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Uma noite trágica deixou os sonhos de felizes para sempre de Landon e Dylan
reconstruir suas vidas. Mas será que a única constante deles - o amor -
KM
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KM
A todos que tiveram que lutar para amar a quem amam.
KM
Capítulo 1
Não faz.
Ele olha fixamente para o relógio, que está trancado atrás de uma
gaiola de barras, como se os relógios roubados das salas de espera
estivessem em alta demanda. O ponteiro dos segundos salta como se
tentasse escapar das barras; o ponteiro das horas se aproxima das três.
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o pressiona; o interminável tique-taque do relógio, como tiros em seus
ouvidos; e a flor brilhando em amarelo brilhante para ele.
— Posso... eu vou...
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deveria perguntar o nome dela? — Eu sei que esperar é difícil, mas
prometo que Landon está em boas mãos.
Dylan engole, assente e olha para os pés. Ele não tem certeza do que
mais deveria fazer.
— OK. — Dylan olha para cima quando a enfermeira se afasta. Ela lhe
oferece um sorriso tranquilizador e sai pelas portas que levam à sala de
operações. Ele cai de volta no seu lugar e mexe com sua bolsa até
conseguir encontrar o telefone. São necessárias duas tentativas para
digitar sua senha e suas mãos tremem tanto que ele quase disca o
número errado antes de finalmente escolher o que deseja.
Ele toca, toca de novo, e uma súbita urgência toma conta dele: ele
precisa falar com alguém agora e não sabe por que ele esperou tanto
tempo para ligar em primeiro lugar.
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— Mamãe? — Dylan não tem energia para se envergonhar pela forma
como sua voz falha, como costumava acontecer quando ele era
adolescente.
— Dylan? Querido, que horas são? — Dylan pode ouvir o som de algo
sendo derrubado, o clique de um interruptor da lâmpada.
— Dylan, você precisa falar comigo, ok? Você está machucado? — Sua
mãe usa a cadência uniforme e dominante que ela emprega durante as
aulas de ioga, e o peito de Dylan se afrouxa quase imediatamente. Seus
olhos se fecham e ele tenta se imaginar sentado em uma esteira em seu
estúdio, imaginando que tudo está calmo ao seu redor.
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— Você está no hospital? — Ele ouve o som de tecido farfalhante, a
voz do pai em segundo plano.
A tela fica preta e Dylan deixa o telefone cair em seu colo. Agora
Landon está em algum lugar neste hospital; seu crânio é uma bagunça
de peças que nem mesmo um cirurgião consegue entender. Dylan não
tem ideia se ele deveria estar gritando, chorando inconsolável ou
exigindo algo, qualquer coisa - se há algum código para situações como
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essa que ele não conhece e não está seguindo, um conveniente guia de
etiqueta da sala de espera detalhando o que fazer depois que toda a sua
vida foi arrancada de suas mãos, espancada e dilacerada, deixando-o
apenas com o horror incomensurável de que é isso: esse é o fim e é tudo
culpa sua. É o fim e você nem chegou a dizer adeus.
— Família de Lewin?
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— Calma, querido — Diz a enfermeira, uma mão no ombro dele. Ela
se ajoelha na frente dele, oferece-lhe um copo de isopor. Dylan pega na
mão boa, bebe a água fria e quer que a cabeça pare de girar.
— Cuidado — diz a enfermeira, com uma mão gentil nas costas e uma
expressão de preocupação. O crachá dela a identifica como “Brittany”.
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Dylan assente. Brittany toca seu cotovelo e o leva para fora da sala de
espera, para um elevador e para outro andar. A unidade de terapia
intensiva é enorme, silenciosa, mas ainda movimentada, mesmo tarde
da noite. Dylan mal percebe, apenas segue Brittany, de bata azul bebê,
até o final do corredor. Ela o leva para uma sala no canto, com grandes
portas de vidro deslizantes e uma cortina marrom semiaberta cobrindo
a entrada.
Eles param do lado de fora da porta. Brittany ajuda Dylan a limpar sua
mão boa com desinfetante e oferece a ele um olhar encorajador antes de
levá-lo para dentro. A sala está mal iluminada e estranhamente
silenciosa; apenas um clique suave preenche o espaço. As paredes são de
um castanho claro, observa Dylan, sua mente estranhamente distante, e
há outra foto de flor perto do banheiro, essa de um roxo pálido.
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se fortemente contra a tonalidade pálida antinatural de sua pele, exceto
onde o roxo intenso de uma contusão rasteja sob as bandagens e incha
até a bochecha esquerda. Parece impossível que apenas algumas horas
atrás eles estavam rindo no parque, de mãos dadas e comendo gyros1 no
pequeno canto; é como uma lembrança distante, um sonho que se esvai.
Mas a dor profunda no peito de Dylan, a maneira como seu estômago
está se contorcendo, o cheiro muito limpo do hospital queimando seu
nariz, o rosto de Landon, espancado e machucado - Dylan não pode
desviar o olhar - tudo isso é real demais para ser um sonho, não importa
o quanto Dylan queira apenas acordar, quer que tudo isso desapareça e
que tudo fique bem.
Dylan olha para ela. O sorriso dela é gentil e compreensivo. Então ele
volta para Landon e dá um pequeno passo à frente. A mão de Landon
está ali, descansando sobre as cobertas, e Dylan não sabe por que está
tão nervoso; ele segurou a mão de Landon mais vezes do que poderia
começar a contar. Mas, cercado por máquinas e tubos, Landon nunca
pareceu tão frágil, como se pudesse quebrar com o toque mais leve.
1
É um prato grego de carne assada num forno vertical, servido num pão de pita ou sanduíche.
Como acompanhamento da carne incluem-se algumas verduras e molhos. Os
acompanhamentos mais comuns são o tomate, a cebola e o molho tzatziki.
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— Está tudo bem — Brittany diz por trás dele, e Dylan fecha os olhos
com força, lágrimas ardendo atrás das pálpebras. — Você não vai
machucá-lo.
Agora não.
Dentro, fora.
Ele passa o polegar pelas juntas de Landon, por cima dos mergulhos e
sulcos, e nota vagamente que Brittany os deixou em paz. Ele afunda na
pequena cadeira ao lado da cama, sem soltar a mão de Landon.
— Você precisa lutar, ok? Preciso de você aqui comigo e não posso...
— Não resta nada dentro dele, exceto um sentimento oco e vazio e o
conhecimento de que Landon não pode ouvi-lo. O anel de noivado de
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Landon está em um prato em uma mesa ao lado da cama, junto com o
relógio, e Dylan os pega e os coloca no bolso.
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lágrimas vêm quentes e espessas. Seus ombros tremem com a força
delas, e ele não consegue parar, nem tenta parar, enquanto afunda no
calor do abraço de sua mãe.
Dylan não acredita nisso. Nada vai ficar bem novamente. Não há
garantia de que Landon conseguirá passar a noite. Mas ele não discute,
apenas fecha os olhos e fica à deriva no som familiar da voz dela.
— Dê um tempo para ele, Sam — diz ela, voltando-se para Dylan, com
a mão no ombro dele. — Quando você estiver pronto, querido.
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Landon queria... — Ele balança, quase perde as palavras e olha para a
mão direita, apertando o punho no colo. — Queríamos aproveitar o
clima e há um gyros a alguns quarteirões de distância, então decidimos
dar uma… uma caminhada. O sol estava começando a se pôr e...
Ele faz uma pausa, com o queixo cerrado diante da lembrança: o pôr
do sol dourado, longas sombras começando a pairar sobre o parque,
Landon choramingando de brincadeira, o gosto de tzatziki ainda nos
lábios.
— Nós, hum, nos beijamos no beco, e então havia esse grupo de caras.
Eles nos separaram e disseram essas... coisas horríveis, e eu gritei com
eles e um deles me pegou e Landon...
Ele respira fundo e tenta enxugar as lágrimas nas bochechas, mas elas
não param. Adele pega a mão dele e a segura com força, ancorando-o.
Acalmando-o.
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cano e eles apenas... bateram nele. E eu não pude fazer nada e eu...
pensei que ele estivesse morto. Eu pensei que ele estava morto.
— Ele está vivo — diz Dylan, sua voz plana; ele está completamente
esgotado agora, e sua energia restante diminui a cada palavra. — O
crânio dele... eles disseram que estava muito fraturado. E eles fizeram
cirurgia, mas o cérebro dele está inchando demais, então eles têm que
deixar a cabeça aberta e não me deixam ficar com ele e... e não têm
certeza se ele vai conseguir.
Seus pais estão calados e Dylan está feliz; ele está tão cansado,
cansado de conversar, cansado de salas de espera e do cheiro ardente de
hospitais, cansado do medo se enrolar firmemente dentro dele, e tudo o
que ele quer fazer é dormir. Ele só quer dormir.
— Eles não vão deixar você vê-lo? — Sam pergunta, um tom na voz.
— Não é... uma coisa gay — diz Dylan sem abrir os olhos. — Ele está
apenas... ele está tão crítico agora que eles precisam de espaço para
trabalhar, eu acho. Disseram que eu poderia voltar novamente quando
ele estiver mais estável.
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— Eles disseram quais são suas chances? — Sam pergunta
cautelosamente. O aperto da mãe de Dylan em sua mão aperta.
Dylan abre os olhos. Sua mãe ainda está agachada na frente dele, com
preocupação no rosto, e Dylan pensa em Landon, no corredor e atrás
daquelas portas de vidro, pensa nas enfermeiras e médicos tentando ao
máximo salvá-lo.
— É tudo culpa minha, eu não deveria ter... — Dylan começa. Ele não
se lembra de quando começou a chorar novamente. — Foi minha ideia
estúpida pegar esse atalho e... Landon não queria, mas eu fiz e então...
esses caras ... e eu gritei com eles quando deveria ter ignorado e agora
Landon pode morrer, e é tudo minha culpa…
— Não é culpa sua. — Adele é firme, apesar das lágrimas nos olhos. —
Ninguém tem culpa, exceto aqueles homens, ok?
Dylan apenas olha para ela; suas pálpebras estão pesadas, como se
cada piscada estivesse consumindo mais energia do que ele não tem.
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— Vou ver se consigo falar com alguém — diz Adele, olhando para o
marido. — Fique com Dylan.
Adele retorna dez minutos depois com Brittany. Ela fica de lado e
deixa a enfermeira se agachar na frente de Dylan, quase no local exato
em que Adele esteve antes. Brittany coloca uma mão macia no joelho.
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— Tudo bem. — Diz ele. A enfermeira aperta o joelho dele, se levanta
e se vira para a mãe.
— É claro — diz ela, com as mãos sob o braço bom quando ele se
levanta, firme e solidária contra as costas dele. — Nós vamos te levar
para casa.
***
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duas vidas não tivessem sido totalmente mudadas na noite passada.
Como se nada estivesse errado.
Adele e Sam estão conversando baixinho, mas ele não presta atenção
quando pega a camiseta, o material usado e fino e a coloca sobre o braço.
Ele atravessa o pequeno apartamento até o quarto. Tudo está muito
quieto, muito vazio. A ausência de Landon faz tudo parecer
desequilibrado, como se este não fosse o lugar que eles chamavam de lar
nos últimos três anos.
KM
A beira da cama mergulha onde ele se senta e observa o sangue seco
em seus sapatos, o sangue embebido em seu jeans, tão escuro que as
gotas podem ser confundidas com sujeira. Ele se lembra da raiva
avassaladora, do jeito que pareceu ao gritar com esses homens, do cheiro
de álcool no hálito deles, do estalo que seu ombro fez quando o
agarraram, do estalo quando o cano se conectou à cabeça de Landon, do
jeito que ele simplesmente caiu imediatamente mole, e ainda assim eles
continuaram, continuaram batendo nele uma e outra vez. Ele se lembra
de lutar contra eles, gritando. Eles estavam matando Landon, e não
havia nada que Dylan pudesse fazer; eles eram muito fortes e Landon
iria morrer, bem na frente dele.
— Ele não está morto — Dylan sussurra na camiseta. — Ele não está
morto.
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Ele abaixa a camiseta e tira as roupas - desajeitado, com apenas um
braço trabalhando - e depois as enterra no cesto, escondidas, esquecidas.
Está muito quente, mas ele coloca a camiseta de qualquer maneira. Ele
quase pode fingir que Landon está lá, escovando os dentes e se
preparando para se deitar na cama ao lado dele.
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Capítulo 2
KM
— Sinto muito — diz Dylan, dando um passo rápido para trás.
— Este? — Dylan segura o livro que ele tanto precisa para seu
trabalho.
— Não acho que este livro tenha sido tocado em cinco anos. — Dylan
limpa mais poeira.
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— Eu só... tenho um trabalho estúpido para minha aula de economia
e preciso muito desse livro.
— Eu sei como isso é — diz Dylan, e o Estranho fofo olha para ele.
— Não.
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— Obrigado. — Um espelho de Dylan, estranho fofo aperta o livro
em seu próprio peito. — Eu, hum... — Ele parece que quer dizer algo
mais, mas balança a cabeça. — Obrigado.
Dylan ri e o estranho fofo olha para ele uma última vez, seus olhos
castanhos arregalados e quentes.
— Mais uma vez obrigado — diz estranho fofo, e Dylan tem certeza
de que a bagunça ininteligível que cai de seus próprios lábios é — Claro
— ou — Sem problemas — ou — Boa sorte — ou talvez até mesmo um
vergonhoso — Você é realmente fofo, você quer tomar uma bebida
algum dia? — Mas estranho fofo já está indo embora, parando no final
da fila para dar uma rápida olhada para trás. Suas bochechas ficam
vermelhas quando ele percebe que Dylan ainda está olhando para ele,
e ele rapidamente se afasta.
— Merda — diz Dylan para a fila vazia de livros. Ele se senta no chão
duro e acarpetado e se recosta nas prateleiras. Seu estômago afunda;
não há como ele terminar o trabalho agora que ele apenas agiu como
KM
um completo idiota e se sabotou por um garoto bonito que ele
provavelmente nunca mais verá.
Luz, quente e brilhante, filtra entre as lacunas nas cortinas. Dylan olha
para o relógio ao lado da cama e pisca. São quase onze da manhã. Ele
não consegue se lembrar da última vez que dormiu tão tarde. Ele sai da
cama, nota que alguém lavou a roupa e sai do quarto para a cozinha.
Adele está brincando com a cafeteira. A irmã mais nova de Landon fica
ao lado dela. Ela tem o mesmo cabelo castanho-avermelhado que
Landon, o mesmo respingo de sardas no nariz e nas bochechas, a mesma
maneira de franzir as sobrancelhas quando ela pensa profundamente.
— Oi, Lana — diz Dylan, entrando na cozinha. Lana olha para cima e
Dylan pode dizer que ela está chorando. Seus olhos estão vermelhos e
inchados.
KM
— Como você está se sentindo, querido? — Adele pergunta, olhando
para ele enquanto serve um café em uma caneca. Lana descansa contra
o balcão e cruza os braços sobre o estômago.
— Estou bem.
— Pegue isso — diz Adele. Ela sacode duas pílulas de uma garrafa
laranja no balcão e desliza uma caneca de café para Dylan. — Elas são
para dor.
KM
— Estou feliz que você esteja bem. — Diz ela em seu ombro. Dylan
pensa em Landon, nas máquinas, nos médicos e nas enfermeiras que o
mantêm vivo, em como tudo é inseguro e não sabe o que dizer.
— Meus pais já estão no hospital — diz Lana quando ela deixa ir. Ela
volta para o balcão. — Então ele não está sozinho.
***
Seus olhos são sombreados por seus cabelos escuros, que caem sobre
eles, despenteados e ondulados, de uma maneira que Lana nunca viu. É
KM
um contraste de como Dylan normalmente se parece, com os ombros
erguidos e o cabelo penteado. Ela sempre brinca com Landon sobre
como ele conseguiu atrair um namorado tão atraente, com a pele
marrom quente da herança indiana de seu pai e os olhos arregalados e
escuros emoldurados por cílios longos. Ela sempre teve ciúmes daqueles
cílios, e havia revelado bem o fato desde que Dylan, brincando, deu a ela
Latisse2 no Natal alguns anos atrás. Ele beijou sua bochecha quando a
abriu, e Landon riu tanto que chorou.
2
É um fármaco utilizado para crescimento dos cílios.
KM
Isso é real.
Ela sente uma mão no ombro e ouve uma voz no ouvido, mas não
escuta. Nenhuma palavra pode melhorar isso; nenhuma palavra pode
mudar o que já aconteceu; nenhuma palavra pode curar algo assim.
Então ela chora, e eles deixam.
***
KM
Dylan sai do quarto quando Lana começa a chorar e se inclina contra
a parede no corredor. Ele não quer se intrometer na família de Landon;
eles precisam de tempo juntos, e ele não se encaixa lá, não agora. Não
quando é culpa dele que isso tenha acontecido, é culpa dele que Lana
pode perder o irmão, que John e Helen podem perder o filho.
Ela ri. — Está certo. Perdoe-me por não lembrar. — Dylan ri de seu
comentário e olha para o chão, para azulejos castanhos salpicados de
marrom. — Você estava tão estressado com isso e me ligou naquela noite
quase chorando porque havia um livro que precisava, e tinha ido à
biblioteca para encontrá-lo e outro garoto precisava do mesmo livro e
você o entregou.
KM
— Você poderia ter pegado o livro, mas viu Landon, e acho que algo
em você sabia que ele era especial, e você o entregou. E então você me
ligou à beira de um colapso porque não tinha o livro que precisava para
o seu trabalho de pesquisa, mas acabou de conhecer o garoto mais
incrível.
— Eu sei que você pensa que sou louca quando falo sobre essas coisas
— Continua Adele. Ela parece exausta, cansada. — Mas você e Landon
foram feitos para estar na vida um do outro, desde aquele primeiro dia
na biblioteca.
KM
— Então por que isso aconteceu? — Dylan pergunta, sua voz fina. —
Qual é o objetivo?
Ele não tem escolha, Dylan quer dizer, mas não confia em si mesmo
para falar.
***
KM
medicação, e eles o mantêm sedado para que ele descanse. Ele não
sentirá dor.
Isso deveria fazê-los se sentir melhor, sabendo que Landon não sente
dor? Dylan se concentra em Landon enquanto o médico está falando. Ele
vê o homem com quem deveria se casar, o homem que era tão vibrante,
tão enérgico que Dylan costumava insistir que havia mais café do que
sangue em suas veias. Ele observa o ritmo do peito de Landon, que sobe
e desce com cada zunido do ventilador e a maneira como ele permanece
tão artificialmente imóvel, mostrando nem a menor mudança de
expressão ou o menor movimento de seus dedos quando Dylan pega a
mão dele. É tão errado, o oposto de tudo o que Landon é, e não há nada
que o médico possa dizer para melhorar isso.
Alguém faz perguntas. Helen, Dylan pensa. Quanto tempo até que eles
possam esperar mudanças? Quanto tempo até eles saberem qual é o seu
prognóstico? Quais são as chances dele?
KM
Ele finge ouvir enquanto o médico discute termos que ele não entende,
responder a perguntas que tem muito medo de fazer e dá garantias de
que não quer ouvir. Ele gosta de fatos e verdades e desconfia
automaticamente de quem é duvidoso, de quem engana, adoça e
manipula. Então ele mentalmente lista as coisas que sabe, marcando
cada verdade com uma linha no cobertor branco e engomado do
hospital.
***
Adele observa o filho enquanto o médico fala. Ele olha para o cobertor
que cobre Landon, e suas juntas estão tensas onde ele agarra a mão de
Landon, como se estivesse com medo de deixar ir. O hematoma em sua
mandíbula está ficando mais roxo, desbotando o bronzeado de sua pele,
e as sombras cansadas sob seus olhos estão mais escuras do que estavam
KM
nesta manhã. Dylan nunca reagiu bem a situações estressantes; mesmo
quando pequeno, ele nunca poderia tomar uma decisão sem pesar todos
os resultados possíveis e considerar todos os detalhes.
Ela tentou isso uma vez, com um buraco em uma das camisas de
Dylan, e por mais cuidadosa que fosse, o tecido ainda amassava e puxava
e nunca parecia tão perfeito quanto antes. Algumas coisas não podem
ser consertadas, Adele pensa. Às vezes, você só precisa recompor as
coisas o mais cuidadosamente possível e ficar satisfeito, sabendo que fez
o melhor que pôde. Dylan precisa de força, ele precisa de palavras gentis
e uma presença encorajadora, e ele precisa saber que é capaz de superar
isso.
— Acho que preciso de um café — diz Helen, de repente. Ela faz uma
pausa e depois assente como se estivesse se assegurando de sua decisão
KM
e sai da sala. O pai de Landon fecha os olhos por apenas um segundo
antes de seguir sua esposa para o corredor.
KM
Tudo por quem ele ama.
— Eu só quero que ele fique bem — sussurra Lana. Ela olha para
Dylan, como se ele fosse o único que poderia tranquilizá-la. Dylan solta
a mão de Landon e se recosta na cadeira, parecendo completamente
exausto.
Adele quer melhorar isso, facilitar isso, tirar a dor de tudo. Mas ela
não sabe como.
***
KM
Mais tarde naquela noite, sentado à pequena mesa da sala de jantar
com a mãe na frente dele, Dylan olha para um sanduíche que ele não
quer comer. — Eu preciso ligar para o trabalho.
KM
— Durma um pouco, querido. — Adele se levanta e Dylan segue o
exemplo, olhando melancolicamente ao redor do apartamento.
Dormir sozinho não é mais fácil do que era ontem à noite. Dylan
desliza para o lado da cama e estende a mão para onde Landon deveria
estar, silenciosamente esperando o impossível: que os dedos de Landon
encontrem os dele. Ele fecha os olhos, puxa as cobertas e se enrola no
travesseiro, ignorando a dor no ombro. Ele imagina o sorriso de Landon,
a maneira como ele sempre mostra a língua quando está se
concentrando, a maneira irritante que ele torce o nariz quando
argumenta, a maneira como o cabelo se agarra às têmporas depois do
banho, a maneira como ele beija Dylan enquanto sai correndo pela porta,
sempre atrasado para alguma coisa.
KM
medo de que ele esqueça. Com medo de que toda lembrança feliz seja
substituída por isso - o medo e a confusão, a sensação constante de pavor
no estômago, as imagens de flores e os relógios atrás das grades, o cheiro
de antisséptico e o zumbido de máquinas que tentam desesperadamente
manter alguém vivo.
Não é o que Landon gostaria, que essas memórias fossem a última que
Dylan tivesse dele: o rosto roxo de hematomas, a cabeça envolta em gaze,
o corpo vestido com uma horrível bata de hospital. Não é o que ele
gostaria, mas pode ser o que ele recebe.
***
Demora mais três dias para Dylan sentir como se pudesse respirar
novamente. Três dias para as barras de ferro em seu peito se soltarem,
para a névoa de confusão e descrença tomar conta de sua mente. As
coisas começam a fazer sentido novamente, e ele sente como se não
estivesse mais tropeçando cegamente no desconhecido. Ele se sente
como uma aparência de um humano real, capaz de interagir com os
outros.
KM
As flores são falsas. Alguns anos atrás, Dylan tentou enviar algumas
de verdade para seu tio-avô quando ele estava no hospital para uma
cirurgia na vesícula biliar e descobriu que as flores podem ser
prejudiciais aos doentes. A vida é estranha assim, pensa Dylan,
acariciando uma pétala de plástico. Como as coisas destinadas ao
conforto podem acabar causando mais mal do que bem. Ele abre um dos
cartões; é de Abbi, uma das colegas de trabalho de Landon. É muito
gentil, dirigido principalmente à família dele, uma oferta para ajudar da
maneira que ela puder. Existem alguns outros, de primos, alguns amigos
da faculdade. Um é dirigido a Dylan, e ele abre com curiosidade, olhando
a assinatura. É da tia Patty.
Lamento ouvir o que aconteceu com você e seu amigo. Vou rezar por
uma rápida recuperação.
Dylan não pode evitar a pequena risada que lhe escapa, amarga na
língua. A irmã de sua mãe é antiquada e nunca entendeu ou reconheceu
o que Dylan e Landon são um para o outro. Ela mora a dois estados de
distância, e seu único contato real com ela é em reuniões de família. Mas
depois disso...
— Isso não aconteceu porque você é meu amigo — diz ele, virando-se
para a cama de Landon. Ele pousa a bolsa, senta-se na cadeira e puxa o
mais perto possível entre as máquinas e equipamentos. Landon parece
o mesmo; os hematomas que desaparecem em amarelo são a única
KM
indicação de que o tempo passou, que qualquer coisa está diferente. É
estranho ver Landon tão quieto, dia após dia; apenas os travesseiros que
as enfermeiras colocam sob suas costas fazem com que ele mude de
posição.
— Bom dia — diz uma voz atrás dele, e Dylan pula. Ele estica o pescoço
e vê Helen entrar na sala, seguida por Logan, irmão mais velho de
Landon.
KM
de divisão para a família, mas eventualmente eles se cansaram de brigar
e se estabeleceram em desacordo silencioso.
— Ele está... — Logan começa. Ele alcança Landon, mas para e recua.
Dylan olha para o chão, evitando os olhos deles. Helen se apega a esse
fato, que Landon não está sofrendo, e o repete para todos como se fosse
a única coisa que a conforta.
— Cristo, isso é apenas... — Logan para, sua voz grossa, como se ele
estivesse segurando lágrimas. — Eu sou o único que deveria fazer a
família chorar, não você.
Logan passa a mão pelo cabelo. É mais leve que o de Landon e Lana,
quase loiro morango, e puxado para trás em um rabo de cavalo
bagunçado. Mas seus olhos são da mesma cor de avelã de Landon, e
Dylan não pode deixar de olhar de volta.
KM
— Merda — diz Logan em um sussurro agudo, e Helen olha para ele.
Ele pede desculpas em voz baixa - Dylan pode dizer que não está falando
sério - e aperta o canto do olho com a manga da camisa.
3
Shrimp Man pode ser Homem Camarão ou Homem Nanico.
KM
Dylan sorri para a imagem de um pequeno Landon tentando se vingar
de seu irmão mais velho.
Logan olha para Dylan quando ele diz isso. Então ele olha novamente
para Landon, seguindo o tubo que vai dos lábios de Landon até o
ventilador. O forte aperto de culpa aperta o interior de Dylan mais uma
vez, e ele não consegue parar de pensar que isso é culpa dele, que Landon
não estaria aqui se não fosse por ele, e é por isso que a família de Logan
continua olhando para ele tão cautelosamente.
