de pagamento
dos tributos sem encargos moratórios".
Já o acórdão paradigma, exarado pela Primeira Turma, concluiu que "a orientação que melhor se
coaduna com uma visão sistemática da legislação e princípios do Direito Tributário pátrio e, em especial, com
a finalidade da norma instituidora do regime específico de tributação em discussão, é aquela que afasta a
incidência da multa moratória".
Nesse contexto, tem-se que o drawback é uma espécie de regime aduaneiro especial, consistente em
um incentivo à exportação, visto que as operações por ele contempladas são aquelas em que se importam
insumos, para emprego na fabricação ou no aperfeiçoamento de produtos a serem depois exportados.
O fato gerador dos tributos aduaneiros, no drawback suspensão, ocorre na data do registro da
declaração de importação na repartição aduaneira; o pagamento das respectivas exações é que fica, em
princípio, postergado para o prazo de um ano após esse momento, e apenas se não houver o implemento de
sua condição resolutiva, que se consuma com o ato mesmo da exportação. Assim, escorreita a compreensão
de que, inadimplida a condição estabelecida para a fruição do incentivo (ausência da exportação), os
consectários ligados ao tributo, a saber, juros e correção monetária, devem fluir a contar do fato gerador dos
tributos suspensos, ou seja, a partir do respectivo registro da declaração de importação na repartição
aduaneira.
Diferente, no entanto, desponta o viés temporal ligado à aplicação da questionada multa moratória.
Tal penalidade, tendo como pressuposto o descumprimento da obrigação de exportar, só poderá atuar após
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escoado o prazo de 30 dias, cujos alicerces vinham descritos nos arts. 340 e 342 do revogado Decreto n.
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4.543/2002 (hoje sucedido pelo Decreto n. 6.759/2009).

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Jurisprudência Bloco III
A multa por descumprimento do prazo para reexportação no regime de admissão temporária deve ser
calculada sobre o valor aduaneiro da mercadoria, em razão da licitude da revogação do art. 106, inciso II, "b",
do Decreto-Lei n. 37/1966 do art. 709, pelo Decreto n. 6.759/2009 (RA-2009) e o ADI/SRF n. 4/2004.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.671.362/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 07/12/2021 – Informativo 721/2021

É legítima a cobrança das custas judiciais e das taxas judiciárias tendo por parâmetro o valor da causa, desde
que fixados valores mínimos e máximos.

STF, Plenário, ADI 5688/PB, Rel. Min. Edson Fachin, Rel. Acd. Min. Dias Toffoli, j. 22/10/2021 – Informativo
1035/2021

Comentários:
O art. 145, II, da CF/88, determina, implicitamente, que a base de cálculo das taxas cobradas pela
prestação de serviço público específico e divisível deve guardar consonância com o gasto oriundo da atividade
estatal. Não há que se falar em excessiva majoração dos valores cobrados se a instituição do tributo, ou o seu
reajuste: (i) guardam correlação com o serviço prestado, (ii) mostram-se razoáveis e proporcionais, (iii) não
impedem o acesso ao Judiciário, e (iv) não possuem caráter confiscatório.

I. O legislador ordinário possui autonomia para disciplinar a não cumulatividade a que se refere o art. 195, §
12, da CF/1988, respeitados os demais preceitos constitucionais, como a matriz constitucional das
contribuições ao PIS e Cofins e os princípios da razoabilidade, da isonomia, da livre concorrência e da proteção
à confiança;

II. É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de repercussão geral, a discussão sobre a
expressão ‘insumo’ presente no art. 3º, II, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 e sobre a compatibilidade, com
essas leis, das IN/SRF 247/2002 (considerada a atualização pela IN/SRF 358/2003) e 404/2004; III. É
constitucional o § 3º do art. 31 da Lei 10.865/2004.

STF, Plenário, RE 841.979/PE (Tema 756 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 25/11/2022 – Informativo 1077

A receita decorrente da alienação dos bens objeto de operação de leasing na qual a instituição financeira
figura como arrendadora é excluída da base de cálculo da contribuição ao PIS e COFINS.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.747.824/SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 29/11/2022 – Informativo 759

É inconstitucional, por afronta ao princípio da legalidade estrita, a majoração da base de cálculo de


contribuição social por meio de ato infralegal.

STF, Plenário, RE 1.381.261/RS (Tema 1223 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 05/08/2022 – Informativo 1062
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Comentários:
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No caso, o Decreto 3.048/1999 e a Portaria 1.135/2001 do Ministério da Previdência e Assistência


Social (MPAS) alteraram a base de cálculo do tributo de que dispõem ao estipular que, no lugar da

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
remuneração efetivamente paga aos transportadores autônomos — conforme critério estabelecido pela Lei
8.212/1991 —, se considerasse o resultado de um percentual (11,71% ou 20%) incidente sobre o valor bruto
do frete, carreto ou transporte de passageiros.
Com isso, a alíquota da contribuição previdenciária passou a não mais incidir sobre a remuneração
efetivamente paga, e sim sobre um novo montante, cujo valor previsto abrange, além da remuneração do
transportador autônomo, outras parcelas, como combustível, seguros e desgaste do equipamento, o que
representou verdadeira majoração da contribuição.
Por isso, concluiu o Plenário do STF pela inconstitucionalidade do Decreto nº 3.048/99 e da Portaria
MPAS nº 1.135/01 no que alteraram a base de cálculo da contribuição previdenciária incidente sobre a
remuneração paga ou creditada a transportadores autônomos, devendo o reconhecimento da
inconstitucionalidade observar os princípios da congruência e da devolutividade.

São inconstitucionais leis estaduais que preveem a incidência do ICMS sobre a operação de extração de
petróleo e sobre a operação de circulação de petróleo desde os poços de extração até a empresa
concessionária.

A lógica é: Se não há circulação de mercadoria, não há fato gerador de ICMS

STF, Plenário, ADI 5481/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 26/03/2021 – Informativo 1011

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJPE (2022).

O recolhimento do tributo a município diverso daquele a quem seria efetivamente devido não afasta a
aplicação da regra da decadência prevista no art. 173, I do CTN.

STJ, 1ª Turma, AREsp 1.904.780/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 14/12/2021 – Informativo 723

Comentários:
A obrigação tributária não declarada pelo contribuinte no tempo e modo determinados pela legislação
de regência está sujeita ao procedimento de constituição do crédito pelo fisco, por meio do lançamento
substitutivo, o qual deve se dar no prazo decadencial previsto no art. 173, I, do Código Tributário Nacional,
quando não houver pagamento antecipado, ou no art. 150, § 4º, do CTN, quando ocorrer o recolhimento de
boa-fé, ainda que em valor menor do que aquele que a Administração entende devido, pois, nesse caso, a
atividade exercida pelo contribuinte, de apurar, pagar e informar o crédito tributário, está sujeita à verificação
pelo ente público, sem a qual ela é tacitamente homologada. Confira a redação dos referidos dispositivos:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se


após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter


100

sido efetuado;
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício
formal, o lançamento anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente


com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a
constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer
medida preparatória indispensável ao lançamento.

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja
legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida
autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa.
(...)
§ 4º. Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da
ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o
crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

No caso concreto julgado pelo STJ, o Tribunal de Justiça de origem compreendeu que o recolhimento
do tributo a município diverso daquele a quem seria efetivamente devido seria suficiente para a aplicação do
regime do art. 150, § 4°, do CTN, independentemente do momento do conhecimento, pelo outro ente
federativo, acerca do fato gerador, bem como de qualquer recolhimento do tributo aos seus cofres.
Ocorre que, pela própria natureza do lançamento por homologação, faz-se necessário que a
Administração tenha conhecimento da ocorrência do fato gerador, seja por meio da declaração formal do
contribuinte seja pelo recolhimento do tributo aos seus cofres – o que não ocorreu no caso concreto, pois o
município para o qual o tributo seria devido apenas teve conhecimento dos fatos geradores no momento da
fiscalização tributária.
Nesse contexto, esclareceu a 1ª Turma do STJ que: “Não se está a afirmar a competência deste ou
daquele município para a tributação, mas apenas que, para a aplicação da regra do art. 150, § 4°, do CTN ao
município devido, no caso concreto, a declaração do contribuinte ou o recolhimento, ainda que parcial, do
ISSQN dos fatos geradores tributados deveriam ter sido feitos.”.
Assim, concluiu-se pelo provimento do agravo em recurso especial, para determinar o retorno dos
autos ao Tribunal de origem, a fim de que a alegação da decadência seja apreciada segundo as regras do art.
173 do CTN, e não segundo o art. 150, § 4º.
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Não viola o texto constitucional a previsão contida no parágrafo único do art. 116 do Código Tributário
Nacional.

