Você está na página 1de 12

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/246044549

Cadmium toxicity and tolerance in plants (Toxicidade e tolerância ao cádmio


em plantas)

Article · January 2008

CITATIONS READS

7 4,773

5 authors, including:

Marcelo de Almeida Guimarães Tessio Araujo de Santana


Universidade Federal do Ceará Universidade Estadual de Santa Cruz
66 PUBLICATIONS 396 CITATIONS 7 PUBLICATIONS 102 CITATIONS

SEE PROFILE SEE PROFILE

Ivan Zenzen Marcelo Ehlers Loureiro


University of Cologne Universidade Federal de Viçosa (UFV)
5 PUBLICATIONS 100 CITATIONS 85 PUBLICATIONS 4,302 CITATIONS

SEE PROFILE SEE PROFILE

All content following this page was uploaded by Marcelo de Almeida Guimarães on 29 May 2014.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Toxicidade e tolerância ao cádmio em plantas
Marcelo de A. Guimarães 1, Tessio A. de Santana 1, Ezequiel V Silva1, Ivan L. Zenzen1,
Marcelo E. Loureiro1.

Resumo
O cádmio é um metal pesado que mesmo sob baixas concentrações é tóxico. Níveis tóxicos deste elemento podem levar
à desnaturação de proteínas e ao estresse oxidativo, resultando em danos às membranas, redução na atividade
enzimática e fotossíntese, clorose, dentre várias outras mudanças metabólicas. Algumas espécies de plantas podem
apresentar mecanismos de tolerância, sendo o mais bem conhecido aquele envolvendo a quelação por tióis, como
glutationa, fitoquelatinas e metalotioneinas. Várias mudanças foram detectadas no metabolismo e expressão gênica,
ressaltando-se a maior expressão de genes associados à assimilação do enxofre e respiração, necessários para suprir a
demanda extra de energia associada a este estresse. Várias plantas transgênicas, que apresentam maior tolerância ao
cádmio devido à alteração da expressão de algumas enzimas da síntese de tióis ou assimilação do enxofre, foram
produzidas. Entretanto, este aumento na tolerância é relativamente modesto, e como esta característica é governada por
herança poligênica, outros mecanismos ainda não identificados devem ter também um importante papel. O estudo de
plantas hiperacumuladoras de cádmio pode fornecer informações importantes para a melhor compreensão desta
tolerância. Esta revisão contém as principais informações disponíveis sobre este assunto e também aponta lacunas
importantes para o desenvolvimento de estratégias de fitorremediação do cádmio.
Palavras Chave: glutationa, fitoquelatina, metalotioneina e expressão gênica.

Cadmium toxicity and tolerance in plants


Abstract
Cadmium is a heavy metal that even under low concentration is toxic. Toxic levels of this element can cause protein
denaturation and oxidative stress, which results in membrane damage, photosynthesis and enzymatic activity decreases,
clorosis, and other metabolic changes. Some plant species have tolerance mechanisms. The best known tolerance
mechanism is related to the thiol quelation, like glutathione, phytochelatin and metallothioneine. A great number of
changes were detected in the metabolism and gene expression, appearing that the expression of genes related to sulphur
absorption and respiration increase. This happen because of the necessity of the plant to supply the extra demanded
energy related to the stress. A large number of transgenic plants, that show great tolerance to the cadmium because of
the expression of some enzymes related to thiol synthesis or sulphur absorption, were produced. However, this tolerance
increase is relatively modest. The tolerance is conducted by a polygenic inheritance, and maybe other mechanisms not
yet identified could have an important hole. The study of cadmium hyperaccumulator plants can provide important
informations to better understand this tolerance. This review has the main important available informations related to
this topic, and besides, show important spots for the development of phytoremediation strategies of the cadmium.
Keywords: glutathione, phytochelatin, methallothionein and gene expression.

antrópica. Por outro lado, fontes naturais de


I,TRODUÇÃO
contaminação são constituídas pelas emissões
A partir de 1940, o grande uso das baterias de de gases de atividade vulcânica, queima de
níquel e cádmio (Cd) contribuíram para um florestas, e transporte pelo vento de partículas
aumento significantivo da contaminação de fuligem e solo. A compostagem de lixo
ambiental com Cd. Outros usos industriais do Cd, urbano, ou utilização de resíduos de
como a fabricação de pigmentos, reagentes para a tratamentos de esgotos para a adubação,
fabricação de plásticos, soldagens de juntas e de também contribuíram para esta contaminação.
placas de circuitos eletrônicos, atividades de A origem antropogênica desta contaminação é
mineração de cobre, níquel e zinco, produção de normalmente de 3 a 10 vezes superior à
fertilizantes e a queima de combustíveis fósseis contaminação natural (Irwin et al., 1997), e o
também contribuíram para esta contaminação crescimento da população humana explica,

Recebido e aceito
1
Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Fisiologia Vegetal, Viçosa, Minas Gerais, Brasil, Cep: 36570-000. Email:
mguimara@hotmail.com

