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Elementos da comunicação e as funções da linguagem

Você sabe o que são os elementos da comunicação?


Teoria definida pelo linguista e estudioso russo Roman Jakobson, os elementos da comunicação
estão relacionados aos diversos atos discursivos. Nós já sabemos que o principal objetivo da
linguagem é a transmissão de uma informação a um ou a vários indivíduos, e de acordo com nossas
intenções comunicativas, utilizamos uma função da linguagem específica. Jakobson criou para os
elementos da comunicação (contexto, emissor, mensagem, receptor, canal da comunicação e código)
o seguinte esquema:

Esquema dos elementos da comunicação

Observe agora quais são suas principais características:


 Emissor ou destinador: alguém que emite a mensagem;
 Receptor ou destinatário: a quem se destina a mensagem;
 Código: o código é formado por um conjunto de sinais, organizados de acordo com
determinadas regras, em que cada um dos elementos tem significado em relação com os demais.
Pode ser a língua, oral ou escrita, gestos, etc.;
 Canal de comunicação: O canal deve garantir o contato entre emissor e receptor. Pode ser
um meio físico ou virtual;
 Mensagem: é o objeto da comunicação, é constituída pelo conteúdo das informações
transmitidas;
 Referente: a situação a qual a mensagem se refere. Pode dizer respeito aos aspectos do
mundo textual da mensagem.

A partir da definição dos elementos da comunicação, Roman Jakobson definiu as funções da


linguagem, elementos que estão relacionados às intenções comunicativas dos falantes:

Esquema das funções da linguagem

Abaixo, você encontrará a definição para cada uma das funções da linguagem, bem como seus
respectivos exemplos. Boa leitura e bons estudos!
1. A função emotiva é caracterizada por sua mensagem centrada no emissor, isto é, uma
mensagem na qual são encontradas toda a expressividade de um discurso construído na primeira
pessoa. Nela, estão evidenciadas algumas marcas gramaticais peculiares. Observe algumas das
principais características da função emotiva da linguagem:
 Verbos e pronomes em primeira pessoa;
 Interjeições (responsáveis por revelar o estado emocional do falante);
 Adjetivos valorativos;
 Sinais de pontuação como reticências e pontos de exclamação.
Comumente, as funções emotiva e poética são relacionadas ao discurso literário, principalmente aos
poemas. Contudo, a função emotiva pode estar presente em vários tipos de textos e gêneros
textuais. Veja o exemplo no fragmento de um dos mais famosos poemas de Fernando Pessoa:

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.


Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
[…]
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Poema em linha reta, Fernando Pessoa. (Fragmento)

2. Na função metalinguística, o foco da mensagem é o código, seja ele linguístico (a escrita ou


a oralidade), seja extralinguístico (música, cinema, pintura, fotografia, gestualidade etc.). Quando o
emissor preocupa-se com o código, ele produz aquilo que chamamos de metalinguagem. Observe
como ele pode se manifestar na linguagem literária:

Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…
Mario Quintana
Podemos afirmar que a função metalinguística não tem o objetivo de significar por si, mas sim o
objetivo de dizer o que o outro significa.
3. A função poética não apresenta uma finalidade prática, mas sim estética. Isso acontece
porque o próprio objeto – a mensagem – torna-se o foco de si mesmo, despertando a reação pelo o
que é e não por aquilo para que serve. Observe o exemplo no poema de Carlos Drummond de
Andrade:
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade
4. A função referencial é a função da informação. Isso porque sua mensagem é centrada na
necessidade de transmitir ao interlocutor dados da realidade de uma maneira direta e objetiva,
evitando assim o discurso literário, presente em outras funções, como a função poética e a função
emotiva. Observe suas principais características:
 Nos textos em que prevalece a função referencial, a mensagem estará centrada no
referente, ou seja, naquilo de que se fala;
 Normalmente, são textos escritos na terceira pessoa (ele);
 Nos textos em que prevalece a função referencial, as frases são estruturadas na ordem
direta, evitando assim inversões na estrutura sintática das orações que possam prejudicar o
entendimento da mensagem.

Observe agora, um exemplo de texto com a função referencial:

Texto I
A característica da oralidade radiofônica, então, seria aquela que propõe o diálogo com o ouvinte: a
simplicidade, no sentido da escolha lexical; a concisão e coerência, que se traduzem em um texto
curto, em linguagem coloquial e com organização direta; e o ritmo, marcado pelo locutor, que deve
ser o mais natural (do diálogo). É esta organização que vai “reger” a veiculação da mensagem, seja
ela interpretada ou de improviso, com objetivo de dar melodia à transmissão oral, dar emoção,
personalidade ao relato de fato.

5. A função fática é responsável por checar o funcionamento adequado do canal de


comunicação. Ela está presente em vários momentos de nosso dia, nas simples conversas ao telefone
e até mesmo nas conversas despretensiosas que se iniciam dentro de um elevador. Nesse tipo de
comunicação, a preocupação do emissor é manter contato com o destinatário, prolongando a
conversa e certificando-se de que o canal está aberto através do uso de expressões como “ veja
bem”, “olhe só”, “entende?”, “você está me ouvindo?”, etc. Esse tipo de função da linguagem tem
como característica predominante criar solidariedade, ou seja, estabelecer e manter funcionando
os vínculos sociais que nos prendem no grupo. Quando você cumprimenta alguém, você está
mantendo contato com um interlocutor em potencial, além de estar participando dos costumes
verbais que integram as pessoas. Observe o exemplo na tirinha Garfield, do desenhista Jim Davis:

Exemplo de função fática

6. A função conativa da linguagem, a mensagem está centrada no destinatário. Como assim,


centrada no destinatário? Pois bem, isso quer dizer que a mensagem tem como
objetivo influenciar, envolver e convencer o interlocutor. Quando pensamos nesse tipo de
linguagem, podemos associá-la imediatamente à linguagem empregada nos anúncios publicitários, que
utiliza alguns artifícios para conquistar novos consumidores. Observe:

Exemplo de função conativa

A maioria dos anúncios utilizam os verbos no imperativo, pois assim incitam o leitor ou interlocutor a
adotar algum tipo de comportamento, já que esse modo verbal expressa sempre uma ideia de ordem,
aconselhamento ou pedido. Outra característica importante é o uso da 2ª pessoa, ou seja, o anúncio
está falando diretamente com você.

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