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RESUMO
Uma das grandes problemáticas no Brasil, sobre os rejeitos gerados na produção de petróleo com presença de
radionuclídeos, é a escassez de legislação que indique a classificação e o destino destes materiais. Como a
legislação específica para este caso, é pouca, procurou-se neste trabalho fazer um apanhado de documentos
internacionais que já contemplam este assunto [1-8], embora tais documentos não sejam suficientes para
contemplar a realidade brasileira, eles servem de ponto de partida para balizar a elaboração de um documento
com esta finalidade. Foram selecionados países de relevante significância na regulamentação na área de
TENORM (Technologically Enhanced Natural Occurring Radioactive Material) e foi feita uma discussão dos
níveis de isenção e dispensa específicos para geração de rejeitos radioativos na produção de petróleo.
1. INTRODUÇÃO
O urânio e o tório presentes nas rochas reservatórios de petróleo [1] são praticamente
insolúveis e são pouco carreados pelo petróleo e pela água de formação, que são bombeados
em conjuntos para a superfície. No entanto, os seus filhos, isto é, 226Ra e 228Ra são mais
solúveis e sob certas condições físicas e químicas são carreados da rocha reservatório para a
superfície. O rádio pode permanecer na solução da água produzida ou co-precipitado com o
bário na forma de complexos compostos de sulfatos, carbonatos e silicatos encontrados nas
incrustações e nas borras. A formação deste precipitado insolúvel é causada pelas mudanças
de pressão e de temperatura conforme a água e o petróleo são bombeados para a superfície.
O material radioativo derivado das práticas nas instalações de petróleo é definido como
TENORM (Technologically Enhanced Naturally Occurring Radioactive Material), ele se
caracteriza pelo aumento das concentrações dos radionuclídeos como resultado das práticas
humanas.
Uma estrutura regulatória se faz necessária para avaliação de cada instalação geradora de
TENORM. Assim, devem ser determinados os critérios de isenção (exemption) e dispensa
(clearance) [2]; o critério de isenção determina se uma prática ou uma fonte deve ser
submetida às normas da autoridade regulatória e o critério de dispensa indica se uma fonte ou
uma prática autorizada pode ser liberada do controle da autoridade regulatória, podendo
existir em diversos níveis, desde liberação incondicional até liberação com condicionantes em
diversos níveis. Na dispensa incondicional, o material pode ser liberado do local sem que haja
informação do seu destino. Ao contrário, na dispensa condicional, para que o material seja
liberado do local ele estará sujeito a certas condições de deposição.
Como a Norma CNEN NE-3.01 não previa o controle de materiais de origem natural, foi
editada a Posição Regulatória 6.02 [3], que determina a classificação das instalações de
produção e exploração de petróleo e gás ou parte delas de acordo com a Seção 4 da Norma
CNEN NE-6.02 [4], desde que possam vir acumular quantidades de materiais contendo Ra-
226 e/ou Ra-228 e seus descendentes radioativos em quantidades superiores a 100 Bq/g.
O critério para estabelecer os níveis de isenção e dispensa em termos de dose não pode ser
diretamente aplicado por isso, é necessário convertê-los em quantidades práticas, tais como,
concentração de atividade, concentração, etc. Segundo Páscoa [10], o Instituto Americano de
Petróleo estabeleceu algumas opções de descarte de rejeitos contendo TENORM nas
indústrias de petróleo, conforme é informado na Tabela 2. Ainda no Trabalho de Páscoa é
citado que o nível de isenção para descarte em aterro sanitário, segundo a Commissariat a
l’Energie Atomique (CEA) é de 1 Bq/g para o Ra-226 e 2 Bq/g para o Ra-228.
Um dos países analisados foi os Estados Unidos da América, que com a sua autonomia
estadual confere uma diferença de valores para os Estados Norte Americanos [11,12,13,14],
relacionando a concentração de atividade (Bq/g) do material contendo TENORM (Tabela 3)
O Canadá [16] recomenda que materiais contendo TENORM podem ser liberados sem
restrições radiológicas quando associados à dose inferior a 0,3 mSv/ano no público e
estabelece limites derivados de dispensa incondicional (LDDI), vide Tabela 5.
