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BR 2800019
E 1 5/B/M / V
BRITTO’ J. S
CRUZADA DA COOPERACAO INTEGRAL: PRODUCAO. C
ONSUMO E CREDITO NAS CIDADES, NOS CAMPOS, C
REDITO GRATUITO AGRARIO [COOPERATIVA DE PRO
DUTORES]
RIO DE JANEIRO, GB (BRASIL) BENEDICTO DE SOUZA
1928 196 P. (PT) 17 REF.
MICROECONOMIA, COOPERATIVA DE PRODUTORES, LEGIS
LACAO ECONOMICA
203
JOSÉ SATURNINO BRITTO
CRUZADA DA COOPERAÇÃO
INTEGRAL
Producção, Consumo e credito
Nas cidades, nos campos
Credito gratuito agrario
BENEDICTO DE SOUZA
Rua da Misericórdia, 51
RIO DE JANEIRO
___
1928
M
E15
BRIC
BR 2800019
A cooperativa de consumo e a de producção
As cooperativas se destinam liberalmente a to-
das as classes, desde que sem prejuizo da doutrina sã,
da moral de que emanam no ajustar-se á pratica
de permuta commercial entre pessoas que pretendem
economisar no que compram e produzem, eliminando
o lucro dos intermediarios, isto em favor de suas
obras, ou da bonificação proporcional ás compras.
Convem, antes da divulgação do material pratico que
já temos prompto, relançar o historico das coopera-
tivas de producção, visa caber ás de consumo as
sumir progressivamente forma cyclica de que cons-
tam tambem as de producção verdade é que a tal
respeito temos que observar mas adiante o que se
passa nas Wholesales. Porventura cooperativa de
producção proletaria, de que tratamos logo de chofre,
na forma que se apurou com a reação de classe, ex-
prime bem o conceito que firma sufficientemente a
universalização do voto singular nas cooperativas de
todas as especies. Eis a razão que dos decidio
a compilar a argumentação baseada nos factos chrono-
logicos, independentemente dos dispositivos legaes,
baseados em outro regimen, manobra com que tenta-
ram em vão ferir o principio basico do voto singular
nesses asylos economicos que se transformam pro-
gressivamente em paraisos sociaes onde a paz e a
fartura reinam.
Proletarios honestos, profissionaes de qualquer
especie, pequenos proprietarios que couseguiram a
custa do seu labor honrado e criterioso pôr de parte
o fruto do proprio esforço e que ainda assim se vêm
ás voltas com a multiforme uzura, podem, ao lado
das cooperativas de consumo de classe, formar as
suas, dentro da mesma harmonia moral e organica.
Mas, não tardemos, uma vez explicada essa
di-gressão.
Que é uma cooperativa de producçao? Analy-
semos com Joseph Cernesson, autor da <<Association
ouvrière de production>>, folheto repleto dos melho-
res ensinamentos, cujos trechos, que mais nos inte-
ressam neste momento passamos a reproduzir:
Caracteres fundamentaes d’Uma sociedade indus-
trial: << logo que constituida, um trabalhador profis-
sional não tem nenhum direito, nenhum meio regu-
lar de fazer parte da mesma, e introduz-se fatalmen-
te no decurso da existencia da sociedade, gente ex-
tranha á natureza dos negocios. O pessoal que a
compõe se divide em 2 grupos. Um, o dos accio-
nistas, recebo a totalidade dos lucros. O outro, o
dos agentes salariados, não tem nenhum direito de
immiscuir-se nos negocios sociaes, e não é senão
uma especie de instrumento adaptado ao serviço do
primeiro grupo
BIBLIOGRAPHIA
Administradores
1° na approvação do balanço;
Commissão de probidade
Assembléa Geral
Conselho Fiscal
As suas funcções:
Capital social
Balanço
Distribuição de Lucros
Empregados
Em Janeiro de 1927.
Simples contribuição para as
normas relativas
— A'S —
_______
Capitulo 1°
_______
(1) Os estatutos, a que se refere o autor, deixaram de ser
annexado, , porem se encontram na Secção do Credito Agricola da
Directoria da Inspecção e Fomento Agricolas.
- 51 -
CAPITULO II
- 54 -
- 55 -
Funccionamento
- 61 -
Em Janeiro de 1927.
ESTATUTOS
DA
Sociedade Cooperativa de Compra e Venda
dos Lavradores de...............
Sociedade de Capital Variavel
CAPITULO 1°
CAPITULO I I °
CAPITULO IIIº
Admissão—Exclusão—Fallecimento
CAPITULO IV.º
Adminisiração
Director
Gerencia
CAPITULO V
Assembléa Geral
- 74 -
- 75 -
- 76 -
CAPITULO VI
Conselho Fiscal
Commissão de probidade
ART. 45-Aos membros da Commissão de Pro-
bidade compete dirimir qualquer duvida que por acaso
ocorrer entre os socios e a Administração da Socie-
- 77 -
CAPITULO VII
Destinados ao fundo de
resrva, atéque este attinja
Fndo de reserva 5 % o montante do capital so-
sobre a venda de produ- cial. Dahi em diante o to-
ctos dos socios, 15 % dos tal dessas percentagens
lucros do consumo, 5 % serálevado á conta do
sobre a venda do mate- fundo de desenvolvimento da
rial. Sociedade
Juro devido aos so-
ciosproporcionalmente ás
quota-partes que possuem.
Esse juro é fixo e, no
caso de não ser preenchido
pelos lucros, a reserva
Quota-partes 7 % sobre completará, sem prejuizo
os lucros do consumo. das percentagens para os
outros fundos, até á con-
correncia de 4%.
- 78 -
Independentemente du-
ma percentagem descon-
tada dos ordenados, incor-
Fundo de Mutualidade porada ao fundo de mutua-
dos empregados 5% sobre lidade dos empregados, em
os lucros do consumo, 1% garantia da pensão vitali-
sobre os lucros da venda cia por invalidez acciden-
dos productos dos socios tal depois de 5 annos de
serviço ou por ter servido
durante 30 annos.
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100
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Da Dissolução da Sociedade
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- DE -
CAIXA SOCIAL
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100%
Administração
- 93 -
c) — Conselho Fiscal.
d) — Commissão de descontos.
e) —Um Director superintendente, auxiliado
pelos outros empregados da Sociedade.
f) — Commissão de Probidade.
g) — Commissão de agencias.
Da Assembléa Geral
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Do conselho fiscal
- 99 -
- 100 -
COMMISÃO DE DESCONTOS
- 101 -
ART. 72 - Os commissarios que participarem
da reunião das commissões de descontos; terão direito
a senhas de presença de presença de conformidade com o art. 55.
ART. 73 - Os processos verbaes das delibera-
ções da commissão serão assignados pelo Director e
os que tomarem parte.
ADMINISTRAÇÃO COMMERCIAL
ART. 74 — O Director, eleito pela Assembléa
geral ou pelo Conselho de administração, de cujas
reuniões tomará parte com voz consultiva no que
respeita aos negocios em que se não ache envolvido
pessoalmente, tem a direcção material do instituto.
