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Sociedade Brasileira de Ciências Forenses

Manual de Boas Práticas nos Exames Grafoscópicos

Andressa Rodrigues Pontes Valdes


Erick Simões da Camara e Silva
Evaldo Pinheiro Amaral
Fábio Vasconcelos Braga
Ricardo Baduy Pain
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 3
1 REQUISITOS PARA A ATUAÇÃO................................................................................................ 4
2 TREINAMENTO ............................................................................................................................... 5
2.1 Requisitos para atuar como docente .......................................................................................... 5
2.2 Requisitos para atuar como perito ............................................................................................. 6
2.3 Conteúdo mínimo a ser abordado.............................................................................................. 6
2.3.1 Grafoscopia ................................................................................................................................ 6
2.3.2 Documentoscopia ....................................................................................................................... 6
2.3.3 Demais disciplinas obrigatórias tanto para grafoscopia como para documentoscopia ... 7
3 AVALIAÇÕES ................................................................................................................................... 7
4 USO DOS EQUIPAMENTOS .......................................................................................................... 8
5 MANUSEIO DOS DOCUMENTOS ................................................................................................ 8
6 OBTENÇÃO DE PADRÕES GRÁFICOS E DEMAIS DILIGÊNCIAS ....................................... 9
6.1 Critérios ........................................................................................................................................... 9
6.2 Diligência de coleta de padrões ................................................................................................ 10
6.3 Preparação para a coleta de padrões ...................................................................................... 11
6.4 O ato da coleta de padrões ........................................................................................................ 12
6.5 Coleta remota/virtual de padrões .............................................................................................. 14
7 METODOLOGIA .............................................................................................................................. 15
7.1 Análise de viabilidade ................................................................................................................. 15
7.2 Exame............................................................................................................................................ 16
7.3 Módulo convergências ................................................................................................................ 17
7.4 Módulo divergências ................................................................................................................... 17
8 EXAME EM REPRODUÇÕES ...................................................................................................... 18
9 EXAME EM DOCUMENTOS COM ASSINATURAS BIODINÂMICAS ................................... 18
10 APRESENTAÇÃO DAS CONCLUSÕES .................................................................................. 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 20
ANEXO 1 – TERMO DE COLETA DE MATERIAL GRÁFICO .................................................... 21
ANEXO 2 – FORMULÁRIO DE ANAMNESE ................................................................................ 22
ANEXO 3 – MODELOS DE CARTAS FORENSES ...................................................................... 23
ANEXO 4 – CONSIDERAÇÕES SOBRE AS LIMITAÇÕES EM EXAMES EM
REPRODUÇÕES ............................................................................................................................... 25
3

INTRODUÇÃO

A grafoscopia, também denominada grafotecnia, é a área das Ciências


Forenses que engloba os exames em manuscritos, com o objetivo de determinar, a
partir do cotejo entre lançamentos gráficos, se foram produzidos pelo mesmo
indivíduo.
A iniciativa para a elaboração deste Manual se deu em virtude da ausência de
regulação específica e da necessidade de padronização dos procedimentos adotados
durante a realização dos exames em manuscritos, em consonância com a produção
científica atualizada.
Buscaram-se como inspiração os normativos adotados em diversos países,
como o European Network of Forensic Science Institutes (ENFSI) e o National Institute
of Standards and Technology (NIST).
Têm-se como objetivos nortear os peritos na elaboração dos exames, em busca
da padronização e melhoria constante da qualidade; assim como apresentar a
competência mínima necessária e as práticas adequadas para a realização dos
exames.
A publicação é destinada aos profissionais liberais que atuam como peritos
judiciais e/ou assistentes técnicos, aos peritos oficiais de natureza criminal, bem como
aos operadores do direito e demais destinatários dos laudos ou pareceres técnicos.
O Manual está dividido em 10 capítulos e aborda os requisitos para a atuação
como perito e docente, avaliações periódicas, uso dos equipamentos, manuseio dos
documentos, obtenção de padrões gráficos, metodologia, exames em reproduções e
documentos com assinaturas biodinâmicas e apresentação das conclusões.
Trata-se de um documento de cunho científico, sujeito a revisões e atualizações
periódicas, mantendo-se sempre alinhado ao estado da arte.

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1 REQUISITOS PARA A ATUAÇÃO

✓ Certificado de Conclusão/Diploma de curso superior reconhecido pelo


Ministério da Educação1.
✓ Para a atuação na área de Grafoscopia, conclusão de curso de formação na
área, com conteúdo teórico e prático comprovado por meio de certificado, não inferior
a 40 horas, ministrado por profissional(is) capacitado(s).
✓ Para a atuação na área de Documentoscopia, assim entendida como
exames realizados nos documentos à exceção dos exames em manuscritos,
conclusão de curso de formação na área, com conteúdo teórico e prático comprovado
por meio de certificado, não inferior a 40 horas, ministrado por profissional(is)
capacitado(s).
✓ Além dos cursos mencionados, recomenda-se que os 20 primeiros laudos
elaborados sejam revisados por profissional que já tenha experiência na produção de
pelo menos 50 laudos na área2.
✓ O perito que se capacite na área de grafoscopia deve dominar os aspectos
técnicos e científicos relacionados ao exame de manuscritos, bem como a análise do