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


N. 3,V. 1, pág. 58, 2008
GUIMARÃES, Marcelo de A. ,SANTANA, Tessio A. de et al .
__________________________________________________________________________________________
então, o contínuo aumento dos níveis de Cd em plantas com menores níveis de acúmulo deste
solos agrícolas em regiões mais densamente elemento tóxico tem obtido sucesso (Chaney et
povoadas (Oskarsson et al., 2004). al., 1999). Outra proposta para aliviar este
As plantas constituem-se o principal ponto de problema é a seleção de cultivares que tenham
entrada do Cd na cadeia alimentar. Em contraste menor capacidade de transportar o metal
com outros metais pesados tóxicos, o Cd no solo pesado para o órgão consumido (Yu et al.,
é mais facilmente absorvido pelas raízes das 2006). A Agência Internacional para a
plantas, sendo este fenômeno mais pronunciado Pesquisa em Câncer tem classificado o Cd
em solos ácidos. Acredita-se que, similarmente a como uma substância carcinogênica, causando
outros metais pesados, o Cd entre nas células a proliferação celular e induzindo a apoptose
vegetais através de transportadores de cátions (Waalkes, 2003), e vários efeitos mutagênicos
com ampla especificidade de substrato. A deste metal têm sido detectados em plantas.
absorção deste metal pesado por membranas Esta revisão contém algumas das principais
plasmáticas vegetais pode ser mediado pelas informações disponíveis a respeito da
proteínas da família ZIP (IRT1 e ZNT1), Nramp, contaminação pelo Cd, indicando também
CDF e LCT1, bem como através de canais de algumas lacunas importantes para o
cálcio e potássio (Perfus-Barbeoch et al., 2002). desenvolvimento de estratégias de
No citosol, o Cd é ligado a quelantes, tais como fitorremediação para este metal pesado.
fitoquelatinas e ácido cítrico e, posteriormente,
sequestrado no vacúolo (Clemens, 1999). Em TOXIDEZ DE CÁDMIO ÀS PLA,TAS
células animais, o Cd entra na célula Um efeito claro da toxidez pelo Cd pode ser
principalmente através dos canais de cálcio observado na germinação. Quando sementes
(Waisberg et al., 2003). são postas a germinar em ambiente com altos
Alimentação com produtos agrícolas ou níveis de cádmio, a atividade das α e β
hortícolas é a principal causa de contaminação da amilases é significativamente reduzida,
população humana por Cd. No ser humano, altas comprometendo a respiração (Chugh &
concentrações são encontradas nos rins, em níveis Sawhney, 1996), resultando na inibição do
maiores do que aqueles encontrados nos crescimento do eixo embrionário e da radícula
alimentos ingeridos, caracterizando um processo (Kabata-Pendias & Pendias, 2000; Shaw et
de acumulação de Cd no corpo humano, processo al., 2004).
presente também em outros animais. Solos ricos A presença de Cd causa efeitos variados na
em zinco ou ferro podem resultar em plantas com atividade enzimática. Segundo Kurdziel et al.
menores níveis de Cd. Dietas deficientes em (2004) e Lösch (2004) o alvo potencial da ação
ferro, zinco e cálcio aumentam a absorção de Cd de metais como o Cd, são enzimas e proteínas,
em tecidos de animais (Vahter et al., 1996). De que contêm grupos sulfidril (SH) ligados entre
fato, existem inúmeras evidências mostrando que si por ligações dissulfeto. A presença do Cd
o consumo por longo tempo de arroz leva à oxidação destes grupos (Figura 1) que,
contaminado por Cd em várias regiões do planeta reagindo com o enxofre, destroi as ligações
tem resultado em alto nível de incidência de dissulfeto, desnaturando a proteína, resultando
osteomalácea e disfunções renais (Simmons et al., na redução da atividade enzimática. Vários
2005). Existem diferenças entre espécies e exemplos deste efeito foram descritas para
cultivares de uma mesma espécie de planta nos enzimas do Ciclo de Krebs na mitocôndria
níveis de acúmulo de Cd na parte aérea, sendo (Shaw et al., 2004).
que o melhoramento com o objetivo de se obter

Figura 1. Esquema da ação do Cd causando a oxidação dos grupos sulfidril de duas cisteínas de
uma enzima ligadas por ponte dissulfeto

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


V. 2, N. 2, p. 59, 2008
GUIMARÃES, Marcelo de A. ,SANTANA, Tessio A. de et al .
__________________________________________________________________________________________
Outro efeito do Cd na atividade enzimática aquele envolvendo a glutationa reduzida (GSH).
está associado ao fato de que grande número de Plantas sujeitas à presença do Cd podem
enzimas contém metais e a substituição destes apresentar declínio nos níveis de glutationa. Isto
por um outro metal de mesma carga e tamanho pode ocorrer devido a um aumento na utilização
similar, pode resultar na inibição da atividade da de fitoquelatinas, ou através de sua interação
enzima. O zinco é um constituinte de muitas direta com o Cd com consequente transporte
metaloenzimas (álcool desidrogenase, para o vacúolo (Pietrini et al., 2003). Em plantas
adenosinatrifosfatase, amilase e anidrase de Lemna minor, este declínio foi acompanhado
carbônica), além de vários fatores pelo aumento na concentração de fitoquelatinas
transcricionais importantes na regulação da (Nocito et al., 2002). Devido ao fato de a
expressão gênica. O Cd, por sua semelhança glutationa ser um importante componente para o
com o zinco, pode substituí-lo nestas enzimas, balanço redox da célula, a reduzida
resultando em alteração da atividade enzimática disponibilidade de glutationa na presença de Cd
(Shaw et al., 2004). Segundo Kurdziel et al. pode favorecer o acúmulo de espécies reativas
(2004), em algumas espécies de plantas foi de oxigênio (EROs) nas células (Devi & Prasad,
observado que o Cd modifica a estrutura da 2004).
Rubisco, resultando na dissociação desta enzima O aumento na concentração das EROs
em subunidades, o que pode ser devido à decorrentes da presença de níveis tóxicos de Cd
substituição do magnésio pelo Cd. podem produzir apoptose e dano ao DNA. Em
As enzimas do sistema antioxidativo também plantas, um efeito indireto do Cd no DNA está
são afetadas pelo Cd. A catalase (CAT), enzima associado com mudanças na atividade de
antioxidativa chave, presente principalmente enzimas relacionadas à síntese de DNA e ao
nos peroxissomos, têm sua atividade e o seu reparo de erros da replicação, que podem ou não
nível de proteína reduzidas na folha sob estar associados a um dano oxidativo (Filipic &
presença de 50 µM de Cd, concomitante ao Hei, 2004). Os danos associados ao DNA e ao
aumento dos níveis de seu RNA mensageiro, estresse oxidativo têm sido descritos em
contraste que sugere que o cádmio afeta a culturas como tabaco (Gichner et al., 2004),
expressão deste gene também a nível pós- feijão (Koppen & Verschaeve, 1996) e soja,
transcricional. Trabalhos recentes mostram que onde foi verificada também redução na síntese
a CAT é oxidativamente modificada pelo Cd, e de DNA (Sobkowiak & Deckert, 2004). Lesões
as proteínas oxidadas podem ser o alvo de protéicas, resultantes da ação de Cd, podem
proteases específicas do peroxissomo (Romero- também resultar de estresse oxidativo. Foi
Puertas et al., 2006). mostrado que, em ervilha, o Cd causa
As superóxido dismutases (SODs) são outro modificação oxidativa, sendo que as proteínas
grupo de enzimas que protegem as células oxidadas foram degradadas mais eficientemente.
contra o estresse oxidativo e que são afetadas Este fato foi correlacionado com o aumento da
pelo Cd. Segundo Romero-Puertas et al. (2006), atividade proteolítica, sendo detectadas em
as atividades da Mn-SOD e da CuZn-SOD, bem proteínas de choque térmico (HSP70), em
como os níveis de proteínas das duas isoformas enzimas fotossintéticas e também antioxidativas
foram reduzidos por Cd, podendo esta redução (Romero-Puertas et al., 2002).
ser devido a modificações no estado redox da O aumento dos níveis de radicais oxidantes,
glutationa ou devido à redução, induzida por quando da presença de níveis tóxicos de Cd,
Cd, na disponibilidade de manganês, cobre e está associado à peroxidação de lipídeos da
zinco, o que determinaria a abundância dos membrana (Devi & Prasad, 2004; Romero-
transcritos destas superóxido dismutases. Puertas et al., 2006). As conseqüências desse
A redução nos níveis de atividade de enzimas dano oxidativo às membranas são: a alteração
antioxidativas causadas por Cd poderia por si só na permeabilidade da membrana celular
explicar a produção de um estresse oxidativo, (Kabata-Pendias & Pendias, 2000), na fluidez e
entretanto, o Cd pode ainda acentuar este na conformação estrutural de enzimas ligadas à
estresse através de sua interferência no sistema membrana, bem como às suas atividades (Devi
de defesa antioxidativo não enzimático, como & Prasad, 2004). O decréscimo na eficiência da