STF, Plenário, ADI 2446/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 08/04/2022 – Informativo 1050

Comentários:
Veja o que diz o referido dispositivo:

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador
e existentes os seus efeitos:
(...)
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios
jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do
tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária,
observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.

De acordo com o Plenário do STF, essa previsão legal não constitui ofensa aos princípios
constitucionais da legalidade, da estrita legalidade e da tipicidade tributária, e da separação dos Poderes.
Em verdade, ela confere máxima efetividade a esses preceitos, objetivando, primordialmente,
combater a evasão fiscal, sem que isso represente permissão para a autoridade fiscal de cobrar tributo por
analogia ou fora das hipóteses descritas em lei, mediante interpretação econômica. Nesse contexto, apenas
viabiliza que a autoridade tributária aplique base de cálculo e alíquota a uma hipótese de incidência
estabelecida em lei e que tenha efetivamente se realizado.

O parcelamento tributário requerido por um dos devedores solidários não importa em renúncia à
solidariedade em relação aos demais coobrigados.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.978.780/SP, Rel. Min. Assussete Magalhães, j. 05/04/2022 – Informativo 732

Comentários:
Embora o art. 282 do Código Civil permita ao credor renunciar à solidariedade em favor dos devedores,
daí não se extrai que o parcelamento tributário, requerido por um dos devedores solidários - no caso, a
promitente compradora de imóvel -, importe, em renúncia à solidariedade, em relação aos demais
coobrigados, no caso, o promitente vendedor.
Aliás, o art. 265 da Código Civil prevê que "a solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade
das partes", sendo válido concluir que, por simetria, a renúncia à solidariedade também não se presume,
decorrendo da lei ou da vontade das partes.
Assim, o mero parcelamento da dívida tributária por um dos devedores solidários - no caso, a
promitente compradora -, desprovida da renúncia expressa, pelo sujeito ativo da exação, em relação à
solidariedade passiva do promitente vendedor, não configura razão bastante para afastar a lógica da tese
firmada no Tema 122/STJ, qual seja: Tanto o promitente comprador - possuidor a qualquer título - do imóvel
102

quanto seu proprietário/promitente vendedor - aquele que tem a propriedade registrada no Registro de
Imóveis - são contribuintes responsáveis pelo pagamento do IPTU.
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
No caso de micro e pequenas empresas é possível a responsabilização dos sócios pelo inadimplemento do
tributo, com base no art. 134, VII, do CTN, cabendo-lhes demonstrar a insuficiência do patrimônio quando da
liquidação para exoneração da responsabilidade pelos débitos.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.876.549/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 03/05/2022, DJe 06/05/2022 –
Informativo 735

A EC 57/2008 não convalidou a criação, fusão, incorporação e desmembramento de municípios realizados sem
consulta prévia, mediante plebiscito às populações dos municípios envolvidos. Por isso, Município resultante
de desmembramento realizado em desacordo com o art. 18, § 4º da CF/88, não detém legitimidade ativa para
a cobrança de IPTU de imóvel situado em imóvel situado em território a ele acrescido.

STF, Plenário, RE 614.384/SE (Tema 559 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 29/04/2022 – Informativo 1052

Importante!

O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução irregular da pessoa jurídica executada
ou na presunção de sua ocorrência, pode ser autorizado contra o sócio ou o terceiro não sócio, com poderes
de administração na data em que configurada ou presumida a dissolução irregular, ainda que não tenha
exercido poderes de gerência quando ocorrido o fato gerador do tributo não adimplido, conforme art. 135, III
do CTN.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.645.333/SP (Tema 981), Rel. Min. Assussete Magalhães, j. 25/05/2022 – Informativo 738

A apólice de seguro-garantia com prazo de vigência determinado é inidônea para fins de garantia da execução
fiscal.

STJ, 1ª Turma, AgInt no REsp 1.924.099/MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 24/05/2022 – Informativo 738

Comentários:
A controvérsia diz respeito à possibilidade de apresentação de seguro-garantia para assegurar
execução fiscal.
Em que pese o entendimento do STJ pela possibilidade de oferecimento da citada garantia, o Tribunal
de origem entendeu pela sua inidoneidade na espécie, por apresentar prazo de validade determinado: "A Lei
nº 6.830/90 (lei de execuções fiscais), em seu art. 9º, II, com as alterações trazidas pela Lei nº 13.043/14, prevê
a possibilidade de oferecimento do seguro garantia para assegurar a execução fiscal: [...] Assim, a princípio,
apresenta-se possível o oferecimento de caução, na modalidade seguro garantia, para suspender a
exigibilidade do crédito exequendo, desde que se trate de caução idônea, ou seja, capaz de assegurar o
pagamento do valor integral da dívida e com validade indeterminada ou até a extinção do processo".
Assim, para a 1ª Turma do STJ, o acórdão de origem adotou entendimento em conformidade com a
103

jurisprudência da Corte Superior, de que a apólice de seguro-garantia com prazo de vigência determinado é
inidônea para fins de garantia da execução fiscal.
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
O bloqueio de ativos financeiros do executado via sistema BACENJUD, em caso de concessão de parcelamento
fiscal, seguirá a seguinte orientação: (i) será levantado o bloqueio se a concessão é anterior à constrição; e (ii)
fica mantido o bloqueio se a concessão ocorre em momento posterior à constrição, ressalvada, nessa hipótese,
a possibilidade excepcional de substituição da penhora online por fiança bancária ou seguro garantia, diante
das peculiaridades do caso concreto, mediante comprovação irrefutável, a cargo do executado, da
necessidade de aplicação do princípio da menor onerosidade.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.696.270/MG (Tema 1012), Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 08/06/2022 –
Informativo 740

Não cabe agravo de instrumento em execuções fiscais cujo valor não supera cinquenta Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTNS.

STJ, 2ª Turma, AREsp 1.751.847/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 16/08/2022 – Informativo 745

Comentários:
Na origem, trata-se de agravo de instrumento contra decisão que, em processo de execução fiscal,
determinou a intimação da municipalidade para o recolhimento das despesas de citação postal, sob pena de
extinção da ação executiva. No Tribunal a quo, não se conheceu do recurso.
O acórdão do Tribunal de origem está em consonância com o entendimento do STJ, no sentido de não
haver recurso para a segunda instância quando a importância executada for inferior ao valor de alçada, de
modo que, estando o valor da execução abaixo do estipulado, haverá exceção ao duplo grau de jurisdição,
seja para a Fazenda Pública, seja para o executado.
Por oportuno, confira-se: "(...) 1. A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias é regida pela Lei n. 6.830/1980 e,
subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil, conforme dispõe o art. 1º da referida Lei de Execução Fiscal.
2. O art. 34 da LEF estabelece o valor de alçada para eventual acesso ao segundo grau de jurisdição no
montante de 50 (cinquenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs. 3. Em interpretação
sistemática do regramento legal, conclui-se pelo não cabimento do agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias na hipótese de a execução fiscal não alcançar o valor de alçada do art. 34 da Lei n. 6.830/1980,
conforme antigo entendimento jurisprudencial sedimentado na Súmula 259 do ex-TFR.(...)" (AgInt no AREsp
1831509/SP, 1ª Turma, DJe 07/10/2021).