1
Embora no CPC/2015 não haja menção ao termo “nível universitário” ou equivalente,
entende-se que o trabalho pericial exige o conhecimento sobre o método científico,
desenvolvido com a profundidade necessária para o desenvolvimento dos exames, com a
conclusão de alguma das modalidades de ensino superior.
2
A opção por cursos com um mínimo de 40 horas baseou-se na realidade dos cursos de
formação existentes em território nacional, juntamente com a necessidade de formar, com um
currículo mínimo, o profissional. A título de comparação, a norma americana ASTM E2388-
11/2011, que trata sobre os requisitos mínimos para a atuação como perito em documentos,
prevê que a formação se dê em 24 meses. Para a formação inicial do profissional, não se
considera que a formação em 24 meses seja um parâmetro realista, optando-se por uma
formação inicial em menor tempo seguido pelo acompanhamento por profissional mais
experiente nos 20 primeiros exames. A capacitação do profissional para atuar nos exames
em documentos e nos manuscritos deve ser feita em etapas, conforme preceitua o apêndice
2 do ENFSI-BPM-FHX-01. É inviável supor que um indivíduo, após a realização de um curso
com 40 horas, esteja pronto para atuar, sem qualquer tipo de orientação/supervisão. Prova
disso está na atuação dos peritos oficiais de natureza criminal, que, na maioria das Unidades
da Federação, após a regular formação na academia de polícia, têm seus primeiros laudos
revisados, mesmo de maneira informal, por profissional mais experiente. Desta forma, é
imperioso que haja a orientação para que os primeiros laudos elaborados sejam
supervisionados/revisados por profissional mais experiente.
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documento como um todo, uma vez que documentos contendo lançamentos gráficos
autênticos podem ser falsos ou terem sido alterados3.
✓ Além da formação mínima, os profissionais devem manter-se atualizados
através de educação continuada por meio de cursos, da participação em eventos
científicos relacionados à área, acesso a periódicos voltados para o tema, entre
outros4.

2 TREINAMENTO

2.1 Requisitos para atuar como docente

✓ Certificado de Conclusão/Diploma de curso superior reconhecido pelo


Ministério da Educação.
✓ Além da formação prevista na seção 1, o profissional deve comprovar a
conclusão de cursos de pós-graduação lato sensu, participação em eventos
científicos, com carga horária mínima de 40 (quarenta) horas, nos últimos 05 (cinco)
anos; ou submissão de 04 (quatro) artigos e/ou trabalhos científicos, nos últimos 05
(cinco) anos, relacionados à Documentoscopia/Grafoscopia.
✓ Atuação efetiva durante pelo menos 03 (três) anos como Perito
Documentoscópico/Grafoscópico, tendo expedido, pelo menos, 50 (cinquenta)
Laudos Periciais e/ou Pareceres Técnicos Documentoscópicos/Grafoscópicos.
✓ Ter competência (conhecimento/habilidade/atitude) em relação à aplicação
das técnicas e equipamentos empregados nos exames de documentos5.

3
A possibilidade de que o documento seja uma montagem com uma assinatura autêntica
exige que o perito em grafoscopia, na capacitação, tenha noções fundamentais que
possibilitem a análise do documento com vistas a identificar alterações documentais materiais.
4
A grafoscopia encontra-se em constante evolução, seja na determinação dos limites da
análise, como na criação de novas técnicas de exames. Além disso, novas modalidade de
fraudes surgem a todo momento.
5
Considerando que o docente é responsável pela formação do profissional, pela transmissão
de competências, faz-se necessário que os critérios sejam mais rigorosos para a sua atuação.
Além do conhecimento teórico, é essencial que o docente tenha vivência prática na área que
se pretende lecionar.
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2.2 Requisitos para atuar como perito

✓ O treinamento para peritos está exposto na seção 1 – Requisitos para atuar


como Perito em Documentoscopia/Grafoscopia.

2.3 Conteúdo mínimo a ser abordado

2.3.1 Grafoscopia

I. Conceitos: tipos de lançamentos gráficos, biometria, hábitos gráficos.


II. Fases da escrita.
III. Sistemas caligráficos.
IV. Instrumentos escritores.
V. Axiomas, máximas, princípios e leis da escrita.
VI. Elementos da escrita.
VII. Assinaturas biodinâmicas
VIII. Metodologia da perícia grafoscópica – análise dos grafismos questionados e
padrões, comparação, avaliação (ACE-V).
IX. Padrões gráficos – características, tipos, método de obtenção.
X. Alterações voluntárias e involuntárias na escrita.
XI. Tipos de falsificações.
XII. Modalidades de conclusões grafoscópicas.
XIII. Limitações quanto à complexidade da escrita.
XIV. Limitações nos exames em cópias, digitalizações e lançamentos gráficos
obtidos em dispositivos eletrônicos.
XV. Erros e viés no exame grafoscópico.

2.3.2 Documentoscopia

I. Conceitos: documento, autenticidade, autoria, integridade.


II. Cuidados no manuseio de documentos.
III. Instrumentos e equipamentos.
IV. Substratos.
V. Impressões gráficas e computacionais.

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VI. Análise de tintas de instrumentos escritores.


VII. Alterações em documentos físicos e digitais.
VIII. Abordagens sobre datação de documentos.
IX. Elementos e documentos de segurança.
X. Metodologia para perícia documentoscópica.
XI. Metodologia e limitações nos exames em cópias e digitalizações.

2.3.3 Demais disciplinas obrigatórias tanto para grafoscopia como para


documentoscopia

I. Aspectos jurídicos da prova pericial – esfera cível e penal.


II. Técnicas de elaboração de laudos periciais e pareceres técnicos.

3 AVALIAÇÕES

Deve-se distinguir entre teste de proficiência e exercício colaborativo, sendo o


primeiro de feitura obrigatória para a realização de determinada atividade; enquanto o
segundo pressupõe a adesão voluntária do participante.
Recomenda-se que:
✓ os peritos em documentoscopia e/ou grafoscopia submetam-se a testes de
proficiência ou exercícios colaborativos em período não superior a 5 anos;
✓ os tribunais adotem testes de proficiência ou exercícios colaborativos,
próprios ou externos como requisito para a habilitação e renovação do cadastro;
✓ os testes de proficiência e os exercícios colaborativos sejam aplicados por
entidade que não promova treinamento de profissionais;
✓ os eventos científicos possam implementar exercícios colaborativos; e
✓ os resultados dos testes de proficiência e dos exercícios colaborativos sejam
apresentados de forma qualitativa (aprovado/não aprovado ou outro par com dizeres
semelhantes) sem o uso de resultados quantitativos6.

