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Circular Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente
Presidente: Welington Pereira
Técnica, 30 Embrapa Hortaliças Publicações Secretária-Executiv
Secretária a: Sulamita Teixeira Braz
-Executiva
Endereço: Km 09 BR-060 Rodovia Brasília/Anápolis Membros
Membros: Adonai Gimenez Calbo (Editor Técnico)
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E-mail: sac.hortalicas@embrapa.br Dione Melo da Silva (Editora de Arte)
Maria Alice de Medeiros
Ministério da Agricultura, Maria Fátima Bezerra Ferreira Lima
Pecuária e Abastecimento
Waldir Aparecido Marouelli
1 a edição Warley Marcos Nascimento
1 a impressão (2002): 1000 exemplares Expediente
Supervisoras editoriais
editoriais: Dione Melo da Silva
Maria Amélia de Amaral e Elói
Fotos
Fotos: Waldir A. Marouelli
Editoração eletrônica
eletrônica: Vicente Júnior / Brisa Editora
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 31
MAROUELLI, W.A.; SILVA, H.R. Aspectos MAROUELLI, W.A.; SILVA, W.L.C.; MORETTI,
sanitários da água para fins de irrigação
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Gotejamento: opção para a irrigação do
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hortaliças:
tomateiro industrial cultivado em fileiras qualidade da água, aspectos do sistema e
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leira, Brasília, v.20, n.2, 2002. Suplemento
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Salvador. Anais
Anais... Salvador: SBEA: UFB: Congresso Brasileiro de Olericultura, Uber-
EMBRAPA, 2002. p.990-993. CD-Rom. lândia, 2002.
30 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
• Em termos gerais, o turno de rega para BURT, C.M.; O´CONOR, K.; RUEHR, T.
solos de textura média e fina de cerrado Fertigation. San Luis Obispo: Irrigation
Fertigation
varia de 1 a 2 dias durante os estádios Training and Research Center: California
inicial e de frutificação, de 4 a 6 dias Polytechnic State University, 1995. 295p.
durante o vegetativo e de 2 a 4 dias
durante o de maturação. FONTES, P.C.R. Diagnóstico do estado
nutricional das plantas
plantas. Viçosa: UFV, 2001.
• Para uniformizar a maturação e au- 122p.
mentar o teor de sólidos solúveis dos
frutos, as irrigações devem ser parali- FONTES, R.R. Solo e nutrição da planta. In:
sadas vários dias antes da colheita. SILVA, J.B.C.; GIORDANO, L.B., (Ed.).
Para solos de cerrado, maior rendi- Tomate para processamento industrial
industrial.
mento de polpa é obtido quando as Brasília: Embrapa Comunicação para
irrigações são suspensas cerca de 2 Transferência de Tecnologia: Embrapa
semanas antes da colheita (40% a Hortaliças, 2000. p.22-35.
50% de frutos maduros). Máxima
produção de frutos pode ser atingida GILBERT, R.G.; FORD, H.W. Emitter clogging.
irrigando-se até cerca de 1 semana In: NAKAYAMA, F.S.; BUCKS, D.A. (Ed.).
antes da colheita (80% a 90% de Trickle irrigation for crop production
production: design,
frutos maduros). operation and management. Amsterdam:
Elsevier, 1986. p.142-163.
• Por razões econômicas e práticas, a
fertirrigação pode ser realizada com HOCHMUTH, G.J.; SMAJSTRLA, A.G.
freqüência semanal. Também não se Fertilizer application and management for
faz necessário o fornecimento de todos micro (drip)-irrigated vegetables
vegetables. Gainesville:
os fertilizantes via água. Sugere-se University of Florida/Cooperative Extension
aplicar na adubação de plantio: 15% Service/Institute of Food and Agricultural
do nitrogênio e do potássio; 50% a Sciences, 1997. 33p. (Circular, 1181).
100% do fósforo; saturar o complexo
de troca do solo para 70%; 100% dos KELLER, J.; BLIESNER, R.D. Sprinkler and
demais macro e micronutrientes. trickle irrigation
irrigation. New York: VanNostrand
Reinhold, 1990. 652p.
• O tomateiro tem ciclo relativamente
curto e alta exigência nutricional, o que MAROUELLI, W.A.; SANT’ANA, R. R.;
não permite larga margem para a recu- SILVA, W.L.C. Performance econômica do
peração de danos causados por práticas tomateiro para processamento irrigado por
inadequadas de fertilização. Assim, a gotejamento e pivô central, nas condições de
adubação de plantio e a fertirrigação cerrados do Brasil Central. In: CONGRESSO
devem ser realizadas de forma adequa- NACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM,
da, visando minimizar prejuízos ao Anais...
12., 2002, Uberlândia. [Anais...
Anais...]. Uberlândia:
rendimento da cultura. ABID, 2002. CD-Rom.
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 29
neste trabalho, a interpretação dos níveis de tro molhado na superfície do solo (20 a
nutrientes na solução do solo será diferente 40 cm para solos de cerrado).
quando o processo de fertilização for outro.