Vários países, tais como, Argentina, Peru, Coréia, Índia, Egito, Cuba, e México utilizam
Normas Compatíveis [17] com a BSS-115.
6. CONCLUSÃO
No caso dos rejeitos contendo borras e incrustrações, devem ser estipuladas as vias críticas
considerando-se a armazenagem dos tubos com as incrustrações ou providenciando-se a sua
limpeza e armazenando-se somente as incrustrações. O armazenamento definitivo como
rejeito deve ser feito sob condições supervisionadas tanto no repositório como no transporte
da plataforma até o mesmo.
No caso brasileiro deve ser gerado valores de isenção e dispensa específicos para esta prática
e em função deles poderá ser feita uma re-adequação industrial de tubulações utilizando
práticas para limpeza eficazes das tubulações, visando utilizações secundárias dos tubos.
1. Gazineu M. H. P., Araújo A. A., Brandão Y. B., Hazin C. H., Godoy J. M. O.,
“Radioactivity Concentration In Liquid And Solid Phases Of Scale And Sludge Generated In
the Petroleum Industry”, Journal of Environmental Radioactivity, Volume 81, pp. 47-54
(2005).
2. International Atomic Energy Agency, Clearance Levels for Radionuclides in Solid
Materials: Application of Exemption Principles – IAEA TECDOC-855, Vienna, Austria
(1996).
3. Comissão Nacional de Energia Nuclear, Instalações de Produção e Exploração de
Petróleo e Gás com Materiais, Peças ou Componentes Contaminados com Ra-226 e Ra-228
e seus Descendentes Radioativos – Posição regulatória 6.02/002, CNEN, Brasil (2005).
4. Comissão Nacional de Energia Nuclear, Licenciamento de Instalações Radiativas – Norma
CNEN NE-6.02, CNEN, Brasil (1984).
5. Comissão Nacional de Energia Nuclear, Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica –
Norma CNEN NN-3.01, CNEN, Brasil (2005).
6. International Atomic Energy Agency, International Basic Safety Standards for Protection
against Ionizing Radiation and for the Safety of Radiation Sources – Safety Series 115, IAEA,
Vienna (1996).
7. Comissão Nacional de Energia Nuclear, Diretrizes Básicas de Radioproteção – Norma
CNEN NE-3.01, CNEN, Brasil (1988).
8. Commission of the European Communities, Recommendations for the Implementations for
the implementation of Title VII of the European Basic Safety Standards Directive (BSS)
Concerning Significant Increase in Exposure Due to Natural Radiation Sources – Radiation
Protection 88, Vienna, (1997).
9. Menon S., “ A Nuclear Decommissioner’s Views on the regulation of TENORM”,
Proceeding of WM’01 Conference, Tucson, 25/02 – 01/03, Vol. 1 (2001).
10. Páscoa A. S., “Potential Environmental and regulatory Implications of Naturally
Occurring Radioactive Materials (NORM)”, Applied Radiation Isotopes, Volume 49, pp.189-
196 (1998).
11. Louisiana Administrative Code, Regulation and Licensing of Naturally Occurring
Radioactive Materials (NORM) – Title 33, Part XV, Chapter 14,Lousiana, USA.
12. Mississippi Administrative Code, Regulations for control of radiation in Mississippi- Part
801, Section N- Licensing of Naturally Occurring Radioactive materials (NORM),
Mississippi, USA.
13 New Mexico Administrative Code, Naturally Occurring Radioactive Materials (NORM)
in Oil and Gas Industry – Title 20, Chapter 3.1.14, New Mexico, USA.
14. Texas Administrative Code, Licensing of NORM – Title 25, Chapter 289, Subchapter F,
Texas, USA.
15. Smith D. M., Kemball P., “Regulatory Control and NORM – the U.K.”, Applied
Radiation Isotopes, Volume 49, pp.211-214 (1998).
16. Minister of public Works and Government Services Canada, Canadian Guidelines for the
Management of Naturally Occurring Radioactive Materials, Canada (2000).
17. Tsurikov N., “TENORM Legislation – Theory and Practice”, Proceding of II
International Symposium on TENORM, Rio de Janeiro, 12-17 September, Vol. 1 (1999).