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Centro de Ensino Médio Setor Oeste – CEMSO

DISCIPLINA: Gramática
PROFESSOR(A): Elisângela Jorge
Nome:___________________________________Turma:_____

Funções da Linguagem

As funções da linguagem são categorias dos estudos da comunicação. Toda


linguagem é utilizada para comunicar algo a alguém. Sendo assim, considerando os
elementos que constituem a comunicação (emissor, receptor, código, canal,
mensagem e contexto), as funções dividem-se em:

• emotiva
• conativa
• metalinguística
• fática
• poética
• referencial

Cada função está, respectivamente, relacionada a um elemento da comunicação.

Quais são as funções da linguagem?

As funções da linguagem analisam o discurso considerando a sua utilidade para a


efetividade da comunicação.

• Função emotiva ou expressiva

A função emotiva ou expressiva prioriza o sujeito que emite a mensagem, por


isso evidencia os aspectos subjetivos e sentimentais do indivíduo que fala. Nos
discursos de função emotiva, é recorrente o uso de predicativos e outros
qualificadores, servindo para caracterizar as sensações do autor.

Exemplo:
Eu não aguento mais! Todo dia é um problema, toda semana eu tenho que ajudar
alguém! Eu preciso ter tempo para mim!

O trecho anterior apresenta um desabafo emocional do sujeito que fala.


Os verbos estão em primeira pessoa e expressam a emoção negativa “Eu não
aguento mais!” e o desejo “Eu preciso ter tempo para mim!”.

Nos textos, é comum que as funções trabalhem juntas, como no exemplo seguinte.
No poema “Os deslimites da palavra”, de Manoel de Barros, é possível encontrar as
funções emotiva e poética:

Ando muito completo de vazios.


Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu
destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas.

O texto possui:

• função poética, apresentando um cuidado com a linguagem, de modo que a


mensagem ganhe efeito expressivo;
• função emotiva, pois o eu lírico expressa estados subjetivos do seu ser.

• Função poética

A função poética prioriza a mensagem, ela é o principal foco e objetivo de


todo texto com predominância dessa função. Sua linguagem apresenta aspecto
simbólico e subjetivo. O intuito principal da função poética é transmitir uma
mensagem e utilizar o trabalho com a língua como ferramenta estilística e estética,
para garantir maior impacto e força no conteúdo.

Retornando ao exemplo do tópico anterior, é possível verificar que o autor diversifica


o sentido das palavras e tira o peso referencial da língua.

Exemplo:

“Ando muito completo de vazios.


Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.”

A pessoa não pode, fisicamente, andar “completa de vazios”. A expressão indica uma
sensação interna, mas não o faz de modo tradicional. O impacto de uma construção
simbólica é mais significativo do que o de uma declaração afirmativa. Compreende -
se, portanto, que essas escolhas formais têm o intuito de potencializar a
mensagem poética.

• Função referencial ou denotativa


A função referencial prioriza o contexto. Seu objetivo é apontar para o sentido da
realidade material, logo, para os seres e as coisas que existem. Sua linguagem visa
à precisão das palavras bem como não expõe visões subjetivas sobre o tema.
Nesse sentido, a função referencial está relacionada a um aspecto de “verdade”. A
seguir, o trecho de uma notícia do site Uol, que fornece um exemplo da função
referencial:

“O morango (Fragaria spp) é um fruto típico de climas temperados do norte e do Chile.


Pequeno, de cor avermelhada brilhante, com sabor levemente ácido, aroma
agradável e forte, o alimento é bastante versátil, servindo para o preparo de
sucos, smoothies, sorvetes, doces, bolos, biscoitos e receitas agridoces
(principalmente saladas).”

Nesse parágrafo, a linguagem tem o objetivo de apresentar um fruto existente na


realidade material: o morango. Desse modo, o texto fornece apenas características e
informações com valor de verdade material e científica. Apesar de descrever aspectos
que categorizam a fruta, o autor não expõe seu juízo de valor a respeito do tema.

• Função fática ou de contato

A função fática se concentra no canal, por isso é uma comunicação utilizada


quando se deseja testar a eficácia do veículo de comunicação. Por exemplo, em
casos de ligação, os interlocutores podem utilizar expressões como “alô?”, “tá aí?!”,
“oi?!” e outras, para verificar se a transmissão está funcionando, permitindo, assim, a
comunicação.