• As linhas de gotejadores devem ser
O nível de suficiência de determinado nutri- instaladas na superfície do solo ou –
ente depende, além da cultura, do tipo de para minimizar os danos mecânicos e os
solo e da percentagem do volume de solo causados por roedores à tubulação e
umedecido pelo sistema de irrigação. Além facilitar as práticas culturais e a colhei-
disso, devido às muitas possibilidades de ta – entre 5 e 10 cm de profundidade.
erros que podem ocorrer no processo de Profundidades superiores a 10 cm apre-
amostragem, principalmente, a análise quími- sentam limitações, não devendo ser
ca da solução do solo não deve ser utilizada utilizadas em solos de cerrado.
como única fonte para tomada de decisões,
mas apenas para indicar tendências. • O principal problema do gotejamento é
o entupimento dos emissores. Para
É conveniente observar ainda que nem evitá-lo, deve-se instalar um sistema
sempre variações de determinado nutriente, eficiente de filtragem de água, analisar
como por exemplo a redução de nitrato, a qualidade da água e verificar a compa-
significa que este foi absorvido pela plantas tibilidade dos fertilizantes a serem
durante o período em consideração. Neste aplicados via fertirrigação.
caso, pode ter havido perda por lixiviação,
causada por irrigações excessivas, chuvas • O estádio de frutificação é o mais críti-
ou por problemas de uniformidade de distri- co quanto à deficiência de água no
buição da irrigação. solo; contudo, o excesso favorece a
ocorrência de doenças e o apodrecimen-
to de frutos.
Síntese das Recomendações
• O controle preciso da irrigação pode ser
• O gotejamento é uma opção viável para realizado pelos métodos do balanço
a irrigação do tomateiro para processa- hídrico e da tensão da água do solo, os
mento industrial na região do Cerrado. A quais baseiam-se na avaliação, em tempo
viabilidade econômica, todavia, está real, de parâmetros relacionados à planta,
condicionada a um manejo racional da ao solo e ao clima. Requerem, todavia,
água de irrigação e da fertirrigação. equipamentos para medição da umidade
do solo e/ou da evapotranspiração.
• As principais vantagens do gotejamen-
to, comparativamente à aspersão, são: • As irrigações devem ser realizadas quan-
maior produtividade e qualidade de do a tensão de água no solo, a 50% da
frutos; menor gasto de água; menor profundidade efetiva de raízes, atingir
incidência de doenças foliares; maior 70 kPa durante o estádio vegetativo,
flexibilidade no uso da fertirrigação; 15 kPa durante o estádio de frutificação
maior receita líquida. e 40 kPa durante a maturação.
amostras de material para análise em Pode ser uma valiosa ferramenta para moni-
laboratório. A estratégia de amostragem torar o programa de fertirrigação e para
inclui cuidados e procedimentos diagnosticar suspeitas de deficiência de
específicos para cada cultura. As amostras nutrientes em tempo real. Níveis adequados
devem ser coletadas em pelo menos 30 de nitrato e potássio na seiva de pecíolos de
plantas por hectare, de forma aleatória, tomateiro são apresentados na Tabela 12.
sempre retirando-se a quarta folha (e
respectivo pecíolo), a partir do ápice da A análise, geralmente de nitrogênio (nitra-
planta. Os resultados da análise devem ser to) e potássio, é feita com a utilização de
comparados a padrões existentes de níveis kits de reagentes comercializados em várias
de nutrientes na folha de tomateiro formas, principalmente fitas de papel que,
(Tabela 11). quando em contato com a seiva, apresen-
tam uma coloração de determinada intensi-
Um fator limitante do método é o tempo dade, a qual é comparada com padrões
(1 a 2 semanas) que leva entre a amostra- preestabelecidos. Também estão disponí-
gem e a obtenção dos resultados de labo- veis no mercado microeletrodos portáteis,
ratório. Dependendo do grau de deficiên- baseados em princípios potenciométricos.
cia, prejuízos ao desempenho da cultura
podem ocorrer antes mesmo dos resulta- A precisão das avaliações utilizando tais
dos da análise serem obtidos. dispositivos tem sido questionada devido a
uma série de fatores. O principal está relaci-
onado à falta de calibração específica para
Método da análise da seiva determinadas condições, pois os teores de
A análise de nutrientes na seiva, geralmente nutrientes na planta são muito influencia-
do pecíolo ou da folha, tem sido empregada dos por fatores ambientais, como hora do
em algumas culturas pela rapidez e facilida- dia e intervalo entre a última irrigação e o
de, podendo ser realizada no próprio campo. momento da avaliação.
Tabela 11
11. Níveis adequados de nutrientes na folha de tomateiro (matéria seca) no estádio inicial de florescimento.
Tabela 12
12. Faixas de suficiência para nitrato e potássio na seiva de pecíolos de tomateiro, nos diferentes estádios
de desenvolvimento.
Estádio N-NO3 (mg/kg) K (mg/kg)
Vegetativo 700 - 900 3.500 - 4.000
Início de floração / frutificação 600 - 800 3.500 - 4.000
Crescimento de fruto 500 - 700 3.500 - 4.000
Maturação 400 - 600 3.000 - 3.500
Obs.: N-NO3 = 0,226 x NO3
Fonte: Adaptado de Burt et al. (1995) e Hochmuth & Smajstrla (1997).
