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Execução Engenharia e construção

DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA

Adequação de Capacidade Viária da


Rodovia BR-423, trecho: do km 18,20 –
entroncamento BR-232 (São Caetano) ao
km 86,12, com extensão total de 67,92 km

PROCESSO CPRH SEI no


0031000013.003417/2021-32

Elaboração:

RECIFE - PE
ABRIL DE 2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

TOMO II

Capítulo 10

Subcapítulo 10.1 – Diagnóstico do Meio Físico

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

SUMÁRIO
10 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA .................................................... 1
10.1 Meio Físico ......................................................................................................................................... 2
10.1.1 Clima e Condições Meteorológicas .................................................................................................... 2
10.1.1.1 Temperatura ....................................................................................................................... 2
10.1.1.2 Precipitação ....................................................................................................................... 3
10.1.1.3 Unidade relativa do ar........................................................................................................ 4
10.1.1.4 Evaporação ........................................................................................................................ 5
10.1.1.5 Direção e velocidade dos ventos........................................................................................ 6
10.1.1.6 Insolação total .................................................................................................................... 6
10.1.2 Qualidade do Ar .................................................................................................................................. 7
10.1.2.1 Revisão Conceitual ............................................................................................................ 7
10.1.2.2 Metodologia ..................................................................................................................... 10
10.1.3 RUÍDO E VIBRAÇÃO ..................................................................................................................... 47
10.1.3.1 Revisão conceitual ........................................................................................................... 47
10.1.3.2 Metodologia ..................................................................................................................... 49
10.1.3.3 Resultados........................................................................................................................ 51
10.1.3.4 Considerações Finais ....................................................................................................... 80
10.1.4 GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS ......................................................................................... 80
10.1.4.1 Contexto Geológico Regional.......................................................................................... 80
10.1.4.2 Geologia das Área de Influência...................................................................................... 81
10.1.4.3 Complexo Rio do Una ..................................................................................................... 81
10.1.4.4 Suíte Serrote dos Macacos ............................................................................................... 83
10.1.4.5 Sienito Cachoeirinha........................................................................................................ 83
10.1.4.6 Granito Cabanas .............................................................................................................. 85
10.1.4.7 Suíte Ferreira Costa ......................................................................................................... 85
10.1.4.8 Geologia Estrutural das Áreas de Influência ................................................................... 87
10.1.4.9 Estruturas Dúcteis ............................................................................................................ 87
10.1.4.10 Estruturas Rúpteis .......................................................................................................... 88
10.1.4.11 Recursos Minerais na área de influência ........................................................................ 89
10.1.5 GEOMORFOLOGIA ........................................................................................................................ 90
10.1.5.1 Área de Influência Indireta (AII) ..................................................................................... 90
10.1.5.2 Área de Influência Direta (AID) ...................................................................................... 96
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10.1.5.3 Área Diretamente Afetada (ADA) ................................................................................... 96


10.1.6 GEOTECNIA .................................................................................................................................... 96
10.1.6.1 Metodologia ..................................................................................................................... 98
10.1.6.2 Resultados dos ensaios de sondagens .............................................................................. 98
10.1.6.3 Análise e Discussão ....................................................................................................... 101
10.1.7 PEDOLOGIA .................................................................................................................................. 102
10.1.7.1 Área de Influência Indireta (AII) ................................................................................... 104
10.1.7.2 Área de Influência Direta (AID) .................................................................................... 104
10.1.7.3 Área de Diretamente Afetada (ADA) ............................................................................ 112
10.1.7.4 Caracterização dos tipos de uso dos solos ..................................................................... 112
10.1.7.5 Ensaios de infiltração..................................................................................................... 114
10.1.8 RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS ..................................................................................... 119
10.1.8.1 Bacia do Rio Ipojuca ..................................................................................................... 120
10.1.8.2 Bacia do Rio Mundaú .................................................................................................... 120
10.1.8.3 Bacia do Rio Una ........................................................................................................... 121
10.1.8.4 Área de Influência Indireta (AII) ................................................................................... 122
10.1.8.5 Área de Influência Direta (AID) .................................................................................... 122
10.1.8.6 Área Diretamente Afetada ............................................................................................. 122
10.1.8.7 Caracterização da Qualidade das águas ......................................................................... 122
10.1.8.8 Resultados das análises da qualidade das águas superficiais ......................................... 125
10.1.8.9 Identificação e caracterização dos mananciais de abastecimento público ..................... 130
10.1.8.10 Qualidade de água dos mananciais de abastecimento público ..................................... 132
10.1.9 RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS ................................................................................ 136
10.1.9.1 Identificação dos usos das águas do aquífero local ....................................................... 136
10.1.9.2 Caracterização dos aquíferos ......................................................................................... 138
10.1.9.3 Aquíferos porosos .......................................................................................................... 138
10.1.9.4 Aquíferos fissurais ......................................................................................................... 138
10.1.9.5 Caracterização da Qualidade das águas subterrâneas .................................................... 139

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LISTA DE FIGURAS

Figura 10-1 – Gráfico das temperaturas registradas pela estação meteorológica Garanhuns. ........................... 3
Figura 10-2 – Gráfico das temperaturas médias registradas pela estação meteorológica Garanhuns. .............. 3
Figura 10-3 – Gráfico da distribuição pluviométrica acumulada mensal registrada pela estação meteorológica
de Garanhuns. ........................................................................................................................................... 4
Figura 10-4 – Gráfico da umidade relativa do ar mensal registrada pela estação meteorológica de Garanhuns.
.................................................................................................................................................................. 5
Figura 10-5 – Gráfico da evaporação total mensal média registrada pela estação meteorológica de Garanhuns.
.................................................................................................................................................................. 5
Figura 10-6 – Gráfico da velocidade média dos ventos registrada pela estação meteorológica de Garanhuns. 6
Figura 10-7 – Gráfico da insolação total mensal registrada pela estação meteorológica de Garanhuns. .......... 7
Figura 10-8. Contribuição do tráfego de automóveis e outras fontes para a poluição atmosférica ................... 8
Figura 10-9. Estação AQMesh ........................................................................................................................ 11
Figura 10-10. Locais de instalações das estações de monitoramento da qualidade do ar ............................... 12
Figura 10-11. Temperatura média (máxima, instantânea e mínima) ao longo do ano, estação A322 ............. 13
Figura 10-12. Temperatura avaliada in situ ao longo do período da campanha. ............................................. 13
Figura 10-13. Umidade relativa média (máxima, instantânea e mínima) ao longo do ano, estação A322...... 14
Figura 10-14. Umidade relativa avaliada in situ ao longo do período da campanha ...................................... 14
Figura 10-15. Rosa dos Ventos para a área de avaliação ................................................................................ 15
Figura 10-16. Registro Fotográfico - Cachoeirinha......................................................................................... 16
Figura 10-17. Registro Fotográfico - Cachoeirinha......................................................................................... 16
Figura 10-18. Materiais particulados - Estação de monitoramento em Cachoeirinha ..................................... 17
Figura 10-19. Concentração dos gases avaliados em Cachoeirinha ................................................................ 17
Figura 10-20. Registro Fotográfico - Jupí ....................................................................................................... 30
Figura 10-21. Registro Fotográfico - Jupí ....................................................................................................... 30
Figura 10-22. Materiais particulados - Estação de monitoramento em Jupí ................................................... 31
Figura 10-23. Concentração dos gases avaliados em Jupí. .............................................................................. 31
Figura 10-24. Registro Fotográfico - Lajedo ................................................................................................... 40
Figura 10-25. Registro Fotográfico - Lajedo ................................................................................................... 40
Figura 10-26. Materiais particulados - Estação de monitoramento em Lajedo ............................................... 41
Figura 10-27. Concentração dos gases avaliados em Lajedo .......................................................................... 41
Figura 10-28 – Localização do trecho da BR423 no qual o estudo foi realizado, com os RPC ...................... 47
Figura 10-29 - Localização dos RPC 01 e 02 (Batinga) .................................................................................. 51
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Figura 10-30. Registro Fotográfico RPC 01 .................................................................................................... 52


Figura 10-31. Registro Fotográfico RPC 01 .................................................................................................... 52
Figura 10-32. Registro Fotográfico RPC 02 .................................................................................................... 52
Figura 10-33. Registro Fotográfico RPC 02 .................................................................................................... 52
Figura 10-34 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 01 .......................................................... 53
Figura 10-35 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 01 ..................................................................... 53
Figura 10-36 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 02 .......................................................... 54
Figura 10-37 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 02 ..................................................................... 54
Figura 10-38 - Localização dos RPC 03, 04, 05, 06 e 07 (Cachoeirinha) ....................................................... 55
Figura 10-39. Registro Fotográfico RPC 03 .................................................................................................... 56
Figura 10-40. Registro Fotográfico RPC 03 .................................................................................................... 56
Figura 10-41. Registro Fotográfico RPC 04 .................................................................................................... 56
Figura 10-42. Registro Fotográfico RPC 04 .................................................................................................... 56
Figura 10-43. Registro Fotográfico RPC 05 .................................................................................................... 57
Figura 10-44. Registro Fotográfico P05 .......................................................................................................... 57
Figura 10-45. Registro Fotográfico RPC 06 .................................................................................................... 57
Figura 10-46. Registro Fotográfico RPC 06 .................................................................................................... 57
Figura 10-47. Registro Fotográfico RPC 07 .................................................................................................... 58
Figura 10-48. Registro Fotográfico RPC 07 .................................................................................................... 58
Figura 10-49 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 03 .......................................................... 58
Figura 10-50 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 03 ..................................................................... 59
Figura 10-51 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 04 .......................................................... 59
Figura 10-52 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 04 ..................................................................... 60
Figura 10-53 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 05 .......................................................... 60
Figura 10-54 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 05 ..................................................................... 61
Figura 10-55 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 06 .......................................................... 61
Figura 10-56 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 06 ..................................................................... 62
Figura 10-57 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 07 .......................................................... 62
Figura 10-58 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 07 ..................................................................... 63
Figura 10-59 - Localização dos RPC 08 a 11 (Jupí)........................................................................................ 64
Figura 10-60. Registro Fotográfico RPC 08 .................................................................................................... 65
Figura 10-61. Registro Fotográfico RPC 08 .................................................................................................... 65
Figura 10-62. Registro Fotográfico RPC 09 .................................................................................................... 65
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Figura 10-63. Registro Fotográfico RPC 09 .................................................................................................... 65


Figura 10-64. Registro Fotográfico RPC 10 .................................................................................................... 66
Figura 10-65. Registro Fotográfico 10 ............................................................................................................ 66
Figura 10-66. Registro Fotográfico RPC 11 .................................................................................................... 66
Figura 10-67. Registro Fotográfico RPC 11 .................................................................................................... 66
Figura 10-68 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 08 .......................................................... 67
Figura 10-69 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 08 ..................................................................... 67
Figura 10-70 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 09 .......................................................... 68
Figura 10-71 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 09 ..................................................................... 68
Figura 10-72 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 10 .......................................................... 69
Figura 10-73 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 10 ..................................................................... 69
Figura 10-74 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 11 .......................................................... 70
Figura 10-75 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 11 ..................................................................... 70
Figura 10-76 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 12 .......................................................... 71
Figura 10-77 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 12 ..................................................................... 71
Figura 10-78 - Localização dos RPC 12 a 15 (Lajedo) ................................................................................... 72
Figura 10-79. Registro Fotográfico RPC 12 .................................................................................................... 73
Figura 10-80. Registro Fotográfico 12 ............................................................................................................ 73
Figura 10-81. Registro Fotográfico RPC 13 .................................................................................................... 73
Figura 10-82. Registro Fotográfico RPC 13 .................................................................................................... 73
Figura 10-83. Registro Fotográfico RPC 14 .................................................................................................... 74
Figura 10-84. Registro Fotográfico 14 ............................................................................................................ 74
Figura 10-85. Registro Fotográfico RPC 15 .................................................................................................... 74
Figura 10-86. Registro Fotográfico RPC15 ..................................................................................................... 74
Figura 10-87 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 12 .......................................................... 75
Figura 10-88 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 12 ..................................................................... 75
Figura 10-89 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 13 .......................................................... 76
Figura 10-90 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 13 ..................................................................... 76
Figura 10-91 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 14 .......................................................... 77
Figura 10-92 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 14 ..................................................................... 77
Figura 10-93 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 15 .......................................................... 78
Figura 10-94 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 15 ..................................................................... 78
Figura 10-95 – Localização dos pontos de sondagens..................................................................................... 97
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Figura 10-96- Localização dos pontos de amostragem de solo e dos ensaios de infiltração ......................... 103
Figura 10-97 - Tipos de usos do solo nos Municípios que interceptam a BR-423 ........................................ 113
Figura 10-98 - Tipos de uso de solos dos Municípios que interceptam a BR-423 ........................................ 114

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Lista de Tabelas

Tabela 10-1 - Identificação e localização da estação meteorológica usada como referência ............................ 2
Tabela 10-2. Resolução Conama nº 494/2018 ................................................................................................... 9
Tabela 10-3. Padrões de qualidade do ar estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 491/2018 .................... 9
Tabela 10-4. Critério de validação dos dados da rede automática................................................................... 10
Tabela 10-5. Coordenadas geográficas dos locais de monitoramento ............................................................. 11
Tabela 10-6. Resultados das concentrações dos particulados avaliadas em Cachoeirinha.............................. 17
Tabela 10-7. Resultados das concentrações dos gases avaliadas Cachoeirinha .............................................. 24
Tabela 10-8. Resultados das concentrações dos particulados avaliadas em Jupí ............................................ 31
Tabela 10-9. Resultados das concentrações dos gases avaliadas em Jupí ....................................................... 36
Tabela 10-10. Resultados das concentrações dos particulados avaliadas em Lajedo ...................................... 41
Tabela 10-11. Resultados das concentrações dos gases avaliadas em Lajedo................................................. 44
Tabela 10-12. Resumo dos resultados das concentrações de material particulado e gases ............................. 46
Tabela 10-13. Caracterização de som tonal ..................................................................................................... 48
Tabela 10-14 – Descrição dos equipamentos utilizados nas avaliações acústicas .......................................... 50
Tabela 10-15. Limites de níveis de pressão sonora em função dos tipos de áreas habitadas e do período ..... 50
Tabela 10-16. Resultados das medidas de monitoramento .............................................................................. 79
Tabela 10-17 - Unidades litoestratigráficas presentes nas áreas de influência do empreendimento ............... 81
Tabela 10-18 - Processos minerários contidos ou que interceptam a ADA deste empreendimento ............... 89
Tabela 10-19 - Coordenadas dos pontos de amostragem de solos e dos ensaios de infiltração ...................... 97
Tabela 10-20 – Classificação do solo em relação à profundidade das sondagens SPT realizadas na ADA.. 100
Tabela 10-21 – Percentual de finos nas amostras de solo coletadas na ADA e AID do empreendimento.... 101
Tabela 10-22 - Coordenadas dos pontos de amostragem de solos e dos ensaios de infiltração .................... 103
Tabela 10-23 – Classes de solo presentes na AII .......................................................................................... 104
Tabela 10-24 – Resultados da análise físico-química dos neossolos............................................................. 108
Tabela 10-25 – Resultados da análise físico-química dos planossolos ......................................................... 111
Tabela 10-26 - Porcentagem das classes de uso do solo dos Municípios que interceptam a BR-423 ........... 112
Tabela 10-27 - Medidas do ensaio de infiltração, coletadas em campo, pelo método anéis concêntricos. ... 116
Tabela 10-28 - Valores de condutividade hidráulica calculados a partir do método anéis concêntricos ...... 116
Tabela 10-29 - Medidas do ensaio de infiltração, coletadas em campo, pelo método open end hole. .......... 116
Tabela 10-30 - Valores de condutividade hidráulica calculados a partir do método open end hole. ............ 117
Tabela 10-31 - Classificação de magnitudes da condutividade hidráulica .................................................... 118
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Tabela 10-32 - Classes de vulnerabilidade segundo critérios litológicos ...................................................... 119


Tabela 10-33 - Reservatórios da bacia do Rio Ipojuca com capacidade acima de 106 m3 ........................... 120
Tabela 10-34 - Reservatórios da bacia do Rio Mundaú com capacidade acima de 106 m3.......................... 121
Tabela 10-35 - Reservatórios da bacia do Rio Una com capacidade acima de 106 m3 ................................ 122
Tabela 10-36 - Características físicas dos principais cursos d’água interceptados pelo empreendimento. ... 122
Tabela 10-37 - Localização dos pontos de coleta de águas superficiais na AID e ADA .............................. 123
Tabela 10-38 – Eficiência de remoção de carga orgânica bruta antes de ser lançada como efluente............ 124
Tabela 10-39 – Resultados das análises das amostras de águas superficiais na AID e ADA........................ 128
Tabela 10-40 –Resultado das análises das séries de metais nas águas superficiais na AID e ADA. ............ 129
Tabela 10-41 – Mananciais superficiais na AII ............................................................................................. 130
Tabela 10-42 – Resultados das análises bacteriológicas e físico-químicas nas amostras coletadas na AII .. 134
Tabela 10-43 – Poços tubulares cadastrados no SIAGAS-CPRM dentro do limite da AID ......................... 136
Tabela 10-44 – Localização dos pontos de coleta de água subterrânea e número dos poços no SIAGAS-CPRM.
.............................................................................................................................................................. 139
Tabela 10-45 – Resultados das análises físico-químicas das amostras de água subterrânea na AID e ADA.140
Tabela 10-46 – Resultados das análises microbiológicas das amostras de água subterrânea na AID e ADA.
.............................................................................................................................................................. 141

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CAPÍTULO
10 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


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10 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA

10.1 Meio Físico

10.1.1 Clima e Condições Meteorológicas


A caracterização climática da área de estudo foi baseada nos registros de uma estação meteorológica
do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), cuja localização está indicada na Tabela 10-1. A
estação utilizada foi escolhida de acordo com sua representatividade na área de estudo e está inserida
no município de Garanhuns.

Tabela 10-1 - Identificação e localização da estação meteorológica usada como referência


Código Nome da estação UF Latitude Longitude
82893 Garanhuns PE -8,91 -36,49
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, 2022.

Para definir os parâmetros climáticos foram utilizados dados das normais climatológicas da última
série temporal de 30 anos (1981 a 2010) fornecida pelo INMET. Os municípios próximos a AID e
ADA estão inseridos no Planalto da Borborema, desta forma os dados de clima apresentados são de
caráter regional. A área de estudo possui uma variação de altitude que faz com que ocorra dois climas
distintos, o semiárido quente (Bsh) e tropical chuvoso com verão seco (As), de acordo com a
classificação de Köppen, com temperaturas elevadas e índice pluviométrico baixo. Apresenta médias
térmicas variando de 21 °C e 26 °C. A precipitação média é de aproximadamente 660 mm anuais.

10.1.1.1 Temperatura
De acordo com os gráficos das normais climatológicas na área de estudo é possível a caracterização
das temperaturas máximas, médias e mínimas mensais ao longo dos últimos 30 anos, conforme a
Figura 10-1. A partir da Figura 10-2 observa-se que a temperatura média anual da região de estudo
gira em torno de 22 °C e a amplitude térmica média durante o ano é de aproximadamente 20 °C, com
um aumento pouco significativo entre os meses de dezembro e março.

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Figura 10-1 – Gráfico das temperaturas registradas pela estação meteorológica Garanhuns.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, 2022.

Figura 10-2 – Gráfico das temperaturas médias registradas pela estação meteorológica Garanhuns.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, 2022.

10.1.1.2 Precipitação
A Região Nordeste apresenta uma acentuada variabilidade pluviométrica em um mesmo ano, essa
característica está associada a variações de padrões de Temperatura da Superfície do Mar (TSM)
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sobre os oceanos tropicais, os quais afetam a posição e a intensidade da Zona de Convergência


Intertropical (ZCIT) sobre o Oceano Atlântico.

Na área de estudo a precipitação pluviométrica acumulada mensal é mais elevada entre os meses de
maio e agosto, de acordo com a Figura 10-3. A precipitação total anual média é de aproximadamente
80 mm.

O período mais seco é entre os meses de outubro e janeiro, apresentando precipitação total máxima
de 160 mm em junho. O mês mais seco é o de novembro com precipitação total média de 17,1 mm.

Figura 10-3 – Gráfico da distribuição pluviométrica acumulada mensal registrada pela estação meteorológica de
Garanhuns.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, 2022.

10.1.1.3 Unidade relativa do ar


A partir das séries temporais é possível observar que a umidade relativa do ar apresenta uma média
anual próxima de 80%, chegando em níveis aproximadamente de 90% em períodos de maior
precipitação. Ocorre uma variação próxima de 20% na taxa de umidade relativa do ar nos meses mais
secos, de acordo com a Figura 10-4.

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Figura 10-4 – Gráfico da umidade relativa do ar mensal registrada pela estação meteorológica de Garanhuns.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, 2022.

10.1.1.4 Evaporação
De acordo com a Figura 10-5, as taxas elevadas de evaporação na área de estudo estão associadas ao
período de estiagem, entre os meses de outubro e janeiro. Enquanto no período entre maio e agosto
ocorrem taxas menores de evaporação devido aos valores mais altos de precipitação.

Figura 10-5 – Gráfico da evaporação total mensal média registrada pela estação meteorológica de Garanhuns.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, 2022.

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10.1.1.5 Direção e velocidade dos ventos


Os ventos na área de estudo são provenientes da direção E. A velocidade média anual não apresenta
grandes variações . Observa-se velocidades maiores entres os meses de outubro e fevereiro, variando
próximo a 4,1 m/s (14,76 km/h), conforme se observa na Figura 10-6. E entre os meses de abril e
julho, valores próximos a 3,0 m/s (10,8 km/h).

Figura 10-6 – Gráfico da velocidade média dos ventos registrada pela estação meteorológica de Garanhuns.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, 2022.

10.1.1.6 Insolação total


De acordo com o Figura 10-7 , as taxas de isolação total na área de estudo são elevadas, indicando
um baixo índice de nebulosidade. Observa-se que as maiores taxas novamente estão relacionadas ao
período de estiagem, e as menores aos meses que a precipitação é maior.

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Figura 10-7 – Gráfico da insolação total mensal registrada pela estação meteorológica de Garanhuns.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, 2022.

10.1.2 Qualidade do Ar

O presente documento apresenta os resultados da qualidade do ar ambiente referente à Área de


Influência Direta do empreendimento “Adequação de capacidade viária da Rodovia BR-423, trecho:
entroncamento BR-104/232(A) (Caruaru) – DIV. PE/AL, subtrecho: entroncamento BR-232(B) (São
Caetano) – próximo ao entroncamento BR-423/424/PE (Garanhuns), segmento: km 18,20 ao km
107,40, extensão: 89,2km”.

O estudo teve por objetivo principal apresentar um relatório com as concentrações de materiais
particulados e gases poluentes em localidades lindeiras à rodovia BR 423 sentido Caruaru -
Garanhuns, PE. Os resultados apresentados servirão de subsidio para comparações futuras durante as
obras de adequações desse trecho da rodovia. Os objetivos específicos foram:
• Quantificar particulados e gases poluentes atmosféricos;
• Comparar os dados coletados com os padrões descritos na legislação ambiental vigente,
Resolução Conama 491 (2018).

10.1.2.1 Revisão Conceitual


A poluição atmosférica urbana tornou-se um dos principais fatores de degradação da qualidade de
vida das populações. Constitui um problema que tende a agravar-se devido, sobretudo, ao
desenvolvimento desequilibrado dos espaços urbanos e ao aumento significativo da mobilidade das
populações, com o consequente incremento dos níveis de tráfego rodoviário (Silva e Mendes, 2006).

Os poluentes atmosféricos são emitidos a partir de fontes existentes e, subsequentemente,


transportados, dispersados e muitas vezes transportados na atmosfera atingindo finalmente os vários
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receptores por deposição gravítica húmida (lavagem da chuva ou neve) ou deposição gravítica seca
(através da adsorção de partículas). Em meio urbano as fontes poluidoras antropogênicas típicas são
principalmente o tráfego veicular e, quando existente, a atividade industrial.

Num estudo realizado em 1999 para o Reino Unido (Goodwin et al., 2001) determinaram a
contribuição média do tráfego automóvel para a poluição atmosférica. Os resultados estão ilustrados
na Figura 2 e indicam que em áreas com elevado fluxo de tráfego, principalmente de pesados, os
percentuais de gases e materiais particulados poluentes são mais elevados. Em áreas com baixo fluxo
de tráfego e com outras fontes, tais como indústrias ou centrais geradoras de energia, os percentuais
são menores. Uma importante conclusão desse estudo é que o tráfego rodoviário se constitui como
principal fonte de emissão de poluentes atmosféricos em meio urbano.

CO - tráfego de automóveis
CO - outras fontes
VOCNM - tráfego de automóveis
VOCNM - outras fontes
NOX - tráfego de automóveis
NOX - outras fontes
PM10 (fumaça - tráfefo de automóveis)
PM10 (fumaça,outras fontes)
PM10 (granulometria, - tráfefo de automóveis)
PM10 (granulometria, outras fontes)
CO2 - tráfego de automóveis
CO2 - outras fontes

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0
Figura 10-8. Contribuição do tráfego de automóveis e outras fontes para a poluição atmosférica
(fonte: Goodwin et al., 2001, adaptado)

Todavia, o que é um poluente atmosférico? De acordo com a Resolução CONAMA nº 491 (2018),
poluente atmosférico é qualquer forma de matéria em quantidade, concentração, tempo ou outras
características, que tornem ou possam tornar o ar impróprio ou nocivo à saúde, inconveniente ao bem-
estar público, danoso aos materiais, à fauna e flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da
propriedade ou às atividades normais da comunidade.

Do exposto, fica evidente os impactos negativos à saúde humana e ao meio ambiente causado pelos
poluentes atmosféricos. Para minimizar esses impactos adversos, a Resolução Conama nº 491 (2018)
estabelece padrões de qualidade do ar, no intuito de garantir um ar ambiente adequado à saúde e ao
meio ambiente.

O padrão de qualidade do ar tornou-se um dos instrumentos de gestão da qualidade do ar, determinado


como valor de concentração de um poluente específico na atmosfera, associado a um intervalo de
tempo de exposição, para que o meio ambiente e a saúde da população sejam preservados em relação
aos riscos de danos causados pela poluição atmosférica;

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A Resolução CONAMA n° 491/ 2018, estabelece novos indicadores da qualidade do ar, bem como
valores mais restritivos para os padrões de qualidade do ar de curto e longo período de exposição. A
resolução vigente consiste em adotar os novos padrões em quatro etapas sequenciais (Tabela 10-2).
A primeira etapa compreende os valores iniciais de padrão da qualidade do ar a serem adotados.

Tabela 10-2. Resolução Conama nº 494/2018


Etapas
PI – 1
PI = Padrão de Qualidade do Ar Intermediário PI – 2
PI – 3
PF = Padrão de Qualidade do Ar Final PF

Os padrões estabelecidos pela Resolução Conama nº 491/2018, consideram um conjunto de metas


gradativas e progressivas para que a poluição atmosférica seja reduzida a níveis desejáveis ao longo
do tempo. Dessa forma, o Padrão Intermediário 1 (PI-1) é o valor inicial a ser adotado pelos Estados
(CPRH, 2022). Os valores dos padrões estão estabelecidos na Tabela 10-2.

Cabe aqui definir os poluentes indicados na Tabela 10-2 segundo a Conama 491 de 2018 os materiais
particulados são:
▪ Material Particulado MP10: partículas de material sólido ou líquido suspensas no ar, na forma
de poeira, neblina, aerossol, fuligem, entre outros, com diâmetro aerodinâmico equivalente de
corte de 10 micrômetros;
▪ Material Particulado MP2,5: partículas de material sólido ou líquido suspensas no ar, na forma
de poeira, neblina, aerossol, fuligem, entre outros, com diâmetro aerodinâmico equivalente de
corte de 2,5 micrômetros;
▪ Partículas Totais em Suspensão - PTS: partículas de material sólido ou líquido suspensas no
ar, na forma de poeira, neblina, aerossol, fuligem, entre outros, com diâmetro aerodinâmico
equivalente de corte de 50 micrômetros.

Tabela 10-3. Padrões de qualidade do ar estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 491/2018


Período de PI - 1 PI-2 PI-3 PF
POLUENTE
Referência (µg/m3) (µg/m3) (µg/m3) (µg/m3) ppm
Partículas Totais em 24 horas - - - 240 -
Suspensão Anual 4 - - - 80 -
24 horas 120 100 75 50 -
Partículas Inaláveis - MP10 1
Anual 40 35 30 20 -
24 horas 60 50 37 25 -
Partículas Inaláveis - MP2,5 1
Anual 20 17 15 10 -
24 horas 125 50 30 20 -
Dióxido de Enxofre 1
Anual 40 30 20 - -
1 hora 2 260 240 220 200 -
Dióxido de Nitrogênio 1
Anual 60 50 45 40 -
Monóxido de Carbono 8 horas 3 - - - - 9
Ozônio 8 horas3 140 130 120 100 -
1
Média Aritmética Anual / 2 Média Horária / 3 Máxima média móvel obtida 4
no dia / Média
Geométrica Anual
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Já os gases são definidos como:


▪ Monóxido de Carbono – CO: um gás incolor e inodoro que é formado na combustão
incompleta de combustíveis fósseis devido normalmente a condições de carência de Oxigénio.
É um poluente emitido para a atmosfera durante a queima de combustível, sendo o automóvel
a fonte mais expressiva;
▪ Ozônio – O3: é um poluente formado na atmosfera em resultado de atividade fotoquímica,
sendo, portanto, classificado como poluente secundário;
▪ Dióxido de Nitrogênio – NO2: proveniente dos processos de combustão no motor de carros
ou em fornos industriais onde a temperatura é muito elevada. O NO oxidado na atmosfera
pelo O2 forma o dióxido de nitrogênio (NO2) e também pode reagir formando ozônio;
▪ Dióxido de Enxofre – SO2: ou anidrido sulfuroso, é um gás proveniente, principalmente, da
atividade humana, como da queima de combustíveis fósseis e das atividades industriais,
podendo também ter origem nas atividades vulcânicas.

O critério de validação dos dados de qualidade do ar da rede de monitoramento por parâmetros


consiste na invalidação de valores de concentração segundo as seguintes condições naTabela 10-4 .

Tabela 10-4. Critério de validação dos dados da rede automática


AVALIAÇÃO POR POLUENTE - PARÂMETROS
A concentração de PTS deverá ser maior que a concentração MP10. O analista
deverá plotar os dois parâmetros para observação. Caso a concentração [MP10]
PTS e MP10 > [PTS] os parâmetros deverão ser avaliados separadamente. Ambos os
parâmetros poderão ser invalidados caso não seja possível verificar qual dos dois
apresentam problemas.
A concentração de MP10 deverá ser maior que a concentração MP2,5. O analista
deverá plotar os dois parâmetros para observação. Caso a concentração [MP2,5]
MP10 e MP2,5 > [MP10] os parâmetros deverão ser avaliados separadamente. Ambos os
parâmetros poderão ser invalidados caso não seja possível verificar qual dos dois
apresentam problemas.
Os dados serão considerados válidos quando atenderem a relação: [NO2] = [NOx]
NOx, NO2 e
- [NO]
NO
Caso a relação não seja atendida as três variáveis deverão ser invalidadas.
Os dados serão considerados válidos quando atenderem a relação: [HCNM] =
HCNM, HCT,
[HCT] - [CH4]
CH4
Caso a relação não seja atendida as três variáveis deverão ser invalidadas.

10.1.2.2 Metodologia
A análise da qualidade do ar, objeto deste Relatório, foi realizada com base na Resolução CONAMA
n° 491/ 2018. Foram realizadas análises de curto período das concentrações de PTS, PM10, PM4,
PM1,0, PM4, CO, TVOC, NO2 e SO2. Ressalta-se que a Agência Estadual de Meio Ambiente do Estado
do Pernambuco (CPRH) adota os padrões estabelecidos pela Resolução Conama nº 491/2018 como
valores de referência (CPRH, 2022).

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10.1.1.1.1. Estação AQMesh

O monitoramento foi realizado com duas estações de monitoramento de poluentes atmosféricos


AQMesh (2450996 e 1629150, POD Serial Number). O certificado de calibração é apresentado no
Apêndice III. O acesso do usuário é através de um portal online, onde as leituras são visualizadas e
comparadas (https://www.aqmeshdata.net/). Essas estações são de alta sensibilidade e medem NO,
NOx, O3, CO, TVOC, SO2, temperatura, umidade e pressão atmosférica. A calibração dos sensores
é realizada equiparando com equipamentos de referência padrão da indústria (AQMesh, 2017).

A Figura 10-9 apresenta a estação e também permite a visualização dos sensores de captação de
poluentes atmosféricos.

Figura 10-9. Estação AQMesh

10.1.1.1.2. Locais de instalação das Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar na BR 423

Os locais escolhidos na BR 423, para a instalação das estações de monitoramento, foram:


Cachoeirinha, Lajedo e Jupi. As coordenadas geográficas desses locais estão indicadas na Tabela
10-5 e o período de avaliação em campo foi de 10 a 13 de novembro de 2022. A Figura 4 mostra os
locais de instalação das estações.

Tabela 10-5. Coordenadas geográficas dos locais de monitoramento


Local Coordenadas Geográficas
(Lat./Long.)
Jupí (BR 423/PE – km 39,26) -8,71302 -36,42034
Lajedo (BR 423/PE – km 59,24) -8,64864 -36,31670
Cachoeirinha: BR 423/PE – km 39,26 -8,49143 -36,23428

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Figura 10-10. Locais de instalações das estações de monitoramento da qualidade do ar

10.1.1.1.3. Dados climáticos (temperatura, umidade e velocidade e direção do vento)

Os dados climáticos, temperatura umidade relativa do ar e velocidade e direção do vento foram


obtidos junto a estação meteorológica do I do INMET (https://mapas.inmet.gov.br) A 322, localizada
no município de Garanhuns, PE, (coordenadas geográficas: -8,91, -36,49). Para as estatísticas foram
considerados os dados do período de 01/01/2018 a 21/11/2022. Para a elaboração da Rosa dos Ventos
foi utilizado o software WRPLOT View - Lakes Environmental Software.

10.1.1.1.4. Resultados
Com o objetivo de caracterizar a qualidade do ar nos locais de instalações das estações de
monitoramento AQMesh, foram avaliados os resultados de concentração dos poluentes monitorados
e as características meteorológicas das regiões nesse período.

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As avaliações sobre as concentrações de poluentes atmosféricos são apresentadas separadamente,


para cada local definido, incluindo as características climatológicas e condições meteorológicas
obtidas para o ano de 2022.

10.1.2.2.1.1 Temperatura do Ar

As temperaturas médias máximas, instantâneas e mínimas, apuradas no período de 01/01/2018 a


21/11/2022, na estação meteorológica A322 (Garanhuns/PE) estão apresentadas na Figura 10-11. Já
a Figura 10-12 apresenta o resultado da temperatura ao longo dos dias de campanha, aferidas pela
estação 2450996 (AQMesh).

30,0

25,0

20,0
T(C)

15,0

10,0

5,0

0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Mês
Temp, Ins, (C) Temp, Max, (C) Temp, Min, (C)

Figura 10-11. Temperatura média (máxima, instantânea e mínima) ao longo do ano, estação A322

40,0
35,0
30,0
Temperatura C

25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
10/11 18:00 11/11 03:36 11/11 13:12 11/11 22:48 12/11 08:24 12/11 18:00 13/11 03:36 13/11 13:12
Figura 10-12. Temperatura avaliada in situ ao longo do período da campanha.

10.1.2.2.1.2 Umidade Relativa

Na Figura 10-13 estão apresentadas a umidade relativa do ar (média máxima, instantânea e mínima)
apuradas no período de 01/01/2018 a 21/11/2022, na estação meteorológica A322 (Garanhuns/PE).
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A Figura 10-14 apresenta o resultado da umidade relativa ao longo dos dias de campanha, aferida
pela estação 2450996 (AQMesh).

100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
%

40,0
30,0
20,0 Umi, Ins, (%) Umi, Max, (%) Umi, Min, (%)
10,0
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Mês
Figura 10-13. Umidade relativa média (máxima, instantânea e mínima) ao longo do ano, estação A322

100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
UR%

50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
10/11 18:00 11/11 03:36 11/11 13:12 11/11 22:48 12/11 08:24 12/11 18:00 13/11 03:36 13/11 13:12

Figura 10-14. Umidade relativa avaliada in situ ao longo do período da campanha

10.1.2.2.1.3 Direção e velocidade do vento


O parâmetro vento (direção e velocidade) está expresso por meio da rosa dos da estação A322
(Garanhuns/PE), de forma a caracterizar a circulação atmosférica local média no período de 2018 a
2022.A Figura 10-15 apresenta a rosa dos ventos.

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Figura 10-15. Rosa dos Ventos para a área de avaliação

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10.1.2.2.1.4 Qualidade do Ar

No período da avaliação in situ, 10 a 13 de novembro de 2022, a temperatura na região de Caruaru -


Garanhuns variou de 21,7℃ a 34,7℃. A umidade relativa do ar variou de 46,5% a 86,1%. O tempo
permaneceu nublado em várias horas do dia com chuvas esparsas ao longo do período.

10.1.2.2.1.5 Resultados de Cachoeirinha


Em Cachoeirinha o monitoramento do ar foi realizado com a estação de monitoramento AQMesh –
2450996 que foi posicionada num local com coordenadas geográficas -8,49143/-3623428
(Lat./Long.). As Figuras Figura 10-16 e Figura 10-17 apresentam o registo fotográfico na estação de
monitoramento instalada no local.

Figura 10-16. Registro Fotográfico - Cachoeirinha Figura 10-17. Registro Fotográfico - Cachoeirinha

A Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar 2450996 (AQMesh), ficou posicionada na cidade


de Cachoeirinha, as margens da BR 423 onde o solo encontra-se descoberto, arenoso, o que propicia
formação de poeira e maior quantidade de materiais particulados, principalmente quando ocorrem a
movimentação de veículos. A Figura 10-18 apresenta os resultados dos materiais particulados
aferidos pela estação e a Figura 10-19 os resultados para as concentrações de gases analisados.

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70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
10/16:48 11/04:48 11/16:48 12/04:48 12/16:48 13/04:48 13/16:48

PM1 µg/m³ PM2.5 µg/m³ PM4 µg/m³ PM10 µg/m³ PTS µg/m³

Figura 10-18. Materiais particulados - Estação de monitoramento em Cachoeirinha

300,00

250,00

200,00

150,00

100,00

50,00

0,00
10/16:48 11/04:48 11/16:48 12/04:48 12/16:48 13/04:48 13/16:48
-50,00

CO µg/m³ TVOC (EO) µg/m³ NO µg/m³ NO2 µg/m³ NOx µg/m³ SO2 µg/m³

Figura 10-19. Concentração dos gases avaliados em Cachoeirinha

A Tabela 10-6 apresenta os resultados das concentrações dos particulados na localidade de


Cachoeirinha.
Tabela 10-6. Resultados das concentrações dos particulados avaliadas em Cachoeirinha
PM1 PM2.5 PM4 PM10 PTS
Dia/hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
10/18:00 3,73 5,33 5,99 6,16 6,16
10/18:15 4,55 5,97 6,17 5,94 5,94
10/18:30 5,91 8,75 10,34 19,40 36,68
10/18:45 10,68 13,45 14,13 18,01 18,03
10/19:00 9,14 11,34 11,56 15,41 15,81

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PM1 PM2.5 PM4 PM10 PTS


Dia/hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
10/19:15 8,38 10,45 10,83 13,06 13,06
10/19:30 12,39 15,09 15,29 16,52 16,55
10/19:45 14,83 17,37 16,96 18,52 18,52
10/20:00 9,28 10,81 10,73 13,59 13,62
10/20:15 8,52 9,85 9,89 12,92 12,95
10/20:30 8,28 9,56 9,45 9,88 9,88
10/20:45 9,24 10,30 9,90 10,75 10,75
10/21:00 9,84 10,43 9,83 11,82 11,85
10/21:15 8,80 9,26 8,47 10,30 10,30
10/21:30 11,77 12,87 11,88 13,00 13,00
10/21:45 12,39 15,09 15,29 16,52 16,55
10/22:00 14,83 17,37 16,96 18,52 18,52
10/22:15 12,81 13,92 13,38 13,53 13,53
10/22:30 8,69 9,54 9,29 9,86 9,86
10/22:45 10,66 12,02 11,77 13,28 13,28
10/23:00 6,54 7,42 7,43 7,89 7,89
10/23:15 7,00 7,79 7,78 8,22 8,22
10/23:30 7,54 8,62 8,81 10,67 10,67
10/23:45 4,51 4,90 4,82 5,63 5,63
11/00:00 6,04 6,63 6,47 7,19 7,19
11/00:15 7,55 8,74 8,94 10,46 10,46
11/00:30 5,18 5,73 5,74 7,65 7,65
11/00:45 7,05 7,86 7,64 7,55 7,55
11/01:00 1,27 1,61 2,04 4,13 4,13
11/01:15 2,77 3,41 3,60 6,09 6,09
11/01:30 2,72 3,03 3,20 3,68 3,68
11/01:45 2,27 2,47 2,81 4,65 4,65
11/02:00 2,16 2,30 2,40 4,87 4,87
11/02:15 1,84 1,99 2,42 9,85 11,66
11/02:30 1,89 1,89 2,13 4,92 4,92
11/02:45 2,02 2,21 2,76 7,23 16,54
11/03:00 1,89 1,87 1,90 4,10 4,10
11/03:15 1,91 1,85 2,00 3,55 3,55
11/03:30 2,08 2,47 2,95 5,89 5,89
11/03:45 2,90 3,08 3,12 5,49 5,49
11/04:00 2,23 2,62 2,98 8,48 8,88
11/04:15 2,65 3,16 3,82 11,08 12,89
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11/04:45 2,55 2,59 2,50 3,94 3,94
11/05:00 2,82 3,10 3,12 6,95 6,98
11/05:15 4,52 5,15 5,08 7,95 8,35
11/05:30 2,74 3,05 3,19 7,83 7,86
11/05:45 2,82 3,10 3,12 6,95 6,98
11/06:00 4,52 5,15 5,08 7,95 8,35
11/06:15 2,74 3,05 3,19 7,83 7,86
11/06:30 4,91 7,81 9,83 17,12 17,15
11/06:45 2,23 2,62 2,98 8,48 8,88
11/07:00 1,27 1,61 2,04 4,13 4,13
11/07:15 2,77 3,41 3,60 6,09 6,09
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.
Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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Dia/hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
11/07:30 2,72 3,03 3,20 3,68 3,68
11/07:45 2,27 2,47 2,81 4,65 4,65
11/08:00 2,16 2,30 2,40 4,87 4,87
11/08:15 1,84 1,99 2,42 9,85 11,66
11/08:30 1,89 1,89 2,13 4,92 4,92
11/08:45 2,02 2,21 2,76 7,23 16,54
11/09:00 1,89 1,87 1,90 4,10 4,10
11/09:15 1,91 1,85 2,00 3,55 3,55
11/09:30 2,08 2,47 2,95 5,89 5,89
11/09:45 2,90 3,08 3,12 5,49 5,49
11/10:00 2,23 2,62 2,98 8,48 8,88
11/10:15 2,65 3,16 3,82 11,08 12,89
11/10:30 3,09 3,18 3,20 4,52 4,52
11/10:45 2,55 2,59 2,50 3,94 3,94
11/11:00 2,82 3,10 3,12 6,95 6,98
11/11:15 4,52 5,15 5,08 7,95 8,35
11/11:30 2,74 3,05 3,19 7,83 7,86
11/11:45 2,82 3,10 3,12 6,95 6,98
11/12:00 4,52 5,15 5,08 7,95 8,35
11/12:15 2,74 3,05 3,19 7,83 7,86
11/12:30 4,91 7,81 9,83 17,12 17,15
11/12:45 5,03 6,37 6,93 8,24 8,24
11/13:00 4,95 6,01 6,02 5,91 5,91
11/13:15 5,34 6,63 6,59 6,19 6,19
11/13:30 5,55 6,88 6,92 6,31 6,31
11/13:45 5,63 6,91 7,17 8,54 8,54
11/14:00 4,86 7,23 9,11 20,65 45,73
11/14:15 5,03 6,35 7,04 12,73 12,76
11/14:30 6,94 8,93 9,87 18,50 24,94
11/14:45 4,75 5,90 6,15 9,84 13,17
11/15:00 4,73 5,85 6,14 7,91 17,19
11/15:15 4,97 5,71 5,66 8,05 8,05
11/15:30 4,49 5,24 5,20 7,04 7,04
11/15:45 4,31 4,70 4,74 7,54 7,94
11/16:00 3,31 3,58 3,38 3,56 3,56
11/16:15 3,64 3,87 3,93 4,81 4,81
11/16:30 5,71 6,26 5,82 8,50 8,90
11/16:45 6,04 6,72 6,39 8,39 8,39
11/17:00 3,20 3,43 3,40 7,06 7,09
11/17:15 3,28 3,39 3,34 7,30 7,32
11/17:30 7,60 7,83 7,05 6,72 6,72
11/17:45 2,21 2,26 2,43 5,16 5,16
11/18:00 3,70 3,72 3,90 8,39 8,82
11/18:15 3,37 3,52 3,50 5,53 5,53
11/18:30 2,70 2,88 3,05 5,84 5,87
11/18:45 2,22 2,28 2,29 5,12 5,12
11/19:00 5,67 5,91 5,63 8,06 8,06
11/19:15 3,93 4,07 4,05 4,90 4,90
11/19:30 3,56 3,69 3,80 6,59 6,59
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.
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Dia/hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
11/19:45 4,66 5,06 5,15 9,38 9,41
11/20:00 2,82 3,16 3,55 6,68 6,68
11/20:15 2,29 2,78 3,33 5,30 5,30
11/20:30 2,35 2,68 2,87 3,84 3,84
11/20:45 1,87 2,15 2,71 5,54 5,57
11/21:00 3,60 3,94 3,99 6,18 6,18
11/21:15 6,33 6,96 6,83 7,72 7,72
11/21:30 4,69 4,95 4,98 6,27 6,27
11/21:45 2,85 2,98 3,12 5,11 5,11
11/22:00 4,80 5,04 4,86 5,61 5,61
11/22:15 5,81 6,45 6,26 7,28 7,28
11/22:30 2,95 3,33 3,68 7,56 7,59
11/22:45 3,25 3,85 4,53 9,17 9,20
11/23:00 3,95 4,23 4,37 5,78 5,78
11/23:15 4,80 4,86 4,78 6,42 6,42
11/23:30 5,54 5,69 5,62 7,90 7,93
11/23:45 6,57 6,56 6,15 7,15 7,15
12/00:00 8,33 8,20 7,52 8,93 8,93
12/00:15 10,55 10,64 9,83 11,12 11,12
12/00:30 11,94 12,39 11,45 12,74 12,74
12/00:45 10,99 11,67 11,25 12,24 12,24
12/01:00 10,96 11,48 10,80 12,23 12,23
12/01:15 7,65 8,21 7,78 8,16 8,16
12/01:30 5,59 5,47 4,91 4,86 4,86
12/01:45 4,08 3,98 3,78 4,56 4,56
12/02:00 4,15 4,06 3,79 4,21 4,21
12/02:15 4,47 4,16 3,73 4,01 4,01
12/02:30 4,67 4,62 4,28 4,57 4,57
12/02:45 5,50 5,49 5,27 5,35 5,35
12/03:00 7,48 7,58 7,16 7,99 7,99
12/03:15 6,92 7,05 6,41 6,76 6,76
12/03:30 4,62 4,71 4,59 5,62 5,62
12/03:45 4,98 5,17 5,07 6,30 6,30
12/04:00 5,82 6,12 5,72 5,74 5,74
12/04:15 6,53 6,88 6,85 6,93 6,93
12/04:30 6,97 7,15 6,69 7,61 7,61
12/04:45 5,76 6,02 5,67 6,18 6,18
12/05:00 3,94 4,03 3,81 4,16 4,16
12/05:15 4,52 4,70 4,58 6,31 6,31
12/05:30 4,15 4,45 4,27 4,95 4,95
12/05:45 4,05 4,41 4,24 5,34 5,34
12/06:00 3,62 3,90 4,00 5,45 5,45
12/06:15 3,60 3,83 3,88 5,11 5,11
12/06:30 2,04 1,96 1,76 2,25 2,25
12/06:45 0,99 0,73 0,55 0,95 0,95
12/07:00 1,07 0,85 0,81 1,75 1,75
12/07:15 1,25 1,25 1,45 3,27 3,27
12/07:30 0,89 0,76 0,99 2,65 2,65
12/07:45 0,92 0,75 0,96 2,33 2,33
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.
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Dia/hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
12/08:00 1,13 1,21 1,54 6,41 6,81
12/08:15 1,04 1,00 1,31 3,03 3,03
12/08:30 1,35 1,29 1,39 2,58 2,58
12/08:45 1,28 1,10 1,16 3,52 3,52
12/09:00 1,45 1,39 1,54 4,15 4,15
12/09:15 1,33 1,14 1,17 1,95 1,95
12/09:30 1,51 1,27 1,27 1,89 1,89
12/09:45 1,73 1,57 1,69 2,73 2,73
12/10:00 2,18 2,31 2,35 5,97 6,00
12/10:15 2,47 2,53 2,52 5,29 5,32
12/10:30 3,01 3,03 2,94 3,55 3,55
12/10:45 1,97 1,85 1,94 3,10 3,10
12/11:00 1,49 1,46 1,47 4,54 4,54
12/11:15 1,52 1,33 1,19 1,49 1,49
12/11:30 1,59 1,65 1,72 2,25 2,25
12/11:45 1,94 1,97 2,00 2,55 2,55
12/12:00 3,93 4,07 4,05 4,90 4,90
12/12:15 3,56 3,69 3,80 6,59 6,59
12/12:30 4,66 5,06 5,15 9,38 9,41
12/12:45 2,82 3,16 3,55 6,68 6,68
12/13:00 2,29 2,78 3,33 5,30 5,30
12/13:15 2,35 2,68 2,87 3,84 3,84
12/13:30 2,85 2,98 3,12 5,11 5,11
12/13:45 4,80 5,04 4,86 5,61 5,61
12/14:00 5,81 6,45 6,26 7,28 7,28
12/14:15 2,95 3,33 3,68 7,56 7,59
12/14:30 3,25 3,85 4,53 9,17 9,20
12/14:45 3,95 4,23 4,37 5,78 5,78
12/15:00 4,80 4,86 4,78 6,42 6,42
12/15:15 5,54 5,69 5,62 7,90 7,93
12/15:30 6,57 6,56 6,15 7,15 7,15
12/15:45 8,33 8,20 7,52 8,93 8,93
12/16:00 10,55 10,64 9,83 11,12 11,12
12/16:15 11,94 12,39 11,45 12,74 12,74
12/16:30 10,99 11,67 11,25 12,24 12,24
12/16:45 2,85 2,98 3,12 5,11 5,11
12/17:00 4,80 5,04 4,86 5,61 5,61
12/17:15 5,81 6,45 6,26 7,28 7,28
12/17:30 2,95 3,33 3,68 7,56 7,59
12/17:45 3,25 3,85 4,53 9,17 9,20
12/18:00 3,95 4,23 4,37 5,78 5,78
12/18:15 4,80 4,86 4,78 6,42 6,42
12/18:30 5,54 5,69 5,62 7,90 7,93
12/18:45 6,57 6,56 6,15 7,15 7,15
12/19:00 8,33 8,20 7,52 8,93 8,93
12/19:15 10,55 10,64 9,83 11,12 11,12
12/19:30 11,94 12,39 11,45 12,74 12,74
12/19:45 10,99 11,67 11,25 12,24 12,24
12/20:00 6,35 8,57 9,76 11,78 11,78
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Dia/hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
12/20:15 4,04 4,90 5,41 6,60 6,60
12/20:30 3,01 3,90 4,67 6,02 6,02
12/20:45 2,46 3,31 4,01 4,90 4,90
12/21:00 2,31 2,97 3,63 4,86 4,86
12/21:15 1,78 2,21 2,65 4,09 4,09
12/21:30 1,73 2,14 2,55 2,82 2,82
12/21:45 1,61 2,09 2,58 3,92 3,92
12/22:00 1,33 1,91 2,35 3,67 3,67
12/22:15 1,45 2,21 3,02 5,06 5,06
12/22:30 1,56 2,34 3,27 5,52 5,52
12/22:45 1,73 2,33 3,03 5,07 5,07
12/23:00 1,55 2,18 2,78 4,19 4,19
12/23:15 1,72 2,44 3,31 4,94 4,94
12/23:30 1,50 2,32 3,03 5,06 5,06
12/23:45 1,60 2,39 3,21 6,15 6,15
13/00:00 1,55 2,27 3,27 4,76 4,76
13/00:15 1,69 2,45 3,30 5,88 5,88
13/00:30 1,38 1,84 2,53 3,99 3,99
13/00:45 1,32 1,52 1,71 3,08 3,08
13/01:00 1,02 1,14 1,45 2,21 2,21
13/01:15 0,86 0,91 1,21 1,59 1,59
13/01:30 0,71 0,77 0,81 1,50 1,50
13/01:45 1,02 1,05 1,21 1,50 1,50
13/02:00 0,87 0,93 1,02 1,66 1,66
13/02:15 1,02 1,20 1,50 2,16 2,16
13/02:30 1,26 1,77 2,43 3,35 3,35
13/02:45 1,00 1,47 1,94 3,52 3,52
13/03:00 0,65 1,13 1,75 3,20 3,20
13/03:15 0,96 1,44 2,06 3,92 3,92
13/03:30 0,92 1,40 2,13 3,81 3,81
13/03:45 1,13 1,63 2,32 3,33 3,33
13/04:00 0,71 0,99 1,44 2,88 2,88
13/04:15 0,76 0,95 1,46 3,20 3,20
13/04:30 0,78 1,10 1,55 2,59 2,59
13/04:45 0,87 1,24 1,86 3,21 3,21
13/05:00 0,55 0,77 0,98 2,71 2,71
13/05:15 0,52 0,49 0,72 1,46 1,46
13/05:30 0,45 0,48 0,88 2,27 2,27
13/05:45 0,73 0,81 1,25 1,97 1,97
13/06:00 0,85 1,02 1,50 2,75 2,75
13/06:15 0,76 0,88 1,28 2,74 2,74
13/06:30 1,01 1,25 1,65 2,88 2,88
13/06:45 5,33 5,58 5,98 14,02 23,73
13/07:00 1,02 1,35 1,92 6,18 6,21
13/07:15 1,49 1,68 2,03 3,25 3,25
13/07:30 1,92 2,34 2,70 4,12 4,12
13/07:45 1,94 2,38 2,85 5,84 5,84
13/08:00 1,82 2,09 2,43 3,14 3,14
13/08:15 1,73 1,86 2,27 3,78 3,78
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PM1 PM2.5 PM4 PM10 PTS


Dia/hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
13/08:30 1,62 1,88 2,24 5,00 5,00
13/08:45 1,89 2,02 2,23 3,67 3,67
13/09:00 2,56 2,96 3,28 6,56 18,77
13/09:15 2,33 2,72 3,10 9,44 19,16
13/09:30 2,14 2,72 3,46 13,41 27,42
13/09:45 2,09 2,20 2,38 6,82 7,22
13/10:00 2,72 3,50 4,41 13,74 27,75
13/10:15 2,58 3,34 4,30 15,68 51,16
13/10:30 3,50 5,10 6,40 15,24 26,33
13/10:45 4,79 7,98 10,50 21,88 37,60
13/11:00 4,78 6,46 7,33 13,55 13,98
13/11:15 5,19 6,76 7,28 10,92 10,95
13/11:30 5,64 7,51 7,23 13,55 13,98
13/11:45 6,08 8,70 10,71 12,99 13,50
13/12:00 5,78 7,37 7,96 11,05 17,49
13/12:15 6,45 8,87 10,00 18,18 14,98
13/12:30 6,65 9,84 11,83 20,80 21,61
13/12:45 6,77 9,26 10,23 15,60 25,31
13/13:00 7,23 9,64 10,46 17,86 31,88
13/13:15 6,83 8,96 9,53 14,56 14,99
13/13:30 6,56 9,12 10,13 14,91 16,32
13/13:45 6,45 9,13 10,27 19,49 66,19
13/14:00 6,37 8,89 9,93 12,96 12,99
13/14:15 6,26 9,22 10,62 14,31 14,34
13/14:30 6,28 9,22 10,69 19,55 33,57
13/14:45 6,22 8,66 9,32 12,36 12,39
13/15:00 6,55 9,04 9,90 14,60 24,31
13/15:15 6,23 8,51 8,91 13,98 23,69
13/15:30 6,15 8,00 8,56 9,13 9,13
4,19 4,80 5,00 7,45 8,62

De acordo com a Tabela 10-3, “A concentração de PTS deverá ser maior que a concentração MP10.
O analista deverá plotar os dois parâmetros para observação. Caso a concentração [MP10] > [PTS]
os parâmetros deverão ser avaliados separadamente. Ambos os parâmetros poderão ser invalidados
caso não seja possível verificar qual dos dois apresentam problemas”. Na análise da Tabela 5 fica
evidenciado que a concentração de PTS é maior que a concentração PM10 em todo o período.

Ainda de acordo com a Tabela 10-3


, a concentração de MP10 deverá ser maior que a concentração MP2,5. Caso a concentração [MP2,5]
> [MP10] os parâmetros deverão ser avaliados separadamente. Ambos os parâmetros poderão ser
invalidados caso não seja possível verificar qual dos dois apresentam problemas. Na análise dos
dados, pode ser constatado que a concentração PM10 é maior que a PM2,5 em todo o período de
avaliação.

Além dos materiais particulados, também foram aferidos os seguintes gases CO, TVOC, NO, NO2,
NOx e SO2. A Tabela 6 apresenta os dados referentes ao monitoramento realizado em Cachoeirinha.
Cabe destacar, que os valores para TVOC estão zerados indicando a concentração de compostos
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orgânicos voláteis desprezível na região analisada. Conforme indica a Tabela 10-7, foi realizada a
avaliação no banco de dados e verificada a comparação dos gases de acordo com a equação, 𝑁𝑂2 =
𝑁𝑂𝑥 − 𝑁𝑂.

Após as análises comparativas, pode-se considerar validado os dados aferidos pela estação de
monitoramento da qualidade do ar em Cachoeirinha.

Tabela 10-7. Resultados das concentrações dos gases avaliadas Cachoeirinha


CO TVOC (EO) NO NO2 NOx SO2
Data e hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
10/18:00 196,67 0 11,53 34,00 45,53 3,07
10/18:15 188,12 0 10,53 32,94 43,47 1,95
10/18:30 163,62 0 9,74 31,38 41,12 1,23
10/18:45 167,78 0 16,92 46,61 63,53 1,95
10/19:00 195,49 0 33,61 73,06 106,67 2,91
10/19:15 160,20 0 13,63 39,24 52,87 1,23
10/19:30 120,19 0 15,14 32,65 47,79 1,90
10/19:45 133,55 0 26,96 37,98 64,94 10,20
10/20:00 129,93 0 16,15 30,76 46,91 7,16
10/20:15 123,84 0 13,66 32,08 45,74 5,26
10/20:30 111,06 0 10,38 29,94 40,32 4,03
10/20:45 96,37 0 10,94 29,74 40,68 3,92
10/21:00 100,05 0 10,20 29,85 40,05 3,12
10/21:15 114,26 0 6,44 27,27 33,71 3,07
10/21:30 106,62 0 5,40 28,08 33,48 2,70
10/21:45 98,18 0 8,18 30,23 38,41 3,02
10/22:00 98,18 0 5,04 27,51 32,55 3,23
10/22:15 110,77 0 9,78 31,42 41,20 3,71
10/22:30 139,62 0 6,16 30,76 36,92 4,03
10/22:45 164,10 0 4,72 28,95 33,67 3,58
10/23:00 141,52 0 6,24 25,08 31,32 2,06
10/23:15 122,43 0 4,39 28,94 33,33 2,35
10/23:30 123,36 0 3,61 28,84 32,45 2,43
10/23:45 120,40 0 6,66 36,37 43,03 2,72
11/00:00 134,42 0 19,84 62,23 82,07 3,50
11/00:15 136,21 0 14,95 59,46 74,41 3,79
11/00:30 120,28 0 1,15 37,74 38,89 3,15
11/00:45 135,56 0 17,96 56,97 74,93 3,39
11/01:00 142,72 0 35,27 78,09 113,36 4,30
11/01:15 162,37 0 6,19 45,55 51,74 4,14
11/01:30 167,56 0 -0,75 31,77 31,02 3,55
11/01:45 207,17 0 0,50 33,96 34,46 3,44
11/02:00 205,24 0 -1,16 35,12 33,96 3,71
11/02:15 207,43 0 -1,74 33,85 32,11 3,90
11/02:30 205,40 0 -0,68 35,31 34,63 3,47
11/02:45 207,3 0 -3,02 36,01 32,99 4,59
11/03:00 252,98 0 -2,29 36,56 34,27 3,90
11/03:15 220,11 0 -0,96 36,35 35,39 4,35
11/03:30 182,19 0 -2,50 38,03 35,53 4,70
11/03:45 147,98 0 -0,86 37,74 36,88 4,67

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CO TVOC (EO) NO NO2 NOx SO2


Data e hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
11/04:00 114,61 0 -0,91 34,83 33,92 4,03
11/04:15 124,81 0 -3,50 32,72 29,22 4,33
11/04:30 151,02 0 -2,09 35,29 33,20 5,26
11/04:45 155,47 0 0,04 35,91 35,95 5,47
11/05:00 165,80 0 -0,60 33,51 32,91 5,23
11/05:15 148,99 0 -1,98 32,35 30,37 4,86
11/05:30 229,95 0 -1,69 31,73 30,04 4,78
11/05:45 222,89 0 -1,46 34,24 32,78 5,71
11/06:00 221,55 0 0,39 33,99 34,38 4,86
11/06:15 210,07 0 -0,63 30,25 29,62 4,65
11/06:30 198,85 0 0,06 33,50 33,56 4,91
11/06:45 208,06 0 0,80 32,47 33,27 4,51
11/07:00 218,96 0 0,46 30,46 30,92 4,65
11/07:15 220,79 0 1,46 32,39 33,85 5,05
11/07:30 222,85 0 -0,33 30,41 30,08 5,18
11/07:45 228,38 0 0,26 29,77 30,03 4,83
11/08:00 229,22 0 -1,56 28,51 26,95 4,33
11/08:15 227,89 0 -1,33 30,06 28,73 5,23
11/08:30 220,93 0 0,81 30,40 31,21 4,97
11/08:45 210,54 0 0,71 29,72 30,43 4,89
11/09:00 205,09 0 -0,78 27,37 26,59 4,19
11/09:15 202,13 0 0,60 28,95 29,55 4,30
11/09:30 186,66 0 -0,84 28,48 27,64 4,22
11/09:45 182,31 0 0,89 29,21 30,10 4,67
11/10:00 182,28 0 0,90 28,80 29,70 4,78
11/10:15 177,46 0 -0,35 25,18 24,83 3,68
11/10:30 167,40 0 0,29 25,27 25,56 3,71
11/10:45 153,78 0 0,21 26,66 26,87 4,46
11/11:00 154,78 0 0,68 26,37 27,05 3,92
11/11:15 144,11 0 1,24 27,45 28,69 3,74
11/11:30 175,56 0 1,42 24,80 26,22 2,72
11/11:45 138,43 0 -1,04 24,76 23,72 2,48
11/12:00 118,25 0 0,60 23,20 23,80 1,09
11/12:15 99,95 0 -0,99 23,59 22,60 0,91
11/12:30 117,25 0 12,70 50,92 63,62 2,03
11/12:45 125,17 0 1,93 40,43 42,36 1,52
11/13:00 155,01 0 -2,74 31,50 28,76 0,91
11/13:15 199,65 0 -1,00 38,21 37,21 1,87
11/13:30 238,66 0 -3,93 35,52 31,59 2,14
11/13:45 238,27 0 -4,05 30,73 26,68 1,04
11/14:00 162,78 0 -3,67 28,79 25,12 0,05
11/14:15 117,49 0 -4,03 31,13 27,10 0,64
11/14:30 112,42 0 -3,85 32,18 28,33 0,67
11/14:45 95,98 0 -3,90 29,63 25,73 0,00
11/15:00 79,33 0 0,33 31,80 32,13 0,00
11/15:15 74,74 0 0,46 32,35 32,81 0,00
11/15:30 79,52 0 1,39 31,90 33,29 0,00
11/15:45 69,00 0 1,75 31,96 33,71 0,00
11/16:00 78,49 0 3,25 31,61 34,86 0,00
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CO TVOC (EO) NO NO2 NOx SO2


Data e hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
11/16:15 73,02 0 2,10 27,75 29,85 0,00
11/16:30 83,07 0 1,25 29,90 31,15 0,00
11/16:45 77,06 0 3,20 29,98 33,18 0,00
11/17:00 62,88 0 -0,63 24,10 23,47 0,00
11/17:15 57,56 0 -0,94 24,20 23,26 0,00
11/17:30 54,97 0 1,54 26,80 28,34 0,00
11/17:45 56,23 0 -0,28 23,41 23,13 0,00
11/18:00 59,95 0 -2,58 24,54 21,96 0,00
11/18:15 108,10 0 10,74 56,70 67,44 0,00
11/18:30 105,27 0 2,13 39,51 41,64 0,00
11/18:45 84,79 0 2,26 28,32 30,58 0,00
11/19:00 71,04 0 -0,41 19,95 19,54 0,00
11/19:15 60,51 0 0,16 20,54 20,70 0,00
11/19:30 65,25 0 8,13 26,33 34,46 1,12
11/19:45 73,29 0 5,10 24,91 30,01 1,47
11/20:00 78,18 0 3,02 25,02 28,04 0,77
11/20:15 84,01 0 -0,64 26,06 25,42 1,31
11/20:30 103,49 0 -0,41 26,42 26,01 2,00
11/20:45 121,58 0 -0,68 26,98 26,30 2,54
11/21:00 135,33 0 -2,27 25,06 22,79 2,51
11/21:15 151,38 0 -1,13 28,39 27,26 3,79
11/21:30 159,16 0 -0,59 26,34 25,75 3,63
11/21:45 163,77 0 0,84 27,92 28,76 4,06
11/22:00 170,43 0 -1,27 27,55 26,28 4,75
11/22:15 116,57 0 -0,45 26,14 25,69 4,57
11/22:30 125,57 0 -0,14 27,64 27,50 5,23
11/22:45 138,47 0 -2,25 27,81 25,56 6,43
11/23:00 150,30 0 2,92 26,21 29,13 5,82
11/23:15 162,94 0 2,21 30,32 32,53 6,70
11/23:30 170,65 0 2,36 27,25 29,61 6,89
11/23:45 178,43 0 1,31 29,42 30,73 7,16
12/00:00 183,82 0 0,35 28,61 28,96 7,26
12/00:15 185,34 0 0,29 29,26 29,55 7,26
12/00:30 189,68 0 4,70 32,26 36,96 7,93
12/00:45 195,13 0 4,10 35,46 39,56 8,52
12/01:00 192,75 0 2,48 32,74 35,22 8,28
12/01:15 198,21 0 1,69 34,10 35,79 8,38
12/01:30 181,87 0 4,79 35,00 39,79 8,76
12/01:45 187,00 0 4,16 35,95 40,11 9,05
12/02:00 197,64 0 -0,13 33,86 33,73 9,40
12/02:15 201,28 0 -0,38 33,31 32,93 9,24
12/02:30 128,94 0 4,05 37,61 41,66 10,09
12/02:45 140,31 0 2,16 35,45 37,61 10,28
12/03:00 149,13 0 3,30 35,36 38,66 9,77
12/03:15 159,29 0 2,64 36,00 38,64 10,20
12/03:30 170,58 0 3,64 36,11 39,75 9,93
12/03:45 154,16 0 5,50 37,57 43,07 10,33
12/04:00 159,33 0 3,80 35,43 39,23 10,49
12/04:15 166,36 0 2,59 37,23 39,82 10,87
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.
Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

CO TVOC (EO) NO NO2 NOx SO2


Data e hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
12/04:30 160,72 0 4,75 36,89 41,64 10,52
12/04:45 162,73 0 5,95 39,09 45,04 11,19
12/05:00 167,28 0 4,65 36,34 40,99 10,28
12/05:15 174,20 0 7,06 38,40 45,46 10,39
12/05:30 191,55 0 5,88 38,74 44,62 10,84
12/05:45 204,43 0 9,72 39,67 49,39 10,76
12/06:00 207,19 0 8,26 39,09 47,35 11,21
12/06:15 147,98 0 7,34 37,76 45,10 10,89
12/06:30 114,61 0 8,94 39,29 48,23 11,69
12/06:45 124,81 0 6,20 37,21 43,41 11,69
12/07:00 207,19 0 8,89 37,69 46,58 11,75
12/07:15 147,98 0 9,68 37,36 47,04 11,99
12/07:30 114,61 0 10,59 36,47 47,06 11,45
12/07:45 124,81 0 10,69 38,00 48,69 11,64
12/08:00 143,45 0 8,05 38,74 46,79 12,58
12/08:15 164,28 0 10,89 39,29 50,18 11,88
12/08:30 154,61 0 8,49 38,46 46,95 12,34
12/08:45 152,12 0 10,69 37,98 48,67 11,37
12/09:00 131,47 0 9,39 33,36 42,75 9,59
12/09:15 143,45 0 13,06 35,11 48,17 9,08
12/09:30 164,28 0 10,05 30,19 40,24 8,28
12/09:45 154,61 0 11,39 33,19 44,58 8,52
12/10:00 152,12 0 11,13 31,77 42,90 8,41
12/10:15 131,47 0 11,17 30,64 41,81 7,74
12/10:30 172,33 0 11,14 27,44 38,58 6,43
12/10:45 153,37 0 8,86 27,30 36,16 6,92
12/11:00 136,01 0 11,30 29,23 40,53 6,41
12/11:15 114,50 0 10,79 28,40 39,19 5,90
12/11:30 108,88 0 8,88 30,03 38,91 6,35
12/11:45 109,05 0 9,53 30,06 39,59 6,76
12/12:00 111,80 0 8,53 29,00 37,53 5,69
12/12:15 113,53 0 6,29 27,98 34,27 6,03
12/12:30 111,68 0 6,14 29,71 35,85 6,49
12/12:45 108,68 0 7,19 31,03 38,22 6,19
12/13:00 114,40 0 5,60 28,53 34,13 6,09
12/13:15 135,60 0 5,94 26,30 32,24 5,58
12/13:30 153,59 0 3,74 29,07 32,81 6,14
12/13:45 162,96 0 3,20 28,45 31,65 6,92
12/14:00 176,31 0 3,25 28,13 31,38 7,10
12/14:15 202,67 0 3,01 26,92 29,93 6,81
12/14:30 183,81 0 4,61 28,66 33,27 7,21
12/14:45 204,98 0 6,54 31,89 38,43 8,06
12/15:00 215,78 0 2,29 31,06 33,35 8,41
12/15:15 217,20 0 5,10 31,44 36,54 8,30
12/15:30 216,38 0 5,15 34,18 39,33 9,05
12/15:45 217,71 0 6,85 34,98 41,83 9,18
12/16:00 198,53 0 8,69 32,62 41,31 8,25
12/16:15 198,69 0 8,53 34,69 43,22 8,78
12/16:30 202,03 0 9,69 35,00 44,69 8,57
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.
Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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Execução Engenharia e construção
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CO TVOC (EO) NO NO2 NOx SO2


Data e hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
12/16:45 186,35 0 10,58 34,78 45,36 8,57
12/17:00 161,12 0 11,94 31,15 43,09 7,13
12/17:15 145,80 0 12,52 31,07 43,59 6,62
12/17:30 132,30 0 14,06 34,00 48,06 7,18
12/17:45 133,64 0 14,00 30,56 44,56 6,78
12/18:00 130,37 0 11,90 31,74 43,64 7,24
12/18:15 124,47 0 12,01 30,33 42,34 6,62
12/18:30 127,60 0 11,21 29,45 40,66 7,08
12/18:45 130,38 0 10,11 28,87 38,98 6,57
12/19:00 131,66 0 11,00 29,89 40,89 6,81
12/19:15 131,90 0 11,43 29,92 41,35 7,32
12/19:30 158,94 0 11,34 31,48 42,82 8,28
12/19:45 167,54 0 12,29 32,16 44,45 7,93
12/20:00 176,37 0 9,63 30,19 39,82 8,60
12/20:15 176,33 0 11,05 30,65 41,70 7,93
12/20:30 172,37 0 9,64 31,50 41,14 8,92
12/20:45 181,58 0 9,90 30,82 40,72 8,86
12/21:00 193,58 0 11,04 31,92 42,96 9,16
12/21:15 193,69 0 11,91 30,72 42,63 8,70
12/21:30 177,66 0 14,29 33,21 47,50 8,97
12/21:45 176,84 0 10,18 32,64 42,82 9,53
12/22:00 189,06 0 11,11 31,83 42,94 9,56
12/22:15 193,23 0 9,65 30,67 40,32 9,34
12/22:30 194,52 0 11,56 32,81 44,37 9,72
12/22:45 208,73 0 12,20 30,99 43,19 9,26
12/23:00 214,29 0 9,71 31,76 41,47 9,93
12/23:15 210,60 0 9,04 31,74 40,78 10,25
12/23:30 217,76 0 11,26 34,41 45,67 10,07
12/23:45 224,48 0 9,03 31,71 40,74 9,75
13/00:00 217,58 0 10,15 35,90 46,05 11,08
13/00:15 176,81 0 6,21 35,07 41,28 10,49
13/00:30 186,67 0 7,41 34,78 42,19 10,44
13/00:45 201,89 0 10,69 36,64 47,33 10,57
13/01:00 210,42 0 9,22 36,10 45,32 10,76
13/01:15 209,84 0 6,97 39,00 45,97 11,83
13/01:30 200,35 0 8,38 39,06 47,44 11,03
13/01:45 179,07 0 6,91 35,89 42,80 9,93
13/02:00 173,25 0 7,09 35,75 42,84 9,72
13/02:15 161,67 0 7,34 35,50 42,84 9,45
13/02:30 162,01 0 6,18 34,03 40,21 8,78
13/02:45 171,77 0 8,03 35,86 43,89 9,37
13/03:00 187,45 0 5,69 35,24 40,93 9,85
13/03:15 197,52 0 5,51 34,16 39,67 9,88
13/03:30 198,56 0 6,19 34,38 40,57 9,43
13/03:45 207,63 0 8,97 35,69 44,66 9,83
13/04:00 143,54 0 8,31 36,52 44,83 9,85
13/04:15 149,40 0 8,55 35,04 43,59 9,85
13/04:30 153,83 0 5,71 35,14 40,85 9,96
13/04:45 157,42 0 4,65 34,12 38,77 10,09
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.
Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

CO TVOC (EO) NO NO2 NOx SO2


Data e hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
13/05:00 163,96 0 7,21 33,43 40,64 9,67
13/05:15 168,39 0 6,05 34,58 40,63 10,07
13/05:30 172,29 0 5,02 32,51 37,53 10,12
13/05:45 178,20 0 8,65 33,16 41,81 9,75
13/06:00 178,57 0 5,41 33,08 38,49 10,01
13/06:15 185,54 0 4,16 31,65 35,81 9,69
13/06:30 190,76 0 6,26 33,53 39,79 9,96
13/06:45 189,92 0 5,71 32,28 37,99 9,64
13/07:00 192,55 0 4,28 27,02 31,30 9,56
13/07:15 196,51 0 6,27 29,58 35,85 9,77
13/07:30 202,66 0 6,71 29,48 36,19 10,15
13/07:45 214,81 0 7,64 30,56 38,20 10,49
13/08:00 218,13 0 4,36 27,10 31,46 9,85
13/08:15 207,80 0 5,95 28,05 34,00 10,23
13/08:30 202,23 0 7,76 31,01 38,77 10,15
13/08:45 199,21 0 8,04 30,05 38,09 10,15
13/09:00 192,77 0 5,58 30,00 35,58 10,65
13/09:15 208,52 0 6,23 32,08 38,31 10,65
13/09:30 205,17 0 7,04 32,13 39,17 10,79
13/09:45 212,68 0 5,22 31,41 36,63 11,24
13/10:00 228,37 0 7,26 29,26 36,52 10,52
13/10:15 234,91 0 6,75 31,26 38,01 11,27
13/10:30 236,57 0 7,09 29,35 36,44 10,60
13/10:45 240,43 0 7,56 30,53 38,09 11,24
13/11:00 248,39 0 6,85 29,04 35,89 10,95
13/11:15 248,18 0 9,72 29,82 39,54 10,76
13/11:30 251,81 0 9,69 31,20 40,89 11,43
13/11:45 263,27 0 7,18 29,40 36,58 11,32
13/12:00 270,73 0 8,81 29,43 38,24 11,03
13/12:15 276,81 0 7,89 30,50 38,39 11,53
13/12:30 276,72 0 10,10 32,97 43,07 11,80
13/12:45 276,88 0 10,44 32,27 42,71 11,80
13/13:00 272,51 0 10,59 30,67 41,26 11,13
13/13:15 263,43 0 10,20 31,09 41,29 11,67
13/13:30 258,69 0 10,55 32,52 43,07 11,75
13/13:45 256,99 0 11,76 32,40 44,16 11,59
13/14:00 252,44 0 11,05 33,68 44,73 11,75
13/14:15 245,38 0 11,59 34,17 45,76 11,77
13/14:30 152,25 0 12,25 31,85 44,10 9,99
13/14:45 146,57 0 10,54 27,07 37,61 6,43
13/15:00 91,94 0 11,05 28,95 40,00 5,55
13/15:15 70,49 0 9,84 25,90 35,74 4,30
13/15:30 146,57 0 10,54 27,07 37,61 6,43
média 110,42 0,00 5,80 32,56 38,37 6,65

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

10.1.2.2.1.6 Resultados de Jupí

Em Jupí o monitoramento do ar foi realizado com a estação AQMesh POD 1629150. As coordenadas
geográficas do local são -8,49143/-3623428 (Lat/Long). As Figura 10-20 e Figura 10-21 apresentam
o registro fotográfico da estação de monitoramento instalada no local. Nas margens da BR 423 na
cidade de Jupí as vias são asfaltadas.

