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A Importância da

Comunicaç
Comunicação entre o
Farmacêutico e o
Paciente Oncoló
Oncológico
Letícia Lobato Uyemura
Psicóloga
Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imunoterapia
Belo Horizonte - MG
A Importância da
Comunicaç
Comunicação entre o
Profissional da Saú
Saúde e o
Paciente Oncoló
Oncológico
Comunicação
 Ato ou efeito de transmitir e receber
mensagens por meio de métodos e
processos convencionados, quer através da
linguagem falada ou escrita, quer de outros
sinais, signos ou símbolos.
 Capacidade de trocar ou discutir idéias, de
dialogar, de conversar, com vista ao bom
entendimento das pessoas.
 Tornar comum; pôr em contato ou relação.
Novo Dicionário Aurélio
Comunicação

TRANSMISSOR RECEPTOR

MEIO
(permite transmissão da mensagem)
Comunicação

TRANSMISSOR RECEPTOR

RELAÇÕES

MEIO
(Doença/Saúde)
Comunicação
Tradução da realidade através dos
sentidos: a maneira de falar, como
ouve, como utiliza as mãos, como se
movimenta, como se aproxima, como
vê, sente e percebe o outro.
Experiência do ouvir: disponibilidade,
atenção ao olhar e à fala, ouvir
genuíno (sem estar preocupado com a
resposta que vou dar), evitar
interromper, compreensão, no sentido
de se envolver, abraçar....
“ Sou completamente
responsável por aquilo que
eu digo, mas sou
completamente irresponsável
por aquilo que você ouve.”

Maturana
Comunicação na Saúde
Estabelecer relação de autenticidade,
qualificação;
Estar atenta à pessoa (grau de
conhecimento e entendimento);
Ao transmitir notícias: importância da
presença da Equipe;
Mentira: fluxo complicado, jogo do
esconde-esconde;
Omissão: coloca em dúvida a
percepção da pessoa (desqualifica).
“De um lado, o paciente não permite que
descubram seus verdadeiros sentimentos e,
por outro, as pessoas à sua volta, familiares,
amigos ou profissionais, seja por medo,
ansiedade ou insegurança, reagem da
mesma forma. Inicia-se, então, um verdadeiro
jogo de ‘esconde-esconde’. Todos se
escondem atrás de sorrisos forçados, orações
pré-estabelecidas, altas tecnologias,
linguagens que não têm nenhum sentido tudo
para não entrarem em contato com as
angústias que o câncer e a morte despertam.”
Comunicação na Saúde
 Qualificar percepção da pessoa
sobre si: OUVIR!
‘O quê você quer saber?’
Respeitar o mínimo de autonomia:
pequenas escolhas;
Cuidado com as palavras;
“Um gesto vale mais que mil
palavras.”
Silêncio.
- Mãe, acho que vou ser um bom médico.
Sabe por quê? Porque eu sei como é estar
doente, eu sei o que os médicos têm de
fazer e eles não fazem?
- Alê, você sabe o que eles têm de fazer?
Esqueceu que você ainda não é médico?
- Não é desse jeito que eu estou falando!
Estou falando que quando eu falo alguma
coisa que acontece comigo eles não dão
bola e continuam repetindo a mesma
coisa. Já sei porque antes de ser médico
eu fui paciente (...) eu falei que não ia
adiantar, você lembra? E o que ele disse?
Nada. Continuou escrevendo e olhando
para baixo e tentando fingir que não ouviu.
págs 88 e 89
- Por que vocês não me falaram?
- Porque é óbvio?
- Óbvio? Eu não sou médica! Eu sou a mãe
de seu paciente!
- É por isso mesmo que você não enxerga o
estado de seu filho. Ele esteve em coma,
com falência múltipla dos órgãos, sabe o
que quer dizer isso?
- Sim. Eu realmente sei o que isso quer
dizer. Eu estive aqui todas as noites, sem
exceção, acompanhando tudo, vendo
tudo...
pág. 111
O Cuidado Paliativo envolve a escuta
de toda a equipe e não de apenas um
profissional, para que a pessoa do
paciente se sinta acolhida e
compreendida na sua complexidade e
na sua dimensão mais humana. A
participação de cada integrante da
equipe adquire grande importância, pois
o limite da possibilidade terapêutica não
representa o fim da relação, mas sim a
continuidade desta, de uma maneira
mais próxima.
Quando família e paciente se permitem
falar do que está acontecendo, dos
sentimentos vivenciados, das
possibilidades de cuidado, não só nos
atendimentos psicológicos individuais,
mas nos momentos com a equipe, na
consulta com o médico; as relações
fluem e mesmo que o caminho seja o
da morte, ele é experienciado de uma
maneira mais plena e melhor aceita.
O momento em que se deixa de buscar
a cura a qualquer preço e se aceita o
adoecimento com suas limitações pode
ser uma preparação para a morte, mas
é também uma experiência que envolve
a vida inteira.
O contato com a possibilidade da morte
pode ser uma forma de re-pensarmos
(nós profissionais) nossa vida.
O contato com as pessoas que
cuidamos é uma relação de TROCA!
Relato de Caso
Criança de 4 anos (início: 2 anos)
Tumor de Wilms (tipo de tumor no rim)
Única filha de um casal jovem.
Moram em uma cidade do interior, a 150
Km de Belo Horizonte.
Família em acompanhamento
psicológico desde o diagnóstico.
Orientações em relação a limites para a
criança (limite como forma de demonstração de
amor).
 Submetida a 2 cirurgias e 3 tentativas de
tratamento quimioterápico, sem sucesso.

