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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO E HOSPITALIDADE

ANAIS DO 13º ENCONTRO SEMINTUR JR.

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade

ISSN: 1806-0447

Caxias do Sul

2022
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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

FICHA TÉCNICA

Coordenação Científica Geral:


Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista

Coordenação Geral:
Doutorando Newton Fernandes Ávila
Mestrando Alan Minzon Wilson

Comissão Científica
Doutoranda Camila Carvalho Melo
Mestranda Anny Gabrielly Peixoto de Oliveira
Doutoranda Franciele Berti
Doutoranda Rosalina Luiza Cassol Schvarstzhaupt
Doutoranda Liliana Jimena Farfán Huebra
Doutorando José Almeida dos Santos
Mestranda Gabriela Francisca Martins De Lima
Mestrando Rudinei Picinini
Mestranda Geovana Bacim
Doutorando Renan Lima
Mestranda Simone Maria Sandi
Mestra Jennifer Bauer – egressa
Doutoranda Larissa Bitar Duarte
Doutoranda Samara Castro da Silva

Comissão de Secretaria
Mestranda Anny Gabrielly Peixoto de Oliveira
Mestranda Maria Jacqueline Ramos Iwata
Mestranda Simone Maria Sandi
Mestrando João Pedro Zanella Bartolotto

Comissão de Hospitalidade, Amorosidade e Acolhimento


Doutorando Newton Ávila
Mestrando Alan Minzon Wilson
Mestranda Patrícia Cavalheiro

Comissão de Comunicação
Mestrando Alan Minzon Wilson
Mestrando Carlos Eduardo Haas Hammes
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Mestre Joice Bernardo – egressa


Comissão Conexão Semintur Jr.
Mestrando Alan Minzon Wilson

Doutoranda Tatiana Marodin


Doutorando José Nilton Rodrigues Silva
Doutorando José Almeida dos Santos
Mestranda Maria Jacqueline Ramos Iwata
Doutorando Gernei Góes dos Santos
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SUMÁRIO
RC 1 – HOSPITALIDADE E ACOLHIMENTO..............................................................7
hospitalidade Sensorial E Sua Influência Na Satisfação Da Experiência Do Hóspede
De Praia Grande(Sc) ................................................................................................... 7
Hospitalidade/Acolhimento: Percepção de gestores de escolas do Roteiro “Termas e
Longevidade”............................................................................................................. 12
Lazer em Parques Urbanos Públicos: percepções de gestores sobre a Hospitalidade
Urbana ...................................................................................................................... 13
Tempos Sociais da Hospitalidade em Casas de Apoio ............................................. 18

RC 2 - TURISMO , CULTURA E LAZER....................................................................23

A Valorização dos Saberes e Fazeres Locais para o Turismo: a Produção de Farinha


no Interior do Maranhão ............................................................................................ 23
Políticas De Esporte E Lazer Dentro Da Universidade Do Estado Do Amazonas -
Uea ............................................................................................................................ 29
Ruínas, Turismo E Patrimônio: As Ruínas Do Convento São Boaventura Em
Itaboraí-Rj.................................................................................................................. 35
Análise De Uma Melhor Incorporação Da Cultura Do Amazonas Na Arquitetura E
Gastronomia Dos Hotéis De Rede Atuantes Na Cidade De Manaus. ....................... 40
A Formação de Destinos Turísticos Religiosos – uma Análise do Cariri Cearense .. 45

RC 3 - GESTÃO E SUSTENTABILIDADE NO TURISMO.........................................47

Planejamento urbano em prol da comunidade local: perspectivas para um turismo


responsável em Luzilândia, Piauí .............................................................................. 50
FTI e o turismo no Amazonas: a importância do uso de dados no planejamento
turístico ...................................................................................................................... 51
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), ................................................... 57
Stakeholders e Mobilidade Corporativa ..................................................................... 57

RC 4 - TURISMO, MEIO AMBIENTE E GESTÃO AMBIENTAL................................57

Dialogando em Torno do Turismo, da Produção Orgânica e da Agroecologia ......... 62


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Desafios e potencialidades para o desenvolvimento do turismo e da educação


ambiental no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG .......... 67
Avaliação dos Turistas sobre o Vale Germânico/RS ................................................. 73
O Panorama Turístico do Município de Presidente Figueiredo - AM......................... 78

RC 5 - EPISTEMOLOGIA E ENSINO EM TURISMO................................................76

Conversas de vida acadêmica: Narrativas de reconhecimento dos estudos do


turismo para além das objetividades. ........................................................................ 84
Os desafios da pesquisa científica em tempos de pandemia: reflexões sobre a
elaboração do Plano Municipal de Turismo em Paulino Neves-MA .......................... 85
Roteiros de Educação Patrimonial como promoção turística em Luzilândia-PI ........ 91
Palacete Provincial: Um estudo de um espaço Não Formal como recurso educativo
.................................................................................................................................. 93

RC 6 - PROCESSOS HITÓRICOS EM TURISMO E HOSPITALIDADE...................84

Avaliação da Coisificação do Artesanato no Mercado Adolpho Lisboa - Manaus/AM


.................................................................................................................................. 94
Desenvolvimento do Enoturismo na Encosta Oeste do Nordeste do Rio Grande do
Sul ............................................................................................................................. 99
A Nova Lei de Migração: Experiências Migratórias em Caxias do Sul .................... 104
Levantamento de referencial teórico sobre relações de gênero no turismo rural .... 109
De Hotel de Luxo à Casarão de Inovações: o tempo e suas transformações no
antigo Hotel Cassina de Manaus............................................................................. 113
Análise do Valor Médio de Diárias no Setor Hoteleiro de São Luís (Ma) ................ 119

RC 7 - HOTELARIA..................................................................................................112

Visita Técnica Imersiva: um relato de experiência no Manaus Hotéis Millennium... 124


A Satisfação dos Colaboradores da Recepção Hoteleira e seu Reflexo na Qualidade
do Atendimento aos Clientes: um Estudo nas Unidades do Local Hostel em Manaus
e em Presidente Figueiredo .................................................................................... 129
Resiliência urbana para a hotelaria em Manaus: alternativas para a sustentabilidade
dos negócios turísticos num mundo pós pandêmico ............................................... 134
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RC 8 - EVENTOS E HOTELARIA............................................................................127
O Futebol Amazonense Como Ferramenta de Fortalecimento da Atividade Turística
................................................................................................................................ 139
Hotelaria em Manaus: Um Estudo Sobre os Principais Acontecimentos que
Impactaram Economicamente o Setor Hoteleiro na Capital Amazonense .............. 144
Dinâmica De Gestão Dos Eventos Turísticos E Seus Impactos Na Hotelaria Da
Capital Amazonense ............................................................................................... 149
Produção Cultural Geek em Manaus: estudo de caso sobre a atuação da Casa Geek
42 ............................................................................................................................ 154

RC 9 - COMUNICAÇÃO E SUBJETIVIDADE NO TURISMO..................................147


A Imagem de Pelotas/RS Através da Rede Social Instagram: Uma Análise dos Perfis
“Pelotas Turismo” e “O Que Fazer Em Pelotas” ...................................................... 159
Narrativas sobre viagens e micropolítica ................................................................. 164
Turismo e Video gamer: Narrativas pessoais conversadas que identificam dinâmicas
de turismo................................................................................................................ 165
‘Com-Versar’ Lugares e Sujeitos - Paisagem Sonora, Hábito e Ativação do Turismo
no Natal Luz em Gramado ...................................................................................... 166
'com-Versar' Lugares E Sujeitos: Personagens de "O Reino do Natal" .................. 168

RC 10 - TEMAS EMERGENTES..............................................................................156
Trajetória da participação feminina no turismo maranhense entre os anos de 2010 a
2020 ........................................................................................................................ 169
Turismo em rede e participação feminina: o caso movimento de “Mulheres no
Turismo em Rede no Maranhão”............................................................................. 175
Turismo no Amazonas e o Sentimento de Pertencimento Durante a Pandemia ..... 180
Nós enxergamos a cidade, mas a cidade não nos enxerga: análise da experiência de
Turismo de Base Comunitária no Quilombo dos Alpes, Porto Alegre/RS ............... 182
Acessibilidade Cultural, no horizonte dos cegos ou surdos .................................... 188
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RC 1 – HOSPITALIDADE E ACOLHIMENTO

HOSPITALIDADE SENSORIAL E SUA INFLUÊNCIA NA


SATISFAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DO HÓSPEDE DE PRAIA
GRANDE(SC)

Luana Paulino Luiz 1


Manuela Alegre Henriques 2
Maria Emília Martins da Silva Garbuio 3

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O conceito de hospitalidade, em sua subjetividade, diverge muito entre
autores. Para o Ministério do Turismo (2007), compreende “o conjunto de ações,
serviços, infraestrutura e outros recursos direcionados a receber bem, acolher com
satisfação”, enquanto para outros , é uma ação natural que faz parte da natureza
humana, a aproximação de culturas, “uma relação de troca de valores entre o
visitado e o visitante” (CAMPOS, 2008, p. 3).
A recepção dessa hospitalidade pelo hóspede, enquanto ser individual, pode
se dar de diversas formas. Neste sentido Campos (2008) analisa os estímulos
externos, apresentados indiretamente ao cliente, que são captados através dos
cinco sentidos e alteram a percepção que o indivíduo tem do ambiente, atribuindo-o
caráter positivo ou hostil.
Pensando nisso, sobrevém o interesse e necessidade em estudar a
interferência dessas percepções no comportamento e na experiência turística.
Destarte, esta pesquisa almeja interpretar como a hospitalidade sensorial reflete na
satisfação da experiência do hóspede nos meios de hospedagem Refúgio Ecológico
Pedra Afiada e Pousada Vó Liane, em Praia Grande - SC. A fim de que se alcance o
objetivo, tencionou-se: estudar, com base na literatura científica, a teoria
1
Instituto Federal Catarinense – Campos Avançado Sombrio. E-mail: luanapluiz16@gmail.com.
2
Instituto Federal Catarinense – Campos Avançado Sombrio. E-mail: manualegre2004@gmail.com.
3
Instituto Federal Catarinense – Campos Avançado Sombrio. E-mail: maria.martins@ifc.edu.br.
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substanciada sobre hospitalidade, memória afetiva e perceção sensorial; desvendar


o que o hóspede compreende por hospitalidade; identificar a percepção do hóspede
sobre cada um dos cinco sentidos relacionados à hospitalidade e; analisar, com
base na percepção do hóspede, a hospitalidade sensorial.

2 DESENVOLVIMENTO
Enquanto a hospitalidade social atende às relações sociais e vínculos
afetivos; a comercial, sobretudo no âmbito do turismo, trabalha a lucratividade por
meio da conquista e fidelização do cliente. O visitante atribui a essa hospitalidade,
“um paradoxo entre generosidade, regras socioculturais e mercado” na linha de que,
ao pagar pelo serviço, o hóspede se desapropria do dever mútuo de ser hospitaleiro
(a troca passa a ser monetária), ao mesmo tempo que ainda há genuína
hospitalidade no trato com o outro (QUADROS, 2011).
Rego e Silva (2003) ressaltam como a hospitalidade comercial pode ser
trabalhada como um diferencial competitivo através da projeção de ambientes, tanto
por meio da urbanização e facilidades de acesso (sinalização, arquitetura) como de
estímulos sensoriais (iluminação, temperatura). Quando um espaço é pensado e
criado a partir das expectativas de um público preferencialmente segmentado, este
interfere no comportamento, percepção do serviço (hospitalidade) e satisfação,
criando experiências memoráveis que tornam-se um fator decisivo na fidelização.
Quando estes estímulos sensoriais são percebidos através dos sentidos
(visual, olfativo, auditivo, tátil e gustativo) podem alterar o estado emocional do
hóspede e influenciar, de maneira positiva ou negativa, sua memória. A partir disso,
os estabelecimentos manipulam a construção, a disposição do espaço, texturas,
aromas, sons experienciados, a fim de alterar a maneira como o produto chega e é
interpretado na mente do hóspede (MOWEN; MINOR, 1998).
Muitos equipamentos turísticos como hospedagens e restaurantes investem
na hospitalidade sensorial como um aliado no mercado (CAMPOS, 2008). Partindo
deste pressuposto, a pesquisa de natureza aplicada tem por objetivo interpretar
como a hospitalidade sensorial reflete na satisfação da experiência do hóspede nos

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meios de hospedagem de Praia Grande - SC. Anuncia caráter exploratório e


descritivo, ao se aproximar do subjetivismo e trabalhar questões relacionadas às
crenças, motivações e valores de uma população, possui abordagem qualitativa.
Com relação aos métodos, adotou-se a pesquisa bibliográfica realizada nas
bases de dados EBSCO, SCIELO e Web of Science no período de 19 a 22 de abril
de 2022 e o estudo de campo nos Meios de Hospedagem Refúgio Ecológico Pedra
Afiada e Pousada Vó Liane de 03 de setembro a 09 de outubro de 2022. Neste caso,
os critérios aplicados para a seleção dos empreendimentos hoteleiros foram: a)
localizados no município de Praia Grande (SC); b) cadastrados no CADASTUR; c)
mais e melhor avaliado por hóspedes nos sites de viagens TripAdvisor e Booking.
Para a seleção da amostra, admitiu-se a amostragem não probabilística, por
conveniência ou acessibilidade, sendo entrevistados 9 hóspedes até o momento.
Adotou-se, na coleta de dados, a técnica da entrevista semiestruturada, como prevê
as pesquisas qualitativas, e a análise dos dados deu-se por meio da técnica do
Discurso do Sujeito Coletivo. O roteiro de entrevista elencou 21 perguntas
categorizadas em perfil do hóspede e dimensões de análise: comportamento e
compreensão; percepção e memória afetiva e; expectativa.
No tocante aos resultados parciais, tendo em vista que a pesquisa está em
desenvolvimento, tem-se a representação do grupo amostral, composto
integralmente de hóspedes dos meios de hospedagem selecionados. Há pouca
diferença na porcentagem em sexo dos entrevistados, em contraponto, a maioria
compreende adultos acima dos 50 anos e, a respeito do nível de escolaridade, os
índices se mostraram relativamente altos, com 88,9% representando pessoas com
ensino superior completo, destas, 66,7% pós-graduados.
O perfil profissional dos hóspedes é representado a seguir: 33,3% (3 pessoas)
são aposentados; 33,3% (3) são profissionais liberais; 11,1% (1) empresário; 11,1%
(1) empregado e; 11,1% (1) funcionário público.
Questionou-se ainda, as motivações para a viagem (questão de múltipla
escolha): 55,6% relataram ser lazer e descontração; 22,2% turismo de aventura;
22,2% ecoturismo e; 22,2% encontro com família. Juntamente, as respostas às
indagações “Você já visitou o destino ou o meio de hospedagem antes?” e “Você é
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um hóspede habitué?” resultaram nos seguintes dados: a maioria dos entrevistados,


77,8% (7) nunca esteve hospedada no meio de hospedagem nem na cidade,
enquanto os outros 22,2% (2) já estiveram na pousada ou apenas na cidade e;
77,8% (7) relataram ser hóspedes habitués.
Em sentido do tema central, procurou-se saber, a priori, o que os hóspedes
compreendem por hospitalidade. De modo breve, a primeira ideia central destaca o
acolhimento relacionado ao núcleo familiar, a hospitalidade primitiva, voltada ao
receber bem, enquanto a segunda trata da hospitalidade urbana, a infraestrutura e
facilidades que a cidade oferece aos hóspedes, sinalização, placas, etc.
IC - Receber bem

DSC: É receber bem o hóspede, fazer o possível para que ele se sinta acolhido.
Chamar pelo nome. As pessoas te recebem com educação, cordialidade. O cuidado
com cada hóspede.

IC - Infraestrutura - hospitalidade urbana

DSC: A facilitação do acesso tanto da cidade quanto do meio de hospedagem. E se


você vai pegar um guia para fazer o passeio com você, ele ter conhecimento do
lugar, te passar a informação do lugar, uma informação correta para você.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O elevado grau de escolaridade presume melhores condições de vida da
população de amostra, o que implica diretamente na percepção pessoal de
qualidade de serviços (CONGRO, 2005, p. 76) de modo a influenciar de maneira
mais profunda sua satisfação e decisão de escolha, o que confirma a análise da
opinião crítica e exigente dos hóspedes entrevistados quanto à qualidade e
satisfação da experiência.
Evidencia-se, ainda, que as percepções que se tem de hospitalidade,
sobretudo ligada aos sentidos e ao afeto, estão relacionadas ao contexto cultural e
familiar particulares, experiências anteriores, e as compreensões sobre o tema,
apesar das pluralidades e particularidades, estão relacionadas ao conceito base de

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acolhimento e família, e refletem de maneira definitiva na satisfação e conquista do


hóspede.
Palavras-chave: Hospitalidade Sensorial, Relações Humanas, Hospitalidade X
Hospedagem.

REFERÊNCIAS
CAMPOS, Sinara Rafaela. Os cinco sentidos da hospitalidade. Observatório de
Inovação do Turismo: Revista Acadêmica, v. 3, n. 1, p. 9-10, 2008. Acesso em: 15
dez. 2021
CONGRO, C. R. Análise do perfil e da satisfação dos turistas da cidade de
Corumbá (MS) visando à adequação dos empreendimentos turísticos da
região. 2005, 117 f. Dissertação. (Mestrado em Turismo). Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu de Turismo e Hotelaria. Balneário Camboriú, 2005.
INSTITUTO DA HOSPITALIDADE, MINISTÉRIO DO TURISMO. Guia para
profissionais operacionais. Brasil: Ministério do Turismo, 2007. E-book. Disponível
em:
http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/8
E0240B28465AC188325762E0065E339/$File/NT0004202E.pdf. Acesso em: 15 dez.
2021.
MOWEN, J. C., MINOR, M. Consumer behavior. 5. ed. Estados Unidos: Prentice
Hall, 1998.
QUADROS, Alexandre Henrique de. A hospitalidade e o diferencial competitivo das
empresas prestadoras de serviço. Revista Hospitalidade. São Paulo, v. VIII, n. 1, p.
43-57, jan.-jun. 2011. Acesso em: 15 dez. 2021
REGO, Raul Amaral; SILVA, Edson Aparecido. A atmosfera das cidades e a
hospitalidade, In: BUENO, Maryeles Siqueira e DENCKER, Ada de Freitas Maneti
(orgs.). Hospitalidade: cenários e oportunidades. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003.

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Hospitalidade/Acolhimento: Percepção de gestores de


escolas do Roteiro “Termas e Longevidade”

Frederico Augusto Picolotto Viana 1


Luciane Todeschini Ferreira (orientadora) 2
Márcia Maria Cappellano dos Santos (coorientadora) 3

Neste resumo, objetiva-se apresentar percepções dos gestores escolares dos


municípios que compõem o roteiro turístico “Termas e Longevidade” — Veranópolis,
Cotiporã, Vila Flores, Nova Prata e Protásio Alves, localizadas no Rio Grande do Sul
— sobre hospitalidade e lugares hospitaleiros. Na perspectiva teórica adotada,
hospitalidade caracteriza-se como fenômeno relacional que se instaura no espaço
entre sujeitos singulares e/ou coletivos que se alternam nos polos da relação
(PERAZZOLO, PEREIRA, SANTOS, FERREIRA, 2014). A pesquisa é de natureza
qualitativa, com análise apoiada no método sociológico bakhtiniano. Foi aplicado
questionário, via Google Forms, aos gestores das escolas que compõem o Roteiro,
no período de outubro a dezembro de 2021. A análise dos dados coletados aponta
para o alinhamento de hospitalidade associada ao senso comum, ou seja, ao
receber bem. De forma espontânea, nenhum dos entrevistados citou a escola como
lugar hospitaleiro — apenas praça e igreja o foram. Porém, quando questionados
diretamente sobre a escola ser um lugar hospitaleiro, todos manifestaram-se
positivamente. A análise interpretativa aponta para a necessidade de reflexão sobre
os motivos pelos quais a escola não foi apontada como lugar hospitaleiro.

Palavras-chave: Hospitalidade/Acolhimento, Educação, Hospitalidade escolar

1
Frederico Augusto Picolotto Viana – Licenciando em Letras – Português. Caxias do Sul; Rio Grande
do Sul; Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/4959282302780667. E-mail: fapviana@ucs.br
2
Luciane Todeschini Ferreira – Doutora. Professora e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação
em Turismo e Hospitalidade, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul,
Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/1830986077334296. E-mail: ltferrei@ucs.br
3
Márcia Maria Cappellano dos Santos - Doutora. Professora e pesquisadora no Programa de Pós-
Graduação em Turismo e Hospitalidade, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Rio Grande
do Sul, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/4918303295310860. E-mail: mcsantos@ucs.br
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Lazer em Parques Urbanos Públicos: percepções de


gestores sobre a Hospitalidade Urbana

Mayra Santos Galvão 1


Ruan Tavares Ribeiro 2
Eriberto do Nascimento Sousa 3
Monica de Nazaré Ferreira de Araújo 4

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No Brasil, o lazer é uma conquista da classe trabalhadora que se constitui
como direito social conforme o Art. 6º da Constituição Federal de 1988. Trata-se,
portanto, de uma necessidade humana historicamente, socialmente, politicamente e
culturalmente situada (GOMES, 2014). Com efeito, a gestão pública, responsável
pela garantia dos equipamentos adequados para a prática do lazer, deve partir do
princípio de que o lazer não é, ou não deveria ser, privilégio de uma classe, gênero
social, etnia ou raça. Os parques urbanos públicos são um exemplo de espaço de
lazer que, apesar de serem áreas verdes importantes para a qualidade de vida da
população (TORRES, 2019), costumam refletir a segregação socioespacial em
várias cidades brasileiras (PACHECO; RAIMUNDO, 2014).
Se, conforme defendem Pacheco e Raimundo (2014, p. 54), “cada parque
urbano deveria desenvolver um programa de uso público que pudesse atender aos
objetivos da interação dos sujeitos e comunidades usuárias dos espaços”, como a
hospitalidade urbana pode contribuir para essa situação ideal? “As cidades devem

1
Graduanda em Hotelaria na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). E-mail:
mayra.galvao@discente.ufma.br
2
Professor substituto na UFMA. E-mail: ruantavaresufma@gmail.com
3
Doutorando em Turismo na Universidade de São Paulo (USP). E-mail: eriberto.nasc@hotmail.com
4
Professora do Departamento de Turismo e Hotelaria (UFMA). E-mail: monicadenazare@gmail.com

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ser capazes de receber e integrar seus moradores, sejam eles temporários ou não,
desenvolvendo sentimentos de identidade, orgulho e cidadania, garantindo assim
bem-estar social” (MATHEUS, 2002, p. 57). Logo, para receber turistas, faz-se
necessário oferecer primeiramente uma cidade hospitaleira para seus moradores, no
atendimento de necessidades básicas, como também de espaços públicos,
especialmente para a prática do lazer e para o bem-estar.
Neste trabalho, busca-se analisar as influências da hospitalidade urbana nas
práticas de lazer de visitantes em parques urbanos públicos.

2 DESENVOLVIMENTO
Para analisarmos a influência da hospitalidade urbana nas práticas de lazer
em parques urbanos públicos, é preciso destacarmos, inicialmente, que o locus da
análise se situa na gestão pública. Esse tipo de gestão versa (ou deveria!) sobre o
saber administrar, gerenciar, liderar o fazer público, em que se consideram os atos
administrativos, que incluem a organização, a liderança, o planejamento e o
controle, de forma que todas as tomadas de decisão estejam preparadas para lidar
com os conflitos internos e externos (PANZENHAGEN; NEZ, 2018).
Logo, no modelo de gestão orientado ao serviço público, deve-se agregar
questões de cidadania e equidade, que vão além do aspecto de tratar os usuários
apenas como clientes, ou seja, a prestação do serviço é destinada a toda população
independentemente do seu financiamento ou não, em que a opinião da população é
colocada como prioridade, e sua participação nas tomadas de decisões deveria ser
elemento crucial (PALUDO, 2012).
No contexto da cidade, surge a hospitalidade urbana, que tem como objetos
tanto o acolhimento a estrangeiros e imigrantes, como as vivências de moradores e
visitantes. Assim, como anfitrião, é papel do gestor público administrar bem espaços
de convívio na cidade, logo, prefeitos e secretários devem prezar por um bom
planejamento urbano, propiciar um ambiente acolhedor com ruas bem sinalizadas e
em bom estado de conservação (SEVERINI, 2013).
De acordo com Grinover (2006), uma cidade pode ser hospitaleira ou não
hospitaleira com base em três dimensões fundamentais, a saber, acessibilidade,

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legibilidade e identidade, que relacionadas pela ‘escala’, pelas medidas geográficas


e temporais, possibilitam a compreensão daqueles que passam por ela. Neste
trabalho, focamos na categoria acessibilidade porque está diretamente ligada à
possibilidade de acesso às atividades e serviços da cidade por indivíduos e grupos
sociais de maneira igualitária. Afinal, ainda para esse autor, “a essência da cidade é
justamente o estímulo à aproximação entre seus habitantes, o que cria as condições
para a interação social e define o espaço urbano como público, acessível, lugar das
diferenças, da heterogeneidade” (GRINOVER, 2006, p. 38). Com efeito, Severini
(2013, p. 96) defende a necessidade de “incluir a hospitalidade nas políticas de
turismo e compor o planejamento urbano e a gestão das cidades”, e a hospitalidade
urbana deve ganhar espaço e facilitar a aproximação e o convívio entre as pessoas.
Esse contexto teórico respaldou a pesquisa empírica, realizada por meio de
casos múltiplos (YIN, 2005) em três parques urbanos públicos, na cidade de São
Luís, Maranhão, em janeiro de 2022. Assim, analisamos dois parques sob gestão do
governo estadual e um municipal, tendo considerado os critérios de disponibilidade,
amplitude, localização e fluxo de visitantes. Coletamos os dados por meio de
observação assistemática e entrevista com gestores, tendo utilizado um roteiro
semiestruturado apoiado nas categorias teóricas de hospitalidade urbana, ênfase na
acessibilidade, e lazer em parques urbanos públicos. Por fim, analisamos os dados
com o auxílio das três fases da técnica Análise de Conteúdo: pré-análise, exploração
do material e tratamento dos dados por meio do critério semântico (BARDIN, 2011).
Observamos as condições viárias do entorno dos parques, a oferta de
transporte público, disponibilidade de estacionamento, acessibilidade para pessoas
com deficiência, sinalização, segurança, banheiros. As diferentes formas de acesso
aos parques indicam uma abertura aos diferentes públicos que buscam o local para
visitação. Os pontos analisados permitem aos visitantes o usufruto dos
equipamentos, e isso nos lembra a análise de Matos (2010) sobre as diferenças
entre os espaços públicos e os privados: “um espaço público é por natureza mais
aberto e a primeira função que o distingue do espaço privado é a facilidade de
acesso. O espaço público é de todos e de ninguém em particular, em princípio,
todos o podem usar com os mesmos direitos” (p. 20).
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Nas entrevistas, descobriu-se que a manutenção dos equipamentos é feita


por uma empresa terceirizada, portanto, a boa relação entre gestor e fornecedor
nesse caso influencia diretamente na prática de lazer dos visitantes, visto que a
regularidade nas manutenções propicia equipamentos e espaços adequados para a
práticas de diferentes atividades. Essa constatação é relevante porque os parques
conseguem atender a diferentes interesses culturais do lazer, como físicos,
intelectuais, artísticos, sociais. Diferentes públicos, em termos interseccionais,
buscam esses espaços para suas práticas de lazer. Logo, a observação
assistemática e as entrevistas com os gestores nos permitem inferir que a
hospitalidade urbana influencia diretamente na qualidade das práticas de lazer dos
visitantes dos parques urbanos públicos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, analisou-se de que forma a hospitalidade urbana influencia
nas práticas de lazer em parques urbanos públicos. Os gestores compreendem que
a categoria “acessibilidade”, compreendida principalmente em termos de mobilidade
urbana, é determinante para o uso e a apropriação dos espaços por parte dos
usuários, sobretudo para a inclusão de pessoas com deficiência ou mobilidade
reduzida. Como exemplo, as sinalizações facilitam a vivência dos visitantes ao
direcioná-los aos espaços e equipamentos nos parques.
Apesar de contribuirmos com o tema a partir do olhar da gestão pública sobre
a acessibilidade, enquanto categoria teórica da hospitalidade urbana, no lazer em
parques urbanos, este trabalho apresenta algumas limitações e oportunidades para
futuras pesquisas. Reconhecemos, também, que a técnica da observação
assistemática possui limitações no sentido de apresentarmos exclusivamente nosso
olhar sobre o fenômeno in loco. É necessário ouvir outros sujeitos, como os
visitantes e os trabalhadores de cada parque, equipes que têm contato mais direto
com os frequentadores, para se contrapor as percepções dos mais diversos atores
sociais.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Palavras-chave: Gestão Pública, Administração Pública, Parques Urbanos,


Hospitalidade, São Luís-MA.

REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
GOMES, C. L. Lazer: Necessidade humana e dimensão da cultura. Revista
Brasileira de Estudos do Lazer. Belo Horizonte, v. 1, n.1, p.3-20, jan./abr. 2014.
GRINOVER, L. A hospitalidade urbana: acessibilidade, legibilidade e identidade.
Revista Hospitalidade, São Paulo, ano III, n. 2, p. 29-50, 2. sem. 2006.
MATHEUS, Z. M. A ideia de uma cidade hospitaleira. In: Dias, C. M. de M. (org.),
Hospitalidade: reflexões e perspectivas. Barueri: Manole, 2002. p.69-82.
MATOS, F. L. de. Espaços públicos e qualidade de vida nas cidades: O caso da
cidade Porto. OBSERVATORIUM: Revista Eletrônica de Geografia, v. 2, n. 4, p.
17-33, 2010.
PACHECO, R. T. B.; RAIMUNDO, S. Parques urbanos e o campo dos estudos do
lazer. Revista Brasileira de Estudos do Lazer. Belo Horizonte, v. 1, n. 3, p.43-66,
set./dez. 2014.
PALUDO, A. Administração pública para auditor fiscal da receita federal e
auditor fiscal do trabalho. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier, 2012.
PANZENHAGEN, L.; NEZ, E. Chefia e liderança na gestão: algumas reflexões.
Gestão em Foco, p. 1-13, 2012.
SEVERINI, V. F. Hospitalidade urbana: ampliando o conceito. Revista
Iberoamericana de Turismo–RITUR, Penedo, v. 3, n. 2, p. 84-99, 2013.
TORRES, V. S. et al. Espaços (públicos) livres urbanos: a importância dos parques
(de lazer) urbanos. Administração de Empresas em Revista, v. 4, n. 18, p. 1-29,
2019.
YIN. R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3 ed., Porto Alegre:
Bookman, 2005.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Tempos Sociais da Hospitalidade em Casas de Apoio

Cristianelia Costa Alves 1


1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Casas de Apoio são imóveis adaptados a atender as necessidades de
pessoas em busca de hospedagem temporária em local de tratamento, sendo
mantidas com doações financeiras, alimentares, imobiliários de vários setores da
sociedade, e dispondo de voluntários que asseguram todos os serviços oferecidos
por essas instituições (ALVES et al, 2012). Trata-se de instituições que acolhem
pacientes em tratamento e seus acompanhantes fora de seu entorno habitual com
suporte emocional, abrigo e alimentação. Considerando os impactos causados a
esses sujeitos a partir do diagnóstico de doenças carregadas de estigmas, como o
HIV e o câncer, essas casas de apoio desempenham um papel relevante ao longo
de todo o tratamento de saúde (ABADIA-BARRERO, 2002). Pacientes e
acompanhantes oriundos da zona rural e/ou de cidades de pequeno porte se
deslocam para grandes centros em busca de hospitais com maior infraestrutura e
que atenda toda a complexidade do tratamento (GIRARDON-PERLINI et al, 2017).

1
Bachaela em Hotelaria pela Universidade Federal do Maranhão
18
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Apesar de as casas de apoio serem espaços de relações de hospitalidade,


portanto, de anfitriões que acolhem seus hóspedes, na literatura, sobretudo das
ciências da saúde, encontram-se mais análises sobre as experiências e a qualidade
de vida dos pacientes e acompanhantes (ABADIA-BARRERO, 2002; ALVES et al,
2012; GIRARDON-PERLINI, 2017). Mediante tal lacuna teórica, questionamos:
como as relações de hospitalidade, na perspectiva dos tempos sociais do acolher,
hospedar, alimentar e entreter, influenciam na prestação de serviços de Casas de
Apoio? Buscamos, portanto, compreender as contribuições dos tempos sociais da
hospitalidade e da hotelaria hospitalar às Casas de Apoio.

2 DESENVOLVIMENTO
Lançamos mão de aportes teóricos da hospitalidade na hotelaria hospitalar
para compreendermos o locus Casa de Apoio. Apesar de não se tratar de uma
instituição de tratamento de saúde, mas de acolhimento com serviços de apoio, os
elementos da hotelaria tradicional com a hotelaria hospitalar, que propiciam ao
cliente de saúde um ambiente menos impessoal, mais agradável no momento de
internação, podem ser contextualizados com os serviços de uma Casa de Apoio. No
caso da hotelaria hospitalar, Boeger (2017), amparado nos tempos sociais da
hospitalidade propostos por Luiz Octávio Camargo, descreve como pode-se
compreender a hospitalidade no ambiente hospitalar (Quadro 1).
A introdução de serviços de hotéis em hospitais visa promover o bem-estar do
cliente e a qualidade no atendimento. Os aspectos que conduzem a humanização do
ambiente hospitalar se traduzem no ato de receber os clientes de saúde de forma
que estes se sintam em um hospital “sem” cara de hospital, minimizando os
impactos causados pela necessidade de estar em uma instituição hospitalar
(Taraboulsi, 2009).

Quadro 1 – Tempos sociais da hospitalidade no contexto da hotelaria hospitalar

Tempo social Descrição


Acolher Hábito cultural de receber pessoas, no sentido do acolhimento ao
outro, mais profundo que mera recepção. Nas instituições de
saúde, há a oportunidade de agregar valor em pontos de contato
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

nas internações eletivas, nos prontos-socorros, nas áreas de


exames de imagem e em laboratórios de análises clínicas, nos
ambulatórios e em consultórios; também ao telefone, nos contact
centers e call centers, responsáveis pelo agendamento de
consultas, exames e cirurgias. Vale para o relacionamento com
cliente (chats, SAC ou Ouvidoria – diante de insatisfações ou
dúvidas sobre os serviços que serão ou foram praticados).
Significa promover eficiência em ambiente confortável e seguro.
Hospedar Além de acomodar pessoas, o efeito do ato de hospedar se
baseia na humanização do atendimento. Na área hospitalar, há o
agravante do confinamento. Na internação caracterizada por uma
hospedagem, o cliente tem acesso a serviços de hotelaria
hospitalar: roupa de cama e banho; colchão; ambientação do
quarto etc. Tem contato com inúmeros serviços, como
enfermagem, manutenção e SND. Hospedar é assegurar a
continuidade do serviço de assistência com processos de
abastecimento (roupa hospitalar, alimentação, medicamentos,
serviços de higiene) e desabastecimento (resíduos sólidos,
bandejas usadas ou enxoval sujo).
Alimentar Uma maneira de perceber a hospitalidade por meio do alimento.
Pode agregar valor, levando-se em conta cultura, religiosidade,
etnia, aversões e preferências de um povo. Para Castro (apud
Boeger, 2011), alimentar é arte de integrar patologia do cliente à
dieta individualizada com técnicas gastronômicas, em interação
num processo de escolha, considerando-se aversões e
preferências.
Entreter Ocorre por meio de atitudes que permitem criar um ambiente
descontraído e aprazível no universo hospitalar, com inúmeras
possibilidades no atendimento a clientes na hemodiálise, em
salas de espera, nas brinquedotecas e por meio de programas de
humanização, como a presença de palhaços, recriadores,
contadores de histórias, além da presença de música e arte. O
entretenimento deve ser considerado para todos,
independentemente de faixa etária, sexo, poder aquisitivo ou
doença – trata – se de um dos elementos fundamentais para a
melhoria da qualidade de vida durante a experiência hospitalar,
tanto em ambientes de espera quanto ao longo da internação.
Fonte: Boeger (2017, p. 54)

À medida que os serviços de hotelaria são implantados nas instituições de


saúde, geram mudanças nas percepções dos clientes e agregam valor às
instituições, tornando a experiência desses sujeitos menos dolorosa e traumática.
Segundo Boeger (2011, p. 26), “a experiência do cliente em um hospital pode ser
dividida em três momentos: sua chegada ao hospital, sua internação e sua alta”
20
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

(Figura 1). Todo o processo de internação do cliente contempla ações que


constituem a hotelaria hospitalar, evidenciando a importância dos seus princípios em
todos os setores do hospital; é uma forma de a instituição demonstrar preocupação
com todos os momentos, não apenas com o tratamento da doença.
Neste trabalho, refletimos sobre a adaptação desses conceitos às Casas de
Apoio. Conduzimos um estudo de casos múltiplos (YIN, 2005), em duas Casas de
Apoio na cidade de São Luís, Maranhão: a Casa Sonho de Criança, fundada no ano
de 1988, direcionada a menores de 18 anos que vivem e convivem com a Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida (HIV), atualmente atendendo em três modalidades:
creche, abrigo e orfanato; e o Instituto Antônio Brunno, Casa de Apoio às pessoas
com câncer, que inicia sua história em 2011 como Fundação e é instituída em 2013,
atualmente acolhendo pessoas com câncer.
Coletamos os dados por meio de entrevistas com roteiros semiestruturados
com base nas categorias a priori do referencial teórico e prosseguimos com a
análise do conteúdo por meio de critérios semânticos (BARDIN, 2011).
Os gestores entrevistados demonstram uma preocupação com o acolhimento
desde o primeiro contato, desde a chegada. Esse momento é importante para a
motivação do paciente em se recuperar de uma doença que apresenta alto nível de
vulnerabilidade. A Casa de Apoio que recebe pessoas com doença vítima de
discriminação, a preocupação para que o paciente se sinta acolhido é ainda maior.
Mas o acolhimento se estende a outros momentos, como ao receber o diagnóstico
dado pelo médico da situação de câncer, nos momentos de quimioterapia pelos
enfermeiros e quando este retorna ao Instituto, onde ele recebe alento e esperança
de que tudo vai ficar bem.
Com relação ao tempo social de hospedar, os entrevistados possuem
entendimentos diferentes. Para um, essa prática se estende ao calor humano, ao
estar junto, oferecendo condições psicológicas a esse paciente. Para o outro, o
hospedar se restringe na oferta de um espaço aconchegante e estruturado que
atenda suas necessidades pessoais, mediante o aceite de todas as regras da Casa.
O tempo social do alimentar, por sua vez, relaciona-se à empatia como forma
de acolhimento. Os pacientes das Casas não demonstram exigências no momento
21
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

de se alimentar, mas se satisfazem em saber que estão protegidos e bem tratados.


Com efeito, busca-se atender as necessidades fisiológicas do indivíduo
considerando sua satisfação em termos subjetivos, que estão mais relacionados em
como esse alimento é lhe dado do que com aspectos técnicos baseados em sua
patologia.
Por fim, mas não menos importante, os entrevistados entendem que o tempo
social do entreter é importante para os pacientes porque distrai e atende ao anseio
de aproximar essas pessoas ao convívio social. Assim, possuem projetos
institucionais e em parceria com voluntários, como ações sociais com brincadeiras
interativas, e estimulam a participação dos sujeitos em eventos externos às Casas,
como religiosos e atividades de lazer turístico.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, buscamos compreender as contribuições dos tempos sociais


da hospitalidade e da hotelaria hospitalar às Casas de Apoio. A pesquisa empírica
revelou que os gestores das Casas de Apoio têm percepções positivas e
semelhantes da hospitalidade, mas limitadas ao papel do anfitrião. Além disso,
embora os entrevistados não tenham demonstrado um conhecimento formal dos
tempos sociais da hospitalidade na hotelaria hospitalar, notou-se que esse conceito
é empregado nas Casas de Apoio de forma intuitiva. Essas ações perpassam desde
o recepcionar o paciente até à organização de experiências que proporcionem
leveza durante sua estada, como atividades de entretenimento.
Palavras-chave: Hospitalidade, Hotelaria Hospitalar, São Luís-MA.

REFERÊNCIAS

ABADIA-BARRERO, C. E. Crianças vivendo com HIV e Casas de Apoio em São


Paulo: cultura, experiências e contexto domiciliar. Interface - Comunicação, Saúde,
Educação, v. 6, n. 11, p. 55-70, 2002.

ALVES, R. F. et al. Qualidade de vida em pacientes oncológicos na assistência em


casas de apoio. Aletheia - Revista Interdisciplinar de Psicologia e Promoção da
Saúde, n. 38-39, p. 39-54, maio/dez., 2012.

22
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro. São
Paulo: Edições 70, 2011.
BOEGER, M. A. Hotelaria Hospitalar. São Paulo: Manole, 2011.
________. Hotelaria Hospitalar: implantação e gestão. Curitiba: Inter Saberes,
2017.

GIRARDON-PERLINI, N. M. O. et al. A experiência de famílias rurais que


permanecem em casas de apoio durante tratamento oncológico. Revista Gaúcha
de Enfermagem, v. 38, n. 1, e64093, 2017.

TARABOULSI, F. A. Administração de Hotelaria Hospitalar. 4 ed. São Paulo:


Editora Atlas, 2009.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2005.