Representa a Sociedade em juizo e fóra delle;
assigna, juntamente a um dos membros do Conselho
de administração, a correspondencia, contratos, en-
dossos, quitações de letras, bilhetes de ordem e ou-
tros effeitos semelhantes, concessões de reducção ou
cancellamento hypothecario, a em geral todos os actos
que impliquem direitos e obrigações da Sociedade
com terceiros.
ART. 75 — O Director auxiliado pelo pessoal
admittido pelo Regulamento, se encarrega da corres-
pondencia, dos processos verbaes das reuniões, e dos
registros sociaes, organiza os balanços da administra-
ção, conformando-se com as deliberações do Conselho
de Administração. Sob sua guarda fica uma das cha-
ves da Caixa — custodia.
Não poderá pertencer a outra instituição de cre-
dito, nem exercer a profissão de commerciante, nem
fazer operações de bolsa.
ART. 76 — O Director prestará garantia a rece-
berá a retribuição fixada pelo Conselho de Adminis-
tração.
ART. 77 — No caso de auzencia ou impedimento
do Director, o Conselho de administração designará
um dos seus membros ou um dos empregados da So-
ciedade para occupar provisoriamente o seu lugar.
ART. 78 — A Sociedade terá um Caixa a qual
deverá prestar caução fixada pelo Conselho a rece-
berá a retribuição tambem fixada pelo mesmo.
O Caixa receberá o dinheiro a depositos a elle
- 102 -
DAS AGENCIAS
ART. 80 — As Agendas estarão sob a depen-
dencia do Conselho de Administração:
a) — Cada uma dellas terá uma representação,
cujos membros serão annualmente eleitos entre os so-
cios inscriptos junto á propria agencia;
b) — Cada uma terá um Director e empregados
nomeados pelo Conselho de administração.
ART. 81 — Aos Directores das agencias será
prohibido o exercicio de funcções extranhas á socie-
dade e de que trata a ultima parte do art. 75.
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE
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Os primeiros passos
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Funccionamento da Cooperativa
- 117 –
Livros, obrigatorios
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Da Confederação
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...........................
(Assignatura do tabelião)
MODELO DA LISTA
Socios admitidos C
o
n
t
r
a
Socios retirados r
e
c
i
b
o
Socios existentes d
o
r
e
g
istrador legal, de acordo com o art. 16 do
Decreto nº 1637 de 5 de Janeiro de 1907
Livro de registro dos socios
(Para as cooperativas de responsabilidade
limitada)
N; de Operações
Data Dia (Cognome, nome, paternidade, do Firma do socio e
orde
Mez micilio, profissão do socio e das testemunhas
m descripção das operações
Continuação
Quantidade das Numero progres-
Capital subscripto Capital depositado
acções sivo
Acções re-embolsadas
Acções Annulladas
Acções subscriptas
Subscripta
Admettidos
Annulladas
Acções pagas
Retirados
MODELO
Balanço do Banco Popular de ....................balanço referente a................
ACTIVO
PASSIVO
1
Capital subscripto em . . . . . .acções de Rs . . . . . . . . . .
cada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Rs .....
... ... .......
2 ordinarias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Rs
... ... .......
Reservas extraordinarias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ||
... ... .......
por oscilação de valores . . . . . . . . . . . . . . . . ||
- 130 –
Patrimonio social
QUOTA-PARTES
-131 –
a) technico de accordo com o art. 1 ou ope-
rario ;
b) adulto e não ter axcedido a edade de . . . . . . . . . . . ;.
c) honesto na sua conduta ;
d) civilmente capaz ou com provas evidentes de
regeneraçao
ASSEMBLÉA GERAL
—133 —
de 3/4 dos socios e ó voto favoravei de metade dos
interventores mais um para:
a) a prorogação da duração da sociedade;
b) a fusão com outra Sociedade;
c) a reducção e augmento do capital social;
d) a mudança do objecto da Sociedade;
e) qualquer outra modificação no acto constitu-
tivo e nos Estatutos sociaes.
ART. 17 - Em caso de força maior o socio po-
derá fazer-se representar por um outro mediante pro-
curação. Cada socio só pode representar um outro
socio
ADMINISTRAÇÃO
134 -
dos socios, delibera sobre os trabalhos ou corno de-
vem ser assumidos estabelece as despesas de admi-
nistração, nomea o pessoal necessario para as func-
ções da sociedade, quer no escriptorio, quer nos ar-
mazens officinas e demais dependencias e fixa a re-
tribuição que julgar mais justa; compila os regula-
mentos, apresenta o estado da sociedade, o balanço,
á Assembléa, e propõe a divisão dos lucros, propor-
cional aos salarios sociaes, caso os esforços corres-
pondentes sejam internes, devendo passar aos res-
pectivos fundos as percentagens destinadas a pre-
encher os diversos fins sociaes. de accordo com a
Assembléa convoca as Assembléas geraes, trata de
todas as operações sociaes e as fiscaliza e pratica
em sumam todos os actos omittidos pelos presentes
Estatutos e que não sejam attribuidos a outro or-
gão sociais tendo n cuidado ne nunca infringir a
doutrina consagrada da cooperação na sua forma
integral que não prescinde das razões de se fazer
commercio o mais homesto em favor dos que se
se solidarizam para esse um no intuito de melhorar
as condições de vida, sem nunca opprimir a do pro-
ximo.
ART 22 O Conselho se reune ordinariamente
tres vezes por mez no mínimo, e extraordinariamen-
te cada vez que as necessidades o reclamem.
Para que as sessões do Conselho sejam validas,
necessaria a presença da metade mais um dos mem-
bros do Conseiho.
ART. 23 - O pessoal da Sociedade, inclusive
o economo devera de preferencia tornar-se socio,
porem se não prevalecer tal alvitre, a Sociedade po-
dera contratal-o fora do pacto de solidariedade, po-
rém isso não impede de proceder-se d’um modo que
se estabeleça um periodo de prova, que deve prece-
der o contrato definitivo
ART. 24 Cada anno a Assembléa elegerá
os cinco membros do Conselho Fiscal. Os presen-
tes deliberarão validamente pelos auzentes e qual-
quer dellles escolhe a tarefa que entender para pro-
ceder a fiscalização dos actos da administração e
dos trabalhos dos socios, ou verificar os livros e exa-
minar ns registros de Contabilidade,
Os nembros do Conselho fiscal são reelegiveis.
- 135 –
Não são elegiveis os que têm alfinidade de pa-
rentesco ou outra com os membros do Conselho de
Administração e technico da Cooperativa.
ART. 25 - Os membros do Conselho zelam
pela execução das disposições estatutarias e regula-
mentares da Sociedade exercem controle sobre as
operações da Sociedade, examinam os balanços,
apresentam um relatorio á Assembléa Geral, verificam
a devisão dos lucros e cumprem as attribuições pres-
criptas pela lei.
O Conselho Fiscal poderá exercer as funcções de
arbitro nos casos de recusação de pedido de admissão,
exclusão, divergencias entre os socios e a administra-
ção sobre qualquer assumpto, especialmente sobre a
interpretação e applicação dos Estatutos e Regula-
mentos Sociaes.