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


V. 2, N. 2, p. 60, 2008
GUIMARÃES, Marcelo de A. ,SANTANA, Tessio A. de et al .
__________________________________________________________________________________________
fosforilação sob elevados níveis de cádmio pode dilatação da membrana do tilacóide (Devi &
ser explicado por um aumento na Prasad, 2004; Kurdziel et al., 2004). O Cd
permeabilidade da membrana interna também altera a quantidade específica do
mitocondrial a prótons (Lösch, 2004). fosfatidilglicerol, que é reconhecidamente um
Um dos sintomas típicos visíveis da toxidade componente responsável pela oligomerização do
ao Cd é a clorose foliar (Küpper et al., 2007; complexo clorofila-proteína (Devi & Prasad,
Jiang et al., 2005). A clorose observada é maior 2004).
em folhas novas quando comparadas com as Outro efeito do Cd que pode contribuir para a
mais velhas, indicando que folhas jovens redução da taxa de fotossíntese é seu efeito na
absorvem mais Cd, ou que elas são mais redução da condutância estomática (Barcelo &
vulneráveis a toxidez causada por este metal Poschenrieder, 1990). Uma vez que este metal
pesado (Kurdziel et al., 2004; Küpper et al., afeta a absorção de outros nutrientes minerais,
2007). A clorose pode ser devida a uma seu efeito poderia estar relacionado a alterações
competição do Cd com o ferro por sítios de nas relações hídricas. Entretanto, a redução
absorção na membrana plasmática (Kabata- significativa na condutância pode ser observada
Pendias & Pendias, 2000) ou com magnésio na presença de concentrações de Cd que não
(Kurdziel et al., 2004), podendo, neste caso, afetam as taxas fotossintéticas ou parâmetros
afetar potencialmente a estabilidade das fotoquímicos da fluorescência da clorofila.
clorofilas. Como a presença do Cd pode Adicionalmente, em bioensaios com fragmentos
provocar a deficiência de fósforo ou reduzir o epidérmicos, concentrações de cádmio a nível
transporte de manganês, estes efeitos podem nanomolar reduziram a abertura estomática em
também provocar clorose (Godbold & várias plantas (Perfus-Barbeoch et al, 2002).
Hutterman, 1985). Outras possíveis causas da Segundo Perfus-Barbeoch et al. (2002) o Cd
clorose podem ser: uma influência direta do Cd pode induzir a liberação de cálcio de
em enzimas relacionadas à biossíntese de compartimentos subcelulares (retículo
clorofilas, uma redução no número de endoplasmático ou vacúolo), aumentando seus
cloroplastos por célula e uma mudança no níveis no citosol, o qual então explicaria a
tamanho celular das plantas expostas a este menor abertura estomática. A redução da
metal. Segundo Kurdziel et al. (2004) a clorose abertura estomática pode reduzir a
está mais relacionada a um decréscimo na disponibilidade de carbono para a fotossíntese
replicação do cloroplasto e da divisão celular do acarretando a redução de suas taxas de
que a interação direta entre o Cd e a biossíntese crescimento.
de clorofila. Nas plantas, a presença de Cd afeta a
Vários são os relatos de inibição da atividade absorção, transporte e uso de macroelementos
fotossintética causada pelo Cd. Esta redução da como cálcio, fósforo, potássio (Das et al., 1997)
fotossíntese pode ser devida à inibição da cadeia e enxofre (Jiang et al., 2005), bem como da
de transporte de elétrons do cloroplasto água, (Das et al., 1997). Em milho, Nocito et al.
(Kurdziel et al., 2004), inibição de enzimas do (2002) verificaram um decréscimo na absorção
Ciclo de Calvin (Kurdziel et al. (2004; Lösch, de potássio pelo sistema radicular. Segundo
2004) ou simplesmentes devido à redução da Kurdziel et al. (2004), o Cd pode provocar
concentração de clorofila (Kurdziel et al., 2004; deficiência de ferro. Em mitocôndrias, o
Küpper et al., 2007). Nos tilacóides, o excesso de Cd pode promover alterações na
fotossistema II tem sido identificado como o permeabilidade de suas membranas ao potássio,
principal alvo de atuação do Cd, sendo que o hidrogênio e cloro (Lösch, 2004). Em ipê-roxo o
tratamento de Thlaspi caerulescens com 10 µM Cd promove a redução no teor de fósforo,
de Cd por quatro semanas reduziu a eficiência potássio, cálcio e magnésio na raiz (Paiva et al.,
fotoquímica máxima do fotossistema II (Küpper 2004). O Cd também reduz a absorção de nitrato
et al., 2007). Altos níveis deste metal estão e seu transporte das raízes para a parte aérea
associados com a má formação do cloroplasto através da inibição da nitrato redutase das folhas
devido ao empilhamento anormal dos granum, (Hernandez et al., 1996). Sua presença pode
redução do número e do tamanho do grana, e a também afetar o metabolismo de alguns