— Ele lutou naquela época e agora ele lutará — diz Logan. — Eu sei
que ele vai.
***
KM
se importam, estão cheias de palavras gentis e querem oferecer sua
ajuda. Mas também é esmagador. Dylan não sabe o que fazer com o
grande volume de comunicações, então ele olha para o telefone com cada
texto recebido, cada chamada não atendida até Adele gentilmente tirar
o telefone dos seus dedos.
— Você não precisa falar com alguém que não quer — diz ela e coloca
o telefone na bolsa. — Eles vão entender.
Naquela noite, depois que ele chega em casa do hospital, ele liga a
pequena TV e ajusta as antenas até que ele capta uma imagem granulada
do noticiário local. Seu pai vai ficar com ele hoje à noite, apesar da
insistência de Dylan de que ele não precisa de uma babá. Adele fica a
maior parte das noites em uma cama improvisada no sofá, mas ela tem
uma aula de ioga para ensinar pela manhã e não pode se dar ao luxo de
cancelá-la. Dylan insistiu que ela ensinasse, sem perceber que seu pai o
seguiria e se jogaria no sofá-cama, apesar das queixas de Dylan.
O pai dele não fala muito. Ao crescer, Dylan sempre pensou que seu
pai salvava suas palavras para as peças que escrevia, sabendo que Sam
esperava que cada uma delas aumentasse. Mas, em vez disso, ele ficou
mais silencioso após cada fracasso. Quando Dylan tinha dez anos, uma
peça teve uma série de vitórias bem-sucedidas, até algumas críticas
positivas, e Dylan lembra como se sentiu orgulhoso, gabando-se com
todos os seus amigos, de que seu pai era um famoso dramaturgo.
Infelizmente, famoso foi um pouco exagerado, e um sucesso não foi
KM
suficiente para sustentar sua pequena família, então seu pai começou a
escrever manuais técnicos para os fabricantes de automóveis.
Sam faz o chá enquanto esperam as notícias das dez: camomila, para
acalmar a mente e o corpo. Dylan aceita agradecido; embora esteja muito
quente para tomar chá, ele está feliz por ter algo a fazer com as mãos.
Seu coração está acelerado enquanto ele espera.
KM
anterior e os sorrisos simpáticos da enfermeira, ou a dor constante de
sentir falta da pessoa que ele passaria o resto de sua vida.
— Eu vou falar com eles — diz Sam, da maneira decisiva que ele tem
sempre que decide sobre alguma coisa. — Vou pedir para eles pararem
de contar histórias sobre você.
— Ainda não parece real, sabe? — Dylan olha para aquelas bicicletas
estúpidas até que elas começam a ficar borradas. — Ainda sinto que vou
acordar ou perceber que estou assistindo a um episódio ruim de reality
show.
— Vai ficar mais fácil — diz Sam, olhando para Dylan. — Eu sei que
não parece agora, mas será.
KM
— E se ele não melhorar? — Dylan desafia, enfiando o polegar no
travesseiro.
— Então você vai lidar com isso. Mas, por enquanto, não faz mal ter
esperança.
Ele desaparece no quarto, fecha a porta e faz uma pausa para respirar
fundo antes de rastejar sob as cobertas familiares. Faz apenas três dias,
mas ele já está se acostumando a ir dormir sozinho.
KM
Capítulo 3
Dylan tenta sorrir de volta, tenta se animar com cada notícia, mas é
difícil quando Landon ainda está sedado, quando o clique do ventilador
é um som tão familiar que Dylan não ouve mais. Fala-se de uma segunda
cirurgia para recolocar o pedaço do crânio que ainda está faltando e
fechar a parte que impede o cérebro de Landon de se sufocar. Isso é uma
coisa boa, um sinal de que as coisas realmente estão melhorando, mas
Dylan não consegue acreditar.
Lana está lá quase tantas vezes quanto ele; suas aulas estão fora pelo
verão e seus colegas de trabalho na loja de arte estão dispostos a cobrir
seus turnos. Dylan gosta de ter a companhia. Apenas não capaz de ficar
KM
longe de sua família e seu emprego por tanto tempo, Logan voa de volta
para Nova York. Partir é difícil para ele, e ele promete voltar assim que
tudo mudar. O pai de Landon volta para Madison para fazer acordos com
sua empresa e tem que passar uma semana em casa antes que ele possa
voltar. Helen passa muito tempo conversando com companhias de
seguros, encontrando-se com médicos e especialistas e sentada quieta ao
lado da cama de Landon.
KM
Lana se apega a essas palavras e sussurra encorajamentos silenciosos
para Landon durante esses tempos, segurando sua mão e dizendo o
quanto ela o ama. Dylan observa e se pergunta se ele deveria estar
fazendo algo semelhante, se algo não está funcionando bem dentro dele,
e por que ele não consegue sentir algo.
Talvez exista tanta coisa que uma pessoa possa aguentar, antes que
ela não possa mais.
***
KM
— Parece que você acabou de completar cinco anos — dispara Dylan,
erguendo as sobrancelhas para o cone preso à cabeça de Landon.
Landon mostra a língua e Dylan se pergunta se ele está passando muito
tempo com as crianças no trabalho, mas em um momento de
maturidade esquecido, ele decide retaliar e balança a cabeça, chovendo
gotas de água gelada no rosto de Landon. Landon torce o nariz e dá
um tapa em Dylan, fazendo-o perder o equilíbrio, sair do sofá e cair no
chão com um baque desajeitado.
— Você está toda molhado — Landon lamenta, mas ele não se afasta
e se contenta em fazer beicinho.
KM
Dylan se vira e se estica para pegar as flores de onde as colocou, ao
lado do sofá.
4
Significa abraços e beijos.
KM
Landon olha para Dylan e levanta uma sobrancelha. — Alguém está
um pouco radiante hoje.
— Talvez você possa se juntar a mim e eu possa lhe dar seu presente
de aniversário mais cedo.
— Sexo, Landon — Dylan fala. Ele tem que morder o lábio para não
rir. — Seu presente é sexo.
KM
— Eu pensei que você gostaria. — Dylan pressiona um beijo gentil
nos lábios de Landon e desliza as mãos sob a bainha da camiseta de
Landon. Desta vez, Landon treme.
— Sobre por que você não vai cozinhar nu para mim. — Um sorriso
puxa os lábios de Landon. Dylan lança um olhar para ele antes de
pegar a espátula, inclina-se um pouco mais do que o necessário, leva
alguns segundos a mais do que ele realmente precisa.
— Você acabou de me ver nu por pelo menos — ele olha para o relógio
— uma hora e dezoito minutos.
KM
mão ele segurou no caminho para a cirurgia. Ele adora o seu trabalho;
há uma luz em seus olhos para todo garoto que ele ajudou, toda criança
cujo dia foi ainda melhor com a presença dele. Mesmo nos dias difíceis,
quando ele chega em casa com os ombros caídos e os olhos
avermelhados, ele nunca fala em sair, nunca menciona encontrar um
emprego mais fácil. Ele apenas trabalha ainda mais no dia seguinte.
KM
Dylan, no fundo, e ele se pergunta se é bobagem que esse garoto ainda
o faça se sentir assim, apesar das lutas, apesar das brigas ocasionais e
do fato de que eles ainda estão tentando sobreviver, tentando resolver
o problema para onde eles estão indo. Ou talvez seja por isso que ele
ainda se sinta assim: porque eles estão descobrindo juntos.
— Oh, você já fez isso agora — rosna Dylan. Ele pisa entre os joelhos
de Landon, passa as mãos pelas costas de Landon e o puxa para mais
perto. Ele procura por trás de Landon até encontrar um punhado de
açúcar, depois se inclina o suficiente para que Landon incline a cabeça
para o lado, descobrindo o pescoço; seus olhos se fecham - até Dylan
enfiar o açúcar na parte de trás da camisa.
KM
— Excelente, um pouco de açúcar — diz ele, apoiando-se no peito de
Dylan. Dylan morde o nariz e beija seus lábios. — As pessoas pagam
um bom dinheiro por isso, você sabe.
— Mmm, sexy. — Landon brinca contra ele e Dylan deixa seus olhos
se fecharem enquanto tenta se aproximar ainda mais. — Pele morta.
— Cale-se.
— Nunca.
KM
por baixo da camisa. Landon está rindo como um louco, e Dylan apenas
fica lá, respira fundo e conta até dez.
— Pedra fria e sem coração — rebate Dylan, mas ele tem que engolir
uma risada. Landon parece ridículo com seus olhos sensuais e a massa
manchando seu rosto.
KM
— Eu acho que você está misturando suas metáforas — Dylan diz de
volta. Ele já está tentando puxar a camiseta de Landon com os dedos
escorregadios e com massa de bolo.
— Não é uma metáfora — diz Landon, sua voz abafada pela camisa
enquanto a puxa sobre a cabeça.
KM
Landon. Dylan beija o longo trecho da garganta de Landon; Os braços
de Landon deslizam para envolver as costas de Dylan, ancorando-os
juntos.
— Nada de limpeza.
***
KM
sala, em modo de espera, pronto se Landon não puder tolerar a
respiração por conta própria.
Mas ele faz. Seu peito sobe e desce em um ritmo mais natural agora;
sua sedação é mínima. O zumbido suave se foi e os pensamentos de
Dylan estão muito altos sem ele. Mas é mais fácil, e ele quase consegue
olhar além de tudo o mais, além das ataduras e fios, além da linha central
no braço de Landon, além do cateter e monitores que rastreiam todos os
sinais vitais, porque Landon está respirando por conta própria, ele está
respirando. E às vezes, se Dylan assiste por tempo suficiente, ele percebe
os dedos de Landon se contorcerem, um movimento ocasional em sua
bochecha, uma respiração irregular.
KM
Está calmo, sem o ventilador. Mais fácil, de alguma forma.
— Espero que você volte para mim — ele sussurra, com os olhos ainda
fechados. — Eu realmente gostaria que você fizesse.
Dylan pisca, mas não chora. Tudo parece pesado demais, pesado
demais para chorar. O rosto de Landon está calmo, sem as linhas que ele
recebe quando sonha. Dylan espera que ele se sinta tão calmo quanto
parece, e que tudo seja pacífico, onde quer que esteja.
Landon respira.
Ele para. Ele fecha os olhos e agarra a mão de Landon com mais força.
KM
***
— Você sempre foi tão bom — ela sussurra, tomando cuidado para não
acordar Dylan. Ela deixa a mão repousar no braço de Landon, cautelosa
KM
em perturbar os tubos de remédios, o equipamento que mantém seu
filho vivo.
Basta dar uma olhada em Dylan para saber que ela está errada e que,
a menos que seja errado de Landon amar quem ele ama, não há nada
que ela possa ter feito. E, apesar de sua hesitação em aceitar as escolhas
de Landon, sua incapacidade de compreender completamente o que ele
estava passando, ela sempre tentou apoiá-lo e amá-lo, não importa o
quê.
E ele realmente ama Dylan. Ele sempre ficou quieto sobre isso, sempre
relutante em conversar com seus pais sobre as partes mais emocionais
de sua vida, mas ela podia ver isso em seu rubor quando ela perguntou
sobre Dylan, a maneira como ele começou a divagar antes de se pegar,
mordendo o lábio para manter tudo dentro. Ela gostaria que ele se
sentisse mais à vontade com eles, que ele não sentisse a necessidade de
KM
segurar tudo, mas ela nunca soube dizer-lhe e, em vez disso, se
estabeleceu em uma polidez tranquila com ele.
***
KM
recuperar o fôlego. Suas mãos estão tremendo enquanto ele enterra o
rosto nelas, fecha os olhos e tenta forçar as imagens para fora da cabeça.
Leva alguns minutos para que sua respiração volte ao controle, para
que a tensão em seus músculos diminua e para que ele possa olhar ao
redor da sala e compreender o que está vendo. São quase seis e meia e o
sol está começando a nascer: uma luz dourada penetra nas fendas de
suas cortinas. Ele desliza da cama com os pés trêmulos, desorientado,
seus pensamentos distorcidos pelos restos de seu sonho.
A torneira está pingando, e ele olha para ela, a caneca quente de café
agarrada em suas mãos, e observa cada gota se acumular, agarrando-se
ao anel de metal da torneira até que o peso fique muito alto e ela treme
e cai com um gotejamento silencioso. Ele observa cada gotejamento e se
pergunta se chegou ao fim do que pode aguentar, se chegou ao ponto em
que não consegue processar mais nada, naquele ponto em que a
realidade finalmente afunda suas garras, sugando-o de qualquer reserva
de energia que esteja executando.
KM
Ele se vira e a caneca escorrega dos dedos, cai no chão. O líquido
marrom penetra no pequeno tapete da cozinha e se espalha pelo linóleo.
Ajoelhado, ele passa a mão em torno de um fragmento da caneca
quebrada, ainda quente de sua bebida. Ele o segura no rosto e examina
o modo como a porcelana rachou em uma linha reta, projetando-se
bruscamente até uma borda pontiaguda. O branco do esmalte parece
osso; Dylan se pergunta se é assim que o crânio de Landon se parece.
Ângulos agudos, linhas de falha severas, bordas irregulares. Dylan olha
de volta para os cacos no chão, sabendo que a caneca nunca pode ser
montada novamente. Há muitas peças, um quebra-cabeça insolúvel. A
caneca não é mais uma caneca, apenas cerâmica quebrada.
Alguém bate à porta, mas Dylan não percebe. Ele está muito
embrulhado, sufocado, consumido por essa coisa subindo dentro dele,
agarrando seus pulmões e confundindo seus pensamentos. Ele ouve o
clique da porta se abrindo, o som de passos atravessando o chão. Há uma
KM
voz, mas Dylan não consegue entender; tudo está distorcido, como se ele
estivesse embaixo da água e o mundo se estreitasse em sua visão. Alguém
senta ao lado dele, os braços em volta dele e o puxa para perto, e Dylan
imagina que é Landon - Landon, que sempre sabe o que fazer e como
fazer Dylan se sentir melhor.
Mas não é, e ele está tão assustado com o pensamento de que nunca
mais sentirá os braços de Landon em volta dele, que começa a tremer
mais e seus pulmões se recusam a se expandir.
Dylan quer obedecer, mas ele não pode, seu corpo se recusa a cooperar
e ele sente que vai sufocar em suas lágrimas enquanto se misturam com
o pânico e ele suspira.
— Escute minha voz — diz Adele, usando o tom calmo, mas imponente
que ela reserva para suas aulas de ioga mais difíceis. — Concentre-se nas
minhas palavras, ok? Tente relaxar seus ombros e deixe seus pulmões
fazerem o trabalho.
KM
— Relaxe e respire. — A mão de Adele acaricia suas costas em um
ritmo calmo. Ele afunda nela, enterra o rosto no ombro dela e
lentamente sua respiração volta ao seu controle.
— Está tudo bem. — Diz Adele com uma voz mais suave. — Você está
bem.
Não demora muito para que suas lágrimas se esgotem; ele não tem
energia para mantê-las e, em vez disso, se instala mais fundo no abraço
de Adele. Ele encontra conforto ao ouvi-la respirar, na sensação da mão
dela nas costas dele, no cheiro do óleo de patchouli e óleo de lavanda em
seus cabelos.
KM
— Você não fez nada errado. — Adele beija sua testa. Ela o ajuda sem
dizer mais nada, e ele se inclina contra ela enquanto ela o guia para o
quarto, puxa as cobertas e o cutuca na cama. O lado de Landon, Dylan
nota, e encontra um conforto estranho nele. Sua cabeça parece algodão,
suas bochechas estão inchadas e seus ouvidos zumbem. Ele deixa sua
mãe alisar as cobertas, deixa-se à deriva, deixa-se levar.
O sol está brilhando quando ele acorda e ele aperta os olhos, sentindo
algo roçar os cabelos na testa.
— Que horas são? — Sua voz falha. Ele se levanta e toma um gole da
garrafa de água que sempre guarda na cama.
Os olhos de Dylan se erguem. Ele entende o jeito que ela está sorrindo
para ele e tenta não deixar seus pensamentos irem para onde eles
querem desesperadamente ir. — Landon abriu os olhos. Não por muito
tempo, mas ela disse que ele olhou em volta antes de adormecer.
KM
— Ele está acordado?
Dylan assente, olha para as mãos e se sente bobo por ter chegado a
essa conclusão.
KM
eles mal estavam passando. Ele não pôde deixar de se ressentir de sua
mãe por não encontrar um emprego melhor remunerado, ou de seu pai
por não trabalhar em um escritório e nunca ter que se preocupar com
dinheiro. Foi quando ele parou de ir às aulas dela e, embora se arrepende
das coisas que disse quando adolescente, ainda há tensão entre eles
quando sua mãe aborda o assunto.
Mas talvez seja hora de deixar isso para lá. Ele abre os olhos e vê o jeito
que Adele está olhando para ele, cautelosa e atenciosa, e Dylan sabe que
ela só quer o melhor para ele. Ela está apenas tentando ajudar.
***
Landon não abre os olhos novamente naquele dia, mas Dylan não está
chateado. Apenas o conhecimento de que ele fez, de que aconteceu, é
mais do que Dylan espera, e ele não quer esperar muito. Ele sabe que
Landon não vai apenas acordar e dizer que ele tirou uma soneca
adorável, mas está pronto para ir para casa agora. Leva tempo. Landon
precisa de tempo.
KM
Em vez disso, Dylan leva seu laptop para o hospital e se senta na
cadeira que rapidamente se torna tão familiar. É estranho digitar com
apenas uma mão - o braço esquerdo ainda está preso ao peito enquanto
o ombro se recupera -, mas ele consegue. Ele se conecta à rede wifi do
hospital, olha fixamente para o ícone do Google e hesita antes de digitar
as duas palavras que não saíram de sua mente o dia todo. Pela primeira
vez, ele quer saber, quer aprender tudo o que pode sobre o que está
acontecendo com Landon: sobre as possibilidades, sobre todos os
termos que os médicos usaram e que ele não entende. Ele precisa saber.
KM
encolher, o olho está menos inchado e o tom doentio da pele está
desbotando para uma cor mais saudável. Dylan quase pode imaginar que
ele está apenas dormindo.
— Sorrir é uma boa aparência para você — diz ela, seu sotaque suave
e calmante, e Dylan cora e olha para baixo. Adele perguntou de onde ela
era, certa vez, e ela disse que havia se mudado da Colômbia alguns anos
atrás, havia seguido sua família e ingressado em um bom programa de
enfermagem. Dylan gosta de como ela é gentil com Landon, sempre se
certificando de falar com ele suavemente antes de fazer qualquer coisa;
seu toque é natural e carinhoso.
Ela ouve o coração e os pulmões de Landon, brilha uma luz nos olhos
dele e limpa a boca com antisséptico, narrando suas ações o tempo todo
para Dylan e Landon. Ela pega uma das mãos de Landon e aperta a ponta
de um dedo e Landon solta um gemido suave e fracamente tenta se
afastar. Dylan se senta ereto, os olhos arregalados.
KM
— Isso é... foi isso...
— Como... hum, como ele está? — Dylan pergunta, e Elena olha para
cima, uma surpresa guardada em seus olhos. Dylan não tem sido muito
vocal; ele deixa seus pais ou os pais de Landon fazerem as perguntas e
ouvirem as explicações. Ele se pergunta se ele tem sido um noivo
horrível, se as enfermeiras falaram sobre como Landon merece mais. E
parte dele pensa que Landon provavelmente o faz, enquanto outra parte
se enche de determinação de se envolver mais, de não se envolver tanto
em sua própria mente - de estar aqui para Landon, em mais do que
apenas um sentido físico.
— Ele está indo muito bem — responde Elena. — Seus sinais vitais
estão estáveis, seus exames estão dentro dos limites normais e ele está
tolerando os ajustes que fizemos com seus medicamentos. É difícil
KM
avaliar completamente a função cerebral agora, até que ele acorde um
pouco mais. Mas suas varreduras estão melhorando a cada dia.
— Ele vai. — Dylan dirige sua promessa para Landon. Ele aperta a
mão de Landon e, desta vez, os dedos se movem.
***
KM
É começo da tarde quando ele finalmente chega ao hospital, mais
tarde do que gostaria, e seu joelho está batendo durante todo o percurso.
Ele caminha rapidamente. Adele segue logo atrás dele; Ela tem sido sua
fonte de transporte ultimamente, levando-o de e para o hospital. Seu pai
assume quando ela tem uma aula para ensinar. Ao entrar, Adele
cumprimenta a equipe do hospital, muitas pelo nome. Dylan tenta
oferecer alguns sorrisos, mas isso ainda não é fácil para ele, não quando
ele está tão ansioso para chegar a Landon.
— Por que você não entra? — Helen pergunta com um sorriso fraco
puxando seus lábios.
KM
— Oh. — A palavra lhe escapa em um suspiro, e ele vacila, lutando
para processar o que está vendo. Lana solta uma risada vacilante e
morde o lábio. Dylan se aproxima e desliza para a cadeira familiar ao
lado da cama. Os olhos de Landon o seguem, seu olhar sem foco, como
se ele estivesse meio adormecido. Seu rosto está tão inexpressivo quanto
quando estava sedado.
— Eu senti sua falta — diz Dylan, sua voz cheia de emoção. — Todos
nós sentimos sua falta.
KM
— Bom... isso é bom, certo? — Dylan pergunta, sente a mão de Adele
em seu ombro, um aperto suave.
KM
Capítulo 4
Matt tem tudo a ver com envolvimento e orienta Dylan a ajudar com a
terapia nas pequenas maneiras possíveis. A princípio, Dylan ficou
inquieto; algo sobre Landon parece tão delicado agora, tão frágil, e ele
tem medo de machucá-lo. Mas agora Dylan aguarda ansiosamente as
visitas de Matt e a oportunidade de sentir como se estivesse ajudando
Landon, mesmo que apenas massageando as mãos ou ajudando-o a
enrolar os dedos em punho, ou mantendo a perna firme enquanto Matt
faz a maior parte do trabalho.
Hoje Matt anuncia que eles vão se sentar. A princípio, Dylan não
entende o que ele quer dizer; a cabeceira da cama de Landon já está
elevada a mais de 45 graus, e as enfermeiras gostam de apoiar
KM
travesseiros atrás dele, até que ele esteja em uma pequena poltrona-
cama. Mas, em seguida, Matt abaixa o pé da cama até ela ficar plana,
reorganiza os travesseiros e limpa um ponto na beira da cama.
Landon olha para Matt da mesma maneira que ele olhou para todo
mundo nos últimos dois dias, só que desta vez suas sobrancelhas se
contraem; seu olhar desliza de Matt para Dylan, de volta para Matt.
— Você está bem hoje, Landon. — Matt pega alguns dedos de Landon
na mão. — Você pode apertar meus dedos para mim?
KM
— Vou conversar com o terapeuta ocupacional — diz Matt. — Deixá-
lo saber sobre suas melhorias hoje.
— Obrigado.
Matt sorri e passa a mão pelos cabelos que Dylan só poderia começar
a descrever como bagunçado e chique. — Tudo bem, vamos nos sentar.
KM
move o tornozelo no menor círculo. Então ele muda para exercícios
passivos, para ajudar Landon a manter uma amplitude de movimento
normal.
São apenas pequenas coisas, mas para Dylan parecem saltos e, quando
colocam Landon de volta na cama, Dylan pode dizer que Landon está
exausto. Seus olhos estão lutando para permanecerem abertos. Mas pelo
menos eles estão lutando por alguma coisa.
Matt sai com um sorriso e promete voltar amanhã, e pela primeira vez,
Dylan sente um otimismo genuíno em relação ao futuro.
***
É mais fácil.
KM
— Eu não. — Ela sacode a cinza do final, oferece a ele. Dylan hesita,
os olhos passando dela para o cigarro antes que ele finalmente o aceite e
o coloque desajeitadamente entre os lábios. Ele dá uma tragada
profunda demais e começa a tossir; seus lábios se voltam em desgosto.
— Sim?
KM
esses lábios quando ele voltou da escola e eles ficaram acordados até
tarde assistindo programas de TV juntos. Ele sempre corava quando
percebia o que estava dizendo.
Agora ela tem sorte se ele abrir os olhos quando ela estiver na sala.
Ele chuta uma pedra e a vê rolar na grama. Lana entende; Faz alguns
dias que Landon começou a acordar com alguma frequência, e as
repercussões de sua lesão estão se tornando cada vez mais aparentes.
— O que eles disseram? — Lana pergunta, mas ela não tem certeza de
que realmente quer saber.
Dylan respira fundo e vira o rosto para o sol com os olhos fechados.
KM
— Alguns dos mesmos — diz ele. — É difícil saber danos duradouros
tão cedo, mas...
Lana olha para ele. — Mas haverá. Dano duradouro. Nem sequer é
uma pergunta. Todos eles sabem.
— Sim. Haverá.
Sua voz é suave. Lana sabe o quão difícil é ficar junto, sentir como se
estivesse prestes a se dissolver a qualquer momento em que o mundo
não faz mais sentido, quando tudo o que é impossível se torna
repentinamente tudo o que é real. Quando alguém que você ama nunca
mais volta.
***
Quando Dylan volta ao quarto de Landon, a luz ainda está acesa e ele
vê uma pilha de cartões laminados na cama entre Landon e Helen. Helen
olha para cima quando Dylan entra.
KM
— Estávamos passando os cartões que o fonoaudiólogo deixou para
Landon — explica Helen, enquanto Dylan se senta do outro lado da
cama. O olhar de Landon viaja de Helen para Dylan; seus dedos se
contraem na mão de Dylan. Dylan os envolve na sua, e beija a bochecha
de Landon.
KM
parece cansado, e uma carranca vinca o espaço entre os olhos. Ele
continua mexendo as pernas debaixo das cobertas.
— Ok... — Dylan está perdido. Ele morde o lábio e pega o resto dos
cartões, colocando-os no colo de Landon. Há uma variedade de fotos
neles, mostrando atividades, necessidades pessoais básicas e diferentes
partes do corpo que podem estar causando dor. Landon olha por cima
dos cartões; seus olhos se fecham e se abrem novamente antes de ele
cutucar um.
KM
ajusta os travesseiros atrás dele em uma forma que parece um pouco
mais confortável. Landon se recosta com um sorriso no rosto.
— Melhor?
KM
— Eu tenho seu anel. — Dylan mantém a voz calma e firme. — Está
em casa, esperando você usá-lo novamente.