ART . 26 — A Assembléa dos socios, expressa-
mente convocada pelo Conselho ou por iniciativa de
10 socios poderá declarar a decadencia dos membros
do Conselho de Administração, do Conselho fiscal ou
outros funccionarios da Sociedade que não cumprirem
devidamente as dlligencias próprias das suas
funcçoes,
- 136 -
Do fundo de Previdencia deve ser tirada uma
sonima em favor da assistencia aos menorea aprendi-
ze que as receberão salarios. A sociedade criará
um serviço de assistencia medica completa, cuja im-
portancia será dividida pelo numero de socios, cabendo
a cada um o coefficiente dessa quota, que diminue com
o augmento do fundo de Previdencia podendo-se tam-
bem adoptar o systsma de auxilio-mutuo com peculio,
usado na Cooperativa dos Empregados da Viação Fer-
rea do Rio Grande do Sul, com séde em Sta. Maria e
cujo Presidente actual é o benemerito Snr. Manoel
Ribas, Nenhuma Cooperativa brasileira deve deixar de
corresponder-se com esse centro de experiencla supe-
riormente apurada.
- 137 –
ART. 31 - O pagamento de interesse da quota- parte
é feito na razão dos depositos effectuados no
exercicio anterior, não contando os feitos durante o
exercido corrente.
Dentro do praso de dois annos, a partir da data
da subscripçao, as quota-partes que não forem salda-
das, serão alienadas, devendo as fracções de depositos
relativos ás quota-partes, passar á conta do fundo de
reserva, e bem assim todo interesse não reclamado du-
rante cinco anno
ART. 33 - O balanço com os documentos rela-
tivos deverá ficar á disposição dos socios, juntamen-
te com o relatorio do Conselho Fiscal e a distribuição
dos lucros, na séde da Sociedade, durante os 15 dias
que antecederem a Assembléa Geral.
Disposições Geraes
-138-
quer actos de Assembléa Geral que alterem ou modi-
fiquem os estatutos *
2° Semestralmente será renovado o deposito da
lista dos socios.
- 139 –
poderá dispor a Cooperativa de compras e Venda com
as suas innumeras secções de comercio veridico,
cooperativo, aliás sem caracter algum de especulação,
secções onde os preços serão fixados mathematicamente
graças á harmonia que reinará entre a gerencia com-
mercial e a contabilistica ambas imbuidas nos ver-
dadeiros principios da cooperação integral, regenera-
dora da vida social - poderoso estimulante emanado do
mais indomavel e natural dos ideaes de resurgi-
mento dos povós.
Consignamos, pois nesta pagina, a nossa
homenagem aos nossos dignos chefes, os Drs, Ge-
miniano Lyra Castro e Arthur Torres Filho, que
tanto têm feito nesse começo de quatrienio pelo ex-
purgo e propaganda honesta da cooperação merecen-
do da autoridade suprema da nação a confiança na
acertada escolha que fez dos que podem valer de fa-
cto ao nosso povo, á nossa querida patria.
Quanto aos erros em que incorramos por defi-
ciencia nesse afan quotidiano sem tréguas pois não
ha obra perfeita de desbravamento. que sejam cor-
rigidos logo pelos nossos illustres companheiros e
outros nessa propaganda que tem de isentar-se de
tudo que for equivoco presumpçoso, pessoal, resva-
lante pela velhacaria compadresca, a tolerancia col-
leante, viscosa... o interesse mesquinho..
«A cooperação é antipolitica por isso não pede
aos seus adherentes fé politica ou religiosa, Ella ten-
de á arrancar o maior numero dos clientes das maos
da especulação, sabendo que os destrutadores
capitalistas irão deixando a presa quanto mais o campo
da sua acção se restriugir.
«Só pelo facto que úm numero sempre crescente
de cidadãos ao eu vez de levar o seu dinheiro a es-
peculação privada, o leva á cooperativa a base em
que se apoia à capitalismo vem a faltar. »
- 140 -
pital os serviços da producção e da distribuição
(Oggi e Domani nel pensiero di um cooperatore, por
A Vergnanini).
A cooperativa de compra e venda, nos campos,
com as suas funcções cyclicas é a semente disso que
se desabrocha no pensamento do Mestre italiano,
como um lindo trigal onde não ha joio.
«Nós observamos que a crise actual (após da
guerra) é a consequencia inevitavel do ordenamento
liberalista baseado na luta, incompetente e incapaz
pela sua propria natureza, para resolver questões de
tão vasta e univórsal importancia.
O liberalismo burguez, o regimen capitalistico,
não podem impingir a sua acção, a sua actividade
criadora senão dentro dos limites da economia indi-
vidualistica,-a qual não consente que se ultrapassem
as taes fronteiras, além das quaes a investida do ca-
pital cessaria de ser rendosa ou pelo menos correria
o risco d’um longo e duvidoso lucro.
«Mas, além desta razão fundamental, convém
não esquecer que o regímen capitalistico se alimenta
no jogo dos contrastes e da concorrencia e corre por
isso o risco de todos os imprevistos. Sua acção se
apoia na luta, afim de criar-se uma posição de mo-
nopolior.
(Os conflictos entre os grandes <<trusts>>-- que
hoje assumem proporções espontasas-têm a sua
quotidiana expressão nas fallencias, nas asperas con-
tendas entre grupos e grupos industriaes, nas pavo-
rosas campanhas da plutocracia, nas guerras entre
naçoes e nações.
Prever e eliminar as crises, ou evital-as, dando
á vida social uma larga plataforma de solidariedade
nacional e internacional, signiticaria a abolição do li-
beralismo burguez, do capitalismo, que vive dos con-
trastes, que por si mesmo é luta, batalha, guerra,
uma ininterrupta sequencia de alternativas, de os-
ciliações, de altos e baixos, de resurgimentos e de
pressões de riqueza e miseria de civilisação e bar-
varie.
«Ha quem couside e este alegre processo de
viver como o non plus ultra a lei, a fatal neces-
sidade da humanidade, a qual passa seculos, impel-
lida pela inexoravel força dominadora ; a lei uni-
- 141-
versal. cosmica, que exprime numa continua alterna-
tiva de nebulosas quese condensam, se concretisam
nos mundos, para reacceuder-se no espaço e no tempo
nas explosões das catastrophes é tornar-se nebulosa
e recompor-se na eternidade em mundos e em cham-
mas regeneradoras.
«A nós outros não parece que a esta alta lei su-
perna, cosmica, se possa dar foros de legitimações
proprias dos phenomeno relativos ás nebulosas,
aos mundos, como das catastrophes do regimen
capitalistico.
Parece-nos bem que sem nos perder na profun-
deza das concepções cosmicas, possam discutir-se
pequenos e modestos problemas da nossa vida quo-
tidiana, da nossa microscopica existencia humana-
procurando realizar o que for Possível de bem, cuitando
tudo que pode ter repercussões e consequencias
pertubadoras.
