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Gisele Shaw
Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)
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A interdisciplinaridade e a pesquisa no ensino de ciências: relações, limites e possibilidades / Interdisciplinarity and research in science education: relationships, limits
and possibilities View project
Ensinar ciências a todos: sequências didáticas interdisciplinares e inclusivas/ Teaching science to all: interdisciplinary and inclusive teaching sequences View project
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Fo r m a ç ã o i n t e r d i s c i p l i n a r
docente no Ensino Superior: uma
proposta de avaliação
GI SELE SO ARES LEMOS SHAW I
http://dx.doi.org/10.22347/2175-2753v12i34.2279
Resumo
Abstract
The interdisciplinary training of undergraduate or acting teachers promotes the
development of the ability to solve problems and to interconnect knowledge from
different disciplines. Although there are courses that offer this type of training, there is a
lack of evaluation tools that reach the entire learning process of the participants,
considering its complexity. A self-assessment questionnaire is analyzed as a tool for
formative assessment of undergraduate students in natural sciences in interdisciplinary
training activities. The data of this research, of qualitative nature, were collected through
the questionnaire, plans of workshops and productions written by the participants.
Through content analysis, it was observed that the self-assessment questionnaire allowed
undergraduates to self-reflect on various aspects of the pedagogical didactic process,
among them about their involvement in the workshop, their teaching, their pedagogical
ideas and practices, in addition to enabling teacher educators to know students'
perceptions of interdisciplinarity and their didactic reference models.
Keywords: Evaluation. Higher Education. Teacher Training. Interdisciplinary. Didactic
Models.
Introdução
1 Tradução sugerida: “[...] através de um avanço gradual na cognição de alta ordem – especificamente, habilidades
metacognitivas, pensamento crítico e epistemologia pessoal. Estudos interdisciplinares facilitam o desenvolvimento
de pensamento superior”.
2 Sugestão de tradução: “O surgimento de uma visão complexificada da disciplina significa o fortalecimento dos
conceitos fundamentais e teorias para responder ao desafio ou a metodologias alternativas oferecidas por outra
disciplina. A complexificação é outra manifestação de um diálogo interdisciplinar, em que a mente não tenta
colocar um novo terreno fora das disciplinas ou nas fronteiras de disciplinas, mas sim leva o diálogo para o interior
do campo e o muda de dentro”.
Metodologia
questionário foi de 5,0 pontos. Cada participante refletiu sobre os itens, atribuindo
valor e justificando sua resposta, conforme Quadro 1.
Itens Valores
3 O projeto, intitulado “A pesquisa como estratégia formativa de professores de Ciências para o trabalho
interdisciplinar e por meio de temas transversais” foi aprovado pelo Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e
Pesquisas – (Cedep) da Univasf, ad referendum, no dia 31 de março de 2014.
Resultados e discussões
Tipos de células,
Estrutura celular,
Aula dialógica, produção
Oficina Propriedades
Biologia, de desenhos de células,
Contextu químico-
L7 Química e confecção de massa de
alizando molecular e das
Matemática modelar, modelagem de
a Biologia células e
células
Proporcionalida
de
Questionários avaliativos
com caça-palavras e
perguntas, aula dialógica,
O sol e suas pesquisa em grupos sobre
Oficina O características, características de planetas,
aprendiza Movimentos de nebulosas e estrelas, análise
do das rotação e de cenários do filme
ciências Ciências, translação, Guardiões da galáxia,
L2, L3, L8 do céu Geografia e Formação e produção textual analogia
por meio História constituição dos entre cenários do filme e
do planetas e sistema solar, construção de
sistema Teoria de modelo didático do sistema
solar formação do solar, análise de sistema
universo solar por meio de projeção
do software Stellarium,
avaliação dos modelos
didáticos produzidos
Metodologia Ensino de
ciências baseado em
De onde Consumismo,
investigação – análise de
vem e Resíduos sólidos
documentários, discussões,
para domiciliares
Química, reflexão sobre lixo
aonde (RSD),
Geografia, produzido, cálculo de
L1, L6, L14 vão os composição
Sociologia e quantidade de lixo,
resíduos química dos
Matemática problematização sobre lixão
sólidos RSD,
do município de Senhor do
domiciliar porcentagem,
Bonfim, experimento de
es eletrofloculação
eletrofloculação, aplicação
de questionários avaliativos
Continua
Conclusão
Água. Estados
físicos da água.
Os vários
A água no
campos
corpo humano. Aula dialógica, dança,
de Biologia,
L5, L12, L15, Distribuição da observação de globo
conhecim Geografia,
L16 água no terrestre, confecção de
ento da Física.
planeta. painel
água
Capacidade da
água gerar
energia elétrica
Produção de cartazes,
Classifica
produção textual, dinâmica
ção dos Classificação
Biologia e da cadeia alimentar,
L4, L10, L11, seres vivos dos seres vivos e
Língua karaokê, jogos
L17 e seus seus
Portuguesa computacionais (games),
Ecossiste Ecossistemas
visualização de insetos no
mas
microscópio
Análise de vídeo, bingo
sobre células, jogo da
Células. Tipos de memória com perguntas e
Os células. respostas sobre células,
segredos Biologia, Organelas confecção e a
L9, L13 das História e celulares, demonstração do
células Química funções e funcionamento de um
reações microscópio caseiro,
químicas visualização de células
animais e vegetais em
microscópio
Fonte: A autora (2020).
Conteúdos
A categoria Conteúdos abrangeu a observação do licenciando sobre sua
apropriação dos conteúdos que foram trabalhados na oficina que participou,
envolveu se de fato cada um deles sentiu segurança naquilo que pretendeu que os
alunos das escolas aprendessem. As unidades de análise dessa categoria foram: a)
aprendizagem dos alunos (n = 4); b) conhecer a turma (n = 1); c) conhecer o
conteúdo (n = 13); d) interdisciplinaridade (n = 1); e) ludicidade/dinamismo (n = 2); f)
Apenas quatro estudantes (L2, L10, L16, L17) demonstraram preocupação com os
conteúdos abordados na intenção de garantir a aprendizagem dos alunos. Apenas
dois deles (L2, L5) se preocuparam em trabalhar o conteúdo de modo dinâmico,
lúdico e somente um deles mencionou a palavra interdisciplinaridade (L2).
Considerando que a proposta envolveu práticas interdisciplinares, é evidente a
desconsideração dos participantes de que o conhecimento de conteúdos é
fundamental para a realização da interdisciplinaridade no ensino. Justamente por ser
difícil encontrar professores que tenham conhecimento de disciplinas diversas é que
a maioria dos autores considera que o trabalho coletivo, envolvendo especialistas de
diferentes disciplinas, seja essencial no trabalho interdisciplinar, já que, atualmente,
os profissionais não se especializam em diversas áreas e, desse modo, não são muitos
professores que conseguem integrar conhecimentos de áreas diversas.
Abordagem interdisciplinar
Na categoria Abordagem interdisciplinar foi apresentada a observação de cada
licenciando acerca de sua contribuição para que a interdisciplinaridade
acontecesse na oficina. Essa categoria indicou se o participante acreditou que tenha
desenvolvido uma atitude interdisciplinar com a experiência. Caso o licenciando
tenha mencionado que desenvolveu essa referida atitude interdisciplinar, foi
sondada sua explicação sobre isso, acerca de como o mesmo contribuiu para o
desenvolvimento da prática interdisciplinar.
Essa categoria abordagem interdisciplinar se originou das seguintes unidades de
análise encontradas: a) abordagem de conteúdo de uma disciplina com
participação de outras disciplinas (n = 8); b) abordagem ou conhecimento global ou
superficial do assunto (n = 2); c) atividade envolvendo questões ou conteúdos de
mais de uma disciplina (n = 6); d) integração/abordagem interdisciplinar de
conteúdos ou disciplinas (n = 2); e) limitações disciplinares ou de conteúdos (n = 2).
Quase metade dos licenciandos (n = 8) mencionou que abordou conteúdos de
ciências utilizando conhecimentos ou metodologias de outras matérias. Isso indica
que esses licenciandos buscaram integrar conhecimentos ou metodologias de
diferentes áreas, mostrando abertura para a interdisciplinaridade, o que, para
Fazenda (2011), é pressuposto para que ocorram práticas interdisciplinares. Um
desses oito estudantes mencionou que integrou conteúdos de disciplinas: “[...] ao
apresentar os planetas nós apresentamos também a história dos nomes, a
processo seja tal que sem a participação de todas disciplinas não seja possível de ser
concretizado. Assim, geralmente, atividades que busquem envolver disciplinas
diferentes, de modo não inter-relacional, tais como jogos de perguntas e respostas,
jogos de tabuleiro e trilhas de perguntas acabam por propiciar apenas a justaposição
de disciplinas, o que não constitui nem um trabalho integrativo, mas sim
multidisciplinar.
Entretanto, práticas que se baseiam na resolução de problemáticas, que
dependam da inter-relação de saberes de mais de duas disciplinas para solucionar
questões, tem maiores chances de se constituir em práticas interdisciplinares,
cabendo avaliar se o resultado final propicia ou não ganhos para as disciplinas
envolvidas, o que caracterizará essas práticas como interdisciplinares ou integrativas.
A abordagem interdisciplinar geralmente se concentra em elementos de várias
disciplinas para resolver um problema ou questão central (IVANITSKAYA; CLARK;
MONTGOMERY; PRIMEAU, 2002; NEWELL; GREEN, 1982).
Criatividade
Na categoria intitulada Criatividade, analisou-se a percepção de cada
licenciando sobre o quanto suas ideias puderam contribuir no planejamento e na
execução criativa do trabalho. Essa categoria abrangeu as ideias do licenciando,
sobre se ele forneceu ideias planejadas ou improvisadas para o bom
desenvolvimento do trabalho. As unidades de análise encontradas foram: a) ideias
improvisadas (n = 8); b) ideias planejadas (n = 11); c) negociação de ideias (n = 8). A
maioria dos licenciandos (n = 11) afirmou ter contribuído criativamente com o
planejamento de atividades da oficina. Oito deles mencionaram que contribuíram
para resolver problemas que surgiram durante a oficina, com o uso de ideias
improvisadas, que apareceram no momento, seja por adaptações no planejamento,
seja por substituição de atividades anteriormente pensadas.
Oito licenciandos evidenciaram a importância de negociar com os colegas no
processo de implementação de suas ideias. Dessa negociação, resultaram situações
de participação criativa de todos pela integração de ideias ou pela seleção das
mesmas, nesse caso, pela predominância das ideias de alguns, em detrimento ao
abandono das ideias de outros.
Carvalho e Gil-Pérez (2011) destacaram a importância de o professor saber
preparar e dirigir as atividades no processo de ensino e aprendizagem. Nessa
aula. De acordo com García e Porlán (2000), em alguns modelos didáticos, como os
modelos tradicionais, o professor é considerado detentor do conhecimento que é
transmitido aos estudantes, sujeitos passivos no processo, ou seja, as relações
professor-aluno são verticais (LIBÂNEO, 2002). Já em modelos didáticos-investigativos,
considerados mais complexos, os professores têm o papel de promover a integração
e o confronto entre conhecimentos prévios dos estudantes e outros conhecimentos,
de modo que os alunos elaborem hipóteses de resolução de problemas com base
nesses conhecimentos e testem suas hipóteses (GARCÍA; PORLÁN, 2000). Assim, em
modelos investigativos, as relações professor-aluno são consideradas horizontais, ou
seja, não há superioridade de nenhum desses sujeitos.
Então, as relações estabelecidas entre professor-alunos também se imbricam a
outros elementos do processo de ensino-aprendizagem, tais como metodologias
utilizadas e avaliação da aprendizagem, que são dimensões interligadas no processo
didático-pedagógico.
As unidades de análise envolvidas nessa categoria, que envolvem a relação dos
licenciandos com os alunos, foram as seguintes: a) avaliação da aprendizagem (n =
12); b) estímulo à atenção/participação/envolvimento/interesse dos alunos (n = 10);
c) estímulo ao raciocínio dos alunos (n = 2); d) promoção de
diálogo/debates/questionamentos (n = 10).
Doze licenciandos buscaram acompanhar a aprendizagem de seus estudantes
por meio do acompanhamento de sua participação nas atividades diversas
propostas na oficina, destacando a preocupação em verificar se os mesmos
estavam aprendendo os conteúdos propostos. Esses licenciandos buscaram avaliar
a aprendizagem de seus alunos em todo o processo de ensino e aprendizagem.
Saber avaliar seus alunos é um pressuposto de formação docente mencionado
por Carvalho e Gil-Pérez (2011). Para eles, deve-se pensar em avaliações que
favoreçam a construção do conhecimento pelo estudante, de modo que a
avaliação possa impulsionar a sua aprendizagem. Nessa mesma perspectiva, a
avaliação formativa proposta por Perrenoud (1999) considera que os instrumentos
avaliativos utilizados pelo professor devem ser ferramentas para identificação do que
o aluno aprendeu e do que não aprendeu ainda, de modo a possibilitar ao professor
criar situações que favoreçam essas aprendizagens a todos estudantes.
Dez licenciandos afirmaram ter estimulado diálogos, debates ou
questionamentos junto a seus alunos, de modo a possibilitar um bom relacionamento
Considerações
Referências
SERPA, S.; FERREIRA, C. M.; SANTOS, A. I.; TEIXEIRA, R. Participatory action research in
higher education training. International Journal of Social Science Studies, Toronto, v.
6, n. 6, maio 2018. DOI: 10.11114/ijsss.v6i6.3286. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/325249648_Participatory_Action_Researc
h_in_Higher_Education_Training. Acesso em: 31 jan. 2020.