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


V. 2, N. 2, p. 61, 2008
GUIMARÃES, Marcelo de A. ,SANTANA, Tessio A. de et al .
__________________________________________________________________________________________
micronutrientes, como ferro, manganês e reação catalizada pela enzima fitoquelatina
magnésio (Kabata-Pendias & Pendias, 2000). sintase (PCS; Rea et al., 2004). A síntese de PC
é induzida dentro de poucos minutos após
MECA,ISMOS DE TOLERÂ,CIA EM exposição a metais ou metalóides, sendo que o
PLA,TAS Cd é o indutor mais forte desta acumulação
A complexação intracelular (quelação) é um (Grill et al. 1987; Maitani et al., 1996). Esta
dos mais importantes mecanismos de tolerância produção massiva de PC é acompanhada por um
ao Cd. Sua quelação por glutationa (GSH) ou processo de indução coordenada da transcrição
fitoquelatinas (PCs) representa um mecanismo de muitos genes associados à absorção (Nocito
comum de detoxificação deste metal pesado em et al., 2002) e assimilação de sulfato (Lee &
um grande número de espécies de plantas Leustek, 1999), bem como da biossíntese de
(Cobbett & Goldsbrough, 2002). Fitoquelatinas GSH (Schäfer et al., 1998; Saito, 2004).
são pequenos peptídeos sintetizadas
enzimaticamente a partir da GSH em uma

Figura 2. Esquema das reações e controles envolvidos na síntese da PCs e seu papel na quelação de
Cd. Sinais negativo e positivo significam a inibição ou ativação da atividade enzimática, e/ou
expressão gênica das enzimas da biossíntese. Glu: glutamato; Cist: cisteína; GCS: sintetase da γ-
glutamil-cisteína; GS: sintetase da glutationa; GSH: glutationa reduzida; Cd: cádmio; PCS: sintase
da fitoquelatina; PC: fitoquelatina; PC-Cd: complexo fitoquelatina-cádmio: HMT1: transportador
vacuolar da família ABC

Associado ao mecanismo de complexação, a mas quando transformados com genes


compartimentalização do Cd é um importante homólogos de plantas, tornam-se também
mecanismo de tolerância. Após sua tolerantes a este metal pesado (Papoyan &
complexalização com substâncias consideradas Kochian, 2004). A complexação pode também
queladoras, o produto formado (Cd-quelador) é ocorrer com outras proteínas, em resíduos de
armazenado em estruturas celulares e/ou histidina, por exemplo, formando um complexo
subcelulares como vacúolo, reduzindo sua Cd-histidina anulando o efeito deste metal na
concentração no citosol e organelas, onde célula (Küpper et al., 2004).
concentram-se as enzimas do metabolismo A imobilização do Cd externamente, ou na
primário, evitando a desnaturação das mesmas e raiz pode ser uma das primeiras barreiras
a redução de sua atividade enzimática (Ma et temporais de defesa da planta contra a
al., 2005; Küpper et al., 2007). toxicidade a este metal pesado (Lombi et al.,
O Cd pode também ser complexado a 2001). A riqueza de grupos carboxílicos com
proteínas ligantes, como as metalotioninas (Ma carga negativa nos polímeros da parede
et al., 2005). Metalotioninas (MT) são proteinas (Nishizono et al., 1989), bem como os
ricas em cisteínas que apresentam alta afinidade carboidratos secretados pelas raízes (Wagner,
por metais pesados, sendo expressas em vários 1993), tem poder quelante sobre o Cd, sendo
organismos diferentes. Mutantes de levedura que a ligação dos carboidratos secretados com o
para esta proteína, são muito sensíveis ao Cd, Cd parece ser mais proeminente nas pectinas e

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


V. 2, N. 2, p. 62, 2008
GUIMARÃES, Marcelo de A. ,SANTANA, Tessio A. de et al .
__________________________________________________________________________________________
em resíduos de histidina de proteínas (2008) mostraram que a exposição a este metal
componentes da parede celular (Leita et al., pesado provoca decréscimo no pH citosólico e
1996). Entretanto, a significância deste vacuolar das células da raiz, bem como
mecanismo na detoxificação é variável e ainda aumento na atividade de várias enzimas
precisa ser melhor caracterizada (Sanità di glicolíticas, e do fluxo respiratório, ativando a
Toppi & Gabrielli, 1999). biossíntese de malato, resultando em aumento
A associação entre plantas e micorrizas pode da sua concentração. Tais mudanças no
ser considerada outro mecanismo que contribui metabolismo do carbono têm sido interpretadas
para a tolerância de plantas a níveis tóxicos de como uma alteração metabólica participante de
Cd no solo. Entretanto, sob altas concentrações, um mecanismo de tolerância necessário para
este metal pesado também é tóxico para o fungo manter a demanda energética, considerando que
micorrízico, o que limita esta contribuição a o aumento do fluxo glicolítico poderia
baixos níveis de Cd (Jentschke et al., 1999). compensar a redução da geração de ATP pelo
efeito oxidativo nas membranas mitocondriais
Em folhas de girassol e Alyssum, o Cd reduz
com conseqüente redução do gradiente
os níveis de GSH (provavelmente associado ao
protônico, ou em sustentar o desvio de
aumento da síntese de PCs), podendo reduzir ou
intermediários glicolíticos para prover os
aumentar a atividade de enzimas antioxidativas
esqueletos carbônicos requeridos para a síntese
como SODs, CAT, ascorbato peroxidase
de GSH, glicina e PCs (Sarry et al., 2006;
(APX), glutationa redutase (GR) e
Nocito et al., 2008).
diidroascorbatoredutase (DHAR). Entretanto,
isto vai depender da dose do metal, do tipo de PLA,TAS HIPERACUMULADORAS E
órgão (raízes ou folhas) e da idade da planta MECA,ISMOS DE TOLERÂ,CIA
(Groppa et al., 2001).
A maioria das plantas tem baixa tolerância
O enxofre (S) de moléculas orgânicas de ao Cd, sendo comum que níveis deste metal
plantas, incluindo GSH, é derivado da cisteína, pesado, sejam maiores nas raízes do que nas
que é o produto final da rota de assimilação folhas. Nas raízes, o Cd se acumula
deste elemento mineral. Sendo assim, os niveis principalmente no vacúolo ou parede celular,
de GSH e PCs são altamente dependentes do sendo baixo o nível de transporte deste para a
transporte e assimilação do S. Plantas parte aérea (Milner & Kochian, 2008).
manipuladas geneticamente com capacidade
reduzida (López-Martín et al., 2008), ou com Plantas hiperacumuladoras de metais
maior capacidade de assimilar o S (Dominguez- pesados, foi um conceito primeiramente
Solis et al., 2004), apresentam, respectivamente, utilizado por Brooks et al. (1977), sendo
menor e maior tolerância ao Cd. utilizado principalmente para indicar plantas
que se desenvolviam em solos ricos em metais,
Experimentos recentes envolvendo a análise e que eram capazes de acumular altos níveis de
do transcriptoma, proteoma e metaboloma, têm metais pesados (cerca de 100 vezes mais do que
mostrado um amplo quadro de mudanças plantas sem esta característica). Estas
metabólicas em decorrência da exposição a apresentam níveis extremos de tolerância a
níveis tóxicos de Cd. (Sarry et al., 2006). Em metais, sendo objeto de estudo de diversos
adição ao aumento da expressão de enzimas pesquisadores que objetivam desvendar os
envolvidas na assimilação do S, mudanças mecanismos de tolerância a metais. As
também ocorrem no metabolismo do nitrogênio principais espécies hiperacumuladoras são
e carbono, sendo acentuado o aumento de Thlaspi caerulescens e Arabidopsis halleri.
algumas enzimas respiratórias, tanto da Estas espécies podem acumular altos níveis de
glicólise como do Ciclo de Krebs, ou também zinco, Cd e níquel. Alguns ecotipos de T.
da rota oxidativa das pentoses fosfato (Sarry et caerulescens podem acumular níveis de até
al., 2006). Considerando que o Cd inibe a 10000 ppm de Cd e 30000 ppm de zinco na
atividade da ATPase (Nocito et AL., 2008), e parte aérea de sua biomassa, sem apresentar
que o aumento da glicólise e rota oxidativa das sintomas de toxicidez (McGrath et al., 2006).
pentoses pode reduzir o pH celular, Nocito et al. Quando estas plantas são crescidas em altos