- 142 -
deixa automatizar pela exteriorídade dos phenome-
nos é a que almaja os designios da ajuda - mutua a
era de paz, sérena como os espaços onde os mundos
fazem sua rota pelo infinito humano não tão ig-
noto...
Foi se a falsa lei do «dente por dente», do odio
mutuo da exploração do presumido mais forte.
Jesus, entre nós outros, abençoaria essa nova
éra que os phariseus da hypocrisia «pluralica» abo-
minam... a conspurcar os humildes que são
sinceros.
Finis coronat opus.
- 143 -
coordenação de idéas que emanam do esforço de cada
um, quer no Serviço, quer fora delle sem prejuizo
de pesquisas pessoaes a prol do bem publico Obede-
cemos assim, antes do mais, a uma disciplina natural
que evoluciona com o individuo e é lhe peculiar de
facto, até certo ponto. Cabem a cada qual as proprias
ideas, no sentido de poder dispor delias como d’um
objecto que se aperfeicôa por si, não de contrabando,
convindo estabelecer esse «point de repere nessa
jornada em que as lições dos Mestres são compiladas
sem astucia e a experiencia individual ou collectiva
tem de ser fielmente aproveitada, conforme emana
dos factos. isto sem privilegio de ninguem.
O que ficou dito e feito, citado e traduzido, com-
pilado e commentado, sem bisbilhotar o alheio, cus-
tou-nos muitas madrugadas de luta intellectual, de
dissabores supportados com a resignação que não nos
deixa indefeso, pois se confunde com a consciencia
limpa... Os livros que a muito custo obtivemos, nun-
ca fizemos mysterio delles passando-os adiante com
as nossas notas, o que prova que o ciume dos estudos
e do brilho, graças a Deus não nos morde o coração,
Queremos o bem publico, solidario com bons com-
panheiros de luta, e até morrer havemos de comba-
ter pela Cooperação integral, a salvadora do mundo
que não é ocioso nem odeia, mesmo nos momentos
da mais rude defesa natural. O odio é o veneno que
o aspide secreta nas presas... Ser aspide, é ser mui
rasteiro, e todo o sequito que acompanha o odio, é isso
mesmo, collea nas alfombras do egoísmo inveterado,
quer moral quer material, quer individualista, quer
collectivo.
Alerta a quem tenha de olhar por cima das mi-
serias humanas, sem deixar de percebel-as em si e no
proximo, na luta pela virtude do pensamento que
cria o que é viavel e superior, sem nunca resvalar pelo
limo das tolerancias funestas ás grandes causas. Que
seria da Terra num cochilo da sua rota?
Quão longe estamos nós ainda do fim que nos
attrahe ?
Relidas as lições dos mestres, os estatutos, as
informações que nos vêm dos centros capazes, as leis,
os decretos, os regulamentos internos, a mesma dire-
ctiva, nos desbrava os horizontes, ligando o passado
- 144 -
ao presente e ao futuro e essa directiva é: a egual-
dade de direitos e deveres que se crystaliza no voto
singular. Não nos sentimos envolvido. Somos livre.
Um mobil elevado nos acima. Não ha sujeição aos
bens materiaes e sim desejo de grande vôo para as
serenas regiões da consciencia humana onde o espi-
rito Supremo nos espera... Façamos obra humilde e
boa, no amando ou no tear da labuta para o pão quo-
tidiano da familia humana unamo-nos na associação
que couvem aos justos pelo que desejam de bens para
todos, e não tão somente para meia duzia,..
Não nos faltam mais os estatutos para cada es-
pecie de cooperativa, os modelos de contabilidade
para as mais necessarias, os regulamentos internos,
os manuaes que nos exemplificam tudo, cabendo aos
contadores profissionaes aos homens de traquejo ho-
nesto commercial, de officio e industria, romper o
gelo que separa o inferno do paraizo... Somos ape-
nas animador.
Nessa espectativa, embora attento ao que emana
dos livres e que nos diz a meditação no silencio das
noites de insomnia, adaptamos o que pudemos, apu-
rando sempre esse esforço e modificando mesmo muita
coisa que escapa ao trabalho que se não pode con-
centrar, no momento do desbravamento num
ambiente onde, em geral so ha ambição de gloria,
presumpção pequenino interesse, deturpação, nada
mais.
Harmonisar o que se tem feito, é uma obrigação
que se impõe nesta primeira etapa de resurgimento.
Adaptamos estatutos para a Caixa-Raiffeisen, a
Central da federação, e o banco-popular como para a
cooperativa de consumo, com as suas respectivas sec-
ções de construcção de casas populares e panificação,
alem dos estatutos relativos á compra e venda, com a
carteira de credito gratuito para a lavoura Trabalho
e producção, Trabalho, o que representa uma ver-
tebra outrosim nunca fizemos questão de formalis-
tica, salvo quando a forma, qualquer que elIa fosse,
infrinjira os principios vitaes, a moral de autonomia
inherente á verdadeira associação cooperativista, que
não precisa de moletas,.. Moletas, só para doente, não
para um corpo sadio.
Esses institutos têm que viver de recursos pro-
- 145 -
prios e gosando de plena autonomia, em ambiente pro-
prio, num concerto de relações iriteiligentes entre os
da propria federação e da confedaração geral, mere-
cendo por isso dos governos a maxima confiança e das
leis a .consagração que mantem os seus universaes
princípios, não permittindo assim que os deturpem
Inverter essa coordenação de factos uuiversaes não é
ser progressista nesse terreno, pois o liberalismo que
aggride o que está feito a poder de longos annos e
a custa dos esforços de milhares de milhões de
cooperadores, com a mais nova mentalidade, a auto-
nomia emanante da propria liberdadá que emprega e
congrega só meios directos e de accordo com a na-
tureza da sociedade de pessoas livres, tal liberalis-
mo affecta o proprio progresso integral que nunca
desmerece o valor da autonomia dos institutos nas-
cidos da matriz das necessidades, nunca da assis-
tencia artificial de que os governos se não devem
occupar. Proporcionar o credito conveniente aos ins-
titutos idoneos e verídicos, auxiliar a propaganda,
facultando os meios technicos authenticos, fiscalizar
á altura dos princípios basicos, compete aos gover-
nos. Mais nada,
A idéa se move. Reage-se contra as improprie-
dades ambientes, a propria invalidez, com meios que
nunca devem exorbitar dos alcançados pela expe-
riencia cooperacionista.
Outrosim, é justo registrar o descortino de gover-
nadores, taes como o Dr. Francisco Marques de Góes
Calmon e outros não menos iliustres, que logo com-
preenderani o maganimo alcance do instituto de
Raiffeisen, circunscrevendo sua acção federativa, de
accordo com a autonomia estadoal.
As índoles aproveitaveis nessa ardua propagan-
da vêm se definindo, separando-se a parte da cate-
chese geral, da propaganda material, sem incorrer
em duplicidade de fias e meios, antes numa unidade
de acção conjunta, derivada da boa disciplina que se
faz por si, debaixo d’um sentimento natural de
ordem.