A Figura 10-22 apresenta as concentrações dos materiais particulados aferidos em Jupí e a Figura
10-23apresenta a concentração dos gases avaliados. Na análise dos dados, fica evidenciado o fato que
a concentração PTS é maior que a concentração PM10 em todo o período. Ainda, a concentração de
MP10 é sempre maior que a concentração MP2,5.

Após análises comparativas, pode-se considerar validado os dados aferidos pela estação de
monitoramento da qualidade do ar em Jupí.

Figura 10-20. Registro Fotográfico - Jupí Figura 10-21. Registro Fotográfico - Jupí

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 30


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

30,00

25,00

20,00

15,00

10,00

5,00

0,00
11/19:12 12/00:00 12/04:48 12/09:36 12/14:24 12/19:12 13/00:00 13/04:48 13/09:36 13/14:24

PM1 µg/m³ PM2.5 µg/m³ PM4 µg/m³ PM10 µg/m³ PTS µg/m³

Figura 10-22. Materiais particulados - Estação de monitoramento em Jupí


250,00

200,00

150,00

100,00

50,00

0,00
11/18:43 12/01:55 12/09:07 12/16:19 12/23:31 13/06:43 13/13:55

CO µg/m³ TVOC µg/m³ NO µg/m³ NO2 µg/m³ NOx µg/m³ SO2 µg/m³

Figura 10-23. Concentração dos gases avaliados em Jupí.

A Tabela 10-8 apresenta os resultados das concentrações dos particulados na localidade de Jupí.

Tabela 10-8. Resultados das concentrações dos particulados avaliadas em Jupí


PM2.5 PM10
Dia e Hora PM1 µg/m³ PM4 µg/m³ PTS µg/m³
µg/m³ µg/m³
11/19:45 4,67 5,58 5,60 6,17 6,17
11/20:00 4,45 5,24 5,17 6,38 6,38
11/20:15 4,40 5,22 5,18 6,08 6,08
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Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 31


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Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

PM2.5 PM10
Dia e Hora PM1 µg/m³ PM4 µg/m³ PTS µg/m³
µg/m³ µg/m³
11/20:30 4,36 5,02 5,22 5,14 5,14
11/20:45 4,48 5,22 5,17 5,48 5,48
11/21:00 4,47 5,14 5,29 5,91 5,91
11/21:15 4,63 5,23 5,38 5,44 5,44
11/21:30 4,46 5,34 5,40 6,26 6,26
11/21:45 4,99 5,74 5,82 6,30 6,30
11/22:00 4,98 5,70 5,53 6,36 6,36
11/22:15 4,13 5,07 5,37 6,91 6,91
11/22:30 3,84 4,76 5,25 6,47 6,47
11/22:45 4,12 4,78 4,90 5,27 5,27
11/23:00 3,94 4,62 4,83 5,66 5,66
11/23:15 4,59 5,48 5,75 5,97 5,97
11/23:30 4,81 5,65 5,78 6,65 6,65
11/23:45 4,76 5,71 5,93 7,44 7,44
12/00:00 4,85 5,62 5,74 7,29 7,29
12/00:15 4,90 5,76 5,77 6,26 6,26
12/00:30 4,88 5,82 5,97 8,62 9,02
12/00:45 5,30 6,28 6,53 8,22 8,22
12/01:00 5,38 6,35 6,79 7,78 7,78
12/01:15 5,59 6,44 6,71 6,88 6,88
12/01:30 5,67 6,60 6,56 8,45 8,45
12/01:45 5,61 6,43 6,34 7,68 7,68
12/02:00 5,25 6,26 6,48 7,20 7,20
12/02:15 5,54 6,63 6,85 8,38 8,38
12/02:30 5,33 6,46 6,82 9,09 9,09
12/02:45 5,49 6,82 6,88 8,71 8,71
12/03:00 5,50 6,63 6,93 9,27 9,29
12/03:15 5,25 6,47 6,98 8,28 8,28
12/03:30 5,36 6,51 6,88 10,52 10,54
12/03:45 6,53 7,82 8,15 11,69 11,72
12/04:00 6,35 7,88 8,63 14,65 24,36
12/04:15 5,78 7,15 7,68 12,61 12,64
12/04:30 5,99 7,77 9,01 14,70 14,73
12/04:45 5,81 7,39 8,26 14,66 15,09
12/05:00 6,06 7,37 7,86 9,00 9,00
12/05:15 5,72 6,89 7,16 8,41 8,41
12/05:30 5,91 7,11 7,29 7,88 7,88
12/05:45 6,05 7,13 7,19 7,38 7,38
12/06:00 5,56 6,57 6,62 7,55 7,55
12/06:15 5,71 6,78 6,89 7,19 7,19
12/06:30 5,74 6,68 6,73 6,74 6,74
12/06:45 5,62 6,46 6,40 7,08 7,08
12/07:00 5,78 6,93 7,28 7,30 7,30
12/07:15 6,34 7,28 7,10 7,40 7,40
12/07:30 6,13 7,28 7,24 7,42 6,87
12/07:45 6,14 7,11 7,04 8,50 8,50
12/08:00 6,20 7,45 7,57 7,80 7,80
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PM2.5 PM10
Dia e Hora PM1 µg/m³ PM4 µg/m³ PTS µg/m³
µg/m³ µg/m³
12/08:15 6,27 7,53 7,53 7,97 7,97
12/08:30 6,12 7,42 7,69 9,35 9,35
12/08:45 6,07 7,18 7,10 7,61 7,61
12/09:00 6,15 7,28 7,26 7,61 6,92
12/09:15 5,90 6,99 7,04 8,23 8,23
12/09:30 5,87 7,11 7,16 8,93 8,93
12/09:45 6,02 7,34 7,45 9,16 9,16
12/10:00 6,19 7,52 7,74 9,38 9,38
12/10:15 6,21 7,59 7,77 9,25 9,25
12/10:30 5,91 7,32 7,78 8,35 8,35
12/10:45 5,97 7,29 7,40 7,87 7,87
12/11:00 5,83 7,05 7,09 7,08 7,03
12/11:15 5,75 6,71 6,61 7,31 7,31
12/11:30 5,33 6,31 6,19 6,86 5,86
12/11:45 5,61 6,77 6,87 7,07 7,07
12/12:00 5,52 6,40 6,43 6,60 6,26
12/12:15 5,31 6,22 6,30 6,30 6,13
12/12:30 5,00 5,84 6,07 6,28 6,28
12/12:45 5,38 6,17 6,02 6,75 6,75
12/13:00 5,55 6,38 6,40 6,40 6,14
12/13:15 5,40 6,33 6,41 6,50 6,25
12/13:30 5,43 6,33 6,15 6,67 5,67
12/13:45 5,51 6,53 6,50 6,60 6,14
12/14:00 5,37 6,17 6,12 6,39 5,99
12/14:15 5,34 6,03 5,68 5,86 5,46
12/14:30 5,27 6,02 5,71 5,72 5,32
12/14:45 5,02 5,79 5,48 5,62 5,22
12/15:00 5,11 5,97 5,93 6,48 6,08
12/15:15 5,17 5,91 5,66 5,75 5,35
12/15:30 5,37 6,16 6,07 6,35 5,95
12/15:45 5,03 5,81 5,62 5,47 5,07
12/16:00 5,32 6,18 6,14 6,31 5,91
12/16:15 5,83 6,68 6,57 6,47 6,07
12/16:30 5,81 6,53 6,38 6,10 5,70
12/16:45 5,78 6,68 6,43 6,63 6,23
12/17:00 5,26 6,03 6,03 6,48 6,08
12/17:15 5,16 5,93 5,87 6,49 6,09
12/17:30 4,67 5,54 5,53 5,74 5,34
12/17:45 4,51 5,34 5,35 5,43 5,03
12/18:00 4,38 5,09 4,99 5,15 4,75
12/18:15 4,60 5,43 5,33 5,59 5,19
12/18:30 4,71 5,55 5,41 5,70 4,91
12/18:45 4,40 5,24 5,42 5,69 5,29
12/19:00 4,22 4,92 4,82 4,96 4,44
12/19:15 4,13 4,78 4,59 4,99 4,51
12/19:30 4,01 4,60 4,40 4,70 4,11
12/19:45 4,16 4,84 4,85 5,38 4,98
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Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

PM2.5 PM10
Dia e Hora PM1 µg/m³ PM4 µg/m³ PTS µg/m³
µg/m³ µg/m³
12/20:00 4,41 5,14 5,18 5,30 4,73
12/20:15 4,30 4,89 4,82 5,26 4,86
12/20:30 4,50 5,38 5,41 5,66 5,26
12/20:45 4,37 5,09 5,09 5,40 5,00
12/21:00 4,03 4,73 4,84 5,45 5,05
12/21:15 4,55 5,54 5,52 5,98 5,58
12/21:30 4,17 5,00 5,08 5,39 4,99
12/21:45 4,26 5,10 5,11 5,41 5,01
12/22:00 4,09 4,92 4,93 4,93 4,53
12/22:15 4,10 5,08 5,04 5,01 4,61
12/22:30 3,90 4,77 4,70 4,84 4,44
12/22:45 4,09 4,82 4,91 5,09 4,69
12/23:00 3,79 4,55 4,56 4,73 4,33
12/23:15 3,49 4,09 4,03 4,21 3,81
12/23:30 4,03 4,84 4,83 4,86 4,36
12/23:45 3,99 5,12 5,35 5,47 5,07
13/00:00 4,05 5,01 5,16 5,63 5,23
13/00:15 4,43 5,59 5,84 5,85 5,45
13/00:30 4,54 5,68 5,90 6,07 5,67
13/00:45 4,74 5,73 5,74 6,08 5,68
13/01:00 4,14 5,12 5,39 5,44 5,44
13/01:15 4,30 5,32 5,38 5,40 5,40
13/01:30 4,17 5,02 5,07 5,16 5,16
13/01:45 4,28 5,14 5,05 5,60 5,06
13/02:00 4,37 5,38 5,55 5,57 5,57
13/02:15 4,47 5,33 5,31 5,35 5,35
13/02:30 4,26 5,13 5,25 5,34 4,95
13/02:45 4,29 5,19 5,41 5,54 5,15
13/03:00 4,27 5,17 5,25 5,35 4,96
13/03:15 4,14 4,93 5,03 5,52 5,13
13/03:30 4,19 5,15 5,15 5,09 4,70
13/03:45 4,13 4,79 4,86 4,86 4,47
13/04:00 4,11 5,00 5,26 5,21 4,82
13/04:15 4,07 5,03 5,38 5,83 5,44
13/04:30 4,31 5,09 5,22 5,32 4,93
13/04:45 4,23 5,02 5,10 5,05 4,66
13/05:00 4,10 4,87 4,92 4,91 4,52
13/05:15 4,41 5,26 5,44 5,87 5,48
13/05:30 4,39 5,37 5,40 5,46 5,07
13/05:45 4,41 5,15 5,02 5,89 4,60
13/06:00 4,39 5,29 5,43 5,83 5,44
13/06:15 4,29 5,17 5,20 5,48 5,09
13/06:30 4,32 5,22 5,53 5,85 5,46
13/06:45 4,14 5,02 5,02 5,08 4,59
13/07:00 4,34 5,29 5,42 5,48 5,09
13/07:15 4,07 4,89 5,00 5,15 4,76
13/07:30 4,39 5,31 5,18 5,29 4,90
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Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

PM2.5 PM10
Dia e Hora PM1 µg/m³ PM4 µg/m³ PTS µg/m³
µg/m³ µg/m³
13/07:45 4,43 5,46 5,62 5,46 5,07
13/08:00 4,45 5,28 5,23 5,74 5,35
13/08:15 4,28 5,22 5,24 5,50 5,11
13/08:30 4,46 5,22 5,28 5,79 5,40
13/08:45 4,51 5,72 6,03 6,58 6,19
13/09:00 4,91 5,89 5,68 5,98 5,21
13/09:15 4,50 5,85 6,21 7,15 6,76
13/09:30 4,46 5,55 5,65 6,01 5,62
13/09:45 4,60 5,67 5,66 6,01 5,62
13/10:00 4,23 5,27 5,32 5,57 5,18
13/10:15 4,21 5,23 5,42 5,31 4,92
13/10:30 4,20 5,23 5,44 5,44 5,05
13/10:45 4,13 5,09 5,18 5,46 5,07
13/11:00 4,15 5,21 5,28 5,37 4,98
13/11:15 4,21 5,13 5,16 5,19 5,19
13/11:30 4,25 5,09 5,31 5,87 5,38
13/11:45 4,24 5,20 5,36 5,78 5,29
13/12:00 4,14 4,99 5,01 5,43 4,94
13/12:15 4,54 5,47 5,51 5,85 5,36
13/12:30 4,71 5,66 5,75 5,88 5,39
13/12:45 4,42 5,33 5,45 5,80 5,31
13/13:00 4,46 5,60 5,77 5,86 5,37
13/13:15 4,51 5,27 5,17 5,38 4,89
13/13:30 4,60 5,53 5,55 5,78 5,29
13/13:45 4,38 5,07 4,98 5,60 4,57
13/14:00 4,90 6,05 6,21 6,21 5,72
13/14:15 4,91 5,80 5,73 5,99 5,50
13/14:30 4,61 5,34 5,29 5,35 4,82
13/14:45 4,53 5,49 5,34 5,60 4,85
13/15:00 4,39 5,18 5,26 5,28 4,79
13/15:15 4,70 5,57 5,73 5,65 5,16
13/15:30 4,61 5,46 5,62 5,74 5,25
13/15:45 4,66 5,41 5,38 5,55 5,06
13/16:00 4,67 5,52 5,57 6,05 5,56
13/16:15 4,76 5,46 5,24 5,60 4,77
13/16:30 4,96 5,99 6,17 6,03 5,54

Além dos materiais particulados, também foram aferidos os seguintes gases CO, TVOC, NO, NO2,
NOx e SO2. A Tabela 10-9 apresenta os dados referentes ao monitoramento realizado em Jupí.
Novamente, os valores para TVOC apresentam-se zerados indicando que a concentração de
compostos orgânicos voláteis na região é desprezível. Conforme indica a Tabela 3, foi realizada a
avaliação no banco de dados e verificada a comparação dos gases de acordo com a equação, 𝑁𝑂2 =
𝑁𝑂𝑥 − 𝑁𝑂.

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Tabela 10-9. Resultados das concentrações dos gases avaliadas em Jupí


CO TVOC NO NO2 SO2
Dia e Hora NOx µg/m³
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
11/19:45 129,09 0,00 23,84 21,50 45,34 3,07
11/20:00 123,53 0,00 25,31 18,06 43,37 1,95
11/20:15 107,60 0,00 23,05 16,16 39,21 1,23
11/20:30 110,31 0,00 22,14 14,28 36,42 1,95
11/20:45 128,32 0,00 23,11 15,22 38,33 2,91
11/21:00 82,63 0,00 21,13 18,04 39,17 1,23
11/21:15 56,62 0,00 20,94 16,40 37,34 1,90
11/21:30 65,31 0,00 21,63 16,93 38,56 10,20
11/21:45 62,95 0,00 22,01 16,17 38,18 7,16
11/22:00 59,00 0,00 21,24 14,17 35,41 5,26
11/22:15 50,69 0,00 22,78 16,85 39,63 4,03
11/22:30 41,14 0,00 20,93 15,87 36,80 3,92
11/22:45 43,53 0,00 22,05 17,44 39,49 3,12
11/23:00 52,77 0,00 21,11 13,78 34,89 3,07
11/23:15 47,80 0,00 21,86 17,08 38,94 2,70
11/23:30 42,32 0,00 22,68 14,54 37,22 3,02
11/23:45 42,32 0,00 20,08 16,30 36,38 3,23
12/00:00 50,50 0,00 21,77 15,51 37,28 3,71
12/00:15 69,25 0,00 23,14 11,94 35,08 4,03
12/00:30 85,17 0,00 24,56 9,57 34,13 3,58
12/00:45 70,49 0,00 23,64 13,12 36,76 2,06
12/01:00 58,08 0,00 22,95 14,08 37,03 2,35
12/01:15 58,68 0,00 31,76 2,29 34,05 2,43
12/01:30 56,76 0,00 29,13 4,10 33,23 2,72
12/01:45 65,87 0,00 20,46 16,67 37,13 3,50
12/02:00 67,04 0,00 25,51 8,18 33,69 3,79
12/02:15 56,68 0,00 17,16 13,53 30,69 3,15
12/02:30 66,61 0,00 32,25 2,36 34,61 3,39
12/02:45 140,95 0,00 28,46 0,76 29,22 4,30
12/03:00 189,18 0,00 36,29 6,75 43,04 4,14
12/03:15 174,32 0,00 52,31 2,11 54,42 3,55
12/03:30 163,84 0,00 37,99 3,90 41,89 3,44
12/03:45 149,17 0,00 26,54 3,79 30,33 3,71
12/04:00 129,58 0,00 29,29 1,31 30,60 3,90
12/04:15 128,26 0,00 18,81 13,58 32,39 3,47
12/04:30 125,15 0,00 15,26 23,39 38,65 4,59
12/04:45 146,52 0,00 12,26 14,04 26,30 3,90
12/05:00 208,35 0,00 11,45 16,83 28,28 4,35
12/05:15 200,84 0,00 10,61 36,28 46,89 4,70
12/05:30 168,51 0,00 11,39 25,70 37,09 4,67
12/05:45 151,73 0,00 6,60 34,79 41,39 4,03
12/06:00 152,87 0,00 7,71 32,89 40,60 4,33
12/06:15 155,04 0,00 6,45 39,61 46,06 5,26
12/06:30 160,08 0,00 6,45 35,39 41,84 5,47
12/06:45 151,88 0,00 2,36 40,59 42,95 5,23
12/07:00 142,60 0,00 2,86 25,50 28,36 4,86
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.
Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

CO TVOC NO NO2 SO2


Dia e Hora NOx µg/m³
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
12/07:15 139,16 0,00 1,65 26,31 27,96 4,78
12/07:30 138,51 0,00 2,25 28,15 30,40 5,71
12/07:45 132,91 0,00 1,12 31,04 32,16 4,86
12/08:00 127,44 0,00 2,51 43,57 46,08 4,65
12/08:15 131,93 0,00 3,24 49,43 52,67 4,91
12/08:30 137,24 0,00 5,10 36,42 41,52 4,51
12/08:45 138,14 0,00 7,55 42,24 49,79 4,65
12/09:00 139,14 0,00 6,17 35,31 41,48 5,05
12/09:15 141,84 0,00 9,44 15,63 25,07 5,18
12/09:30 142,24 0,00 14,21 12,98 27,19 4,83
12/09:45 141,60 0,00 19,16 11,26 30,42 4,33
12/10:00 138,20 0,00 20,35 -0,22 20,13 5,23
12/10:15 133,14 0,00 24,15 -2,02 22,13 4,97
12/10:30 130,48 0,00 27,84 -2,15 25,69 4,89
12/10:45 129,04 0,00 26,39 1,01 27,40 4,19
12/11:00 121,50 0,00 28,06 3,07 31,13 4,30
12/11:15 119,38 0,00 27,56 1,66 29,22 4,22
12/11:30 119,36 0,00 32,17 2,89 35,06 4,67
12/11:45 117,01 0,00 29,09 1,15 30,24 4,78
12/12:00 112,11 0,00 29,44 7,99 37,43 3,68
12/12:15 132,81 0,00 25,82 1,55 27,37 3,71
12/12:30 123,96 0,00 24,25 2,35 26,60 4,46
12/12:45 124,61 0,00 23,16 6,40 29,56 3,92
12/13:00 117,67 0,00 36,36 2,61 38,97 3,74
12/13:15 92,61 0,00 26,29 5,03 31,32 2,72
12/13:30 68,48 0,00 21,49 20,91 42,40 2,48
12/13:45 55,36 0,00 20,31 23,60 43,91 1,09
12/14:00 43,47 0,00 17,39 51,06 68,45 0,91
12/14:15 54,71 0,00 24,01 64,90 88,91 2,03
12/14:30 59,86 0,00 23,10 40,50 63,60 2,02
12/14:45 79,26 0,00 20,49 31,90 52,39 2,10
12/15:00 108,27 0,00 22,21 36,08 58,29 2,08
12/15:15 133,63 0,00 19,82 57,02 76,84 2,26
12/15:30 133,38 0,00 20,53 39,36 59,89 2,30
12/15:45 84,31 0,00 21,79 34,26 56,05 2,06
12/16:00 54,87 0,00 15,90 40,15 56,05 2,20
12/16:15 51,57 0,00 17,04 29,10 46,14 2,14
12/16:30 40,89 0,00 10,59 47,09 57,68 2,14
12/16:45 30,06 0,00 9,25 47,66 56,91 1,78
12/17:00 27,08 0,00 11,67 45,13 56,80 1,66
12/17:15 30,19 0,00 5,56 49,54 55,10 1,80
12/17:30 23,35 0,00 4,94 33,77 38,71 1,70
12/17:45 29,52 0,00 2,67 37,19 39,86 1,81
12/18:00 25,96 0,00 1,34 33,51 34,85 1,66
12/18:15 32,50 0,00 2,46 33,69 36,15 1,77
12/18:30 28,59 0,00 1,75 36,43 38,18 1,64
12/18:45 19,37 0,00 -0,78 29,25 28,47 1,70
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.
Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 37


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

CO TVOC NO NO2 SO2


Dia e Hora NOx µg/m³
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
12/19:00 15,91 0,00 0,46 27,80 28,26 1,83
12/19:15 14,23 0,00 0,41 32,93 33,34 2,07
12/19:30 15,05 0,00 -0,80 28,93 28,13 0,00
12/19:45 17,47 0,00 1,96 25,00 26,96 0,00
12/20:00 48,77 0,00 15,74 56,70 72,44 0,00
12/20:15 46,93 0,00 7,13 39,51 46,64 0,00
12/20:30 33,61 0,00 7,26 28,32 35,58 0,00
12/20:45 24,68 0,00 4,59 19,95 24,54 0,00
12/21:00 17,83 0,00 5,16 20,54 25,70 0,00
12/21:15 20,91 0,00 13,13 26,33 39,46 1,12
12/21:30 26,14 0,00 10,10 24,91 35,01 1,47
12/21:45 29,32 0,00 8,02 25,02 33,04 1,98
12/22:00 33,11 0,00 4,36 26,06 30,42 2,15
12/22:15 45,77 0,00 4,59 26,42 31,01 1,98
12/22:30 57,53 0,00 4,32 26,98 31,30 2,23
12/22:45 66,46 0,00 2,73 25,06 27,79 2,22
12/23:00 76,90 0,00 3,87 28,39 32,26 2,29
12/23:15 81,95 0,00 4,41 26,34 30,75 2,18
12/23:30 84,95 0,00 5,84 27,92 33,76 2,24
12/23:45 89,28 0,00 3,73 27,55 31,28 2,38
13/00:00 96,52 0,00 4,55 26,14 30,69 2,39
13/00:15 102,37 0,00 4,86 27,64 32,50 2,34
13/00:30 110,76 0,00 2,75 27,81 30,56 0,00
13/00:45 118,45 0,00 7,92 26,21 34,13 0,00
13/01:00 126,66 0,00 7,21 30,32 37,53 0,00
13/01:15 131,67 0,00 7,36 27,25 34,61 0,00
13/01:30 136,73 0,00 6,31 29,42 35,73 0,00
13/01:45 140,23 0,00 5,35 28,61 33,96 0,00
13/02:00 141,22 0,00 5,29 29,26 34,55 0,00
13/02:15 144,04 0,00 9,70 32,26 41,96 2,62
13/02:30 147,58 0,00 9,10 35,46 44,56 2,61
13/02:45 146,04 0,00 7,48 32,74 40,22 2,64
13/03:00 149,59 0,00 6,69 34,10 40,79 2,69
13/03:15 108,40 0,00 9,79 35,00 44,79 2,96
13/03:30 110,20 0,00 9,16 35,95 45,11 2,76
13/03:45 113,92 0,00 4,87 33,86 38,73 2,48
13/04:00 115,20 0,00 4,62 33,31 37,93 2,43
13/04:15 117,88 0,00 9,05 37,61 46,66 2,36
13/04:30 121,86 0,00 7,16 35,45 42,61 2,20
13/04:45 124,95 0,00 8,30 35,36 43,66 2,34
13/05:00 128,50 0,00 7,64 36,00 43,64 2,46
13/05:15 132,45 0,00 8,64 36,11 44,75 2,47
13/05:30 135,46 0,00 10,50 37,57 48,07 2,36
13/05:45 137,27 0,00 8,80 35,43 44,23 2,46
13/06:00 139,73 0,00 7,59 37,23 44,82 2,46
13/06:15 137,75 0,00 9,75 36,89 46,64 2,46
13/06:30 138,46 0,00 10,95 39,09 50,04 2,49
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.
Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 38


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

CO TVOC NO NO2 SO2


Dia e Hora NOx µg/m³
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
13/06:45 140,05 0,00 9,65 36,34 45,99 2,52
13/07:00 142,47 0,00 12,06 38,40 50,46 0,00
13/07:15 148,54 0,00 10,88 38,74 49,62 0,00
13/07:30 137,59 0,00 14,72 39,67 54,39 0,00
13/07:45 142,03 0,00 13,26 39,09 52,35 0,00
13/08:00 147,00 0,00 12,34 37,76 50,10 0,00
13/08:15 151,67 0,00 13,94 39,29 53,23 0,00
13/08:30 156,91 0,00 11,20 37,21 48,41 0,00
13/08:45 159,92 0,00 13,89 37,69 51,58 2,35
13/09:00 164,06 0,00 14,68 37,36 52,04 2,40
13/09:15 167,23 0,00 15,59 36,47 52,06 2,29
13/09:30 168,23 0,00 15,69 38,00 53,69 2,33
13/09:45 166,13 0,00 13,05 38,74 51,79 2,52
13/10:00 163,18 0,00 15,89 19,10 34,99 2,38
13/10:15 164,21 0,00 13,49 21,88 35,37 2,47
13/10:30 159,36 0,00 15,69 16,20 31,89 2,27
13/10:45 139,82 0,00 14,39 18,95 33,34 1,92
13/11:00 119,45 0,00 18,06 12,73 30,79 1,82
13/11:15 112,75 0,00 15,05 20,83 35,88 1,66
13/11:30 109,36 0,00 16,39 18,58 34,97 1,70
13/11:45 108,49 0,00 16,13 23,40 39,53 1,68
13/12:00 101,26 0,00 16,17 25,65 41,82 1,55
13/12:15 94,57 0,00 16,14 24,06 40,20 1,29
13/12:30 87,93 0,00 13,86 27,77 41,63 1,38
13/12:45 81,85 0,00 16,30 29,23 45,53 1,28
13/13:00 95,18 0,00 15,79 28,40 44,19 0,00
13/13:15 91,52 0,00 13,88 30,03 43,91 0,00
13/13:30 91,63 0,00 14,53 30,06 44,59 0,00
13/13:45 93,42 0,00 13,53 29,00 42,53 0,00
13/14:00 94,54 0,00 11,29 27,98 39,27 0,00
13/14:15 93,34 0,00 11,14 29,71 40,85 0,00
13/14:30 91,39 0,00 12,19 31,03 43,22 0,00
13/14:45 95,11 0,00 10,60 28,53 39,13 0,00
13/15:00 108,89 0,00 10,94 26,30 37,24 0,00
13/15:15 120,58 0,00 8,74 29,07 37,81 0,44
13/15:30 126,67 0,00 8,20 28,45 36,65 0,42
13/15:45 122,22 0,00 8,25 28,13 36,38 0,38
13/16:00 136,72 0,00 8,01 26,92 34,93 0,39
13/16:15 148,35 0,00 9,61 28,66 38,27 0,39
13/16:30 159,99 0,00 11,54 31,89 43,43 0,36
média 103,51 0,00 14,19 25,68 39,87 2,45

Após as análises comparativas, pode-se considerar validado os dados aferidos pela estação de
monitoramento da qualidade do ar em Jupí.

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

10.1.2.2.1.7 Resultados de Lajedo

Em Lajedo o monitoramento do ar foi realizado com a estação AQMesh pod 1629150. Nesse local
foi verificado a existência de um gramado às margens da rodovia e o solo estava bastante úmido no
período de avaliação. As coordenadas geográficas do local são -8,64864/-36,31670 (Lat./Long.). As
Figuras Figura 10-24 e Figura 10-25 apresentam o registo fotográfico na estação de monitoramento
instalada no local.

Figura 10-24. Registro Fotográfico - Lajedo Figura 10-25. Registro Fotográfico - Lajedo

A Figura 10-26 apresenta as concentrações dos materiais particulados aferidos em Lajedo. Já a Figura
10-27 a concentração dos gases nesta localidade. A Tabela 10-10 apresenta os resultados das
concentrações de particulados avaliados em Lajedo, e a Tabela 10-11 a concentração dos gases.

Da análise dos dados, ficou evidenciado que a concentração PTS é maior que a concentração PM10
em todo o período. Ainda, a concentração de MP10 é sempre maior que a concentração MP2,5 em todo
o período de avaliação. Os valores para TVOC estão zerados indicando que a concentração de
compostos orgânicos voláteis é desprezível na região analisada. Foi realizada a comparação da
concentação dos gases e verificados que atendem a equação, 𝑁𝑂2 = 𝑁𝑂𝑥 − 𝑁𝑂.

Após análises comparativas, pode-se considerar validado os dados aferidos pela estação de
monitoramento da qualidade do ar em Lajedo.

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Figura 10-26. Materiais particulados - Estação de monitoramento em Lajedo

Figura 10-27. Concentração dos gases avaliados em Lajedo

Tabela 10-10. Resultados das concentrações dos particulados avaliadas em Lajedo


PM1 PM2.5 PM4 PM10 PTS
Dia/Hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
10/19:00 5,38 6,15 6,28 7,39 7,39
10/19:15 5,38 6,15 6,28 7,39 7,39
10/19:30 5,38 6,25 6,15 6,01 6,01
10/19:45 5,63 6,66 6,50 6,59 6,59
10/20:00 6,25 7,15 7,08 7,33 7,33
10/20:15 5,75 6,59 6,26 6,34 6,34
10/20:30 5,98 6,99 6,86 9,00 9,00
10/20:45 5,71 6,71 6,82 7,12 7,12

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PM1 PM2.5 PM4 PM10 PTS


Dia/Hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
10/21:00 5,75 7,00 7,35 8,60 8,60
10/21:15 5,96 7,28 7,56 13,08 13,51
10/21:30 6,18 7,58 8,04 11,43 11,46
10/21:45 6,47 7,90 8,37 10,86 10,86
10/22:00 6,23 7,47 7,84 10,45 10,48
10/22:15 5,74 6,95 7,28 10,84 10,86
10/22:30 6,08 7,15 7,45 8,37 8,37
10/22:45 5,54 6,74 7,20 10,12 10,14
10/23:00 5,10 5,96 6,00 7,84 7,84
10/23:15 4,94 5,79 5,73 5,75 5,75
10/23:30 4,81 5,43 5,48 5,51 5,51
10/23:45 5,11 5,85 5,60 6,12 6,12
11/00:00 5,48 6,58 6,64 6,64 6,64
11/00:15 4,98 5,74 5,77 6,30 6,30
11/00:30 5,26 6,12 6,28 6,69 6,69
11/00:45 5,18 5,92 5,83 6,31 6,31
11/01:00 5,66 6,64 6,73 7,68 7,68
11/01:15 5,46 6,22 6,00 6,73 6,73
11/01:30 5,08 5,77 5,76 6,95 6,95
11/01:45 5,37 6,13 6,33 7,33 7,33
11/02:00 5,51 6,44 6,28 7,30 7,30
11/02:15 5,39 6,32 6,53 7,53 7,53
11/02:30 5,67 6,77 7,21 8,45 8,45
11/02:45 5,56 6,54 6,48 7,81 7,81
11/03:00 5,79 6,89 7,21 8,46 8,46
11/03:15 6,03 7,15 7,41 9,82 9,82
11/03:30 5,72 6,97 7,43 9,27 9,27
11/03:45 5,58 6,67 6,94 8,75 8,75
11/04:00 6,03 7,15 7,41 9,82 9,82
11/04:15 5,72 6,97 7,43 9,27 9,27
11/04:30 5,47 6,46 6,70 13,52 15,33
11/04:45 5,49 6,84 7,40 15,59 31,31
11/05:00 5,99 7,23 7,72 15,75 19,10
11/05:15 5,65 6,82 7,13 9,33 9,33
11/05:30 5,31 6,38 6,98 11,37 11,77
11/05:45 5,53 6,95 7,71 14,90 18,26
11/06:00 5,49 6,72 6,97 8,18 8,18
11/06:15 5,29 6,39 6,57 8,78 8,78
11/06:30 5,31 6,09 5,99 7,37 7,37
11/06:45 5,16 5,88 5,76 5,94 5,94
11/07:00 4,98 5,99 6,34 8,71 8,71
11/07:15 5,00 5,61 5,67 6,56 6,56
11/07:30 4,81 5,49 5,54 6,70 6,70
11/07:45 5,02 5,90 5,91 6,41 6,41
11/08:00 5,08 5,95 6,02 6,19 6,19
11/08:15 5,67 7,60 8,56 13,54 13,56
11/08:30 5,17 7,16 8,47 11,54 11,54
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PM1 PM2.5 PM4 PM10 PTS


Dia/Hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
11/08:45 4,48 5,55 5,85 8,30 8,33
11/09:00 4,54 5,56 5,78 6,59 6,59
11/09:15 5,12 7,05 8,09 11,24 11,24
11/09:30 5,16 6,76 7,47 10,44 10,84
11/09:45 4,77 5,69 5,85 6,87 6,87
11/10:00 4,87 5,84 6,04 8,18 8,20
11/10:15 4,95 5,91 6,11 6,26 6,26
11/10:30 5,01 5,85 5,82 6,00 6,00
11/10:45 5,00 5,90 6,04 7,71 7,71
11/11:00 5,62 6,80 6,94 8,80 8,80
11/11:15 5,49 6,74 6,97 7,84 7,84
11/11:30 5,61 7,02 7,40 8,60 8,60
11/11:45 5,53 6,74 7,06 8,94 8,94
11/12:00 5,32 6,72 7,23 8,30 8,30
11/12:15 5,58 6,95 7,31 9,39 9,39
11/12:30 5,59 7,22 8,01 14,16 14,58
11/12:45 5,51 6,90 7,21 8,64 8,64
11/13:00 5,23 6,57 7,02 8,82 8,82
11/13:15 5,05 6,21 6,79 10,48 10,50
11/13:30 5,36 6,70 7,26 9,08 9,08
11/13:45 5,18 6,19 6,42 7,74 7,74
11/14:00 5,69 6,82 7,20 7,80 7,80
11/14:15 5,75 6,76 6,81 7,71 7,71
11/14:30 5,61 6,68 6,77 7,37 7,37
11/14:45 5,48 6,67 6,82 7,54 7,54
11/15:00 5,26 6,09 6,13 8,55 8,57
11/15:15 5,07 5,72 5,95 5,79 5,79
11/15:30 4,83 5,73 5,92 6,17 6,17
11/15:45 4,88 5,67 5,66 6,46 6,46
11/16:00 4,59 5,35 5,46 5,89 5,89
11/16:15 4,68 5,44 5,47 5,72 5,72
11/16:30 4,76 5,58 5,59 5,81 5,81
11/16:45 4,36 5,02 5,22 5,14 5,14
11/17:00 4,48 5,22 5,17 5,48 5,48
11/17:15 4,47 5,14 5,29 5,91 5,91
11/17:30 4,63 5,23 5,38 5,44 5,44
11/17:45 4,46 5,34 5,40 6,26 6,26
11/18:00 4,99 5,74 5,82 6,30 6,30
11/18:15 4,98 5,70 5,53 6,36 6,36
11/18:30 4,73 5,54 5,39 5,41 5,41
11/18:45 4,67 5,38 5,39 5,31 5,31

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Tabela 10-11. Resultados das concentrações dos gases avaliadas em Lajedo


CO NO NO2 NOx SO2
Dia e Hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
10/19:00 77,42 0,00 33,01 39,23 72,24
10/19:15 75,05 0,00 31,58 41,71 73,29
10/19:30 72,78 0,00 31,59 41,14 72,73
10/19:45 50,90 0,00 25,94 40,76 66,70
10/20:00 55,89 0,00 30,51 42,50 73,01
10/20:15 46,79 0,00 23,59 38,20 61,79
10/20:30 25,99 0,00 25,06 36,29 61,35
10/20:45 19,53 0,00 22,80 37,23 60,03
10/21:00 24,33 0,00 21,89 38,91 60,80
10/21:15 50,21 0,00 22,86 40,30 63,16
10/21:30 74,05 0,00 20,88 38,51 59,39
10/21:45 95,09 0,00 20,69 39,33 60,02
10/22:00 51,50 0,00 21,38 39,63 61,01
10/22:15 63,02 0,00 21,76 39,54 61,30
10/22:30 22,66 0,00 20,99 38,91 59,90
10/22:45 25,26 0,00 22,53 39,17 61,70
10/23:00 37,48 0,00 20,68 37,82 58,50
10/23:15 64,01 0,00 21,80 37,70 59,50
10/23:30 100,46 0,00 20,86 36,48 57,34
10/23:45 122,89 0,00 21,61 36,60 58,21
11/00:00 115,20 0,00 22,43 36,44 58,87
11/00:15 97,02 0,00 19,83 37,28 57,11
11/00:30 144,67 0,00 21,52 36,44 57,96
11/00:45 146,82 0,00 22,89 34,93 57,82
11/01:00 126,53 0,00 24,31 29,24 53,55
11/01:15 45,63 0,00 23,39 31,74 55,13
11/01:30 91,28 0,00 22,70 38,58 61,28
11/01:45 54,72 0,00 31,51 44,45 75,96
11/02:00 74,37 0,00 28,88 43,40 72,28
11/02:15 79,56 0,00 20,21 40,07 60,28
11/02:30 119,17 0,00 25,26 42,00 67,26
11/02:45 117,24 0,00 16,91 33,54 50,45
11/03:00 128,60 0,00 32,00 45,42 77,42
11/03:15 130,21 0,00 28,21 43,74 71,95
11/03:30 126,65 0,00 36,04 48,53 84,57
11/03:45 119,21 0,00 52,06 62,17 114,23
11/04:00 88,85 0,00 37,74 47,73 85,47
11/04:15 93,83 0,00 26,29 43,28 69,57
11/04:30 149,71 0,00 29,04 44,12 73,16
11/04:45 116,61 0,00 18,56 33,94 52,50
11/05:00 106,35 0,00 15,01 32,32 47,33
11/05:15 121,58 0,00 12,01 33,75 45,76
11/05:30 147,35 0,00 11,20 34,99 46,19
11/05:45 136,44 0,00 10,36 31,40 41,76
11/06:00 143,54 0,00 11,14 35,85 46,99
11/06:15 123,97 0,00 6,35 36,23 42,58
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CO NO NO2 NOx SO2


Dia e Hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
11/06:30 105,03 0,00 7,46 37,24 44,70
11/06:45 94,15 0,00 6,20 36,61 42,81
11/07:00 74,93 0,00 7,39 34,02 41,41
11/07:15 62,77 0,00 2,61 33,64 36,25
11/07:30 77,99 0,00 1,40 32,01 33,41
11/07:45 67,04 0,00 2,00 32,55 34,55
11/08:00 119,19 0,00 0,87 31,71 32,58
11/08:15 59,98 0,00 2,26 34,69 36,95
11/08:30 26,61 0,00 2,99 32,66 35,65
11/08:45 36,81 0,00 4,85 34,38 39,23
11/09:00 23,50 0,00 7,30 32,93 40,23
11/09:15 9,46 0,00 5,92 33,41 39,33
11/09:30 28,43 0,00 9,19 29,85 39,04
11/09:45 10,73 0,00 13,96 29,85 43,81
11/10:00 34,68 0,00 18,91 32,81 51,72
11/10:15 19,18 0,00 20,10 31,40 51,50
11/10:30 31,20 0,00 23,90 32,51 56,41
11/10:45 16,98 0,00 27,59 34,69 62,28
11/11:00 5,73 0,00 26,14 30,50 56,64
11/11:15 7,38 0,00 27,81 32,97 60,78
11/11:30 31,48 0,00 27,31 31,21 58,52
11/11:45 48,38 0,00 31,92 39,86 71,78
11/12:00 38,76 0,00 28,84 37,65 66,49
11/12:15 25,76 0,00 29,19 37,23 66,42
11/12:30 18,71 0,00 25,57 35,49 61,06
11/12:45 16,05 0,00 24,00 38,87 62,87
11/13:00 28,84 0,00 22,91 40,82 63,73
11/13:15 25,42 0,00 36,11 44,08 80,19
11/13:30 17,53 0,00 26,04 39,27 65,31
11/13:45 25,04 0,00 21,24 38,87 60,11
11/14:00 54,81 0,00 20,06 36,19 56,25
11/14:15 19,18 0,00 17,14 37,03 54,17
11/14:30 13,54 0,00 23,76 35,66 59,42
11/14:45 13,58 0,00 22,85 37,09 59,94
11/15:00 15,82 0,00 20,24 37,13 57,37
11/15:15 36,17 0,00 21,96 40,07 62,03
11/15:30 14,43 0,00 19,57 40,70 60,27
11/15:45 12,02 0,00 20,28 40,72 61,00
11/16:00 7,67 0,00 21,54 38,96 60,50
11/16:15 3,06 0,00 15,65 39,54 55,19
11/16:30 24,33 0,00 16,79 40,85 57,64
11/16:45 18,81 0,00 10,34 38,14 48,48
11/17:00 22,39 0,00 9,00 36,96 45,96
11/17:15 13,81 0,00 11,42 37,88 49,30
11/17:30 14,42 0,00 5,31 39,48 44,79
11/17:45 14,87 0,00 4,69 38,47 43,16
11/18:00 20,72 0,00 2,42 37,76 40,18
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Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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CO NO NO2 NOx SO2


Dia e Hora
µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³
11/18:15 23,36 0,00 1,09 37,02 38,11
11/18:30 23,47 0,00 2,21 37,21 39,42
11/18:45 22,58 0,00 1,50 39,14 40,64
médio 59,14 0,00 19,25 37,62 56,86

A Tabela 10-12 apresenta o resumo das concentrações avaliadas nas três localidades. Nessa tabela, é
possível comparar os valores aferidos com os valores de referência indicados na Tabela 10-2 para os
padrões de qualidade do ar segundo a Resolução CONAMA nº 491/2018.

Tabela 10-12. Resumo dos resultados das concentrações de material particulado e gases
Valor de
Cachoeirinha Jupí Lajedo
referência
PM1,0 (µg/m³) - 4,19 4,86 5,31
PM2.5 (µg/m³) 120 4,8 5,80 6,34
PM4,0 (µg/m³) - 5,0 5,88 6,56
PM10 (µg/m³) 50 7,45 6,49 8,17
TPS (µg/m³) 80 8,62 6,26 8,44
CO (ppm) 9* 0,10 0,09 0,05
TVOC (EO)
- 0,0 0,0 0,0
µg/m³
NO µg/m³ - 5,80 14,19 19,25
NO2 µg/m³ 260 32,56 25,68 37,62
NOx µg/m³ - 38,37 39,87 56,86
SO2 µg/m³ 40 6,65 2,45 0,14
* Observação: 9 ppm de CO corresponde a 10310 𝜇g/m³

10.1.2.2.1.8 Considerações Finais


Este relatório apresenta os resultados do monitoramento da qualidade do ar referente ao processo de
Licença Prévia do empreendimento “Adequação de capacidade viária da Rodovia BR-423, trecho:
entroncamento BR-104/232(A) (Caruaru) – DIV. PE/AL, subtrecho: entroncamento BR-232(B) (São
Caetano) – próximo ao entroncamento BR-423/424/PE (Garanhuns), segmento: km 18,20 ao km
86,12, extensão: 67,92 km.

O presente estudo teve por objetivo principal apresentar um relatório com as concentrações de
materiais particulados e gases poluentes em localidades lindeiras à rodovia BR 423 sentido Caruaru
- Garanhuns, PE. Para tanto, foram realizadas medições in loco com estações de monitoramento de
poluentes atmosféricos AQMesh. A análise foi de curto período e as concentrações determinadas
foram de: PTS, PM10, PM4, PM1,0, PM4, CO, TVOC, NO2 e SO2. Os resultados obtidos foram
sistematizados e comparados com os valores de referências indicados na Resolução CONAMA n°
491/ 2018.

Os resultados das análises realizadas indicam que as concentrações de particulados e gases poluentes
atmosféricos estão abaixo do estabelecido na Resolução CONAMA 491 (2018) para os três locais
monitorados. Esses resultados servirão de parâmetro de comparação para o período de obras de
adequações da capacidade viária da Rodovia BR-423.
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10.1.3 RUÍDO E VIBRAÇÃO

O presente capítulo apresenta os resultados do diagnóstico acústico. A Figura 10-28 apresenta a


localização do trecho da BR 423 no qual o estudo foi realizado, juntamente com os Receptores
Potencialmente Críticos (RCP) situados em Batinga, Cachoeirinha, Lajedo e Jupí.

Figura 10-28 – Localização do trecho da BR423 no qual o estudo foi realizado, com os RPC

10.1.3.1 Revisão conceitual

De acordo com a NBR 16313 (2014), som são flutuações de pressão em torno da pressão ambiente
nas frequências compreendidas entre 20 Hz e 20 kHz. O conceito de som é associado à sensação
auditiva humana. Os sons e ruídos são de mesma natureza física, dependendo da situação, um som

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pode ser considerado como um ruído. O termo ruído é usualmente associado a sons que podem causar
incômodos, ser indesejáveis ou inteligíveis.
A NBR 16313 define como som total, o som existente em uma dada situação e em um dado instante,
resultante da contribuição de todas as fontes sonoras. O som específico é a parcela do som total que
pode ser identificada e que está associada a uma determinada fonte, sendo que um som específico
pode ser aquele produzido por um empreendimento, um evento, um equipamento, ou qualquer fonte
sonora específica, conforme o objetivo da medição. O som residual é o som remanescente do som
total em uma dada posição e em uma dada situação quando são suprimidos os sons específicos em
consideração. Outras definições utilizadas neste trabalho são apresentadas a seguir.

𝐿𝐴𝑚𝑖𝑛,3𝑚𝑖𝑛 : nível de pressão sonora mínimo durante o tempo de medição de 3 minutos, utilizando o
filtro de frequência A.
𝐿𝐴10,3𝑚𝑖𝑛 : nível de pressão sonora que é ultrapassado durante 10% do tempo de medição utilizando
o filtro de frequência A.
𝐿𝐴90,3𝑚𝑖𝑛 : nível de pressão sonora é ultrapassado 90% do tempo de medição utilizando o filtro de
frequência A.
𝐿𝐴𝑚𝑎𝑥,𝑇 : nível máximo de pressão sonora ponderada em A, na frequência F, obtido durante a medição,
deve ser expresso pelo descritor 𝐿𝐴𝐹𝑚𝑎𝑥,𝑇 , em decibel.

O nível de pressão sonora contínuo equivalente ponderado em A, dez vezes o logaritmo na base 10
do inverso do intervalo de tempo de integração multiplicado pela integral da razão entre o quadrado
do valor instantâneo da pressão sonora ponderada em A e o quadrado da pressão sonora de referência,
conforme a equação a seguir.
𝑇
1 𝑝𝐴2 (𝑡)
𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑇 = 10 ∙ 𝑙𝑜𝑔10 [ ∙ ∫ 2 𝑑𝑡]
𝑇 𝑝0
0
Onde:
𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑇 : nível de pressão sonora contínuo equivalente ponderado em A, em decibel (dB);
𝑝𝐴 (𝑡 ): pressão sonora instantânea ponderada em A no instante t, expressa em pascal (Pa);
𝑝0 : a pressão sonora de referência (𝑝0 = 20 μPa);
T: tempo de integração.

A caracterização de som tonal se dá quando o nível de pressão sonora contínuo equivalente na banda
de 1/3 de oitava de interesse exceder os níveis de pressão sonora contínuos equivalentes em ambas
as bandas de 1/3 de oitava adjacentes, conforme a Tabela 10-13.

Tabela 10-13. Caracterização de som tonal


Banda de 1/3 de oitava de Diferença aritmética entre o 𝑳𝒁𝒆𝒒,𝑻,𝒇(𝑯𝒛(𝟏⁄𝟑) da banda de
interesse interesse e o 𝑳𝒁𝒆𝒒,𝑻,𝒇(𝑯𝒛(𝟏⁄𝟑) de cada banda adjacente
25 Hz a 125 Hz ≥ 15 dB
160 Hz a 400 Hz ≥ 8 dB
500 Hz a 10k Hz ≥ 5 dB

A resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 1, de 8/3/90 (CONAMA, 1990),


estabelece que a emissão de ruídos em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais,

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sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, não devem ser superiores aos considerados
aceitáveis pela NBR 10.151(ABNT, 2020).

Avaliação pelo método detalhado é aplicada para a avaliação sonora decorrente de fontes de sons
contínuos, intermitentes, impulsivos ou tonais. É realizada pela comparação do nível corrigido 𝐿𝑅
calculado a partir do 𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑇 (total) medido com a contribuição dos sons provenientes das fontes objeto
de avaliação, no respectivo período/horário, com os limites de 𝑅𝐿𝐴𝑒𝑞 em função do uso e ocupação
do solo no local da medição. Considera-se aceitável o resultado do 𝐿𝑅 quando este for menor ou igual
ao estabelecido na Tabela 2. Quando o 𝐿𝑅 calculado a partir do 𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑇 (total) for superior ao limite de
𝑅𝐿𝐴𝑒𝑞 , para a área e o horário em questão, estabelecido na Tabela 2, a avaliação deve ser realizada
pela comparação do nível corrigido 𝐿𝑅 calculado a partir do nível de pressão sonora específico 𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑇
(específico) da(s) fonte(s) sonora(s) objeto de avaliação.

O 𝐿𝑅 é calculado conforme a equação a seguir:


𝐿𝑅 = 𝐿𝐴𝑒𝑞 + 𝐾𝐼 + 𝐾𝑇
Onde:
𝐿𝐴𝑒𝑞 : nível de pressão sonora contínuo equivalente ponderada em A associado à(s) fonte(s) sonora(s)
objeto de avaliação para sons contínuos ou intermitentes;
𝐾𝐼 : igual a 5 quando for caracterizado som impulsivo;
𝐾𝑇 : igual a 5 quando for caracterizado som tonal.

Definições, som:

▪ contínuo: som presente durante todo o período de observação e que não é um som intermitente
nem um som impulsivo.
▪ tonal: som caracterizado por uma única componente de frequência ou por componentes de
banda estreita que se destacam em relação às demais componentes
▪ impulsivo: a caracterização de som impulsivo, decorrente da(s) fonte(s) sonora(s) objeto de
medição, se dá quando o resultado da subtração aritmética entre LAFmax e o LAeq,T, medido
durante a ocorrência do som impulsivo, for igual ou superior a 6 dB (LAFmax – LAeq,T ≥ 6 dB).
Deve constar no relatório o tempo de integração T e a justificativa de sua escolha.

São considerados aceitáveis, os níveis de pressão sonora do som específico que não ultrapassem os
respectivos valores apresentados na Tabela 10-15, aplicadas as devidas correções para som tonal e
som impulsivo.

10.1.3.2 Metodologia
As medições acústicas em campo foram realizados no período de 10 a 13 de novembro de 2022, as
condições meteorológicas foram normais, ou seja, sem atividades atmosféricas como trovões ou
chuva. Juntamente com as medições acústicas foram medidas a velocidade do vento, temperatura e
umidade relativa do ar, com o medidor digital da Instrutherm, modelo THAR-185.

Todas as medidas acústicas foram realizadas com o protetor de vento acoplado ao microfone, o
sonômetro foi posicionado a aproximadamente 1,2 m do solo e distante pelo menos 1,5 m de paredes,

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muros, veículos ou outros objetos que possam refletir as ondas sonoras, excetuando as realizadas na
área interna.

Os equipamentos utilizados na avaliação acústica estão apresentados no Tabela 10-14. Os certificados


de calibração dos equipamentos estão apresentados no Tomo IV - Anexo VI - Laudos Meio Físico.

Tabela 10-14 – Descrição dos equipamentos utilizados nas avaliações acústicas


Prazo de
Número Certificado de
Equipamento Modelo Fabricante validade da
de Série calibração
calibração
Sonômetro Fusion 13292 01dB 11893-554 25/07/2024
Calibrador acústico Cal21 34113633 01dB RBC 131.852 30/01/2024

O sonômetro foi ajustado utilizando o calibrador acoplado ao microfone antes e ao final das medições,
foi verificado que o valor dos níveis de pressão não apresentou diferença entre os valores analisados.

As medidas foram realizadas utilizando o filtro de frequência no modo A em bandas terço de oitava.
Foram avaliados os seguintes parâmetros acústicos: som residual, nível equivalente de pressão sonora
ponderado 𝐿𝐴𝑒𝑞,10𝑚𝑖𝑛 , 𝐿𝑚𝑖𝑛,10𝑚𝑖𝑛 , 𝐿𝑚𝑎𝑥,10𝑚𝑖𝑛 , 𝐿10,10𝑚𝑖𝑛 𝑒 𝐿90,10𝑚𝑖𝑛 .

Os resultados obtidos foram comparados com os limites estabelecidos pela legislação vigente,
classificados em conformidade ou em desconformidade. Para efeitos de comparação entre os
parâmetros obtidos e os limites da Legislação serão consideradas as seguintes normas e/ou Lei:

▪ NBR 16313: Acústica - Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.


▪ NBR 10151:Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade.
Rio de Janeiro: ABNT, 2019 (considerando a errata publicada em 2020).
▪ Resolução CONAMA n. º 001, de 08 de março de 1990 – Estabelece normas referentes a
emissão de ruídos no meio ambiente.
▪ Parâmetros do IFC/Banco Mundial.

Tabela 10-15. Limites de níveis de pressão sonora em função dos tipos de áreas habitadas e do período
Tipos de áreas habitadas 𝑹𝑳𝑨𝒆𝒒 (dB)
Diurno Noturno
Área de residências rurais 40 35
Área estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas 50 45
Área mista, predominantemente residencial 55 50
Área mista com predominância de atividades comerciais e/ou
60 55
administrativa
Área mista com predominância de atividades culturais, lazer e
65 55
turismo
Área predominantemente industrial 70 60
Fonte: NBR 10.151; ABNT, 2019 (adaptada)

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10.1.3.3 Resultados
O monitoramento acústico foi realizado em 15 receptores potencialmente críticos (RPC). Durante a
coleta de dados para o monitoramento a temperatura variou entre 26,0 e 30,5℃ e a umidade relativa
do ar entre 52% e 95%. A velocidade do vendo, avaliada a 2 metros do nível do solo durante as
medições apresentou média de 1,3 m/s variando de 0,9 a 2,0 m/s. Foi realizada a análise nos arquivos
de medidas e não foram identificados sons de caráter impulsivo ou com componentes tonais.

Para efeitos de comparação com a Legislação, as áreas de estudo foram classificadas como área mista.
A Figura 2 apresenta o mapa com a localização dos RPC de Batinga/PE (RPC 01 e RPC 02). As
Figuras de 03 a 06 apresentam o registro fotográfico do monitoramento acústicos destes receptores
em Batinga (2), Jupí (4), Lajedo (4) e Cachoeirinha (5).

Figura 10-29 - Localização dos RPC 01 e 02 (Batinga)

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Figura 10-30. Registro Fotográfico RPC 01 Figura 10-31. Registro Fotográfico RPC 01

Figura 10-32. Registro Fotográfico RPC 02 Figura 10-33. Registro Fotográfico RPC 02

Os resultados do níveis de pressão sonora ao longo do tempo para os dois RPC avaliados em Batinga,
estão apresentados nas Figuras Figura 10-34 a Figura 10-37.
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MY_LOC Leq 1s A 10/11/2022 16:51:57 65,2dB 0h10m37 SEL 93,2dB


90

85

80

75

70

65

60

55

50
16h42 16h43 16h44 16h45 16h46 16h47 16h48 16h49 16h50 16h51
Sinal
Figura 10-34 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 01

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 56.2

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-35 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 01

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MY_LOC Leq 1s A 11/11/2022 08:28:13 66,6dB 0h10m59 SEL 94,8dB


90

85

80

75

70

65

60

55

50
08h18 08h19 08h20 08h21 08h22 08h23 08h24 08h25 08h26 08h27 08h28
Sinal
Figura 10-36 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 02

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 57.0

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-37 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 02

Os arquivos de dados foram analisados com a utilização do software dBTraid e não foram
identificados sons com componentes tonais e sons de caráter impulsivos.

Na cidade de Cachoeirinha foram selecionados 5 receptores potencialmente críticos. A Figura 10-38


apresenta o mapa com a localização destes receptores. As Figuras de Figura 10-39 a Figura 10-48
apresenta o registro fotográfico do monitoramento acústicos nestes receptores.

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Figura 10-38 - Localização dos RPC 03, 04, 05, 06 e 07 (Cachoeirinha)

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Figura 10-39. Registro Fotográfico RPC 03 Figura 10-40. Registro Fotográfico RPC 03

Figura 10-41. Registro Fotográfico RPC 04 Figura 10-42. Registro Fotográfico RPC 04

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Figura 10-43. Registro Fotográfico RPC 05 Figura 10-44. Registro Fotográfico P05

Figura 10-45. Registro Fotográfico RPC 06 Figura 10-46. Registro Fotográfico RPC 06

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Figura 10-47. Registro Fotográfico RPC 07 Figura 10-48. Registro Fotográfico RPC 07

Os resultados do níveis de pressão sonora ao longo do tempo para os RPC avaliados em


Cachoeirinha, estão apresentado nas Figuras Figura 10-49 a Figura 10-58.

MY_LOC Leq 1s A 12/11/2022 07:38:49 63,3dB 0h11m05 SEL 91,5dB


80

75

70

65

60

55

50

45

40
07h39 07h40 07h41 07h42 07h43 07h44 07h45 07h46 07h47 07h48 07h49
Sinal
Figura 10-49 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 03

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[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 47.8

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-50 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 03

MY_LOC Leq 1s A 12/11/2022 07:38:49 63,3dB 0h11m05 SEL 91,5dB


80

75

70

65

60

55

50

45

40
07h39 07h40 07h41 07h42 07h43 07h44 07h45 07h46 07h47 07h48 07h49
Sinal
Figura 10-51 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 04

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[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 47.8

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-52 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 04

MY_LOC Leq 1s A 12/11/2022 07:57:21 62,2dB 0h10m32 SEL 90,2dB


80

75

70

65

60

55

50
07h58 07h59 08h00 08h01 08h02 08h03 08h04 08h05 08h06 08h07
Sinal
Figura 10-53 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 05

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 60


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 53.5

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-54 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 05

MY_LOC Leq 1s A 12/11/2022 08:35:41 63,6dB 0h12m50 SEL 92,4dB


80

75

70

65

60

55

50

45

40
08h23 08h24 08h25 08h26 08h27 08h28 08h29 08h30 08h31 08h32 08h33 08h34 08h35
Sinal
Figura 10-55 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 06

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 61


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 48.3

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-56 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 06

MY_LOC Leq 1s A 13/11/2022 13:35:49 62,7dB 0h10m52 SEL 90,9dB


80

75

70

65

60

55

50

45

40
13h25 13h26 13h27 13h28 13h29 13h30 13h31 13h32 13h33 13h34 13h35
Sinal
Figura 10-57 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 07

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 62


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 65.0

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-58 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 07

Na cidade de Jupí foram selecionados 4 receptores potencialmente críticos. A Figura 10-59 apresenta
o mapa com a localização destes receptores. As Figuras Figura 10-60 a Figura 10-67 apresentam o
registro fotográfico do monitoramento acústicos nestes receptores.

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 63


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Figura 10-59 - Localização dos RPC 08 a 11 (Jupí)

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 64


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Figura 10-60. Registro Fotográfico RPC 08 Figura 10-61. Registro Fotográfico RPC 08

Figura 10-62. Registro Fotográfico RPC 09 Figura 10-63. Registro Fotográfico RPC 09

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 65


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Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Figura 10-64. Registro Fotográfico RPC 10 Figura 10-65. Registro Fotográfico 10

Figura 10-66. Registro Fotográfico RPC 11 Figura 10-67. Registro Fotográfico RPC 11

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 66


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Os resultados dos níveis de pressão sonora ao longo do tempo para os RPC avaliados em Jupi, estão
apresentados nas Figuras Figura 10-68 a Figura 10-77.

MY_LOC Leq 1s A 11/11/2022 08:55:31 71,0dB 0h11m17 SEL 99,3dB


90

85

80

75

70

65

60

55

50

45

40

35

30
08h56 08h57 08h58 08h59 09h00 09h01 09h02 09h03 09h04 09h05 09h06
Sinal
Figura 10-68 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 08

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 53.7

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-69 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 08

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 67


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Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

MY_LOC Leq 1s A 11/11/2022 09:23:55 68,9dB 0h11m48 SEL 97,4dB


100

95

90

85

80

75

70

65

60

55

50
09h13 09h14 09h15 09h16 09h17 09h18 09h19 09h20 09h21 09h22 09h23
Sinal
Figura 10-70 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 09

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 53.9

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-71 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 09

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 68


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

MY_LOC Leq 1s A 11/11/2022 09:45:48 66,0dB 0h10m40 SEL 94,1dB


90

85

80

75

70

65

60

55

50

45

40
09h36 09h37 09h38 09h39 09h40 09h41 09h42 09h43 09h44 09h45
Sinal
Figura 10-72 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 10

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 55.9

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-73 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 10

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 69


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

MY_LOC Leq 1s A 12/11/2022 10:31:39 67,8dB 0h10m42 SEL 95,8dB


90

85

80

75

70

65

60

55

50

45

40
10h21 10h22 10h23 10h24 10h25 10h26 10h27 10h28 10h29 10h30 10h31
Sinal
Figura 10-74 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 11

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 57.8

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-75 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 11

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 70


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

MY_LOC Leq 1s A 12/11/2022 09:06:56 67,7dB 0h12m02 SEL 96,3dB


90

85

80

75

70

65

60

55

50

45

40
08h55 08h56 08h57 08h58 08h59 09h00 09h01 09h02 09h03 09h04 09h05 09h06
Sinal
Figura 10-76 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 12

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 44.0

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-77 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 12

Foi realizada análise nos arquivos de medidas e não foram identificados sons de caráter impulsivo ou
com componentes tonais.

Na cidade de Lajedo, foram selecionados 4 receptores potencialmente críticos. A Figura 10-78


apresenta o mapa com a localização destes receptores. As Figuras Figura 10-79 a Figura 10-86
apresentam o registro fotográfico do monitoramento acústicos nestes receptores.

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 71


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Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Figura 10-78 - Localização dos RPC 12 a 15 (Lajedo)

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 72


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Figura 10-79. Registro Fotográfico RPC 12 Figura 10-80. Registro Fotográfico 12

Figura 10-81. Registro Fotográfico RPC 13 Figura 10-82. Registro Fotográfico RPC 13

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 73


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Figura 10-83. Registro Fotográfico RPC 14 Figura 10-84. Registro Fotográfico 14

Figura 10-85. Registro Fotográfico RPC 15 Figura 10-86. Registro Fotográfico RPC15

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 74


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Os resultados dos níveis de pressão sonora ao longo do tempo para os RPC avaliados em Lajedo,
estão apresentados nas Figuras Figura 10-87 a Figura 10-94. Já a Tabela 10-16 resume todos os dados
medidos in situ nos diferentes pontos.

