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RIO DE JANEIRO
2020
ADRIANO SANT’ANNA HERCULANO DA SILVA
Rio de Janeiro
2020
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DEDICATÓRIA
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AGRADECIMENTOS
Ao meu pai, por todo suporte que deu e tem me dado durante o processo de
formação e na vida em geral.
Aos queridos mestres Marisa Braga, Selma Souza, Nilton Junior, Richard
Couto, Ana Cristina Dantas Araújo, Alexander Ramalho, e a todos os professores
que contribuíram para minha formação direta ou indiretamente, minha eterna
gratidão.
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EPÍGRAFE
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................8
O ACOLHIMENTO E A PSICOLOGIA.......................................................................19
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................25
REFERÊNCIAS..........................................................................................................28
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RESUMO
ABSTRACT
This work seeks to explore the concept of humanization as a public policy of the
Unified Health System and the practice of welcoming as an instrument for the
production of subjects' autonomy. It addresses the historical path of health, concepts
and contexts, since the Middle Ages, Europe in the 18th century, Brazilian health in
the colony, the formulation of SUS, humanization as a proposal for national public
policy in Brazil and the role of the psychology professional in subjectification process
of users in health units. The work seeks to rescue, through the bibliographic review of
authors linked to the respective themes, the proposal for a production of subjectivity
as the central axis of health work relations, considering welcoming, the first guideline
of the National Humanization Policy, as an essential and common task to all the
specializations of health professionals. Humanization appears, then, as an ethical
guideline and reception as a light technology that instrumentalizes the resistance of
the subjects to the neoliberal project in force in the present times.
Key words: Humanization; Host; Subjectivity;
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SUBJETIVIDADES E POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH) – UM
PERCURSO HISTÓRICO ATÉ O ACOLHIMENTO EM SAÚDE
INTRODUÇÃO
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PERCURSO HISTÓRICO DE PRODUÇÃO DA SAÚDE
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a cidade, o que proporcionou o surgimento da salubridade. E a medicalização dos
pobres e trabalhadores, ocorrida na Inglaterra. Que finalmente coloca as populações
pobres como problemas da medicina social. A medicina da força de trabalho inglesa
visava tornar os corpos aptos ao trabalho e menos perigosos aos mais ricos.
Destarte, esses países foram desenvolvendo suas políticas de saúde .
A “saúde dos povos” passa a ser questão central aos Estados. Concomitante
ao cenários destes países, durante o Século das Luzes, Portugal passava por uma
tentativa de alcançar o progresso do modernismo do resto da Europa. O iluminismo,
movimento intelctual francês de ideiais liberais, ganhava cada vez mais adeptos no
continente. As ciências portuguesas estavam aquém dos países vizinhos, e ainda
muito influenciadas pela tradição escolástica, e a forma de pensar e produção de
saber moldadas pela igreja católica. Porém, a sociedade demandava também novas
políticas e práticas sanitárias coletivas. No Estado português, durante o século
XVIII, passaram a ser redigidos manuais de saúde para a população com vistas à
preservação sanitária e à prevenção de doenças. (ABREU, 2011). Como o Tratado
de Conservação da Saúde dos Povos (1757), de Antônio Ribeiro Sanches, médico e
intelectual português que propunha o idealismo moderno nas organizações
sanitárias. Entre outros textos como Matéria médica physico histórico mechanica, de
Jacob de Castro Sarmento (1758).
Um ano após o fim da Segunda Guerra Mundial, num cenário em que se fez
necessário o resgate dos valores humanos (REIS, MARAZINA e GALLO, 2004), a
Constituição da Organização Mundial de Saúde de 1946 define o conceito de Saúde
como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste
apenas na ausência de doença ou de enfermidade” (OMS, 1946). o que possibilitou
formas inovadoras e ajustes nos modos de produzir saúde, permitindo uma visão
mais complexa deste conceito. Entretanto, para Segre e Ferraz (1997) esta
conceituação da Organização Mundial de Saúde, apesar de progressista e visioária
para a época, já está superada nos dias de hoje, tendo em vista a tendência
idealista e a distinção entre corpo e mente presentes na definição.
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SAÚDE PÚBLICA, SUS E SUBJETIVIDADES
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equidade, que consiste na “igualdade na assistência à saúde com ações e serviços
priorizados em função de situações de risco, das condições de vida e da saúde de
determinados indivíduos e grupos de população” (2004, p. 48), marcando um avanço
do alcance da saúde à população. A Constituição Federal de 1988 e o Sistema
Único de Saúde foram marcos históricos da conquista por direitos básicos de
movimentos sociais e grupos populares mobilizados. Assim, a saúde pública
brasileira dá mais um passo em busca de um modo de produção de saúde que
considere as singularidades.