É descabido o ressarcimento de valor despendido com a apresentação de seguro garantia para viabilizar a
oposição de embargos à execução opostos contra pretensão da Fazenda Pública.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.852.810/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 13/09/2022, DJe 19/09/2022 – Informativo
750
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
A ineficácia do negócio jurídico decretada no Juízo Falimentar não impede prosseguimento da Execução Fiscal.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.822.226/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 27/09/2022 – Informativo 753

Comentários:
Sobre o tema, a própria 2ª Turma do STJ já teve a oportunidade de decidir que a declaração de
ineficácia do negócio jurídico de aquisição de marcas e maquinário, decretada no Juízo Falimentar, não
impediria o redirecionamento da execução fiscal em desfavor da empresa adquirente, dado que a decretação
de medidas tendentes a preservar o patrimônio da empresa não prejudicaria a propositura e o
prosseguimento da Execução Fiscal.
Com efeito, nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, "'os atos considerados
ineficazes pela Lei de Falências não produzem qualquer efeito jurídico perante a massa. Não são atos nulos ou
anuláveis, ressalte-se, mas ineficazes. Quer dizer, sua validade não se compromete pela lei falimentar -
embora de alguns deles até se pudesse cogitar de invalidação por vício social, nos termos da lei civil. Por isso,
os atos referidos pela Lei de Falências como ineficazes diante da massa falida produzem, amplamente, todos
os efeitos para os quais estavam preordenados em relação aos demais sujeitos de direito" (REsp 1.119.969/RJ,
Rel. Min. Luís Felipe Salomão, 4ª Turma, DJe 15/10/2013).

A adesão à programa de parcelamento tributário é causa de suspensão da exigibilidade do crédito e


interrompe o prazo prescricional.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.922.063/PR, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 18/10/2022, DJe 21/10/2022 – Informativo
754

Comentários:
O Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência no sentido de que a adesão a parcelamento
tributário é causa de suspensão da exigibilidade do crédito e interrompe o prazo prescricional, por constituir
reconhecimento inequívoco do débito, nos termos do art. 174, IV, do CTN, voltando a correr o prazo, por
inteiro, a partir do inadimplemento da última parcela pelo contribuinte (REsp 1.742.611/RJ, Rel. Min. Herman
Benjamin, 2ª Turma, j. 12/06/2018, DJe 26/11/2018.).
Contudo, diferente da orientação firmada no âmbito do STJ, o acórdão recorrido considerou que a
adesão à programa de parcelamento tributário suspenderia o prazo prescricional.
A diferença basilar entre suspensão e interrupção do prazo prescricional é que no primeiro o prazo já
se iniciou, voltando a correr somando-se o período anteriormente transcorrido. Já na interrupção, o prazo de
prescrição também já se iniciou, contudo, ao voltar a correr, recomeça-se por inteiro. Com efeito, deve ser
seguida a orientação firmada no âmbito da Corte Superior, no sentido de que a adesão à programa de
parcelamento tributário suspende a exigibilidade do crédito em questão e interrompe o prazo prescricional.

Não incide ICMS-Comunicação sobre o serviço de provimento de capacidade de satélite.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.437.550/RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 14/12/2021 – Informativo 723
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
É inconstitucional norma distrital ou estadual que, mesmo adotando a técnica da seletividade, prevê alíquota
de ICMS sobre energia elétrica e serviços de comunicação – os quais consistem sempre em itens essenciais –
mais elevada do que a incidente sobre as operações em geral.

STF, Plenário, ADI 7117/SC e 7123/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 24/06/2022 – Informativo 1060

Comentários:
Na linha da jurisprudência do STF, a Constituição Federal não obriga os entes competentes a adotarem
a seletividade no ICMS. Entretanto, se houver essa adoção, caberá ao legislador realizar uma ponderação
criteriosa das características intrínsecas do bem ou serviço em razão de sua essencialidade com outros
elementos, como a capacidade econômica do consumidor final, a destinação do bem ou serviço, e a justiça
fiscal, tendente à menor regressividade desse tributo indireto.
Assim, o ente federado que efetivamente adotar a seletividade para disciplinar o referido imposto
deverá conferir efetividade a esse preceito em sua eficácia positiva, sem deixar de observar a sua eficácia
negativa.

São inconstitucionais normas estaduais que fixam a alíquota do ICMS para operações de fornecimento de
energia elétrica e serviços de comunicação em patamar superior à cobrada sobre as operações em geral.

STF, Plenário, ADI 7111/PA, ADI 7113/TO, ADI 7116/MG, ADI 7119/RO, ADI 7122/GO, Rel. Min. Edson Fachin,
j. 26/08/2022 – Informativo 1065

A redução de alíquota do ICMS requer a comprovação do impacto financeiro e orçamentário, além da


celebração de convênio entre os estados e o Distrito Federal e a demonstração da essencialidade dos bens e
serviços.

STF, Plenário, ADI 6152/MA, Rel. Min. Edson Fachin, j. 30/09/2022 – Informativo 1070

Comentários:
É formalmente inconstitucional lei estadual que promove a redução da alíquota de ICMS sem que seja
instruída com a devida estimativa do seu impacto orçamentário e financeiro (ADCT, art. 113).
A concessão de incentivo fiscal — tal qual a redução de alíquota — é ato complexo que demanda
necessariamente a integração de vontades via celebração de convênio entre os diferentes entes federativos,
dado o seu caráter nacional, conforme disciplinado nas Leis Complementares 24/1975 e 160/2017.
Ademais, na hipótese, o estabelecimento de renúncia fiscal em razão da matéria-prima não observa
qualquer critério de discrímen, acarretando desigualdade inconstitucional (CF/88, art. 150, II) e desequilíbrio
concorrencial (CF/88, art. 170, II).
Também não houve atendimento ao critério da essencialidade do bem, que norteia o princípio da
seletividade tributária, segundo o qual se busca uma justa repartição do ônus tributário entre os indivíduos,
de acordo com sua capacidade econômica.
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
A instituição de hipótese de substituição tributária do ICMS, imputando-se a estabelecimento atacadista o
dever de recolhimento do tributo em relação às operações subsequentes, pode ser feita por meio de lei
ordinária estadual, devidamente regulamentada por decreto.

STF, Plenário, ADI 5702/RS, Rel. Min. André Mendonça, j. 21/10/2022 – Informativo 1073

Comentários:
Exige-se, por parte de cada um dos entes competentes para instituir o ICMS, lei própria no sentido de
operacionalizar o que previsto em norma geral da legislação tributária. Nesse contexto, a expressão “lei”,
presente no art. 150, § 7º, da CF/88, diz respeito à espécie legislativa “lei ordinária” (CF/88, art. 59, III), motivo
pelo qual a imputação da referida responsabilidade tributária não demanda “lei complementar” (CF/88, art.
59, II).

É devida a restituição da diferença do ICMS pago a mais no regime de substituição tributária para frente se a
base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida, sendo inaplicável a condição de que trata o art.
166 do CTN.

STJ, 2ª Turma, REsp 525.625/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 09/08/2022 – Informativo 744

O ICMS não incide sobre o serviço de inserção de publicidade e veiculação de propaganda em sites da internet.

STJ, 1ª Turma, AREsp 1.598.445/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 23/08/2022 – Informativo 746

Comentários:
A controvérsia trazida a debate envolve a definição sobre se a cessão de espaço em sítio eletrônico de
provedor de acesso à internet para conteúdo publicitário configura serviço de comunicação e, portanto, deve
ser considerada como fato gerador de ICMS.
De início, a Lei Complementar n. 87/1996 prevê, em seu art. 2°, III, que o ICMS incide sobre prestação
onerosa de serviços de comunicação, incluindo, na previsão legal, a geração, a emissão, a recepção, a
transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza, bem como
fixa, na forma de seu art. 12, VII, esta prestação onerosa de serviço de comunicação como o próprio momento
do fato gerador.
No entanto, a legislação tributária não pode, para definir ou limitar competências tributárias, alterar
a definição, o alcance e o conteúdo de institutos, conceitos e formas de direito privado (art. 110 do CTN).
Assim, extrai-se do art. 60 da Lei n. 9.472/1997 que o serviço de comunicação (telecomunicação) é o
conjunto de atividades que possibilita a oferta deste serviço, ou seja, a transmissão, emissão ou recepção, por
infraestrutura física de informações de qualquer natureza.
Nesse panorama, o serviço de comunicação apenas está configurado quando o prestador fornece ao
usuário os meios necessários à transmissão e à recepção de informações e mensagens objeto da comunicação.
É pertinente a distinção da mensagem e da transmissão da mensagem, sendo apenas este último objeto de
107

tributação pelo ICMS-comunicação.