MY_LOC Leq 1s A 12/11/2022 09:06:56 67,7dB 0h12m02 SEL 96,3dB


90

85

80

75

70

65

60

55

50

45

40
08h55 08h56 08h57 08h58 08h59 09h00 09h01 09h02 09h03 09h04 09h05 09h06
Sinal
Figura 10-87 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 12

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 44.0

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-88 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 12

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 75


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

MY_LOC Leq 1s A 12/11/2022 09:15:03 66,0dB 0h10m37 SEL 94,0dB


80

75

70

65

60

55

50
09h16 09h17 09h18 09h19 09h20 09h21 09h22 09h23 09h24 09h25
Sinal
Figura 10-89 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 13

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 52.3

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-90 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 13

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 76


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

MY_LOC Leq 1s A 12/11/2022 09:48:11 71,5dB 0h11m47 SEL 100,0dB


100

95

90

85

80

75

70

65

60

55

50
09h37 09h38 09h39 09h40 09h41 09h42 09h43 09h44 09h45 09h46 09h47 09h48
Sinal
Figura 10-91 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 14

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 47.5

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-92 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 14

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 77


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

MY_LOC Leq 1s A 12/11/2022 09:48:11 71,5dB 0h11m47 SEL 100,0dB


100

95

90

85

80

75

70

65

60

55

50
09h37 09h38 09h39 09h40 09h41 09h42 09h43 09h44 09h45 09h46 09h47 09h48
Sinal
Figura 10-93 – Níveis de pressão sonora ao longo do tempo - RPC 15

[ID=1] Autoespectro Hz;(dB[2.000e-05Pa], RMS) 6.3 47.5

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
8 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k
Figura 10-94 – Espectro em bandas de 1/3 de oitavas - RPC 15

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 78


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Tabela 10-16. Resultados das medidas de monitoramento


Coordenadas Geográficas 𝑳𝑨𝒆𝒒,𝟏𝟎𝒎𝒊𝒏 𝑳𝒎𝒊𝒏,𝟏𝟎𝒎𝒊𝒏 𝑳𝒎𝒂𝒙,𝟏𝟎𝒎𝒊𝒏 𝑳𝟗𝟎,𝟏𝟎𝒎𝒊𝒏 𝑳𝟏𝟎,𝟏𝟎𝒎𝒊𝒏 𝒗𝒗𝒆𝒏𝒕𝒐 𝑹𝑳𝑨𝒆𝒒 Atende
Índice Local Data Horário
(UTM 24L) m E/m S (dB) (dB) (dB) (dB) (dB) (𝒎⁄𝒔) (dB) NBR10151
RPC 01 782692.00 9031190.42 Batinga 11/11 08:17 66,6 52,3 82,6 55,0 69,9 1,2 55 NÃO
RPC 02 782638.12 9031442.33 Batinga 11/11 08:35 68,3 48,1 86,8 54,5 71,1 1,5 55 NÃO
RPC 03 804564.36 9060333.29 Cachoeirinha 10/11 16:41 65,2 51,5 84,6 55,1 67,4 1,1 55 NÃO
RPC 04 805102.19 9060792.11 Cachoeirinha 12/11 07:38 63,3 41,9 76,0 50,7 66,9 1,3 55 NÃO
RPC 05 804673.48 9060491.01 Cachoeirinha 12/11 07:57 62,2 51,0 72,1 55,9 65,1 0,9 55 NÃO
RPC 06 804304.76 9060118.09 Cachoeirinha 12/11 08:22 63,6 44,8 76,0 49,8 67,8 1,2 55 NÃO
RPC 07 804823.43 9060550.04 Cachoeirinha 13/11 13:24 62,7 49,2 74,9 52,5 67,1 1,5 55 NÃO
RPC 08 783466.01 9035220.86 Jupí 11/11 08:55 66,5 46,8 85,3 53,3 69,3 1,3 55 NÃO
RPC 09 783844.64 9035892.03 Jupí 11/11 09:12 68,9 50,4 91,9 56,3 71,1 1,2 55 NÃO
RPC 10 784040.83 9036372.21 Jupí 11/11 09:35 66,0 43,7 83,5 51,9 69,5 0,9 55 NÃO
RPC 11 784210.83 9036724.41 Jupí 12/11 10:20 67,8 44,2 81,9 49,3 71,6 2,0 55 NÃO
RPC 12 795321.33 9042967.30 Lajedo 12/11 08:54 67,7 43,4 83,4 50,7 71,2 1,4 55 NÃO
RPC 13 794346.01 9042021.24 Lajedo 12/11 09:15 66,0 53,3 77,9 56,9 69,3 1,1 55 NÃO
RPC 14 793441.51 9041776.69 Lajedo 12/11 09:36 71,5 55,5 91,9 59,0 72,4 1,2 55 NÃO
RPC 15 792943.02 9041663.86 Lajedo 12/11 09:54 66,5 46,8 85,3 53,3 69,3 1,1 55 NÃO

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 79


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Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

10.1.3.4 Considerações Finais

Este relatório apresenta os resultados do monitoramento acústico realizado referente ao processo de


Licença Prévia do empreendimento “Adequação de capacidade viária da Rodovia BR-423, trecho:
entroncamento BR-104/232(A) (Caruaru) – DIV. PE/AL, subtrecho: entroncamento BR-232(B) (São
Caetano) – próximo ao entroncamento BR-423/424/PE (Garanhuns), segmento: km 18,20 ao km 107,40,
extensão: 89,2km”.

O monitoramento acústico ocorreu no período de 10 a 13 de novembro de 2022, foram selecionados 15


RPC – receptores potencialmente crítico próximos à BR 423. Sendo 2 em Batinga, 4 em Jupí, 4 em
Lajedo e 5 em Cachoeirinha. Os níveis de pressão sonora referentes ao parâmetro LAeq,10min variou de
62,2 a 71,5 dB, valores acima do limite estabelecido pela ABNT NBR 10151 (2020) para a área e horários
avaliados.

Os resultados servirão de referência para comparação com os níveis de pressão sonora durante o período
das obras de adequação de capacidade viária da Rodovia BR-423.

10.1.4 GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS

A metodologia utilizada para realizar a caracterização geológica do arcabouço estratigráfico e estrutural


consistiu em pesquisa bibliográfica de textos científicos e boletins técnicos que caracterizam a geologia
regional e local; verificação da localização das áreas de influência na cartografia oficial de geologia
elaborada pelo Serviço Geológico Brasileiro), em escala de 1:250.000; Expedição a campo, realizada no
período entre 24 e 28 de outubro de 2022, abrangendo a ADA e a AID, para mapeamento
georreferenciado das unidades geológicas e verificação e descrição de afloramentos e suas feições
tectônicas.

10.1.4.1 Contexto Geológico Regional

A região de estudo está inserida no contexto tectônico da Província Borborema, onde há a ocorrência de
zonas de cisalhamento, em destaque a Zona de Cisalhamento Pernambuco, São Bento do Una e Tará-
Salobro, que se encontram adjacentes e inseridas ao longo da Rodovia BR-423 e em suas áreas de
influência.

A Província Borborema está localizada no nordeste do Brasil, e constitui um cinturão orogênico de


aproximadamente 450.000 km² datado em cerca de 600-550 Ma, oriundo da orogenia Brasiliana/Pan-
Africana, sendo essa, destacada pela presença de granitóides miloníticos que afloram por cerca de 200
km na direção E-W. Proposto por Brito e Neves (2000), a Província Borborema pode ser segmentada em
5 domínios tectônicos, estando a presente região de estudo localizad no contexto tectônico do Domínio
Meridional, inserida no subdomínio do Terreno Pernambuco-Alagoas, que consiste em um embasamento
granítico-migmátitico intrudido por batólitos graníticos datados do neoproterozoico (Neves, 1999).

A zona de cisalhamento Pernambuco é uma das principais descontinuidades crustais presentes na


Província Borborema. Os granitoides presentes são deformados em condições de crosta média, sendo a
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distinção desses cinturões de alta e baixa temperatura feita através da presença de fases magmáticas
minerais e dos critérios microestruturais (Viegas et al, 2016).

10.1.4.2 Geologia das Área de Influência

A Tabela 10-17 a seguir registra as principais características das unidades litoestratigráficas presentes na
AII e que estão representadas no Mapa de Geologia (Tomo V – Caderno de Mapas - CAP 10.1 MEIO
FISICO subitem 10.1.4 Geologia e recursos minerais).

Tabela 10-17 - Unidades litoestratigráficas presentes nas áreas de influência do empreendimento


Era Unidades Características
Complexo Rio do Una Biotita gnaisse e quartzito
Paleoproterozoico
Ortognaisse Camará Ortognaisses e milonitos
Complexo Cabrobó Quartzitos e granada-biotita gnaisse
Suíte Serrote dos Macacos Monzogranitos e sienogranitos
Mesozoico Sienito Cachoeirinha Sienitos e sienogranitos
Biotita-muscovita granito e
Granito Cabanas
sienogranito
Suíte Ferreira Costa Migmatito
Neoproterozoico Suíte Serra da Caatinga Branca Quartzo diorito
Suíte Conceição Diorito

A descrição detalhada das unidades litoestratigráficas presentes na AID e na ADA, conforme Mapa de
Geologia (Tomo V – Caderno de Mapas - CAP 10.1 MEIO FISICO subitem 10.1.4 Geologia e recursos
minerais), serão descritas nos tópicos a seguir.

10.1.4.3 Complexo Rio do Una

Foi observado em campo em locais da ADA neste complexo supracrustal rochas como, Biotita gnaisse,
com intensa migmatização, e quartzitos. Ocorrem ainda nessas rochas, pegmatitos de espessura variável,
centimétrica a métrica, cortando-as verticalmente, que são afetados também pela forte milonitização. Os
afloramentos observados são em lajedo e em cortes de estrada, de escala métrica a decamétrica.

Os biotita gnaisses são compostos essencialmente por quartzo, plagioclásio, biotita, minerais opacos e
ocasionalmente muscovita. Os cristais se apresentam de forma subédrica a anédrica, de granulação média
a grossa, orientados e sub-alongados, paralelamente a foliação milonítica. Sobre a migmatização destas
rochas, o leucossoma apresenta composição sienogranítica e o mesossoma é rico em biotita.

Os quartzitos observados apresentam granulação grossa, foliados, parcialmente alterados, apresentando


trama na matriz cristalina e intensamente fraturados. Os quartzitos observados apresentam granulação
grossa, foliação, trama na matriz cristalina, e apresentam-se parcialmente alterados e intensamente
fraturados.

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Foto 10.1 - Afloramento em lajedo mostrando sheet de sienogranito imerso em migmatito milonitizado do
Complexo Rio do Uma, localizado no ponto 30.
Localização: 797214079 E/ 9047061884 S | Zona 24 L.

➢ Ortognaisse Camará

Essa unidade é resultante do magmatismo pré a sin-colisional na região, aflorando na porção norte
próximo a BR-423, no município de São Caitano. Foram observados em campo ortognaisses e milonitos,
expostos em afloramentos em lajedo de escala métrica. Os ortognaisses apresentam coloração rosada e
granulação grossa, tendo como protólito sienogranitos. Já os milonitos, que se encontram migmatizados,
apresenta leucossoma de sienogranito de coloração rosada, com porfiroblastos de plagioclásio estirados
ao longo da foliação milonítica, formando pequenos boudins, esses milonitos também são cortados por
diques de sienogranito e apresentam pequenos enclaves dioríticos afetados também pela milonitização.

Foto 10.2 - Afloramento em lajedo de milonito no ponto 13, cortado por diques de sienogranito de coloração rosada.
Localização: 810610725 E / 9071470527 S | Zona 24 L.

➢ Complexo Cabrobó

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Não foram observados em campo afloramentos in situ na ADA e na AID do Complexo Cabrobó.
Regionalmente, na literatura, o Complexo Cabrobó é descrito como sendo constituído de quartzitos,
granada-biotita gnaisses, ortognaisses Manguape e a Suíte Intrusiva Serra Taquaritinga.

10.1.4.4 Suíte Serrote dos Macacos

A Suíte Serrote dos Macacos ocorre como um plúton e corresponde a rochas leucocráticas, com grãos
equigranulares e de tamanho médio em geral, compostas essencialmente por quartzo, plagioclásio,
feldspato potássico e micas, como biotita e muscovita. Essas rochas foram descritas como monzogranitos
e sienogranitos. Os afloramentos dessa unidade foram observados em corte de estrada, comumente de
escala decamétrica, apresentando intenso faturamento devido à sua reologia e à deformação local, a
exemplo do afloramento visto no ponto 39, localizado na ADA próximo a BR-423 (Foto 10.4).

Foto 10.3 - Afloramento em corte de estrada na ADA ao longo da BR-423 no ponto 39.
Localização: 786489778 E / 9040311599 S | Zona 24 L.

Foto 10.4 - Afloramento de monzogranito em corte de estrada na ADA ao longo da BR-423 no ponto 39
Localização: 786489778 E / 9040311599 S | Zona 24 L.

10.1.4.5 Sienito Cachoeirinha

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Esta unidade foi identificada em campo sendo composta por sienitos e sienogranitos, observados em
afloramentos de escala métrica em corte de estrada e em lajedo na ADA e na AID ao longo da BR-423.
Corresponde a uma intrusão de direção Norte-Sul com eixo alongado nesta direção, estando adjacente à
zona de cisalhamento (Neves,1999). Relações de contato entre sienito e sienogranito, como observado
na Foto 10.6, sugere mistura de magma.

O Sienito Cachoeirinha é representado por rochas leucocráticas, inequigranulares a equigranulares,


compostas por biotita, quartzo, plagioclásio, feldspato potássico e anfibólio, variando a porcentagem de
feldspato potássico.

Foto 10.5 - Afloramento de sienito, com veios de quartzo em corte de estrada paralelo a BR- 423, no ponto 26
Localização: 798395893 E / 9049759021 S | Zona 24 L.

Foto 10.6 - Afloramento próximo ao município de cachoeirinha, sienito com enclave de


sienogranito no ponto 15.
Localização: 805612368 E / 9062639411 S | Zona 24 L.

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10.1.4.6 Granito Cabanas

O Granito Cabanas ocorre regionalmente como um plúton, composto por rochas leucocráticas descritas
como biotita muscovita granito, e um sienogranito leucocrático, de coloração cinza (Foto 10.8), que
apresenta textura equigranular, com granulação média a grossa, composto por biotita, muscovita, quartzo
e feldspato. Essa unidade ocorre na parte norte da BR-423, próximo ao município de São Caitano, estando
presente na ADA e na AID. Na região de ocorrência do Granito Cabanas são observados ainda blocos
rolados de quartzito e de metachert.

Foto 10.7 - Afloramento de Biotita leucogranito no ponto Foto 10.8 - Detalhe do Biotita Leucogranito no ponto
3. 3.
Localização: 813594003 E / 9077536988 S | Zona 24 L. Localização:813594003 E / 9077536988 S | Zona 24 L.

10.1.4.7 Suíte Ferreira Costa

Essa unidade ocorre ao final da BR-423, próximo ao município de Garanhuns. A Suíte Ferreira Costa
pode ser descrita como um migmatito, sendo caracterizada pela coloração rosada (Foto 10.9), devido à
alta porcentagem de feldspato potássico presente no leucossoma, apresentando composição
monzogranítica. O leucossoma dessa suíte é composto por biotita, anfibólio, e em menor porcentagem,
plagioclásio.

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Foto 10.9 - Afloramento em corte de escala de migmatito da Suíte Ferreira Costa no ponto 54
Localização: 780879911 E / 9025010117 S | Zona 24 L

➢ Suíte Serra da Caatinga Branca


Esta suíte é constituída por rochas leucocráticas de coloração esbranquiçada a cinza claro, com
granulação média a grossa, sendo caracterizada em campo como quartzo diorito (Foto 10.10), constituído
por quartzo, plagioclásio, feldspato potássico e em menor porcentagem, como mineral acessório,
granada. Os afloramentos observados dessa unidade ocorrem em lajedo e de pequena escala, centimétrica
a métrica, a exemplo do ponto 44, próximo ao município de Jupi.

Foto 10.10 - Afloramento em lajedo de quartzo diorito pertercente a Suíte Serra da Caatinga Branca. Ponto 44.
Localização: 784698643 E / 9037833791 S | Zona 24 L

➢ Suíte Conceição

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A Suíte Conceição foi observada em afloramentos em corte de estrada, de escala métrica, e é constituída
por stocks e plutons que intrudem a Suíte Ferreira Costa, que são descritos como dioritos, de granulação
fina a média, sendo compostos por quartzo, plagioclásio, feldspato potássico, biotita e anfibólios.

Foto 10.11 - Foto em detalhe de diorito da Suíte Conceição no ponto 56.


Localização: 781877565 E / 9025441041 S | Zona 24 L.

10.1.4.8 Geologia Estrutural das Áreas de Influência


A rodovia BR-423 está localizada no contexto geológico da Província Borborema, onde há intensa
deformação rúptil e dúctil. A região descrita é composta por (embasamento gnáissico migmatitico) rochas
de grau metamórfico médio, na fácies anfibolito, de acordo com as amostras observadas em campo.

Neste contexto são observadas estruturas dúcteis e rúpteis, como dobras de escala regional e local, zonas
de cisalhamento, falhas e fraturas. Em campo foram adquiridas 37 medidas de Sn (foliação regional) e
44 medidas de fraturas, que evidenciaram a deformação regional nessas rochas.

10.1.4.9 Estruturas Dúcteis

Observa-se no Mapa de Geologia (Tomo V – Caderno de Mapas - CAP 10.1 MEIO FISICO subitem
10.1.4 Geologia e recursos minerais), dobras de escala regional, a exemplo do sinforme e do antiforme
que afetam as rochas das Suítes Serra da Caatinga Branca e Serrote dos Macacos, e o Complexo Rio Una,
entre os municípios de Jucati e Lajedo. As medidas de acamamento em campo dessas rochas indicam
também a existência de um dobramento regional, coincidindo a direção das camadas com o traço dos
flancos da dobra.

Regionalmente, ocorrem três zonas de cisalhamento na região em que se enquadra a ADA e a AID, sendo
elas: Zona do Cisalhamento Pernambuco, Zona de Cisalhamento Tará Salobro e Zona de Cisalhamento
São Bento do Una. Estas são oriundas de uma tectônica transcorrente, a qual foi responsável por gerar
diferentes zonas miloníticas que afetam as rochas locais em diferentes intensidades.

A Zona de Cisalhamento Pernambuco, a Zona de Cisalhamento Tará Salobro são caracterizadas como
transcorrências dextrais, ambas de médio a alto ângulo, afetando diretamente o Granito Cabanas, na
porção norte da BR-423, ocasionando uma milonitização nessas rochas. O mergulho medido da foliação
milonítica nessa região varia de 31° a 68°, com direção para ENE-WSW.
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Localmente, são observadas dobras de arrasto, a exemplo do afloramento no ponto 39 situado na Suíte
Serrote do Macaco (Foto 10.12), resultantes da tectônica transcorrente regional, como também pequenas
zonas de cisalhamento local, Foto 10.13.

Foto 10.12 - Afloramento em corte de estrada na ADA ao longo da BR-423 no ponto 39, com destaque para a
dobra de arrasto observada no local.
Localização: 786489778 E / 9040311599 S | Zona 24 L.

Foto 10.13 - Falha de cisalhamento local, afloramento em corte de estrada na ADA ao longo da BR-423 no
ponto 39.
Localização: 786489778 E / 9040311599 S | Zona 24 L.

As foliações observadas em campo, são secundárias, oriundas da deformação dúctil e da milonitização,


marcada pela orientação de minerais micáceos, como biotita. Não se observou em campo a presença de
foliações primárias, de origem magmática.

10.1.4.10 Estruturas Rúpteis

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Nas áreas de influência deste empreendimento, não foi observado em campo a presença de falhas locais.
A deformação rúptil na região é representada por sistemas de fraturas que afetam as estruturas anteriores
de origem dúctil.

Destaca-se a presença de fraturas de cisalhamento, relacionadas às zonas de cisalhamento, com direção


em geral N-S, subverticais a verticais, variando o ângulo de mergulho de 61° a 90°, as quais cortam a
foliação presente na rocha (Foto 10.14 e Foto 10.15).

Foto 10.14 - Fraturas de cisalhamento observadas no Foto 10.15 - Fraturas de cisalhamento observadas no
ponto 3. ponto 47
Localização: 813594003 E / 9077536988 S | Zona 24 L. Localização: 784637050 E / 9037772729 S

10.1.4.11 Recursos Minerais na área de influência

A ADA do empreendimento apresenta interferência com seis processos minerários, os quais estão
compreendidos nos municípios de Garanhuns, Jucati, São João, São Caitano, Jupi, Cachoeirinha,
Ibirajuba, Lajedo e Altinho.

As substâncias minerais requeridas nestes processos são argila, cascalho, granito e minério de ouro. Esses
processos minerários são para requerimento e autorização de pesquisa, sendo destes 5 processos para
autorização de pesquisa, 2 para minério de ouro, 1 para cascalho, 1 para granito e 1 para argila. Ocorre
também 1 requerimento de pesquisa para minério de ouro, estando este processo em desistência.
Os processos minerários contidos na ADA estão relacionados na Tabela 10-18.

Tabela 10-18 - Processos minerários contidos ou que interceptam a ADA deste empreendimento
Processo Município Fase Substância
840182/2012 Garanhuns Autorização De Pesquisa Granito
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840448/2017 São Caitano Autorização De Pesquisa Argila


840214/2018 Jupi Autorização De Pesquisa Cascalho
840217/2018 Jupi Autorização De Pesquisa Minério De Ouro
840213/2018 Altinho Requerimento De Pesquisa Minério De Ouro
840215/2018 Cachoeirinha Autorização De Pesquisa Minério De Ouro
Fonte: Agência Nacional de Mineração – ANM.

As ações necessárias para evitar, minimizar ou compatibilizar as possíveis interferências com essas áreas
citadas serão estabelecidas no Programa de Gestão de Interferência de Atividades Minerárias.

10.1.5 GEOMORFOLOGIA

A descrição e caracterização geomorfológica das áreas de influência do presente empreendimento, foi


realizada com base nos dados de Geodiversidade dos estados de Pernambuco e Sergipe, da CPRM, nos
dados cartográficos do IBGE com o produto de declividade do relevo, bem como, o levantamento em
campo das feições geomorfológicas observadas nas áreas de influência direta e indireta. Para a realização
da descrição geotécnica da área, realizou-se testes SPT ao longo da AID e da ADA, com o objetivo de
caracterizar a resistência dos solos, como também, na determinação do nível d’água, em conjunto com
as informações de infiltração dos solos adquiridas em campo.

10.1.5.1 Área de Influência Indireta (AII)

De acordo com o mapa Geomorfológico do Estado de Pernambuco e de Sergipe da CPRM, a AII está
inserida no domínio geomorfológico do Planalto da Borborema. Em reconhecimento às formas de relevo
do Nordeste oriental do Brasil, MATSUMOTO (1973) define o Planalto da Borborema como um grande
bloco montanhoso, que apresenta, em muitas áreas, uma superfície de erosão com altitude inferior a
400m, flanqueada por escarpas em muitos pontos. Matsumoto sugere que a região do Planalto pode ter
sofrido um soerguimento pós-Cretáceo, de natureza mais ativa, juntamente com movimentos locais e
diferenciais de blocos e atividade vulcânica que se prolongou até o Quaternário. Tal atividade poderia
ser responsável pela gênese das escarpas, que poderia ter idade relativamente recente.

No trabalho de Correa et al (2010) os autores buscaram definir os parâmetros morfoestruturais para


entender os processos envolvidos na definição dos compartimentos regionais de relevo do Planalto. O
Planalto da Borborema foi dividido em três níveis hierárquicos de compartimentos morfoestruturais,
sendo eles: o macrodomo correspondente à Província Borborema incluindo bacias fanerozóicas, o
planalto strictu sensu e seus compartimentos.

A compartimentação megageomorfológica divide-se em oitos regiões: Cimeira estrutural São José


Campestre, Depressão Intraplanáltica Paraibana, Depressão Intraplanática Pernambucana, Cimeira
estrutural Pernambuco-Alagoas, Depressão Intraplanática do Ipanema, Maciços Remobilizados do
Domínio Pernambuco-Alagoas, Maciços Remobilizados do Domínio da Zona Transversal e Depressão
Intraplanáltica do Pajeú.

De acordo com as classificações morfoestruturais, a AII está compreendida no Setor Cimeira Estrutural
Pernambuco-Alagoas. Este setor é descrito na paisagem do Planalto, na direção de norte a sul, próximo
ao Município de São Caitano (Foto 10.16), apresentando uma feição topográfica mais homogênea em
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relação aos outros setores próximos. Ao longo da BR-423, entre São Caitano e Garanhuns, ocorre a
predominância de uma topografia definida por cimeiras planas, com elevações variando de 600 a 700
metros. Alguns fatores são descritos para justificar a morfoestrutura da área estudada: a homogeneidade
litológica do Maciço Pernambuco-Alagoas (Complexo Gnáissico-Migmatítico), a distância do Domínio
da Zona Transversal (afastamento de um dos eixos principais do arqueamento regional) e por fim, a
posição que se encontra, à montante da das áreas escarpadas. A própria posição em relação aos eixos de
arqueamento da região, caracteriza a este setor uma evolução morfogenética como cimeira de planalto.

Foto 10.16 - BR-423 próximo ao Município de São Caitano – PE.

Esta morfologia de planalto é composta por um diversificado conjunto de padrões de relevo, que incluem
colinas dissecadas, morros e serras de cotas mais baixas, pequenas cristas e esparsas superfícies
planálticas, com platôs resultantes de processos de aplainamento, rebordos erosivos, alguns segmentos
de relevo montanhoso destacados, indicando relevos residuais remanescentes do grande planalto e
escarpas serranas. As unidades de relevo presentes na AII podem ser observadas no Mapa
Geomorfológico da AII (Tomo V – Caderno de Mapas - CAP 10.1 MEIO FISICO subitem 10.1.5
Geomorfologia e Geotecnia), as quais serão descritas as seguir.

Foto 10.17 - BR-423 próximo ao Município de Lajedo – PE.

➢ Domínio de Morros e de Serras baixas (R4b)

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Essa unidade está presente amplamente na parte central da AII, predominante na porção oriental do
Planalto da Borborema, e é descrita como um relevo de degradação, constituído por morros convexo-
côncavos dissecados com topos arredondados, e morros de topo tabular. Possui uma amplitude
topográfica variando de 80 a 200 metros, com declividade variando de 15° a 35°, em que predomina a
formação de solos de pequena espessura, com destaque para os Neossolos litólicos, com susceptibilidade
à erosão moderada a alta. Nesta unidade há a atuação de processos erosivos laminares, processos de
erosão linear acelerada, e isoladamente, de movimentos de massa.

➢ Planaltos e baixos platôs (R2b1/R2b3)

Essas unidades geomorfológicas estão presentes na porção oeste da AII. O relevo presente nessas
unidades é de degradação e ocorre principalmente em rochas sedimentares, podendo ocorrer também em
rochas cristalinas, sendo descrito como superfícies pouco dissecadas em formas tabulares ou colinas
muito amplas (Torres, 2014) e mais elevadas que as adjacentes de outras unidades. São superfícies com
topo plano a suavemente ondulado. Apresentam inclinação variando de 2° a 5°, nos Planaltos a amplitude
topográfica é de 20 a 50 metros e nos baixos platôs é de 0 a 20 metros. Nessas unidades predominam
processos pedogenéticos, em que há a formação de solos espessos, bem drenados, geralmente com
susceptibilidade a erosão baixa a moderada. Ocorre eventualmente também processos de laterização,
erosão laminar e erosão linear acelerada.

Foto 10.18 - BR-423 próximo ao Município de Garanhuns- PE.

Foto 10.19 - BR-423 próximo ao Município de Cachoeirinha- PE.


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Foto 10.20 - BR-423 próximo ao Município de Jupi- PE.

Foto 10.21 - BR-423 próximo ao Município de Lajedo- PE.

Foto 10.22 - BR-423 próximo ao Município de Jupi- PE.

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Foto 10.23 - BR-423 próximo ao Município de São Caitano- PE.

➢ Domínio Montanhoso (R4c)


Esta unidade ocorre de forma restrita na AII e corresponde a alinhamentos serranos, maciços
montanhosos, front de cuestas e hogback. Seu relevo é de degradação, ocorrendo em qualquer litologia.
Apresenta declividade de 25° a 45°, com amplitude topográfica acima de 300 metros. É descrito como
relevo montanhoso muito acidentado, de vertentes retilíneas a côncavas, escarpadas, e topos de cristas
alinhadas. Ocorrem processos morfogenéticos e de erosão laminar, como também movimentos de massa,
formando solos pouco espessos em superfícies muito acidentadas, geralmente com alta susceptibilidade
à erosão.

➢ Chapadas e Platôs (R2c)


Esta unidade é descrita como relevo de degradação, desenvolvido em rochas sedimentares, a exemplo do
platô de Garanhuns. Se caracteriza como superfícies tabulares alçadas, ou relevos soerguidos, planos ou
aplainados, não ou pouco dissecados (Torres, 2014), com declividade de 0° a 5° e amplitude topográfica
de 0 a 20 metros. Apresenta rebordos delimitados geralmente por vertentes íngremes a escarpadas e
ocorrem posicionadas em cotas mais elevadas. Predomina nesta unidade processos pedogenéticos, com
formação de solos bem drenados e de grande espessura, com baixa a moderada suscetibilidade à erosão.
Ocorrem ainda processos morfogenéticos e de laterização.

➢ Domínio de Colinas dissecadas e Morros baixos (R4a2)


Esta unidade geomorfológica ocorre essencialmente na porção Leste da AII, sendo seu relevo descrito
como colinas dissecadas com vertentes convexo-côncavas e topos arredondados ou aguçados (Torres,
2014), apresenta declividade de 5° a 20°, com amplitude topográfica de 30 a 80 metros. Ocorrem
processos pedogenéticos e morfogenéticos, com formação de solos drenados e espessos, com
susceptibilidade à erosão em geral, moderada, como também processos de erosão laminar e linear
acelerados.

➢ Domínio de Colinas amplas e suaves (R4a1)


Ocorre de forma restrita no extremo Leste da AII, apresentando relevo de degradação associado
principalmente a rochas sedimentares, o qual é caracterizado pela presença de colinas pouco dissecadas,
com vertentes convexas e topos amplos, de morfologia tabular ou alongada (Torres, 2014). Predominam
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processos pedogenéticos, em que há a formação de solos espessos e drenados, ocorrendo


esporadicamente processos de erosão laminar ou linear acelerada. Este relevo possui declividade de 3° a
10°, de amplitude topográfica de 20 a 50 metros, com susceptibilidade a erosão baixa a moderada.

➢ Planícies Costeiras (R1e)


Essa unidade está presente apenas em uma porção restrita no Leste da AII. É caracterizada como relevo
de agradação e zona de acumulação atual. O relevo é oriundo de processos sedimentares marinho e eólico
e apresenta declividade de 0° a 5°, com amplitude topográfica de até 20 metros. É descrito como
superfícies sub-horizontais, oriundas de processos sedimentares marinho e eólico, que apresentam micro
relevo ondulado.

➢ Planícies Fluviais (R1a)


Descrita como relevo de agradação e atual zona de acumulação. Essa unidade corresponde a planícies de
inundação, baixadas inundáveis e abaciamentos. O relevo é caracterizado por superfícies sub-horizontais,
com gradientes altamente suaves e convergentes em direção aos cursos d’água principais (Torres, 2014),
apresentando inclinação das vertentes de 0° a 3°, sem amplitude topográfica.

➢ Planícies Flúvio-Marinhas (R1d)


É descrita como relevo de agradação, de atual zona de acumulação, representada por mangues e brejos.
Este relevo é caracterizado como superfícies planas, sem amplitude topográfica e declividade, com
presença de terrenos inundáveis por longo período de tempo e mal drenados.

➢ Superfícies Aplainadas Conservadas (R3a1)


Essa unidade está presente apenas em uma parte da porção Sul da AII, sendo descrita como relevo de
aplainamento. Caracteriza-se por superfícies planas a levemente onduladas, com inclinação das vertentes
de 0° a 5° e amplitude topográfica de 0 a 10 metros. Ocorrem processos pedogenéticos e morfogenéticos,
em que há o desenvolvimento de solos pedregosos de baixa espessura, com significativa atuação de
processos de erosão laminar.

➢ Tabuleiros (R2a1)
Sua ocorrência é restrita às bordas da parte Sul da AII. Caracteriza-se como relevo de degradação, que
se desenvolve em rochas sedimentares. Apresenta formas suavemente dissecadas, com extensas
superfícies de gradientes extremamente suaves, com topos planos e alongados e vertentes retilíneas nos
vales encaixados em forma de “U”, resultantes de dissecação fluvial recente (Torres, 2014). Predominam
nesta unidade os processos pedogenéticos, em que há a formação de solos drenados e espessos, com
susceptibilidade a erosão baixa a moderada, de amplitude topográfica de 20 a 50 metros e inclinação das
vertentes até 3° no topo plano, e de 10° a 25° em vertentes acentuadas.

➢ Tabuleiros Dissecados (R2a2)


Essa unidade ocorre em pequenas áreas restritas da AII e se caracteriza como relevo de degradação
desenvolvido em rochas sedimentares. São descritos como tabulares e dissecados por rede de canais com
alta densidade de drenagem (Torres, 2014), exibindo relevo movimentado de colinas com topos tabulares
ou alongados, e vertentes retilíneas ou declinadas, nos vales encaixados. Há predominância de processos
pedogenéticos, formando solos de grande espessura e drenados, com amplitude de relevo de 20 a 50
metros, e declividade das vertentes de 0° a 3°.

➢ Vales Encaixados (R4f)

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Ocorrem restritos ao extremo sul da AII, sendo descritos como relevo de degradação, desenvolvido
geralmente em rochas sedimentares ou cristalinas. Este relevo é descrito como acidentado, com vertentes
retilíneas a côncavas, com fortes declives e sulcos, apresentando quebras abruptas de relevo com a
superfície adjacente. Apresenta processos morfogenéticos, de erosão laminar e de movimento de massa.
Apresenta amplitude topográfica de 100 a 300 metros, com declividade de 10° a 25°, em geral, podendo
chegar a 45°, caracterizando esse relevo com alta susceptibilidade à erosão.

➢ Escarpas Serranas (R4d)


É caracterizada por relevo de degradação, descrito como montanhoso e muito acidentado. Apresenta,
geralmente, vertentes retilíneas a côncavas, escarpadas e topos de cristas alinhadas, aguçados ou
levemente arredondados (Torres, 2014). O relevo possui amplitude topográfica acima de 300 metros,
com declividade das vertentes entre 25° e 45°, e ocorre a atuação de processos morfogenéticos, processos
de erosão laminar e de movimentos de massa, que forma solos pouco espessos em relevos muito
acidentados, e geralmente, apresentam alta suscetibilidade à erosão.

10.1.5.2 Área de Influência Direta (AID)


A unidade geomorfológica presente na AID é o Domínio de Morros e de Serras baixas (R4b), a qual está
contida na AII. Desta forma, os aspectos morfológicos, morfométricos e morfodinâmicos foram descritos
no item 10.1.5.1 relativo a AII. Conforme o Mapa Geomorfológico da AID (Tomo V – Caderno de Mapas
- CAP 10.1 MEIO FISICO subitem 10.1.5 Geomorfologia e Geotecnia) é possível observar as principais
formas de relevo da área.

10.1.5.3 Área Diretamente Afetada (ADA)


A unidade geomorfológica presente na ADA é o Domínio de Morros e de Serras baixas (R4b), a qual
está contida na AII. Desta forma, os aspectos morfológicos, morfométricos e morfodinâmicos foram
descritos no item 10.1.5.1 relativo a AII.

O Mapa Geomorfológico da AID (Tomo V – Caderno de Mapas - CAP 10.1 MEIO FISICO subitem
10.1.5 Geomorfologia e Geotecnia) apresenta o traçado da rodovia, a localização das estruturas do
empreendimento em relação aos principais acidentes de relevo que ocorrem na ADA e a identificação
das áreas de corte e aterro.

10.1.6 GEOTECNIA

A caracterização geotécnica da ADA foi realizada a partir de ensaio de sondagem a percussão a trado
(SPT – Standard Penetration Test). Foram realizados 10 ensaios de sondagem SPT, dispostos ao longo
da área de estudo e de acordo com as classes de solo predominante da ADA.

O Relatório de Sondagem está apresentado no Tomo IV - Anexo VI - Laudos Meio Físico, a localização
dos pontos de sondagem pode ser observada na Figura 10-95 e as coordenadas geográficas dos pontos
encontram-se disponibilizadas na Tabela 10-19.

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Figura 10-95 – Localização dos pontos de sondagens.

Tabela 10-19 - Coordenadas dos pontos de amostragem de solos e dos ensaios de infiltração
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Ponto Coordenadas
1 814644.37 m E, 9077293.87 m S, 24 L
2 812094.20 m E, 9077640.01 m S, 24 L
3 812453.49 m E, 9076499.79 m S, 24 L
4 810616.55 m E, 9071155.26 m S, 24 L
5 804447.17 m E, 9065375.66 m S, 24 L
6 784661.19 m E, 9038117.54 m S, 24 L
7 799533.71 m E, 9052767.60 m S, 24 L
8 782812.23 m E, 9030747.98 m S, 24 L
9 795663.63 m E, 9043941.30 m S, 24 L
10 802597.12 m E, 9059192.36 m S, 24 L

A sondagem SPT é um método de estudo geotécnico de campo utilizado para determinação da resistência
do solo à perfuração, do nível de água e visualização dos solos a partir da coleta de amostras deformadas.
Em uma sondagem SPT os principais dados adquiridos são: a classificação do solo a cada metro
perfurado, a resistência concedida pelo solo a partir da cravação do amostrador para cada metro perfurado
e a posição do nível d’água.

10.1.6.1 Metodologia
O ensaio foi realizado segundo as recomendações da ABNT NBR 6.484/2001. O número de golpes (N)
necessários para o barrilete amostrador penetrar 45 cm do solo é dividido em três módulos de 15 cm, os
quais em seus dois primeiros e dois últimos golpes, somados, respectivamente, fornecem os resultados
de penetração, inicial e final, no espaço analisado, de maneira que se pôde determinar o grau de
compacidade, para o caso de solos arenosos, e compressibilidade, para o caso de solos argilosos.
As amostras de solo foram acondicionadas em recipientes próprios hermeticamente fechados e
encaminhadas para laboratório. O nível d’água freático foi determinado, quando verificado.

10.1.6.2 Resultados dos ensaios de sondagens


A seguir serão apresentados os resultados dos ensaios de sondagens realizados na AID e ADA:

No furo SPT – 001, realizado em planossolo, só foi possível alcançar o limite de 0,60 m. Apresenta uma
camada de silte arenoargisoloso com pedregulho, muito compacto. O ensaio foi encerrado ao encontrar
uma camada com pedregulhos. O nível d’água não foi encontrado.

No furo SPT – 001A, realizado em planossolo, só foi possível alcançar o limite de 0,37 m. Apresenta
uma camada de silte arenoargisoloso com pedregulho, muito compacto. O ensaio foi encerrado ao
encontrar uma camada com pedregulhos. O nível d’água também não foi encontrado.

No furo SPT – 001B, realizado em planossolo, só foi possível alcançar o limite de 0,41 m. Apresenta
uma camada de silte arenoargisoloso com pedregulho, muito compacto. O ensaio foi encerrado ao
encontrar uma camada com pedregulhos. O nível d’água também não foi encontrado.

No furo SPT – 002, realizado em planossolo, alcançando o limite de 0,79 m. Apresenta uma camada de
silte argiloarenoso, de compactação dura. O ensaio foi encerrado ao encontrar camada com rocha. O nível
d’água foi encontrado em 0,62 m.

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No furo SPT – 002A, realizado em planossolo, alcançando o limite de 0,74 m. Apresenta uma camada
de silte argiloarenoso, de compactação dura. O ensaio foi encerrado ao encontrar camada com rocha. O
nível d’água foi encontrado em 0,63 m.

No furo SPT – 002B, realizado em planossolo, alcançando o limite de 0,64 m. Apresenta uma camada
de silte argiloarenoso, de compactação dura. O ensaio foi encerrado ao encontrar camada com rocha. O
nível d’água foi encontrado em 0,54 m.

No furo SPT – 003, realizado em planossolo, apresenta uma camada inicial de areia média siltosa, e
seguida por uma camada de silte com pedregulho. O ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao
trépano aos 1,42 m. O nível d’água foi encontrado em 0,77 m.

No furo SPT – 003A, realizado em planossolo, apresenta uma camada inicial de areia média siltosa, e
seguida por uma camada de silte com pedregulho. O ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao
trépano aos 1,13 m. O nível d’água foi encontrado em 0,57 m.

No furo SPT – 003B, realizado em planossolo, apresenta uma camada inicial de areia média siltosa, e
seguida por uma camada de silte com pedregulho. O ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao
trépano aos 0,40 m. O nível d’água foi encontrado em 0,10 m.

No furo SPT – 004, realizado em neossolo, apresenta uma camada inicial de areia média, seguida por
uma camada de silte arenoso com pedregulho, medianamente compacto. O ensaio foi encerrado por
impenetrabilidade ao trépano aos 1,83 m. O nível d’água foi encontrado em 0,23 m.

No furo SPT – 004A, realizado em neossolo, apresenta uma camada de areia média, muito compacta. O
ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao trépano aos 1,03 m. O nível d’água foi encontrado em 0,23
m.

No furo SPT – 004A, realizado em neossolo, apresenta uma camada de areia média, muito compacta. O
ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao trépano aos 1,16 m. O nível d’água foi encontrado em 0,23
m.

No furo SPT – 005, realizado em neossolo, apresenta uma camada inicial de silte arenoargiloso, seguida
por uma camada de silte arenoso com pedregulho, compacto. E por fim, uma camada de silte com
pedregulho. O ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao trépano aos 3,27 m. O nível d’água não foi
encontrado.

No furo SPT – 006, realizado em neossolo, apresenta uma camada de areia média siltosa, medianamente
compacta. O ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao trépano aos 1,61 m. O nível d’água foi
encontrado em 0,54 m.

No furo SPT – 006A, realizado em neossolo, apresenta uma camada de areia média siltosa, medianamente
compacta. O ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao trépano aos 1,59 m. O nível d’água foi
encontrado em 0,54 m.

No furo SPT – 006B, realizado em neossolo, apresenta uma camada de areia média siltosa, medianamente
compacta. O ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao trépano aos 1,63 m. O nível d’água foi
encontrado em 0,54 m.
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No furo SPT – 007, realizada em planossolo, apresenta inicialmente de silte arenoargiloso, seguido de
silte argiloarenoso com pedregulho, e por fim de silte arenoso com pedregulho, muito compacto. O ensaio
foi encerrado por impenetrabilidade ao trépano aos 3,28 m. O nível d’água não foi encontrado.

No furo SPT – 008, realizado em neossolo, apresenta inicialmente de areia média siltosa, seguido de
areia média siltosa, fofa. Posteriormente, areia média siltoargilosa, compacta. E por fim, argila
siltoarenosa, muito rija a dura. O ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao trépano aos 4,21 m. O
nível d’água não foi encontrado.

No furo SPT – 009, em neossolo, inicialmente apresenta uma camada de silte arenoargiloso, seguida de
um silte arenoso, compacto a muito compacto. O ensaio foi encerrado por impenetrabilidade ao trépano
aos 3,30 m. O nível d’água não foi encontrado.

No furo SPT – 010, em planossolo, inicialmente apresenta uma camada de areia fina siltoargilosa, seguida
de uma camada de silte arenoso com pedregulho, compacto a muito compacto. O ensaio foi encerrado
por impenetrabilidade ao trépano aos 2,18 m. O nível d’água não foi encontrado.

No furo SPT – 010A, em planossolo, inicialmente apresenta uma camada de areia fina siltoargilosa,
seguida de uma camada de silte arenoso com pedregulho, compacto a muito compacto. O ensaio foi
encerrado por impenetrabilidade ao trépano aos 2,02 m. O nível d’água não foi encontrado.

No furo SPT – 010B, em planossolo, inicialmente apresenta uma camada de areia fina siltoargilosa,
seguida de uma camada de silte arenoso com pedregulho, compacto a muito compacto. O ensaio foi
encerrado por impenetrabilidade ao trépano aos 2,12 m. O nível d’água não foi encontrado.

A Tabela 10-20 apresenta as variações de solo de acordo com a profundidade em que ocorrem.
Tabela 10-20 – Classificação do solo em relação à profundidade das sondagens SPT realizadas na ADA
Ponto de Consistência / Variação da
Classificação do solo
sondagem Compacidade Profundidade (m)
Silte arenoargiloso com
SPT-001 Muito compacto 0 – 0,60
pedregulho.
Silte arenoargiloso com
SPT – 001A Muito compacto 0 – 0,37
pedregulho.
Silte arenoargiloso com
SPT - 001B Muito compacto 0 – 0,41
pedregulho.
SPT-002 Silte argiloarenoso Duro 0 – 0,80
SPT – 002A Silte argiloarenoso Duro 0 – 0,75
SPT – 002B Silte argiloarenoso Duro 0 – 0,65
Areia média siltosa 0 – 0,80
SPT - 003
Silte com pedregulho 0,80 – 1,42
Areia média siltosa 0 – 0,47
SPT- 003A
Silte com pedregulho 0,47 – 1,13
Areia média siltosa 0 – 0,22
SPT- 003B
Silte com pedregulho 0,22 – 0,40
Areia média 0 – 1,00
SPT - 004
Silte arenoso com pedregulho Medianamente compacto 1, 00 – 1,83
SPT – 004A Areia média Muito compacta 0 – 1,03
SPT – 004B Areia média Muito compacta 0 – 1,16
SPT - 005 Silte arenoargiloso 0 – 1,00
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Ponto de Consistência / Variação da


Classificação do solo
sondagem Compacidade Profundidade (m)
Silte arenoso com pedregulho Compacto 1,00 – 2,00
Silte com pedregulho 2,00 – 3,27
SPT - 006 Areia média siltosa Medianamente compacta 0 – 1,61
SPT – 006A Areia média siltosa Medianamente compacta 0 – 1,59
SPT – 006B Areia média siltosa Medianamente compacta 0 – 1,63
Silte arenoargiloso 0 – 0,60
Silte argiloarenoso com
SPT - 007 0,60 – 1,00
pedregulho
Silte arenoso com pedregulho Muito compacto 1,00 – 3,28
Areia média siltosa
Areia média siltosa Fofa 0,40 – 2,00
SPT - 008
Areia média siltoargilosa Compacta 2,00 – 3,00
Argila siltoarenosa Muito rigida a dura 3,00 – 4,21
Silte arenoargiloso 0 – 1,00
SPT - 009 Compacto a muito
Silte arenoso 1,00 – 3,30
compacto
Areia fina siltoargilosa 0 – 1,00
SPT - 010 Compacto a muito
Silte arenoso com pedregulho 1,00 – 2,18
compacto
Areia fina siltoargilosa 0 – 1,00
SPT – 010A Compacto a muito
Silte arenoso com pedregulho 1,00 – 2,02
compacto
Areia fina siltoargilosa
SPT – 010B Compacto a muito
Silte arenoso com pedregulho 1,00 -2,12
compacto

10.1.6.3 Análise e Discussão


A partir dos dados de ensaios obtidos em campo, como análise granulométrica e físico-química de solo,
ensaios de permeabilidade, SPT (Standard Penetration Test), e a caracterização e descrição, pedológica,
geológica e geomorfológica da região, realizou-se a caracterização geotécnica do meio físico contido nas
áreas de influência do presente empreendimento, a saber:

• Os ensaios SPT evidenciam a alta resistência e compactação dos solos presentes na região;
• Os Planossolos apresentam a porcentagem de finos variando de 0,61% a 12,23%;
• Nos Neossolos a porcentagem de finos varia de 1,79% a 11,98%;

Tabela 10-21 – Percentual de finos nas amostras de solo coletadas na ADA e AID do empreendimento
Pontos (classe de solo) Argila (%) Silte (%) Total de finos (%)
Planossolo 5,24 6,99 12,23
Planossolo 4,46 6,71 11,17
Planossolo 0,00 0,61 0,61
Planossolo 4,17 5,47 9,64
Planossolo 3,10 4,38 7,48
Planossolo 4,86 5,26 10,12
Neossolo 4,28 6,73 11,01

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Neossolo 2,11 7,81 9,92


Neossolo 3,69 8,29 11,98
Neossolo 1,82 1,88 3,70
Neossolo 0,89 1,95 2,84
Neossolo 0,00 1,79 1,79
Planossolo 0,00 1,18 1,18
Planossolo 0,00 0,73 0,73
Neossolo 0,79 1,43 2,22
Neossolo 0,60 1,22 1,82
Neossolo 2,70 5,76 8,46
Neossolo 2,11 2,13 4,24
Planossolo 1,71 2,84 4,55
Planossolo 0,44 0,78 1,22

• Os solos presentem nas áreas de estudo apresentam em geral, alta permeabilidade, sendo os
neossolos mais permeáveis que os planossolos, e apresentam também alta resistência a
compactação.
• As rochas presentes na ADA e AID apresentam alta resistividade.
• Os relevos presentes na ADA e AID apresentam declividade baixa, com a declividade das
vertentes variando entre plana a suave ondulado, entre 0⁰ e 8⁰ de inclinação. (Mapa de
declividades - Tomo V – Caderno de Mapas - CAP 10.1 MEIO FISICO subitem 10.1.5
Geomorfologia e Geotecnia).

10.1.7 PEDOLOGIA
A descrição pedológica das áreas de influência foi realizada com auxílio da cartografia oficial de
pedologia do estado de Pernambuco. Os dados de pedologia estão disponíveis no site da CPRM, no
estudo Geodiversidade do Estado de Pernambuco (CPRM, 2014). Após esse levantamento prévio, foi
realizada uma saída a campo para mapeamento das classes de solos da AID e ADA.

Para análise físico-química e determinação dos coeficientes de permeabilidade dos solos foram coletadas
amostras de solo em 10 pontos ao longo da AID e da ADA. A localização dos pontos de amostragem e
dos pontos de ensaios de infiltração podem ser observadas na Figura 10-96, e as coordenadas UTM destes
pontos encontram-se disponibilizadas na Tabela 10-22.

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Figura 10-96- Localização dos pontos de amostragem de solo e dos ensaios de infiltração

Tabela 10-22 - Coordenadas dos pontos de amostragem de solos e dos ensaios de infiltração

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Ponto Coordenadas (UTM) Solo


1 814.644 E/ 9.077.293 S 24L Planossolo
2 812.094 E/ 9.077.640 S 24L Planossolo
3 812.453 E/ 9.076.499 S 24L Planossolo
4 810.616 E/ 9.071.155 S 24L Neossolo Regolítico
5 804.447 E/ 9.065.375 S 24L Neossolo Regolítico
6 784.661 E/ 9.038.117 S 24L Neossolo Regolítico
7 799.533 E/ 9.052.767 S 24L Planossolo
8 782.812 E/ 9.030.747 S 24L Neossolo Regolítico
9 795.663 E/ 9.043.941 S 24L Neossolo Regolítico
10 802.597 E/ 9.059.192 S 24L Planossolo

Os laudos das análises físico-químicas estão disponíveis no Tomo IV - Anexo VI - Laudos Meio Físico.
Em alguns pontos não foi possível realizar os ensaios de infiltração pretendidos e no ponto 10 não foi
realizada a análise físico-química.

10.1.7.1 Área de Influência Indireta (AII)


De acordo com o mapa de solos da base cartográfica de solos da Embrapa Solos (2005), disponível no
Diagnóstico Ambiental do EIA da BR-423 (SECRETARIA DE TRANSPORTES DER-PE, 2017),
identificou-se a ocorrência de Latossolos, Planossolos, Neossolo Regolítico, Neossolo Litólico, Neossolo
Quartzarênico, Argissolos e Gleissolos na AII. O Mapa pedológico (Tomo V – Caderno de Mapas - CAP
10.1 MEIO FISICO subitem 10.1.6 Pedologia) foi elaborado em escala 1:250.000 e apresenta todas as
classes indicadas na AII. As características gerais de cada classe de solo encontram-se descritas na Tabela
10-23.

Tabela 10-23 – Classes de solo presentes na AII


Classe de Solo – 1º Nível Características Gerais
Constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico
Latossolos
precedido de qualquer tipo de horizonte A.
Constituídos por horizonte B plânico, subjacente a qualquer tipo de horizonte
Planossolos
A, podendo ou não apresentar horizonte E.
Constituídos por material mineral ou por material orgânico pouco espesso que
Neossolos não apresenta alterações expressivas em relação ao material originário devido
à baixa intensidade de atuação dos processos pedogenéticos.
Constituídos por horizonte B textural, de cores vermelhas a amarelas e textura
Argissolos argilosa, abaixo de um horizonte A ou E de cores mais claras e textura arenosa
ou média, com baixos teores de matéria orgânica.
Constituídos por material mineral com horizonte glei iniciando-se dentro dos
primeiros 50 cm a partir da superfície do solo, ou a profundidade maior que
Gleissolos
50 cm e menor ou igual a 150 cm desde que imediatamente abaixo de
horizonte A ou E ou de horizonte hístico.
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2014.

10.1.7.2 Área de Influência Direta (AID)

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A caracterização dos solos da AID foi realizada através do levantamento de campo para identificação e
classificação táctil-visual, aplicando a metodologia demonstrada pelo Manual Técnico de Pedologia
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015) e de acordo com o Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos da EMBRAPA (EMBRAPA, 2018)
Segundo mapa de solos utilizados da base cartográfica da Embrapa (2005), a AID é composta por
Neossolos Regolíticos e Planossolos.

O Mapa pedológico (Tomo V – Caderno de Mapas - CAP 10.1 MEIO FISICO subitem 10.1.6 Pedologia)
foi elaborado em escala 1:100.000 e apresenta todas as classes indicadas na AID, considerando os
levantamentos realizados em campo e o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos elaborado pela
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (2014).

A descrição morfológica dos solos foi avaliada em amostra de solo seca e molhada, através da sensação
de tato. Os principais atributos descritos são: cor, consistência, textura e estrutura.

Durante a vistoria in loco as coberturas preponderantes encontradas foram Neossolos Regolíticos e


Planossolos, cujas descrições encontram-se a seguir:

➢ Neossolos Regolíticos

São solos com contato lítico a uma profundidade maior que 50 cm e horizonte A sobrejacente a horizonte
C ou Cr, admitindo horizonte Bi com menos de 10 cm de espessura. Pouco desenvolvidos, devido à baixa
intensidade de atuação dos processos pedogenéticos, com textura arenosa ou média com baixos teores de
argila, normalmente entre 5 e 12%, e teores de silte mais frequentes entre 10 e 20% (Burgos & Cavalcanti,
1990), sendo pequena a variação do conteúdo de argila ao longo do perfil. Os Neossolos Regolíticos
vistos na área com cor clara, quando secos são acinzentados e molhados marrom clara, textura arenosa e
estrutura granular, com aspecto maciço e pouco coeso (Foto 10.24 e Foto 10.25). Pode ser observado na
(Foto 10.26 e Foto 10.27), estes solos ocorrem em relevos variando de plano a forte ondulado.

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Foto 10.24 - Neossolos regolíticos na AID Foto 10.25 - Perfil de Neossolo na AID.
Localização: 795.181 E /9.042.085 S, zona 24 L Localização: 782.055 E/ 9.027.030 S, zona 24 L

Foto 10.26 - Área de ocorrência de Neossolos na AID.


Localização: 782.055 E/ 9.027.030 S, zona 24 L.

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Foto 10.27 - Área de ocorrência de Neossolos na AID.


Localização: 781.877 E/ 9.025.441 S, zona 24 L

A partir da análise físico-químicas dos neossolos (Tabela 10-24), observa-se valores elevados de areia, e
valores de areia grossa superiores aos de areia fina, indicando a textura arenosa. Os valores de argila e
silte são baixos em relação a porcentagem de areia e, as densidades, são compatíveis com valores
esperados para solos arenosos.

As análises químicas, mostram que ao longo dos perfis, os valores de sódio em alguns pontos aumentam
em profundidades maiores dos perfis.

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Tabela 10-24 – Resultados da análise físico-química dos neossolos


Parâmetros físico-químico
Areia Areia Areia Areia
Profundidade Areia Argila Silte Pedregulho Seixo Densidade Alumínio Sódio
Ponto Grossa Média Muito Muito
amostragem Fina (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
(%) (%) Fina (%) Grossa (%)
4 0 - 20 cm 13,5 34,04 13,87 11,39 16,19 4,28 6,73 0 0 1,98 4.111,40 44,32
4 20 - 40 cm 13,25 36,75 12,39 15,57 12,13 2,11 7,81 0 0 1,22 5.701,00 77,39
5 0 - 20 cm 14,02 26,89 15,31 16,31 15,5 3,69 8,29 0 0 1,16 6.577,01 39,43
5 20 - 40 cm 5,51 35,44 12,03 9,02 34,31 1,82 1,88 0 0 1,03 12.508,80 173
6 0 - 20 cm 9,01 56,58 13,24 7,11 11,21 0,89 1,95 0 0 1,93 971,73 19,01
6 20 - 40 cm 6,87 61,84 12,41 4,47 12,62 0 1,79 0 0 1,25 2.007,35 24,78
8 0 - 20 cm 10,52 55,72 18,11 7,15 6,28 0,79 1,43 0 0 1,51 764,03 22,7
8 20 - 40 cm 11,96 51,9 17,7 8,1 8,52 0,6 1,22 0 0 1,15 1.984,80 23,41
9 0 - 20 cm 14,29 39,79 18,35 12,47 6,64 2,72 5,76 0 0 1,45 6.272,48 44,02
9 20 - 40 cm 7,69 29,36 12,41 8,66 37,65 2,11 2,13 0 0 1,33 8.436,09 60,72

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➢ Planossolos
São solos minerais formados por horizonte A e/ou E característicos, com transição
abrupta para o horizonte B plânico. O horizonte B plânico apresenta estruturas prismáticas
ou colunares, ou em blocos angulares ou subangulares muito grandes a médios, e às vezes
maciça (EMBRAPA, 2006). Essas estruturas estão relacionadas com a presença de argilas
de alta atividade, pois apresentam expansão e contração mais acentuadas por conta da
alternância de clico de umedecimento e secagem do solo (Capeche, 2008). Esta
alternância pode originar plintita e cores acinzentadas e escurecidas no horizonte Bt
(EMBRAPA, 2006). O relevo onde predominam esses solos, normalmente, varia de plano
a suave ondulado, sendo raramente ondulado.

No campo, apresentam cor clara acinzentada quando seco e molhado marrom a cinza
escuro, com textura variando de siltosa a argilosa, com aspecto maciço e muito coeso,
podendo ser observado processo de cimentação ao longo do perfil (Foto 10.28 e Foto
10.29).

Foto 10.28 - Perfil de Planossolo na AID. Foto 10.29 - Perfil de Planossolo na AID.
Localização: 812.434 E/ 9.076.725 S, zona 24 L. Localização: 795.995 E/ 9.043.473 S, zona 24 L.

Os resultados da análise físico-química dos Planossolos (Tabela 10-25), mostram


elevados teores de areia. Os valores de areia grossa são superiores aos valores de areia
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fina, resultando na textura arenosa. Os resultados apresentam valores de argila e silte


baixos. No Ponto 7 de amostragem, não foram encontrados teores de argila, sendo essa
característica comum para solos com pouco desenvolvimento pedogenético. Os valores
de densidade são compatíveis com os valores esperados para solos arenosos, indicando
um maior adensamento dos solos.

As análises químicas, de acordo com os valores de sódio, classificam os Planossolos como


Nátricos.

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Tabela 10-25 – Resultados da análise físico-química dos planossolos


Parâmetros físico-químicos
Areia
Areia Areia Areia
Profundidade Areia Muito Argila Silte Pedregulho Seixo Densidade Alumínio Sódio
Ponto Grossa Média Muito
amostragem Fina (%) Grossa (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
(%) (%) Fina (%)
(%)
1 0-20 cm 14,49 28,86 13,46 17,95 13,02 5,24 6,99 0 0 1,2 7.006,32 31,45
1 20 - 40 cm 10,55 36,24 11,59 12,16 18,28 4,46 6,71 0 0 1,42 7.391,09 40,37
2 0-20 cm 21,13 33,66 16,72 6,17 21,72 0 0,61 0 0 1,21 12.233,67 60,92
2 20 - 40 cm 10,15 32,89 10,99 9,04 27,3 4,17 5,47 0 0 1,46 19.852,52 124,32
3 0-20 cm 8,48 37,09 13,48 7,82 25,65 3,1 4,38 0 0 1,65 6.323,01 27,81
3 20 - 40 cm 6,59 34,25 7,15 9,31 32,58 4,86 5,26 0 0 1,61 5.007,49 37,69
7 0 - 20 cm 3,35 59,1 7,96 3,34 25,07 0 1,18 0 0 1,26 7.273,15 186,24
7 20 - 40 cm 0,94 14,52 1,95 1,6 80,25 0 0,73 0 0 <1,00 8.386,53 327,1
10 0 - 20 cm 7,98 27,33 13 8,08 39,07 1,71 2,84 0 0 1,44 10.134,24 89,73
10 20 - 40 cm 2,12 22,74 3,97 3,02 66,92 0,44 0,78 0 0 <1,00 7.598,00 73,07

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10.1.7.3 Área de Diretamente Afetada (ADA)


Na ADA foram identificadas as mesmas classes de solos descritas na AID. Ao longo do traçado
da BR-423, próximos aos Municípios São Caitano e Cachoeirinha, as coberturas preponderantes
encontradas são os Planossolos, enquanto os Neossolos Regolíticos aparecem nas proximidades
dos Municípios Lajedo, Jupi e Jucati.

10.1.7.4 Caracterização dos tipos de uso dos solos


A caracterização dos tipos de uso dos solos da ADA foi feita a partir das áreas dos municípios que
são interceptados pela BR-423, sendo eles: Cachoeirinha, Calçado, Caruaru, Garanhuns, Jucati,
Jupi, Lajedo, São Caitano e São João. O mapa de uso dos solos foi elaborado a partir de
digitalização manual tendo como base imagem de satélite.
De acordo com o mapa de uso dos solos, a maior parte dessas coberturas estão inseridas na zona
rural, para uso na agropecuária (51,63%), uma pequena parte apresenta a zona de vegetação natural
preservada (28,72%), e outra com zona de vegetação natural alterada (13,77%). As zonas urbanas
(5,58%), onde esses solos ocorrem nas adjacências dos Municípios que interferem na área do
empreendimento.

A Tabela 10-26 e a Figura 10-97 apresentam a área e o percentual de cada classe de uso do solo
nos municípios que interceptam a AID, respectivamente. Na Figura 10-97 é possível observar a
distribuição das classes de uso do solo nos municípios ao longo do traçado da BR-423.

Tabela 10-26 - Porcentagem das classes de uso do solo dos Municípios que interceptam a BR-423
Classes de Uso do Solo Área (ha) Percentual (%)
Zona de Mananciais 801,92 0,30%
Zona de Vegetação Natural 77886,31 28,72%
Zona de Vegetação Natural Alterada 37361,90 13,77%
Zona Rural - Agropecuária 140036,45 51,63%
Zona Urbana 15145,47 5,58%

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Figura 10-97 - Tipos de usos do solo nos Municípios que interceptam a BR-423

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Figura 10-98 - Tipos de uso de solos dos Municípios que interceptam a BR-423

10.1.7.5 Ensaios de infiltração


Os ensaios de infiltração têm por finalidade a determinação do coeficiente de permeabilidade do
solo, o qual determina como ocorre o escoamento da água através do solo. O escoamento é
influenciado por uma série de fatores, devido a heterogeneidade dos solos. Portanto, foram
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aplicados os métodos anéis concêntricos e open end hole para verificação da condutividade
hidráulica vertical, superficial e em profundidade, respectivamente.

10.1.1.1.5. Metodologia
Entre os dias 26 e 28 de outubro de 2022 foram realizados 10 pontos de ensaios de infiltração
distribuídos ao longo da ADA. E em cada ponto foi feito um ensaio superficial (< 10 cm),
utilizando o método anéis concêntricos, e quatro ensaios em diferentes profundidades (50, 100,
150 e 200 cm), utilizando o método open end hole. As coordenadas e localização dos respectivos
pontos podem ser visualizadas na Figura 10-98.

➢ Anéis Concêntricos:

Este método é utilizado para determinação da condutividade hidráulica na superfície. Com a ajuda
de um nível, nivelou-se os cilindros no solo, e a altura do cilindro abaixo da superfície do solo foi
medida, resultando no valor de I (deve-se conhecer a altura do cilindro). Inicialmente, foi
adicionado água no anel externo até a estabilização do nível. E posteriormente, o anel interno foi
preenchido com água, atentando-se para que o nível de água do anel externo estivesse sempre
maior que o nível do anel interno. Neste instante, foi medida a altura h0 e o tempo t0. Ao fim do
ensaio, mediu-se a altura hf no tempo tf.

Os dados obtidos são utilizados para calcular Kv a partir da fórmula:

𝐼 ℎ0
𝐾𝑉 = 𝑈 . . ln ( )
∆𝑡 ℎ𝑓

u – fator de correção de mm/min para m/s (1/60.000)


I – Profundidade de cravação (m)
Δt- tempo de duração do ensaio (s)
h0- carga hidráulica inicial (m)
hf- Carga hidráulica final (m)

➢ Open end hole:

Este método determina a condutividade hidráulica em profundidades distintas. Foram realizadas a


perfuração de quatro furos com profundidades distintas, sendo elas respectivamente de: 50, 100,
150 e 200 cm. Estes furos foram revestidos com tubos de PVC lisos de 10 cm de diâmetro.

A profundidade (H) de cada cano foi medida, e posteriormente, os canos foram preenchidos com
água onde a altura inicial (h0) foi medida. Após essa medição, foi cronometrado o tempo que o
nível da água diminuiu, e realizou-se a medida da altura final (hf).

E os dados obtidos foram utilizados para o valor de Kv a partir da fórmula:


𝑟 ℎ0
𝐾𝑉 = 2,303 . . 𝑙𝑜𝑔 ( )
4∆𝑡 ℎ𝑓
kV = condutividade hidráulica (m/s);
r = raio do tubo (m);
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∆t = intervalo de tempo do ensaio (s);


h0 = coluna de água inicial (m);
hff = coluna de água final (m)

10.1.1.1.6. Resultados
As medidas dos ensaios estão descritas na Tabela 10-27 e na Tabela 10-27. Enquanto os valores
de condutividade hidráulica (Kv) estão na Tabela 10-28 e na Tabela 10-30 a seguir:

Tabela 10-27 - Medidas do ensaio de infiltração, coletadas em campo, pelo método anéis concêntricos.
Ponto I (m) ∆t (s) h0 (m) hf (m)
1 0,02 295 0,10 0,08
2 0,04 562 0,08 0,06
3 0,04 382 0,04 0,03
4 0,03 272 0,04 0,03
5 0,04 542 0,05 0,04
6 0,11 45 0,03 0,01
7 0,04 130 0,05 0,04
8 0,10 76 0,02 0,01
9 0,05 233 0,04 0,04
10 0,04 745 0,05 0,04

Tabela 10-28 - Valores de condutividade hidráulica calculados a partir do método anéis concêntricos
Ponto kV (m/s)
1 1,0x10-5
2 2,2x10-5
3 4,5x10-5
4 2,2x10-5
5 1,3x10-5
6 1,5x10-3
7 3,9x10-5
8 8,6x10-4
9 3,7x10-5
10 6,7x10-6

Tabela 10-29 - Medidas do ensaio de infiltração, coletadas em campo, pelo método open end hole.
Profundidade
Ponto H (m) mi (m) mf (m) ∆t (s)
(m)
0.5 0,39 0,27 0,30 1101
1.0 0,81 0,35 0,36 889
1
1.5 - - - -
2.0 - - - -
0.5 0,41 0,17 0,18 717
1.0 - - - -
2
1.5 - - - -
2.0 - - - -
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Profundidade
Ponto H (m) mi (m) mf (m) ∆t (s)
(m)
3 Não foi possível realizar o ensaio.
4 Não foi possível realizar o ensaio.
0.5 - - - -
1.0 0,82 0,30 0,31 1418
5
1.5 - - - -
2.0 - - - -
0.5 0,45 0,25 0,28 101
1.0 0,95 0,31 0,32 869
6
1.5 - - - -
2.0 - - - -
0.5 0,42 0,14 0,14 660
1.0 0,85 0,25 0,25 2304
7
1.5 - - - -
2.0 - - - -
0.5 0,44 0,26 0,31 205
1.0 0,90 0,07 0,37 1846
8
1.5 - - - -
2.0 - - - -
9 Não foi possível realizar o ensaio.
10 Não foi possível realizar o ensaio.

Tabela 10-30 - Valores de condutividade hidráulica calculados a partir do método open end hole.
Ponto kV50 (m/s) kV100 (m/s) kV150 (m/s) kV200 (m/s)
1 3,27x10-6 3,09x10-7 - -
2 8,94x10-7 - - -
3 Não foi possível realizar o ensaio.
4 Não foi possível realizar o ensaio.
5 - 2,39x10-7 - -
6 2,13x10-5 1,37x10-7 - -
7 1,37x10-7 1,81x10-8 - -
8 1,95x10-5 3,08x10-6 - -
9 Não foi possível realizar o ensaio.
10 Não foi possível realizar o ensaio.

10.1.1.1.7. Discussão

Os dados apresentados forneceram os valores da condutividade hidráulica (Kv) ao longo da ADA,


estes valores são influenciados pelas características do meio, como porosidade, tamanho,
distribuição, forma e arranjo das partículas, além da viscosidade e massa específica do fluido
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(FEITOSA et al., 2008). A classificação das magnitudes da condutividade hidráulica está contida
na Tabela 10-31.

Tabela 10-31 - Classificação de magnitudes da condutividade hidráulica


Valor de kV (m/s) Magnitude Exemplo de Materiais
Cascalho clasto suportado, fratura com abertura maior que 5
> 10-3 Muito alta
mm
10-3 a 10-5 Alta Arenito grosso, puro e bem selecionado
Arenito fino a médio com pequena quantidade de matriz,
10-6 Moderada
solo arenoso
Solo argiloso, siltito pouco fraturado, grauvaca, arenito
10-7 a 10-8 Baixa
cimentado
< 10-8 Muito baixa Siltito argiloso, solo argiloso sem estruturação, folhelho
Fonte: Modificado de Freeze & Cherry (1979); e Fetter (1994).

Os Neossolos Regolíticos apresentam condutividade hidráulica (Kv) na ordem de grandeza


variando de 10-3 a 10-5m/s em superfície, sendo classificada como alta, e em profundidades os
resultados indicam uma ordem de grandeza entre 10-6 e 10-7 m/s, classificada como moderada a
baixa. Esta diferença da condutividade hidráulica em superfície e profundidade ocorre por conta
da diferença de textura observada nos horizontes iniciais. Nestes solos dificilmente se consegue
realizar os ensaios de infiltração em profundidade superiores a 50 cm, pois a água encontra
dificuldade em percolar em maiores profundidade e a elevada infiltração inicial é perdida por
interfluxo nos horizontes iniciais.
Os planossolos mostram valores da condutividade hidráulica (Kv) na ordem de grandeza de 10-5
e 10-6 m/s em superfície, sendo classificada como alta a moderada, e em profundidade apresentam
ordem de grandeza variando de 10-6 a 10-8, moderada a baixa. A diferença na ordem de grandeza
ao longo dos perfis dos solos, se devem a maior presença de argila com aumento da profundidade,
o que faz com que a permeabilidade seja reduzida. Por conta dessa característica, a perfuração para
realização dos ensaios em subsuperfície é dificultada, uma vez que os horizontes apresentam uma
estrutura maciça e com consistência dura.

A partir dos valores encontrados da condutividade hidráulica dos neossolos regolíticos e


planossolos, apresentam de modo geral permeabilidade baixa a alta, essa variação ocorre devido a
variações de textura e estrutura dos solos. Em relação a infiltração dos efluentes líquidos, estes
solos apresentarão capacidades distintas de acordo com os coeficientes.

A vulnerabilidade das águas subterrâneas pode ser identificada a partir dos valores dos coeficientes
de permeabilidade. Nos pontos em que a permeabilidade dos solos é caracterizada como baixa,
indica que as águas subterrâneas apresentam baixa vulnerabilidade à contaminação, entretanto,
quando apresentam alta permeabilidade, a vulnerabilidade das águas subterrâneas aumenta. Os
aquíferos da área de estudo são caracterizados como fissurados, enfatizando esta caracterização.
A avaliação da vulnerabilidade de um aquífero pode ser realizada a partir de metodologias
qualitativas, baseadas nas características litológicas dos aquíferos ou das formações
hidrogeológicas.