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produção de saúde. A medicalização da vida, conceito trabalhado, entre outros
autores, por Ivan llich (1975) e Michel Foucault (1979), consiste em uma progressiva
ocupação da medicina a diversas áreas da vida, como uma prática discursiva que
instrumentaliza o biopoder, o domínio dos corpos. Durante as últimas décadas do
século XX já despontam movimentos de resistência à esse modelo de assistência,
como a luta pela gestação, parto e puerpério humanizados, que apontava para a
violência institucional obstétrica que os hospitais praticam nos corpos das gestantes
e puérperas, numa relação medicalizante, e que o parto, evento outrora marcante e
central no seio familiar, fora expropriado pela medicina para um evento em cadeia de
produção nos hospitais e maternidades. (PASCHE, VILELA e MARTINS, 2010)
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A Política de Humanização se depara com o desafio de, ao mesmo tempo,
não carregar uma definição ortopédica, mas também não produzir um discurso tão
genérico que esteja redundante com os princípios do SUS. Logo, o que prevalece
como diferencial na Humanização enquanto política pública é a de produzir
“processos de subjetivação transformadores, isto é, envolvendo sujeitos coletivos
que nas práticas concretas e cotidianas transformam o modo de produzir cuidados
de saúde, transformando-se a si também.“ (DESLANDES, 2005 p.402). Assim, a
PNH é um instrumento discursivo que possibilita a superação do modelo moderno
de produção de saúde. A humanização dos serviços de saúde seria então um
processo ético e prático das relações humanas. A Humanização na atenção à saúde
basicamente considera as subjetividades implicadas no processo e na relação da
produção de saúde. (FORTES, 2004)
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O ACOLHIMENTO E A PSICOLOGIA
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1999), atribuindo-os à conceitos naturalistas e inatos e, por vezes, negligenciando os
aspectos sociais. Para a autora, essas perspectivas que ocultam os aspectos
sociais dos ditos fenômenos psicológicos e atribuem à perspectivas naturalistas
produzem uma ideologia, ou seja, um sistema de ideias ilusório, alienante, que leva
ao engano. Assim, a psicologia tem contribuído discursivamente, por anos, para a
responsabilização exclusiva dos sujeitos por seus sucessos e fracassos, à serviço
das elites e da burguesia.
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queixas, reconhecendo o protagonismo do mesmo no processo de saúde e
adoecimento, o reconhecimento de seus direitos e a responsabilização pelas
resoluções (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013)
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centrada nestas/no usuário. Esta inversão, que o autor nomeia Transição
Tecnológica na saúde, seria um novo padrão de produção de cuidado, que não se
limitaria a apenas uma reforma organizacional, mas a alteração fatídica do núcleo
desta produção de saúde, a partir da micropolítica do trabalho, ou seja, da conduta
de trabalho de cada profissional, em cada encontro, voltada para o usuário e sua
autonomização.
Merhy descreve sua análise sobre o acolhimento:
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acolhimento, como também a disseminação da cultura de uma assistência mais
humanizada, que preze pela autonomização dos sujeitos envolvidos nos processos
de produção de saúde, pela cidadania e co-participação destes sujeitos. Deve—se
considerar que
“uma política de humanização consistente não é nada
mais – e nada menos — que uma rede de amparo e contenção
para os pacientes e para os profissionais que nela se acham
implicados e, nesta exata medida, surge como uma instância
de libertação real de seus sujeitos.” (REIS, MARAZINA e
GALLO, 2004)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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aos usuários dentro de suas diferentes necessidades. O acolhimento seria, então,
uma conduta individual de cada trabalhador em busca da construção permanente
destes princípios.
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REFERÊNCIAS
FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. 4º. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17º. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
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FREUD, S. Recomendações ao médico para o tratamento psicanalítico. In:
______ Fundamentos da Clínica Psicanalítica. 1º. ed. Belo Horizonte: Auntêntica,
[1912] 2018. Cap. 6, p. 93-104.
MEHRY, E. E. Agir em saúde: um desafio para o público. 2º. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
NIETZSCHE, F. Além do Bem e do Mal. 1º. ed. São Paulo: Martin Claret, 2015.
REVISTA VEJA. Veja Saúde. OMS decreta pandemia do novo coronavírus. Saiba
o que isso significa, 2020. Disponivel em: <https://saude.abril.com.br/medicina/oms-
decreta-pandemia-do-novo-coronavirus-saiba-o-que-isso-significa/>. Acesso em: 20
Outubro 2020.
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