Saliente-se ainda que o valor adicionado (atividade que acrescenta, a um serviço de telecomunicações
que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento,
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apresentação, movimentação ou recuperação de informações), o qual não se confunde com o serviço de

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
comunicação, está prevista no art. 61 e §§ da Lei Geral de Telecomunicação (LGT), não podendo a legislação
tributária alterá-la.
Por este motivo, o STJ tem adotado a orientação jurisprudencial segundo a qual os serviços de valor
adicionado não são objetos de tributação pelo ICMS-comunicação por não se confundirem com os serviços de
telecomunicação propriamente ditos.
Especificamente quanto ao serviço de disponibilização de espaço para publicidade e veiculação de
propaganda em sites da internet), há configuração de serviço de valor adicionado, pois se utiliza dos meios
(infraestrutura) já disponibilizados para o público em geral por terceiros para acrescentar ao serviço de
comunicação novas utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento e apresentação das informações ali
contidas.
A esse respeito, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 6034/RJ, firmou o entendimento
segundo o qual "é constitucional o subitem 17.25 da lista anexa à LC n. 116/2003, incluído pela LC n. 157/2016,
no que propicia a incidência do ISS, afastando a do ICMS, sobre a prestação de serviço de inserção de textos,
desenhos e outros materiais de propaganda e publicidade em qualquer meio (exceto em livros, jornais,
periódicos e nas modalidades de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e
gratuita)". (ADI 6034, Relator Dias Toffoli, Tribunal Pleno, julgado em 09/03/2022, DJe 21/03/2022). Nos
termos do voto do Relator, essas atividades (inserção de textos, desenhos e outros materiais de propaganda
e publicidade em qualquer meio), embora imprescindíveis à operacionalização do serviço de comunicação
social, encontram-se fora do âmbito de materialidade do ICMS-comunicação.
Dito isso, não é possível a tributação da disponibilização em sítios eletrônicos da própria provedora
de acesso à internet de mensagem de conteúdo publicitário, tendo em vista que não constitui prestação de
serviços de comunicação propriamente dita, mas mero serviço de valor adicionado, o qual, não se confunde
com o serviço de telecomunicação e, também, não é objeto de tributação pelo ICMS.

Não é possível a inclusão de créditos presumidos de ICMS na base de cálculo do Imposto sobre a Renda da
Pessoa Jurídica - IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, não tendo a LC n. 60/2017 aptidão
para alterar a conclusão de que a tributação federal do crédito presumido de ICMS representa violação ao
princípio federativo.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.951.855/SC, Rel. Min. Manoel Erhardt (convocado TRF-5), j. 08/11/2022 – Informativo
756

O profissional de advocacia privada constituído por município por mandato com poderes expressos não tem
direito líquido e certo para o cadastramento e acesso aos dados utilizados pelos Estados no cálculo do valor
adicionado referente ao ICMS.

STJ, 1ª Turma, RMS 68.647/GO, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 08/11/2022 – Informativo 757

As entidades religiosas podem se caracterizar como instituições de assistência social a fim de se beneficiarem
da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “c”, da Constituição, que abrangerá não só os impostos sobre
o seu patrimônio, renda e serviços, mas também os impostos sobre a importação de bens a serem utilizados
108

na consecução dos seus objetivos estatutários.


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STF, Plenário, RE 630.790/SP (Tema 336 RG), Rel. Min. Roberto Barroso, j. 18/03/2022 – Informativo 1047

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III

Sociedade de economia mista estadual prestadora exclusiva do serviço público de abastecimento de água
potável e coleta e tratamento de esgotos sanitários faz jus à imunidade tributária recíproca sobre impostos
federais incidentes sobre patrimônio, renda e serviços.

Isso porque prevalece na jurisprudência do STF que para a extensão da imunidade tributária recíproca da
Fazenda Pública a sociedades de economia mista e empresas públicas é necessário o preenchimento de três
requisitos: (i) a prestação de um serviço público; (ii) a ausência do intuito de lucro e (iii) a atuação em regime
de exclusividade, ou seja, sem concorrência.

STF, Plenário, ACO 3410/SE, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 20/04/2022 – Informativo 1051

O benefício da suspensão do IPI previsto no art. 5º, da Lei n. 9.826/1999 e art. 29 da Lei n. 10.637/2002 não
se aplica a estabelecimentos equiparados a industrial.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.587.197/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 19/04/2022 – Informativo 733

É inconstitucional condicionar o benefício de isenção fiscal do IPVA quanto à propriedade de veículos utilizados
para o serviço de transporte escolar com a filiação de seus motoristas profissionais autônomos a sindicato ou
cooperativa.

STF, Plenário, ADI 5268/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 05/08/2022 – Informativo 1062

Comentários:
Não há justificativa razoável para se conferir tratamentos distintos a motoristas que prestam os
mesmos serviços de transporte escolar pelo simples fato de possuírem ou não vínculo com as referidas
entidades associativas. Esse critério de discrímen não guarda qualquer conexão com os objetivos da política
pública envolvida na isenção, além de contrariar os interesses constitucionais nela envolvidos, quais sejam,
baratear e melhorar o transporte escolar e impulsionar o acesso à educação.
Além disso, a condição imposta pela norma impugnada, de forma indireta, constrange o proprietário
de veículo a se filiar às entidades associativas a fim de usufruir da benesse fiscal, e compele os já filiados a
permanecerem nessa posição, em evidente afronta aos princípios da isonomia, da liberdade sindical e da
liberdade de associação.

Não afronta o fato gerador do IPVA (propriedade do veículo pela instituição arrendante) e nem altera o sujeito
passivo da obrigação tributária a isenção relativa aos veículos adquiridos por meio de arrendamento mercantil
(“leasing”) e usados no transporte individual de passageiros, na categoria aluguel, prestado por
permissionários (taxistas).

STF, Plenário, ADI 2298/RS, Rel. Min. Nunes Marques, j. 23/09/2022 – Informativo 1071
109

Comentários:
A Constituição Federal admite a adoção de alíquotas diferenciadas em função do tipo e do uso do
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veículo, com fins de promover a igualdade fiscal (CF/88, art. 155, III, § 6º, II).

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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
Nesse contexto, a concessão de isenção, em virtude de o automóvel ser objeto de contrato de
arrendamento mercantil convencionado em benefício de taxista, consiste em diferenciação com base na
utilidade dada ao veículo.
Assim, esses profissionais são beneficiados, de forma indireta, pela isenção aplicada em favor da
entidade arrendante, pois passam a usufruir da diminuição dos custos da operação financeira.

Muito importante!

I – No caso de um tributo sujeito duplamente à anterioridade de exercício e à noventena, a lei que institui ou
majora a imposição somente será eficaz, de um lado, no exercício financeiro seguinte ao de sua publicação e,
de outro, após decorridos noventa dias da data de sua divulgação em meio oficial. Logo, a contar da publicação
da lei, os prazos transcorrem simultaneamente, e não sucessivamente.

II – Não há desvio de finalidade no caso de lei ordinária alterar o aspecto temporal do IPVA para viabilizar, a
um só tempo, o respeito à garantia da anterioridade, inclusive nonagesimal, e viabilizar a tributação dos
veículos automotores pela alíquota majorada no exercício financeiro seguinte ao da publicação desse diploma
legal. Afinal, a finalidade da legislação é lícita e explícita.

III – O princípio da igualdade tributária não resta ofendido na hipótese de um veículo automotor novo
submeter-se a alíquota distinta de IPVA em comparação a outro automóvel adquirido em anos anteriores no
lapso referente aos 90 (noventa) dias da noventena, em certo exercício financeiro. Sendo assim, pela própria
sistemática de tributação do IPVA posta na legislação infraconstitucional, não se cuida de tratamento desigual
entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente.