26 Fotos A e B: Leonardo B. Giordano - C : Acervo Embrapa Hortaliças - D : Waldir A. Marouelli - E: Ruy R. Fontes Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
A D
C E
Fig. 6. Sintomas de deficiências nutricionais do tomateiro: (A) nitrogênio; (B) fósforo; (C) potássio; (D) cálcio; (E) magnésio.
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 25
Tabela 10
10. Sintomas visíveis de deficiências de macronutrientes em tomateiro.
Nutriente Sintomas
Nitrogênio Clorose das folhas mais velhas, com nervuras amareladas ou com tonalidade rósea. Em
casos mais severos, toda a planta apresenta estado de clorose. Senescência precoce.
Face dorsal dos folíolos novos (nervuras e áreas internervais) com tonalidade arroxeada, e
Fósforo face ventral com coloração verde intensa. Folíolos menores e curvados para baixo. Folhas
mais velhas podem mostrar necrose e leve clorose internerval.
Necrose na margem e extremidade das folhas mais velhas, com aparência de queima. Folhas
Potássio velhas podem mostrar clorose internerval; enquanto os folíolos, pequenos pontos necróticos
entre as nervuras. As plantas podem apresentar acamamento.
Flacidez dos tecidos da extremidade dos frutos, evoluindo para uma necrose deprimida, seca
Cálcio e negra (podridão apical). Podridão seca e negra interna ao fruto (coração preto). Folíolos
com extremidades recurvadas para baixo e morte das gemas terminais.
Clorose internerval em toda a superfície dos folíolos mais velhos, com coloração amarela
Magnésio brilhante, permanecendo verdes as nervuras. Sob deficiência severa, as áreas amarelas vão
escurecendo, tornando-se necrosadas.
A podridão apical e o coração preto são Qualquer que seja o método utilizado, a
distúrbios fisiológicos causados pela defici- interpretação dos resultados e o diagnósti-
ência de cálcio, resultante da baixa disponi- co serão mais confiáveis se feitos com
bilidade desse elemento no solo ou por auxílio de uma análise visual dos sintomas,
condições que limitem a translocação de eliminando-se os possíveis efeitos de
cálcio para o fruto, como é o caso da defi- fatores varietais, ambientais, pragas ou
ciência de água no solo. A incidência des- doenças.
ses distúrbios aumenta significativamente
quando os teores de cálcio no fruto caem
abaixo de 0,8 g/kg (massa fresca), raramen- Método visual
te ocorrendo com teores acima de 1,2 g/kg. Consiste na observação, caracterização e
descrição de sintomas de deficiência ou
A cultura do tomateiro, como a grande toxicidade em determinada planta e compa-
maioria das hortaliças, tem ciclo relativa- rá-los com sintomas padronizados de cada
mente curto, o que não permite larga mar- nutriente, para a mesma espécie ou varieda-
gem para a recuperação de danos causados de de planta. Para maior precisão do diag-
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 23
mente. Em solos de textura grossa, duas nal, mas nunca no mesmo dia para não
vezes por semana. A freqüência da fertirri- provocar problemas de precipitação na
gação para fósforo e cálcio pode ser sema- tubulação.
Tabela 9 9. Quantidade de nitrogênio, potássio, fósforo e cálcio, em kg/ha/semana, a ser aplicada via
fertirrigação, ao longo do ciclo de desenvolvimento do tomateiro, referente à solução do exemplo 2.
Nutriente
Plantio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
N 37,5 0,0 5,0 5,0 5,0 5,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 17,5 0,0 0,0 0,0
K2 O 46,5 0,0 6,2 6,2 6,2 6,2 31,0 31,0 31,0 31,0 31,0 31,0 31,0 21,7 0,0 0,0 0,0
P2 O5 270,0 0,0 10,8 27,0 27,0 27,0 27,0 27,0 27,0 27,0 27,0 27,0 16,2 0,0 0,0 0,0 0,0
Ca V=70% 0,0 0,0 0,0 0,0 2,5 2,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 0,0 0,0 0,0 0,0
V = saturação de bases recomendada para o solo.
Tabela 8 8. Quantidade relativa de nitrogênio, potássio, fósforo e cálcio a ser aplicada semanalmente via
fertirrigação, ao longo do ciclo de desenvolvimento do tomateiro.
Tabela 7
7. Sugestão de adubação de fósforo e potássio, para solos de cerrado, segundo o nível de disponibilidade dos
nutrientes no solo, para uma produtividade esperada do tomateiro de 85 t/ha.
Fósforo Potássio
P no solo* (mg/L) P2 O5 (kg/ha) K no solo (mg/L) K2 O (kg/ha)
0 - 10 600 0 - 30 250
11 - 20 500 31 - 60 200
21 - 30 400 61 - 100 150
> 30 300 > 100 100
* Método de Mehlich.
Obs.: mg/L = 1 ppm.
Fonte: Adaptado de Fontes (2000).
20 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
aplicação de fósforo para valores entre 5,0 e enxofre às plantas é realizado usualmente
6,0, por meio da injeção de ácidos. por meio dos fertilizantes carreadores dos
macronutrientes primários, não sendo, via
Apesar do risco potencial de entupimento de regra, considerado no programa de
de gotejadores, da reduzida mobilidade do fertirrigação ou adubação convencional.
fósforo no solo e do maior custo das
fontes de fósforo solúveis, a aplicação de
fósforo via água de irrigação pode ser Fertilizantes com Micronutrientes
viável e proporcionar incrementos signifi- Os sulfatos são as fontes solúveis de zinco,
cativos de produtividade, principalmente manganês, cobre e ferro de custos mais
em solos com teor de fósforo abaixo de reduzidos para fertirrigação. Todavia, são
20 mg/L. pouco eficientes quando aplicados via
irrigação, por serem retidos na camada
superficial do solo.