6
Acreditar e certificar quem se submeteu ao teste/exercício a um amplo processo de avaliação
e checagem de seus procedimentos, equipamentos, demonstrando ao final que possui
competência, imparcialidade e capacidade para realizar, de maneira confiável, suas diversas
atividades, identificando áreas deficientes e que necessitam de aprimoramento, bem como a
limitação da técnica para emitir as conclusões. A aplicação de teste/exercício também é
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4 USO DOS EQUIPAMENTOS

✓ O profissional deve dispor dos equipamentos adequados aos tipos de


exames que pretende realizar.
✓ Todos os equipamentos utilizados devem ser descritos no laudo ou no
parecer técnico, com as suas especificações.
✓ Não se deve mencionar equipamentos no laudo ou parecer técnico que não
foram utilizados.
✓ Ampliação, iluminantes e sistemas de captura de imagens representam o
instrumental mínimo necessário para a realização dos exames mais comuns.
✓ No caso de exames com maior complexidade, que exijam equipamentos
disponibilizados por instituições externas, deve-se constar no corpo do laudo ou do
parecer técnico a descrição do equipamento, o órgão que cedeu a utilização, o
profissional que realizou a análise e a comprovação da aferição, quando for o caso.

5 MANUSEIO DOS DOCUMENTOS

Cabe ao perito, ao receber o material a ser analisado, preservá-lo de forma que


mantenha a condição em que o recebeu.
Para tanto, deve:
✓ Garantir que o documento recebido se trata do objeto questionado.
✓ Analisar o estado geral do documento com o objetivo de observar eventuais
danos físicos preexistentes (rasgos, dobras, borrões, manchas etc.).
✓ Não realizar reparos no documento (cola, fita adesiva etc.).
✓ Não usar grampos.
✓ Não amassar.
✓ Jamais realizar anotações, destaques ou observações no documento
periciado (canetas marca texto, círculos, setas, palavras etc.).
✓ Após o término da coleta dos padrões, estes não devem sofrer alterações.

importante para monitorar, ainda que de maneira indireta, a confiabilidade e a


reprodutibilidade da técnica.
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✓ Manusear todos os documentos em local limpo e livre de objetos que possam


de alguma forma causar-lhe dano (mantê-lo distante de bebidas, alimentos, fontes de
calor etc.).
✓ Manusear todos os documentos com as mãos limpas.
✓ Acondicionar todos os documentos em local seguro, de tal forma que não
cause danos durante o transporte e arquivo. Para este fim, pode-se utilizar pastas ou
envelopes.
✓ Para documentos impressos com toner, é recomendável que eles não sejam
armazenados em contato direto com embalagem plástica, haja visto o risco de
transferência da impressão para o plástico.
✓ Quando se tratar de um exame que cause alteração documental, este deve
ser realizado após autorização judicial.
✓ Toda alteração documental que seja realizada pelo perito deve constar no
laudo ou no parecer técnico, preferencialmente com ilustrações dos estados anterior
e posterior do documento.

6 OBTENÇÃO DE PADRÕES GRÁFICOS E DEMAIS DILIGÊNCIAS

6.1 Critérios

✓ Os padrões devem atender a 5 critérios: Autenticidade; Adequabilidade;


Contemporaneidade; Espontaneidade e Quantidade.
✓ Considera-se como padrão autêntico quando há origem certa, ou seja,
quando se tem certeza de que foram produzidos pela pessoa a quem são atribuídos.
✓ Padrões adequados são aqueles tomados em condições análogas às
existentes nas peças de exame, ou seja, que apresentam características similares aos
manuscritos questionados, tais como: finalidade, instrumento escritor, substrato,
palavras, tipo de letra, linha de pauta, campo gráfico, posição do escritor.
✓ Quanto à finalidade do lançamento gráfico questionado, classificam-se entre
“Firma”, na forma de assinaturas ou rubricas, e “Escritos de Contexto”.
✓ Padrões contemporâneos são aqueles produzidos em época não distante da
suposta data das peças questionadas. Não há lapso temporal absoluto para se definir
a contemporaneidade, sendo relacionada à variabilidade natural ou oriunda de fatores

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ocasionais, como, por exemplo, a existência de alguma patologia: quanto menor a


variabilidade, maior o lapso temporal que poderá ser aceito.
✓ A contemporaneidade deve ser observada com maior rigor quando houver
divergências significativas no confronto. Nesse caso, os padrões devem ter um curto
lapso temporal em relação ao questionado.
✓ Padrões espontâneos são aqueles produzidos de maneira natural; com a
expressão do escrever da forma usual, sem afastamento da memória motora do
indivíduo.
✓ Os padrões devem ser produzidos ou apresentados em quantidade
suficiente para que se possa verificar os hábitos gráficos e a variabilidade natural do
escritor. Não é aconselhável a realização de exames tendo como conjunto padrão
apenas um ou dois exemplares.
✓ A deficiência de algum destes critérios não significa, necessariamente, a
impossibilidade na realização do confronto grafoscópico, mas sim numa maior
probabilidade de que o confronto não seja viável ou que eventual conclusão seja
tomada de forma limitada do que se os critérios fossem atendidos plenamente.

6.2 Diligência de coleta de padrões

A diligência de coleta de padrões serve para que a pessoa a quem se atribua a


escrita questionada forneça padrões e documentos que possam auxiliar o perito na
análise grafoscópica.
O perito deve:
✓ Verificar previamente os elementos caracterizadores da escrita questionada
para a adequação do conteúdo dos padrões.
✓ Analisar a viabilidade da coleta de padrões, verificando se o produtor se
encontra apto para produzi-los.
✓ Em relação à data e horário, o perito poderá escolher livremente, respeitando
apenas um prazo razoável para que as partes consigam ser intimadas.
Quanto ao local, também fica a critério do perito a escolha, desde que sejam
atendidas as condições preconizadas na seção 6.4.