Exemplo:

— Não acredito que isso está acontecendo! Sim, estou ouvindo.

• Função metalinguística

A função metalinguística concentra-se no código e utiliza-o para falar sobre ele


mesmo. Por exemplo, utiliza-se a língua para falar da língua, o texto para falar de
texto, a poesia para falar da poesia. A linguagem fala sobre si mesma. O poema
“Poesia”, de Carlos Drummond de Andrade, é um exemplo da função
metalinguística:

Gastei uma hora pensando um verso


que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia desse momento
inunda minha vida inteira.

A metalinguagem é expressa no poema quando o eu lírico decide compô-lo falando


da sua própria composição.

• Função conativa ou apelativa


A função conativa se concentra no sujeito que recebe a mensagem, seu objetivo
é instruí-lo, induzi-lo ou convencê-lo a respeito de algo. Sua linguagem é marcada
pelo aspecto persuasivo.

Exemplo:

COMPRE AGORA E SÓ PAGUE DAQUI A 45 DIAS!

A linguagem publicitária utiliza-se da linguagem conativa para atrair e convencer o


público a adquirir um serviço ou produto. A linguagem direciona-se diretamente
ao receptor, e utiliza de verbos imperativos “compre”, “pague”, acompanhados de
modificadores “agora”, “só” e “daqui a 45 dias”, no intuito de persuadir o leitor.

Funções da linguagem e a comunicação

As funções da linguagem são elementos da comunicação, que, por sua vez, pode
ser definida como o ato de transmitir mensagens, de dialogar. Nos estudos sobre os
aspectos que envolvem a efetividade da comunicação, Roman Jakobson definiu seis
elementos constituintes:

• Emissor: aquele que fala ou escreve, que transmite a mensagem.


• Receptor: aquele que ouve ou lê, que recebe a mensagem.
• Contexto: a realidade, o contexto material que envolve a produção do texto.
• Código: os símbolos utilizados para transmitir a mensagem.
• Mensagem: o conteúdo que será veiculado pelo emissor.
• Canal: o transmissor ou ferramenta pela qual é possível estabelecer a
comunicação.

Os seis elementos são considerados essenciais para a atividade de comunicação,


logo, para fazer um bom estudo e análise das funções do texto, é necessário
considerar os tópicos listados e identificar qual deles está em evidência, ou seja, qual
função da linguagem é predominante.

Significado de código

O código é um conjunto de sinais e símbolos convencionalmente significados e


estruturados. Por exemplo, a língua portuguesa é um código diferente da língua
inglesa. O código, entretanto, pode ser não verbal, como os sinais de trânsito, que
são representados por figuras, mas possuem sentido convencionado socialmente,
permitindo que todo motorista consiga ler as placas e compreender suas orientações.

EXERCÍCIOS

1- (UEMG-2006) Assinale a alternativa em que o(s) termo(s) em negrito do fragmento


citado NÃO contém (êm) traço(s) da função emotiva da linguagem.

a) Os poemas (infelizmente!) não estão nos rótulos de embalagens nem junto aos
frascos de remédio.
b) A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório” quando sai de sua
significação e cai no ambiente artificial e na situação inventada.
c) Outras leituras significativas são o rótulo de um produto que se vai comprar, os
preços do bem de consumo, o tíquete do cinema, as placas do ponto de ônibus (...)
d) Ler e escrever são condutas da vida em sociedade. Não são ratinhos
mortos (...) prontinhos para ser desmontados e montados, picadinhos (...)
2- (UFV-2005) Leia as passagens abaixo, extraídas de São Bernardo, de Graciliano
Ramos:

I. Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo


planeei adquirir a propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de
cinco tostões.
II. Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado desde meio-dia,
tomava café e conversava, bastante satisfeito.
III. João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de
trás para diante.
IV. Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor que
fôssemos como os bois? Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que
atormentar-se um vivente por gosto? Será? Não será? Para que isso? Procurar
dissabores! Será? Não será?
V. Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a
literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas
arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me
lia.
Assinale a alternativa em que ambas as passagens demonstram o exercício de
metalinguagem em São Bernardo:

a) III e V.
b) I e II.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) II e V.