A codificação de definições ainda presas ao co-
digo em vigor, tanto civil como commercial, e bem
assim tudo que respeita á materia judiciaria, mais o
conhecimento pratico contabilístico e do meio onde
- 146 -
a cooperação foi deturpada. tiveram no Dr. Adolpito
Gredilha um eximio mestre, como no Dr. Fabio
Luz Filho uma penna brilhante para dissemi-
nar as lições opportunas e o fruto das pesquisas
que vem fazendo preciosamente no Serviço, promet-
tendo-nos um novo livro da sua admiravel lavra
sobre o assumpto o que decerto concorrerá para
cobrir-lhe de novas glorias.
Seja bem vindo tudo que diz respeito á defesa
da verdadeira cooperação onde a intelligencia a
bondade, o tacto, o tino financeiro, as qualidades
economicas e commerciaes se apuram de moto
proprio, sem figuração capitalistica, sendo um socio
egual a outro socio nos direitos e deveres que têm.
Se o superficial darwinismo suggere ao rico faculda-
des privilegiadas para servir-se das sociedades
communs como dum instraimento inteimediario de
lucro uzurario, é preciso que se veja na cooperação
o mesmo que se passa na escola; o professor procura
na massa dos alumnos, os mais aptos, não os mais
ricos.... A isso já nos refirimos em tempo, criti-
cando em palestra o modo de vêr dos que acham que
«só meia duzia de capitalistas são capazes de gerir
os institutos de credito cooperativo». O privilegio
da intelilgencia não cabe somente aos rios, porque
então estes devem ter mais votos? Que moral se
deriva de tal escola ? Qual democracia elevada não
trata de corrigir esses abusos do poder capitalis-
tico?
Bem haja, o banco criado por Luzzatti ! O
verdadeiro.
Trata-se agora de facto de defendel-o dentro dos
seus proprios principios. Os promotores dos novos
bancos populares, não devem procurar os que mais
possuem, nas respectivas circumscripções e sim os
que menos têm, trabalham e lutam honestamente.
Chegados os effeitos da fiel catechese ao alcance
dos exirnios contadores honestos, do pequeno com-
merciante que luta contra o açambarcador, dos pe-
quenos profissionaes de officios varios, de emprega-
dos de todas as especies, de dignos funccionarios
publicos e civis, de bons militares carregados de
familia, de paes de pequenas posses e muita carga
ao hombro, de pequenos agricultores dos arrabaldes
- 147 -
—148—
moral a não ser a do semfinalidadelismo, quanta vez
cynico e escarninho...
Moisés, segundo citação de Tolstol, em (Paroles
d’um homme libre», declarou ao povo que «a lei de
Deus não deve ser procurada no céo nem além dos
mares, e sim no coração do proprio povo» Que o
povo sinta no mesmo lugar a verdade da cooperação,
da lei da ajuda-mutua, que é lei de Deus e não dos
homens que a procuram deturpar dè tal forma que já
criaram especimeus de pseudo-cooperativas, dignos
dos bocaes d’um museu de monstros sociologicos
e legaes...
O banco popular, dentro dos moldes integraes,
tão galhardamente defendido tambem pelo Dr. Lu-
dano Pereira, poderá possuir agencias no proprio
municipio, porem logo que se der o respectivo desen-
volvimento mecanico, fatal, as agencias se transfor-
mam automaticamente em bancos autonomos, enrique-
cendo ou tecendo assim a rêde da federação, sem
nunca comprometter a que tecem tambem as caixas---
Raiffeisen que, como ficou dito, applicam-se ás zonas
essencialmente agricolas, quiça cabeças de municipios
ruraes, enquanto que os bancos-populares valem para
as classes da cidade sendo o complemento primordial
do Urbanismo economico, por virtude de canalizar as
economias que fazem mover as rodas propulsoras dos
pequenos e grandes moinhos do emporio cyclico
cooperativo, centralizando elevadamente as activida-
des urbanas que, sem elle, se perderiam na poeira do
asphalto... Outrosim, calha ponderar que a percen-
tagem que indicamos nos estatutos adaptados do
banco de Cremona, para o fundo de Beneficencia, é
identica á que deixa para o mesmo fim a Cooperativa
de Consumo dos Empregados Ferroviarios do Rio
Grande do Sul. verdadeira Wolesale com séde em
Santa Maria, fundo de que sahio progressivamente
toda a obra social que lá está e a que nenhuma no
mundo faz sombra, como confirmou Albert Thomas
quando por lá passou.
Nao ha duvida que os fundos, alem do de reserva,
nessas bibocas com o nome de cooperativas de cre-
dito, se têm prestado a muita manha, graças á insti-
tuição do voto plural que permitte o açambarcamento,
e por falta de fiscalização dos proprios socios e da
- 149 -
official “Wollemborg, nos estatutos das caixas----
Raiffeisen, que elle fundou na Italia, attribue aos so-
cios a mesma funcção que a dos syndicos.§
No caso do banco popular o tudo de Benefi-
cencia preata-se tambem á conatrucção de casas po-
pulares para os socios, como consta dos estatutos
tambem por nós adaptados dos italianos e de que
dispõe a Secção do Credito Agricola para serem distri-
buido pelos interessados.
Gide, em «Les cooperatives de construction»,
aconselha a homogeneidade como principio economico,
tanto na compra de terrenos amplos, que serão esthe-
ticamente subdivididos sob as exigencias do urba-
nismo racional e artistico, como na acquisição de ma-
teriaes em grosso, planos de casas e o mais. Cada
villa assim construída, onde cada qual tem sua casa
ou a aluga por preço baixo ao banco-popular, com o
armazem annexo para deposito de mercadorias em
penhor, possue a sua cooperativa de consumo cen-
tral, cyclica, á qual se annexam as actividades moraes,
commerciaes e industriaes, relativas ao nucleo, sendo
que a actividade economica, continúa a ser a principal
mola do banco promotor desse progresso systematico,
por meio do credito pessoal e collectivo.
- 150 -
Em todas as cooperativas,. cujo capital de inicio
se forma por meio de partes (ou acções), é preciso
sobretudo que se reflicta sobre o caracter desse titulo
que não passa d’um deposito a longo praso e que
portanto não tem outra importancia, a não ser que
lhe sejam attribuidas relativas obrigações reciprocas
entre a sociedade e o socio, sendo expresamente
prohibida a cessão de acções ou partes, por qualquer
motivo, a não socios. Ora se a acção não passa
d’uma especie de deposito não ha razão para que os
dividendos tendam a subir mais que os juros dos de-
positos da economia, ficando assim sanada a injustiça
que affeta ao não socio que deposita nas cooperativas
de credito e que percebe um juro que aliás nunca de-
veria exceder dos 5 % emquanto que os dividendos
sobem a 12 % e até mais salvo quando se dissi-
mula a baixa opportuna de effeito peripatetico.
Só o preconceito individualistico perturba em
certos espiritos retardatarios a noção do dever reci-
proco, agravidade de direito de voto e de tratamento
na sociedade e que abre as azas da paz sobre os mais
pobres e os mais felizes, no intuito de unil-os para
que a ninguem ‘falte o conforto a que todos fazem
luz sem differença de casta, corrigindo assim as in-
justiças da sorte céga.