RC 2 – TURISMO, CULTURA E LAZER

A Valorização dos Saberes e Fazeres Locais para o


Turismo: a Produção de Farinha no Interior do Maranhão

Francielle Araujo de Oliveira 1


José de Ribamar Messias de Sousa Junior 2
Tatiana Colasante 3
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1
Graduanda em Turismo. Universidade Federal do Maranhão/São Bernardo. E-mail:
francielle.araujo@discente.ufma.br
2
Graduando em Turismo. Universidade Federal do Maranhão/São Bernardo. E-mail:
jose.messias@discente.ufma.br
3
Doutora em Geografia (Unesp/Presidente Prudente). Docente Adjunta do Curso de Turismo da
Universidade Federal do Maranhão/São Bernardo. E-mail: tatiana.colasante@ufma.br
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

A pesquisa demonstra a importância da farinhada na região do Baixo


Parnaíba Maranhense. Tal processo é fruto de saberes tradicionais, passados de
geração para geração, tornando-se um importante elemento identitário para a
população e que pode ser utilizado também como atrativo turístico. Diante das
escassas pesquisas sobre a temática nesse recorte espacial, é necessário reforçar
que o Maranhão é um estado que possui uma vasta diversidade cultural e que deve
ser valorizado para além dos espaços da capital.
O cultivo da mandioca é muito presente nas famílias que residem nos
interiores (como chamam os maranhenses a área rural) e culmina na produção de
farinha, muito consumida no estado. Apesar de várias casas de farinha terem sido
abandonadas e/ou estarem em situação de degradação, ainda há muitas que
persistem e se tornam um ambiente vivo para compreensão das práticas e modos
de vida associados a atividade de elaboração artesanal da farinha de mandioca.
Nesse sentido, destaca-se que o turismo cultural privilegia aspectos
vinculados à memória e à identidade. São práticas que atraem o turista em função
da cultura e da educação (PÉREZ, 2009). Isso já vem acontecendo em Barreirinhas,
cidade principal de acesso ao Parque Nacional Lençóis Maranhenses, que
comercializa um roteiro para visitar as casas de farinha no povoado Tapuio, às
margens do Preguiças, principal rio da cidade (IBGE, 2018). Dessa forma, vislumbra-
se que esses processos artesanais podem contribuir para a constituição de formas
alternativas de renda quando aproveitadas para o turismo.
Segundo o IBGE (2018), o Maranhão é o segundo maior produtor de
mandioca do Nordeste, com uma produção de 1.305.850 toneladas, ficando atrás da
Bahia, que produziu 1.956.103 toneladas no referido ano. A partir de um projeto de
extensão intitulado “Comunicações em Turismo”, anualmente é veiculado o Boletim
Acadêmico de Turismo Buriti, com pesquisas que contemplam os lugares e as
gentes do interior maranhense. Em sua terceira edição, o Buriti trará como tema a
farinhada, que está ligada ao processo histórico do próprio país, tanto é que a
farinha é registrada como patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN).

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

A pesquisa é de caráter qualitativo e exploratório (GIL, 2002), uma vez que o


tema necessita de maior exploração teórica e empírica no Baixo Parnaíba
Maranhense. Os procedimentos metodológicos utilizados foram pesquisa
bibliográfica e registro fotográfico das casas de farinha e processo produtivo. Como
a pesquisa ainda está em andamento, destaca-se que o estudo apresentado é
relacionado a apenas um município, São Bernardo. Além disso, estão sendo
aplicados questionários via Google Forms, com moradores da região, para
compreender melhor as especificidades em torno da produção da farinhada e
registro fotográfico em casas de farinha.

2 DA MANDIOCA À FARINHADA: PROCESSOS PRODUTIVOS

Guimarães (2006) considera que a mandioca se destaca entre as plantas


cultivadas pelos povos originários como importante fonte de carboidrato por área e
de fácil cultivo até mesmo em solos pobres de fertilidade. Além disso, apresenta
uma grande capacidade de se regenerar, se adaptar ecologicamente e possibilidade
de ser mantida no solo durante um longo período, podendo ser colhida quando
necessário.
A farinhada é um processo que visa a transformação da mandioca em farinha
para consumo. Segundo Gomes (2019), as casas de forno são os locais onde
acontecem a primeira etapa de beneficiamento das raízes da mandioca e onde
estão os instrumentos utilizados durante as próximas etapas. Como a produção é
coletiva, geralmente envolvendo famílias inteiras, trata-se também de um espaço de
sociabilidade e simbolismo, ou seja, um lugar de memória para a população, pois
trazem marcas, que às vezes não se podem apagar na lembrança e no próprio
corpo, que também podemos considerar uma ferramenta importante, neste processo
produtivo.
A transformação da mandioca em alimento tem um importante significado
histórico e social, incluindo relações sociais, representações simbólicas
significativas, valores culturais e relações econômicas. De acordo com Zuin (2008, p.
116), os alimentos são partes indissociáveis da sociedade, constituindo-se em “[...]

25
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

patrimônio cultural de um país, de uma região ou localidade, [a partir de]


manifestações simbólicas ou sígnicas próprias de um grupo ou cultura”.

3 FARINHADA NO BAIXO PARNAÍBA MARANHENSE

A região do Baixo Parnaíba Maranhense localiza-se ao leste do estado e


compreende os municípios de São Benedito do Rio Preto, Urbano Santos, Belágua,
Chapadinha, Mata Roma, Anapurus, Brejo, Buriti, Santa Quitéria do Maranhão, São
Bernardo, Milagres do Maranhão, Magalhães de Almeida, Santana do Maranhão,
Água Doce do Maranhão, Tutóia e Araioses (AZEVEDO, DANTAS, FARIAS, 2016).
Em muitos municípios, é possível verificar produtos feitos com a mandioca:
farinha e goma com a qual se fazem beijus e tapiocas de forno, grolados, bejú sica e
a própria bebida Tiquira (aguardente). A casa de farinhada (Figura 1) é o que
podemos chamar de "lugar de memória" na vida dos moradores, perpassando as
relações de trabalho, mas envolvendo uma relação com os símbolos que surgem
nesse processo como as ferramentas, os utensílios e as conversas que entretêm
quem está na lida. Para Cascudo (1983, p. 405) é “[...] inútil pensar que o alimento
contenha apenas os elementos indispensáveis à nutrição. Contém substâncias
imponderáveis e decisivas para o espírito, alegria, disposição criadora, bom humor”.

Figura 1 – Processo produtivo da farinhada

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Fonte: Acervo pessoal dos autores (2022)

A produção de farinha envolve vários processos. Em São Bernardo, observa-


se que em muitas casas de farinha existe a colheita da mandioca, a raspagem e a
lavagem. Posteriormente é triturada, prensada e em seguida esfarelada. A próxima
etapa é torrar, peneirar e secar a farinha. Para promover a continuidade da produção
artesanal são necessários meios para valorizar a farinhada em seus múltiplos
saberes comunitários.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que toda atividade turística envolve algum elemento cultural ou


natural que desperte o interesse do turista. No Maranhão, o cultivo da mandioca é
uma atividade que carrega importância social porque reúne um grupo de
trabalhadores e produtores que mantêm laços tradicionais e familiares. A mandioca
é cultivada em todo o território maranhense e suas raízes são processadas
principalmente para fabricação da farinha comestível, cujo produto é parcialmente
consumido nas unidades domésticas e o restante vendido nos mercados locais e
regionais. No entanto, sua raiz também é utilizada para consumo humano na forma
de amido e diversos produtos culinários.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

As casas de farinhada podem se tornar um atrativo no Baixo Parnaíba


Maranhense porque evidencia práticas artesanais, podendo até ser utilizado para o
turismo de experiência, no qual os turistas podem acompanhar e participar de todo o
processo de produção da farinha.

Palavras-chave: Farinhada; Memória; Cultura; Baixo Parnaíba Maranhense.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, James Ribeiro; DANTAS, Jussara Silva; FARIAS, Maryzélia Furtado de.
Análise sobre a política territorial no Baixo Parnaíba–MA. São Luís: EDUFMA,
2016.
CASCUDO, Câmara. História da Alimentação no Brasil. São Paulo: Edusp, 1983.
GOMES, Cloves da. Vamos lá pra casa de forno? A produção da farinha de
mandioca no povoado palmeiras, no município de São Bernardo – MA. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Humanas/Sociologia). Universidade
Federal do Maranhão, São Bernardo, 2019.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
GUIMARÃES, Francisco Alfredo Morais. Cultura da mandioca no Brasil e no mundo:
um caso de roubo da história dos povos indígenas. Encontro Estadual de História, 8,
Feira de Santana, Anais...2016, p. 1-11.
IBGE. Produção artesanal de farinha vira roteiro turístico no Maranhão. 2018.
Disponível em: < https://censos.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/19928-
producao-artesanal-de-farinha-vira-roteiro-turistico-no-maranhao.html>. Acesso em
07 out. 2022.
PÉREZ, Xerardo Pereiro. Turismo Cultural: uma visão antropológica. El Sauzal
(Tenerife. España): ACA y PASOS, RTPC, 2009.
ZUIN, Luís Fernando Soares. Produção de alimentos tradicionais contribuindo para o
desenvolvimento local/regional e dos pequenos produtores rurais. Revista
Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 4, n. 1, p. 109-127, jan-
abr/2008, Taubaté, SP.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

POLÍTICAS DE ESPORTE E LAZER DENTRO DA


UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA

Kelen Bruna De Oliveira Cunha 1


Mailson Sampaio Do Nascimento 2
Maria Adriana S. B. Teixeira 3
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Projeto aborda informações sobre as políticas de lazer dentro da
Universidade do Estado do Amazonas, visando os alunos como ferramentas para o
esporte. A análise se baseia em atividades extracurriculares e/ou por simples forma
e lazer, tendo em vista o bem estar da comunidade acadêmica. Diz-se que o
“esporte universitário é um fenômeno social que supre as necessidades de
intercâmbio e integração física, cultural e social dos universitários” (HATZIDAKIS,
1993). A Universidade do estado do Amazonas é uma instituição autônoma em
relação à política educacional que tem como missão:

“Promover a educação, desenvolver o conhecimento científico,


particularmente sobre a Amazônia, conjuntamente com os valores éticos
capazes de integrar o homem à sociedade e de aprimorar a qualidade dos
recursos humanos existentes na região em que está inserida.’’
(UEA.GOV.BR, 2022)
Partindo do princípio que o lazer se configura como uma via de emancipação,
vivenciada no tempo livre, com grande potencial de formação e educação humana, e

1
Acadêmica do curso de Turismo Universidade do Estado do Amazonas – UEA. Graduada em
Administração na Escola Superior de Ciências Sociais, UEA. Especialista em Gestão Pública pela
Univrsidade Federal do Amazonas – UFAM. Kelenbruna1@gmail.com
2
Graduando em Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Manaus, AM;
http://lattes.cnpq.br/2699549654147423; msdn.tur19@uea.edu.br
3
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa - UDE e reconhecida pela Universidade do
Estado de Santa Catarina - UDESC; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul - UCS;
Especialista em Metodologia da Pesquisa pelo Centro Universitário do Norte e Professora do curso
de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus, AM; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7305750465493497 ; E-mail: msteixeira@uea.edu.br
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

que a universidade enquanto instituição social, em meio a inúmeros conflitos de


interesse também elegem prioridades as quais são expressas na definição de sua
missão e na elaboração de suas políticas institucionais e de suas metas a serem
alcançadas. Diante disso faz-se os seguintes questionamentos: Como o esporte e o
Lazer são apresentados dentro da Universidade do Amazonas? Qual o papel
da Universidade no que tange a políticas de esporte e lazer?
Em 1988, com a formulação da Constituição Federal Brasileira o esporte
tornou- se um direito do cidadão devendo ser estimulado pelo Estado. Isso posto,
um dos grandes benefícios que tal dispositivo possibilitou foi o entendimento das
modalidades esportivas abrangerem além da prática esportiva convencional, como
também, a prática recreativa e de lazer, o que o coloca no conjunto dos direitos
sociais, como bem especifica o artigo 6º da Constituição Federal. A promoção
dessas atividades dentro da universidade pode proporcionar aos discentes políticas
internas que facilitem/estimulem a prática do esporte, mesmo que de caráter
recreativo, como forma de promover o bem estar físico e mental.
Quanto aos objetivos, esta pesquisa se propõe a explorar a forma como as
práticas de esporte e lazer são apresentadas pela Universidade do Estado do
Amazonas, neste caso a Pró-Reitoria de Ensino e Extensão.

2. DEFINIÇÕES RELACIONADAS AO ESPORTE UNIVERSITÁRIO E O LAZER


Ao abordar sobre esporte, Menezes (2009) o considera como uma produção
sociocultural e econômica capaz de se adequar a diversos interesses e
necessidades, podendo ser compreendido tanto na perspectiva do esporte de alto
rendimento, como também numa dimensão formativa, institucionalmente vinculada a
ambientes de ensino, numa dimensão de saúde, sobretudo de prevenção, e numa
dimensão lúdica (apud, CASTILHO, 2020).
Já na colocação de Tubino (1999), o entendimento do esporte vai além da
questão lógica do alto rendimento, que seria o desporto definido conforme sua ação
informal. Como também aponta Castilho (2020), o esporte é um direito de todos em
três manifestações, sendo elas o desporto educacional, o desporto como lazer e o
desporto de rendimento.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

No contexto universitário, conforme destaca Starepravo (2010), essa


manifestação, assim como o esporte praticado pela sociedade já existiam em suas
instituições, antes mesmo de surgirem as primeiras regulamentações por meio do
poder público.
Corroborando com essa afirmação Marin, et al. (2009), embora o esporte
esteja inserido no contexto das instituições de ensino superior, o mesmo ainda não é
abrangido em sua totalidade, conforme é percebido dentro da UEA. Ainda
comentando a autora, dentro das instituições públicas, as atividades relacionadas ao
esporte e lazer, no geral, são apresentadas através de iniciativas de extensão, ou
seja, são em sua maioria de caráter esporádico ligadas, principalmente, aos
programas de assistência estudantil. Que Zigoni (1998) citado por Marin e Ribeiro
(2012, p. 23), define como "políticas de atividade”, onde essas atividades são
desenvolvidas através de projetos com datas pré-estabelecidas para início e fim,
deixando a continuidade dos projetos à mercê dos docentes responsáveis.

3. METODOLOGIA

A pesquisa deu-se por dois meios, sendo um por estudo bibliográfico, visando
analisar os diversos materiais já publicados, com o intuito de construir uma
discussão acerca do tema; e, a pesquisa documental buscando identificar como o
esporte e lazer são desenvolvidas para o período de ócio dentro do campus
universitários.
Entretanto fará uso do objetivo exploratório, pois será necessário descrever
essas ações no contexto das políticas apresentadas pela UEA. De acordo com Gil
(2019) e Silva & Menezes (2000), a pesquisa exploratória tem como principal
finalidade proporcionar maior familiaridade com o problema, tendo em vista a torná-
lo mais explícito ou a construir hipóteses (GIL, 2019). Já a pesquisa descritiva visa
descrever as características de determinada população, fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Assumindo, em geral, a forma de
levantamento.
O Projeto Pedagógico Institucional foi o documento para análises das
propostas, pois esse documento possui elementos relevantes para nortear as ações,
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Realização:

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03 e 04 de Novembro

suas diretrizes pedagógicas e suas atividades acadêmicas, elaboradas para


determinado período de tempo. Com parte dos estudos bibliográficos, relacionados
ao tema, foi identificado que, no âmbito universitário, as atividades principalmente de
lazer, são elaboradas como atividades de extensão, ficando a cargo dos professores
e diretos darem continuidade à elas.

Assim, a coleta de dados foi realizada principalmente por busca de


documentos em fontes secundárias. Tendo em vista que para que sejam alcançadas
as possíveis políticas públicas que abordam o tema esporte e lazer na universidade
faz-se necessários a elaboração de projetos, pretende-se buscar registros do
Programa de Extensão da UEA (PROEX) e seus projetos aprovados ao longo dos
anos da universidade

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Lazer é compreendido como uma dimensão da cultura, tempo e espaço para


a vivência lúdica de conteúdos culturais em partes críticas e criativas, o que o
caracteriza como uma esfera abrangente com profundas relações com o trabalho,
educação e família, considerando um dos elementos fundamentais para uma
melhoria de qualidade de vida (YSAIAMA, 2008). Essa afirmação pode ser
compreendida dentro do contexto acadêmico, social e econômico, tendo em vista a
melhoria da qualidade de vida associado à prática esportiva, mesmo que de forma
lúdica.
O estudo possibilitou entender como o lazer e o esporte são importantes e
necessários no meio acadêmico. O lazer é capaz de proporcionar estímulo ao bom
convívio social, ajuda a diminuir o estresse, propicia qualidade de vida e melhora o
desempenho acadêmico. Os discentes da UEA poderiam ser fortemente
encorajados a participar das atividades caso a universidade as oferecesse, o que
poderia, inclusive, estimular uma melhor integração entre a gestão universitária e a
comunidade acadêmica. Porém o que foi observado pelos resultados é que práticas
de lazer e esporte não são efetivas na universidade.

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03 e 04 de Novembro

A falta de políticas públicas pautadas para a implementação de atividades de


recreação e lazer dentro da Universidade e que tornem legítimas essas práticas não
se fazem presentes, dentro de uma totalidade e eficiência. Por muito, busca tratar
como mero componente dentro de documentos oficiais da Instituição, tendo seu
acesso ou pouco difundido ou de pouco interesse por partes dos discentes.
Dessa forma conclui-se: dentro da Universidade do Estado do Amazonas a
prática e/ou o conhecimento das atividades de recreação e lazer pensadas para o
ócio da comunidade acadêmica, em geral, não são efetivadas, mesmo se fazendo
necessário dentro da academia, pois em nenhum dos documentos analisados a
temática é apresentada de forma contundente a realização de tais atividades.
Palavras Chaves: Políticas. Esporte. Universidade e Lazer

REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Planalto.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
Acesso em 07 de abril de 2022.
CASTILHO, Michele Lobo. Política de Esporte e Lazer da UFT: Uma proposta de
diretrizes para sua construção. Orientador: Dr: Juracy da Silva Guimarães.
2020.129f. Dissertação (Mestre em Ensino em Ciências e Saúde) – Universidade
Federal do Tocantins, Palmas, TO, 2020.
GIL, Antônio Carlos. Métodos E Técnicas De Pesquisa Social - 7ªED. editora:
Atlas .(2019)
MARIN, Eliza Carolina; RIBEIRO, Gabriela Machado. Universidades públicas e as
práticas de esporte e lazer. Universidade Federal de Santa Maria, RS. 2012.
RIBEIRO, Sheylazarth Presciliana. O lazer na política pública do esporte: Uma
análise do programa segundo tempo. Orientador: Dr. Helder Ferreira Isayama.
2012. 148f. Dissertação (Mestrado em Lazer) – Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, BH, 2012.
SILVA, E. L., MENEZES, E. M. (2000) Metodologia da pesquisa e elaboração de
dissertação. Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000, 118p.

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STAREPRAVO, Fernando Augusto; REIS, Leoncio Jose de Almeida, MEZZADRI;


Fernando Marinho; MARCHI, Wanderley. O esporte universitário no Brasil: uma
interpretação a partir da legislação esportiva. Esporte e Sociedade. Ano 5, n.
14, 2010.
TUBINO, Manoel. O que é esporte: uma enciclopédia crítica. 2 Ed. Vol. 276. São
Paulo: Brasiliense. 1999. Coleção primeiros passos.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS. UEA 2002. Disponível em:
https://www.amazonas.am.gov.br/orgaos_entidades/universidade-do-estado-do-
amazonas-uea. Acesso em: 01 de setembro de 2022.
YSAIAMA Helder Ferreira e GOMES Christiane Luce; Nelson Carvalho Marcelino
(org.) Lazer e Sociedade, o lazer e as faces da vida. Camp

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RUÍNAS, TURISMO E PATRIMÔNIO: AS RUÍNAS DO


CONVENTO SÃO BOAVENTURA EM ITABORAÍ-RJ

Gabriela Dias Duarte 1


Valéria Lima Guimarães 2
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Itaboraí é um município do estado do Rio de Janeiro que foi fundado em 1696
e emancipado em 1833, com grandes contribuições para a história do Brasil, sendo
uma delas o Convento de São Boaventura e todo o trabalho ali desenvolvido, além
de ter sido uma das regiões mais prósperas fluminenses, devido à produção e
exportação de açúcar, mandioca, café, entre outros.
O convento São Boaventura foi construído em 1660, com objetivos religiosos.
Na época do Brasil colonial, os conjuntos e complexos arquitetônicos eram
religiosos, como conventos, igrejas e hospícios, sendo as maiores construções em
todo Brasil, uma vez que a Igreja Católica tinha importante papel na organização e
desenvolvimento da colônia, com suas ordens religiosas atuando de forma direta na
fundação de cidades e vilas, na sua organização política, administrativa e religiosa,
inclusive utilizando o instrumento da catequese (BOURDETTE, 2013).
O Convento foi tombado pelo Instituto estadual do Patrimônio Cultural
(INEPAC) em 1978, e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN) em 1980 como Patrimônio Histórico Nacional (INEPAC, s.d.).

1
Graduanda em Turismo; Universidade Federal Fluminense – UFF; Niterói - Rio de Janeiro;
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8976987787718178; E-mail: gabrieladias@id.uff.br.
2
Doutora em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, Brasil. Docente do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF),
Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: valeriaguimaraes@id.uff.br
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As ruínas do Convento devem ser preservadas pois são um patrimônio que


representa uma forma de testemunho material da história do lugar e do país e
precisam ser protegidas para não sofrerem nenhum dano além daqueles já
existentes.
Este trabalho visa apresentar o potencial turístico e valor
histórico-cultural do Convento São Boaventura como Patrimônio de
Itaboraí. A metodologia utilizada se resume em uma pesquisa bibliográfica e também
na realização de entrevistas, no intuito de embasar propostas acerca do seu
reconhecimento, preservação e valorização da localidade.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Com objetivo de conduzir a pesquisa, tonou-se como base o conceito de
turismo cultural, que, para Costa (2009), é formado por recursos culturais, materiais
que seriam originários da cultura dos próprios formadores do patrimônio. Tendo o
seu local visitado turisticamente.
E logo, posteriormente, Talavera (2009), adiciona essa questão para o
turismo histórico-cultural que consiste em uma construção, que pode abranger de
formas singulares ou não, podendo trazer reflexões sobre os locais, patrimônios e os
bens materiais. Os autores falam ainda sobre a questão cultural e histórica, que se
baseia em elementos com uma memória significativa e o turismo no caso, pode
auxiliar de diversos meios, no reconhecimento e valorização desse patrimônio.
Nesta linha de pensamento, patrimônio se refere a tudo o que pode ser
considerado como uma herança que foi deixada por gerações passadas e que
necessita de preservação para transmitir para outras gerações (UZEDO,2013).
A partir disso, suscita-se o entendimento de que as Ruínas do Convento São
Boaventura são um patrimônio histórico-cultural que necessita de valorização e
reconhecimento da localidade e também do Rio de Janeiro e do país, pois suas
potencialidades vão além da história e territorialidades locais. Também do ponto de
vista turístico as ruínas possuem forte apelo, o que pode fazer com que o patrimônio
seja reconhecido e valorizado pelas suas questões históricas, artísticas e culturais.

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Em relação as ruínas, os autores Carneiro e Guimarães (2019) corroboram


que elas representam bem mais do que aparentam ao senso comum, pois podem
ser lidas como lugares de memória, de história e de simbolismo.
Considerando as falas dos autores e as ligações entre a memória, a cultura e
os acontecimentos históricos, é fundamental reforçar a importância da preservação
do patrimônio cultural ou histórico-cultural, como também é comum se nomear.
Para viabilizar o reconhecimento e a valorização do bem cultural em questão,
acha-se necessário o desenvolvimento de projetos de educação patrimonial na
localidade, que podem ser implantados em escolas, cursos e em espaços
educativos não formais ali existentes (MELO; CARDOZO, 2015).

3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste estudo, foi feita uma pesquisa bibliográfica
para construção da base teórica e realizada pesquisa empírica, amparada em
entrevistas. Os resultados da pesquisa empírica empreendida, interpretados de
acordo com a fundamentação teórica escolhida, levam à validação da proposta e
devem indicar novos caminhos de investigações pertinentes às ruínas do Convento
São Boaventura.
Quanto à abordagem da pesquisa, buscou-se analisar a potencialidade e o
reconhecimento de um patrimônio esquecido, qual seja, as Ruínas do Convento São
Boaventura.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio de entrevistas, feitas por aplicativo de mensagens e por telefone, foi
constatado que as Ruínas do Convento São Boaventura sofrem de desvalorização e
esquecimento da localidade e dos órgãos públicos.
Além do mais, dificuldades de acesso e de mobilidades com os usos de
transportes, estão entre as queixas das pessoas que responderam e concordaram
que as ruínas podem ser utilizadas com objetivo turístico, junto com a educação
patrimonial, para melhorar a sua valorização e reconhecimento.

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03 e 04 de Novembro

Foi verificado por meio das entrevistas que as ruínas foram utilizadas para
passeios escolares, antes de ser da propriedade atual, a empresa Petrobrás, e
também para cenários de filmes e novelas, devido a sua arquitetura bela, herança e
valor histórico, que atrai visitantes. Nisso também foram achados projetos enviados
a prefeitura, com um roteiro histórico religioso no município de Itaboraí, com as
ruínas incluídas no roteiro.
Atualmente elas se encontram fechadas, sem nenhum desenvolvimento
turístico, valorização, reconhecimento e preservação das ruínas.
Dentre os respondentes, foi utilizado um grupo focal, composto por um guia
de turismo regional, um responsável educacional, um morador e também um
representante de uma instituição religiosa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As Ruínas do Convento São Boaventura, não são apenas destroços de uma


construção. Naquele local está composto um patrimônio muito rico para Itaboraí,
mas também para o Brasil, uma ruína do convento que possui um valor histórico-
cultural, artístico e simbólico que merece ser preservado, reconhecido e valorizado.
Por meio da pesquisa, foi percebido que o bem encontra-se em um território
de grande extensão geográfica, e que chama a atenção por sua arquitetura
monumental e sua história que ultrapassa gerações. Pode sim ser utilizado como um
atrativo turístico, pois suas potencialidades são altas, mas para que isso ocorra, é
necessário haver um sério planejamento que envolve a revitalização das ruínas, a
educação patrimonial e a criação de uma infraestrutura de acesso.
Em suma, as ruínas são um patrimônio repleto de histórias, heranças e
memórias que podem ser utilizadas para a população e também como um atrativo
turístico, promovendo o reconhecimento e valorização do patrimônio, através do
turismo e da educação patrimonial a serem futura e responsavelmente
implementados na localidade.

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03 e 04 de Novembro

Palavras-Chave: Turismo, Ruínas, Patrimônio Cultural, Itaboraí-RJ, Convento São


Boaventura.

6 REFERÊNCIAS

BOURDETTE; E. O legado arquitetônico conventual franciscano no Brasil. Pesquisa


e educação a distância, n°1. 2013.
CARNEIRO J. A; GUIMARÃES V. L. O Turismo em Ruínas e sua Relação com as
Categorias do Método Geográfico: uma análise a partir da Igreja de Nossa
Senhora do Rosário dos Homens Pretos em Sabará, MG, Brasil. RTA | ECA-USP | v.
30, n. 1, p. 98-116, jan. /abr., 2019.
COSTA; F. R. Turismo e patrimônio cultural: interpretação e qualificação. São
Paulo: Senac/Sesc-SP, 2009.

INEPAC. Disponível em:


>http://www.inepac.rj.gov.br/index.php/bens_tombados/detalhar/93 >. Acesso em: 04
De dez. 2021.
MELO, A; CARDOZO, P. F. Patrimônio, turismo cultural e educação patrimonial.
Educ. Soc. Campinas, v. 36, nº. 133, out.-dez, 2015.
PAOLI, M. C. P. M. Memória, história e cidadania: o direito ao passado. Direito à
Memória: Patrimônio Histórico e Cidadania. Tradução . São Paulo: Departamento
do Patrimônio Histórico, 1992.
TALAVERA, A. S. Antropologia do Turismo: analogias, encontros e relações. São
Paulo: Aleph, 2009.
UZEDA; H.C. Turismo e patrimônio. v1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2013.

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Análise De Uma Melhor Incorporação Da Cultura Do


Amazonas Na Arquitetura E Gastronomia Dos Hotéis De
Rede Atuantes Na Cidade De Manaus.

Lia Marcia Silva De Souza 1


Nicete Janaina Da Silva Ramos 2
Vinícius Sávio Alves de Oliveira 3
Vittória Helena Tasca da Silva 4

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O anseio pela busca de falar sobre este tema surgiu da necessidade de expor
e destacar a cultura amazônica. Como sabemos, os hotéis são a primeira imersão
do turista em qualquer cidade que se visite e é plausível e importante que estes
manifestem em sua estrutura em geral, a cultura do local em que se encontram.
Diante disso, propõe-se falar sobre o quanto a chegada de hotéis de fora
modificaram a colocação da cultura amazonense, por conta da arquitetura usada e

1
Discente de Turismo na Universidade do Estado do Amazonas. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3578102552796275; E-mail: lmsds.tur20@uea.edu.br.
2
Discente de Turismo na Universidade do Estado do Amazonas. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8896079661212096; E-mail: njds.tur20@uea.edu.br
3
Discente de Turismo na Universidade do Estado do Amazonas.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6042627853922693; E-mail: vsado.tur20@uea.edu.br
4
Discente de Turismo na Universidade do Estado do Amazonas. Lattes: E-mail:
vhtds.tur20@uea.edu.br
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03 e 04 de Novembro

da culinária apresentada, fatores que são imprescindíveis para a visibilidade do


lugar.
2 DESENVOLVIMENTO
A origem dos hotéis de rede na Cidade de Manaus se deu por volta de 1950 e
início dos anos 1960, quando o local enfrentava o fim do ciclo da borracha, pois já
sem perspectiva de aposta no extrativismo, a capital amazonense começou a migrar
para a industrialização como forma de fazer parte do meu comercial
nacional[...] (HOTÉIS EM MANAUS - SÉRIE 1960, 2017).

Sabe-se que em 1976, a cidade de Manaus recebeu a primeira rede de hotéis


com o Tropical Hotel, que tinha como objetivo receber grandes empresários e
turistas em geral. Desde este ano, diversas empresas também apostaram no
mercado hoteleiro em Manaus, somando atualmente, segundo o Cadastro de
Prestadores de Serviços Turísticos - CADASTUR aproximadamente 45 hotéis de
rede espalhados pela cidade (HOTÉIS EM MANAUS - SÉRIE 1960, 2017).

Para Silva e Paulino (2019, p.5), a cultura seria um instrumento que


transforma o ser individual em um grupo organizado, sendo assim:
A cultura é essencialmente um instrumento que permite ao ser humano criar
estruturas para satisfazer suas necessidades, mas que ultrapassa os limites
de uma simples adaptação à lógica do meio ambiente. Essa ação irá
sempre exigir do ser humano o senso coletivo, o que implica afirmar que a
cultura transforma indivíduos em grupos organizados.
Dardel (2011), mostra como a identidade amazônica pode ser uma
interessante inspiração para a arquitetura. Justamente porque ela (a floresta)
preenche o espaço, envolve o homem em mistério e temor (...) A floresta comunica
ao espaço sua profundidade e seu silêncio.
Quando se fala de identidade das populações amazônicas, inevitavelmente
a imagem do ribeirinho é lembrada como uma espécie de personificação
daquilo que se considera como mais típico da cultura regional. A força
dessa imagem construída no imaginário social mostra a importância do rio
para a história, a geografia e a cultura da região. (CRUZ, 2008, p. 49).
Manter e perpetuar o uso de nossas iguarias e especiarias alavanca a
divulgação da nossa cultura potencializando cada vez mais o turismo na nossa
região Brito et al. (2015):
Notamos também que ao saborear o prato de determinada região, o
visitante entra em contato com a tradição das pessoas, seja no tempero
utilizado ou no modo de preparo do alimento que é diferente do seu

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habitual, a partir disto, deixa-se em evidência algo muito importante que é o


servir. (BRITO; COSTA; SANTOS; COSTA, 2015, p. 4)
3 METODOLOGIA
A pesquisa qualitativa se faz necessária no momento, por conta da pesquisa
de campo de forma mais aprofundada. Já a pesquisa quantitativa é aplicada quando
se pede por dados estatísticos e numéricos, e é apresentada através de gráficos,
tabelas e quadros.
A presente pesquisa tem cunho não probabilístico intencional, pois não houve
delimitação do tema por meios externos, se dando a escolha do assunto única e
inteiramente dos pesquisadores do artigo.
A coleta de dados foi feita presencialmente, através de questionários de
pesquisas a três hotéis da rede da cidade de Manaus, para verificação de identidade
amazônica nos espaços, com o intuito de adquirir os resultados da pesquisa.
4 RESULTADOS
Ao analisar a motivação principal que as redes hoteleiras têm em possuir
seus hotéis na cidade de Manaus, pode ser destacado o turismo no local, a qual a
procura por hotéis em questão é maior. Observar os tipos de imersão que o hotel
proporciona aos hóspedes, é como característica primeira, que o mesmo tenha
divulgações de atrativos e eventos culturais que possam estar acontecendo na
cidade, desse modo, o hotel estimula aquele hóspede ao qual não se envolveu com
a cultura local, a conhecer um pouco mais dentro de eventos e atrativos turísticos.
Ao serem questionados, os gestores das redes hoteleiras consultadas,
expuseram que, acreditam que se forem implantadas atividades culturais dentro dos
hotéis, bem como, as comidas típicas amazônicas e maiores traços da cultura nos
hotéis, influenciaram positivamente a economia dos mesmos, portanto percebe-se
percebe-se que os hotéis possuem pelo menos 1 (um) prato típico da culinária
amazônica em seus respectivos hotéis, sendo eles em sua grande maioria, pratos
com peixes, e temperos regionais, existem também presentes, frutas e
acompanhamentos que compõem a variedade da culinária amazônica dos menus de
restaurantes dos hotéis.
Observando que em sua grande maioria, os hotéis de rede não possuem uma
arquitetura que remete a cultura local, foi questionado se o hotel teve como

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inspiração a cultura amazônica na sua arquitetura, o Hotel A relatou que por se tratar
de um hotel cuja localização é aeroportuária, e portanto, não podem ser construídos
com muitos andares, porém a sua decoração interna a traços da cultura. O hotel B
relatou que por se tratar de uma rede ao qual precisa seguir rigorosamente os
critérios já estabelecidos em outras unidades, não adotaram nenhuma característica
da cultura. E o gestor do Hotel C disse não possuir essa informação.
Ao serem questionados sobre a implementação da identidade amazônica em
seus hotéis, mais especificamente a culinária e arquitetura, os gestores dos mesmos
acreditam que a sua introdução ajuda e estimula os turistas a imersão na cultura e
ainda propaga a boa reputação do hotel.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nossa cultura e realidade devem estar inseridos e devem ser apresentados de
forma que o turista veja que temos orgulho de recebê-lo e de mostrar que nossas
raízes ainda se mantém vivas, ter a nossa arquitetura e gastronomia implantadas
dentro de um hotel no meio da cidade mudaria a perspectiva do forte estereótipo que
até hoje carregamos, conhecer nosso passado passado é imprescindível para que
haja essa desmistificação em relação aos nosso povos e nossa cultura.
Constatando, todos os resultados obtidos nesse respectivo artigo, nota-se
que os três hotéis, continham, de forma breve, apelo significativo à gastronomia
amazônica, o que, já é de suma importância para a propagação da cultura.
Percebendo-se que mesmo que superficialmente, os três hotéis averiguados nesta
pesquisa, atende no quesito gastronomia cultural, pois utilizam de ingredientes
nativos da região.
No decorrer da pesquisa, percebeu-se a precariedade na arquitetura
amazônica, observando que dos 3 hotéis abordados, 2 não apresentavam nenhuma
relação com a arquitetura, nem por traços mais simples, quanto acessórios e objetos
de artesanato da região, tanto no design e edificações dos respectivos hotéis.
Isso ocorre, porque os Hotéis de rede tem essa similaridade por padronizar
suas acomodações com o restante do mundo, o que acarreta a perda de identidade
cultural e personificação do mesmo.

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Inicialmente, as mudanças não precisam ser abruptas, na arquitetura, utilizar


na decoração dos interiores materiais nativos da região, como bambu, palhas, fibras
naturais, transmitem uma sensação de imersão à natureza.

Palavras-chave: Cultura. Identidade. Gastronomia e Hotelaria

REFERÊNCIAS

DARDEL E.(2011). O homem e a terra: natureza e realidade geográfica. Tradução


Werther Holzer. São Paulo, Perspectiva
DUARTE, Durango. Hotéis em Manaus (Série 1960). blogdodurango.com.br/, 2017.
Disponível em: https://blogdodurango.com.br/artigos/idd-hoteis-em-manaus-serie-
1960/ Acesso em:
SILVA, Elian Karine Serrão da; PAULINO, Itamar Rodrigues. AMAZÔNIA COMO
LUGAR DE CULTURAS: CONCEITOS, CONTEXTOS E CONDIÇÕES
IDENTITÁRIAS E MEMORIAIS. REVELLI, Vol. 11. Dossiê: Estudos Literários e
Interculturalidade. ISSN 1984-6576. E-201917. 2019

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RC 3 – Gestão e Sustentabilidade no Turismo

A Formação de Destinos Turísticos Religiosos – uma


Análise do Cariri Cearense 1

Izabelle Monteiro Sobreira 2


Paloma Helena da Silva 3
Mariene Cavalcante Borba de Albuquerque 4
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O turismo religioso é caracterizado pelas ações articuladas entre agentes


religiosos, empresariais, públicos e acadêmicos com o objetivo de articular práticas
de fé, como as peregrinações, caminhos santos e promessas, tornando-as em
oportunidades de negócio, podendo fomentar o desenvolvimento socioeconômico de
uma determinada região (SILVEIRA, 2007).
A atividade tem se destacado principalmente por ser um segmento turístico
popular e de fácil acesso pelos viajantes, uma vez que não necessariamente se
precisa dispor de grande poder econômico para realizar as peregrinações que são
organizadas em sua maioria pelas próprias instituições religiosas e agências de
viagem organizam pacotes que atendem as diversas classes sociais (PEREIRA et al,
2008; LIN et al., 2022).
A existência mínima de algum aspecto religioso, ou práticas culturais
religiosas, têm sido utilizadas para estimular ou facilitar o turismo (DIAS, 2003;
STEIL, 2003). Assim, construir monumentos turísticos de apelo religioso tem sido

1
O trabalho é fruto da pesquisa que vem sendo realizada pelo Projeto de Iniciação Científica da
Universidade Regional do Cariri - URCA, financiado pelo Programa Institucional de bolsas de
PIBIC/URCA-FECOP
2
Graduanda do Curso de Tecnologia em Gestão de Turismo – Universidade Regional do Cariri –
URCA
3
Graduanda do Curso de Tecnologia em Gestão de Turismo – Universidade Regional do Cariri –
URCA
4
Docente do Curso de Tecnologia em Gestão de Turismo – Universidade Regional do Cariri - URCA
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uma prática frequente no Brasil. Com isso, destinos turísticos estão cada vez mais
se tornando parecidos, desenvolvendo atrativos semelhantes, fenômeno que
despertou o interesse de pesquisa.

2 DESENVOLVIMENTO

O turismo religioso se caracteriza pela motivação espontânea da


peregrinação de devotos que acreditam na sacralidade local, e esse aspecto
sagrado é algo endógeno, que surge por meio de uma construção social, mas
também vem sendo implantado por meio de um comportamento de imitação em que
determinada localidade decide se tornar um destino turístico religioso seguindo as
iniciativas já utilizadas por destinos consolidados (PEREIRA et al., 2008).
Destinos turísticos religiosos surgem considerando valores e tradições locais,
sendo considerado como um subconjunto do turismo cultural, por expor aspectos
inerentes ao destino turístico visitado e as características que já existem e são
vivenciadas no dia a dia local (CHRISTOFFOLI, 2012).
O turismo religioso tem sido um dos nichos de mercado que mais chama
atenção devido a instalação de monumentos de símbolos religiosos, principalmente
do cristianismo católico (LIN et al., 2022).
Devido à grande procura por destinos religiosos, e seu apelo popular, os
governos têm investido no fomento ao segmento religioso, na esperança de captar
os benefícios que a atividade turística pode proporcionar a esses destinos (LIN et al.,
2022).
Esta pesquisa tem como objetivo investigar as implicações socioculturais na
formação de destinos religiosos no Cariri cearense, que buscam se associar a
destinos turísticos consolidados, sem levar em consideração se o aspecto religioso
local é fruto de uma peregrinação pré-existente.
O campo de pesquisa será os municípios cearenses que compõem o
“triangulo cearense” - Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha (os municípios de Crato e
Barbalha fazem parte da região metropolitana de Juazeiro do Norte). A cidade de

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Juazeiro do Norte é conhecida pela devoção ao Padre Cícero, figura que carrega o
mito religioso de milagreiro. A cidade possui diversos equipamentos turísticos
relacionados à devoção ao padre, como museus e um horto onde está localizada
uma estátua de 27 metros de altura, local que centraliza as peregrinações.
Recentemente, os municípios de Crato e Barbalha, localizadas em um raio de
cerca de 20km de Juazeiro, instalaram em suas mediações, estátuas no mesmo
molde da existente em Juazeiro, referenciando devoções populares como Nossa
Senhora de Fátima e Santo Antônio, respectivamente. Todos os monumentos
contam com uma infraestrutura de apoio ao redor, como barracas para venda de
souvenir, lanchonetes, estacionamento, além de locais para celebrações de missas
e orações de devotos.
A escolha do monumento na cidade de Barbalha foi motivada pela crença já
existente na localidade homenageando seu padroeiro que, desde 1928 (94 anos)
realiza a festa do “Pau da bandeira de Santo Antônio de Barbalha”.
A construção do monumento a Nossa Senhora de Fátima, que ocorreu no
município de Crato, não teve motivações de crença religiosa coletiva local, partindo
de uma promessa de cunho político baseada na crença particular de um político
local. A partir desses fatos, surgiu o questionamento a respeito da criação de
atrativos turísticos relacionados ao segmento religioso.
Esta é uma pesquisa em andamento, em que foram realizadas visitas às
romarias e aos monumentos construídos acompanhando as programações festivas,
assim como as campanhas de divulgação para atrair os romeiros/turistas a estes
locais. Também participamos de reuniões realizadas pelo trade turístico das três
localidades, juntamente com o SEBRAE, com o objetivo de desenvolver os planos
de marketing de cada destino.
Aliado a estas ações, um levantamento e análise de literatura tem sido
realizado, a fim de compreender e articular fundamentos teóricos advindos do
Turismo - Gestão de Destinos Turísticos e Turismo Religioso e das Ciências Sociais
– Formação histórica de romarias e devoção popular. As ações futuras visam
realizar pesquisas documentais em mídias sociais, e também entrevistas

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

semiestruturadas com atores locais responsáveis pela gestão do turismo no campo


de estudo elegido.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Planejadores e gestores do turismo têm focado nas expectativas dos viajantes


para desenvolver planos de turismo, e, baseando-se nos possíveis públicos, e em
destinos que demonstram uma maior aceitação, criam atrativos turísticos
semelhantes. O potencial do turismo religioso tem sido bem compreendido, no
entanto, seu planejamento tem focado apenas na possibilidade de benefícios
econômicos sem avaliar seus fundamentos e reais possibilidades de
desenvolvimento.
Um dos resultados da pesquisa é contribuir com a formação profissional de
gestores turísticos na elaboração de políticas públicas mais eficazes no sentido de
desenvolver destinos turísticos que possuam características subjacentes aos locais,
evitando implementar planos baseados em outros locais que possuem aspectos e
atrativos próprios.
Outro resultado esperado é a contribuição teórica que o estudo busca
alcançar, fortalecendo dimensões acerca do conceito do segmento turístico religioso,
verificando quais dimensões são de fato relevantes para sua caracterização. Este é
um segmento que por si só apresenta peculiaridades e o estudo visa evidenciar
essas características a fim de delimitar melhores estratégias para conceber e
promover produtos turísticos mais adequados a este público.