***
Helen se junta a eles mais tarde; seus olhos estão cansados, mas seus
cabelos foram lavados e ela parece revigorada. Um café grande está em
suas mãos. Dylan a atualiza sobre as realizações do dia e Helen pega a
mão de Landon, e diz a ele como ela se orgulha dele. Eles ficam em
silêncio, e Dylan folheia uma revista que Adele trouxe no início do dia,
algo sobre a vida orgânica, mas ele não consegue se concentrar nisso.
Seus pensamentos estão muito envolvidos no dia, no que essas pequenas
melhorias podem significar. Este é apenas um pequeno passo em uma
KM
longa recuperação? Ou é assim que a vida de Landon será agora, uma
existência de apertos de mão, cartões com figuras e palavras quebradas?
KM
romantizado, feito bonito por luzes e maquiagem. Na TV, os médicos se
envolvem com uma cura mágica ou correção heroica, e tudo está bem
novamente. Mistério resolvido, vidas reunidas em quarenta e cinco
minutos.
KM
— Está tudo bem — sussurra Helen. Dylan não tem certeza se ela está
tentando tranquilizá-lo. — Está bem. Vai ficar tudo bem.
Ele deseja poder sentir algo por eles, que ele possa reunir energia para
sentir algo por alguém neste lugar, mas não tem certeza de que pode, não
com suas emoções colidindo, explodindo, sufocando dentro dele. Ele
não sabe se é empatia ou apatia que sente pelo homem e pela mulher,
mas ele gostaria de saber. Tudo o que ele sabe é que todo pensamento,
KM
toda pontada no peito, toda batida do seu coração acelerado vai para
Landon.
KM
pequenas coisas: os cílios de Landon, a cânula nasal serpenteando sob o
nariz, a suave separação dos lábios, as sardas que pontilham a pele, a
ascensão e queda do peito a cada respiração.
Ele não sabe o que dizer, apenas ouve Helen chorar baixinho,
segurando a mão de Landon, e se pergunta se o mundo vai desacelerar
para que ele possa pensar novamente.
O quarto está escuro quando Dylan acorda. Ele está curvado para a
frente, os braços formando um travesseiro improvisado na cama de
Landon. Há uma dor nas costas e baba que ele rapidamente enxuga na
bochecha, mas ele se sente descansado, com a cabeça limpa. Um
cobertor que ele não se lembra de pegar escorrega dos ombros enquanto
se senta; ele arqueia a coluna enquanto se estica de volta na cadeira... e
congela.
KM
— Você dormiu por muito tempo — diz Dylan depois de um momento.
Landon pisca, seus olhos focados no rosto de Dylan. Por favor, fique
acordado. — Você pode dormir o tempo que quiser, eu não me importo.
Eu só quero que você fique bem.
Por favor fique. — Eu estarei aqui, sempre que você estiver pronto.
Leve o tempo que precisar. Vou esperar aqui por você, prometo.
***
KM
lo, e sabe que não deveria, mas deixa o telefone de lado. Dizendo a si
mesmo que ele responderá amanhã.
Tate parece assustado agora: seus olhos estão arregalados e seu rosto
está pálido. Ele deve ter vindo logo após o trabalho, porque ele ainda usa
uma camisa ligeiramente enrugada, seu cabelo escuro está bem escovado
e Dylan pode ver manchas de marcador rosa e verde em suas mãos. Tate
entra na sala, seus olhos se movendo do monitor rastreando os sinais
vitais de Landon, para o suporte de soro ao lado de sua cama, de Dylan
para Landon. Os olhos de Landon estão fechados no sono, mas Dylan
sabe como deve parecer: as duras cicatrizes vermelhas em sua cabeça,
seus grossos cabelos ruivos raspados até o couro cabeludo, os restos
fracos de hematomas ainda em sua bochecha.
KM
— Ele está dormindo agora — Helen explica, sua voz tão firme e clínica
como a de um médico. — Ele esteve dentro e fora nos últimos dias, então
ele pode acordar para você.
— Como ele está ... — Tate começa. Dylan abaixa os olhos, sentindo-
se culpado por não ter mantido ninguém atualizado. — Fazendo, eu
quero dizer.
— Ele teve algumas dificuldades — diz Helen, e Dylan acha que essa
palavra não pode sequer começar a cobrir o medo que ele sentiu ontem
durante a convulsão de Landon. — Mas os médicos dizem que ele está
melhorando.
Tate assente, e seus lábios se abrem como se ele quisesse fazer mais
perguntas, mas está com medo - com medo das respostas, talvez. A
ansiedade dá um nó no intestino de Dylan; ele está desconfortável com
a reação de Tate e não consegue mais ficar sentado aqui. Ele se levanta,
murmura uma desculpa que precisa de ar e sai. Ele vagueia pelo hospital,
apertando as mãos para tentar se livrar dos nervos formigando sob a
pele.
Ele não esperava que Tate tivesse esse efeito: é um lembrete absoluto
de como era a vida deles antes. De tudo que eles perderam. Ele se lembra
de Landon ficando acordado até tarde para estudar com Tate, lembra-se
de ter encontros duplos com Tate e sua namorada na faculdade, lembra-
KM
se, apenas algumas semanas atrás, de tomar uma bebida em uma
cervejaria local com eles. Eles não conversaram sobre nada importante,
apenas passaram a noite rindo demais de cerveja. Foi divertido, alegre e
algo que Dylan não pode imaginar fazendo de novo. Não mais.
Ele compra um refrigerante apenas para ter algo para fazer e passa o
tempo fora do prédio até que sua cabeça comece a clarear e o
constrangimento se arraste. Ele sabe que se Landon fosse capaz disso,
ele o repreenderia por partir tão rudemente. Dylan sorri, imaginando o
modo como as bochechas de Landon ficavam vermelhas quando
discutiam, o olhar que ele receberia quando encarasse Dylan. O jeito que
Tate balançava a cabeça quando brigavam, chamando-os de casal depois
de apenas alguns meses de namoro.
Tate está sozinho no quarto quando Dylan volta; ele observa Dylan
entrar com olhos inseguros.
KM
Dylan olha para os cobertores que cobrem Landon e deseja ter uma
boa desculpa para dar a Tate. Ele não tem.
— Sinto muito — repete Dylan. Ele não sabe mais o que dizer. Tate
solta um suspiro e esfrega a mão sobre o rosto, como se estivesse
tentando não chorar.
— Ele é meu melhor amigo. Todos os dias que não sabia o que estava
acontecendo, sentia que não conseguia me concentrar em mais nada.
KM
— Obrigado.
KM
seus olhos encontrem Tate. Tate oferece um sorriso, mas é tenso e há um
minuto de tremor nas mãos dele.
— Ei, Lan — diz Tate, com a voz vacilante. Ele olha para Dylan como
se não tivesse certeza do que está fazendo, e Dylan dá um aceno
encorajador. Tate levanta a mão, faz uma pausa e a apoia no antebraço
de Landon. O olhar de Landon pisca no braço antes de voltar para Tate;
ele parece estar tentando entender com uma expressão de concentração
diferente de qualquer uma que Dylan tenha visto antes. Faz a respiração
de Dylan gaguejar, e ele espera para ver o que vai acontecer.
KM
Tate, atordoado, observa a mão de Landon onde ela descansa perto da
sua e olha para cima quando uma risada aguda escapa dos lábios de
Dylan.
Landon olha entre eles. Dylan não pode ter certeza, mas ele acha que
vê o menor eco de um sorriso.
KM
Capítulo 5
Landon tem tudo planejado. Amanhã. Ele tem ingressos para eles
verem a banda favorita de Dylan, tem um jantar romântico reservado
em seu restaurante favorito. Ele tem rosas prontas para serem pegas
na loja de flores, anéis escondidos na gaveta das meias, uma lista de
reprodução feita para quando eles voltarem para casa. Ele tem um
discurso escrito, passou horas memorizando-o e não há como ele
estragar tudo, porque será perfeito.
Está tudo planejado, e ele prometeu não pensar nisso até amanhã,
mas ele já está nervoso, seu estômago está vibrando e revirando. Ele
não consegue parar de encarar Dylan quando Dylan não está olhando,
imaginando-o de terno com uma faixa dourada no dedo. Ele cora e se
KM
afasta quando Dylan o pega assistindo e mexe nas mangas, fingindo
estar interessado em algo a distância.
— Nada.
— Não, eu proíbo.
Dylan aperta os olhos, com o rosto sério e assente. — Ajuda que você
tenha decidido que a roupa é opcional durante o cozimento.
KM
— A cozinha fica quente! — Landon protesta, cruzando os braços. —
Talvez se você parasse de mover o ventilador para a varanda, eu não
seria obrigado a cozinhar nu.
KM
algodão doce, meio rosa e meio azul. Dylan rouba todo o lado azul,
rindo quando Landon faz beicinho. Eles compartilham um beijo à
sombra de uma árvore; seus lábios são doces e pegajosos.
— Eu acho que você pode ser o meu favorito — diz Dylan quando eles
retornam lentamente ao mercado, enquanto as sombras começam a
crescer ao redor deles no sol poente.
KM
o momento terminar tão cedo. Tem sido um ano agitado, e os horários
deles nem sempre coincidem; as obrigações sociais preenchem seus
dias livres e já faz um tempo desde que eles tiveram um dia como esse,
aberto e gratuito, apenas eles. Landon deseja que dure um pouco mais.
Landon fica boquiaberto. Ele sabe que parece ridículo, mas não pode
evitar: ele não pode acreditar nisso. Todos os seus planos e segredos
cuidadosamente elaborados, e agora sua proposta é estragada por
Dylan perguntando primeiro?
— Não... — Landon começa, antes que ele perceba como isso soa e
feche sua boca quando o sorriso de Dylan desaparece.
KM
— Não? — Os olhos de Dylan procuram o rosto de Landon. — Ok...
uau, hum. Acho que pensei...
KM
— Entendo. — Há um toque suave sob o queixo, levantando sua
cabeça até que ele possa ver o rosto de Dylan. — Você planeja isso há
muito tempo, não é? —
Landon assente.
— E eu acabei de arruinar.
KM
— Prometo que vou esquecer tudo — diz Dylan, cutucando seu ombro
contra Landon. — Vou agir completamente surpreso.
***
— Landon.
KM
lábios, é demais. Landon não pode processá-lo, então ele apenas fecha
os olhos e tenta respirar.
***
— Olá, dorminhoco.
Não é Dylan. Ele deixa a cabeça rolar para o lado de onde a voz está
vindo e vê uma garota com longos cabelos ruivos trançados na lateral,
olhando para ele com preocupação. Lana, ele pensa, mal consegue
entender o nome através da névoa de seu cérebro. Irmã dele. Ele a
encara, tenta entender. Dylan estava aqui, ele pensou que estava, mas...
talvez... tudo está nebuloso e ele não consiga manter nada reto e é tão
difícil pensar...
KM
— Landon? — Esta é uma voz diferente. Ele abre os olhos. Quando ele
os fechou? Ele não sabe. Dylan está do outro lado. — É sua cabeça? Você
quer que eu chame a enfermeira?
Não, ele não precisa da enfermeira; sua cabeça está apenas confusa,
tentando desesperadamente se resolver, mas está cheia de mel e melaço,
aderindo às engrenagens e rodas e tornando tudo tão lento. Ele quer
dizer a Dylan que está bem, ele está bem, mas sua língua não se move,
as palavras não vêm e seus lábios se contraem inutilmente.
Então ele fecha os dedos em punho, porque é a única coisa que ele
pode pensar em fazer, e algo que parece decepção cruza o rosto de Dylan.
Mas ele não fica bravo, apenas dá um pequeno aceno de cabeça antes de
desenrolar o dedo indicador de Landon, segurando-o acima dos outros.
KM
Ele faz, ele pensa que faz, uma sombra de uma memória surge. Eles
fizeram isso antes. Ele tenta se concentrar, tenta solidificar esses
movimentos em uma memória que permanecerá.
Eu não sei, Landon quer dizer, mas não há movimento dos dedos para
isso. Seu mundo é reduzido a respostas de sim ou não e a perguntas que
ele nem sempre entende. Ele não sabe por que está aqui, não sabe o que
aconteceu para tornar tudo tão difícil, para fazê-lo se sentir tão cansado
o tempo todo, para fazer todo o corpo parecer como se estivesse sendo
pesado, para fazer todos os movimentos parecerem tão difíceis,
desajeitados e lentos, é como se ele estivesse lutando através de um rio
de xarope. Ele não entende por que sua cabeça não para de latejar, não
entende a dor que se instalou no fundo de seus ossos ou por que as
palavras não fazem mais sentido, por que todo mundo fica chorando
quando o vê.
KM
Sim.
***
Dylan volta ao trabalho. Ele está perdido nos primeiros dias e seus
colegas de trabalho na pequena empresa de design gráfico em que
trabalha oferecem sorrisos e palavras encorajadoras, ajudando-o a voltar
com um pequeno projeto. Ajuda um pouco, mas ainda é difícil, e ele olha
para o computador, incapaz de se concentrar, seus pensamentos presos
em algum lugar entre o hospital e onde ele realmente está. Não é até
Tracy, a garota baixa e energética que divide a mesa com ele, deslizar a
cadeira e começar a preenchê-lo, que ele começa a se concentrar. Seu
cabelo loiro selvagem mal está contido em um coque e balança enquanto
ela fala. Ela atualiza Dylan sobre todo o drama do escritório que ele
perdeu; ela é uma conversa intercalada com orientações gentis que
conduzem Dylan ao projeto relativamente simples. Isso ajuda e,
lentamente, ele volta para uma rotina esquecida de uma vida diferente.
O médico lhe dá permissão para tirar a tipoia, e seu braço ainda está
dolorido e rígido, mas as coisas parecem um pouco mais fáceis sem ela.
Ele mantém contato, certificando-se de atualizar Tate, membros da
família e outros amigos que enviaram mensagens preocupadas que ele
ficou sem resposta. Não é fácil, e há dias em que ainda é demais, quando
ele apenas quer bloquear o resto do mundo, para tentar fingir que nada
KM
disso aconteceu; mas ele sabe que não pode, e nenhuma quantidade de
desejo ou negação pode voltar no tempo.
Mas ele também observa Landon ficar acordado e alerta por períodos
mais longos, e começar a interagir com as pessoas ao seu redor. As
mudanças são apenas pequenas, pequenas conquistas em um vasto mar
KM
de limitações, mas Dylan aprendeu que, se você não se animar com as
pequenas coisas, não terá nada.
Ele está atrasado e alguém já está na sala quando chega lá, alguém com
cabelos ruivos e uma risada que ricocheteia nas paredes, a voz cheia de
encorajamento: Isla, uma das terapeutas ocupacionais de Landon. Ela se
senta na cadeira ao lado da cama, uma mochila ao lado dela. Os dois se
viram quando Dylan entra. Landon quase parece... animado.
— Você quer mostrar a Dylan o que você pode fazer? — Isla pergunta,
entregando a Landon uma bola de espuma vermelha que ele não a notou
segurando. Ela se levanta, apontando para Dylan se sentar na cadeira
que acabou de desocupar, e ele olha, olhando dela para Landon, confuso.
KM
Os dedos de Landon pressionam a bola de espuma, formando pequenas
impressões e, com sobrancelhas franzidas, ele se concentra em Dylan.
Com um grunhido tão quieto, Dylan mal ouve, Landon joga a bola, que
apenas passa a cama e bate nos joelhos de Dylan. A bola bate no chão,
mas Dylan é rápido em pegá-la. Ele olha para Landon com o coração
acelerado.
— Você... — Dylan começa. Ele levanta a bola até tocar seu queixo e
um sorriso surge em seu rosto.
— Acho que podemos terminar o dia — diz Isla. Ela reúne as coisas
dela. — Você fez muito bem hoje, Landon. — Ela toca o braço dele, sorri
e olha para Dylan. — Você pode ficar com isso. — E com uma piscadela
ela se foi, fechando a porta atrás dela com um clique.
KM
garganta de Dylan parece apertada, e ele sabe que é bobagem - Landon
está fazendo muitas melhorias, e é apenas uma bola de espuma barata -
mas algo sobre esse pequeno jogo de pegar aliviou a dor dentro dele, lhe
deu uma maneira de interagir com Landon através de algo diferente de
apertos de mão e toques leves.
— Eu te amo muito, você sabe disso, certo? — Dylan diz quando ele
está sentado e descansa a cabeça no ombro de Landon. Se ele fechar os
olhos, quase consegue fingir que estão de volta em seu minúsculo
apartamento, Landon aconchegando-se perfeitamente ao lado dele,
como se fosse uma noite de sexta-feira e eles ficassem lá, assistindo
juntos um filme no sofá. Ele pode desligar o som do hospital ao seu
redor, os anúncios altos sendo ditos, e se concentrar na sensação de
Landon ao seu lado, nos sons suaves de sua respiração, no calor de sua
pele.
Ele pode se concentrar em seu noivo, que jogou uma bola de espuma
barata e fez Dylan se sentir mais orgulhoso do que há muito tempo.
Porque não é apenas a ação, mas o que a ação significa: que talvez, algum
dia, Landon possa estar um pouco mais perto de tudo bem. Que ele
nunca deixará de surpreender Dylan, e que Dylan sempre estará lá para
KM
lhe dar o apoio que ele precisa. Que ele sempre deixará Landon saber o
quanto ele o ama.
Seus pensamentos se quebram quando algo atinge seu peito, e ele abre
os olhos e olha para Landon. Há um sorriso de verdade no rosto de
Landon, e a bola rolou da cama. Dylan percebe que Landon acabou de
jogar a bola para ele, como se estivesse tentando chamar a atenção de
Dylan.
***
KM
Eles falam sobre instalações de atendimento, locais onde Landon pode
ficar e obter os cuidados de que precisa. Eles falam sobre centros de
reabilitação distantes e listam tantas opções que a cabeça de Dylan gira
e seu estômago se aperta inquieto. O pensamento de Landon morando
em outro lugar, mesmo em outro lugar da cidade, não é algo que Dylan
queira entreter. Logicamente, ele pode entender os pontos deles; eles
estão apenas tentando decidir o que é melhor para Landon; todos se
preocupam com a recuperação dele.
E é difícil, porque Landon não pode falar por si mesmo, não pode dizer
a eles o que ele gostaria, para onde ele gostaria de ir, e eles têm que
operar sob premissas e na crença de que estão fazendo o melhor. Eles
não podem perguntar a Landon, que não seria capaz de entender o que
eles estão pedindo. Mas Dylan conhece Landon. Ele viveu com Landon
por quatro anos, o amou por mais tempo, e algo no fundo dele sabe que
Landon não gostaria de ser despachado, se isso o forçava a viver em
algum lugar desconhecido, cercado por pessoas que ele não conhece,
longe de sua família e amigos, e isso só pioraria as coisas.
Mas Dylan fica quieto. Ele não sabe como transmitir isso
adequadamente em uma sala cheia de pessoas com graus extravagantes
que usam palavras que soam caras. Nada final está decidido, mas Dylan
sai com uma pilha de folhetos e folhas de informações nas mãos, e uma
sensação de pavor no fundo.
KM
***
Leva três dias para eles falarem sobre isso novamente. Landon tem
outra convulsão enquanto Dylan está trabalhando. Ele só ouve falar
depois de chegar ao hospital à noite. Eles ainda estão ajustando os
medicamentos, tentando encontrar as doses certas, e isso deixa Landon
exausto, com os olhos lutando para abrir a cada dia. Dylan aperta ainda
mais sua mão, oferece palavras ainda mais encorajadoras e tenta não
pensar em dizer adeus.
KM
Dylan assente, sentindo seu estômago afundar. — Está quebrado há
algumas semanas — diz ele com relutância. John e Helen trocam um
olhar. Isso já não está indo do jeito que ele quer.
KM
— Estamos pensando — diz John, colocando sua própria bebida em
um porta-copo. — Queremos que Landon volte para Madison conosco.
— Por favor, com licença — diz ele. Ele coloca o chá gelado no chão,
se levanta e atravessa a sala de estar até o banheiro. Ele fecha a porta
atrás dele e se inclina contra ela, tentando recuperar o fôlego que está
tentando escapar dele. O pânico se curva dentro dele em tentáculos que
envolvem seus pulmões, e ele se afasta da porta e joga água no rosto.
Seus dedos se apertam contra a porcelana fria da pia e ele olha para a
KM
escova de dentes de Landon, dobrada ao lado da dele, para a pasta de
dentes de menta e baunilha que ele sempre insiste em comprar, mesmo
que Dylan ache o gosto nojento.
Ele não consegue imaginar uma vida sem isso, sem a escova de dentes
de Landon e a pasta de dente nojenta. Sem as camisas enfiadas no
armário ao lado das de Dylan, sem as estúpidas barras de café da manhã
tomando conta da despensa e o vício em café fazendo o apartamento
cheirar como o café local. Sem suas discussões mesquinhas sobre quem
é a vez de tirar o lixo, e quem está trabalhando demais, e se eles devem
assistir a reprises de Say Yes to the Dress ou True Blood. Sem as
pequenas anotações que Landon infiltra no almoço de Dylan ou gruda
no espelho do banheiro quando ele precisa sair mais cedo para o trabalho
ou o bolinho surpresa entregue durante o intervalo de almoço de Dylan.
Sem o karaokê noturno e o sexo preguiçoso da manhã, os eu te amo e as
desculpas e as promessas nem sempre cumpridas, mas sempre feitas
com seriedade.
— Estou bem. — Ele sabe que ela não acredita nele, mas ela não diz
nada, apenas o puxa para um abraço.
— Vai ficar tudo bem — ela assegura. Dylan deseja poder acreditar
nela. — Apenas diga a eles o que você acha melhor.
KM
Ele assente, e eles retornam à sala de estar. Helen e John estão
esperando, vendo quando ele entra na sala mais uma vez. Eles parecem
nervosos, e Dylan respira fundo, tentando permanecer alto em sua
determinação.
John parece que está prestes a discutir, mas Dylan chega lá primeiro.
KM
— Você trabalha em período integral — diz Helen. — Você não pode
simplesmente deixar seu emprego para cuidar dele.
— Prometo que farei tudo o que puder para garantir que ele esteja
bem. Qualquer coisa que ele precisar. Apenas... deixe ele ficar.
— Que tal tirar um dia ou dois — diz Adele, dirigindo a conversa com
a voz firme que ela usa em suas aulas. — Pense em nossas opções. Há
muito a considerar.
KM
Dylan quer encará-la; ele não quer uma demora de um dia ou dois.
Mas ele se detém e olha para o chão, muito nervoso para dizer qualquer
coisa.
Adele coloca uma mecha de cabelo atrás das orelhas. — Você acha que
você está tomando a decisão certa?
KM
Ele agarra a mão de Adele. Ele quer que ela entenda o verdadeiro peso
de suas palavras.
— Eu sei que você faria, querido — diz ela, sorrindo para ele. — Mas
Landon vai precisar de muita ajuda e será um grande compromisso.
— Então eu acredito que você pode — Adele beija o topo de sua cabeça.
— Você deveria dormir um pouco, está ficando tarde.
São apenas nove horas, mas Dylan não discute; ele está drenado após
os eventos de hoje. Ele dá um abraço em sua mãe, dá boa-noite ao pai e
volta para o quarto. Ele fica acordado por mais uma hora, olhando online
as listas de casas a preços acessíveis, mostrando pontos de tudo o que ele
poderia precisar. Ele sabe que cuidar de Landon não será fácil, mas
agora, é a única coisa que ele quer fazer.
***
KM
alcance. Ele olha até seus olhos queimarem, até Dylan perguntar se ele
está bem, e tudo o que ele quer fazer é perguntar qual é essa foto, o que
significa, mas ele não pode.
KM
sensação de clareza que ele não se lembra de ter sentido antes. Ele já se
sentiu tão acordado em sua vida?
Sua cabeça rola para o lado, onde ele pode ver Dylan cochilando na
cadeira, a exaustão cobrindo seu rosto. Ele precisa acordar Dylan. Não
existe um pensamento racional por trás dessa necessidade, ela
simplesmente existe. Ele precisa, e Dylan é o único que pode entender.
Landon tenta alcançá-lo com a mão trêmula, mas ele não pode
levantá-la mais do que alguns centímetros da cama, e Dylan está muito
longe. Talvez ele devesse tentar bater contra o corrimão? Isso parece algo
que ele poderia fazer, e pode fazer barulho suficiente para acordar Dylan.
Exceto que a mão dele está muito pesada, fica cada vez mais pesada
quanto mais ele a move, e ele não consegue reunir força suficiente para
fazer outra coisa senão agarrar fracamente o plástico áspero do
corrimão. Ele flexiona os dedos ao redor e sente a dor nos músculos, e
tenta se fortalecer.
KM
— Lan — Não era exatamente o que ele queria, e o som é quase
inaudível até para seus próprios ouvidos, mas é um começo. Ele tosse
novamente e cava as unhas na palma da mão. Ele repassa os sons que
sabe que pode sair, tentando se concentrar em como cada um se sente
em sua boca.
— Lan — ele tenta novamente, desta vez com um pouco mais de força
por trás da palavra. — Despertar. — Isso soa mais parecido com a
realidade, mas os olhos de Dylan se abrem e uma carranca cruza seu
rosto.
— Landon?
5
Em inglês barco é Boat, por isso o som de T que ele tenta fazer.
KM
— A foto do barco? — Dylan pergunta. Ele ainda parece que não
consegue acreditar no que está acontecendo. — O que tem isso?
***
KM
Dylan estaciona a cadeira de rodas de Landon ao lado de um banco e
se senta. É uma cadeira de rodas emitida por um hospital, cedendo ao
uso excessivo, mas eles pediram uma boa para a alta, feita sob medida
para as necessidades de Landon. É estranho pensar em seu noivo
enérgico confinado a uma cadeira de rodas - outra coisa em uma longa
lista de mudanças às quais Dylan precisará se acostumar. Uma
enfermeira mostrou a ele como prender o tubo de alimentação no
pequeno botão no estômago de Landon, e Matt faz com que ele leve
Landon da cama para a cadeira de rodas em um movimento quase suave.
Isla os faz trabalhar juntos para vestir Landon, para que Landon faça o
máximo que puder enquanto Dylan preenche o resto; isso significa
principalmente que Landon levanta os braços para que Dylan possa
deslizar uma camisa por cima da cabeça, muda de um lado para o outro
enquanto eles trabalham com uma calça de moletom e enrola os dedos
dos pés, enquanto Dylan veste as meias. Não é muito, mas é alguma
coisa.