Fertilizantes com Cálcio, Magnésio e
Enxofre As fontes mais eficientes de cobre, ferro e
O suprimento de cálcio e magnésio às plan- zinco via irrigação são as formas quelatiza-
tas é, normalmente, realizado por meio da das. Os quelatos movem-se no perfil do
calagem, com a aplicação de calcário dolomí- solo, juntamente com a água, disponibili-
tico ou calcítico, ou por ocasião do plantio, zando os micronutrientes às raízes. O alto
usando fertilizantes contendo tais elementos. custo é a principal desvantagem para o uso
das formas quelatizadas para fertirrigação.
O cálcio é absorvido em grandes quantida-
des pelo tomateiro (70 a 140 kg/ha), sendo O bórax e o ácido bórico são as fontes de
responsável pelo bom desenvolvimento boro mais comuns. O bórax apresenta baixa
radicular e fortalecimento da parede celular. solubilidade a frio, o que limita a utilização.
A fertirrigação com cálcio a partir do flores- De um modo geral, a maneira mais prática e
cimento elimina a ocorrência de podridão econômica de fornecer micronutrientes às
apical e a necessidade de pulverizações plantas é via adubação de plantio ou foliar.
foliares de cálcio. As fontes mais comuns
são o nitrato e o cloreto de cálcio, sendo o
cloreto a fonte de mais baixo custo. A Compatibilidade de Fertilizantes
aplicação de cálcio, no entanto, pode Para evitar problemas de precipitação e de
acarretar problemas de entupimento de entupimento de gotejadores, recomenda-se
gotejadores, não devendo ser realizada no avaliar a compatibilidade dos fertilizantes
mesmo dia da aplicação de qualquer fonte entre si e com a água a ser utilizada. Um
de sulfato, nitrato ou fósforo. teste simples pode ser feito misturando o(s)
fertilizante(s) a ser(em) injetado(s) com a
Aplicações de magnésio via irrigação não água de irrigação em um recipiente, na mes-
implicam, em geral, ganhos de produtividade, ma taxa de diluição a ser utilizada. Deve-se
além do risco potencial de formar compostos agitar a solução por alguns minutos e obser-
insolúveis e causar a obstrução de filtros e var, por cerca de uma hora, a ocorrência de
gotejadores. Caso necessário, pode ser utili- precipitados e a turbidez da solução. Se a
zado o sulfato ou o nitrato de magnésio. solução permanecer clara e transparente, será
provavelmente seguro injetar os fertilizantes
O enxofre apresenta alta mobilidade no testados no sistema de irrigação.
solo, existindo várias fontes solúveis para
fertirrigação, como o sulfato de amônio e o Algumas regras básicas de compatibilidade a
de potássio. Todavia, o fornecimento de serem observadas durante a mistura e a
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 19
A forma nítrica é a que apresenta maior cloreto indicado para fertirrigação apresen-
susceptibilidade à lixiviação, por permanecer ta coloração branca.
totalmente livre na solução do solo. Já o
nitrogênio amoniacal é retido pelas cargas O sulfato de potássio é uma fonte de custo
negativas das partículas de argila e matéria ligeiramente menor que o nitrato de potás-
orgânica, estando pouco sujeito à lixiviação. sio. Apresenta, porém, menor solubilidade
A uréia apresenta alta mobilidade no solo; que o nitrato e o cloreto de potássio. Não
todavia, é transformada rapidamente nos deve ser aplicado em água rica em cálcio
primeiros 5 a 10 cm do solo para a forma nem misturado com fertilizantes contendo
amoniacal. A lixiviação poderá ser significati- este elemento, pois pode provocar precipita-
va após a nitrificação do amônio. ção e entupir os gotejadores.
Deve-se evitar, todavia, utilizar o cloreto de A fertirrigação com fósforo pode causar
potássio de coloração rosa, normalmente problemas de entupimento de gotejadores
usado em adubação convencional. Este decorrente da precipitação de sais insolúveis,
fertilizante, embora apresente boa solubili- principalmente quando injetado em água com
dade, fornece uma solução com certo grau pH acima de 7,5 e concentração de cálcio
de oleosidade e de resíduos que pode levar acima de 60 mg/L. O risco pode ser minimiza-
à obstrução de filtros e gotejadores. O do reduzindo-se o pH da água durante a
18 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
Tabela 66. Teores médios de nutrientes e solubilidade em água a 20 oC dos principais fertilizantes utilizados
para fertirrigação.