Palavras-chave: Turismo Religioso, cariri cearense, Romaria, Juazeiro do Norte.

REFERÊNCIAS

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

CHRISTOFFOLI, A. R. Turismo e religiosidade no Brasil: uma análise das


interpretações dos teóricos e autores da área do turismo sobre deslocamento
e consumo em santuários católicos. Tese de doutorado Univali. 2012.

DIAS, Reinaldo. O Turismo Religioso como Segmento do Mercado Turístico. In:


DIAS, Reinaldo; SILVEIRA, Emerson J. S. (org.). Turismo Religioso: ensaios e
reflexões. Campinas, SP: Editora Alínea, 2003.

LIN, H. L.; LIN, F. S.; LIU, S. W.; LIU, Y. C. How Religious Destinations Innovate
Tourism Models in Religious Personalization: An Evidence from Contemporary
Art-Temple Collaboration. Sustainability, v 14, n 5, 2022.
PEREIRA, T. M., COSTA, L. C. D., SANTOS, J. R. A. D., & RIBEIRO, R. P. Turismo
religioso: análise e tendências. Seminário da Associação Nacional de Pesquisa de
Pós-Graduação em Turismo, 5, 1-13, 2008.
STEIL, C. A. Peregrinações, romarias e turismo religioso: raízes etimológicas e
interpretações antropológicas. In: ABMANSSUR, E. S. (Org.). Turismo religioso:
ensaios antropológicos sobre religião e turismo. Campinas: Papirus, p. 29-52,
2003.
SILVEIRA, E. S. Turismo religioso no Brasil: uma perspectiva local e global. Turismo
em Análise, v. 18, n. 1, p. 33-51, 2007.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Planejamento urbano em prol da comunidade local:


perspectivas para um turismo responsável em Luzilândia,
Piauí

Carlos Antonio Lima de Jesus 1


Carolina Vanessa Santos da Silva 2
Tatiana Colasante 3

Luzilândia localiza-se na região do Baixo Parnaíba piauiense com cerca de 25 mil


habitantes e que se desenvolveu às margens direita do Rio Parnaíba, sendo uma
das cidades mais prósperas economicamente do estado (CARVALHO, 2018;
COSTA, 2013). O objetivo da pesquisa foi verificar as alterações socioespaciais
ocorridas no município em decorrência de investimentos públicos nos últimos dois
anos na área do turismo e da cultura. Para isso, foi realizado um trabalho de campo
em outubro de 2022 para observação da paisagem, conversa com os gestores
municipais e registro fotográfico. Conclui-se que os investimentos têm buscado a
inserção da comunidade local nos projetos, como a oferta de roteiros de educação
patrimonial para as escolas, ampliação dos espaços públicos de lazer em áreas
periféricas, refuncionalização de casarões antigos, revitalização da orla e construção
de um museu. Com isso, observa-se um planejamento urbano em consonância com
a melhoria da qualidade de vida dos residentes, o que evidencia aspectos que
podem colaborar para o desenvolvimento do turismo responsável (GABRIELLI,
2015).
Palavras-chave: Planejamento urbano, Luzilândia - PI, Cultura, Turismo.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Kayo Cesar Sousa Brito de. Parque das Carnaúbas. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). Teresina:
Uninovafapi, 2018.
COSTA, Jhon Kennady. História e memória de uma Cidade-beira: entre o fluvial e o
terrestre no espaço socialmente compartilhado de Luzilândia (1960-1980). In:
Simpósio Nacional de História, 27, Anais...Universidade do Estado de Santa
Catarina, 2013.

1
Graduando em Turismo. Universidade Federal do Maranhão/São Bernardo. E-mail:
carlos.alj@discente.ufma.br
2
Graduanda em Turismo. Universidade Federal do Maranhão/São Bernardo. Email:
vanessa.carolina@discente.ufma.br
3
Doutora em Geografia (Unesp/PP). Docente Adjunta do Curso de Turismo da Universidade Federal
do Maranhão/São Bernardo. E-mail: tatiana.colasante@ufma.br
50
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

GABRIELLI, Cassiana Panissa. Turismo responsável: caminhos possíveis? Revista


de Turismo Contemporâneo, n. 5, .v. 1, 2015, p. 81-97.

FTI e o turismo no Amazonas: a importância do uso de


dados no planejamento turístico

Ana Marta Cardoso Soares 1


Márcia Raquel Cavalcante Guimarães 2
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Planejar e gerenciar a atividade turística não é tarefa fácil. O turismo ocorre a
partir do trabalho conjunto de diversos agentes, entre eles o poder público e
iniciativa privada, que passam a ser detentores primários dos dados gerados pela
atividade. De acordo com Buhalis (2000) apud Santos & Pinheiro (2019) o turismo
possui dados distintos e desordenados, necessitando, portanto, de gerenciamento
das informações compartilhadas por cada um desses agentes.
O tratamento e análise desses dados é primordial para todas as etapas do
planejamento e principalmente para as tomadas de decisões pelas entidades
envolvidas. Quando concerne à utilização de um recurso público no
desenvolvimento do turismo, por exemplo, aplicar o recurso de forma inteligente
requer conhecimento prévio do destino e suas particularidades, pois cada destino
possui seu sistema e elementos turísticos próprios (MARÍA et al., 2015).
Para que cada destino, considerando suas especificidades, possa alcançar
avançados processos de gestão da atividade, os gestores precisam de informações
adequadas que os possibilitem compreender as necessidades e demandas atuais do
turismo. Os observatórios de Turismo, portanto, têm desempenhado atuação como
agente de gestão responsável pelas pesquisas estatísticas que geram indicadores
turísticos, estudos que trazem dados analisados e traduzidos para uma linguagem

1
Aluna de graduação em Turismo da Universidade do estado do Amazonas (UEA). Bolsista do Observatório de
Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/1160278581357938.
Email: amcs.tur19@uea.edu.br.
2
Professora doutora no Curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas, Coordenadora do
Observatório de Turismo da UEA. Lattes: http://lattes.cnpq.br/3690480711773055. Email:
mguimaraes@uea.edu.br.
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

de fácil entendimento e que podem contribuir para o planejamento de cada destino


estudado. Portanto, de acordo com esse estudo realizado pelo Observatório de
Turismo da UEA, de que forma foram aplicados os recursos provenientes do FTI no
turismo amazonense durante 2011 a 2021? Para chegar aos resultados, a pesquisa
que deu origem a este trabalho foi qualitativa, bibliográfica e descritiva, com busca
em artigos científicos e estudos publicados por observatórios de turismo.
Neste trabalho, será apresentado como o estudo realizado é uma importante
análise de dados que poderá contribuir para o planejamento do turismo e em como
ele é aplicado pela Empresa de Turismo do Amazonas (Amazonastur) no
desenvolvimento da atividade turística do Amazonas.

2 OBSERVATÓRIO DE TURISMO DA UEA E O ESTUDO DO FTI

O Observatório de Turismo da UEA

Os observatórios de Turismo contribuem efetivamente com o planejamento e


gestão do turismo por obter dados, avaliar e acompanhar como tem ocorrido a
atividade turística nos destinos. De acordo com Mtur (2018) apud Santos & Pinheiro
(2019),
Um observatório de turismo tem entre os seus objetivos o acompanhamento,
observação, coleta, tratamento, análise, geração e monitoramento de dados
e informações sistemáticas e padronizadas sobre atividade turística em
distintos níveis administrativos regional, estadual e municipal. (MTUR, 2018
apud SANTOS & PINHEIRO, 2019, p )

O observatório de Turismo da UEA, portanto, como “uma instância de


pesquisa que tem por finalidade a criação de uma base sólida de informações para o
monitoramento estratégico e sistemático da atividade turística no Estado do
Amazonas” (Observatório de Turismo da UEA, s.d) tem atuado como instrumento de
inteligência por realizar inúmeras pesquisas como indicadores, boletins, relatórios e
estudos com dados do turismo em todo o Amazonas.
O observatório também tem contribuído em pesquisas de âmbito nacional
juntamente à Rede Brasileira de Observatórios de Turismo – RBOT, da qual faz
parte. Para a realização das pesquisas, incluindo a pesquisa objeto deste resumo, o
observatório conta com pesquisadores da UEA e a Rede de parceiros
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

representantes de entidades públicas, privadas e instituições da sociedade civil.


(Observatório de Turismo da UEA, s.d).

O FTI

O FTI é um dos fundos criados pelo Governo do Estado do Amazonas com o


intuito de fomentar o turismo e outras atividades que auxiliam no desenvolvimento
do estado. Criado em 1996 pela Lei Estadual art. 13 n° 2.390, possui uma parcela de
sua arrecadação destinada à Amazonastur, para viabilização de projetos criados e
mantidos pela empresa. Todo o recurso do FTI concedido à Amazonastur deve ser
utilizado em prol do desenvolvimento da atividade.

O estudo de aplicação do FTI

Foi realizada no primeiro semestre de 2022 a pesquisa de aplicação do


recurso do FTI. Neste estudo, foi quantificada a arrecadação e despesas da
Amazonastur com o recurso e em como foi aplicado em prol do crescimento e
evolução da atividade turística amazonense.
Para essa pesquisa foram observadas todas as notas de empenho entre 2011
a 2021 disponíveis no Portal da Transparência do Amazonas e entre todas as notas
foram selecionadas apenas as referentes à fonte Recurso FTI (01600000 e
03600000). Ao todo foram contabilizadas 2.591 notas empenhadas. Foram criadas,
então, categorias de análise para que fossem verificadas as destinações finais
desse recurso. Ao todo foram 12 categorias e 15 subcategorias, entre elas constava
promoção da marca Amazonas, infraestrutura turística, despesas da sede da
Amazonastur, eventos, tributos, serviços, dentre outros.
Segundo os resultados da pesquisa, a categoria a qual foi destinada o maior
valor foi a de eventos, seguida de serviços e promoção da marca. Entre as
subcategorias, uma foi mais expressiva em relação ao uso do recurso, a
subcategoria de diárias em meios de hospedagem. Essa subcategoria tem relação
direta com as categorias Promoção da Marca Amazonas e Eventos, pois muitos

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

colaboradores da empresa a utilizaram em suas viagens de participação em eventos


cuja motivação era principalmente a para promoção do destino.
De acordo com o estudo “Aplicação do FTI no Turismo do Amazonas (2011-
2021) publicado no Portal do Observatório de Turismo da UEA, 2018 foi o ano com
maior destinação de valores para a empresa, totalizando em torno de 43,7 milhões
de reais, correspondendo a 5,16% da arrecadação total do fundo em 2018. Porém,
em 2021, apesar da maior arrecadação do FTI, apenas 0,68% do total de 1,574
bilhão de reais foi destinado ao turismo do estado, somando somente 10,7 milhões
de reais.
Portanto, compreende-se que houve a priorização de outras destinações do
recurso que não o turismo e isso explica-se, provavelmente, pelo impacto causado
pela covid-19 no setor da saúde pública. No entanto, o turismo tem tentado retomar
a sua normalidade e precisará ter uma gestão inteligente para melhor aplicação dos
recursos, principalmente devido aos baixos valores destinados para
desenvolvimento da atividade.
Com o resultado da pesquisa e a quantificação do uso do recurso por
categoria, os dados assim disponibilizados são de fácil entendimento e poderão
auxiliar a destinação dos valores às categorias de acordo com a necessidade de
cada uma, possibilitando assim tomadas de decisões mais assertivos para o pleno
desenvolvimento do turismo no Estado do Amazonas.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo do FTI foi possível somente devido à capacitação de todo o


grupo de pesquisa que juntos conseguiram verificar o empenho de 6.509, em um
recorte temporal de 10 anos (2011-2021), para assim selecionar, classificar e
analisar as 2.547 referentes à fonte do FTI. Entre o grupo de pesquisa que participou
deste estudo há a coordenadora, professora e Dra. Márcia Raquel Cavalcante
Guimarães, a vice-coordenadora Maria Helena da Fonseca, e os demais
pesquisadores que compõem o observatório, que com muita habilidade conduziram

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

a pesquisa, a análise dos resultados e apresentação destes para a presidência da


Amazonastur.
A apresentação dos dados se deu via live no Youtube em maio de 2022 com
a participação de representantes do trade e do poder público. Os resultados da
pesquisa tiveram boa aceitação, sendo a pesquisa e a equipe elogiadas. Esse
estudo está acessível para todo o público interessado, corroborando assim com a
transparência quanto ao uso desse recurso público.
Na Semana de Turismo da UEA, em setembro, ocorreu uma roda de
conversa que unia um representante do poder público e um empresário do setor. Em
meio a roda de conversa, foi afirmado pelo representante do trade que o recurso do
FTI era utilizado por todos os setores, menos o turismo. Em posse dos dados
presentes no relatório final do estudo, foi possível esclarecer que há sim o uso do
recurso em prol do turismo, desmistificando opiniões sem fundamento que poderiam
comprometer a seriedade do trabalho da Amazonastur e o entendimento por parte
dos discentes presentes. Desse modo, os dados que dão origem a estudos seguem
criando fundamentação para planejamento e gestão da atividade turística.

Palavras-chave: dados, recurso público, planejamento turístico.

REFERÊNCIAS

GUIMARÃES, M.R.C; FONSÊCA, M.H.S. (Org). Aplicação do FTI no Turismo do


Amazonas (2011-2021). Manaus: Universidade do Estado do Amazonas, 2022.
Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1aEo6xAyDlkuRAm1e-
OO1Bd7LO5TsJy-_/view>. Acesso em: 09 out 2022.

MARÍA, A. ET AL. Los Destinos Turísticos Inteligentes en el marco de la


Inteligencia Territorial: conflictos y oportunidades. Disponível em:
<https://rua.ua.es/dspace/bitstream/10045/
52102/1/Investigaciones_Turisticas_10_01.pdf>. Acesso: 09 out 2022.

OBSERVATÓRIO DE TURISMO DA UEA. Quem somos? Disponível em:


<https://observatur.uea.edu.br/quem-somos/>. Acesso em: 09 out. 2022.

SANTOS, S. R. DOS; PINHEIRO, T. M. Instrumento de inteligência turística e


tomada de decisão: o caso do Observatório do Turismo do Maranhão. Revista
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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Cenário, v. 7, n. 12, p. 10–24, 30 jul. 2019. Disponível em:


<https://periodicos.unb.br/index.php/revistacenario/article/view/25543/23190>.
Acesso em: Acesso em: 09 out. 2022.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC),

Stakeholders e Mobilidade Corporativa

Daiane Garcia Correa Lopes

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A pesquisadora é aluna da Universidade Anhembi Morumbi e
cursa Bacharelado em Turismo. Iniciou em julho um estágio na empresa Omnibees
na área de customer success e percebeu lacunas no conhecimento já adquirido tais
como tecnologia aplicada a turismo, mobilidade corporativa, eventos corporativos
e stakeholders.
A partir desta identificação elaborou-se o problema de pesquisa: “por que
as inovações tecnológicas nas empresas que oferecem serviços de
mobilidade corporativa para diferentes stakeholders ganharam relevância durante e
após a pandemia?”. A presente pesquisa é motivada pelas necessidades de TIC
para
diferentes stakeholders, e tem como objetivo o levantamento bibliográfico
para a preparação de marco teórico que respaldará um estudo de caso sobre a
Omnibees – maior empresa de tecnologia para Hotéis da América Latina – a ser
realizado em futuro próximo.

2 METODOLOGIA

Como método de pesquisa, foi adotada uma investigação empírica de


caráter exploratório para um melhor entendimento sobre TIC aplicada a turismo,
stakeholders e mobilidade corporativa que segundo Wada (2009) abrange viagens
corporativas, eventos empresariais e incentivos.
Fez-se um levantamento bibliográfico no Google acadêmico e EBSCO, com
a seleção de publicações em periódicos científicos e livros além da visita aos
sites Omnibees, FOHB, ALAGEV, ABRACORP e MCI-GROUP.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Cada vez mais os clientes corporativos apresentam exigências


querendo segurança, comodidade e tecnologias que melhorem suas experiências.
Com isso, os fornecedores precisam aumentar a competitividade, sendo assim, tem-
se a necessidade de inovar e incrementar o uso da tecnologia, pois com ela a
mobilidade corporativa avança e ganha melhorias como agilização de processos,
aumento da produtividade, maior flexibilidade, fatores diferenciais etc.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

TECNOLOGIA
O conceito para a palavra tecnologia é amplo e será utilizada
aquela apresentada por FERREIRA (1993): “Etimologicamente, a palavra tecnologia
provém da palavra latina techné, e significa um "conjunto de conhecimentos,
especialmente princípios científicos, que se aplicam a um determinado ramo de
atividade.” Que a tecnologia está sempre em evolução não é novidade, ela permite
transmitir informações variadas para qualquer pessoa, facilita a comunicação,
agiliza processos entre outros benefícios.
Nesta pesquisa aborda-se o uso da tecnologia na área de turismo de
negócios, que segundo Wada (2009):

Turismo de negócios é o conjunto de atividades que resultam em viagens


sob a responsabilidade de uma pessoa jurídica – empresa, órgão público,
entidade de classe ou ONG – que absorve todas as despesas previstas em
sua política de viagem e se preocupa com outros aspectos como
segurança, saúde e bem-estar do viajante, com intenção de garantir sua
produtividade enquanto esteja fora de seu local habitual de trabalho.
(WADA, 2009, p. 215).
À medida que as tecnologias avançam, as empresas precisam implantar
novas estratégias a fim de permanecerem no mercado.

STAKEHOLDERS
A origem da palavra stakeholders foi mencionada por Freeman, em seu
livro Strategic Management: A Stakeholder Approach segundo o qual “...surgiu por
volta da década de 1960 por meio de um memorando do Instituto de Pesquisas de
Stanford (SRI)” (FREEMAN, 1984, p.49). Baseado no conceito de Freeman (1984) a

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

palavra Stakeholder refere-se a um grupo ou indivíduo que pode impactar ou é


impactado pela conquista do objetivo de uma corporação.
Para ele, “Os stakeholders incluem ainda funcionários, clientes,
fornecedores, acionistas, bancos, ambientalistas, governo e outros grupos que
podem prejudicar ou ajudar a corporação e que se relacionam com a organização
em questão e entre si.” (FREEMAN, 1984). Nessa pesquisa verificaremos as
empresas que oferecem serviços de mobilidade corporativa para diferentes
stakeholders, sua relevância durante e após a pandemia e buscaremos entender o
porquê a tecnologia é importante para eles.

MOBILIDADE CORPORATIVA
Para este estudo é “o conjunto de serviços utilizados em viagens
corporativas, eventos empresariais e viagens como prêmio de incentivo, que as
organizações fazem e com isso são responsáveis pelo funcionário e suas
despensas.” (Wada et al., 2014).
Devido à necessidade das organizações em deslocar seus profissionais,
tanto nacionais como internacionais, o viajante - funcionário - tem seus custos de
viagem pagos pela empresa, incluso companhias aéreas, locadoras de automóveis,
hotéis e outros tipos de serviços. São de responsabilidade do viajante corporativo
durante essa viagem, fechar negócios, participar de treinamentos, reuniões,
participar de eventos corporativos etc.
Viagens corporativas têm importante representatividade no cenário
brasileiro, de acordo com o LVC – Levantamento das Viagens Corporativas, da
FecomercioSP em parceria com a ALAGEV (Associação Latino-Americana de
Gestão de Eventos e Viagens Corporativas), os gastos com mobilidade corporativa
em abril de 2022, as viagens corporativas geraram um faturamento de R$ 7,8
bilhões de reais, quatro vezes mais do que abril de 2021.
Nos meses seguintes, fevereiro e maio, o faturamento foi de 5,4 bilhões
de reais, 143,7% de crescimento em relação a igual período de 2021, quando o
valor havia sido de R$ 2,2 bilhões e de R$ 8,57 bilhões, crescimento de 171,7%
na comparação com igual período do ano anterior. Entende-se que a
mobilidade corporativa representa uma grande geração de receita para o país.
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Houve revisão de leitura e análise para as palavras-chave
stakeholders, mobilidade corporativa e tecnologia. Ambiciona-se aprimorar o
conhecimento do percurso de pesquisa bem como contribuir para a melhor
compreensão da inserção de tecnologia em negócios de turismo.
Pretende-se prosseguir com uma investigação empírica de caráter
exploratório com o estudo de caso de Omnibees para um melhor entendimento
sobre tecnologia aplicada a turismo, stakeholders e mobilidade corporativa.
Serão analisados dois pontos, primeiro, como a tecnologia da Omnibees –
maior empresa de tecnologia para Hotéis da América Latina – ajuda o gestor
de mobilidade corporativa, e segundo, identificar tendencias em eventos
corporativos e viagens de incentivo. Será preparado o protocolo com base em Yin
(2015) para realizar o estudo de caso da Omnibees, que incluirá observação
participante com registro em diário de pesquisa da pesquisadora e realização de
entrevistas semiestruturadas com gestores de contas da empresa escolhida e de
empresas clientes.

Palavras-chave: Tecnologia, Stakeholders, Mobilidade Corporativa.

REFERÊNCIAS

BOZZOLI, L.; SILMARA, A.; S. ANÁLISE DO EFEITO DA PANDEMIA NO


SETOR DE TURISMO. Disponível em: Acesso em: 30 maio 2022.

CONHEÇA o FOHB. Disponível em: https://fohb.com.br/conheca-o-fohb/.


Acesso em: 03 ago. 2022. D’AUREA, A.; MEIRIÑO, M. J.; MACKE, J. Turismo
Responsável: proposta de framework a partir da experiência do serviço social do
comércio no Brasil. Turismo - Visão e Ação, v. 24, n. 1, p. 69–91, 2022. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/tva/a/5XbGXTmJf7S48CnnhBPHfgK/abstract/?lang=pt.
Acesso em: 13 jul. 2022.

GUIZI, Alan Aparecido; WADA, Elizabeth Kyoko; GÂNDARA, José Manoel


Gonçalves. Stakeholders, eventos corporativos e hospitalidade: Estudo de
casos múltiplos em Bourbon Hotéis e Resorts. RITUR-Revista Iberoamericana de
Turismo, v. 6, n. 1, p. 53-72, 2016. Disponível em:

60
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

https://www.seer.ufal.br/index.php/ritur/article/view/2095. Acesso em: 21 agosto


2022.
WADA, E. K.; GUIZI, A. A.; SANTOS, A. F. L. DOS; MENESES, L. A. DE.
Mobilidade corporativa: estudo de casos múltiplos: Carlson Wagon Lits, Alatur e
Tour House (São Paulo, Brasil). Revista Turismo & Desenvolvimento, v. 3, n. 21/22,
p. 61-71, 1 jan. 2014. Disponível em:
https://proa.ua.pt/index.php/rtd/article/view/11961. Acesso em 20 agosto 2022.

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03 e 04 de Novembro

RC 4 – Turismo, Meio Ambiente e Gestão Ambiental

Dialogando em Torno do Turismo, da Produção Orgânica e


da Agroecologia

Laura Paludo Biffi 1


Susana de Araujo Gastal 2
Ana Maria Costa Beber 3
1 CONSIDERAÇÕESINICIAIS
Neste estudo, buscam-se aproximações entre as questões que envolvem a
produção e consumo de alimentos orgânicos provenientes da agricultura familiar e o
turismo. Para tanto, o olhar da pesquisa se concentra em Canela e Gramado,
cidades conurbadas, localizadas na principal região turística do Rio Grandedo Sul, a
Serra Gaúcha. O turismo nestas cidades, antes reconhecido pelas paisagens
naturais, atualmente se destaca pelas ofertas urbanas no ranking brasileiro, com
praticamente 90% de sua economia proveniente da atividade turística, conforme
descreve o Sindicato de Hotelaria (2022).
Os espaços rurais de Gramado e Canela estão ligados à agricultura familiar e
à policultura. Contudo, Canela, pelo seu relevo, dispõe de área de campo
pertencente à região dos Campos de Cima da Serra, marcada por grandes
propriedades e produção ligada ao reflorestamento e a madeireiras, à pecuária e
adentrando na produção de soja. Em ambas as cidades, as áreas rurais estão
passando por processos de pressão imobiliária, especialmente a favor do turismo.
No diálogo com o urbano, a Feira Ecológica e Cultural de Canela, organizada pelos
produtores locais, inclui atividades culturais e artísticas. O município de Gramado
realiza a Feira Orgânica da Praça das Etnias, criada pela Associação dos
Produtores Orgânicos do município e tem como critério a certificação dos produtos
ofertados pela rede Ecovida.

1
- Acadêmica de Hotelaria, Universidade de Caxias do Sul. Bolsista CNPq de Iniciação Científica.
2
- Doutora. Professora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade - UCS.
3
- Pesquisadora voluntária no Turismo e Gastronomia (PPPGTUR/UCS).
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Importante destacar que o presente tema está inserido no grupo de pesquisa


ligado ao “Turismo e Gastronomia” (PPPGTUR/UCS), com participação de bolsistas
de iniciação cientifica.

2 CAMINHOS DA PESQUISA
O método de pesquisa proposto para este debate é a História Oral, que
permite uma aproximação com atores sociais envolvidos na cadeia produtiva de
alimentos orgânicos em Canela e Gramado e sua interação com o turismo. Como
instrumento de coleta de dados utiliza-se as entrevistas abertas, tanto presenciais
como virtuais. A amostra dos sujeitos da pesquisa tem os seguintes critérios: a)
Agentes das secretarias de Agricultura e Turismo de Canela e Gramado; b) Agentes
da Emater/RS-ASCAR nas duas cidades, instituição que tem como papel o serviço
oficial de extensão rural ligada à agricultura familiar do Estado; c) Intermediários
entre a produção e consumo, especialmente com a empresa Verde Verso: orgânicos
+ naturais, que coloca como objetivo ser uma “Ponte entre agricultores ecologistas e
o consumidor consciente”; d) Agentes das Feiras Orgânicas de Gramado e Canela.
A pesquisa bibliográfica é utilizada como suporte teórico em torno dos
sistemas agroalimentares, especialmente as cadeias curtas de produção, a
agroecologia, a produção orgânica e o turismo. Para descrever o contexto brasileiro
da agroecologia, apoiou-se na pesquisa documental baseada na Lei 10.831 de
2003, que define as normas para a produção e a comercialização de produtos da
agricultura orgânica e sua Regulamentação e a Política Nacional de Agroecologia de
Produção Orgânica (PNAPO) em 2012, por meio do Decreto no 7.794 (SAMBUICHI,
2017). As entrevistas são gravadas e decupadas/transcritas. As variáveis de análise
dos dados são construídas tendo como base os discursos dos entrevistados e serão
apresentadas no texto final juntamente com os resultados e a análise dos dados.

3 DA REVOLUÇÃO VERDE À AGROECOLOGIA NO BRASIL

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

O recorte temporal adotado para este estudo se limita a uma descrição


simplificada dos processos agrícolas pelos quais o Brasil vem atravessando a partir
da década de 1950/60, com a mecanização das lavouras e acesso à adubação de
solo, culminando na adoção do modelo agrícola norte americano chamado
Revolução Verde na década seguinte. Este sistema de produção está baseado no
melhoramento de solo, uso intensivo de tecnologias industriais, tais como os
fertilizantes químicos, os agrotóxicos, as máquinas agrícolas de alta tecnologia, as
sementes geneticamente modificadas e a biogenética, inseridos nas cadeias longas
de produção. A partir disso, a agricultura nacional se consolidou com a
disseminação de monoculturas que passaram a alcançar alta capacidade produtiva,
transformando o Brasil em um dos maiores produtores de grãos do mundo.
Porém, este modelo não se converteu em sustentabilidade. Silva (1982) o
descreveu como modernização dolorosa, evidenciando os impactos sociais,
ambientais e econômicos da atividade. Neste cenário, tem-se na atualidade a
urgência em debater questões climáticas, de soberania alimentar e a agroecologia,
especialmente ligadas à agricultura familiar e às cadeias curtas de produção, que se
colocam como alternativas ao modelo agrícola atual, baseado nas cadeias longas de
produção. Para Caporal e Costabeber (2004),o conhecimento agroecológico se
expande por meio da socializaçãoe da troca de saberes entre as comunidades de
forma participativa, diferentemente da agricultura consolidada no Brasil, que é
promovida por meio de tecnologias.

3.1 Política Nacional de Agroecologia de Produção Orgânica

Nas últimas décadas, a agricultura familiar e camponesa brasileira tem


reivindicado a regulamentação e políticas ligadas à produção orgânica e à
agroecologia. No Brasil, a Lei 10.831, de 2003, define as normas para a produção e
a comercialização de produtos da agricultura orgânica. Com isso, foram criadas
instituições como a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Agricultura Orgânica
(CSAO), composta por membros do governo e da sociedade civil (BRASIL, 2016).
Para Aquino, Gazolla e Schneider (2017), no entanto, a lei facilitou o acesso dos

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

produtores menos capitalizados ao mercado de orgânicos, incentivando os canais de


venda direta e promovendo os circuitos curtos de comercialização, muito praticados
na agroecologia, baseando-se no princípio de justiça social. Atualmente, há dois
modelos de Certificações, por Auditoria e a Participativa (ParticipatoryGuarantee
Systems). Contudo, para os autores, a lei não foi capaz de tornar a atividade
expressiva no cenário nacional.
Como desdobramento da Lei que envolve as normas para a produção e a
comercialização de produtos da agricultura orgânica, é importante destacar o papel
das mulheres no debate das questões ligadas a agroecologia e soberania alimentar,
conforme a legislação, cujo objetivo é: “integrar, articular e adequar as diversas
políticas, programas e ações desenvolvidas no âmbito do governo federal, que
visam induzir a transição agroecológica e fomentar a produção orgânica e de base
agroecológica, contribuindo para a produção sustentável de alimentos saudáveis e
aliando o desenvolvimento rural com a conservação dos recursos naturais e a
valorização do conhecimento dos povos e comunidades tradicionais”.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao compreender a relação da política pública voltada a agroecologia e


produção orgânica nas cidades de Canela e Gramado, verificou-se que a Emater
[instância representativa da extensão rural na agricultura familiar] apoia a agricultura
orgânica a partir da demanda do agricultor e não como um projeto de
desenvolvimento da atividade. Isso reforça que não houve uma municipalização da
política pública nacional. A fala dos entrevistados reforça esta afirmação: “Em que
pese os esforços das instituições para aprimorar as normas aplicáveis aos
instrumentos de crédito, bem como capacitar técnicos e lideranças dos agricultores e
agricultoras, a ampliação do acesso ao crédito para a produção orgânica e
agroecológica permanece como um desafio para os próximos anos” (BRASIL, 2016,
p. 30).

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Contudo, percebe-se que a presença das Feiras Orgânicas nas duas cidades
é importante, mostrando a organização dos produtores e a existência de um público
consumidor. A Verde Verso, empresa que trabalha com a venda de produtos
orgânicos certificados desde 2016, na entrevista realizada relatou que trabalha com
cinco famílias de agricultores, num raio de 150 km de Canela. Eles descrevem seus
consumidores como moradores de ambas as cidades eaqueles que pertencem à
categoria de que tem segunda residência, cujo perfil é ligado ao consumo cotidiano
de orgânicos. O assunto não se esgota e outros aspectos serão abordados na
versão final.

Palavras-chave: Agroecologia, Turismo, Canela-RS.

REFERÊNCIAS

AQUINO, J.R.; GAZOLLA, M.; SCHNEIDER, S. O financiamento público da


produção agroecológica e orgânica no Brasil: inovação institucional, obstáculos e
desafios, p. 197- 228. In.: SAMBUICHI, R. H. R. et. al(Org). Brasil. A política nacional
de agroecologia e produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta pelo
desenvolvimento rural sustentável. Brasília: Ipea, 2017
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Pronaf Agroecologia. Cadernos da
Agricultura Familiar, 1. Brasília: SAF/MDA, 2016
CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia e extensão rural. Contribuições
para a promoção do desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre, 2004.
Disponível em:
http://pergamum.ifrs.edu.br/pergamumweb_ifrs/vinculos/000053/0000536c.pdfAcess
o em: 10 jun. 2022
GRAMADOTUR - SECRETARIA DE TURISMO DE CANELA. Disponível em:
https://canela.rs.gov.br/governo/turismo- e-cultura. Acesso em: 10 jun. 2022.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

SAMBUICHI, R. H. R. et. al (Org). Brasil. A política nacional de agroecologia e


produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta pelo desenvolvimento rural
sustentável. Brasília: Ipea, 2017
SILVA, J. G. da. A questão agrária no Brasil. ln: SILVA, J. G.da. A Modernização
Dolorosa: Estrutura agrária, fronteira agrícola e trabalhadores rurais no Brasil. p. 33-
43. Rio de Janeiro: Zahar,1982.
SINDICATO DA HOTELARIA, RESTAURANTES, BARES, PARQUES, MUSEUS E
SIMILARES DA REGIÃO DAS HORTÊNSIAS. Disponível em:
https://www.sindturserragaucha.com.br/. Acesso em: 18 jun. 2022.

Desafios e potencialidades para o desenvolvimento do


turismo e da educação ambiental no Jardim Botânico da
Universidade Federal de Juiz de Fora, MG

Silmara Carolina Teixeira Fernandes 1


Michele Pereira Rodrigues 2

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora, região da Zona


da Mata de Minas Gerais, é uma área conectada à APA Mata do Krambeck, um dos
maiores remanescentes de Mata Atlântica em área urbana do Brasil, com cerca de
82hectares. O Jardim Botânico é um espaço público de preservação e conservação
da sociobiodiversidade e se destaca por sua variedade de flora, são mais de 500

1
Formada em Turismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail:
silfernandesjf25@gmail.com.
2
Graduada em turismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Mestra em Comunicação pela
mesma instituição. Doutoranda em Comunicação pela Pontíficia Universidade Católica do Rio de
Janeiro. E-mail: michelepereiraa@gmail.com.
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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

espécies de vegetaisidentificadas, incluindo algumas ameaçadas de extinção, e por


ser um abrigo para a fauna local.
Desde 2019, o Jardim está aberto para a visitação pública gratuita sob
administração da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A UFJF adquiriu
esse espaço em 2010 depois de intensas mobilizações populares contra a
construção de um condomínio de alto padrão na região e em prol da preservação do
local. Nos documentos que norteiam o funcionamento desse espaço hoje, há um
posicionamento claro com o foco na promoção da educação ambiental, sob o prisma
da integração homem-natureza.
Somente no ano de sua inauguração, foram recebidas nesse espaço cerca de
50 mil pessoas dentre visitas espontâneas a lazer e aquelas organizadas por
escolas e outros grupos com fins educacionais, o que o torna uma das principais
áreas verdes abertas ao público para visitação dos moradores e turistas no
município de Juiz de Fora. Em março do ano seguinte, após quase um ano de portas
abertas, as atividades de visitação foram suspensas em virtude dos protocolos de
distanciamento social por conta da pandemia de Covid-19 e somente em setembro
de 2021 o espaço foi reaberto à população, o que interrompeu as diversas ações e
atividades programadas para serem realizadas nesse espaço.
Dada a relevância de espaços como esses em áreas urbanas, especialmente
no contexto do município de Juiz de Fora, e a importância de projetos relacionados à
valorização e preservação da biodiversidade, nosso objetivo nessa pesquisa é
analisar as ações de educação ambiental desenvolvidas no Jardim Botânico da
UFJF, através de uma investigação do programa de educação ambiental em seu
Projeto Político Pedagógico (PppEA). Buscaremos compreender como essas ações
são planejadas edesenvolvidas na prática e como buscam captar e atrair o público,
uma vez que nosso olhar está orientado sobretudo à democratização da circulação
de pessoas nesse espaço.
Essa pesquisa surge a partir da constatação da carência de estudos
relacionados ao turismo e à promoção da visitação no Jardim Botânicode Juiz de
Fora. O espaço é frequentemente alvo de estudos sobre educação ambiental, bem
como sobre botânica e biologia, mas, a nosso ver, carece de estudos que reflitam
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

sobre como tornar esse espaço uma opção de lazer para o morador e turista de Juiz
de Fora.

2 DESENVOLVIMENTO

Partindo de uma noção sobre educação baseada na obra de Paulo Freire que
diz em uma de suas obras que “Ensinar não é transferirconhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”(FREIRE, 1996,
p.47), compreendemos que os espaços públicos urbanos que possibilitam contato
com a natureza constituem importantes alternativas para o reconhecimento de que a
sociedade é parte do meio ambiente e não algo separado dele e de que esse
espaço pode ser usado como um recurso para a integração homem-natureza.
Nesse contexto, de forma a entender tal relação, Sauvé afirma que “A trama
do meio ambiente é a trama da própria vida, ali onde se encontram natureza e
cultura; omeio ambiente é o cadinho em que se forjam nossa identidade, nossas
relações com os outros,nosso ‘ser-no-mundo’”. (2005, p.317)
Assim sendo, destaca-se a reflexão do papel que essas áreas verdes urbanas
desempenhamem uma aproximação do espaço urbano com a natureza. Isto é, além
de refúgio para faunae flora esses espaços possuem também funções psicológicas,
sociais, educativas e estéticas. (Guzzo, 2004)
As ações humanas podem transformar e impactar o ambiente causando
suadeterioração. Perante isso, emergem os movimentos ecológicos e a
sustentabilidade ambientalfomentando a necessidade de adoção de práticas menos
impactantes ao ambiente, tanto nasrelações sociais quanto nas práticas de uso dos
recursos naturais, despontando nesse contexto aeducação ambiental. (Tozi&
Guedes, 2018) Ao discorrer sobre opapel da educação ambiental para redefinir
arelação sociedade-ambiente,Gonzalez, Tozoni-Reis e Diniz afirmam:
Para que a educação ambiental colabore com a construção de uma
nova concepção de ambiente e de um novo cidadão, seus princípios
devem ser sempre a base para qualquer ação ambiental educativa.
Estes princípios são: participação, pensamento crítico-reflexivo,
sustentabilidade, ecologia de saberes, responsabilidade,
continuidade, igualdade, conscientização, coletividade, emancipação
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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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e transformação social. (GONZALEZ; TOZONI-REIS; DINIZ,2007,


p.382)

Com base nos princípios descritos acima, o PppEA parece buscar fomentar
as discussões que promovam perspectivas críticas sobre o território com base na
construção de um conhecimento que provém da integração do campo acadêmico e
científico e outros sistemas de conhecimento. Nesse sentido, observa que entre
suas expectativas, “espera que as ações de visitação promovam reflexões críticas
sobre as relações entre sociedades e naturezas, resultando em agentes capazes de
reconhecer o acesso à sociobiodiversidade como um espaço de disputa e um direito
humano.”
Para atingir esse objetivo, o Jardim Botânico trabalha com roteiros pré-
determinados, como o roteiro sobre “Os grandes grupos vegetais”, “Diversidade
vegetal e etnobotânica”, “Processos e relações ecológicas”, “Sociambientalismo” e
“Mitos, heroínas e heróis brasileiros”. Todos esses roteiros são guiados por
monitores estudantes da UFJF, sob orientação de uma equipe responsável.No
espaço também são realizadas ações sociais como a visitação de moradores em
situação de rua, organizada em parceria com a Secretaria de Assistência Social do
Município.
Essas ações são divulgadas pelas redes sociais do Jardim Botânico,
sobretudo seu perfil no Instagram, onde também há divulgação de fotos e vídeos
que exaltam a beleza cênica do espaço. Nessa rede social, o perfil do Jardim
Botânico possui cerca de 33 mil seguidores, o que demonstra um interesse amplo de
acompanhar as atividades ali desenvolvidas.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo preliminar, acredita-se que as ações educativas realizadas pela


equipe multidisciplinar do Jardim Botânico da UFJF têm contemplado boa parte do

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

público-alvo, sobretudo ao direcionar programas a grupos escolares, com roteiros


pré-determinados, como dito anteriormente.
No entanto, ainda se percebe a potencialidade a ser desenvolvida no que
tange a visitas espontâneas, o que, a nosso ver,significariam que o Jardim Botânico
poderia ser compreendido como uma área verde "diluída" na área urbana, onde os
visitantes, sentindo-sepertencentes àquele espaço, pudessem participar também do
processo de construção coletiva dasações educacionais ali realizadas.
Vale ressaltar, que a criação do Jardim Botânico da UFJF emerge de uma
mobilização social, pois, como dissemos, havia o risco da área se tornar um
condomínio de luxo. A aquisição da área pela UFJF, possibilitou a abertura do
espaço ao público, possibilitandouma oportunidade democrática para a imersão na
natureza, o que torna esse espaço um símbolo de vitória e resistência em favor da
conservação da biodiversidade.
Além disso, embora se perceba um planejamento cuidadosamente realizado,
dotado dediretrizes sólidas e em consonância com o que se prezaatualmente no que
se refere à educaçãoambiental, as percepções iniciais apontaram para a não
realização total das proposições.

