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O autor começa apontando sobre a arte da renda e como a mesma representa uma
marca do modelo de produção capitalista e relaciona com a defesa da tese que a mesma
pode ser buscada na esfera pública. Esse primeiro ponto conversa com os objetivos
gerais do artigo, das quais apresenta dois: 1) versar sobre a aproximação das empresas
com valores cultivados na esfera pública e de que maneira podem apresentar vantagens
na obtenção de renda diferenciada e 2) como esse modus operandi é utilizado pela
empresa Natura ao se relacionar com a Amazônia. Como bem pontua o autor, levantar
essas questões é buscar entender como as empresas, e por consequência o sistema
capitalista, estão se transformando com os novos problemas do período atual, no
período-crise. Para isso, abandona o diálogo com a renda monopolista, mas mantém a
ideia da renda privilegiada presente e é nesse contexto que vai analisar a relação da
Amazônia com a empresa de cosméticos Natura ao buscar entender os componentes de
extração de reserva de mercado.
O autor utiliza a dinâmica de atuação da empresa Natura como modelo para entender a
extração de renda privilegiada na prática. A empresa constrói sua imagem a partir da
responsabilidade socioambiental e se utiliza da estratégia de produção direta a partir de
matérias-primas da biodiversidade regional e de dimensão simbólica, pois explora na
sua produção de valores a preservação da floresta Amazônica com respeito às
comunidades regionais. Ainda nesse contexto, o autor cita a parceria que a Natura fez
com a Fundação Banco do Brasil ao lançar o Programa Amazônia, que conta com três
pilares: 1) ciência, tecnologia e inovação; 2) cadeias produtivas da sociobiodiversidade
e 3) fortalecimento institucional. O primeiro pilar diz respeito a prioridade para a
produção científica que valorizem as riquezas da Amazônia (Nina), a segunda parte
versa sobre a estruturação, aprimoramento e expansão das cadeias produtivas e a
terceira parte é sobre o “empoderamento” das instituições locais e o estabelecimento de
uma economia em pé.
Para o autor, esse comportamento está sustentado em uma tríade: Amazônia como lugar
estratégico na crise ambiental; valoração das comunidades locais e o discurso da prática
ambientalmente correta , com a inserção de valores elencados por organismos como as
Nações Unidas (ONU). Com isso a empresa busca vantagem competitiva no mercado
ao apresentar-se em consonância com as soluções buscadas para os problemas
civilizacionais do período-crise, conectando-se com os consumidores que apresentam
tendência a conceber produtos socioambientais responsáveis como benéficos diante das
crises atuais. O valor cultural não está apenas no produto, mas também nas pessoas, no
desenvolvimento dos dispositivos de ordenamento, que para o autor, cultivam esses
valores. Portanto, na visão do autor, a questão passa a ser de cunho sistêmico, pois
identifica que o mercado intensifica a incorporação de suas próprias crises como
vantagens comparativas.