Fertilizante Concentração (%)* Solubilidade (kg/L)*
Ácido fosfórico 46 a 76 P2 O5 líquido
Cloreto de cálcio 22 Ca, 38 Cl 1,00
Cloreto de potássio 60 K2 O, 47 Cl 0,35
Fosfato diamônico (DAP) 45 P2 O5 ; 16 N 0,57 (10 oC)
Fosfato monoamônico (MAP) 48 P2 O5 ; 10 N 0,37
Fosfato monopotássio (MKP) 34 K2 O; 52 P2 O5 0,23
Nitrato de amônio 34 N 1,95
Nitrato de cálcio 15 N; 34 Ca 2,20
Nitrato de potássio 14 N; 44 K2 O 0,31
Nitrato de sódio (Salitre do Chile) 15 N 0,88
Nitrato duplo potássio 15 N; 14 K2 O 1,10
Sulfato de amônio 21 N; 24 S 0,76
Sulfato de magnésio 13 Mg; 13 S 0,71
Sulfato de potássio 50 K2 O; 17 S 0,11
Uréia 46 N 0,85
* A concentração de nutrientes e a solubilidade dos fertilizantes podem variar dependendo do fabricante.
Fonte: Adaptado de Burt et al. (1995) e Montag (2001).
16 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
Fig. 4. Curva de coeficiente de cultura (Kc) para tomateiro para processamento irrigado por gotejamento superficial.
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 15
Tabela 5
5. Coeficiente Kp para o tanque Classe A conforme a bordadura, umidade relativa do ar e velocidade do vento.
Tanque circundado por grama ou tomateiro
Umidade relativa (%)
Vento Baixa (<40%) Média (40% - 70%) Alta (>70%)
(m/s) R (m)* R (m)* R (m)*
10 100 10 100 10 100
Leve (<2) 0,65 0,70 0,75 0,80 0,85 0,85
Moderado (2 - 5) 0,60 0,65 0,70 0,75 0,75 0,80
Forte (5 - 8) 0,55 0,60 0,60 0,65 0,65 0,75
Tanque circundado por solo nu
Umidade relativa (%)
Vento Baixa (<40%) Média (40% - 70%) Alta (>70%)
(m/s) R (m)* R (m)* R (m)*
10 100 10 100 10 100
Leve (<2) 0,60 0,55 0,70 0,65 0,80 0,75
Moderado (2 - 5) 0,55 0,50 0,65 0,60 0,70 0,65
Forte (5 - 8) 0,50 0,45 0,55 0,50 0,65 0,60
*R: posição do tanque - menor distância do tanque ao limite da bordadura (grama ou solo nu).
Fonte: Adaptado de Allen et al. (1998).
14 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
Exemplo 1: Determinar a freqüência e o Passo 6: Pela Tabela 4, para ETc = 5,2 mm/dia,
tempo de irrigação para a seguinte condição. Z = 30 cm, solo tipo II e estádio de frutifica-
• Local: Brasília/DF; ção, o turno de rega recomendado no mês de
• Classe textural do solo: argila julho é de TR = 1 dia.
(cerrado);
• Mês: julho; Passo 7: Para o presente exemplo, considerar
• Temperatura média do ar: 20 ºC; uma uniformidade de emissão de Ue = 0,85
• Umidade relativa média do ar: 55%; (fita gotejadora). Para solo do tipo II, a efici-
• Estádio: frutificação (início); ência associada as perdas por percolação
• Área irrigada por vez: 2 ha; profunda não controlável é de Es = 0,95.
• Espaçamento entre linhas de gotejado-
res: 1,2 m; Passo 8: Para ETc = 5,2 mm/dia, TR = 1 dia,
• Espaçamento entre gotejadores: 0,20 m; Ue = 0,85 e Es = 0,95, tem-se que a lâmina
• Vazão do gotejador: 1,1 L/h. total necessária é de:
Tabela 4
4. Sugestão de turno de rega (dias) para a cultura do tomateiro irrigada por gotejamento conforme a
evapotranspiração da cultura (ETc), profundidade de raízes, tipo de solo e estádio de desenvolvimento.
Solo tipo I: solos de textura grossa (areia, areia franca, franco arenoso).
Solo tipo II: solos de textura média (franco, franco siltoso, franco argilo-arenoso, silte) e de cerrado (exceto os de textura grossa).
Solo tipo III: solos de textura fina (franco argilo-siltoso, franco argiloso, argila arenosa, argila siltosa, argila, muito argiloso), exceto
os de cerrado.
Obs.: 1/2 representa duas irrigações por dia; 1/3, três irrigações por dia e assim por diante.
Fonte: Valores computados segundo Keller & Bliesner (1990), Marouelli et al. (1996) e Marouelli et al. (2001).
12 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
Tabela 3
3. Evapotranspiração de referência (ETo), em mm/dia, conforme a temperatura e umidade relativa média do ar.
Temp Umidade relativa (%)
(ºC) 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
18 6,7 6,1 5,5 5,0 4,4 3,9 3,3 2,8 2,2 1,7
20 7,3 6,7 6,1 5,5 4,9 4,3 3,6 3,0 2,4 1,8
22 8,0 7,3 6,6 6,0 5,3 4,6 4,0 3,3 2,7 2,0
24 8,6 7,9 7,2 6,5 5,8 5,0 4,3 3,6 2,9 2,2
26 9,4 8,6 7,8 7,0 6,2 5,5 4,7 3,9 3,1 2,3
28 10,1 9,3 8,4 7,6 6,7 5,9 5,1 4,2 3,4 2,5
30 10,9 10,0 9,1 8,2 7,3 6,4 5,4 4,5 3,6 2,7
32 11,7 10,7 9,7 8,8 7,8 6,8 5,8 4,9 3,9 2,9
Obs.: Valores de ETo nos intervalos de umidade relativa e temperatura apresentados podem ser obtidos por interpolação linear.