STF, Plenário, ADI 5282/PR, Rel. Min. André Mendonça, j. 17/10/2022 – Informativo 1072

Comentários:
De acordo com o decidido pelo Plenário do STF, é simultânea a contagem dos prazos das garantias
fundamentais a que se referem os princípios da anterioridade anual e nonagesimal tributárias, a partir da data
da publicação da lei que institui ou majora o tributo. Além disso, entendeu-se que não fere o princípio da
igualdade tributária a diferenciação do momento da incidência do Imposto sobre Propriedade de Veículo
Automotor (IPVA) quando a finalidade é alcançar objetivos constitucionais, como, por exemplo, estimular a
compra de veículos novos em prol do desenvolvimento e da industrialização no País ou o mercado interno
como patrimônio nacional (CF/88, art. 219). Também devem ser consideradas nessa análise as peculiaridades
da sistemática normativa local quanto ao tratamento do tributo específico.

IMPORTANTE!

Somente mediante lei estadual/distrital específica poderá ser atribuída ao alienante responsabilidade solidária
pelo pagamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA do veículo alienado, na
hipótese de ausência de comunicação da venda do bem ao órgão de trânsito competente.
110

STJ, 1ª Seção, REsp 1.881.788/SP (Recursos Repetitivos – Tema 1118), Rel. Min. Regina Helena Costa, j.
Página

23/11/2022 – Informativo 758

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Jurisprudência Bloco III

Não incide imposto de renda sobre os juros de mora devidos pelo atraso no pagamento de remuneração por
exercício de emprego, cargo ou função.

STJ, 2ª Turma, AgRg no REsp 1.494.279/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 26/04/2022, DJe 28/04/2022 –
Informativo 734

Comentários:
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 855.091 RG/SC, sob a sistemática da repercussão
geral (Tema 808), firmou a tese de que "não incide imposto de renda sobre os juros de mora devidos pelo
atraso no pagamento de remuneração por exercício de emprego, cargo ou função".
Assim, observado o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a questão, a 2ª Turma do STJ
adotou a referida tese em juízo de retratação, com fulcro no art. 1.040, II, do CPC/2015.

Importante!

É inconstitucional norma que prevê a incidência do imposto de renda sobre valores percebidos pelo
alimentando a título de alimentos ou pensão alimentícia.

STF, Plenário, ADI 5422/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 03/06/2022 – Informativo 1057

Independentemente de a pessoa diagnosticada como soropositiva para HIV ostentar sintomas da Síndrome
de Imunodeficiência Adquirida – SIDA/AIDS, deve o contribuinte ser abrangido pela isenção do Imposto sobre
a Renda da Pessoa Física.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.808.546/DF, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 17/05/2022, DJe 20/05/2022 – Informativo
737

É constitucional a cobrança, em face das entidades fechadas de previdência complementar não imunes, do
imposto de renda retido na fonte (IRRF) e da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL).

STF, Plenário, RE 612.686/SC (Tema 699 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 28/10/2022 – Informativo 1074

Não incide imposto de renda (IR) sobre o preço recebido em virtude de cessão com deságio de precatório.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.785.762/RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 27/08/2022, DJe 29/09/2022 – Informativo 751

Comentários:
O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que a alienação de precatório com deságio não
implica ganho de capital no preço recebido, motivo pelo qual não há que se falar em incidência da tributação
111

pelo Imposto de Renda por ocasião do recebimento do preço pela cessão do referido crédito.
Como consignado no julgamento do AgInt no REsp 1.768.681/RJ, "o preço da cessão do direito de
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crédito e o efetivo pagamento do precatório traduzem fatos geradores de Imposto de Renda distintos. Porém,
a ocorrência de um deles em relação ao cedente, não excluirá a ocorrência do outro em relação ao próprio

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Jurisprudência Bloco III
cedente. No que tange ao preço recebido pela cessão do precatório, a tributação ocorrerá se e quando houver
ganhos de capital por ocasião da alienação do direito, nos termos do art. 117 do RIR/99". Todavia, é notório
que as cessões de precatório se dão sempre com deságio, não havendo o que ser tributado em relação ao
preço recebido pela cessão do crédito.

A indenização correspondente à variação do preço da participação acionária e das bonificações na emissão de


ações no âmbito das privatizações do setor de telefonia são indenizações a título de lucros cessantes
correspondentes ao ganho de capital e devem ser tributadas pelo Imposto de Renda.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.697.606/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 13/12/2022, DJe 15/12/2022 –
Informativo 761

O art. 4º, 'b', do Decreto-Lei n. 1.510/1976 concedeu isenção apenas para transmissão da participação
acionária 'mortis causa', não ampliando a sua abrangência para momento posterior - ressalvada,
exclusivamente, a hipótese em que a própria aquisição por herança se desse durante a vigência do Decreto-
Lei n. 1.510/1976 e o sucessor permanecesse na respectiva posse pelo período de cinco anos, necessariamente
anteriores à revogação do benefício pela Lei n. 7.713/1988, e depois promovesse a sua alienação onerosa.

STJ, 2ª Turma, REsp 1.650.844/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. Herman Benajmin, j.
07/06/2022 – Informativo 741

É constitucional o subitem 17.25 da lista anexa à LC nº 116/03, incluído pela LC nº 157/16, no que propicia a
incidência do ISS, afastando a do ICMS, sobre a prestação de serviço de inserção de textos, desenhos e outros
materiais de propaganda e publicidade em qualquer meio (exceto em livros, jornais, periódicos e nas
modalidades de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita).

STF, Plenário, ADI 6034/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 08/03/2022 – Informativo 1046

O tratamento privilegiado previsto no art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei n. 406/1968 somente é aplicável às
sociedades uniprofissionais que tenham por objeto a prestação de serviço especializado, com a atuação direta
dos sócios, com responsabilidade pessoal destes e sem caráter empresarial.

STJ, 2ª Turma, AgInt no AREsp 1.891.277/SP, Rel. Min. Humberto Martins, j. 14/11/2022, DJe 30/11/2022 –
Informativo 761

Comentários:
Discute-se, se o exercício da arbitragem realizado por sociedade de advogados a descaracterizaria
como sociedade uniprofissional, beneficiada pelo regime especial de recolhimento do ISS.
Nos termos da jurisprudência do STJ, o tratamento privilegiado previsto no art. 9º, §§ 1º e 3º, do
Decreto-Lei n. 406/1968 somente é aplicável às sociedades uniprofissionais que tenham por objeto a
112

prestação de serviço especializado, com a atuação direta dos sócios, com responsabilidade pessoal destes e
sem caráter empresarial.
Com efeito, no caso, o acórdão recorrido deixa claro que os sócios são advogados, e não árbitros, e
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que o objeto social é o exercício da advocacia. Ademais, esteia seu entendimento no sentido de que "a atuação

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Jurisprudência Bloco III
na arbitragem constitui atividade jurídica, sendo que o Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei n. 8.906/1994)
permite que o advogado postule 'em juízo ou fora dele' (art. 5º), inclusive em causa própria, não podendo
fazer distinção entre as atividades administrativas de mediação e arbitragem, com vistas à incidência do ISS
sobre o faturamento da sociedade de advogados".

A base de cálculo do ITBI é o valor do imóvel transmitido em condições normais de mercado, não estando
vinculada à base de cálculo do IPTU, que nem sequer pode ser utilizada como piso de tributação.

O valor da transação declarado pelo contribuinte goza de presunção de que é condizente com o valor de
mercado, que somente pode ser afastada pelo fisco mediante a regular instauração de processo
administrativo próprio (CTN, art. 148).

O Município não pode arbitrar previamente a base de cálculo do ITBI com respaldo em valor de referência por
ele estabelecido unilateralmente.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.937.821/SP (Tema 1113), Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 24/02/2022, DJe 03/03/2022 –
Informativo 730

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJPE (2022).

O fato gerador do ITBI é o registro no ofício competente da transmissão da propriedade do imóvel, mesmo no
caso de cisão de empresa.