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✓ Caso o perito responsável pelos exames não possa realizar a coleta de material
gráfico, deverá indicar outro profissional, que atenda aos requisitos previstos
na seção 1.
✓ Em relação aos documentos solicitados, na petição de agendamento da data
de coleta de padrões, solicitar que sejam apresentados ao perito documentos
oficiais, por exemplo, RG, CPF, Passaporte, Carteira Nacional de Habilitação,
Carteira de Trabalho e/ou outros documentos, desde que gozem de presunção
de autenticidade.
✓ É recomendado que o perito utilize scanner com resolução mínima de 600 dpi
ou máquina fotográfica com resolução não inferior a 10 MP durante a diligência.

6.3 Preparação para a coleta de padrões

✓ O perito deve entender o objetivo da perícia para que o ato da coleta seja
realizado de forma a atender o que foi solicitado.
✓ Para a realização da coleta, o perito deve ter acesso ao conteúdo do
documento questionado para garantir a adequabilidade do padrão a ser fornecido.
✓ Preparar com antecedência o material de coleta (impressão das folhas a
serem preenchidas, instrumentos escritores, folhas em branco, pasta/envelope para
acondicionar o material coletado).
✓ Na confecção das folhas de coleta, garantir espaçamento suficiente e
adequado, para que não haja sobreposição de traços, evitando assim prejuízo nas
análises.
✓ Disponibilizar instrumento escritor com as mesmas características do
utilizado na elaboração do documento questionado (caneta, lapiseira, lápis, pincel
etc.), bem como caneta esferográfica de tinta pastosa na cor azul, pois produzem
padrões ricos em detalhes.
✓ Garantir que o instrumento escritor esteja em perfeito funcionamento. Ter à
disposição mais de um instrumento escritor, para o caso de falha.
✓ Próxima à data de coleta é recomendável que o perito confirme a diligência
com a parte que irá fornecer os padrões.
✓ Deve-se apresentar uma ficha a ser preenchida pelo fornecedor contendo
campos relativos ao nome, filiação, endereço completo, nº da carteira de identidade e

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CPF, grau de instrução, mão dominante, se faz uso de mais de um tipo de assinatura,
se teve documentos roubados ou extraviados, se possui lesões, cirurgias, doenças
preexistentes ou uso de medicamentos que afetem a escrita, se faz uso de lentes
corretivas, data completa (local, dia, mês e ano) e finalmente a assinatura.

6.4 O ato da coleta de padrões

✓ A coleta de padrões gráficos deve ser feita prioritariamente pelo perito, na


modalidade presencial.
✓ A identificação do fornecedor deve ser feita através da apresentação de
documento oficial com foto.
✓ Solicitar ao fornecedor todos os documentos oficiais que contenham a sua
assinatura (Carteira de Identidade, Carteira Profissional, CNH, CTPS, Passaporte,
Título de Eleitor, dentre outros), mesmo aqueles com a data de validade vencida, para
que sirvam não apenas para a identificação, mas também como padrões naturais.
✓ Solicitar às partes, advogados e assistentes técnicos presentes ao ato a
apresentação de documento de identidade oficial.
✓ Todos os documentos apresentados pelo fornecedor, partes, advogados e
assistentes técnicos devem ser fotografados ou digitalizados.
✓ Recomenda-se que se lavre Termo de Coleta de Material Gráfico (modelo
no anexo 1), que deve conter a qualificação dos participantes, anuência expressa do
fornecedor dos padrões, data e local, quantidade de folhas produzidas, se a coleta foi
produzida na forma presencial ou remota.
✓ Deve-se verificar se o fornecedor de padrões faz uso de lentes corretivas.
Em caso positivo, deverá usá-las durante o procedimento de coleta de padrões. Caso
não disponha das lentes corretivas, a critério do perito, o ato de coleta poderá ser
realizado e tal situação registrada no Termo de Coleta de Material Gráfico (anexo 1),
no Formulário de Anamnese (anexo 2) e/ou no Laudo ou Parecer Técnico.
✓ Observar se o fornecedor dos padrões apresenta alguma condição
permanente ou transitória que possa alterar as funções psicomotoras (efeito de algum
medicamento/substância, membro escritor afetado por curativo, cirurgia, gesso, faixa
etc.). Caso um desses fatores seja observado, a coleta deve ser realizada e tal
situação registrada, preferencialmente, no Termo de Coleta de Material Gráfico (anexo

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1), no Formulário de Anamnese (anexo 2) e/ou no Laudo ou Parecer Técnico. Nesses


casos, a critério do perito, nova coleta pode ser agendada.
✓ Deve-se evitar ambientes que causem desconforto ao fornecedor como, por
exemplo, temperaturas elevadas ou muito baixas, barulho excessivo ou grande
circulação de pessoas.
✓ Os padrões, inicialmente, devem ser coletados em posição tradicional, com
o indivíduo sentado, com as folhas apoiadas em uma mesa; com o uso de caneta
esferográfica de tinta pastosa azul como instrumento escritor.
✓ Os padrões também devem ser coletados, de acordo com o caso, nas
condições mais próximas ao contexto suposto de produção dos lançamentos gráficos
questionados.
✓ As folhas de coleta devem ser apresentadas uma de cada vez e deverão
estar apoiadas em folhas em branco, de modo que eventuais irregularidades do
suporte (móvel) não interfiram na produção dos padrões.
✓ A peça questionada, em hipótese alguma, poderá ser mostrada ao
fornecedor dos padrões.
✓ Para assinaturas e rubricas, coletar entre 40 a 60 exemplares padrão, para
se observar hábitos gráficos e variabilidade.
✓ Para textos, deve-se coletar entre 40 a 60 exemplares padrão, no caso de 1
a 10 palavras; entre 20 a 40 exemplares padrão, no caso de 11 a 50 palavras; e entre
10 a 20 exemplares padrão, quando presentes mais de 50 palavras.
✓ Em toda coleta de padrões gráficos deve-se promover o ditado de uma carta
forense (anexo 3) e/ou submetê-la à cópia.
✓ Quando for necessário, pode-se promover o ditado e/ou a cópia de um texto
que contenha os dizeres, algarismos e demais símbolos presentes nos lançamentos
questionados.
✓ No caso de “erro” de execução quando produzir os padrões, instruir o
fornecedor para não anular o grafismo, por exemplo, riscar o lançamento ou rasgar a
folha.
✓ Quando for necessário, realizar a filmagem da produção dos padrões, de
forma que seja possível a verificação posterior de como o lançamento foi produzido.