3- (PUC/SP-2001)

A Questão é Começar
Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar,
mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização
apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar
conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol. No escrever
também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia,
com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à
diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma
mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes
se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de
conversar.

Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais. Fomos induzidos a, desde


o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um
fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto.
Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como
necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas
transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas
inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o
leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por
perto, espiando o que escrevo. Não me deixe falando sozinho.”

Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis,
imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre
ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem,
entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.

(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).

Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: “Em nossa civilização apressada, o
“bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto
servindo, fala-se do tempo ou de futebol.” Ela faz referência à função da linguagem
cuja meta é “quebrar o gelo”. Indique a alternativa que explicita essa função.

a) Função emotiva
b) Função referencial
c) Função fática
d) Função conativa
e) Função poética

4- (Enem-2007)

O canto do guerreiro
Aqui na floresta
Dos ventos batida, Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?

(Gonçalves Dias.)

Macunaíma (Epílogo)
Acabou-se a história e morreu a vitória.

Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos
dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares,
aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos
misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio
Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar
aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói?

(Mário de Andrade.)

Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se que

a) a função da linguagem centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto


no segundo texto.
b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo,
predomina a linguagem formal.
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem
indígena.
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da
linguagem e, no segundo, no relato de informações reais.
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo
texto, está ausente no primeiro.

5- Desabafo
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente
não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A
começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem
respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que
venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.

CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).

Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da


linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da
crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva,
pois

a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.


b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.
d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação.

6- Me devolva o Neruda (que você nem leu)


Quando o Chico Buarque escreveu o verso acima, ainda não tinha o “que você nem
leu”. A palavra Neruda - prêmio Nobel, chileno, de esquerda - era proibida no Brasil.
Na sala da Censura Federal o nosso poeta negociou a proibição. E a música foi
liberada quando ele acrescentou o “que você nem leu”, pois ficava parecendo que
ninguém dava bola para o Neruda no Brasil. Como eram burros os censores da
ditadura militar! E coloca burro nisso!!! Mas a frase me veio à cabeça agora, porque eu
gosto demais dela. Imagine a cena. No meio de uma separação, um dos cônjuges (me
desculpe a palavra) me solta esta: me devolva o Neruda que você nem leu! Pense
nisso.

Pois eu pensei exatamente nisso quando comecei a escrever esta crônica, que não
tem nada a ver com o Chico, nem com o Neruda e, muito menos, com os militares.

É que eu estou aqui para dizer um tchau. Um tchau breve porque, se me aceitarem -
você e o diretor da revista -, eu volto daqui a dois anos. Vou até ali escrever uma
novela na Globo (o patrão vai continuar o mesmo) e depois eu volto.

Esperando que você já tenha lido o Neruda.

Mas aí você vai dizer assim: pó, escrever duas crônicas por mês, fora a novela, o cara
não consegue? O que é uma crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por
mês e o cara me vem com esse papo de Neruda?

Preguiçoso, no mínimo.

Quando faço umas palestras por aí, sempre me perguntam o que é necessário para se
tornar um escritor. E eu sempre respondo: talento e sorte. Entre os 10 e 20 anos,
recebia na minha casa O Cruzeiro, Manchete e o jornal Última Hora. E lá dentro eu lia
(me invejem): Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino, Millôr
Fernandes, Nelson Rodrigues, Stanislaw Ponte Preta, Carlos Heitor Cony. E pensava,
adolescentemente: quando eu crescer, vou ser cronista.

Bem ou mal, consegui meu espaço. E agora, ao pedir de volta o livro chileno, fico
pensando em como eu me sentiria se, um dia, um desses aí acima escrevesse que iria
dar um tempo. Eu matava o cara! Isso não se faz com o leitor (desculpe, minha amiga,
não estou me colocando no mesmo nível deles, não!)

E deixo aqui uns versinhos do Neruda para as minhas leitoras de 30 e 40 anos (e para
todas):

Escuchas otras voces en mi voz dolorida


Llanto de viejas bocas, sangre de viejas súplicas,
Amame, compañera. No me abandones. Sigueme,
Sigueme, compañera, en esa ola de angústia.
Pero se van tiñendo con tu amor mis palabras
Todo lo ocupas tú, todo lo ocupas
Voy haciendo de todas un collar infinito
Para tus blancas manos, suaves como las uvas.
Desculpe o mau jeito: tchau!