STJ, 2ª Turma, AREsp 1.760.009/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 19/04/2022 – Informativo 734

Comentários:
O STJ entende que mesmo em caso de cisão, o fato gerador do ITBI é o registro no ofício competente
da transmissão da propriedade do bem imóvel, em conformidade com a lei civil. Assim, não há como se
considerar como fato gerador da referida exação a data de constituição das empresas pelo registro de
Contrato Social na Junta Comercial.
Dessa forma, o fato gerador do ITBI ocorre, no seu aspecto material e temporal, com a efetiva
transmissão, a qualquer título, da propriedade imobiliária, o que se perfectibiliza com a consumação do
negócio jurídico hábil a transmitir a titularidade do bem, mediante o registro do título translativo no Cartório
de Registro de Imóveis.
Acrescente-se que o STF julgou o ARE 1.294.969, Tema 1.124, em 11/02/2021, oportunidade em que
fixou a seguinte tese: "O fato gerador do imposto sobre transmissão inter vivos de bens imóveis (ITBI) somente
ocorre com a efetiva transferência da propriedade imobiliária, que se dá mediante o registro".
113
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Jurisprudência Bloco III
Os estados-membros e o Distrito Federal podem legislar sobre índices de correção monetária e taxas de juros
de mora incidentes sobre seus créditos fiscais, limitando-se, porém, aos percentuais estabelecidos pela União
para os mesmos fins.

STF, Plenário, ARE 1.216.078 (Tema 1062 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 29/08/2019

#FGVAMA
Esse julgado foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJSC.

Comentários:
A CF/88 prevê que compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre
direito financeiro (art. 24, inciso I). Especificamente quanto à matéria relacionada a índices de correção
monetária e taxas de juros de mora aplicáveis a créditos fiscais, por se tratar de matéria financeira
devidamente regulada pela União, os demais entes somente podem exercer validamente sua competência
suplementar nos limites estabelecidos pela legislação federal.
O STF, em diversas oportunidades, já afirmou que, embora os Estados-membros sejam incompetentes
para fixar índices de correção monetária superiores aos fixados pela União para o mesmo fim, podem defini-
los em patamares inferiores, como forma de incentivo fiscal.

É vedado aos estados e ao Distrito Federal instituir o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação
(ITCMD) nas hipóteses dispostas no art. 155, § 1º, III, da Constituição Federal, sem a edição da lei
complementar federal exigida pelo referido dispositivo constitucional.

STF, Plenário, ADI 6828/AL, Rel. Min. André Mendonça, j. 28/10/2022 – Informativo 1074

Comentários:
Primeiramente, veja o que diz o referido dispositivo constitucional:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (…)
§ 1º. O imposto previsto no inciso I:
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da
situação do bem, ou ao Distrito Federal;
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se
processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito
Federal;
III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário
processado no exterior.
114

O STF — diante da omissão do legislador nacional em estabelecer normas gerais pertinentes à


competência para instituir o ITCMD — tem reconhecido, reiteradamente, a inconstitucionalidade de leis ou
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decretos estaduais sobre o tema, haja vista a necessidade da edição de lei complementar para fins de

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Jurisprudência Bloco III
instituição do imposto sobre transmissão causa mortis e doação pelos estados e DF, nas situações
especificamente ressalvadas na Constituição Federal.
No julgamento do RE 851.108 (Tema 825 RG), o Supremo consignou a impossibilidade de os estados-
membros e o Distrito Federal usarem da competência legislativa plena, com fundamento no art. 24, § 3º, da
CF e no art. 34, § 3º, do ADCT, para a instituição do ITCMD nas hipóteses previstas no art. 155, § 1º, III, casos
em que ficaria ela condicionada à prévia regulamentação mediante lei complementar federal (obs.: Esse tema
de repercussão geral 825 do STF foi cobrado pela FGV na prova para Juiz do TJPE, aplicada em 2022).
Ademais, o STF reconheceu a omissão inconstitucional na regulamentação do artigo 155, § 1º, III, da
CF e estabeleceu prazo para que o Congresso Nacional edite lei complementar com normas gerais definidoras
do ITCMD nas doações e nas heranças instituídas no exterior.

No arrolamento sumário, a homologação da partilha ou da adjudicação, bem como a expedição do formal de


partilha e da carta de adjudicação, não se condicionam ao prévio recolhimento do imposto de
transmissão causa mortis, devendo ser comprovado, todavia, o pagamento dos tributos relativos aos bens do
espólio e às suas rendas, a teor dos arts. 659, § 2º, do CPC/2015 e 192 do CTN.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.896.526/DF (Recursos Repetitivos – Tema 1074), Rel. Min. Regina Helena Costa, j.
26/10/2022, DJe 28/10/2022 – Informativo 755

(i) É vedada a constituição de créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre os componentes
do custo de aquisição (art. 13, do Decreto-Lei n. 1.598/77) de bens sujeitos à tributação monofásica (arts. 3º,
I, "b" da Lei n. 10.637/2002 e da Lei n. 10.833/2003).

(ii) O benefício instituído no art. 17, da Lei 11.033/2004, não se restringe somente às empresas que se
encontram inseridas no regime específico de tributação denominado REPORTO.

(iii) O art. 17, da Lei 11.033/2004, diz respeito apenas à manutenção de créditos cuja constituição não foi
vedada pela legislação em vigor, portanto não permite a constituição de créditos da Contribuição para o
PIS/PASEP e da COFINS sobre o custo de aquisição (art. 13, do Decreto-Lei n. 1.598/77) de bens sujeitos à
tributação monofásica, já que vedada pelos arts. 3º, I, "b" da Lei n. 10.637/2002 e da Lei n. 10.833/2003.

(iv) Apesar de não constituir créditos, a incidência monofásica da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS
não é incompatível com a técnica do creditamento, visto que se prende aos bens e não à pessoa jurídica que
os comercializa que pode adquirir e revender conjuntamente bens sujeitos à não cumulatividade em
incidência plurifásica, os quais podem lhe gerar créditos.

(v) O art. 17, da Lei 11.033/2004, apenas autoriza que os créditos gerados na aquisição de bens sujeitos à não
cumulatividade (incidência plurifásica) não sejam estornados (sejam mantidos) quando as respectivas vendas
forem efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP
e da COFINS, não autorizando a constituição de créditos sobre o custo de aquisição (art. 13, do Decreto-Lei n.
1.598/77) de bens sujeitos à tributação monofásica.
115

STJ, 1ª Seção, REsp 1.894.741/RS (Tema 1093) , Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 27/04/2022 –
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Informativo 734

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Jurisprudência Bloco III

É possível assegurar, na via administrativa, o direito à restituição do indébito tributário reconhecido por
decisão judicial em mandado de segurança.

STJ, 1ª Turma, REsp 1.951.855/SC, Rel. Min. Manoel Erhardt (convocado TRF-5), j. 08/11/2022 – Informativo
756

A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes de apropriação indébita previdenciária e de
sonegação de contribuição previdenciária será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a
decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente, sendo
constitucional o art. 83 da Lei n. 9.430/96, que assim dispõe.

STF, Plenário, ADI 4980/DF, Rel. Min. Nunes Marques, j. 10/03/2022 – Informativo 1047

O benefício do § 2º do art. 63 da Lei n. 9.430/1996 é aplicável ao contribuinte que renuncia ao direito sobre o
qual se funda a ação.

STJ, 2ª Turma, AgInt no AREsp 955.986/SP, Rel. Min. Assussete Magalhães, j. 19/04/2022 – Informativo 733

É constitucional a instituição, por meio de lei estadual, de taxas de controle, monitoramento e fiscalização de
atividades de pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de recursos minerários.

A base de cálculo das taxas minerárias deve guardar razoável proporcionalidade entre a quantidade de minério
extraído e o dispêndio de recursos públicos com a fiscalização dos contribuintes, observados os princípios da
proibição do confisco e da precaução ambiental.

STF, Plenário, ADI 4785/MG, Rel. Min. Edson Fachin, ADI 4786/PA, Rel. Min. Nunes Marques, e ADI 4787/AP,
Rel. Min. Luiz Fux, j. 01/08/2022 – Informativo 1062

É válida a cobrança das custas judiciais e emolumentos tendo por parâmetro o valor da causa ou do bem ou
negócio objeto dos atos judiciais e extrajudiciais, desde que definidos limites mínimo e máximo e mantida
uma razoável e proporcional correlação com o custo da atividade.

STF, Plenário, ADI 2846/TO, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 13/09/2022 – Informativo 1067

Importante!