O egoismo o espirito maligno e os seus tenta-
culos cambiantes se agarram a todos os esforços e
ideaes, quer collectivos ou singulares, auferindo o
maior lucro possivel d’um conjunto de forças de que o
beneficio deve surgir sem que o monopolizem indivi-
dualmente nem que o privem da propriedade de
diffundir-se egualmente pela aggremiação
Os que sophisriam com «a approximação do ca-
pital e do trabalhos fingem ignorar que o trabalho
representa um capital força e inteiligencia, o qual
está muito acima do capital dinheiro por isso é que,
a sociedade cooperativa é uma sociedade de pessoas e
não de capitaes.
Diz o egregio advogado Felice Manfredi:
«Um credito largamente concedido e bem organi-
zado representa uma yerdadejra necessidade da co-
operação Italiana essa necessidade deveriam satisfa-
zer as Cooperativas de credito e bandos populares
ao envez a contribuição trazida para tal etfeito por
- 151 -
esses institutos de origens affins foi quasi nullo, decerto
tambem por falta de meios adequados. Por outro
lado os institutos de credito do mundo capitalista,
absorvidos nas vastas e lucrativas operações commer-
ciaes não se prestavam a emprestar capitaes ás pe-
quenas empresas cooperativas d'ahi uma situação de
desanimo para o seu normal funccionamento admi-
nistrativo
Ouçamos Zardo, em La pratica delle Societá
Cooperative
«Diante dessa insufficiencia das caixas e bancos
populares, criou-se na Italia, um «instituto de credito
para a cooperação», cujo capital foi fornecido em
parte pelas proprias cooperativas e principalmente
pela Sociedade Humanitaria de Milão
1.624.500 liras de capital e 449.125,30 de
reserva. O instituto cuida das finanças das coopera-
tivas e tem a séde em Milão, e succursaes em diver-
sas cidades importantes da italia.
Operações em 1918 : £.34.400.239,79
Sendo ainda insufficiente vieram outros institutos:
«Instituto Nacional do Credito da Cooperaçao», com
séde central em Roma, com o capital inicial de
£.7.750.000, com a participação de diversos insti-
tutos de mutualidades. Em seguida criou-se o «Banco
del Lavoro e della Cooperação», com o capital de 3
milhões, em 1010 constituido em Roma, começando
a funccionar em 1° de Setembro do mesmo anno.
O movimento recrudesceo quasi que ao mesmo
tempo, tomando assim a forma anonyma, chegando
a acção a £.50O nesse ultimo instituto catholico,
porem, com o fim de promover o credito necessario
ao trabalho e á lavoura, particularmente ás coopera-
tivas de producção, trabalho e consumo e os seus con-
sorcios ou federações locaes e nacionaes, com a forma
exigida pelo caracter especial dos organismos coope-
rativos, cuidando da cultura profissional e da pratica
attinenté á constituição legal das cooperativas, á re-
gularidade do seu funccionamento juridico e adminis-
trativo, estabelecendo para este fim um escriptorio
proprio para tutelar os direitos e interesses das co-
operativas (onde o art. 225 do Codigo de Commercio
só admitte o voto singular). assistencia ás operações
contratuaes
—152—
Criou-se tambem, nesse instituto um escriptorio
technico agrario e outro technico industrial>>
Do mesmo autor
- 153 -
á sua sociedade em conta corrente preferem empre-
gal-o como capital accionario
<<O engenheiro Lauzerotti um artigo publicado
na «Cooperazione popolares», do qual tomamos muitas
considerações ahi expostas, dá, com os seguintes al- / em
garismos relativos ás cooperativas de consumo, a 1920
situação exacta dos dois systemas e dos dois criterios:
Inglaterra Cooperativas N. 1.474 - 1.790
Socios N. 2.894.909;
Capital L. 1.486.869.450;
Suissa : Cooperativas N. 461;
Socios N. 342.000;
Capital L. 17.500.000;
- 154 –
Tel-a em contato contagiosos com as sociedades ano-
nymas e commanditarias quer, sobretudo entre nós,
são uma verdadeira cholra, o inverso da moral in-
herente ás cooperativas reformadoras do mundo
commercial e industrial, das actividades sociaes.
Por isso nada mais fizemos do que condensar es-
sas lições por meio de compilação cuidadosa, corri-
gindo pouco a pouco o que o cansaço nos deixou es-
capar neste longo periodo de tão enervante complexi-
dade..... A nossa consciencia, quanto ás nossa in-
tenções, o nosso desprendimento, não nos accusa.
Desejariamos decerto prestar maiores serviços á cau-
sa justa, porem devemos nos contentar com aquilo
que Deus nos permitte fazer em favor do nosso pro-
ximo.....e não dos patacos de meia duzia.
E é isso que recommendam os Mestres, inclusi-
ve Raiffeisen que chega ao ponto de não permittir
que os menbros do Conselho de administração das
Caixas recebam ordenado..... Entretanto, nesse ponto
poderia parecer que houvesse a intenção de conservar
o dominio na mão dos mais ricos e bons, o que real-
mente fére a razão de ser do universo onde os entes
apparecem dotados de intelligencia e bondade pro-
prias e que não sdão conferidas só pela abastada po-
sição social. Jesus já disse que era mais facil en-
trar um pobre no céo do que um rico.... Elle é o
nosso maior Mestre.
A vida ´[e produzir e sofrer, tendo-se porem espe-
ranças de concorrer para minorar as miserias huma-
nas. Eis o que unicamente nos estimula. Pão aos
trabalhadores.
Há um symbolo danubiano que apresenta a Ver-
dade como uma arvore immensa, e a deturpação da
verdade como as lianas que procuram alcançar em
vão os galhos mais altos e acabam pendendo dos
inferiores, numa como desolação.... Assim a intri-
ga torpe, a sortida calunnia e a má vontade em ser-
vir os ideaes sem jaça, que dispensam os presumpço
sos mais cheios de vã astucia que doutra coisa, quan-
do não de inveja, cobiça.
- 155 -
Em torno da federação de caixas ruraes
e bancos populares
- 156 –
Demonstrar em que consiste a intima collaboração
dos elementos de actividade.
O Banco organizado no Estado é dependente ou
deve estar filiado a um Banco Federal Hypothecario,
cuja a funcção deve ser, depois de detido exame das
propostas e documentos que originariamente provêm
das Caixas Ruraes, e passam pelo Banco regional,
onde soffrem uma especie de depuração, acceitar ou
recusar os emprestimos pedidos.
Os emprestimos são concedidos pelo Banco Fe-
deral Hypothecario, em letras hipothecarias emit-
tidas de accordo com a legislação corrente e no con-
tracto deve constar a obrigação do mutuario, de deposi-
tar, além de uma aolice de seguro cantra incêndio,
quando se trata de immoveis ou mercadorias, sujeitos
a deterioriação pelo fogo, tambem uma apolice de se-
guro sobre a vida do mutuario, emittidas á ordem do
prestamista.