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✓ Quando houver suspeita de disfarce durante a coleta de padrões gráficos,


deve-se utilizar técnicas como, por exemplo, a variação de velocidade do ditado e a
narrativa de memória.
✓ Caso não seja possível coletar padrões gráficos (autor falecido,
impossibilidade motora, negativa de produção, entre outras), deve-se buscar
documentos que contenham a assinatura ou a escrita da pessoa a quem se atribui o
lançamento questionado (documentos de identificação, contratos, procurações,
anotações pessoais, cartões de assinaturas depositadas em instituições financeiras,
cartórios, juntas comerciais etc.).

6.5 Coleta remota/virtual de padrões

Diante da impossibilidade/inviabilidade de o fornecedor dos padrões gráficos


realizar o ato de coleta na modalidade presencial, excepcionalmente poderá ser
realizada de maneira remota, considerando minimamente os seguintes requisitos:
✓ Encaminhamento antecipado do endereço eletrônico onde a reunião
ocorrerá, do formulário que será utilizado para a coleta e das orientações prévias que
deverão ser seguidas para a viabilização do procedimento.
✓ No dia da coleta dos padrões, o ideal é que todo o procedimento seja
gravado de forma ininterrupta. O conteúdo da gravação deve ser disponibilizado às
partes e às autoridades requisitantes.
✓ Para o procedimento de identificação, devem ser apresentados, no mínimo,
dois documentos contendo foto, sendo um deles necessariamente o documento que
consta nos autos. Os documentos de identificação devem ser mostrados em distância
tal que possibilite a visualização de todos os campos pelo perito, que fará captura das
telas.
✓ Durante toda a produção dos lançamentos a câmera deve estar posicionada
de tal forma que seja possível a visualização pelo perito das mãos do indivíduo e do
formulário.
✓ As demais orientações a serem seguidas durante o ato da coleta devem ser
as mesmas aplicáveis à coleta presencial.
✓ Ao término do preenchimento de cada folha, esta deverá ser numerada e
apresentada para visualização pelo perito, que fará a captura da tela.

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✓ Ao término da produção dos padrões gráficos todas as folhas devem ser


assinadas pelo produtor, advogados das partes e servidor do órgão público, caso
presentes, devidamente identificados, acondicionadas em envelope lacrado e
encaminhadas ao perito, de forma rastreável.

7 METODOLOGIA

O laudo pericial e o parecer técnico devem conter:


✓ Uma linguagem simples, acessível aos destinatários. Quando utilizar
terminologia específica, cabe ao perito explicar o significado em nota de rodapé,
glossário, ou outra forma.
✓ A descrição do material examinado, representado pelos documentos
questionados e padrões gráficos, é disposta em seções distintas. Essa descrição deve
ser feita de forma a caracterizar e individualizar esse material e vir acompanhada das
respectivas ilustrações.
✓ A indicação do método utilizado, com a citação da bibliografia que demonstre
que aquele método é predominantemente aceito pelos especialistas da área de
Documentoscopia/Grafoscopia.
✓ A resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados. Não se deve
confundir resposta conclusiva7 com resposta categórica8.

7.1 Análise de viabilidade

A análise de viabilidade pode ser realizada por profissional diverso daquele que
realizará os exames ou pelo perito designado ou nomeado. Os pontos que devem ser
abordados na análise de viabilidade são:
✓ Verificar se os documentos recebidos estão de acordo com aqueles
especificados pelo demandante. Analisar a quantidade e a especificação dos
documentos. Caso não estejam de acordo, interromper o exame e notificar o
demandante.

7 Entende-se por conclusiva a resposta elaborada a partir do exame desenvolvido sob método e/ou
técnica descrito no laudo, com a demonstração de que é aceito predominantemente pelos especialistas
daquela área, com a descrição das etapas do exame e dos limites do método e/ou da técnica adotados.
8 Entende-se por categórica a resposta taxativa, que não admita o menor grau de incerteza em relação

à adoção daquela resposta.

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✓ Verificar se o documento está em via original. Caso não esteja, solicitar a


apresentação desta. Na hipótese de inviabilidade de apresentação da via original,
analisar se há condições técnicas de prosseguir com o exame dada a qualidade da
cópia, descrevendo as limitações advindas do uso da referida.
✓ Separar os documentos questionados e os padrões gráficos.
✓ Verificar se o escopo está bem definido; devendo-se retornar ao demandante
solicitando nova definição caso haja dúvidas quanto aos lançamentos gráficos
questionados.
✓ Verificar se há comparabilidade entre os padrões gráficos e os lançamentos
questionados. Caso esteja comprometida, interromper o exame e providenciar a
complementação dos padrões, informando ao requisitante, quando for o caso, quais
as adequações são necessárias para o prosseguimento da análise.
✓ Atentar que quando houver padrões gráficos de mais de um indivíduo, é
recomendável que o exame seja iniciado pelo material do pressuposto autor/titular9
dos lançamentos gráficos questionados.

7.2 Exame

✓ Analisar isoladamente a escrita/assinatura questionada, retirando-lhe os


elementos discriminantes.
✓ Analisar isoladamente as escritas/assinaturas padrões, retirando-lhes os
elementos discriminantes.
✓ Comparar os elementos discriminantes da escrita/assinatura questionada
com os elementos discriminantes dos padrões gráficos, indicando se tais elementos
são predominantemente convergentes ou divergentes.
✓ Ponderar os resultados, avaliando o grau de significância de cada
convergência e divergência encontrada (muito significante/significante/pouco
significante), utilizando como parâmetros o grau de perceptibilidade (pouco
perceptível/perceptível/muito perceptível), de raridade (normal/rara) e de constância
(constante/inconstante) da característica analisada, uma vez que a análise
grafoscópica não é quantitativa, mas sim qualitativa.