Palavras-chave: Visitação, Jardim Botânico, Juiz de Fora, Educação Ambiental.

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática


educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GONZALEZ, Luciana Thais Villa; TOZONI-REIS, Marília Freitas de Campos; DINIZ,


Renato Eugênio da Silva. Educação ambiental na comunidade: uma proposta
depesquisa–ação. REMEA-Revista Eletrônica do Mestrado em Educação
Ambiental, v. 18,2007.
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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GUZZO, Perci. Áreas verdes urbanas. http-//educar. sc. usp.


br/biologia/prociencias/areasverdes. html> Acesso em, 2004.

Projeto Político Pedagógico do Jardim Botânico da Universidade Federal de


Juiz de Fora. Disponível em: https://www2.ufjf.br/jardimbotanico/. Acesso em 3 out.
2022.

SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e


pesquisa, v. 31, n. 2, p. 317-322, 2005.

TOZI, Shirley Capela; GUEDES, Michel Pacheco. Geografia, ensino de geografia


eeducação ambiental: pensando relações. Acta Geográfica, p. 196-212, 2018.

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Avaliação dos Turistas sobre o Vale Germânico/RS

Thomás Augusto Martini (Feevale) 1


Nicoly Stefanie de Oliveira (CNPq) 2
Nathalie Amália Finatto (CNPq) 3
Mary Sandra Guerra Ashton (orientadora) 4

Introdução

Este estudo tem o objetivo de investigar a avaliação que os turistas fazem dos
atrativos do Vale Germânico. Quanto a metodologia foi realizada uma pesquisa
exploratória e qualitativa com coleta de dados por meio de questionário, que foi
disponibilizado online para se ter a opinião dos turistas e visitantes sobre os atrativos
turísticos do Vale Germânico. Além disso, é ressaltada a importância turística e
cultural germânica dos 14 municípios que fazem parte do Vale, região turística
lançada em dezembro de 2019 (Vale Germânico, 2020), buscando pincelar sobre
seu diferencial que o faz ser uma região turística cheia de identidade. A pesquisa,
ainda em fase inicial, teve como resultados a participação de 161 pessoas que
visitaram o Vale Germânico e que destacaram a gastronomia e as cervejarias, além
da cultura
Alemã e hospitalidade (qualidade e bom atendimento) como Excelente e Boa.
Entre os aspectos a melhorar estão maior flexibilidade de horários, maior

1
Thomás Augusto Martini (Feevale)
Bolsista de Iniciação Científica Feevale, formando do Curso de Gastronomia. E-mail:
thomasmartini19@gmail.com Lattes ID:
2
Nicoly Stefanie de Oliveira (CNPq)
Bolsista de Iniciação Científica CNPQ, acadêmica do Curso de Gastronomia. E-mail:
nicolystefanie76@gmail.com Lattes ID: https://lattes.cnpq.br/4972832028292244
3
Nathalie Amália Finatto (CNPq)
Bolsista de Iniciação Científica CNPQ, acadêmica do Curso de Gastronomia. E-mail:
nathaliefinatto10@gmail.com Lattes ID: http://lattes.cnpq.br/1934144625015850
4
Mary Sandra Guerra Ashton (orientadora)
Doutora em Comunicação Social (PUC/RS), Professora Titular na Universidade Feevale,
pesquisadora e docente no Curso de Turismo, Curso de Gastronomia e no Mestrado em Indústria
Criativa com pesquisa CNPq em andamento. E-mail: marysga@feevale.br Lattes ID:
http://lattes.cnpq.br/7976259576722028

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

diversidade na gastronomia típica alemã e maior divulgação dos atrativos e eventos


que acontecem no Vale Germânico.

O Turismo no Vale Germânico


O turismo é um fenômeno que está baseado em três elementos
fundamentais: o homem, o espaço e o tempo e, segundo Andrade (2002, p. 28),
cada vez mais “[...] cresce, em importância e em significado social para todos os que
buscam meios de maior integração com novas pessoas, novas culturas e novos
recursos naturais”. O turismo é uma combinação complexa de inter-relacionamentos
entre produção e serviços, em cuja composição integram-se uma prática social com
base cultural, com herança histórica, a um meio-ambiente diverso, cartografia
natural, relações sociais de hospitalidade, trocas de informações interculturais. O
somatório desta dinâmica sociocultural gera um fenômeno, recheado de
objetividade/subjetividade, consumido por milhões de pessoas, como síntese: o
produto turístico. (MOESCH, 2000; GASTAL, 2001).
Desta forma, é perceptível que o turismo gera um conjunto de atividades tanto
econômicas como culturais. Assim, é possível destacar o que se pode encontrar na
região turística do Vale Germânico, que oferta uma vasta quantidade de atrações,
tais como as diversas cervejarias, a culinária tradicional alemã que traz consigo a
simplicidade da comida caseira de origem germânica, o artesanato e toda a questão
cultural, a variedade de ambientes de natureza com a oferta de trilhas, cachoeiras,
paisagens, entre outros.
Importante ressaltar que o Vale Germânico foi planejado para mostrar a sua
cultura germânica e atrair visitantes para desfrutar de sua oferta turística:
gastronomia, pontos turísticos naturais e culturais que preservam a cultura
germânica e articulam a região de forma integrada nas 14 cidades que compõem o
Vale Germânico, sendo elas: Araricá, Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha,
Ivoti, Lindolfo Collor, Morro Reuter, Novo Hamburgo, Nova Hartz, Presidente Lucena,
Sapiranga, São Leopoldo, São José do Hortêncio e Santa Maria do Herval.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Para atingir o objetivo desta pesquisa foi utilizada a pesquisa exploratória e


qualitativa conforme Prodanov e Freitas (2013) e Lakatos e Marconi (2001), foi
elaborado um questionário online direcionado aos turistas que visitaram o Vale
Germânico. O mesmo foi divulgado nas redes acadêmicas e redes sociais, e ficou
disponível de 19 de setembro a 02 de outubro onde foi registrada a participação de
161 pessoas residentes na região da Grande Porto Alegre. Entre as respostas,
15,52% são de pessoas que não conhecem e não ouviram falar do Vale Germânico.
A cidade de origem dos visitantes é em maioria Novo Hamburgo com 37,26%.
Quanto a faixa etária, a maioria tem entre 18 e 25 anos (26,08%), mas o público é
amplamente variado, com pessoas entre 26 e 35 anos somando um total 21,73% e
entre 45 e 59 anos 18,63%. Em relação a formação os participantes tem cursos
superior (41,61%), especialização, mestrado e/ou doutorado (26,7%).
63,9% dos visitantes dizem visitar as cidades do Vale com a família e 31,67%
consideram como atrativo mais interessante a gastronomia do Vale Germânico em
que 70,8% dos participantes consideram Excelente ou Boa, com destaque para o
bolinho de batata. Além disso, a hospitalidade e a cultura local também foram
destacadas atribuindo às cervejarias com 57,14% das respostas sendo para Boa ou
excelente. Os comentários dos participantes destacam a qualidade e bom
atendimento. Entretanto, horários de funcionamento mais flexíveis e melhor
divulgação foram pontos destacados a serem melhorados, assim como a
necessidade de maior diversidade e de mais pratos típicos da culinária alemã.
Com relação ao folclore, apenas 25,46% das respostas foram positivas, com
destaque para Oktoberfest e Kerb de São Miguel, além de grupos de dança e
bandinha alemã. Em relação ao se obteve que 27,95% das pessoas confirmaram já
terem comprado peças de artesanato, porém indicam falta de variedade e de
identidade germânica nos produtos que encontram para a venda, mesmo havendo
pontos de forte identidade cultural nas respostas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Realização:

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03 e 04 de Novembro

Esta pesquisa, ainda em fase preliminar, visto que se encontra em


desenvolvimento buscou saber sobre a opinião dos turistas a respeito dos atrativos e
da oferta turística no Vale Germânico. Conforme o retorno dos participantes da
pesquisa que responderam o questionário até agora a avaliação deles é que a oferta
de gastronomia e cervejarias é excelente e boa, bem como em relação ao
atendimento de qualidade e hospitalidade.
Entretanto, foram apontados alguns aspectos a melhorar como a flexibilidade
de horário de funcionamento dos estabelecimentos, a necessidade de mais
divulgação sobre o folclore, eventos. Ampliar a oferta de pratos típicos da
gastronomia alemã e sobre o artesanato que deveria ter mais identidade.
Desse modo, a opinião dos visitantes é muito válida para que o Vale
Germânico possa melhorar mais e se tornar referência como destino turístico no Rio
Grande do Sul. Destacamos que esta pesquisa ainda está iniciando e terá
continuidades buscando atingir mais participantes e de regiões mais distantes que
frequentam o Vale Germânico.

Palavras-chave: Turismo, Atrativos Turísticos, Cultura, Hospitalidade, Vale


Germânico.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, José Vicente de. Turismo: Fundamentos e dimensões. 8. ed. São Paulo:
Ática, 2002.
MOESCH, Marutschka. A produção do Saber Turístico. São Paulo: Contexto, 2000.
GASTAL, Suzana. Turismo & Cultura: por uma relação sem diletantismos. In:
GASTAL, Suzana (Org.) Turismo: 9 propostas para um saber-fazer. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2001 (Coleção Comunicação, 4).
LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de A. Fundamentos de metodologia científica.
São Paulo: Atlas, 2001.
PRODANOV, Cleber C.; FREITAS, Ernani C. de. Metodologia do trabalho científico:
métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo: Feevale,
2013.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Pesquisa em sites:
Vale Germânico, 2020. Disponível em: https://www.valegermanicors.com.br/
Acessado em: 28 de setembro de 2022.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

O Panorama Turístico do Município de Presidente


Figueiredo - AM

Paloma Duarte Ferreira 1


Evelyn Borges Sampaio 2
Virgínia Reis Barros 3
Maria Adriana S.B. Teixeira 4

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente artigo nos aborda o turismo no município de Presidente Figueiredo


– Amazonas, apresenta a situação atual turística com os principais entraves para
sua expansão e relata os principais desafios para a ampliação do nicho comercial
como objetivos específicos. A pesquisa foi realizada na sede da região, entre os dias
20 de abril a 01 de maio de 2018, período onde se festejou a 28° Festa do Cupuaçu.
Mesmo com seu alto potencial para o turismo, Presidente Figueiredo tem uma oferta
e demanda divergente, principalmente, em períodos festivos.
Essa análise possibilitou a ampliação do conhecimento a respeito do
momento turístico em que Presidente Figueiredo se encontra, abordando
hotéis, restaurantes, qualidade nos serviços prestados, e essencialmente, o
vasto potencial de atrações naturais como cachoeiras, corredeiras, grutas,
cavernas, dentre outros. O município de Presidente Figueiredo tem potencial
para se tornar um polo turístico no Estado, desde que sejam cumpridas as
atuais Leis vigentes.
O Amazonas possui uma diversidade de fauna e flora o qual potencializa o
desenvolvimento turístico no Estado. Presidente Figueiredo por ser rico em
recursos naturais, há uma necessidade de implantação de um polo turístico,
mas requer muita atenção e organização através de planejamento, o que

1
Discente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(pdf.tur20@uea.edu.br);
2
Discente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(ebs.tur20@uea.edu.br);
3
Discente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(vrb.tur20@uea.edu.br);
4
Docente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Doutora em
educação pela Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC; Mestre em Turismo pela
Universidade de Caxias do Sul – UCS; Especialista em Metodologia da Pesquisa pela Faculdades
Objetivos (msteixeira@uea.edu.br).
78
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

inclui a análise dos recursos, mensuração de potencialidade e a valoração


dos atrativos turísticos (OLIVEIRA, 2011, p. 5).

A partir da observação sobre a realidade turística do município, evidencia-se à


compreensão sobre o objeto de estudo, o conhecimento das áreas já atuantes, da
mesma forma que uma indução a propostas para melhorias dos serviços existentes.
No contexto do trabalho, há uma explanação onde foi desenvolvida a
pesquisa sobre o Turismo no município de Presidente Figueiredo, delimitado como
universo da investigação. O presente artigo apresenta no objetivo geral identificar a
situação atual turística no município de Presidente Figueiredo e os principais
entraves para a sua expansão.
Com relação aos objetivos específicos serão apresentados: apontar as
perspetivas de melhorias e alternativas que possam tornar a atividade uma prática
profissionalizada na região e relatar os principais desafios para a ampliação do nicho
comercial, aproveitando a potencialidade do município para desenvolver a atividade.
Para efeito dessa pesquisa, tem-se como questão norteadora a seguinte
indagação: Até que ponto os recursos turísticos disponíveis no município de
Presidente Figueiredo atendem de forma efetiva às expectativas dos turistas que
procuram a região?
O presente estudo justifica-se na medida em que abre espaço para reflexão
sobre as condições atuais do turismo, como uma das principais fontes de renda e
essencial para o desenvolvimento econômico e social no município de Presidente
Figueiredo, com imensuráveis atrativos explorados e, principalmente, não
explorados, sejam naturais ou culturais, no qual chama a atenção dos visitantes e
até mesmo dos regionalistas.

2 DESENVOLVIMENTO

Conhecida como Terra das Cachoeiras, o município de Presidente Figueiredo


está inserido nos 62 municípios catalogados no Estado. Situa-se a apenas a 107 km
da capital Manaus e possui uma área é de 24.781 km2 o que representa 1,58% do
Estado do Amazonas. Constitui-se de fácil acesso pela Rodovia Federal BR-174.
79
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Segundo dados da Secretaria de Turismo local, apesar de o município possuir


mais de 100 atrativos naturais, havia apenas 59 catalogados até 2018, assim
descritos na tabela 01 do artigo, como grutas, corredeiras e cavernas, possibilitando
a prática esportiva, como: caiaque, tirolesa, bóia-cross, rapel, arvorismo entre outras.
Apesar de sua longa lista de belezas naturais, Presidente Figueiredo ainda é pouco
explorado.
O Município de Presidente Figueiredo possui uma incontestável vocação
para o turismo, tendo em vista a concentração de atrativos naturais como:
grutas, cavernas, corredeiras, cachoeiras, sítios arqueológicos, rios, lagos e
igarapés, propícios à pesca esportiva, florestas, animais silvestres e uma
rede diversificada de serviços, configurando-se como potenciais e reais
recursos para o desenvolvimento da atividade turística (SEMTEC, 2018).

Informações fornecidas pelos trabalhadores da SEMTEC (Secretaria


Municipal de Turismo Empreendedorismo e Comércio) mostram que apenas cerca
de 10 a 20 destas cachoeiras são visitadas com maior frequência. A principal delas é
a do Parque Municipal Corredeira do Urubuí (figura 03), localizado no centro do
município.
Há também, para quem gosta de agitação, uma diversidade de festivais
folclóricos e culturais. Entre os mais famosos estão o Carnachoeira, Festa do
Cupuaçu, Coroação de Nossa Senhora de Aparecida, Festa da Padroeira, Festa do
Evangelho, Festa do Tucunaré, Auto de Natal e o Réveillon nas Águas, realizados
tanto na sede do município, quanto na Vila de Balbina, distante aproximadamente 90
km do município (SEMCUT – 2018).
Oliveira (2011, p. 4), defende a criação de um polo turístico no município de
Presidente Figueiredo, alegando que tal atitude iria impulsionar o
desenvolvimento econômico e social da região, uma vez que o município
possui uma quantidade significativa de atrativos naturais.

Quanto ao procedimento metodológico, esta é uma pesquisa com amostras


probabilísticas casuais simples, e são as que cada elemento da população tem
oportunidade igual de ser incluído na amostra (PEREIRA, 2012), de caráter
exploratório, cujo principal objetivo é o aprimoramento de ideias ou a descoberta de
intuições (FIGUEIREDO, 2008, p. 93), com abordagem qualiquantitativa por envolver
a qualidade nos serviços prestados aos turistas e dados quantitativos.

80
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Utilizou-se o método estudo de caso, que permite identificar no seu contexto


real, conforme informam Meirinhos e Osório (2016) que o estudo de caso, método
próprio da pesquisa qualitativa, permite estudar o objeto, e várias fontes de
evidências enquadrando-se numa lógica de construção de conhecimento,
incorporando a subjetividade do pesquisador.
A pesquisa foi realizada na Praça da Cultura, Praça da Vitória, Rua
Acariquara, Parque Municipal Corredeira do Urubuí, no município de Presidente
Figueiredo. Foram abordados um total de 100 turistas que estavam visitando a
região entre os dias 20 de abril de 2018 a 01 de maio de 2018, dentro do período
onde se festeja a 28° Festa do Cupuaçu. Nessa festa, houve a presença estimada
de 385 mil pessoas, segundo dados divulgados pela SEMTEC (Secretária Municipal
de Turismo, Empreendedorismo e Comércio) tornando assim essa edição o maior
evento do Estado do Amazonas.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É do conhecimento populacional da região, que Presidente Figueiredo
tem potencial para se tornar um polo turístico no Estado, conforme avalia
Oliveira (2011), que também questiona até que ponto os recursos turísticos
disponíveis atendem às expectativas dos turistas que visitam o município.
Presidente Figueiredo chama atenção de todo o Estado pela sua
diversidade em belezas naturais. Uma grande parte desses atrativos são de
patrimônio particular, o que significa que é cobrado de seus visitantes um
valor simbólico para garantir a manutenção desse território. Porém, nos
deparamos com outra realidade, tendo em vista a falta de coletores de lixo nas
principais ruas e na extensão das trilhas de acesso, e quando há depósitos de
lixo a sua coleta aparenta ser realizada em um longo período.
O município de Presidente Figueiredo é regido pela Lei
Municipal n° 562 de 09 de outubro de 2006, a qual trata do Plano Diretor de
Desenvolvimento Integrado, que estabelece o desenvolvimento urbano e ambiental
da cidade. É uma lei completa assim como todas as outras existentes, possuindo
estratégias de Desenvolvimento Econômico, Qualificação do Meio Ambiente,
81
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Promoção ao Turismo, Estruturação Territorial, Mobilidade Municipal e Gestão


Democrática. Este tipo de documento deve ser revisado a cada 5 anos, o que já o
deixa desatualizado, considerando que já se passaram 16 anos.
Uma possível solução para a gestão efetiva seria a atualização do Plano
Diretor do Município e uma administração com pulso firme para se fazer valer as
exigências de uma Lei abrangente, vigente. Assim, o município de Presidente
Figueiredo poderá se desenvolver em todas as áreas: diretrizes social, ambiental e
econômica.

Palavras-chave: Turismo, Presidente Figueiredo, Festa do Cupuaçu

REFERÊNCIAS

FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida de. Método e metodologia na pesquisa


científica, 3. ed. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2008.

LEI MUNICIPAL nº 562 – Plano Diretor. Disponível em:


www.ale.am.gov.br/presidentefigueiredo/wp-content/uploads/sites/8/2013/08/.
Acesso em: 01 jun. 2018.

MEIRINHOS, Manuel; OSÓRIO, Antonio. O Estudo de Caso como estratégia de


investigação em educação. Eduser-Revista de Educação, [S.I.], v. 2, n.2, dec.
2016. ISSN 1645-4774. Disponível em:
www.eduser.ipt.pt/indez.php/eduser/article/view/24. Acesso em: 04 de maio de 2018.

OLIVEIRA, Iana Cavalcante de. A Hierarquização dos atrativos naturais do


município de Presidente Figueiredo no Estado do Amazonas, 2011. Dissertação
de Mestrado em Engenharia de Produção - Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2011. Acesso em: 25 mar. 2018

PRESIDENTE Figueiredo Histórico. IBGE, 2012. Disponível em:


<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/amazonas/presidentefigueiredo.pdf>.
Acesso em: 08 mar. 2018

TURISMO ECOLÓGICO NA AMAZÔNIA. Pensamento Verde, 2013. Disponível em:


https://www.pensamentoverde.com.br/amazonia/turismo-ecologico-amazonia/.
Acesso em 19 mar. 2018
82
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. In: ALVARENGA


NETO, Rivadávia C. Drummond D., et al. 2006. Porto Alegre: Bookman.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

RC 5 – Epistemologia e Ensino em Turismo

Conversas de vida acadêmica: Narrativas de


reconhecimento dos estudos do turismo para além das
objetividades.

Camilla Porto Santana Perete 1


Renan de Lima da Silva 2

O texto tem como foco analisar desde a subjetividade narrativa de um dos autores à
percepção de uma incompreensão sobre a formação dos turismólogos para o
mercado de trabalho como engessada e restrita. Para tanto tem por base a
abordagem da “prática da investigação e do ensino em Comunicação como
pressuposto fundamental.” (BAPTISTA, 2003a, p.3) O sujeito só produz se algo o
mobiliza. O racional se constitui nas coerências operacionais dos sistemas
argumentativos que construímos na linguagem para defender ou justificar nossas
ações (BAPTISTA, 2003b). Entretanto, infelizmente no turismo, o que se percebe é o
estudante sendo perguntado sobre determinados lugares como se soubessem de
cor cada um deles. Em orientação que, nesse caso é metodológica e teórica a partir
das ‘Com-versas de bar’ - projeto extensionista da Unirio -, a constituição das
narrativas como dispositivo de pesquisa, como para Silva e Baptista (2022), de
modo que, a partir das narrativas, surgiu a percepção de que normalmente vivemos
nossos argumentos racionais sem fazer referência às emoções em que se fundam,
porque não sabemos que eles e todas as nossas ações têm um fundamento
emocional, e acreditamos que tal condição seria uma limitação ao nosso ser
racional. Desse modo, a perspectiva emocional não é (e não deveria) ser limitadora
da vivência acadêmica, principalmente no turismo e no fluxo dessa vivência também
como viagem a ser percebida em perspectiva subjetiva.

Palavras-chave: Turismo, Subjetividade, Narrativas.

1
Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Unirio. E-mail:
camillaperete@edu.unirio.br.
2
Doutorando em Turismo e Hospitalidade pela Universidade de Caxias do Sul – UCS. E-mail:
renanturismo@gmail.com.
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Os desafios da pesquisa científica em tempos de


pandemia: reflexões sobre a elaboração do Plano
Municipal de Turismo em Paulino Neves-MA

Carolina Vanessa Santos da Silva 1


Carlos Antonio Lima de Jesus 2
Vitoria Vilar da Silva 3
Tatiana Colasante 4

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As discussões deste estudo resultam de um projeto de pesquisa em


execução desde 2021 denominado “Turismo e Dinâmicas Territoriais na Região
Geográfica Imediata de Tutóia-Araioses”. O foco inicial é a elaboração de um Plano
Municipal de Turismo (PMT) em Paulino Neves-MA.
Trata-se de um documento que orienta as ações estratégicas para o
desenvolvimento da atividade turística (DINIZ FILHO, 2018) e que está sendo
realizado em parceria com o Curso de Turismo da Universidade Federal do
Maranhão em São Bernardo.
Nesse contexto, apresenta-se como objetivo refletir sobre os desafios na
execução da pesquisa durante a pandemia e suas implicações na finalização do
PMT. Trata-se de um estudo exploratório e descritivo (GIL, 2008). A metodologia
utilizada engloba pesquisa bibliográfica e documental para o referencial teórico e
dados obtidos em reuniões virtuais com os gestores públicos e privados.

1
Graduanda em Turismo. Universidade Federal do Maranhão/São Bernardo. E-
mail:vanessa.carolina@discente.ufma.br
2
Graduando em Turismo. Universidade Federal do Maranhão/São Bernardo. E-mail:
carlos.alj@discente.ufma.br
3
Graduanda em Turismo. Universidade Federal do Maranhão/São Bernardo. E-mail:
vitoria.vilar@discente.ufma.br
4
Doutora em Geografia (Unesp/PP). Docente Adjunta do Curso de Turismo da Universidade Federal
do Maranhão/São Bernardo. E-mail: tatiana.colasante@ufma.br
85
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

2 PAULINO NEVES E SUA POTENCIALIDADE PARA O TURISMO

Paulino Neves é um município do interior do Maranhão localizado em uma


região conhecida como Pequenos Lençóis Maranhenses (Figura 1) pertencente ao
Parque Nacional Lençóis Maranhenses, de grandes belezas naturais
principalmente a partir da formação de lagoas no período da chuva, no primeiro
semestre. Trata-se de um destino em plena expansão, uma vez que integra a
chamada Rota das Emoções formada por 14 municípios entre os estados do
Ceará, Maranhão e Piauí passando por destinos conhecidos internacionalmente
como o Parque Nacional de Jericoacoara, Lençóis Maranhenses e Delta do
Parnaíba (PANROTAS, 2021).
Figura 1 – Localização de Paulino Neves no Maranhão

Fonte: Cabral (2019)

O município se destaca de forma mais expressiva no segmento Turismo Sol e


Praia, assim como o ecoturismo, em função dos inúmeros atrativos naturais e oferta
de tours como passeio de Toyota ou quadriciclo pelas dunas no morro da
Mendanha, Lagoa do Barreiro Azul, além do banho no Rio Formiga.
No entanto, há que se considerar que muitas cidades brasileiras mesmo
tendo potencial para o turismo, ainda não direcionam políticas públicas para o setor,
como é o caso de Paulino Neves – MA. Por isso, a pesquisa vem sendo
desenvolvida no município para que assim possibilite uma discussão de um turismo

86
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

mais sustentável e que sensibilize a comunidade como defendem Rodrigues (2002),


Beni (2006) e Scótolo e Panosso Neto (2015).

3 A PANDEMIA E O TURISMO: DESAFIOS NA PESQUISA CIENTÍFICA

Com a pandemia de coronavírus instaurado no país desde 2020, muitos impactos


têm sido percebidos, sobretudo, de forma mais incisiva por alguns grupos sociais
como mulheres, trabalhadores autônomos, ambulantes, população de rua,
moradores das periferias, refugiados, deficientes, idosos e outros tantos em situação
de vulnerabilidade, como apontado por Boaventura Santos (2020).
No campo institucional, as atividades remotas foram uma solução para a
continuidade dos estudos nas IEs em todo o país. Com isso, houve um
desvelamento de desigualdades sociais quando se pensa que a globalização
alavancou o alcance dos meios de informação e comunicação mediados pela
tecnologia mas que tal processo não é percebido de forma igualitária pelos grupos
sociais, mostrando assim o seu lado perverso como denomina Santos (2003).
Nesse contexto, segundo o levantamento do Suplemento de Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) do IBGE em 2019, cerca de 65% dos domicílios maranhenses tem acesso à
rede, ficando abaixo da média nacional que é de cerca de 80%. Diante desse
cenário, as dificuldades com relação ao uso dos meios digitais tornam-se ainda mais
desafiadoras. Com isso, além das perdas qualitativas em relação ao ensino em
todas as faixas etárias, as pesquisas científicas realizadas no período pandêmico
também sofreram grandes reveses.
Com relação à pesquisa em foco, inicialmente previam-se ações presenciais ao
longo do ano de 2021 e 2022, como visitas técnicas para oferta de oficinas de
sensibilização para o turismo e reuniões com audiências públicas para discussão
dos eixos norteadores e que orientariam as ações estratégicas para os próximos 4
anos. No entanto, a suspensão das atividades presenciais entre março de 2019 e
setembro de 2022 demandou uma série de modificações no projeto para adequação
ao período da pandemia.

87
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Os desafios até o momento foram: a) o deslocamento até o município de Paulino


Neves devido à Universidade Federal do Maranhão não disponibilizar transporte aos
alunos irem até o município realizar a pesquisa em decorrência das restrições
impostas pela Covid-19; b) readequação da metodologia em sua parte prática
(empírica); c) dificuldade de acesso à Internet tanto pelos participantes do projeto
como na comunidade, impedindo a realização de audiências públicas. Dessa forma,
percebe-se que a virtualidade imposta pela pandemia trouxe prejuízos para
pesquisas de cunho prático, principalmente, em se tratando de localidades onde o
acesso à tecnologia e equipamentos específicos para acessá-la são limitados.
No entanto, mesmo com as dificuldades impostas, a partir da retomada das
atividades presenciais em setembro de 2022, já foi realizada uma reunião técnica
presencial no município juntamente com gestores públicos e o SEBRAE para a
continuidade dos trabalhos em campo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pandemia trouxe diversos impactos na sociedade. Considerou-se nesse


estudo não somente o abalo econômico na atividade turística, mas procurou-se
trazer um olhar sobre as pesquisas científicas, tão necessárias para se obter dados
que irão possibilitar a melhoria de vida dos residentes e propiciar uma boa
experiência para os turistas.
Organizar a atividade levando-se em consideração os preceitos da
sustentabilidade e inclusão deve ser um requisito obrigatório no planejamento
turístico. Dessa forma, não era possível finalizar o PMT sem a participação da
comunidade. Com as reuniões online com os gestores, já era notório a dificuldade
de acesso aos meios digitais em várias áreas de Paulino Neves. Ademais, para ter
acesso à tais plataformas de comunicação como o Google Meet, é necessário um
mínimo de conhecimento de operação de aparelhos eletrônicos, o que excluiria
ainda mais a comunidade.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Diante disso, considera-se que a pandemia evidenciou ainda mais aspectos


da desigualdade social e demandou ressiginificações metodológicas nos estudos
científicos. Agradecemos à Fundação de Amparo e Pesquisa do Maranhão
(FAPEMA) e à Universidade Federal do Maranhão pelas bolsas de iniciação
científica.

Palavras-chave: Turismo, Pandemia da Covid-19, Paulino Neves-MA; Pesquisa


científica.

REFERÊNCIAS

BENI, Mario Carlos. Política e Planejamento Estratégico no Desenvolvimento


Sustentável do Turismo. Turismo em Análise, maio 2006, v. 17, n. 1, p. 5-22.
CABRAL, Josiane Rodrigues dos Santos. A rota das emoções por uma análise
geográfica: o turismo no município de Paulino Neves (MA). Dissertação (Mestrado
em Geografia, Natureza e Dinâmica do Espaço). Universidade Estadual do
Maranhão, 2019
DINIZ FILHO, Paulo Ricardo. Elaborando o Plano Municipal de Turismo:
proposições: definindo prioridades, linhas de atuação e metodologias de
trabalho.2018. Disponível em: <http://regionalizacao.turismo.gov.br >. Acesso em: 02
out. 2022.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua ‐ acesso à
internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal. 2019.
Disponível em: <https://ftp.ibge.gov.br>. Acesso em 06 out. 2022.
PANROTAS. Sebrae lança programa para retomada do turismo na Rota das
Emoções. 2021. Disponível em: <https://www.panrotas.com.br>. Acesso em 06 out.
2022.
RODRIGUES, Adyr Balastreri. Turismo e Desenvolvimento Local. São Paulo:
Hucitec, 2002.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A Cruel Pedagogia do Vírus. Coimbra: Almedina,
2020.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência
universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
SCÓTOLO, Denise e PANOSSO NETTO, Alexandre. Contribuições do turismo para
o desenvolvimento local. Cultur: Revista de Cultura e Turismo, fev. 2015, n. 1, p. 36-
59, 2015.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Roteiros de Educação Patrimonial como promoção


turística em Luzilândia-PI

José de Ribamar Messias de Sousa Junior 1


Vitoria Vilar da Silva 2
Tatiana Colasante 3

Resumo: Luzilândia é um município norte-piauiense imerso num espaço onde há


predominância de árvores palmáceas e ao mesmo tempo contornada ao norte pelo
rio Parnaíba (COSTA, 2013). Possui cerca de 25 mil habitantes (IBGE, 2010) e
recentemente tem ofertado roteiros de educação patrimonial (HORTA, GRUNBERG,
MONTEIRO, 1999) pela prefeitura, buscando valorizar os traços arquitetônicos que
moldam o tecido urbano, além de investir em equipamentos de lazer que integram a
população com os diferentes ambientes. O objetivo da pesquisa foi realizar o roteiro
turístico com alunos do curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão a
fim de demonstrar que até mesmo em municípios pequenos que não têm o turismo
como atividade econômica principal, é possível criar ferramentas educacionais que
possam contribuir para que a comunidade valorize seu local de moradia e, com isso,
promover o turismo a partir de um planejamento participativo. A metodologia
utilizada foi a pesquisa de campo (GIL, 2002), na qual constatou-se a revitalização
dos espaços públicos bem como de edificações históricas, contribuindo para a
preservação do patrimônio cultural e tornando-se um atrativo para turistas.
Palavras-chave: Turismo, Educação Patrimonial, Roteirização, Luzilândia – PI.
REFERÊNCIAS
IBGE. Cidades. Luzilândia, 2010. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br>.
Acesso em 07 out. 2022.
COSTA, Jhon Kennady. História e memória de uma Cidade-beira: entre o fluvial e o
terrestre no espaço socialmente compartilhado de Luzilândia (1960-1980). In:
Simpósio Nacional de História, 27, Anais...Universidade do Estado de Santa
Catarina, 2013.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

1
Graduando em Turismo. Universidade Federal do Maranhão/São Bernardo. E-mail:
jose.messias@discente.ufma.br
2
Graduanda em Turismo. Universidade Federal do Maranhão/São Bernardo. E-mail:
vitória.vilar@discente.ufma.br
3
Doutora em Geografia (Unesp/PP). Docente Adjunta do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão/São
Bernardo. E-mail: tatiana.colasante@ufma.br

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina Grunberg; MONTEIRO,


Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília, IPHAN, Museu
Imperial, 1999.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Palacete Provincial: Um estudo de um espaço Não Formal


como recurso educativo

Kamilla Thalita dos Santos Pereira 1


Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira 2
Ticiana Pereira de Oliveira 3

O presente trabalho discute a Educação Patrimonial como possibilidade de uma


ação educacional a ser desenvolvida em escolas, com a finalidade de sensibilizar o
aluno e formar a identidade do turista cidadão. O foco da pesquisa é o patrimônio
cultural Palacete Provincial da cidade Manaus, localizado no Amazonas, Brasil. O
objetivo geral é identificar a importância no desenvolvimento educacional a partir das
visitações turísticas no espaço cultural. Trata-se de uma pesquisa exploratória e
descritiva, com uma metodologia de caráter qualitativo e quantitativo com
procedimentos técnicos bibliográficos. Como resultado verificou-se que o Centro
Cultural Palacete Provincial, a partir das visitações educativas, é um espaço
alcançável para o desenvolvimento das atividades culturais. O presente estudo
apresenta práticas que podem contribuir para sensibilizar gestores da educação
pública e privada sobre a necessidade de se investir no Turismo Cultural e
Educação Patrimonial.

Palavras-chave: Educação patrimonial, Turista cidadão, Centro cultural, Turismo


Cultural, Manaus Amazonas.

1
Bacharela em Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-mail: kamillathalita3@gmail.com
2
Doutora em Educação pela Universidade De La Empresa e reconhecida pela Universidade Estadual de Santa Catarina;
Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul - UCS; Especialista em Metodologia de Pesquisa pelo Centro
Universitário do Norte – UNINORTE; Graduada em Turismo pelas Faculdades Objetivos e Professora do Curso de Turismo da
Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-mail: msteixeira@uea.edu.br
3
Doutoranda em Turismo e Hospitalidade pela Universidade de Caxias do Sul – UCS. Mestra em Desenvolvimento do Turismo
pela Universidade de São Paulo – USP. Bacharela em Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-mail:
ticiana12@hotmail.com
93
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

RC 6 – Processos Históricos em Turismo e Hospitalidade

Avaliação da Coisificação do Artesanato no Mercado


Adolpho Lisboa - Manaus/AM

Alice Vitória de Almeida Moreira 1


Ana Beatriz Girão dos Santos Sousa 2
Anny Gabrielly Peixoto de Oliveira 3
Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira 4

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este artigo traz uma breve análise sobre a coisificação do artesanato vendido
no Mercado Adolpho Lisboa, localizado na cidade de Manaus, capital do estado do
Amazonas. Tombado como patrimônio nacional, o “Mercadão” como é conhecido,
também exibe a herança de uma época auspiciosa, resultado da bem-sucedida
economia baseada na extração da borracha. Quanto ao estudo, foram realizadas
entrevistas com os permissionários, proprietários dos boxes, acerca da venda de
seus produtos, suas experiências e anseios no local.
A vivência dos vendedores diante a oferta de seus produtos artesanais para
turistas e visitantes do mercado carrega uma grande desvalorização por meio de
quem os procura para a compra. Dezenas de objetos de artesanato, de todos os

1
Discente do Curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA/ESAT. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9829131168549596; E-mail: avdam.tur20@uea.edu.br
2
Discente do Curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA/ESAT.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2058162045944808 E-mail: abgdss.tur@uea.edu.br
3
Mestranda em Turismo e Hospitalidade pela Universidade de Caxias do Sul. Turismóloga pela
Universidade do Estado do Amazonas. Pesquisadora Amorcomtur! Pesquisadora do Amorcomtur!
Grupo de Estudos em Comunicação, Turismo, amorosidade e Autopoiese. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9904420994652908. E-mail: agpoliveira1@ucs.br
4
Doutora em Educação pela Universidade de la Empresa e reconhecida pela Universidade Estadual
de Santa Catarina(UDESC). Professora da Universidade do Estado do Amazonas. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-mail: msteixeira@uea.edu.br
94
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

tipos e tamanhos, feitos com matéria-prima regional, revendidos para sustento de


diversas famílias e promovendo a divulgação do artesanato local e da cultura do
Estado, são diariamente coisificados, sendo reduzidos à sua significação puramente
material, perdendo seu valor sentimental e cultural propriamente dito.

2 IMPORTÂNCIA DA COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO PARA A


CULTURA LOCAL
Para Menezes (2012), o artesanato passou a ser objetificado pela
culturalização, o que faz com que todo material patrimonial deixa de se tornar um
bem e passa a ser ignorado pela população local sendo posto como mercadoria e
comercializado. Entretanto todo objeto é um material complexo que tende a dispor
significados fluidos com múltiplas significações. Na região amazônica o artesanato é
compreendido como patrimônio imaterial, sendo parte importante da cultura
tradicional e popular que representa o estado. No surgimento do artesanato os
saberes populares de confecção do artesanato eram produzidos no meio rural, onde
os artesãos compartilhavam seus conhecimentos entre si para confeccionar objetos
do cotidiano (COLVERO e MATEOS, 2010).
Dentro de nossa cultura, a coisificação do artesanato começa no não
reconhecimento da origem da confecção realizada por indígenas e ribeirinhos.
Dentro do Mercado Adolfo Lisboa não se encontra presente nenhum artesão que
leve o reconhecimento cultural da região e foi constatada a necessidade de realizar
uma pesquisa sobre a coisificação do Mercado Adolpho Lisboa para apresentar a
memória desse patrimônio imaterial como a identidade da região, assim como
apresentado por Patrimônio Cultural e Processo Constituinte (1987/88).

3 METODOLOGIA

A forma de abordagem do estudo é de cunho qualitativo e transversal, pois


avalia e analisa de forma detalhada o funcionamento das vendas artesanais do
Mercado Adolpho Lisboa de forma consistente e os dados são coletados em um
único momento para a pesquisa. Os objetivos metodológicos são exploratórios por

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

possuir maior familiaridade com o problema; descritivos para explicar a razão e o


porquê avaliativo da coisificação do artesanato; e envolve a pesquisa de campo já
que necessita dos relatos de experiência dos comerciantes.
O tamanho da amostra é não probabilística intencional já que apresenta
elementos pré-selecionados pelas autoras através de pesquisas prévias. O tamanho
amostral foi de seis pessoas, onde realizou-se uma entrevista aberta de oito
questões a respeito da preservação da cultura na venda dos artesanatos, sob os
critérios de inclusão de artesãos que trabalham no Mercado Adolpho Lisboa e
maiores de 18 anos, autorizando a divulgação dos resultados pelo Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

4 RESULTADOS

4.1 CARACTERÍSTICAS DO ARTESANATO AMAZÔNICO NO MERCADO


ADOLPHO LISBOA

O artesanato amazônico possui características fortes da região. No universo


amazônico o artesanato é representado por animais típicos, lendas típicas, canoas e
embarcações regionais feitas dos mais diversos materiais. A principal matéria-prima
dessas obras é de origem animal, vegetal e mineral como a borracha, ceras, gesso,
parafina, chifres, ossos, escamas de peixes, tecidos, metais, pedras, sementes,
madeira e argila. Todos esses elementos são encontrados em abundância da
região, mostrando as mais variadas formas de representação da cultura amazônica
para quem tem interesse em estar adquirindo (LOPES, 2018).
Em Manaus, capital do Amazonas, o artesanato é encontrado em diversos
espaços da cidade. Um dos principais locais é o Mercado Adolpho Lisboa, localizado
no centro da cidade. Esse mercado foi escolhido para a pesquisa pelo fato de ser
um atrativo turístico que está sempre na rota dos visitantes, e além de artesanato
local também possui alimentos típicos da região para o consumo no local ou não
com bastante variedade de consumo.

96
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

4.2 PROCESSO DE COISIFICAÇÃO PARA O MERCADO DE ARTESANATO


Levando em consideração o conceito marxiano, a coisificação envolve a
produção das coisas sociais e alienação, colocando elementos, e no caso deste
estudo o artesanato, reduzidos a um simples objeto sem considerar práticas
culturais, tradicionais e emocionais. Ao ser levado em consideração o artesanato
como uma mercadoria completamente rendida ao capitalismo, o trabalho humano
traz apenas a quantidade do que se está sendo produzido. Isso faz com que não se
tenha a relação entre produto e cultura por causa do consumo em massa,
objetificando a mão humana e seu serviço (MARX, 1867/1988).