A cartografia da vulnerabilidade à poluição, de acordo com critérios litológicos, foi realizada


segundo o método apresentado no documento "Informação Cartográfica dos Planos de Bacia.
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Sistematização das Figuras e Cartas a Imprimir em Papel" de autoria da Equipe do Projeto do


Plano Nacional da Água, versão de outubro de 1998. Este método considera oito classes de
vulnerabilidade, as quais estão descritas na Tabela 10-32.

Tabela 10-32 - Classes de vulnerabilidade segundo critérios litológicos


Classe Tipo de aquífero Risco
V1 Aquíferos em rochas carbonatadas de elevada carstificação Alto
V2 Aquíferos em rochas carbonatadas de carstificação média a alta Médio a Alto
Aquíferos em sedimentos não consolidados com ligação hidráulica
V3 Alto
com água superficial
Aquíferos em sedimentos não consolidados sem ligação hidráulica
V4 Médio
com água superficial
V5 Aquíferos em rochas carbonatadas Médio a baixo
Baixo a
V6 Aquíferos em rochas fissuras
variável
V7 Aquíferos em sedimentos consolidados Baixo
V8 Inexistência de aquíferos Muito baixo
Fonte: Equipe Projeto do Plano Nacional da Água, 1998.

A partir dos ensaios de infiltração, é possível observar que à medida que se aumenta a profundidade
da realização do ensaio a magnitude da condutividade hidráulica diminui. Desta forma, em maior
profundidade os solos da ADA apresentam menor permeabilidade. E a vulnerabilidade das águas
subterrâneas é baixa, dificultando a ocorrência de contaminações.

A ADA é caracterizada pela presença de aquífero fissural, e de acordo com a Tabela 10-32, esta
característica indica baixa vulnerabilidade das águas subterrâneas a contaminação, ratificando a
informação descrita anteriormente.

10.1.8 RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS


Com o objetivo de caracterizar e identificar os recursos hídricos superficiais da região, bem como
a qualidade das suas águas, foi realizado em campo a coleta de água superficial de rios, córregos
e açudes da área do empreendimento, que posteriormente foram encaminhados para análises
físico-químicas e biológicas. Utilizou-se a base de dados disponível no site do IBGE para a
identificação das bacias hidrográficas onde estão inseridas as áreas de estudo, bem como os dados
de Geodiversidade de Pernambuco, da CPRM, para auxiliar na caracterização destas bacias, além
da base de dados da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).

A área do empreendimento está inserida na região hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental, possui
uma área de 286.802 km², equivalente a 3,3% do território brasileiro e abarca as sub-bacias
(unidades hidrográficas): bacia do Rio Ipojuca, bacia do Rio Mundaú e bacia do Rio Una, cujas
principais características físicas serão descritas a seguir

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10.1.8.1 Bacia do Rio Ipojuca


De acordo com o Projeto Levantamento Geoquímico de Baixa Densidade do Estado de
Pernambuco (CPRM, 2017), a bacia do Rio Ipojuca abrange uma área de 3.435,34 km²,
correspondendo a 3,49% da área do estado. Estão inseridos nessa bacia um total de 25 municípios,
dentre os quais: 14 possuem suas sedes implantadas na bacia (Arcoverde, Belo Jardim, Bezerros,
Caruaru, Chã Grande, Escada, Gravatá, Ipojuca, Pombos, Poção, Primavera, Sanharó, São Caitano
e Tacaimbó); e 10 estão apenas parcialmente inseridos (Agrestina, Alagoinha, Altinho, Amaraji,
Cachoeirinha, Pesqueira, Riacho das Almas, Sairé, São Bento do Una, Venturosa e Vitória de
Santo Antão).

O percurso do Rio Ipojuca, com cerca de 320 km, é preponderantemente orientado na direção
oeste-leste, sendo seu regime fluvial intermitente, tornando-se perene a partir do seu médio curso,
nas proximidades da cidade de Caruaru. Ele corta diversas sedes municipais destacando-se:
Bezerros, Caruaru, Escada, Chã Grande, Gravatá, Ipojuca, Primavera, São Caitano e Tacaimbó.
Seu estuário foi bastante alterado nos últimos anos em decorrência da instalação do Complexo
Portuário de Suape.

Seus principais afluentes, pela margem direita são Riacho Liberal, Riacho Taquara e Riacho do
Mel e, pela margem esquerda, Riacho do Coutinho, Riacho dos Mocós, Riacho do Muxoxo e
Riacho Pata Choca. O Riacho Liberal, seu afluente mais importante, tem suas nascentes no
município de Alagoinha e drena ao longo dos seus 47 km de extensão áreas dos municípios de
Alagoinha, Pesqueira e Sanharó, desaguando no Rio Ipojuca.

Os reservatórios com capacidade máxima acima de 106 m³ da sub-bacia do Rio Ipojuca estão na
Tabela 10-33 com suas respectivas capacidades e a localização do município que se encontra.

Tabela 10-33 - Reservatórios da bacia do Rio Ipojuca com capacidade acima de 10 6 m3


Reservatórios Capacidade (m³) Município
Belo Jardim 30.740.000 Belo Jardim
Duas Serras 2.032.289 Poção
Eng. Severino Guerra 17.776.470 Belo Jardim
Manuino 2.021.000 Bezerros
Pão de Açúcar 41.140.000 Pesqueira
Taquara 1.100.000 Caruaru
Fonte: (COSTA, 2009).

10.1.8.2 Bacia do Rio Mundaú

A bacia do Rio Mundaú, de acordo com Atlas Geoquímico do Estado de Pernambuco (CPRM,
2017), em toda sua extensão, tem uma área de 4.090,39 km², dos quais 2.154,26 km² no estado de
Pernambuco (2,19% da área do estado). A área de drenagem da bacia em Pernambuco envolve 15
municípios. Dentre estes, os de Angelim, Correntes, Palmerina e São João estão inseridos em sua
totalidade. Com sede na bacia são Caetés, Canhotinho, Garanhuns e Lagoa do Ouro. Os municípios
de Brejão, Calçado, Capoeiras, Jucati, Jurema, Jupi e Lajedo estão parcialmente inseridos na bacia.

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O Rio Mundaú nasce no município de Garanhuns, com cerca de 70 km, percorrendo áreas do
estado de Pernambuco. Os principais afluentes no estado de Pernambuco são: pela margem direita,
Riacho Conceição, Riacho Salgado, Rio Correntes e Rio Mundauzinho; e, pela margem esquerda,
o Rio Canhoto. O Rio Canhoto, que deságua no Rio Mundaú em território alagoano, é o tributário
mais importante do Rio Mundaú e tem, por sua vez, como principal contribuinte o Rio Inhaúma,
que drena todo o município de Palmeirina. Nas nascentes do Rio Canhoto, destaca-se o Riacho do
Mel, que serve de divisor entre os municípios de Capoeiras e Caetés. Cerca de 70 km da extensão
do Rio Canhoto drenam áreas dos municípios pernambucanos de Capoeiras, Jucati, Jupi, Calçado,
Lajedo, Jurema, Canhotinho, Angelim, São João, Garanhuns e Caetés, além de servir de divisor
entre esses municípios.

São apresentados na Tabela 10-34 os reservatórios da bacia do Rio Mundaú, com capacidade
máxima acima de 106 m³.
Tabela 10-34 - Reservatórios da bacia do Rio Mundaú com capacidade acima de 106 m3
Reservatórios Capacidade (m³) Município
Cajarana 2.594.000 Capoeira/Garanhuns
Inhumas 7.872.860 Garanhuns
Mundaú/Garanhuns 1.968.600 Garanhuns
Fonte: (COSTA, 2009).

10.1.8.3 Bacia do Rio Una


Conforme o Atlas Geoquímico do Estado de Pernambuco (CPRM, 2017), a bacia apresenta uma
área de 6.740,31 km², dos quais 6.262,78 km² estão inseridos no estado de Pernambuco,
correspondendo a 6,37 % do total do estado, abrange 42 municípios, dos quais 11 estão totalmente
inseridos na bacia (Belém de Maria, Catende, Cupira, Ibirajuba, Jaqueira, Lagoa dos Gatos,
Maraial, Palmares, Panelas, São Benedito do Sul e Xexéu), 15 possuem sede inserida na bacia
(Água Preta, Agrestina, Altinho, Barreiros, Bonito, Cachoeirinha, Calçado, Capoeiras, Jucati, Jupi,
Jurema, Lajedo, Quipapá, São Bento do Una e São Joaquim do Monte), e 16 estão parcialmente
inseridos (Barra de Guabiraba, Bezerros, Caetés, Camocim de São Félix, Canhotinho, Caruaru,
Gameleira, Joaquim Nabuco, Pesqueira, Rio Formoso, Sanharó, São Caitano, São José da Coroa
Grande, Tacaimbó, Tamandaré e Venturosa).

A nascente do Rio Una é encontrada no município de Capoeiras, apresentando-se intermitente até


aproximadamente à cidade de Altinho, quando se torna perene. Possui uma extensão de cerca de
290 km, tendo como principais afluentes, pela margem direita, Riacho Quatis, Rio da Chata, Rio
Pirangi, Rio Jacuípe e Rio Caraçu. O Rio Jacuípe serve de limite entre os estados de Pernambuco
e Alagoas. Pela margem esquerda, destacam-se riacho Riachão, Riacho Mentirosas, Riacho do
Sapo, Rio Camevô e Rio Preto.

Os reservatórios com capacidade máxima acima de 106 m³ da sub-bacia do Rio Una Tabela 10-35
estão no com suas respectivas capacidades e a localização do município que se encontra. Na Tabela
10-35 são apresentados os reservatórios da bacia do Rio Una, com capacidade máxima acima de
106 m³.

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Tabela 10-35 - Reservatórios da bacia do Rio Una com capacidade acima de 106 m3
Reservatórios Capacidade (m³) Município
Brejo do Buraco 1.070.000 Altinho
Caianinha 1.361.340 São Joaquim do Monte
Gurjão 3.897.000 Capoeiras
Pau Ferro 12.175.000 Quipapa/Jurema
Poço da Areia 2.300.000 Bezerros
Prata 42.147.000 São Joaquim do Monte/ Belém de Maria
Fonte: (COSTA, 2009).

10.1.8.4 Área de Influência Indireta (AII)


A Área de Influência Indireta (AID) está inserida nas três sub-bacias descritas acima e abarca
diversos corpos hídricos, como rios e riachos.

10.1.8.5 Área de Influência Direta (AID)


Na Área de Influência Direta (AID) foram identificados rios e riachos, sendo os principais rios:
Una, Chatá e Canhoto, os riachos apresentam menor porte e não apresentam interferência na área
do empreendimento. Os principais rios identificados na AID são os mesmos que estão presentes
na ADA, e que serão caracterizados no item a seguir.

10.1.8.6 Área Diretamente Afetada


Ao longo do traçado da BR-423, os cursos d’água que serão interceptados pelo empreendimento
são: Rio Una, Rio da Chata, Rio Canhoto, Rio Quatis, Riacho do Retiro, Riacho Doce e Riacho
Gravatá. Na Tabela 10-36 estão descritas as características físicas dos principais cursos d’água
interceptados pelo empreendimento.
Tabela 10-36 - Características físicas dos principais cursos d’água interceptados pelo empreendimento.
Município Cachoeirinha Jupi Jucati
Curso d’água Rio Una Rio da Chata Rio Canhoto
Largura média 25,00 m 5,60 m 6,50 m
Largura máxima 38,00 m 10,00 m 9,50 m
Cota máxima de inundação 529,72 m 725,59 m 656,15 m
Fonte: Estudo Hidrológico (Norconsult/JBR, 2013).

10.1.8.7 Caracterização da Qualidade das águas


A avaliação da qualidade da água é de grande importância, pois influencia no manejo das águas
superficiais durante as fases do empreendimento. Para a caracterização das águas superficiais da
AID e ADA, foram coletadas dez amostras para análise. A localização dos pontos de coleta está
descrita na Tabela 10-37.

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Tabela 10-37 - Localização dos pontos de coleta de águas superficiais na AID e ADA
Ponto Localização Identificação do Corpo d’água
A 781879 E/ 9026552 S Rio Canhoto
B 782739 E/ 9031071 S Água Superficial
C 784555 E/ 9037645 S Rio Chatá
D 791785 E/ 9041333 S Água Superficial
E 795920 E/ 9047268 S Córrego Eutrofizado
F 800060 E/ 9053199 S Água Superficial
G 804930 E/ 9060617 S Rio Una
H 806902 E/ 9064282 S Olaria
I 780283 E/ 9023899 S Água Superficial
J 811289 E/ 9075064 S Água Superficial

Os resultados das análises encontram-se no Tomo IV - Anexo VI - Laudos Meio Físico e as


discussões a respeito dos resultados serão feitas de acordo com as Resoluções CONAMA nº
357/2005, nº 430/2011, e as Normas Técnicas 2001, 2002 e 2007 do CPRH/Pernambuco.

Segundo a Resolução do CONAMA nº 357/2005 os padrões referentes à qualidade da água de


Classe 2, abrangendo a totalidade das águas doces exigentes para a sua utilização diversa, são os
seguintes:

• Não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios


estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições
nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio
ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido;
• Materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
• Óleos e graxas: virtualmente ausentes;
• Substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
• Resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
• Coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser
obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução
CONAMA nº 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de
200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6
amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. A E. Coli
poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de
acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
• DBO 5 dias a 20°C: até 5 mg/L O2;
• Clorofila: até 30 μg/L;
• Densidade de cianobactérias: até 50000 cel/mL ou 5 mm3/L;
• Fósforo total:
o até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e
o até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência entre 2 e 40
dias, e tributários diretos de ambiente lêntico;
• Turbidez até 100 unidades nefelométrica de turbidez (UNT);
• Cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; e

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• pH: 6,0 a 9,0.

De acordo com o artigo 5º da Resolução CONAMA nº 430/2011, os efluentes não poderão conferir
ao corpo receptor características de qualidade em desacordo com as metas obrigatórias
progressivas, intermediárias e final, do seu enquadramento. E segundo o artigo 16º os efluentes de
qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente no corpo receptor desde que
obedeçam às seguintes condições:

• pH entre 5 e 9;
• Temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor
não deverá exceder a 3ºC no limite da zona de mistura;
• Materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o
lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os
materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;
• Regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vez a vazão média do período de
atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade
competente;
• Óleos e graxas:
o óleos minerais: até 20 mg/L;
o óleos vegetais e gorduras animais: até 50 mg/L;
• Ausência de materiais flutuantes; e
• Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5 dias a 20ºC): remoção mínima de 60% de
DBO sendo que este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de estudo de
autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas do enquadramento
do corpo receptor;

A Resolução CONAMA nº 430/2011 prevê que os efluentes de qualquer fonte poluidora somente
poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e
desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução.

O estado de Pernambuco possui normas referentes a lançamento de efluentes nos corpos hídricos.
A norma técnica CPRH/PE 2001 prevê que as indústrias devem reduzir a DQO de efluentes em
80%, antes de lançá-la no corpo hídrico. Com relação à DBO, se a carga poluidora foi igual ou
superior a 100 kg/dia, deve-se remover no mínimo 90%, e as fontes com carga inferior a 100 kg/dia
devem reduzir a taxa de 70%. E a norma técnica CPRH/PE 2002 estabelece os parâmetros para
descarga de efluentes líquidos industriais e domésticos, o qual prevê que a carga orgânica antes de
ser lançada deverá apresentar um nível de remoção de acordo com a tabela abaixo:

Tabela 10-38 – Eficiência de remoção de carga orgânica bruta antes de ser lançada como efluente
Carga Orgânica Bruta (C) Kg DBO/dia Eficiência Mínima de Remoção
C≤2 40
2<C≤6 70
6 < C ≤ 50 80
C > 50 90

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Com as seguintes observações:


• Concentrações média de DBO no esgoto sanitário = 300 mg/l
• Contribuição de uma pessoa = 0,054 Kg DBO/dia

A norma técnica CPRH/PE 2007 estabelece o NMP (Número Mais Provável) máximo de
coliformes fecais (CF) permitidos para lançamento de efluentes domésticos ou industriais nos
corpos de água receptores de acordo com a classe que se enquadra. As águas de classe 2 tem limite
estabelecido em 1.000 NMP/100ml.

10.1.8.8 Resultados das análises da qualidade das águas superficiais


• Potencial Hidrogeniônico (pH)
De acordo com as análises, e observando os limites dos parâmetros estabelecidos pela
Resolução CONAMA nº 357/2005, os valores de pH variam de 6,16 a 8,5 nos pontos
coletados, indicando que todas as amostras estão em concordância com a Resolução.
• Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5 dias a 20ºC) nas análises dos pontos B, E e
G apresentam valores muito elevados em comparação com o limite de 5 mg/L O2,
estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/2005. O ponto F apresentou valor de 5,9
mg/L O2, pouco acima do limite, e no ponto J o valor encontrado foi 8,0 mg/L, também
acima do limite. E os demais pontos estavam no limite estabelecido.
• Demanda Química de Oxigênio (DQO)
A DQO apresentou valores que variam entre 675 e 3.912,00 mg/L, sendo que o menor valor
mensurado foi no ponto H e o maior no ponto J. A resolução CONAMA nº 357/2005 não
apresenta valores regulatórios para a DQO. Desta forma, utiliza-se de forma alternativa, o
valor imposto pela Resolução CONAMA nº 430/2011, de 180 mg/L, indicando que todas
as amostras estão acima do valor estabelecido.
• Fósforo
Os valores de fósforo total obtidos, variam de 0,40 a 4,62 mg/L. O limite estabelecido pela
Resolução CONAMA nº 357/2005 é de 0,124 mg/L. Portanto, todas as amostras
apresentam teores mais elevados do que o limite.
• Nitrogênio Total
Os valores obtidos de nitrogênio total variam de 0,75 a 173,95, e as amostras dos pontos
B, E e G apresentaram teores muito elevados, 173.95,77.59 e 48.82, respectivamente.
• Turbidez
A resolução CONAMA nº357/2005 estabelece limite máximo de 100 NTU para a turbidez.
Assim sendo, apenas a amostra B apresentou valores acima do estabelecido.
• Cor Aparente
A cor aparente, de acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005 deve ser virtualmente
ausente, porém, em todas as amostras este parâmetro obteve valores variando entre 99,6 a
1.576,0 uH. O maior valor observado foi a amostra B e o menor na amostra A.
• Sólidos Sedimentares
Os sólidos sedimentares, de acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005, devem ser
virtualmente ausentes. No entanto, em todas as amostras foram encontradas concentrações
deste parâmetro, variando de 0,10 a 19 mg/L. A maior concentração foi vista na amostra
B, e a menor nas amostras C, F e G.
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• Escherichia coli
De acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005, a Escherichia coli poderá ser
determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes, desta forma, os
limites estabelecidos para este parâmetro é 1.000 coliformes termotolerantes por 100
mililitros. As amostras B, C, E e G obtiveram ausência, e as demais amostras apresentaram
valores abaixo do limite estabelecido. A amostra E apresentou a maior concentração, de
400 UFC/100 mL e a amostra D a menor, de 1,360 UFC/100mL.
• Óleos e Graxas
A Resolução CONAMA nº357/2005 estabelece que os óleos e graxas devem estar
virtualmente ausentes. No entanto, todas as amostras apresentaram concentrações variando
de 2,00 a 7,34 mg/L.
• Fenóis Totais
O limite estabelecido para fenóis pela Resolução CONAMA nº 357/2005 é de no máximo
0,003 mg/L. Desta forma, todas amostras ultrapassaram o limite permitido pela resolução,
com concentrações superiores a 0,15 mg/L.
• Ferro Dissolvido
O ferro dissolvido nas amostras varia de 0,01 a 2,18 mg/L. O limite estabelecido pela
Resolução CONAMA nº357/2005 é de 0,30 mg/L. Desta forma, as amostras B, C e E
apresentaram valores superiores ao estabelecido.
• Zinco
A concentração de zinco nas amostras varia de 0,01 a 0,25 mg/L. A Resolução CONAMA
nº 357/2005 estabelece o limite de 0,18 mg/L. Logo, somente a amostra B apresentou
concentração superior ao limite, 0,25 mg/L. As demais amostras estão de acordo com a
Resolução.
• Cobre
A Resolução CONAMA nº 357/2005 estabelece o limite de 0,009 mg/L de cobre
dissolvido, as amostras apresentaram concentrações variando de 0 a 0,43 mg/L. As análises
indicam que as amostras B, E, H, I e J estão com concentrações superiores.
• Níquel
O limite estabelecido para concentração de níquel pela Resolução CONAMA nº 357/2005
é de 0,025 mg/L e todas as amostras estão com valores abaixo do limite estabelecido.
• Chumbo
A concentração de chumbo estabelecido pela Resolução CONAMA nº 357/2005 é de 0,01
mg/L. As análises das amostras indicaram que todas apresentaram concentrações menores
que o limite estabelecido.
• Mercúrio Total
A concentração de mercúrio total estabelecido pela Resolução CONAMA nº 357/2005 é
de 0,0002 mg/L, e todas as amostras apresentaram concentrações abaixo do limite
estabelecido pela Resolução.

Todas as amostras apresentaram concentrações acima dos limites estabelecidos pela legislação em
pelo menos um parâmetro analisado. De acordo com as análises, nota-se que as águas da região de
estudo encontram-se alteradas por ações antrópicas.

As análises indicam que as amostras B, E e G apresentam valores muito acima do limite


estabelecido pela Resolução CONAMA nº 357/2005 da DBO. Considerando que este parâmetro
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pode ser utilizado para determinar o nível de poluição das águas, isso indica que as águas dessas
amostras estão com níveis elevados de poluição. As demais amostradas apresentaram valores
próximos a 5 mg/L.

A DQO é um dos indicadores integrais mais comuns da poluição antrópica nos corpos d’água. Em
todas as amostras foram encontrados valores muito elevados, indicando uma elevada poluição
causada por atividades antrópicas nas águas analisadas. De acordo com a resolução CONAMA nº
430/2011, os efluentes não poderão conferir ao corpo receptor características de qualidade em
desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu enquadramento.
Todos os corpos d’água analisados apresentaram pelo menos um parâmetro de qualidade da água
acima do limite estabelecido, sendo dificultado o uso destes como receptores de efluentes líquidos.

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Tabela 10-39 – Resultados das análises das amostras de águas superficiais na AID e ADA
Parâmetros
Sólidos Cor Escherichia
DQO Fósforo Nitrogênio Turbidez Óleos e Graxas
Ponto pH DBO Sedimentáveis Aparente coli Fenóis Totais
(mg/L) (mg/L) Total (NTU) (mg/L)
(mL/L) (uH) (UFC/100mL)
A 8,2 4,0 949,0 1,08 0,75 0,20 99,6 10,0 2,00 2,480 <0,15
B 6,16 1.436,0 1.590,0 4,20 173,95 19,0 1.576,0 409,0 6,00 AUSÊNCIA <0,15
C 7,83 5,0 1.193,0 0,40 2,06 0,10 276,0 15,0 7,34 AUSÊNCIA <0,15
D 8,04 5,0 1.091,0 1,99 3,00 3,34 302,0 27,0 3,34 1,360 <0,15
E 7,97 91,0 790,0 4,62 77,59 0,60 476,0 46,0 2,00 AUSÊNCIA <0,15
F 8,5 5,8 2.408,00 1,19 4,38 0,10 303,0 28,0 6,00 400 <0,15
G 7,93 97,0 808,00 4,32 48,82 0,10 512,0 63,0 6,00 AUSÊNCIA <0,15
H 7,85 5,0 675,00 0,80 1,72 0,30 267,0 26,0 3,34 2,480 <0,15
I 8,09 4,0 556,00 2,81 0,85 <0,10 108,0 11,0 2,00 560 <0,15
J 7,20 8,0 3.912,00 0,00 8,77 1,80 496,0 19,0 4,67 720 <0,15

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Tabela 10-40 –Resultado das análises das séries de metais nas águas superficiais na AID e ADA.
Ponto Metais
Ferro Total (mg/L) Zinco (mg/L) Cobre (mg/L) Níquel (mg/L) Chumbo (mg/L) Mercúrio Total (mg/L)
A 0,08 0,01 0,09 <0,010 <0,010 <0,00020
B 2,18 0,25 0,10 <0,010 <0,010 <0,00020
C 1,27 0,05 0,00 <0,010 <0,010 <0,00020
D 0,01 0,03 0,07 <0,010 <0,010 <0,00020
E 0,44 0,05 0,10 <0,010 <0,010 <0,00020
F 0,26 0,03 0,04 <0,010 <0,010 <0,00020
G 0,14 0,05 0,00 <0,010 <0,010 <0,00020
H 0,26 0,09 0,28 <0,010 <0,010 <0,00020
I 0,00 0,06 0,19 <0,010 <0,010 <0,00020
J 0,48 0,06 0,43 <0,010 <0,010 <0,00020

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10.1.8.9 Identificação e caracterização dos mananciais de abastecimento público


Nas áreas de influência e diretamente afetadas não possuem mananciais superficiais de
abastecimento público em operação ou projetado para utilização futura. As áreas de influência
direta e diretamente afetada não estão próximas com os principais reservatórios que abastecem
os Municípios que estão inseridos na região.
Os mananciais de abastecimento público identificado na Área de Interferência Indireta estão
descritos no quadro a seguir, com os seus respectivos municípios, microbacia hidrográfica e
a quantidade de habitantes atendida de acordo com o Atlas Águas (ANA, 2021).

Tabela 10-41 – Mananciais superficiais na AII


População
Microbacias
Mananciais de Abastecimento Município UF Atendida
Hidrográficas
(habitantes)
Barragem Prata / Barragem Serra do Jardim /
Agrestina PE Una 20.526
Rio Pirangi
Reservatório Ourives Água Preta PE Una 23.311
Barragem Comunati / Barragem Lamarão /
Águas Belas PE Ipojuca 29.908
Reservatório Ipojuca
Barragem Ipaneminha / Reservatório Ipojuca Alagoinha PE Ipojuca 8.774
Barragem Prata / Barragem Serra do Jardim /
Altinho PE Una 14.982
Rio Pirangi
Barragem Cajueiro / Barragem Inhumas /
Angelim PE Mundaú 7.873
Barragem Mundaú
Açude Riacho do Pau / Barragem Moxotó /
Arcoverde PE Ipojuca 68.978
Reservatório Ipojuca / Subterrâneo
Rio Carimã Barreiros PE Una 37.272
Açude Sueiras / Barragem Cajueiro /
Belém de Maria PE Una 9.503
Barragem São Jorge
Açude Eng. Severino Guerra (Bitury) /
Barragem Pedro Moura Júnior (Ipojuca) /
Belo Jardim PE Ipojuca 66.443
Barragem Tabocas (Eng. Gercino Pontes) /
Reservatório Ipojuca
Barragem Boa Vista (Sairé) / Barragem
Brejão / Barragem de Nível / Barragem
Bezerros PE Ipojuca 54.576
Jucazinho / Barragem Serro Azul /
Reservatório Ipojuca
Barragem Mulungu / Reservatório Ipojuca /
Buíque PE Ipojuca 28.017
Subterrâneo
Barragem Prata / Barragem Serra do Jardim /
Cachoeirinha PE Una 18.117
Rio Pirangi
Barragem Capoeiras / Barragem Gurjão Caetés PE Mundaú 10.714
Barragem Santa Rita Calçado PE Una 4.775
Barragem Garrote / Barragem Pau-Ferro Canhotinho PE Una 16.048
Barragem Capoeiras / Barragem Gurjão Capoeiras PE Una 8.604

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População
Microbacias
Mananciais de Abastecimento Município UF Atendida
Hidrográficas
(habitantes)
Barragem Jaime Nejaim / Barragem
Jucazinho / Barragem Prata / Barragem Serro Caruaru PE Ipojuca 333.414
Azul / Reservatório Ipojuca
Açude Bálsamo das Freitas / Açude Santa
Catende PE Una 33.661
Rita
Barragem Macacos / Barragem Siriquita /
Chã Grande PE Ipojuca 15.848
Barragem Vertentes
Barragem Correntes Correntes PE Mundaú 12.387
Barragem Cajueiro / Barragem São Jorge Cupira PE Una 22.557
Barragem Sapocagi / Riacho Pata Choca Escada PE Ipojuca 61.737
Barragem Cajueiro / Barragem Inhumas /
Garanhuns PE Mundaú 126.982
Barragem Mundaú
Barragem Brejinho / Barragem Clíper /
Barragem Serro Azul / Barragem Vertentes / Gravatá PE Ipojuca 79.017
Reservatório Ipojuca
Barragem Prata / Barragem Serra do Jardim /
Ibirajuba PE Una 4.024
Rio Pirangi
Barragem Bita / Barragem Três Passagens /
Ipojuca PE Ipojuca 77.554
Barragem Utinga
Açude Bálsamo das Freiras Jaqueira PE Una 8.430
Açude Jucati Jucati PE Una 3.594
Barragem Santa Rita Jupi PE Una 10.198
Barragem Jurema Jurema PE Una 10.113
Barragem Palha Lagoa do Ouro PE Mundaú 7.830

Barragem Cajueiro / Barragem São Jorge Lagoa dos Gatos PE Una 10.402

Barragem São Jacques Lajedo PE Una 30.138


Barragem Perseverança Maraial PE Una 8.729
Represa Imprensa / Riacho dos Cachorros Palmares PE 50.594
Barragem de Inhumas Palmeirina PE Mundaú 5.664
Barragem Cajueiro / Barragem Panelas /
Panelas PE Una 17.240
Barragem São Jorge
Barragem Afetos / Barragem Ipaneminha /
Barragem Pão de Açúcar / Barragem Pedra
Pesqueira PE Ipojuca 49.060
d´Água / Barragem Santana / Reservatório
Ipojuca
Barragem Duas Serras / Reservatório Ipojuca Poção PE Ipojuca 7.689
Barragem do Arrodeio / Barragem Jussara Primavera PE Ipojuca 10.595
Barragem Riacho Areias Quipapá PE Una 12.775
Açude Eng. Severino Guerra (Bitury) /
Barragem Pedro Moura Júnior (Ipojuca) /
São Bento do Una PE Ipojuca 32.127
Barragem Tabocas (Eng. Gercino Pontes) /
Reservatório Ipojuca

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População
Microbacias
Mananciais de Abastecimento Município UF Atendida
Hidrográficas
(habitantes)
Barragem Brejo do Buraco / Barragem Brejo
dos Coelhos / Barragem Taquara / São Caitano PE Ipojuca 30.871
Reservatório Ipojuca
São Joaquim do
Barragem Caianinha PE Una 16.457
Monte
São José da Coroa
Rio Persinunga PE Una 17.078
Grande
Açude Eng. Severino Guerra (Bitury) /
Barragem Pedro Moura Júnior (Ipojuca) /
Tacaimbó PE Ipojuca 8.287
Barragem Tabocas (Eng. Gercino Pontes) /
Reservatório Ipojuca
Barragem Humaitá Xexéu PE Una 10.662
Barragem Branca dos Tavares / Subterrâneo Branquinha AL Mundaú 7.785
Barragem Rio Trincheiras Campestre AL Mundaú 6.230
Barragem Canto Escuro / Barragem São Colônia
AL Mundaú 18.146
Pedro Leopoldina
Barragem Ibateguara Ibateguara AL Mundaú 10.936
Barragem Engenho Teles Jacuípe AL Mundaú 4.854
Barragem Aviação / Barragem Catolé /
Barragem Fabrica Carmem / Rio Pratagy / Maceió AL Mundaú 1.025.197
Subterrâneo
Açude no Riacho do Osório / Barragem do
Messias AL Mundaú 16.663
Souza / Subterrâneo
Açude Cachoeira / Açude da Bigodeira Murici AL Mundaú 25.563
Açude Gruta do Cachimbinho / Açude Jarbas
Rio Largo AL Mundaú 63.005
/ Barragem Mata do Rolo / Subterrâneo
Santa Luzia do
Riacho Caleanjo / Rio Fazenda / Subterrâneo AL Mundaú 6.773
Norte
Santana do
Barragem Caruru / Subterrâneo AL Mundaú 5.515
Mundaú

Rio Inhumas / Subterrâneo São José da Laje AL Mundaú 18.107

Riacho Xinxiu Satuba AL Mundaú 12.735


União dos
Rio Mundaú AL Mundaú 54.767
Palmares
Fonte: Agência Nacional de Águas (2021).

10.1.8.10 Qualidade de água dos mananciais de abastecimento público


A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) realiza o monitoramento da qualidade da
água em 238 mananciais de superfície no estado de Pernambuco, e os dados disponíveis no relatório
de 2021 estão no Quadro X, com a qualidade da água dos municípios que possuem reservatórios de
abastecimento público presente na AII.

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De acordo com os dados apresentados, observa-se que a água dos reservatórios apresenta uma boa
qualidade de forma geral, a presença de coliformes fecais e coliformes termotolerantes é muito baixa.
Os parâmetros cor e turbidez apresentam em alguns reservatórias uma quantidade maior de dados
fora dos padrões estabelecidos, como os reservatórios dos municípios de Águas Belas, Belém de
Maria, Calçado, Canhotinho, Capoeiras, Correntes, Cupira, Ipojuca, Jupi, Jurema, Lagoa do Ouro,
Lagoa dos Gatos, Lajedo, Palmerina e Panelas.

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Tabela 10-42 – Resultados das análises bacteriológicas e físico-químicas nas amostras coletadas na AII
Município Análise Bacteriológicas Análises físico-químicas
Cloro Residual
Coliformes Totais E. Coli Cor Turbidez
Livre
Amostras dentro Amostras fora dos Amostras dentro Amostras fora dos Amostras fora dos Amostras fora dos Amostras fora dos
dos padrões (%) padrões (%) dos padrões (%) padrões (%) padrões (%) padrões (%) padrões (%)
Agrestina 99,75 0,25 100,00 0,00 5,41 2,23 0,00
Águas Belas 100,00 0,00 100,00 0,00 20,83 23,40 0,00
Alagoinha 91,04 8,96 97,76 2,24 0,75 0,75 8,96
Altinho 99,73 0,27 100,00 0,00 8,08 4,36 0,00
Angelim 100,00 0,00 100,00 0,00 7,69 0,00 0,00
Arcoverde 99,15 0,85 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Barreiros 100,00 0,00 100,00 0,00 8,11 7,72 0,00
Belém de Maria 100,00 0,00 100,00 0,00 20,83 18,33 0,00
Belo Jardim 97,40 2,60 100,00 0,00 10,43 2,74 0,41
Bezerros 97,95 2,05 100,00 0,00 4,73 3,63 0,16
Buíque 99,30 0,70 100,00 0,00 6,69 0,00 0,00
Cachoeirinha 100,00 0,00 100,00 0,00 7,74 6,48 0,00
Caetés 98,23 1,77 100,00 0,00 15,04 7,08 0,00
Calçado 91,43 8,57 100,00 0,00 76,19 39,05 0,00
Canhotinho 99,62 0,38 100,00 0,00 70,23 40,08 0,00
Capoeiras 96,21 3,79 100,00 0,00 87,12 17,42 0,00
Caruaru 99,40 0,60 100,00 0,00 36,32 5,06 0,00
Chã Grande 98,93 1,07 99,64 0,36 8,54 11,03 0,00
Correntes 100,00 0,00 100,00 0,00 44,10 19,49 0,00
Cupira 100,00 0,00 100,00 0,00 24,84 39,52 0,00
Escada 97,80 2,20 100,00 0,00 4,92 5,08 0,17
Garanhuns 98,72 1,28 99,80 0,20 12,24 3,26 0,00
Gravatá 99,32 0,68 100,00 0,00 9,57 6,08 0,11
Ibirajuba 100,00 0,00 100,00 0,00 7,69 6,81 0,00
Ipojuca 93,33 6,67 100,00 0,00 55,76 34,55 0,00
Jucati 96,00 4,00 100,00 0,00 4,00 0,00 0,00
Jupi 98,10 1,90 100,00 0,00 68,57 22,86 0,00

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Município Análise Bacteriológicas Análises físico-químicas


Cloro Residual
Coliformes Totais E. Coli Cor Turbidez
Livre
Jurema 100,00 0,00 100,00 0,00 63,13 48,13 3,13
Lagoa do Ouro 98,47 1,53 100,00 0,00 45,80 23,66 0,00
Lagoa dos Gatos 100,00 0,00 100,00 0,00 34,55 59,55 0,00
Lajedo 97,81 2,19 99,27 0,73 44,04 5,84 8,35
Maraial 100,00 0,00 100,00 0,00 4,24 4,24 0,00
Palmeirina 100,00 0,00 100,00 0,00 88,57 54,29 0,00
Panelas 100,00 0,00 100,00 0,00 31,74 2,17 0,00
Pesqueira 98,69 1,31 100,00 0,00 15,11 8,77 0,93
Poção Coleta não realizada por intermitência do abastecimento ou colapso do manancial.
Primavera 100,00 0,00 100,00 0,00 13,43 14,93 0,00
Quipapá 98,76 1,24 100,00 0,00 22,41 14,94 0,00
São Bento do Una 87,63 12,37 98,74 1,26 15,91 6,31 18,43
São Caitano 98,96 1,04 100,00 0,00 14,61 10,14 0,00
São Joaquim do Monte 98,75 1,25 100,00 0,00 7,84 5,02 0,00
São José da Coroa
100,00 0,00 100,00 0,00 1,96 1,96 0,00
Grande
Tacaimbó 94,14 5,86 100,00 0,00 7,66 2,70 4,55
Fonte: Companhia Pernambucana de Saneamento (2021).

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10.1.9 RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS


Com o objetivo de caracterizar e identificar os recursos hídricos da região, bem como a qualidade de suas
águas, foi realizado em campo a coleta de água subterrânea em poços tubulares da região, que
posteriormente foram encaminhados para análises físico-químicas e biológicas. Utilizou-se a base de
dados hidrogeológica disponível no site do IBGE para a identificação dos aquíferos presentes na região,
bem como os dados de Geodiversidade de Pernambuco, da CPRM, para auxiliar a caracterização destes
aquíferos, além da base de dados de poços tubulares disponível no SIAGAS-CPRM.

Os aquíferos são reservatórios subterrâneos de água, e podem ser caracterizados de acordo com suas
propriedades intrínsecas (porosidade e permeabilidade), modo de ocorrência (extensão, espessura e
estrutura) e explotabilidade (GONÇALVES et al., 2007). A área de estudo é caracterizada pela presença
de aquíferos fraturados, o domínio hidrogeológico fraturado ocupa mais de 80% da área do Estado de
Pernambuco e é representado pelo sistema aquífero Cristalino, que apresenta baixa vocação
hidrogeológica, sendo caracterizado como heterogêneo, anisotrópico e descontínuo. Nas áreas de estudo
estão associados a rochas ígneas e metamórficas.

Devido à complexidade da geometria do aquífero Cristalino, o entendimento do comportamento do fluxo


da água é dificultado. Por apresentar estruturas geológicas rúpteis e dúcteis, pode gerar uma variação de
condutividade hidráulica que controla o fluxo subterrâneo, enfatizando a caracterização do sistema como
heterogêneo e anisotrópico.

A recarga em aquíferos fraturados pode ocorrer por meio da precipitação que infiltra nos solos e percorre
um fluxo lateral e no contato entre o solo e a rocha até encontrarem fraturas para infiltrar no aquífero
fraturado.

Nas áreas de influência indireta, direta e diretamente afetadas não possuem mananciais subterrâneos de
abastecimento público em operação ou projetado para utilização futura. A área de estudo não está
próxima com os principais reservatórios que abastecem os Municípios que estão inseridos na região.

10.1.9.1 Identificação dos usos das águas do aquífero local


Foram identificados 38 poços cadastrados no SIAGAS-CPRM dentro do limite da AID (Tabela 10-43),
sendo todos estes poços tubulares. Destes 38 poços, 8 estão no município de Jucati, 17 no município de
Jupi, 5 no município de Lajedo, 5 em São Caitano, 2 em São Caitano e 1 em Cachoeirinha.

Tabela 10-43 – Poços tubulares cadastrados no SIAGAS-CPRM dentro do limite da AID


Pontos Código_poços_siagas Localidade
1 2600005050 Fazenda Bonfim
2 2600008192 Ouricuri
3 2600008304 Rua zumiro guilherme
4 2600010236 Povoado neves
5 2600010300 P-9
6 2600010347 Fazenda bonfim
7 2600017520 Alto Santos
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Adequação da Capacidade BR-423/PE KM
18,20 ao 86,12 136

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Pontos Código_poços_siagas Localidade


8 2600017521 Sítio Jenipapo
9 2600017531 Sítio Serrinha
10 2600017545 Sítio Fama
11 2600017548 Sitio Serrinha
12 2600017549 Sitio Serrinha
13 2600017556 Alto dos Santos
14 2600017558 Rua Porf5rio de Melo
15 2600017569 Rua Miguel Pedro de Brito
16 2600017570 Rua Miguel Pedro de Brito
17 2600017571 Av. Tancredo Neves
18 2600017585 Sitio Rio da Chata
19 2600017589 Sitio Areias
20 2600017590 Sitio Areias
21 2600017591 Sitio Areias
22 2600017596 Sitio Rio da Chata
23 2600017597 Sítio Mulungu
24 2600017600 Maternidade - Rua Jos/ Calado Borba
25 2600017601 Rua do Campo, s/n
Mercado P3blico - Av. Tancredo Neves,
26 2600017603
s/n
27 2600017604 Rua Adelino Gomes Patriota, s/n
28 2600017605 Av. Tancredo Neves, s/n
29 2600018153 Olho D'1gua dos Pombos
30 2600018240 Povoado Olho D'dgua do Pombos
31 2600018241 Sitio CaldeirDo
32 2600018242 Sitio Olho D'Dgua dos Pombos
33 2600018243 Sitio Mulungu
34 2600020632 Fazenda Cana
35 2600020636 Sitio Ouricuri
36 2600020637 Sitio Ouricuri
37 2600021386 Sitio Olho D'dgua dos Pombos
38 2600040385 OURICURI IV

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10.1.9.2 Caracterização dos aquíferos

10.1.9.3 Aquíferos porosos


Estes aquíferos estão presentes apenas em uma pequena porção da AII, restritos às regiões costeiras. São
relacionado s as rochas de bacias sedimentares e coberturas aluvionares (Torres, 2014) e são classificados
em aquífero poroso B, C e D, de acordo com a vazão do aquífero.

O armazenamento da água nos aquíferos porosos está relacionado a porosidade primária, e apresentam
uma qualidade melhor da água, como também maior capacidade de armazenamento.

O aquífero poroso B, possui vazão entre 3 e 10 m³/h e está relacionado a rochas sedimentares de depósitos
litorâneos. Já o aquífero poroso C apresenta vazão entre 10 a 40 m³/h e está relacionado às rochas
sedimentares do Grupo Barreira, bem como, de depósitos fluvio-lagunares. O aquífero poroso D tem
vazão entre 40 e 100 m³/h, sendo o aquífero de maior vazão da AII, e está relacionado às rochas
sedimentares do Grupo Barreiras.

Não há a ocorrência de aquíferos porosos na ADA e na AID, devido a geologia presente nesta região.

10.1.9.4 Aquíferos fissurais

Os aquíferos fissurais correspondem quase a totalidade da AII (Mapa Hidrogeológico da AII– Tomo V
– Caderno de Mapas - CAP 10.1 MEIO FISICO subitem 10.1.8 Recursos hídricos subterrâneos), e são
compostos pelas rochas de embasamento cristalino, sendo classificados em aquífero fissural A e B, de
acordo com a vazão medida nestes aquíferos.

Estes aquíferos são caracterizados como heterogêneos, descontínuos e anisotrópicos. Apresentam menor
capacidade de infiltração e armazenagem de água (Torres, 2014), quando comparado aos aquíferos
porosos, devido ao armazenamento da água estar condicionado a existência de descontinuidades nas
rochas, como falhas, fissuras e fraturas, e a abertura dessas. A recarga destes aquíferos é realizada
diretamente pela infiltração e percolação de águas pluviais, bem como pelo fluxo subterrâneo da água, o
que afeta diretamente na vulnerabilidade destes aquíferos, sendo, portanto, de baixa vulnerabilidade.

O aquífero fissural A apresenta uma vazão menor que 3 m³/h, corresponde a maior parte da AII e a
totalidade da AID e da ADA (Mapa Hidrogeológico da AID – Mapa Hidrogeológico da AII– Tomo V –
Caderno de Mapas - CAP 10.1 MEIO FISICO subitem 10.1.8 Recursos hídricos subterrâneos). Este
aquífero está relacionado as rochas do Complexo Cabrobró, Complexo Belém do São Francisco e demais
unidades do embasamento cristalino que compõem a Província da Borborema.

O aquífero fissural B possui vazão entre 3 e 10 m³/h, correspondendo a uma menor parte da AII, estando
presente na parte leste dessa, e não se encontra na delimitação da ADA e AID. Se relaciona também as
rochas dos Complexos Cabrobró e Belém do São Francisco, bem como, as do Complexo Nicolau.
A fluxo subterrâneo do aquífero fissural, presente na ADA, é indicado pelo mapa potênciométrico, (Mapa
Potenciométrico - Mapa Hidrogeológico da AII– Tomo V – Caderno de Mapas - CAP 10.1 MEIO
FISICO subitem 10.1.8 Recursos hídricos subterrâneos), em que se evidencia a direção preferencial de
fluxo subterrâneo de oeste para leste e um fluxo vertical de norte para sul, na porção Sul da ADA, e de
sul para norte, na porção norte da ADA.
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10.1.9.5 Caracterização da Qualidade das águas subterrâneas


É de suma importância a realização da avaliação da qualidade de água subterrânea, visto a necessidade
do manejo dessas águas durante as fases de implantação do empreendimento. Foram coletadas para
análise 8 amostras de água subterrânea. As amostragens foram realizadas em poços tubulares, cuja
localização encontra-se na Tabela 10-44.

Tabela 10-44 – Localização dos pontos de coleta de água subterrânea e número dos poços no SIAGAS-CPRM.
Ponto Localização (UTM) Município Poço SIAGAS
A 781197 E/ 9025210 S Jucati 2600017545
B 782795 E/ 9031223 S Jucati 2600010236
C 784365 E/ 9035540 S Jupi 2600017570
D 788762 E/ 9040853 S Lajedo 2600017597
E 793767 E/ 9041746 S Lajedo 2600021386
F 804441 E/ 9060589 S Cachoeirinha 2600010300
G 810611 E/ 9071265 S São Caitano 2600010347

Os resultados das análise físico-químicas e microbiológicas estão apresentados na Tabela 10-45 e Tabela
10-46 e serão discutidos a seguir.

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Tabela 10-45 – Resultados das análises físico-químicas das amostras de água subterrânea na AID e ADA.
Ensaios Físico-químicos
Parâmetros
Condutividade Sólidos
Ponto Alumínio Cloretos Ferro Total Manganês Nitrato Sódio Turbidez
elétrica pH Dissolvidos
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (NTU)
(µS/cm) Totais (mg/L)
A 0,00 900,00 4.510,00 0,00 0,09 0,33 7,76 840,00 2.260,00 5,0
B 0,00 210,00 1.812,00 0,00 0,00 16,00 7,10 340,00 806,00 4,0
C 0,00 40,00 446,00 0,00 0,00 13,40 7,34 80,00 223,00 4,0
D 0,00 395,00 1.484,00 0,00 0,66 16,00 7,86 560,00 1.484,00 4,0
E 0,00 1.050,00 5.050,00 1,06 2,34 38,80 7,08 950,00 2.530,00 17,0
F 0,00 105,00 1.759,00 0,00 0,00 29,20 8,02 330,00 880,00 4,0
G 0,00 3.900,00 21.480,00 0,00 0,57 22,30 7,93 4.040,00 10.740,00 4,0

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Tabela 10-46 – Resultados das análises microbiológicas das amostras de água subterrânea na AID e ADA.
Ensaios Microbiológicos
Parâmetros
Ponto Escherichia coli (NMP/100 mL) Coliformes totais (NMP/100 mL)
A AUSÊNCIA AUSÊNCIA
B AUSÊNCIA AUSÊNCIA
C AUSÊNCIA AUSÊNCIA
D AUSÊNCIA AUSÊNCIA
E AUSÊNCIA AUSÊNCIA
F >8,00 >8,00
G AUSÊNCIA AUSÊNCIA

• Alumínio
Não foi detectado alumínio em nenhuma das amostras de água subterrânea coletada, de acordo com
a resolução Conama n° 396 de 2008, em que o limite de detecção para consumo humano é de 200
mg/L e o limite praticável (LQP) é de 50.
• Cloretos
As quantidades detectadas de cloreto nas amostras coletadas se encontram dentro do LQP para
Cloretos segundo a Resolução Conama n° 396 de 2008, exceto da amostra G, em que ultrapassa o
limite de 2000 mg/L.
• Condutividade elétrica
As amostras analisadas apresentam valores dentro da normalidade para a condutividade elétrica da
água, com exceção da amostra G, em que foi medido um valor alto, estando relacionado também ao
alto valor de Sólidos Dissolvidos Totais nessa amostra.
• Ferro total
Os valores de ferro detectados nas análises das amostras se encontram bem abaixo do limite para
ferro estabelecido pela Resolução Conama n° 396 de 2008, sendo detectado ferro apenas na amostra
E.
• Mangânes
Foi detectado mangânes nas amostras A, D, E e G, estando todas abaixo do limite de detecção
segundo a Resolução Conama n° 396 de 2008.
• Nitrato
As quantidades de nitrato medidas nas amostras analisadas estão dentro do limite aceito para
consumo, estabelecido pela Resolução Conama n° 396 de 2008.
• pH
Os valores de pH medido nas amostras variam de 7,1 a 8,02, e estão dentro do padrão da
normalidade, sendo consideradas águas de pH neutro a levemente alcalino.
• Sódio
Todas as amostras analisadas apresentam teores significativos de sódio, porém apenas a amostra G
não atende ao limite (LQP) de sódio determinado pela Resolução Conama n° 396 de 2008, que é de
1000 mg/L. Contudo, esta amostra se enquadra nos limites estabelecidos por essa resolução no que
diz respeito ao consumo humano e recreação, que são de 200.000 e 300.000 mg/L, respectivamente.
• Sólidos Dissolvidos Totais (SDT)

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As amostras A, E e G apresentam os valores de SDT acima do limite (LQP) estabelecido pela


Resolução Conama n° 396 de 2008, que é de 2000 mg/L. Contudo, de acordo com o limite para
consumo humano estabelecido por essa resolução, que é de 1.000.000 mg/L, todas as amostras estão
dentro desse limite.
• Turbidez
De acordo com a Portaria GM 888/2021, os valores de turbidez devem ser no máximo de 5 NTU.
Sendo assim, todas as amostras estão dentro desse valor limite, com exceção da amostra E, que está
bem acima do valor máximo permitido para turbidez.
• Escherichia coli
De acordo com a Resolução Conama n° 396 de 2008, a amostra E não se enquadra nos limites
permitidos, estando os valores acima do máximo estabelecido pela resolução. Não foi detectado
valores de E.coli nas demais amostras, se enquadrando nos limites estabelecidos e estando de acordo
com a Portaria GM 888/2021.
• Coliformes Totais
Com base na Portaria GM 888/2021, a amostra E apresenta medições de coliformes totais, estando
acima do valor permitido. As demais amostras não apresentam resultados na análise para coliformes
totais, estando essas de acordo com o limite estabelecido pela portaria.

A partir das análises realizadas nas 8 amostras de água subterrânea coletada, é observado que apenas
as amostras B e C atende a todos os parâmetros previstos na resolução Conama n° 396 de 2008 e na
Portaria GM 888/2021. As demais amostras apresentam inadequação em pelo menos dois
parâmetros, estando em discordância com os limites estabelecidos pelas resoluções acima.

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Adequação de Capacidade Viária da Rodo-


via BR-423, trecho: do km 18,20 – entron-
camento BR-232 (São Caetano) ao km
86,12, com extensão total de 67,92 km

PROCESSO CPRH SEI no


0031000013.003417/2021-32

Elaboração:

RECIFE - PE
ABRIL DE 2023
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TOMO II

Capítulo 10

Subcapítulo 10.2 – Diagnóstico do Meio Biótico

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SUMÁRIO

10.2 MEIO BIÓTICO .......................................................................................................................... 1


10.2.1 FLORA .................................................................................................................................. 1
10.2.1.1 CARACTERIZAÇÃO DE VEGETAÇÃO ................................................................. 2
10.2.1.1.1 Biomas ..................................................................................................................... 2
10.2.1.2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 5
10.2.1.2.1 Caracterização da área.............................................................................................. 5
10.2.1.3 RESULTADOS ........................................................................................................... 9
10.2.1.3.1 Caracterização da área.............................................................................................. 9
10.2.1.3.2 Uso e Ocupação do solo .......................................... Erro! Indicador não definido.
10.2.1.3.3 Caracterização da área amostrada ........................................................................... 13
10.2.1.3.4 Caracterização de APPs ......................................................................................... 15
10.2.1.3.5 Composição florística ............................................................................................ 22
10.2.1.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 43
10.2.2 FAUNA ............................................................................................................................... 45
10.2.2.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................. 46
10.2.2.1.1 Dados Climáticos da Região .................................................................................. 46
10.2.2.2 CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA NA AII ............................................................ 48
10.2.2.2.1 Metodologia ........................................................................................................... 48
10.2.2.2.2 Mastofauna Terrestre ............................................................................................. 48
10.2.2.2.3 Quiropterofauna ..................................................................................................... 51
10.2.2.2.4 Avifauna ................................................................................................................. 53
10.2.2.2.5 Herpetofauna .......................................................................................................... 56
10.2.2.2.6 Ictiofauna ............................................................................................................... 58
10.2.2.2.7 Malacofauna ........................................................................................................... 59
10.2.2.3 CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA NA AID E ADA ............................................. 60
10.2.2.3.1 Fauna Terrestre ...................................................................................................... 60
10.2.2.3.2 Mastofauna terrestre (mamíferos de pequeno, médio e grande porte) ................... 68
10.2.2.3.3 Quiropterofauna (morcegos) .................................................................................. 84
10.2.2.3.4 Avifauna (aves) ...................................................................................................... 95
10.2.2.3.5 Herpetofauna (répteis e anfíbios) ......................................................................... 116
10.2.2.3.6 Fauna Aquática .................................................................................................... 137
10.2.2.3.7 Ictiofauna (peixes) ............................................................................................... 143
10.2.2.3.8 Malacofauna (moluscos) ...................................................................................... 161
10.2.3 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (UCS ....................................................................... 169
10.2.4 ÁREAS PRIORITARIAS PARA CONSERVAÇÃO DA BIOVERSIDADE.................. 171

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LISTA DE FIGURAS
Figura 10.2.1-1 - A: Área fragmento de vegetação (24L E 781002, N 9024748), B: Área fragmento de vegetação (24L N
781067, E 9024810) ..................................................................................................................................................................... 9
Figura 10.2.1-2 - C: Área de cultura próximo ao rio Zaguarda (24L E 787652, N 9031990), D: Área preparo de solo para
cultura (24L N 781731, E 9026334). ......................................................................................................................................... 10
Figura 10.2.1-3 - Local de cultura agrícola implantada (24L E 783012 N 9029535 ................................................................. 10
Figura 10.2.1-4 – E: Área com vegetação natural, F: Vegetação natural com árbustos isolados. ............................................. 11
Figura 10.2.1-5 – Área de vegetação natural (24L E 804133 N 9061177) ................................................................................ 11
Figura 10.2.1-6 – G: Área de solo exposto ocasionado por passagem de fogo, H: Área de solo exposto ................................ 12
Figura 10.2.1-7 – Área de solo exposto acumulo de resíduo e trilhas (24L E 784696 N 9037807) ........................................ 12
Figura 10.2.1-8 – I: Influência Urbana , J Influencia Urbana e vias de acesso ......................................................................... 13
Figura 10.2.1-9 – Área de Influência Urbana (24L E 804847 N 9060595) ............................................................................... 13
Figura 10.2.1-10 – Ponte sobre o Rio Canhoto (24L E 781881 N 9026552) ........................................................................... 17
Figura 10.2.1-11 – Rio Canhoto (24L E 781846 N 9026552) .................................................................................................. 17
Figura 10.2.1-12 – Ponte sobre o Rio Chatá (24L E 784601 N 9026552 ................................................................................ 18
Figura 10.2.1-13 – Rio Chatá (24L E 784601 N 9026552) ...................................................................................................... 18
Figura 10.2.1-14 – Ponte sobre o Rio Quatis (24L E 800016 N 9053248). .............................................................................. 19
Figura 10.2.1-15 – Rio Quatis (24L E 800022 N 9053246). ..................................................................................................... 19
Figura 10.2.1-16 – – Rio Una (24L E 804867 N 9060628) ....................................................................................................... 20
Figura 10.2.1-17 – – Ponte sobre o Rio Uma (24L E 804884 N 9060596) ............................................................................... 20
Figura 10.2.1-18 – Ponte sobre Rio Zaguarda (24L E 782629 N 9031984) .............................................................................. 21
Figura 10.2.1-19 -Vegetação em torno do Rio Zaguarda (24L E 782652 N 9031989) ............................................................. 21
Figura 10.2.1-20 -– Famílias com relação quantidade de espécies distintas amostrados no levatamento de flora do trecho da
BR-423/PE ................................................................................................................................................................................. 22
Figura 10.2.1-21 – Famílias botânicas com relação a quantidade de indivíduos em porcentagem encontradas levantamento de
florístico do trecho da BR-423/PE. ............................................................................................................................................ 23
Figura 10.2.1-22 – Gêneros com maiores registros em relação quantidade de espécies distintas amostrados no levantamento
de florístico do trecho da BR-423/PE. ....................................................................................................................................... 25
Figura 10.2.1-23 – Espécies com maiores registros com suas respectivas quantidades apresentados no levantamento floristico
do trecho da BR-423/PE ............................................................................................................................................................ 28
Figura 10.2.1-24 – Porcentagem de espécies nativas e exóticas identifiicadas no levantamento floristico do trecho da BR-
423/PE........................................................................................................................................................................................ 30
Figura 10.2.1-25 – Hábitos com suas respectivas quantidades encontrados no levantamento florístico do trecho da BR-
423/PE........................................................................................................................................................................................ 35
Figura 10.2.2-1- Comparativo entre os dados climatológicos para Caruaru e Garanhuns. ........................................................ 47
Figura 10.2.2-2 - Dados climáticos históricos (1991 – 2021) para os municípios de (A) Caruaru e (B) Garanhuns, no estado
do Pernambuco, utilizados como referência para avaliação dos padrões climáticos da área de estudo. A linha vermelha no
gráfico indica a média da temperatura (eixo y, esquerda) e a s barras azuis indicam a precipitação acumulada (eixo y, direita)
para cada mês de referência (eixo x) (CLIMATE-DATA.ORG, 2022a, b). .............................................................................. 48
Figura 10.2.2-3 - Distribuição das Unidades Amostrais para o Levantamento da Fauna de Vertebrados Terrestres. ............... 61

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Figura 10.2.2-4 - Unidade Amostral – UA 01............................................................................................................................ 62


Figura 10.2.2-5 - Unidade Amostral – UA 02............................................................................................................................ 63
Figura 10.2.2-6. Unidade Amostral – UA 03. ............................................................................................................................ 64
Figura 10.2.2-7 - Unidade Amostral – UA 04............................................................................................................................ 65
Figura 10.2.2-8 - Unidade Amostral – UA 05............................................................................................................................ 66
Figura 10.2.2-9 - Unidade Amostral – UA 06............................................................................................................................ 67
Figura 10.2.2-10 - Armadilhas de contenção viva (“live-traps”) do tipo Sherman (A = chão, B = subbosque) e Tomahawk (C)
nas Unidades Amostrais da área de estudo. ............................................................................................................................... 68
Figura 10.2.2-11 - Procedimento de soltura de um indivíduo de Wiedomys pyrrhorhinos na Unidade Amostral 01 (UA1), sob
influência do trecho da BR-434 entre os municípios de São-Caitano-PE e Garanhuns-PE. ...................................................... 69
Figura 10.2.2-12 - Foto (A – Unidade Amostral 04) e esquema das Armadilhas de interceptação e queda – AIQs ("pitfalls"),
instaladas utilizando quatro (04) baldes de 60 L em forma de “Y”, com lona plástica servindo de cerca guia. ........................ 70
Figura 10.2.2-13 - Armadilha fotográfica (câmera-trap) instalada na Unidade Amostral 06 (UA6) da área de estudo. ............ 71
Figura 10.2.2-14 - Armadilha de pegada (caixa de areia) instalada na Unidade Amostral 01 (UA1) da área de estudo. .......... 71
Figura 10.2.2-15 - Monitoramento de atropelamentos no trecho da BR-434 entre os municípios de São Caitano-PE e
Garanhuns-PE, com a utilização de veículo a uma velocidade média de 60 km/h. ................................................................... 72
Figura 10.2.2-16 - Representação dos (A) estimadores de riqueza, e extrapolações da riqueza de acordo com (B) o número de
indivíduos capturados e (C) o esforço amostral, calculado em dias/Unidade Amostral. ........................................................... 76
Figura 10.2.2-17. Mamífero mais comumente encontrado durante o presente estudo, Didelphis albiventris é um marsupial de
hábitos generalistas e tolerante a certos níveis de pressões antrópicas. ..................................................................................... 76
Figura 10.2.2-18. Cerdocyon thous, espécie com o segundo maior número de ocorrências na área de estudo, considerada
generalista e capaz de habitar paisagens modificadas pela ação antrópica. ............................................................................... 77
Figura 10.2.2-19. Monodelphis domestica, marsupial que habita uma ampla variedade de ambientes encontrado em
abundância na Unidade Amostral 04 (UA4). ............................................................................................................................. 78
Figura 10.2.2-20. Atropelamentos de mamíferos no trecho da BR-434 entre os municípios de São Caitano-PE e Garanhuns-
PE, registrados entre os dias 21 e 27/01/2023. (A) Herpailurus yagouaroundi, (B) Galictis vittata, (C) Cerdocyon thous e (D)
Didelphis albiventris. ................................................................................................................................................................. 80
Figura 10.2.2-21 - Sítios de amostragem da quiropterofauna para o EIA/Rima da BR 423, Pernambuco. ............................... 85
Figura 10.2.2-22 - Abrigos diurnos vistoriados durante a amostragem da quiropterofauna da primeira campanha do
EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco. ........................................................................................................................................ 88
Figura 10.2.2-23 - Curva do coletor elaborada para avaliar a eficiência amostral da amostragem da quiropterofauna presentes
na área de influência da BR 423, Pernambuco. .......................................................................................................................... 90
Figura 10.2.2-24 - Morcego Sturnira lilium capturado com rede de neblina na UA3, BR 423, Pernambuco. .......................... 91
Figura 10.2.2-25 - Guildas tróficas registradas durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco. ................... 92
Figura 10.2.2-26 - Similaridade entre as unidades amostrais durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco.
................................................................................................................................................................................................... 92
Figura 10.2.2-27 - Índice de atividade relativa - IAR por família das espécies de morcegos registradas através do método
acústico durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco. ............................................................................... 93
Figura 10.2.2-28 - Índice de atividade relativa - IAR por unidade amostral das espécies de morcegos registradas através do
método acústico durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco. .................................................................. 94
Figura 10.2.2-29 - Localização das unidades amostrais (UAs) onde foram realizadas a coleta de dados da ornitofauna a partir
de três diferentes metodologias, censos acústicos (Listas de MacKinnon) em transectos lineares de 1 km, três pontos de escuta

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de 10 min de duração cada e séries de oito redes de neblina. As UAs foram localizadas nos municípios de Cachoeirinha,
Jucati, Jupi, São Caetano e São João, no estado de Pernambuco. .............................................................................................. 96
Figura 10.2.2-30 – Papa-mosca-do-sertão (Stigmatura napensis bahiae) capturado na rede de neblina durante o levantamento
da avifauna da BR-423, entre os municípios de São Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil. ................................ 97
Figura 10.2.2-31 – Elaboração das Listas de MacKinnon em ponto de escuta da UA6, realizado durante o levantamento da
avifauna da BR-423, entre os municípios de São Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil...................................... 98
Figura 10.2.2-32 – Captura acidental de bacurau (Nyctidromus albicollis) durante o levantamento da quiropterofauna da BR-
423, entre os municípios de São Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil. .............................................................. 98
Figura 10.2.2-33 - Registros fotográficos das espécies de aves capturadas nas redes de neblina. ........................................... 102
Figura 10.2.2-34 - Curva de rarefação para riqueza de espécies de aves observada e para os estimadores de riqueza potencial
Chao 2 e Jackknife 2 através de três métodos de coleta padronizados, censos acústicos por transectos (Listas de MacKinnon),
censos acústicos por pontos de escuta e capturas com séries de oito redes de neblina, realizados em seis Unidades Amostrais
(UAs) ao longo da área adjacente a BR-423 entre os municípios de São Caetano e São João, no estado de Pernambuco. ..... 104
Figura 10.2.2-35 - Riqueza de espécies de aves total, por método de amostragem e por unidade amostral (UA) obtida durante
o levantamento de fauna adjacente a BR-423, entre os municípios de São Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil.
................................................................................................................................................................................................. 106
Figura 10.2.2-36 - Abundância de espécies de aves total, por método de amostragem e por unidade amostral (UA) obtida
durante o levantamento de fauna adjacente a BR-423, entre os municípios de São Caetano e São João, estado de Pernambuco,
Brasil. ....................................................................................................................................................................................... 107
Figura 10.2.2-37 - Índices de diversidade de Shannon-Weaver, de dominância de Simpson e o índice de equitabilidade de
Pielou para as 6 unidades amostrais avaliadas no levantamento de avifauna da BR-423, entre os municípios de São Caetano e
São João, estado de Pernambuco, Brasil. ................................................................................................................................. 108
Figura 10.2.2-38 - Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS) a partir dos dados de composição das espécies de
aves para os pontos e transectos realizados durante o levantamento da avifauna da BR-423, entre os municípios de São
Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil. ................................................................................................................ 109
Figura 10.2.2-39 - Pontos de localização das regiões visitadas para o diagnóstico, nas áreas de duplicação da BR 423 entre os
sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. ............ 117
Figura 10.2.2-40 - Sítios reprodutivos monitorados das regiões visitadas para o diagnóstico, nas áreas de duplicação da BR
423 entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de
Pernambuco. ............................................................................................................................................................................ 120
Figura 10.2.2-41 - Áreas utilizadas para transectos, pifalls e busca ativa e auditiva para herpetofauna nas áreas de duplicação
da BR 423 entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de
Pernambuco. ............................................................................................................................................................................ 122
Figura 10.2.2-42 - Métodos de coleta para herpetofauna adotados durante o diagnóstico nas áreas de duplicação da BR 423
entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco.
................................................................................................................................................................................................. 124
Figura 10.2.2-43 - Espécies de anfíbios anuros encontradas nas áreas de duplicação da BR 423 entre os sete municípios (São
Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. A - Rhinella diptycha; B -
Rhinella granulosa; C - Boana crepitans; D - Dendropsophus branneri; E - Dendropsophus oliveirai; F - Scinax x-signatus;
G - Leptodactylus macrosternum; H - Leptodactylus troglodytes............................................................................................ 130
Figura 10.2.2-44 - Continuação: Espécies de anfíbios anuros encontradas nas áreas de duplicação da BR 423 entre os sete
municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. I -
Leptodactylus vastus; J - Physalaemus albifrons; K - Physalaemus cuvieri; L - Pleurodema diplolister; M - Proceratophrys
cristiceps; N - Pithecopus gonzagai......................................................................................................................................... 131
Figura 10.2.2-45 - Número de registros por espécies de anfíbios nas áreas de duplicação da BR 423 entre os sete municípios
(São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. ...................................... 132