— Está bom hoje — diz Dylan, olhando de soslaio para o sol brilhando
no alto. O final de agosto trouxe sinais de um início de outono: o calor
do verão desaparecendo, as folhas com tonalidades de vermelho e
laranja. Já faz quase um mês e meio desde o ataque, e o médico de
Landon projeta que serão necessárias apenas mais duas semanas até que
ele possa ir para casa - duas semanas que soam tanto, mas ainda não o
suficiente. Dois dias se passaram desde a discussão de Dylan com os pais
KM
de Landon, e eles ainda não chegaram a uma resposta sólida. Cada hora
deixa Dylan mais ansioso.
— Para você — diz Landon, as palavras são calmas, mas existem, uma
frase que ele não poderia ter dito alguns dias atrás. Dylan pega, passa o
polegar por cima das pétalas macias e depois coloca a flor atrás da orelha
direita de Landon.
KM
queda em seus ombros, uma confusão sempre presente em seus olhos,
uma quietude sobrenatural que se instalou sobre ele que não existia
antes e que torna impossível para Dylan fingir que nada disso aconteceu.
Mas talvez não seja isso que ele queira, ele percebe, observando
Landon fechar os olhos e virar o rosto em direção ao sol. Ele não quer
mais fingir, porque o que aconteceu aconteceu. Nenhuma quantidade de
desejos ou vontades pode mudar o passado, nenhuma quantidade de
gritos e choros com o quão injusto isso é pode curar o cérebro de Landon,
pode corrigir o erro que ele está tentando tanto escapar. Esta é a vida
dele agora, esta é a vida deles; e fingir que não é, é desrespeitoso com
tudo o que Landon está passando. Não existe Landon passado, nem
Landon futuro. Há apenas Landon, o homem que ele ama a cada batida
do coração, a cada respiração que ele respira. Landon, o homem com
quem ele prometeu se casar, para ficar ao lado, não importa o quê.
Landon, que precisa de sua ajuda agora, que tem que confiar em todos
ao seu redor para conseguir a menor das coisas, mas ainda é a mesma
pessoa por quem Dylan se apaixonou todos esses anos atrás. Não adianta
fingir, não adianta perder tempo com desejos fúteis, nada a ser
alcançado pelo e se. Dylan percebe agora o quão especial é cada
momento: cada segundo que ele segura a mão de Landon, cada palavra
de encorajamento que ele sussurra em seu ouvido, todos os dias
passados sentados juntos, apenas... sendo. Vivendo. Respirando.
KM
Uma garganta limpa, quebrando Dylan de seus pensamentos, e ele
olha para cima e vê o pai de Landon parado ao lado.
— Existem algumas casas em St. Paul que acho que deveríamos olhar
— diz John, passando os papéis para Dylan. Dylan olha para eles
silenciosamente, seu cérebro lutando para processar o que isso significa.
— Algumas delas já são acessíveis para deficientes físicos, mas existem
algumas opções promissoras que poderíamos facilmente consertar.
KM
Ele aponta para uma; o papel enruga no aperto apertado de Dylan.
KM
Landon o olha com curiosidade, como se ele realmente não entendesse
o que está acontecendo, mas pudesse sentir a excitação de Dylan.
— Vamos encontrar uma casa que eu sei que você vai adorar — diz ele,
esperando que Landon entenda. — Ninguém vai te levar embora. Vamos
mostrar a eles que eles não venceram. Ainda estamos juntos e ninguém
pode mudar isso.
Ele ouve uma fungada e sente que Helen está tentando limpar os olhos
discretamente, mas ele não desvia o olhar de Landon. Ele o beija mais
uma vez, desta vez na testa. Landon aperta suas mãos, seu aperto mais
firme do que Dylan sentiu antes, e ele pensa que, de alguma forma,
Landon sabe.
KM
Capítulo 6
Ela leu sobre Landon, sobre sua lesão (traumática), sua reabilitação
(extensa), seu prognóstico (esperançoso) e suas necessidades (total). Ela
memorizou tudo o que há para saber sobre ele, porque este é um grande
trabalho e ela tinha que ter certeza de que é algo que ela quer se
comprometer. Mas ela não pesquisou Dylan, não sabe nada sobre ele
além do tom metálico de sua voz por telefone, que ele é designer gráfico
de uma pequena empresa independente e que está completamente
apaixonado por Landon. Mas agora, com Dylan sentado aqui diante dela,
parecendo que ele realmente precisa de um bom abraço e talvez alguns
biscoitos, ela percebe que não sabe nada importante sobre ele.
KM
Eles estão reunidos na pequena cafeteria do hospital, sentados diante
de sofás estofados, Janessa em um, Dylan no outro, sua mãe e a mãe de
Landon nos dois lados. É um pouco intimidador. Ela toma um gole
nervoso de seu café, certa de que esta é a entrevista de emprego mais
desconfortável que ela já esteve. Não ajuda que Dylan e Helen pareçam
tão inquietos quanto ela. Adele sorri encorajadoramente e ela relaxa um
pouco.
— Claro, tudo bem — ela respira e tenta se sentar o mais alto que pode.
— Tenho 24 anos e sou prestadora de cuidados certificada, trabalhei
como CNA por cinco anos e...
Ela manteve as cores em desafio à sua família rígida, por não gostar
do nome Jenny, mas agora, preparando-se para a rejeição, ela se
pergunta se talvez sua avó estivesse certa. Dylan sorri para ela como se
KM
ele pudesse sentir o que ela está sentindo, como se estivesse tentando
tranquilizá-la.
— Isso é novo para mim. Para nós — Dylan diz antes que ela possa
responder. — Eu nunca pensei... eu nunca imaginei que estaríamos
fazendo algo assim, e eu só quero ter certeza de encontrar o melhor
ajuste possível para Landon.
KM
Minnesota College of Art and Design. Eu me considero uma artista há
muito tempo, na verdade, mas agora só vendo algumas coisas no Etsy.
— Então, o que fez você se candidatar a essa posição? O que fez você
querer trabalhar com Landon?
KM
Janessa respira fundo. É isso. Essa é a parte importante. É isso que
decide se ela consegue o emprego.
Ela não tem certeza de como aceitar isso, o sorriso gentil no rosto de
Helen, a maneira como Dylan ainda está olhando seu café. Essa família
está danificada, magoada e com dificuldades, e talvez seja pedir demais,
talvez seja uma mudança muito grande para eles agora; talvez nunca
encontrem a pessoa perfeita para Landon. Mas ela quer tentar. Ela não
vai decepcionar.
KM
heroína, quero ajudar da maneira que puder, porque você e Landon
merecem alguém que se importe. E eu me importo.
— Neste caminho. — Ele faz um gesto para ela seguir. Eles sobem o
elevador dois andares, seguem por um corredor e dobram algumas
esquinas antes de parar em frente a uma porta simples de madeira,
decorada com figuras que parecem ter sido desenhadas por crianças
pequenas e uma placa que diz Risco de Queda.
KM
persianas parcialmente abertas e uma mochila está no canto, pequenas
pilhas de papéis e livros estão sobre uma mesa, algumas bugigangas
estão em uma prateleira ao lado da cama. Parece caseiro, confortável;
claramente as pessoas passam muito tempo aqui.
— Landon, essa é Janessa. Ela pode estar nos ajudando quando você
chegar em casa — a boca de Janessa parece seca, mas ela engole e sorri
e assente com a cabeça em direção a Landon.
KM
— É um prazer conhecê-lo. — Ela dá um passo à frente e ordena a si
mesma para parar de ficar nervosa. Landon é apenas uma pessoa que
teve algo realmente horrível acontecendo com ele, que pode precisar de
ajuda extra agora, mas ainda merece ser tratado com tanta bondade e
respeito quanto qualquer outra pessoa. — Eu ouvi tantas coisas boas
sobre você.
KM
Ela limpa a garganta e fica alta. — Eu estava lendo um pouco sobre
você e vi que você estava aprendendo a tocar guitarra. — Ela está ciente
dos olhos de Dylan nela, de Helen e Adele a observando de perto. — Meu
melhor amigo e eu temos uma banda. Nós nos chamamos de Damned
Damsels, e realmente não somos tão bons, provavelmente porque somos
uma banda de guitarra, gaita e pandeiro, mas fazemos com que funcione.
— Aposto que, se isso der certo, você poderia me dar uma dica ou
duas. Ou, se você tiver algum tipo de vingança contra pandeiros,
podemos fazer o que quiser. Poderíamos pintar quadros ou ir ao parque
o dia todo ou ficarmos a vontade de pijama; essa é geralmente a minha
coisa favorita a fazer. — Ela olha para Dylan e pisca. — Somente quando
ele não está por perto, no entanto. Ele não parece um cara de festa do
pijama.
KM
em sua arte. Na verdade, você provavelmente entende melhor e vai me
mostrar completamente assim que abrirmos uma garrafa de tinta, já sei.
Landon assente de uma maneira que faz Janessa pensar que ele está
de acordo com ela, e Dylan lança um olhar que ela pode imaginá-lo
usando antes - talvez quando eles discutiam sobre qual celebridade é
mais bonita, ou quando Dylan pegava Landon olhando-o em público. De
qualquer maneira, isso a faz rir, e Landon se aproxima de Dylan. Dylan
segura seus dedos e deixa Landon segurar firme.
KM
— Ok — Dylan concorda. — Obrigado.
— Então, não quero tomar nenhuma decisão final hoje, mas se você
ainda estiver interessada em trabalhar conosco, podemos discutir
algumas coisas?
KM
a quatro vezes por semana. Também precisaremos de algumas coisas
para ajudá-lo em casa.
— Entendo totalmente.
Dylan muda de posição e uma expressão hesitante passa por seu rosto.
— Ele vai precisar de ajuda com seus cuidados pessoais, então você
terá que se sentir confortável fazendo essas coisas também.
Ela arrisca e estende a mão para tocar o braço de Landon, e ele olha
para cima, com os olhos nublados. Mas um pequeno sorriso chega aos
seus lábios, e Janessa pode ver como isso é novo e assustador para Dylan
e Landon, enquanto eles lutam para manter o controle em território
completamente desconhecido.
— Estou bem fazendo qualquer coisa que você precise que eu faça,
vocês dois. Honestamente, eu quero estar lá para vocês, e ajudar a tirar
o máximo de estresse de suas vidas que eu puder. Então, se você precisar
que eu compre mantimentos, corra para compromissos ou mate abelhas,
diga a palavra. Estou totalmente à vontade com cuidados pessoais e
médicos e qualquer outra coisa que você precise que eu faça.
KM
Dylan assente, seu rosto ilegível. Ele olha para Landon, cujos olhos
começaram a se fechar.
Janessa aperta o queixo. Ela sabe que existem pessoas assim, mas isso
não a deixa menos zangada.
— Tem sido tão difícil, sabia? Comecei a esquecer que existem pessoas
decentes por aí que realmente querem nos ajudar e não nos machucar,
e... — Dylan respira fundo, sua voz vacilante. — E eu não aguentaria se
alguém machucasse Landon novamente. Eu realmente não poderia.
KM
Dylan funga, levanta a mão para enxugar os olhos e ri trêmulo. —
Bem, eu nunca desmoronei na frente de uma estranha como isso, então
é possível que você já tenha.
— Seria perfeito.
— Janessa, obrigado. Pela primeira vez, sinto que algo pode estar
começando a dar certo.
KM
— Diga a Landon que eu realmente gostei de conhecê-lo?
— Estou ansiosa para ver vocês dois novamente — diz ela, antes de
finalmente sair da sala.
***
Eles mudam de casa. É em St. Paul, em uma área agradável com pouco
tráfego e abundância de árvores. Logan vem de Nova York para ajudá-
los a se mudar; nem sequer leva um dia inteiro, e o minúsculo
apartamento mal aguenta o suficiente para mobiliar a casa. Eles tiveram
que fazer alguns compromissos na casa por custo; e, embora não seja
totalmente acessível para deficientes, eles fazem o melhor que podem.
Logan ajuda a construir uma rampa acima dos três degraus da frente;
eles instalam corrimãos no chuveiro e asseguram que os móveis sejam
organizados da maneira mais aberta possível.
Não é uma casa grande, mas tem um quintal decente com deck de
madeira e um toldo com um balanço na varanda. Não é chique, ou como
qualquer coisa que Dylan já imaginou que eles possuíssem, mas ele já
adora e pode facilmente chamá-lo de lar. Ele espera que Landon goste.
KM
Lana começa a escola novamente. Dylan sabe que está ocupada, mas
ela aparece sempre que pode, ajuda a desfazer as malas e a organizar a
cozinha e critica Dylan pela maneira como ele arruma seus armários.
— Vá primeiro pela época e pelo estilo e depois pela cor, seu imbecil
— ela diz, balançando a cabeça e murmurando algo sobre como ela
achava que os gays deveriam ter uma intuição sobre essas coisas. Dylan
finge protestar, mas ele a deixa reorganizar; ele sabe que ela está
estressada e que isso a ajuda a ter algo a fazer. Ela apresenta uma
maneira prática de organizar as roupas de Landon, em prateleiras
empilhadas no chão do armário para que ele possa alcançá-las
facilmente.
Landon parece sentir que algo está mudando. Dylan tenta explicar,
mas Landon ainda tem dificuldade em reter informações, e ele não acha
KM
que entenderá até que elas estejam realmente lá. Mas Dylan faz questão
de contar a ele toda vez que ele visita, porque mesmo que Landon não
entenda, não é justo esconder as coisas dele.
***
KM
Ele não gosta do jeito que Landon fica tão quieto, raramente se
mexendo, exceto pelo ocasional aperto de sua mão ou inclinação da
cabeça. Ele não gosta do silêncio, o jeito que ele pode dizer que Landon
nem sempre entende o que eles estão dizendo, ou o olhar perdido em
seus olhos quando eles falam. Ele não gosta da maneira como Landon
precisa de ajuda com as coisas mais simples, as poucas palavras
quebradas que ele consegue controlar, ou que seu irmão está sendo
alimentado através de um maldito tubo no estômago porque ele mal
consegue comer. Ele não gosta da simpatia falsa da equipe do hospital,
das promessas de que as coisas vão melhorar.
Talvez seja porque ele se foi e está voltando a esta situação com novos
olhos, mas esse cenário mostra a palavra errada piscando acima de
todos como um sinal de néon. E ele odeia isso.
— Logan?
KM
azul. Logan se lembra de sua filha, Jay, implorando por um cookie
gigante para seu aniversário no ano passado, e ele pensou que era um
sinal de tempos em que as crianças não queriam mais bolo. Jay
perguntou a ele por que ela não podia visitar seu tio Landon, e ele disse
que era porque o tio dela ainda estava muito machucado, e ele não podia
ter muitos visitantes agora. Ela fez beicinho, fungou e pressionou uma
pulseira que tinha feito na palma da sua mão e pediu que ele desse ao tio
Landon.
KM
Logan pode sentir sua mãe olhando para ele, então ele se move para o
lado e se senta no canto da sala com a pulseira nas mãos. As pessoas vão
e vêm, todas oferecendo abraços e palavras gentis, e fazem Dylan
prometer visitá-los em breve. Landon parece diferente da última vez que
Logan visitou; ele está sentado em uma cadeira, seu cabelo está longo o
suficiente para cobrir a maioria das cicatrizes na cabeça e ele se mantém
um pouco mais reto. Seus olhos parecem mais claros. Ele parece feliz,
tão feliz quanto pode, e parece entender que algo está acontecendo, que
todas essas pessoas estão aqui para ele. Ele até sussurra algumas
saudações e despedidas, mas Logan pode dizer que Landon está ficando
cansado; seus olhos estão começando a se fechar entre os visitantes.
— Foda-se. — Ele sai, incapaz de ficar sentado lá, não com a raiva que
sente, nem com todo mundo parado fingindo que tudo isso está bem.
Não está tudo bem, e por que mais ninguém fica bravo com isso?
KM
nada para ele fazer, então ele fica lá, aperta os olhos e tenta acalmar seus
pensamentos.
Ele pode ouvir Lana pisando no corredor atrás dele, seus chinelos
estúpidos batendo no chão a cada passo.
— Vá embora, Lana.
— Não.
— Você não pode fazer isso — diz ela, cada palavra enunciada. — Você
não pode simplesmente vir aqui e fingir que sabe mais do que todos nós,
e depois sair assim.
— Jesus, Biscoito — diz ele, mesmo sabendo o quanto ela odeia ser
chamada assim. — Acalme-se.
KM
— Eu estive aqui todos os dias. E todo dia quase me mata ver meu
irmão mais velho assim, mas você sabe o que? Eu faço isso, porque eu o
amo. E eu o apoio, porque não consigo imaginar fazer outra coisa. Não
sei por que esperava isso de você.
Logan aperta sua mandíbula. Ele não sabe como refutar isso.
— Como você acha que Dylan se sente, vendo você sair assim, hein?
Como você acha que Landon se sente? Pelo amor de Deus, Logan. Você
sai daqui a uma semana, faz as malas e volta para a sua pequena família
e quer saber? Nós ainda vamos estar aqui. Então é melhor você tirar a
cabeça da sua bunda e começar a agir como um irmão mais velho que
realmente dá a mínima.
KM
Sua cabeça cai contra a parede com um ruído abafado e ele olha para
o teto e solta um longo suspiro pelo nariz. Droga. Ele olha para a pulseira
na mão, o minúsculo coração e miçangas estreladas misturadas com os
paetês, e lembra o quão orgulhoso Jay estava quando ela terminou.
Ele segura a pulseira para frente e Landon olha para ela, sua expressão
confusa, antes de olhar para Logan.
KM
— Você não precisa usá-la, mas... — Logan é tão ruim nessas coisas,
nesses... discursos emocionais. Talvez Lana tenha razão.
— Ele quer que você coloque nele — diz Lana, as palavras cortadas.
Logan olha para Lana e ela abaixa a cabeça para ele, não parece mais
como se ela quisesse matá-lo. Logan considera isso uma vitória.
***
As coisas estão mudando. Landon não tem certeza de como ele sabe,
se é a maneira como as pessoas olham para ele, a maneira como seguram
sua mão com muita força ou as despedidas sendo ditas em seu ouvido;
KM
se é o jeito que Dylan olha para ele, carinhoso e nervoso, ou o jeito que
Lana e Logan começaram a se encarar e o tenso silêncio na sala. Ele quer
perguntar, quer que alguém explique as coisas de uma maneira que
realmente entenda, realmente faça sentido.
Às vezes, quando ele não se deixa levar, ele repassa as coisas que sabe
e tenta cimentá-las em sua mente, para impedir que os fatos deslizem
entre seus dedos mais uma vez.
Não.
Eu estou no hospital.
KM
Vem e vai; alguns dias são melhores que outros, com movimentos
intencionais, conquistas que resultam em sorrisos calorosos e beijos nas
bochechas. Alguns dias ele se sente pesado demais para fazer qualquer
coisa; sua cabeça lateja e seus olhos estão pesados, as palavras que ele
quer dizer estão fora de seu alcance. Ele está diferente... tudo está
diferente agora, e de alguma forma ele sabe que tudo vai mudar
novamente.
A sala está ficando escura agora, e Dylan beija sua bochecha e passa a
mão na parte de trás do seu pescoço. Parece bom, e Landon se deixa
inclinar para ele. Ele gosta do conforto de ter Dylan por perto.
— Você está voltando para casa amanhã — diz Dylan, sua voz tão
suave quanto o sol ofuscante. Landon pisca, a palavra casa traz imagens
de um espaço apertado, um pequeno quarto, pratos empilhados em uma
pequena pia. Casa. Parece bom, e ele gosta do jeito que Dylan sorri
enquanto fala.
KM
Capítulo 7
— Por favor, me diga por que decidimos nos mudar no dia mais
quente do ano?
KM
— Sabe, nós não moramos oficialmente aqui até termos feito sexo em
pelo menos... noventa por cento das superfícies.
— Está muito quente para o sexo. — Dylan limpa uma gota de suor
da têmpora e faz uma careta. — E nós não vamos nem receber a cama
até amanhã.
KM
— Amanhã — Dylan geme e desliza desossado no sofá. — Está muito
quente para existir.
— Dê três e é um acordo.
KM
— Eu não acho que você entenda a importância desta noite — diz
Landon, traçando uma linha no braço de Dylan com o polegar. — Nós
só temos uma primeira noite. Isso é especial.
***
KM
Desta vez é diferente. Amanhã Landon chega em casa. Amanhã, toda
a vida deles muda. Ele está se preparando e está pronto, Landon está
pronto, não há nada que o hospital esteja fazendo por Landon que Dylan
não possa fazer por ele em casa. Mas ainda há uma semente de dúvida
enraizando-se dentro dele e fazendo-o pensar se ele realmente está
pronto para isso, se ele é capaz de ser a pessoa que Landon precisa que
ele seja.
***
Ele se vira para jogá-los de volta no armário - talvez ele possa caçar
travesseiros menores - quando uma mão em seu ombro o impede.
KM
— Os travesseiros estão bem. — Diz Adele, e Dylan sente como se
estivesse rachando, como se qualquer pressão adicional pudesse ser o
ponto de ruptura e ele se espatifaria por todo o chão bem limpo. — Está
tudo bem.
Ela tem que estar mentindo. Tudo não está bem. Landon está voltando
para casa hoje, e Dylan não dormiu ontem à noite, e há tantas coisas que
ele queria fazer antes que isso acontecesse, tantas coisas a serem feitas
antes que os travesseiros decidissem zombar dele e jogar fora o dia
inteiro.
— Vai ficar tudo bem. — Diz Adele. Ela guia Dylan para se sentar no
sofá, e ele afunda nos travesseiros atrás dele.
KM
— Eu sei disso, eu apenas...
Dylan se inclina contra sua mãe. Ele a deixa colocar um braço em volta
de suas costas e puxá-lo para perto, e tenta acreditar nela.
***
São quase três da tarde quando Dylan ouve um carro na garagem. Ele
se levanta, olhando ansiosamente para a porta. Adele fica ao lado dele e
dá um aperto rápido em seu braço.
Dylan olha para sua mãe e ela sorri para ele assim que a porta da frente
se abre. Lana entra em primeiro lugar, seguida por Landon, sentado
rigidamente em sua cadeira de rodas enquanto Helen o empurra. A porta
se fecha atrás deles e Dylan se pergunta se Logan e John estão presos no
trânsito; eles estavam dirigindo separadamente, trazendo os pertences
que Landon acumulou durante sua estadia no hospital.
KM
— Ainda não pintei. — Dylan se pergunta por que ele soa tão
arrependido. — Você pode me ajudar a escolher as cores, se quiser.
— Está... quente — diz Landon. Sua voz é tão baixa que Dylan precisa
se esforçar para entender, mas ele sabe que Landon provavelmente está
tão nervoso quanto ele.
KM
lavanderia para compensar isso. Landon sorri com a excitação de Dylan
sobre a lavanderia e acena com todas as possibilidades para a sala extra,
mas a tensão nervosa aparece em seu rosto e na maneira como ele segura
as alças da cadeira de rodas.
Apesar disso, Dylan sabe que fez a escolha certa - que este é o melhor
lugar para Landon - mas ele deseja poder se sentir mais confiante, que a
preocupação incômoda no fundo do estômago vá embora. Ele deseja que
Landon diga para ele se acalmar, parar de se preocupar tanto, que tudo
vai ficar bem. Ele sente falta de Landon: o Landon que nem sempre dizia
a coisa certa, mas sempre sabia como fazê-lo rir. O Landon que fazia
cupcakes de jujuba quando estava triste, que o esperava com um copo
KM
grande de vinho e uma maratona de Pesadelos na cozinha depois de um
longo dia de trabalho. O Landon que podia falar com ele, abraçá-lo, fazer
piadas sobre sua família pelas costas. E Dylan se sente péssimo por
pensar isso, porque Landon está bem aqui na frente dele. Landon está
fazendo o melhor que pode, e nada disso é culpa dele.
Mas isso não impede a perda que ele sente, a dor profunda em seus
ossos ou sua necessidade pela pessoa que estava ao seu lado em todos os
desafios, em todas as partes difíceis de sua vida nos últimos sete anos.
Dylan está ansioso demais para comer e cutuca sua galinha com
laranja por um minuto antes de colocá-la na mesa de café. Ele não
consegue se concentrar no filme, apenas no peso quente de Landon ao
lado dele e na cabeça de Landon, onde repousa sobre o ombro de Dylan,
a subida e queda uniforme de seu peito. A mão de Dylan repousa sobre
a perna de Landon, e ele desenha pequenos círculos no tecido macio da
calça de Landon até Landon deslizar a mão e enredar os dedos com os
KM
de Dylan. Isso ancora Dylan, e ele sente o peso no peito diminuir um
pouco; ele respira um pouco mais fácil.
São apenas oito horas quando Landon boceja e seus olhos lutam para
permanecerem abertos. Lana nota e cutuca seus pais para ajudar a
limpar e guardar a comida extra. Ela se oferece para ficar e ajudar Dylan
a levar Landon para a cama, mas Dylan a dispensa e diz que eles ficarão
bem. Eles já decidiram que Logan ficará; ele está ficando no sofá de
qualquer maneira. Então eles se despedem e prometem voltar de manhã.
Dylan deseja que eles fiquem longe um dia extra e dê a ele e Landon
algum tempo para se ajustar, mas não é justo ele perguntar, não com os
pais de Landon saindo em breve e Logan ficando apenas mais alguns
dias. Eles merecem tempo, e ele pode sobreviver mais alguns dias disso.
Talvez seja bom ter a ajuda. Ele tirou uma semana de folga para ajudar
Landon a se adaptar a estar em casa, a se ajudar a ter Landon em casa, a
sua nova casa e nova vida, mas é muita coisa. Tanta coisa para aprender
em apenas uma semana.
KM
Dylan ajuda Landon a se arrumar para dormir. É embaraçoso, tão
diferente fora do hospital sem enfermeiras pairando por perto, sem um
botão para pressionar por ajuda ou alguém para assumir quando ele não
sabe o que fazer. Só existe ele, e ele terá que ser bom o suficiente.
Parece estranho, Dylan pensa, depois que Landon está situado no lado
esquerdo da cama, como antes, e Dylan veste o pijama e se arrasta ao
lado dele, ter alguém aqui ao seu lado. Dylan se acomoda ao seu lado,
sentindo-se inseguro sobre o que fazer agora. Eles nunca cobriram isso
no hospital. Ele quer segurar Landon - seus dedos coçam para alcançá-
lo e puxá-lo -, mas ele não quer ultrapassar, não quer deixar Landon
desconfortável ou machucá-lo.