(Prata, Mario. Revista Época. São Paulo. Editora Globo, Nº - 324, 02 de agosto de 2004, p. 99)

Relacione os fragmentos abaixo às funções da linguagem predominantes e assinale a


alternativa correta.

I - “Imagine a cena”.
II - “Sou um homem de sorte”.
III - “O que é uma crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por mês e o
cara me vem com esse papo de Neruda?”.
a) Emotiva, poética e metalinguística, respectivamente.
b) Fática, emotiva e metalinguística, respectivamente.
c) Metalinguística, fática e apelativa, respectivamente.
d) Apelativa, emotiva e metalinguística, respectivamente.
e) Poética, fática e apelativa, respectivamente.

7-
Observe, ao lado, esta gravura de Escher: Na linguagem verbal, exemplos de
aproveitamento de recursos equivalentes aos da gravura de Escher encontram-se,
com frequência,

a) nos jornais, quando o repórter registra uma ocorrência que lhe parece
extremamente intrigante.
b) nos textos publicitários, quando se comparam dois produtos que têm a mesma
utilidade.
c) na prosa científica, quando o autor descreve com isenção e distanciamento a
experiência de que trata.
d) na literatura, quando o escritor se vale das palavras para expor procedimentos
construtivos do discurso.
e) nos manuais de instrução, quando se organiza com clareza uma determinada
sequência de operações.

8- (Unifesp-2002)

Texto I:
Perante a Morte empalidece e treme,
Treme perante a Morte, empalidece.
Coroa-te de lágrimas, esquece
O Mal cruel que nos abismos geme.
(Cruz e Souza, Perante a morte.)

Texto II:
Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
(Gonçalves Dias, I Juca Pirama.)

Texto III:
Corrente, que do peito destilada,
Sois por dous belos olhos despedida;
E por carmim correndo dividida,
Deixais o ser, levais a cor mudada.
(Gregório de Matos, Aos mesmos sentimentos.)

Texto IV:
Chora, irmão pequeno, chora,
Porque chegou o momento da dor.
A própria dor é uma felicidade...
(Mário de Andrade, Rito do irmão pequeno.)

Texto V:
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira
é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio! ... Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
(Castro Alves, O navio negreiro.)

Dois dos cinco textos transcritos expressam sentimentos de incontida revolta diante de
situações inaceitáveis. Esse transbordamento sentimental se faz por meio de frases e
recursos linguísticos que dão ênfase à função emotiva e à função conativa da
linguagem. Esses dois textos são:

a) I e IV.
b) II e III.
c) II e V.
d) III e V.
e) IV e V.

9- (Enem-2014)

O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel?
Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se
trata?
(ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.)

Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, predomina no texto


a função

a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.

10- (Insper-2012)

Para fazer um poema dadaísta


Pegue num jornal.
Pegue numa tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pretende dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Em seguida, recorte cuidadosamente as palavras que compõem o artigo e coloque-as
num saco.
Agite suavemente.
Depois, retire os recortes uns a seguir aos outros.
Transcreva-os escrupulosamente pela ordem que eles saíram do saco.
O poema parecer-se-á consigo.
E você será um escritor infinitamente original, de uma encantadora sensibilidade,
ainda que incompreendido pelas pessoas vulgares.
(Tristan Tzara)

A metalinguagem, presente no poema de Tristan Tzara, também é encontrada de


modo mais evidente em:

a) Receita de Herói

Tome-se um homem feito de nada


Como nós em tamanho natural
Embeba-se-lhe a carne
Lentamente
De uma certeza aguda, irracional
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois perto do fim
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim
Serve-se morto.
FERREIRA, Reinaldo. Receita de Herói. In: GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p.185.

b)

c)
d)

e)

11- (UFS)

Disparidades raciais
Fator decisivo para a superação do sistema colonial, o fim do trabalho escravo foi
seguido pela criação do mito da democracia racial no Brasil. Nutriu-se, desde então, a
falsa ideia de que haveria no país um convívio cordial entre as diversas etnias.