Entendidos o Banco e uma Companhia de Se-
guros, esta tem por obrigação descontar em parte as
letras hypothecarias emittidas pelo Banco Federal, e
os premios de seguros cobrados pela Companhia
devem ser proporcionalmente devolvidos ao Banco,
sob a forma de emprestimos, para este fazer face a
uma provavel e immediata amortização de letras
hipothecarias.
A amortização é feita por semestres adiantados e
inicia-se immediatamente. O maximo prazo de um
emprestimo é de cinco annos. Em caso de falleci-
mento do devedor, dentro do prazo de amortização,
cabe ao Bnaco investido do cargo procurador em
causa propria, cobrar do seguro o valor determinado
na apolice e levar o liquido a credito da conta do
mutuario fallecido.
Assim se disseminam por todo o Paiz, e se
consolidam sob uma forma racional, os emprestimos
sob garantia hipothecaria e fundiaria, ficando as
Caixas Ruraes responsaveis pelas garantias locaes,
pelo pagamento das quantias emprestadas e respecti-
vamente os Bancos regionaes assumem identica res-
ponsabilidade das letras hypotecarias emittidas pelo
Banco Federal Hypothecario.
A subscripção de acções, metade para o Banco
regional e outra metade para o Banco Federal deve
- 157 -
ser obtida no acto de fundação de uma Caixa; estas,
como é sabido, funccionam e operam o movimento
por intermedio do Banco Estadoal, do qual são agen-
tes autorizados.
O Banco Federal. Kypothecario nunca fará em-
prestimos sobre latifundios, propriedades indivisas,
que não estiverem cultivadas; empresta sobre fruc-
tos pendentes da lavourá, naturalmente quando asse-
gurados contra os prejuizos decorrentes de condições
meteorologicas desfavoraveis, e contra as pragas que
a infestam.
São estes os fundamentos em que o estudo dos
entendidos nestes assumptos devem se basear ; se
merecer da parte de estudiosos entrar nesta série de
cogitações, muito terá a lucrar a ideia bandeirante,
pela explanação dos principios em que fundamental-
mente o credito hypothecario e o credito agrirola, se
possam desenvolver em nossa cara Patria».
Vem a calhar o que bem antes de ler aquelle
boletim, haviamos informado ao Serviço, no sentido
de attender-se a uma consulta sobre o mesmo as-
sumpto:
«Não ha duvida que as sociedades cooperativas,
de accordo com o Dec. 1.637 «Não podem, porém,
abdicar da propria autonomia e devem conservar-se
a faculdade de se retirarem da federação, mediante
aviso prévio de 3 mezes e parir este caso será esta-
belecido o modo de liquidação dos interesses e res-
ponsabilidades communs (ART. 24 alinea 2). Esse
decreto não caracteriza propriamente a forma de
federação, sendo mesmo vago o fim da mesma. En-
tretanto, diz tambem: «Os socios que mudarem de
residencia para que possam ser admittidos recíproca-
mente por uma ou outra sociedade da federação», e
mais, «para organizar em commum os seus serviços»
isso entre as caixas.
«Esse organisar em commum tem que estar de ac-
cordo com a forma propria da federação, que não pode
contrariar o caracter de cada uma dessas sociedades,
porém, esse caracter é presupposto homogeneo ou he-
torogeneo? as sociedades de diversas especies podem
unir-se, federar-se, ou são tão sómente as das mesmas
mesmas especies? A lei, nesse ponto, como em
muitos outros não menos importantes, deixa de ser
- 158 -
taxativa e nem trata da confederação para cada es-
pacie,nem da geral.
Mas, no que respeita ao Decr. n. 17.339, de 2
de Junho de 1026, e o regulamento que frizou bem
a fiscalização das Caixas Raifírisen e dos Bancos
Luzzatti, de conformidade com os typos classicos, não
se podem infringir os seus respectivos principios fun-
damentaes no paiz e deve ser adoptado o mesmo
systema pelos que derem origem a esses institutos que
estão invariavel, mundialmente consagrados, indiffe-
rentes á acção do tempo, «bancos e caixas» cujos
modelos se evidenciam no «Manuel Pratique», de
Durand, e A «Previdencia e o Credito Agricola» do
Dr. Wenceslau Bello Assim sob a orientação dos
verdadeiros princípios representados polos nomes de
Raiffensen e Luzzatti, que individualizaram a forma
para a caixa-rural e o Banco popular de que trata a
lei, como existe a lei de Laivoisier e que tambem
não pode ficar a mercê dos deturpadores. entende-se
que numa federação de caixas e numa outra de ban-
cos, conforme os authenticos documentos impressos
de que dispõe este Serviço, enviados pelos fossos mi-
nistros na Europa, á pedido desta Directoria, o que é
banco.Luzzatti e Caixa-Roiffeisen, não se con-
funde:
- 160 -
dito baseado nos depositos até que se desenvolva o
banco, estendendo as suas operações, sem nunca
comprometter os seus princípios de desinteresse,
visto que no abstar-se delles, torna-se logo o banco
um intermediario dos proprios socios.
«O mesmo dá-se com as Caixas-Raiffeisen que
tambem se acham abertas a toda sorte de profissio-
naes, uma vez que se destinem á zona propriamente
agraria, tendo por fim reunir mais socios lavradores,
que de outros misteres. E quem negará á caixa a
grande vantagem de não ver escoar-se pela valvula
dos dividendos o lastro motor das energias colle-
ctivas?
Perguntarão os que levam mais em conta a fraque-
za humana, que as virtudes criadoras, desinteressadas:
<<e os depositos? não são sanguesugas como as
acções? *
De facto, tanto a Caixa-Raiffeisen, como o banco
Luzzatti, carecem d’um regimen moral que isole os
dois institutos do resto do mundo capitalistico,
privado. Esses institutos de modo algum podem ser
sanguesugas.
Assomou, com elles, a nova era do privilegio
collectivo, do capital propulsor de forças geraes, que
abrangem melhor a vida nacional, concentradas nos
institutos, do que dispersas pelo individualismo mes-
quinho, dissolvente, derrotista. A cooperação veio
justamente para corrigir os excessos do capitalismo e
não em contemplação do mesmo. . . »
Reproduzimos o que escrevemos pelo proprio
Punho.
()bservação - Aquellas suggestões são da ordem das
conclusões do ultimo «congresso de cooperativas»,
privativo dos deturpadores, congresso fechado á dis-
cussão, como a burra dos judeus, e onde se fez crêr
esta heresia "que o voto singular existia na Caixa
Raiffeisen, porque valia não havia, capital » . . . . Ora,
justamente a Caixa-Raiffeisen, que possue a reserva
indivisível e collectiva, para garantil-a da ganancia
individualistica,já não se contentou com o voto sin-
gular, pois os seus socios não respondem com simples
acções porém com todos os seus haveres e por isso
não pedem dividendos... Como se não divide o ide-
al o bem commum, se não divide a reserva.