4.3 COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO NO MERCADO ADOLPHO LISBOA

As entrevistas foram realizadas no dia 28 de setembro de 2022 e continha


perguntas envolvendo o tempo no mercado de trabalho artesão, matéria-prima
utilizada, como ocorre o oferecimento do produto, sobre a valorização e na
transmissão do sentimento trazido pelo produto.
A maioria dos entrevistados estão no mercado a mais de 10 anos, sendo
bastante engajados no meio por ser a forma de ganhar a renda e por terem um certo
carinho por aquilo que é vendido. As obras de arte a serem comercializadas são
feitas por comunidades ribeirinhas e indígenas. Das comunidades ribeirinhas, a mais
citada entre os entrevistados foi a comunidade de Janauari e das comunidades
indígenas as mais citadas foram a Waimiri Atroari, Caiapó, Uai Uai, Ticuna,
Yanomami e Sateré Mawé.
Os materiais utilizados para confecção mais recorrentes dentro do Mercado
Adolpho Lisboa são a madeira, palha, linha, semente, fibra do buriti e a folha do
tucumã. Esses elementos têm características da cultura local e são de matéria prima
da região amazônica. Os visitantes dentro do mercado são inúmeros, tendo uma
intensidade maior durante o período de férias do meio do ano ou final do ano. A
divulgação do produto, na maioria das barracas, é feita pelo boca-a-boca, mas
poucos já utilizam também a rede social do Instagram para essa propaganda.
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Em relação a valorização do produto houve uma resposta semelhante entre


todos os entrevistados. Primeiro foi dito que sentem que o produto não é valorizado,
mas que quem vem de fora valoriza mais do que o próprio amazonense, inclusive
muitos comerciantes locais só foram se interessar e valorizar o produto depois de
conhecer a história de como o artesanato é produzido. Mas, mesmo com a
valorização de pessoas de fora da região ainda há essa falta de enaltecimento já
que sempre pedem desconto. A forma de transmitir o valor sentimental da obra de
arte e minimizar o pedido de desconto envolve o ato de explicar a história do objeto
e do artesão.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A compreensão acerca do tema se faz pertinente para a discussão acadêmica


e científica sobre a valorização do artesanato do estado do Amazonas, devido a
depreciação do turista quanto a mercadoria ofertada no Mercado Adolpho Lisboa,
sendo desconsiderada, não mais apenas na dimensão do trabalho, mas todas as
esferas pertencentes à história, cultura e valor do objeto vendido. A realidade do
turismo cultural, a alienação e o fetiche alcançam a dimensão de coisificação da
subjetividade de forma intensa, fazendo com que somente o desejo do turista seja
agradado, enquanto para quem os oferece acabam sempre recebendo abaixo do
valor devido a demanda.

Palavras-chave: Coisificação, Artesanato, Mercado Adolpho Lisboa, Manaus.

REFERÊNCIAS

CAMPOS, Y. PATRIMÔNIO CULTURAL E PROCESSO CONSTITUINTE (1987/88).


Políticas Culturais em Revista, [S. l.], v. 6, n. 1, p. 71–84, 2013. DOI:
10.9771/1983-3717pcr.v6i1.8246.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

COVELO, Natalia; MATEOS, Cristina. Mercado De Artesanías En El Uruguay.


Monografia. Faculdad de la Republica, 2010.
LOPES, Marta Karoline Castro. A produção artesanal como alternativa de trabalho e
renda no município de Parintins, Amazonas. Observatório de la Economía
Latinoamericana. Disponível em: https://www.eumed.net/rev/oel/2018/06/producao-
artesanal-amazonas.html. Acesso em: 18 set. de 2022.
MARX, Karl. Fetichismo e reificação. In: IANNI, Octavio. (org). Karl Marx: Sociologia
- Coleção Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Ática, 1988. (Obra original
publicada em 1867).
MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra. O campo do Patrimônio Cultural: Uma
Revisão de Premissas. In: FÓRUM NACIONAL DO PATRIMÔNIOCULTURAL, 1.,
2009, Ouro Preto. Brasília: Iphan, 2012.

Desenvolvimento do Enoturismo na Encosta Oeste do


Nordeste do Rio Grande do Sul

Bruna Borges Monteiro 1


Pedro de Alcântara Bittencourt César 2

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nessa pesquisa estuda-se a cadeia produtiva do setor enoturístico na Serra


Gaúcha. Adota-se como recorte territorial a região denominada Encosta Oeste do
Nordeste do Rio Grande do Sul. Inicialmente, delimita-se a partir dessa temática o
enoturismo no Rio Grande do Sul, em uma região composta pelos municípios de
Antônio Prado, Cotiporã, Fagundes Varela, Guabiju, Guaporé, Nova Araçá, Nova
1
Acadêmica de Turismo UCS - Universidade de Caxias do Sul; Bolsista BIC - NID Universidade de
Caxias do Sul - RS; http://lattes.cnpq.br/8340161454112280; bbmonteiro@ucs.br
2
Doutor em Geografia USP; Docente UCS - Universidade de Caxias do Sul; Pesquisador
produtividade CNPq com Bolsa Universal - CNPq. Caxias do Sul - RS;
http://lattes.cnpq.br/0900226519393513; pabcesar@ucs.br.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Bassano, Nova Prata, Nova Roma do Sul, Protásio Alves, São Valentim do Sul,
Serafina Corrêa, Veranópolis, Vila Flores e Vista Alegre do Prata.
Parte-se do pressuposto que se trata de um local com uma economia retraída
e com um setor vitícola acentuado, objetiva-se compreender as características
presentes nessa região e avaliar alternativas que se mostram favoráveis para fazer
com que esses destinos sejam procurados por sua diversidade e oferta enoturística.
Este estudo é resultado de uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo e
exploratório, com procedimentos metodológicos realizados por meio de
levantamento de dados, informações e pesquisa bibliográfica.

2 DESENVOLVIMENTO

A viticultura no Rio Grande do Sul tem como principal região produtora a


Serra Gaúcha. Com uma área de 8.087 Km² localiza-se a uma altitude média de
300 a 900 metros e o seu clima temperado caracteriza-se pela homogeneidade
pluviométrica com alterações térmicas causadas pelo relevo. (SILVA; RODRIGUES,
2018)
Para cumprir seu objetivo, a pesquisa mapeou a produção vitivinícola dos
municípios que compõem a Encosta Oeste do Nordeste do Rio Grande do Sul por
meio dos dados disponibilizados pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas. A partir desse levantamento, foi realizada a identificação das vinícolas
existentes na região, além de outros empreendimentos que integram a oferta
turística (Fig. 1). Desse modo, foi possível identificar potenciais a serem seguidos
em relação à prática enoturística da região.

Figura 1: Área de estudo

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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Fonte: Denis, W. - Núcleo de Estudos Urbanos, 2022

Com o propósito de compreender o potencial existente na Encosta Oeste do


Nordeste do Rio Grande do Sul enquanto destino de enoturismo, a pesquisa
desenvolve-se tendo como base o referencial teórico estudado, além de dados
atualizados para visualizar como este processo ocorre na prática. Os resultados,
embora ainda parciais, possibilitam avaliar que os municípios investigados
configuram-se como uma região de intensa atividade vitícola, com potencial vinícola
e da prática de Enoturismo.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Destaca-se que o mercado consumidor está cada vez mais exigente, e a


oferta turística precisa agregar alguns valores como a criatividade para satisfazer as
suas necessidades, desejos e expectativas geradas, ao mesmo tempo em que
promove uma imagem agradável, operando de forma sustentável (CELESTINI;

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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MAZZAROLLO; OLTRAMARI, 2014). Acrescenta-se ainda, que a busca por agregar


valor aos serviços é constante.
Com isso, a tendência é que as empresas turísticas comecem a se preocupar
em criar e inovar nesse setor, pois deparam-se com várias situações, como serem
obrigadas a reinventar-se para poder crescer no ramo turístico, atingir o público
desejável para seus empreendimentos, para que consumam seus produtos com foco
no cliente. A criatividade agrega valor ao conhecimento, ou seja, inova-se e cria-se à
medida que se busca o conhecimento, e transforma-o em habilidades e atitudes.
Com os dados coletados, pode-se avaliar que os municípios constituintes da
região configuram-se como áreas com grande potencial vitivinícola além da prática
de Enoturismo. Entre as conclusões preliminares da pesquisa, identificou-se uma
inconstância nos últimos anos entre os municípios analisados, referente a produção
de uva, o que levou a uma verificação mais aprofundada dos números e que serão
levadas adiante ao longo do desenvolvimento da pesquisa. Define-se o estudo como
importante reflexão do potencial existente para incorporar valores sociais e
econômicos no local.

Palavras-chave: Enoturismo, Serra Gaúcha, Cadeia produtiva, Desenvolvimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CELESTINI, Juliana; MAZZAROLLO, Claudia Maria Ferro; OLTRAMARI, Andrea


Poleto. Roteiro Turístico Termas e Longevidade: Desafios e Criatividade em
Evidência. In: CONFERÊNCIAS UCS - UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, XIV
MOSTRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E
EXTENSÃO 2014, Anais [...] p. 57–71.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2020. Disponível em:


https://ibge.gov.br/. Acesso em: 14 set. 2022.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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SILVA, Ariana Cericatto; RODRIGUES, Eliane Aparecida Gracioli. A Viticultura nas


Microrregiões do Rio Grande do Sul e sua Distribuição Locacional. Revista Orbis
Latina, [S. l.], v. 8, n. 1, p. 5–20, 2018.

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A Nova Lei de Migração: Experiências Migratórias em


Caxias do Sul

Brenda Borges Gomes (Bolsa BIC-UCS) 1


Rúbia Crepaldi (Bolsa PROBIC - FAPERGS) 2
Vania Herédia ( Orientadora) 3

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente estudo tem como objetivo apresentar os dados que demostram o


cenário atual das imigrações internacionais no Município de Caxias do Sul. A partir
da Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017, Lei das Migrações, ocorreram
modificações significativas no cenário migratório brasileiro, uma vez que a legislação
do período militar foi substituída, o que gerou novas regras para as migrações no
país e o reconhecimento de direitos que outrora não eram reconhecidos.
O estudo, de natureza descritiva, tem como suporte teórico as obras de
Sayad (1998), Becker (2010), Baeninger (2020), Santos (2005) e Sassen (2010). Os
autores citados servem de referência aos conceitos usados e as perspectivas que
seus estudos trazem acerca do tema migrações internacionais, relacionado com
globalização, aumento da desigualdade social mundial, fronteiras, migrantes e
refugiados e papel do Estado nas migrações contemporâneas.
A pesquisa utiliza como principal fonte os dados registrados nos cadastros
dos CIAI – Centro de Informação ao Imigrante, vinculado a Coordenadoria de
Promoção de Igualdade Étnico Racial, localizado na Prefeitura de Caxias do Sul.
Além da análise qualitativa dos dados, buscou-se compreender o atual cenário
migratório por meio de entrevistas com os migrantes que procuraram o atendimento
no CIAI, bem como com os gestores que atuam no campo migratório.
1
Acadêmica do Curso de Direito, UCS – Universidade de Caxias do Sul; Bolsista BIC – UCS
Universidade de Caxias do Sul – RS; E-mail: bbgomes@ucs.br
2
Acadêmica do Curso de Serviço Social, UCS – Universidade de Caxias do Sul; Bolsista PROBIC –
FAPERGS. E-mail: rcrepaldi@ucs.br
3
Doutora em História das Américas. Socióloga. Coordenadora do Projeto Migra V. UCS -
Universidade de Caxias do Sul. E-mail: vbmhered@ucs.br

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

O estudo, portanto, foi dividido em duas partes: a primeira trata das


características das migrações internacionais que foram registradas nesse Banco de
Dados e a relação com a nova Lei das Migrações; e a segunda, o perfil atual dos
migrantes que procuram o Centro de Informação ao Imigrante – CIAI.

2 AS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS

Antes de entender no que implica a nova lei de migração, é fundamental


compreender o conceito de migrante e, sobretudo, o que motiva esta mobilidade
cada vez mais frequente no tempo presente. O imigrante é aquele que faz o
deslocamento e “o deslocamento reflete mudanças entre as pessoas (relações de
produção) e entre essas e o seu ambiente físico” (BECKER, 1997). É também
considerado segundo Sayad (1998) uma força de trabalho provisória. Esse autor
postula que um imigrante
[...] só tem razão de ser no modo provisório e com a condição de que se
conforme ao que se espera dele; ele só aqui está e só tem sua razão de ser
pelo trabalho e no trabalho; porque se precisa dele, enquanto se precisa dele,
para aquilo que se precisa dele e lá onde se precisa dele (SAYAD, 1998,
p.55).

Nesse estudo, os deslocamentos populacionais são entendidos como


resultados de demandas sociais em ascensão dos países de origem. Nesse sentido,
Santos (2005, p. 25) afirma que
(...) nas últimas três décadas, as interações transnacionais conheceram
uma intensificação dramática, desde a globalização dos sistemas de
produção e das transferências financeira, à disseminação, a uma escala
mundial, de informação e imagens através dos meios de comunicação
social ou às deslocações em massa de pessoas, quer como turistas, quer
como trabalhadores migrantes ou refugiados.

Identifica-se, portanto que Caxias do Sul, por ser um polo industrial e um polo
de serviços atrai força de trabalho para o seu território. Na história do município essa
condição foi frequente o que é demonstrado pelo crescimento da sua população.

2.1 MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS E A NOVA LEI DA MIGRAÇÃO

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

A Lei de Imigração editada em 2017 vem como resposta ao anacronismo que


estava presente no Estatuto do Estrangeiro de 1980, que tinha como intenção a
proteção à Segurança Nacional. Nesse sentido, a nova legislação apresenta
significativos avanços, visto que confere ao migrante “a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” entre outros direitos
essenciais para se efetivar a inserção na sociedade civil, tais como os direitos e
liberdades civis, sociais culturais e econômicos” (BRASIL, 2017, não paginado),
extinguindo restrições que constavam no Estatuto do Estrangeiro, como a
impossibilidade que os imigrantes possuíam de expressar manifestações políticas.

2.2 CENÁRIO ATUAL DAS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS NO MUNICÍPIO DE


CAXIAS DO SUL

A nova Lei de Migração trouxe mudanças significativas ao cenário migratório


brasileiro. Nesse sentido, analisou-se, no presente estudo, por meio dos cadastros
realizados no CIAI – Centro de Informação ao Imigrante, alterações no perfil das
migrações atuais, referentes ao ano de 2020 e 2021. É importante registrar que o
CIAI foi criado em 2020, período marcado pela pandemia do Covid 19, pela
Coordenadoria de Promoção Étnico Racial, e possui com objetivo orientar e
encaminhar os migrantes que chegam ao município de Caxias do Sul aos órgãos
competentes.
O Centro de Informação ao Imigrante (CIAI) registrou 443 cadastros em 2020
(agosto-dezembro) e 1.139 cadastros em 2021 1. Por meio dos atendimentos
prestados em prol da regularidade da documentação dos migrantes, esse Centro
promove os encaminhamentos necessários aos órgãos competentes. É importante
lembrar que o imigrante precisa regularizar sua situação no local de destino e a
documentação exigida pela Lei é a condição necessária para essa regularização.
Nesse sentido, a nova lei, segundo Baeninger (2020, p.349) é “um marco na história

1 Banco de Dados da Pesquisa Migra V, realizada em convênio com a Prefeitura Municipal de Caxias
do Sul. O CIAI é coordenado pela Dra. Suely Rech que responde pelo Serviço.
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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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democrática do Brasil, mesmo que tenha sido aprovada transcorridos 30 anos da


Constituição de 1988”. Segundo essa autora, a nova lei oportuniza a “ ordenação da
imigração através da documentação - com vistos de residência temporária, visto
humanitário, visto fronteiriço” (p. 350). Chama a atenção da diferença entre a Lei e o
Estatuto de Refúgio (1997) já que o Estatuto “permite a solicitação de refúgio e o
reconhecimento de refugiados” (BAENINGER, 2020, p.350).
No que tange ao perfil das migrações internacionais no ano de 2020 e 2021,
no município de Caxias tem-se as seguintes observações: migrantes que provêm de
vários países, principalmente da Venezuela, Haiti e Senegal. Os imigrantes desses
registros são na maior parte do sexo masculino, apesar de constatar-se um aumento
considerável de mulheres. Além disso, a maioria são solteiros, entre 21-40 anos, o
que significa que podem fazer parte da população economicamente ativa.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados apresentados são indicativos de que a cidade de Caxias do Sul


está vivenciando novos fluxos migratórios a partir de 2020. O CIAI – Centro de
Informação ao Imigrante, oferece aos que lá se cadastram orientação para a
regularização da documentação. Oferece os seguintes serviços: regularização
imigratória por meio da orientação da documentação necessária, renovação de
CRNM, solicitação de refúgio, atualização de residência e encaminhamentos para
serviços do Município, como por exemplo, Receita Federal e Polícia Federal. Importa
destacar que embora haja esse serviço, o Governo Federal deve promover políticas
públicas para acolher os indivíduos, de modo que tenham uma vida digna em seu
processo migratório.
Os dados registrados demostram que os imigrantes atuais são na maioria
venezuelanos, embora a cidade tenha recebido migrantes de outras nacionalidades.

Palavras-chave: Nova Lei da Migração, Migrações internacionais, Caxias do Sul-RS.

REFERÊNCIAS

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

BAENINGER, Rosana. Lei de Migração e política interna das migrações


internacionais: a distribuição espacial da população imigrante no Brasil. In: RAMOS,
André de Carvalho; VEDOVATO, Luís Renato; BAENINGER, Rosane. Nova lei de
imigração: os três primeiros anos. Campinas: Nepo; Unicamp-Observatório das
Migrações em São Paulo/Fapisp, 2020.

BECKER, Olga Maria Schild. Mobilidade espacial da população: conceitos, tipologia,


contextos. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo César da Costa; CORRÊA,
Roberto Lobato (Org.). Explorações geográficas: percursos no fim do século. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 4.ed.

BRASIL. Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017. Institui a Lei de Migração. Brasília,


2017a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2017/Lei/L13445.htm. Acesso em: 03 fev. 2021.

HERÉDIA, V. B. M.; MOCELLIN, Maria Clara; SANTOS, Maria do Carmo (Org.).


Mobilidade humana e dinâmicas migratórias. Porto Alegre: Letras & Vida, 2011

HERÉDIA, Vania B. M.; PASSARELA, Victória A. T.; GOMES, Brenda. O


acolhimento dos imigrantes realizado pelo município de Caxias do Sul durante a
pandemia da Covid-19. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL ESPM, 2021, Porto
Alegre. Anais [...]. Porto Alegre, 2021.

SANTOS, Boaventura de Souza. Os processos da globalização. In: SANTOS,


Boaventura de Souza (org.) A globalização e as ciências sociais. São Paulo:
Cortez Editora, 2005.

SASSEN, Saskia. Sociologia da Globalização. Porto Alegre: Artmed, 2010.

SAYAD, Abdelmalek. A imigração ou os paradoxos da alteridade. São Paulo:


Edusp, 1998.

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03 e 04 de Novembro

Levantamento de referencial teórico sobre relações de


gênero no turismo rural

Bruna Toscan Menegazzi 1


Pedro de Alcântara Bittencourt César 2

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As mudanças com o êxodo rural de grande parte da população na década de


setenta, proporcionaram um ambiente no campo que não se sustentava mais
somente com as atividades agropecuárias. Apesar das dificuldades instauradas, o
meio proporcionou o surgimento de diferentes atividades não agrícolas para o
complemento do sustento familiar, o que deu espaço para o turismo rural se
desenvolver. Conforme Elesbão (2010), as atividades turísticas no espaço rural
podem ser muito diversas. Entre elas, destaca-se a participação da mulher no
turismo rural.
Deste modo, a presente pesquisa busca identificar as mudanças ocorridas em
relação ao papel da mulher dentro deste novo ecossistema, a partir de um
referencial teórico sobre relações de gênero no turismo rural. Entende-se que o
1
Estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Caxias do Sul no Campus 8. Bolsista de iniciação científica
PROBIC/FAPERGS, membro do grupo de pesquisa Núcleo de Estudos Urbanos (UCS). Co-fundadora do Coletivo Bo de
Mulheres Estudantes de Arquitetura da Universidade de Caxias do Sul. Voluntária no Escritório Modelo de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de Caxias do Sul - TaliesEM. E-mail: btmenegazzi@ucs.br
2
Doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo (2007), Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Taubaté
(1989), mestre em Planejamento e Gestão em Turismo Ambiental e Cultura pelo Centro Universitário Ibero Americano
(2002) e especialista em Planejamento e Marketing Turístico (SENAC-SP, 2000) e com estágio pós-doutora em História
(UCS). Docente Adjunto III na Área do Conhecimento de Ciências Sociais e de Artes e Arquitetura. Professor do Corpo
Permanente e Coordenador no Mestrado e Doutorado em Turismo e Hospitalidade da Universidade de Caxias do Sul
(UCS). Professor Visitante do Programa de Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional da Universidade de
Taubaté (UNITAU), do Centro de Investigações sobre Espaços e Organizações da Universidade do Algarve (CIEO-
UAlg)e da Universidad Autonóma del Estado de México. Autor de inúmeras publicações com destaca ao material de
Educação para o turismo do Ministério do Turismo, o livro Turismo e Planejamento Sustentável pela Educs e,
atualmente, publicações na Universidade do Algarves, Universidade do Minho e Universidade de Coimbra. Coordenador
Substituto do Comitê de Assessoramento de Arquitetura, Urbanismo e Design da FAPERGS, Coeditor da revista Rosa
dos Ventos, Líder do Grupo no CNPq em Estudos Urbanos e do Núcleo de Inovação e Desenvolvimento em Cultura,
Arte e Patrimônio, da UCS. Tem experiência e pesquisa na área de Turismo, Artes, Hotelaria e Arquitetura e
Urbanismo, com ênfase em Planejamento, Planejamento Urbano e Regional, Patrimônio cultural, Turismo cultural e
Enoturismo. E-mail: pabcesar@ucs.br
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estudo de gênero possibilita diagnosticar desigualdades e entender a fabricação


histórica em meio às relações de poder, além de possibilitar a associação da
percepção das interações sociais e estruturais, onde se é intrínseca à lógica de
recursos, poderes e direitos.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 METODOLOGIA

A partir da busca de bibliografias encontradas no site de periódicos da CAPEs


com as palavras-chave “gênero” e “turismo rural”, foram selecionados 3 artigos
pertinentes e relacionados ao presente estudo, em português, relacionados ao tema
do papel da mulher e sua mutação dentro do mercado de turismo rural. São eles:
- O papel da mulher no turismo rural: um estudo no circuito Rajadinha de
Planaltina - Distrito Federal, de Donária C. Duarte e Ana Darc J. Pereira;
- Turismo rural, empreendedorismo e gênero: um estudo de caso na
comunidade autônoma da Galiza, de Maria Isabel Dieguez-Castrillon;
- Desigualdade de gênero no turismo: a mulher no ambiente profissional no
Brasil de Sarah Minasi, Verônica Mayer e Glauber Santos.
Levando em consideração isso, as produções foram analisadas e
interpretadas, a fim de constatar onde se encontra tanto a mulher perante o setor,
quanto o estudo de gênero na academia.

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A desigualdade de gênero é um tema central de discussões para o


desenvolvimento da sociedade. Não por pouco, a igualdade de gênero é o tópico do
5º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU.
A partir da análise da bibliografia obtida, é possível entender que a presença
da mulher em empreendimentos rurais pode se relacionar com a diversificação da
atividade agrária para a turística, paralelo ao fato de que as mulheres despendem

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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significativamente mais tempo com as atividades não agrícolas (DIEGUEZ


CASTRILLON, 2012, p. 379).
Assim como o turismo rural entrou na vida de muitas famílias como
oportunidade de complementação de renda em um mundo não mais rural, a
alternativa do empreendedorismo para muitas mulheres se tornaram fonte de
autoestima e independência financeira dos maridos, mesmo que as mesmas não
buscassem estes objetivos. O processo de empoderamento feminino no meio rural
corre a passos lentos, entretanto não pode ser menosprezado.
Quanto a situação dos estudos de gênero voltados à academia, na literatura
do turismo os mesmos surgiram na década de 1990. Entretanto, levantamentos
recentes que analisaram as produções sobre turismo e gênero, mostram “um
aumento expressivo na produção sobre o tema”. Contudo, as pesquisas ainda são
limitadas e correspondem a aproximadamente 11% do seu total. (MINASI, 2022, p.
02)

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A história das mulheres é, e sempre será, uma história de luta. (DUARTE,


GENOVEZ, 2019, p. 341). Sendo assim, entende-se que que sim houve um
movimento empoderador das mulheres no meio do turismo rural, mas que é mais
sutil do que o suposto, levando a pesquisa a novas vertentes para o entendimento
de novas questões levantadas. Deste modo, é possível concluir que ainda há um
grande caminho para a comunidade em geral atingir a equidade de gêneros.
Por isso, é preciso continuar a evidenciar os problemas impostos pela
dicotomia de papéis do homem e da mulher na sociedade, assim como levar para o
campo de atuação - e não somente na academia - as discussões sobre as possíveis
atitudes a serem tomadas para que as mulheres atuantes no turismo rural enfim se
encontrem num mercado de trabalho justo e representativo (LOMBARDERO, 2017,
s.p.).

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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Palavras-chave: Gênero, Turismo Rural, Mulheres.

REFERÊNCIAS

DIEGUEZ-CASTRILLON, Maria Isabel. Turismo rural, empreendedorismo e


gênero: um estudo de caso na comunidade autônoma da Galiza. RESR. Piracicaba-
SP, Vol. 50, nº2, pp. 371-382, abr./jun. 2012.

DUARTE, Thamiris. GENOVEZ, Patrícia. Arquitetura e Gênero: os desafios da


formação profissional e do mercado de trabalho. Caderno Espaço Feminino,
Uberlândia-MG, v. 32, n. 01, p. 315-343, 2019. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.14393/CEF-v32n1-2019-14>. Acesso em: 30 de novembro de
2021.

DUARTE, Donária C. PEREIRA, Ana Darc J. O papel da mulher no turismo rural:


um estudo no circuito Rajadinha de Planaltina - Distrito Federal. Rev. Bras. Pesq.
Tur. São Paulo, 12(3), pp. 81-103, set./dez. 2018.

ELESBÃO, I. Impactos socioeconômicos do turismo no espaço rural. In:


SANTOS, E. O.; SOUZA, M. (Org.). Teoria e prática do Turismo no espaço Rural.
Barueri, SP: Manole, 2010. p.137 – 149.

LOMBARDERO, Núria Álvarez. La mujer arquitecta como sujeto de una


necesaria redefinición de la práctica profesional desde la perspectiva
española. Dearq, n. 20, p.70-76, 2017. Disponível em:
<https://revistas.uniandes.edu.co/doi/full/10.18389/dearq20.2017.08>. Acesso em:
30 de novembro de 2021.

LUNARDI, Raquel. DE SOUZA, Marcelino. PERURENA, Fátima. Participação e


decisão no turismo rural: uma análise a partir da perspectiva de gênero. Turismo
em Análise. Vol. 26, n2, abril 2015.

112
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

MINASI, Sarah. MAYER, Verônica. SANTOS, Glauber. Desigualdade de gênero no


turismo: a mulher no ambiente profissional no Brasil. RBTur. Vol. 16, e-2494, 2022.

De Hotel de Luxo à Casarão de Inovações: o tempo e suas


transformações no antigo Hotel Cassina de Manaus

Bárbara Samara da Silva Corrêa 1


Ana Marta Cardoso Soares 2
Maria Adriana S. B. Teixeira 3
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O objeto de estudo desta pesquisa é um local de memória para o povo


amazonense, pois teve grande representatividade para o estado durante o Ciclo da
Borracha. Época em que Manaus era ocupada por esses senhores e sofreu
influência significativa quanto à sua arquitetura, que foi sendo transformada à luz
das tendências europeias da época.
O Hotel Cassina é um importante elemento para o patrimônio histórico e
hotelaria amazonense, no hotel se hospedaram desde barões da borracha a
famosos atores teatrais, grandes personalidades do período, que serviram para
elevar a fama e estima do grandioso hotel. Mesmo após anos de construção e
transformações sofridas, o antigo Hotel Cassina ainda se configura como uma

1
Aluna de graduação em Turismo da Universidade do estado do Amazonas (UEA). Bolsista do
projeto de extensão de eventos - EVENTUR. E-mail: bsdsc.tur20@uea.edu.br
2
Aluna de graduação em Turismo da Universidade do estado do Amazonas (UEA). Bolsista do
Observatório de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1160278581357938. Email: amcs.tur19@uea.edu.br.
3
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa – UDE e reconhecida pela Universidade
do Estado de Santa Catarina – UDESC. Manaus - AM. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-mail: msteixeira@uea.edu.br.
113
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

importante herança cultural a ser reconhecida e valorizada. Portanto, o que foi o


Hotel Cassina e que transformações sofreu desde sua construção?
O principal objetivo deste trabalho foi descrever a história do Hotel Cassina e
suas transformações ao longo do tempo e para isso contamos com uma pesquisa
qualitativa, de método indutivo, com busca e análise em artigos, sites e livros. A
pesquisa também foi descritiva e exploratória com procedimento técnico
bibliográfico, através da pesquisa em livros, sites e artigos científicos voltados às
temáticas mencionadas.

2 CASSINA E SUA LINHA DO TEMPO

Hotel Cassina

Construído em 1899 o Hotel Cassina passou a operar em 1905 e se tornou o


reflexo do período áureo da borracha em Manaus. Batizado com o nome do
proprietário italiano Andrea Cassina, o Hotel foi o primeiro estabelecimento de
grande porte da região, por ser localizado em uma área privilegiada, o
empreendimento teve uma importância significativa para a economia local, com seus
salões suntuosos e seu serviço de qualidade que atraía os famosos e os ricos da
época.
O Hotel era dotado de serviços excepcionais e novos ao período, conforme
abordado no Livro de Impressões do Brasil de 1913 de Lloyd's Greater o Hotel e
citado por Figueira (2021), possuía dois andares, unidades habitacionais amplas e
mobiliadas, providas de suítes e chuveiros, energia elétrica e salão de jantar que
ocupava cerca de 150 pessoas, além de adicionais serviços de translado para quem
chegava e automóveis disponíveis aos hóspedes.
Destaca-se que o Hotel Cassina era também alvo de incontáveis notícias e
relatos acerca dos indivíduos de alto padrão da sociedade como também os
diversos eventos extravagantes que aceitavam apenas pessoas estimadas e
importantes para a sociedade, tornando-se perceptível a relevância e o alto padrão
que o estabelecimento propusera em seu período de ascensão.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

De acordo com Silva (2017), o Hotel Cassina chegou a ter uma filial que foi
inaugurada em 1921. Esta filial esteve localizada entre a antiga Rua Marechal
Deodoro e a Rua Municipal N.80, hoje conhecida como Av. Sete de Setembro.
Segundo o anúncio de inauguração, essa filial mantinha o padrão de qualidade dos
estabelecimentos daquele ordem, contando inclusive com um bom restaurante.
O último relato do Hotel Cassina com a função de meio de hospedagem foi
em 1949, quando se hospedou no hotel o ilustre hóspede Senhor Coelho Neto,
escritor, político e professor, veio à convite para conhecer Manaus e passando 20
dias na cidade, ficou encantado com a hospitalidade do povo Manauara. Não se teve
mais registros do Hotel após o anúncio de chegada de Coelho Neto. (SILVA, 2017).

Cabaré Pé de Chinelo, mais tarde Cabaré Chinelo

Por questões econômicas o seu apogeu durou até década de trinta, após
esse declínio o antigo hotel precisou se desfazer da sua mobília para conseguir se
manter aberto, como consequência o hotel luxuoso passa a ser uma pensão, com a
estagnação da economia da época uma nova alteração é feita. O edificio começa a
desenvolver atividades de prostituição e fica conhecido como Cabaré pé de Chinelo.
O estabelecimento se manteve aberto até meados de 1957 dando espaço para o
arruinamento da edificação a partir da década de 70. (FIGUEIRA, 2021).
Segundo Figueira (2021) a edificação está contida em um espaço de debate
sobre preservação e memória, no qual seu tombamento federal foi oficializado pela
lei N. 2276 de 14 de dezembro de 2017, que legitima o poder público de Manaus a
definir o processo de tombamento, e ao COMPPAC (Conselho municipal de
preservação do patrimônio cultural do município de Manaus) a obrigação de formular
as respectivas diretrizes de preservação e conservação da região (FIGUEIRA,
2021). O antigo hotel foi classificado como bem de 1° Grau, segundo o Decreto
2.436 de 19 de julho de 2013 que apresenta diretrizes para nortear e limitar as
alterações feitas no Centro Histórico de Manaus, os projetos com essa classificação
precisam conservar suas características originais, no respeito às suas fachadas,

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

mantendo a mesma volumetria da edificação e mesma taxa de ocupação do terreno,


não podendo sofrer qualquer modificação física externa.
Após esse período começaram a surgir os projetos para a intervenção do
antigo Hotel Cassina que atualmente é patrimônio do Sítio Histórico da cidade de
Manaus, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.
A intervenção tinha como objetivo desenvolver a construção de um valor de
novidade, sem perder o valor de antiguidade, e um resgate do valor histórico para a
comunidade. Surge então o projeto do Casarão da Inovação Cassina, criado com o
propósito de oferecer para a comunidade um espaço para novas empresas e novas
ideias dentro da área de tecnologia da informação, e oferecer ao Centro Histórico de
Manaus um espaço de inovação. (FIGUEIRA, 2021).

Casarão da Inovação Cassina

As fachadas degradadas assumidas pela vegetação, geram uma imagem


poderosa. A beleza da imperfeição da ruína provoca nos seus visitantes
questionamentos e convida à reflexão sobre o passado e a ação do tempo e do
homem na cidade e sobre o património construído de uma forma geral. No caso do
Casarão da Inovação Cassina, a preservação do estado de ruína tornou a
intervenção um manifesto por ser também a última fachada com argamassa
pigmentada com pó de arenito vermelho. Para tornar visível esta especificidade e
para paralisar a sua degradação foram realizados minuciosos trabalhos de restauro.
Ainda relacionado ao imaginário das ruínas, o Cassina abriga um exuberante
jardim atrás da fachada principal. O jardim tropical, associado a vidros, com
transparência e reflexo, cruza a história da ruína do antigo Hotel Cassina com
ofuturo da Casa da Inovação que é um espaço associado à tecnologia, virtualidade e
contemporaneidade.
O Casarão da Inovação Cassina conta com um espaço para fomentar o
coworking e promover o encontro de empresários digitais, possui espaços
multifuncionais, salões, salas de reuniões, laboratórios, salas de formação e um
restaurante no último piso com vista privilegiada para o centro de Manaus.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Por meio da implementação de um jardim tropical e de uma estrutura de aço


industrial nas ruínas de um hotel histórico, o Casarão da Inovação Cassina é a
síntese dos ciclos econômicos de Manaus: era da borracha e seu declínio, a era do
Distrito Industrial e a era da nova economia digital.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O antigo Hotel Cassina passou por transformações significativas desde a sua


construção. Foi de um meio de hospedagem luxuoso a cabaré, de cabaré à ruína e
de ruína a um espaço de coworking muito requisitado em Manaus. Mesmo com esse
período obscuro de sua história, o lugar não perdeu sua relevância em nenhum
momento, tanto que é objeto de estudo presente em resumos, artigos, trabalho de
conclusão de curso e outras publicações.
Não somente por estar inserido em uma área de tombamento federal, o antigo
Hotel Cassina é um patrimônio que permanece na memória do povo manauara, se
não conhecido ou lembrado como hotel, mas certamente lembrado por outros usos
atribuídos à edificação, como o atual espaço de coworking Casarão de Inovações
Cassina.
Palavras-chave: Patrimônio, Hotel Cassina, transformações.

REFERÊNCIAS

FIGUEIRA, F. Intervenções Contemporâneas em Centros Históricos : uma


análise do projeto de recuperação e requalificação do antigo hotel Cassina e o
resgate da ambiência manauara. Disponível em:
<https://www.eventoanap.org.br/data/inscricoes/10308/form5098292138.pdf>.
Acesso em: 02 out 2022.

GREATER, L. Impressões do Brazil no Século Vinte. Lloyd's Greater Britain


Publishing Company Ltd. 1913.

SILVA, L.C.A. Resgate Histórico do Hotel Cassina na cidade de Manaus.


Manaus: Universidade do Estado do Amazonas, 2017.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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RC 7 – Hotelaria

Análise do Valor Médio de Diárias no Setor Hoteleiro de


São Luís (Ma)

Fabine Emanuela Coelho Berredo 1


Jairo André Gonçalves Marques 2
Orientadora: Joana da Silva Castro Santos 3

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O setor do turismo tem como essência alguns elementos, como o


deslocamento, a troca de experiências entre viajantes, lidar com os sonhos dos
mesmos e a prática sustentável e responsável das atividades turísticas. Além disso,
como elemento central, pode-se destacar o bem receber, o acolhimento prestado
aos turistas, que deve ser intrínseco a todos os segmentos do turismo e a todos os
membros de sua cadeia produtiva (CAMARGO, 2004). Sendo assim, a hospitalidade
se destaca como o acolhimento dos visitantes pela população local, e,
principalmente pelos profissionais do turismo, transmitindo a essência do lugar.
Nesse sentido, Plentz (2005) destaca o elemento humano como componente
essencial para iniciar uma relação entre quem recebe e quem é recebido. Pensando
nas diferentes perspectivas da hospitalidade, este resumo expandido focará no
aspecto comercial, pensando em sua relação com a hotelaria, tratando do setor
hoteleiro na cidade de São Luís do Maranhão como um dos elementos centrais da
pesquisa.

2 DESENVOLVIMENTO

1
Graduanda no curso de bacharelado em Hotelaria; Universidade Federal do Maranhão; São Luís, Maranhão,
Brasil. E-mail: fabineemanuela@hotmail.com
2
Graduando no curso de bacharelado em Geografia; Universidade Federal do Maranhão; São Luís, Maranhão,
Brasil. E-mail: jairo.andre.marques.15@gmail.com
3
Mestre. Professora na Fundação de Apoio à Escola Técnica; FAETEC; Ipanema, Rio de Janeiro, Brasil. E-mail:
joanascsantos@gmail.com
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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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A cidade de São Luís (MA) está localizada no estado do Maranhão e é


conhecida mundialmente pelo seu potencial cultural, patrimonial e turístico, tendo
recebido o título de Patrimônio Mundial da Humanidade, em 1997, pela Organização
das Nações Unidas para Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO) 1. Considerando
que a hotelaria integra o setor de turismo e pensando na importância do setor para a
cidade de São Luís (MA), o objetivo do estudo é realizar uma análise comparativa
dos valores médios de diária em São Luís (MA) no período de janeiro a julho de
2021 e janeiro a julho de 2022.
Como caminho metodológico foi utilizada a pesquisa bibliográfica, fazendo
uso de artigos e livros (GIL, 2002) sobre os temas hospitalidade, turismo e pandemia
Covid-19, além disso, foi realizado levantamento dos valores médios de diária na
cidade de São Luís (MA) no período de janeiro a julho de 2021 e janeiro a julho de
2022, tais informações estão localizadas no Boletim do Turismo da cidade,
organizado pelo Observatório do Turismo da cidade de São Luís do Maranhão em
parceria com a Secretaria Municipal de Turismo de São Luís (MA) (UFMA, 2021;
2022). Este observatório faz parte do Grupo de Pesquisa Turismo, Cidades &
Patrimônio da Universidade Federal do Maranhão e tem como objetivo construir e
acompanhar dados do setor de turismo da cidade de São Luís (MA) contribuindo
para o planejamento do setor e para o diálogo entre atores públicos e privados. O
observatório também desenvolve suas pesquisas em parceria com a Secretaria
Municipal de Turismo de São Luís (MA) e integra a Rede Brasileira de Observatórios
de Turismo 2.
Pensando na pandemia do novo coronavírus que teve seu início anunciado no
ano de 2020, vale relembrar o cenário caótico que o mundo vivenciou no ano de
2020, além da doença que atingiu (e atinge) milhões de pessoas, houve a pausa dos
deslocamentos e a necessidade de isolamento dos indivíduos (CRUZ, 2020).
Durante meados de 2021, com o avanço da vacinação, o mundo já começou a
identificar sinais de retomada tanto na economia quanto nos demais setores, e o

1
Vide o website: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/346/
2
Vide o website: https://sites.google.com/ufma.br/gptcp/obsturslz
120
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

turismo também começou a se reerguer 1. Em São Luís, no mês de agosto de 2021,


os fluxos de passageiros, de visitação em atrativos e a ocupação hoteleira
mostravam sinais positivos de recuperação em andamento 2. O primeiro semestre de
2022 registrou a maior taxa de ocupação hoteleira nos últimos 10 anos, em São
Luís 3, tendo o mês de junho como destaque. Tendo isso em vista, o objetivo desta
pesquisa é realizar uma análise comparativa dos valores médios de diária em São
Luís (MA) no período de janeiro a julho de 2021 e janeiro a julho de 2022. A tabela 1,
abaixo, apresenta o compilado dos valores de cada mês.
Tabela 1 - Valor médio das diárias em São Luís (MA) 4
Ano 2021 Ano 2022

Janeiro: R$144,00 Janeiro: R$161,00

Fevereiro: R$138,00 Fevereiro: R$141,00

Março: R$137,00 Março: R$151,00

Abril: R$137,00 Abril: R$145,00

Maio: R$111,00 Maio: R$168,00

Junho: R$140,00 Junho: R$190,00

Julho: R$147,00 Julho: R$184,00


Fonte: Boletim do Turismo - Observatório do Turismo da cidade de São Luís do
Maranhão (UFMA, 2021; 2022)

Analisando de maneira geral, o valor médio de diárias no ano de 2022 foi


melhor que 2021, o que pode ser justificado pelo número de brasileiros vacinados
dispostos a viajar, o desejo de conhecer novos lugares, retomar as visitas a parentes

1
Vide o website: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/economia/audio/2021-11/retomada-
do-turismo-alvia-setor-que-sofreu-durante-pandemia
2
Vide o website: https://saoluis.ma.gov.br/setur/noticia/37377/sao-luis-desponta-na-retomada-do-turismo-e-
pesquisa-aponta-crescimento-no-setor
3
Vide o website: https://imirante.com/noticias/sao-luis/2022/07/21/no-primeiro-semestre-de-2022-sao-
luis-registra-maior-taxa-de-ocupacao-hoteleira-dos-ultimos-10-anos
4
Os valores médios das diárias dos meios de hospedagem de São Luís (MA) são coletados no site
Booking.com e agrupados em bairros, a saber: Calhau e Adjacências, Ponta D’Areia e Ponta do
Farol, São Francisco e Renascença, Centro e bairros diversos.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

e amigos ou até mesmo se deslocar a trabalho, dentre outras motivações. No


primeiro semestre de 2021, o mês de maio registrou o valor médio de diária mais
baixo (R$ 111,00) e em julho foi o mais alto (R$ 147,00). No primeiro semestre de
2022, os meses de maio, junho e julho obtiveram um crescimento de 36,1% em
comparação ao ano anterior, registrando os maiores valores médios de diária do
semestre. Tal acontecimento pode se dar por conta das festividades de São João,
que tiveram seu retorno em 2022 1, após dois anos pausado por conta da pandemia.
Conforme mencionado anteriormente, o mês de junho de 2022 ficou marcado como
mês de maior taxa de ocupação hoteleira nos últimos 10 anos na cidade de São
Luís. Isso pode ser visto também pelo valor médio da diária, de R$ 190,00, que foi o
maior do primeiro semestre do ano.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa trouxe um pouco do panorama da média de valores das diárias


no setor hoteleiro de São Luís (MA) pensando no contexto de recuperação do
mercado turístico diante da pandemia do novo coronavírus. Identificou-se que o
aumento do valor médio de diárias no ano de 2022 em relação a 2021 se deu por
alguns motivos, como a reabertura de atrativos turísticos da cidade, o retorno de
grandes eventos, como as festas de São João e as férias escolares, que ocorrem,
geralmente, nos meses de julho e janeiro. Assim, usualmente, já é identificado um
maior número de turistas nestes meses em relação aos outros, por conta da
sazonalidade. O avanço da vacinação pelo país também colaborou para que os
turistas voltassem a viajar exigindo mais segurança e adequação aos protocolos
sanitários por parte dos equipamentos turísticos. Os autores acreditam que esta
pesquisa pode ser um ponto de partida para uma análise mais aprofundada do setor
hoteleiro da cidade de São Luís (MA) e inspirar a investigação de outros aspectos,
como infraestrutura dos meios de hospedagem da cidade, sustentabilidade, perfil do
hóspede, dentre outros temas. Acredita-se que o ano de 2022 irá refletir um

1
Vide o website: https://g1.globo.com/ma/maranhao/especial-publicitario/sebrae-
maranhao/empreenda/noticia/2022/06/24/retomada-das-festas-juninas-atrai-turistas-e-impulsiona-economia-
no-maranhao.ghtml

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

aumento no fluxo turístico em São Luís (MA) uma vez que a cidade possui imenso
potencial histórico, cultural e natural para atração de visitantes.