Fonte: Valores obtidos a partir da equação de Ivanov (Marouelli et al., 2001).
manejada de forma adequada e em solo com de serem utilizados e não requerem o uso
boa drenagem, produz frutos com maior teor de equipamentos; porém, apresentam me-
de sólidos solúveis e produtividade próxima nor precisão que os métodos do balanço
da potencial. hídrico e o da tensão.
Tabela 2
2. Valores médios de turno de rega (TR), tensão crítica de água no solo (Ts), coeficiente de cultivo (Kc) e
profundidade efetiva do sistema radicular do tomateiro (Z), irrigado por gotejamento, nos diferentes estádios de
desenvolvimento da cultura.
Duração TR 1 Ts Kc 2 Z1
Estádio (dias) (dias) (kPa) (cm)
Normal Direto
Inicial 6 - 8 1 - 2 --- 0,45 0,35 10
Vegetativo 23 - 27 4 - 6 70 0,40 0,35 20 - 303
Frutificação 50 - 60 1 - 2 15 0,95 0,85 30 - 403
Maturação 26 - 30 2 - 4 40 0,70 0,65 40
1
Valores recomendados para a região do Cerrado.
2
Plantio convencional e direto de mudas em palhada, respectivamente.
3
O menor valor refere-se ao início do estádio.
Fonte: Adaptado de Marouelli & Silva (2001) e Marouelli et al. (2001).
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 7
Outra medida preventiva que pode ser adota- Partículas de silte (2 a 50 µm) e de argila
da quando as concentrações de ferro, man- ( < 2 µm) não provocam, via de regra,
ganês e sulfetos na água de irrigação estive- problemas de entupimento de gotejadores
rem acima dos limites mínimos aceitáveis de fluxo turbulento, pois fluem facilmente
(Tabela 1) é a cloração da água, mantendo-se pelas passagens de água. Todavia, águas
cerca de 1 mg/L de cloro residual livre. Neste barrentas podem provocar obstrução
caso, os precipitados resultantes da oxidação gradativa em alguns tipos de gotejadores,
devem ser filtrados antes de adentrarem o devendo ser evitadas. Neste caso, a água
sistema de irrigação. deve ser submetida a um processo de
sedimentação ou de floculação antes
O processo mais eficiente para a remoção de de ser utilizada.
ferro da água de irrigação é o da aeração
seguido de filtragem ou decantação. Antes Os filtros de disco e de tela são indicados
que adentre o tanque de decantação, a água para eliminar praticamente quaisquer tipos
é submetida a uma completa aeração para de sólidos suspensos, mas são facilmente
oxidar o ferro à forma insolúvel. A incorpora- obstruídos por materiais orgânicos. Os
ção de oxigênio à água pode ser realizada filtros de areia retêm grandes quantidades
aspergindo a água ou fazendo com que a de sólidos suspensos e de materiais orgâni-
água passe sobre uma série de defletores. cos antes de serem obstruídos. Apesar de
reterem partículas menores que 100 µm
A obstrução parcial de gotejadores por preci- (depende do diâmetro do elemento
pitados químicos pode ser muitas vezes filtrante), os filtros de areia devem ser
revertida injetando-se ácido durante 30 a seguidos por um filtro secundário de tela
60 min no sistema, numa concentração ou discos para evitar que partículas
que reduza o pH da água para 4,0. de areia do próprio filtro entrem no
Problemas mais sérios de entupimento po- sistema (Fig. 2).
dem, em alguns casos, ser minimizados
reduzindo-se o pH da água para 2,0.
Após a aplicação do ácido, deve-se
irrigar em excesso e com a pressão mais
elevada possível para a limpeza final
das tubulações e gotejadores.
Aspectos Físicos
As partículas inorgânicas suspensas e os
materiais orgânicos presentes na água
podem causar a obstrução dos gotejadores.
O problema pode ser eliminado filtrando-se
a água e lavando-se a linha de gotejadores
periodicamente. O uso de válvulas de final
de linha, em cada lateral, possibilita que a
Fig. 2. Conjunto de filtros de areia e de disco, com sistema de
lavagem seja automática. A maioria dos retrolavagem automática.
6 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
ativa, o espaçamento pode chegar a valores presença de ferro em algumas fontes de água
acima de 50 cm. Avaliações de campo pode trazer problemas.
devem ser realizadas visando estabelecer o
espaçamento ideal. Como regra geral, o Água com pH acima de 7,5 e com alta con-
espaçamento entre gotejadores deve ser de centração de bicarbonato de cálcio ou de
50% a 70% do diâmetro molhado na super- magnésio pode provocar a obstrução gradati-
fície do solo. Espaçamentos superiores va dos gotejadores, devido a sua precipita-
podem reduzir significativamente a produti- ção. O ferro e o manganês presentes na água
vidade do tomateiro. Para evitar a formação podem também formar precipitados insolú-
de uma zona de saturação junto ao colo da veis na presença de sulfeto ou sob condições
planta, a linha de gotejadores deve ser de pH e temperatura elevada.