9
Pessoa que estaria autorizada a assinar ou a preencher um documento, ou que, dadas as
circunstâncias do caso, poderia tê-lo preenchido. Titular da assinatura ou rubrica.

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✓ Verificar se há:
I. Predominância de convergências significantes e/ou muito significantes.
II. Predominância de divergências significantes e/ou muito significantes.
III. Coexistência de convergências e divergências significantes e /ou muito
significantes.

7.3 Módulo convergências

✓ Se houver uma predominância de convergências significantes e/ou muito


significantes deve-se identificar se as escritas/assinaturas comparadas são
complexas e fluentes10 o suficiente para o extremo positivo da escala adotada.
I. Caso positivo, concluir no extremo positivo da escala adotada em relação à
escrita/assinatura questionada.
II. Caso negativo, indicar que as escritas/assinaturas compartilham similaridades
com os padrões gráficos, mas o material comparado apresenta limitações que não
permitem a emissão de uma conclusão no extremo positivo da escala adotada.

7.4 Módulo divergências

✓ Se houver uma predominância de divergências significantes e/ou muito


significantes, bem como uma coexistência de convergências e divergências
significantes e /ou muito significantes.
✓ Se as divergências forem relacionadas, em sua maioria, aos elementos
estruturantes da escrita11, e se a assinatura/escrita for complexa/fluente o suficiente,
pode-se concluir no extremo negativo da escala adotada, em relação às
assinaturas/escritas comparadas. Se não houver fluência/complexidade, deve-se
concluir que o material questionado apresenta limitações que não permitem a emissão
de uma conclusão no extremo negativo da escala adotada.

10 Para avaliar a complexidade e a fluência da escrita, deve-se levar em consideração: o comprimento


agregado da escrita (no caso de assinaturas e rubricas); o número de mudanças direcionais bruscas;
o número de sobreposições de traços; a repetição de traços complexos; a continuidade do movimento
executado (há trêmulos? Pontos de parada? Retoques? Repasses? Retiradas do instrumento em áreas
não esperadas?).
11 Dissimilaridades em elementos estruturantes são aquelas relacionadas aos ataques, remates,

ligações, dinâmica da escrita e construção dos alógrafos.

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18

✓ Se as divergências forem relacionadas, em sua maioria, à qualidade do


traçado12, procurar vestígios que denotem um decalque, uma causa modificadora
(intrínseca ou extrínseca) ou um disfarce gráfico. Caso esses vestígios não sejam
encontrados, pode-se concluir no extremo negativo da escala adotada, em relação às
assinaturas/escritas comparadas.

8 EXAME EM REPRODUÇÕES

✓ Os exames periciais em documentos devem ser realizados, prioritariamente,


nas vias originais.
✓ Na impossibilidade de acesso à via original do documento, o exame pericial
poderá ser realizado na cópia, após a análise do perito quanto à viabilidade deste,
levando-se em consideração a qualidade do documento apresentado e as
particularidades e limitações existentes nessas situações.
✓ O perito deve levar em consideração as limitações advindas do uso de uma
cópia ou digitalização do documento para a realização dos exames e apresentação
das conclusões. Considerações sobre as limitações encontram-se no anexo 4.
✓ Não transparecendo quaisquer evidências de alterações documentais, o
perito não deverá excluir a possibilidade de que tenham ocorrido, ficando a
apresentação de uma conclusão categórica em relação à ausência de alterações
documentais condicionada à análise pericial da via original.

9 EXAME EM DOCUMENTOS COM ASSINATURAS BIODINÂMICAS

Recomenda-se, além do previsto nas seções anteriores e que se aplique aos


documentos com assinaturas biodinâmicas, que:
✓ Seja gerado código de função hash de todo documento recebido, que deve
constar no laudo pericial ou parecer técnico.
✓ Todo documento questionado recebido seja submetido a exame com vistas
a identificar alteração documental.

12Dissimilaridades relacionadas à qualidade do traçado referem-se à pressão, à velocidade, ao grau


de automatismo da escrita, ao grau de habilidade do escritor e à fluência da escrita.

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19

✓ O equipamento de captura, o tipo de ponteira e/ou software de análise dos


dados utilizados sejam descritos.
✓ Siga como apêndice ao laudo pericial ou ao parecer técnico, o arquivo, no
formato CSV ou TSV, com as informações das coordenadas espaciais, tempo e
força/pressão, juntamente com o respectivo código de função hash.

10 APRESENTAÇÃO DAS CONCLUSÕES

Não há normatização quanto ao tema, nem mesmo consenso entre os


principais autores nacionais em relação à escala que se deve adotar nos exames
grafoscópicos. Entretanto, seguem as recomendações mínimas que devem ser
observadas.
✓ Para se evitar interpretações equivocadas por parte dos destinatários do
trabalho pericial, deve-se apresentar, no laudo ou parecer técnico, a escala completa
adotada pelo perito, explicitando o grau de convicção em relação a cada um de seus
pontos.
Recomenda-se que a escolha da escala, por parte do perito, considere duas
ordens de limitações:
✓ A conclusão categórica para o lado da identificação deve considerar a crítica
ao princípio da identificação, uma vez que:
o a possibilidade de coincidência, por menor que seja, não pode ser excluída;
e
o a escolha da quantidade e qualidade das evidências para se chegar a uma
pretensa identificação é arbitrária13.
✓ A conclusão categórica para o lado da exclusão deve considerar que as
identificações são particulares e demonstráveis, enquanto as eliminações são
genéricas e especulativas14.

13 ROBERTSON, B.; VIGNAUX, G. A.; BERGER, C. E. H. Interpreting Evidence: evaluating forensic


science in the courtroom. 2 ed. West Sussex: John Wiley & Sons, 2017, p. 3. O President's Council of
Advisors on Science and Technology (PCAST, 2016) orienta a não adoção de extremos categóricos
positivos em exames comparativos, como os exames grafoscópicos.
14 HUBER, R. A.; HEADRICK, A. M. Handwriting Identification: facts and fundamentals. Boca Raton:

CRC, 1999, p. 55.