Palavras-chave: Valor médio de diárias. Setor hoteleiro. São Luís. Turismo.


Hospitalidade.

REFERÊNCIAS

CAMARGO, Luiz Octavio de Lima. Hospitalidade. São Paulo: Aleph, 2004.

CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Impactos da Pandemia no Setor de Turismo. [São
Paulo]: Jornal da USP, 2020. Disponível em: <jornal.usp.br/artigos/impactos-da-
pandemia-no-setor-de-turismo/>. Acesso em: 10 dez 2022.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed., São Paulo:
2Atlas, 2002.

PLENTZ, Renata Soares. Hospitalidade: trocas humanas versus trocas


mercadológicas. Revista Hospitalidade, São Paulo, v.2, n.2, p. 47-68, 2005.

UFMA. Universidade Federal do Maranhão. Observatório do Turismo da Cidade


de São Luís do Maranhão. Boletim do Turismo, 2021. Disponível em <
https://sites.google.com/ufma.br/gptcp/obsturslz/boletim-mensal?authuser=0>
Acesso em: 12 ago 2022.

UFMA. Universidade Federal do Maranhão. Observatório do Turismo da Cidade


de São Luís do Maranhão. Boletim do Turismo, 2022. Disponível em <
https://sites.google.com/ufma.br/gptcp/obsturslz/boletim-mensal?authuser=0>
Acesso em: 12 ago 2022.

123
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Visita Técnica Imersiva: um relato de experiência no


Manaus Hotéis Millennium

Rosana Oliveira de Araújo 1


Ligia Conceição Oliveira da Cruz 2
Maria Adriana S. B. Teixeira 3

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O curso de Bacharelado em Turismo da Escola Superior de Artes em Turismo


- ESAT, foi criado em 2001 com o intuito de atender às políticas públicas do Estado
relacionadas à promoção da educação gratuita “com a função primordial de
promover a educação de nível superior, integrar o homem à sociedade e aprimorar a
qualidade dos recursos humanos existentes na região” (PPC-Turismo, 2019).
Com a característica de ser multidisciplinar o curso possui disciplinas que
abrangem diversos segmentos do trade turístico, dentre elas a de Meios de
Hospedagem. Do qual, de acordo com Teixeira (2022), possui o objetivo de
possibilitar a compreensão do campo da hospitalidade, bem como o universo interno
dos diversos meios de hospedagem, seu funcionamento e as principais atividades.
Buscando uma participação mais intensa dos alunos e aprimoração de uma
abordagem crítica/reflexiva, umas das atividades propostas através do plano de
ensino da disciplina, foi a realização de uma visita técnica. Que ocorreu através de
uma imersão de 2 dias no Manaus Hotéis Millennium, que fica localizado em

1
Aluna de graduação em Turismo da Universidade do estado do Amazonas (UEA). Bolsista do
Observatório de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1029056157516385. Email: roda.tur20@uea.edu.br.
2
Aluna de graduação em Turismo da Universidade do estado do Amazonas (UEA). Bolsista do projeto
de extensão de eventos - EVENTUR. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0878101591093549. E-mail:
lcosc.tur18@uea.edu.br.
3
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa – UDE e reconhecida pela Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC. Manaus - AM. Lattes: http://lattes.cnpq.br/7305750465493497;
E-mail: msteixeira@uea.edu.br.
124
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Manaus - Amazonas. A realização da atividade se fez possível por conta da parceria


da Universidade do Estado do Amazonas - UEA com a Rede Manaus Hotéis.
Conforme Costa (2012), a visita técnica é um estudo teórico e prático,
particularmente importante para aprofundar o conhecimento observando as etapas
do aprendizado. Explorando os conceitos teórico-metodológicos e expressando
diálogos criados em sala de aula. É de suma importância na formação de futuros
profissionais que precisam se atualizar na área específica do curso. Diante da
proposta, segue o questionamento: Qual a contribuição da visita técnica imersiva
no aprendizado do conhecimento do aluno do curso de turismo?
Portanto, este trabalho tem como objetivo mostrar previamente as atividades
exercidas pelos alunos durante a imersão e a contribuição para com o conhecimento
acadêmico e profissional para os alunos da disciplina de Meios de Hospedagem.

2 VISITA TÉCNICA IMERSIVA: MANAUS HOTÉIS MILLENNIUM

Arraigado na proposta do Plano de Ensino da disciplina de Meios de Hospedagem,


ministrado pela Profª Dra. Maria Adriana S. B. Teixeira. Pode-se destacar a visita técnica
imersiva da Rede Manaus Hotéis realizada pelos alunos da UEA, do curso de caráter
interdisciplinar de Bacharel em Turismo. Os meios de hospedagem são portanto um
importante segmento que se aprimora no ramo turístico, e através das práticas hoteleiras
diversificadas entre os segmentos é possível absorver conhecimento prático, bem como
teórico dos variados setores que compõem a rede hoteleira.
Busca-se por meio da realização das visitas imersivas, participação mais abrangente
do que é fazer parte da hospitalidade e dos serviços prestados pelos colaboradores
hoteleiros, da mesma maneira que se busca refletir criticamente sobre as carências do
segmento no estado que precisam ser aperfeiçoadas.
A Rede Manaus Hotéis é composta por 4 unidades hoteleiras: Hotel Adrianópolis All
Suites, Hotel Saint Paul, Hotel Express Vieiralves e o Hotel Millenium, que praticam a
sustentabilidade empresarial com ações a favor do Meio Ambiente e Sustentabilidade. A
unidade utilizada para a imersão foi o Hotel Millenium, que está localizado na Avenida
Djalma Batista - Chapada e o mesmo integra-se ao Shopping Millennium, sendo assim um
lugar com diferentes opções de lazer e atividades recreativas. O Hotel oferece aos seus
hóspedes 127 unidades habitacionais (UH) e conta com diferentes espaços sociais como

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

academia, piscina, estacionamento, bar e restaurante, Internet Wi-fi e SPA (MANAUS


HOTÉIS, 2022). Dessa forma, constatou-se por meio da escolha do Hotel conhecer todos
os setores dos Meios de Hospedagem a partir da imersão planejada.
A metodologia se baseia em um estudo descritivo, do tipo relato de experiência,
realizado a partir da vivência das autoras durante a visita técnica imersiva dos alunos do
curso de Turismo no Manaus Hotéis Millennium. Tal experiência ocorreu nos dias 6 e 7 de
agosto de 2022, com aproximadamente 40 participantes. O estudo se utilizou de pesquisa
bibliográfica, através do Plano Pedagógico do Curso de Turismo - PPC, 2019, emenda da
disciplina de Meios de Hospedagem e artigos que abordam as temáticas: visita técnica e
relato de experiência.
A atividade se dividiu entre 3 etapas: levantamento de informações sobre os alunos
participantes, divisão de equipes de trabalho e a execução das ações durante a imersão. Na
1ª etapa houve um levantamento de dados dos alunos para a solicitação do seguro junto à
universidade, para que então se executasse a atividade em ambiente externo da UEA. A 2ª
etapa ocorreu no dia 6/08, logo que os alunos chegaram ao hotel foram recebidos pela
gerência e governança, que junto com a professora dividiu os alunos em equipe de até 3
pessoas. O intuito era fazer com que os alunos tivessem a experiência no máximo de
setores possível durante as 24 horas de hospedagem e assim aprimorar seus
conhecimentos sobre a hotelaria. Os setores escolhidos foram: recepção, manutenção,
governança e Alimentos e Bebidas (A&B).
Na 3ª etapa e prática em si, os alunos começaram a exercer atividades juntamente
com os responsáveis de cada setor, onde informações e particularidades. Uma espécie de
mini-treinamento de 3 a 4 horas, que demonstrou um pouco do que acontece diariamente no
hotel Millenium. A passagem pelos setores foi bem agitada por conta de o hotel estar com
todas as UH’s ocupadas, devido a atividade dos alunos e um evento de grande porte
próximo ao hotel.
Na recepção as atividades praticadas foram: check-in e checkout, solicitações e
informações via fone aos hóspedes e auxílio ao mensageiro. No setor de manutenção foi
exercida a atividade de pôr cama extra nas UH’s que necessitavam desta demanda. Na
governança foram exercidas as atividades: apresentação das funções da gestão do setor e
camareiras (envelopamento de lençóis nas camas, limpeza e manutenção de utensílios nas
UH's). E por fim, no setor de A & B os alunos tiveram a oportunidade de participar do
preparo do café da manhã dos hóspedes e até servi-los na área do restaurante.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Todas as ações feitas pelos alunos foram realizadas sobre o monitoramento dos
responsáveis de cada setor e da professora responsável pela atividade. Os alunos
cumpriram o rodízio de escalas durante as 24 horas. Pode-se afirmar que, todo o processo
foi muito produtivo, uma vez que os alunos puderam ter uma visão mais ampla sobre os
processos dentro de um hotel através da prática nos setores, algo que não teriam tendo
apenas aulas teóricas na universidade.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desse modo, é imprescindível que atividades de imersão sejam planejadas


para melhor compreensão e envolvimento dos alunos nos conteúdos abordados em
sala de aula. Como também a pluralidade que o segmento turístico de Meios de
Hospedagem contribui na vida pessoal e acadêmica, ao analisarmos a contribuição
pessoal pode-se observar a importância do servir através do aprimoramento da
hospitalidade, e a vivência do que é estar entre o que serve e o que é servido.
Partindo para a vida acadêmica, a visita técnica trouxe as autoras uma visão
ampliada do cotidiano dos hoteleiros, que buscam oferecer um serviço de qualidade,
inovador e seguro por meio das práticas de serviço dos diversos setores que
compõem a hotelaria estudada nas aulas da disciplina de Meios de Hospedagem.
O que reforça a importância de parcerias entre a universidade e o trade
turístico, para que desta forma outras experiências possam ser proporcionadas aos
alunos do Curso de Turismo. Uma vez que, tais ações podem contribuir para a
formação profissional e ajudar a identificar a área de atuação de cada um.

Palavras-chave: Visita técnica, Imersão, Meios de Hospedagem, Hotel Millennium,


Turismo.

REFERÊNCIAS

COSTA, Nizete M. G. et al. A importância da visita técnica como recurso


didático metodológico. Um relato na prática do IFSertão Pernambucano. In: VII
CONNEPI: Palmas, 2012. Disponível em:
<https://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/paper/view/1335/2166>. Acesso
em 01 de out. 2022.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

COPPIETERS, R. et al. Visitas Técnicas: Ensino-Aprendizagem no Curso de


Turismo. [s.l: s.n.]. Disponível em:
https://www.anptur.org.br/anais/anais/files/9/92.pdf>. Acesso em: 1 out. 2022.

MANAUS HOTÉIS. Disponível em: <>https://www.manaushoteis.tur.br/. Acesso em


01 out 2022.

PPT. Projeto pedagógico do Curso de Turismo 2019. Escola Superior de Artes e


Turismo - ESAT/UEA. 2019.

TEIXEIRA, Maria Adriana, B.S. Ementa Disciplina Meios de Hospedagem. Escola


Superior de Artes e Turismo. Curso Bacharelado em Turismo, 2022.

128
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

A Satisfação dos Colaboradores da Recepção Hoteleira e


seu Reflexo na Qualidade do Atendimento aos Clientes: um
Estudo nas Unidades do Local Hostel em Manaus e em
Presidente Figueiredo

Virginia Reis Barros 1


Paloma Duarte Ferreira 2
Fábio Melo Pereira 3
Maria Adriana S.B. Teixeira 4
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A hospitalidade é um dos fatores indispensáveis para o sucesso de um meio
de hospedagem. Considera-se importante conduzir uma pesquisa para avaliar a
relação entre a satisfação de colaboradores e de clientes. Tem como objetivo
analisar se o nível de satisfação dos colaboradores tem reflexo na qualidade do
atendimento prestado em duas unidades pertencentes à rede Local Hostel, em
Manaus e em Presidente Figueiredo.
A intenção da pesquisa iniciou-se com um dos membros da equipe, que por
sua experiência em hotelaria, notou a possibilidade de haver esta relação. A
metodologia utilizada é exploratória, descritiva e explicativa, com abordagem

1
Discente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(vrb.tur20@uea.edu.br);
2
Discente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(pdf.tur20@uea.edu.br);
3
Discente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(fmp.tur20@uea.edu.br);
4
Docente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Doutora em
educação pela Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC; Mestre em Turismo pela
Universidade de Caxias do Sul – UCS; Especialista em Metodologia da Pesquisa pela Faculdades
Objetivos (msteixeira@uea.edu.br).
129
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

qualitativa e quantitativa, bem como o uso de recursos digitais, como formulários de


avaliação da satisfação de colaboradores e clientes. Baseado nisto é relevante para
o trade turístico e para a academia, pois contribuirá em pesquisas futuras que
busquem a implementação de soluções para o desenvolvimento da qualidade nos
atendimentos em hotelaria.
Entre estes fatores mantivemos a pesquisa com base no questionamento
sobre a satisfação dos colaboradores e o quanto este fator pode ser determinante
para a qualidade no atendimento e como esta qualidade pode refletir na satisfação
dos clientes.
A pesquisa se desenvolve em unidades da rede Local Hostel localizadas em
Manaus e em Presidente Figueiredo e com este comparativo, busca-se a análise
de pesquisas de satisfação com clientes e com colaboradores, relacionando as
duas vertentes para que possamos concluir se as duas estão ou não interligadas.

2 DESENVOLVIMENTO

O ato de bem receber é determinante para a satisfação do turista. Tratando-


se da recepção, este setor é o primeiro com o qual o cliente terá contato ao entrar
em um meio de hospedagem. É o elo entre o hóspede e todos os outros setores, o
suporte que dará segurança e aumentará o nível de confiabilidade da empresa na
visão do cliente.
No que tange à qualidade do serviço, destaca-se que:
Ao investir em qualidade, a empresa produz: (a) menos defeitos, (b)
produtos melhores, (c) posição financeira melhor, (d) maior bem-estar, (e)
menor giro de pessoal, (f) menos absenteísmo, (g) clientes satisfeitos e (h)
uma imagem melhor. [...] O futuro de uma empresa pode ser determinado
pela Qualidade. E ela não é um problema, é uma solução. (SERRA, 2005.
p.7)

A coleta de dados foi realizada mediante questionário virtual, encaminhado


ao administrador do Local Hostel, no qual foram obtidos dados qualiquantitativos
referentes à satisfação dos clientes do hotel. Foram encaminhados também
130
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

questionários para os colaboradores do hostel, a fim de verificar o nível de


satisfação destes para uma posterior comparação com o nível de satisfação dos
clientes, relacionando assim as duas situações para obter uma conclusão acerca
do reflexo da satisfação dos colaboradores na qualidade do atendimento prestado.
Para iniciar as discussões acerca desta pesquisa, é preciso entender a
importância da relação entre os colaboradores dos meios de hospedagem e os
hóspedes. Sobre isto, ressalta-se que:
A atuação profissional tem de estar em posição de dignidade, para
satisfazer as aspirações legítimas da sociedade à qual servimos e da qual
fazemos parte. A obrigação que temos com a sociedade e nós mesmos
consiste na responsabilidade social de nossas atividades profissionais. [...]
Um funcionário é a voz e a imagem da empresa onde trabalha, e suas
ações farão com que ela seja valorizada positiva ou negativamente.
(PÉREZ, 2001. p.30).

Durante a pesquisa realizada e a análise feita a partir do instrumento de


coleta de dados, nota-se que os colaboradores do hostel mantém uma postura de
proximidade com o seu local de trabalho, atribuindo valor ao lugar e agregando suas
experiências e conhecimentos com a empresa. Esta postura denota que a gestão e
os colaboradores têm uma boa relação, onde o colaborador se enxerga como parte
da empresa e se considera responsável também pelo sucesso do atendimento. Tal
valorização positiva torna possível que a relação entre colaboradores e clientes seja
a melhor possível.
Segundo Dias e Vieira Filho (2006), a qualidade do serviço prestado perpassa
pelo caminho da comunicação. O entendimento entre colaboradores e clientes é
fundamental para que seja realizado um serviço personalizado, onde as
necessidades e expectativas dos clientes sejam atendidas satisfatoriamente. Esta
interação foi percebida pelos colaboradores respondentes da pesquisa quando
identificaram suas boas relações com os hóspedes do hostel e denotando interesse
em fazer com que o atendimento possa ser ainda mais aprimorado.
Um dos fatores que mais chamaram a atenção durante a pesquisa foi uma
das respostas onde todos os colaboradores relataram que o Local Hostel oferece
131
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

oportunidades de crescimento para que os mesmos possam se desenvolver junto


com a empresa. Portanto, durante a pesquisa foi identificado que o hostel empenha-
se para manter práticas indicadas como processos a serem adotados para a
implantação de modelos de qualidade em empresas, bem como o esforço para
tornar a relação entre empresa e colaborador em algo satisfatório para todos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa partiu do princípio de identificar o nível de satisfação dos


clientes e colaboradores envolvidos no serviço de recepção das unidades do hostel
Local Hostel, em suas unidades em Manaus e em Presidente Figueiredo. A partir
disso, foi possível traçar uma relação entre o nível de satisfação de clientes e
colaboradores, onde o reflexo pode ser notado na qualidade do atendimento
prestado por toda a equipe envolvida no atendimento no hostel.
Um dos aspectos mais positivos da pesquisa se deu com o contato com o
gerente do hostel, que foi solícito no recebimento dos pesquisadores e do
atendimento à pesquisa em si, bem como na facilitação do contato entre os
pesquisadores e os colaboradores do hostel. Demonstrou que os colaboradores
realmente se sentiram à vontade para participar da pesquisa e expor seus pontos de
vista e suas sugestões sobre o hostel e sobre os clientes.
Uma das questões chamou atenção dos pesquisadores. Ao se perguntar
como era a relação dos colaboradores com seus colegas de trabalho, 42,9%
responderam a esta questão com a opção “regular”. Sendo uma atividade que
envolve o trabalho em equipe, deve-se prestar a devida atenção a este pormenor,
sempre com o intuito de deixar as relações interpessoais em um nível satisfatório a
fim de que se mantenha o bom reflexo no atendimento aos clientes.
Especificamente, para o hostel pesquisado, os pesquisadores identificaram
que já existe um nível alto de satisfação tanto da parte de clientes quanto da parte
de colaboradores e as ações do hostel. Na valorização de seus colaboradores, tem
sido altamente eficiente e eficaz na manutenção destes níveis de satisfação. A oferta
de cursos de qualificação profissional para o atendimento, bem como cursos de
132
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

idiomas e palestras de relações interpessoais no local de trabalho, mostra-se saídas


viáveis para que o hostel continue com uma excelente relação com colaboradores e
mantenha-se como a principal referência quando se examina a categoria hostel em
Manaus e em Presidente Figueiredo.
A experiência com esta pesquisa contribuiu de maneira significativa para
todos os pesquisadores, causando a reflexão sobre a nitidez da eficiência e eficácia
da valorização dos pilares de uma empresa, que são seus colaboradores. Mantendo
todos em um bom ambiente de trabalho e com condições satisfatórias é possível
aumentar o rendimento da empresa e a satisfação dos clientes.

Palavras-chave: Hotelaria, Satisfação, Recepção, Qualidade.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Georgia Maria Mangueira de. Meios de hospedagem: a qualidade na


visão do cliente / Georgia Maria. Mangueira de Almeida, André Luis Policani
Freitas. 1. ed. Curitiba: Appris, 2012.

BRANCO, Gabriela Musse; RIBEIRO, José Luis Duarte; TINOCO, Maria Auxiliadora
Cannarozzo. Determinantes da satisfação e atributos da qualidade em serviços
de hotelaria. Produção, v. 20, n. 4, out./dez. 2010, p. 576-588; Doi: 10.1590/S0103-
65132010005000057. UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.

DIAS, Reinaldo; VIEIRA FILHO, Nelson A. Quadros. Hotelaria e turismo:


elementos de gestão e competitividade. Campinas, SP: Editora Alínea, 2006.

PÉREZ, Luis Di Muro. Manual prático de recepção hoteleira. Traduzido por


Andréa Favano. São Paulo: Roca, 2001.

133
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

PRODANOV, Cleber Cristiano. Metodologia do trabalho científico [recurso


eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Cleber
Cristiano Prodanov, Ernani Cesar de Freitas. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

SANTOS, Vilma da Silva et al. A qualidade em serviços no setor hoteleiro como


estratégia competitiva. XII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VIII
Encontro Latino Americano de Pós-Graduação Universidade do Vale do Paraíba.
São Paulo, SP: 2015.

TEIXEIRA, Maria Adriana Sena Bezerra. Material de Hotelaria. Manual de


Hotelaria da Disciplina de Meios de Hospedagem do Curso de Bacharelado em
Turismo da Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, AM, 2020.

Resiliência urbana para a hotelaria em Manaus:


alternativas para a sustentabilidade dos negócios
turísticos num mundo pós pandêmico

Edson da Silva Neves jr


Diana Siqueira De Oliveira
Ana Alice Moraes das Graças
Maria Adriana S. B. Teixeira (Orientadora)

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A pandemia da Covid 19 foi uma brutal realidade que afetou diretamente o


turismo em Manaus. Em publicação do Observatório do Turismo da Universidade do
Amazonas e a Secretaria Estadual de Turismo, Batista e Fonsêca (2022)
apontam que houve uma retração considerável, prejudicando uma diversidade de
empreendimentos de hospedagens. No estado houve uma queda de 72% no
faturamento das agências locais e de 70% nos hotéis. A virada proporcionada por

134
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

este acontecimento acometeu muitos postos de trabalho, em especial na área


hoteleira. Nesse sentido Chelleri's (2012) explica que o caminho para a resiliência
urbana se dá por meio da persistência, transição e transformação.
A hotelaria é um setor sensível a diversos tipos de variações ambientais,
como sazonalidade, epidemias, crises econômicas, entre outras. E não raramente,
está suscetível a adaptar-se e a incorporar novas rotinas, treinar e atualizar
funcionários, e também através de organizações da classe, pleitear junto ao poder
público. Como a hotelaria pode se tornar resiliente e assim lidar de uma
maneira mais eficiente com tais ameaças externas?
Diante de tal questionamento, o objetivo geral deste artigo é analisar como o
conceito de resiliência urbana pode, para uma cidade como Manaus, contribuir para
a eficiência da gestão hoteleira. Os objetivos específicos: i) Apresentar o conceito de
resiliência urbana e como funciona; ii) Contextualizar o tema e seus efeitos na
hotelaria. Partindo de um método analítico e considerando as discussões levantadas
por outros teóricos e experiências que o objeto de interesse desta pesquisa
proporciona, procedeu-se de uma pesquisa qualitativa e bibliográfica. Isto posto,
esta é uma pesquisa de natureza aplicada..

2 DESENVOLVIMENTO

Para a Hotelaria é importante que o viajante se assegure da segurança e da


integridade do acolhimento, Já que a qualidade percebida é um dos principais
determinantes que afetam a satisfação dos clientes de serviços (TINOCO, 2006). Ao
compreender como se movem as variáveis globais que afetam o turismo e a
hotelaria na realidade regional, é possível prever crises, desenvolver estruturas que
sejam resistentes à dificuldade ou até que possam coexistir com a crise sem a perda
total do empreendimento ou da estrutura.
A resiliência urbana seria, dentro do destino, uma forma de pensar ideias que
sejam mantenedoras de um status onde não o comprometimento das partes mais
importantes de uma estrutura, poderia converter ou mitigar as dificuldades externas
para serem vencidas com mais facilidade ou até mesmo conseguir formas de se
integrar à situação. Para Meerow (2016), isso é basicamente resistir a mudanças
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

indesejadas ou adaptar-se a elas ou em outras palavras, investir em preparação e


mitigação.
De acordo com Yunes e Szymanski, (2001), a palavra resiliência começou a
ser utilizada no século XIX na Inglaterra, inicialmente para explicar a resistência de
materiais, sendo um dos seus principais precursores Thomas Young. Esses
materiais, em específico, podem receber uma energia de deformação sem sofrê-la
de modo permanente.
Conforme levantamento feito pela revista Planeta Sustentável (2020), Toronto
e Vancouver são as cidades mais resilientes do mundo, ambas apresentaram
problemas sociais e ambientais como o Furação Hazel que causou 1 bilhão de
dólares em prejuízos, a epidemia de SARS em Toronto, alagamentos e o grande
incêndio de Vancouver. Ambas as cidades traçaram planos para alcançar a
resiliência baseados em construir parcerias que envolviam a comunidade
acadêmica, organizações comunitárias, formação de comitês colaborativos para
redução de desastres.
A hotelaria como entidade de fim lucrativo, busca na maioria das vezes o
refino dos seus serviços na medida da proposta que a empresa estabelece. Para
atingir a resiliência, no entanto, é preciso buscar a articulação para com a entidade
de governança municipal ou estadual e as partes interessadas como as sociedades
civis organizadas e as universidades, já que a resiliência envolve aprendizado de
elementos e processos, para que aconteçam mudanças de comportamento e
adaptação a dificuldades, elementos que em longo prazo farão o sistema
desenvolver e também se recuperar mais rápido (TIDBALL, 2010)
O Brasil, também foi o país que mais aderiu à campanha mundial “construindo
cidades resilientes” das Nações Unidas, contando com 282 municípios interessados.
Nesse cenário, a cidade de Manaus foi uma das que se interessou pela campanha,
recebendo certificação de resiliência da Secretaria Nacional de Defesa Civil,
participando de um intercâmbio para troca de conhecimentos com outros países da
América Latina (PREFEITURA DE MANAUS, 2014). Conforme o portal da prefeitura,
tem trabalhado à sua maneira para alcançar a resiliência, geralmente investindo em
drenagem de igarapés, defesa civil e assistência social..
136
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Para a hotelaria, uma cidade resiliente pode trazer benefícios que, por sua
vez, acarretarão em novos investimentos. Por exemplo, ao fortalecer a infraestrutura
municipal, se facilita o acesso da população a bens e serviços públicos, que se
convertem na geração de empregos e de atividades econômicas. Por conseguinte, o
decorrente aumento da confiança pode vir a favorecer a sediação de congressos e
eventos, interesses e desenvolvimento de parcerias comerciais. Tais atividades tem
na hotelaria uma simbiose significativa, posto que em cada uma destas haverá a
demanda por estadia, alimentação e transporte. Logo, trabalhando sem impedimento
a hotelaria pode crescer sem temor e, de forma cíclica, gerar riqueza, empregos e
contribuir para a resiliência urbana.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A resiliência urbana é, portanto, uma série de tomadas de decisões e


investimentos em prol de manter uma harmonia ambiental forte o bastante para não
esmorecer diante das dificuldades. Conforme o exemplo de Toronto, exposto nesse
trabalho, deve haver mais investimento em pesquisa e definição dos princípios
objetivos e ações, estabelecendo indicadores para a resiliência.
Manaus é, em termos institucionais, uma cidade resiliente, pois foi atestada
em 2014 pelo Ministério da Integração Nacional e pela ONU. Entretanto, tal
certificação não implica que a cidade consiga ter capacidade de enfrentamento a
todo tipo de crise ou desastre. Em se tratando da saúde pública, a recente pandemia
de Covid19 expôs a fragilidade na saúde e na governança municipal, em paralelo
agravada pelas limitações de comunicação entre as esferas, além do desacordo
com o setor comercial. Consequentemente, a redução da demanda turística afetou o
setor de hospedagens tanto em termos profissionais quanto recreativos.
Diante dessa situação, é preciso que o setor hoteleiro esteja aberto a
contribuir e a participar da ciência, respondendo pesquisas e apresentando-se nos
fóruns públicos e acadêmicos, algo que nem sempre acontece. Manaus necessita de
um plano de resiliência abrangente que possa contar, entre outros pares, com o
turismo e a hotelaria como contribuintes— que se servindo de suas demandas
estruturais podem se tornar vetores de mudança.
137
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Palavras-chave: Turismo. Hotelaria. Economia. Covid-19. Resiliência

REFERÊNCIAS

REVISTA PLANETA SUSTENTÁVEL.As 50 cidades mais resilientes do mundo.


São Paulo, mar.de 2020. Disponível em <http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/
urbanidades/as-50-cidades-mais-resilientes-domundo/>. Acesso em: 19 de
Setembro de 2018
BATISTA, S. P. M. ; FONSÊCA, M. H. S. . Raio-x do Turismo frente à Covid-19:
Meios de Hospedagem Pesquisa de Monitoramento. 2020. (Relatório Técnico).
Disponível em: <https://observatoriodeturismo.uea.edu.br/boletins/>. Acesso em: 29
de Agosto de 2022.
CHELLERI, Lorenzo. From the «Resilient City» to Urban Resilience. A review
essay on understanding and integrating the resilience perspective for urban
systems. Documents d'anàlisi geogràfica, v. 58, n. 2, p. 287-306, 2012.
PREFEITURA DE MANAUS. Manaus ganha certificação de cidade resiliente.,
Notícias Manaus, 15 de setembro de 2014. Disponível em < https://www.manaus.
am.gov.br/noticia/manaus-ganha-certificacao-de-cidade-resiliente //> . Acesso em 15
Agosto de 2020
MEEROW, Sara; NEWELL, Joshua P.; STULTS, Melissa. Defining urban
resilience: A review. Landscape and urban planning, v. 147, p. 38-49, 2016.
TIDBALL, Keith G. et al. Stewardship, learning, and memory in
disasterresilience. Environmental Education Research, v. 16, n. 5-6, p. 591-609,
2010.
TINOCO, Maria Auxiliadora Cannarozzo. Proposta de modelos de satisfação dos
consumidores de serviços. 2006.
YUNES, Maria Angela Mattar; SZYMANSKI, Heloísa. Resiliência: noção, conceitos
afins e considerações críticas. Resiliência e educação, v. 2, n. 1, p. 13-43, 2001.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

RC 8 – Eventos e Hotelaria

O Futebol Amazonense Como Ferramenta de


Fortalecimento da Atividade Turística

Eloiza Fernanda da Silva Oliveira 1


Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira 2

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1
Finalista do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-mail: elofernanda40@gmail.com.
2
Docente do Curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Doutora em educação pela
Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul;
Especialista em Metodologia da Pesquisa pelas Faculdades objetivos. E-mail: msteixeira@uea.edu.br.
139
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

A ligação entre turismo e futebol não é longínqua, pois os recursos gerados pela
indústria futebolística estão sendo aproveitados pelo ramo da atividade turística,
dado que a expansão desse esporte gera benefícios tangíveis e intangíveis, com
grande capacidade de impactar o desenvolvimento do turismo de uma cidade,
estado ou país.
Com essa perspectiva, a relação da atividade turística com o esporte da bola
potencializa e incrementa o turismo esportivo, pois aproxima turistas com motivação
esportiva a determinada localidade, seja como apreciador, telespectador ou
praticante e essa atitude instiga o consumo do destino receptor mais além dos
equipamentos ligados aos esportes. O Turista Esportivo necessitará de um meio de
hospedagem, usufrui da gastronomia localista, utiliza dos meios de transportes,
assim como também consome atrativos, sejam eles museus, exposições, eventos,
visitas a atrativos naturais, etc.
Portanto, dado o contexto, a problemática apresentada para a pesquisa é a
seguinte: De que forma o futebol amazonense pode ser utilizado como
ferramenta de fortalecimento da atividade turística no estado do Amazonas?

2 DESENVOLVIMENTO

Smaniotto e Bandeira (2013, p.12) relatam que além do retorno financeiro, a


associação entre clubes de futebol e turismo representa a “valorização da sua
história, tão prezada e estimada pelo clube, assim como admirada pelos torcedores.
”Essa herança, sem dúvidas, é bastante significativa para os pequenos times das
cidades, que não possuem as mesmas coberturas da mídia em geral e precisam de
ações para aproximar o público e manter sua memória viva. Nesse sentido, Carraro
(2010) pontua que se ações forem realizadas para qualificar as estruturas dos
clubes de futebol, e para narrar as suas histórias e seus feitos em museus e
memoriais, o esporte pode se tornar importante não apenas no segmento Turismo
Esportivo, mas também no segmento Turismo Cultural, já que as suas práticas
fazem parte das culturas nacional e local.
O futebol amazonense, há muito tempo, passa por intensa desvalorização e
seus recursos têm sido pouco aproveitados, dessa maneira, a presente pesquisa
140
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

busca observar o esporte da bola sob a visão da atividade turística e verificar o


modo como a modalidade pode fortalecer o turismo no Amazonas.
A forma de abordagem relacionada ao estudo é a qualitativa. Minayo (2001,
p.22) descreve que essa metodologia lida “com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis.”. Dessa forma, o enfoque adotado
permite a verificação dos objetivos específicos estabelecidos.
Quanto os objetivos metodológicos, associa-se como exploratório com intuito
de conhecer melhor sobre objetivo geral do trabalho. Logo é descritivo em razão de
explicar o porquê dos seguintes objetivos específicos: Descrever as contribuições do
futebol fora das quatro linhas e sua relação com o turismo; contextualizar o futebol
Amazonense e a sua importância para a localidade e relacionar as contribuições do
futebol amazonense como possível alternativa de atratividade para o estado do
Amazonas.
O tamanho da amostra estipulado é de 10 participantes, todos relacionados
ao esporte da bola no estado do Amazonas. Dessa quantidade, seis respondentes
são clubes de futebol local; dois jornalistas esportivos do Estado; O campeonato de
peladas “Peladão” e a Administração da Arena da Amazônia. Os meios de coletas
de dados pertinentes ao trabalho são formulários e entrevistas, do tipo estruturadas
com a finalidade de se atingir possíveis apontamentos da pesquisa.
Na visão mais geral das respostas, o futebol não se limita apenas ao campo,
a bola, ao jogo e abrange muitos cenários da sociedade, destacando-se futebol
como agente fundamental nos aspectos sociais, culturais, econômico, educacional.
No que tange ao turismo, conforme os respondentes, o esporte da bola também
possui influência, trazendo importância a uma cidade, a criação de oportunidades de
emprego e renda, o movimento de pessoas em direção a determinada localidade por
conta de uma equipe, dentre outros elementos destacados. No entanto, quando
questionados se a junção turismo e futebol é percebida no estado do Amazonas, as
respostas indicaram a pouca ou nenhuma percepção da união entre as duas
variáveis.
141
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Sobre o panorama da relação torcida e futebol amazonense esta é vista como


enfraquecida, visto que os times do estado estão afastados da chamada “Elite do
Futebol” do país o que, na opinião dos participantes, seria um dos principais ou o
principal motivo que impede a intensidade no vínculo entre torcida e clubes do
Amazonas. Por outro lado, é notória a crença acerca do grande potencial de
crescimento que o futebol apresenta no Amazonas. Esse crescimento, segundo os
respondentes, pode vir da administração adequada de um clube; da imprensa, do
Governo; do nascimento de ídolos criados nas categorias de bases; vitórias, títulos e
outras conquistas.
Refletindo as contribuições do futebol amazonense como possível alternativa
de atratividade para o estado do Amazonas, a maior parte dos feedbacks dos
participantes constataram que, apesar do ambiente desfavorável e da pouca
exploração, o futebol amazonense pode integrar os recursos turísticos do
Amazonas, sobretudo com o apoio de gestões de marcas, interesse do Estado,
criação de museus que resgatem e exponham a história do esporte na localidade e
adequação das estruturas dos clubes para receber visitantes. As respostas também
ressaltaram a importância de os clubes impactarem na imagem de uma cidade, na
identificação da localidade como casa de times, propiciando a popularidade desses.
A respeito da união entre turismo e futebol amazonense possuir capacidade de
desenvolver e fortalecer ambas as atividades no Estado, as opiniões dos
respondentes foram positivas, contudo, não escondem a desconfiança, uma vez que
o futebol baré carece de apoio e parcerias das iniciativas públicas e privadas e a
convivência com constante desvalorização.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tratar do futebol amazonense em uma pesquisa acadêmica, sem dúvidas é


uma atitude desafiadora e ao mesmo tempo necessária, especialmente sob a visão
da atividade turística, pois ambas as atividades exemplificam inúmeras
semelhanças, estejam elas detalhadas neste trabalho ou aquelas que, todavia, não
foram exploradas. As respostas aqui obtidas são de suma importância para a

142
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

pesquisa e demonstram que o estimulo a relação do futebol com turismo é essencial


e de extrema relevância para modalidade no estado, possuindo grande
potencialidade em favorecer o fortalecimento de ambas atividades no Amazonas.
Contudo, o futebol no Amazonas padece de fraquezas que estagnam sua
evolução, destacando-se a desestruturação dos clubes e os impasses provenientes
da instituição máxima do Futebol no Amazonas, a Federação Amazonense de
Futebol – FAF.
Por outro lado, é importante frisar que o futebol amazonense deve ser
valorizado de dentro para fora, ou seja, desde agora e não apenas quando estiver
nas primeiras divisões do campeonato brasileiro. Há muito trabalho a ser feito e isso
deve começar com a organização do ambiente interno, resgatando a confiança dos
torcedores em seus clubes; respeitando as equipes e prezando por seu crescimento;
valorizando sua história, aproximando o passado, presente e futuro, mostrando a
sociedade o que temos de bom e de singular. O potencial de crescimento é grande e
espera-se que Turismo ajude a fortalecer o futebol do Amazonas nesse processo e
vice-versa.

Palavras-chave: Futebol Amazonense, Atividade Turística, Fortalecimento.

REFERÊNCIAS

CARRARO, Renata Aquino. Turismo Cultural e o futebol: Estudo de caso da


sociedade esportiva e recreativa Caxias do Sul. I Encontro do Semintur Junior,
Jul, 2010. Disponível em: https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/turismo_cultural.pdf.
Acesso em: 15 de setembro de 2022.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e


criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

SMANIOTTO, Larissa; BANDEIRA, Milena Berthier. Turismo e Futebol:


Possibilidade e Potencialidades de uma correlação. IV Encontro do Semintur Jr.
Nov.2013. Disponível em:
<https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/turismo_e_futebol_possibilidades.pdf.>
Acesso em: 15 de setembro 2022.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Hotelaria em Manaus: Um Estudo Sobre os Principais


Acontecimentos que Impactaram Economicamente o Setor
Hoteleiro na Capital Amazonense

Alice Regina C. Pinheiro 1


Ariel Barros Tacafais 2
Mikael Renner Q. Encarnação 3
Maria Adriana S. B. Teixeira (Orientadora) 4

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O setor hoteleiro exerce um papel fundamental na economia do turismo,


além de ser um fator importante no crescimento econômico de uma região,
estimulando investimentos, geração de empregos e distribuição de riquezas. A
existência de meios de alojamento é uma condição básica para o turismo, sendo,
na maioria dos casos, a capacidade de acomodação de um destino utilizada como
indicador do tamanho do fluxo turístico de entrada. Este artigo tem como objetivo
analisar o impacto econômico gerado por fatores externos no setor hoteleiro da
cidade de Manaus, levando em consideração dois grandes eventos recentes: Copa
do Mundo de 2014 e a pandemia de Covid-19 em 2020. No que refere à
metodologia, a forma de abordagem é qualitativa, e os objetivos metodológicos são
exploratórios e descritivos.