KM
— Eu também — sussurra Landon, sua voz quase inaudível, o polegar
empurrando a mão de Dylan. Dylan beija levemente sua nuca.
***
KM
apenas alguns meses, ele queria me trazer flores no meu aniversário e
ele não tinha carro, apenas essa bicicleta degradada, e ele colocou as
flores na mochila para que ele pudesse me surpreender no trabalho, mas
quando ele chegou lá, Deus, elas estavam completamente esmagadas.
Pétalas colidiram com seus livros e tudo mais.
Dylan ri. — Ele também era nadador, não sei se você sabia. Ele tinha
uma bolsa para isso e tudo. Ele adorava estar na água, e eu sei que ele
parou de nadar depois que nos formamos, mas acho que ele gostaria que
KM
não tivesse. Lembro que ele me disse uma vez que a água bloqueava todo
o resto, todo o barulho externo. Quando ele estava nadando, era só ele e
a água e nada mais.
Dylan sorri e olha para Landon, aninhado no sofá. Sua boca caiu
levemente aberta e sua cabeça está aconchegada em um ninho de
travesseiros; um cobertor está puxado por cima do ombro.
— As coisas não eram perfeitas, mas eram boas. — Dylan olha para
Janessa. — Íamos nos casar, viajar pelo mundo, provavelmente comprar
uma casa com uma cerca e adotar um cachorro, todas essas coisas.
Ele encolhe os ombros. — Quem sabe agora. Você realmente não pode
planejar essas coisas.
KM
— Não, você não pode. — Janessa estende a mão para apertar a mão
de Dylan. — Mas você pode comer biscoitos comigo e me dizer o quanto
você gosta do meu cabelo e depois maratonar programas ruins na TV
com seu marido enquanto vocês fazem aqueles olhos nojentos.
Dylan ri, uma risada de verdade que enruga os olhos nos cantos e o faz
se sentir revigorado.
— Eu acho que vou ficar com você — diz Dylan com um gemido pouco
reprimido, enquanto Janessa coloca um prato de biscoitos fumegantes
na frente dele.
***
KM
encorajando-o a fazê-los sozinho. Os dedos de Landon se atrapalham.
Seus movimentos são rígidos e desajeitados; ele geme de frustração,
tenta se afastar. Dylan não deixa, mas coloca os dedos de Landon em um
botão; suas mãos seguram Landon firme enquanto Landon aperta o
botão.
KM
caíram em algo parecido com uma rotina, com os dias passando em uma
disputa de trabalho e compromissos, arrumando a casa e tentando
descobrir como gerenciar suas novas vidas. É um desafio, mas todos os
dias Dylan acorda com Landon ao seu lado - piscando acordado com
olhos cansados, cabelos despenteados pelo sono, uma expressão de total
confiança quando olha para Dylan - e vale a pena.
Janessa geralmente aparece logo depois das sete, sempre com um café
de duzentas gramas, a única explicação para a quantidade de energia que
ela tem tão cedo.
KM
— Bom dia, D-Dinheiro6 — ela canta para Dylan, movendo-se em
torno dele para onde Landon espera na sala de estar. Dylan balança a
cabeça quando ela cumprimenta Landon com um animado — Landog,
meu homem — e estende a mão. Landon enrola os próprios dedos o
máximo que pode e eles batem os punhos, Janessa faz um barulho
explosivo enquanto se afastam. Dylan bufa, certo de que Janessa está
ensinando isso a Landon com a única intenção de mostrar isso a ele.
— Ele está com ciúmes e não é tão livre quanto nós — Janessa sussurra
no ouvido de Landon, alto o suficiente para Dylan ouvir.
6
Um nome dado a uma pessoa muito qualificada e madura, que paga pela comida, quem
administra tudo devido à sua situação financeira
KM
é isso que o velho Dylan faria. Esse é o Dylan que seus colegas esperam.
O Dylan que ele deve a eles.
Ele recusa suas ofertas de bebidas depois do trabalho; ele não quer que
Janessa fique mais tempo do que o dia inteiro e não tem energia para
socializar de qualquer maneira. Ele dirige para casa em silêncio,
aproveitando o tempo para clarear a cabeça e descobre, cada vez mais,
que gosta do silêncio e da calma que o acompanham. Às vezes, ele para
no supermercado, na farmácia para encher uma das prescrições de
Landon ou na biblioteca para ver se Sandy tem algum livro novo para
ele.
Hoje ele vai direto para casa, e o cheiro de pãezinhos e uma caçarola o
cumprimentam no momento em que abre a porta. Landon está
esperando no sofá; sua cabeça rola em direção a Dylan e seus lábios se
abrem em um sorriso. Há uma pontada de glitter no nariz e manchas nos
dedos, e ele parece animado, como se quisesse contar algo a Dylan.
— Fiz você... alguma coisa — explica Landon. Sua voz ficou mais clara
com a ajuda do fonoaudiólogo, mas ele ainda tem dificuldade em
KM
encontrar a palavra certa e geralmente fica confuso no meio de uma
frase.
— Ei, eu não sabia que você estava em casa — diz Janessa, saindo da
cozinha. Ela se senta no apoio de braço ao lado de Dylan e olha para o
papel que ele ainda está segurando. — Ele fez isso sozinho. Bem, segurei
sua mão para mantê-la firme, mas as cartas são todas ele.
KM
— É perfeito — diz Dylan, cutucando Landon com o ombro. Landon
cutuca de volta.
KM
voltando a dormir, Dylan se deixa descansar um pouco no sofá com seu
livro e uma xícara de chá, ou em um banho fumegante, tentando mais o
difícil relaxar e terminar o dia, não importa quão estressante, ou quantos
altos e baixos ele teve, em uma boa nota.
***
KM
Mas há dias ruins também, dias em que Dylan sente como se estivesse
segurando um fio desgastado, quando tudo o que ele trabalhou tanto
parece desaparecer em um momento, quando nada é bom o suficiente e
nada que Dylan diz pode acalmar Landon.
— Ei, Landon — diz Dylan suavemente, quando Janessa sai pela porta
e ele guarda o casaco. Landon não olha para ele, mas seus olhos estão
fixos nos joelhos e os dedos cravam nas pernas de uma maneira que
parece dolorosa. Dylan tenta aliviar as mãos de Landon de suas pernas e
segurá-las, mas Landon se afasta e as cruza sobre o peito, evitando os
olhos de Dylan.
KM
Quando eles brigavam antes, era sempre Dylan que tentava evitá-lo, e
Landon era quem os fazia se sentarem e conversar sobre isso. Ele sempre
mantinha a cabeça nivelada, mesmo com raiva.
Ele entra no quarto. A cama mergulha sob seu peso. Mais e mais dias
terminam assim; Dylan não sabe o que fazer, como ajudar, o que Landon
precisa. Então ele se senta na cama, puxa o travesseiro de Landon contra
o peito e enterra o rosto nele e é acalmado pelo cheiro familiar do xampu
de Landon.
Até ouvir um estrondo, e seu estômago revirar. Ele corre de volta para
a sala de estar. A luminária que fica sobre a mesa do lado do sofá agora
está no chão, junto com o controle remoto da TV e um copo quebrado.
Piscinas de água se formam no piso de madeira. Landon está olhando
carrancudo para tudo isso com uma expressão estranha no rosto, como
se aqueles objetos inanimados fossem aqueles que bateram na cabeça
KM
dele e o deixaram assim, pedaços quebrados do homem que ele
costumava ser.
Dylan não diz nada - nenhuma palavra que ele poderia dizer ajudaria.
Ele se agacha e pega os objetos caídos, empilhando cuidadosamente o
vidro quebrado na palma da mão antes de depositá-lo no lixo. Landon se
encolhe ao som do copo caindo na lata de lixo, mas ele não olha, apenas
se empurra para trás ainda mais no sofá. Dylan pode ver a marca
vermelha de um arranhão em seu braço e luas crescentes, onde suas
unhas cavaram muito fundo.
KM
— Ei, Dylan, o que houve? — Lana responde e Dylan pode ouvir o som
abafado de uma conversa ao fundo; uma risada surge.
— Oi, um... — Dylan se sente tão estúpido, mas ele não sabe o que
dizer. Como digo a alguém que toda a minha vida está desaparecendo
como areia peneirando nos dedos?
— Sim, ele está apenas... ele está tão chateado. O tempo todo. E eu
não sei. — Seus olhos disparam em direção à porta da cozinha, a entrada
que leva a Landon. — Eu não sei como consertar isso.
— Você não precisa consertar isso. — Lana parece tanto com Landon
neste momento que Dylan fecha os olhos e limpa a lágrima que escorre
por sua bochecha. — Algumas coisas não podem ser consertadas.
KM
— Eu só preciso sair. — As palavras o surpreendem quando ele as diz.
— Eu preciso fugir, limpar minha cabeça. Só por algumas horas.
Lana fica calada. — Você quer que eu fique com ele essa noite? Eu
posso ir agora, dar um tempo.
Dylan pensa nas risadas que ouviu ao fundo; é uma noite de sexta-
feira, e Lana provavelmente está com os amigos. Ele se sente mal ao
perguntar, mas não sabe mais o que fazer.
— Está tudo bem, Dylan — ela garante, e ele quase acredita nela. —
Eu sei o quanto você trabalhou para cuidar de Landon e o quão ocupado
você esteve no trabalho. Você merece uma pausa.
São quase seis horas quando Lana chega. Ela está usando um lindo
vestido azul e batom vermelho brilhante; o cabelo dela está enrolado
para sair à noite. Ela envolve Dylan em um abraço, apenas três passos
para dentro da casa, e Dylan se deixa relaxar em seus braços. Nada é dito
sobre seus planos interrompidos, e Dylan não pergunta. Esta é a vida
deles agora: eles são a família de Landon, a única família que Landon
tem aqui, e ele vem em primeiro lugar. Ele sempre virá primeiro.
KM
— Obrigado — Dylan sussurra quando eles se separam. Lana oferece
um sorriso para ele.
— Bom. Que bom que discutimos isso. — Lana pisca para ele enquanto
caminha para a sala onde Landon está sentado no sofá, o corpo ainda
tenso, os olhos ainda fixos no chão.
KM
Landon não se mexe.
Então ele toma um gole de bebida e tenta se consolar com o som que
o rodeia, o barulho de vozes empolgadas, a música que sai da pista de
KM
dança, o barulho de copos sendo distribuídos. Ele bebe, sentindo o
estresse começar a diminuir dos ombros, a dor de cabeça começar a
derreter.
— Dylan? — Uma voz o assusta, e ele joga sua cerveja sobre a borda
do copo enquanto se vira. Tate dá um passo em sua direção, franzindo a
testa. — O que você está fazendo aqui?
— Posso me juntar?
— Você não tem que deixar seus amigos. — Dylan se pergunta quantas
vidas de pessoas ele pode atrapalhar em uma noite. Tate encolhe os
ombros.
KM
Dylan apenas assente e toma outro gole de cerveja. Tate pede outra
rodada para os dois, e eles ficam em silêncio por um momento, mas é
confortável. Amigável.
— Sinto falta dele — diz Dylan, depois que uma bebida se torna duas.
Ele olha para o líquido âmbar. — Eu sei que isso me faz, basicamente, o
pior noivo de todos os tempos, mas eu sinto falta dele.
Tate não diz nada, e Dylan olha para ele, esperando vê-lo julgando,
com um olhar de nojo nos lábios. Ele apenas parece triste.
— Sinto falta do jeito que ele ria e do jeito que ele chorava com os
filmes mais estúpidos. Sinto falta de todas as maneiras sutis que ele
tentava me levar para a loja de animais, para que ele pudesse me
convencer a comprar um cachorro, um peixe ou o que quer que ele
quisesse naquela semana. São todas aquelas coisinhas que sinto falta,
sabe?
Tate assente, os dedos segurando a bebida até que os nós dos dedos
fiquem brancos.
KM
Sua garganta fecha no meio da frase, suas mãos fechando em punhos,
e ele não pode continuar.
— Eu sei. — Ele já foi informado disso tantas vezes, mas isso não
impede que a culpa afunde seus dentes. — Eu sei. É que Landon está
com tanta raiva ultimamente, e eu sinto que, por mais que eu tente, não
consigo acertar. Não importa o que eu faça.
Ele pode sentir os olhos de Tate nele, mas tem vergonha de olhar para
cima e encontrá-los.
Há algo nas palavras de Tate que faz Dylan afastar a cerveja e olhar
para cima, intrigado.
KM
— Pelo menos ele está aqui, certo? — Tate oferece com um sorriso. —
Vocês podem descobrir o resto.
— Eu também sinto muito — diz ele, e Lana inclina a cabeça para ele,
mas não se intromete.
KM
Capítulo 8
KM
— Ei, pai — Dylan o cumprimenta. Sam sai de baixo do Fiat; seu rosto
está manchado de graxa, seu cabelo está uma bagunça, e suas bochechas
estão vermelhas do frio.
— Parece ótimo — diz Dylan, embora ele não saiba nada sobre carros.
Seu pai tentou ensiná-lo a dirigir um carro no verão depois de se formar
no ensino médio, e isso terminou com dores no pescoço e uma tensão
entre eles que levou meses para ser resolvida. Sam assente e tamborila
os dedos contra a perna, como se estivesse tentando pensar em algo para
dizer. Às vezes, Dylan deseja que a insegurança incapacitante resultante
de ser um escritor fracassado não tivesse rasgado seu pai a essa carapaça
da pessoa que uma vez foi tão calorosa e amigável que Dylan se lembra
da infância.
KM
— Ela está em seu estúdio. — Sam olha de volta para o carro. Dylan
sorri para ele, deixa-o para continuar sua pseudo-mecânica e entra na
casa.
Ela está dando aulas - ioga pré-natal, a julgar pelo número de barrigas
inchadas estendidas em esteiras de púrpura e verde. Toca músicas
calmas do sistema estéreo que Dylan ajudou a instalar alguns anos atrás.
Adele não o vê a princípio e, quando o faz, arqueia as sobrancelhas,
perdendo o ritmo apenas por um momento. Dylan acena para ela. Sua
expressão é relaxada o suficiente para que ela não pare a aula, e ele se
senta no banco perto da parte de trás. Ele espera e deixa os olhos
fecharem e os pulmões se encherem, respirando quando ela instrui os
alunos a respirar e deixa o conforto do lar derreter sobre ele.
A aula termina logo após a chegada de Dylan, e sua mãe conversa com
algumas das mulheres que chegam até ela depois. O sorriso de Adele é
genuíno, mas seus olhos continuam piscando para Dylan.
Eventualmente, seus tapetes de ioga foram limpos do chão, todo mundo
sai pela porta. Adele silencia a música.
— Isso é uma surpresa — diz ela, e Dylan se sente culpado. Ele não
visita com a frequência que deveria.
KM
Ele olha ao redor da sala. — As aulas estão indo bem?
— Na próxima vez que você quiser praticar yoga pré-natal, pelo menos
apareça na hora — ela diz, a leveza em sua voz assegurando a Dylan que
ele não está participando de uma palestra. Ele ri.
Dylan não discute, apenas abotoa o casaco e coloca as luvas nas mãos.
— Como está Landon? — Ela pergunta, uma vez que eles estão
descendo a rua. Folhas caídas há muito tempo estão escorregadias.
— Ele está... — Dylan para antes do bem automático que deseja seguir.
— Eu não sei. Às vezes acho que ele pode estar feliz, mas depois fica com
tanta raiva de mim, de Janessa, de si mesmo. E ele está tão retraído e...
não sei o que fazer.
Os lábios de Adele formam a linha fina que eles fazem quando ela está
pensando.
— Sei que ele está frustrado e quero ajudá-lo, mas não sei como
quando ele continua me afastando. Estou preocupado que não esteja
fazendo nada certo ou que esteja piorando as coisas.
KM
Eles dobram a esquina e uma rajada de vento frio faz Dylan tremer.
— Não vou dizer que você está fazendo tudo certo — diz Adele,
ajustando o cachecol para cobrir qualquer área exposta. — Porque
ninguém faz isso o tempo todo. Mas eu sei que você não está piorando as
coisas. Ninguém, nem mesmo Landon, espera que você faça mais do que
tentar, e eu sei que você está tentando, querido.
— Eu sei que não é minha culpa — diz Dylan em seu ombro, sua voz
trêmula. — Mas ainda sinto que arruinei a vida dele.
KM
Adele o segura por um momento.
— Não deixe isso te destruir por dentro. — A mão dela roça sua
bochecha. — Você não pode viver sua vida carregando esse peso.
— Venha para mais algumas aulas — diz Adele. Dylan vem cumprindo
sua promessa anterior, participando de algumas aulas de ioga de Adele
quando Lana quer uma noite com Landon, ou Janessa concorda em ficar
um pouco mais tarde. Eles sentem outra rajada de vento frio e começam
a andar novamente. — Traga Landon e Lana também, se ela quiser. Pode
não consertar tudo, mas prometo que ajudará.
— Eu vou tentar — diz Dylan, e mesmo que ele não possa fazer
nenhuma promessa, ele fala sério - mesmo que ele não possa continuar
assim. — Agora, o que você precisa conseguir?
KM
Ela lhe entrega uma lista e eles percorrem a loja, reunindo
ingredientes para algo que Dylan só pode assumir como sopa.
— Seu pai escreveu uma nova peça, você sabe — diz Adele enquanto
compara sacos de arroz. — Foi apanhada por uma pequena empresa de
produção.
— Significaria muito para ele se você viesse. — Adele coloca dois sacos
de arroz na cesta já pesada.
— Uau, isso é... ótimo. É claro que vamos — diz Dylan, ajeitando a
cesta nos braços.
— Obrigado. — Faz anos desde que seu pai escreveu alguma coisa. —
Por favor faça.
KM
caçarola, com um adeus às pernas do pai saindo debaixo do Fiat, ele
resolve seguir suas promessas da melhor maneira possível que ele pode.
***
A neve vem da noite para o dia, cobrindo a terra com uma espessa
enxurrada branca. Landon senta-se junto à janela e observa Janessa
escavar a entrada da garagem. A respiração dela enevoa o ar; ela tem um
chapéu de malha azul na cabeça. Ele deveria estar trabalhando em sua
escrita, mas suas mãos doem, e ele não consegue ficar parado. Hoje não,
com o sol refletindo na neve, fazendo tudo parecer mais brilhante.
Ele quer ajudar Janessa; ele anseia por envolver os dedos em torno do
cabo da pá, recolher a neve pesada, sentir o alongamento em seus
músculos. Ele adorava trabalhar com pá quando morava com seus pais
em Wisconsin. Era calmante, de alguma forma, estar no frio, sentir o
raspar suave da pá no concreto gelado, as luvas de lã contra os dedos, a
neve que caía nos cílios.
KM
palavras são trêmulas, quase ilegíveis se ele escreve muito pequeno, mas
ele tenta não deixar que isso o incomode. É apenas outra coisa em que
ele precisa trabalhar.
— Eu acho que sua vizinha está dando em cima de mim — diz Janessa
quando entra, apontando para o copo de papel que está segurando nas
mãos.
KM
— Nós vamos ter que... hum — Landon leva um momento, recolhe
seus pensamentos. — Ir dizer obrigado... algum dia.
— Você sabe que Dylan odeia isso — ela avisa. Landon retira a mão,
sentindo um desconforto desconfortável na menção do nome de Dylan.
Janessa não nota, ou não diz nada, se o faz.
— Continue assim e você terá algumas armas sérias — diz ela com um
apito. — Dylan vai ser um homem de sorte.
KM
Landon zomba. Suas palavras trazem à tona o que pesa sobre ele há
dias.
— Ele não iria... — Ele lambe os lábios. — Ele não gostaria. — Ele
tropeça um pouco em todos os Ws7, mas Janessa não comenta, apenas
inclina a cabeça.
7
Ele fala a palavra wouldn’t em inglês por isso a dificuldade de pronunciar o W.
KM
Landon olha para ela: ela realmente vai fazer ele dizer isso?
— Com ele — Landon administra, olha para Janessa e espera que ela
entenda. — Quero dizer. Eu não posso... estar perto dele. Como antes.
KM
Janessa aperta a mão de Landon.
— Oh, Landon. Dylan não se importa com essas coisas. Ele te ama, e
tenho certeza de que adora estar com você da maneira que puder.
— Eu me importo.
— Você falou com ele? — Ela pergunta. — Sobre como você se sente?
— Olha, ele provavelmente está tão nervoso quanto você e você não
quer que isso se transforme em algo que não é. Então fale com ele, ok?
KM
— Bom — diz Janessa, empurra a roupa de volta para ele. — Agora,
escuro ou claro?
***
— Com esse clima, todo mundo vai chegar quinze minutos atrasado
— Ryan acena com desculpas. — Isso acontece todo inverno.
Landon não diz nada. Ele ainda se sente constrangido com a maneira
como soa, como suas palavras se misturam, como ele gagueja e para, as
pausas quando não consegue se lembrar do que está tentando dizer. É
tão óbvio, ele pensa, como um letreiro de neon gigante que acende toda
KM
vez que ele fala: Por favor, olhe para mim. Como se a cadeira de rodas
já não fosse suficientemente ruim.
Mas Ryan não espera conversa, e Landon gosta disso, gosta do jeito
que ele não espera muito de Landon, mas também não o mima. Ele é
calmo e encorajador, mesmo quando Landon não pode fazer coisas e
ajuda a pressioná-lo a fazer coisas que ele achava que não podia.
— Nós apenas temos que fortalecer você o suficiente para que você
possa vencê-la, hein? — Ryan diz, piscando para Janessa. Landon ri um
pouco, e agarra o banco para obter estabilidade.
KM
Ryan manda que eles joguem três vezes com uma bola levemente
pesada, e Landon sabe que Janessa perde a bola para fazê-lo se sentir
melhor. Faz.
— Tudo bem. — Diz Ryan, batendo palmas nos joelhos. — Eu sei que
geralmente usamos o macacão a seguir, mas acho que você está pronto
para algo diferente.
Ryan fica do lado direito e oferece a ele uma mão, colocando a outra
nas costas em apoio.
KM
— Janessa, você estaria disposta a oferecer assistência?
Landon respira fundo e se prepara. Ele pode fazer isso. — Parece bom.
— Ryan olha para ele, olhos arregalados e encorajadores. — Você
consegue — Janessa sussurra em seu ouvido.
KM
Eles dão um passo à frente e Landon se prepara, levanta a perna
direita e começa a se inclinar. Janessa o apoia para que ele não caia,
segurando a mão com força enquanto os dedos dos pés roçam o chão
antes de ele pisar no chão. Ele está apoiado nos braços deles mais do que
gostaria, mas Ryan inicia outro passo à frente; Janessa segue sua
liderança. Este passo, com o peso de Landon na perna direita, é um
pouco mais difícil; seu joelho começa a dobrar antes de ficar tenso, ele
cerra os dentes e empurra a perna esquerda para a frente para encontrar
a direita, oscilando apenas um pouco enquanto recupera o equilíbrio.
KM
Janessa diz eu disse, pressionando a bochecha no ombro dele. Landon
pode sentir-se começar a ceder; suas pernas estão um pouco trêmulas.
Mas Ryan apenas aperta enquanto Janessa solta e agarra a cadeira de
rodas. Quando ele se recoloca na cadeira, com gotas de suor na testa,
algo com o qual normalmente ficaria envergonhado. Mas agora,
entusiasmado por sua realização, ele não pode se importar.
Landon sabe que provavelmente parece bobo, mas não consegue parar
de sorrir durante toda a viagem para casa e nem se importa quando
Janessa para no supermercado para estocar os waffles congelados que
Dylan parece consumir à dúzia.
— Dylan vai pirar — diz Janessa quando ela volta para o carro, com as
compras no porta-malas. — Ele ficará tão orgulhoso de você.
KM
— Talvez... — Landon diz, arrastando a língua sobre as palavras. —
Talvez o surpreender? Eu poderia, hum... praticar e surpreendê-lo. Às
vezes.
Landon apenas assente e olha pela janela. O sorriso não sai do seu
rosto pelo resto do caminho.
***
Demora dois dias para Landon ter coragem. Eles estão na cama,
aconchegados sob uma montanha de cobertores com o vento frio do
inverno uivando lá fora. Dylan, com os cabelos ainda úmidos do banho,
está lendo um livro. Landon se inclina contra ele e encara as palavras da
KM
página sem lê-las. Ele se sente tenso, nervoso e sabe que Dylan pode
sentir isso pela maneira como continua olhando para Landon; seus
lábios se movem como se ele quisesse dizer alguma coisa, mas ele se
detém antes que possa.
— Estou falando sério — diz ele. — Eu tive a pior coceira o dia todo e
não consigo alcançá-la.
KM
está cobrando seu preço -, mas Landon acha que ele está tão bonito
quanto no dia em que se conheceram.
Landon não nega que isso o faz se sentir bem por poder fazer algo por
Dylan, devolver algo, por menor que seja. Ele também não nega que a
sensação da pele de Dylan sob os dedos faça seu coração disparar, quase
o faz perder a noção do que está fazendo.
— Você não tem ideia de quanto tempo estou esperando por isso —
diz Dylan, e os dedos de Landon param nas costas de Dylan. Dylan está
prestes a se afastar, e Landon nem pensa, apenas se inclina para frente
e pressiona os lábios contra a pele macia ao longo da omoplata de Dylan.
Dylan para contra ele e se vira para olhar quando Landon se afasta.
— Janessa disse que eu deveria, hum, mostrar o que eu... sinto — diz
Landon. O final da frase é instável, mas pelo menos ele conseguiu.
KM
O rosto de Dylan suaviza, e ele emaranha os dedos com os de Landon.
Landon assente, e Dylan se inclina para frente para tocar seus lábios
contra os de Landon. É macio e fechado, e não muito centrado, mas
Landon acha que pode ser o melhor beijo que ele já teve. Quando ele se
afasta, os lábios de Dylan se abrem, sua garganta funciona como se ele
quisesse dizer algo e não soubesse o que.
KM
Capítulo 9
KM
— Absurdo. — Adele acena e coloca a torta ao lado de um prato cheio
de pão caseiro. — Ainda temos tempo de sobra.
KM
Landon poderia fazer; a saudação é tão condicionada que ele pode retirá-
la de uma parte diferente do cérebro e dizê-la sem pensar muito. Pelo
menos, foi o que os profissionais disseram.