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20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEL PICCHIA FILHO, J.; DEL PICCHIA, C. M. R.; DEL PICCHIA, A. M. G. Tratado
de Documentoscopia: da falsidade documental. 3 ed. rev. ampl. atual. São Paulo:
Pilares, 2016.

EUROPEAN NETWORK OF FORENSIC SCIENCE INSTITUTES (ENFSI). Best


Practice Manual for the Forensic Examination of Handwriting. ENFSI-BPM-FHX-
01, 4. ed. sep. 2022. Disponível em: <https://enfsi.eu/wp-
content/uploads/2023/02/BPM-Handwriting-Ed.-4.pdf>.

FREITAS, C.; OLIVEIRA, L. S.; SABOURIN, R.; BORTOLOZZI, F. Brazilian Forensic


Letter Database, 11th International Workshop on Frontiers on Handwriting
Recognition (IWFHR-11), Montreal, QC, Canada, August 19-21 2008. Disponível em:
<https://web.inf.ufpr.br/vri/databases/brazilian-forensic-letter-database/>.

HUBER, R. A.; HEADRICK, A. M. Handwriting Identification: facts and


fundamentals. Boca Raton: CRC, 1999.

NATIONAL INSTITUTE OF STANDARDS AND TECHNOLOGY (NIST). Forensic


Handwriting Examination and Human Factors: Improving the Practice Through a
Systems Approach. The Report of the Expert Working Group for Human Factors in
Handwriting Examination. NISTIR 8282, fev. 2020. Disponível em:
<https://doi.org/10.6028/NIST.IR.8282>.

PRESIDENT’S COUNCIL OF ADVISORS ON SCIENCE AND TECHNOLOGY


(PCAST). Forensic Science in Criminal Courts: Ensuring Scientific Validity of
Feature-Comparison Methods. 2016. Disponível em:
<https://obamawhitehouse.archives.gov/sites/default/files/microsites/ostp/PCAST/pcast_forensic_s
cience_report_final.pdf>.

ROBERTSON, B.; VIGNAUX, G. A.; BERGER, C. E. H. Interpreting Evidence:


evaluating forensic science in the courtroom. 2. ed. West Sussex: John Wiley & Sons,
2017.

SILVA, E. S. C.; FEUERHARMEL, S. Documentoscopia: aspectos científicos,


técnicos e jurídicos. 2 ed. Campinas: Millennium, 2023.

VALIATI, S. L.; VELHO, J. A.; BRUNI, A. T. Investigação de Características Individuais


na Caligrafia de um Grupo da Região Amazônica do Brasil. Brazilian Journal of
Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics, v. 5, n. 2, p. 146-170, 2016. DOI:
http://dx.doi.org/10.17063/bjfs5(2)y2016146.

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21

ANEXO 1 – TERMO DE COLETA DE MATERIAL GRÁFICO

Em <data>, no <local onde foi realizada a coleta>, compareceu <nome do


fornecedor>, portando <documento de identificação>, consentiu, de forma livre e
esclarecida, a fornecer, de forma <presencial ou remota>, o material que será utilizado
como padrão de confronto no exame grafoscópico, referente ao <referência número
do processo, inquérito policial, etc.>, totalizando <número de folhas> folhas.

Estiveram presentes ao ato:


<Nome das pessoas que acompanharam o procedimento>
<Pessoa 1> – <documento de identidade> – <função exercida no ato> – <assinatura>
<Pessoa 2> – <documento de identidade> – <função exercida no ato> – <assinatura>
...

Eventuais intercorrências
Tal como:
<Quando o fornecedor faz uso de lentes corretivas e não dispõe no momento da
coleta>.
<Quando se observa que o fornecedor apresenta alguma condição permanente ou
transitória que possa alterar as funções psicomotoras>.
...

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22

ANEXO 2 – FORMULÁRIO DE ANAMNESE


Nome completo:

Nome do pai:

Nome da mãe:

Endereço:

Sexo: Data de nascimento: Local de nascimento (Cidade/UF):

Documento: Número/Órgão Expedidor/UF: CPF:

Profissão/ocupação:

Nível de instrução: □ Semi-alfabetizado □ 1º Grau incompleto □ 1º Grau completo


□ 2º Grau completo □ Nível superior completo □ Pós-graduação
Local de alfabetização (cidade, estado, país):

Mão com que escreve habitualmente: □ Mão esquerda (canhoto) □ Mão direita (destro)

Mão com que está escrevendo agora: □ Mão esquerda □ Mão direita
Algum problema está limitando sua capacidade de escrever agora (machucado, gesso, curativo etc.)? Qual?

Já passou por algum tipo de cirurgia no(s) braço(s) ou na(s) mão(s)? Qual tipo e quando?

Sofre de algum problema de saúde? Qual?

Faz uso de algum medicamento de uso contínuo ou controlado? Qual?

Faz uso regular de alguma droga de abuso (maconha, cocaína, ecstasy, etc.)?

Com que frequência ingere bebida alcoólica?


□ nunca □ eventualmente □ todo mês □ toda semana □ todo dia □ mais de uma vez ao dia
Há quanto tempo bebeu pela última vez?

Como está se sentindo agora? (pode marcar mais de uma opção)


□ calmo □ nervoso □ ansioso □ com sono □ com frio □ com calor □ outro (descreva):
Local (cidade, estado): Data e hora:

Assinatura:

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ANEXO 3 – MODELOS DE CARTAS FORENSES

Carta Forense da PUC/PR15

De Fernando Quintas Zanon


Rua Luiz Kirt WaIterez, 87 - Ap. 300
Xenápolis, NovaYolanda 14506-159
Para Dr. Onório Bob Grant

Soube, através de publicação pela imprensa local, que V. Sas. necessitam de um


funcionário na Seção de Correspondência do Departamento Pessoal.