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


V. 2, N. 2, p. 63, 2008
GUIMARÃES, Marcelo de A. ,SANTANA, Tessio A. de et al .
__________________________________________________________________________________________
níveis de zinco, elas se tornam mais tolerantes e a expressão conjunta ou individual da sintetase
acumulam mais Cd, sendo o inverso também da GSH e da sintetase da PC (Guo et al., 2008).
verdadeiro. Uma explicação para isto seria o Segundo os pesquisadores, as plantas
fato de que estes metais pesados aumentam a transformadas com somente um dos genes
expressão de genes responsáveis pela síntese de demosntraram maior tolerância, acumulando
transportadores capazes de transportar ambos os mais Cd do que plantas não transformadas,
metais, fato ainda não caracterizado em nível sendo que a expressão dos dois genes
molecular (Milner & Kochian, 2008). simultaneamente em uma mesma planta levou a
A herança genética da hiperacumulação de um aumento em 100% nos níveis de acúmulo
Cd e zinco em T. caerulescens é poligênica. Já de Cd quando comparado às plantas
foram identificados oito “Quantitative Trait transformadas individualmente. Estes resultados
Loci” (QTLs) relacionados a acumulação destes permitem sugerir que existe uma necessidade de
metais em raízes e folhas. Dos oito QTLs manutenção de um equilíbrio entre a síntese de
identificados, três parecem estar relacionados a GSH e a produção de fitoquelatinas para a
acumulação de Cd, dois em raízes e um em obtenção de níveis mais altos de tolerância ao
folhas. Os outros cinco QTLs parecem estar Cd.
relacionados ao acúmulo de zinco, dois para Outros experimentos com plantas
raízes e três para folhas. Estes QTLs explicam transgênicas têm sido úteis para demonstrar
24 % da variação do teor de zinco e 60% da outros componentes desta herança poligênica. A
variação de Cd na população caracterizada, superexpressão do gene OAS-A1 (enzima
havendo sobreposição entre alguns dos QTLs relacionada à síntese da cisteína em
com relação ao acúmulo em raiz, ou para o Arabidopsis), resultou em aumento na
acúmulo em folhas (Deniau et al., 2006). Esta tolerância a estresse severo provocado por altos
sobreposição sugere que alguns transportadores níveis de metais pesados, como o Cd. Este
possam desempenhar o mesmo papel para resultado sugere que a disponibilidade de
ambos os metais. cisteína pode também ser considerada fator
limitante para a síntese de GSH e PCs, podendo
MA,IPULAÇÃO GE,ÉTICA DE ser considerado um alvo potencial para o
PLA,TAS PARA A MAIOR incremento da tolerância a metais pesados
TOLERÂ,CIA AO CÁDMIO (Dominguez-Solis et al., 2004).
Várias plantas transgênicas têm sido
produzidas com o objetivo de aumentar a CO,CLUSÕES
tolerância ao Cd. Plantas transgênicas de A contaminação do ambiente com Cd é um
Brassica juncea superexpressando a sintetase processo exponencial atualmente, e o aumento
da GSH ou a sintetase da γ-glutamilcisteína dos níveis deste elemento em diferentes níveis
mostraram ser mais tolerantes ao estresse da cadeia alimentar é altamente preocupante.
provocado pelo Cd (Zhu et al., 1999; Embora muito se saiba sobre porque o Cd é
Wawrzynski et al., 2006). Plantas transgênicas tóxico, os mecanismos de tolerância ainda estão
de Arabidopsis superexpressando a sintetase da longe de serem suficientemente elucidados.
quelatina mostraram-se hipersensitivas ao Cd, Embora o papel da glutationa reduzida,
provavelmente devido à redução nos níveis de fitoquelatinas e metalotioninas esteja bem
GSH, o que reduziu sua capacidade estabelecido, o papel do seqüestro do Cd pela
antioxidativa não enzimática. Nestas plantas, a parede celular ainda é controverso. Quase nada
suplementação de glutationa no meio reduziu o se sabe sobre o transporte de Cd em plantas e
efeito de hipersensibilidade (Li et al., 2004). tão pouco se sabe a respeito dos mecanismos de
Recente estudo no qual se superexpressou compartimentalização no vacúolo de células de
diferentes genes relacionados à sintase da raiz e folhas. Os poucos estudos de
fitoquelatina, houve redução nos níveis de GSH transcriptoma, proteoma e metaboloma
e como consequência resultaram em diferentes substanciam a conclusão da análise genética de
níveis de sensibilidade ao Cd (Wojas et al., que a tolerância ao Cd é controlada por
2008). Outro recente estudo publicado compara diferentes genes e, portanto, diferentes