posicionada entre 5 a 10 cm em relação à
linha de plantio. Quando a qualidade química da água apre-
sentar risco potencial de entupimento de
gotejadores (Tabela 1) deve-se atuar de
Qualidade e Tratamento da Água forma preventiva, pois tentar solucionar um
problema já existente de entupimento é
O principal problema do gotejamento é o difícil. Em muitos casos será necessária a
entupimento devido à qualidade da água substituição de todos os gotejadores.
utilizada para a irrigação e ao manejo inadequa-
do da fertirrigação. Isso se deve à presença de O procedimento mais utilizado para prevenir
impurezas em suspensão, formação de precipi- problemas de precipitação química nas
tados e atividade microbiológica. Um guia para tubulações é a redução do pH da água para
avaliação do risco de obstrução de gotejadores, níveis entre 5,5 e 7,0, por meio da injeção
conforme as características físicas, químicas e de ácidos, como o nítrico, o sulfúrico, o
biológicas da água, é apresentado na Tabela 1. muriático e o cítrico. A quantidade de
ácido (0,02% a 0,2% da capacidade do
sistema), que depende da qualidade e
Aspectos Químicos temperatura da água e do tipo de ácido,
A presença de carbonatos, cálcio, magnésio, pode ser calculada a partir de uma curva de
ferro, manganês e sulfetos pode favorecer a titulação, determinada em laboratório, ou
formação de precipitados que irão obstruir por tentativa e erro na própria propriedade
filtros e gotejadores. Na região do Cerrado, a (em ambos os casos deve-se dispor de um
Tabela 1
1. Risco potencial de entupimento de gotejadores conforme a qualidade da água de irrigação.
Risco de entupimento
Qualidade
Pequeno Médio Alto
Física
Sólidos suspensos (mg/L) < 50 50 - 100 > 100
Química
pH < 7,0 7,0 - 8,0 > 8,0
Sólidos dissolvidos (mg/L) < 500 500 - 2.000 > 2.000
Bicarbonato (mg/L) < 50 50 - 180 > 180
Cálcio (mg/L) < 50 50 - 150 > 150
Manganês (mg/L) < 0,1 0,1 - 1,5 > 1,5
Ferro total (mg/L) < 0,2 0,2 - 1,5 > 1,5
Ácido sulfídrico (mg/L) < 0,2 0,2 - 2,0 > 2,0
Biológica
Bactérias (no/ml) < 10.000 10.000 - 50.000 > 50.000
Fonte: Adaptado de Gilbert & Ford (1986).
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 5
rais e de colheita, a lateral pode ser insta- lação; e prevenir a entrada de raízes nos
lada a cerca de 5 cm de profundidade. gotejadores. Para se evitar a entrada de
Neste caso, devem-se utilizar tubos de raízes nos gotejadores, pode-se realizar
maior espessura de parede visando minimi- uma aplicação única de trifuralina
zar danos à tubulação e facilitar sua retira- (0,25 mL/gotejador) no início do ciclo de
da após a colheita. desenvolvimento do tomateiro via água de
irrigação durante 20 a 30 minutos. Existem
Além das vantagens normais do gotejamen- também no mercado gotejadores impregna-
to, o sistema subterrâneo apresenta algu- dos com trifuralina, ou que apresentam
mas outras adicionais: menor uso de água projeto de construção que minimizam a
em razão da redução da evaporação de entrada de raízes.
água do solo; menor ocorrência de apodre-
cimento de frutos devido ao fruto não
entrar contato com o solo úmido; menor Espaçamento entre laterais e
uso de mão-de-obra; e aumento da vida útil gotejadores
do sistema devido à não necessidade de O espaçamento entre as linhas laterais de
remoção das linhas laterais ao final de cada gotejadores depende do sistema de plantio
ciclo da cultura. Para tal, faz-se necessário a ser utilizado, o qual pode ser em fileiras
que a lateral seja instalada a uma profundi- simples (120 a 150 cm), com uma lateral de
dade suficiente para que a superfície do gotejadores por linha de plantio, ou em
solo permaneça seca e que não haja danos fileiras duplas (140 x 40 cm a 160 x 50 cm),
à tubulação durante o preparo do solo. com uma lateral por dupla de fileiras.
Para solos de cerrado, a instalação dos Para reduzir o investimento inicial, a maio-
gotejadores entre 10 e 20 cm de profundi- ria dos agricultores tem optado pelo plantio
dade possibilita alta produtividade, mas em fileiras duplas, com uma lateral por
requer o uso da aspersão, durante o estádio dupla de fileiras. Estudos realizados na
inicial de estabelecimento da cultura (10 a Embrapa Hortaliças, no entanto, indicam
20 dias), para auxiliar o pegamento de que o sistema em fileiras simples possibili-
mudas. Ademais, laterais instaladas a estas ta, em termos gerais, um incremento de
profundidades não podem ser facilmente produtividade de cerca de 10%, quando
retiradas ao final de cada colheita, devendo comparado ao sistema de fileiras duplas, o
permanecer instaladas no campo. Assim, que é suficiente para compensar o custo
para que não sejam danificadas por discos mais elevado desse sistema. A maior produ-
de grade e arado, devem-se implementar tividade no sistema de fileiras simples,
ajustes no sistema de preparo do solo, comparativamente ao sistema de fileiras
adotando-se, por exemplo, o plantio direto duplas, deve-se ao melhor suprimento de
de mudas. Profundidades maiores que água às plantas, especialmente no estádio
20 cm não devem ser utilizadas, pois o inicial de estabelecimento de mudas, e à
suprimento de água às plantas é deficiente menor incidência de frutos podres.
e a produtividade drasticamente reduzida.