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Figura 10.2.2-46 - Espécies de répteis encontrados nas áreas de duplicação da BR 423 entre os sete municípios (São Caetano,
Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. A - Kinosternon scorpioides; B -
Lygodactylus klugei; C - Iguana iguana; D - Gymnodactylus geckoides; E - Phyllopezus pollicaris; F - Polychrus
acutirostris; G - Ameivula ocellifera; H - Tropidurus hispidus; I - Amphisbaena vermicularis; J - Philodryas olfersii. ........ 134
Figura 10.2.2-47 - Número de registros por espécies de répteis nas áreas de duplicação da BR 423 entre os sete municípios
(São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. ...................................... 135
Figura 10.2.2-48 - Sítios de Amostragem (ictiofauna e malacofauna) nos Ecossistemas Aquáticos, distribuídos ao longo do
trecho de adequação da capacidade viária da BR-423/PE........................................................................................................ 138
Figura 10.2.2-49 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “A”. ....................................... 138
Figura 10.2.2-50 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “B”. ........................................ 139
Figura 10.2.2-51 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “C”. ........................................ 140
Figura 10.2.2-52 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “D”. ....................................... 140
Figura 10.2.2-53 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “E”. ........................................ 141
Figura 10.2.2-54 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “F”. ........................................ 141
Figura 10.2.2-55 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “G”. ....................................... 142
Figura 10.2.2-56 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “H”. ....................................... 142
Figura 10.2.2-57 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “I”. ......................................... 143
Figura 10.2.2-58 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “J”. ......................................... 143
Figura 10.2.2-59 - Redes de emalhar dispostas em sequência no ambiente de coleta. ............................................................ 144
Figura 10.2.2-60 - Uso da rede de arrasto durante coleta de peixes. ........................................................................................ 144
Figura 10.2.2-61 - Uso de tarrafa durante coleta de peixes. ..................................................................................................... 145
Figura 10.2.2-62 - Uso do puçá para coleta de pequenos peixes. ............................................................................................ 145
Figura 10.2.2-63 - Uso do peneirão para coleta de pequenos peixes. ...................................................................................... 146
Figura 10.2.2-64 - Esquerda: Oreochromis niloticus (tilápia) e Astyanax bimaculatus (piaba) pescados pelos pescadores locais
usando varinha e anzol. Direita: Rhamdia quelen (jundiá) capturada durante estudo. ............................................................. 148
Figura 10.2.2-65 - Esquerda: Oreochromis niloticus (tilápia). Direita: Hoplias malabaricus (traíra). .................................... 148
Figura 10.2.2-66 - Esquerda: Astyanax bimaculatus (piaba). Direita: Parachromis managuensis (Pintado). ......................... 148
Figura 10.2.2-67 - Esquerda: Macho de Poecilia vivipara (candunda) no canto superior e macho de Poecilia reticulata
(guppy) no canto inferior. ........................................................................................................................................................ 149
Figura 10.2.2-68 - Esquerda: Hoplias malabaricus (traíra). Direita: Paratocinclus prata (cascudo). ..................................... 150
Figura 10.2.2-69 - Esquerda: Callichthys callichthys (Caboje). Direita: Astyanax bimaculatus (piaba). ................................ 150
Figura 10.2.2-70 - Esquerda: Astyanax bimaculatus (piaba) no canto superior e Hoplias malabaricus (traíra) no canto inferior.
Direita: Clarias gariepinus (bagre africano). ........................................................................................................................... 150
Figura 10.2.2-71 - Esquerda: Parachromis managuensis (pintado). Direita: Oreochromis niloticus (tilápia). ....................... 151
Figura 10.2.2-72 - Esquerda: tentativa de captura com puçá. Direita: Tentativa de captura com peneirão. ............................ 152
Figura 10.2.2-73 - Esquerda: Oreochromis niloticus (tilápia) e Parachromis managuensis (pintado). Direita: Astyanax
bimaculatus (piaba). ................................................................................................................................................................. 152
Figura 10.2.2-74 - Esquerda: Clarias gariepinus (bagre africano). Direita: Poecilia reticulata (guppy). ............................... 153
Figura 10.2.2-75 - Esquerda: tentativa de captura com puçá. Direita: Tentativa de captura com peneirão. ............................ 153
Figura 10.2.2-76 - Esquerda: Oreochromis niloticus (tilápia). Direita: Astyanax bimaculatus (piaba). .................................. 154
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Figura 10.2.2-77 - Esquerda: Poecilia vivipara (candunda). Direita: registro de captura de diversos Poecilia vivípara e P.
reticulata. ................................................................................................................................................................................. 154
Figura 10.2.2-78 - Esquerda: tentativa de captura usando tarrafa. Direita: tentativa de captura usando peneirão. .................. 155
Figura 10.2.2-79 - Esquerda: Geophagus brasiliensis (Cará). Direita: Psalidodon fasciatus (Piaba). .................................... 156
Figura 10.2.2-80 - Esquerda: Juvenil de Hoplias malabaricus (traíra). Direita: Astyanax bimaculatus (piaba) no canto superior
e Oreochromis niloticus (tilápia) no canto inferior. ................................................................................................................. 156
Figura 10.2.2-81 - Esquerda: indivíduos de Poecilia vivipara (candunda) e Poecilia reticulata (guppy). Direita: Oreochromis
niloticus (tilápia). ..................................................................................................................................................................... 156
Figura 10.2.2-82 - Curva de acúmulo de espécies (rarefação) em função do esforço amostral, medido em número de Sítios de
Amostragem. ............................................................................................................................................................................ 158
Figura 10.2.2-83 - Valores dos índices de diversidade por Sítio de Amostragem. .................................................................. 159
Figura 10.2.2-84 - Coeficientes de regressão do Modelo Linear Generalizado (GLM) para identificação variáveis ex-
plicativas da diversidade e riqueza de espécies da ictiofauna. Os círculos de cor cinza e com barras de intervalo de confiança
tocando o eixo zero, representam que não há influência significativa das variáveis testadas. A cor azul, indicaria influência
positiva, e a cor vermelha indicaria influência negativa, em ambos os casos, a barra do intervalo de confiança não tocaria o
eixo zero. .................................................................................................................................................................................. 160
Figura 10.2.2-85 - Utilização de kick-net para captura de moluscos na margem do rio. ......................................................... 162
Figura 10.2.2-86 - Busca ativa por moluscos terrestres em meio a vegetação às margens de um córrego. ............................. 162
Figura 10.2.2-87 - Espécies registradas durante o estudo. Gastrópodes aquáticos: A, Stenophysa sp.; B, Biomphalaria
schrammi; C, Drepanotrema cimex; D, Helisoma duryi; E, Pomacea lineata; F, Gundlachia ticaga; G, Melanoides
tuberculata. Gastrópodes terrestres: H, Cyclodontina inflata; I, Bulimulus tenuissimus; J, Omalonyx sp.; K, Lesma não
identificada............................................................................................................................................................................... 165
Figura 10.2.2-88 - Curva de rarefação em função do número de indivíduos amostrados. O sombreamento indica o intervalo de
confiança dos resultados. O ponto indica a riqueza de moluscos encontrada com o esforço feito. A linha pontilhada remete a
possibilidade de encontrar novas espécies caso sejam coletados mais indivíduos. .................................................................. 167

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LISTA DE TABELAS
Tabela 10.2.1-1– Unidades de Conservação identificadas próximas a área do estudo com respectivos nomes, Categoria,
Municípios, Administração, Ano de criação, Ato de Criação, Distância UC da ADA (km), UC área total (ha), ZA área total
(ha), % UC no raio de 10km. UC: Uni ........................................................................................ Erro! Indicador não definido.
Tabela 10.2.1-1– Classe de uso e ocupação do solo da Área Diretamente Afetada (ADA) com sua área em hectares (ha), em
quilômetros quadrados (km2) e em porcentagem (%) ................................................................................................................. 9
Tabela 10.2.1-2 - – Parcelas alocadas nas diferentes fitofisionomias com suas respectivas coordenadas UTM e
geográficas,altitude, município e o estágio de sucessão das fitofisionomias. V = Vegetação. .................................................. 14
Tabela 10.2.1-3 - – Listagem de familias botanicas suas respectivas quantidade de especies e individuos encontradas no
levantamento floristico trecho da BR-423/PE............................................................................................................................ 23
Tabela 10.2.1-4 - – Listagem de gêneros encontrados no levantamento floristico e sua respectivas quantidades de espécies e
indivíduos do trecho da BR-423/PE........................................................................................................................................... 26
Tabela 10.2.1-5 - 6 Lista de composição florística das espécies encontradas nos dados primários coletados em campo na
rodovia BR-423/PE. Espécies distribuídas por famílias botânicas e seus respectivos Status de Conservação, origem,
endemismo e fitofisionomia de ocorrên ..................................................................................................................................... 31
Tabela 10.2.1-5 - Lista de composição florística das espécies encontradas nos dados primários coletados em campo na
rodovia BR-423/PE. Espécies distribuídas por família botânicas e seus respectivos nomes populares, hábito e substrato de
ocorrência Indet.: Indeterminado. .............................................................................................................................................. 36
Tabela 10.2.1-6 - - Parâmetros de diversidade do levantamento fitossociológico do trecho BR-423/PE. DeA: Densidade
Absoluta, DeR: Densidade Relativa, FrA: Frequência Absoluta, FrR: Frequência Relativa, N: Número de Indivíduos. ......... 40
Tabela 10.2.1-7– Parâmetros de diversidade do levantamento fitossociológico e seus respectivos valores trecho da BR/423-
PE............................................................................................................................................................................................... 43
Tabela 10.2.2-1 - Lista de referência para as espécies da mastofauna não-voadora (pequenos, médios e grandes mamíferos) a
com possibilidade de registro na AII da BR-423/PE. ................................................................................................................ 50
Tabela 10.2.2-2 - Compilação dos morcegos com ocorrência para a AII da BR-423, Pernambuco. 1- Sousa et al. (2004); 2-
Guerra (2007); 3 - Oliveira et al. (2003); e 4 - EIA BR-423 (2017). ......................................................................................... 52
Tabela 10.2.2-3 - Lista de referência para avifauna com possibilidade de registro na AII da BR-423/PE. ............................... 54
Tabela 10.2.2-4 - Lista de referência para herpetofauna para AII da obra de adequação da capacidade viária da BR-423/PE. 57
Tabela 10.2.2-5 - Lista qualitativa de espécies da Ictiofauna registradas através de dados secundários para a AII da BR-423.
................................................................................................................................................................................................... 58
Tabela 10.2.2-6 - Unidades Amostrais (UAs) onde foram foi realizado o levantamento de vertebrados terrestres (mastofauna,
avifauna e herpetofauna). Bioma: CA = Caatinga, MA = Mata Atlântica. Sistema de coordenadas: WGS 84 / UTM zone 24S
(EPSG: 32724). .......................................................................................................................................................................... 61
Tabela 10.2.2-7 - Lista de espécies de mamíferos terrestres não-voadores identificados na área de influência do trecho da BR-
434 entre os municípios de São Caitano e Garanhuns, Pernambuco, Brasil. ............................................................................. 74
Tabela 10.2.2-8 - Dados de abundância, riqueza e diversidade para cada uma das Unidades Amostrais distribuídas ao longo
da área de influência do trecho da BR-434 entre os municípios de São Caitano-PE e Garanhuns-PE. ..................................... 75
Tabela 10.2.2-9 - Índice de Jaccard para comparação das assembleias de mamíferos terrestres não-voadores entre as Unidades
Amostrais distribuídas ao longo da área de influência do trecho da BR-434 entre os municípios de São Caitano-PE e
Garanhuns-PE. ........................................................................................................................................................................... 79
Tabela 10.2.2-10 - Presença e ausência de mamíferos nas Unidades Amostrais localizadas no trecho da BR-434, entre os
municípios de São Caitano-PE e Garanhuns-PE. ....................................................................................................................... 79
Tabela 10.2.2-11 - Localização dos Sítios de amostragem da quiropterofauna durante a primeira campanha do EIA/RIMA da
BR 423, Pernambuco. ................................................................................................................................................................ 85

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Tabela 10.2.2-12 - Lista das espécies de morcegos registradas durante a primeira campanha do EIA/RIMA da BR 423,
Pernambuco. IUCN – (LC): “Menor preocupação”. .................................................................................................................. 91
Tabela 10.2.2-13 - Espécies de morcegos por unidade amostral registrados através de capturas com redes de neblina e
acústica durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco. ................................................................................ 93
Tabela 10.2.2-14 - Lista das aves anilhadas por Unidade Amostral. Anilhas fornecidas pelo CEMAVE/ICMBio................ 103
Tabela 10.2.2-15 - Número de espécies registradas durante o levantamento da avifauna na área adjacente à BR-423, entre os
municípios de São Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil, categorizadas quanto ao uso de habitat e adaptação a
distúrbios antrópicos, seguindo Araújo & Silva (2018). .......................................................................................................... 105
Tabela 10.2.2-16 - Lista completa de espécies de aves registradas durante a campanha inicial de levantamento de avifauna nas
seis unidades amostrais para os três métodos padronizados de amostragem (censos acústicos por transecto, censos acústicos
por pontos de escuta e redes de neblina) para assembleia de aves da BR-423, entre os municípios de São Caetano e São João-
PE, Espécies, Nome em portugês, Status, Família, Uso de habitat, Adaptação à distúrbios, Pontos de escuta (Nº de
Indivíduos), Listas de MacKinnon (Nº de Contatos), Redes de Neblina (Nº de Indivíduos), Observações Oportunistas (Nº de
Indivíduos), Grau de Ameaça Nacional (ICMBio) e Grau de Ameaça Internacional (IUCN). Legenda: Status: “R” Espécie
residente, “VN” Espécie visitante do Norte; Uso do habitat: (1) espécies de vegetação aberta, encontradas apenas em habitats
abertos (rios, lagos, caatingas, campos e campos rupestres); (2) espécies generalistas, flexíveis o suficiente para usarem tanto
habitats abertos quanto ecossistemas florestais, às vezes vivendo na interface desses dois principais grupos de ecossistemas;
(3) espécies florestais encontradas em caatingas arbóreas e em todas as florestas da região (secas ou úmidas). Adaptação a
distúrbios: (A) alta capacidade - espécies encontradas em ecossistemas antropogênicos, independentemente da proximidade
com ecossistemas naturais; (M) capacidade média - espécies encontradas em ecossistemas antropogênicos apenas se
estiverem perto de ecossistemas naturais ou aquáticos; (B) baixa capacidade - espécies encontradas apenas em paisagens
compostas ou ecossistemas quase imperturbados; Endemismo: “SP BR” Espécie endêmica do Brasil, “SP NE” Espécie
endêmica do Nordeste, “SPP NE” Subespécie endêmica do Nordeste, “SP CA” Espécie endêmica da Caatinga, “SPP CA”
Subespécie endêmica da Caatinga; Status de conservação: “LC” Pouco preocupante. A taxonomia das espécies segue o
CBRO (2021). .......................................................................................................................................................................... 110
Tabela 10.2.2-17 - Coordenadas geográficas das regiões visitadas para o diagnóstico, nas áreas de duplicação da BR 423
entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco.
................................................................................................................................................................................................. 118
Tabela 10.2.2-18 - Lista de espécies da área de estudo com os dados coletados recentemente e registrados em estudos
anteriores. Dados primários: Unidades amostrais de registros; Método de registro - Procura Ativa Visual e Auditiva – PAVA,
Busca em Sítios Reprodutivos – BSR, Registros Ocasionais – RO e AIQ – Armadilhas de Intercepção e Queda; Nome
popular; Status de Conservação. *Dados do EIA BR-423 (2017) ........................................................................................... 126
Tabela 10.2.2-19 - Índices de Riqueza, Abundância, Diversidade de Shannon, Dominância, Equabilidade de Pielou e Berger-
Parker das áreas de duplicação da BR 423 entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati
e São João), no estado de Pernambuco. *Valores médios ........................................................................................................ 133
Tabela 10.2.2-20 - Índices de Riqueza, Abundância, Diversidade de Shannon, Dominância, Equabilidade de Pielou e Berger-
Parker para os répteis das áreas de duplicação da BR 423 entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo,
Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. *Valores médios ...................................................................... 136
Tabela 10.2.2-21 - Identificação dos Sítios de Amostragem nos Ecossistemas Aquáticos, com registros das coordenadas
geográficas. Legenda: UA-T = Unidade Amostral Fauna Terrestre. ....................................................................................... 137
Tabela 10.2.2-22 - Lista de espécies e respectiva abundância da ictiofauna registrada nos 10 Sítios de Amostragem da BR-
423/PE, do km 18,20, no entroncamento da BR-232, no município de São Caitano, ao km 86,12, no município de São João.
................................................................................................................................................................................................. 157
Tabela 10.2.2-23 - Índices de diversidade de Shannon, Simpson, Riqueza absoluta e riqueza de Pielou, registrados para os
Sítios de Amostragem. ............................................................................................................................................................. 158
Tabela 10.2.2-24 -. Matriz de dissimilaridade de Bray-curtis para a Ictiofauna registrada entre os Sítios de Amostragem. ... 159
Tabela 10.2.2-25 - egistro do número de captura por espécie, para as diferentes artes de pesca e malhas usadas na captura,
incluindo espécies informadas por terceiros e não capturadas. ................................................................................................ 160

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Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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Tabela 10.2.2-26 - Lista de espécies e respectivas densidades registradas nos 10 Sítios de Amostragem da BR-423, do km
18,20, no entroncamento da BR-232, no município de São Caitano, ao km 86,12, no município de São João. Dados foram
calculado em ind/m2 para a malacofauna aquática e ind/horabusca para terrestre. ................................................................. 166
Tabela 10.2.2-27 - Índices de diversidade de Shannon, Simpson, Riqueza absoluta e riqueza de Pielou, registrados para os
Sítios de Amostragem. ............................................................................................................................................................. 167
Tabela 10.2.2-28 - Matriz de dissimilaridade de Bray-curtis para a malacofauna registrada entre os Sítios de Amostragem
fixados ao longo da BR-423..................................................................................................................................................... 168
Tabela 10.2.3-1 – Unidades de Conservação identificadas próximas a área do estudo com respectivos nomes, Categoria,
Municípios, Administração, Ano de criação, Ato de Criação, Distância UC da ADA (km), UC área total (ha), ZA área total
(ha), % UC no raio de 10km. UC: Unidades de Conservação, ZA: Zona de Amortecimento . ............................................... 170

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10.2 MEIO BIÓTICO

10.2.1 FLORA

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10.2 MEIO BIÓTICO

10.2.1 FLORA

Este levantamento tem por objetivo caracterizar a situação ambiental da flora, presente na área onde
corresponderá a adequação de capacidade da Rodovia BR-423/PE "trecho: do km 18,20
entroncamento BR-232 (São Caetano) ao km 86,12, com extensão total de 67,92 km" embasando a
avaliação dos possíveis impactos ambientais sobre a flora, de acordo com a legislação ambiental
vigente. Portanto, este estudo reúne informações, obtidas em dados primários e secundários, sobre as
formações vegetais encontradas atualmente e as espécies de ocorrência na área de interesse.

10.2.1.1 CARACTERIZAÇÃO DE VEGETAÇÃO

10.2.1.1.1 Biomas
A realização do levantamento de flora foi desenvolvida no estado de Pernambuco. As formações
vegetais presentes são majoritariamente associadas ao bioma Caatinga, em conjunto com o bioma
Mata Atlântica que corresponde a faixa litorânea. A rodovia da BR-423/PE do trecho do km 18,20
até 86,12 estar sobre os biomas Caatinga e Mata-Atlântica.

 Caatinga
Cobrindo aproximadamente 10% do território nacional, o que, corresponde a uma área de
aproximadamente 844.453 km², a Caatinga apresenta-se como a maior e área contínua de Florestas e
Arbustos Tropicais Sazonalmente Secos no Brasil. Distribui-se na região Nordeste (exceto o estado
Maranhão) e norte de Minas Gerais (IBGE, 2019). Sobre nas sub-regiões; agreste, a área de transição
do Leste para as florestas atlânticas, e o sertão conhecido como “polígono da seca” (CANTALICE,
2009). inserida no semiárido do Brasil, dispõe de índices pluviométricos irregulares e baixos que não
ultrapassa 800 mm, com os períodos chuvosos mais curtos (3 a 5 meses) e secos ou de estiagem
mais prolongados (7 a 9 meses). As temperaturas anuais variam entre 25º e 30ºC (SENA, 2011; SFB,
2019).

A combinação destas características edafoclimáticas, geram uma diversidade de tipologias e alta


biodiversidade endêmica, sendo: Savana Estépica (63,30%), seguido de Florestas Estacionais
Deciduais (8,32%) e Semi-deciduais (2,13%), Savanas (1,61%) e pequenas áreas de contato e
formações pioneiras (0,4%) (IBGE, 2019).

Um mosaico de arbustos espinhosos e florestas secas, com a vegetação arbórea restrita às manchas
de solo ricas em nutrientes. A fisionomia é marcada pela presença de cactáceas e bromélias, plantas
espinhosas e deciduais (que perdem as folhas na seca), fortemente influenciada pela
presença/ausência da precipitação, variando de cinzenta na seca a verdejante na chuva (LEAL et al.,
2005).

Ocorrendo a mínima de 3.150 espécies distribuídas em 950 gêneros e 152 famílias de angiospermas,
sendo que cerca de 23% são endêmicas, o que converte a Caatinga como maior núcleo de riqueza de
espécies dentre das FATSS do Novo Mundo (FERNANDES e QUEIROZ, 2018; IBGE, 2019).

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O bioma Caatinga compreende a de vegetação que cobre a maior parte do semiárido brasileiro,
apresentando diversidade de conjuntos florísticos, cujas distribuições são determinadas, em grande
parte, pelo clima, relevo e embasamento geológico que, em suas múltiplas interrelações, resultam em
ambientes ecológicos bastante distintos.

Apesar da significativa extensão, da importância socioeconômica e de ocupar significativa área no


território nacional, a Caatinga é a formação vegetal com menor área protegida dentre os biomas
brasileiros. Possui apenas 7,7% de sua área destinada a conservação, sendo que mais de 80% dessa
área conservada está na categoria de uso sustentável, necessitando assim de expansão na quantidade
de unidades de conservação (UCs) (OLIVEIRA et al., 2019).

Além da reduzida área sob proteção e das restritivas condições climáticas, o impacto da atividade
humana sobre o bioma é descontrolado, danoso e considerável, aumentando os níveis de degradação
do bioma (ALVES Et al., 2017).

 Mata Atlântica

A segunda maior floresta pluvial tropical existente na América, a Mata Atlântica apresenta uma alta
biodiversidade associada ao acentuado grau de fragmentação, apontada assim, como propriedade
para a conservação de biodiversidade, um dos 34 hotsposts mundiais (CAMPANILI e SCHAFER,
2010; REZENDE et al., 2018).

A Mata Atlântica conjuntamente com seus ecossistemas associados cobria 16% do território
brasileiro, disposta em 17 estados com abrangência em área de 1.360.000 km2. Dados do SOS Mata
Atlântica (2018) assinalam que apenas 7,9 % da vegetação originária ainda é existente. Para a região
Nordeste, mais de 46% dos remanescentes do bioma estão concentrados no estado da Bahia
(TABARELLI et al., 2006).

Mata Atlântica é composta por formações florestais nativas: Floresta Ombrófila Densa; Floresta
Ombrófila Mista, também denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta
Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, e ecossistemas associados (manguezais,
vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos) MMA, 2022. No Nordeste
abrigando formações pioneiras, porções de floresta ombrófila densa e aberta, floresta estacional
semidecidual e decidual e encraves florestais. Do ponto de vista biogeográfico a região contém
quatro dos cinco centros de endemismo que ocorrem no bioma (CAMPANILI e SCHAFER, 2010).

A crescente fragmentação e degradação nesses ambientes gera uma perda de biodiversidade em


escala mundial é consequência da fragmentação e descaracterização de habitats (PIMM et al., 2014).
Mudanças ocasionadas pela fragmentação de habitats são mais evidentes e significativas em
florestas tropicais (RIBEIRO et al., 2009), onde a rápida conversão dos ambientes naturais em
monoculturas ou áreas urbanas torna os ambientes desfavoráveis para a biota florestal (VIJAY et al.
2016). Sofrendo grande pressão antrópica desde a colonização do Brasil, a Mata Atlântica apresenta
sua flora estimada em cerca de 20.000 espécies vegetais, incluindo diversas endêmicas e ameaçadas
de extinção (SOS Mata Atlântica, 2016).

 Fitofisionomia
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Na área de estudo foi encontrada em maioria vegetação típica de savana estépica em conjunto áreas
ecotonos (formações associadas ao bioma mata atlântica) sob diferentes graus de antropização e
regeneração (TERRABRASILIS,2021).

Savana Estépica
A Savana Estépica caracteriza-se como uma tipologia vegetacional campestre, com presença de
espécies lenhosas e espinhosas de baixo a médio porte, caules tortuosos e finos, associado a plantas
suculentas e herbáceas. Em geral, desenvolve-se sobre solos jovens e pedregosos. Na Caatinga
outro fator condiciona tal tipologia, que é, a sazonalidade climática, apresentando longos períodos de
estiagem, com curtos períodos de ocorrência de chuva (IBGE, 2019).
Floresta Estacional
As formações de florestas estacionais ocorrem sobre ambientes de clima estacional. Tal clima é
identificado por alternância nos períodos de estiagem e chuvosos, sendo quente úmido e seco frio.
Ocorrendo de forma descontinua localizada entre dois climas com elevada umidade na linha do
equador e semiárido na região Nordeste e úmido na sul. Esta formação se caracteriza da
decidualidade parcial ou total da vegetação, ou seja, devido as condições climáticas, a floresta
principalmente o estrato superior que perdem folhagem. (IBGE,2019)
Ecotono
Em seu limite, um bioma pode encontrar-se com outro, tornando-se uma área de transição entre os
diferentes ambientes. Essas áreas consistem em tensões ecológicas e resultam em regiões chamadas
de “ecótonos”. Para Odum (1972), ecótono é a transição entre duas ou mais comunidades distintas.
É uma zona de união ou de tensão que poderá ter extensão linear considerável, porém mais estreita
que as áreas das próprias comunidades adjacentes. A comunidade do ecótono pode conter
organismos de cada uma das comunidades que se entrecortam, além dos organismos característicos.
Dessa maneira, as regiões denominadas ecótonos podem ser caracterizadas como áreas de transição
entre biomas com características diferentes. São regiões onde não há um padrão de estruturas
vegetais típico, porém há uma tensão ecológica e interações de climas e biodiversidade de biomas
diferentes (MILAN; MORO, 2016).
Áreas Antropizadas
As atividades antrópicas têm influenciado amplamente na qualidade do ambiente, causando
alterações em diferentes âmbitos ambientais. Assim, o avanço da degradação compromete a
qualidade de vida da população e dos recursos naturais, provocando significativas alterações no uso
da terra, contaminação do solo, perda de florestas e biodiversidade (TABARELLI et al., 2005).
O desmatamento desenfreado das florestas compromete os ecossistemas como o bioma Mata
Atlântica e Caatinga, que apesar de serem protegidos por leis, continuam sendo devastados até os
dias atuais (TABARELLI et al., 2005).
A ocupação das terras no território nacional ocorreu, em grande maioria, pela proximidade dos
rios como forma de garantir a subsistência, e, também, pela necessidade de navegação
(MANFREDINI et al., 2015). No entanto, as ocupações de áreas de interesse ambiental ainda
acontecem corriqueiramente, causando significativos impactos socioambientais (REIS et al., 2015).
Ross (1994), analisou a fragilidade ambiental de ambientes naturais, salientando que o
conhecimento dos aspectos da paisagem, como relevo, tipo de solo, clima, vegetação, hidrologia,
entre outros elementos do estrato geográfico, é imprescindível para a caracterização da fragilidade
empírica desses ambientes.

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10.2.1.2 MATERIAL E MÉTODOS

10.2.1.2.1 Caracterização da área

 Área de Estudo
Para o levantamento do componente do meio biótico de flora, foi definida a Área de estudo (AE) que
corresponde cada lado da rodovia, tomando como referência a seção central da via. Foram definidas
outras áreas que englobam a Área de Estudo que são as áreas de influência.

 Área de Influência Indireta (AII)

Nesta área foram incorporados todos os 7 municípios interceptados pelo trecho da rodovia,
corresponde à área real ou potencialmente sujeita aos impactos indiretos da adequação da rodovia,
tem como critério de análise uma escala com caráter regional.

 Área de Influência Direta (AID)

Definiu-se 100m a partir da delimitação da ADA, essa faixa corresponde à área que sofrerá os
impactos diretos da operação e ampliação do empreendimento.

 Área Diretamente Afetada (ADA)

Foi estabelecido uma faixa de 35m de cada lado da rodovia, tomando como referência a seção
central do trecho rodovia, que corresponde à área que sofrerá a ação direta da operação e adequação
de capacidade da rodovia.

 Amostragem

O levantamento de campo foi realizado no período de 07 a 13 abril de 2022. Para coleta dos dados
foi adotado o método de parcelas variáveis distribuídas sistematicamente por toda a área. A alocação
das parcelas teve como princípio buscar uma representação significativa das variações fisionômicas
presente no ambiente, deste modo, foram lançadas parcelas sobre áreas com maior ocorrência de
vegetação.

As parcelas foram situadas dentro da Área Diretamente Afetada (ADA), que corresponde à área
prevista que sofrerá a ação direta da operação. Foram marcadas 29 parcelas de 30x50m, sendo 1500
m², totalizando 43.500 m² de área amostrada. Os dados coletados foram utilizados para a elaboração
da listagem florística e para os cálculos da fitossociologia.

A delimitação das parcelas em campo ocorreu com auxílio dos seguintes materiais: facão, fita
zebrada, trena de 35m. Complementarmente, estas áreas foram georreferenciadas com o auxílio do
aplicativo AlpineQuest e GPSMAP 64s-Garmin. Para determinação do uso do solo, foi analisado
áreas com uso distintos do solo dentro da área diretamente afetada , com auxílio de registros
fotográficos e imagens de satélite e ajustes utilizando o software QGis.

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 Composição florística
Os estudos de composição florística foram provenientes de dados primários e iniciaram-se com a
observação e identificação das espécies em todos os hábitos, as quais, foram fotografadas e
identificadas a partir de conhecimentos técnicos da equipe e consulta a bibliografias específicas.
Nos casos em que os indivíduos não puderam ser identificados a nível de espécie, estes foram
individualizados em: família, gênero ou indeterminado, permitindo reconhecimento e agrupamento
destes indivíduos.

Todo o material botânico foi classificado de acordo com a nomenclatura botânica da Lista deEspécies
da Flora do Brasil 2020 do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ, que adota o sistema de
classificação Angiosperm Phylogeny Group IV - APG IV (2016). A classificação das espécies
ameaçadas de extinção foi realizada com base na lista de espécies da Portaria MMA Nº 443
(BRASIL, 2014), e da International Union for Conservation of Nature (IUCN, 2021). Para a
classificação de espécies endêmicas, foi utilizado o banco de dados do herbário virtual REFLORA
(FLORA DO BRASIL, 2020). Para análise de distribuição geográfica, habitat e origem foi consultado
o Flora do Brasil 2020.

 Análise fitossociológica
A análise fitossociológica foi realizada a partir dos dados primários coletados in loco os quais foram
organizados e verificados.

 Estrutura horizontal

Para descrever a estrutura horizontal da comunidade arbórea foram calculados os parâmetros


quantitativos clássicos propostos por Mueller-Dombois & Ellenberg (1974): densidade absoluta;
frequência absoluta; densidade relativa; frequência relativa. A estrutura horizontal de uma floresta
resulta das características e combinações entre as quantidades em que cada espécie ocorre por
unidade de área (densidade), da maneira como estas espécies se distribuem na área (frequência)
(CURTIS & MCINTOSH, 1950; LAMPRECHT, 1990; CARVALHO, 1997).

 Frequência
A frequência corresponde a ocorrência de dadas espécies em diferentes parcelas, sendo; frequência
absoluto quando observados pelo número de parcelas que as espécies ocorrem, e relativa quando
verificado a partir da soma da frequência absoluta para cada espécie.

 Densidade
A densidade expressa o número de espécie por unidade de área. A densidade absoluta corresponde o
número de indivíduos de uma dada área, enquanto a densidade relativa representa número de
indivíduos pelo total em porcentagem.

 Diversidade
A diversidade corresponde a uma variação espaço temporal que discute a distribuição de espécie
sobre a ótica de riqueza e abundância relativa. De maneira prática, a riqueza pode ser entendida por
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número de espécies presentes em dada área. Para Nabout et al. (2007) a riqueza de espécies pode
demonstrar toda complexidade de estrutura de uma área, sendo assim uma maneira de identificar
fatores e condições que promovem e mantém a presença desses espécimes em determinado hábitat.

Com o propósito de avaliar a diversidade de espécies da área estudada, foram calculados os Índices
de Shannon (H‟) (MAGURRAN, 1988), que considera a riqueza das espécies e sua abundância
relativa, e de Dominância de Simpson (C). Também foram calculados os índices de Coeficiente de
Mistura de Jentsch (QM), equabilidade de Pielou (J') (HELTSHE-FORRESTERS, 1983; NETER et
al., 1992; KREBS, 1989).

 Índice de Shannon-Weaver (H’)

O índice de diversidade de Shannon-Weaver fundamenta-se na ideia que os indivíduos amostrados


aleatoriamente representam todas as espécies presentes baseasse na abundância das espécies da
comunidade. Quanto maior for o valor de H', maior será a diversidade florística da população em
estudo. Este índice pode expressar riqueza e uniformidade.

 Índice de Simpson (C)

Simpson demostra a probabilidade de que indivíduos retirados aleatoriamente da comunidade


pertencerem a diferentes espécies. Este índice dá um maior peso as espécies comuns, ao contrário de
Shannon, sendo menos sensível à riqueza (FELFILI & REZENDE, 2003). À medida que C aumenta,
decresce a diversidade.

 Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM)

O "Coeficiente de Mistura de Jentsch" (HOSOKAWA, 1981), permite avaliar o arranjo florístico de


dada floresta, logo que, demostra em média o número de indivíduos de cada espécie. Portanto, mede
a intensidade de mistura das espécies, ou seja, a variação espécies encontradas. Quanto mais
próximo de 1 o valor de QM, mais diversa é a população.

 Índice de equabilidade de Pielou (J)

O índice de Equabilidade de Pielou advém do índice de diversidade de Shannon-Weaver e


representa o quão uniforme é a distribuição de indivíduos entre populações (PIELOU,1966). O índice
de Equabilidade corresponde ao intervalo [0,1], onde 1 representa a máxima diversidade, ou seja,
todas as espécies são igualmente abundantes.

 Fórmulas

Os parâmetros fitossociológicos de estrutura horizontal e diversidade foram calculados utilizando o


Excel 2019, as formulas utilizadas foram:


Densidade Absoluta (DA)
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��� =

���
�� = ⁄ ∑� × 100 Densidade Relativa (DR)
�=1
���
��
Frequência Absoluta (FA)
��� =

���
�� = ⁄∑ � × 100 Frequência Relativa (FR)
�=1
�� �

′ (𝑁 log 𝑁 − ∑𝑆 𝑛𝑖 × log 𝑛𝑖) Índice de Shannon-Weaver (H‟)


𝐻 = 𝑖=1 ⁄
𝑁
∑𝑠 𝑛𝑖 (𝑛𝑖 − 1)
𝐶 =1− 𝑖=1 ⁄ Índice de Simpson (C)
𝑁(𝑁 − 1)]
[
𝐻′
Índice de equabilidade de Pielou (J)
𝐽=
𝐻𝑚𝑎𝑥
𝑆
Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM)
𝑄𝑀 =
𝑁

Onde:
𝑛 = número de indivíduos da espécie;
𝑁 = número total de indivíduos amostrados;
A = unidade de área;
S = número de espécies amostradas
𝑢𝑖 = número de unidades amostrais em que a i ésimaespécie
𝑢𝑡 = número total de unidades amostrais;
𝑛𝑖1 = número de indivíduos da i-ésima espécie
𝑝 = número de espécies.

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10.2.1.3 RESULTADOS

10.2.1.3.1 Caracterização da área

Analisando as áreas que se estendiam tanto nas áreas de ADA e AID, demostraram características
equivalentes quando verificadas. Essas áreas demostraram características de savana estépica, com a
vegetação estado secundário de regeneração variando estratos sub-bosque e arbustivo, tais locais
foram consideradas como Fragmentos de Vegetação, onde foram alocadas as parcelas (Figura a se-
guir).

Tabela 10.2.1-1– Classe de uso e ocupação do solo da Área Diretamente Afetada (ADA) com sua área em hectares (ha),
em quilômetros quadrados (km2) e em porcentagem (%)

Classes Área (ha) Área (km2) %


Cultura Agrícola 38,322 0,383 9,40
Curso d'água 0,166 0,002 0,04
Fragmentos de Vegetação 21,342 0,213 5,24
Influência Urbana 47,788 0,478 11,73
Solo Exposto 99,715 0,997 24,47
Vegetação Natural 200,186 2,002 49,12
Total 407,520 4,075 100,00

Figura 10.2.1-1 - A: Área fragmento de vegetação (24L E 781002, N 9024748), B: Área fragmento de vegetação (24L N
781067, E 9024810)

Outro tipo de ocupação que foi recorrente durante o trecho são locais com rotação de culturas
agrícolas, a grande problemática associada a esse uso é a demasiada exposição do solo e
fragmentação da paisagem. Nestes locais foram notados diferentes estágios para implantação de
cultura, sendo do início do preparo do solo até com o plantio estabelecido (Figuras a seguir).
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Figura 10.2.1-2 - C: Área de cultura próximo ao rio Zaguarda (24L E 787652, N 9031990), D: Área preparo de solo pa-
ra cultura (24L N 781731, E 9026334).

Figura 10.2.1-3 - Local de cultura agrícola implantada (24L E 783012 N 9029535

Durante todo trecho teve ocorrência de áreas com vegetação rasteira no estrato herbáceo onde foi
caracterizada áreas de vegetação natural, com presença das famílias botânicas Poaceae e Cyperaceae
distribuídas de forma expressiva, e em alguns pontos árvores isoladas. Esta situação, denota que a
vegetação apresenta-se com níveis de regeneração após perturbação antrópica recente (Figuras a
seguir).

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Figura 10.2.1-4 – E: Área com vegetação natural, F: Vegetação natural com árbustos isolados.

Figura 10.2.1-5 – Área de vegetação natural (24L E 804133 N 9061177)

O solo exposto foi identificado durante o trecho pela forte presença de ações antrópicas gerando
frações de área descampada , essas frações eram encontras inseridas dos fragmentos e/ou em faixas
continuas. Ações antrópicas foram identificadas como passagem de fogo, extração de madeira, e
acumulo de resíduos sólidos, abertura de trilhas e estradas (Figuras a seguir).

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Figura 10.2.1-6 – G: Área de solo exposto ocasionado por passagem de fogo, H: Área de solo exposto

Figura 10.2.1-7 – Área de solo exposto acumulo de resíduo e trilhas (24L E 784696 N 9037807)

As áreas de influência urbana foram consideradas locais onde ocorrem presença de ocupação
urbana, como modificação da paisagem implantação de centros urbanos municipais, com a ampliação
de espaços e pavimentação as margens da rodovia, nesses locais a presença de vegetação é
majoritariamente de indivíduos arbóreos isolados que são implementados como forma de paisagismo
urbano, em alguns casos de maneira inadequada (Figuras a seguir).

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Figura 10.2.1-8 – I: Influência Urbana , J Influencia Urbana e vias de acesso

Figura 10.2.1-9 – Área de Influência Urbana (24L E 804847 N 9060595)

10.2.1.3.2 Caracterização da área amostrada

Entre as 29 parcelas amostradas, 27 (93%) apresentaram fitofisionomia de Savana Estépica e 2 (7%)


estão localizados sobre Ecotonos de acordo com a denominação da região fitoecológica e outras
áreas (IBGE 2021).

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A dinâmica sucessão das parcelas foi percebida que todas (100%) estão inseridas em Vegetação
Secundária, ou seja, tiveram algum tipo de intervenção antrópica e sofreram perturbações e
apresentam-se em algum estágio de regeneração. O estágio de regeneração das parcelas, foi de
estágio inicial 18 (64%) e estágio médio 10 (32%) e indeterminado 1 (3%).

Tabela 10.2.1-2 - – Parcelas alocadas nas diferentes fitofisionomias com suas respectivas coordenadas UTM e geográfi-
cas,altitude, município e o estágio de sucessão das fitofisionomias. V = Vegetação.
Coordenadas
UTM Coordenadas geográficas Alti-
Estágio de 24S
Parcelas Fitofisionomia Município tude
Sucessão E N Latitude Longitude (m)
V.Secundária em
P01 Savana Estépica Estágio Inicial 781002 9024748 08°48′50.70′′ S 36°26′43.90′′ W São João 694
V.Secundária em
P02 Savana Estépica Estágio Inicial 781067 9024810 08°48′48.66′′ S 36°26′41.77′′ W São João 699

V.Secundária em
781312 9025342
P03 Savana Estépica Estágio Inicial 08°48′31.32′′ S 36°26′33.89′′ W São João 698

V.Secundária em
P04 Savana Estépica Estágio Inicial 781703 9026266 08°48′01.16′′ S 36°26′21.32′′ W São João 683

V.Secundária em
781884 9026575
P05 Savana Estépica Estágio Médio 08°47′51.08′′ S 36°26′15.44′′ W Jucati 659

V.Secundária em
783070 9029291
P06 Savana Estépica Estágio Inicial 08°46′22.46′′ S 36°25′37.27′′ W Jucati 731

V.Secundária em
P07 Savana Estépica Estágio Inicial 782918 9029819 08°46′05.31′′ S 36°25′42.38′′ W Jucati 727

V.Secundária em
782640 9032003
P08 Savana Estépica Estágio Inicial 08°44′54.33′′ S 36°25′51.96′′ W Jucati 695

V.Secundária em
P09 Savana Estépica Estágio Inicial 782596 9032386 08°44′41.86′′ S 36°25′53.47′′ W Jucati 702

V.Secundária em
784550 9037609
P10 Ecotono Estágio Inicial 08°41′51.55′′ S 36°24′50.76′′ W Jupi 728

V.Secundária em
P11 Ecotono Estágio Inicial 784761 9038005 08°41′38.61′′ S 36°24′43.94′′ W Jupi 740

V.Secundária em
P12 Savana Estépica Estágio Médio 786372 9040280 08°40′24.24′′ S 36°23′51.77′′ W Jupi 751

V.Secundária em
787284 9040482
P13 Savana Estépica Estágio Médio 08°40′17.48′′ S 36°23′22.01′′ W Jupi 703

V.Secundária em
P14 Savana Estépica Estágio Médio 788151 9040634 08°40′12.33′′ S 36°22′53.71′′ W Jupi 699

P15 Savana Estépica Indeterminado 792745 9041675 08°39′37.43′′ S 36°20′23.77′′ W Lajedo 700

V.Secundária em
797011 9045722
P16 Savana Estépica Estágio Inicial 08°37′24.84′′ S 36°18′05.26′′ W Lajedo 601

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Coordenadas
UTM Coordenadas geográficas Alti-
Estágio de 24S
Parcelas Fitofisionomia Município tude
Sucessão E N Latitude Longitude (m)
V.Secundária em
798421 9049805
P17 Savana Estépica Estágio Médio 08°35′11.68′′ S 36°17′20.14′′ W Lajedo 582

V.Secundária em
800062 9053318 Cachoeri-
P18 Savana Estépica Estágio Médio 08°33′17.04′′ S 36°16′27.33′′ W nha 550

V.Secundária em
P19 Savana Estépica Estágio Inicial 806690 9063835 08°27′33.45′′ S 36°12′53.21′′ W São Caitano 553

V.Secundária em
806987 9064590
P20 Savana Estépica Estágio Inicial 08°27′08.82′′ S 36°12′43.68′′ W São Caitano 545

V.Secundária em
P21 Savana Estépica Estágio Inicial 807509 9065514 08°26′38.66′′ S 36°12′26.86′′ W São Caitano 562

V.Secundária em
808383 9067076
P22 Savana Estépica Estágio Inicial 08°25′47.64′′ S 36°11′58.66′′ W São Caitano 559

V.Secundária em
P23 Savana Estépica Estágio Médio 808599 9067391 08°25′37.36′′ S 36°11′51.68′′ W São Caitano 554

V.Secundária em
P24 Savana Estépica Estágio Médio 810365 9070618 08°23′51.97′′ S 36°10′54.78′′ W São Caitano 570

V.Secundária em
810869 9071600
P25 Savana Estépica Estágio Médio 08°23′19.92′′ S 36°10′38.55′′ W São Caitano 582

V.Secundária em
P26 Savana Estépica Estágio Inicial 811473 9075188 08°21′23.09′′ S 36°10′19.65′′ W São Caitano 606

V.Secundária em
813124 9077255
P27 Savana Estépica Estágio Inicial 08°20′15.49′′ S 36°09′26.23′′ W São Caitano 598

V.Secundária em
P28 Savana Estépica Estágio Médio 813918 9077844 08°19′56.14′′ S 36°09′00.44′′ W São Caitano 600

V.Secundária em
P29 Savana Estépica Estágio Inicial 814095 9077926 08°19′53.42′′ S 36°08′54.67′′ W São Caitano 592

10.2.1.3.3 Caracterização de APPs

De acordo a „‟ Código Florestal‟‟ a Lei nº12.651/12, foram identificadas as áreas de


preservação permanente - APPs que se encontravam na faixa correspondente a ADA da rodovia
BR-423/PE. Os tipos de APP identificadas no trecho estão relacionados as margens dos rios ou
cursos d‟água que cortam a rodovia.
O conjunto de mapas (TOMO anexo) apresenta em detalhe a sobroposição da Rodovia BR-
423 e do projeto de adequação de capacidade com as APPs.
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Incialmente, para delinhar os limites das APPs foram utilizadas três fontes de dados
secundários: 1) registros do EIA-RIMA realizado pelo DER-PE (NORCONSULT PROJETOS E
CONSULTORIA LTDA.JBR ENGENHARIA LTDA, 2017), 2) Ato declaratório dos proprietários
no Cadastro Ambiental Rural – CAR (https://www.car.gov.br/publico/municipios/downloads) e 3)
Base de dados geograficos desenvolvida pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento
Sustentável – FBDS (https://www geo.fbds.org.br). Esses resultados foram integrados no Sistema
de Informações Geográficas – SIG para posterior validação em campo.
No entanto, do ponto de vista da flora associada à formação de matas ciliares, no levanta-
mento in loco, apenas 5 (cinco) áreas foram identificadas. As APPs consideradas nesse estudo com
cobertura florestal foram: APP Rio Canhoto, APP Rio Chatá, APP Rio Quatis, APP Rio Uma, APP
Rio Zaguarda.
As APPs deste levantamento, demostraram características similares quanto vista o alto grau
de degradação no entorno, a presença de cercas, animais ruminantes, influência urbana e acumulo
de resíduos sólidos, áreas de rotação de cultura agrícola e assoreamento. Tais situações verificadas
em campo, estão expostas nas figuras a seguir.

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 APP Rio Canhoto

Figura 10.2.1-10 – Ponte sobre o Rio Canhoto (24L E 781881 N 9026552)

Figura 10.2.1-11 – Rio Canhoto (24L E 781846 N 9026552)

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 APP Rio Chatá

Figura 10.2.1-12 – Ponte sobre o Rio Chatá (24L E 784601 N 9026552

Figura 10.2.1-13 – Rio Chatá (24L E 784601 N 9026552)

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 APP Rio Quatis

Figura 10.2.1-14 – Ponte sobre o Rio Quatis (24L E 800016 N 9053248).

Figura 10.2.1-15 – Rio Quatis (24L E 800022 N 9053246).

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 APP Rio Uma

Figura 10.2.1-16 – – Rio Una (24L E 804867 N 9060628)

Figura 10.2.1-17 – – Ponte sobre o Rio Uma (24L E 804884 N 9060596)

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 APP Rio Zaguarda

Figura 10.2.1-18 – Ponte sobre Rio Zaguarda (24L E 782629 N 9031984)

Figura 10.2.1-19 -Vegetação em torno do Rio Zaguarda (24L E 782652 N 9031989)

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10.2.1.3.4 Composição florística

 Família

No levantamento realizado foram contabilizados 2.805 indivíduos distribuídos em 30 famílias


botânicas, 62 gêneros e 90 espécies, encontradas em diferentes habitantes e estágios de conservação.
As famílias mais representativas encontradas foram: Fabaceae, Euphorbiaceae, Cactaceae,
Malvaceae e Anacardiaceae. As demais famílias apresentaram número abaixo de 3 de espécies
distintas.

A família Fabaceae com (24) espécies distintas e contendo (1467) indivíduos, é a família mais
representativa nesse levantamento. A família constitui uma das maiores de angiospermas,
distribuídas em três subfamílias: Faboideae, Mimosoideae e Caesalpinioideae (Lewis et al. 2005).
Apresenta uma ampla distribuição pelo mundo, ocorrendo de florestas tropicais há desertos, em
relevos de planícies até regiões alpinas (Doyle & Luckow 2003). Apresenta também, representantes
dos mais diversos tipos de hábito: árvores, lianas e plantas aquáticas.

Figura 10.2.1-20 -– Famílias com relação quantidade de espécies distintas amostrados no levatamento de flora do tre-
cho da BR-423/PE

Seguida da família mais representativa a Euphorbiaceae, que apresentou (9) espécies distintas e
contendo (726) indivíduos encontrados no levantamento. Essa família que possui cerca de 307
gêneros e 6.900 espécies distribuídas principalmente nos trópicos e subtrópicos. São plantas de hábito
bastante variado, desde ervas, subarbustos, árvores, até trepadeiras, algumas veze (OLIVEIRA et
al., 2007).

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Figura 10.2.1-21 – Famílias botânicas com relação a quantidade de indivíduos em porcentagem encontradas levanta-
mento de florístico do trecho da BR-423/PE.

A família Cactaceae correspondeu a certa de 9% dos indivíduos encontrados e tendo (3) espécies
distintas ocorrendo na área do levantamento. Apresentam-se em uma alta diversidade de clima, solo
e ecossistemas, tendo maior ocorrência na Caatinga, Florestas Tropicais, Cerrado, Campos rupestres
e Restingas, ao segundo grupo mais numeroso da região neotropical. Botanicamente é distribuída
em aproximadamente 127 gêneros e 1500 espécies e subdivididas em quatro Subfamílias que são:
Maihuenoideae, Pereskeoideae, Opuntioideae e Cactoideae. O Brasil é considerado o terceiro centro
mundial de diversidade de Cactaceae, com registro de 39 gêneros e mais de 260 espécimes
(SANTANA et al., 2018)

Tabela 10.2.1-3 - – Listagem de familias botanicas suas respectivas quantidade de especies e individuos encontradas no
levantamento floristico trecho da BR-423/PE.
Família Espécies Indivíduos
ACANTHACEAE 1 1
AMARANTHACEAE 2 4
ANACARDIACEAE 4 28
ANNONACEAE 3 6
APOCYNACEAE 1 1
ASTERACEAE 3 20
BORAGINACEAE 2 29
CACTACEAE 5 252
CAPPARACEAE 1 67
CLEOMACEAE 1 7
COMMELINACEAE 3 9
CONVOLVULACEAE 1 1
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Família Espécies Indivíduos


CUCURBITACEAE 1 1
CYPERACEAE 3 26
EUPHORBIACEAE 9 726
FABACEAE 24 1467
HYDROLEACEAE 1 6
LAMIACEAE 2 13
MALPIGHIACEAE 1 1
MALVACEAE 5 24
MORACEAE 1 1
MYRTACEAE 1 1
OXALIDACEAE 1 1
PASSIFLORACEAE 1 1
PHYTOLACCACEAE 1 3
POACEAE 2 5
RHAMNACEAE 1 47
RUTACEAE 1 1
SANTALACEAE 1 1
SOLANACEAE 2 24
TALINACEAE 2 9
VERBENACEAE 3 22

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 Gênero

Ao avaliar a quantidade os gêneros e sua ocorrência, foi notado a presença de gêneros mais
representativos em relação a espécies distintas, foram: Mimosa (4), Sida (4), Anadenanthera (3),
Commelina (3), Croton (3), Senegalia (3), os demais gêneros apresentaram valores abaixo e/ou
igual a (2) duas espécies encontradas. A ocorrência mais significativa dos gêneros Mimosa,
Anadenanthera e Senegalia é esperada, logo que, os gêneros são pertencentes à família Fabaceae, a
qual, teve a maior amostragem neste trabalho.

Figura 10.2.1-22 – Gêneros com maiores registros em relação quantidade de espécies distintas amostrados no levan-
tamento de florístico do trecho da BR-423/PE.

O gênero Sida, o segundo em número de indivíduos amostrados, compreende áreas de ampla


distribuição neotropical com várias espécies bem representadas nas Américas. No Brasil, este gênero
possui muitos representantes nas regiões Nordeste e Sul e, em menor proporção, nas regiões Norte,
Centro-Oeste e Sudeste. A Malvaceae sendo uma das maiores da família em número de espécies,
são caracterizadas pelo hábito desde herbáceo, subarbustivo e até arbustivo. Dentro do contexto de
produção agrícola são consideradas “daninhas” e/ou “invasoras”, o que gera grande interesse sobre
as especeis do gênero. Outro ponto, é o interesse econômico quando a serviços alimentícios,
medicinais ornamenta e forrageiro que as espécies deste gênero podem oferecer (SILVA et al.,
1998).

Espécies de Sida são usadas na medicina popular com diversas atividades, como: Sida acuta,
empregada para neutralizar o veneno da serpente Bothrops atrox; A Sida cordifolia é usada na
medicina folclórica para tratamento de estomatites, bronquite asmática e congestão nasal. Os
efeitos anti-inflamatório e analgésico foram investigados para o extrato aquoso desta planta,
mostrando-se bastante significativos, comprovando sua utilização popular.

As espécies do gênero Commelina, quarto gênero mais representativo neste trabalho, são
caracterizadas por ervas com hábitos aquática, rupícola e terrícola, e distribuição cosmopolita,
ocorrendo em todo Brasil e fitofisionomias. Apresenta uso medicinal e ornamental, e também
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contém variedades de plantas do gênero presentes em culturas agrícolas do mundo todo (EVANS et
al., 2000).

O gênero Croton, com cerca de 1.200 espécies, é o segundo maior da família Euphorbiaceae
(Govaerts et al. 2000; Berry et al. 2005). Tem distribuição pantropical, embora a maioria dos seus
representantes ocorra nas Américas. O Brasil é o país que congrega o maior número de espécies,
aproximadamente 350 (Berry et al. 2005), amplamente distribuídas nos mais diversos ambientes,
destacando-se o cerrado, a caatinga e os campos rupestres.

Tabela 10.2.1-4 - – Listagem de gêneros encontrados no levantamento floristico e sua respectivas quantidades de espé-
cies e indivíduos do trecho da BR-423/PE.
Gênero Espécies Indivíduos
Ageratum 1 1
Alternanthera 1 1
Anacardium 1 19
Anadenanthera 3 117
Annona 2 5
Artocarpus 1 1
Bauhinia 1 1
Caesalpinia 1 4
Cenchrus 1 1
Centrosema 1 1
Cereus 1 54
Cladium 2 18
Cnidoscolus 1 29
Commelina 3 9
Conyza 1 10
Croton 3 611
Cynophalla 1 67
Cyperus 1 8
Desmanthus 1 16
Enterolobium 1 4
Euphorbia 1 6
Harrisia 1 12
Heliotropium 2 29
Herissantia 1 11
Hydrolea 1 6
Ipomoea 1 1
Jatropha 2 44
Lantana 2 21
Lippia 1 1
Macroptilium 1 2
Mangifera 1 2
Manihot 1 20
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Gênero Espécies Indivíduos


Melampodium 1 9
Mimosa 4 852
Momordica 1 1
Nopalea 1 156
Opuntia 1 15
Oxalis 1 1
Passiflora 1 1
Pennisetum 1 4
Phoradendron 1 1
Pilosocereus 1 15
Piptadenia 1 357
Pithecellobium 1 1
Plectranthus 1 2
Poincianella 1 57
Prosopis 1 1
Ricinus 1 16
Rivina 1 3
Ruellia 1 1
Schinus 1 5
Senegalia 3 28
Senna 2 7
Sida 4 13
Solanum 2 24
Spondias 1 2
Syzygium 1 1
Talinum 2 9
Tarenaya 1 7
Teucrium 1 11
Vachellia 1 13
Ziziphus 1 47

 Espécie

Quando averiguada as informações obtidas para espécies, foram observados maior número de
registros para as espécies: Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. com 805 indivíduos; seguido da
espécie Croton heliotropiifolius Kunth com (419); Piptadenia retusa (Jacq.) P.G.Ribeiro, Seigler
& Ebinger obtendo (357) indivíduos; Croton blanchetianus Baill. com (191); Nopalea
cochenillifera (L.) Salm-Dyck com (156); Anadenanthera colubrina (Vellozo) Brenan apresentando
(107); Cynophalla flexuosa (L.) J.Presl com (67); Poincianella pyramidalis [Tul.] L.P.Queiroz
(57); Cereus jamacaru DC. (54) e Ziziphus joazeiro Mart. com (47).

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Figura 10.2.1-23 – Espécies com maiores registros com suas respectivas quantidades apresentados no levantamento
floristico do trecho da BR-423/PE

De acordo com Pereira Filho et al. (2013) mais de 60% da caatinga encontra-se em sucessão
secundária, e alguns estados a espécie dominante é a Mimosa tenuiflora conhecida popularmente
como Jurema Preta. É uma planta nativa, arbórea perene do nordeste brasileiro, cujas ramas são
apreciadas por animais em pastejo (BAKKE et al, 2010), bem como podem ser cortadas, fenadas e
armazenadas para complementar o arraçoamento dos animais em período de escassez alimentar,
podendo atingir produção de matéria seca, que dependendo da densidade e do manejo da caatinga
produz cerca de 847,7kg/ha (PEREIRA FILHO; BAKKE 2010).

A espécie Croton heliotropiifolius possui ampla distribuição na região Neotropical, podendo ser
encontrada desde o Panamá até o Brasil (GOVAERTS et al. 2000). Em território brasileiro
estende-se do estado de Minas Gerais até a região Nordeste (LUCENA, 2000), ocorrendo
predominantemente na vegetação da Caatinga, brejos, restinga e cerrado (RANDAU et al., 2004).

Piptadenia retusa é uma espécie arbustiva, encontrada em áreas de Caatinga, pioneira e que é
apresentada como útil para o pasto apícola e forragem (Paula et al., 2016).

O Croton blanchetianus (marmeleiro) é considerado uma espécie pioneira, é originária do Brasil.


Fornece estacas e varas curtas para cercas, bem como para preparação de armadilhas para pesca da
lagosta, graças à resistência da madeira mergulhada na água do mar (LORENZI; MATOS, 2002).
Tal espécie é bastante distribuída pelo bioma Caatinga, podendo ser encontrado nos mais diversos
locais, apresentando altura e diâmetros relativamente baixos e um significativo número de
representantes. É bastante utilizada pelas populações rurais, principalmente para produção de lenha
e construção de pequenos cercados para abrigar animais (ALVES et al., 2014).

Popularmente conhecida como palma, a Nopalea cochenillifera é um cacto, nativo da América


Central e México, muito cultivado no Brasil e facilmente encontrado como cercas-vivas e em
jardins, pelo seu aspecto bastante ornamenta (Silva e Sampaio, 2015).

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A Anadenanthera colubrina (angico-branco) é uma espécie arbórea, originária da sucessão


secundária inicial, muito frequente na Floresta Estacional Semidecidual. Segundo Durigan (1991),
as espécies desse mesmo gênero são procedentes das formações de mata ciliar e cerradões, o que lhes
confere um papel fundamental na manutenção dessas unidades fitogeográficas (Carvalho, 1994).
Apesenta potencial apícola e medicinal e sua madeira pode ser utilizada na construção civil e naval,
bem como para lenha e carvão. Esta espécie é recomendada para recuperação de áreas degradadas e
para reposição de mata ciliar em terrenos com inundação (CARVALHO, 2003).

A Poincianella pyramidalis (catingueira) é uma espécie endêmica do bioma Caatinga, e possui


ampla distribuição geográfica no Nordeste brasileiro, onde é encontrada em diversos ambientes,
ocorrendo desde várzeas úmidas, adapta-se muito bem aos diferentes tipos de solos e condições
ambientais, presente em alta densidade em diferentes locais de Caatinga. A Catingueira pode ser
utilizada para diversos fins, dentre eles o de alimentação animal, forragem, presenta potencial
melífero, tanto na produção de pólen e néctar como no abrigo para as abelhas silvestres sem ferrão.
Além disso, pode ter uso energético como lenha, sendo usada para fabricação de sabão; espécie
utilizada na restauração florestal (Maia, 2012; Carvalho, 2014).

A Cynophalla flexuosa é uma espécie sempre verde, conhecida popularmente como feijão- bravo,
nativa originária do Nordeste brasileiro (LEWIS 2015). A C. flexuosa possui um grande potencial
econômico, pois sua madeira pode ser utilizada para o fornecimento de estacas e lenhas, desperta
grande interesse por ser encontrada em diversos tipos de solos e de clima e por apresentar potencial
forrageiro para utilização no semiárido, possui uso medicinal e ornamental, além de ser indicada
para recuperação de solos (FIGUEIREDO 2005).

O Cereus jamacaru (mandacaru) é uma espécie nativa da vegetação da caatinga, pertencendo à


família Cactaceae. Desenvolve em solos pedregosos, junto a outras espécies de cactáceas, forma a
paisagem típica da região Semiárida do Nordeste (SILVA; ALVES, 2009). O fruto apresenta
grande potencial de aproveitamento industrial por apresentar teores relativamente elevados de
sólidos solúveis totais e açúcares redutores, constituintes importantes em processos
biotecnológicos (ALMEIDA et al., 2005) e fabricação de doces e geleias.

O Ziziphus joazeiro (Juazeiro) é uma espécie florestal de elevada importância socioeconômica


para a Região Nordeste do Brasil, resistente a seca e que pode viver até 100 anos, evidenciando
uma extensa utilização de todas as suas partes: o caule, a casca, a folha, o fruto e a raiz
(SILVA;ANDRADE, 2005).

 Endemismo

Dentre as espécies encontradas na área diretamente afetada, 15 são endêmicas do Brasil cerca de
20% FIGURA , dentre elas, algumas grande destaque no bioma caatinga é Ziziphus joazeiro Mart.
(joazeiro), Cereus jamacaru DC. (Mandacaru), Poincianella pyramidalis [Tul.] L.P.Queiroz
(catingueira).

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Porcentagem de especies endeminas e não endemicas identifiicadas no levantamento floristico do trecho da BR-
423/PE.

 Origem

Das espécies encontradas e identificadas neste levantamento cerca de 22% foram espécies
consideradas exóticas, entre estas, cultivas e naturalizadas. Porém 59 espécies cerca de 78% são
nativas, demostrados na figura a seguir.

Figura 10.2.1-24 – Porcentagem de espécies nativas e exóticas identifiicadas no levantamento floristico do trecho da
BR-423/PE.

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Tabela 10.2.1-5 - 6 Lista de composição florística das espécies encontradas nos dados primários coletados em campo
na rodovia BR-423/PE. Espécies distribuídas por famílias botânicas e seus respectivos Status de Conservação, origem,
endemismo e fitofisionomia de ocorrên

Ori- Fistofisionomia
Família Espécie Status Endemismo
gem de Ocorrência
Não
ACANTHACEAE Ruellia geminiflor Kunth Nativa NE AA, CL, CR, CER, SA
endêmica
AA, CAA, CAM, CL,
Não CR, CRR, CER, FCeG,
AMARANTHAC
Alternanthera tenella Colla. Nativa LC endêmica FED,
EAE
FO, RES, VAR
AMARANTHAC
Amaranthaceae sp. Indet. Indet. Indet. Indet.
EAE
ANACARDIACE Não
Anacardium occidentale L. Nativa NE CAA, CER, RES, SA
AE endêmica
ANACARDIACE Não
Mangifera indica L. Exótica NE AA
AE endêmica
AA, CL, CER, FCeG,
ANACARDIACE Não
Schinus terebinthifolia Raddi Nativa NE FES, FO, FOM, MA,
AE endêmica
RES
Spondias bahiensis P. Carva-
ANACARDIACE lho, Van den Berg & M.
Nativa EN Endêmica FES
AE Machado
Não
ANNONACEAE Annona muricata L. Exótica NE AA
endêmica
Não
ANNONACEAE Annona squamosa L. Exótica NE AA
endêmica
ANNONACEAE Annonaceae sp. Indet. Indet. Indet. Indet.
APOCYNACEAE Apocynaceae sp. Indet. Indet. Indet. Indet.
Não
ASTERACEAE Ageratum conyzoides L. Nativa NE AA, CR, CER, VAR
endêmica
AA, CL, CER, FO,
Conyza bonariensis (L.) Não
ASTERACEAE Nativa NE FOM,
Cronquist endêmica
RES
Melampodium divaricatum Não
ASTERACEAE Nativa NE AA, FTF, FES, RES
(Rich.) DC. endêmica
AA, CAM, CA, CV,
Não CER, FV, FED, FEP,
BORAGINACEA
Heliotropium indicum L. Nativa NE endêmica FES, FO,
E
FOM, SA
CAA, CV, CER,
BORAGINACEA Heliotropium transalpinum . Não
Nativa NE FCeG, FES, FO,
E (Cham.) DC. endêmica
FOM
AA, CAA, CR, CRR,
CACTACEAE Cereus jamacaru DC. Nativa NE Endêmica FED, FES,
VAR
Harrisia adscendens (Gürke)
CACTACEAE Nativa NE Endêmica CAA, CRR
Britton & Rose.
Nopalea cochenillifera (L.) Não
CACTACEAE Exótica NE CAA, CER, RES
Salm-Dyck endêmica
CACTACEAE Opuntia inamoena K.Schum. Nativa DD Endêmica CAA, CR, CRR, VAR
CAA, CR, CRR, FED,
Pilosocereus catingicola
CACTACEAE Nativa NE Endêmica FES, FOM, RES,
(Gürke) Byles & Rowley
VAR
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Ori- Fistofisionomia
Família Espécie Status Endemismo
gem de Ocorrência
Cynophalla flexuosa (L.) Não CAA, CRR, FED, FES,
CAPPARACEAE Nativa NE
J.Presl endêmica RES
AA, CAA, CR, CER,
Tarenaya aculeata (L.) Soa-
Não FCeG,
CLEOMACEAE res Nativa NE
endêmica FED, FES, RES, VA,
Neto & Roalson
VAR
AA, CAA, CER,
COMMELINACE Não
Commelina diffusa Burm. f Exótica NE FCeG, FI, FO,
AE endêmica
RES, VAR
AA, CAA, CL, CR,
Não CER, FED, FES, FO,
COMMELINACE
Commelina erecta L. Nativa NE endêmica RES, VA,
AE
VAR
COMMELINACE
Commelina L. Indet. Indet. Indet. Indet.
AE
CONVOLVULAC Ipomoea asarifolia (Desr.) Não AA, CAA, CV, FCeG,
Nativa NE
EAE Roem. & Schult endêmica RES
CUCURBITACE Não
Momordica charantia L. Exótica NE FO
AE endêmica
AA, CR, FCeG, MA,
Não
CYPERACEAE Cladium P.Browne Nativa Indet. RES, SA, VA,
endêmica
VAR
CYPERACEAE Cladium L. Indet. Indet. Indet. Indet.
AA, CAA, CA, CR,
Não CER,
CYPERACEAE Cyperus odoratus L. Nativa NE
endêmica FCeG, RES, SA, VA,
VAR
EUPHORBIACEA Cnidoscolus urens (L.) Ar- Não AA, CAA, CER, FED,
Nativa NE
E thur endêmica FO, RES, VAR
EUPHORBIACEA Não
Croton argyrophyllus Kunth Nativa NE CAA, SA
E endêmica
EUPHORBIACEA
Croton blanchetianus Baill. Nativa NE Endêmica CAA
E
EUPHORBIACEA Croton heliotropiifolius Ku- Não
Nativa NE CAA, CER, FTF, FO
E nth endêmica
EUPHORBIACEA Não
Euphorbia tirucalli L. Exótica NE Indet.
E endêmica
AA, CAA, CER,
EUPHORBIACEA Não
Jatropha gossypiifolia L. Nativa NE FCeG, FTF, FO,
E endêmica
RES
EUPHORBIACEA Jatropha mollissima (Pohl) Não
Nativa NE AA, CAA, CER
E Baill. endêmica
EUPHORBIACEA
Manihot glaziovii Müll.Arg. Nativa NE Endêmica AA, FO
E
EUPHORBIACEA Não AA, CV, FCeG, FV,
Ricinus communis L. Exótica NE
E endêmica FOM, RES
Anadenanthera colubrina
Não
FABACEAE var. Nativa NE CAA, CER, FES, FO
endêmica
cebil (Griseb.) Altschul
Anadenanthera Não
FABACEAE Nativa NE CAA, CER, FES, FO
colubrina (Vellozo) Brenan endêmica
Anadenanthera peregrina Não CAA, CER, FCeG, FES,
FABACEAE Nativa NE
(L.) Speg. endêmica FO

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Ori- Fistofisionomia
Família Espécie Status Endemismo
gem de Ocorrência
Bauhinia cheilantha (Bong.) Não
FABACEAE Nativa NE AA, CAA, FED
Steud endêmica
FABACEAE Caesalpinia L. Indet. Indet. Indet. Indet.
AA, CAA, CA, CL,
Centrosema brasilianum (L.) Não CR, CER, FCeG, FTF,
FABACEAE Benth. Nativa NE endêmica FES, FO,
RES
Desmanthus virgatus (L.) Não
FABACEAE Nativa NE AA, CAA, CL, CER
Willd. endêmica
Não
FABACEAE Enterolobium timbouva Mart. Nativa NE CAA, FCeG, FES
endêmica
FABACEAE Fabaceae sp. Indet. Indet. Indet. Indet.
AA, CAA, CL, CER,
Macroptilium atropurpureum Não
FABACEAE Exótica NE FO,
(Sessé & Moc. ex DC.) Urb. endêmica
RES
FABACEAE Mimosa adenocarpa Benth. Nativa NE Endêmica CAA, CR, CER
FABACEAE Mimosa L. Indet. Indet. Indet. Indet.
Mimosa ophthalmocentra
FABACEAE Nativa NE Endêmica AA, CAA
Mart.
Mimosa tenuiflora (Willd.) Não
FABACEAE Nativa NE AA, CAA
Poir. endêmica
Piptadenia retusa (Jacq.)
Não
FABACEAE P.G.Ribeiro, Seigler & Ebin- Nativa NE AA, CAA
endêmica
ger
FABACEAE Pithecellobium Mart. Indet. Indet. Indet. Indet.
Poincianella pyramidalis
FABACEAE [Tul.] Nativa NE Endêmica CAA, FO, SA
L.P.Queiroz
Não
FABACEAE Prosopis juliflora (Sw.) DC. Exótica NE AA, CAA
endêmica
Senegalia bahiensis (Benth.)
FABACEAE Nativa NE Endêmica CAA, FO, RES
Seigler & Ebinger.
CAM, CER, FCeG,
Senegalia polyphylla (DC.) Não
FABACEAE Nativa NE FTF,
Britton & Rose endêmica
FES, FO
Senegalia tenuifolia (L.) Brit- Não CAA, CAM, CER, FES,
FABACEAE Nativa NE
ton & Rose endêmica FO
Senna acuruensis (Benth.)
FABACEAE Nativa NE Endêmica CAA
H.S.Irwin & Barneby
Senna spectabilis (DC.) Não AA, CAA, CER, FTF,
FABACEAE Nativa NE
H.S.Irwin & Barneby endêmica FO
Vachellia farnesiana (L.) Não AA, CAA, CER, FED,
FABACEAE Nativa NE
Wight & Arn endêmica FES, FO, FOM
HYDROLEACEA Não AA, CV, CL, FCeG, FO,
Hydrolea spinosa L. Nativa NE
E endêmica SA, VA
Não
LAMIACEAE Plectranthus barbatus Andr. Exótica NE AA
endêmica
LAMIACEAE Teucrium L. Indet. Indet. Indet. Indet.
MALPIGHIACEA
Malpighiaceae sp. Indet. Indet. Indet. Indet.
E

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Ori- Fistofisionomia
Família Espécie Status Endemismo
gem de Ocorrência
Herissantia tiubae (K.
MALVACEAE Nativa NE Endêmica AA, CER, VAR
Schum) Brizicky
MALVACEAE Sida galheirensis Ulbr. Nativa NE Endêmica AA, CAA, CER, RES
MALVACEAE Sida L. Indet. Indet. Indet. Indet.
Não
MALVACEAE Sida rhombifolia L. Nativa NE AA
endêmica
Não
MALVACEAE Sida spinosa L. Nativa NE AA, CL, RES
endêmica
Artocarpus heterophyllus Não
MORACEAE Exótica NE AA, FES, FO, FOM, SA
Lam. endêmica
Não
MYRTACEAE Syzygium cumini L. Exótica NE AA
endêmica
CAA, CL, CR, CRR,
Não
OXALIDACEAE Oxalis psoraleoides Kunth Nativa NE CER, RES,
endêmica
VAR
PASSIFLORACE Não
Passiflora cincinnata Mast. Nativa NE AA, CAA, CER, FES
AE endêmica
PHYTOLACCAC Não
Rivina humilis L. Exótica NE CAA, CV, CL
EAE endêmica
Não AA, CAA, CER, FO,
POACEAE Cenchrus ciliaris L. Exótica NE
endêmica MA, RES
Pennisetum purpureum Não
POACEAE Exótica NE AA, CER, FES, FOM
Schum endêmica
CER, FCeG, FEP, FO,
RHAMNACEAE Ziziphus joazeiro Mart. Nativa NE Endêmica
RES
RUTACEAE Rutaceae sp. Indet. Indet. Indet. Indet.
AA, CAA, CAM, CA,
CL, CER, FCeG, FTF,
Phoradendron quadrangula- Não FED, FES, FO, FOM,
SANTALACEAE Nativa NE
re (Kunth) Griseb. endêmica MA, RES,
SA, VAR
SOLANACEAE Solanum L. Indet. Indet. Indet. Indet.
Não
SOLANACEAE Solanum paniculatum L. Nativa NE AA, FO
endêmica
AA, CAA, CV, CRR,
Talinum paniculatum Não
TALINACEAE Nativa NE FED, FES, RES,
Jacq.Gaertn. endêmica
VAR
AA, CAA, CV, CRR,
Talinum triangulare (Jacq.) Não
TALINACEAE Nativa NE FED, FES, RES,
Willd. endêmica
VAR
AA, CAA, CA, CL, CR,
CRR, CER, FCeG, FTF,
Não FV, FED, FES, FO,
VERBENACEAE Lantana camara L. Exótica NE
endêmica FOM, RES,
VAR
AA, CAA, CA, CR,
Não CRR, CER, FCeG, FES,
VERBENACEAE Lantana fucata Lindl. Nativa NE endêmica FO,
FOM, RES
AA, CAA, CL, FCeG,
Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Não
VERBENACEAE Nativa NE FED, FES, FO, PA,
Britton & P.Wilson endêmica
RES, VAR

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 Habito
Os hábitos que foram levantados referentes as espécies encontradas e identificadas com
respectivas porcentagens de ocorrência: Arbusto (40%), Erva (25%), Árvores (17%), Subarbusto
(8%), Suculenta (5%) e Liana (5%), tendo suas quantidades descritas na FIGURA 26.