Venho, portanto, candidatar-me a esta vaga. Sou brasileiro, solteiro, com 18 anos,
curso a 3ª série do Curso Técnico de Contabilidade do Colégio Horácio Alves – Escola
Municipal de 2° Grau – e possuo alguma prática de datilografia e arquivos.

Trabalhei durante dois anos nas Lojas Universais Rayon S.A. onde exerci as funções
de Auxiliar de Escritório Júnior.

Inicialmente, coloco-me à disposição de V. Sas. para um período de experiência,


quando, então, poderão tranquilamente avaliar minhas aptidões.

Na expectativa de uma resposta apresento-lhes cordiais saudações,

Fernando Zanon

15 FREITAS, C.; OLIVEIRA, L. S.; SABOURIN, R.; BORTOLOZZI, F. Brazilian Forensic Letter
Database, 11th International Workshop on Frontiers on Handwriting Recognition (IWFHR-11), Montreal,
QC, Canada, August 19-21 2008. Disponível em: https://web.inf.ufpr.br/vri/databases/brazilian-forensic-
letter-database/.

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Carta Forense de Belém16

Belém, 16.08. 2008.


De: João Humberto Icoaraci Lopes
Endereço: Quadra Uirapuru. Rua Marajoara, nº 54. Bairro: Guarás.
Para: Zilda Francisca Xavier Trindade

Prezada Senhora,

Venho através desta convidar-lhe a participar das festividades do Círio de Nazaré, no


2º domingo de outubro, aqui na Cidade das Mangueiras. Essa festa religiosa de
devoção a Nossa Senhora de Nazaré, a “Rainha da Amazônia”, acontece desde 1793
em Belém. Reunindo milhões de pessoas em romaria nas ruas, nos rios, de dia e à
noite, faça chuva ou faça sol, o círio já é a maior festa religiosa do Brasil.

Durante a procissão muitas homenagens à santinha que passa esplendorosa na


berlinda. Logo atrás vem a corda dos promesseiros, demonstração viva de fé e
gratidão do povo romeiro. Indo na romaria tu vás passar pelo mercado Ver-o-peso,
pela Estação das Docas, pela Praça da República e pegando a Av. Nazaré vai até a
Basílica Santuário reforçando sua fé.

O almoço do Círio também é tradição, nele não falta a maniçoba, o pato no tucupi, o
vatapá, o tacacá e o açaí com peixe frito ou camarão.

Posso te esperar? Serás muito bem recebida pelo povo do Pará!

Um cordial abraço,

João.

Destinatário: Zilda Francisca Xavier Trindade


Avenida Presidente Vargas 123 – apartamento 6789 –
Recife - Pernambuco – CEP. 045.177. 000

16VALIATI, S. L.; VELHO, J. A.; BRUNI, A. T. Investigação de Características Individuais na Caligrafia


de um Grupo da Região Amazônica do Brasil. Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law
and Bioethics, v. 5, n. 2, p. 146-170, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.17063/bjfs5(2)y2016146.

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ANEXO 4 – CONSIDERAÇÕES SOBRE AS LIMITAÇÕES EM EXAMES EM


REPRODUÇÕES17

Não há dúvidas de que exames em documentos reprografados ou digitalizados


apresentam maiores dificuldades e inspiram cuidados, visto que alguns tipos de
fraudes como montagens, acréscimos, decalques, entre outros, podem não ser
detectados em documentos dessa natureza, além destes não permitirem ao
examinador a visualização de algumas sutilezas gráficas, muitas vezes necessárias
para a emissão de um resultado categórico.
Na cópia, a imagem fica planificada, prejudicando a visualização de alguns
aspectos dinâmicos do grafismo, como a pressão e a velocidade da escrita. Também
não é possível determinar, com precisão, o sentido e a ordem de produção de todos
os traços. Defeitos nos equipamentos utilizados para captura ou posterior impressão
podem acrescentar marcas inexistentes no documento original. Ao mesmo tempo,
elementos como ataques, remates e outros sinais gráficos podem a vir suprimidos
pelo mesmo motivo. Além disso, no documento original, algumas características
podem ser evidenciadas com o uso de microscópios ou de iluminação especial (ex.:
ultravioleta, infravermelha etc.), o que não ocorre em fotocópias.
Por outro lado, apesar da provável perda de elementos, há característicos
gráficos fundamentais que remanescem e são transferidos ou fixados nas
reproduções, trazendo à luz fração apreciável da realidade documental. Geralmente,
os aspectos morfológicos ficam preservados, assim como uma parcela dos
componentes grafocinéticos. Nesse contexto, aspectos importantes a serem
considerados são a qualidade da cópia e o uso de ampliações ou reduções.
No caso de acesso à cópia, deve-se priorizar a geração mais próxima ao
original, uma vez que quanto maior a geração da cópia maior será a perda de
informações.
Atualmente, já estão disponíveis no mercado dispositivos que permitem a
captura de imagens em alta resolução (ex.: scanners, máquinas fotográficas digitais
etc.), possibilitando o registro, com riqueza de detalhes, de diversas características do

17Baseado em DEL PICCHIA FILHO, J.; DEL PICCHIA, C. M. R.; DEL PICCHIA, A. M. G. Tratado de
Documentoscopia: da falsidade documental. 3 ed. rev. ampl. atual. São Paulo: Pilares, 2016 e SILVA,
E. S. C.; FEUERHARMEL, S. Documentoscopia: aspectos científicos, técnicos e jurídicos. 2 ed.
Campinas: Millennium, 2023.

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documento, bem como novas ferramentas de análise que possibilitam ao perito


examinar aspectos antes não passíveis de avaliação.
Porém, a evolução da tecnologia também ampliou o acesso a recursos capazes
de gerar peças contrafeitas cujos vestígios podem ser imperceptíveis nas imagens
digitalizadas ou cópias geradas a partir desse processo.
Não sendo comprovada a falsidade do manuscrito, ou não transparecendo
quaisquer evidências de alterações documentais, o perito não deverá, jamais, excluir
a possibilidade de que tenham ocorrido, ficando a apresentação de uma conclusão
categórica condicionada à análise pericial da via original.

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