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


V. 2, N. 2, p. 64, 2008
GUIMARÃES, Marcelo de A. ,SANTANA, Tessio A. de et al .
__________________________________________________________________________________________
mecanismos fisiológicos estão envolvidos. Annual Reviews Plant Physiology, v.53,
Embora estes estudos tenham identificado p.159-82, 2002.
genes induzidos sob a presença de Cd, nada se DAS, P.; SAMANTARAY, S.; ROUT, G.R.
sabe sobre os mecanismos pelos quais este Studies on cadmium toxicity in plants: a
metal pesado modula seus níveis de expressão. review. Environmental Pollution, v.98, p.29-
A manipulação genética demonstra que a 36, 1997.
alteração na expressão de alguns poucos genes
possa contribuir para a obtenção de maior DENIAU, A.X.; PEIPER, B.; TEN BOOKUM,
tolerância, os acréscimos ainda são modestos W.M.; LINDHOUT, P.; AARTS, M.G.;
quando comparados com a capacidade de SCHAT, H. QTL analysis of cadmium and zinc
tolerância demonstrada por várias plantas accumulation in the heavy metal
hiperacumuladoras. A capacidade que tais hyperaccumulator Thlaspi caerulescens.
plantas apresentam de sobreviver e predominar Theoretical and Applied Genetics, v.113,
em ambientes ricos em metais pesados, onde a p.907–920, 2006.
grande maioria das plantas não sobreviveria, DEVI, S.R.; PRASAD, M.N.V. Membrane
oferece um sistema modelo essencial para se lipid alterations in heavy metal exposed plants.
poder detectar o maior número possivel de In: PRASAD, M.N.V. (Ed.). Heavy metal
mecanismos que contribuem para a tolerância e stress in plants: From biomolecules to
que estejam relacionados ao transporte de ecosystems. 2nd ed. Springer, printed in India,
metais. Estes conhecimentos são essências para 2004. p.127-145.
o desenvolvimento de estratégias de
DOMINGUEZ-SOLIS, J.R.; LOPEZ-
fitorremediação.
MARTIN, M.C.; AGER, F.J.; YNSA, M.D.;
REFERÊ,CIAS BIBLIOGRÁFICAS ROMERO, L.C.; GOTOR, C. Increased
cysteine availability is essential for cadmium
BARCELO, J.; POSCHENRIEDER, C. Plant
tolerance and accumulation in Arabidopsis
water relations as affected by heavy metal
thaliana. Plant Biotechnology Journal, v.2,
stress: a review. Journal of Plant ,utrition,
p.469–476, 2004.
n.13, p.1-37, 1990.
FILIPIC, M.; HEI, T. Mutagenicity of cadmium
BROOKS, R.R.; LEE, J.; REEVES, R.D.;
in mammalian cells: implication of oxidative
JAFFRE, T. Detection of nickeliferous rocks by
DNA damage. Mutation Research/Fundamental
analysis of herbarium specimens of indicator
and Molecular Mechanisms of Mutagenesis,
plants. Journal of Geochemical Exploration,
v.546, 81–91, 2004.
v.7, p.49-57, 1977.
GICHNER, T.; PATKOVA, Z.; SZKOVA, J.;
CHANEY, R.L.; RYAN, J.A.; LI, Y-M.;
DOMNEROVA, K. Cadmim induces DNA
BROWN, S.L. Soil cadmium as a threat to
damage in tobacco roots, but no DNA damage,
human health. In: MCLAUGHLIN, M.J.;
somatic mutations or homologous
SINGH, B.R. (Ed.). Cadmium in Soils and
recombination in tobacco leaves. Mutation
Plants. Dordrecht: Kluwer Academic Publv., Research/Fundamental and Molecular
1999. p.219–256. Mechanisms of Mutagenesis, v.559, p.49–57,
CHUGH, L.K.; SAWHNEY, S.K. Effect of 2004.
cadmium on germination, amylases and rate of GODBOLD, D.L.; HUTTERMANN, A. Effect
respiration of germinating pea seeds. of zinc, cadmium and mercury on root
Environmental Pollution, v.92, p.1-5, 1996. elongation of Picea abies (Karst.) seedlings and
CLEMENS, S. Molecular mechanisms of plant the significance of these metals to forest die-
metal tolerance and homeostasis. Planta, v.212, back. Environimental and Pollution.v. 38, p.
p.475-486, 1999. 509-516, 1985.
COBBETT, C.; GOLDSBROUGH, P. GRILL, E.; WINNACKER, E.-L.; ZENK, M.H.
Phytochelatins and Metallothioneins: Roles in Phytochelatins, a class of heavy-metal-binding
Heavy Metal Detoxification and Homeostasis. peptides from plants are functionally analogous