- 161 –
_______
- 167 -
de conformidade com. o art. 40 da lei que criou o
Serviço de Fiscalização do Credito Cooperativo Agri-
cola, mais o que se decretou em consequencia do re-
ferido àrtigo e obriga á observancia dos principios
basicos dos institutos em questão, sobretudo do voto
singular... <<Igualdade absoluta, de direitos e deve-
res. .
Em <<Um brado de. defesa da Cooperação>>, discu-
timos esse assumpto embora rapidamente.
Voltaremos mais tarde a tratar disso, não juridi-
camente o que seria mettermo-nos em seara alheia,
e sim nos limites do que toca a integração de princi-
pios que interessam profundamente a todo sincero
cooperacionista e ao bom senso.
Pratica financeira, theoria, jurisdição, gestão,
administração geral, contabilidade, intuição metho-
dica, constituem um terreno mui vasto onde as indo-
les diversas devem manifestar-se, na immensa forja
do pensamento humano - cada qual no seu posto de
officio desinteressado, acima das rniserias reinan-
tes...
Cada especie de cooperativa tem que ser exami-
nada particulartnente e as leis têm que se especializar
na consagração dos systemas expurgados de qualquer
hybridismo tendencioso, como acenamos logo na pri-
meira pagina do «Brado de defesa da Cooperação»:
«Felizmente para as Caixas - Raiffeisen e os bancos-
Luzzatti, cuja consagração é mundial dentro da for-
ma a mais explicita, o decreto n. 17.339 de 2 de ju-
lho de 1926, «approvando o regulamento destinado
a reger a fiscalização gratuita da organização e func-
cionamento das Caixas-Raiffeisen e dos bancos-
Luzzatti, veio indubitavelmente sanar, por urna ex-
cepção ou lei especial, o que é commum e mais proprio para
cada especie, o mal causado por aquelle decreto n. 1.637)
na parte concernente ás cooperativas em geral».
Ha necessidade de mais circumstanciadas ins-
trucções, embora se achasse que só coubesse á propa-
ganda, pormenorizar a respeito da federação e tambem
dos demais detalhes a respeito dos orgãos dos institu-
tos e operações normas que devem ser prescriptas re-
gulamentarmente, de accordo com os institutos que
nos servem de modelo e de que colhemos farta messe de
ensinamentos aproveitados na propaganda que se vem
—168—
DANTE ALIOHIERI
Colyseu d’oiro...
Selvano, ao pé do monumento de Eça de Queiroz,
olhava diante de si, sem vêr... Seu pensamento di-
luia o mundo material, num rythmo incessante de
idéas alviçareiras com finalidade espiritualistica,
isenta de Concretização corriqueira e astuciosa...
O que havia sonhado, era fruto de transcen-
dental liberdade, a qual não affectava a ordem, tor-
nando-a até mais fecunda, fazendo dos mesteres um
honesto encanto, e das indoles superiores, equilibra-
das directrizes...
Assim o que emanava do espirito idealistico,
jamais subjugado pelas circumstancias materiaes da
vida, devia ser, no seu entender, aproveitado na pra-
tica, no contacto com o mundo, por obra da moral
e da poesia desta existencia tão cheia de surpresas
boas e más...
Selvano não reconhecia na grande maioria dos
praticantes precipites dos Fagerolles, de cuja
«ficha» Zola se incumbio, no mais bello romance,
qual o L’Oeuvre a compreensão exacta do que se
erguia na atmosphera seentimental em que se desa-
brocha o sonho humano das épocas, e nem sequer
queria tornar conhecimento dessa fancaria que, em-
bora surgida dos effeitos da profunda propaganda,
fiel ao idealismo evolucionario e sem personalidade,
destoava dos fins, cahia na chatice, ou na empbase
plagiaria, no bysantinismo...
Seu pavor era ímmenso. pela observação do ry-
hmo moral, na pratica variante, na transformação
do que é essencialmente altruistico, e impessoal, na
- 178 -
choldra produzida pela ambição de dinheiro ou de
glorla, num conto do vigario passado na humani-
dade, quando se nao substituia o ideal, a educaçao
do bem e do bello, pelo mais crú materialismo, num
automatismo ignobil, numa balança judaica de
tudo...
- A idéa é harmonia, palpita, vive a sua propria
vida, num subjectivismo que reage contra a acção
mesologica destruidora dos principios emanados das
fontes as mais puras, que não offendem o que é via-
vel e nobre, As raizes do pensamento humano bus-
cam a seiva da vida, não na lama terrena, e sim nos
espaços onde se formam os mundos e o calor espi-
ritual da eternidade abriga o homem no seio do infi-
nito de que nascemos.
patria
Oggi e Domani
-195-
☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼
MODELO
QUADRO ESTATISTICO DAS PRINCIPAIS OPERAÇÕES REALIZADAS PELO BANCO DESDE SUA FUNDAÇÃO ATÉ 31 DE DEZEMBRO DE 19...6
Depositos em
Fundo de resrva RESIDUOS
custodia
Capital Social
sobre effeitos
Transportes e
Dividerndo
inscriptos no
prorrogações
das acções
Emprestimos
emprestimos
Quantidades
exercicio
Dscontos e
Lucros e
Anno de
Effeitos a
Exercicio
exercicio
perdas
publicos
Anno de
Em corrente
Acções
economia
Socios
cobrar
fructifer
cadernet
effeitos
com bancos
Sobre
as de
Em Em conta
Em
os
Simples e correspon-
cofres conjunta
dentes di-
versos
N O T A – E s t e Q u a d r o d e v e r i a s e r o r g a n i z a d o a n n u a l me n t e p o r c a d a u m d o s b a n c o s – L u z z a t t i p a r a s e r e n v i a d o a o R e g i s t r o d a S e c ç ã o d e C r e d i t o
A g r i c o l a , a l e m d o s d o c u me n t o s e x i g i d o s p é l o a r t i g o 1 6 d o d e c r . n . 1 6 3 7 d e 5 d e j a n e i r o d e 1 9 0 7 , e b e m a s s i m a o i n s t i t u t o q u e c e n t r a l i z a s s e a F e d e r a ç ã o
Propria e futura desses bancos, como se faz na Italia, nossa inspiradora fiel, como a França, a Belgica, a Suissa, a Dinamarca, a Inglaterra, a Allemanha,
a R u s s i a e o u t r a s n a ç õ e s n ã o m e n o s c u l t a s , n o q u e r e s p o e i t a á a c ç ã o l a t e r a l c o o p e r a c i o n i s t a . O R e g i s t r o d o M i n i s t e r i o d e s s a f o r ma a p t o a o r g a n i s a r
u m Q u a d r o g e r a l e s t a t i s t i c o , a n n u a l me n t e , s o b r e o m o v i m e n t o d o s b a n c o s p o i s d o s i n d i c e s d a s o p e r a ç õ e s p a p u l a r e s é q u e s e d e d u z o g r a u d e p r o g r e s s o s u -
bstancioso das cidades onde os bancos operam, como affirma o criador do novo instituto, o proprio Prof. Luiz Luzzatti.
NOTA ULTIMA