Figura 10.2.1-25 – Hábitos com suas respectivas quantidades encontrados no levantamento florístico do trecho da
BR-423/PE.

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Tabela 10.2.1-6 - Lista de composição florística das espécies encontradas nos dados primários coletados em campo na
rodovia BR-423/PE. Espécies distribuídas por família botânicas e seus respectivos nomes populares, hábito e substrato
de ocorrência Indet.: Indeterminado.

Família Espécie Nome Popular Hábito Substrato


Asteraceae Ageratum conyzoides L. Mentrasto Erva Rupícola
Amaranthaceae Alternanthera tenella Colla. Apaga-fogo Subarbusto Terrícola
Amaranthaceae Amaranthaceae sp. Indet. Indet. Indet.
Anacardiaceae Anacardium occidentale L. Cajueiro Árvore Terrícola
Fabaceae Anadenanthera colubrina var. cebil Angico Árvore Terrícola
(Griseb.) Altschul
Fabaceae Anadenanthera colubrina (Vellozo) Angico-branco Arbusto Terrícola
Brenan
Fabaceae Anadenanthera peregrina (L.) Speg. Yopo Arbusto Terrícola
Annonaceae Annona muricata L. Graviola Arbusto Terrícola
Annonaceae Annona squamosa L. Fruta-do-conde Arbusto Terrícola
Annonaceae Annonaceae sp. Indet. Indet. Indet.
Apocynaceae Apocynaceae sp. Indet. Indet. Indet.
Moraceae Artocarpus heterophyllus Lam. Jacaqueira Árvore Terrícola
Fabaceae Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud Mororó Arbusto Terrícola
Fabaceae Caesalpinia L. Indet. Indet. Indet.
Poaceae Cenchrus ciliaris L. Capim-buffel Erva Terrícola
Fabaceae Centrosema brasilianum (L.) Benth. Olho-de-boi- Liana Terrícola
falso
Cactaceae Cereus jamacaru DC. Mandacaru Suculenta Rupícola
Cyperaceae Cladium L. Indet. Indet. Indet.
Cyperaceae Cladium P.Browne Indet. Erva Rupícola
Euphorbiaceae Cnidoscolus urens (L.) Arthur Urtiga Erva Terrícola
Commelinaceae Commelina diffusa Burm. f Trapoeraba Erva Terrícola
Commelinaceae Commelina erecta L. Erva-de-santa- Erva Rupícola
luzia
Commelinaceae Commelina L. Indet. Indet. Indet.
Asteraceae Conyza bonariensis (L.) Cronquist Buva Subarbusto Terrícola
Euphorbiaceae Croton argyrophyllus Kunth Velame-falso Arbusto Terrícola
Euphorbiaceae Croton blanchetianus Baill. Marmeleiro Arbusto Terrícola
Euphorbiaceae Croton heliotropiifolius Kunth Velame Arbusto Terrícola
Capparaceae Cynophalla flexuosa (L.) J.Presl Feijão-bravo Arbusto Terrícola
Cyperaceae Cyperus odoratus L. Capim-de- Erva Terrícola
cheiro
Fabaceae Desmanthus virgatus (L.) Willd. Jureminha Subarbusto Terrícola
Fabaceae Enterolobium timbouva Mart. Orelha-de- Árvore Terrícola
macaco
Euphorbiaceae Euphorbia tirucalli L. Aveloz Arbusto Terrícola
Fabaceae Fabaceae sp. Indet. Indet. Indet.
Cactaceae Harrisia adscendens (Gürke) Britton & Rabo-de- Suculenta Terrícola
Rose. raposa

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Família Espécie Nome Popular Hábito Substrato


Boraginaceae Heliotropium indicum L. Cravo-de- Erva Terrícola
urubu
Boraginaceae Heliotropium transalpinum . (Cham.) Pau-de-sapo Arbusto Terrícola
DC.
Malvaceae Herissantia tiubae (K. Schum) Brizicky Mela-bode Erva Terrícola
Hydroleaceae Hydrolea spinosa L. Carqueja-do- Erva Terrícola
pântano
Convolvulaceae Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem. & Salsa-brava Liana Terrícola
Schult
Euphorbiaceae Jatropha gossypiifolia L. Pião-roxo Arbusto Terrícola
Euphorbiaceae Jatropha mollissima (Pohl) Baill. Pinhão-bravo Arbusto Terrícola
Verbenaceae Lantana camara L. Cambará Arbusto Terrícola
Verbenaceae Lantana fucata Lindl. Camará-roxo Arbusto Terrícola
Verbenaceae Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britton & Erva-cidreira Arbusto Terrícola
P.Wilson
Fabaceae Macroptilium atropurpureum (Sessé & Indet. Erva Terrícola
Moc. ex DC.) Urb.
Malpighiaceae Malpighiaceae sp. Indet. Indet. Indet.
Anacardiaceae Mangifera indica L. Mangueira Árvore Terrícola
Euphorbiaceae Manihot glaziovii Müll.Arg. Maniçoba- Árvore Terrícola
brava
Asteraceae Melampodium divaricatum (Rich.) DC. Botão-de-ouro Erva Terrícola
Fabaceae Mimosa adenocarpa Benth. Indet. Arbusto Terrícola
Fabaceae Mimosa L. Indet. Indet. Indet.
Fabaceae Mimosa ophthalmocentra Mart. Jurema-de- Arbusto Terrícola
embira
Fabaceae Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema-preta Arbusto Terrícola
Cucurbitaceae Momordica charantia L. Erva-de-são- Liana Terrícola
caetano
Cactaceae Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck Palma Arbusto Terrícola
Cactaceae Opuntia inamoena K.Schum. Quipá Suculenta Rupícola
Oxalidaceae Oxalis psoraleoides Kunth Indet. Arbusto Rupícola
Passifloraceae Passiflora cincinnata Mast. Maracujá-do- Liana Terrícola
mato
Poaceae Pennisetum purpureum Schum Capim-elefante Erva Terrícola
Santalaceae Phoradendron quadrangulare (Kunth) Erva-de- Erva Hemiparasit
Griseb. passarinho a
Cactaceae Pilosocereus catingicola (Gürke) Byles & Facheiro Suculenta Rupícola
Rowley
Fabaceae Piptadenia retusa (Jacq.) P.G.Ribeiro, Jurema-branca Arbusto Terrícola
Seigler & Ebinger
Fabaceae Pithecellobium Mart. Indet. Indet. Indet.
Lamiaceae Plectranthus barbatus Andr. Boldo-africano Arbusto Terrícola
Fabaceae Poincianella pyramidalis [Tul.] Catingueira Arbusto Terrícola
L.P.Queiroz
Fabaceae Prosopis juliflora (Sw.) DC. Algaroba Árvore Terrícola

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Família Espécie Nome Popular Hábito Substrato


Euphorbiaceae Ricinus communis L. Mamoma Arbusto Terrícola
Phytolaccaceae Rivina humilis L. Rivina Erva Terrícola
Acanthaceae Ruellia geminiflor Kunth Indet. Subarbusto Terrícola
Rutaceae Rutaceae sp. Indet. Indet. Indet.
Anacardiaceae Schinus terebinthifolia Raddi Aroeira Árvore Terrícola
Fabaceae Senegalia bahiensis (Benth.) Seigler & Arranheto- Arbusto Terrícola
Ebinger. vermelho
Fabaceae Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Monjoleiro Arbusto Terrícola
Rose
Fabaceae Senegalia tenuifolia (L.) Britton & Rose Unha-de-gato Arbusto Terrícola
Fabaceae Senna acuruensis (Benth.) H.S.Irwin & Canjoão Árvore Terrícola
Barneby
Fabaceae Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Cássia-do- Árvore Terrícola
Barneby nordeste
Malvaceae Sida galheirensis Ulbr. Malva- Subarbusto Terrícola
Vermelha
Malvaceae Sida L. Indet. Indet. Indet.
Malvaceae Sida rhombifolia L. Guanxuma Erva Terrícola
Malvaceae Sida spinosa L. Guanxuma-de- Subarbusto Terrícola
espinho
Solanaceae Solanum L. Indet. Indet. Indet.
Solanaceae Solanum paniculatum L. Jurubeba Arbusto Terrícola
Anacardiaceae Spondias bahiensis P. Carvalho, Van den Umbu-cajá Árvore Terrícola
Berg & M. Machado
Myrtaceae Syzygium cumini L. Jamelão Árvore Terrícola
Talinaceae Talinum paniculatum Jacq.Gaertn. Beldroegão Erva Rupícola
Talinaceae Talinum triangulare (Jacq.) Willd. Cariru Erva Rupícola
Cleomaceae Tarenaya aculeata (L.) Soares Neto & Mussambê Erva Terrícola
Roalson
Lamiaceae Teucrium L. Indet. Indet. Indet.
Fabaceae Vachellia farnesiana (L.) Wight & Arn Acácia-amarela Arbusto Terrícola
Rhamnaceae Ziziphus joazeiro Mart. Joazeiro Árvore Terrícola

 Espécies bioindicadoras

Dentre as espécies identificadas neste levantamento, duas; Minosa tenuiflora (jurema-preta) e


Croton blanchetianus (marmeleiro) se destacam por serem utilizadas para avaliação de qualidade
ambiental.

M. tenuiflora é uma árvore pioneira, colonizadora de áreas em estado de degradação e de grande


potencial como regeneradora de solos erodidos, indicadora de sucessão secundária progressiva ou
de recuperação, quando é praticamente a única espécie lenhosa presente, com tendência à escassez
ao longo do processo, com redução drástica do número de indivíduos (MAIA, 2004; ARAÚJO
FILHO e CARVALHO, 1996).

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O C. blanchetianus é considerado uma espécie pioneira encontrada com maior abundância em


ambientes antropizados, ocupando as áreas desmatadas e formando grandes conjuntos
relativamente homogêneos na caatinga (LORENZI; MATOS, 2002).

 Espécies de relevância médica

Dentro das espécies consideradas medicinais foram encontradas Croton heliotropiifolius Kunth
(velame), Cynophalla flexuosa (L.) J.Presl (feijão-bravo), Poincianella pyramidalis (Tul.)
L.P.Queiroz, (catingueira), Ziziphus joazeiro Mart. (joazeiro).

O emprego da espécie C. heliotropiifolius na medicina popular segue as potencialidades atribuídas


ao gênero que faz parte, onde de um modo geral, as espécies pertencentes ao gênero são
frequentemente utilizadas na forma de infusões ou chás para o alívio da dor (ABREU et al., 2001),
disfunções intestinais, no tratamento de diarreias, desordens digestivas, na cura de feridas, no
tratamento das infecções (SALATINO et al., 2007). Também tem sido referida no tratamento de
problemas comuns de saúde, como gripes, inflamações, dermatites e cistos (SARAIVA et al.,
2015), além de base para formulação de medicamento psicoanaléptico (LONGHINI et al, 2016).

C. flexuosa apresenta-se como diurético, contra doenças cutâneas, e como sedativo e


antiespasmódico.

P. pyramidalis tem seu uso na medicina caseira, a espécie pode ser utilizada em função de suas
propriedades antidiarreicas (uso da folha, flores e cascas) e em tratamentos de hepatite e anemia
(uso da casca) (Maia, 2012; Carvalho, 2014).

O Z. joazeiro é utilizada pela população para a limpeza dos dentes, gengivite, dores causadas pela
extração dentária, queda de cabelo, asma, gripe, pneumonia, tuberculose, bronquite, constipação,
inflamação de garganta, indigestão, problemas do estômago, escabiose, dermatite seborreica,
problemas de pele, dor de cabeça, cicatrizante de feridas, todos os tipos de febres e expectorante
(ROMÃO et al., 2010).
Espécies raras, protegidas e ameaçadas
No levantamento primário levantamento não foram identificadas espécies as quais são qualificadas
nestes parametros

 Análise fitossociológica

Estrutura Horizontal

O total de espécies levantadas é bastante considerável (90 espécies) quando observado o tamanho
da área amostrada (43.500 m² ou 4,35 hectares) e total de indivíduos registrados (2805 indivíduos).
As espécies que apresentaram maior número de indivíduos registrados foram: Mimosa tenuiflora
(Willd.) Poir., Croton heliotropiifolius Kunth, Piptadenia retusa (Jacq.) P.G.Ribeiro, Seigler &
Ebinger, Croton blanchetianus Baill., Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck, Anadenanthera
colubrina (Vellozo) Brenan, essas 6 espécies correspondem aproximadamente 72,55% de todos os
indivíduos amostrados.

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A espécie com maior destaque por apresentar mais individuo contabilizados sendo 805 indivíduos,
com maior Densidade e Frequência Relativa, de 28,7 e 9,5% respectivamente foi M. tenuiflora. Tal
espécie é muito frequente no contexto da Caatinga, apresenta ampla distribuição na região
Nordeste. Em áreas de sucessão secundária é praticamente a única espécie lenhosa presente.
Seguida de C. heliotropiifolius, espécie com segunda maior Densidade (14,9%) e a terceira com
maior Frequência (6,5%) Relativa, e com 419 registros. P. retusa é a terceira espécie mais
representativa neste estudo com 357 registros, Densidade (12,7%) e a segunda com maior
Frequência (8%) Relativa. C. blanchetianus a quarta mais representativa com 191 indivíduos, com
Densidade de 6,8 % e sexta maior Frequência de 2,6% Relativa. N. cochenillifera apresentou 156
indivíduos, com Densidade de 5,5 % e quinta maior Frequência de 3,4% Relativa. A. colubrina
Densidade de 3,8 % e quarta maior Frequência de 5,3% Relativa.

Para os parâmetros de Densidade e Frequência absoluta, foi observado que as espécies já citadas
anteriormente mantem-se como destaques nesse trabalho. M. tenuiflora com as maiores Densidade
e Frequência Absoluta com valores de 370,115 e 86,207 respectivamente; seguida de C.
heliotropiifolius com a segunda maior Densidade Absoluta de 192,644 e a terceira maior
Frequência Absoluta com 58,621; P. retusa com 164,138 e com a segunda maior Frequência
Absoluta 72,414;
C. blanchetianus 87,816 e 24,138; N. cochenillifera 71,724 31,034; A. colubrina 49,195 e com a
quarta maior Frequência Absoluta 48,276.

Tabela 10.2.1-7 - - Parâmetros de diversidade do levantamento fitossociológico do trecho BR-423/PE. DeA: Densidade
Absoluta, DeR: Densidade Relativa, FrA: Frequência Absoluta, FrR: Frequência Relativa, N: Número de Indivíduos.
Espécie DeA DeR FrA FrR N N%
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 370,115 28,699 86,207 9,542 805 28,70
Croton heliotropiifolius Kunth 192,644 14,938 58,621 6,489 419 14,94
Piptadenia retusa (Jacq.) P.G.Ribeiro, Seigler & Ebinger 164,138 12,727 72,414 8,015 357 12,73
Croton blanchetianus Baill. 87,816 6,809 24,138 2,672 191 6,81
Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck 71,724 5,561 31,034 3,435 156 5,56
Anadenanthera colubrina (Vellozo) Brenan 49,195 3,815 48,276 5,344 107 3,81
Cynophalla flexuosa (L.) J.Presl 30,805 2,389 41,379 4,580 67 2,39
Poincianella pyramidalis [Tul.] L.P.Queiroz 26,207 2,032 24,138 2,672 57 2,03
Cereus jamacaru DC. 24,828 1,925 44,828 4,962 54 1,93
Ziziphus joazeiro Mart. 21,609 1,676 44,828 4,962 47 1,68
Jatropha mollissima (Pohl) Baill. 19,770 1,533 17,241 1,908 43 1,53
Mimosa adenocarpa Benth. 19,310 1,497 6,897 0,763 42 1,50
Cnidoscolus urens (L.) Arthur 13,333 1,034 10,345 1,145 29 1,03
Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose 11,494 0,891 3,448 0,382 25 0,89
Solanum paniculatum L. 10,575 0,820 10,345 1,145 23 0,82
Heliotropium indicum L. 10,115 0,784 6,897 0,763 22 0,78
Lantana camara L. 9,195 0,713 27,586 3,053 20 0,71
Manihot glaziovii Müll.Arg. 9,195 0,713 10,345 1,145 20 0,71
Anacardium occidentale L. 8,736 0,677 10,345 1,145 19 0,68
Cladium P.Browne 0,460 0,606 3,448 0,382 17 0,61
Desmanthus virgatus (L.) Willd. 7,356 0,570 10,345 1,145 16 0,57
Ricinus communis L. 7,356 0,570 17,241 1,908 16 0,57
Opuntia inamoena K.Schum. 6,897 0,535 3,448 0,382 15 0,53
Pilosocereus catingicola (Gürke) Byles & Rowley 6,897 0,535 6,897 0,763 15 0,53
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Espécie DeA DeR FrA FrR N N%


Vachellia farnesiana (L.) Wight & Arn 5,977 0,463 6,897 0,763 13 0,46
Harrisia adscendens (Gürke) Britton & Rose. 5,517 0,428 6,897 0,763 12 0,43
Herissantia tiubae (K. Schum) Brizicky 5,057 0,392 6,897 0,763 11 0,39
Teucrium L. 5,057 0,392 6,897 0,763 11 0,39
Conyza bonariensis (L.) Cronquist 4,598 0,357 3,448 0,382 10 0,36
Sida L. 4,598 0,357 3,448 0,382 10 0,36
Melampodium divaricatum (Rich.) DC. 4,138 0,321 6,897 0,763 9 0,32
Cyperus odoratus L. 3,678 0,285 6,897 0,763 8 0,29
Talinum triangulare (Jacq.) Willd. 3,678 0,285 3,448 0,382 8 0,29
Heliotropium transalpinum . (Cham.) DC. 3,218 0,250 3,448 0,382 7 0,25
Tarenaya aculeata (L.) Soares Neto & Roalson 3,218 0,250 10,345 1,145 7 0,25
Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb.) Altschul 2,759 0,214 6,897 0,763 6 0,21
Euphorbia tirucalli L. 2,759 0,214 6,897 0,763 6 0,21
Fabaceae sp. 2,759 0,214 3,448 0,382 6 0,21
Hydrolea spinosa L. 2,759 0,214 3,448 0,382 6 0,21
Senna acuruensis (Benth.) H.S.Irwin & Barneby 2,759 0,214 6,897 0,763 6 0,21
Schinus terebinthifolia Raddi 2,299 0,178 6,897 0,763 5 0,18
Anadenanthera peregrina (L.) Speg. 1,839 0,143 3,448 0,382 4 0,14
Annona squamosa L. 1,839 0,143 3,448 0,382 4 0,14
Caesalpinia L. 1,839 0,143 6,897 0,763 4 0,14
Commelina erecta L. 1,839 0,143 3,448 0,382 4 0,14
Enterolobium timbouva Mart. 1,839 0,143 3,448 0,382 4 0,14
Mimosa L. 1,839 0,143 6,897 0,763 4 0,14
Pennisetum purpureum Schum 1,839 0,143 3,448 0,382 4 0,14
Amaranthaceae sp. 1,379 0,107 3,448 0,382 3 0,11
Commelina diffusa Burm. F 1,379 0,107 6,897 0,763 3 0,11
Rivina humilis L. 1,379 0,107 3,448 0,382 3 0,11
Commelina L. 0,920 0,071 3,448 0,382 2 0,07
Macroptilium atropurpureum (Sessé & Moc. ex DC.) Urb. 0,920 0,071 3,448 0,382 2 0,07
Mangifera indica L. 0,920 0,071 3,448 0,382 2 0,07
Plectranthus barbatus Andr. 0,920 0,071 3,448 0,382 2 0,07
Senegalia tenuifolia (L.) Britton & Rose 0,920 0,071 6,897 0,763 2 0,07
Spondias bahiensis P. Carvalho, Van den Berg & M. Machado 0,920 0,071 3,448 0,382 2 0,07
Ageratum conyzoides L. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Alternanthera tenella Colla. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Annona muricata L. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Annonaceae sp. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Apocynaceae sp. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Artocarpus heterophyllus Lam. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Cenchrus ciliaris L. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Centrosema brasilianum (L.) Benth. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Cladium L. 7,816 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Croton argyrophyllus Kunth 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem. & Schult 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Jatropha gossypiifolia L. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04

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Espécie DeA DeR FrA FrR N N%


Lantana fucata Lindl. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britton & P.Wilson 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Malpighiaceae sp. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Mimosa ophthalmocentra Mart. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Momordica charantia L. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Oxalis psoraleoides Kunth 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Passiflora cincinnata Mast. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Phoradendron quadrangulare (Kunth) Griseb. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Pithecellobium Mart. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Prosopis juliflora (Sw.) DC. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Ruellia geminiflor Kunth 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Rutaceae sp. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Senegalia bahiensis (Benth.) Seigler & Ebinger. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Sida galheirensis Ulbr. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Sida rhombifolia L. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Sida spinosa L. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Solanum L. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Syzygium cumini L. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04
Talinum paniculatum Jacq.Gaertn. 0,460 0,036 3,448 0,382 1 0,04

Diversidade

Índice de Simpson (C)


O valor do índice de Simpson calculado para esse levantamento (0,867) reflete uma baixa
diversidade entre as espécies amostradas e que por sua vez sugere, uma alta ocorrência de
indivíduos da mesma espécie. Tal situação, pode ser explicada pela ocorrência expressiva da M.
tenuiflora o que demostra uma alta dominância da espécie nos ambientes amostrados.

Shannon-Weaver (H')
Para o índice de Shannon-Weaver encontrado para área estudada (2,732) reflete a baixa
diversidade de espécies amostradas. É importante ressaltar que poucas espécies apresentaram
número significativos de indivíduos registrados, sendo: M. tenuiflora, C. heliotropiifolius e P.
retusa.

Índice de equabilidade de Pielou (J)


O índice de equabilidade demostrou uma heterogeneidade considerável na vegetação, ou seja,
ocorre uma diversidade dentro das amostras.

Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM)


O coeficiente de Jentsch que corresponde a composição florística da área apresentou baixo
valor (0,032), o que corresponde também a uma baixa diversidade.

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Tabela 10.2.1-8– Parâmetros de diversidade do levantamento fitossociológico e seus respectivos valores trecho da
BR/423-PE
Índice Valor
Simpson ( C ) 0,867
Shannon-Weaver (H') 2,732
Equitabilidade ( J') 0,607
Jentsch (QM) 0,032

Os índices de Shannon-Weaver, Simpson e Pielou foram comparados com os de outros trabalhos


em área de caatinga, presentes ou não no estado de Pernambuco. Os resultados encontrados este
trabalho está próximo da média apresentada em outras investigações. Para da Silva et al, 2022, o
valor obtido para o índice de Shannon-Weaver (H‟) foi de 1,83 nats.ind-1. Para o índice de
dominância de Simpson (C), que varia numa escala de 0 a 1, o valor foi de 0,23. E para o índice de
equabilidade de Pielou (J‟), que compreende uma escala de 0 a 1 e permite avaliar a abundância de
uma área, o valor encontrado foi de 0,62.

Reis et al, 2022, a diversidade e equabilidade foram de H‟ = 2,12 e J‟ = 0,61, respectivamente.


Estudo desenvolvido por Barbosa et al, 2012, apresenta o índice de diversidade de Shannon-
Weaver foi de 2,05 nats/ind. e a equabilidade de Pielou, de 0,57.

Em pesquisa desenvolvida Calixto Júnior et al, 2014 que teve como objetivo o comparativo da
estrutura fitossociológica de dois fragmentos de Caatinga com níveis de sucessão ecológica, sendo
área I submetida à corte raso e área II correspondente ao bom estado de conservação. Encontrou-se
Shannon (H‟) para as áreas I e II, respectivamente, foram 1,39 e 2,52. Os valores do índice de
Equabilidade de Pielou (J‟) foram 0,50 e 0,78, respectivamente. Todas os estudos observados em
concordância com este trabalho apresentam vegetação em níveis de perturbação antrópica, o que,
afeta diretamente as estimativas de diversidade da floresta.

10.2.1.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Os resultados obtidos pela caracterização da área classificadas demostraram que as áreas com
maior porcentagem dentro da Área Diretamente Afetada (ADA) são Vegetação Natural (49,12%)
essas áreas a presença das famílias Poaceae e Cyperaceae distribuídas de forma expressiva e áreas
com denominadas de Solo Exposto (24,47%) consequência de passagem de fogo, extração de
madeira, e acumulo de resíduos sólidos, abertura de trilhas e estradas. Em contraponto áreas com
apenas (5,24%) do total foram de áreas consideradas Fragmentos de Vegetação que são áreas com
maior ocorrência de vegetação.

Em termos florísticos, houve predomínio da família Fabaceae tanto em ocorrência de espécies e de


indivíduos, como era esperado para a região por se tratar do bioma onde a área de estudo se
encontra, a espécie M.tenuiflora (jurema-preta) foi a espécie que teve maior ocorrência.

Os resultados na análise fitossociológica pelos resultados em conjunto dos Índice de Simpson (C),
Shannon-Weaver (H') e Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM) convergindo demostrado valores
que revelam que a região apresenta baixa diversidade de espécies.

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As Unidades de conservação (UCs) estão fora do raio de 10km de distância da área do


levantamento e as áreas de Preservação Permanente (APPs). Em geral, as APPs apresentavam alto
grau de vulnerabilidade e degradação ambiental.

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10.2.2 FAUNA

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10.2.2 FAUNA

10.2.2.1 ÁREA DE ESTUDO


O trecho onde deverá ser realizado a obra de ampliação da capacidade viária da BR-423 está
situado entre sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São
João), distribuídos nas Regiões Geográficas imediatas de Caruaru e Garanhuns, pertencentes ao
estado de Pernambuco (PE). Essas localidades estão localizadas na ecorregião denominada de
Planalto da Borborema, no agreste setentrional de PE (Velloso et al., 2002). Em um dos extremos
está Garanhuns, que se localiza de forma mais macro no planalto da Borborema e destaca-se por
ter seu território na parte mais alta do planalto (Costa et al., 2015). Esta formação se estende em
grande parte do nordeste, com altitude variando entre 650 até 1.000 metros (Velloso et al., 2002).
Além disso, a vegetação presente esses municípios são: Caruaru - Caatinga, Florestas Costeiras de
Pernambuco e Florestas do Interior de Pernambuco; e Garanhuns é predominantemente Caatinga
(LIFE, 2015).

Assim, a área destinada ao estudo de descrição e caracterização da fauna de vertebrados terrestres


(mastofauna, avifauna e herpetofauna) e fauna aquática (ictiofauna e malacofauna) encontra-se
inserida no contexto do Agreste Pernambucano, porção do ecótono de transição entre os biomas
Mata Atlântica e Caatinga, composta principalmente por elementos arbustivos densos e arbustivos.
Adicionalmente, duas Áreas Prioritárias para Conservação da Caatinga estão adjacentes a rodovia,
são elas, a Área Brejos Pernambucanos, localizada na região do Brejo da Madre de Deus e a Área
Lajedo/Cachoeirinha, localizada entre os referidos municípios. O Agreste apresenta características
fitofisionômicas, regime hídrico e padrões de riqueza, abundância e diversidade de componentes
da fauna que são compartilhadas entre a Caatinga e a Mata Atlântica (Prado, 2003).

A expansão pecuária foi responsável por converter as paisagens dominadas por vegetação nativa
no Agreste em mosaicos compostos por pastagens, áreas voltadas para a agricultura e fragmentos
florestais, geralmente apresentando tamanho reduzido e índices consideráveis de isolamento
(Albuquerque & Andrade, 2002; Oliveira & Langguth, 2004). Esse contexto de perda e
fragmentação dos habitats no Agreste leva, inclusive, ao aumento dos índices de defaunação ao
longo de suas paisagens (Melo et al., 2013).

Portanto, os 67,92 km de paisagem atualmente existente na Área Diretamente Afetada (ADA) da


BR-434, com buffer de 35 m, para ambos os lados, a partir do eixo da rodovia, do km 18,20, no
entroncamento da BR-232, ao km 86,12, é caracterizada pelo alto grau antropização, com
formações florestais alteradas pelo processo conversão do uso da terra e pela ocupação humana. E
como já mencionado anteriormente, para o Meio Biótico (Fauna), para a Área de Influência Direta
(AID) foi definido 500 m ao redor do mesmo eixo da ADA. Além disso, a Área de Influência
Indireta (AII), foi delimitada pelo território de distribuição do conjunto das Bacias Hidrográficas
dos Rios Ipojuca, Mundaú e Una.

10.2.2.1.1 Dados Climáticos da Região


A seguir são apresentados os dados climáticos da região para o período de realização das
campanhas, período seco (setembro/2022-janeiro/2023) e período chuvoso (maio-agosto/2023),
incluindo índice pluviométrico, temperatura média e outros dados relevantes que possam
influenciar a atividade ou o comportamento dos diferentes grupos faunísticos.

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Na porção norte, próximo ao município de Caruaru-PE, a área da BR-434 está inserida em faixa
climática do tipo BSh, com verões quentes-secos e invernos amenos e relativamente chuvosos
(Alvares et al., 2013), com temperatura média anual em torno de 22,5 °C (20,4 – 23,8 °C),
pluviosidade anual acumulada de 540 mm (19 – 64 mm por mês), e umidade variando de 67,7% a
82.43% durante o ano (CLIMATE-DATA.ORG, 2022a). Resulta em poucas chuvas ao ano. Essas
chuvas são concentradas de março a julho (INMET, 2020). Na porção sul, próximo a Garanhuns-
PE, rodovia está inserida em faixa climática do tipo Aw (Alvares et al., 2013), com temperatura
média anual de 21,7 °C (19,4 – 23,2 ºC), 660 mm de pluviosidade anual acumulada, e umidade em
média variando de 67,7% em novembro a 85,6% em Julho (CLIMATE-DATA.ORG, 2022b).

Caruaru - PE

Garanhuns - PE

Figura 10.2.2-1- Comparativo entre os dados climatológicos para Caruaru e Garanhuns.

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Figura 10.2.2-2 - Dados climáticos históricos (1991 – 2021) para os municípios de (A) Caruaru e (B) Garanhuns, no es-
tado do Pernambuco, utilizados como referência para avaliação dos padrões climáticos da área de estudo. A linha
vermelha no gráfico indica a média da temperatura (eixo y, esquerda) e a s barras azuis indicam a precipitação acu-
mulada (eixo y, direita) para cada mês de referência (eixo x) (CLIMATE-DATA.ORG, 2022a, b).

10.2.2.2 CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA NA AII

10.2.2.2.1 Metodologia
Para a descrição e a caracterização da fauna (mastofauna terrestre, quiropterofauna, avifauna,
herpetofauna, ictiofauna e malacofauna) e habitats associados à Área de Influência Indireta (AII)
do projeto de adequação de capacidade viária da rodovia BR-423/PE, foram utilizados dados
qualitativos secundários, atuais e que possibilitaram a compreensão sobre os temas em questão. Os
dados secundários utilizados foram devidamente referenciados, com a menção dos autores e o ano
em que o referido estudo foi publicado.

Foi dado ênfase, para o caso de espécies indicadoras de qualidade ambiental, de valor científico e
econômico, raras, endêmicas e ameaçadas de extinção, conforme listas oficiais, assinaladas para o
território de distribuição do conjunto das Bacias Hidrográficas dos Rios Ipojuca, Mundaú e Una na
AII.

10.2.2.2.2 Mastofauna Terrestre


 Introdução
O Brasil ocupa posição de destaque mundial no que diz respeito a diversidade de mamíferos,
contando com aproximadamente 775 espécies nativas descritas pela ciência, distribuídas em 247
gêneros, 49 famílias e 11 ordens (Abreu et al., 2022). Atualmente, segundo a Portaria MMA nº
148, de 7 de junho de 2022, 102 espécies encontram-se sob algum grau de ameaça, representando
aproximadamente 13% da riqueza de mamíferos brasileiros (MMA, 2022). Segundo dados do
Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (ICMbio, 2018), as principais ameaças
ao grupo estão relacionadas a alta pressão antrópica que vem alterando os ambientes naturais,
sobretudo pela perda e fragmentação de habitats, causados pela expansão das atividades
agropecuárias, industriais e urbanísticas, além da caça/tráfico de espécies, atropelamentos,
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introdução de espécies exóticas invasoras (ICMbio, 2018; IUCN, 2019) e, recentemente, as


mudanças climáticas, agravando o quadro de desertificação no semiárido nordestino, conforme
alerta o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2021).

Existem lacunas no conhecimento relacionadas a riqueza, a abundância e a distribuição de


mamíferos no Agreste, ecótono que compreende uma faixa estreita que se estende dos limites oeste
da Mata Atlântica às bordas leste do bioma Caatinga (Oliveira & Langguth, 2004). O Agreste
apresenta forma alongada em direção norte-sul, sendo encontrado do Rio Grande do Norte até a
Bahia central, e apresenta características de vegetação e fauna compartilhadas entre os dois biomas
(Prado, 2003). Esse ecótono encontra-se amplamente modificado pelas atividades humanas que
foram responsáveis pela conversão de grande parte das áreas de vegetação nativa em pastagens
devido à expansão pecuária (Albuquerque & Andrade, 2002; Oliveira & Langguth, 2004).

Nessas paisagens alteradas, espécies sensíveis e exigentes, quanto a qualidade de seus habitats,
tendem a desaparecer ou ocorrer em baixas densidades, e a comunidade de mamíferos é
majoritariamente composta por um conjunto de espécies que resistem ou são favorecidas pela
expansão agrícola (Dias & Bocchiglieri, 2016). Dessa maneira, mitigar os efeitos negativos
capazes de causar impactos às comunidades de mamíferos nesses locais torna-se crucial para
manutenção da biodiversidade nesta região. Em ambientes alterados, além da perda e
fragmentação de habitats e da caça, a presença de rodovias pode exercer pressões negativas diretas
e indiretas na fauna local, (i) funcionando como barreiras ao movimento e afugentando os animais,
(ii) isolando populações e reduzindo o fluxo gênico, (iii) causando alterações hidrológicas,
microclimáticas e na cobertura do solo, (iv) aumentando a poluição atmosférica, química, de
nutrientes, sonora e o descarte de resíduos em locais inapropriados, e (v) sendo responsáveis pela
mortalidade direta de indivíduos através de atropelamentos (Garcia, 2018).

O Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas (CBEE) relata que aproximadamente 475 milhões de
vertebrados são atropelados todos os anos em rodovias brasileiras, sendo 430 milhões animais de
pequeno porte com menos de 1 kg, 40 milhões animais de médio porte, e cerca de 5 milhões
animais de grande porte (CBEE, 2022). Entre as 10 espécies mais atropeladas de 1988 a 2022 no
Brasil, seis são representantes da classe Mammalia (i.e., Cerdocyon thous, Didelphis albiventris,
Didelphis aurita, Hydrochoerus hydrochaeris, Dasypus novemcinctus e Tamandua tetradactyla)
(CBEE, 2022). Mamíferos de médio e grande porte são particularmente vulneráveis ao
atropelamento por conta de traços comportamentais e ecológicos (i.e., alta mobilidade, grande área
de vida) que favorecem a utilização de áreas adjacentes as rodovias e a necessidade de travessia
para obtenção de recursos (Chiarello, 1999; Rytwinski & Fahrig, 2012). Nesse caso, os
atropelamentos podem causar impactos significativamente grandes capazes de comprometer a
persistência de suas populações, uma vez que os componentes do grupo podem apresentar baixas
taxas de fertilidade e fecundidade, e baixa densidade populacional (Ceia-Hasse et al., 2017).

As rodovias são essenciais para o desenvolvimento socioeconômico em diversas regiões do país


(Guimarães & Freitas, 2019). Assim sendo, justifica-se a importância das obras de instalação e
ampliação da capacidade viária em rodovias, ressaltando-se a relevância de estudos relacionados
ao monitoramento da biodiversidade e de atropelamentos em áreas impactadas por rodovias, uma
vez que esses estudos são capazes de revelar padrões espaço-temporais e de distribuição de
espécies. Os dados obtidos durante esses levantamentos/monitoramentos podem servir de base
para a proposição de medidas que mitiguem, ao menos parcialmente, o impacto ambiental negativo
das rodovias, garantindo a manutenção da biodiversidade local (Lester, 2015).
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 Registros Secundários

De acordo com estudos disponíveis para região (Monteiro da Cruz et al., 2002; Oliveira et al.,
2003; Sousa et al., 2004), pelo menos 37 espécies de mamíferos não-voadores, distribuídas em sete
ordens e 17 famílias (Tabela 10.2.2-1), tem probabilidade de ocorrer na AII do empreendimento de
adequação de capacidade viária da BR-423/PE.

Tabela 10.2.2-1 - Lista de referência para as espécies da mastofauna não-voadora (pequenos, médios e grandes mamí-
feros) a com possibilidade de registro na AII da BR-423/PE.
Ordem/Espécie Nome popular Referência
Rodentia
Akodon cursor Rato-do-mato Sousa et al. (2004)
Galea spixii Preá Oliveira et al. (2003)
Kerodon rupestris Mocó Oliveira et al. (2003)
Rhipidomys mastacalis Rato-de-algodão Sousa et al. (2004); Monteiro da Cruz et al.
(2002)
Phyllomys lamarum Rato-da-árvore Oliveira et al. (2003)
Thrichomys apereoides Rabudo, punaré Oliveira et al. (2003)
Holochilus sciureus Rato-de-cana Oliveira et al. (2003); Monteiro da Cruz et al.
(2002)
Nectomys rattus Rato-d‟água Oliveira et al. (2003)
Oligoryzomys nigripes Rato-do-mato Oliveira et al. (2003)
Oryzomys aff. Subflavus Rato-do-mato Oliveira et al. (2003)
Oxymycterus angularis Rato-do-mato Oliveira et al. (2003); Monteiro da Cruz et al.
(2002)
Rhipidomys macrurus Rato-do-mato Oliveira et al. (2003)
Rhipidomys mastacalis Rato-do-mato Oliveira et al. (2003)
Wiedomys pyrrhorhinos Rato-de-focinho-vermelho Oliveira et al. (2003)
Rhipidomys mastacalis Rato-do-mato Sousa et al. (2004)
Guerlinguetus Esquilo, caxinguelê Monteiro da Cruz et al. (2002)*
Aestuans (= Sciurus aes-
tuans)
Dasyprocta sp. Cutia Monteiro da Cruz et al. (2002)*
Agouti paca Paca Monteiro da Cruz et al. (2002)*
Didelphimorphia
Didelphis albiventris Saruê, timbú Oliveira et al. (2003)
Marmosa murina Cuíca Monteiro da Cruz et al. (2002)*
Micoureus demerarae Cuíca Oliveira et al. (2003)
Monodelphis domestica Cuíca Oliveira et al. (2003)
Monodelphis americana Cuíca-de-três-listras Monteiro da Cruz et al. (2002)*
Lagomorpha
Sylvilagus brasiliensis Tapiti, coelho-do-mato Oliveira et al. (2003)
Primates
Callithrix jacchus Sagui, soim Monteiro da Cruz et al. (2002)
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Ordem/Espécie Nome popular Referência


Pilosa
Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim Monteiro da Cruz et al. (2002)*
Cingulata
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha, tatu- Monteiro da Cruz et al. (2002)*
verdadeiro
Euphractus sexcinctus Tatu-peba Monteiro da Cruz et al. (2002) *
Carnivora
Herpailurus yagouaroundi Gato-mourisco, gato- Monteiro da Cruz et al. (2002)*
vermelho
Leopardus tigrinus Gato-do-mato Monteiro da Cruz et al. (2002)*
Leopardus wiedii Gato-maracajá Monteiro da Cruz et al. (2002)*
Puma concolor Suçuarana, onça-vermelha Monteiro da Cruz et al. (2002)*
Lontra longicaudis Lontra Monteiro da Cruz et al. (2002)*
Cerdocyon thous Raposa Oliveira et al. (2003); Monteiro da Cruz et al.
(2002)
Procyon cancrivorus Guaxinim Sousa et al. (2004); Oliveira et al. (2003).
Conepatus semistriatus Gambá, ticaca Oliveira et al. (2003); Monteiro da Cruz et al.
(2002)
Eira barbara Papa-mel Oliveira et al. (2003); Monteiro da Cruz et al.
(2002)
*Registros para o Parque Ecológico Municipal João Vasconcelos Sobrinho - PEMVS Brejo dos Cavalos, um brejo de altitu-
de localizado entre os municípios pernambucanos Caruaru e Altinho.

10.2.2.2.3 Quiropterofauna
 Introdução

O Brasil possui uma rede de estradas e rodovias que percorrem cerca de 1,7 milhão de
quilômetros, onde parte desse total corta áreas de maior biodiversidade da Terra sendo, portanto,
palco de atropelamentos diários da fauna silvestre (Marques 2022). A construção de estradas e
rodovias ocasionam diversos efeitos negativos à fauna silvestre que, além da redução de áreas de
floresta nativas que cedem lugar a este tipo de empreendimento linear, é responsável por diversos
outros impactos como a poluição sonora, química e luminosa, introdução de espécies exóticas e o
atropelamento da fauna.

O atropelamento da fauna silvestre tem sido frequentemente abordado na literatura científica,


indicando altas taxas de mortalidade e sobre diversos grupos zoológicos em diferentes biomas do
Brasil (Laurance et al. 2009; Rosa & Bager 2013; Ramalho et al. 2021). Estimativas recentes
indicam mais de 450 milhões de atropelamentos de vertebrados apenas nas rodovias brasileiras a
cada ano (Bager et al. 2016). O atropelamento da fauna silvestre pode afetar a dinâmica
populacional de diversas espécies, além de aumentar os riscos de declínio populacional ou
extinção (Grilo et al. 2018), levando a simplificação da comunidade e até mesmo a extinção local
(Jackson & Fahrig 2011). Outro efeito negativo é que rodovias podem atuar como barreira para a
movimentação animal, fazendo com que algumas espécies evitem esses lugares hostis (Rosa &
Bager 2013).

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Morcegos parecem ser atraídos pelos efeitos das estradas, apresentando maior atividade de
forrageio próximo as rodovias do que em áreas florestadas (Novaes et al. 2018, Ramalho et al.
2021). Entretanto, ainda é desconhecido o real motivo que os morcegos utilizam as estradas, que
podem ser servir desde rota de dispersão ou sítio de forrageio (Ramalho et al. 2021). Estes
mamíferos voadores não costumam ser considerados em estudos de ecologia de estradas (Novaes
et al. 2018) e são subavaliados ou negligenciados pelos órgãos ambientais (vide IN 13 de 2013
IBAMA) durante o processo de licenciamento. A referida Instrução Normativa sequer contempla a
mastofauna alada ao estabelecer procedimentos para a padronização metodológica dos planos da
fauna exigidos em estudos ambientais para licenciar rodovias e ferrovias.

O Brasil possui uma grande diversidade de quirópteros, somando um total de 182 espécies
(Garbino et al. 2022) distribuídas em 9 famílias. Em Pernambuco, 71 espécies de morcegos são
conhecidas (Guerra 2007, Lira et al. 2009, Soares et al. 2016). A importância desses animais para a
dinâmica dos ecossistemas tropicais ocorre devido à grande diversidade e densidade relativa de
espécies, as quais podem alimentar-se de frutas, néctar e pólen, insetos, pequenos vertebrados e
sangue (Marinho-Filho1991). A maioria dos morcegos são insetívoros, sendo os consumidores
primários de insetos noturnos e, deste modo, exercem um importante papel no controle do número
desses animais em muitas partes do mundo. Ademais, morcegos possuem grande potencial como
indicadores de níveis de degradação de habitats, além de serem considerados modelos de estudos
sobre biodiversidade graças a grande variedade e abundância de espécies na região tropical
(Fenton et. al. 1992).
 Registros Secundários
Através de dados secundários de pesquisas pretéritas realizadas na AII do empreendimento foi
compilada a lista das espécies com ocorrência registrada. Apenas dados da quiropterofauna dos
municípios de Caruaru (Sousa et al. 2004) coletados no Parque Ecológico Municipal Professor
João Vasconcelos Sobrinho (PEMVS) e em Garanhuns (Guerra et al. 2007) foram encontrados na
literatura científica. As buscar por registros de morcegos na região ocorreu em artigos científicos,
capítulos de livros e dissertações.
Das 67 espécies de morcegos com ocorrência para Pernambuco (Leal et al. No prelo), a
compilação da lista de quirópteros para a AII revela o registro da riqueza de 26 espécies
pertencentes a quatro Famílias.

Tabela 10.2.2-2 - Compilação dos morcegos com ocorrência para a AII da BR-423, Pernambuco. 1- Sousa et al. (2004);
2- Guerra (2007); 3 - Oliveira et al. (2003); e 4 - EIA BR-423 (2017).
Família Espécie Fonte
Emballonuridae Rhynchonycteris naso 4
Micronycteris megalotis 1, 2
Lophostoma brasiliense 1, 2
Trachops cirrhosus 1
Chrotopterus auritus 1, 2
Phyllostomus hastatus 1
Phyllostomus discolor 1, 2
Phyllostomus elongatus 1
Phylloderma stenops 1
Glossophaga soricina 1,3
Anoura geoffroyi 1, 2
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Família Espécie Fonte


Choeroniscus minor 1, 2
Lonchophylla mordax 2
Phyllostomidae Desmodus rotundus 1, 2, 3
Carollia perspicillata 1, 3
Sturnira lilium 1, 2
Artibeus planirostris 1, 3
Artibeus fimbriatus 1
Artibeus lituratus 1, 2, 3
Artibeus obscurus 1
Artibeus cinereus 1
Platyrrhinus lineatus 1, 3
Platyrrhinus recifinus 1, 2
Molossidae Molossus molossus 3
Myotis lavali 2
Vespertilionidae
Myotis ruber 1

Confrontando a lista de espécies do presente estudo (Tabela 10.2.2-12), proveniente de dados


primários coletados durante a primeira campanha de campo, com a compilação de dados para a AII
da BR-423 observa-se o acréscimo de outras seis espécies e duas famílias sem prévio registro, o
que eleva o número para 32 espécies e quatro famílias de morcegos para a AII . É importante
ressaltar que todos os novos registros de quirópteros para os municípios cortados pela rodovia
foram obtidos exclusivamente através de gravações acústicas, enquanto os dados compilados os
autores utilizaram apenas redes de neblina.
Apesar disso, a lista de morcegos para os municípios na qual passa a rodovia BR-423 ainda pode
ser complementada à medida que novas amostragens sejam empregadas. Espécies de morcegos
filostomídeos comuns em inventários (C. perspicillata, A. lituratus, A. planirostris) não foram
capturadas no presente estudo.

10.2.2.2.4 Avifauna

 Introdução

Nas últimas décadas, a avaliação e monitoramento de grupos biológicos enquanto ferramenta de


mensuração da qualidade ambiental, tem se tornado essencial para detectar a influência de
atividades humanas com impacto potencial para a biodiversidade (Watson et al., 1995). Na região
neotropical, onde a crise da biodiversidade pode ser mais impactante (Laurance, 2007), é
imperativo que comunidade biológicas sejam conhecidas quali- e quantitativamente. Visando
compatibilizar a presença humanas nos ambientes e desenvolvendo estratégias de minimização dos
impactos antrópicos, principalmente em regiões biodiversas como as florestas tropicais secas
(Magnusson et al., 2018).

As florestas tropicais secas como a Caatinga brasileira apresentam vegetações adaptadas a


condições climáticas severas, como longos períodos de estiagem (Nimer, 1972). A Caatinga é
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considerada uma região semiárida em função da ampla heterogeneidade nas precipitações, que se
refletem em diversas fitofisionomias (Prado, 2003). E por consequência, abrigam uma alta
diversidade de espécies de plantas e animais até recentemente pouco estudadas (Santos et al.,
2011), além de grupos com uma alta taxa de endemismos, como suculentas, peixes, mamíferos e
aves (Leal et al., 2005).

A classe Aves pode ser considerada o grupo biológico mais bem estudado pela ciência, com sua
taxonomia bem estabelecida (Jetz et al., 2012). Na Caatinga são conhecidas 548 espécies de aves,
sendo 67 espécies ou subespécies originárias da região (Araújo & Silva, 2018). Entretanto, apesar
dessa alta riqueza de espécies, as assembleias de aves de localidades na região costumam variar
entre 90 e 259 espécies, indicando uma concentração dessa riqueza em poucas localidades mais
heterogêneas e bem protegidas (Araújo & Silva, 2018).

As Aves, por serem cosmopolitas, ocorrendo em quase todo o globo, mover-se ativamente entre
paisagens, conectando diferentes ambientes através do espaço e tempo, e desempenharem funções
essenciais à manutenção das relações ecológicas, tornam-se indicadores biológicos importantes
para a detecção de alterações ambientais (Furness & Greenwood, 1993; Whelan, Wenny, &
Marquis, 2008; del Hoyo et al., 2015; Somenzari et al., 2018). Atividades humanas potencialmente
impactantes, têm se desenvolvido por toda a Caatinga e avaliar suas influências nas assembleias de
aves é importante para o desenvolvimento humano associado a manutenção da qualidade
ambiental na região.

 Registros Secundários

A lista de espécies de aves com provável ocorrência para a AII é composta por 81 espécies (Tabela
10.2.2-3), resultado da compilação de registros presentes em oito estudos disponíveis na literatura
(Forbes, 1881; Naumburg, 1939; Pinto, 1944; Teixeira et al., 1993; Raposo et al. 1998; Farias et
al., 2002; Pacheco e Parrini, 2002; Roda, 2002)

Tabela 10.2.2-3 - Lista de referência para avifauna com possibilidade de registro na AII da BR-423/PE.
Nome da Espécie Nome vulgar Referência
Buteo magnirostris Gavião-carijó Farias et al., 2002
Caracara plancus Gavião-carcará Farias et al., 2002
Elanus leucurus Gavião-peneira Farias et al., 2002
Gallinula chloropus Galinha-d‟água-preta Farias et al., 2002
Butorides striatus Socozinho Farias et al., 2002
Egretta thula Garça-branca-pequena Farias et al., 2002
Ceryle torquata Martim-pescador-grande Farias et al., 2002
Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno Farias et al., 2002
Nystalus maculatus Dorminhoco Farias et al., 2002
Nyctidromus albicollis Bacurau Farias et al., 2002
Cathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha Farias et al., 2002
Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta Farias et al., 2002
Vanellus chilensis Tetéu Farias et al., 2002

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Nome da Espécie Nome vulgar Referência


Columba picazuro Asa-branca Farias et al., 2002
Columbina picui Rolinha-branca Farias et al., 2002
Forbes, 1881; Farias et al.,
Leptotila verreauxi Juriti 2002
Scardafella squammata Rolinha-fogo-pagô Forbes, 1881
Crotophaga ani Anu-preto Farias et al., 2002
Guira guira Anu-branco Farias et al., 2002
Lodopleura pipra Anambezinho Teixeira et al., 1993
Arundinicola leucocephala Viuvinha Farias et al., 2002
Cnemotriccus fuscatus Guaracavuçu Pinto, 1944
Fluvicola nengeta Lavandeira Farias et al., 2002
Myiarchus tyrannulus Mané-besta Forbes, 1881
Myiobius atricaudus Assanhadinho-de-cauda-preta Pinto, 1944
Myiophobus fasciatus Felipe Pinto, 1944
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Farias et al., 2002
Todirostrum cinereum Reloginho Forbes, 1881
Herpsilochmus atricapillus Chorozinho-de-chapéu-preto Forbes, 1881
Herpsilochmus sellowi Chorozinho-da-caatinga Pacheco e Parrini, 2002
Myrmorchilus strigilatus Piu-piu Naumburg, 1939
Thamnophilus caerulescens Espanta-raposa Roda, 2002
Thamnophilus palliatus Choca-listrada Forbes, 1881
Carduelis yarellii Pintassilva Farias et al., 2002
Certhiaxis cinnamomea Casaca-de-couro Farias et al., 2002
Cranioleuca semicinerea Arredio-de-cabeça-cinza Roda, 2002
Furnarius figulus Casaca-de-couro-da-lama Forbes, 1881
Phacellodomus rufifrons Ferreiro Farias et al., 2002
Synallaxis frontalis Tio-antônio Farias et al., 2002
Atticora melanoleuca Andorinha-de-coleira Forbes, 1881
Neochelidon tibialis Andorinha-calcinha-branca Farias et al., 2002
Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande Farias et al., 2002
Tachycineta albiventer Andorinha-do-rio Farias et al., 2002
Jacana jacana Jaçanã Farias et al., 2002
Coereba flaveola Sebito Farias et al., 2002
Euphonia chlorotica Vem-vem Farias et al., 2002; Pinto, 1944
Hylophilus amaurocephalus Verdinho-coroado Raposo et al. 1998
Icterus cayanensis Encontro-de-ouro Forbes, 1881
Farias et al., 2002; Forbes,
Paroaria dominicana Galo-de-campina 1881
Passerina brissonii Azulão Forbes, 1881
Farias et al., 2002; Forbes,
Polioptila plumbea Rabo-mole 1881
Saltator similis Estevão Farias et al., 2002
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Nome da Espécie Nome vulgar Referência


Schistochlamys ruficapillus Bico-de-veludo Forbes, 1881
Sporophila nigricollis Papa-capim Farias et al., 2002
Tachyphonus rufus Encontro-de-prata Forbes, 1881
Tangara cayana Frei-Vicente Forbes, 1881
Tangara fastuosa Pintor-verdadeiro Roda, 2002
Thlypopsis sordida Canário-de-folha Forbes, 1881
Farias et al., 2002; Forbes,
Thraupis sayaca Sanhaçu-de-bananeira 1881
Volatinia jacarina Tiziu Farias et al., 2002
Farias et al., 2002; Forbes,
Zonotrichia capensis Jesus-meu-deus 1881
Farias et al., 2002; Forbes,
Tapera naevia Peitica 1881
Passer domesticus Pardal Farias et al., 2002
Piaya cayana Alma-de-gato Farias et al., 2002
Picumnus fulvescens Pica-pau-anão-de-pernambuco Stager apud Pinto, 1944
Podilymbus podiceps Mergulhão-caçador Farias et al., 2002
Tachybaptus dominicus Mergulhão-pequeno Farias et al., 2002
Aratinga cactorum Jandaia-gangarra Forbes, 1881
Crypturellus noctivagus Zabelê Farias et al., 2002
Forbes, 1881; Farias et al.,
Crypturellus tataupa Nhambu-de-pé-roxo 2002
Rhynchotus rufescens Perdiz Forbes, 1881
Chrysolampis mosquitus Beija-flor-vermelho Forbes, 1881
Beija-flor-rabo-branco-de- sobre-
Phaethornis pretrei amarelo Farias et al., 2002
Troglodytes musculus Rouxinol Farias et al., 2002
Camptostoma obsoletum Risadinha Farias et al., 2002
Farias et al., 2002; Forbes,
Elaenia flavogaster Maria-já-é-dia 1881
Phaeomyias murina Bagageiro Farias et al., 2002
Hemitriccus margaritaceiven-
ter Sebinho-olho-de-ouro Forbes, 1881
Hemitriccus mirandae Maria-do-nordeste Teixeira et al., 1993
Serpophaga subcristata Alegrinho Forbes, 1881
Tyto furcata Coruja-rasga-mortalha Farias et al., 2002

10.2.2.2.5 Herpetofauna

 Introdução

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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Atualmente, devido ao processo de urbanização e industrialização em crescimento acelerado, a


pressão sobre os recursos naturais vem aumentando sobre o bioma Caatinga, cujas riquezas
faunísticas são de extrema relevância. A Caatinga é considerada um dos biomas com
características semiáridas mais ricos do planeta, com importante grau de endemismo, porém as
atividades antrópicas vem resultando em grandes alterações em suas características naturais,
impondo um grave risco a sua biodiversidade (Silva et al., 2017; Leite et al., 2019), a qual em sua
maior parte foi mal amostrada, limitando o conhecimento desta e afetando diretamente a
implementação de estratégias de manejo eficazes para a conservação de seus remanescentes (Silva
et al., 2005; Freitas; Veríssimo, 2012; Leite et al., 2019).
Ao longo de sua extensão a Caatinga apresenta condições climáticas desafiadoras a sua
biodiversidade, a qual é fruto de adaptações aos muitos tipos de solo e um amplo mosaico de
formações florísticas (Leal et al., 2003; Tabarelli; Vicente, 2004; Magalhães et al., 2015), que
abriga mais de 900 espécies de vertebrados, das quais 400 são endêmicas (Silva et al., 2005). A
herpetofauna, por exemplo, são mencionadas 98 espécies de anuros e 79 de lagartos (Garda et al.,
2017; Mesquita et al., 2017), além de dez anfisbenídeos, 52 cobras, dez tartarugas, três
crocodilianos e três cecílias (Rodrigues, 2003). O bioma ainda contém muitas espécies restritas a
fragmentos florestais representantes de outras fisionomias como Brejos de Altitudes, que se
contabilizados como parte do domínio, aumentaria significativamente a diversidade da região
(Rodrigues, 2003). Contudo, esses números devem aumentar porque 40% do Bioma nunca foi
estudado adequadamente e cerca de 80% permanecem pouco estudado (Tabarelli; Vicente, 2004).
O estado de Pernambuco, apresenta uma riqueza relativa em espécies da herpetofauna, em que
dados da literatura indicam a ocorrência de 38 espécies de anfíbios (Barbosa et al., 2017) e 145
espécies de répteis: dois jacarés, nove quelônios, 11 anfisbenas, 51 lagartos e 72 serpentes (Costa
et al., 2021), essa riqueza é encontrada e distribuída pelas regiões de Mata Atlântica, Agreste e
Sertão, que apesar do aumento em inventários (Pereira et al., 2014; Santos et al., 2017; Barbosa et
al., 2018; Barbosa et al., 2019; Lima et al., 2021), continua com muitas áreas desconhecidas para a
herpetofauna, em que estudos podem revelar novos táxons não conhecidos, que podem ajudar,
através do conhecimento, fornecendo subsídios para a conservação das espécies no Estado e
também no bioma Caatinga como todo.

 Registros Secundários
A lista de anfíbios e répteis apresentada (Tabela 10.2.2-4) consta as possíveis espécies que poderão
ocorrer para herpetofauna na AII. É composta por 17 espécies, de acordo com estudo disponível na
literatura (EIA BR-423, 2017).

Tabela 10.2.2-4 - Lista de referência para herpetofauna para AII da obra de adequação da capacidade viária da BR-
423/PE.
Nome da Espécie Nome Vulgar Referência
Epicrates cenchiria Salamanta EIA BR-423 (2017)
Oxyhropus trigeminus Falsa coral EIA BR-423 (2017)
Micrurus ibiboboca Coral verdadeira EIA BR-423 (2017)
Boa constrictor Jiboia EIA BR-423 (2017)
Crotalus durissus Cascavel EIA BR-423 (2017)
Bothrops jararaca Jararaca EIA BR-423 (2017)
Chironius quadricarinatus Cobra cipó EIA BR-423 (2017)
Cnemidolnorus ocellifer Calanguinho EIA BR-423 (2017)
Tupirambis tequixim Teju EIA BR-423 (2017)
Tropidurus hispidus Lagartixa EIA BR-423 (2017)
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Nome da Espécie Nome Vulgar Referência


Tropidurus semitaeniatus Lagartixa-de-pedra EIA BR-423 (2017)
Hemidactylus mabouia Lagartixa-de-parede EIA BR-423 (2017)
Amphisbaena vermicularis Cobra-de-duas-cabeças EIA BR-423 (2017)
Leptodactylus fuscus Sapo EIA BR-423 (2017)
Leptodactylus latrans Perereca cinza EIA BR-423 (2017)
Bufo paracnemis Cururu EIA BR-423 (2017)
Rhinella jimi Sapo-cururu EIA BR-423 (2017)

10.2.2.2.6 Ictiofauna

 Introdução
Em biomas de baixa disponibilidade hídrica, como a caatinga, todo curso d'água tem grande
importância para a manutenção das funções ecossistêmicas das áreas circundantes e também para o
uso das populações humanas (ANDRADE et al., 2017). Dessa forma, toda atividade impactante
nesse ambiente deve ser avaliada criteriosamente para minimizar possíveis danos ao meio
ambiente (VERAS et al., 2019). Ambientes aquáticos em biomas semiáridos como o bioma
Caatinga, ainda apresentam uma biodiversidade aquática restrita, principalmente de peixes, que
são mantidos por rios, córregos e outros corpos d'água, neste bioma (ROSA et al., 2003).
No estado de Pernambuco, as duas grandes bacias hidrográficas são a do Rio São Francisco, cujos
rios escoam para o São Francisco, e a do Oceano Atlântico, cujos rios escoam para o Oceano
Atlântico (APAC, 2022). A área de estudo está inserida nas áreas de abrangência das Bacias
Hidrográficas dos Rios Ipojuca, Mundaú e Una, ao longo do trecho da BR-423 que vai do km
18,20, no entroncamento da BR-232, no município de São Caitano, ao km 86,12, no município de
São João, com extensão total de 67,92 km.

 Registros Secundários
De acordo com estudo disponível na literatura sobre as espécies de peixes nas principais bacias
hidrográficas envolvidas na drenagem dos brejos de altitude de Pernambuco e Paraíba, a lista de
espécies da ictiofauna obtida a partir de dados secundários com potencial de ocorrência na AII, ou
seja, nas áreas de abrangência das Bacias Hidrográficas dos Rios Ipojuca, Mundaú e Uma, é
composta por 27 espécies para este bioma, distribuídas em 27 espécies, 12 famílias e três ordens
(ROSA et al., 2003; Rosa e Groth 2004), sendo quatro destas, classificadas como espécies
invasoras.

Tabela 10.2.2-5 - Lista qualitativa de espécies da Ictiofauna registradas através de dados secundários para a AII da
BR-423.
Status de conservação
Táxon Origem
(IUCN)
Ordem Characiformes
Família Hemiodontidae
Apareiodon cf. davisi Fowler, 1941 NE Nativa
Família Curimatidae
Steindachnerina notonota Miranda-Ribeiro, 1937 NE Nativa
Família Prochilodontidae
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Status de conservação
Táxon Origem
(IUCN)
Prochilodus brevis Steindachner, 1874 NE Nativa
Família Erythrinidae
Hoplias malabaricus Bloch, 1794 LC Nativa
Família Characidae
Astyanax bimaculatus Linnaeus, 1758 NE Nativa
Astyanax fasciatus Cuvier, 1819 LC Nativa
Hemigrammus aff. brevis Ellis, 1911 NE Nativa
Compsura aff. heterura Eingenmann, 1915 NE Nativa
Serrapinnus heterodon Eigenmann, 1915 NE Nativa
Família Crenuchidae
Characidium bimaculatum Fowler, 1941. NE Nativa
Ordem Siluriformes
Família Pimelodidae
Pimelodella enochi Fowler, 1941 NE Nativa
Rhamdella robinsoni Fowler, 1941 NE Nativa
Rhamdia quelen Quoy & Gaimard, 1824 LC Nativa
Família Callichthyidae
Callichthys callichthys Meuschen, 1778 NE Nativa
Aspidoras cf. spilotus Nijssen & Isbrücker, 1976 NE Nativa
Aspidoras depinnai Britto, 2000 NE Nativa
Família Loricariidae
Parotocinclus spilosoma Fowler, 1941 NE Nativa
Parotocinclus prata NE Nativa
Ordem Cyprinnodontiformes
Família Poeciliidae
Poecilia reticulata Peters, 1860 LC Invasora
Poecilia vivipara Bloch & Schneider, 1801 LC Nativa
Ordem Cichliformes
Família Cichlidae
Cichla ocellaris Bloch & Schneider, 1801 NE Invasora
Cichlasoma orientale Kullander, 1983 NE Nativa
Crenicichla menezesi Ploeg, 1991 NE Nativa
Geophagus brasiliensis Quoy & Gaimard, 1824 NE Nativa
Oreochromis cf. niloticus Linnaeus, 1758 LC Invasora
Coptodon rendalli LC Invasora
Família Gobiidae
Awaous tajasica Lichtenstein, 1822 LC Nativa

10.2.2.2.7 Malacofauna

 Introdução
São conhecidas pelo menos 46 espécies de gastrópodes aquáticos e terrestres no bioma Caatinga (Leal
et al., 2021; Betanho et al., 2016).
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 Registros Secundários
Com relação a malacofauna para a AII são relacionadas, através de dados da literatura (Filho et.
al., 2014), seis espécies de moluscos, das quais quatro são nativas, Anodontites trapesialis
(Lamarck, 1819), Biomphalaria straminea (Dunker, 1848), Pomacea lineata (Spix, 1827) e
Aylacostoma sp.; e duas são exóticas, Melanoides tuberculatus (Muller, 1774) e Corbicula
fluminea (Muller, 1774).

10.2.2.3 CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA NA AID E ADA


Para a execução das atividades de amostragem de fauna na AID e ADA foi necessária a obtenção
prévia da Autorização de Captura, Coleta e Transporte de Fauna Silvestre (Autorização CPRH Nº
04.22.09.004920-0, válida até 28/09/2023). A marcação das aves capturadas pelo método de redes
de neblina ocorreu através do uso de anilhas fornecidas pelo Centro Nacional de Pes- quisa e
Conservação de Aves Silvestres do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade -
CEMAVE/ICMBio (Autorização de Anilhamento Nº 4803/2, válida até 28/09/2023).

Considerando a possibilidade de ser gerado material científico para coleta e tombamento em


instituição científica que apresente coleção de referência no Estado de Pernambuco, foi solicitado
previamente Carta de Aceite de material biológico ao Laboratório de Ensino de Zoologia –
LABEZoo e o Laboratório de Vertebrados Alados - LAVEA da Universidade Federal do Agreste
de Pernambuco (UFAPE), obtida em 14/04/2022, através do Ofício Nº
50/2022/PATRIMÔNIO/UFAPE. Como não houve coleta e tombamento de material científico
durante a primeira campanha de campo, não foi obtido, consequentemente, documento
comprobatório do ato.

10.2.2.3.1 Fauna Terrestre


A caracterização da fauna de vertebrados (mastofauna, avifauna e herpetofauna) nos ecossistemas
terrestres ao longo da AID e da ADA no trecho de adequação de capacidade viária da rodovia BR-
423/PE, foi realizada a partir de dados qualitativos e quantitativos. Para isso, o tempo de
amostragem foi de sete (07) dias de campanha efetiva, desconsiderando o tempo gasto para
mobilização e desmobilização da equipe e montagem das estruturas e das armadilhas, no período
de setembro de 2022 a janeiro de 2023. Considerando a possibilidade de ocorrência de variações
sazonais na riqueza e composição de espécies, deverá ser realizada uma segunda campanha,
referente ao período chuvoso (maio-agosto/2023).

 Unidades Amostrais – UAs


Ao total, na AID e ADA foram selecionadas seis (06) Unidades Amostrais (UAs) após vistoria
técnica das áreas de maior influência da BR-434 com sobrevoo de Drone e visita in loco, levando
em consideração a variabilidade dos ambientes com relação (i) aos biomas e fitofisionomias no
local, (ii) a presença de corpos e cursos d‟água, (iii) ao grau de antropização, e (iv) a
disponibilidade de recursos para fauna (Figura 10.2.2-2).

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Tabela 10.2.2-6 - Unidades Amostrais (UAs) onde foram foi realizado o levantamento de vertebrados terrestres (mas-
tofauna, avifauna e herpetofauna). Bioma: CA = Caatinga, MA = Mata Atlântica. Sistema de coordenadas: WGS 84 /
UTM zone 24S (EPSG: 32724).
Coordenadas geográficas
UA Ponto de referência Bioma
X Y
UA1 811494.02 9075188.37 Próximo ao km 20 da BR-423. CA
UA2 804898.20 9060637.66 Ponte sobre o Rio Una. CA
Logo após o acesso da Chácara Encanto da Ser-
UA3 786232.16 9040220.30 CA
ra.
UA4 782624.58 9031990.34 Ponte sobre o Riacho Zaguada. MA
UA5 781865.41 9026559.37 Ponte sobre o Riacho Canhoto. MA
UA6 781001.23 9024689.27 Entrada para Valimix. MA

Figura 10.2.2-3 - Distribuição das Unidades Amostrais para o Levantamento da Fauna de Vertebrados Terrestres.

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a) Unidade Amostral – UA 01
Buffer circular (em amarelo) de 500 metros de raio em relação a BR-423 (em vermelho),
ilustrando os ambientes existentes (uso do solo) na Unidade Amostral – UA 01, na qual foi
composto por um transecto de 1 km (um quilômetro) interceptando o eixo da rodovia.

Figura 10.2.2-4 - Unidade Amostral – UA 01.

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b) Unidade Amostral – UA 02

Buffer circular (em amarelo) de 500 metros de raio em relação a BR-423 (em vermelho),
ilustrando os ambientes existentes (uso do solo) na Unidade Amostral – UA 02, na qual foi
composto por um transecto de 1 km (um quilômetro) interceptando o eixo da rodovia.

Figura 10.2.2-5 - Unidade Amostral – UA 02.

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c) Unidade Amostral – UA 03
Buffer circular (em amarelo) de 500 metros de raio em relação a BR-423 (em vermelho),
ilustrando os ambientes existentes (uso do solo) na Unidade Amostral – UA 03, na qual foi
composto por um transecto de 1 km (um quilômetro) interceptando o eixo da rodovia.

Figura 10.2.2-6. Unidade Amostral – UA 03.

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d) Unidade Amostral – UA 04
Buffer circular (em amarelo) de 500 metros de raio em relação a BR-423 (em vermelho), ilustrando os
ambientes existentes (uso do solo) na Unidade Amostral – UA 04, na qual foi composto por um tran-
secto de 1 km (um quilômetro) interceptando o eixo da rodovia.

Figura 10.2.2-7 - Unidade Amostral – UA 04.

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e) Unidade Amostral – UA 05
Buffer circular (em amarelo) de 500 metros de raio em relação a BR-423 (em vermelho), ilustrando os
ambientes existentes (uso do solo) na Unidade Amostral – UA 05, na qual foi composto por um tran-
secto de 1 km (um quilômetro) interceptando o eixo da rodovia.

Figura 10.2.2-8 - Unidade Amostral – UA 05.

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f) Unidade Amostral – UA 06
Buffer circular (em amarelo) de 500 metros de raio em relação a BR-423 (em vermelho), ilustrando os
ambientes existentes (uso do solo) na Unidade Amostral – UA 06, na qual foi composto por um tran-
secto de 1 km (um quilômetro) interceptando o eixo da rodovia.

Figura 10.2.2-9 - Unidade Amostral – UA 06.