Lana assente. Ela acha que bem é tudo o que eles podem esperar mais
e pega uma batata. Ela compartilha um olhar com Dylan, cujos olhos
estão pesados com aquele olhar cansado, mas esperançoso, que tantas
vezes carregam ultimamente, e sorri para ele antes de roubar o
descascador de Landon e começar a trabalhar.
KM
Esta pode ser a reunião mais estranha de pessoas com quem Lana já
passou as férias, mas ela fica ao lado de Landon e o nó no estômago
diminui com seus sorrisos e perguntas gentis.
Lana acha que Adele percebe também, do jeito que ela observa
enquanto Dylan empurra seu próprio prato pela terceira vez, para que
ele possa ajudar Landon, do jeito que ela tem que dizer seu nome duas
vezes antes de capturar sua atenção. Ela parece orgulhosa, mas também
um pouco triste, e continua empilhando comida no prato de Dylan
quando ele está distraído.
KM
***
KM
estudantes que têm medo de se soltar completamente, de se entregar.
Lana é um pouco mais graciosa, tem um senso natural de ritmo que a
ajuda a se mover e, embora Adele precise fazer alguns ajustes e
adaptações em suas poses, ela se adapta rapidamente. Adele faz uma
anotação mental para que ela também participe de algumas aulas.
Isso é confiança, do tipo que apenas um casal que passou por algo
traumático e terrível e saiu do outro lado pode sentir. É o que ela vê
neles; mesmo que nem sempre entendam, está lá.
Landon gerencia a maioria das poses; seu corpo fica mais frouxo, seus
movimentos mais fluidos e, a certa altura, ele sussurra algo para Dylan e
Dylan balança a cabeça e ri, corando. Adele sorri e os instrui a se
deitarem para sua savasana final, e as mãos de Dylan e Landon se
cruzam no tatame.
KM
aconchegados em uma bola gigante com um cobertor compartilhado
entre os três.
— Eu odeio não poder mais tirar a dor dele, como eu podia quando
ele era criança. — Ela solta uma risada seca. — Beija-lo para melhorar.
KM
Os lábios de Adele se contraem em um sorriso e sua mão chega para
apertar o joelho de Helen. Helen olha para ela e Adele consegue
distinguir as linhas ao redor dos olhos, a pitada de cabelos grisalhos na
têmpora.
— Nós podemos tentar. — Adele deixa a mão cair no colo. — Mas eles
são mais fortes do que nós. Às vezes, eles precisam de um empurrão na
direção certa, mas conseguem sobreviver.
— Eles parecem ter feito muito bem por conta própria. — Adele toma
um gole de café. Helen bufa em sua própria bebida. Um silêncio
confortável se estabelece entre elas. O filme continua sendo exibido, e
Adele finge assistir, embora seus pensamentos se afastem da comédia
romântica boba que Lana escolheu.
KM
***
Mas ele não pode; não há como voltar atrás, apenas para frente e para
trás, e tudo o que ele pode fazer é esperar que, eventualmente, ele saia
do outro lado.
KM
São quase três horas quando a campainha toca. Landon tenta esticar
o pescoço de seu lugar no sofá enquanto Janessa vai ver quem é. Landon
pode ouvir vozes falando baixinho o suficiente para que não consiga
entendê-las, então ele deixa a cabeça cair contra o sofá e descobre que
Janessa dirá se é importante.
KM
ele nem sabe se ele é realmente Landon mais, ou se ele é apenas um
reflexo da pessoa que ele costumava ser.
— Bom, isso é... isso é ótimo. — Tate se mexe, abre a boca e a fecha.
— Tate quer que você vá nadar com ele — diz Janessa, e Tate parece
aliviado por ela ter assumido. Landon pisca, faz uma careta.
— Acho que é uma ótima ideia, Tate — diz ela. — O que você acha,
Landon?
KM
descobrir o que há de errado com ele, ou pessoas que lhe dizem como ele
é corajoso ao oferecer sorrisos simpáticos, como se sua vida fosse
repentinamente mais fácil agora que um estranho tem pena dele. A ideia
dá um nó em seu intestino, mas ele também sabe que não pode ficar lá
dentro para sempre.
Ele pensa em Dylan, como ele quer melhorar para ele, como ele não
vai melhorar se não se desafiar.
— OK. — Ele assente, olha para Tate e espera que Tate saiba quanta
confiança ele está depositando nele agora. — Certo.
Landon assente, tentando não mostrar o quão nervoso ele está. Tate
tem alguns passes de convidado para a YMCA a uma curta distância, e
eles concordam em se encontrar lá em uma hora, dando-lhes tempo
suficiente para se arrumarem e passarem pela casa de Janessa para que
ela possa pegar seu maiô.
KM
viagem não demora muito, mesmo com a parada no apartamento de
Janessa, e eles chegam quase vinte minutos antes.
KM
precisar dessa ajuda quando as pessoas estão assistindo, e Landon já
quer chorar, ele pode sentir os olhos de pena dos membros da equipe do
outro lado do balcão.
Eles usam o vestiário da família, que está quase vazio, pelo qual
Landon é grato. Tate continua olhando para ele. Landon pode ver a
tensão nervosa em seus ombros e se sente mal; ele sabe que Tate está
apenas tentando o seu melhor para se reconectar. Ele provavelmente
debateu isso por semanas antes de mencioná-lo para Dylan, e está
apenas tentando ajudar Landon a fazer algo que ama.
Há apenas uma outra família lá, duas mulheres com um menino que
parece ter cerca de quatro anos de idade. O garoto olha, mas sua atenção
não fica; em vez disso, ele volta a espirrar nas mulheres. Janessa bufa,
KM
empurrando a cadeira de Landon sobre o piso úmido. O salva-vidas os
observa, mas Tate vira o polegar para cima e ele assente, mandando o
polegar de volta.
— É acessível, se você...
— Vai ficar tudo bem — Janessa diz suavemente. Ela pega a mão de
Landon e aperta. Ele aperta de volta e tenta liberar parte de sua
ansiedade.
KM
— Você, entra na piscina — Janessa instrui Tate, e ele obedece,
deslizando na extremidade rasa mais próxima deles, enquanto Janessa
empurra a cadeira de Landon até a borda. A água mal chega à cintura
de Tate, e não é tão longe assim. Ficará tudo bem. Eu posso fazer isso.
KM
— Quer ir mais fundo? — Janessa pergunta, depois que Landon se
encharca. Ela parece bonita, ele pensa, em seu maiô roxo claro. As
nervuras nas bordas acentuam as curvas de sua figura. Tate deve pensar
assim também, e Landon quer rir quando vê Tate olhando para ela,
corando e olhando para longe quando ela chega atrás de Landon e
envolve os braços em volta dele, os seios pressionados firmemente nas
costas dele. Se as coisas fossem diferentes, Landon poderia provocar
Tate sobre isso mais tarde, porque Tate é um daqueles caras que se
preocupa, passa dias trabalhando com a coragem para pedir um
encontro a uma garota e depois desiste, gemendo sobre isso mais tarde
nos videogames com Landon.
Mas a amizade deles não é mais assim, então Landon não faz nada,
exceto deixar Janessa guiá-lo em águas mais profundas. Deixa até seus
ombros antes que ela pare, e Landon dá alguns chutes experimentais,
sentindo a água deslizar em torno de suas pernas. É mais fácil se mover,
aqui na água; suas articulações parecem menos rígidas sem a força da
gravidade.
KM
Tate sorri. — Faz-me sentir falta daqueles velhos tempos de equipe de
natação.
Ele está ofegando quando volta, mas é bom; a dor nos pulmões lembra
que ele ainda está vivo, ele ainda está aqui. A água escorre por seu rosto
e entra em seus olhos, e ele pisca. Janessa e Tate estão olhando para ele
com preocupação, mas ele apenas sorri e deixa-se afundar até que a água
chegue ao queixo.
— Muito certo que eu tive — diz Tate com uma risada, e Landon
espirra nele. Tate o joga de volta, mas a água atinge Janessa
completamente no rosto.
— Ah não, você não fez. — Ela enxuga os olhos. Landon sorri e estende
a mão para agarrar o lado da piscina para que Janessa possa retaliar,
acenando para Tate antes de gritar — Corra! — e decolar pro outro lado
da piscina. Tate parece surpreso por um momento, mas depois de um
KM
rápido olhar para Landon, ele sai atrás dela. Ele vence, é claro, mesmo
com a vantagem de Janessa, e ela faz beicinho quando chegam a Landon
mais uma vez.
— Não é justo — diz ela. — Você tem músculos e tudo isso para sua
vantagem. — Ela acena para o corpo de Tate, e Landon quase se sente
mal por ele; até as pontas dos seus ouvidos ficam vermelhas. Ele diria
para Janessa parar, mas ele não se sentia tão bem há muito tempo, tão
livre.
Eles nadam por quase uma hora, e Landon chega a flutuar na água por
um curto período de tempo, mas isso o deixa exausto, seus músculos
doem, e ele sabe que eles estarão doloridos amanhã. Sair da piscina
prova ser um pouco mais difícil do que entrar, especialmente agora que
ele está exausto e aproveitando a maior parte de sua energia, e ele
concorda em usar o elevador da piscina, apenas desta vez.
KM
está confusa com toda a atividade e ele não confia em si mesmo para
falar.
***
A véspera de Natal começa com um sol que faz a neve cintilar e brilhar,
como se estivesse polvilhada com glitter da noite para o dia. A casa
parece mais brilhante, mais quente de alguma forma, e é preenchida com
o cheiro de cookies enquanto Dylan faz lote após lote. Landon está
sentado no chão da sala, vasculhando sua caixa de coisas de Natal e
espalhando-a no chão ao seu redor.
Eles têm apenas algumas horas até que Logan e sua família voem de
Nova York, os pais de Landon cheguem e sua casa esteja cheia de
pessoas, e ainda há muito trabalho a ser feito. A árvore de Natal precisa
ser decorada, os biscoitos precisam ser assados, a casa precisa de
limpeza e os presentes precisam ser embrulhados. Mas, por enquanto,
Dylan desfruta do silêncio, a calma antes da tempestade.
KM
Dylan já viu há algum tempo - até o visco escorregar dos dedos de
Landon e ele xingar, fechando as mãos.
— Eu acho que pode ser uma causa perdida — diz ele, e bate com o
ombro em Landon, esperando que Landon entenda que está tudo bem,
não há necessidade de ficar com raiva.
KM
— Foi — diz Landon com um sorriso. — Eu mantive isso, hum... na
minha cama o ano todo.
Landon se vira até seu peito estar pressionado contra o de Dylan, com
o queixo pendurado no ombro de Dylan. Dylan envolve seus braços em
volta de Landon e o abraça, deixando-os ficar assim.
KM
— Pegue minhas mãos. — A voz de Landon é baixa e Dylan obedece.
As mãos de Landon deslizam nas dele. Seus dedos estão frios, e Dylan
segura o mais forte que pode.
KM
de Landon saber como ele se orgulha, de tudo o que faz. — Você é
incrível.
— Estou feliz que você pensa assim — diz ele, sua voz abafada pelo
suéter de Dylan. — Eu sei ... eu sei que não tenho sido ultimamente.
Landon pisca, seus olhos procurando o rosto de Dylan, antes que seus
lábios pressionem os de Dylan. Dylan respira fundo e afunda no beijo.
Landon aperta os braços e as mãos de Dylan deslizam pelas costas de
Landon, sentindo o mergulho e a curva de sua espinha sob os dedos.
KM
Landon separa os lábios e suga o ar, mas não se afasta. Sua respiração
está quente na pele de Dylan. Dylan desliza a língua pelo lábio de Landon
e aprofunda o beijo. Seus dedos brincam com a barra da camisa de
Landon antes de deslizar por baixo e acariciar a pele macia. Landon faz
um barulho surpreso, e Dylan acha que quase consegue sentir o martelar
do coração de Landon contra seu peito.
Seus lábios permanecem nos de Landon antes que ele se afaste com
relutância, os pulmões esvaziando-se rapidamente.
— Foi uma boa surpresa — diz ele, e Landon solta uma risada trêmula,
a cabeça caindo no ombro de Dylan. Dylan pode sentir o queixo de
Landon trabalhando, como se ele quisesse dizer alguma coisa, mas Dylan
sabe o quão difícil é para ele quando está sobrecarregado; as palavras se
misturam na cabeça de Landon, tudo se mistura e é difícil para ele
descobrir o que é o quê.
Seu rosto está um pouco corado, seus lábios estão vermelhos e seus
olhos estão brilhando. Dylan se senta no sofá ao lado dele, e Landon se
inclina contra ele. Suas mãos se encontram, e apenas o leve som da
música natalina vindo do laptop perto da decoração preenche o silêncio.
KM
Isso é confortável, e Dylan sabe que nenhum deles está pronto para
muito mais, não agora. Isto é suficiente. Isso é bom, apenas estarmos
juntos, encontrando essa intimidade sem grandes gestos, tudo
significativo à sua maneira.
— Oh meu Deus, você está ficando tão grande que eu não posso
acreditar! Quantos anos você tem agora, vinte?
KM
— Eu tenho cinco anos, bobo — diz ela, neste tom de você é estúpido?
Que apenas uma criança de cinco anos pode gerenciar.
— Bem, quase vinte então. — Dylan pisca para Logan. — Você teve
um bom voo?
Jay assente, e Dylan a coloca no chão para que sua mãe possa tirá-la
do casaco de inverno.
— Claro que podemos. Amanhã, está bem? — Ele tem certeza de que
Logan e Paige não ficariam emocionados se ele a carregasse com muito
mais açúcar. Ela concorda com a cabeça. Dylan mostra Logan e Paige
onde pendurar seus casacos e leva todos para dentro da casa. É a
primeira vez que Paige está aqui, e ela olha em volta apreciativa. Jay grita
de alegria com as decorações de Natal, os presentes já embaixo da
árvore.
KM
— Ei, London Bridge — exclama Paige, quando entram na sala,
inclinando-se para abraçar Landon. Landon sorri e devolve o abraço com
força. — É tão bom ver você. Você parece muito bem.
— Jay, você não quer dizer oi para o tio Landon? — Logan pergunta,
cutucando Jay de onde ela se escondeu atrás das pernas de Logan,
apenas com a cabeça espreitando.
Landon acena para ela. — Oi, Jay-Jay — diz ele, e Dylan recua por um
momento e tenta não interromper a interação. Ela tem apenas cinco
anos, e ele não sabe o quanto ela entende da lesão de Landon quando
Logan explicou a ela. Landon parece diferente agora; mesmo que a lesão
não seja óbvia. É evidente na maneira como ele se senta, a rigidez no
braço direito, a irregularidade do seu sorriso, a maneira como sua voz
soa um pouco diferente.
KM
— Tivemos um longo dia — Paige responde quando Jay não se move,
e seus olhos estão se desculpando.
— Ela está apenas nervosa — diz Dylan, quando eles têm um momento
a sós e ele está sentado no braço do sofá ao lado de Landon. Landon olha
para ele e tira uma mecha de cabelo dos olhos.
— Eu sei — diz ele. Ele parece resignado, mas não triste. — Está bem.
Ele está pondo a mesa quando percebe Jay no sofá ao lado de Landon
com uma impressionante coleção de adesivos espalhados por seus colos
e adesivos pressionados na camisa de Landon e alguns nas bochechas.
KM
— O que vocês estão fazendo? — Dylan pergunta. Lana também tem
uma variedade de adesivos grudados em sua roupa, e todos estão
sorrindo. Jay olha para Dylan, e faz um gesto para os adesivos.
— Estou mostrando meus adesivos para o tio Bridge — diz ela, com
voz orgulhosa. Ela começou a chamar por Landon há alguns anos,
quando Landon se mostrou muito difícil de pronunciar e ela pegou o
apelido do London Bridge que Paige gosta de provocá-lo. Landon não se
importou e ficou preso.
— Eu posso ver isso — diz Dylan com um sorriso. Jay olha para seus
adesivos e estreita os olhos. Ela olha para Dylan.
KM
rua sempre tenta roubá-los dela. Dylan faz perguntas nos lugares certos
e mantém Jay conversando enquanto se inclina contra Landon, tira os
adesivos das bochechas e beija as marcas vermelhas deixadas para trás.
Logan não diz nada, mas Dylan pode ouvi-lo sentar no sofá.
KM
— Ele está apenas ... estressado. Eu acho — Landon sussurra. — Ele
está trabalhando realmente... hum. — Há uma pausa, o som de tecido
farfalhante, enquanto Landon recolhe seus pensamentos. — Difícil.
Trabalhando duro.
Dylan fecha os olhos com mais força e se obriga a não se mexer, não
importa o quanto ele queira dizer a Landon que ele não precisa se
preocupar, Logan está certo e tudo o que Dylan quer é que Landon se
concentre em si mesmo, em melhorar.
KM
colocou sobre ele. Ele sente a respiração de Landon contra a nuca. É bom
ser segurado, e ele deixa os dedos se entrelaçarem com os de Landon e
adormece ao brilho da árvore de Natal.
***
KM
— Essa foi a ideia de Janessa, não foi? — Ele pergunta, e Landon
assente. Dylan lhe dá um beijo rápido. — Obrigado.
KM
Adele e Sam chegam no final da manhã, e o resto do Natal é passado
construindo bonecos de neve no quintal, comendo biscoitos e cochilando
no sofá sob uma pilha de cobertores quentes.
KM
Capítulo 10
Dylan faz o seu caminho para a sala e envolve seus braços em torno
de Landon por trás do sofá.
— Bem, nesse caso, como eu poderia dizer não? — Dylan ri. Ele se
afasta do sofá para encontrar suas chaves. Landon coloca os sapatos e
bate o pé enquanto Dylan coloca um cachecol no pescoço.
— Você sabe que está oitenta graus lá fora — diz Landon, olhando
fixamente para o cachecol de Dylan.
KM
— Desde quando você se importa com moda?
— Desde que Tracy começou a nos forçar a ler o blog de moda dela.
Eu não acho que ela seja fã do quão casual nossa roupa casual se
tornou.
KM
— Ele quer que sejamos responsáveis por bebidas e aspargos.
Dylan ri. — Eu não acho que Tate entenda como fazer churrasco.
KM
Há listras cor-de-rosa no céu quando se abaixam no banco do
parque, segurando gyros na mão. Landon geme em sua primeira
mordida, e Dylan ri.
Além das observações ocasionais e breve jogo de pés, eles comem seus
gyros em silêncio. Landon continua a fazer barulhos obscenos e,
embora seja ridículo, Dylan sente suas calças ficando
desconfortavelmente apertadas. E Landon sabe disso, se o sorriso em
seu rosto é algo para se julgar.
KM
— Nós definitivamente devemos voltar.
KM
provoca o beijo um pouco mais fundo, sua língua provando a costura
dos lábios de Landon. Eles deveriam chegar em casa, uma voz atrás da
cabeça de Dylan o lembra; eles não deveriam estar se beijando aqui no
beco, mas uma emoção percorre a espinha de Dylan com a sensação do
corpo de Landon contra ele e ele não pode parar. Ainda não.
E então um aperto forte em seu braço e uma dor brota em seu ombro
quando ele é empurrado para longe de Landon.
***
KM
Isso não acontece toda noite, mas o medo é suficiente para mantê-lo
acordado até a exaustão afundar em seus ossos, até que seus olhos
comecem a fechar por vontade própria e o mundo comece a se misturar
como tintas aquarela com muita água. Porque é o medo, real e tangível:
o medo daquela noite, vendo Landon no chão, uma auréola de sangue
em sua cabeça. O medo de acordar e, por um momento de parar o
coração, sem saber se Landon está vivo ou morto. O medo de seu cérebro
correr solto com os poderia ter, e se e talvez.
Não é toda noite, mas é uma nuvem negra sobre sua vida, uma
tempestade constante dentro dele. Ele se vê evitando becos, estradas
escuras sem luzes, sombras que escondem o desconhecido. Ele começa
a sair do trabalho mais cedo, apenas para poder voltar para casa antes
que escureça, antes de seu coração bater contra o peito e as mãos
começarem a tremer, antes que ele tenha que fechar os olhos e dizer a si
mesmo que está tudo bem, está tudo bem, está bem.
Irá.
KM
Ele cancela mais planos e dá desculpas toda vez que seus colegas de
trabalho o convidam para tomar um drinque, toda vez que Tate, Janessa
ou Lana sugerem que ele saia com eles por uma noite, mesmo apenas no
cinema. Ele não pode deixar Landon sozinho, diz ele, embora Landon
esteja se tornando cada vez mais capaz e passe meio dia sozinho alguns
dias por semana, agora que Janessa conseguiu um segundo emprego
dando aulas de arte para crianças com deficiência. O lar é uma rede de
segurança, uma bolha onde nada pode tocá-lo, não pode tocar qualquer
um deles.
Então, quando Adele liga para dizer que conseguiu ingressos para a
peça de seu pai em uma noite de sexta-feira, Dylan passa um longo
tempo no banheiro olhando para o espelho e se convencendo de que não
é nada: não há razão para se preocupar, nada para se preocupar, vai ficar
tudo bem. Ele passa muito tempo arrumando o cabelo, escolhendo uma
roupa e ajudando Landon a escolher uma roupa, então eles estão quase
atrasados quando finalmente saem e o sol já se pôs há muito tempo.
KM
melhor maneira possível, engole em seco e empurra para frente. Eles
conseguiram um andador para Landon e um par de muletas agora que
ele tem se saído tão bem na terapia, mas mesmo odiando a cadeira de
rodas, ele ainda precisa disso por longas distâncias e pela neve e pelo
gelo que ameaçam fazê-lo escorregar e tropeçar nos pés já instáveis.
As garras apertam.
KM
membros com cicatrizes duras e grossas espreitando por debaixo dos
cabelos. As pessoas encaram o que não entendem, as coisas que são
diferentes. É apenas a natureza humana, mas Dylan deseja que eles
parem. Ele quer que Landon se sinta confortável, não quer que ele se
preocupe com o que os outros pensam dele, com as crianças que
apontam e perguntam aos pais: “O que aconteceu com esse homem?”
— Vocês dois parecem tão legais — diz ela, e beija suas bochechas.
Dylan a afasta, mas ele pode ver um pequeno sorriso no rosto de Landon,
seus ombros relaxam um pouco.
— Seu pai se juntará a nós daqui a pouco. — Ela faz um gesto para que
a sigam no teatro. — Ele está conversando com algumas pessoas muito
importantes.
KM
rodas de Landon. A mandíbula de Landon se aperta um pouco, seu
sorriso um pouco mais forçado, mas ele não diz nada e deixa Dylan
colocá-lo. São bons lugares, realmente, com uma bela vista, e Dylan
espera que Landon não deixe que isso o incomode muito.
KM
— Parabéns, pai — Dylan sussurra para ele, dando-lhe um joinha
quando Sam começa a puxar o paletó ansiosamente. Seu pai sorri e
parece nervoso demais para dizer qualquer coisa, mas as luzes se apagam
completamente antes que qualquer outra coisa possa ser dita.
KM
mão, o papel enrugando sob os dedos. Sam se levanta de repente e limpa
as mãos nervosas nas calças.
KM
— Dylan — Sam o vê e lhe entrega uma bebida. Dylan toma um gole,
o gosto de vinho branco seco amargo na língua e agradece. Sam se mexe
e Dylan pode ver cabelos grisalhos salpicados, pode distinguir linhas em
seu rosto que ele acha que nunca notou antes.
— Não é bom — diz Landon, botando a língua para fora. Dylan olha
para o vinho e se lembra de como Landon costumava beber quase tudo
o que lhe era dado sem reclamar. Ele ri, não pode evitar, e Landon dá um
tapa em seu braço.
KM
— Nem um pouco — diz Landon, um olhar sério em seu rosto. O
médico disse que seus gostos podem mudar, que ele pode não gostar de
coisas que costumava e que coisas que nunca gostou podem se tornar
agradáveis. É um jogo de adivinhação estranho, descobrir o que Landon
gosta e não gostar agora e recategorizar mentalmente todas as coisas que
Dylan havia comprometido em memorizar durante seus anos juntos.
— Bem, se isso faz você se sentir melhor, esse vinho é uma merda. —
Dylan ignora o cutucão que recebe de Adele em sua linguagem. —
Portanto, pode não ser o vinho em geral.
KM
Ele pode ouvir os sons de pessoas fungando na plateia, de narizes sendo
soprados, mas ele encontra seus próprios olhos secos, agora se encontra
estranhamente calmo.
Ele sabe como isso vai; ele viu, esteve lá e viveu. Ele sabe como é, a
percepção entorpecente de que a pessoa que você mais ama pode ser
arrancada de você em um segundo. Ele sabe como é acordar todos os
dias sozinho na cama, para que seu corpo siga os movimentos de uma
vida normal enquanto sua mente está em algum lugar distante. Ele já
passou por isso, conseguiu, ainda está tentando superar.
Dylan pode ouvir Landon fungar ao seu lado, e ele agarra sua mão
mais uma vez, e segura firme.
KM
Como abandono alguém que se tornou parte de mim? Como eu deixo
alguém ir quando eu sei que vou me afogar sem ela, os fios de nossas
almas tão entrelaçados que eu vou desvendar quando o fizer? Como
abandono alguém quando sei que não quero viver em um mundo sem
ele?
Sam se junta aos atores depois que eles saem do palco e os aplausos
desaparecem. Eles o seguem até o saguão e assistem à distância
KM
enquanto as pessoas caminham, parabenizando os atores e o pai de
Dylan. Sam mantém a cabeça erguida, parecendo mais confiante do que
Dylan vê há muito tempo, e Dylan está feliz. Ele está feliz por essas
palavras estarem lá fora e que talvez outras pessoas possam começar a
entender, mesmo que apenas um pouquinho.
— Seu pai estava tão preocupado — diz Adele, sem desviar o olhar da
multidão que passa. — Como você reagiria.
KM
Landon encolhe, os ombros puxando, os lábios pressionando juntos
como sempre fazem quando ele se sente constrangido.
— É muito bom ver você — diz ela, parecendo insegura sobre o que
deveria dizer ou fazer. Landon se mexe na cadeira e Dylan descansa uma
mão tranquilizadora no seu ombro. Dylan apresenta Abbi e Adele, que
apertam as mãos e trocam calorosas saudações.
— Estou feliz que você fez — diz Dylan. — Isso significa muito para
ele.