1
Discente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(arcp.tur20@uea.edu.br);
2
Discente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(abt.tur20@uea.edu.br);
3
Discente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(mrqde.tur20@uea.edu.br);
4
Docente do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Doutora em
educação pela Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC; Mestre em Turismo pela
Universidade de Caxias do Sul – UCS; Especialista em Metodologia da Pesquisa pela Faculdades
Objetivo.
144
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

2 DESENVOLVIMENTO

A hotelaria torna-se essencial para a economia turística e representa um


grande fator para o crescimento econômico de uma região. A presença dos meios
de hospedagem é condição fundamental para o turismo. Na sua grande maioria a
capacidade de hospedagem no destino, é utilizada como indicador das dimensões
do fluxo turístico receptivo (SANTOS, 2005).
O setor hoteleiro, inserido sob o contexto econômico e social de uma cidade,
pode sofrer impactos positivos ou negativos em decorrência de diversos fatores
extrínsecos. O fator externo compreende qualquer instituição ou acontecimento fora
do meio de hospedagem que possa interferir na sua atividade. Centurión (2015, p.
45), afirma que estes acontecimentos podem ser “mudanças políticas, regulatórias,
econômicas, tecnológicas, ambientais e sociais”.
Tendo isso em vista, o objetivo geral visa identificar se há fatores externos
que geram impactos econômicos no setor hoteleiro na cidade de Manaus. Para
alcançar o objetivo geral, tem-se os específicos, visando: pesquisar quais são os
possíveis fatores que causam esses impactos; distinguir os impactos positivos e
negativos desses fatores e, descrever suas principais consequências.
A realização de grandes eventos em uma cidade são fatores que podem
contribuir para a economia e aumento do fluxo turístico. Desse modo, é pertinente
avaliar de que maneira esses fatores podem impactar no setor hoteleiro, uma vez
que os dois mercados se complementam. Assim, Simões (2012) relata que muitos
especialistas acreditam que os eventos têm uma elevada influência nos fluxos
turísticos e nos diversos meios de hospedagem, na sua maioria, o setor hoteleiro,
destacando que os eventos influenciam no número de dias de permanência dos
visitantes em determinado destino.
No ano de 2014, o Brasil sediou um dos eventos esportivos mais importantes
do planeta. A organizadora do evento, Fédération Internationale de Football
Association - FIFA, exigia que a cidade sede tivesse o número de leitos
correspondente a 30% da capacidade do estádio. Todavia, a capital Amazonense
145
Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

figurava entre as cinco cidades que não cumpria com o requisito, portanto passou a
receber a maior parte do valor investido, que inicialmente tinha uma previsão de 10
bilhões a serem destinados ao setor hoteleiro, muitos empreendimentos hoteleiros
surgiram desde então. Portanto, esse megaevento realizado em 2014, trouxe
inúmeros benefícios para o setor do turismo, e consequentemente para o setor
hoteleiro, impactando positivamente a economia.
Na esfera dos benefícios oriundos da Copa de 2014 para hotelaria em
Manaus, podemos observar que houve um aumento significativo das taxas de
ocupação dos meios de hospedagem. Segundo dados da Associação Brasileira da
Indústria Hoteleira, o setor hoteleiro registrou no período de 14 a 25 de junho (dias
em que ocorreram os jogos na Arena da Amazônia) uma média de 84,75% na
ocupação de leitos, cerca de 19.808 leitos no total. É inegável que esse
investimento na ampliação de leitos foi fundamental para que a cidade tivesse essa
alta taxa de ocupação, e foi um fator contribuinte para o crescimento do setor
hoteleiro nesse período.
No entanto, é importante ressaltar que nem só de altas taxas de ocupação
de leitos sustenta-se o setor hoteleiro em Manaus. Para Santos (2005), a hotelaria
é fundamental para o crescimento da economia turística. Nesse contexto, se faz
necessário analisar o efeito reverso da situação e procurar quais fatores externos
podem afetar diretamente ou indiretamente a hotelaria. Ciente de alguns fatores
que possam impactar a hotelaria como um todo, podemos citar: riscos epidêmicos e
pandêmicos, inflação, sazonalidade, instabilidade política, trabalhos temporários,
distribuição de riqueza, desenvolvimento local, entre muitos outros.
Segundo Panosso Netto (2020), dentre tantas crises humanitárias,
econômicas, sanitárias ou até mesmo desastres naturais, nenhuma impactou tanto
o fluxo turístico quanto a pandemia de Covid-19. Manaus teve seu primeiro caso
registrado da doença no dia 13 de Março de 2020 e, por ser uma cidade que possui
mais da metade da população total do estado, se tornou o epicentro da pandemia
no Amazonas.
Em decorrência do aumento progressivo do números de contaminados, o
setor de turismo no estado do Amazonas foi afetado e houve uma queda no
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

número de turistas na cidade de Manaus. De acordo com Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística - IBGE, a capital do estado do Amazonas teve uma redução
de 41,7% no número de passageiros e, por consequência, o número de
desembarques também diminuiu.
Uma pesquisa feita pelo Observatório de Turismo da UEA em parceria com a
Amazonastur aponta que houve uma queda média de 72% no faturamento das
agências locais e de 70% nos hotéis. Frente a este cenário, diversos hotéis
fecharam as portas, enquanto outros tentaram adaptar seus prédios para outros
negócios.
Em 2022, especialistas já discutem sobre um cenário mais positivo em
relação à Covid-19 desde que as medidas protetivas sejam mantidas, evitando
assim que o vírus continue a se multiplicar e sofra mutações ainda mais perigosas.
Ao que tudo indica o setor de hotelaria retomará seu funcionamento pré-pandêmico
de maneira gradativa.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo teve como objetivo expor dois dos principais marcos recentes na
história da cidade de Manaus: a Copa do Mundo 2014 e a histórica Pandemia da
Covid-19, além de evidenciar seus respectivos impactos no setor hoteleiro. Pode-
se observar que este setor é altamente volátil e está sujeito à influência de fatores
extrínsecos. De um lado temos um mega evento internacional que gerou um fluxo
turístico gigantesco e aqueceu o setor de hospedagem na capital do Amazonas.
Do outro, temos uma pandemia que fechou diversos empreendimentos hoteleiros
e tudo o que implica na mobilidade urbana implica no turismo e, por conseguinte,
na hotelaria.
Ambas as situações são oportunidades de crescimento e inovação para a
hotelaria. Esses resultados apresentam a volatilidade que o setor hoteleiro possui e
buscam compreender esses fatores que geram impacto na hotelaria a fim de
facilitar o planejamento para um melhor desenvolvimento do setor na cidade de
Manaus.
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Palavras-chave: Hotelaria, Impacto econômico, Copa do Mundo, Pandemia,


Manaus.

REFERÊNCIAS

CENTURIÓN, L. Princípios e Práticas de Revenue Management: gerenciamento


de demanda, de receita e de distribuição. Editora: Senac São Paulo. São Paulo:
Centurión, p. 45, 2015.

Fluxo aéreo: pandemia reduziu 41,7% transporte de passageiros em Manaus.


TODAHORA, 2021. Disponível em: https://todahora.com/pandemia-reduziu-em- 41-
7-numero-de-passageiros-em-manaus-mas-transporte-de-carga/. Acesso em: 14
ago. 2022.

Pandemia reduz em 66% faturamento do turismo no Amazonas. Agência Brasil,


2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-
09/pandemia-leva-queda-de-66-no-faturamento-do-turismo-no-amazonas.Acesso
em: 13 de Agosto de 2022.

PANOSSO NETTO, A.; OLIVEIRA, J. L. S.; SEVERINI, V. F. Do Overtourism à


Estagnação: reflexões sobre a pandemia do Coronavírus e o turismo. Cenário:
Revista Interdisciplinar em Turismo e Território, v. 8, n. jun 2020, p. 17-34, 2020
Tradução. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/revistacenario/article/view/32002/26352. Acesso
em: 13 agosto de 2022.

SANTOS, R. C. X. Perfil do Setor Hoteleiro do Distrito Federal. Brasília:


SEBRAE/DF, 2005.

SIMÕES, Maria Leonor Ferreira. Os Eventos e a Atractividade e


Competitividade Turística das Cidades: O Caso de Lisboa,. p. 39-40, 2012.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Dinâmica De Gestão Dos Eventos Turísticos E Seus


Impactos Na Hotelaria Da Capital Amazonense

Alice Vitória de Almeida Moreira 1


Lucas Monteiro de Sousa 2
Thalia Fonseca Braga 3
Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira 4
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os eventos constituem uma parte significativa na composição do produto


turístico, atendendo intrinsecamente às exigências do mercado em matéria de
entretenimento, lazer, conhecimento, descanso e muitas outras motivações
(ANDRADE, 2002). Para a Organização Mundial de Turismo - OMT (2003), o
mercado de eventos tem-se tornado um segmento altamente especializado e
relevante para o setor turístico. Como resultado disso, vários elementos bem
estabelecidos compõem o segmento de eventos desempenhando, cada um deles,
uma função diferente, Planejamento, Geração, Promoção, Captação, Realização e o
Pós Evento.
Entende-se que os meios de hospedagem compõem o trade turístico com um
papel fundamental, sendo o primeiro contato do turista com a localidade. A atividade
é realizada em prol de satisfazer e transformar a experiência do visitante em épocas
específicas como em festivais e eventos culturais na cidade de Manaus. Deve-se
haver a colaboração e comunicação múltipla dos setores para que o festejo ocorra
com êxito total.

1
Acadêmica do Curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(avdam.tur20@uea.edu.br.
2
Acadêmico do Curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(ldsm.tur20@uea.edu.br)
3
Acadêmica do Curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
(tfb.tur20@uea.edu.br)
4
Doutora em Educação pela Universidade De La Empresa (UDE), Mestre em Turismo e
Hospitalidade (UCS),
Graduada em Turismo pelo Centro Universitário do Norte - UNINORTE (msteixeira@uea.edu.br) -
Orientadora
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

2 DESENVOLVIMENTO
Em virtude a grande demanda existente em relação ao setor hoteleiro ligado
aos eventos presentes na cidade de Manaus, faz se necessário a pesquisa e coleta
de dados para que se possa compreender e analisar o fluxo de pessoas que
usufruem desses seguimentos.
Para Getz e Page (2016b.), a importância do turismo de eventos como
atividade econômica e contribuição para o desenvolvimento de um local traduz- se
numa substancial concorrência a nível global. Dessa forma, podemos entender que
os eventos estão ligados diretamente com a atividade turística e com a economia
local, logo, entende-se, que, conforme a importância do evento, maior será a
demanda, considerando que são geradores significativos de riqueza para a cadeia
produtiva do local por parte, principalmente, das lideranças empresariais.
Ao que consiste a academia, a pesquisa abrange conhecimentos técnicos e
quantitativos no setor hoteleiro e eventos. Os dados coletados e analisados podem
ser consultados e utilizados como base para possíveis projetos que possam
beneficiar os setores. Para os pesquisadores a pesquisa é pertinente por ter um
conhecimento mais amplo sobre o assunto, e assim aprofundar de forma científica.
Assim, como objetivo, esta pesquisa buscou analisar os impactos na hotelaria diante
a falta de dinâmica na realização dos eventos turísticos da capital, a partir de uma
entrevista realizada com a rede Manaus Hotéis.

3 METODOLOGIA
A amostra da pesquisa se caracteriza por não probabilística intencional pois a
inquietação dos pesquisadores proveio da falta de dinâmica em relação aos eventos
turísticos presentes na cidade de Manaus, mais especificamente nos eventos que
abrangem os turistas que vistam a cidade e se hospedam em redes hoteleiras.
Dessa forma, a amostra tem como público alvo, a gerente de eventos da rede de
hotéis Manaus Hotéis, maior de 18 anos, autorizando a divulgação dos resultados
pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE. A forma de abordagem se
deu através de entrevista com apenas a gerente responsável pelo setor atualmente.
Foram utilizadas perguntas preestabelecidas sobre o setor de eventos na rede
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Manaus Hotéis durante a entrevista. A entrevista buscou entender os impactos


causados na superlotação dos meios de hospedagem durante os eventos que
ocorrem na cidade de Manaus, identificando as dificuldades encontradas durante a
prestação de serviços hoteleiros no período de realização dos eventos, avaliando
como se realiza o desenvolvimento das atividades na hoteleira durante os eventos
turísticos na rede Manaus Hotéis, optando-se pelo Hotel Express Vieiralves. A
escolha do Hotel se deu por sua alta rotatividade na realização de eventos.

4 RESULTADOS
A partir da entrevista, identificou-se que o Hotel Express Vieiralves possui um
restaurante que presta serviços para seus hóspedes, o CNPJ do hotel e do setor de
eventos/restaurante são separados, o espaço utilizado é do hotel, no entanto, a
administração dos espaços é realizada pela gerência do restaurante La Finesta, que
presta todos os serviços concernentes A&B e eventos dentro do hotel. As duas
empresas HTS ADIMINISTRADORA DE HOTEIS, responsável por todos os hotéis
da rede, e FUTURA, responsável pelos restaurantes que estão presentes dentro dos
hotéis da rede, pertencem ao mesmo proprietário sendo assim a administração dos
espaços de eventos e realização dos eventos é de responsabilidade da FUTURA
empresa. A atual gerente do setor de eventos assumiu o cargo temporariamente,
visto que sua responsabilidade é com o restaurante do hotel. Durante a realização
dos eventos o restaurante se divide entre suas responsabilidades com o restaurante
e o setor de eventos, mesmo com a tentativa de oferecer um bom serviço, acaba
que a demanda no restaurante é muito alta, tornando-se então inviável afastar-se do
restaurante para apresentar as salas, o que gera atraso nos serviços do restaurante.

4.1 PROCESSO ORGANIZACIONAL NA REALIZAÇÃO DOS EVENTOS.


Durante a realização do evento, existe a necessidade de se deslocar entre as
salas, e voltar a atenção para supervisionar banheiros, salas, água, sinal de internet
que por muitas vezes é instável. Também não há equipamentos próprios no local,
todo o aparato tecnológico é de empresas terceirizadas, não tendo um técnico
responsável para solucionar problemas caso ocorra, por isso é necessário auxiliar,
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

dando suporte pelo tempo em que ocorrem os eventos, pois não há supervisão
externa, a não ser a do restaurante. Atualmente se tem apenas esses dados,
fornecidos pela gerência:
Quadro 1 – Dados do quantitativo de eventos realizado no período de janeiro a agosto de 2022
Mês Quantitativo de Eventos
Janeiro 08
Fevereiro 13
Março 16
Abril 15
Maio 11
Junho 09
Julho 18
Agosto 20

As salas de eventos estão localizadas no 9° andar, são três salas existentes


na área de eventos: Zeus, Athena e Hera, a Zeus comporta até 100 pessoas, Athena
e Hera até 50 pessoas.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com os dados coletados pudemos observar que o setor de eventos dentro do Hotel
Express Vieiralves, em decorrência da pandemia de Covid 19 sofreu uma recaída na
promoção de eventos, passando um ano parado, com a nova gestão iniciada em
2021 ouve um princípio de organização no ano de 2022 onde os índices de
realização dos eventos votaram a crescer expressamente, entretanto esses eventos
ainda não possuem um calendário próprio e nem uma equipe própria para prestar
assistência durante o evento. Sendo assim durante a realização dos eventos o hotel
fica sobrecarregado de atribuições que reflete diretamente no serviço de A&B.
Palavras-chave: Eventos, Hotelaria, Atividade Turística, Manaus.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, José Vicente de.Turismo, fundamentos e dimensões.7ed.São Paulo: Ed.
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Àtica,2000.
GETZ, Donald; PAGE, Stephen J. Progresso e perspectivas da pesquisa em turismo
de eventos. Gestão do turismo , v. 52, p. 593-631, 2016.
Revista Delos O CONTRIBUTO DO TURISMO DE EVENTOS PARA O
DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO DE UMA REGIÃO. Noémi Marujo (2015).
Organização Mundial de Turismo – OMT (2003).

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Produção Cultural Geek em Manaus: estudo de caso sobre


a atuação da Casa Geek 42

Ligia Conceição Oliveira da Cruz 1


Claudia Araújo de Menezes Gonçalves Martins 2

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Pedroso apud Costas (2014, p.137), define produção cultural como uma área
de atuação ampla, do qual seus profissionais podem atuar e diversas funções,
estando entre elas: criar e organizar projetos e produtos artístico-culturais;
estabelecer metas e estratégias; planejar, organizar e divulgar projetos e
produtos culturais de toda natureza; promover a integração entre criação artística
e a produção de espetáculos, produtos audiovisuais; organização de mostras,
exposições e festivais em diversas áreas artísticas e outros.
Com a ascensão da Cultura Geek através da globalização, o número de fãs
da temática se amplificou grandemente nos últimos anos, o que gerou o incentivo na
criação de novos produtos/serviços, em função de atender às necessidades dessa
demanda. Com isso a produção cultural sobre o nicho vem se expandido,
principalmente por meio dos eventos, que em sua maioria são produzidos pelos
próprios fãs, a partir da necessidade de realizar encontros para compartilhar
experiências entre si.
Em Manaus o segmento cresce a passos curtos, mesmo assim importantes,
muitos projetos ainda conseguem ser realizados através de leis de incentivos e
apoio de órgãos de cultura e turismo do estado. Na área de eventos dentre os
organizadores estão empresas privadas e gestores (fãs) de páginas de conteúdo
sobre Cultura Pop. Como é o caso da Casa Geek 42, que surgiu em 2018 a partir da
1
Acadêmica de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Bolsista do Projeto de
Extensão de Eventos - EVENTUR. Manaus – Amazonas; http://lattes.cnpq.br/0878101591093549;
lcodc.tur18@uea.edu.br.
2
Graduada em Turismo pelo Instituto Manauara de Ensino Superior, Mestre em Gestão de Negócios
Turísticos. Doutoranda em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí-SC. Manaus –
Amazonas;Atualmente é coordenadora do Projeto de Extensão de Eventos - EVENTUR.
http://lattes.cnpq.br/2882900941207240; camenezes@uea.edu.br.
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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

realização de um evento de grande porte e se expandiu na área de produção de


eventos geek no decorrer dos anos.
Portanto, este estudo tem por objetivo analisar a atuação da Casa Geek 42
quanto a produção de eventos no segmento, evidenciando a sua contribuição para a
criação e desenvolvimento de novos produtos e serviços na cidade de Manaus.
2 CRIAÇAO E HISTÓRICO CASA GEEK 42

Criada em abril de 2018, a CG42 surgiu após a realização da 1ª Edição do


Universo Geek Museu - UGM, evento de cultura pop produzido por seu fundador
Guilherme Lestat, parceiros e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do
Amazonas. O intuito era trazer conteúdos diversos para os fãs de cultura geek no
modo geral, como notícias do universo geek, resenhas e indicações de filmes,
séries, animes, livros e tecnologia. Além da divulgação de eventos produzidos por
sua equipe e parceiros (CASAGEEK42, 2022).
Atualmente a rede de maior visibilidade da CG42 é o Instagram, por onde é
realizada a divulgação dos eventos, em última análise de Insights do mês de agosto-
setembro, o perfil teve cerca de 21 mil contas alcançadas através de suas
publicações e interações (Instagram CG42, 2022). Atuando há cerca de quatro anos
na área de planejamento, organização e produção de eventos culturais, a equipe
liderada por Guilherme Lestat vem se destacando e promovendo eventos do nicho
na cidade de Manaus. Pois já possui em seu portfólio eventos realizados a partir de
parcerias com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, Fundação
Municipal de Cultura, Turismo e Eventos - Manauscult, empresas privadas e
Shoppings.
Inicialmente as atividades aconteceram informalmente, por meio de parcerias
por intermédio de reuniões e contratos, porém a partir de julho de 2022 a CG42 se
tornou uma MEI, estendendo assim seu mercado ao empreendedorismo geek.
Atualmente, são efetuadas parcerias com empresas privadas e submissões de
projetos a editais de fomento à cultura, visando uma expansão ainda maior na
cidade.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

A metodologia desta pesquisa se baseia em um estudo de caso, que de


acordo com Gil (2008), consiste em coletar e analisar informações sobre um
determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade para estudar diferentes
aspectos de suas vidas, dependendo do assunto da investigação. A partir de uma
abordagem qualitativa, e de natureza descritiva. A coleta de dados foi realizada
através de pesquisa bibliográfica, por meio de artigos voltados à produção cultural,
portfólio, entrevistas, matérias e publicações sobre os eventos realizados pela
CG42. O período de análise de atuação é de 2018 a 2022.

2.1 LINHA DO TEMPO DE EVENTOS


Após o sucesso da primeira edição Universo Geek Museu - UGM 1 em janeiro
de 2018, iniciou-se um interesse maior sobre área de organização e planejamento
de eventos por parte da CG42, uma vez que, a equipe passou a ser convidada para
parcerias para a realização de eventos geek em Manaus. Assim sendo, deu-se início
a este trabalho, e dentre os anos de 2018 a 2022 a CG42 detém 40 eventos já
produzidos.
Do qual nota-se que 15 foram planejados, organizados e coordenados pela
equipe e com apoio de parcerias, 16 organizados em conjunto a parcerias, 5 foram
organização e coordenação de nicho específico: concursos de cosplay e K-Pop e 4
se deram por participações em alguma atividade nos eventos. Outra ação realizada
é de entrevistar dubladores nacionais, ao total são 19 entrevistas, realizadas por
meio do canal no Youtube 2 e Instagram da CG42.
Fig 1 - Linha do tempo eventos CG 42 (2018 -2022)

1
Evento de cultura pop idealizado por Guilherme Lestat e Secretaria de Cultura e Economia Criativa
do Amazonas. O UGM tem como sede o Palacete Provincial, atrativo turístico de Manaus, em cinco
edições o evento já atraiu cerca de 35 mil pessoas.
2
Canal Casa Geek 42. Disponível em: <https://www.youtube.com/c/CasaGeek42>. Acesso 01 out
2022.
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03 e 04 de Novembro

Fonte: Adaptado do portfólio da CG42, 2022.

Atividades oferecidas nos eventos são: feirinha geek (Intermediação com


empreendedores geeks locais), boardgame, games, Workshop, palestras, Exposição
de artistas e quadrinistas, Just Dance, Concurso Cosplay e K-pop, Shows de bandas
e área de gastronomia. O resultado destas produções pode ser notado através do
crescimento no engajamento nas redes sociais da CG42 e conquista da
credibilidade com o público, que muitas vezes supera 6 mil pessoas por evento.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É notável como os eventos geek vêm se expandindo pelo país, comprovando


que a temática veio para ficar e possui grande audiência, o número expressivo de
público afirma que há uma demanda, porém infelizmente poucas cidades detêm
produtos a oferecer. Como é o caso de Manaus, poucos eventos são realizados na
capital, e os que são feitos, surgem a partir de fãs que, por conta do desejo de
compartilhamento de experiências com outros fãs, procuram produzir seu próprio
entretenimento.
A CG42 surge em meio a falta deste produto, com isso ela inicia a produção
cultural mesmo que de modo informal, se expande na organização de eventos,
ganha credibilidade com seu público alvo, fato afirmado pelo numeroso público que
sempre está presente em seus eventos. Além da confiança transmitida mediante
parcerias com os órgãos de turismo do estado, como a com a Secretaria de Cultura
e Economia Criativa do Amazonas e Manauscult, o que a leva promover um evento
de referência no segmento em Manaus, que é o UGM e a participar de outro de
grande porte, como o Passo a Paço. Os eventos produzidos não somente podem
promover o segmento, como também ser usado como produto turístico e promoção
dos espaços onde são realizados.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Palavras-chave: Produção Cultural, Eventos, Geek, Casa Geek 42, Manaus.

REFERÊNCIAS

CASA GEEK 42. Instagram. Manaus-Amazonas. Disponível em:


<https://www.instagram.com/casageek42/>.Acesso em 01 Out 2022.

CRUZ, Ligia Conceição Oliveira da. Turismo e Cultura Pop : O potencial turístico
do evento Universo Geek Museu para a cidade de Manaus. Trabalho de
conclusão de Curso. Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Manaus,
Amazonas. 2021.

D24AM. Universo Geek Museu chega na sua segunda edição em Manaus. 23


jul.2018. Disponível em: <https://d24am.com/plus/artes-e-shows/universo-geek-
museu-chega-sua-segunda-edicao-em-manaus/>. Acesso em 30 set 2022.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2008.

PEDROSO, Sandra. O produtor cultural e a formalização de sua atividade.


PragMATIZES - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura, p. 165–173, 10
dez. 2014. Disponível em:
<https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/10395/7234>. Acesso em 30 set
2022.

PORTFÓLIO CASA GEEK 42. CASA GEEK 42. Out. 2022. Disponível em:
<https://drive.google.com/drive/folders/1HOGFyaqPeH8_H3YDKUqGcqReOqEaDBf
N?usp=sharing>. Acesso em 01 Out 2022.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

RC 9 – Comunicação e Subjetividade no Turismo

A Imagem de Pelotas/RS Através da Rede Social


Instagram: Uma Análise dos Perfis “Pelotas Turismo” e “O
Que Fazer Em Pelotas”

Lavínia Pereira Euzébio 1


Profª. Drª. Natália de Sousa Aldrigue (orientadora) 2

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O marketing tem relação estreita com a sociedade, pois evolui junto com ela.
Hoje em dia, não se pode mais pensar no marketing como o antigo modo de venda,
pois este não funciona mais, agora o cliente tem suas opiniões levadas em
consideração e seus desejos satisfeitos.
A internet revolucionou a vida da sociedade e a maneira de executar o
marketing e o turismo, sobretudo com as redes sociais digitais que impactaram a
comunicação gerando uma conectividade jamais vista. As redes sociais digitais são
utilizadas para muitas coisas e uma delas é ajudar a construir a imagem de
empresas, destinos, etc. Sendo o turismo o objeto deste estudo, pode-se afirmar que
a imagem é um fator de extrema importância neste meio. De acordo com Bignami
(2002) a imagem é característica dos produtos ofertados pelo setor turístico, pois a
maioria destes são intangíveis. Restringiu-se a análise da rede social Instagram,
pois de acordo com Costa e Perinotto (2017, p.122) “é uma das principais
ferramentas para o compartilhamento de imagens de destinos turísticos”.
O objetivo geral deste trabalho é analisar como a imagem de Pelotas/RS é
divulgada através dos perfis no Instagram: “Pelotas Turismo” e “O Que Fazer Em

1
Graduada em Turismo; Universidade Federal de Pelotas; Pelotas, Rio Grande do Sul; E-mail:
laviniapereirae@gmail.com
2
Doutura em Comunicação; Universidade do Vale do Rio dos Sinos; São Leopoldo, Rio Grande do
Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/5375615564498291; E-mail: nataldrigue@gmail.com

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Pelotas”. E para alcançar este objetivo realizou-se uma pesquisa bibliográfica


abordando temas norteadores como marketing, marketing turístico, redes sociais,
Instagram, turismo e a imagem dos destinos. A metodologia desta pesquisa é
descritiva e explicativa e sua abordagem é qualitativa.

DESENVOLVIMENTO

O marketing se desenvolveu juntamente com a sociedade, de acordo com


Paiva (2018, p.15) “acompanhou a própria evolução do mercado, criando novas
perspectivas que o diferenciam de outras práticas organizacionais”. Através de suas
estratégias, o marketing busca, segundo Kotler et al. (2011, p.13) “atrair, manter e
fazer crescer clientes rentáveis”, ou seja, é um conjunto de ações muito bem
planejadas que busca captar e fidelizar clientes. Neste estudo, entende-se o
marketing pela ideia de trocas, sejam estas entre “serviços, produtos, moedas,
valores ou ideias” (PAIVA, 2018, p.9), isto incluindo todas as ramificações, como
marketing de produtos; de serviços; de pessoas; turístico; digital e etc.
Mesmo com todas as suas ferramentas e estratégias, todos os tipos de
marketing precisam fazer adaptações constantes, pois o mercado muda
rapidamente e o que era eficaz meses atrás, pode não ser agora, principalmente
com o advento da internet (LAS CASAS, 2006). Neste sentido, o mundo digital
influenciou muito a comunicação, tanto entre as pessoas, como entre as empresas e
seus clientes, gerando uma conectividade que ampliou o acesso às informações.
Hoje, consumidores trocam informações com outros consumidores, através
do compartilhamento de suas experiências nas redes sociais digitais, que podem ser
visualizadas, compartilhadas e curtidas por inúmeras pessoas. Por isso, essas redes
se tornaram peça fundamental para o setor turístico, especialmente o Instagram, no
que diz respeito a divulgação da imagem de destinos, pois de acordo com Bignami
(2002) a imagem de um destino é a mola propulsora de vendas.
Dito isto, foram analisadas publicações do meses de maio, junho e julho de
2019 (ano antes da pandemia de COVID-19) e 2021 (ano em que aos poucos as
atividades estavam retornando) dos perfis “Pelotas Turismo” e “O Que Fazer Em
Pelotas”. Para melhor analisar a amostra criou-se quatro categorias que são:
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gastronomia, história/cultura, paisagens e Fenadoce (categoria “especial” por se


tratar do principal evento do município). Estabeleceu-se o número de no máximo
quatro publicações por categoria, sendo observadas as legendas, as fotografias, as
hashtags (#), as curtidas e a descrição de comentários.
O perfil “Pelotas Turismo” é da Diretoria de Turismo da Secretaria de
Desenvolvimento, Turismo e Inovação do município (SDETI). Seu nome de usuário é
@pelotasturismo e está ativo desde outubro de 2017. A categoria que mais se
destacou neste perfil foi a de história/cultura, pois foi a que tinha mais publicações.
O segundo perfil foi “O Que Fazer Em Pelotas”, seu usuário é
@oquefazerempelotas, seus donos/administradores são Guilherme Corvelo e
Daniela Isnardi. É ativo desde 2019 e o perfil divulga o que acontece na cidade,
sendo assim, trabalha por meio de parcerias. A categoria que mais se destacou foi a
de gastronomia, pois foi a categoria com mais publicações.
Ao longo da análise, constatou-se que o perfil “Pelotas Turismo” reforça a
imagem estereotipada de Pelotas/RS que é a cidade dos doces finos portugueses e
das charqueadas, sendo esta uma imagem massificada, ou seja, aquela imagem
que é mais facilmente aceita pela sociedade (BIGNAMI, 2002). Percebeu-se também
que apesar de o perfil ter bastante seguidores e considerável número de curtidas em
suas publicações, não está explicitamente gerando uma conexão com seus
seguidores, havendo pouca interação entre o perfil e seus seguidores. Entre pontos
positivos, estão a criação de “tópicos” como “Você Sabia?” que conta curiosidades
de locais e o “Patrimônios de Pelotas” que conta de forma resumida a história dos
patrimônios. Além de fazerem uso de hashtags (#), em todas as publicações
analisadas, sendo uma boa estratégia do perfil, pois de acordo com o site
Resultados Digitais (2020) a hashtag serve para identificar tópicos específicos,
ajudando as pessoas a encontrarem a página mais facilmente.
O perfil “O Que Fazer Em Pelotas” tem a maioria de suas publicações
voltadas para a divulgação de bares, restaurantes, shows, etc, sendo mais voltado à
população pelotense e de cidades vizinhas. As divulgações no perfil são feitas por
meio de parcerias, o que é uma estratégia bastante utilizada no marketing hoje em
dia. Esta página, mesmo tendo muitos seguidores, também não está explicitamente
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gerando uma conexão com seus seguidores, tendo poucas interações nas
publicações. O ponto positivo em comum com o primeiro perfil é o uso de hashtags
nas publicações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Referente aos perfis analisados neste trabalho, conclui-se que o perfil


“Pelotas Turismo” é mais voltado para o turista, já o segundo perfil “O Que Fazer Em
Pelotas”, constatou-se ser mais voltado para os moradores locais. Apesar de os
perfis terem focos de públicos diferentes, ambos tem em comum o fato de terem um
grande número de seguidores e pouca interação nas suas publicações. Entretanto,
apesar de os perfis terem pontos a melhorar, os dois são capazes de gerar interesse
e curiosidade nos seus seguidores para que conheçam o município de Pelotas/RS.
Então, após estudos em pesquisas bibliográficas e a análise dos perfis,
conclui-se que a imagem de Pelotas/RS divulgada pelos perfis é a mesma divulgada
através dos anos pelo poder público do município, pela mídia, etc, como a cidade de
doces finos portugueses e das famosas charqueadas, sendo uma imagem
massificada/estereotipada do município. Esta questão tem por viés positivo o
fortalecimento da imagem do município, entretanto, esta imagem massificada pode
igualmente reduzir a visibilidade de outros potenciais do município, como o turismo
rural.

Palavras-chave: Marketing; Turismo; Redes Sociais; Pelotas/RS.

REFERÊNCIAS

BIGNAMI, Rosana. A Imagem Do Brasil No Turismo: Construção, Desafios e


Vantagem Competitiva. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2002. p. 7-139.

COSTA, Rodrigo S.; PERINOTTO, André Riani C. O Uso Do Instagram Por Agências
De Turismo Do Município De Parnaíba/PI. Ateliê do Turismo, Mato Grosso do Sul,
v. 1, n. 1, p. 121-145, dez./2017. Disponível em:
https://periodicos.ufms.br/index.php/adturismo/article/view/5495#:~:text=As%20ag%
C3%AAncias%20n%C3%A3o%20publicaram%20nenhuma,poss%C3%ADvel%20via
gem%20para%20a%20regi%C3%A3o.. Acesso em: 22 set. 2022.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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KOTLER, Philip; BOWEN, John T.; MAKENS, James C.; DE MADARIAGA, Jesús G.;
ZAMORA, Javier F. Marketing Turístico. 5. ed. Espanha: Pearson, 2011. p. 3-824.

LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing De Serviços. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2006. p. 11-251.

PAIVA, Bruna. Da Teoria À Prática: Uma Análise Sobre As Estratégias De


Marketing Utilizadas Pelo Parque Beto Carrero World. Monografia (Graduação
em Turismo) – Centro de Excelência em Turismo, Universidade de Brasília. Brasília,
p. 60. 2018.

RESULTADOS DIGITAIS. Hashtag: o que significa e como usá-la na sua


estratégia de Marketing Digital. Disponível em:
https://resultadosdigitais.com.br/marketing/o-que-e-
hashtag/#:~:text=Hashtag%20%C3%A9%20um%20termo%20associado,publica%C
3%A7%C3%B5es%20relacionadas%20ao%20mesmo%20tema.. Acesso em: 22 set.
2022.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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Narrativas sobre viagens e micropolítica

Karen Dannenhauer 1
Maria Luiza Cardinale Baptista 2

A presente pesquisa tem como objetivo analisar as narrativas presentes nas


postagens sobre viagens no perfil, no Facebook, do Programa UCS Sênior –
Educação e Longevidade, do ano de 2022, e relacionar com o conceito de
micropolítica, trabalhado pela psicanalista e professora Suely Rolnik. Para tanto, o
referencial teórico é transdisciplinar. Sendo assim, procura-se trabalhar com a
Esquizoanálise, por intermédio das produções de Guattari e Rolnik (2000) e Rolnik
(2018) e com a Comunicação, recorrendo às produções de Baptista (1996 e 1999) e
de Marcondes Filho (2004). Além disso, esta pesquisa está alicerçada na Cartografia
dos Saberes, de Baptista (2014 e 2020) e Baptista e Eme (2022). A Cartografia é
uma estratégia metodológica proposta por Baptista ainda em 2014. Obteve-se, até
então, como resultados iniciais, uma insurgência acentuada da micropolítica ativa
nas narrativas que emergiram das postagens sobre viagens no perfil, no Facebook,
do Programa, do ano de 2022. A possibilidade de abertura, identificada a partir das
narrativas, para conhecer outros municípios que possuem outros modos de vida,
está vinculada à micropolítica ativa.

Palavras-chave: Turismo, Comunicação, Micropolítica.

1
Acadêmica de Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas na Universidade de
Caxias do Sul; Caxias do Sul/RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8535592066911019; E-mail:
kadannenhauer2@gmail.com.
2
Pós-doutora em Sociedade e Cultura da Amazônia (Universidade Federal do Amazonas-UFAM).
Doutora em Ciências da Comunicação (Universidade de São Paulo-USP), professora de Pós-
Graduação em Turismo e Hospitalidade (Universidade de Caxias do Sul-UCS). Coordenadora do
Amorcomtur! Grupo de Estudos e Produção em Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese
(CNPq-UCS). Lattes: http://lattes.cnpq.br/2996705711002245; E-mail: malu@pazza.com.br.
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03 e 04 de Novembro

Turismo e Video gamer: Narrativas pessoais conversadas


que identificam dinâmicas de turismo.

Guilherme Santiago dos Santos 1

Renan de Lima da Silva 2

O presente estudo tem por objetivo introduzir a temática das possibilidades de


turismo realizadas em videogames, analisando como os jogos eletrônicos vem
utilizando a recriação e reimaginação de locais turísticos populares como mecânica
de destaque em suas narrativas. Para tanto, tem como orientação teórica os textos
de Pereira, Siciliano e Rocha (2015) versando sobre Consumo de experiência e
experiência de consumo como discussão conceitual, e o texto de Clímaco (2004) O
Jogo patológico como adição menos visível, que sinaliza para a subjetividade que
pode estar presente nos jogos no papel de dinâmicas do turismo. O texto tem como
matriz de produção os encontros do projeto "com-versas de bar" baseados na
estratégia metodológica da Cartografia de Saberes de Baptista (2014), em que,
nesse primeiro momento, por conta do estudo estar em estado inicial, se concentrou
principalmente na trilha de saberes pessoais por meio da escrita de narrativas e da
trilha trama teórica. Conforme os diálogos se desenvolveram entre os autores, se
pode perceber na própria vida pessoal uma necessidade de compreender melhor
como os videogames se utilizam de métodos turísticos em seus percursos. Se pode
perceber, pelo contato com jogos ao longo da vida dos autores, reflexões sobre
experiências do passado e presente com os videogames, que dialogam com as
dinâmicas de percepção do turismo e das escolhas de viagem e pesquisa que se
desenvolvem nos percursos de ensino e aprendizagem.
Palavras-chave: Turismo, Videogames, Jogos eletrônicos.

1
Guilherme Santiago dos Santos, graduando em Turismo e Hospitalidade, Universidade do estado
do Rio de Janeiro - UNIRIO. guilhermesantiago@edu.unirio.br
2
Renan de Lima da Silva, professor orientador na Universidade do estado do Rio de Janeiro -
UNIRIO. Doutorando em Turismo e Hospitalidade, Universidade de Caxias do Sul - UCS.
Renan.turismo@gmail.com

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‘Com-Versar’ Lugares e Sujeitos - Paisagem Sonora, Hábito


e Ativação do Turismo no Natal Luz em Gramado

Chiara Baptista Vieira


Orientadora Doutora Maria Luiza Cardinale Baptista

A presente pesquisa é sobre o evento do Natal Luz de Gramado/RS, com a


finalidade de discutir ecossistemas turístico-comunicacionais-subjetivos e sua
relação com Paisagens Sonoras e Hábito no contexto do Natal Luz de Gramado.
Trata-se de produção vinculada ao AMORCOMTUR! Grupo de Estudos em
Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese (PIBIC-CNPq), coordenado pela
professora doutora Maria Luiza Cardinale Baptista. Nesse sentido, o referencial
teórico envolve Paisagem Sonora e o conceito de Hábito, proposto respectivamente
por Murray Schafer e Charles Duhigg. A metodologia utilizada foi a Cartografia dos
Saberes e Matrizes Rizomáticas, propostas pela Profa. Dra. Maria Luiza Cardinale
Baptista, que trabalham de maneira investigativa tanto no foco de estudo quanto o
subjetivo da pesquisa. Nesse primeiro momento da pesquisa, está sendo trabalhado
na cartografia de Paisagens Sonoras de Gramado no momento do evento do Natal
Luz, correlacionado a hábitos e a ativação do Turismo. Como principais resultados,
podem ser mencionados que a Paisagem Sonora é um fator que estabelece a
conexão entre a descoberta e a lembrança do Turismo.

Palavras-chave: Turismo, Paisagem Sonora, Gramado-RS, Natal Luz, Hábito.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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'COM-VERSAR' LUGARES E SUJEITOS: Personagens de


"O Reino do Natal"

Rafael Roger Pereira Machado

Maria Luiza Cardinale Baptista

O presente trabalho de pesquisa é sobre Narrativas, relacionadas à interação entre


Lugares e Sujeitos, tendo como foco a construção dos personagens do espetáculo O
Reino de Natal, do município de Gramado, Rio Grande do Sul, Brasil. A abordagem
tem como base o referencial teórico na interface entre o Turismo e as Narrativas, A
pesquisa está sendo desenvolvida,, com base nos autores Bertolt Brecht (1978),
Étienne Souriau (1955) e Renata Pallottini (1989), com abordagem sobre a condição
humana quanto aos personagens e o microcosmo teatral, com fundação no
macrocosmo das vivências e experiências humanas. As estratégias metodológicas
utilizadas são: a Cartografia dos Saberes e as Matrizes Rizomáticas, propostas por
Baptista (2014, 2020, 2022). Como principais resultados, observa-se que as
narrativas e personagens, têm importância fundamental, no sentido de contribuir
para a construção de significados das vivências nos diferentes lugares. Os turistas
estabelecem conexões de cunho emocional com as histórias, personagens e
narrativas, de tal forma a desenvolver a sensação de multiterritorialidade.