Aos poucos, porém, pôde-se ver que a coexistência pouco hostil entre brancos e
negros, por exemplo, mascarava a manutenção de uma descomunal desigualdade
socioeconômica entre os dois grupos e não advinha de uma suposta divisão igualitária
de oportunidades.

O cruzamento de alguns dados do último censo do IBGE relativos ao Rio de Janeiro


permite dimensionar algumas dessas inequívocas diferenças. Em 91, o analfabetismo
no Estado era 2,5 vezes maior entre negros do que entre brancos, e quase 60% da
população negra com mais de 10 anos não havia conseguido ultrapassar a 4ª. série do
1º. grau, contra 39% dos brancos. Os números relativos ao ensino superior confirmam
a cruel seletividade imposta pelo fator socioeconômico: até aquele ano, 12% dos
brancos haviam concluído o 3º. Grau, contra só 2,5% dos negros.

É inegável que a discrepância racial vem diminuindo ao longo do século: o


analfabetismo no Rio de Janeiro era muito maior entre negros com mais de 70 anos do
que entre os de menos de 40 anos. Essa queda, porém, ainda não se traduziu numa
proporcional equalização de oportunidades.

Considerando que o Rio de Janeiro é uma das unidades mais desenvolvidas do país e
com acentuada tradição urbana, parece inevitável extrapolar para outras regiões a
inquietação resultante desses dados.

(Folha de São Paulo, 9. de jun. de 1996. Adaptado).

Considerando as funções que a linguagem pode desempenhar, reconhecemos que, no


texto acima, predomina a função:

a) apelativa: alguém pretende convencer o interlocutor acerca da superioridade de um


produto.
b) expressiva: o autor tenciona apenas transparecer seus sentimentos e emoções
pessoais.
c) fática: o propósito comunicativo em jogo é o de entrar em contato com o parceiro da
interação.
d) estética: o autor tem a pretensão de despertar no leitor o prazer e a emoção da arte
pela palavra.
e) referencial: o autor discorre acerca de um tema e expõe sobre ele considerações
pertinentes.

12- (Enem-2014)

Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem e ainda sem definição que lhe
apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português.
Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante
imprizido; ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta de respeito
para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como
adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por
se negar nominalmente a própria existência.

(ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001) (fragmento).

Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se a predominância de


uma das funções da

a) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial usar a língua


portuguesa para explicar a própria língua, por isso a utilização de vários sinônimos e
definições.
b) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer sobre um fato que
não diz respeito ao escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa.
c) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento de conexão com o
leitor, por isso o emprego dos termos “sabe-se lá” e “tome-se hipotrélico”.
d) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, necessária para textos em
prosa, por isso o emprego de “hipotrélico”.
e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade do autor, por isso
o uso do advérbio de dúvida “talvez”.

13- (Enem-2013)

Lusofonia
rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; menina; (Brasil), meretriz.

Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada


no café, em frente da chávena de café, enquanto
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este
poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
rapariga não quer dizer o que ela diz em Portugal. Então,
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
fique estragada para sempre quando este poema atravessar o
atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
de escrever sobre a moça do café, para
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
uma palavra que já me está a pôr com dores
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria
era escrever um poema sobre a rapariga do
café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma
rapariga se pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão.

JÚDICE, N. Matéria do Poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.

O texto traz em relevo as funções metalinguística e poética. Seu caráter


metalinguístico justifica-se pela

a) discussão da dificuldade de se fazer arte inovadora no mundo contemporâneo.


b) defesa do movimento artístico da pós-modernidade, típico do século XX.
c) abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se volta para assuntos rotineiros.
d) tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra.
e) valorização do efeito de estranhamento causado no público, o que faz a obra ser
reconhecida.

14- (Enem-2010)

A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se


divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma tem
múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando
sua reprodução, crescimento e migrações.

DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Predomina no texto a função da linguagem

a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia.


b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação.
c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem.
d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor.
e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais.

15- (Enem-2009)

Canção do vento e da minha vida


O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[...]

O vento varria os sonhos


E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

Predomina no texto a função da linguagem:

a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.


b) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões.
c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação.
d) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos
reais.
e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura
do texto.

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