 Em seu relato, mãe demonstrava intenso


pavor ao pensar na possibilidade de uma
nova perda (havia perdido gêmeos por aborto
espontâneo, na primeira gravidez);

 Após a 2ª tentativa de quimioterapia,


oncologista pediátrico e psicóloga começaram
a atender em conjunto.
 oferecer melhor suporte e segurança;
 ampliar a visão da família para a totalidade,
para o cuidar além do curar.
 No momento do fim da vida da criança, a
relação estabelecida possibilitou constante
discussão sobre as condutas possíveis e que
trariam melhor conforto para pais e criança.
 permanência no hospital para segurança e
tranquilidade dos pais, pois na cidade não
havia atendimento de urgência especializado;
evitar ‘picadinhas’, algo extremamente
incômodo e estressante para a criança;
ascite: respeitou-se vontade da criança em não
ser realizada;
transferência para um quarto isolado, aonde
poderia permanecer com o pai e a mãe, maior
número de visitas.
 Atendimento psicológico dos pais junto da
criança, medicada com doses elevadas por
apresentar fortes dores.
 Criança não respondia aos chamados.
 Utilização de história de uma criança que
morre, como recurso. A historinha foi lida em
voz alta para os três. Foi um momento de
grande emoção.
 Após leitura, mãe volta-se para a criança e diz:
“Pode ir minha filha, a mamãe vai ficar bem.
Prefiro ficar sem você do que te ver sofrendo
assim.”
 A criança faleceu às 17 horas desse mesmo
dia.
 Pais tiveram a oportunidade de despedir de
sua filha neste dia, o fato do profissional
conversar com a criança, mesmo estando
sedada, abriu espaço para os pais fazerem o
mesmo. Essa possibilidade de falar dos seus
sentimentos ajuda no enfrentamento do luto e
de uma partida mais leve para a criança.
“ Quando acabarmos de
fazer tudo o que
viemos fazer aqui na
terra, poderemos sair
de nosso corpo que
aprisiona nossa alma,
como um casulo que
aprisiona a futura
borboleta.
E na hora certa poderemos deixar para traz, e não
sentiremos mais dor, nem medo, nem
preocupações. Estaremos livres como uma
borboleta voltando para casa, para Deus.”
ATITUDES IMPORTANTES

Tentativa de não reduzir a pessoa à

doença

 Questão da Totalidade
CLAUDE MONET
ATITUDES IMPORTANTES

HUMILDADE = Húmus = Terra

MANTER OS PÉS NO CHÃO


“... O exercício da Oncologia é uma lição
permanente de humildade. Nem bem
acabamos de nos encher de orgulho ao
comemorar a resposta brilhante de um
doente a um esquema de tratamento
engenhosamente escolhido, entra o
seguinte com o mesmo diagnóstico,
tratado da mesma forma, morto de falta de
ar, cheio de dores, como se tivesse
tomado água ao invés de remédios
prescritos.”
Por um Fio, Dráuzio Varella.
ATITUDES IMPORTANTES

ÉTICA, no sentido de

RESPONSABILIDADE
OBRIGADA!

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