KM
Landon fica quieto por um momento, considerando. — Vou tentar —
diz ele, e morde a língua antes de acrescentar: — Eu gostaria de... ver
todo mundo.
Dylan não tem certeza se Landon está mentindo para o benefício dela,
ou se ele realmente quer ver seus antigos colegas de trabalho e amigos,
mas ele não diz nada, apenas deixa Landon continuar essa conversa por
conta própria.
— Foi bom ver você, Abbi — diz Dylan, e Landon faz um pequeno
aceno quando ela se vira para sair. Ela acena de volta antes de se juntar
a um pequeno grupo de pessoas do outro lado da sala.
KM
Dylan deixa Landon se recompor antes que eles saiam para a noite
gelada, coloca o casaco e aperta o próprio cachecol no pescoço. E mesmo
que Dylan tente não se assustar, ele ainda se encolhe quando eles passam
pelo beco.
***
Exceto, ele não pode. E a cafeteira está em cima do balcão, seu rosto
inocente de plástico olhando para ele. Já fora difícil o suficiente para
encher a jarra; ele ainda não tem estabilidade para carregá-la sem cair,
então a equilibrou no andador e a encheu com muito cuidado na pia
antes de levá-la de volta para a cafeteira. A água escorria por cima
quando ele tentava enchê-la e pingava do balcão no chão.
KM
E agora a cafeteira está zombando dele enquanto tenta se lembrar do
que vem a seguir. Ele colocou a água e tirou as xícaras; os grãos de café
pré-moídos estavam em um recipiente limpo ao lado do açúcar.
Grãos de café. Sim é isso. Ele tira a tampa da lata e passa os dedos pela
colher dentro. Você já fez isso antes, ele diz a si mesmo, a mão tremendo
enquanto levanta uma colher generosa da lata. Recomponha-se.
KM
alarme de incêndio tornando impossível pensar. Parece que alguém está
espetando uma faca pequena em seu cérebro.
Ele pode ouvir os passos de Dylan seguidos por sua voz confusa,
perguntando a Landon o que aconteceu, mas Landon não responde; ele
não consegue encontrar as palavras agora, mesmo que quisesse. Ele
apenas enfia as mãos nos olhos, sentindo frustração e raiva correndo por
ele, brancas e quentes. O velho Landon nunca teria feito isso; o velho
Landon era recolhido, sempre manteve a cabeça em situações como essa.
O velho Landon era mais forte e melhor.
O grito do alarme de incêndio para, mas ele ainda pode sentir o eco
em seus ouvidos, junto com o assobio de uma panela quente sob uma
corrente de água. O cheiro da queima de ovos é substituído pelo cheiro
de cinza encharcada. E mais uma vez, Landon fez mais trabalho para
Dylan, deixou Dylan para limpar sua bagunça, arruinou tudo o que ele
tentou fazer.
Ele pode sentir uma mão gentil em seu ombro, mas ele a encolhe,
embaraçado e envergonhado e com tanta raiva. Ele quer dar um soco em
algo, quer gritar e chutar e levar essa raiva fervente dentro dele para algo,
mas ele também quer encontrar um lugar profundo e escuro e apenas
rastejar para dentro, fechar a porta e deixar todos esquecerem dele. Ele
quer parar de arrastar todo mundo para baixo, parar de machucar e
arruinar tudo o que ama. Todo mundo que ele ama.
KM
— Lan — A voz de Dylan é baixa, quase hesitante. Landon não se
move, apenas cava as palmas das mãos até que seus olhos doem e respira
fundo por entre os dentes cerrados. Dylan se senta ao lado dele, seu
corpo quase perto o suficiente para tocar Landon, mas não se
intrometendo. Não empurrando.
— Eu me sinto tão estúpido — diz Landon, sua voz rouca. Ele sente
Dylan ficar quieto, e então seu toque gentil, puxando as mãos de Landon
para longe de seu rosto.
— Você não é estúpido — diz Dylan com firmeza. — Por favor, não
pense assim.
KM
Lágrimas de frustração picam seus olhos, e ele se sente patético; ele
nem consegue falar sem chorar. Desta vez, ele não protesta quando
Dylan o envolve em seus braços; quando ele o puxa para perto, a luta
escoando para fora dele.
KM
sua incapacidade de fazer coisas simples, por sempre precisar de Dylan
para salvá-lo. — E eu quebrei a caneca.
— Você não mereceu nada disso, mas tem sido tão corajoso e está se
esforçando tanto, mesmo que não o veja. Eu sei que não parece, quando
as pequenas coisas se acumulam, mas você pode cometer erros. E isso
não significa que você é estúpido. — Dylan aperta mais a mão de Landon.
— Significa apenas que você é humano.
Desta vez, ele vira a cabeça de Landon e beija suavemente seus lábios.
— E eu te amo.
KM
Eu não valho a pena, Landon quer dizer, e ele morde os lábios. Eles
formigam com a lembrança do beijo de Dylan.
***
KM
Ele está confortável aqui com Dylan, não precisa se preocupar com a
aparência ou o som dele, ou se precisa de uma ajudinha extra ou de
algumas palavras encorajadoras. Dylan faz com que ele se sinta seguro,
e mesmo que às vezes ele ainda não acredite, Landon sabe que Dylan
ainda o ama, não importa o que ele possa ou não fazer.
Os dedos dos pés dele se curvam com o pensamento, e Dylan olha para
Landon, os olhos procurando seu rosto.
— As melhores coisas.
Seu coração ganha velocidade, e ele puxa a mão de Dylan até que
Dylan entenda a dica e pressione contra Landon até que ambos deslizem
no sofá. Landon cutuca Dylan, beijando a linha da sua mandíbula até os
lábios. Dylan devolve o beijo, ancorando-se em ambos os lados dos
ombros de Landon com os braços, e uma mecha de cabelo escova a testa
de Landon.
KM
— Está tudo bem? — Dylan pergunta, se afastando depois de um
momento, os lábios vermelhos, o rosto corado.
Ele arqueia o pescoço até os lábios de Dylan pegarem os dele, até que
o beijo se aprofunda e Dylan o segue de volta. Ele perdeu isso, essa
proximidade com Dylan. Eles estiveram próximos nos últimos meses de
muitas maneiras, mas não assim. Não com a guarda baixa, sem nada
para detê-los.
KM
uma necessidade impossível de ignorar, de estar perto de Dylan e
encontrar a conexão que foi cortada por tanto tempo.
— Nós deveríamos... — ele começa, faz uma pausa e parece que está
tentando recuperar o fôlego. — Eu acho que…
KM
Capítulo 11
KM
reduzido para apenas dois dias por semana, permitindo que Landon se
tornasse mais independente, para começar a fazer mais coisas por si
mesmo. Havia até boatos de que ele começaria a trabalhar em regime de
meio período no outono, e Landon estava nervoso e empolgado, e falara
de mais nada por dias.
KM
Às vezes, quando é particularmente ruim, Dylan dorme no sofá, com
medo de machucar Landon com qualquer movimento, com o som de seu
alarme ou os sons suaves que acompanham o sono. Ele mantém a casa
quieta e faz o melhor que pode, mas quando os dias se transformam em
semanas, ele sabe que não pode mais fazer isso sozinho.
Dylan não tem certeza se ele quer rir ou chorar; a exaustão mal começa
a cobri-lo. — Landon teve uma semana difícil — diz ele, embora ela
saiba; foi por isso que ela saiu. Para ajudar, ser o apoio que Landon
precisa e Dylan não parece capaz de dar a ele.
Dylan a leva para dentro, pega sua jaqueta e coloca sua mochila no
sofá. Ele olha para a porta fechada do quarto e torce as mãos. — Ele está
com enxaqueca desde a noite passada. Ia levá-lo amanhã de manhã se
piorar, mas não sei mais o que eles podem fazer.
— Posso vê-lo?
KM
Dylan hesita. Ele está relutante em incomodar Landon, mas talvez a
presença de sua mãe e saber que ele tem apoio ajudem.
— Eu não acho que ele está dormindo. Você pode ver se ele está
disposto a beber alguma coisa.
— Obrigado por ligar — diz ela. — Eu sei o quanto você trabalhou para
ajudar Landon e pode nos ligar a qualquer momento. Nós não
podemos... ajudá-lo o quanto queremos, estando tão longe, mas sempre
posso tirar uma folga se você precisar de ajuda extra.
Ela sorri, aperta o braço dele e vai para o quarto, abre a porta e entra.
Dylan ouve uma voz gentil, Landon surpreso: — Mãe? — E então Helen,
sussurra algo que ele não consegue entender. Dylan cai no sofá e afunda-
se nas almofadas; ele pode relaxar pela primeira vez em semanas.
***
A primeira coisa que Landon percebe quando pisca acordado é que sua
cabeça não parece mais estar se partindo ao meio. Há apenas uma dor
KM
suave, uma contusão que não quer desaparecer e uma lembrança de algo
muito pior. A segunda coisa que ele percebe é o corpo a seu lado,
encostado na cabeceira da cama, um livro no colo: sua mãe, ele percebe,
depois de piscar a névoa dos olhos. Ela estava aqui na noite passada, o
puxara como costumava quando ele era criança e estava doente com
gripe ou tinha um joelho arranhado. Ela beijou a cabeça dele e disse-lhe
para dormir, que estaria aqui de manhã. Ele fez, e ela está.
— Bom dia — diz Helen, sorrindo quando o percebe olhando para ela.
Ela passa a mão pelo cabelo dele e é tão bom que ele fecha os olhos e se
deixa sentir - quente e seguro, como um humano real de novo, mesmo
que por apenas um minuto.
Landon lambe os lábios; sua boca está seca como uma lixa. — Com
sede.
Ela beija a testa dele antes de escorregar da cama. Ele a observa deixar
a porta aberta apenas uma fenda. As vozes se filtram, mas ele não escuta,
apenas se recosta ao travesseiro e enche os pulmões, deixando-se sentir
inteiro novamente.
KM
— Oi — diz uma voz baixa, e Landon não percebe que fechou os olhos
até eles se abrirem novamente. Dylan está ao lado da cama, segurando
um copo de água. Helen está logo atrás. Ela coloca uma mão
reconfortante nas costas dele, enquanto Landon aceita a água. É legal, e
ele quase geme com o gosto. Dylan afasta o copo dos seus lábios.
— Não beba muito rápido — diz ele, e Landon suspira e olha para onde
a água pingou na cama na pressa de beber. Dylan está certo, seu
estômago se revolve um pouco na água, mas ele deixa a cabeça cair para
trás e espera que ela passe.
— Melhor. — Ele pode ver Dylan ceder com alívio. — Muito melhor.
Landon sai para a sala mais tarde naquela manhã e senta-se no sofá
sob uma pilha de cobertores, e, embora não seja muito, ele se sente um
pouco mais humano. Dylan corre para o supermercado depois que Helen
lhe entrega algum dinheiro e comenta sobre a distinta falta de comida
na geladeira, e se ele não estivesse preocupado em trazer de volta a dor
de cabeça, Landon riria do olhar envergonhado no rosto de Dylan.
KM
Helen ajeita as coisas enquanto Dylan está fora, organizando-se da
maneira que somente as mães podem, e Landon a observa por um
tempo, tentando descobrir o que lhe parece estranho. Algo cutuca seus
pensamentos.
KM
pourri8 e gim. Landon se lembra de ir visitá-la, do jeito que ela beliscava
suas bochechas e dizia que ele precisava engordar e conseguir um bom
par de botas. Homens Lewin, ela diria com uma curva nos lábios, mais
feijões do que homens, na verdade.
Ela faz uma pausa, um olhar triste cruzando seu rosto. — Eu só queria
que tivéssemos descoberto isso antes. Lamento o que vocês tiveram que
viver morando conosco.
— Está tudo bem. — Diz Landon, mesmo que não esteja. — Estou feliz
que você... você está feliz agora.
8
É um termo originalmente utilizado para fazer referência a um jarro com uma mistura de
pétalas de flores secas e especiarias utilizada para perfumar o ar.
KM
Helen olha para ele, seu olhar suavizando, e passa a mão na parte de
trás do pescoço dele.
KM
Landon torce o nariz; ele odeia quando ela fica sentimental assim. Mas
ele não protesta. Sua cabeça lateja e ele pode sentir a dor de cabeça
começando a voltar; ele fecha os olhos e quer que fique um pouco mais
longe. Helen deve notar. Ela passa os dedos suavemente pelos cabelos
dele.
Helen o ajuda a ir para a cama, esfrega suas costas enquanto ele fica
doente no balde de lixo ao lado da cama, sacode duas pílulas para ele, o
esconde debaixo das cobertas e fecha as cortinas até que o quarto esteja
novamente escuro. A enxaqueca envolve seu cérebro, seus dedos cavam,
e ele está sendo puxado, mas ele não quer ir. Lágrimas frustradas ardem
quando ele pensa em Dylan voltando da loja, tão esperançoso que
Landon ainda esteja acordado e que tudo possa estar melhor agora.
Ele afunda.
KM
***
— Olá?
— Oi, Dylan, eu não acredito que já nos conhecemos — diz ela, e Dylan
franze a testa, completamente confuso. — Meu nome é Ruby, sou do
grupo de apoio que Landon está frequentando. Posso falar com Landon?
KM
Dylan olha pela janela para o estacionamento, processando o que está
dizendo.
— Me desculpe... reunião?
— Sinto muito por ouvir isso. — Ruby parece genuína. — Ele está
melhor?
— Estou feliz — diz Ruby. — Você dirá a ele que a próxima reunião é
quarta-feira às onze, se ele estiver com vontade? E diga a ele que estamos
pensando nele.
— Oh sim. OK.
KM
— Eu vou, obrigado — diz Dylan com polidez forçada. Ele termina a
ligação e senta no carro enquanto o aquecedor finalmente começa a
soprar ar quente através das aberturas de ventilação, encarando o
telefone. Landon está indo para um grupo de apoio, isso é óbvio, mas...
há quanto tempo? E por que ele não disse a Dylan? Nada disso faz
sentido. Dylan não entende por que Landon esconderia algo assim dele.
***
São quase três da manhã quando Helen acorda. A sala está escura,
apenas uma lasca de luz espreita pela fresta debaixo da porta. Landon
ainda está dormindo ao lado dela, sua respiração longa e pesada, e Helen
KM
dá um beijo na testa dele antes de sair da cama e sair silenciosamente do
quarto.
Helen passa a mão pelos cabelos de Dylan. Suas ondas suaves são
macias contra seus dedos. Dylan solta um zumbido, e ela pode dizer que
ele já está mergulhando de volta no sono, com os lábios abertos, as linhas
ao redor dos olhos relaxando. Ele parece exausto, e Helen não acha que
KM
ele teve uma noite de sono decente em semanas. Entre o trabalho dele e
ajudando Landon, ela duvida que ele tenha levado algum tempo para si.
Parte dela deseja que ele peça ajuda, que os informe quando ele estiver
com dificuldades, quando ele não puder fazer isso sozinho. Mas ela
também entende: ele tem tentado tanto provar a eles, a si mesmo e a
Landon que ele pode fazer isso; que eles fizeram a escolha certa, que tudo
o que precisam são apenas os dois. Ele está se esforçando tanto e está se
desgastando.
Será mais fácil, ela espera, quando puder estar mais perto e pedir
ajuda não parecerá tão inconveniente. Quando ela finalmente puder dar
ao filho e ao noivo dele o apoio que mereceram o tempo todo.
Ela enche um copo de água da torneira e olha pela janela a lua pálida,
brilhando através das nuvens como se estivesse vendo através da água.
Ela deixa o silêncio da casa esclarecer seus pensamentos e coloca o copo
vazio na pia antes de voltar para a escuridão do quarto.
***
Dylan não fala sobre a ligação, não a princípio. Landon fica na cama
por mais uma semana e Dylan chama seu médico pedindo outra receita,
qualquer coisa para ajudar. Eles o iniciam com um novo medicamento
e, lentamente, no momento em que as flores começam a sair do solo
KM
úmido da primavera e os pássaros começam a cantar nos galhos do lado
de fora da janela, as enxaquecas desaparecem.
Helen fica duas semanas, ajuda Dylan pela casa, compra comida e
produtos de limpeza e faz chá e aveia para Landon. Landon sai da cama,
passa mais tempo no sofá e começa a ir às consultas algumas vezes por
semana. O alívio é evidente em seu rosto todos os dias que seu cérebro
não se rebela contra ele, todos os dias passados fora da escuridão do
quarto deles.
Depois que Helen sai, Lana chega mais, passando um tempo com
Landon enquanto Dylan está trabalhando, e às vezes Dylan chega em
casa, tanto Lana quanto Janessa estão esparramadas na sala e Landon
assistindo suas travessuras com diversão. Dylan supõe que é natural que
elas se tornem amigas; com a personalidade barulhenta de Janessa e as
opiniões barulhentas de Lana, elas parecem a combinação perfeita. Até
suas estratégias para divertir Landon começarem a incluir glitter e
reorganizar os móveis, e Dylan precisa bani-los todos para o quintal.
KM
de saber o que Landon está escondendo o atormenta. E ele adia falar
sobre isso.
Quando Dylan sai da cama, Landon faz café e toma um com um sorriso
orgulhoso no rosto. Dylan aceita o seu; está um pouco fraco, mas não é
ruim.
KM
— Você foi a reuniões? — Dylan tenta manter a mágoa longe de sua
voz.
— Compreendo.
— Você não. — Landon balança a cabeça. — Você não sabe como é...
ter que depender de alguém para tudo, não... — as palavras pegam e ele
trabalha sua garganta, tentando trazê-las de volta. — Para não conhecer
seu próprio corpo, seus próprios pensamentos.
KM
— Você poderia ter me dito — diz Dylan, desejando que sua voz não
soasse tão tensa.
Dylan acha que ele pode entender, mas não diminui sua mágoa por
ficar de fora de algo tão importante para seu noivo. Parece uma
rachadura entre eles, uma fratura na confiança e honestidade que eles
sempre tiveram.
KM
Landon nem sempre pode evitar; seu cérebro não funciona mais dessa
maneira. As emoções são rápidas e fortes demais para ele controlar, mas
ele não quer que a conversa termine dessa maneira.
— Você não entende — diz Landon, apertando as mãos nas alças das
muletas.
Dylan quer chegar, envolver Landon, dizer que está tudo bem e eles
descobrirão. Mas ele está começando a entender, só um pouco, que
conforto não é o que Landon precisa. Ele passou tanto tempo confiando
em Dylan para melhorar as coisas, para melhorá-las novamente, que ele
precisa fazer as coisas por conta própria agora. Tanto quanto ele puder.
Ainda dói, saber que Landon propositalmente escondeu algo dele, mas
Dylan reprime o sentimento, por enquanto, e se concentra em resolver
isso de uma maneira que não se torne uma luta.
KM
Landon faz uma pausa apenas um segundo antes de assentir, um
silencioso sim.
— OK. — Dylan respira fundo e diz a si mesmo que é isso que importa
- estava ajudando Landon, é isso que é importante. Ele está prestes a se
virar e sair, voltar para o quarto e fingir dobrar a roupa ou algo assim,
quando Landon o para.
— Eu sinto muito.
— Está tudo bem. — Diz Dylan, desejando que ele pudesse realmente
dizer isso. — Eu não sabia que estava te segurando.
KM
O parque está cheio de gente, o ar está cheio de música, a passarela
está pontilhada de cabines com artesanato caseiro. Eles encontram uma
pequena clareira ao lado, cercada de flores, e um homem sentado em
uma pedra, tocando uma guitarra. Eles se acomodam em um banco de
parque de ferro. O sol está quente, apesar do último toque prolongado
do inverno no vento. Dylan escuta a música e sente um tipo diferente de
dor, que o lembra de anos atrás - de uma feira de rua e algodão doce, de
um beijo e uma proposta, da enorme felicidade que os envolveu,
costurando-se nos seus corações e juntando suas vidas. Por bem ou por
mal.
Landon deve sentir isso também, do jeito que ele se inclina contra
Dylan, descansa a mão na coxa de Dylan e desenha um coração agitado
na perna de Dylan com o polegar. Dylan deixa a mão cair e roçar o pulso
de Landon, sua pele macia.
KM
O guitarrista muda sua música para algo um pouco mais otimista, e
Dylan lidera, puxa-os para mais longe do banco e os deixa balançar com
o tecido da jaqueta de Landon embaixo dos dedos.
Eles comem algodão doce e Dylan compra um colar que ele acha que
sua mãe vai gostar. Landon fica fascinado por um estande que vende
sinos de vento e por outro com velas caseiras de soja. Ele conversa com
alguns fornecedores, avanços mais distantes de Dylan do que antes, e
Dylan não se lembra da última vez que ele pareceu tão confiante, tão
KM
seguro de si. Dylan se sente orgulhoso de quão longe Landon chegou, de
como sua raiva e frustração estão sendo substituídas por algo mais
brilhante, algo mais feliz, mas também o deixa se sentindo um pouco
surpreso, inseguro.
KM
com cuidado na cadeira precária que ela montou. Dylan segura suas
muletas.
KM
exagerado e cruza os braços sobre o peito enquanto ela pinta. Mas
Landon sorri para ele, fica perto e Dylan pode dizer honestamente que
não se lembra da última vez que se divertiu tanto, da última vez que as
coisas pareceram tão normais.
KM
estarão. É apenas um pequeno show, se Dylan se lembra dos últimos
anos, como uma versão infantil do quatro de julho, mas é um dos
primeiros dias da primavera bom o suficiente para ficar de fora, então o
parque está cheio. Ele vê famílias com filhos pequenos mal contidos e
casais adolescentes estendidos em cobertores, os mais sofisticados
sentados em cadeiras de jardim.
— Você está bem? — Landon pergunta, sua voz suave, e Dylan assente,
mas é um movimento brusco, com os olhos ainda piscando.
KM
inspirar, porque então ele sentirá o cheiro, aquele cheiro estúpido de
cordeiro, cebola e creme de leite.
E ele pode ver, sentir, o verão quente de julho, o modo como Landon
sorria com a boca cheia e molho no nariz que Dylan havia beijado. Ele se
lembra de como tinha gosto de terra, carne e pepino e alface, um sabor
que logo foi misturado com o cheiro de sangue, a podridão úmida do
beco, os homens que cheiravam tão fortemente a álcool que queimavam
o nariz de Dylan.
— Dylan!
KM
se no chão com a mão de Lana no ombro; ele parece descontente e
preocupado, mas vivo e bem.
Janessa está na frente dele, pairando sobre Dylan como se ela quisesse
tocá-lo, mas não quisesse causar mais sofrimento. Uma mulher que
Dylan não conhece fica ao lado dela com uma garotinha ao seu lado que
morde os dedos nervosamente.
Janessa olha para Landon, que estende a mão e coloca uma mão
cautelosa e gentil no braço de Dylan. Dylan se inclina para o toque e pega
Landon, deixando o ancorar. Landon inclina a cabeça, confusão nos
olhos, os lábios uma linha preocupada.
KM
Landon toca os lábios de Dylan com o dedo, o rosto mostrando apenas
preocupação.
— Estou bem. — Diz ele, embora Dylan não tenha certeza se acredita
nele. — Estou preocupado com você.
— Beba — instrui a mulher que Dylan não reconhece. Dylan faz o que
ela diz, e somente quando ele leva a garrafa aos lábios ele percebe que
está tremendo. O choque frio de Gatorade ajuda a acalmá-lo. Sua cabeça
para de girar e o chão está mais firme sob seus pés.
Janessa agradece novamente e ela diz para ele ir com calma antes de
sair com a menina atrás dela.
KM
— O que aconteceu? — Janessa pergunta, agachada ao lado de Dylan.
Ele se sente envergonhado. Suas bochechas esquentam e ele pressiona a
testa nos joelhos, levando um segundo para respirar.
— Baixo teor de açúcar no sangue? — Dylan tenta, mas ele pode dizer
que nenhum deles acredita nele. E então há outro som, um barulho alto,
e Dylan se encolhe, sua respiração presa na garganta até que ele percebe
que são apenas os fogos de artifício. Apenas fogos de artifício. Janessa
levanta uma sobrancelha para ele, e Lana olha para ele, duvidosa.
— Vamos para casa. — Diz Landon, uma vez que ele está de pé; a
pintura de seu rosto se transformou em algo que parece um hematoma,
e Dylan tem que desviar o olhar. Ele ainda se sente oprimido pelo estalo
de fogos de artifício e pelo cheiro de gyros, e está tão escuro. Dylan só
quer rastejar na cama e esquecer que isso já aconteceu.
Lana estreita os olhos, e Janessa parece que quer discutir, mas para a
si mesma.
KM
— Nós ligaremos para você se, uh... — Landon faz a cara que ele faz
quando ele está procurando uma palavra, quando sua frase desapareceu,
fora de alcance. — Se precisarmos de alguma coisa.
— Tudo bem. — Diz Lana, mesmo que ela não pareça estar de acordo.
— Mas eu vou parar amanhã e garantir que vocês dois estejam bem.
Seus olhos ardem e ele para, respira fundo e percebe que está sozinho.
Virando-se, ele vê Landon quase meio quarteirão atrás, fazendo o
possível para alcançá-lo, cada passo forte e deliberado.
KM
traidor que soa próximo a um soluço escapa dos lábios de Dylan e ele
sabe que deve se sentir ridículo, chorando na calçada a apenas um
quarteirão do carro, mas ele não se importa. Ele só se importa com os
braços ao redor dele, o corpo quente pressionado contra ele, segurando-
o perto. Outro fogo de artifício racha a noite toda, e Dylan se encolhe, os
dedos cavando os braços de Landon apenas para se certificar de que ele
é real, ele está bem, ele está bem.
— Você está bem — Dylan gerencia. Ele olha para cima, procurando o
rosto de Landon, mesmo sabendo que está sendo bobo, está exagerando,
mas não pode evitar. As garras ao redor de seu esôfago se apertam, tudo
é real demais, muito próximo.
Dylan solta uma risada trêmula. Landon está preocupado com ele, e
parece tão ridículo depois de tudo o que ele sentiu esta noite. Ele deixa a
cabeça cair no ombro de Landon e respira profundamente, aterrando,
orientando, controlando a si mesmo. Ele está bem. Landon está bem. Eu
estou bem.
KM
— Vamos para casa — sussurra Landon, cutucando Dylan. Dylan
deixa Landon definir o ritmo até o carro.
***
— Vamos. — Landon quer pegar a mão de Dylan, mas não pode, não
com essas muletas estúpidas. Em vez disso, ele acena para o sofá e espera
que Dylan o siga. Ele faz.