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10.2.2.3.2 Mastofauna terrestre (mamíferos de pequeno, médio e grande porte)

 Material e Métodos
Para a amostragem de mamíferos terrestres não-voadores, cada UA foi composta por um transecto de 1
km (um quilômetro), zonas para instalação de Armadilhas de Interceptação e Queda – AIQ ("pitfall") e
de Armadilhas de Contenção Viva - ACV ("live-traps"), além de dois pontos para instalação de Arma-
dilhas Fotográficas (câmeras-trap), e dois pontos para instalação de Armadilhas de Pegada (caixas de
areia). A metodologia utilizada está em conformidade com a Instrução Normativa do IBAMA nº 13, de
19 de julho de 2013, que estabelece os procedimentos para padronização metodológica dos planos de
amostragem de fauna exigidos nos estudos ambientais para o licenciamento ambiental de empreendi-
mento lineares.

 Pequenos mamíferos
a) Armadilhas de contenção viva (do tipo "live-trap"): em cada UA, buscou-se estabelecer duas linhas
distantes 30 m entre si, compostas cada uma por oito (08) pares de armadilhas “Sherman” (Figura
10.2.2-10A-B) e “Tomahawk” (Figura 10.2.2-10C), dispostas no chão e sub-bosque (1,5 a 2,0 m de al-
tura), com espaçamento entre pares de armadilhas de 30 m. Cada armadilha foi iscada com banana ma-
dura e uma mistura de pasta de amendoim, aveia e sardinha. As armadilhas foram vistoriadas durante
as primeiras horas da manhã (05 ~ 09h) e ao final do dia (15 ~ 18h), quando as iscas foram trocadas.

Todos os animais capturados através das armadilhas de contenção viva foram liberados a aproximada-
mente 50 m do local de captura para reduzir a possibilidade de recapturas (Figura 10.2.2-11).

Figura 10.2.2-10 - Armadilhas de contenção viva (“live-traps”) do tipo Sherman (A = chão, B = subbosque) e To-
mahawk (C) nas Unidades Amostrais da área de estudo.

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Figura 10.2.2-11 - Procedimento de soltura de um indivíduo de Wiedomys pyrrhorhinos na Unidade Amostral 01


(UA1), sob influência do trecho da BR-434 entre os municípios de São-Caitano-PE e Garanhuns-PE.

b) Armadilhas de interceptação e queda – AIQs ("pitfalls"): a zona de instalação das AIQs foi composta
por 20 baldes de 60 litros em cada UA, divididos em cinco (05) estações distantes cerca de 30 m entre
si e contendo cada uma quatro (04) baldes posicionados em formato de “Y”, com distância dos eixos do
“Y” de cerca de 10 m. Para cada “Y”, os baldes foram interligados com cerca-guia, confeccionada uti-
lizando lona plástica com cerca de 50 cm de altura, enterrada aproximadamente 5 cm, e mantida por es-
tacas de madeira (Figura 10.2.2-12). Os baldes foram furados para evitar o acúmulo de água, sendo vis-
toriados juntamente e/ou logo após a vistoria das “live-traps”.

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Figura 10.2.2-12 - Foto (A – Unidade Amostral 04) e esquema das Armadilhas de interceptação e queda – AIQs ("pit-
falls"), instaladas utilizando quatro (04) baldes de 60 L em forma de “Y”, com lona plástica servindo de cerca guia.

 Mamíferos de médio e grande porte


a) Censo por transecção (busca ativa): para cada UA, foi estabelecido um (01) transecto de aproxima-
damente 1 km, percorrido durante as primeiras horas da manhã e a partir do crepúsculo a uma veloci-
dade média de 1,0 a 1,5 km/h. Os transectos foram percorridos para confirmar visual, auditiva ou atra-
vés da observação de vestígios (pegadas, pelos, fezes, marcações, tocas, restos de carcaças), a presença
de mamíferos na área.

b) Armadilhas fotográficas (câmeras-trap): um par de armadilhas fotográficas foi disposto em cada UA.
O local foi escolhido através da inspeção da presença de vestígios e/ou recursos comumente utilizados
por mamíferos na área, como fontes d‟água, trilhas/carreiros, áreas com recursos alimentares, próximas
a tocas ativas, etc. As armadilhas fotográficas foram iscadas com bacon, milho, sal, cenoura, e batata
doce, além de essências sintéticas de morango e maracujá. Os dispositivos foram programados para
gravar vídeos com 30 s de extensão e intervalo mínimo de 03 s (Figura 10.2.2-13).

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Figura 10.2.2-13 - Armadilha fotográfica (câmera-trap) instalada na Unidade Amostral 06 (UA6) da área de estudo.

c) Armadilhas de pegadas (caixas de areia): para cada UA, foram implantadas duas armadilhas de pe-
gada 500 m distantes entre si, instaladas em formato quadrado com aproximadamente 1,0 m de lado. As
mesmas foram iscadas utilizando os mesmos recursos dispostos para as armadilhas fotográficas, sendo
regadas com água para aumentar a probabilidade de fixação das pegadas, vistoriadas durante o começo
da manhã e o final da tarde (Figura 10.2.2-14).

Figura 10.2.2-14 - Armadilha de pegada (caixa de areia) instalada na Unidade Amostral 01 (UA1) da área de estudo.

 Monitoramento de atropelamentos na BR-434


O trecho da rodovia BR-434 entre os municípios de Garanhuns-PE e São Caitano-PE foi percorrido di-
ariamente de carro, a uma velocidade aproximada de 60 km/h, buscando vestígios e carcaças de mamí-
feros atropelados na via e acostamento.

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Figura 10.2.2-15 - Monitoramento de atropelamentos no trecho da BR-434 entre os municípios de São Caitano-PE e
Garanhuns-PE, com a utilização de veículo a uma velocidade média de 60 km/h.

Entrevistas

Buscando complementar a amostragem, foram realizadas entrevistas com moradores e transeuntes uti-
lizando as adjacências das UAs. Foram utilizadas fotografias dos possíveis componentes da fauna da
região para confirmação da presença dos mesmos.

 Análise de dados
Todos os métodos descritos acima foram utilizados para compor a lista de espécies de mamíferos ter-
restres não-voadores da área de influência da BR-434. As espécies encontradas foram categorizadas
quanto ao seu grau de ameaça de extinção de acordo com as listas da International Union for Conserva-
tion of Nature (IUCN, 2019, 2023), e das listas nacionais presentes no Livro Vermelho da Fauna Brasi-
leira Ameaçada de Extinção (ICMBio, 2018) e na Portaria MMA nº 148, de 7 de junho de 2022 (MMA,
2022). Os dados coletados nas entrevistas foram excluídos das análises de riqueza e abundância descri-
tas abaixo. Para cálculo da diversidade alfa (α), foram aplicados os índices de (i) Shannon-Wiener (H'),
(ii) Simpson (D), e (iii) Equitabilidade de Pielou (J). Os estimadores de riqueza (a) Chao 1, (b) Jackkni-
fe 1, (c) Jackknife 2 e (d) Bootstrap foram utilizados (1.000 aleatorizações) para avaliar a riqueza de
mamíferos na BR-434 e as diferenças entre as UAs da área. Ainda, o estimador Bootstrap foi utilizado
para gerar extrapolações baseadas em rarefação utilizando dados de incidência e abundância capazes de
predizer as variações na riqueza de acordo com aumento do esforço amostral. Por fim, o Índice de simi-
laridade de Jaccard foi utilizado para comparar a lista de espécies obtida no presente estudo com listas
de mamíferos atropelados na BR-434 (Mota, 2022), e dados históricos de levantamento para os muni-
cípios de Garanhuns-PE e Caruaru-PE (Oliveira, 2003). O Índice de Jaccard também foi aplicado para
avaliar a similaridade das comunidades entre as Unidades Amostrais. Todas as análises e gráficos da
seção de resultados desse relatório foram realizadas utilizando a linguagem R (R Core Team, 2023).

 Resultados
A paisagem nas Unidades Amostrais ao longo da BR-434 é predominantemente caracterizada pela pre-
sença de áreas destinadas a pecuária e a agricultura, com pequenos fragmentos florestais inseridos nes-
se contexto, apresentando tamanho relativamente reduzido e certo grau de isolamento. Entre as áreas
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vistoriadas, a Unidade Amostral 01 (UA1) encontra-se próxima de um fragmento de maior porte


(aprox. 200 ha) levando em conta o cenário da área amostrada, e a Unidade Amostral 03 (UA3) está in-
serida em um ambiente de maior conectividade, visto que a mesma localiza-se em uma Serra que atra-
vessa a rodovia entre os municípios de Lajedo-PE e Jupi-PE, onde há predominância de vegetação na-
tiva. A Unidade Amostral 04 (UA4) localiza-se em fragmento de cerca de 40 ha, distante 1 km de um
complexo de maior porte dominado por vegetação nativa. Todas as outras Unidades Amostrais foram
estabelecidas em áreas com grau relativamente alto de isolamento e pouca abundância de vegetação na-
tiva. Ainda, UA2 está localizada ao longo do Rio Una no município de Cachoeirinha-PE, em trecho sob
forte influência antrópica.

A lista de mamíferos terrestres não-voadores da área sob influência do trecho da BR-434 entre os mu-
nicípios de São Caitano-PE e Garanhuns-PE, é composta por 16 espécies, pertencentes a doze (12) fa-
mílias e seis (06) ordens (Tabela 10.2.2-7). As maiores riquezas observadas foram encontradas nas
Unidades Amostrais UA3 (n = 12) e UA1 (n = 11) (Tabela 10.2.2-8). Dentre as espécies registradas,
três são ameaçadas de extinção, duas na categoria “Vulnerável” (VU), pelo ICMBio (2018): Herpailu-
rus (Puma) yagouaroundi (gato-mourisco) e Kerodon rupestris (mocó);e, a terceira espécie ameaçada é
o Sylvilagus brasiliensis (tapiti), recentemente incluindo na categoria “Em Perigo” (EN), pelo IUCN
(2023) Dois mamíferos endêmicos do Bioma Caatinga foram levantados: K. rupestris (mocó) e Wie-
domys pyrrhorhinos (Rato-de-nariz-vermelho). E uma espécie é considerada exótica, Rattus novergicus
(Ratazana). Todas as outras espécies apresentadas são categorizadas como Pouco Preocupantes (LC) e
de ampla distribuição (Tabela 10.2.2-7).

Ao total, foram registrados 113 indivíduos: Didelphis albiventris (32), Cerdocyon thous (23), Monode-
lphis domestica (13), Wiedomys pyrrhorhinos (10), Rattus norvegicus (7), Callithrix jacchus (6), Oli-
goryzomys nigripes (4), Akodon cursor (3), Galea spixii (3), Euphractus sexcinctus (3), Sylvilagus bra-
siliensis (3), Gallictis vittata (2), Procyon cancrivorus (1), Kerodon rupestris (1), Conepatus semistria-
tus (1) e Herpailurus (Puma) yagouaroundi (1) (Tabela 10.2.2-7). Entre as Unidades Amostrais, as
maiores abundâncias observadas foram encontradas em UA3 (27), seguida por UA1 (25), UA4 (24),
UA6 (16), UA5 (13) e UA2 (6) (Tabela 10.2.2-8).

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Tabela 10.2.2-7 - Lista de espécies de mamíferos terrestres não-voadores identificados na área de influência do trecho
da BR-434 entre os municípios de São Caitano e Garanhuns, Pernambuco, Brasil.
ICMBio IUCN
Táxon Nome popular Método Occ.
(2018) (2023)
Ordem Carnivora
Família Felidae
Herpailurus (Puma)
Gato-mourisco ATR 1 VU LC
yagouaroundi
Família Canidae
Raposa/Cachorro-do- ATR, CA, CT, RO, TS,
Cerdocyon thous 34 LC LC
mato ENT
Família Mustelidae
Galictis vittata Furão ATR, TS 2 LC LC
Família Mephitidae
Conepatus semistriatus Gambá/Ticaca TS, RO, ENT 1 LC LC
Família Procyonidae
Procyon cancrivorus Mão-pelada/Guaxinim TS, RO, ENT 2 LC LC
Ordem Didelphimorphia
Família Didelphidae
Didelphis albiventris Saruê/Timbú ATR, CT, TH, TS, ENT 45 LC LC
Monodelphis domestica Cuíca-do-rabo-curto PF, SM 19 - LC
Ordem Cingulata
Família Dasypodidae
Euphractus sexcinctus Tatu-peba ENT, TS 3 LC LC
Ordem Lagomorpha
Família Leporidae
Sylvilagus brasiliensis Tapiti RO, TS 3 LC EN
Ordem Primates
Família Callitrichidae
Callithrix jacchus Sagui-de-tufo-branco TS, ENT 6 LC LC
Ordem Rodentia
Família Caviidae
Galea spixii Preá RO, TS 3 LC LC
Kerodon rupestris Mocó RO, ENT 1 VU LC
Família Cricetidae
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ICMBio IUCN
Táxon Nome popular Método Occ.
(2018) (2023)
Rato-de-focinho-
Wiedomys pyrrhorhinos SM 10 LC LC
vermelho
Oligoryzomys nigripes Rato-do-arroz SM 4 LC LC
Akodon cursor Rato-do-chão SM 4 LC LC
Família Muridae
Rattus norvegicus Ratazana SM LC LC
Legenda: ATR = atropelamento, CA = caixa de areia, CT = câmera-trap, ENT = entrevista, PF = pitfall,
RO = registro ocasional (avistamento e vestígio), SM = Sherman, TH = Tomahawk, TS = transecto.

Levando em conta todas as amostras coletadas nas Unidades Amostrais, obteve-se valores para o Índice
de Shannon-Wiener de H' = 1,54, Índice de Simpson de D = 0,70 e Índice de Equitabilidade de Pielou
de J = 0,82 (Tabela 10.2.2-8). Os maiores valores para o Índice de Shanon-Wiener, Simpson e Equita-
bilidade de Pielou foram encontrados para UA3 (H' = 2,23; D = 0,87; J = 0,90), UA1 (H' = 2,02; D =
0,83; J = 0,84) e UA6 (H' = 1,69; D = 0,78; J = 0,87) (Tabela 10.2.2-8).

Tabela 10.2.2-8 - Dados de abundância, riqueza e diversidade para cada uma das Unidades Amostrais distribuídas ao
longo da área de influência do trecho da BR-434 entre os municípios de São Caitano-PE e Garanhuns-PE.
Unidade Amos- Shannon- Equitabilidade de Pie-
Abundância Riqueza Simpson
tral Wiener lou
UA1 26 11 2,02 0,83 0,84
UA2 7 3 0,8 0,45 0,72
UA3 26 12 2,23 0,87 0,9
UA4 23 6 1,48 0,72 0,83
UA5 14 4 1,03 0,54 0,74
UA6 17 7 1,69 0,78 0,87
Total 113 16 1,54 0,7 0,82

De maneira geral, os estimadores de riqueza demonstraram estativas próximas da assíntota das curvas
de predição (Figura 10.2.2-16). As extrapolações geradas pelo método Bootstrap revelaram que a ri-
queza de espécies obtida durante esse levantamento representa cerca de 90% da comunidade de mamí-
feros terrestres não-voadores local segundo o método Bootstrap, 80% segundo Jackknife 1, 70% se-
gundo Jackknife 2 e 67% segundo Chao 1 (Figura 10.2.2-16A). Contudo, considerando os intervalos de
confiança das extrapolações e os estimadores de riqueza, com o aumento do esforço amostral (número
de indivíduos capturados e/ou dias/UA), é possível que a riqueza amostrada cresça ligeiramente para de
18 a 23 espécies (Figura 10.2.2-16B – C).

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Figura 10.2.2-16 - Representação dos (A) estimadores de riqueza, e extrapolações da riqueza de acordo com (B) o nú-
mero de indivíduos capturados e (C) o esforço amostral, calculado em dias/Unidade Amostral.

As duas espécies de mamíferos mais frequentemente encontradas na área de estudo foram D. albiven-
tris (Figura 10.2.2-17) e C. thous (Figura 10.2.2-18). Ambas as espécies foram registradas por diversos
métodos de levantamento e em diversos ambientes distintos ao longo da BR-434, mostrando-se comuns
na maioria das Unidades Amostrais.

Figura 10.2.2-17. Mamífero mais comumente encontrado durante o presente estudo, Didelphis albiventris é um marsu-
pial de hábitos generalistas e tolerante a certos níveis de pressões antrópicas.

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Figura 10.2.2-18. Cerdocyon thous, espécie com o segundo maior número de ocorrências na área de estudo, considera-
da generalista e capaz de habitar paisagens modificadas pela ação antrópica.

A terceira espécie mais abundante na área de estudo foi M. domestica (Figura 10.2.2-19). Esse mamífe-
ro foi encontrado em grandes abundâncias na Unidade Amostral 04 (UA4), quando comparado a outras
Unidades Amostrais.

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Figura 10.2.2-19. Monodelphis domestica, marsupial que habita uma ampla variedade de ambientes encontrado em
abundância na Unidade Amostral 04 (UA4).

Seguindo o Índice de Similaridade de Jaccard, a comunidade de mamíferos levantada durante esse es-
tudo é 47% similar com a encontrada por Mota (2022), 28% semelhante a encontrada através do compi-
lado de dados de Oliveira (2003) para o município de Garanhuns-PE, e 19% para o município de Caru-
aru-PE (Oliveira, 2003). As Unidades Amostrais com maiores similaridades entre si quanto a assem-
bleia de mamíferos encontrada foram UA2 e UA5 (75%), UA1 e UA3 (53%), e UA3 e UA6 (46%)
(Tabela 10.2.2-9).

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Tabela 10.2.2-9 - Índice de Jaccard para comparação das assembleias de mamíferos terrestres não-voadores entre as
Unidades Amostrais distribuídas ao longo da área de influência do trecho da BR-434 entre os municípios de São Cai-
tano-PE e Garanhuns-PE.
UA1 UA2 UA3 UA4 UA5 UA6
UA1 1 - - - - -
UA2 0,27 1 - - - -
UA3 0,53 0,15 1 - - -
UA4 0,21 0,29 0,38 1 - -
UA5 0,25 0,75 0,14 0,43 1 -
UA6 0,38 0,25 0,46 0,44 0,38 1

Tabela 10.2.2-10 - Presença e ausência de mamíferos nas Unidades Amostrais localizadas no trecho da BR-434, entre
os municípios de São Caitano-PE e Garanhuns-PE.
Táxon UA1 UA2 UA3 UA4 UA5 UA6
Herpailurus yagouaroundi Presente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente
Cerdocyon thous Presente Presente Presente Presente Presente Presente
Galictis vittata Presente Ausente Presente Ausente Ausente Ausente
Conepatus semistriatus Ausente Ausente Presente Ausente Ausente Ausente
Procyon cancrivorus Ausente Ausente Presente Ausente Ausente Ausente
Euphractus sexcinctus Presente Ausente Presente Ausente Ausente Presente
Didelphis albiventris Presente Presente Presente Presente Presente Presente
Monodelphis domestica Ausente Ausente Presente Presente Ausente Ausente
Sylvilagus brasiliensis Presente Ausente Presente Ausente Ausente Presente
Callithrix jacchus Ausente Ausente Ausente Presente Presente Presente
Galea spixii Presente Ausente Presente Ausente Ausente Ausente
Kerodon rupestris Presente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente
Wiedomys pyrrhorhinos Presente Ausente Presente Presente Ausente Ausente
Oligoryzomys nigripes Ausente Ausente Presente Presente Ausente Presente
Akodon cursor Presente Ausente Presente Ausente Ausente Presente
Rattus norvegicus Presente Presente Ausente Ausente Presente Ausente

Ao longo do trecho monitorado da BR-434, foi possível observar, ao total, 10 eventos de atropelamen-
to, de quatro espécies distintas: C. thous (04), D. albiventris (03), G. vittata cuja (02), e H. yagoua-
roundi (01) (Figura 10.2.2-20). A maioria dos registros de atropelamentos ocorreu no trecho da BR-434
entre os municípios de São Caitano-PE e Lajedo-PE.

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Figura 10.2.2-20. Atropelamentos de mamíferos no trecho da BR-434 entre os municípios de São Caitano-PE e Gara-
nhuns-PE, registrados entre os dias 21 e 27/01/2023. (A) Herpailurus yagouaroundi, (B) Galictis vittata, (C) Cerdocyon
thous e (D) Didelphis albiventris.

 Discussão
A comunidade de mamíferos terrestres não-voadores encontrada nas seis Unidades Amostrais distribuí-
das ao longo do trecho da BR-434 entre São Caitano-PE e Garanhuns-PE é representativa das comuni-
dades alteradas pelas atividades humanas encontradas ao longo do Agreste Pernambucano (Oliveira,
2003; Mota, 2022). Essas assembleias podem ser compostas, em grande parte, por mamíferos generalis-
tas que se adaptam e são favorecidos por serem mais resilientes as mudanças causadas pelas atividades
humanas (Bovo et al., 2018). No caso das áreas monitoradas ao longo da BR-434, ficou evidente que
C. thous e D. albiventris parecem se beneficiar do contexto de degradação local, ocorrendo em abun-
dância na região.

Nenhum indício da presença de grandes mamíferos carnívoros como Puma concolor foi encontrado du-
rante o período amostral. Dessa maneira, é possível que mesopredadores presentes na região, como H.
yagouaroundi, estejam ocupando as posições tróficas mais altas ao longo da BR-434 (i.e., hipótese da
liberação dos mesopredadores, Jachowski et al., 2020). Nesse caso, a presença de felinos de médio por-
te na região deve ser assegurada para manutenção de pelo menos parte das relações ecológicas estabe-
lecidas entre predadores e presa, importante para a manutenção da saúde dos ecossistemas (Prugh,
2009; Ritchie et al., 2009). Outras espécies de felino de médio porte que podem ocorrer na região, po-
rém não foram registrados durante esse estudo provavelmente devido ao comportamento furtivo e as
baixas densidades em que ocorrem são Leopardus tigrinus e Leopardus pardalis. Aqui, cita-se a impor-
tância dos felinos de médio porte por serem carnívoros estritos, porém, C. thous e outros carnívoros en-
contrados na área também podem ocupar altos níveis tróficos na área de estudo.
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A respeito das três espécies ameaçadas de extinção encontradas na área de influência da BR-434: Sylvi-
lagus brasiliensis (tapiti ou coelho-do-mato); Herpailurus (Puma) yagouaroundi (gato-mourisco) e Ke-
rodon rupestris (mocó), tem-se como principais ameaças a perda e a fragmentação de habitats, a caça e
os atropelamentos em rodovias. O S. brasiliensis foi recentemente incluído na Lista Vermelha de Espé-
cies Ameaçadas da IUCN (2023), na categoria “Em Perigo” (EN), após revisão realizada por Ruedas e
Smith (2019), que constataram severo decréscimo nas populações de coelho-do-mato da Mata Atlântica
nordestina. Mendes Pontes et al., (2016) apontaram a perda de habitat por desmatamento e assentamen-
tos humanos, como principal ameaça para a espécie, visto que 94,4% da cobertura florestal na área de
distribuição geográfica do S. brasiliensis foi perdida. As espécies H. yagouaroundi e K. rupestres, , es-
tão listadas como “Vulneráveis” (VU) pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
(ICMBio, 2018). Embora o gato-mourisco H. yagouaroundi apresente ampla distribuição no território
brasileiro, suas populações vêm apresentando declínios consideráveis, sobretudo devido a perda e a
fragmentação de habitats, a caça e os atropelamentos, com estimativas conservadoras demonstrando
que a população efetiva da espécie não é maior do que 5.200 indivíduos e, certamente inferior a 10.000
indivíduos (ICMBio, 2018). Para o mocó K. rupestris, apesarda espécie ser amplamente distribuída no
semiárido nordestino e mineiro, estudos vêm demonstrando a presença de declínios populacionais e ex-
tinções locais, decorrentes, principalmente da degradação ambiental e da forte pressão da caça, aliadas
a especificidade de habitat que a espécie possui, dado que é restrita a lajedos ou afloramentos rochosos
da Caatinga (ICMBio, 2018), o que a caracteriza como endêmica deste bioma (Carmignotto & Astúa,
2017). O outro caso de endemismo registrado, refere-se ao pequeno roedor Wiedomys pyrrhorinus,
também restrito a Caatinga (Carmignotto & Astúa, 2017).

As áreas adjacentes ao trecho da BR-434 entre os municípios de São Caitano-PE e Garanhuns-PE po-
dem ser importantes para a manutenção da diversidade de mamíferos na região, abrigando inclusive es-
pécies ameaçadas de extinção e endêmicas, citadas acima A maioria das UAs localizaram-se fora da
Área Diretamente Afetada (ADA) pela rodovia, sendo assim, sugere-se que o Projeto de Adequação de
Capacidade Viária da Rodovia BR-423 esteja condicionado a implantação de medidas capazes de miti-
gar o impacto negativo (principalmente direto) da rodovia na mastofauna local. Rodovias impõem bar-
reiras ao movimento e fluxo gênico, causam alterações hidrológicas, microclimáticas e na cobertura do
solo, além do aumento da poluição a mortalidade decorrente de atropelamentos (Garcia, 2018). A mas-
tofauna encontrada ao longo da BR-434 parece ser particularmente sensível aos atropelamentos na re-
gião.

Em monitoramento realizado ao longo da BR-434, Mota (2022) encontrou pontos quentes de atropela-
mentos de C. thous nos quilômetros 5, 15, 24, 46 (alta intensidade) e 65 (alta intensidade), e D. albiven-
tris ao longo dos quilômetros 16, 22, 26, 28, 30, 37 (alta intensidade), 41 e 59 (Mota, 2022). O autor
ainda sugere que pontes sobre corpos d‟água previamente existentes (km 14, 34 e 45) possam ser adap-
tadas com a construção de margens não-alagáveis, proporcionando estrutura para o deslocamento des-
sas espécies entre os lados da BR-434 (Mota, 2022). Contudo, como observado, é possível que essas
medidas isoladas não sejam suficientes para redução dos impactos causados pela rodovia na mastofau-
na local, e espera-se que outras medidas adicionais sejam levadas em consideração: (i) a implantação
cercas ou outras barragens que impeçam o acesso da fauna à rodovia, (ii) a construção de passagens
subterrâneas para fauna com tamanho suficiente para permitir o deslocamento dos maiores mamíferos
encontrados na região (C. thous e H. yagouaroundi), (iii) a redução da velocidade na pista nos pontos
com maior número de registros de atropelamentos através da utilização de radares de velocidade, que-
bra-molas e sinalização adequada (e.g., velocidade máxima permitida e cruzamento de animais), (iv) a
implementação de estudos de monitoramento de atropelamentos, e (v) a implementação de projetos de
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educação ambiental que visem alertar a população que utilizam a BR-434 sobre o impacto de atropela-
mentos na biodiversidade local. Para esse último caso, sugere-se que sejam utilizados animais taxider-
mizados que tenham sido encontrados abatidos as margens da rodovia, vítimas de atropelamentos.

 Lista de espécies
Herpailurus (Puma) yagouaroundi – gato-mourisco (VU): único representante da família Felidae en-
contrado, habita todos os biomas brasileiros, geralmente ocorrendo em baixas densidades. Espécie ter-
restre de hábitos diurnos e noturnos, se alimenta de pequenos roedores, aves, répteis, anfíbios, e exis-
tem registros de consumo de veado (Mazama nana), paca (Cuniculus paca) e artrópodes. Ameaçado
devido à perda e a fragmentação de habitat, caça e atropelamentos (Reis et al., 2006). mas amplamente
distribuída na Caatinga e Mata Atlântica do Nordeste brasileiro (Feijó e Langguth, 2013).

Cerdocyon thous – raposa (LC): canídeo amplamente distribuído no Brasil, utiliza ambientes modifica-
dos pelo homem. Apresenta hábito geralmente noturno e crepuscular, sendo uma espécie onívora, gene-
ralista e oportunista, com dieta variando sazonalmente incluindo frutos, pequenos vertebrados, insetos,
crustáceos, peixes e carniça. Mesmo não sendo classificada como em perigo de extinção, muitas popu-
lações sofrem impactos dos atropelamentos em rodovias (Reis et al., 2006);

Galictis vittata – furão (LC): possui hábitos crepusculares e noturnos e pode ser avistado formando pe-
quenos bandos de três ou quatro indivíduos. Sua dieta onívora é composta por vertebrados, invertebra-
dos, ovos e frutos (Reis et al., 2006);

Conepatus semistriatus – gambá (LC): encontrado do estado de São Paulo ao nordeste do Brasil, utiliza
áreas com vegetação mais aberta. Apresenta hábito crepuscular e noturno e se alimenta de invertebra-
dos, pequenos vertebrados e frutos, ocasionalmente consumo carcaças (Reis et al., 2006);

Procyon cancrivorus – mão-pelada (LC): possui ampla distribuição geográfica e ocorre em todos os bi-
omas brasileiros. É uma espécie solitária e de hábito noturno, habitando geralmente áreas florestais e se
alimentando principalmente de moluscos, insetos, peixes, anfíbios e frutos (Reis et al., 2006);

Euphractus sexcinctus – tatu-peba (LC): espécie amplamente distribuída ocupando áreas de vegetação
aberta e bordas florestais. Apresenta atividade preferencialmente diurno e é generalista quanto aos há-
bitos alimentares, consumindo material vegetal, invertebrados, pequenos vertebrados e carniça (Reis et
al., 2006);

Didelphis albiventris – saruê/timbú (LC): marsupial amplamente distribuído e caracterizado como tole-
rante a ambientes modificados pelas atividades humanas, possui dieta frugívora-onívora, podendo con-
sumir roedores e aves de pequeno porte, anfíbios, répteis, insetos, crustáceos e frutos (Reis et al.,
2006);

Monodelphis domestica – cuíca-do-rabo-curto (LC): mamífero de porte pequeno, apresenta-se ampla-


mente distribuído pelo território brasileiro. Sua dieta é insetívora-onívora, consumindo pequenos roedo-
res, répteis, anfíbios e invertebrados. Na Caatinga, ocorre em matas de brejo, caatinga arbórea alta e
baixa, plantações, campos abandonados e áreas rochosas (Reis et al., 2006);

Sylvilagus brasiliensis – tapiti, coelho-do-mato ( EN): Nativo da América Latina, onde ocorre do Mé-
xico a Argentina, é a única espécie de coelho silvestre do Brasil. O primeiro registro de S. brasiliensis
foi feito na Costa de Pernambuco, por Marcgraff em 1648, citado e descrito por Linnaeus em 1758 na
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10ª edição do Systema Naturæ (Linnaeus, 1758; Ruedas et al., 2017). É uma espécie de pequeno porte,
com pelagem castanho amarelada. Ocupa uma grande variedade de ambientes, de matas a campos,
apresenta hábito crepuscular e noturno, sendo terrestres, herbívoros, vivem solitários ou em pares (Ei-
senberg & Redford, 1999). Segundo a “IUCN Redlist”, o estado de conservação é “Em Peri-
go”(Endangered EN), (IUCN, 2023). A caça, a perda e a fragmentação de habitats, a predação e a com-
petição com a lebre europeia, além de secas prolongadas, são as principais ameaças à espécie (Ruedas
& Smith, 2019).

Callithrix jacchus – sagui-de-tufo-branco (LC): primata arborícola que ocupa diversas fisionomias flo-
restais, se alimenta principalmente de insetos e frutos, mas também pode consumir néctar, exsudados
de plantas, flores, sementes, moluscos, ovos e pequenos vertebrados (Reis et al., 2006);

Galea spixii – preá (LC): apresentam hábitos geralmente diurnos, mas também são ativas durante a noi-
te. Ocorrem em lajeiros, caatingas baixas e campos cultivados na Caatinga (Reis et al., 2006);

Kerodon rupestris – mocó (VU): roedores de médio porte, endêmicos da Caatinga e ameaçados de ex-
tinção, na categoria Vulnerável (VU). O mocó sofre com a pressão da caça e da perda de habitat, espe-
cialmente por se tratar de uma espécie que vive associada a afloramentos rochosos, comuns na paisa-
gem sertaneja, mas que vem sendo drasticamente alterada (Reis et al., 2006; Bovicino et al., 2008;
Carmignotto & Astúa, 2017);

Wiedomys pyrrhorhinos – rato-de-focinho-vermelho (LC): roedor de pequeno porte de hábito arboríco-


la e/ou terrestre, endêmico da Caatinga, ocorre na região semiárida do norte de Minas Gerais até o nor-
deste do país, habitando matas semidecíduas (Reis et al., 2006; Bovicino et al., 2008; Carmignotto &
Astúa, 2017);

Oligoryzomys nigripes – rato-do-arroz (LC): distribuído em diversos estados brasileiros e outros países
da América do sul, apresenta hábitos terrestres e são geralmente mais ativos no início e final da noite
(Reis et al., 2006);

Akodon cursor – rato-do-chão (LC): ocorrem na costa leste do Brasil, da Paraíba ao Paraná e no leste
de Minas Gerais. São noturnos, terrestres e dieta insetívora-onívora, consumindo artrópodes e sementes
(Reis et al., 2006; Bovicino et al., 2008);

Rattus norvegicus – rato-preto (LC): espécie exótica com hábitos semiaquáticos, vivendo à beira de
águas doces, salobras ou salgadas, sendo comumente encontrada em ambientes alterados pelo homem
(Reis et al., 2006).

 Considerações Finais
A metodologia e o esforço amostral dispendido para o Levantamento da Fauna de mamíferos terrestres
não-voadores na AID e ADA do trecho da BR-434 entre São Caitano-PE e Garanhuns-PE foram sufici-
entes para amostrar uma parcela significativa da biodiversidade local, considerada representativa para
os ambientes alterados pela ação antrópica do Agreste. A presença de espécies ameaçadas de extinção,
listadas como vulneráveis (H. yagouaroundi e K. rupestris), endêmicas (K. rupestris e W. pyrrhorhi-
nos), e o alto número de registros de C. thous e D. albiventris devem ser levados em conta para o plane-
jamento e a proposição de medidas mitigadoras que visem reduzir o impacto da rodovia na mastofauna
local.

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10.2.2.3.3 Quiropterofauna (morcegos)


 Material e Métodos
Para compor o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental EIA/RIMA da BR 423,
o presente relatório tem como objetivo apresentar o diagnóstico da mastofauna alada para a ADA (Área
Diretamente Afetada) e AID (Área de Influência Direta). A primeira campanha ocorreu no período de
25 a 31 de outubro de 2022. Durante o trabalho de campo foram realizadas capturas em seis unidades
amostrais por sete noites consecutivas, totalizando 504 horas/rede de captura. Foram analisadas as
Áreas de Influência Direta (AID) e Diretamente Afetada (ADA) da BR 423 em municípios como São
Caetano, Cachoeirinha, Garanhuns e Jupi.

As unidades amostrais (UA) para a coleta de dados primários (Figura 10.2.2-21e Tabela 10.2.2-11)
consistiram em pontos fixos para armação de redes de neblina, gravação acústica e busca ativa por
abrigos diurnos. Para a escolha das unidades amostrais foi considerado o nível de conservação das
áreas, a heterogeneidade de habitats e a localização em função da implantação empreendimento.

 Definição dos Sítios de Amostragem nas UAs


Grande parte da faixa de domínio da BR 423 é formada por pastos, áreas de monocultura e cida-
des/povoados. Sempre que possível, a amostragem da quiropterofauna ocorreu em fragmentos de mata
inseridos na faixa de domínio da rodovia.

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Figura 10.2.2-21 - Sítios de amostragem da quiropterofauna para o EIA/Rima da BR 423, Pernambuco.

Tabela 10.2.2-11 - Localização dos Sítios de amostragem da quiropterofauna durante a primeira campanha do
EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco.
Linha de Rede Coordenada Município
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LR UA 1 -8°21‟5” S / -36°10‟16” W São Caetano


LR UA 2 -8°45‟17” S / -36°25‟37” W Cachoeirinha
LR UA 3 -8°40‟29” S / -36°24‟10” W Jupi
LR UA 4 -8°45‟17” S / -36°25‟30” W Jupi
LR UA 5 -8°49‟3” S / -36°26‟35” W Garanhuns
LR UA 6 -8°49‟6” S / -36°26‟36” W Garanhuns

 Redes de neblina
Duas redes de neblina (12m x 2,5m), malha 36 mm, foram armadas no sub-bosque de fragmentos de
florestas para a captura dos morcegos. As redes foram armadas um metro acima do nível do solo ou so-
bre a lâmina d‟água. As capturas ocorreram logo após o pôr do sol, iniciando às 18:00 e finalizando às
00:00. Os morcegos capturados foram acondicionados em sacos de algodão e posteriormente triados.
Dados como sexo, idade, estágio reprodutivo (machos: ativos ou inativos; fêmeas: prenhe, lactante ou
pós-lactante) e tamanho do antebraço foram anotados. A idade de cada morcego foi estimada através da
calcificação das epífises das falanges. Quando estavam calcificadas indicavam um indivíduo adulto;
quando não estavam visivelmente calcificadas eram classificados como um indivíduo jovem. Para veri-
ficar a calcificação das epífises, o morcego era colocado em decúbito dorsal e uma lanterna era posici-
onada do lado oposto da asa, permitindo, desta forma, que pudessem ser observadas as epífises das fa-
langes. Em seguida, os morcegos foram soltos no local de captura.

 Acústica
As unidades amostrais do empreendimento foram amostradas utilizado a ferramenta acústica, método
particularmente eficaz para detecção de espécies de hábito conspícuo (Arias-Aguilar et al. 2017). Foi
utilizado o modelo de gravador de ultrassom full-spectrum Audiomoth. Cada unidade amostral foi
amostrada diariamente por quatro horas consecutivas. O gravador foi posicionado na borda do frag-
mento florestal (> 2 m de altura). O aparelho foi configurado para gravar registros em tempo real com
frequência acima de 8 KHz e taxa de amostragem de 384 KHz com resolução de 16 bits.

Os chamados de ecolocalização dos morcegos insetívoros foram analisados manualmente utilizando o


programa Raven com configuração do espectograma background threshold (dB) = 10, FFT = 1,024,
window length (ms) = 1, e Hamming windows. Para isso, seis parâmetros foram extraídos dos sinais de
ecolocalização: Estrutura do pulso (FM, CF, qCF); (Fmin): frequência mínima; (Fmax): frequência máxi-
ma, em KHz; (Dur): duração, em ms; (FME): frequência máxima de energia; e (IP): intervalo entre pul-
sos. As estruturas dos sinais foram classificadas em: (FM): frequência modulada; (CF): frequência
constante; e (qCF): frequência quase-constante (Fenton 1984). A duração da chamada foi medida to-
mando o tempo de emissão sonora no início e fim de todo o sinal incluindo componentes FM e o inter-
valo de pulso entre duas chamadas foi definido como o tempo entre o início de uma chamada e o início
da chamada subsequente (Jung et al. 2007, 2014). O peack frequency foi extraído do ocilograma e defi-
nido como a frequência mais alta de energia no pulso analisado.

As gravações foram identificadas ao nível específico sempre que possível. Quando a identificação não
foi possível, agrupamos os arquivos em Sonótipos (com parâmetros semelhantes de espécies ocorrentes
na região). As gravações de morcegos insetívoros pertencentes à família Phyllostomidae não foram
consideradas no presente estudo devido ao fato desse grupo emitir no chamado várias harmônicas com
frequência alta, o que dificulta a identificação (Barataud et al. 2013, Arias-Aguilar et al. 2018).

A gravação foi realizada dentro dos limites dos módulos, dando preferência para ambientes propícios a
maior atividade de voo dos quirópteros, como áreas de forrageamento sobre corpos de água, pontos lu-
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minosos, entre outros. A quantificação da atividade nas proximidades dos aerogeradores foi feita pela
detecção do sinal de atividade de morcegos (Balcombe & Fenton 1988), definido como uma sequência
de pelo menos dois pulsos de ecolocalização (Thomas et al. 1989). Assim, foi utilizado o número mé-
dio de detecções de morcegos módulo (bat passes/torres). Através deste cálculo, é possível identificar
as áreas com maior potencial de risco aos morcegos e, consequentemente, verificar áreas do empreen-
dimento com maior atividade de quirópteros, além de possibilitar a comparação entre diferentes áreas.

 Abrigos
As buscas por abrigos foram realizadas em todas as áreas amostrais por aproximadamente três horas em
cada uma. Ocos de árvores, cupinzeiros, fendas em rochas e construções humanas (Figura 10.2.2-22),
foram vistoriadas em busca de colônias de morcegos (Peracchi et al. 2011).

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Figura 10.2.2-22 - Abrigos diurnos vistoriados durante a amostragem da quiropterofauna da primeira campanha do
EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco.

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 Análise dos dados

Os morcegos foram identificados segundo Gardner (2007), Gregorin & Taddei (2001) e Diaz et al.
(2011) e a nomenclatura está de acordo com Simmons (2005) e Nogueira et al. (2014). As guildas fo-
ram classificadas seguindo Kalko et al. (1996), que se baseia no hábito alimentar das espécies: insetívo-
ro (INS), frugívoro (FRU), nectarívoro (NEC), onívoro (ON), carnívoro (CAR), piscívoro (PSI) e san-
guívoro (SAN).

O cálculo do esforço amostral (E) foi realizado seguindo Straube & Bianconi (2002), que consiste na
multiplicação Área da rede X Tempo de exposição das redes X Noites de amostragem X Total de redes,
sendo a unidade amostral m2h. O status de conservação de cada espécie foi verificado em listas oficiais
de espécies ameaçadas como MMA (2022) e IUCN (2022).

A eficiência amostral foi determinada pela construção de curva de acumulação de espécies (sensu Go-
telli & Colwell, 2001). A similaridade de espécies foi comparada por meio de uma análise de agrupa-
mento de (Cluster Analysis), usando o coeficiente de Jaccard.

A atividade das espécies foi quantificada em cada ponto amostral através do índice de atividade relativa
(IAR) proposto por Miller (2001). Este índice consiste na aplicação de presença/ausência das espécies
por unidade de tempo da gravação, para cada área amostral.

Para as análises de riqueza, equitabilidade e diversidade de espécies, utilizamos o programa estatístico


Past (Hammer et al. 2001).

 Resultados e Discussão
O esforço de captura total com emprego das redes de neblina foi de E=15.120 m2.h para todos as uni-
dades amostrais. Durante a primeira campanha de amostragem da quiropterofauna, ocorrida durante a
estação seca da região, foram capturados cinco indivíduos pertencentes de uma espécie. Apenas morce-
gos da família Phyllostomidae foram capturados (Tabela 10.2.2-12).

A diversidade total de morcegos foi H‟: 1.55 para todos os sítios e a equitabilidade J: 0.69. A riqueza
de espécies total estimada pelo índice de Jack1 foi de 13 espécies para a área da BR 423. A curva do
coletor não apresentou tendencia de estabilização (Figura 10.2.2-23) ao longo de seis noites de amos-
tragem utilizando acústica e redes de neblina, indicando que novas espécies podem ser acrescentadas a
lista a medida que o esforço amostral aumente.

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Figura 10.2.2-23 - Curva do coletor elaborada para avaliar a eficiência amostral da amostragem da quiropterofauna
presentes na área de influência da BR 423, Pernambuco.

A unidade amostral com maior riqueza de espécies registradas durante foi a UA4 com seis espécies, se-
guido pela UA1 e UA3 com cinco espécies cada. Porém, a UA6 obteve o maior número de registros
(N=66, 34%). Por outro lado, as UA2 e UA5 registraram baixa abundância e riqueza de espécies. O
baixo número de registros nessas unidades amostrais pode ser atribuído ao desmatamento na região, na
qual os remanescentes de mata são escassos e, quando presentes, aparentam uma capoeira com presen-
ça de bastante arbusto e indivíduos arbóreos de baixo porte.

No tocante à amostragem acústica, foram gravadas 252 horas no total nas seis unidades amostrais. O
morcego insetívoro Molossus molossus (N=100) foi a espécie com maior número de registros, seguido
por Myotis sp.1 (N=41), representando 50 e 20%, respectivamente. Por outro lado, espécies como Di-
clidurus albus e Eumops perotis foram pouco representativos na amostragem acústica, com apenas três
registros cada (Tabela 10.2.2-12). Na amostragem com redes de neblina apenas o morcego filostomí-
deos Sturnira lilium foi capturado.

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Figura 10.2.2-24 - Morcego Sturnira lilium capturado com rede de neblina na UA3, BR 423, Pernambuco.

Tabela 10.2.2-12 - Lista das espécies de morcegos registradas durante a primeira campanha do EIA/RIMA da BR 423,
Pernambuco. IUCN – (LC): “Menor preocupação”.
Taxa Dieta Método IUCN MMA Total
Emballonuridae
Diclidurus albus Insetívoro Acústica LC - 3
Peropteryx macrotis Insetívoro Acústica LC - 13
Molossidae
Eumops perotis Insetívoro Acústica LC - 3
Eumops sp. Insetívoro Acústica - - 21
Molossus molossus Insetívoro Acústica LC - 100
Promops nasutus Insetívoro Acústica LC - 8
Phyllostomidae
Phyllostomidae 1 Frugívoro Acústica - - 5
Sturnira lilium Frugívoro Rede de neblina LC - 5
Vespertilionidae
Myotis sp.1 Insetívoro Acústica - - 43
Total 201

A guilda trófica com maior número de registro foi a dos morcegos insetívoros com 95% do total
(Figura 10.2.2-25). No presente estudo também foram identificadas duas espécies de morcegos filosto-
mídeos frugívoros. Apenas duas espécies (N=10) de frugívoros foram registradas nas unidades amos-
trais, enquanto morcegos insetívoros foram identificados através da acústica sete espécies (N=191). A
maior representatividade de morcegos insetívoros pode ser atribuída a utilização da ferramenta acústica
durante a campanha ocorrida no período seco.

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Figura 10.2.2-25 - Guildas tróficas registradas durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco.

Apesar de terem sido realizadas amostragens da quiropterofauna com redes de neblina e busca por
abrigos diurnos em áreas de criação de porco e gado, nenhum morcego hematófago foi capturado na
presente campanha. Entretanto, há registro do morcego vampiro Desmodus rotundus para o município
de Caruaru (Guerra 2007).

As UA1, UA4 e UA6 foram as que apresentaram maior similaridade no presente estudo (Figura
10.2.2-26). Essas unidades amostrais foram as que apresentaram maior riqueza ou abundância de espé-
cies de morcegos. As outras três unidades amostrais apresentaram resultados opostos (Tabela
10.2.2-13).

Figura 10.2.2-26 - Similaridade entre as unidades amostrais durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423, Per-
nambuco.

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Tabela 10.2.2-13 - Espécies de morcegos por unidade amostral registrados através de capturas com redes de neblina e
acústica durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco.
Taxa UA1 UA2 UA3 UA4 UA5 UA6 Total
Emballonuridae
Diclidurus albus - - - 3 - - 3
Peropteryx macrotis 6 - - 7 - - 13
Molossidae
Eumops perotis - - 3 - - - 3
Eumops sp. 5 - - 12 - 4 21
Molossus molossus 10 12 15 6 10 47 100
Promops nasutus - - 4 4 - - 8
Phyllostomidae
Phyllostomidae 1 5 - - - - - 5
Sturnira lilium - - 5 - - - 5
Vespertilionidae
Myotis sp.1 10 3 3 9 3 15 43
Total 36 15 25 41 13 66 201

O índice de atividade relativa para as famílias (Figura 10.2.2-27) de morcegos registradas apontou os
molossídeos (N=132) com maior atividade durante o presente estudo. Em seguida, os morcegos vesper-
tilionídae (N=43) tiveram segundo maior índice de atividade relativa.

De maneira geral, a atividade de morcegos insetívoros foi baixa para todas as unidades amostrais
(Figura 10.2.2-28). A unidade amostral 6 foi a que apresentou maior índice de atividade de quirópteros.
Maior atividade de morcegos perto de estradas pode aumentar a probabilidade de colisão com veículos,
especialmente para espécies que voam em alturas baixas ou médias (Fensome & Mathews 2016).

Figura 10.2.2-27 - Índice de atividade relativa - IAR por família das espécies de morcegos registradas através do mé-
todo acústico durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco.

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Figura 10.2.2-28 - Índice de atividade relativa - IAR por unidade amostral das espécies de morcegos registradas atra-
vés do método acústico durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423, Pernambuco.

Não foram registradas espécies vulneráveis nem ameaçadas de extinção de acordo com a IUCN e
MMA. Também não foram registradas espécies de morcegos de interesse para a saúde pública, como
por exemplo, morcegos hematófagos. Entretanto, mesmo em entrevistas com moradores locais na área
de estudo não foi citada a presença de morcegos hematófagos.

Os resultados obtidos durante a 1° Campanha do EIA/RIMA da BR 423 estão em consonância com es-
tudos realizados em Pernambuco (Sousa et al. 2004, Guerra et al. 2007, Silva 2007, Soares et al. 2016,
Soares et al. 2017). A baixa riqueza de espécies e a baixa taxa de captura em redes de neblina parecem
serem comuns em áreas abertas (Beltrão et al. 2015, Novaes et al. 2015, Rocha et al. 2017, Soares et
al. 2018a). Dessa forma, os padrões da comunidade de quirópteros do presente estudo estão dentro do
observado em estudos na caatinga.

Os resultados obtidos demonstram a necessidade de aumentar o esforço amostral, sobretudo contem-


plando a estação chuvosa, para melhor amostragem dos morcegos presentes na área de influência da
BR 423 em Pernambuco.

Várias espécies não foram registradas no presente estudo e com potencial distribuição para a Área de
Influência do empreendimento. Por exemplo, não foram registradas espécies de filostomídeos comuns
em inventários da quiropterofauna realizados em Pernambuco como Artibeus lituratus, Artibeus plani-
rostris, Carollia perspicillata e Glossophaga soricina (Sousa et al. 2004, Silva 2007, Soares et al.
2016).

A ferramenta acústica empregada no presente estudo registrou espécies de morcegos que dificilmente
seriam amostradas através do método convencional de captura mais utilizado que é a rede de neblina.
Este método, mais popular para amostragem da quiropterofauna, favorece a captura de morcegos que
utilizam o estrato mais baixo da floresta, sendo um método satisfatório para amostragem da família
Phyllostomidae (Trevelin et al. 2017), não amostrada no presente estudo. Por outro lado, a amostragem
através da acústica tem sido apontada como a melhor forma de amostrar a comunidade de morcegos in-
setívoros aéreos, que tendem a forragear no estrato mais alto da floresta (dossel) e em espaços abertos
como bordas de florestas, clareiras e sobre a lâmina d‟água (MacSwiney et al. 2008).
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 Considerações Finais
- Foram registradas nove espécies de morcegos durante a 1° Campanha de Monitoramento da Quiropte-
rofauna para o EIA/RIMA da BR 423 em Pernambuco e nenhuma dos registros trata-se de espécie rara,
endêmica, exótica, de importância para a saúde pública e/ou ameaçada de extinção;

- O baixo número de captura de morcegos utilizando redes de neblina e de registros acústico são reflexo
do histórico de desmatamento na região e conversão do uso do solo em grandes áreas de agricultura e
criação de gado, restando pouquíssimos resquícios de floresta na paisagem;

- 95% dos registros durante de morcegos a estação seca foi obtido através de gravações acústicas nas
unidades amostrais, demonstrando a importância dessa ferramenta em estudos da quiropterofauna, so-
bretudo em ambientes com baixa taxa de captura utilizando redes de neblina. Desta forma, a manuten-
ção do método deve ser encorajada em estudos futuros cm intuito de amostrar a comunidade de forma
mais representativa;

- O índice de atividade relativa indicou baixa atividade da quiropterofauna registrada através da acústi-
ca em todas as unidades amostrais do presente estudo, o que pode indicar baixa taxa de colisão. Apesar
disso, o risco de atropelamento não deve ser descartado;

- A amostragem da quiropterofauna durante o período chuvoso da região pode fornecer dados mais
completo sobre a comunidade local;

- Morcegos devem ser amostrados a longo prazo em estudos ambientais para implementa-
ção/reestruturação de rodovias, uma vez que são vítimas frequentes de atropelamento. Identificar pon-
tos com maior atividade desses mamíferos pode fornecer subsídios para elaboração de medidas visando
eliminar ou reduzir a taxa de morte desses animais causadas por atropelamentos nas rodovias.

10.2.2.3.4 Avifauna (aves)


 Material e Métodos

 Sítios de Amostragem
Foram selecionadas seis unidades amostrais (UAs) na ADA e AID onde foram realizadas a coleta de
dados (Figura 10.2.2-29), priorizando áreas adjacentes à rodovia contemplando regiões florestadas e
próximas a cursos d‟água, afim de contemplar uma ampla heterogeneidade ambiental e obter uma
amostra representativa da avifauna local. As unidades amostrais abrangem os municípios de São Cae-
tano-PE, Cachoeirinha-PE, Lajedo-PE, Calçado-PE, Jupi-PE, Jucati-PE e São João-PE (Figura
10.2.2-29).

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Figura 10.2.2-29 - Localização das unidades amostrais (UAs) onde foram realizadas a coleta de dados da ornitofauna a
partir de três diferentes metodologias, censos acústicos (Listas de MacKinnon) em transectos lineares de 1 km, três
pontos de escuta de 10 min de duração cada e séries de oito redes de neblina. As UAs foram localizadas nos municípios
de Cachoeirinha, Jucati, Jupi, São Caetano e São João, no estado de Pernambuco.

 Coleta de dados
Os dados da avifauna foram obtidos em conformidade com o padrão definido pela Instrução Normativa
13, de 19 de julho de 2013, utilizando em paralelo três métodos diferentes, são eles:

a) Captura com redes de neblina – em cada UA foram montadas séries de 8 redes de neblina
dispostas perpendicularmente em relação à linha central dessas, com distanciamento de 30
m em relação às zonas de "pitfalls" e de "live-traps". As redes de neblina possuem (12x2,5
m), malha 36 mm, e permaneceram ativas das 5:30 às 11:30 entre os dias 23 e 29 de janeiro
de 2023. Os espécimes capturados (Figura 10.2.2-30) foram identificados, fotografados,
marcados com anilha no tarso esquerdo, e devolvidos para o mesmo local da captura. Não
ocorreram registros de mortes acidentais durante as amostragens com rede de neblina e ne-
nhum espécime foi coletado em definitivo. Espécies capturadas nas redes de neblina foram
identificadas, fotografadas e os registros fotográficos destas encontram-se em anexo neste
documento.

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Figura 10.2.2-30 – Papa-mosca-do-sertão (Stigmatura napensis bahiae) capturado na rede de neblina durante o levan-
tamento da avifauna da BR-423, entre os municípios de São Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil.

b) Censos acústicos por transecto de varredura – foram percorridos transectos de 1 km de


extensão em cada UA amostrando a avifauna através de Listas de MacKinnon de 10 espé-
cies. Neste método, um observador experiente caminha a velocidade variável detectando e
adicionando registros únicos de cada espécie a uma lista até que 10 espécies sejam anotadas
e outra lista seja iniciada. Cada censo foi finalizado quando cinco listas foram completadas
ou quando o transecto foi percorrido completamente. A amostragem foi realizada nas seis
UAs diariamente, entre os dias 28 de outubro e 03 de novembro de 2022 e a ordem e direção
dos transectos foi aleatorizada visando reduzir o viés de amostragem.

c) Censos acústicos por ponto de escuta – três pontos fixos de contagem de aves (Figura
10.2.2-31) equidistantes em 500 m foram delimitados em paralelo aos transectos de 1 km,
no ponto inicial, medial e final em cada UA. Os censos tiveram duração de 10 min com um
observador experiente detectando e identificando todos os indivíduos de aves vocal ou visu-
almente. O monitoramento dos indivíduos já registrados foi realizado a fim de minimizar a
recontagem de aves. Os censos foram realizados nas seis UAs diariamente, entre os dias 28
de outubro e 03 de novembro de 2022 e a ordem dos pontos foi aleatorizada visando reduzir
o viés de amostragem.

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Figura 10.2.2-31 – Elaboração das Listas de MacKinnon em ponto de escuta da UA6, realizado durante o levantamen-
to da avifauna da BR-423, entre os municípios de São Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil.

d) Play-back – durante os dias 28 de outubro e 03 de novembro, foi realizada em cada UA


uma amostragem complementar assistemática entre as 18:00 e as 20:00 através de caminha-
das com o auxílio do playback, como por exemplo o da corujinha-caburé (Glaucidium brasi-
lianum), como descrito em Bibby, Jones e Marsden (2000), para ampliar o registro de espé-
cies do entorno e adicionalmente registrar espécies de hábitos noturnos.
Durante os censos acústicos por pontos e por transectos, as amostragens foram realizadas com o auxílio
de binóculos 8x42 Zeiss® Conquest e um gravador digital de áudio Roland® R-26 equipado com um
microfone direcional Sennheiser® ME66. Espécies registradas por meio de gravações sonoras foram
depositadas no banco de dados on-line WikiAves (www.wikiaves.com.br). Registros de espécies duran-
te os deslocamentos e/ou em horários fora dos métodos padronizados também foram considerados, co-
mo observações oportunistas, que se constituem em registros assistemáticos essenciais para comple-
mentação da lista geral de aves que ocorrem na área. Foi considerado também como registro oportunis-
ta, as capturas acidentais (Figura 10.2.2-32) nas redes de neblina armadas para o levantamento da qui-
ropterofauna.

Figura 10.2.2-32 – Captura acidental de bacurau (Nyctidromus albicollis) durante o levantamento da quiropterofauna
da BR-423, entre os municípios de São Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil.

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 Análise de dados
A partir dos dados obtidos durante as coletas foi obtida a lista geral de espécies que ocorrem na área do
empreendimento. Além dos registros obtidos, a classificação taxonômica, o status de ocorrência, a for-
ma de registro, o sítio de amostragem, o grau de endemismo, e o grau de ameaça segundo avaliações
nacionais (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, 2018; MMA - Minis-
tério do Meio Ambiente, 2022) e internacionais (IUCN, 2022) foram adicionados.

Adicionalmente, as espécies foram categorizadas quanto ao uso de habitat e adaptação a distúrbios, se-
guindo os critérios propostos por Araújo & Silva (2018). Estes critérios classificam as espécies em (1)
espécies de vegetação aberta, encontradas apenas em habitats abertos (rios, lagos, caatingas, campos e
campos rupestres); (2) espécies generalistas, flexíveis o suficiente para usarem tanto habitats abertos
quanto ecossistemas florestais, as vezes utilizando a interface entre esses dois habitats; e (3) espécies
florestais, encontradas em caatingas arbóreas e em todas as florestas da região (secas ou úmidas).
Quanto a adaptação a distúrbios, as espécies foram classificadas em (A) alta capacidade de adaptação,
espécies encontradas em ecossistemas antropogênicos, independentemente da proximidade com ecos-
sistemas naturais; (M) capacidade média de adaptação, espécies encontradas em ecossistemas antropo-
gênicos apenas se estiverem perto de ecossistemas naturais ou aquáticos; e (B) baixa capacidade de
adaptação, espécies encontradas apenas em paisagens compostas ou ecossistemas quase imperturbados.
A avaliação de suficiência amostral foi realizada através da obtenção da curva de rarefação de espécies
observadas e da obtenção das curvas estimadas de riqueza potencial de Chao 2 e Jackknife 2, adequa-
das à dados de abundância (Heltshe & Forrester, 1983; Chao & Jost, 2012; Gotelli & Chao, 2013). Es-
tas curvas foram produzidas a partir dos dados dos pontos de escuta, das listas de MacKinnon e das re-
des de neblina individualmente, a fim de avaliar cada método amostral. Assim, foi possível avaliar a
qualidade dos dados obtidos e a cobertura da amostragem realizada.

A abundância relativa e de riqueza de espécies por método de amostragem foi obtida considerando o
número total de indivíduos e de espécies registrados nos pontos de escuta, capturados nas redes de ne-
blina ou de contatos auditivos/visuais obtidos durante os transectos. Os dados obtidos em cada unidade
de esforço amostral foram considerados réplicas e representaram o pool total de indivíduos e de espé-
cies por unidade para cada método (pontos de escuta, transectos ou série de redes de neblina). O núme-
ro de indivíduos totais e de espécies total e por método foram apresentados graficamente e os valores
de abundância específicos foram adicionados à lista geral de espécies deste documento.

Adicionalmente, a partir dos dados de abundância das espécies em cada unidade amostral foram calcu-
lados os índices de diversidade de Shannon-Weaver, o índice de dominância de Simpson e o índice de
equitabilidade de Pielou, para avaliar a diversidade de aves. Utilizando os índices por unidade, calcu-
lamos o índice média para cada UA amostrada e estes valores foram comparados entre UAs visando
entender como a diversidade de aves variam espacialmente ao longo do empreendimento.

A nomenclatura e classificação adotadas neste estudo seguiram o Comitê Brasileiro de Registros Orni-
tológicos (Pacheco et al., 2021). Todas as análises e gráficos foram realizadas utilizando a linguagem
R, através dos pacotes vegan (Oksanen et al. 2016) e ggplot2 (Wickham, 2009) no software R (R Core
Team, 2019) e a interface de desenvolvimento RStudio. O nível de significância de 0,05 foi utilizado
para todas as análises.

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 Resultados e Discussão
 Comunidade de Aves

Durante o levantamento da avifauna por três diferentes métodos nas seis UAs selecionadas ao longo da
BR-423, o esforço amostral realizado foi de 1680 horas/rede para as redes de neblina, 126 censos por
ponto de escuta realizados e 198 listas de MacKinnon de 10 espécies obtidas. A assembleia de aves re-
gistradas a partir dos dados primários na área adjacente a BR-423 para esta campanha inicial foi de 106
espécies, destas, 97 espécies foram obtidas através do censo acústico por Listas de MacKinnon, 94 es-
pécies foram obtidas através do censo acústico por pontos de escuta, 14 espécies foram capturadas
(Figura 10.2.2-33 e Tabela 10.2.2-14) nas redes de neblina e duas espécies observadas durante a busca
ativa noturna.

Formicivora melanogaster (Formigueiro-de- Cantorchilus longirostris (Garrinchão-de-bico-


barriga-preta) - Macho - Local: UA1- Autor: La- grande) – Indeterm. - Local: UA1 - Autor: Lahert
hert Araújo Araújo

Synallaxis frontalis (Petrim) - Indeterm - Local: Coryphospingus pileatus (Tico-tico-rei-cinza) -


UA3 - Autor: Lahert Araújo Macho - Local: UA3 - Autor: Lahert Araújo

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Stilpnia cayana (Saíra-amarela) - Fêmea - Local: Phaeomyias murina (Bagageiro) - Indeterminado -


UA3 - Autor: Lahert Araújo Local: UA3 - Autor: Lahert Araújo

Volatinia jacarina (Tiziu) - Macho - Local: UA3 - Stigmatura napensis (Papa-moscas-do-sertão) -


Autor: Lahert Araújo Indeterminado - Local: UA6 - Autor: Lahert Araú-
jo

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Columbina picui (Rolinha-picuí) - Indeterminado - Todirostrum cinereum (Ferreirinho-relógio) - Inde-


Local: UA6 - Autor: Lahert Araújo terminado - Local: UA6 - Autor: Lahert Araújo

Phaeomyias murina (Bagageiro) - Indeterminado - Polioptila atricapilla (Balança-rabo-do-nordeste) -


Local: UA6 - Autor: Lahert Araújo Macho - Local: UA6 - Autor: Lahert Araújo

Euscarthmus meloryphus (Barulhento) - Indeter- Volatinia jacarina (Tiziu) - Fêmea - Local: UA6 -
minado - Local: UA6 - Autor: Lahert Araújo Autor: Lahert Araújo
Figura 10.2.2-33 - Registros fotográficos das espécies de aves capturadas nas redes de neblina.

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Tabela 10.2.2-14 - Lista das aves anilhadas por Unidade Amostral. Anilhas fornecidas pelo CEMAVE/ICMBio.
Unidade Amos-
Espécie Tamanha e nº da Anilha
tral
Hemitriccus margaritacei-
UA1 C85151
venter
E184201; E184202; E184204; E184205; E184206;
UA1, UA2, UA3,
Coryphospingus pileatus E184211; E184212; E184213; E184215; E184216;
UA4, UA5, UA6
E184217; E184218
UA1 Formicivora melanogaster 2D9101
UA1, UA2, UA5, E184203; E184208; E184209; E184210; E184214;
Cantorchilus longirostris
UA6 E184219
UA3 Synallaxis frontalis 2D9102
UA3 Stilpnia cayana E184207
UA3, UA6 Phaeomyias murina C85152; C85155
UA2, UA3, UA4, C85153; C85158; C85159; C85160; C85161;
Volatinia jacarina
UA5 C85162; C85163; C85164; C85165
UA6 Stigmatura napensis 2D9103
UA2, UA4, UA6 Columbina picui H131302; H131303; H131304; H131305
UA6 Todirostrum cinereum C85154
UA6 Polioptila atricapilla C85156
UA5, UA6 Euscarthmus meloryphus C85157, C85166
UA4 Sporophila albogularis 2D9104

A avaliação de suficiência amostral indicada pelas curvas de rarefação da riqueza observada, indica
uma assíntota óbvia para os censos por listas de MacKinnon (Figura 10.2.2-34 A), e para os censos por
pontos de escuta (Figura 10.2.2-34 B), já para as redes de neblina, não houveram capturas suficientes
para apresentação de uma curva de rarefação óbvia (Figura 10.2.2-34 C). De acordo com os resultados
obtidos pelos estimadores de riqueza potencial, o número total de espécies esperado para a área é de
121,7±4,5 espécies pelo estimador Jackknife 2. Assim, considerando a estabilização satisfatória dos
dois principais métodos de coleta, os dados obtidos durante a amostragem realizada podem ser conside-
rados representativos da biodiversidade de aves local durante a estação seca.

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Figura 10.2.2-34 - Curva de rarefação para riqueza de espécies de aves observada e para os estimadores de riqueza
potencial Chao 2 e Jackknife 2 através de três métodos de coleta padronizados, censos acústicos por transectos (Listas
de MacKinnon), censos acústicos por pontos de escuta e capturas com séries de oito redes de neblina, realizados em
seis Unidades Amostrais (UAs) ao longo da área adjacente a BR-423 entre os municípios de São Caetano e São João,
no estado de Pernambuco.

Como amplamente conhecido, o método de Listas de MacKinnon apresenta melhores resultados em


amostragens rápidas de biodiversidade (Herzog & Kessler, 2002; MacLeod et al., 2011). Adicional-
mente, a riqueza de espécies observada neste período curto de amostragem para os pontos de escuta
aproxima-se fortemente do total obtido para as listas de MacKinnon, indicando que o esforço total em-
pregado associado a replicação nas unidades amostrais equiparou métodos com premissas diferentes.
Considerando as redes de neblina, em função do tempo de amostragem e pela estação seca durante a
amostragem, a riqueza de espécies obtida pode ser considerada regular. Em geral, redes de neblina ne-
cessitam de um maior período de amostragem por ser um método fixo, e neste caso, apresentaram-se
como método complementar fundamental para o registro de espécies conspícuas e pouco vocais (Ruiz-
Esparza et al., 2011), principalmente do sub-bosque, reconhecidamente subamostradas por métodos ex-
clusivamente acústicos.

A assembleia de aves da área do empreendimento apresentou uma riqueza total de 106 espécies para
esta campanha inicial de levantamento, pertencentes a 40 famílias de aves diferentes. Destas, as famí-
lias com maior número de espécies registradas foram, Tyrannidae (15 spp.), Thraupidae (9 spp.),
Thamnophilidae (7 spp.), Furnariidae (6 spp.) e Ardeidae/Columbidae (5 spp.). A maioria das espécies
registradas durante a campanha podem ser consideradas residentes, apenas com exceção de uma espé-
cie: Actitis macularius (maçarico-pintado) é uma espécie amplamente distribuída na América do Norte
e que nidifica em áreas abertas próximas a reservatórios e corpos d‟água de todo o Brasil entre setem-
bro e maio (Somenzari et al., 2018). Apesar da possibilidade dos corpos d‟agua associados a BR-423
serem utilizados pela espécie para nidificação, apenas novos registros podem indicar se a população é
representativa ou apenas poucos indivíduos utilizando a área temporariamente.

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Entre as espécies registradas, 16 espécies de aves podem ser consideradas em algum grau de endemis-
mo, sendo 4 endêmicas do Brasil: Nystalus maculatus, Hylophilus amaurocephalus, Cyanocorax cya-
nopogon e Cantorchilus longirostris; outros 7 taxa (6 espécies e 1 subespécie) são endêmicos da região
Nordeste: Picumnus limae, Sakesphoroides cristatus, Pseudoseisura cristata, Phacellodomus rufifrons
specularis, Agelaioides fringillarius, Paroaria dominicana e Sporophila albogularis; e outros 6 taxa (3
espécies e 3 subespécies) podem ser consideradas endêmicas da Caatinga: Eupsittula cactorum, Myr-
morchilus strigilatus strigilatus, Formicivora melanogaster bahiae, Thamnophilus capistratus, Synal-
laxis hellmayri e Stigmatura napensis bahiae.

Apesar do alto grau de endemismo descrito para aves da Caatinga (Leal et al., 2005), espécies endêmi-
cas não necessariamente ocorrem apenas em ambientes preservados (Olmos et al., 2005), e as espécies
endêmicas encontradas durante o monitoramento são menos restritas quanto a habitat e de alta plastici-
dade adaptativa quanto a distúrbios (Araújo & Silva, 2018). Entretanto, espécies que apresentam restri-
ções em sua distribuição ou estão intimamente associadas a um habitat específico, representam impor-
tantes alvos de conservação (Vale et al., 2018). Não só visando a manutenção de populações difíceis de
serem recuperadas, como também servindo como guarda-chuva de outras espécies e habitats (Juniper &
Yamashita, 1990). Adicionalmente, não foram observadas espécies de aves listadas sob alguma catego-
ria de ameaça de extinção, nem consideradas raras para o estado (MMA - Ministério do Meio Ambien-
te, 2022).

Em relação ao uso de habitat, dentre as 106 espécies de aves registradas durante esta campanha, 62 es-
pécies (58,5%) utilizam principalmente ambientes abertos, 39 espécies (36,8%) podem ser considera-
das generalistas e apenas 5 espécies registradas (4,7%) tem características de uso de habitat primordi-
almente florestal. Com relação ao grau de adaptação dessas espécies à distúrbios, 74 espécies (69,8%)
apresentam alta capacidade de se adaptar a perturbações, outras 27 espécies (25,5%) são consideradas
de média capacidade adaptativa e por fim, apenas 5 espécies (4,7%) apresentam baixa capacidade de se
adaptar a mudanças ambientais. As cinco espécies consideradas florestais, também são as mesmas que
apresentam baixa adaptação a distúrbios, sendo: Crypturellus tataupa, Tolmomyias flaviventris,
Hylophilus amaurocephalus, Cantorchilus longirostris e Nemosia pileata.

Tabela 10.2.2-15 - Número de espécies registradas durante o levantamento da avifauna na área adjacente à BR-423,
entre os municípios de São Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil, categorizadas quanto ao uso de habitat
e adaptação a distúrbios antrópicos, seguindo Araújo & Silva (2018).
Alta adapta- Baixa adapta- Total ge-
Classificação Média adaptação
ção ção ral
Vegetação aberta 50 12 0 62
Generalistas 24 15 0 39
Florestais 0 0 5 5
Total geral 74 27 5 73

A predominância de espécies generalistas e de áreas abertas na riqueza de aves é semelhante a encon-


trada em outro estudo realizado na BR-316 em 2011 (Araujo & Rodrigues, 2011). O padrão observado
de riqueza e a distribuição das espécies associadas a ambientes abertos e generalistas é similar, assim
como o número de espécies total observado. De fato, a dominância de espécies de vegetação aberta e
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generalistas é um padrão comum observado em habitats florestais secundários (Araujo & Rodrigues,
2011). Entre os fatores que modulam a ocorrência de espécies, o histórico de uso do solo parece apre-
sentar como um fator importante para aves da Caatinga (Colón & Lugo, 2006; Sobrinho et al., 2016).
Sendo difícil determinar o impacto do uso anterior para a composição atual das espécies (Sobrinho et
al., 2016).