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


V. 2, N. 2, p. 65, 2008
GUIMARÃES, Marcelo de A. ,SANTANA, Tessio A. de et al .
__________________________________________________________________________________________
to metallothioneins. The Proceedings of the KÜPPER H.; MIJOVILOVICH, A.; MEYER-
,ational Academy of Science USA, v.84, KLAUCKE, W.; KRONECK, M.H. Tissue-
p.439–443, 1987. and age-dependent differences in the
complexation of cadmium and zinc in the
GROPPA, M.D.; TOMARO, M.L.;
cadmium/zinc hyperaccumulator Thlaspi
BENAVIDES, M.P. Polyamines as protectors
caerulescens (Ganges Ecotype) revealed by X-
against cadmium or copper-induced oxidative
ray absorption spectroscopy. Plant Physiology,
damage in sunflower leaf discs. Plant Science,
v.134, 748-757, 2004.
v.161, p.481-488, 2001.
KÜPPER, H.; PARAMESWARAN, A.;
GUO, J.; DAI, X.; XU, W.; MA, M.
LEITENMAIER, B.; TRTÍLEK, M.; SETLÍK,
Overexpressing GSH1 and AsPCS1
I. Cadmium-induced inhibition of
simultaneously increases the tolerance and
photosynthesis and long-term acclimation to
accumulation of cadmium and arsenic in
cadmium stress in the hyperaccumulator
Arabidopsis thaliana. Chemosphere, v.72,
Thlaspi caerulescens. ,ew Phytologist, p.1-20,
p.1020–1026, 2008.
2007.
HERNANDEZ, L.E.; CARPENA-RUIZ, R.;
GARATE, A. Alterations in the mineral KURDZIEL, B.M.; PRASAD, M.N.V.;
nutrition of pea seedlings exposed to cadmium. STRZALKA, K. Photosynthesis in heavy metal
Journal of Plant ,utrition, v.19, p.1581-1598, stressed plants. In: PRASAD, M.N.V. Heavy
1996. metal stress in plants: From biomolecules to
ecosystems. 2nd ed. Springer, printed in India,
IRWIN, R.J.; VANMOUWERIK, M.; 2004. p.146-181.
STEVEND, L.; SEESE, M.D.; BASHAM, W.
Environmental Contaminants Encyclopedia. LEE, S.; LEUSTEK, T. The affect of cadmium
National Park Service, Water Resources on sulfate assimilation enzymes in Brassica
Division, Fort Collins, Colorado. 1997. juncea. Plant Science, v.141, p.201-207, 1999.
Distributed within the federal government as an LEITA, L.; DE NOBILI, M.; CESCO, S.;
electronic document, retrieved 25 Feburary MONDINI, C. Analysis of intercellular
2003. Disponível em: cadmium forms in roots and leaves of bush
http://www.nature.nps.gov/toxic/cadmium.pdf. bean. Journal of Plant ,utrition, v.19, p-527-
Acesso em: 18 de julho de 2008. 533, 1996.
JENTSCHKE, G.; WINTER, S.; GODBOLD, LI, Y.; DHANKHER, O.P.; CARREIRA, L.;
D.L. Ectomycorrhizas and cadmium toxicity in LEE, D.; CHEN, A.; SCHROEDER, J.I.;
Norway spruce seedlings. Tree Physiology, BALISH, R.S.; MEAGHER, R.B.
v.19, p.23-30, 1999. Overexpression of Phytochelatin Synthase in
Arabidopsis Leads to Enhanced Arsenic
JIANG, R.F.; MA, D.Y.; ZHAO, F.J.;
McGRATH, S.P. Cadmium hyperaccumulation Tolerance and Cadmium Hypersensitivity.
protects Thlaspi caerulescens from leaf feeding Plant and Cell Physiology, v.45, p.1787-1797,
2004.
damage by thrips (Frankliniella occidentalis).
,ew Phytologist, v.167, p.805-814, 2005. LOMBI, E.; ZHAO, F.J.; McGRATH, S.P.;
YOUNG, S.D.; SACCHI, G.A. Physiological
KABATA-PENDIAS, A.; PENDIAS, H. Trace
evidence for a high-affinity cadmium
Elements in Soils and Plants. 3rd ed. CRC
transporter highly expressed in a Thlaspi
Press, London, 2000. p.123 – 167.
caerulescens ecotype. ,ew Phytologist, v.149,
KOPPEN, G.; VERSCHAEVE, L. The alkaline p.53-60, 2001.
comet test on plant cell: a new genotoxicity test
LOPEZ-MARTIN, M.C.; BECANA, M.;
for DNA strand breaks in Vicia faba root cells.
Mutation Research/Fundamental and Molecular ROMERO, L.C.; KNOCKING, C.G. Out
Mechanisms of Mutagenesis, v.360, p.193–200, Cytosolic Cysteine Synthesis Compromises the
1996. Antioxidant Capacity of the Cytosol to
Maintain Discrete Concentrations of Hydrogen

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


V. 2, N. 2, p. 66, 2008
GUIMARÃES, Marcelo de A. ,SANTANA, Tessio A. de et al .
__________________________________________________________________________________________
Peroxide in Arabidopsis. Plant Physiology. v. PAIVA, H.N.; CARVALHO, J.G.; SIQUEIRA,
147, p. 562–572, 2008. J.O.; MIRANDA, J.R.P.; FERNADES, A.R.
LÖSCH, R. Plant mitochondrial respiration Absorção de nutrientes por mudas de ipê-roxo
under the influence of heavy metals. In: (Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl.) em
PRASAD, M.N.V. (Ed.). Heavy metal stress solução nutritiva contaminada por Cádmio.
in plants: From biomolecules to ecosystems. Revista Árvore, v.28, p.189-197, 2004.
2nd ed. Springer, printed in India, 2004. p.182- PAPOYAN, A.; KOCHIAN, L.V. Identification
200. of Thlaspi caerulescens genes that may be
involved in heavy metal hyperaccumulation and
MA, J.F.; UENO, D.; ZHAO, F.J.; McGRATH,
tolerance: characterization of a novel heavy
S.P. Subcellular localisation of cadmio and Zn
metal transporting ATPase. Plant Physiology,
in the leaves of a cadmio-hyperacumulating
v.136, p.3814–3823, 2004.
ecotype of Thlaspi caerulescens. Planta, v.220,
p.731-736, 2005. PERFUS-BARBEOCH, L.; LEONHARDT, N.;
VAVASSEUR, A.; FORESTIER, C. Heavy
MAITANI, T.; KUBOTA, H.; SATO, K.;
metal toxicity: cadmium permeates through
YAMADA, T. The composition of metals
calcium channels and disturbs the plant water
bound to class III tallothionein (phytochelatin
status. The Plant Journal, v.32, p.539–548,
and its desglycyl peptide) induced by various
2002.
metals in root cultures of Rubia tinctorum.
Plant Physiology, v.110, p.1145–1150, 1996. PIETRINI, F.; IANNELLI, M.A.;
PASQUALINI, S.; MASSACCI, A. Interaction
MCGRATH, S.P.; LOMBI, E.; GRAY, C.W.;
of cadmium with glutathione and
CAILLE, N.; DUNHAM, S.J.; ZHAO, F.J.
photosynthesis in developing leaves and
Field evaluation of Cd and Zn phytoextraction
chloroplasts of Phragmites australis (Cav.)
potential by the hyperaccumulators Thlaspi
Trin. ex Steudel. Plant Physiology, v.133,
caerulescens and Arabidopsis halleri.
p.829-837, 2003.
Environmental Pollution, v.141, p.115–125,
2006. REA, P.A.; VATAMANIUK, O.K.; RIGDEN, D.J.
Weeds, worms, and more. Papain's long-lost
MILNER, M.J.; KOCHIAN, L.V. Investigating
cousin, phytochelatin synthase. Plant
Heavy-metal Hyperaccumulation using Thlaspi
Physiology, v.136, p.2463-2474, 2004.
caerulescens as a Model System. Annals of
Botany, v.102, p.3–13, 2008. ROMERO-PUERTAS, M.C.; PALMA, J.M.;
GÓMEZ, M.; DEL RÍO, L.A.; SANDALIO,
NISHIZONO, H.; KUBOTA, K.; SUZUKI, S.;
L.M. Cadmium causes the oxidative
ISHII, F. Accumulation of heavy metals in cell
modification of proteins in pea plants. Plant,
walls of Polygonum cuspidatum roots from
Cell and Environment, v.25, p.677–686, 2002.
metalliferous habitats. Plant Cell Physiology,
v.30, p.595-598, 1989. ROMERO-PUERTAS, M.C.; CORPAS, F.J.;
SANDALIO, L.M.; LETERRIER, M.;
NOCITO, F.F.; PIROVANO, L.; COCUCCI,
RODRÍGUES-SERRANO, M.; del RÍO, L.A.;
M.; SACCHI, G.A. Cadmium-induced sulfate
PALMA, J.M. Glutathione reductase from pea
uptake in maize roots. Plant Physiology, v.129,
leaves: response to abiotic stress and
p.1872-1879, 2002.
characterization of the peroxisomal isozyme.
NOCITO, F.F.; ESPEN, L.; CREMA, B.; ,ew Phytologist, v.170, p.43-52, 2006.
COCUCCI, M.; SACCHI, G.A. Cadmium
SAITO, K. Sulfur Assimilatory Metabolism.
induces acidosis in maize root cells. ,ew
The Long and Smelling Road. Plant
Phytologist (2008) in press.
Physiology, v.136, p.2443–2450, 2004.
OSKARSSON, A.; LINDÉN, A.; OLSSON, I-
SANITÀ DI TOPPI, L.; GABBRIELLI, R.
M.; PETERSSON, K. Cadmium in food chain
Response to cadmium in higher plants.
and health effects in sensitive population
Environmental and Experimental Botany,
groups. BioMetals, v.17, p.531–534, 2004.
v.41, p.105–130, 1999.