Não demorou muito para ele perceber que ele não pode carregar a
bebida e usar suas muletas, e ele quer chutar alguma coisa, quer atacar
KM
frustrado em sua incapacidade de fazer algo tão extraordinariamente
simples. Mas ele não faz; ele está aprendendo a reconhecer esses
impulsos, controlar os ataques de raiva e canalizá-los para algo mais
produtivo. Então ele aperta a mandíbula, encosta as muletas
cuidadosamente no balcão, agarra o copo na mão esquerda e caminha
lentamente de volta à sala de estar. Ele precisa parar uma vez, quando o
mundo mergulha sob seus pés e uma onda de vertigem passa por ele,
mas ele não cai; seus passos permanecem firmes e ele volta para o sofá.
Dylan aceita o suco de laranja e Landon pode ver suas mãos tremerem
enquanto toma um gole. Com uma sensação de desconforto crescendo
em seu intestino, Landon se senta ao lado dele.
Landon não pode mais evitar. Ele estende a mão para colocar a mão
na perna de Dylan. — Você pode falar comigo.
KM
quando... quando é a coisa mais difícil que tenho que fazer. — Dylan
coloca o copo na mesa de café e olha para Landon.
KM
— Às vezes, tudo volta tão intenso, e é como se meu cérebro não
parasse de pensar, não parasse de correr com todas essas memórias, e
não consigo parar de me preocupar porque não quero que nada aconteça
com você e é apenas... é demais. — As palavras vêm apressadas, e
Landon pega a mão de onde caiu para descansar em seu colo e a segura
firme.
KM
Landon estuda o homem ao seu lado: seu noivo, o amor de sua vida, a
âncora infalível que o mantém no lugar por tanto tempo, o homem que
fez tudo bem para ele ficar bem, quem o levantou e o ajudou chegar ao
ponto onde ele está agora. Mesmo ele não é imune aos demônios que
assombram a noite, às inseguranças que atacam a alma e aos tipos de
medos que consomem e tornam até as menores coisas mais exigentes, o
ato de respirar um Everest, impossível de escalar.
Isso não é algo novo. Isso é algo com o qual Dylan está lidando, algo
que ele está afastando, sentimentos que ele tem acumulado até que a
pressão é demais para suportar.
Landon acha que já faz muito tempo que Dylan realmente se sente
feliz.
KM
— Se eu fizer, você viria comigo? — Dylan olha para Landon, olhos
arregalados e estranhamente vulneráveis.
Ele olha para as mãos deles, sua pele pálida contra o tom mais escuro
de Dylan, os dedos entrelaçados como peças de quebra-cabeça
conectados.
KM
aproximaram cada vez mais durante o filme até que seus ombros
estavam se tocando e seus joelhos batendo juntos. Eles ouviram outros
estudantes no corredor, batendo as botas com neve, mas Landon mal
percebeu. Ele se lembra de como seu pulso começou a acelerar na
garganta, os dedos coçando para alcançar a frente, algo sempre o
interrompendo - medo, nervos, a inegável humilhação da rejeição - até
que Dylan olhou para ele e mordeu o lábio por um momento antes das
palavras “Foda-se” escorregar de seus lábios e ele se inclinar para frente,
capturando Landon em um beijo que tinha gosto de jujubas de canela.
Não foi um beijo perfeito, de forma alguma, mas não havia mais
ninguém que ele quisesse beijar, nunca mais. Os lábios de Dylan eram
suficientes; e ele teria sorte de ter uma vida inteira apenas para explorá-
los, para conhecer todas as partes do homem que transformou seu
coração em uma bagunça trêmula, que o fez se sentir preparado para
enfrentar o que a vida tinha para oferecer, se Dylan estivesse sempre ao
seu lado.
KM
ele quer tentar. Ele quer que Dylan continue tentando. É tudo o que eles
têm que fazer.
Dylan aperta a mão dele. — Adoro quando você fala sujo — diz ele, um
sorriso puxando seus lábios. Landon se afasta, horrorizado.
KM
Landon se vira para olhar para Dylan, o ângulo um pouco estranho de
onde sua cabeça repousa sobre o ombro de Dylan. — Primeiro você fala
sobre sexo, e agora sua mãe. Estou ficando confuso... hum, mensagens
confusas.
— Eu acho que nós dois ainda temos coisas para trabalhar — diz
Landon, depois que Dylan o guia para o banheiro e o ajuda a lavar a
pintura do rosto manchada das bochechas. Dylan faz uma pausa, uma
toalha úmida na mão, um olhar pensativo cruzando seu rosto.
KM
As palavras ecoam na cabeça de Landon, mesmo quando a dor cresce,
quando ele muda para o pijama e desliza para debaixo das cobertas.
Dylan desliza ao lado dele.
Ele sabe que eles vão. Pode ser difícil, pode levar uma eternidade, uma
montanha-russa de altos e baixos, mas de alguma forma, no fundo, ele
sabe.
KM
Capítulo 12
— Justo.
KM
— Ei — diz Dylan, assim que Landon chega à porta da frente. Landon
para, se vira e inclina a cabeça. Um pássaro canta um ritmo solitário, e
uma pequena família passa por eles e entra na biblioteca.
— Sim. — Dylan não entende a vibração ansiosa em seu peito que vem
de convidar seu próprio noivo para sair. — Um encontro.
— Deve ser isso. — Dylan cutuca de volta. Landon ri, com os olhos
brilhantes e as bochechas rosadas.
Landon olha para ele, um olhar pensativo no rosto, e então ele se vira
e aperta o botão para abrir a porta.
KM
Eles vão para uma sala de reuniões na parte de trás da biblioteca. É
maior do que Dylan esperava, com um círculo de cadeiras de aparência
confortável em volta de algumas mesas de café de cores vivas, cobertas
com jarras de suco e pilhas de copos de papel. Já existem cerca de meia
dúzia de pessoas em várias cadeiras, e a conversa leve de uma conversa
amigável enche o ar.
— Estou tão feliz em vê-lo esta semana — diz Ruby. Seu sorriso é largo,
seu cabelo é cortado em um belo corte ao redor do rosto. — Espero que
você esteja se sentindo melhor?
— Bom. — Dylan pode dizer que ela realmente fala sério. Sua atenção
se volta para ele, e ela levanta as sobrancelhas enquanto dá uma olhada
nele. — É quem eu penso que é?
KM
— É um prazer conhecê-lo, Dylan. — Ruby sorri brilhantemente. —
Nós ouvimos muito sobre você.
Ela se vira para piscar para Landon, e suas bochechas ficam rosadas.
Ruby ri. — Absurdo. — Ela olha para as cadeiras. — Por favor sente-
se. Vamos começar em breve.
Ele pode dizer que Landon está olhando para ele, e Landon fala —
Relaxe — quando Dylan olha para ele. Dylan tenta; ele afunda na cadeira,
cruza as pernas e olha para o tecido escuro de sua calça jeans. Esta parece
ser a melhor opção. Ele pode sentir os olhares curiosos que os outros
estão lançando para ele, um recém-chegado entre amigos.
KM
no meio — ela olha para Dylan e uma garota tímida a alguns lugares de
distância — que tal começarmos com apresentações?
KM
Emilia. A garota tímida. Ela sussurra uma explicação sobre um ex-
namorado e um acidente; o cabelo vermelho emaranhado cai nos olhos.
KM
ver todos os outros caminhos por aí. Você anda pela mesma estrada, pela
floresta todos os dias e, um dia, há uma parede gigante de tijolos
bloqueando seu caminho. Pode ser assustador. Mas às vezes a parede de
tijolos pode abrir nossos olhos para os outros caminhos ao nosso redor.
Para estradas menos percorridas, por assim dizer.
— Acho que nunca podemos eliminar o medo que essas paredes nos
causam, mas podemos aprender a aceitá-las. Podemos aprender a
aceitar os obstáculos que a vida nos lança, a entrar no desconhecido e a
criar novos caminhos, a encontrar novas maneiras de fazer as coisas que
sempre fizemos de uma certa maneira. Acho que isso é algo que
esquecemos - sei que fiz durante nossa reforma - e sei que todos tivemos
que lidar com mudanças de maneiras bem grandes. Como todos lidamos
com a mudança de maneira diferente, alguém gostaria de oferecer algum
conselho ou dicas sobre o que você faz para lidar com a mudança?
— Acho que a parte mais difícil para mim foram todas as pequenas
coisas. — Lauren é a primeira a falar, e Dylan muda para olhá-la. Com
seus cabelos escuros curtos e braços musculosos que esticam o tecido de
sua camiseta, ela parece que poderia facilmente derrubá-lo se ele
dissesse a coisa errada. É apenas com um olhar mais atento que Dylan
pode ver o tremor de suas pontas dos dedos. — Nem foram as grandes
mudanças, foram as coisas estúpidas como esquecer se eu lavei o cabelo
KM
e usar todo o meu xampu em uma semana, ou sair de casa e esquecer
para onde estava indo e vagar por horas. Foi tudo o que me lembrou que
eu sou diferente agora.
Dylan olha para Landon; sua testa está franzida da maneira que fica
quando ele está tentando se concentrar, tentando guardar as coisas na
memória.
— Esse é um ponto muito bom, Lauren — Ruby diz, sorrindo para ela.
— Nem sempre os grandes obstáculos são os mais difíceis. Às vezes, a
estrada é bloqueada por obstáculos menores, difíceis de atravessar, mas
não impossíveis.
KM
adivinha que Landon não fala muitas vezes. — Eu tive que aprender, uh,
parar de me comparar com quem eu era... antes. Que eu não posso fazer
as coisas que costumava fazer e... eu ficaria tão bravo que não podia fazer
as coisas, mas... mas agora que estou aprendendo a aceitar minhas
limitações, é mais fácil lidar com as coisas. Com a mudança.
KM
E talvez esse seja o problema, a ideia de dois Landons separados: um
antes e um depois. Porque sentado aqui nesta sala, cercado por outros
que entendem, Dylan apenas vê Landon ao lado dele, o Landon que ele
sempre conheceu: pele e tendões e ossos, músculos fortes o suficiente
para carregá-lo, cabelos desgrenhados e dedos longos que envolvem os
de Dylan. Isso é tudo e inegavelmente Landon. Um Landon que teve que
mudar, adaptar-se e fazer o que tem que fazer para sobreviver, mas ainda
assim, irrevogavelmente, o Landon por quem se apaixonou.
O grupo continua por mais meia hora e, embora Landon não fale
novamente, ele ouve atentamente a todos, concordando e encorajando.
Emilia também não fala, e Dylan se vê observando-a, imaginando que
KM
paredes e obstáculos ela está enfrentando e desejando que houvesse algo
que ele pudesse fazer para ajudar, para levantar o peso de seus ombros,
mesmo que apenas um pouco. Só para que ela possa respirar. Ele espera
que ela tenha alguém para fazer isso por ela.
O grupo ri quando August relata seu encontro com uma garotinha que
viu sua cadeira e pensou que ele era um robô, e até Dylan ri da imagem.
A reunião termina depois disso, terminando com o sorriso de Ruby e
alertando ao grupo que na próxima semana pode envolver marcadores e
música dos anos oitenta.
Ela tem o sorriso gentil de alguém que fala com as pessoas para viver;
suas roupas são profissionais e seu cabelo está perfeitamente alisado. E,
no entanto, há um olhar tenso em seus olhos que só vem de anos de
sofrimento e seu rosto está marcado como se ela fosse muito jovem.
KM
— É ótimo participar dessas reuniões, mas sei que nossas experiências
são um pouco diferentes — diz ela. Dylan acha que ela parece triste.
Desgastada. — Por favor, fique à vontade para me ligar.
— Você tem muita sorte — diz Katrina, e Dylan volta sua atenção para
a mulher na frente dele. — Vocês dois têm muita sorte.
KM
— Nós temos. — Dylan se vira para olhar Landon. Landon deve senti-
lo assistindo, porque ele olha na direção deles e dá a Dylan um pequeno
aceno. Os olhos de Emilia piscam para ele antes de olhar para o chão,
mas a sugestão de um sorriso permanece em seus lábios.
***
KM
— Eu sei — diz Landon, passando um dedo pela cobertura. — Eu
não... acho que não gosto de jujubas. Não mais.
Dylan olha para seu próprio cupcake: veludo vermelho, cheio de glacê
branco cremoso.
— O que?
KM
Dylan morde seu cupcake, o rico veludo vermelho derretendo em sua
boca. Seus olhos se fecham e ele não pode evitar o gemido que lhe escapa;
então seus olhos se abrem de vergonha. Landon está olhando para seus
lábios, mas rapidamente desvia o olhar, um rubor subindo em suas
bochechas.
— Oh, eu, hum, só queria dizer a ela que o grupo pode ser... assustador
no início, mas — Landon faz uma pausa, o rosto enrugado enquanto
tenta encontrar as palavras certas, — mas espero que ela volte.
— Por que você não faz sexo comigo? — As palavras são repentinas,
inesperadas. Dylan pisca surpreso, seu cupcake esquecido. Landon não
está olhando para ele, mas olhando para o guardanapo que ele está
trabalhando rapidamente em destruir.
KM
— O que? — Dylan espera que de alguma forma ele tenha ouvido
errado.
— Por que você não faz sexo comigo? — Landon repete, as palavras
ainda suaves, mas claramente enunciadas.
KM
— Este simplesmente não é o lugar apropriado para esta conversa. —
Dylan acena com a cabeça em direção ao casal de idosos.
Dylan sente algo subindo nele, quente e com raiva e tão perto de
estalar. — Desde que fomos atacados por isso — diz Dylan, mais alto do
que ele pretende. O casal de idosos olha para eles, franzindo a testa. —
Desde que fomos encurralados e espancados até você quase morrer,
apenas por sermos nós mesmos.
Por que Landon não entende? O mundo não está mais seguro, não
para pessoas como eles. Outros concordam com a existência, mas apenas
na teoria, e no momento em que houver qualquer evidência física,
acabou. E talvez da próxima vez termine de verdade. Para o bem. E
embora logicamente Dylan saiba que eles provavelmente estão seguros
aqui, que nada de ruim vai acontecer na esquina de uma loja de
cupcakes, isso não impede o pânico de voltar a rastejar, afundando suas
garras de volta onde encontrou um lar por tanto tempo. — Por favor.
Vamos apenas para casa.
KM
Landon olha para a mesa, pega o guardanapo e retoma sua destruição,
desta vez com raiva.
— Você não... — ele começa, e apesar do fogo em seus olhos, sua voz
soa derrotada. — Você ainda quer se casar comigo?
Dylan fica boquiaberto, certo de que ele parece um peixe fora d'água.
A ideia de ele não querer mais se casar com Landon é tão completamente
ridícula que ele não consegue entender por que Landon diria isso. A
picada começa, uma vez que as palavras se apegam, queimando como
álcool sobre uma ferida - como Landon poderia pensar que depois de
tudo isso, depois de tudo, Dylan simplesmente se afastaria, cancelaria
tudo?
KM
— Landon... — Dylan descansa a mão sobre o punho fechado de
Landon, o nó de ansiedade se apertando mais. — Está tudo bem?
Dylan está ao seu lado antes que ele perceba que está se movendo, um
fluxo constante de — Não, não, não — escapando de seus lábios. Há um
corte no templo de Landon, e Dylan tem certeza de que ele bateu com a
KM
cabeça em uma cadeira ao descer. O pânico aumenta tanto dentro dele,
que ele tem certeza de que ficará doente. Mas ele o mantém unido - ele
precisa, conforme as pessoas correm para o lado dele: o funcionário que
trabalha no balcão, outro da cozinha, uma jovem que estava mexendo
nos cupcakes.
— O que aconteceu?
KM
— Você está bem. — Dylan usa a manga da camisa para limpar o
sangue da têmpora de Landon. — Você vai ficar bem.
Tudo o que Dylan pode fazer é sacudir a cabeça, pensar nos caminhos
pela floresta e se perguntar quando a parede de tijolos ficou tão alta.
Quando o demônio começou a agarrá-lo mais uma vez, garras
destruindo tudo o que lhe restava?
KM
Ninguém acredita nisso, não da maneira que ele mal consegue manter
os olhos abertos e no tom doentio da sua pele.
KM
Não, isso não é normal.
Não sei.
Eu não sei.
Eu não sei.
KM
Capítulo 13
KM
— Não consegui dormir — diz Landon, uma vez que eles estão
situados, seus dedos encontrando os de Dylan, puxando o braço de
Dylan ao redor dele.
— Eu também.
— Eu não estou com raiva. Eu pensei que estava, mas acho que estou
mais decepcionado por você tomar uma decisão tão grande sem mim.
E que não vou ver meu noivo por seis semanas.
— Eu continuo estragando.
KM
— E o que... eu não faço? — Landon ri e o beija gentilmente. — Nós
dois estamos descobrindo isso. Às vezes somos obrigados a estragar
tudo. Seria estranho se não o fizéssemos.
KM
— OK. — Dylan deixa Landon guiá-lo para o quarto.
***
A cadeira é dura e uma das pernas é mais curta que as outras, fazendo
com que ela tombe com o menor movimento. Dylan desiste de sentar e
anda pela sala de espera, sentindo como se estivesse prestes a explodir a
cada passo. Em combustão. Explodir em chamas. Algo dramático e
mortal acontecerá, algo que o levará para longe daqui, da espera que
nunca acaba, da criatura que atormenta seus nervos expostos,
envolvendo a cauda em torno de seus pulmões e apertando.
Suas mãos tremem e ele quase deixa cair o telefone, ele tem que se
encostar na parede para se firmar.
KM
A sala de espera zomba dele. Ele se muda para o corredor.
— Esta não é a última vez — diz Adele, uma vez que Dylan começou a
respirar algo parecido com um ritmo normal. — OK? Landon vai ficar
bem. Ele bateu a cabeça e eles estão apenas fazendo os testes que
precisam fazer. Não é como da última vez.
KM
— Eu não poderia fazer nada — diz Dylan, depois de um momento. —
Ele caiu e eu só... eu congelei. Eu não sabia o que fazer.
— Mas ele conseguiu ajuda. Ele está recebendo ajuda agora, você não
fez nada errado.
Sabendo que não há nada que eles possam dizer que apague a dor
dentro dele, Dylan não responde.
— Não. — Dylan balança a cabeça. — Você não precisa vir. Eu... ligo
para você quando o ver. Eu posso fazer isso.
— OK. Mas ligue assim que puder, ok? E se você precisar de mim, eu
posso estar lá imediatamente.
KM
zumbissem sob sua pele, e ele circulava pela sala com o telefone na mão,
os olhos correndo em direção à porta a cada poucos segundos, esperando
alguém, alguém entrar com boas notícias e uma garantia de que tudo vai
ficar bem.
KM
costas da mão. Mas seu rosto está relaxado, seus lábios estão abertos e
Dylan sorri; Landon sempre negou que ele dorme com a boca aberta,
mas Dylan acha isso fofo, cativante.
Ele espera. Parece que ele passou o último ano esperando: esperando
médicos, terapeutas, boas e más notícias. Esperando que suas vidas se
recuperem.
KM
— É difícil dizer exatamente. Seus exames indicam alguma
desidratação leve e ele entrou com pressão baixa; poderia ter sido uma
combinação desses fatores. Daremos a ele alguns fluidos intravenosos
durante a noite e, desde que tudo corra bem, acho que deve ficar bem em
casa amanhã.
Dylan assente.
Ela sai com a garantia de que voltará de manhã e diz a Dylan para
informar à equipe de enfermagem se há algo que eles precisam.
***
KM
Há uma dor nas costas e uma pontada no pescoço quando ele acorda,
e leva um momento para Dylan lembrar por que ele dormiu em uma
cadeira. Então ele vê as feias paredes marrons, o suporte para soro e os
cobertores engomados do hospital.
— Sobre o que?
KM
Landon sorri, a cabeça caindo contra os travesseiros.
— Eu sei.
— Não. — As garras dentro dele se soltam pela primeira vez desde que
Landon caiu. — Não à estaca zero.
— Temos que estar pelo menos na estaca dos vinte até agora.
KM
Uma risada explode em Landon, seus olhos enrugando nos cantos.
— Eu te amo.
— Eu também te amo.
***
Mas talvez isso não seja uma coisa tão ruim. Talvez a mudança esteja
correta. Talvez o caminho que eles devem seguir seja diferente de tudo o
que eles esperavam, sempre mudando, e talvez eles nunca saibam
exatamente onde vão acabar. Se há uma coisa que Landon aprendeu, é
que tudo pode mudar em um piscar de olhos, no espaço de segundos, em
uma respiração medida. Por tanto tempo ele resistiu, revidou, atacou e
se afastou, mas, apesar da raiva e da frustração, ele ainda está aqui,
KM
ainda preso neste corpo que não entende, nesta vida com escolhas
sempre fora de seu alcance.
Ele não tem certeza do que eles colocam nesses remédios para dor,
mas pela primeira vez, Landon se sente livre, quase normal, como se ele
fosse apenas Landon novamente: Landon, que está se casando; Landon,
que trabalha com crianças; Landon, que ama doces tão doces que
queima sua língua; Landon, que não sabe cantar, de qualquer maneira,
ama o noivo e não para de pedir um cachorro, mesmo sabendo que Dylan
é uma pessoa de gato no coração.
Ele está começando a perceber que não é apenas definido pelo que
aconteceu com ele no passado, mas por quem ele é agora, pelo que faz
no futuro e pelas escolhas que ainda precisa fazer. Uma nova porta se
abriu, levando a escolhas, futuros e experiências que ele ainda não viveu,
e é emocionante.
O mundo não parou por causa de alguns idiotas odiosos; apenas parou
e esperou que ele o alcançasse novamente. Nos últimos meses, ele nunca
considerou o futuro em sentido amplo. Dia após dia, semana após
semana, ele tem tentado sobreviver. Ir para a terapia, passar por essa
enxaqueca, navegar por uma programação de medicamentos e consultas
e sobreviver longas e prolongadas horas. Houve frustrações que nunca o
deixam em paz, um apego desesperado ao passado, uma recusa em
KM
deixar ir, e recentemente ele está tão focado no presente que a ideia de
um futuro é insondável.
Ele olha para Dylan, a maneira como seus longos dedos seguram o
volante, seus cabelos escuros rebeldes por dormir em uma cadeira de
hospital, seus olhos sombreados de exaustão.
KM
As juntas de Dylan se apertam no volante e a mão nas contrações de
Landon.
Landon olha pela janela para a casa deles, para o carvalho no jardim
da frente e o feio ornamento de gramado que Lana os pegou, sabendo
que seria bom demais para derrubá-lo.
— Eu não deveria ter gritado com você. — Landon olha para Dylan e
o encontra olhando de volta. — Na loja de cupcakes. Eu não deveria ter
ficado bravo. Eu sinto muito.
KM
Landon assente, e Dylan se inclina sobre o console para dar um beijo
rápido na bochecha de Landon. Landon ainda está lutando com o cinto
de segurança quando Dylan abre a porta do passageiro.
KM
oferecendo apoio e incentivo, mesmo que sigam o caminho errado ou
encontrem um muro muito alto para escalar.
— Eles não venceram. — Landon se vira para olhar Dylan ao lado dele.
— Nós fizemos.
Juntos.
KM
Epílogo
KM
— Uma apresentação única, se você continuar assim.
— Por favor, não diga a luta pela comida. — Dylan torce o nariz e
Landon ri.
Landon não pode argumentar com isso, mesmo sabendo que Dylan
apenas finge protestar.
KM
Landon dá outro tapa no braço de Dylan, e Dylan protesta: — Ei, eu
estou dirigindo! — Landon sorri o resto do caminho até o apartamento
de Lana.
KM
— Me desculpe, estou atrasado — Logan diz, limpando a testa. Landon
pode sentir sua mente ficar vazia, sua surpresa ao ver Logan esmagando
qualquer pensamento que ele possa ter tido. E então ele está envolvido
nos braços de Logan, uma risada incrédula se soltando.
— Logan... o que...?
Landon olha para Dylan, que está ajoelhado ao lado da mochila, e ele
pode jurar que vê a mochila se mover.
— Por que você não abre? — Lana diz por trás dele. Landon se ajoelha
ao lado de Dylan, hesitando por um momento enquanto alcança a
KM
mochila até que Dylan o cutuca para frente. Suas mãos estão tremendo
e são necessárias duas tentativas para agarrar o zíper, que está
parcialmente fechado. Algo dentro da mochila cutuca o tecido, atingindo
suas pernas.
KM
e ela tropeça tentando pular do colo de Landon, caindo e rolando de
costas.
— Eu sei o quanto você queria um, e pensei... talvez ela pudesse ajudá-
lo? Ajudar nós dois. — Dylan encolhe os ombros nervosamente. — Além
disso, ela é realmente fofa.
Landon ri e beija Dylan com mais força do que ele quis, quase o
derrubando.
Atrás deles, alguém aplaude, outra pessoa bate palmas e Landon ouve
o som de alguém fungando e assoando o nariz.
KM
— Muito. — A voz de Landon ainda é suave com descrença, e ele sente
um puxão na barra da calça; o filhote está puxando-o de brincadeira. —
Ela tem um nome?
Jujuba lambe a mão antes que o som de Adele na cozinha chame sua
atenção e ela atravesse o apartamento, tropeçando uma vez em seus pés
muito grandes.
KM
O resto da noite está cheio de comida e bolo. Logan agrada a todos
com histórias de Jay-Jay em Nova York, enquanto brinca com Jujuba
com um brinquedo feito com uma das meias velhas de Lana. Landon fica
ao lado de Dylan. Ele pode sentir a pressão quente de seu anel de
noivado.
Lana sorri para eles, se inclina para frente de onde está sentada de
pernas cruzadas no chão e aperta o joelho de Landon.
KM
— Eu acho ótimo.
E ele não pode evitar, mais risadas se soltam. Entre uma multidão de
pessoas com toalhas de papel e material de limpeza, com um filhote de
cachorro envergonhado pressionado em seus braços, ele percebe.
KM
Perguntas para Discussão
10. Foi dito que “é preciso uma vila para criar um filho”. Neste livro,
foi preciso uma vila para ajudar Landon e Dylan a se curarem. Descreva
o papel que cada uma das pessoas em suas vidas teve em ajudar os
homens a curar e seguir adiante com sua experiência traumática.
KM
11. O que você acha que acontecerá a seguir na história de Landon
e Dylan? Como é o futuro deles?
KM