Palavras-chave: Turismo, Narrativas, Personagem.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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RC 10 – Temas Emergentes

Trajetória da participação feminina no turismo maranhense


entre os anos de 2010 a 2020

Julia Cristina Lucas Leite


Paulo Anderson Câmara Ribeiro
Angela Roberta Lucas Leite
Letícia Cynara Santos-Silva

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Em tempos de pandemia, o setor de serviços tem sido um meio alternativo de


impulsionar o desenvolvimento regional, movimentando a economia (SILVA et al.,
2021; MAYER; FRAGA; SILVA, 2021). No Brasil, este setor foi o que mais empregou
em 2021, com 9.392.455 empregos formais, representando 45% dos trabalhos
gerados em todo país. Quando se refere ao gênero, o número de empregos foi
quase igualitário para homens (4.703.602 empregos formais) e mulheres (4.688.853
empregos formais), uma conquista no que tange a participação feminina no mercado
de trabalho (CAGED, 2021).
Nessa perspectiva, o turismo, enquanto atividade econômica, é composto por
um conjunto de serviços que dependem da sua dinâmica demanda, ou seja, inclui
serviços básicos como alojamento, alimentação e transporte (RABAHY, 2020). De
acordo com Santos, Ribeiro e Silveira (2018), o turismo gera impactos na economia,
seja diretamente (empregos gerados pela prática desta atividade), de forma induzida
(gastos realizados pelos turistas nas localidades visitadas) ou indiretamente (efeito
multiplicador do turismo).
Contudo, quando se trata de gênero no turismo, as informações ainda são
difusas ou escassas, mas necessárias, à medida que evidenciam as condições
profissionais das mulheres nesta área. Minasi, Mayer e Santos (2022, p. 2)
ressaltam que: “[...] mesmo com o recente crescimento da disponibilidade de
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

registros amplos e de acesso aberto de dados sobre as trabalhadoras e os


trabalhadores brasileiros, poucos foram os autores que se dedicaram a reunir esses
dados e examiná-los”.
Diante do exposto, propõe-se como objeto de estudo a trajetória da
participação de mulheres no turismo no estado do Maranhão, tendo como objetivo
investigar a participação feminina no mercado de trabalho maranhense, sob a
perspectiva das atividades características do turismo (ACTS) nos últimos 10 anos.
Optou-se pela pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, com levantamento
bibliográfico e documental sobre as categorias turismo, trabalho e gênero. Os dados
e informações correspondem à representação das mulheres no turismo, empregos
formais e perfil médio de empregados por atividade característica do turismo no
Maranhão, no período de 2010 a 2020, presentes no Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged).
Acredita-se que a pesquisa contribuirá tanto para o monitoramento do setor
turístico quanto para análises e estudos sobre o perfil das mulheres inseridas no
mercado de trabalho maranhense, possibilitando ainda direcionar iniciativas, ações e
programas voltados para qualificação profissional e melhorias nas condições de
trabalho das mulheres no estado do Maranhão.

2 REPRESENTATIVIDADE FEMININA NO TURISMO MARANHENSE

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) é o registro


permanente de admissões e dispensas de empregados, sob o regime da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O Caged também é utilizado como base
para a elaboração de estudos, pesquisas e programas ligados ao mercado de
trabalho, ao mesmo tempo que auxilia as decisões governamentais (CAGED, 2021).
Dessa forma, foram retirados dados e informações por gênero entre as ACTs
no período de 2010 a 2020 no estado do Maranhão. A remuneração e ocupação
formal foram agrupadas por ano e por ACT e separadas por gênero, levando em
consideração a remuneração média das ACTs, remuneração total das ACTs,

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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ocupação média das ACTs e ocupação total das ACTs. Todos os dados foram
tabulados, organizados e analisados em uma Planilha Excel.
No Gráfico 1, a remuneração média é apresentada e comparada entre os
gêneros. Percebe-se que as mulheres maranhenses, nos últimos 10 anos, possuem
remuneração menor em comparação aos homens, principalmente nas atividades de
transporte aquaviário (37,09%), transporte aéreo (26,33%) e transporte terrestre
(23,31%). Somente nas atividades de agências de viagem (3,02%) e aluguel de
transporte (2,65%), elas foram remuneradas a mais que os homens.
Gráfico 1 – Remuneração Média das ACTS por Gênero - 2010 a 2020.

Fonte: elaboração dos autores, 2022.

No que tange a remuneração total, as mulheres foram remuneradas 19,89% a


menos que os homens nos últimos dez anos, ou seja, enquanto os homens
acumularam uma remuneração média anual de R$ 56.884,33, as mulheres não
passaram de R$ 45.572,03.
Os dados também revelam a desvantagem salarial das mulheres em relação
ao homem nos últimos dez anos, principalmente em 2020, chegando a 26,44% de
diferença salarial. Contudo, ressalta-se que nos anos de 2013 e 2012 a variação
salarial para o sexo feminino foi a mais positiva, chegando a 22% de crescimento.
Quanto à representatividade nos últimos 10 anos, percebe-se que a maioria
das ACTs foi ocupada pelo sexo masculino, com exceção de alojamento e
alimentação, que empregou 30% e 29% mulheres a mais que os homens,
respectivamente (Gráfico 2). Infere-se a essa diferença percentual que as mulheres
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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

são empregadas em atividades que ainda estão associadas aos trabalhos


domésticos.

Gráfico 2 – Ocupação Média das ACTS por Gênero - 2010 a 2020.

Mulher Homem

aluguel de transporte 2.885 15.247


cultura e lazer 3.549 4.740
agências de viagem 4.110 6.415
transporte aquaviário 1.293 6.134
transporte terrestre 3.278 27.833
transporte aéreo 1.773 3.805
alimentação 94.957 70.919
alojamento 39.982 29.405

Fonte: elaboração dos autores, 2022.

As atividades que menos empregaram formalmente mulheres foram aluguel


de transporte e transporte terrestre, embora esta última seja uma das atividades que
melhor remunera o sexo feminino maranhense (R$ 8.509,71), ficando atrás apenas
das atividades relacionadas a cultura e lazer (R$ 14.207,81).
Por fim, foi observado que a trajetória de empregos formais gerados para
mulheres nos últimos 10 anos no Maranhão, somente ultrapassou o sexo masculino
em 2015, totalizando 15.843 empregos e a maior discrepância anual acontecera em
2011, onde 3.488 empregos formais foram gerados a mais para sexo masculino, um
diferencial de 25% comparado ao que foi gerado para o sexo feminino no mesmo
período.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No intento de investigar a participação feminina no mercado de trabalho


maranhense, sob a perspectiva das atividades características do turismo (ACTS) nos

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

últimos 10 anos, observa-se que embora as mulheres tenham ganhado espaço no


mercado do turismo no estado do Maranhão, ainda apresentam distorções quando
se referem à igualdade salarial e segregação no mercado de trabalho, onde
ocupações ainda são direcionadas em sua grande maioria para o homens.
Salienta-se, portanto, a necessidade de mais estudos sobre a temática,
relacionando a representatividade feminina às outras bases de dados, como no
Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), bem como o
acompanhamento e monitoramento desses dados, como forma de gerar um
comparativo em níveis nacional e regional.

Palavras-chave: Mulheres, turismo, remuneração, ocupações formais, Maranhão.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Cadastro Geral de Empregados e


Desempregados. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-
previdencia/pt-br/servicos/empregador/caged. Acesso: em 19 set. 2022.

MAYER, V. F.; FRAGA, C. C. L.; SILVA, L. C. S. Contributions of Neurosciences to


Studies of Well-Being in Tourism. In: PERINOTTO, A. R. C.; MAYER, V. F.;
SOARES, J. R. R. (Org.). Rebuilding and Restructuring the Tourism Industry:
Infusion of Happiness and Quality of Life. 1ed , 2021, p. 108-128.

RABAHY, W. A. Análise e perspectivas do turismo no Brasil. Revista


Brasileira de Pesquisa em Turismo, n. 14, v. 1, p. 1- 13, jan./abr. 2020.
DOI: http://dx.doi.org/10.7784/rb, v. tur.v14i1.1903.

SANTOS, F. R.; RIBEIRO, L. C. S.; SILVEIRA, E. J. G. Caracterização das


atividades turísticas nos municípios brasileiros em 2015. Revista Brasileira de
Pesquisa em Turismo, n.12, v. 2, p. 65-82.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

SILVA, F.; VASCONCELOS, C. R. M.; NODARI, C. H.; PEREIRA, T. M. F.;


BARRETO, L. K. S.; NASCIMENTO, A. L.; GOMES, S. C.; CHAYM, C. D.; FRANCO,
J. B. M.; CARVALHO, A. D.; CELESTINO, W. T. The impacts of the COVID-19
pandemic on the Brazilian service sector. Research, Society and Development, [S.
l.], v. 10, n. 13, p. e516101321522, 2021. Disponível em:
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/21522. Acesso em: 19 set. 2022.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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Turismo em rede e participação feminina: o caso


movimento de “Mulheres no Turismo em Rede no
Maranhão”

Paulo Anderson
Julia Cristina Lucas Leite
Angela Roberta Lucas Leite
Brenda Rodrigues Coelho Leite

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Observa-se que presença de mulheres no turismo também é marcada pela
desigualdade de gênero, um problema central em nossa sociedade, onde “o sexo é
fator preponderante para a remuneração, distribuição de atribuições, poder e
controle de processo e resultados oriundos do trabalho” (CARVALHO, 2008, p. 30).
De acordo com Minasi, Mayer e Santos (2022, p. 2), no “contexto econômico,
a desigualdade de gênero se traduz em diferentes formas de desvantagem feminina,
dentre as quais se destacam os salários mais baixos e menos oportunidades de
ascensão profissional”, tornando-as mais suscetíveis às questões de disparidade de
gênero, discriminação e vulnerabilidade socioeconômica. Os autores ressaltam que
as mulheres no Brasil ocupam cargos no turismo, em sua maioria, associados aos
papéis atribuídos à mulher no ambiente doméstico e na sociedade, como é o caso
dos serviços de alimentação e hospedagem. A menor participação feminina
encontra-se em cargos de liderança e poder, bem como é minoria entre os
empreendedores. Embora os autores ressaltem que há predominância do sexo
feminino no turismo brasileiro e que são elas que detêm os maiores níveis de
escolaridade, os melhores cargos profissionais e melhores rendimentos não são
para as mulheres (MINASI; MAYER; SANTOS, 2022).
Em meio a tanta exclusão e opressão, as mulheres buscam romper o sistema
patriarcal por meio da cooperação, formando redes nas quais as conectam em prol
de objetivos em comum. Entende-se por rede uma estrutura formada por indivíduos,
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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

grupos ou instituições que se conectam por ligações específicas. De acordo com


Lechner, Dowling e Welpe (2005) as redes configuram-se como uma forma de
governança baseada na confiança, cooperação e interação para alcançar objetivos
em comum. Williams (2005, tradução nossa) sintetiza um conjunto de razões que
levam grupos ou instituições a entrarem e cooperarem em rede, dentre eles: atender
aos requisitos legais – políticos, reduzir a incerteza em seus ambientes,
economizar em transações, perseguir metas comuns ou complementares, ganhar
credibilidade e respeitabilidade através da associação e para preservar sua
autonomia.
No Maranhão, o movimento de “Mulheres no Turismo em Rede” vem sendo
construído no intuito de aproximar essas mulheres, trabalhadoras do turismo, em
diferentes campos de atuação. Dessa forma, ao entender que a rede possibilita
interação, cooperação e confiança entre as pessoas, questiona-se: O que motivam
essas mulheres a aderirem à rede? Quais expectativas em relação a rede e que
contribuições a mesma pode oferecer/trazer às mulheres maranhenses?
No presente estudo, objetiva-se compreender quais motivações, expectativas
e contribuições perante ao movimento de “Mulheres no Turismo em Rede” no
Maranhão partir das percepções de mulheres que integram tal rede.
Adota-se como procedimentos metodológicos a abordagem quanti-qualitativa,
exploratória e descritiva, onde foi conduzida por meio da aplicação de um
questionário no google forms com as mulheres integrantes da rede, entre os dias 02
a 13 de maio de 2022. O questionário apresentou um termo de consentimento (Lei
Geral de Proteção aos Dados - Lei 13.709/18), além das subdivisões sobre o perfil e
contribuições da rede de turismo para as mulheres do Maranhão. Foram
selecionadas 45 participantes pelo método bola de neve e retornaram 36 respostas.
Vale ressaltar que a pesquisa foi uma parceria entre o movimento de “Mulheres no
Turismo em Rede” e os Observatórios de turismo da Cidade de São Luís
(OBSTURSLZ) e do Maranhão (OBSTURMA).

2 TURISMO EM REDE: o caso da participação feminina no Maranhão

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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De acordo com os dados obtidos na pesquisa, 83% das mulheres que fazem
parte do movimento de “Mulheres no Turismo em Rede” são da cidade de São Luís,
8% informaram que são da cidade de Barreirinhas, 6% de Carutapera e 3% de
outras cidades. Sobre o perfil, a maioria se autodeclara pardas (56%), entre 39 a 48
anos (56%), pós-graduada, representando cerca de 69%, casadas (41%) e renda
mensal acima de 4 salários mínimos (59%).
Os resultados sobre o ramo de atuação das participantes do movimento
“Mulheres no Turismo em Rede”, mostram que as mulheres trabalham em diferentes
áreas associadas direta e indiretamente ao turismo. A atuação delas em agências de
turismo e no ensino e pesquisa, representam 14% em ambos ramos. 6% trabalham
como guia de turismo e 3% exercem funções na gestão pública e 64% atuam em
outras atividades. Em relação ao tempo de atuação no ramo, foi possível constatar
que em geral as mulheres possuem mais de 10 anos de experiência na área do
turismo, com 64%, seguido de 22% entre 1 a 5 anos, 8% com menos de 1 ano
representam 8% e por fim 6% responderam que têm entre 5 a 10 anos.
Observa-se que as mulheres que compõem a rede são motivadas a participar
a rede em busca de integração, troca de experiências, acolhimento, parcerias e
suporte no que tange o desenvolvimento do negócio voltado à atividade turística em
suas localidades. Dessa forma, a rede tem a possibilidade de favorecer a inclusão e
cooperação entre as mulheres a partir do conteúdo, da estrutura e da governança a
serem desenvolvidos como estratégias pela própria rede. A cooperação, que
desempenha um papel importante na influência da troca de recursos e custos, foi
apontada pelas entrevistadas como forma de oportunidades a serem geradas por
uma rede formada por mulheres, a saber: promover valorização, respeito e
igualdade salarial perante o mercado, desde que planejadas e organizadas
conforme a realidade de cada destino turístico. O fato é que as entrevistadas
esperam ações exequíveis com foco na geração de emprego e renda de acordo com
a realidade do Destino. Entende-se que as entrevistadas manifestam interesses,
razões e motivações diversas em cooperar, interagir e confiar e que acabam
influenciando a realidade do destino turístico.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

Assim, a participação em rede no turismo pode gerar benefícios tanto para a


empresas, quanto para a comunidade e os destinos turísticos. Morrison, Lynch e
Johns (2004) destacam que tais benefícios afetam direta e indiretamente a cadeia
produtiva e englobam transferência de conhecimento, aprendizagem para o turismo,
desenvolvimento de novos valores culturais, iniciativas de apoio à rede, aumento do
número de visitantes, melhor redução da sazonalidade, aumento do
empreendedorismo, entre outros.
Portanto, as mulheres são motivadas a integrar a rede por conta dos
benefícios e contribuições que a mesma possa proporcionar ao seu negócio, sua
atividade relacionada ao turismo, ou seja, “Com a rede há possibilidades de
aproximar as mulheres empreendedoras do turismo, fortalecendo a atividade em
todo o estado maranhense” (entrevistada). Além disso, a rede pode contribuir como
um mecanismo de difusão e de contato entre as mulheres e o trade turístico,
disseminando e potencializando o trabalho desenvolvido por mulheres no turismo.
Contudo, apesar da importância do tema, existe pouca informação qualitativa
sobre a condição profissional das mulheres no turismo em nosso país,
principalmente quando direciona os olhares para localidade. Assim, justifica-se a
relevância desta pesquisa ao intentar preencher essa lacuna, com dados e
informações sobre o perfil das mulheres integrantes do movimento de “Mulheres no
Turismo em Rede”, sua participação profissional no turismo maranhense, as
motivações que as levaram a integrar a rede e o que esperam de contribuições para
o turismo local.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A investigação identificou que as mulheres que integram esta rede são
mulheres pardas, casadas, residentes da cidade de São Luís, de 39 a 48 anos, pós-
graduadas, com renda acima de 4 salários mínimos, que atuam há mais de 10 anos
em agências de turismo e com ensino e pesquisa. Identificou-se ainda que as
mulheres que compõem a rede são motivadas a participar por diferentes interesses,
dentre eles: integração, troca de experiências, acolhimento, parcerias e suporte no
que tange o desenvolvimento do negócio voltado à atividade turística em suas

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

localidades. Dessa forma, a rede tem a possibilidade contribuir tanto para o


fortalecimento da atividade turística maranhense, quanto para o empoderamento e
protagonismo feminino, desde que as ações sejam planejadas e organizadas
conforme a realidade de cada destino turístico.
Portanto, espera-se que este primeiro estudo traga embasamento empírico
para que se possa apreender a importância do movimento “Mulheres no Turismo em
Rede” para o desenvolvimento do turismo local, visto como catalizador,
disseminador e potencializador de ideias, práticas e aprendizado entre (e para) as
mulheres maranhenses.

Palavras-chave: Turismo; participação feminina, Maranhão.

REFERÊNCIAS

MORRISON, P.; LYNCH, P.; JOHNS, N. International tourism networks.


International Journal of Contemporary Hospitality Management, v.16, n3, p. 197-
202, 2004.

CARVALHO, M. S. Turismo e a questão de gênero: o papel da mulher no


desenvolvimento do turismo rural no Brasil. Monografia (Especialização em Turismo)
– Universidade de Brasília, Centro de Excelência em Turismo, 2008. Disponível em:
https://bdm.unb.br/bitstream/10483/160/1/2008_MaysaSenaCarvalho.pdf. Acesso
em: 09 set. 2022.

LECHNER, C.; DOWLING, M.; WELPE, I. Firm networks and firm development: the
role of the relational mix. Journal of Business Venturing, 2005.

MINASI, S. M.; MAYER, V. F.; SANTOS, G. E. O. Desigualdade de gênero no


turismo: a mulher no ambiente profissional no Brasil. RBTUR, São Paulo, 16, e-
2494, 2022. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbtur/a/9WVDG4MK3MXhFhMXd7SdvTc/?format=pdf. Acesso
em: 09 set. 2022.

WILLIAMS, T. Cooperation by design: structure and cooperation in


interorganizational networks. Journal of Business Research, v. 58, n.2, p. 223-231,
2005.

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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Turismo no Amazonas e o Sentimento de Pertencimento


Durante a Pandemia

Giovana Alves Barbosa 1


Cristiane Barroncas Maciel Costa Novo 2
Susy Rodrigues Simonetti 3

No ano de 2022, as fronteiras dos países se abriram e o turismo tenta, aos poucos,
se recuperar dos impactos da pandemia da Covid-19 que afetou o globo, de forma
mais severa, entre 2020 e 2021. Como cita a professora Rita de Cássia Ariza da
Cruz pelo Jornal da USP, o turismo pós pandêmico tende a ser realizado
primeiramente através do turismo intraregional, pela procura das pessoas por um
turismo mais próximo e que elas consideram mais seguro. Com isto, o objetivo desta
pesquisa, que está em desenvolvimento, é identificar se as viagens dos
amazonenses no próprio estado, durante o período pandêmico, intensificaram o
sentimento de pertencimento. O método científico que estamos utilizando é o estudo
de caso, quanto aos procedimentos metodológicos, estão sendo realizadas
pesquisas bibliográficas e também será elaborado, por meio da plataforma Google
Forms, uma pesquisa qualitativa. Os resultados esperados após a pesquisa, é
identificar se as viagens geraram o sentimento de pertencimento regional e
colaboraram para a elaboração de políticas públicas em prol do turismo
amazonense.

Palavras-chave: Turistas amazonenses, Covid-19, Viagens, Topofilia.

1
Graduanda em Turismo na Universidade do Estado do Amazonas - UEA. É integrante do Centro Acadêmico de
Turismo (CATUR) da UEA, exercendo o cargo de Diretora de Projetos de Pesquisa e Extensão. E-mail:
gab.tur19@uea.edu.br.
2
Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPG-CASA) do
Centro de Ciências do Ambiente (CCA) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Mestre em Ciências (Geografia
Humana) pela Universidade de São Paulo (2012). E-mail: cbarroncas@uea.edu.br.
3
Doutora e Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas
(UFAM), Bacharel em Turismo, Membro do Fórum de Turismo de Base Comunitária do Rio Negro (AM) e da
Comunidade de Prática de Visitação em Áreas Protegidas. E-mail: ssimonetti@uea.edu.br.
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Nós enxergamos a cidade, mas a cidade não nos enxerga:


análise da experiência de Turismo de Base Comunitária no
Quilombo dos Alpes, Porto Alegre/RS

1
Macleidi da Luz
2
Dalila Rosa Hallal

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Brasil tem um grande potencial turístico e destinos já consolidados, porém


o o modelo em vigor concentra os benefícios nas mãos de alguns e prejudica
outros, quem já tem continua adquirindo cada vez mais equem deveria por direito ter
acesso aos lucros e benefícios como um todo, se vê deixado de lado. Sendo assim,
alternativas para o turismo convencional começaram a surgir, principalmente para
tentar frear o turismo de massa, visando um desenvolvimento mais responsável e
menos excludente, como o TBC. Este modo de fazer turismo permite que as
comunidades locais adaptem as atividades que serão desenvolvidas de acordo com
as suas necessidades e sejam protagonistas em seus territórios, participando
ativamente de todas as etapas do processo. Os lugares de referência na perspectiva
do TBC são aqueles espaços com os quais a comunidade local se identifica e se
relaciona no seu dia a dia (NUNES; MENEZES, 2017, p.101).
Há um crescimento na busca por visitas a locais com especificidades
culturais, históricas e naturais, com um modo de vida próprio, como é o caso das
comunidades tradicionais brasileiras. Nesta conjuntura, muitos turistas tem como
1
Graduanda em Bacharelado em Turismo; Universidade Federal de Pelotas
(UFPel), Pelotas/RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8961112194037163; E-mail:
macdaluz@gmail.com.
2
Doutora em História PUCRS; Docente Universidade Federal de Pelotas,
Pelotas/RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/4606760006124679; E-mail:
dalilahallal@gmail.com.

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motivação de visitação o desejo de entrar em contato com diferentes culturas,


buscando vivências através de elementos culturais representativos das
comunidades como as danças, a gastronomia, a religiosidade, o artesanato, a
oralidade, a musicalidade. Assim, entre as comunidades tradicionais, o presente
trabalho discorre sobre a experiência desenvolvida por uma comunidade quilombola
de Porto Alegre/ RS a partir do projeto “Pelas Trilhas do Quilombo dos Alpes” que
busca por meio do TBC uma alternativa para complementar a renda, sair da
invisibilidade, compartilhar saberes e fazeres, bem como garantir o seu direito ao
território e especificamente, objetivou-se caracterizar o território, descrever as
atividades turísticas realizadas e discutir como vem sendo trabalhado o TBC nessa
comunidade. O trabalho é um recorte da Monografia apresentada ao curso de
Bacharelado em Turismo, da Universidade Federal de Pelotas como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel em Turismo, no dia 24/06/2022.

2 METODOLOGIA

Primeiramente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica para trazer conceitos e


definições sobre Comunidades Tradicionais, Comunidades Quilombolas e Turismo
de Base Comunitária nas plataformas digitais Google Acadêmico e Scielo, também
buscou-se por trabalhos realizados especificamente sobre o Quilombo dos Alpes.
Além destes, foi utilizado material disponibilizado na rede social Facebook, na
página “Pelas Trilhas do Quilombo dos Alpes”, vídeos disponíveis no YouTube. Em
paralelo, foi realizada uma entrevista semiestruturada com a Geógrafa Lara
Machado Bitencourt que atua como pesquisadora e extensionista do Núcleo de
Estudos Geografia e Ambiente (NEGA) da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) e tem uma relação próxima com a comunidade estudada. A entrevista
foi realizada através da WebConf-UFPel, no dia 08/06/2022.

3 NO ALTO DO MORRO O QUILOMBO NARRA A SUA RE(X)ISTÊNCIA

O Quilombo dos Alpes está localizado na capital Porto Alegre, no conhecido


Morro Dona Glória e fica a cerca de 15 quilômetros da cidade.
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Tudo começou por volta de 1900, após a abolição da escravatura, quando


Edwirges Francisca Garcia resolveu sair em fuga de uma granja na região de
Vacaria/RS, receosa com o castigo que receberia, pois seu marido havia quebrado,
por acidente, os chifres de um boi. Grávida, acompanhada do marido Antônio,
andaram muito até chegar à capital gaúcha. A escolha pelo alto do morro foi
pensando na segurança de sua família.
Registros apontam que a matriarca morreu em 1998 e deixou como legado
para seus filhos, netos, bisnetos, e aqueles que não têm laços de sangue, mas sim
afetivos, a resistência e a luta por melhores condições de vida. Ela é reconhecida
como um mito fundador nos Alpes.“A Comunidade tem na figura de Dona Edwirges
a referência fundamental para constituição de sua identidade coletiva” (GEHLEN,
2007, p. 122). Atualmente, Rosangela da Silva Ellias (Janja) é a figura central do
quilombo.

3.1 Recebendo visitantes no Quilombo dos Alpes – um fenômeno chamado


Turismo

No Quilombo dos Alpes, a terra e suas derivações não representam somente


a conquista do espaço geográfico, mas significam a manutenção do modo de vida,
do culto ao sagrado, das relações construídas e da identidade que se estabeleceram
a partir do território. Atribui-se significado ao seu patrimônio cultural, expresso nos
saberes, nas lutas e nas manifestações da sua cultura e que reúne, também, um
patrimônio natural. Esses patrimônios são valorizados como atrativo para a prática
do turismo. Tais atrativos, alinhados com estratégias discutidas em eventos e
reuniões e conjuntamente com o NEGA foi-se pensando em maneiras de inserir o
turismo no território. Criou-se então, em 2017, o “Pelas Trilhas do Quilombo dos
Alpes”. Segundo Lara Machado Bitencourt (2022) a ideia partiu das principais
lideranças da comunidade (Rosângela, Karina e Daiane) que entraram em contato
com o NEGA através da professora Cláudia Pires Zeferino e a convidaram para
conhecer a comunidade e fazer uma cartografia social do território através das
narrativas dos moradores da comunidade. O mapa base começou a ser construído

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em 2013, tendo sua conclusão em 2015, e abrange o mapeamento de todo o


território, inclusive as trilhas que são consideradas marcadores territoriais pelos
quilombolas.
O “Pelas Trilhas do Quilombo dos Alpes'' é composta por 2 Programas de
Visitação. O primeiro denomina-se “Roda de Conversa com Chá Nativo” e começana
sede da Associação onde o grupo é recepcionado pela Griô Janja (a mais velha da
comunidade, detentora dos saberes) que faz uma introdução à história e caminhos
percorridos pela matriarca Dona Edwirges, desde a sua chegada ao morro dos
Alpes. Posteriormente, seguem a trilha até a Casa da Pedra, onde estão as ruínas
de uma antiga casa que foi moradia de um médico e seu filho. E depois, retornam à
sede para tomar um chá e saborear alguns quitutes. O segundo programa é a “Trilha
da Ancestralidade e Religiosidade”, inicia na sede da Associação com a Roda de
Memória conduzida pela Janja, depois os visitantes são conduzidos, pela trilha que
compreende os caminhos sensíveis entendido como lugares sagrados e formação
do território da comunidade dos Alpes, da ancestralidade aos dias atuais,
contemplando as ervas usadas por eles, os núcleos familiares e a bela paisagem.
Durante o percurso são resgatadas memórias, vivências e conta-se os causos e
enredos que ali aconteceram. Após a realização do percurso, os visitantes retornam
à sede da Associação onde podem apreciar a culinária quilombola, através do
almoço.
Analisando as postagens feitas na página do projeto, o “Pelas Trilhas do
Quilombo dos Alpes”, recebe como visitantes muitos estudantes, demonstrando que
o território alinha a sua formação histórica ao conhecimento por meio do turismo,
oportunizando o compartilhamento de ideias e exercendo a alteridade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência do Quilombo dos Alpes contextualiza o TBC como uma


atividade que favorece a participação dos moradores no processo de gerenciamento
de seus atrativos. O legado e as singularidades culturais organizados em padrões
muito particulares, reforçam aparticipação e o protagonismo da comunidade na

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implantação e gestão do turismo que deseja e na construção de um


desenvolvimento que seja endógeno e sustentável.
O Rio Grande do Sul está dando os primeiros passos para ampliar as
iniciativas de TBC em Comunidades Quilombolas e pode-se usar a experiência
realizada na comunidade dos Alpes como exemplo. Uma possibilidade seria
trabalhar em rede como aquela executada pela Rede Tucum. Tal iniciativa daria
ainda mais visibilidade aos territórios, auxiliando ainda mais para a afirmação da
identidade quilombola, gerando renda e contribuindo para que as novas gerações
continuem no território mantendo vivas as tradições e costumes.
A inexistência de outras experiências encontradas sobre a temática analisada
deixa claro uma lacuna que necessita ser investigada. Também é importante
ressaltar a necessidade de ampliar o diálogo da área do turismo e instituições de
ensino com essas comunidades, contribuindo para tirá-las da invisibilidade e
valorizando as suas manifestações culturais.

Palavras-chave: Turismo de Base Comunitária. Quilombo dos Alpes. Rio Grande do


Sul.

REFERÊNCIAS

GEHLEN, Ivaldo (Coord. Geral); BENTES, Francinei (Coord. Estudo); RODRIGUES,


Vera (Coord. Estudo). Estudo quanti-qualitativo da população afrobrasileira de
Porto Alegre/RS. Porto Alegre: Laboratório de Observação Social, do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dez.
2007. Disponível
em:http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/fasc/usu_doc/relatorioafrobrasileir
osjun08.pdf. Acesso em: 16 mai 2022.

NUNES, Mirelle Barcos; MENEZES, Magali Mendes de. Turismo de Base


Comunitária: a reconstrução de identidades desde a experiência do encontro.
Revista Cenário. Brasília. Vol. 5, n. 9 (dez. 2017), p. 97-108, 2017. Disponível
em:https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/173983/001057073.pdf?seque
nce=1. Acesso em: 10 mar 2022.

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Acessibilidade Cultural, no horizonte dos cegos ou surdos

Soraya Viana Saraiva 1


Ana Paula Guimarães Santos de Oliveira 2

I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
“O criador do espelho envenenou a alma humana” (Bernardo Soares, O livro
do Desassossego, 1982). Foi assim que se iniciou a jornada, na qual se percebeu
que a sociedade há muito ignora os mais diversos apelos das pessoas com
deficiência. Elas enfrentam um longo e árduo caminho e lutam para que suas
disfunções não sejam vistas como característica que as define.
Esta pesquisa partiu do propósito de investigar as necessidades dos cegos ou
surdos, no que tange ao acesso à cultura, conforme previsto na Lei Brasileira de
Inclusão, no 13.146 de 06/07/15, que estabelece a priorização da acessibilidade
para as pessoas com deficiência, direitos esses que devem ser exercidos em iguais
condições e oportunidades. De acordo com Sarraf (2013, p. 58), o conceito de
inclusão social deduz conviver com as diferenças e não estabelecer “ambientes e
produtos exclusivos”, além da filosofia da inclusão exercer influência nas
abordagens tradicionais, na busca por respostas mais inclusivistas e da plena
participação dessas pessoas (SASSAKI, 1999, p. 98).
Desde o início da pandemia do COVID19, os espaços culturais perceberam a
necessidade de amplificar a comunicação com todos os públicos e passaram a
pensar na acessibilidade para além da legislação ou da eliminação das barreiras
físicas ou arquitetônicas nos ambientes, favorecendo reflexões sobre inclusão.
O objeto dessa pesquisa foi delimitado a partir da percepção da existência de
brechas nas investigações das temáticas acessibilidade, deficiência, lazer e turismo,
de forma conjunta. A partir disso, questionou-se: Quais são as limitações para os
cegos ou surdos acessarem os espaços culturais? Objetivou-se conhecer os

1
Bacharel em Turismo pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: svszingara@gmail.com
2
Professora da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: anapaulagsantos@yahoo.com.br
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obstáculos confrontados por esses públicos e investigar se os museus e centros


culturais de Belo Horizonte, integrantes deste trabalho, são acessíveis.
Os estudiosos do tema distinguiram que a acessibilidade é para além das
pessoas
que têm algum grau de disfunção, e essa preocupação surge da circunstância
de que muitas pessoas nascidas sem nenhum tipo de deficiência podem vir a
adquiri-la, já que ninguém está imune aos acontecimentos inesperados ou às
adversidades. Esse argumento é corroborado por Fernando Alonso (2007, p. 18),
que afirma que o adjetivo “universal” ganhou relevância ao se ligar à ideia de
acessibilidade, e que o modelo de intervenção deve buscar a plena acessibilidade e
conjugar estratégias da Supressão de Barreiras com o Desenho para Todos.
Praticar a inclusão depende da atitude de cada pessoa e da sociedade como
um todo. De acordo com Sarraf (2018, p. 24) o conceito de acessibilidade universal
está relacionado à concepção de ambientes, serviços e produtos que considerem o
uso de todos os indivíduos, independentemente de suas limitações físicas,
sensoriais e intelectuais.
Para obter as respostas à questão formulada, utilizou-se os fundamentos
teóricos que versam sobre acessibilidade universal (ALONSO, 2007), acessibilidade
cultural para pessoas com deficiência (SARRAF, 2018) e sociedade inclusiva
(SASSAKI, 2020).

II. O CAMINHO METODOLÓGICO PERCORRIDO


A abordagem da pesquisa foi qualitativa, por meio de entrevistas
semiestruturadas realizadas no formato online, face às restrições decorrentes da
pandemia do COVID 19. Os dados coletados foram analisados por meio da técnica
de análise de conteúdo, com apoio do software de análise qualitativa Nvivo. As
principais categorias foram acessibilidade, qualificação e adequações. Foram
entrevistadas 13 pessoas, entre representantes dos espaços culturais, pessoas
cegas, pessoa surda e profissional no uso da Libras. Para que essas pessoas
permanecessem anônimas, escolheu-se alcunhas relacionadas aos elementos

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naturais do mundo, como planetas, árvores, flores e astros, em função da beleza,


sensibilidade e robustez envolvidas na temática desse trabalho.

III. OS ACHADOS DA PESQUISA


Embora os espaços venham se esforçando para abarcar todos os públicos, as
pessoas com deficiência entrevistadas foram categóricas em afirmar que se sentem
excluídas, e observam a ausência de recursos mais acessíveis que possam auxiliar
nas diversas possibilidades de acesso à cultura e que promovam, realmente, a
inclusão, independência e autonomia. Essa explicação encontra aporte em Sarraf
(2013, p. 58) ao dizer que “O conceito de acessibilidade também exige a autonomia
do indivíduo em todos os espaços, serviços e produtos culturais oferecidos,
premissas que contribuem com a garantia de direitos básicos dos cidadãos”.
Nesse contexto, ORQUÍDEA (surda oralizada) explicou que mesmo os surdos
não oralizados “escutam com os olhos e falam com as mãos”, e disse já ter
vivenciado muitas vezes as dificuldades das pessoas surdas para serem atendidas,
especialmente pela falta de atendimento em Libras.
Foi possível identificar vários fatores que podem limitar o acesso com a
autonomia requisitada. Os representantes dos espaços reconhecem os obstáculos e
a necessidade de prover ajustes para abranger os mais diversos públicos, e
sinalizam como limitações questões orçamentárias para investimentos adequados.
Por outro lado, ponderam que é possível que os cegos ou surdos usufruam suas
instalações com autonomia, porém, questiona-se qual seria a autonomia percebida
pelos gestores?
A pesquisa revelou que o que mais impacta esse público é a ausência de
acessibilidade atitudinal. Um sentimento comprovado pela falta de preparo das
pessoas que trabalham nesses espaços. Seria sugestivo qualificar as equipes e,
também, fazer uso de tecnologia apropriada que pode auxiliar a visitação autônoma,
por meio do oferecimento de audiodescrição, vídeo libras, entre outros. A existência
de barreiras físicas, comunicacionais, instrumentais e programáticas, que impedem
reconhecer os ambientes como acessíveis também foi observada, bem como as
limitações para executar adaptações nesses equipamentos. A principal delas está

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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


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associada às leis e normas técnicas que inviabilizam interferências em construções


históricas e tombadas, e a limitação de recursos orçamentários, pois uma parcela
significativa desses equipamentos está sob gestão pública.
Foram indicados motivos para justificar a ausência dessas pessoas nos
espaços culturais, como a baixa procura, a falta de conhecimento de Libras pelos
prestadores de serviço, assim como a dependência de terceiros para se deslocar
pela cidade em meio aos problemas de mobilidade urbana em BH. Considerou-se
essencial que novos estudos explorem essas questões e, talvez, consigam
acrescentar outros enfoques que possam ampliar a compreensão do tema e os
resultados abarcados por essa pesquisa.
Os sujeitos da pesquisa reivindicam a escuta para suas demandas, pois são
eles que sabem o que é imperioso para suprir as suas necessidades. Promover
maneiras para que esses públicos se expressem, através de pesquisas e/ou
avaliações, consultar especialistas em acessibilidade, preferencialmente cegos ou
surdos, são ações que facilitariam o êxito dos projetos voltados ao tema, sob uma
ótica coletiva. O caminho observado aponta na direção da acessibilidade para todos,
indistintamente, e que os debates sobre esse tema devem ser promovidos
interdisciplinarmente.
Notou-se que é importante promover diálogos entre os equipamentos culturais
e os poderes públicos, nos níveis municipal, estadual e federal, no sentido de
descobrir o que pode ser aperfeiçoado nas políticas públicas para a promoção da
acessibilidade nas atividades de lazer, turismo e cultura, relativamente à
acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva ou visual.

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não é presunçoso afirmar que a cultura é vivenciada dentro do contexto de
atividades como do lazer e do turismo, e que todas essas atividades são importantes
para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Diante disso, confirmou-se a hipótese das limitações para os cegos ou surdos
acessarem a cultura com autonomia, visto que se constatou que os museus e

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

centros culturais de Belo Horizonte são, parcialmente, acessíveis e possuem


impedimentos para a efetiva participação desses públicos nas atividades propostas.
É importante promover diálogos entre os equipamentos culturais e os poderes
públicos, nos níveis municipal, estadual e federal, no sentido de descobrir o que
pode ser aperfeiçoado nas políticas públicas para a promoção da acessibilidade nas
atividades de lazer, turismo e cultura, relativamente às pessoas com deficiência
auditiva ou visual.
Compreender que a ausência do outro tem que ser refletida a partir da
empatia e da solidariedade, possibilita que a acessibilidade e, a inclusão, sejam
olhadas dentro de um processo universal. Afinal é tempo de agir e não mais se
desculpar.

Palavras-chave: Acessibilidade, Cegos, Surdos, Cultura, Turismo.

REFERÊNCIAS:
ALMEIDA W.G. KUSHANO E.S. Inclusão social, cidadania e Turismo: Uma
investigação sobre a existência de serviços adaptados às pessoas com
necessidades especiais nos meios de hospedagem da região metropolitana de
Curitiba. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, versão online, v.2, no 4, p.
89-101. Dez. 2008. Disponível em:
https://www.rbtur.org/rbtur/article/download/119/118. Acesso em: 13 mar. 2021.

ALONSO, Fernando. Algo más que suprimir barreras: conceptos y argumentos para
uma accesibilidad universal. Trans. Revista de Traductología, versão online, no II,
2007, Dossier 15-30. Disponível em: http://www.trans.uma.es/pdf/Trans_11/T.15-
30.FernandoAlonso.pdf. Tradução nossa. Acesso em: 12 jan. 2021.

BRASIL. Lei no 1’3.146/2015. Disponível em:


https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso
em: 20 jun.2022.

LEITÃO, Maria Eugênia. Quem criou o espelho conseguiu envenenar a nossa


pobre
alma! 23 out. 2019. Disponível em: https://sol.sapo.pt/artigo/675083/-quem-criou-o-
espelho- conseguiu-envenenar-a-nossa-pobre-alma-. Acesso em 23 ago.2022.

SARAIVA, Soraya Viana. Acessibilidade na prática de lazer e turismo para


pessoas com deficiência auditiva ou visual. 2022. Disponível em:
https://www.bu.ufmg.br/imagem/000028/00002890.pdf. Acesso em: 15 jul. 2022.

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Realização:

Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

SARRAF, Viviane Panelli. A Comunicação dos sentidos nos espaços cultuais


brasileiros: estratégias de mediações e acessibilidade para as pessoas com
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https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/4518. Acesso em 20 mar. 2022

SARRAF, Viviane Panelli. Acessibilidade cultural para pessoas com deficiência –


Benefícios para todos. Revista do Centro de Pesquisa e Formação, no 6, jun.
2018. pp. 23-43. Disponível em:
https://portal.sescsp.org.br/files/artigo/d1209a56/acb3/4bc1/92cc/183d6c085449.pdf.
Acesso em 22 ago. 2022.

SASSAKI, Romeu K. Autonomia e Independência incluindo Pessoas com


Deficiência. Revista Nacional de Reabilitação. Reação. 01 jan. 2020. Disponível
em: https://revistareacao.com.br/autonomia-e-independencia-incluindo-pessoas-
com-deficiencia/. Acesso em: 05 jun. 2021.

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