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


V. 2, N. 2, p. 67, 2008
GUIMARÃES, Marcelo de A. ,SANTANA, Tessio A. de et al .
__________________________________________________________________________________________
SARRY, J-E.; KUHN, L.; DUCRUIX, C.; mechanisms of cadmium carcinogenesis.
LAFAYE, A.; JUNOT, C.; HUGOUVIEUX, Toxicology, v.192, p.95-117, 2003.
V.; JOURDAIN, A.; BASTIEN, O.; FIEVET,
WAWRZYNSKI, A.; KOPERA, E.;
J.B.; VAILHEN, D. The early responses of
WAWRZYNKA, A.; KAMINSKA, J.; BAL,
Arabidopsis thaliana cells to cadmium
W.; SIRKO, A. Effects of simultaneous
exposure explored by protein and metabolite
expression of heterologous genes involved in
profiling analysis. Proteomics, v.6, p.2180–
phytochelatin biosynthesis on thiol content and
2198, 2006.
cadmium accumulation in tobacco plants.
SCHÄFER, H.J.; HAAG-KERWER, A.; Journal of Experimental Botany, v.57,
RAUSCH, T. cDNA cloning and expression p.2173–2182, 2006.
analysis of genes encoding GSH synthesis in
WOJAS, S.; CLEMENS, S.; HENNIG, J.;
roots of the heavy metal accumulator Brassica
SKLODOWSKA, A.; KOPERA, E.; SCHAT,
juncea L.: evidence or Cd-induction of a
H.; BAL, W.; ANTOSIEWICZ, D.M.
putative mitochondrial g-glutamylcysteine
Overexpression of phytochelatin synthase in
synthetase isoform. Plant Molecular Biology,
tobacco: distinctive effects of AtPCS1 and
v.37, p.87–97, 1998.
CePCS genes on plant response to cadmium.
SHAW, B.P.; SAHU, S.K.; MISHRA, R.K. Journal of Experimental Botany, v 59, p.
Heavy metal induced oxidative damage in 2205–2219, 2008.
terrestrial plants. In: PRASAD, M.N.V. (Ed.).
YU, H.; WANG, J.; FANG, W.; YUAN, J.;
Heavy metal stress in plants: From YANG, Z. Thiol-peptide level and proteomic
biomolecules to ecosystems. 2nd ed. Springer,
changes in response to cadmium toxicity in
printed in India, 2004. p.84-126. Oryza sativa L. roots. Science of the Total
SIMMONS, R.W.; PONGSAKUL, P.; Environment, v.370, p.302–309, 2006.
SAIYASITPANICH, D.; KLINPHOKLAP, S. ZHU, Y.L.; PILON-SMITH, E.A.H.;
Elevated levels of cadmium and zinc in paddy JOUANIN, L.; TERRY, N. Overexpression of
soils and elevated levels of cadmium in rice glutathione synthetase in Indian mustard
grain downstream of a zinc mineralized area in enhances cadmium accumulation and tolerance.
Thailand. Implications for public health Plant Physiology, v.119, p.73–79, 1999.
Environmental Geochemistry and Health,
v.27, p.501–511, 2005.
SOBKOWIAK, R.; DECKERT, J. The effect of
cadmium on cell cycle control in suspension
culture cells of soybean. Acta Physiologiae
Plantarum, v.26, p.335–344, 2004.
VAHTER, M.; BERGLUND, M.; NERMELL,
B.; AKESSON, A. Bioavailability of cadmium
from shelltish and mixed diet in women.
BioMetals, v.136, p.332–341, 1996.
WAALKES, M.P. Cadmium carcinogenesis.
Mutation Research/Fundamental and Molecular
Mechanisms of Mutagenesis. v.533, p.107-120,
2003.
WAGNER, G.J. Accumulation of cadmium in
crop plants and its consequences to human
health. Advances in Agronomy, v.51, p.173-
212, 1993.
WAISBERG, M.; JOSEPH, P.; HALE, B.;
BEYERSMANN, D. Molecular and cellular

Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas


V. 2, N. 2, p. 68, 2008

View publication stats

Você também pode gostar