Inventários de Aves (Riqueza e Diversidade)

Quando a riqueza de espécies de aves foi considerada em relação as unidades amostrais, observamos
um maior número de espécies na UA4 (Figura 10.2.2-35), tanto para a amostragem por censos com lis-
tas de MacKinnon quanto para a amostragem por pontos de escuta (Figura 10.2.2-35). Entretanto, a
UA1 apresentou os menores valores de riqueza de espécies de aves, independentemente do método
amostral (Figura 10.2.2-35). A variação na riqueza observada nesta campanha entre unidades amostrais
próximas pode ser associada a complexidade ambiental circundante em cada UA (Boulinier et al.,
1998) e contribui para a determinação de trechos de importância para a manutenção das espécies na
BR-423.

Figura 10.2.2-35 - Riqueza de espécies de aves total, por método de amostragem e por unidade amostral (UA) obtida
durante o levantamento de fauna adjacente a BR-423, entre os municípios de São Caetano e São João, estado de Per-
nambuco, Brasil.

Quando as unidades foram comparadas através do número de indivíduos/contatos registrados durante a


amostragem, observamos novamente os maiores valores de abundância absoluta nas unidades amostrais
3 e 4 (Figura 10.2.2-36), indicando que o número de espécies se reflete em mais indivíduos associados
a estas áreas. De forma semelhante a heterogeneidade ambiental, a disponibilidade de habitats e nicho,
em geral, modula a abundância de espécies de aves em outras florestas tropicais (Neill & Puettmann,
2013). Portanto, em relação a riqueza e abundância de aves nesta primeira campanha as UAs 3 e 4
apresentaram maior importância em comparação com as demais unidades.

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Figura 10.2.2-36 - Abundância de espécies de aves total, por método de amostragem e por unidade amostral (UA) ob-
tida durante o levantamento de fauna adjacente a BR-423, entre os municípios de São Caetano e São João, estado de
Pernambuco, Brasil.

Quando comparadas as unidades amostrais, observamos que quanto ao índice de Shannon médio de ca-
da UA, em geral e individualmente as UAs 3 e 4 apresentaram respectivamente 2,76 e 2,57 nits (Figura
10.2.2-37). Indicando assim uma maior equitabilidade de distribuição de abundâncias nestas UAs. As
demais UAs, apesar do número menor de espécies e indivíduos, apresentaram índices semelhantes de
diversidade indicando uma diversidade similar entre estas áreas (Figura 10.2.2-37). Em relação ao índi-
ce de dominância de Simpon, não foram observadas variações significativas entre as unidades amos-
trais nesta campanha (Figura 10.2.2-37). De forma geral, o índice de Simpson mede a probabilidade de
dois indivíduos aleatoriamente escolhidos numa população sejam da mesma espécie, assim indicando
que as espécies comuns ou abundantes das assembleias de aves não apresentam influência direta sobre
as demais espécies. E por fim, o índice de equitabilidade de Pielou apresentou alta similaridade entre as
UAs amostradas com valores aproximados de 0.8 (Figura 10.2.2-37), indicando que apesar das diferen-
ças observadas anteriormente, a uniformidade de abundâncias entre as assembleias de aves foi seme-
lhante.

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Figura 10.2.2-37 - Índices de diversidade de Shannon-Weaver, de dominância de Simpson e o índice de equitabilidade


de Pielou para as 6 unidades amostrais avaliadas no levantamento de avifauna da BR-423, entre os municípios de São
Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil.

Finalmente, quando a composição de espécies de aves foi avaliada, foi observada uma diferença signi-
ficativa entre as assembleias das seis unidades amostrais da BR-423. Entretanto, também foi possível
observar graficamente uma sobreposição das UAs 6, 5, 4 e 1, sendo as UAs 3 e 2 que apresentaram as
composições da avifauna mais dissimilares (Figura 10.2.2-38). A partir da robustez deste resultado, em
paralelo as comparações observadas anteriormente, é possível inferir que as assembleias de aves das
UAs 3 e 4 apresentam uma riqueza, abundância e diversidade diferenciadas, sendo a UA3 a de compo-
sição diferenciada em relação as demais. Assim, estas devem ser consideradas prioritárias para a avali-
ação potencial de impactos ao longo do decorrer do empreendimento.

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Figura 10.2.2-38 - Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS) a partir dos dados de composição das espé-
cies de aves para os pontos e transectos realizados durante o levantamento da avifauna da BR-423, entre os municípios
de São Caetano e São João, estado de Pernambuco, Brasil.

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DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Tabela 10.2.2-16 - Lista completa de espécies de aves registradas durante a campanha inicial de levantamento de avifauna nas seis unidades amostrais para os três méto-
dos padronizados de amostragem (censos acústicos por transecto, censos acústicos por pontos de escuta e redes de neblina) para assembleia de aves da BR-423, entre os
municípios de São Caetano e São João-PE, Espécies, Nome em portugês, Status, Família, Uso de habitat, Adaptação à distúrbios, Pontos de escuta (Nº de Indivíduos), Lis-
tas de MacKinnon (Nº de Contatos), Redes de Neblina (Nº de Indivíduos), Observações Oportunistas (Nº de Indivíduos), Grau de Ameaça Nacional (ICMBio) e Grau de
Ameaça Internacional (IUCN). Legenda: Status: “R” Espécie residente, “VN” Espécie visitante do Norte; Uso do habitat: (1) espécies de vegetação aberta, encontradas
apenas em habitats abertos (rios, lagos, caatingas, campos e campos rupestres); (2) espécies generalistas, flexíveis o suficiente para usarem tanto habitats abertos quanto
ecossistemas florestais, às vezes vivendo na interface desses dois principais grupos de ecossistemas; (3) espécies florestais encontradas em caatingas arbóreas e em todas as
florestas da região (secas ou úmidas). Adaptação a distúrbios: (A) alta capacidade - espécies encontradas em ecossistemas antropogênicos, independentemente da proxi-
midade com ecossistemas naturais; (M) capacidade média - espécies encontradas em ecossistemas antropogênicos apenas se estiverem perto de ecossistemas naturais ou
aquáticos; (B) baixa capacidade - espécies encontradas apenas em paisagens compostas ou ecossistemas quase imperturbados; Endemismo: “SP BR” Espécie endêmica do
Brasil, “SP NE” Espécie endêmica do Nordeste, “SPP NE” Subespécie endêmica do Nordeste, “SP CA” Espécie endêmica da Caatinga, “SPP CA” Subespécie endêmica
da Caatinga; Status de conservação: “LC” Pouco preocupante. A taxonomia das espécies segue o CBRO (2021).
Rede
Uso de Adapt. a P. de L. de Obs.
Sta- de En- ICM- IUC
Espécies Nome em Português Família Habi- distúr- Escu- Ma- As-
tus Nebli- dem. Bio N
tat bios ta cKin. sist.
na
Crypturellus parvirostris inambu-chororó R Tinamidae 1 H 25 16 LC LC
Crypturellus tataupa inambu-chintã R Tinamidae 3 L 0 2 LC LC
Rhynchotus rufescens perdiz R Tinamidae 1 H 0 2 LC LC
Nothura boraquira codorna-do-nordeste R Tinamidae 2 H 1 0 LC LC
Dendrocygna viduata irerê R Anatidae 1 M 1 1 LC LC
Amazonetta brasiliensis ananaí R Anatidae 1 M 31 7 LC LC
Podilymbus podiceps mergulhão-caçador R Podicipedidae 1 M 1 1 LC LC
Nannopterum brasilianum Phalacrocora-
biguá R 1 M 1 1 LC LC
cidae
Nycticorax nycticorax socó-dorminhoco R Ardeidae 1 M 5 6 LC LC
Butorides striata socozinho R Ardeidae 1 H 3 10 LC LC
Bubulcus ibis garça-vaqueira R Ardeidae 1 H 69 26 LC LC
Ardea alba garça-branca R Ardeidae 1 H 27 7 LC LC
Egretta thula garça-branca-pequena R Ardeidae 1 H 2 0 LC LC
Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha R Cathartidae 1 H 3 5 LC LC
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Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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Rede
Uso de Adapt. a P. de L. de Obs.
Sta- de En- ICM- IUC
Espécies Nome em Português Família Habi- distúr- Escu- Ma- As-
tus Nebli- dem. Bio N
tat bios ta cKin. sist.
na
Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela R Cathartidae 1 H 8 1 LC LC
Coragyps atratus urubu R Cathartidae 1 H 7 2 LC LC
Rupornis magnirostris gavião-carijó R Accipitridae 1 H 7 6 LC LC
Aramides cajaneus saracura-três-potes R Rallidae 2 M 1 0 LC LC
Gallinula galeata galinha-d'água R Rallidae 1 M 20 25 LC LC
Porphyrio martinica frango-d'água-azul R Rallidae 1 M 0 2 LC LC
Vanellus chilensis quero-quero R Charadriidae 1 H 175 86 LC LC
Himantopus mexicanus Recurvirostri-
pernilongo-de-costas-negras R 1 H 15 3 LC LC
dae
Actitis macularius maçarico-pintado VN Scolopacidae 1 M 5 8 LC LC
Jacana jacana jaçanã R Jacanidae 1 H 21 19 LC LC
Columbina minuta rolinha-de-asa-canela R Columbidae 1 H 123 90 LC LC
Columbina talpacoti rolinha R Columbidae 1 H 13 10 LC LC
Columbina picui rolinha-picuí R Columbidae 1 H 60 53 4 LC LC
Patagioenas picazuro asa-branca R Columbidae 2 M 1 3 LC LC
Zenaida auriculata avoante R Columbidae 1 H 1 0 LC LC
Crotophaga ani anu-preto R Cuculidae 1 H 127 85 LC LC
Guira guira anu-branco R Cuculidae 1 H 22 15 LC LC
Tapera naevia saci R Cuculidae 1 H 85 94 LC LC
Athene cunicularia coruja-buraqueira R Strigidae 1 H 3 7 1 LC LC
Nyctidromus albicollis bacurau R Caprimulgidae 2 M 1 LC LC
Eupetomena macroura beija-flor-tesoura R Trochilidae 1 H 11 6 LC LC
Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho R Trochilidae 2 M 30 28 LC LC
Megaceryle torquata martim-pescador-grande R Alcedinidae 1 M 0 2 LC LC

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Rede
Uso de Adapt. a P. de L. de Obs.
Sta- de En- ICM- IUC
Espécies Nome em Português Família Habi- distúr- Escu- Ma- As-
tus Nebli- dem. Bio N
tat bios ta cKin. sist.
na
Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno R Alcedinidae 2 M 3 3 LC LC
Nystalus maculatus rapazinho-dos-velhos R Bucconidae 2 M 27 14 SP BR LC LC
Picumnus limae picapauzinho-da-caatinga R Picidae 2 M 2 0 SP NE LC LC
Veniliornis passerinus pica-pau-pequeno R Picidae 2 H 1 0 LC LC
Cariama cristata seriema R Cariamidae 1 H 36 18 LC LC
Caracara plancus carcará R Falconidae 1 H 40 21 LC LC
Milvago chimachima carrapateiro R Falconidae 1 H 1 0 LC LC
Herpetotheres cachinnans acauã R Falconidae 2 H 0 2 LC LC
Falco femoralis falcão-de-coleira R Falconidae 1 H 0 1 LC LC
Eupsittula cactorum periquito-da-caatinga R Psittacidae 2 H 1 1 SP CA LC LC
Forpus xanthopterygius tuim R Psittacidae 1 H 40 7 LC LC
Myrmorchilus strigilatus Thamnophili- SPP
tem-farinha-aí R 2 M 32 7 LC LC
dae CA
Formicivora melanogaster Thamnophili- SPP
formigueiro-de-barriga-preta R 2 M 26 21 1 LC LC
dae CA
Radinopsyche sellowi Thamnophili-
chorozinho-da-caatinga R 2 M 9 5 LC LC
dae
Sakesphoroides cristatus Thamnophili-
choca-do-nordeste R 2 M 28 19 SP CA LC LC
dae
Thamnophilus capistratus Thamnophili-
choca-barrada-do-nordeste R 2 H 49 17 SP CA LC LC
dae
Thamnophilus torquatus Thamnophili-
choca-de-asa-vermelha R 1 M 10 12 LC LC
dae
Taraba major Thamnophili-
choró-boi R 2 H 13 8 LC LC
dae
Lepidocolaptes angustiros- Dendrocolapti-
arapaçu-de-cerrado R 2 H 1 1 LC LC
tris dae
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Uso de Adapt. a P. de L. de Obs.
Sta- de En- ICM- IUC
Espécies Nome em Português Família Habi- distúr- Escu- Ma- As-
tus Nebli- dem. Bio N
tat bios ta cKin. sist.
na
Furnarius leucopus casaca-de-couro-amarelo R Furnariidae 2 H 16 7 LC LC
Pseudoseisura cristata casaca-de-couro R Furnariidae 2 H 63 35 SP NE LC LC
Phacellodomus rufifrons SPP
joão-de-pau R Furnariidae 2 H 142 99 LC LC
NE
Certhiaxis cinnamomeus curutié R Furnariidae 1 H 32 20 LC LC
Synallaxis hellmayri joão-chique-chique R Furnariidae 1 H 18 6 SP CA LC LC
Synallaxis frontalis petrim R Furnariidae 2 H 29 13 1 LC LC
Tolmomyias flaviventris Rhynchocycli-
bico-chato-amarelo R 3 L 24 11 LC LC
dae
Todirostrum cinereum Rhynchocycli-
ferreirinho-relógio R 2 H 86 83 1 LC LC
dae
Hemitriccus margaritacei- Rhynchocycli-
sebinho-de-olho-de-ouro R 2 H 67 36 1 LC LC
venter dae
Stigmatura napensis SPP
papa-moscas-do-sertão R Tyrannidae 1 M 29 15 1 LC LC
CA
Euscarthmus meloryphus barulhento R Tyrannidae 2 H 96 71 2 LC LC
Camptostoma obsoletum risadinha R Tyrannidae 1 H 78 62 LC LC
Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela R Tyrannidae 2 M 7 6 LC LC
Phaeomyias murina bagageiro R Tyrannidae 1 H 2 1 2 LC LC
Serpophaga subcristata alegrinho R Tyrannidae 2 H 1 2 LC LC
Myiarchus tyrannulus maria-cavaleira-de-rabo-
R Tyrannidae 2 M 0 2 LC LC
enferrujado
Pitangus sulphuratus bem-te-vi R Tyrannidae 1 H 97 84 LC LC
Myiozetetes similis bentevizinho-de-penacho-
R Tyrannidae 2 M 1 2 LC LC
vermelho
Tyrannus melancholicus suiriri R Tyrannidae 1 H 54 55 LC LC
Myiophobus fasciatus filipe R Tyrannidae 1 H 2 1 LC LC
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Uso de Adapt. a P. de L. de Obs.
Sta- de En- ICM- IUC
Espécies Nome em Português Família Habi- distúr- Escu- Ma- As-
tus Nebli- dem. Bio N
tat bios ta cKin. sist.
na
Fluvicola albiventer lavadeira-de-cara-branca R Tyrannidae 1 H 13 9 LC LC
Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada R Tyrannidae 1 H 53 35 LC LC
Arundinicola leucocephala freirinha R Tyrannidae 1 H 3 3 LC LC
Cyclarhis gujanensis pitiguari R Vireonidae 2 H 8 3 LC LC
Hylophilus amaurocepha-
vite-vite-de-olho-cinza R Vireonidae 3 L 35 23 SP BR LC LC
lus
Cyanocorax cyanopogon gralha-cancã R Corvidae 2 M 1 0 SP BR LC LC
Progne chalybea andorinha-grande R Hirundinidae 1 H 15 6 LC LC
Tachycineta albiventer andorinha-do-rio R Hirundinidae 1 M 10 6 LC LC
Troglodytes musculus corruíra R Troglodytidae 1 H 53 49 LC LC
Cantorchilus longirostris garrinchão-de-bico-grande R Troglodytidae 3 L 109 87 6 SP BR LC LC
Polioptila atricapilla balança-rabo-de-chapéu-preto R Polioptilidae 2 H 96 106 1 LC LC
Turdus leucomelas sabiá-branco R Turdidae 2 H 0 1 LC LC
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira R Turdidae 1 H 3 1 LC LC
Turdus amaurochalinus sabiá-poca R Turdidae 2 H 1 1 LC LC
Mimus saturninus sabiá-do-campo R Mimidae 1 H 15 14 LC LC
Agelaioides fringillarius asa-de-telha-pálido R Icteridae 1 H 72 15 SP NE LC LC
Molothrus bonariensis chupim R Icteridae 1 H 1 1 LC LC
Chrysomus ruficapillus Garibaldi R Icteridae 1 H 1 1 LC LC
Paroaria dominicana cardeal-do-nordeste R Thraupidae 1 H 2 5 SP NE LC LC
Thraupis sayaca sanhaço-cinzento R Thraupidae 2 H 2 3 LC LC
Stilpnia cayana saíra-amarela R Thraupidae 1 H 8 4 1 LC LC
Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto R Thraupidae 3 L 0 2 LC LC
Volatinia jacarina tiziu R Thraupidae 1 H 177 87 9 LC LC

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Espécies Nome em Português Família Habi- distúr- Escu- Ma- As-
tus Nebli- dem. Bio N
tat bios ta cKin. sist.
na
Coryphospingus pileatus tico-tico-rei-cinza R Thraupidae 2 H 54 48 12 LC LC
Coereba flaveola cambacica R Thraupidae 2 H 4 6 LC LC
Sporophila albogularis golinho R Thraupidae 1 H 4 10 1 SP NE LC LC
Thlypopsis sordida saí-canário R Thraupidae 2 H 0 1 LC LC
Euphonia chlorotica fim-fim R Fringillidae 2 H 43 39 LC LC
Estrilda astrild Bico-de-lacre R Estrildidae 1 H 0 1 LC LC
Passer domesticus Pardal R Passeridae 1 H 57 6 LC LC

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 Considerações Finais

Considerando as informações obtidas durante o levantamento da fauna de aves, realizadas na estação


seca (outubro/novembro de 2022), além de dados secundários obtidos através da literatura, foi possível
avaliar a qualidade ambiental da área em função do grupo focal deste estudo. Em virtude dos indícios
das profundas alterações ambientais que ocorreram no passado na área de monitoramento, evidenciado
pela presença de áreas abertas na área, e dos presentes impactos das atividades humanas que perduram
até os dias atuais no local, observou-se uma assembleia de aves composta majoritariamente por espé-
cies de baixa exigência ambiental e com baixas restrições de ocorrência.

Em geral, a comunidade de aves observada na área do empreendimento possui ampla distribuição e boa
capacidade de adaptação a perturbações e alterações ambientais. No entanto, cinco espécies, registradas
durante esta campanha de levantamento inicial, foram categorizadas como espécies de baixa capacida-
de de adaptação a distúrbios ambientais, com ocorrência dependente da presença de ambientes flores-
tais. Assim, estas podem ser consideradas “bioindicadoras”, sendo possíveis alvos de monitoramento ao
decorrer do empreendimento, já que sua presença está relacionada a menores graus de distúrbio antró-
pico. São elas: Crypturellus tataupa, Tolmomyias flaviventris, Hylophilus amaurocephalus, Cantorchi-
lus longirostris e Nemosia pileata.

A partir dos dados coletados, foi possível avaliar a riqueza de espécies, abundância relativa, composi-
ção de espécies e diversidade de aves na área do empreendimento. No geral, a avifauna local foi avalia-
da como característica de ambientes com vegetação secundária, e os dados aqui obtidos sugerem que as
atividades do empreendimento não devem exercer grandes impactos à comunidade de aves locais, fato
evidenciado pela baixa diversidade de espécies sensíveis e a ausência de espécies ameaçadas de extin-
ção. Entretanto, as áreas amostrais 3 e 4 foram diagnosticadas como potenciais regiões de impacto do
empreendimento, em função de sua alta riqueza e abundância de espécies, estas regiões estão mais pro-
pícias a deslocamentos através da rodovia. Assim, faz-se necessário que medidas de minimização de
atropelamentos sejam tomadas, como passagens de fauna e avaliação da manutenção destas áreas como
reservas legais.

10.2.2.3.5 Herpetofauna (répteis e anfíbios)


 Material e Métodos

 Sítios de Amostragem

Seguindo os critérios estabelecidos pela vistoria realizada anteriormente a esta campanha de campo, as
áreas monitoradas foram selecionadas obedecendo as recomendações ao longo do trecho da BR-423,
sendo seis Unidades Amostrais (UAs), levando em consideração a variabilidade de ambientes (conser-
vados, degradados e periurbanos), incluindo ecossistemas aquáticos (Figura 10.2.2-39). O diagnóstico
da herpetofauna foi realizado durante os dias 27 de outubro a 03 de novembro de 2022, e 23 a 29 de ja-
neiro de 2023 (período de estiagem).

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Figura 10.2.2-39 - Pontos de localização das regiões visitadas para o diagnóstico, nas áreas de duplicação da BR 423
entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernam-
buco.

 Coleta de dados
Para monitorar os anfíbios e répteis foram adotados três métodos de amostragem e coleta: I) Procura
Ativa Visual e Auditiva - PAVA (no caso dos anuros) em transectos, nos períodos diurno e noturno
(Heyer et al., 1994; Bernardes, 2012); II) Busca em Sítios Reprodutivos - BSR (Scott; Woodward,
1994); III) Registros Ocasionais (ou encontros oportunísticos); IV) Armadilhas de Intercepção e
Queda (AIQ).

Foram identificados 71 potenciais Sítios Reprodutivos que representam poças permanentes e temporá-
rias, riachos e açudes encontrados na área de estudo (Tabela 10.2.2-17 e
Figura 10.2.2-40). Cada sítio reprodutivo foi vistoriado por 60 minutos durante os sete dias. Além dis-
so, como alternativa foi realizado busca ativa auditiva e visual por anfíbios no entorno destes pontos em
um raio de 50 metros.

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Tabela 10.2.2-17 - Coordenadas geográficas das regiões visitadas para o diagnóstico, nas áreas de duplicação da BR
423 entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Per-
nambuco.
Coordenadas geográficas
UTM; Datum = SIRGAS
Sítio Reprodutivo
2000;
Latitude Longitude
SBR01 8°20'59.96"S 36°10'12.68"O
SBR02 8°21'23.81"S 36°10'20.57"O
SBR03 8°21'58.68"S 36°10'19.88"O
SBR04 8°22'10.59"S 36°10'18.03"O
SBR05 8°23'10.63"S 36°10'30.08"O
SBR06 8°23'46.92"S 36°10'56.26"O
SBR07 8°23'51.04"S 36°10'57.10"O
SBR08 8°24'26.51"S 36°11'12.73"O
SBR09 8°24'26.77"S 36°11'17.01"O
SBR10 8°24'53.64"S 36°11'26.48"O
SBR11 8°25'6.28"S 36°11'30.28"O
SBR12 8°25'2.22"S 36°11'40.98"O
SBR13 8°25'6.52"S 36°11'42.57"O
SBR14 8°25'12.44"S 36°11'41.19"O
SBR15 8°25'15.94"S 36°11'38.65"O
SBR16 8°25'15.80"S 36°11'45.14"O
SBR17 8°25'22.84"S 36°11'42.43"O
SBR18 8°25'21.03"S 36°11'49.00"O
SBR19 8°25'33.19"S 36°11'47.60"O
SBR20 8°25'55.22"S 36°11'59.65"O
SBR21 8°25'57.58"S 36°12'5.87"O
SBR22 8°26'8.67"S 36°12'8.40"O
SBR23 8°26'14.22"S 36°12'18.15"O
SBR24 8°26'17.59"S 36°12'12.14"O
SBR25 8°26'19.52"S 36°12'21.45"O
SBR26 8°26'46.45"S 36°12'35.56"O
SBR27 8°27'19.14"S 36°12'44.59"O
SBR28 8°28'0.96"S 36°13'9.10"O
SBR29 8°28'10.28"S 36°13'11.60"O
SBR30 8°28'19.60"S 36°13'7.67"O
SBR31 8°28'59.59"S 36°13'34.77"O
SBR32 8°29'4.78"S 36°13'29.26"O
SBR33 8°29'41.98"S 36°14'22.10"O
SBR34 8°30'14.38"S 36°15'0.52"O
SBR35 8°33'24.15"S 36°16'31.23"O
SBR36 8°33'39.02"S 36°16'30.66"O
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Coordenadas geográficas
UTM; Datum = SIRGAS
Sítio Reprodutivo
2000;
Latitude Longitude
SBR37 8°36'19.97"S 36°17'40.88"O
SBR38 8°36'30.67"S 36°17'37.28"O
SBR39 8°36'32.31"S 36°17'41.12"O
SBR39 8°36'36.46"S 36°17'46.33"O
SBR40 8°36'48.63"S 36°17'49.02"O
SBR41 8°36'51.98"S 36°17'57.66"O
SBR42 8°37'13.35"S 36°18'2.57"O
SBR43 8°37'18.37"S 36°18'4.87"O
SBR44 8°37'18.84"S 36°18'1.15"O
SBR45 8°37'34.46"S 36°18'9.88"O
SBR46 8°37'52.52"S 36°18'16.83"O
SBR47 8°37'52.44"S 36°18'10.40"O
SBR48 8°38'27.82"S 36°18'41.06"O
SBR49 8°38'37.21"S 36°18'45.36"O
SBR50 8°40'50.04"S 36°24'15.57"O
SBR51 8°41'12.78"S 36°24'34.77"O
SBR52 8°41'24.43"S 36°24'44.07"O
SBR53 8°41'38.21"S 36°24'41.31"O
SBR54 8°41'45.95"S 36°24'45.05"O
SBR55 8°41'54.20"S 36°24'49.52"O
SBR56 8°42'13.84"S 36°25'6.78"O
SBR57 8°43'47.93"S 36°25'52.94"O
SBR58 8°45'10.56"S 36°25'23.22"O
SBE59 8°45'59.08"S 36°25'39.18"O
SBR60 8°46'48.09"S 36°25'45.56"O
SBR61 8°47'1.90"S 36°25'55.28"O
SBR62 8°47'24.99"S 36°25'58.77"O
SBR63 8°47'52.88"S 36°26'14.99"O
SBR64 8°47'57.33"S 36°26'22.60"O
SBR65 8°48'1.17"S 36°26'18.89"O
SBR66 8°48'49.09"S 36°26'39.54"O
SBR67 8°49'0.47"S 36°26'41.76"O
SBR68 8°49'5.51"S 36°26'35.41"O
SBR69 8°50'44.57"S 36°27'32.61"O

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Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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Figura 10.2.2-40 - Sítios reprodutivos monitorados das regiões visitadas para o diagnóstico, nas áreas de duplicação da
BR 423 entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de
Pernambuco.

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O método de Procura Ativa Visual e Auditiva, foram percorridos a linha central das parcelas de 250 m,
que foram subdivididas em 25 segmentos de 10 m, registrando as vocalizações de anfíbios em cada
segmento. Além disso, após a execução da busca ativa auditiva, foram realizados transectos na zona la-
teral de cada uma das parcelas amostrais, registrando todos os indivíduos avistados durante o percurso.

Este método consistiu em transectos com comprimento e tempo de amostragem pré-determinados, onde
o pesquisador anda lentamente, inspecionando os microambientes visualmente acessíveis, tais como:
troncos, inspecionando epífitas (bromélias), micro cavidades, debaixo de pedras e fendas de rochas,
vasculhando-se a serapilheira e outros possíveis abrigos para anfíbios e répteis, durante o dia e à noite.
Já o método Busca em Sítios de vocalização (zoofonia) e Reprodução para anfíbios, o pesquisador foi
registrando os sons emitidos pelos anuros em corpos d‟águas lênticos ou lóticos nas proximidades dos
módulos amostrais (Scott; Woodward, 1994; Palmeira; Gonçalves, 2015). Durante a aplicação dessa
metodologia, pode ocorrer encontros com grupos de répteis (por exemplo, quelônios e crocodilianos),
além de serpentes que ficam forrageando na vegetação marginal dos corpos d‟água. No período noturno
foi utilizado lanternas para a localização dos indivíduos das espécies de répteis e anfíbios.

Em cada unidade amostral (N = 6) foram realizados quatro transectos de aproximadamente 250 m de


comprimento que foram amostrados durante os setes dias (Figura 10.2.2-41). O esforço de coleta em
cada transecto foi de quatro horas/homem, sendo duas horas no período diurno e duas horas durante a
noite. Assim, o esforço de amostragem total durante essa campanha foi de 56 horas/homem de procura
ativa visual e acústica nos 24 transectos instalados nos seis pontos amostrais distribuídos ao longo da
área de estudo.

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Figura 10.2.2-41 - Áreas utilizadas para transectos, pifalls e busca ativa e auditiva para herpetofauna nas áreas de du-
plicação da BR 423 entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no
estado de Pernambuco.

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Além disso, foram considerados registros ocasionais, que ocorreram ao identificar espécies por meio de
encontro visual e/ou auditivo fora das áreas amostrais, assim como animais (especialmente serpentes e
lagartos) encontrados vivos e/ou mortos em estradas da região durante os deslocamentos com veículo
até as áreas de amostragem.

Somado a esses métodos foi realizado um procedimento passivo com a utilização de Armadilhas de In-
tercepção e Queda (AIQ - pitfalls), com cerca guia. As AIQ‟s foram instaladas em cinco estações com-
postas por 20 baldes de 60 litros cada, dispostos em forma de “Y”, com um balde central e três em cada
extremidade amostrando as seis unidades amostrais. Foi estabelecido em cada parcela uma zona de
"pitfalls", locada paralelamente à linha central dessa parcela, à distância padrão de 20 m. Nessa área
destinada aos "pitfalls" foram implantada estação amostral composta por 20 baldes, divididos em 5
"Y", distantes 30 m entre si. Os "Y" foram compostos por quatro baldes de 60 litros cada, distantes 10
m uns dos outros. Os baldes foram interligados por uma cerca-guia de lona plástica com 50 cm de altu-
ra, que foi enterrada à aproximadamente 5 cm de profundidade no solo e mantida em posição vertical
por estacas de madeira às quais foi grampeada (Figura 10.2.2-42). Os baldes foram furados para evitar
o acúmulo de água e morte dos espécimes. Também foi adicionado a cada balde um anteparo de isopor
para abrigo e flutuação. Essas armadilhas foram revisadas duas vezes ao dia (no meio da manhã e meio
da tarde). Nos períodos entre as amostragens, os baldes permaneceram fechados e com as cercas-guia
recolhidas, ou seja, a estação só permaneceu apta à captura durante os períodos de campo. Os espéci-
mes foram capturados à mão com a utilização de luvas de vaqueta para não peçonhentos, já os com ca-
pacidade de inoculação de peçonha foi utilizado uma pinça.

Ademais, de forma a complementar as amostragens mencionadas anteriormente, foram realizadas en-


trevistas direcionadas com moradores do entorno, utilizando-se de fotografias da herpetofauna de pro-
vável ocorrência para região. Os dados obtidos a partir deste método foram utilizados para compor a
lista de espécies da região, mas não foram utilizados nas análises estatísticas.

Os espécimes observados durante as visitas em campo tiveram o registro fotográfico realizado e sua
identificação confirmada com auxílio de guias de campo (Freitas, 2015; Haddad et al., 2013). A no-
menclatura corresponde à Frost (2023) e Uetz et al. (2022). Todas as informações relacionadas às espé-
cies, tais como: ponto e método de coleta, horário de coleta, habitat e micro-habitat foram registradas
em caderno de campo.

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Figura 10.2.2-42 - Métodos de coleta para herpetofauna adotados durante o diagnóstico nas áreas de duplicação da
BR 423 entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de
Pernambuco.

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Status de conservação

Para verificar o status de conservação, foi consultada a lista vermelha publicada pela União Internacio-
nal para a Conservação da Natureza (IUCN, 2023) e a versão atual do Livro Vermelho da Fauna Brasi-
leira Ameaçada de Extinção (ICMBIO, 2018). Por convenção, sempre que houver referência à determi-
nada categoria, utiliza-se o nome em português e a sigla original em inglês, entre parênteses. Dessa
maneira, uma espécie pode ser considerada: Extinta (EX) – Extinct; Extinta na Natureza (EW) – Ex-
tinct in the Wild; Regionalmente Extinta (RE) – Regionally Extinct; Criticamente em Perigo (CR) –
Critically Endangered; Em Perigo (EN) – Endangered; Vulnerável (VU) – Vulnerable; Quase Ameaça-
da (NT) – Near Threatened; Menos Preocupante (LC) – Least Concern; Dados Insuficientes (DD) –
Data Deficient; Não Aplicável (NA) – Not Applicable; Não Avaliada (NE) – Not Evaluated.

Análise dos dados

A riqueza foi avaliada em nível de espécie, estimada pelo total de espécies registradas, e em nível de
família, através do número total de famílias às quais pertenceram as espécies registradas. Esta análise
foi realizada para anfíbios e répteis separadamente. A abundância de espécies foi estimada pelo número
total de indivíduos registrados de cada espécie.

Para o cálculo da eficiência amostral, a riqueza de espécies foi estimada com base na abundância e fre-
quência, através de curva de acumulação de espécies e estimativas de riqueza utilizando o índice não-
paramétrico Jacknife 1, após 1000 aleatorizações, com o auxílio do software EstimateS 9.1 (Colwell,
2016).

Para comparação entre os valores de abundância (quantidade de indivíduos de uma determinada espécie
ou comunidade) e riqueza entre os pontos amostrados (quantidade de espécies presentes em determina-
da comunidade) foram utilizados os índices de Diversidade de Shannon, de Equabilidade de Pielou e de
Berger-Parker (d) que exprime a importância proporcional da espécie mais abundante, ou seja, abun-
dância da espécie dominante dividido pelo número total de indivíduos da amostra. Os índices foram
calculados no programa Past.

 Resultados e Discussão
Durante a atual campanha, ao longo do trecho da BR-423 que vai do km 18,20, no entroncamento da
BR-232, no município de São Caetano, ao km 86,12, no município de São João, com extensão total de
67,92 km, foram registradas 18 espécies de anfíbios anuros divididas em seis famílias e 24 espécies de
répteis divididos em duas Ordens (Testudines e Squamata) e 16 famílias, sendo oito lagartos, uma de
anfisbena, quatro serpentes e três de quelônios. Em relação aos estudos anteriores, nesta campanha fo-
ram registradas 34 espécies pela primeira vez na região (Tabela 10.2.2-18Erro! Fonte de referência
não encontrada., Figura 10.2.2-43 e Figura 10.2.2-44), sendo: nove lagartos, três quelônios, uma an-
fisbena e cinco serpentes. Os demais constam em estudos anteriores nas áreas monitoradas e municí-
pios próximos.

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Tabela 10.2.2-18 - Lista de espécies da área de estudo com os dados coletados recentemente e registrados em estudos
anteriores. Dados primários: Unidades amostrais de registros; Método de registro - Procura Ativa Visual e Auditiva –
PAVA, Busca em Sítios Reprodutivos – BSR, Registros Ocasionais – RO e AIQ – Armadilhas de Intercepção e Queda;
Nome popular; Status de Conservação. *Dados do EIA BR-423 (2017)
Lista men-
Levantamento cionada na Status de
Ordem/Família/Espécie Método de
Atual (seca – Emissão de Nome Popular Conservação
(Autor, Ano) registro
Out-Nov/2022) Autorização (ICMbio)
(2022)*
Anura
Bufonidae
AU01, AU02,
Rhinella diptycha (Cope, PAVA,
AU03, AU04, X Sapo-cururu LC
1869) BSR
AU05, AU06
AU01, AU02,
Rhinella granulosa (Spix, PAVA,
AU03, AU04, - Sapo-granuloso LC
1824) BSR
AU05, AU06
Hylidae
Boana albomarginata (Spix,
AU04 - PAVA Perereca-verde LC
1824)
AU01, AU02,
Boana crepitans (Wied- PAVA,
AU03, AU04, - Perereca LC
Neuwied, 1824) BSR
AU05
AU01, AU02,
Dendropsophus branneri PAVA,
AU03, AU04, - Pererequinha LC
(Cochran, 1948) BSR
AU05, AU06
AU01, AU02,
Dendropsophus oliveirai PAVA,
AU03, AU04, - Pererequinha LC
(Bokermann, 1963) BSR
AU05, AU06
Dendropsophus soaresi (Ca- AU01, AU02, PAVA,
- Pererequinha LC
ramaschi & Jim, 1983) AU03, AU05 BSR
AU01, AU02,
Scinax x-signatus (Spix, PAVA,
AU03, AU04, - Perereca LC
1824) BSR
AU05, AU06
Leptodactylidae
Leptodactylus fuscus
- X - Caçote LC
(Schneider, 1799)
AU01, AU02,
Leptodactylus macrosternum PAVA,
AU03, AU04, X Caçote LC
(Miranda-Ribeiro, 1926) BSR, AIQ
AU05, AU06
Leptodactylus troglodytes AU01, AU03, PAVA,
- Caçote, rãzinha LC
(Lutz, 1926) AU04 AIQ
Leptodactylus vastus (Lutz, PAVA,
AU01, AU02 - Jia-de-peito LC
1930) BSR
AU01, AU03,
Physalaemus albifrons (Spix,
AU04, AU05, - BSR, AIQ Rãzinha LC
1824)
AU06
AU01, AU03,
Physalaemus cuvieri (Fitzin-
AU04, AU05, - BSR, AIQ Rã-cachorro LC
ger, 1826)
AU06

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Lista men-
Levantamento cionada na Status de
Ordem/Família/Espécie Método de
Atual (seca – Emissão de Nome Popular Conservação
(Autor, Ano) registro
Out-Nov/2022) Autorização (ICMbio)
(2022)*
Pleurodema diplolister (Pe- AU01, AU03,
- PAVA Sapo LC
ters, 1870) AU04
Odontophrynidae
Proceratophrys cristiceps
AU01, AU03 - PAVA Sapo-boi LC
(Müller, 1883)
Odontophrynus carvalhoi AU01, AU03,
- PAVA Sapo-boi LC
Savage & Cei, 1965 AU04
Phyllomedusidae
AU01, AU02,
Pithecopus gonzagai (An- PAVA,
AU03, AU04, - Perereca-macaco DD
drade et al. 2020) BSR
AU05, AU06
Pipidae
Pipa carvalhoi (Miranda-
AU01 - PAVA Sapo LC
Ribeiro, 1937)
Testudines
Chelidae
Acanthochelys radiolata
AU02 - PAVA Cágado-amarelo NT
(Mikan, 1820)
Kinosternidae
Kinosternon scorpioides
AU05 - PAVA Cágado, jurará, muçuã NE
(LINNAEUS, 1766)
Testudinidae
Chelonoidis carbonaria
AU01 - PAVA Jabuti, Jabuti-piranga NE
(Spix, 1824)
Squamata
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia (Mo- AU02, AU04,
X PAVA Lagartixa-de-parede Exótico
reau, 1818) AU05
Lygodactylus klugei (Smith, AU01, AU02,
- PAVA Bribinha-da-caatinga LC
Martin & Swain, 1977) AU03
Gymnophthalmidae
Anotosaura vanzolinia Dix-
AU01, AU03 - PAVA Lagartinho LC
on, 1974
Vanzosaura multiscutata PAVA,
AU01 - Lagarto-do-rabo-vermelho LC
(AMARAL, 1933) AIQ
Iguanidae
Iguana iguana (Linnaeus, AU01, AU04,
- PAVA Camaleão LC
1758) AU05
Mabuyidae
Brasiliscincus heathi (Sch- PAVA,
AU02, AU03 - Briba LC
midt & Inger, 1951) AIQ
Phyllodactylidae

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Ordem/Família/Espécie Método de
Atual (seca – Emissão de Nome Popular Conservação
(Autor, Ano) registro
Out-Nov/2022) Autorização (ICMbio)
(2022)*
Gymnodactylus geckoides PAVA,
AU01, AU02 - Briba LC
(Spix, 1825) AIQ
Phyllopezus pollicaris (Spix,
AU02 - PAVA Lagartixa-de-pedra LC
1825)
Polychrotidae
AU01, AU02,
Polychrus acutirostris (Spix,
AU03, AU04, - PAVA Lagarto-preguiça LC
1825)
AU05
Teiidae
Lagarto-verde, calango-verde, ja-
Ameiva ameiva AU01, AU02,
- PAVA carepinima, bico-doce, calango- LC
(LINNAEUS, 1758) AU03
bico-doce
AU01, AU02,
Ameivula ocellifera (Spix, PAVA,
AU03, AU04, X Calanguinho LC
1825) AIQ
AU05, AU06
Salvator merianae Duméril
AU01, AU03 X PAVA Teiú, tejú LC
& Bibron, 1839
Tropiduridae
AU01, AU02,
Tropidurus hispidus (Spix, PAVA,
AU03, AU04, X Lagartixa LC
1825) AIQ
AU05, AU06
Tropidurus semitaeniatus
AU01, AU02 X PAVA Lagartixa LC
(SPIX, 1825)
Amphisbaenidae
Amphisbaena pretrei
DUMÉRIL & BIBRON, AU04, AU05 - PAVA Cobra-de-duas-cabeças LC
1839
Amphisbaena vermicularis AU02, AU03,
X PAVA Cobra-de-duas-cabeças LC
Wagler, 1824 AU04, AU05
Boidae
Boa constrictor Linnaeus,
- X - Jiboia LC
1758
Epicrates assisi Machado, PAVA,
AU03 - Salamanta LC
1945 AIQ
Epicrates cenchria
- X - Salamanta LC
(LINNAEUS, 1758)
Colubridae
Chironius quadricarinatus
- X - Cobra cipó LC
(Boie, 1827)
Oxyrhopus trigeminus Du-
méril, Bribon & Duméril, - X - Falsa-coral LC
1854
Philodryas nattereri Stein-
AU04 - PAVA Corre-campo LC
dachner, 1870

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Out-Nov/2022) Autorização (ICMbio)
(2022)*
Philodryas olfersii (Lichtens- PAVA,
AU04, AU06 - Cobra-verde LC
tein, 1823) AIQ
Dipsadidae
Achatadeira, cobra-chata, boipeva,
boipeba, cabeça-chata, capitão-do-
Xenodon merremii
AU06 - AIQ campo, capitão-do-mato, chata, LC
(WAGLER, 1824)
goipeba, jaracambeva, jararacam-
beva, jararacuçu-tipiti, pepéua
Elapidae
Micrurus ibiboboca (Mer-
- X - Coral-verdadeira DD
rem, 1820)
Leptotyphlopidae
Epictia borapeliotes PAVA, Cobra-Chumbo, Cobra-da-Terra,
AU03 - LC
(VANZOLINI, 1996) AIQ Cobra-de-Chumbinho
Viperidae
Bothrops jararaca (Wied-
- X - Jararaca LC
Neuwied, 1824)
Crotalus durissus
- X - Cascavel LC
LINNAEUS, 1758

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Figura 10.2.2-43 - Espécies de anfíbios anuros encontradas nas áreas de duplicação da BR 423 entre os sete municípios
(São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. A - Rhinella dip-
tycha; B - Rhinella granulosa; C - Boana crepitans; D - Dendropsophus branneri; E - Dendropsophus oliveirai; F - Sci-
nax x-signatus; G - Leptodactylus macrosternum; H - Leptodactylus troglodytes.

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Figura 10.2.2-44 - Continuação: Espécies de anfíbios anuros encontradas nas áreas de duplicação da BR 423 entre os
sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. I -
Leptodactylus vastus; J - Physalaemus albifrons; K - Physalaemus cuvieri; L - Pleurodema diplolister; M - Procerato-
phrys cristiceps; N - Pithecopus gonzagai.

A maioria das espécies de anfíbios encontrados nesse diagnóstico faunístico, têm relativa distribuição
geográfica, com espécies que ocorrem tanto no bioma Mata atlântica como na Caatinga.

Levando em consideração a representatividade das espécies de anuros nas unidades amostrais (BSR,
transectos e AQI), Leptodactylus macrosternum (N = 280), Scinax x-signatus (N = 186), Dendropso-
phus oliveirai (N = 182), D. branneri (N = 146) e Pithecopus gonzagai (N = 110), tiveram os maiores
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valores de abundância. As cinco espécies somaram 61% (N = 904) de todo o percentual amostrado (N
= 1481). As espécies Boana crepitans (N = 89), Pipa carvalhoi (N = 88), Physalaemus albifrons (N =
69), P. cuvieri (N = 66) e Rhinella diptycha (N = 64), somaram 25,4% do total amostrado. As demais
espécies representaram 12,6% do total, com menos de 50 indivíduos cada (Figura 10.2.2-45).

Figura 10.2.2-45 - Número de registros por espécies de anfíbios nas áreas de duplicação da BR 423 entre os sete muni-
cípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco.

Entre os métodos de busca, a Procura Ativa Visual e Auditiva (PAVA) foi a mais eficiente em termos
de abundância e riqueza pois permitiu explorar todas as áreas, inclusive fontes d‟água, ambientes utili-
zados para o encontro e acasalamento de muitas espécies de anfíbios anuros. Algumas espécies foram
registradas exclusivamente nesses transectos, Boana albomarginata, Pleurodema diplolister, Procera-
tophrys cristiceps, Odontophrynus carvalhoi e Pipa carvalhoi. Neste método foram registrados 918 in-
divíduos de 18 espécies, todas foram amostradas por meio visual ou da vocalização. Durante a visita
aos sítios de reprodução, considerando os períodos diurno e noturno, foram registrados 546 indivíduos
e 12 espécies, todos foram registrados durante a PAVA.

Com relação à diversidade de espécies, o índice revelou que, de um modo geral, as unidades amostrais
AU03, AU04 e AU01 apresentaram os valores mais altos em relação aos demais, sendo os mais diver-
sos (H = 2.56, H = 2.39 e H = 2,39, respectivamente). Contudo, as unidades AU03 e AU06 destacaram-
se com maior igualdade de distribuição das abundâncias dos indivíduos por espécies (J = 0.95 e J =
0.94, respectivamente). Além disso, a unidade amostral AU03 demostrou maior proporção de espécies
em relação ao maior número de indivíduos observados (d = 0,13). Os pontos AU06 e AU05 obtiveram
segunda maior diversidade (H = 2.07 e H = 2.05) e, consequentemente, alto índice de equabilidades (J
= 0.94 e J = 0.85, respectivamente). O ponto AU02 apresentou baixa diversidade e abundância das es-

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pécies, com um valor alto para Dominância (D = 0.19), uma vez que esse é o oposto da riqueza (índices
H e J).

Tabela 10.2.2-19 - Índices de Riqueza, Abundância, Diversidade de Shannon, Dominância, Equabilidade de Pielou e
Berger-Parker das áreas de duplicação da BR 423 entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Cal-
çado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. *Valores médios
Índices AU01 AU02 AU03 AU04 AU05 AU06 Total
Riqueza 17 10 15 14 11 9 12,7*
Abundância 416 194 156 353 284 61 1464
Dominância (D) 0.12 0.19 0.09 0.12 0.15 0.14 0.13*
Diversidade (Shan-
2.39 1.96 2.56 2.39 2.05 2.07 2.23*
non_H)
Equabilidade de Pielou
0.84 0.85 0.95 0.9 0.85 0.94 0.89*
(J)
Berger-Parker (d) 0.21 0.36 0.13 0.25 0.23 0.23 0.23*

Levando em consideração alguns parâmetros ecológicos, tais como a presença de espécies de anfíbios
anuros de importância econômica e cinegética. As áreas estudadas apresentaram quatro espécies que
podem ter potencial cinegético, são elas: Leptodactylus vastus, conhecida como “rã-de-peito ou rã-
pimenta”, pode ser utilizada na alimentação; L. macrosternum e L. troglodytes ou „caçotes‟ que são
comumente usadas como iscas para pesca (Marques, 2019; Oliveira et al., 2022). Contudo, apesar de
termos registrado essa espécie em questão, não foi constatada a caça predatória deste animal durante o
presente estudo de diagnóstico. Em muitos países que apresentam florestas tropicais, os animais silves-
tres são utilizados para diversas finalidades, desde alimentação, uso terapêutico, atividades culturais,
comércio de animais vivos, partes deles ou subprodutos para diversos fins e, possivelmente, uma múlti-
pla combinação destes usos (Robinson; Bennett, 1999), inclusive no Brasil (Alves et al., 2008; Silva,
2008; Alves et al., 2010). Nos trópicos, a pressão da caça é exercida sobre diversos animais simultane-
amente, mesmo sem o devido conhecimento do papel destas espécies no ecossistema (Alves et al.,
2008).

Em relação às espécies ameaçadas de extinção, neste diagnóstico da herpetofauna foi registrada a pere-
reca Pithecopus gonzagai, que apresenta a classificação de “dados insuficientes” (DD), constando na
lista de espécies ameaçadas internacional (IUCN). No mais, as outras espécies observadas não podem
ser qualificadas como rara ou endêmica da região, ou exclusiva de um bioma pois apresentam ampla
distribuição geográfica.

Répteis

Nesse estudo sobre herpetofauna foram registrados 435 indivíduos, pertencentes a 24 espécies de rép-
teis das Ordens Squamata e Testudines. As espécies estão distribuídas em 16 famílias, que são: Cheli-
dae, Kinosternidae e Testudinidae (quelônios); Gekkonidae, Gymnophthalmidae, Iguanidae, Mabuyi-
dae, Phyllodactylidae, Polychrotidae, Teiidae e Tropiduridae (lagartos); Amphisbaenidae (anfisbena);
Boidae, Colubridae, Dipsadidae e Leptotyphlopidae (serpentes) (Figura 10.2.2-46). A família Teiidae
foi a mais representativa em termos de riqueza, apresentando três espécies. Em termos de abundância,
Teiidae teve destaque, com 195 indivíduos amostrados (44,8%). Tropiduridae também teve 127 indiví-
duos registrados, representando 29,2% do total. Ambas as famílias são pouco exigentes e tolerantes a
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áreas sob influência humana. Por serem lagartos heliófilos (que se aquece ao sol) costumam estar ativo
a temperaturas altas (Vanzolini, 1980; Silva; Araújo, 2008).

Figura 10.2.2-46 - Espécies de répteis encontrados nas áreas de duplicação da BR 423 entre os sete municípios (São
Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. A - Kinosternon scorpi-
oides; B - Lygodactylus klugei; C - Iguana iguana; D - Gymnodactylus geckoides; E - Phyllopezus pollicaris; F -

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Polychrus acutirostris; G - Ameivula ocellifera; H - Tropidurus hispidus; I - Amphisbaena vermicularis; J - Philodryas


olfersii.

É importante ressaltar que os 435 registros estão distribuídos ao longo das seis unidades amostrais. As-
sim, o ponto AU02 foi o que apresentou maior número de registros, com 107 indivíduos. Outros pontos
apresentaram abundâncias maior que 50, variando de 72 (AU01) a 54 indivíduos (AU03). E a unidade
AU06 registrou apenas nove espécimes de répteis. A riqueza de espécies entre as unidades amostrais
teve valores aproximados, variando de 11 espécies na AU02 a três espécies no ponto AU06. As unida-
des que apresentaram espécies exclusivas foram: AU06 onde foi registrada a falsa-jararaca (Xenodon
merremii); a lagartixa Phyllopezus pollicaris foi observada apenas na AU02; Anotosaura vanzolinia,
Epictia borapeliotes e Epicrates assisi foram visualizadas exclusivamente na AU03 e, em AU04 foi re-
gistrado o único indivíduo da serpente corre-campo (Philodryas nattereri).

Quanto à representatividade das espécies de lagartos nas unidades amostrais durante o presente estudo,
Ameivula ocellifera (N = 166) e Tropidurus hispidus (N = 90) tiveram os maiores valores de abundân-
cia. As duas espécies somaram 58,9% de todo o percentual amostrado. As 19 espécies restantes somam
41,1% do total, com menos de 40 indivíduos cada (Figura 10.2.2-47).

Figura 10.2.2-47 - Número de registros por espécies de répteis nas áreas de duplicação da BR 423 entre os sete muni-
cípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco.

A análise do Índice de Diversidade de Shannon-Wienner (H) de espécies, revelou que, de modo geral, a
unidade amostral AU02 apresentou o valor mais alto em relação aos demais, sendo a mais diversa (H =
2.02). Contudo, com maior igualdade de distribuição das abundâncias dos indivíduos foram os pontos
AU06 (J = 0.91) e AU02 (J = 0.84). As unidades AU06 e AU05, a dominância se apresentou alta de-
monstrando que a riqueza foi menor nessas unidades amostrais. Os pontos AU03 (H = 1.7), AU01 (H =
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1.69) e AU04 (H = 1.65) tiveram segunda maior diversidade, com valores muito próximos e, conse-
quentemente, índices semelhantes de equabilidades (J = 0.74, J = 0.73 e J = 0.75, respectivamente).
Ademais, a unidade amostral AU02 demostrou maior proporção de espécies em relação ao maior nú-
mero de indivíduos observados (d = 0,21). O ponto AU06 apresentou baixa diversidade e abundância
das espécies, com um valor alto para Dominância (D = 0.41), uma vez que esse é o oposto da riqueza
(índices H e J).

Tabela 10.2.2-20 - Índices de Riqueza, Abundância, Diversidade de Shannon, Dominância, Equabilidade de Pielou e
Berger-Parker para os répteis das áreas de duplicação da BR 423 entre os sete municípios (São Caetano, Cachoeiri-
nha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João), no estado de Pernambuco. *Valores médios
Índices AU01 AU02 AU03 AU04 AU05 AU06 Total
Riqueza 10 11 10 9 7 3 8.3*
Abundância 72 107 54 57 57 9 356
Dominância (D) 0.27 0.15 0.28 0.25 0.33 0.41 0.28*
Diversidade
1.69 2.02 1.70 1.65 1.33 1.0 1.56
(Shannon_H)
Equabilidade de
0.73 0.84 0.74 0.75 0.68 0.91 0.78
Pielou (J)
Berger-Parker
0.44 0.21 0.48 0.37 0.46 0.56 0.42
(d)

Em relação aos parâmetros ecológicos, durante essa campanha de diagnóstico, foi encontrada apenas
uma espécie de réptil que se caracteriza como de importância econômica ou de potencial cinegético,
sendo esse o lagarto Salvator merianae, conhecido como tejú, teiu, tejú-açu. Esse animal é uma iguaria
apreciada no Brasil, sendo utilizado para alimentação e fins medicinais (Silva, 2008; Alves et al., 2010;
2012; Sá; Medeiros, 2020; Fragoso et al., 2022). Contudo, apesar de termos registrado essa espécie em
questão, não foi constatada a caça predatória deste animal durante a campanha de monitoramento.

Das espécies de répteis registradas neste estudo, o Cágado-amarelo Acanthochelys radiolata, é conside-
rado “Quase Ameaçada” (NT) para a extinção segundo a lista internacional (IUCN, 2023). Além disso,
o cágado-jurará ou muçuã Kinosternon scorpioides e o Jabuti ou Jabuti-piranga Chelonoidis carbona-
ria não foram avaliadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, 2023) e nem
pelos Órgãos competentes brasileiros (ICMBio, 2018) (. No entanto, muitas populações insulares pro-
vavelmente estão em sério declínio, pois a perda de habitat e a caça excessiva representam uma séria
ameaça em toda a sua distribuição geográfica.

A representatividade das espécies de serpentes nas unidades amostrais, foi muito baixa. Apenas cinco
espécies foram registradas durante esse diagnóstico. Os registros foram através de encontros ocasionais
com os animais atropelados e nas armadilhas AIQ. Na unidade AU03, tiveram duas espécies Epictia
borapeliotes e Epicrates assisi. Para os demais, a presença de apenas uma espécie no ponto AU06 (Xe-
nodon merremii) e na AU04 (Philodryas nattereri). Serpentes são animais secretos, frequentemente ra-
ros e muito difíceis de encontrar e estudar (Fraga et al., 2013; Garda et al., 2013). Assim, esse grupo de
répteis exige um maior esforço para serem visualizados e registrados em trabalhos de campo. Com isso,
o levantamento é influenciado diretamente quando o número de dias e pesquisadores são restritos em
campo, resultando em poucas horas.homens investidas para esse grupo taxonômico.

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10.2.2.3.6 Fauna Aquática


Para a AID e a ADA, a caracterização da ictiofauna e malacofauna nos ecossistemas aquáticos ao longo
do trecho de adequação de capacidade viária da rodovia BR-423/PE, foi realizada a partir de dados qua-
litativos e quantitativos. Dessa forma, a campanha do período de estiagem para amostragem dos cursos
d'água selecionados ocorreu nos meses de setembro e outubro de 2022 e teve duração efetiva de 4 dias,
por ponto amostral. Considerando a possibilidade de que ocorram variações sazonais na riqueza e com-
posição de espécies, foi realizada uma segunda campanha, referente ao período chuvoso (maio-
agosto/2023).

 Sítios de Amostragem
Considerando a relevância da amostragem de ictiofauna e malacofauna (zoobentos) ser realizada nos
mesmos locais utilizados para o monitoramento da qualidade de água, foram distribuídos 10 Sítios de
Amostragem (Figura 10.2.2-48 eTabela 10.2.2-21), ao longo do eixo da rodovia, considerando um buf-
fer de 500 metros, mesmo que alguns dos cursos d'água existentes nas seis Unidades Amostrais (UAs)
definidas previamente para a fauna terrestre não tenham sido aproveitados.

Tabela 10.2.2-21 - Identificação dos Sítios de Amostragem nos Ecossistemas Aquáticos, com registros das coordenadas
geográficas. Legenda: UA-T = Unidade Amostral Fauna Terrestre.
Ponto UA-T Latitude Longitude
A 5 8°47'51.15"S 36°26'15.04"O
B - 8°45'34.34"S 36°25'32.61"O
C - 8°41'55.98"S 36°24'48.19"O
D - 8°39'50.68"S 36°20'53.95"O
E - 8°38'28.46"S 36°18'40.36"O
F - 8°33'20.53"S 36°16'27.16"O
G 2 8°29'20.70"S 36°13'42.00"O
H - 8°27'20.06"S 36°12'45.02"O
I 1 8°21'23.27"S 36°10'21.20"O
J - 8°49'18.61"S 36°27'7.48"O

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Figura 10.2.2-48 - Sítios de Amostragem (ictiofauna e malacofauna) nos Ecossistemas Aquáticos, distribuídos ao longo
do trecho de adequação da capacidade viária da BR-423/PE.

I. Sítio de Amostragem “A”

O Sítio de Amostragem “A” está localizado em uma seção ampla do Rio Canhoto, próximo à ponte
que passa sobre o rio (Figura 10.2.2-49). Com um fluxo moderadamente baixo de água no momento da
coleta, caracteriza-se por um ambiente lótico. O trecho amostrado do rio apresenta presença de pouco
lixo em suas margens, vegetação arbórea e arbustiva e de densidade moderada do lado direito, e resquí-
cios de vegetação ribeirinha do lado esquerdo, havendo do lado esquerdo uma propriedade rural usada
para pastagem. Pouquíssimas macrófitas foram verificadas no local.

Figura 10.2.2-49 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “A”.

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II. Sítio de Amostragem “B”

O Sítio de Amostragem B é caracterizado por um ambiente lótico, mais especificamente um córrego,


bastante raso e de intenso fluxo de água, que passa por dentro de uma propriedade rural, com predomi-
nância de pasto nos entornos. O córrego é visivelmente poluído, com água turva e fétida. Bastante lixo
pode ser observado às margens trazidos pela corrente. A entrada na propriedade e realização das coletas
foram feitas com anuência do proprietário.

Figura 10.2.2-50 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “B”.

III. Sítio de Amostragem “C”

O Sítio de Amostragem “C” encontra-se em propriedade privada, em um trecho do Rio Chatá, com
baixíssimo fluxo de água no momento da coleta, dados ao ambiente um caráter mais lêntico que lótico.
Ambas as margens do rio apresentam vegetação arbustiva esparsa, com indícios de constante tráfego de
gado para pastagem no local. Foi verificada a presença de pouco lixo no local. Apenas poucas macrófi-
tas foram verificadas no corpo d‟água. A água se apresentava bastante turva, com formações de biofil-
mes na superfície, e espumas de microalgas esverdeadas (cianobactérias). A entrada na propriedade e
realização das coletas foram feitas com anuência do proprietário.

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Figura 10.2.2-51 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “C”.

IV. Sítio de Amostragem “D”

O Sítio de Amostragem “D” é um lago dentro de propriedade particular, sendo alimentado por uma
fonte natural próxima ao lago. O proprietário fez modificações nas margens do lago para aumentar sua
capacidade de suporte e poder usar a água represada para criação de gado. O lago possui extravasor,
porém, segundo o proprietário, não chega ao ponto de extravasar há mais de cinco anos, conferindo ao
ambiente um caráter lêntico. As margens do lago são desprovidas de vegetação arbórea ou arbustiva,
havendo apenas pasto e algumas macrófitas na região próxima à fonte. A água apresentava aspecto
limpo, mas com pouca transparência e sem odor. A entrada na propriedade e realização das coletas fo-
ram feitas com anuência do proprietário.

Figura 10.2.2-52 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “D”.

V. Sítio de Amostragem “E”

O Sítio de Amostragem “E” é caracterizado por córrego de baixo fluxo de água, bastante poluído, com
água bastante escura e fétida, com formação de espuma nos trechos indicando elevadas concentrações
de bactérias. A vegetação nos entornos é caracterizada por gramíneas, e poucas árvores, por estar loca-
lizado entre duas áreas de pasto em ambos os lados da pista.

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Figura 10.2.2-53 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “E”.

VI. Sítio de Amostragem “F”

O Sítio de Amostragem “F” é caracterizado por uma seção de um rio cortado por duas pontes, havendo
um fluxo de água muito baixo. A água de aparência barrenta apresentava cheiro um pouco forte, e uma
pequena quantidade de lixo foi observada nas margens. A vegetação em ambas as margens é do tipo
rasteira e arbustiva, sem presença de macrófitas.

Figura 10.2.2-54 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “F”.

VII. Sítio de Amostragem “G”

O Sítio de Amostragem “G” é localizado no trecho do Rio Una, que corta o centro da cidade de Ca-
choeirinha, havendo pouco fluxo de água no momento da coleta. O trecho do rio é extremamente polu-
ído, com água bastante escura de aparência esverdeada e fétida, possivelmente pelo despejo de esgoto
doméstico e dos rejeitos do tratamento do couro, que é característica marcante no comércio da cidade
de Cachoeirinha. Além disso, bastante lixo pode ser observado nas margens e sendo carregado pela
água. A vegetação nos entornos é arbustiva e esparsa com poucas arvores espalhadas.

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Figura 10.2.2-55 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “G”.

VIII. Sítio de Amostragem “H”

O Sítio de Amostragem “H” é um ambiente lêntico, formado pela retenção das águas da chuva, locali-
zado dentro da propriedade onde funciona uma olaria. A entrada na propriedade e realização das cole-
tas foram feitas com anuência do proprietário. A água apresenta aspecto bastante límpido, com visibili-
dade razoável.

Figura 10.2.2-56 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “H”.

IX. Sítio de Amostragem “I”

O Sítio de Amostragem “I” é uma área represada, sendo assim um ambiente lêntico, que se mantém pe-
lo acúmulo da água das chuvas. A barragem está localizada dentro de uma propriedade rural que atual-
mente é um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST). A entrada na proprie-
dade e realização das coletas foram feitas com anuência dos assentados do MTST presentes no momen-
to. A água apresenta aspecto parcialmente turvo com elevada concentração de matéria orgânica em
função da lata densidade de macrófitas (principalmente Pistia stratiotes) na superfície do lago. A vege-
tação nos entornos é caracterizada por vegetação arbustiva e moderadamente densa.

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Figura 10.2.2-57 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “I”.

X. Sítio de Amostragem “J”

O Sítio de Amostragem “J” encontra-se dentro de uma propriedade rural particular. A entrada na pro-
priedade e realização das coletas foram feitas com anuência do proprietário. O ambiente é caracterizado
por uma barragem escavada para uso da água na criação do gado. A barragem é alimentada por um cór-
rego de fluxo moderado, com abundância em macrófitas. A água apresenta aspecto turvo e barroso as-
semelhando-se à características naturais de rios e riachos. A vegetação nos entornos é caracterizada por
pasto, com presença de vegetação arbustiva de baixa densidade à esquerda do sentido de fluxo do cór-
rego, estando fora da propriedade.

Figura 10.2.2-58 - Mapa com imagem de satélite e imagem in loco do Sítio de Amostragem “J”.

10.2.2.3.7 Ictiofauna (peixes)


 Material e Métodos
Para captura dos peixes e levantamento da ictiofauna foram utilizadas redes de espera, redes de ar-
rasto, tarrafas, puçá e peneirão. As dimensões e especificações de uso de cada arte de pesca estão
descritas a seguir:

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a) Redes de emalhar: foram usadas duas redes de emalhe de espera, cada rede tinha 10m de com-
primento e 2,5m de altura, sendo uma com malha de 25mm entre nós adjacentes e outra com
50mm. A rede de malha menor permaneceu disposta preferencialmente na porção mais rasa do
corpo d‟água enquanto a maior, permaneceu disposta na porção mais funda. O tempo de captura
foi padronizado para 12h consecutivas por dia para cada Sítio de Amostragem, havendo revisão
das redes a cada 2 horas.

Figura 10.2.2-59 - Redes de emalhar dispostas em sequência no ambiente de coleta.

b) Redes de arrasto: foram usadas duas redes de arrasto (Figura 10.2.2-60), cada rede tinha 5m de
abertura de boca e 1,5m de altura, sendo uma com malha de 12mm entre nós adjacentes e outra
com 20mm. Em cada Sítio de Amostragem foram realizados dois arrastos de 5 minutos por dia,
com cada rede, havendo um intervalo de 15 minutos entre o fim de um arrasto e o início do ou-
tro. Os arrastos foram realizados regularmente nas margens dos corpos d‟água e demais áreas
com até 1,5m de profundidade, permitindo o uso das redes.

Figura 10.2.2-60 - Uso da rede de arrasto durante coleta de peixes.

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c) Tarrafas: Foram utilizadas duas tarrafas (Figura 10.2.2-61), cada uma com 15m de circunfe-
rência na boca, sendo uma com malha de 12mm entre nós adjacentes e outra com 15mm. Para
cada Sítio de Amostragem, com cada tarrafa foram realizados 15 lances consecutivos por dia,
variando os locais dos lances, evitando jogar a tarrafa em um mesmo local. Os locais de utiliza-
ção das tarrafas foram escolhidos de acordo com adequabilidade para o uso dessa arte de pesca,
não devendo haver concentração de galhos, troncos ou grandes pedras, o que dificulta ou até
mesmo impossibilita o sucesso no uso do petrecho.

Figura 10.2.2-61 - Uso de tarrafa durante coleta de peixes.

d) Puçá: Foi utilizado um puçá (Figura 10.2.2-62) com abertura de boca de dimensões de 50cm
por 40cm e abertura de malha de 5mm. O puçá foi utilizado, com esforço de 30 repetições por
dia, preferencialmente nas margens dos corpos d‟água, passando o mesmo por entre a vegetação
ribeirinha ou macrófitas, onde se aglomeram indivíduos juvenis e espécies de menor porte, em
busca de proteção.

Figura 10.2.2-62 - Uso do puçá para coleta de pequenos peixes.

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e) Peneirão: Foi utilizado um peneirão (Figura 10.2.2-63) com dimensões de 75cm por 50cm e
abertura de malha de 1mm. O peneirão foi utilizado, com esforço de 30 repetições por dia, pre-
ferencialmente nas margens dos corpos d‟água, passando o mesmo por entre a vegetação ribei-
rinha ou macrófitas, onde se aglomeram indivíduos juvenis e espécies de menor porte, em busca
de proteção.

Figura 10.2.2-63 - Uso do peneirão para coleta de pequenos peixes.

Após capturados, os peixes foram identificados à nível de espécie, contando o número de indivíduos de
cada espécie. Para evitar a repesca de um mesmo peixe, os peixes foram mantidos até o fim do período
de amostragem, em viveiros perfurados e parcialmente submersos para haver renovação da água. Os
indivíduos de espécies nativas foram liberados no ambiente ao final do período de coleta. Já os indiví-
duos de espécies exóticas foram doados à transeuntes interessados no consumo dos mesmos. Quando as
coletas ocorreram em propriedades particulares, quando o proprietário solicitou, os indivíduos foram
soltos de volta ao ambiente onde foram pescados.

De forma a complementar a amostragem da ictiofauna, foram realizadas entrevistas direcionadas com


moradores do entorno, utilizando-se de fotografias da fauna de provável ocorrência na região. No en-
tanto, os dados obtidos a partir deste método somente foram utilizados para compor a lista de espécies
prováveis da região (com indicação do método nas tabelas), não sendo utilizados nas análises estatísti-
cas.

Análise de Dados

Para avaliar a suficiência do esforço amostral em representar a riqueza es espécies na área do estudo,
foi utilizada uma curva de acúmulo de espécies, que mostra o número cumulativo de espécies registra-
dos com o incremento do número Sítios de Amostragem. Além disso, foi calculada também a riqueza
absoluta estimada (Chao 1) calculada pelo estimador de riqueza absoluta (𝐶 𝑎𝑜 𝑆𝑜 𝑠
( ) ) para a ictiofauna de toda a área de estudo.

Para medir e comparar a diversidade da ictiofauna em cada Sítio de Amostragem, foram calculados os
seguintes índices:
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1) Riqueza absoluta observada (S) definida pelo número de espécies registradas;


2) Riqueza de Margalef ( ), onde S = número de espécies registrados; N = número total
de indivíduos registrados.
3) Diversidade de Shannon-Weiner (𝐻 ∑ 𝑝𝑖 𝑝𝑖 );
4) Diversidade de Simpson ( ∑ 𝑝𝑖 ), onde S é o número total de espécies e pi é a abun-
dância relativa por espécie na comunidade;
5) Índice de equabilidade de Pielou (𝐽 );

As composições das comunidades dos Sítios de Amostragem foram comparadas através coeficiente de
similaridade de Bray-Curtis aplicado aos dados de abundância das espécies coletadas, comparando o
perfil de abundância das espécies entre os Sítios de Amostragem.

Por fim, para identificar dentre as características fisicoquímicas da água são variáveis explicativas para
a riqueza absoluta de espécies e para a diversidade de Shannon, foram usados Modelos Lineares Gene-
ralizados (GLMs), usando em um, a diversidade como variável resposta e em outro, a riqueza. As vari-
áveis explicativas foram selecionadas dentre o conjunto de parâmetros avaliados para as águas superfi-
ciais. Ates de executar o GLM, foi testada a correlação entre cada variável explicativa para remover
aquelas que estão correlacionadas, evitando enviesar os resultados do GLM. Quando duas ou mais va-
riáveis estiveram correlacionadas foi dada preferência à manter aquelas que em teoria exercem mais
efeito sobre o fisiologia do peixes. O conjunto final de variáveis explicativas que foram testadas nos
GLMs foram Cobre, Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio
(DQO), Fósforo, Óleos e graxas, Sólidos dissolvidos totais e Coliformes totais.

 Resultados

a) Sítio de Amostragem “A”

Através do uso de todas as artes de pesca propostas (redes de emalhar, redes de arrasto, tarrafas, puçá e
peneirão), um total de 36 peixes foram capturados (Figura 10.2.2-64, