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SÃO CARLOS-SP
2017
Dedico essa conquista aos meus pais José Antonio e
Claudeli pelo incentivo e apoio incondicional durante
minha graduação.
Agradeço primeiramente à minha família, à minha namorada e aos
meus amigos, por serem essenciais na minha vida,
Steve Jobs
RESUMO
Em um mercado cada vez mais competitivo, é imprescindível às empresas buscar soluções para
aumentar a eficiência do seu processo produtivo. A produção enxuta é uma filosofia de gestão
de ataque aos desperdícios produtivos e, se aplicada corretamente, traz ganhos significativos
quanto à eficiência das empresas. Uma de suas ferramentas é o Mapeamento do Fluxo de Valor
(MFV), que consiste no estudo do fluxo de materiais e/ou informações em um processo
produtivo. Essa monografia apresenta um estudo realizado em uma fábrica de poltronas e seu
objetivo central é a aplicação do MFV a fim de identificar os desperdícios presentes atualmente,
para em seguida propor melhorias ao processo produtivo. O método de pesquisa adotado é um
estudo de caso, sendo dividido basicamente em seis etapas: levantamento bibliográfico,
planejamento do caso, coleta de dados, análise dos dados, geração de relatório e conclusão. Para
tanto, levantou-se artigos científicos e livros clássicos sobre o tema, além de serem analisados
dados reais obtidos em uma empresa. Com esse trabalho, espera-se mostrar que o mapeamento
do fluxo de valor é uma simples e poderosa ferramenta na identificação de desperdícios do
processo. Além de ajudar a enxergar possíveis melhorias que tornarão o fluxo mais enxuto.
TRAVESSA NETO, J. A. Value stream mapping: A case study in a bus seat factory. 68 f.
Monografia (Graduação em Engenharia de Produção), Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar), São Carlos, 2017.
In a competitive market, it is essential to the companies look for solutions to increase its
productive process efficiency. Lean production is a management philosophy used to attack the
production wastes, and, if well applied, it can bring significant gains regarding to the company
efficiency. One of its tools is the Value Stream Mapping (VSM), which studies the material and
information flows in a productive process. This undergraduate thesis presents a study carried
out in a bus seat factory and its main objective is the VSM application to identify wastes that
are current present and then propose improvement to the production process. The research
method is a case study, which is divided into six steps: bibliography survey, case planning, data
collect, data analysis, report generation and conclusion. Therefore, scientific articles and classic
books about the subject were consulted, in addition to the company data that was analyzed. This
academic paper is expected to show that the value stream mapping is an easy and powerful tool
in identification of process wastes. Furthermore, it helps to see possible improvements that will
make the flow leaner.
JIT – Just-in-time
PE – Produção Enxuta
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15
1.1 CARACTERIZAÇÃO DO TEMA ................................................................................ 15
1.2 OBJETIVO DA PESQUISA ......................................................................................... 19
1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA................................................................................ 19
1.4 MÉTODO DE PESQUISA............................................................................................ 19
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ....................................................................... 21
2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 22
2.1 PRODUÇÃO ENXUTA................................................................................................ 22
2.2 PILARES DA PRODUÇÃO ENXUTA ........................................................................ 24
2.2.1 Autonomação ............................................................................................................ 25
2.2.2 Just-in-time ............................................................................................................... 26
2.3 SETE DESPERDÍCIOS ................................................................................................ 26
2.3.1 Superprodução .......................................................................................................... 29
2.3.2 Espera ........................................................................................................................ 29
2.3.3 Transporte ................................................................................................................. 29
2.3.4 Processamento ........................................................................................................... 30
2.3.5 Estoque ...................................................................................................................... 30
2.3.6 Movimentação ........................................................................................................... 30
2.3.7 Produtos defeituosos ................................................................................................. 30
2.4 FERRAMENTAS DA PRODUÇÃO ENXUTA ............................................................ 31
2.4.1 Kanban ...................................................................................................................... 31
2.4.2 Trabalhar de acordo com o Takt Time / produção sincronizada ........................... 32
2.4.3 Fluxo contínuo / redução do tamanho do lote .......................................................... 32
2.4.4 Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) ................................................................... 33
2.4.5 Aplicação das ferramentas nos desperdícios ............................................................ 33
3 MÉTODO DE MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR (MFV) ............................ 35
3.1 CONCEITOS DO MFV ................................................................................................ 35
3.1.1 O que é o mapeamento do fluxo de valor ................................................................. 35
3.1.2 O fluxo de material e de informação ........................................................................ 36
3.1.3 Família de Produtos .................................................................................................. 36
3.1.4 O gerente do fluxo de valor ...................................................................................... 37
3.1.5 Como usar a ferramenta de mapeamento ................................................................ 38
3.2 COMO DESENHAR O MAPA DO ESTADO ATUAL ................................................ 39
3.2.1 Coleta de informações ............................................................................................... 39
3.2.2 Fronteiras do mapa ................................................................................................... 39
3.2.3 Processos de produção .............................................................................................. 40
3.2.4 Fluxo de informação ................................................................................................. 41
3.2.5 Fluxo de material ...................................................................................................... 41
3.2.6 Linha do tempo ......................................................................................................... 42
3.3 COMO DESENHAR O MAPA DO ESTADO FUTURO .............................................. 43
3.4 IMPLEMENTAÇÃO DO ESTADO FUTURO ............................................................. 47
3.4.1 O plano anual do fluxo de valor ............................................................................... 47
4 ESTUDO DE CASO ...................................................................................................... 49
4.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA ...................................................................................... 49
4.2 DESCRIÇÃO DOS PRODUTOS E DO PROCESSO PRODUTIVO ............................ 49
4.3 MAPA DO ESTADO ATUAL NA EMPRESA ............................................................ 51
4.4 MAPA DO ESTADO FUTURO NA EMPRESA .......................................................... 56
5 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 64
5.1 SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS ................................................................ 64
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 66
ANEXO – ÍCONES DO MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR ............................. 68
15
1 INTRODUÇÃO
O capítulo de introdução apresenta o tema de estudo dessa pesquisa, assim como
seus objetivos, sua justificativa e o método de pesquisa. Por fim, o capítulo é finalizado com a
estrutura com que essa monografia foi organizada.
1
DRUCKER, P. The Concept of the Corporation, New York: John Day, 1946.
17
Vale ressaltar que naquela época somente pessoas com alto poder aquisitivo
conseguiam comprar esses veículos e muitos desses consumidores empregaram um motorista
particular, por isso a P&L não se preocupava com custos, facilidade de condução e manutenção
simples dos seus carros (WOMACK et al., 1990).
Nessas condições não haveria empresa que conseguiria um monopólio nesse
mercado, e logo a P&L se viu competindo com centenas de fabricantes artesanais de veículos.
Womack et al. (1990) cita ainda algumas das características da produção
artesanal de automóveis durante a transição do século XIX para o século XX:
a) mão-de-obra altamente qualificada, visto que um funcionário possuía
conhecimento sobre diversas partes do processo;
b) organizações extremamente descentralizadas, pois a maioria das peças
vinham de pequenos fornecedores;
c) baixo volume de produção e poucos veículos com o mesmo design, visto que
o veículo era customizado de acordo com o pedido do cliente.
Esse cenário começa a mudar quando Henry Ford funda sua companhia em 1903.
Cinco anos mais tarde, ele consegue uma enorme vantagem competitiva no mercado com seu
altamente padronizado Modelo T. Além de ter um custo de fabricação muito menor que os
modelos concorrentes, o Modelo T ainda tinha o diferencial de ser um veículo de fácil condução
e fácil reparo (WOMACK et al., 1990).
Em relação ao processo produtivo, Ford inovou e mudou totalmente o conceito
de trabalho ao criar as estações de trabalho, onde cada funcionário permanecia no mesmo lugar
durante seu expediente de trabalho executando pequenas tarefas, algo muito diferente da
produção artesanal. O resultado foi um aumento considerável na produtividade da empresa.
Ford descobriu, então, que quanto mais veículos produzia, menor era seu custo por veículo
(WOMACK et al., 1990).
Esse sistema de produção ficou conhecido mais tarde como produção em massa
e só foi possível porque Ford sabia que para conseguir produzir em alto volumes seria
necessário a padronização que a produção artesanal não conseguia. Para isso, ele insistiu que
um ferramental de medição preciso seria necessário para garantir peças intercambiáveis, que
acabavam se encaixando com simplicidade (WOMACK et al., 1990).
Enquanto os Estados Unidos produziam cada vez mais com o sistema de
produção em massa, o Japão enfrentava seus piores anos logo após o final da Segunda Guerra
Mundial. Com o mercado do Japão enfraquecido e à beira de sua falência, uma das maiores
18
empresas do país, a Toyota, viu-se diante do enorme desafio de sobreviver no longo prazo. Foi
aí que surge Taiichi Ohno para revolucionar o método de produção da época.
Taiichi Ohno foi o engenheiro que recebeu a tarefa de aperfeiçoar o processo
produtivo da Toyota de modo a igualar-se à produtividade de Ford. Enquanto empresas como
a Ford, e posteriormente a GM, produziam em massa com o intuito de obter ganhos de
economias de escala, a Toyota optou por uma estratégia diferente: a flexibilidade. Sem poder
competir em termos de economia de escala, a empresa japonesa decidiu produzir pequenos
volumes de carros de modelos diferentes. Com linhas de montagem não dedicadas a um só
modelo, a Toyota precisava girar seu dinheiro rapidamente, ou em outras palavras, diminuir seu
lead time ao máximo (LIKER, 2005).
Se antes a produção focava apenas na redução de custos (um dos objetivos de
desempenho), a Toyota antecipou-se ao mundo ao aprender que a concentração na qualidade,
por exemplo, gerava mais redução de custos do que apenas concentrar-se em custo, como Ford
fazia (LIKER, 2005).
Através de várias ferramentas, técnicas e, principalmente, uma filosofia de
produção, a Toyota não só conseguiu vencer seu desafio de sobreviver, como também utilizou
da sua excelência operacional para criar uma arma estratégica para crescer (LIKER, 2005).
Somente na década de 1990, o mundo finalmente conhece o Sistema Toyota de
Produção (STP) após Womack, Jones e Roos lançaram o livro The Machine that Changed the
World com uma rica pesquisa sobre o tema e denominando esse sistema como “Produção
Enxuta”. Esse assunto será melhor tratado no Capítulo 2.
Para Liker (2005), um dos motivos do sucesso do sistema de produção
desenvolvido pela Toyota é a filosofia de eliminação de perdas do processo, ou muda, como é
conhecido no Japão. Se antes essas perdas eram inerentes ao sistema de produção em massa, a
filosofia de produção enxuta visa reduzir ao máximo esses desperdícios. Shingo (1996) e Ohno
(1997) classifica esses desperdícios em sete tipos: excesso de produção, espera, transporte
desnecessário, superprocessamento, excesso de estoque, movimentação desnecessária e
produtos defeituosos.
Uma das ferramentas utilizadas para enxergar esses desperdícios para
posteriormente extingui-los é o Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV).
Essa ferramenta, conhecida na Toyota como Mapeamento de Fluxo de
Informação e Material, é usada para retratar o estado atual de um processo e apresentar um
estado “ideal” com melhorias sistemáticas e permanentes para eliminação dos desperdícios
(ROTHER; SHOOK, 2003).
19
Para esse estudo, decidiu-se que o método mais adequado é o estudo de caso.
Miguel (2012, p. 131) define o estudo de caso como “[...] um trabalho de caráter empírico que
investiga um dado fenômeno dentro de um contexto real contemporâneo por meio de análise
aprofundada de um ou mais objeto de análise”. Para esse trabalho, o objeto de análise será a
fábrica de poltronas de ônibus e o fenômeno a ser investigado será o fluxo produtivo de um dos
seus produtos.
Miguel (2012) propõe uma sequência para condução de um estudo de caso. Para
esse trabalho, decidiu-se combinar esse processo com as etapas sugeridas por Rother e Shook
(2003) de realização de um mapeamento de fluxo de valor. A Figura 2 mostra a condução desse
estudo de caso.
Figura 2 – Etapas desse estudo de caso
Definir uma
estrutura • Mapear a literatura
conceitual- • Delimitar as fronteiras de estudo
teórica
2 REVISÃO DA LITERATURA
Esse capítulo está organizado em quatro seções. Na primeira, a Produção Enxuta
(PE) é apresentada ao leitor. Indo mais a fundo, na seção seguinte é discutido os pilares desse
sistema de produção. Na terceira seção, é definido o conceito de desperdício, além de enunciar
cada tipo de perda. Por fim, são apresentadas as principais ferramentas da PE, dando uma maior
atenção à ferramenta de estudo desse trabalho, o mapeamento de fluxo de valor.
Um pouco mais tarde, em 1990, James Womack, Daniel Jones e Daniel Roos
lançam “A máquina que mudou o mundo” e colaboram na difusão da Produção Enxuta no
ocidente. Esse clássico foi o primeiro livro a descrever de forma detalhada o sistema
desenvolvido na Toyota e mostrar as vantagens em relação à produção em massa, evidenciando
a diferença do desempenho da indústria automotiva japonesa, em comparação com a indústria
automotiva ocidental (LIKER, 2005).
Atualmente, existem diversas definições para a Produção Enxuta (PE) e para o
Sistema Toyota de Produção (STP), como também é conhecida. Dentre elas, três definições
foram escolhidas para descrever esse sistema.
Monden (2015, p. 3) define o STP como:
Para Ghinato (2000, p. 1), a produção enxuta pode ser descrita da seguinte
maneira:
Ghinato (2000) e Liker (2005) vão mais além e acrescentam as pessoas no centro
do diagrama, representando um ambiente onde haja segurança e moral aos trabalhadores.
Figura 3 – A estrutura do STP
2.2.1 Autonomação
A autonomação (Jidoka, em japonês) nada mais é do que automação com um
toque humano (LIKER, 2005; OHNO, 1997; SHINGO, 1996).
Liker (2005) conta que esse pilar evoluiu a partir de uma invenção do Sakichi
Toyoda, fundador da empresa Toyoda Automatic Loom Works, empresa-mãe do Grupo
Toyota. Ele desenvolveu um mecanismo especial para parar o funcionamento dos seus teares
toda vez que um fio se rompesse. Com isso, a necessidade de ter um homem para operar cada
tear deixou de existir e foi possível haver uma separação homem-máquina.
A maioria das máquinas na Toyota, seja velha ou nova, está equipada com um
dispositivo de parada automática. Dessa forma, somente quando há uma anormalidade, ou seja,
quando a máquina parar, é que receberá uma atenção humana. Com isso, um único operador
pode supervisionar diversas máquinas, diminuindo o número de trabalhadores e aumentando a
eficiência da fábrica (OHNO, 1997).
26
2.2.2 Just-in-time
A expressão em inglês just-in-time (JIT) significa “no momento certo”. Esse
termo foi adotado pelos japoneses e surgiu antes mesmo do sistema desenvolvido pela Toyota
(GHINATO, 2000). No entanto, Liker (2005) diz que quando Kiichiro, filho de Sakichi Toyoda,
fundou a Toyota Motor Company fundamentada na filosofia de seu pai, ele também teria
acrescentado suas próprias invenções à empresa, como é o caso da abordagem JIT.
O just-in-time sugere mais do que concentrar no tempo de entrega, visto que isso
poderia estimular a superprodução antecipada e resultar em materiais ou produtos esperando
para serem processados. Como a Toyota também se preocupa com o estoque em processo, o
termo just-in-time é melhor entendido como “itens necessários, na quantidade necessária, no
momento necessário” ou “no tempo certo sem geração de estoque” (SHINGO, 1996).
Deve-se tomar cuidado ao implantar o JIT em uma empresa. Ohno (1997), por
exemplo, alertou sobre a impossibilidade de bom funcionamento do JIT em empresas com
métodos convencionais de gestão. O que ele quis dizer é que ao tentar implantar o JIT em um
ambiente onde haja falha na previsão, erro no preenchimento de formulários, produtos
defeituosos, absenteísmo ou retrabalhos, o resultado seria desastroso e criaria mais
desperdícios.
Ghinato (2000) afirma que o JIT tem como objetivo a identificação, a localização
e a eliminação de perdas, garantindo um fluxo contínuo de produção. O fluxo contínuo, o takt
time e a produção puxada são os três fatores que viabilizam a implantação do JIT. Na Seção 2.4
essas ferramentas serão apresentadas.
Na Toyota, o termo japonês utilizado para falar sobre perdas é muda, sendo essas
atividades divididas em dois tipos (WOMACK; JONES, 2004):
a) muda (desperdício) tipo 1: atividades que não agregam valor, mas que são
inevitáveis para o processo produtivo;
b) muda (desperdício) tipo 2: atividades que não agregam valor e que devem
ser eliminadas imediatamente.
Na literatura, uma outra nomenclatura é usada para definir o mesmo conceito
dos tipos de muda. As atividades executadas dentro de uma organização podem ser classificadas
em três tipos (HINES; TAYLOR, 2000; LIKER, 2005; WOMACK; JONES, 2004):
a) atividades que agregam valor (VA);
b) atividades necessárias que não agregam valor (NNVA);
c) atividades desnecessárias que não agregam valor (NVA).
As atividades que agregam valor são aquelas que, na visão do consumidor,
tornam o produto mais valioso. As duas últimas podem ser associadas ao desperdício tipo 1 e
tipo 2, respectivamente. Hines e Taylor (2000) afirmam que em um ambiente de manufatura, a
proporção entre esses três tipos de atividades chega a ser 5% de VA, 35% de NNVA e 60% de
NVA.
Sendo ainda mais específico em relação ao desperdício durante o processo
produtivo, Shingo (1996) e Ohno (1997) os classificam em sete categorias:
a) desperdício de superprodução;
b) desperdício de espera;
c) desperdício de transporte;
d) desperdício de processamento;
e) desperdício de estoque;
f) desperdício de movimentos;
g) desperdício de produzir produtos defeituosos.
Posterior à essa classificação, Womack e Jones (2004) acrescentam o projeto de
produtos e serviços que não atendem às necessidades do cliente como sendo um oitavo
desperdício. Liker (2005) também inclui um novo tipo de perda definido como desperdício de
criatividade. Entretanto esse trabalho focará somente nos setes desperdícios originais, pois
Ohno formulou sua lista baseado em uma produção física de manufatura.
A seguir será explicado cada um desses desperdícios.
29
2.3.1 Superprodução
Segundo Monden (2015), a superprodução é considerada como o pior tipo de
desperdício na Toyota. Ghinato (2000) acrescenta que a superprodução pode esconder as outras
perdas, além de ser a mais difícil de ser eliminada.
Shingo (1996) fala em dois tipos de superprodução:
a) quantitativa: fabricar mais produto do que o necessário;
b) antecipada: produzir antes do produto ser necessário.
Muitos gestores focam na redução da superprodução quantitativa, esquecendo
da importância de reduzir também a superprodução antecipada, visto que essa última gera
estoque em processo e, consequentemente, custo para ser mantido e administrado. O método
mais utilizado para eliminação da superprodução é a produção just-in-time (SHINGO, 1996).
2.3.2 Espera
Desperdício por espera é aquele acontece quando em um intervalo de tempo
nenhum processamento, transporte ou inspeção é realizado.
Três tipos de perda por espera são destacados por Ghinato (2000):
a) perda por espera no processo: ocorre quando um lote inteiro aguarda o
término da operação que está sendo executada no lote anterior até que
tudo está disponível para o início da operação;
b) perda por espera no lote: é a espera que cada peça de um lote é submetida
até o momento que todas as peças desse mesmo lote estejam finalizadas
para poderem seguir para o próximo processo;
c) perda por espera do operador: ociosidade gerada quando um operador
precisa permanecer próximo à máquina observando e monitorando o
processo do início ao fim.
2.3.3 Transporte
O transporte, ou movimentação de materiais, é uma atividade que não agrega
valor ao produto, então é considerado um desperdício e deve ser minimizado ou até eliminado.
Em geral, o transporte representa 45% do tempo total de fabricação (GHINATO, 2000;
SHINGO, 1996).
É importante citar que para eliminar ou reduzir esse desperdício, deve-se aplicar
primeiramente melhorias ao processo de transporte, obtidas por meio do aprimoramento do
layout dos processos. Somente após esgotar as possibilidades de aprimoramento do layout deve-
30
se olhar para as melhorias nas operações de transporte, como a aplicação de esteiras rolantes,
empilhadeiras, talhas, entre outros (GHINATO, 2000; SHINGO, 1996).
2.3.4 Processamento
Parcelas do processamento que podem ser melhoradas ou até eliminadas sem
prejudicar as características e funções do produto. Ghinato (2000) chama de perda no próprio
processamento quando há situações onde o desempenho do processo está aquém do estado
ideal. Problemas de ajuste de máquinas e manutenção estão inclusas nesse tipo de perda.
2.3.5 Estoque
É o desperdício caracterizado por estoques de matéria-prima, material em
processo e produto acabado. Ocorre devido ao problema da falta de sincronia entre os processos.
Ghinato (2000) comenta que as empresas do ocidente veem o estoque como um
“mal necessário”, enquanto que o STP prefere eliminar os estoques intermediários para
identificar os outros problemas do sistema que estão escondidos atrás dos estoques.
2.3.6 Movimentação
O desperdício de movimentação está relacionado aos movimentos
desnecessários realizados pelos operadores ao executar determinada operação. Ghinato (2000)
defende o uso do estudo de tempos e movimentos para gerar melhorias e eliminar esse tipo de
desperdício.
Em alguns casos a mecanização do processo pode ser a solução para a
racionalização dos movimentos, transferindo para a máquina atividades manuais que antes eram
realizadas pelo operador. É importante ressaltar que as melhorias nas operações via
mecanização só deve ser feita após esgotar as possibilidades de melhoria na movimentação do
operador (GHINATO, 2000).
2.4.1 Kanban
O Kanban é a ferramenta para alcançar o just-in-time. Ohno (1997), pai do
sistema, conta que a ideia surgiu a partir de um supermercado, onde após as mercadorias
passarem pelo caixa, as informações sobre os tipos e quantidades de mercadorias são registradas
e passadas ao departamento de compras para que possam suprir com outras mercadorias.
Adotado na Toyota a partir da década de 1950, esse sistema consiste na
utilização de cartões listando o número de determinado item, além de outras informações
relacionadas como quantidade, tempo, método, destino, ponto de estocagem. Dessa forma,
Toyota pôde fazer um gerenciamento das peças fabricadas, trabalhando para evitar que os itens
fossem entregues antes do momento necessário. Como resultado, eles conseguiriam eliminar a
superprodução de suas fábricas (OHNO, 1997).
O kanban é um sistema de sinalização entre cliente e fornecedor que informa ao
processo fornecedor exatamente o que, quanto e quando produzir. Seus principais objetivos são
controlar e balancear a produção, eliminar perdas e permitir a reposição de estoques baseado
na demanda (produção puxada) e ser um método simples de controle visual dos processos.
(GHINATO, 2000).
32
entre as etapas), pois algumas ideias para o estado futuro podem surgir no momento em que o
estado atual estiver sendo desenhado, assim como ao desenhar o estado futuro algumas
informações faltantes serão percebidas para serem coletadas. A última etapa é composta pelo
plano de trabalho e implementação. É o preparo e o planejamento para a mudança do estado
atual para o estado futuro (ROTHER; SHOOK, 2003).
E
500 peças
1 dia
CONTROLE DA
PRODUÇÃO
Fornecedor Cliente
100 itens
Programação Semanal
Segundas-
feiras Programação Diária Entregas
diárias
E E E
E Processo 1
25 peças
Processo 2
50 peças
Processo 3
30 peças
Expedição
10 dias
Lead time de
produção
Tempo de
processamento
a existência de problemas de paradas não planejadas na produção, por isso é importante buscar
sempre uma redução entre essa distância para eliminar problemas com paradas.
Questão 2. Produzir para um supermercado (Kanban) de produtos acabados ou
diretamente para a expedição?
Ambos os casos são possíveis e devem ser analisados, pois envolvem diversos
fatores, tais como os padrões de compra dos clientes, a confiabilidade dos processos e as
características dos produtos.
Optar por produzir diretamente para a expedição exige um lead time curto ou
estoques de segurança para atender satisfatoriamente o cliente.
Questão 3. Onde é possível usar o fluxo contínuo?
Na seção 2.4.3 foi apresentado o que é o fluxo contínuo. Rother e Shook (2003)
destacam que o fluxo contínuo é o modo mais eficiente de produção, pois evita que a presença
de estoques intermediários entre “ilhas isoladas” de processo.
O gráfico de balanceamento de operações é útil na análise de tempos e ajuda na
criação de fluxo contínuo entre processos.
Questão 4. Onde é possível introduzir um sistema puxado com supermercados
(Kanban)?
Em alguns pontos do fluxo de valor não será possível fabricar por meio de um
fluxo contínuo e, por isso, será necessário fabricar em lotes. Isso pode acontecer porque alguns
processos possuem tempos de ciclo muito rápidos ou lentos, ou porque estão distantes um do
outro, o que dificulta o transporte peça a peça, como também podem não ser confiáveis para
ligar-se a outros processos dentro de um fluxo contínuo.
Deve-se evitar programação esses processos de forma independente, pois a
programação somente estima o que o processo subsequente precisa. Nesses casos, o mais
correto é controlar a produção mediante um sistema puxado baseado em supermercados.
O funcionamento de um sistema puxado com supermercado é simples, o
processo cliente (B, na Figura 17) vai até o supermercado e retira o que precisa no momento
que achar necessário. O processo fornecedor (A, na Figura) começa então a produzir para repor
aquilo que foi retirado. Esse sistema tem como grande objetivo controlar a produção entre os
fluxos sem tentar programar.
45
Processo Processo
fornecedor cliente
A produto produto
B
Fonte: Adaptado de Rother e Shook (2003)
Vale ressaltar que esse sistema deve ser usado somente quando for descartada a
possibilidade de introduzir um fluxo contínuo, visto que esses supermercados não deixam de
ser estoques entre processos que exigem movimentação de material.
Questão 5. Qual é o único ponto da cadeia de produção (processo puxador) que
deve ser programado?
Ao usar o sistema puxado com supermercado, apenas um ponto do fluxo de valor
exigirá uma programação. Esse ponto é chamado de processo puxador e definirá o ritmo de
todos os processos antecedentes.
A definição desse ponto de programação determinará quais processos do fluxo
de valor que farão parte do lead time do pedido do cliente até o produto estar acabado. As
transferências de material entre o processo puxador até chegar ao produto final deve ocorrer
como um fluxo, sem supermercados em processos seguintes. Assim sendo, geralmente esse
ponto é escolhido para estar entre os últimos processos do fluxo de valor.
Questão 6. Como deve-se nivelar o mix de produção no processo puxador?
Um comportamento frequente em departamentos de montagem é a produção de
grandes lotes de um tipo de produto, evitando ao máximo as trocas. Entretanto, esse pensamento
resulta em graves problemas para o fluxo de valor.
Visando atender clientes que desejarem um produto diferente daquele que está
sendo produzido, a empresa precisará ter produtos acabados em estoque, caso contrário, o
pedido do cliente demorará a ser finalizado. Outro ponto a ser ressaltado, é o aumento dos
estoques em trânsito em processos anteriores, visto que a variação na programação da
montagem é amplificada (“efeito chicote”).
Por fugir desse cenário ruim para o fluxo de valor, nivela-se o mix de produtos,
de forma que diferentes produtos sejam produzidos uniformemente durante um período de
46
tempo. Quanto mais nivelado for o mix de produto no processo puxador, mais responsivo a
empresa será em atender o cliente com um lead time curto, mantendo sempre um baixo estoque
de produtos acabados.
O grande desafio está em reduzir o tempo de troca, fazendo com que as variações
de cada tipo de produto impactem o mínimo possível na linha.
O ícone usado para demonstrar o nivelamento de produtos pode ser consultado
no Anexo.
Questão 7. Qual incremento constante de trabalho deve ser liberado e retirado
do processo puxador?
Liberar grandes lotes de trabalho para os processos pode acarretar em inúmeras
adversidades no chão de fábrica, como:
a) não criar o hábito de produzir de acordo com o takt time;
b) trabalhar de maneira irregular no decorrer do tempo, com sobrecargas em
alguns momentos e ociosidade em outros;
c) não saber se a produção está atrasada ou adiantada em relação à
programação;
d) cada processo pode alterar a sequência dos pedidos conforme seu
interesse, o que aumentaria o “lead time” de produção;
Por outro lado, caso estabeleça-se um ritmo de trabalho nivelado, haverá um
fluxo de produção previsível. Para atingir um ritmo consistente, Rother e Shook (2003) citam
uma prática chamada de “retirada compassada”, que consiste na liberação regular quantidades
pequenas de trabalho no processo puxador e na retirada de produtos acabados.
Esse acréscimo periódico de trabalho é chamado de “pitch” e é calculado
multiplicando a quantidade de peças acabadas que um container carrega pelo takt time. O
resultado desse cálculo, em minutos, indica o intervalo de tempo ideal para que seja dada a
ordem de produção de produtos que farão parte do próximo container de entrega.
Uma ferramenta utilizada em muitas empresas para viabilizar essa liberação de
pequenas e constantes quantidades de trabalho é o quadro de nivelamento de carga (em japonês,
heijunka). A função desse quadro é organizar os cartões kanban para cada tipo de produto e
para cada pitch de trabalho. Dessa forma, o kanban indicará não só quantidade de produtos,
mas também o tempo necessário (baseado no takt time).
47
Além disso, torná-lo enxuto revelará problemas nos processos precedentes que precisarão ser
resolvidos.
O plano anual do fluxo de valor assemelha-se ao gráfico de Gantt, pois possui
setas que indicam o tempo necessário para realizar determinada etapa do projeto. A Figura 18
é um exemplo de como esse documento pode ser feito.
Figura 18 – Modelo de um plano do fluxo de valor
DATA 26/09/2017
ASSINATURAS
GERENTE DA PLANTA ENGENHARIA MANUTENÇÃO
GERENTE DA PLANTA Rafaela PLANO ANUAL DO FLUXO DE VALOR
GERENTE DO FLUXO DE
Marcos
VALOR
OBJETIVO DO NEGÓCIO 2017 PROGRAMAÇÃO MENSAL INDIVÍDUOS E PROGRAMAÇÃO DA REVISÃO
OBJETIVO DO META PESSOA
DA FAMÍLIA DE LOOP F.V. DEPARTAMENTOS
FLUXO DE VALOR (Mensurável) RESPONSÁVEL
PRODUTOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 RELACIONADOS REVISOR DATA
Criar um sistema de
1
supermercado 1 dia de estoque
puxador
(kanban)
3
fornecedor
FAMÍLIA DE PRODUTOS
4 ESTUDO DE CASO
Este capítulo tem por objetivo descrever o estudo de caso com a aplicação das
etapas do Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) mostrados no capítulo 3.
Inicialmente, a empresa é caracterizada. Feito isso, é apresentada uma descrição
dos produtos e do processo produtivo que foi analisado. São levantados os dados necessários
para a construção do mapa do estado atual. Por fim, são discutidas e sugeridas possíveis
melhorias visando a redução de desperdícios, tendo como resultado o mapa do estado futuro
proposto.
revestidas de acordo com o pedido do cliente final, que pode variar de simples conchas de
plásticos até estofamentos de algodão e tecidos especiais.
Figura 19 – Fluxo simplificado de produção das poltronas
o consumo diário de poltronas, já que a empresa produz sob encomenda e o mix produtivo é
alterado constantemente. Para quantificar essa demanda, calculou-se a média de produção diária
da família de produtos com base em dados dos últimos 6 meses.
O transporte das estruturas até a pintura é realizado quando todas as poltronas da
encomenda já estiverem finalizadas e prontas para serem pintadas. Para realizar esse transporte,
utilizam-se carrinhos que são carregados e empurrados por um operador até a entrada da
pintura, onde muitas vezes enfrentam filas até surgir um espaço disponível na pintura.
O próximo passo foi desenhar os processos de produção. Foi observado que
durante o fluxo há “ilhas isoladas”, resultando em acúmulos de estruturas entre os processos.
Por isso, foram desenhadas caixas de processos diferentes para etapas que são separadas e não
possuem um fluxo contínuo de material.
O primeiro processo produtivo ocorre na célula de corte, onde a matéria-prima,
que são tubos de diferentes dimensões, é transformada pelas serras CNC. Esse material pronto
fica armazenado em uma área de estoque na própria célula de corte até o momento que o
processo seguinte precisa utilizá-lo.
No segundo processo, o material entra na célula de dobra, onde é conformado
por dobradeiras CNC. O material pronto é armazenado próximo aos boxes de solda, facilitando
ao soldador o transporte desse material até sua bancada.
Nos boxes de solda ocorrem 7 etapas produtivas para a família de poltronas desse
estudo. Algumas atividades são executadas em paralelo, visto que o encosto e o quadro são
montados separados e depois são soldados um ao outro.
Começando pelo encosto, a primeira atividade consiste na montagem e no
ponteamento de solda das peças de fixação da concha e dos reforços estruturais no encosto.
Depois disso, a estrutura aguarda em uma fila até ser pega pelo próximo soldador. Na atividade
subsequente, os componentes que foram ponteados anteriormente são soldados por completo.
Paralelamente em uma outra bancada de solda, o quadro é montado e soldado
com o auxílio de um gabarito. Os quadros são acumulados antes dos próximos soldadores virem
buscá-los. Na etapa seguinte, o soldador ponteia a base de fixação do assoalho e a base de
fixação do rodapé no quadro. Em seguida, esses componentes que foram ponteados recebem a
solda completa.
Por fim, é realizada a união do encosto e do quadro em duas bancadas. Na
primeira bancada ocorre a montagem e o ponteamento dos encostos no quadro com o auxílio
de um gabarito, assim como o ponteamento do apoia pé. A estrutura estará finalmente finalizada
após receber toda a solda nas áreas onde foram ponteadas. A estrutura pronta aguarda em uma
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área reservada, onde permanecerá até todas as outras poltronas da sua encomenda estarem
finalizadas.
No início do mapa estão os fornecedores da fábrica de poltronas. Os dois
principais são o fornecedor de tubos de aço e o setor de fabricação de peças, que funciona como
fornecedor interno.
Para obter informações em relação aos fornecedores, o departamento de
planejamento e controle da produção (PCP) da empresa foi consultado.
Dos sete componentes necessários para montar uma poltrona, quatro deles são
fabricados a partir da matéria-prima do fornecedor de tubos, são eles: encosto, quadro, apoia
braço e apoia pé. Os outros três componentes são entregues prontos pela logística da empresa,
não necessitando passar por nenhuma transformação antes de serem montados à poltrona.
O fornecedor de tubos de aço realiza a entrega da matéria-prima semanalmente.
Os tubos são levados à área de estocagem e são utilizados pela célula de corte. A cobertura do
estoque foi calculada dividindo o estoque máximo alcançado (logo após o fornecedor realizar
uma entrega) pela demanda diária da família de poltronas.
O outro fornecedor considerado para esse estudo foi o setor de fabricação de
peças. Por se tratar de um fornecedor interno, o suprimento dos itens é feito pela logística da
empresa utilizando carrinhos. Pelo menos dois carrinhos são necessários, visto que enquanto
um estiver estacionado em um local de armazenagem na fábrica de poltronas, o outro estará no
fornecedor sendo abastecido para futuramente ser usado.
Durante todo o fluxo produtivo do estado atual, ocorre a formação de estoque
desnecessários entre as etapas. Para mensurar esse estoque, será registrada no mapa a média da
quantidade observada durante as visitas, assim como será calculado o tempo de espera (em dias)
dividindo a quantidade em estoque pela média da demanda diária.
Em relação ao fluxo de informação, o departamento de planejamento e controle
da produção utiliza duas programações diferentes para determinar o que, quanto e quando
produzir. A programação semanal, que é passada ao setor de corte de tubos, e a programação
diária, que é informada ao setor de solda.
Essa informação é passada manualmente para ambos os setores.
O fluxo produtivo do estado atual descrito acima foi representado em forma de
um diagrama de espaguete, como pode ser visto na Figura 21.
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Para criar o fluxo contínuo nessa área, é necessário balancear essas operações
para não haver a criação de estoques entre as etapas.
Dividindo o tempo total de trabalho de solda pelo takt-time para o caso de 300
poltronas diárias (830 segundos dividido por 104), tem-se que 7,9 operadores seriam
necessários para soldar em um fluxo contínuo. Dessa forma, as 7 etapas atuais precisariam ser
redistribuídas em 8 etapas, para que cada soldador trabalhasse em uma dessas etapas e passasse
a poltrona para um soldador próximo a ele.
A Figura 24 a seguir como ficaria o balanceamento das etapas de solda.
Figura 24 – Gráfico de Balanceamento de Operações (proposto)
5 CONCLUSÕES
Por meio desse estudo, foi possível atingir o objetivo inicial da pesquisa, que foi
utilizar a ferramenta de mapeamento de fluxo de valor em uma fábrica de poltronas de ônibus,
com o intuito de identificar os desperdícios presentes no processo e propor melhorias.
O MFV mostrou-se como uma poderosa ferramenta na identificação de
desperdícios e nas oportunidades de melhoria em um fluxo produtivo atual. Entretanto, a
simples utilização dessa ferramenta sem o entendimento de conceitos da produção enxuta pode
tornar sua utilidade restrita, principalmente na elaboração de soluções para um fluxo produtivo
mais enxuto.
Como resultado, foi proposto um estado futuro com redução de 25% no lead
time, redução de 65% nos estoques intermediários e redução de 33% no deslocamento, além de
uma possível redução também no tempo de processamento.
Após a finalização do desenvolvimento desse estudo, foi realizada uma
apresentação para discutir os possíveis ganhos com os gestores da empresa. Houve o
engajamento por parte dos envolvidos para analisar financeiramente a viabilidade desse projeto
e torná-lo realidade.
Vale ressaltar que após a aprovação da mudança proposta por esse trabalho,
existe ainda a necessidade da criação de um plano de implementação com datas e responsáveis,
visto que essa seria a quarta etapa do mapeamento, conforme discutido anteriormente no
Capítulo 3.
Como ponto positivo, destaca-se o interesse despertado por essa ferramenta na
alta administração, que pretende estimular sua utilização na busca de melhorias em outros
setores da empresa.
REFERÊNCIAS
GHINATO, P. Publicado como 2º. Capítulo do Livro Produção & competitividade:
aplicações e inovações. Ed.: Adiel T. de Almeida & Fernando M. C. Souza Recife: UFPE,
2000.
KRAFCIK, J. F. Triumph of the lean production system. MIT Sloan Management Review,
v. 30, n. 1, p. 41, 1988. ISSN 1532-9194.
WOMACK, J. P.; JONES, D. T.; ROOS, D. The machine that changed the world: the
story of lean production – toyota’s secret weapon in the global car wars that is
revolutionizing world industry. New York: Free Press, 1990.
Processo
T/C = 60 s
TR = 30 min
Disponibilidade = 95% Caixa de dados
E Estoque
100 peças
1 dia
Produção empurrada
Produção puxada
Fluxo sequencial
(primeira a entrar, primeiro a sair)
Supermercado
Operador
Kanban de retirada
Kanban de produção
Kanban de sinalização
Posto de Kanban