É inconstitucional a cobrança de taxa de segurança para eventos, visto que a segurança pública deve ser
remunerada por meio de impostos, já que constitui serviço geral e indivisível, devido a todos os cidadãos,
independentemente de contraprestação.
116

STF, Plenário, ADI 2692/DF, Rel. Min. Nunes Marques, j. 30/09/2022 – Informativo 1070
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Jurisprudência Bloco III
Comentários:
O serviço de segurança pública tem natureza universal e é prestado a toda a coletividade, mesmo na
hipótese de o Estado se ver na contingência de fornecer condições específicas de segurança a certo grupo.
Como a sua finalidade é a preservação da ordem pública e da incolumidade pessoal e patrimonial (CF/88, art.
144), é dever do Estado atuar com os seus próprios recursos, ou seja, sem exigir contraprestação específica
dos cidadãos. Nesse contexto, é inviável remunerá-lo mediante taxa, sob pena de violar disposição
constitucional expressa que preceitua a possibilidade desse tributo ser cobrado em virtude do exercício do
poder de polícia ou da utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
ao contribuinte ou postos a sua disposição (CF/88, art. 145, II).

A instituição de taxa de fiscalização do funcionamento de torres e antenas de transmissão e recepção de dados


e voz é de competência privativa da União, nos termos do art. 22, IV, da Constituição Federal, não competindo
aos Municípios instituir referida taxa.

STF, Plenário, RE 776.594/SP (Tema 919 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 02/12/2022 – Informativo 1078

Comentários:
Compete privativamente à União instituir a Taxa de Fiscalização de Funcionamento (TFF) recolhidas
ao Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (FISTEL), devida pelas concessionárias, permissionárias e
autorizadas de serviços de telecomunicações e de uso de radiofrequência, anualmente, pela fiscalização do
funcionamento das estações (Lei n. 5.070/66, art. 6º, § 2º, com redação dada pela Lei n. 9.472/97). É
competência privativa da União legislar e explorar, de modo direto ou indireto, os serviços de
telecomunicação, nos termos da lei (CF/88, arts. 21, XI, e 22, IV). Nesse contexto, os municípios não podem,
sob o pretexto de disciplinar a taxa de fiscalização da observância de suas leis locais, enveredar pela
fiscalização do funcionamento de torres ou antenas de transmissão e recepção de dados e voz ou da execução
dos serviços de telecomunicação.
Por outro lado, uma vez respeitadas as competências da União e as leis por ela editadas
— especialmente a Lei Geral de Telecomunicações, a Lei Geral de Antenas, a Lei do Fundo de Fiscalização das
Telecomunicações e as leis sobre normas gerais de direito urbanístico — os municípios podem instituir taxa
para fiscalização do uso e ocupação do solo por torres e antenas de transmissão e recepção de dados e voz,
desde que observada a proporcionalidade com o custo da atividade municipal subjacente (CF/88, art. 30, VIII).

Na ausência de legislação estadual específica que conceda o direito à postergação do vencimento ou à


suspensão da exigibilidade das prestações dos parcelamentos de tributos estaduais, não há como se estender
os efeitos de normas aplicáveis no âmbito dos tributos federais ou do Simples Nacional, ou mesmo benefícios
concedidos por outros Estado da Federação, aos tributos devidos em razão da pandemia (Covid-19).

STJ, 2ª Turma, RMS 67.443/ES, Rel. Min. Assussete Magalhães, j. 15/03/2022, DJe 18/03/2022 – Informativo
729
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Jurisprudência Bloco III
DIREITO PREVIDENCIÁRIO

O reconhecimento do exercício de atividade sob condições especiais pela exposição ao agente nocivo ruído,
quando constatados diferentes níveis de efeitos sonoros, deve ser aferido através do Nível de Exposição
Normalizado (NEN).

Ausente tal informação, deverá ser adotado como critério o nível máximo de ruído (pico de ruído), desde que
perícia técnica judicial comprove a habitualidade e a permanência da exposição ao agente nocivo na produção
do bem ou na prestação do serviço.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.886.795/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 18/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 1083) –
Informativo 719

No dia 09/12/2020, o STJ, ao apreciar o Resp 1.830.508-RS, decidiu que é possível reconhecer como tempo
especial a atividade de vigilante mesmo após normas de 1995 e 1997, mas isso depende de prova da
nocividade.

Esse entendimento vale mesmo após a EC 103/2019: “É possível o reconhecimento da especialidade da


atividade de vigilante, mesmo após EC 103/2019, com ou sem o uso de arma de fogo, em data posterior à Lei
nº 9.032/95 e ao Decreto nº 2.172/97, desde que haja a comprovação da efetiva nocividade da atividade, por
qualquer meio de prova até 05/03/1997, momento em que se passa a exigir apresentação de laudo técnico
ou elemento material equivalente, para comprovar a permanente, não ocasional nem intermitente, exposição
à atividade nociva, que coloque em risco a integridade física do Segurado.”.

STJ, 1ª Seção, EDcl no REsp 1.830.508/RS, Rel. Min. Manoel Erhardt (convocado TRF-5), j. 22/09/2021 (Recurso
Repetitivo – Tema 1031) – Informativo 711

É incompatível com a Constituição Federal o reconhecimento de direitos previdenciários (pensão por morte)
à pessoa que manteve, durante longo período e com aparência familiar, união com outra casada, porquanto
o concubinato não se equipara, para fins de proteção estatal, às uniões afetivas resultantes do casamento e
da união estável.

STF, Plenário, RE 883.168/SC (Tema 526 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 02/08/2021 – Informativo 1024

Aplicando a referida Tese de repercussão geral, a Corte Especial do STJ decidiu: Nos termos do Tema 526/STF,
é incompatível com a Constituição Federal o reconhecimento de direitos previdenciários (pensão por morte)
à pessoa que manteve, durante longo período e com aparência familiar, união com outra casada, porquanto
o concubinato não se equipara, para fins de proteção estatal, às uniões afetivas resultantes do casamento e
da união estável (AgInt no RE nos EDcl no AgRg no Ag 1.424.071/RO, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 07/06/2022,
Informativo 757).
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Jurisprudência Bloco III
Não é possível a extensão do auxílio contido no art. 45 da lei 8.213/1991, também chamado de auxílio de
grande invalidez ou auxílio-acompanhante, para todos os segurados aposentados que necessitem de ajuda
permanente para o desempenho de atividades básicas da vida diária.

Tese fixada: No âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar ou ampliar
benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão de extensão do auxílio da grande
invalidez a todas as espécies de aposentadoria.

STF, Plenário, RE 1.221.446/RJ (Tema 1095 RG), Rel. Min. Dias Toffoli, j. 18/06/2021 – Informativo 1022

Menor sob guarda é dependente para fins previdenciários.

A interpretação conforme a ser conferida ao art. 16, § 2º, da Lei nº 8213/1991 deve contemplar os “menores
sob guarda” na categoria de dependentes do Regime Geral de Previdência Social, em consonância com o
princípio da proteção integral e da prioridade absoluta, desde que comprovada a dependência econômica,
nos termos da legislação previdenciária.

STF, Plenário, ADI 4878/DF e ADI 5083/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 07/06/2021 – Informativo 1020

A prova exclusivamente testemunhal é insuficiente para comprovação da atividade laborativa do trabalhador


rural “boia-fria”, sendo indispensável que ela venha corroborada por razoável início de prova material,
conforme exige o art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/1991.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.321.493/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 10/10/2012 (recurso repetitivo - Tema 554)
– Informativo 506

Admite-se como início de prova material, para fins de comprovação de atividade rural, certidões de casamento
e nascimento dos filhos, nas quais conste a qualificação como lavrador e, ainda, contrato de parceria agrícola
em nome do segurado, desde que o exercício da atividade rural seja corroborado por idônea e robusta prova
testemunhal.

STJ, 2ª Turma, AgInt no AREsp 1.939.810/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 11/04/2022

Para a de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC à pessoa com deficiência, disciplinado na Lei
Orgânica da Assistência Social - LOAS, não cabe ao intérprete da lei fazer imposição de requisitos mais rígidos
do que aqueles previstos para a sua concessão.

Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, o art. 20 da Lei nº 8.742/93 não exige
determinado grau de incapacidade para fins de configuração da deficiência, não cabendo ao intérprete da lei
a imposição de requisitos mais rígidos do que aqueles previstos para a sua concessão.
119

STJ, 2ª Turma, REsp 1.962.868/SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 21/03/2023 – Informativo 770
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JURIS EM DIA – FGV
Jurisprudência Bloco III
É constitucional o art. 25, I e II, da Lei nº 8.870/94, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001, que prevê
contribuição à seguridade social, a ser paga pelo empregador rural pessoa jurídica, incidente sobre a receita
bruta proveniente da comercialização de sua produção, em substituição à contribuição incidente sobre a folha
de salários de que tratam os incisos I e II do art. 22 da Lei nº 8.212/1991.

É constitucional a contribuição social destinada ao SENAR, a ser paga pelo empregador pessoa jurídica que se
dedique à produção rural, estabelecida pelo § 1º do art. 25 da Lei nº 8.870/1994.

Teses fixadas:
I – É inconstitucional a contribuição à seguridade social, a cargo do empregador rural pessoa jurídica, incidente
sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, prevista no art. 25, I e II, da Lei nº
8.870/1994, na redação anterior à Emenda Constitucional 20/1998;

II – É constitucional a contribuição à seguridade social, a cargo do empregador rural pessoa jurídica, incidente
sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, prevista no art. 25, I e II, da Lei nº
8.870/1994, na redação dada pela Lei nº 10.256/2001;

III – É constitucional a contribuição social destinada ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), de
que trata o art. 25, § 1º, da Lei nº 8.870/1994, inclusive na redação conferida pela Lei nº 10.256/2001.

STF, Plenário, RE 700.922/RS (Tema 651 RG), Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Alexandre de Moraes, j.
15/03/2023 – Informativo 1087

É constitucional a exclusão da gratificação natalina (13º salário) da base de cálculo de benefício previdenciário,
notadamente diante da inexistência de ofensa à garantia constitucional da irredutibilidade do valor dos
benefícios da seguridade social.

É constitucional, em especial diante da ausência de violação ao direito adquirido, a eliminação do abono de


permanência em serviço do rol dos benefícios previdenciários sujeitos à carência de 180 contribuições
mensais, já que mantido esse período de carência para as demais prestações pecuniárias previstas
(aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria especial).

STF, Plenário, ADI 1049/DF, Rel. Min. Nunes Marques, j. 06/03/2023 – Informativo 1085

A prescrição é a regra no ordenamento jurídico. Assim, ainda que configurada a má-fé do beneficiário no
recebimento dos valores, inexistindo prazo específico definido em lei, o prazo prescricional aplicável é o de 5
anos, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/1932, em respeito aos princípios da isonomia e simetria.

Enquanto não reconhecida a natureza ímproba ou criminal do ato causador de dano ao erário, a pretensão de
ressarcimento sujeita-se normalmente aos prazos prescricionais.
120

STJ, 2ª Turma, AgInt no REsp 1.998.744/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 06/03/2023 – Informativo
768
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Jurisprudência Bloco III
Tese fixada: É constitucional o art. 22-A da Lei nº 8.212/1991, com a redação da Lei nº 10.256/2001, no que
instituiu contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da
produção, em substituição ao regime anterior da contribuição incidente sobre a folha de salários.

STF, Plenário, RE 611.601/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 16/12/2022 (Repercussão Geral – Tema 281) –
Informativo 1080

É inconstitucional — por ofensa aos princípios da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana —


norma que prevê o pagamento da aposentadoria por invalidez decorrente de doença mental somente ao
curador do segurado, condicionado à apresentação do termo de curatela, ainda que provisório.

Tese fixada: “A enfermidade ou doença mental, ainda que tenha sido estabelecida a curatela, não configura,
por si, elemento suficiente para determinar que a pessoa com deficiência não tenha discernimento para os
atos da vida civil.”.

STF, Plenário, RE 918.315/DF (Tema 1096 RG), Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 16/12/2022 – Informativo
1080

Importante!

É possível a aplicação da regra mais vantajosa à revisão da aposentadoria de segurados que tenham ingressado
no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) até o dia anterior à publicação da Lei nº 9.876/99, que criou o
fator previdenciário e alterou a forma de apuração dos salários de contribuição para efeitos do cálculo de
benefício, dele excluindo as contribuições anteriores a julho de 1994.

Tese fixada: “O segurado que implementou as condições para o benefício previdenciário após a vigência da
Lei nº 9.876, de 26.11.1999, e antes da vigência das novas regras constitucionais, introduzidas pela EC
103/2019, tem o direito de optar pela regra definitiva, caso esta lhe seja mais favorável”.

STF, Plenário, RE 1.276.977/DF (Tema 1102 RG), Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Alexandre de Moraes,
j. 01/12/2022 – Informativo 1078

O tamanho da propriedade não descaracteriza, por si só, o regime de economia familiar, caso estejam
comprovados os demais requisitos legais para a concessão da aposentadoria por idade rural.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.947.404/RS (recurso repetitivo – tema 1115), Rel. Min. Benedito Gonçalves, j.
23/11/2022 – Informativo 758
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Na ação em que o autor requer a concessão do benefício de pensão por morte, há litisconsórcio passivo
necessário e unitário entre o administrador do plano de previdência complementar e os demais beneficiários
do falecido participante, considerando que a decisão de procedência atinge a esfera jurídica destes,
prejudicando-os na medida em que acarreta a redução proporcional do valor a eles devido, diante da
repartição do benefício previdenciário.

STJ, 3ª Turma, REsp 1.993.030/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 27/09/2022 – Informativo 752

O marco inicial da fluência do prazo decadencial, previsto no caput do art. 103 da Lei nº 8.213/91, quando
houver pedido de revisão da renda mensal inicial (RMI) para incluir verbas remuneratórias recebidas em ação
trabalhista nos salários de contribuição que integraram o período básico de cálculo (PBC) do benefício, deve
ser o trânsito em julgado da sentença na respectiva reclamatória.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.947.419/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 24/08/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1117) –
Informativo 746

Após o advento da Lei nº 9.876/99, e para fins de cálculo do benefício de aposentadoria, no caso do exercício
de atividades concomitantes pelo segurado, o salário-de-contribuição deverá ser composto da soma de todas
as contribuições previdenciárias por ele vertidas ao sistema, respeitado o teto previdenciário.

STJ, 1ª Seção, REsp 1.870.793/RS (recurso repetitivo – tema 1070), Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 11/05/2022 -
Informativo 736

Importante!

A reforma da decisão que antecipa os efeitos da tutela final obriga o autor da ação a devolver os valores dos
benefícios previdenciários ou assistenciais recebidos, o que pode ser feito por meio de desconto em valor
que não exceda 30% (trinta por cento) da importância de eventual benefício que ainda lhe estiver sendo pago.

STJ, 1ª Seção, Pet 12.482/DF (recurso repetitivo – tema 692), Rel. Min. Og Fernandes, j. 11/05/2022 –
Informativo 737

Sobre o tema:

Os valores de benefícios previdenciários complementares recebidos por força de tutela antecipada


posteriormente revogada devem ser devolvidos, observando-se, no caso de desconto em folha de pagamento,
o limite de 10% (dez por cento) da renda mensal do benefício previdenciário até a satisfação integral do valor
a ser restituído.

Situação diferente ocorre no caso em que os valores (parcelas de natureza alimentar) foram recebidos,
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durante anos, por força de sentença transitada em julgado. Neste caso, é inequívoca a boa-fé objetiva da
parte.
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STJ, 4ª Turma, AREsp 1.775.987/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 03/05/2022 – Informativo 735

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Importante!

STJ, Súmula 657. Atendidos os requisitos de segurada especial no RGPS e do período de carência, a indígena
menor de 16 anos faz jus ao salário-maternidade.
*STJ, 1ª Seção, Aprovada em 23/8/2023.

Sobre o tema: Apesar da proibição do trabalho infantil, o tempo de labor rural prestado por menor de 12 anos
deve ser computado para fins previdenciários (STJ, 1ª Turma, AgInt no AREsp 956.558/SP, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, j. 02/06/2020 – Informativo 674).

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