Os gotejadores devem ser espaçados ao
Para se evitar problemas de entupimentos longo da lateral de maneira a formar uma
no gotejamento subterrâneo, alguns cuida- faixa molhada contínua e uniforme ao longo
dos devem ser tomados: usar gotejadores da linha de plantio. Para solos de cerrado, o
recomendados para tal finalidade; posicio- espaçamento varia entre 10 e 40 cm, sendo
nar os gotejadores virados para cima; usar função da vazão do gotejador, freqüência
válvulas anti-vácuo para prevenir a sucção de irrigação e, principalmente, do tipo de
de partículas sólidas para dentro da tubu- solo. Para solos argilosos, contendo argila
4 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
O custo por metro linear das fitas goteja- são considerados excelentes, entre 0,05 e
doras não varia com o espaçamento entre 0,10 são aceitáveis e acima de 0,20 são
emissores, pois os gotejadores são integra- inaceitáveis.
dos à fita (moldados na própria parede da
mangueira durante o processo de fabrica- Uma das características mais importantes do
ção). Já os tubos gotejadores têm o custo gotejador é a interdependência da vazão a
aumentado quanto menor a distância entre variações de pressão, expressa pelo expoente
gotejadores em razão de os emissores de descarga do gotejador. Quanto maior o
serem estruturas distintas, que são previa- expoente, maior a sensibilidade da vazão a
mente manufaturados e posteriormente variações de pressão. Um expoente igual a
afixados internamente na parede do tubo 1,0 (fluxo laminar) indica que o gotejador é
durante o processo de extrusão (gotejador totalmente sensível a variações de pressão,
interno) ou acoplados externamente (gote- ou seja, uma variação de 20% de pressão
jador tipo botão). causa 20% de variação de vazão. Um expo-
ente igual a 0,5 (fluxo turbulento) significa
A suscetibilidade do gotejador ao entupi- que 20% de variação de pressão causa 10%
mento depende, em grande parte, do de variação de vazão. Já um expoente igual a
diâmetro para passagem da água e do zero (totalmente autocompensante) significa
regime de fluxo. Em geral, maiores diâme- que a vazão não é afetada por variações de
tros e fluxo turbulento resultam em menor pressão. A maioria dos gotejadores disponí-
risco de entupimento. Entretanto, existem veis no mercado apresentam expoentes de
gotejadores que apresentam dispositivos descarga entre 0,3 a 0,7. Os gotejadores
ditos “auto-limpantes”. Assim, a suscetibi- chamados autocompensantes não têm efeti-
lidade ao entupimento pode ser avaliada vamente expoente zero, mas entre 0,1 e 0,3.
usando informações do fabricante e experi- Por suas características de fabricação, os
ência de campo. gotejadores autocompensantes permitem o
uso de laterais mais longas e são indicados
Em geral, a vazão dos gotejadores varia de para terrenos ondulados, sendo a uniformida-
0,5 a 4,0 L/h, sendo aqueles com vazão de de emissão afetada mais por problemas de
entre 1,0 e 2,0 L/h os mais utilizados. entupimento ou qualidade de fabricação do
Gotejadores com alta vazão podem ter a que por variações de vazão. Todavia, apre-
vantagem de reduzir problemas de entupi- sentam custo mais elevado que os demais
mento, devido ao maior diâmetro de passa- tipos de gotejadores.
gem de água, e aumentar ligeiramente a
largura da faixa de molhamento. Entretan-
to, exigem a utilização de linhas laterais Profundidade de instalação dos
com menor comprimento que gotejadores gotejadores
de baixa vazão para se atingir uma desejada O sistema de irrigação por gotejamento
uniformidade de emissão, o que aumenta o pode ser classificado em superficial e sub-
custo do sistema de irrigação. terrâneo. No Brasil, o sistema subterrâneo é
muito pouco utilizado para hortaliças. O
O processo de fabricação pode afetar a comum é instalar as linhas laterais de gote-
variabilidade de descarga do gotejador, jadores na superfície do solo próximas à
sendo a qualidade do processo indicado fileira de plantas.
pelo coeficiente de variação do gotejador.
Quanto menor o coeficiente de variação, Para minimizar danos mecânicos à tubula-
menor a variação de vazão para uma mesma ção e os causados principalmente por
pressão e melhor a qualidade de fabricação roedores, cupins e alguns tipos de formi-
do gotejador. Coeficientes inferiores a 0,05 gas, bem como facilitar as práticas cultu-
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 3
Fig. 1. Válvula hidráulica e painel de controle para automação da irrigação por gotejamento.
30 Introdução
Autores
Waldir A. Marouelli
Eng. Agrícola,
Ph.D., Embrapa
Hortaliças
Washington L. C. Silva
Eng. Agrônomo,
Ph.D., Embrapa
Hortaliças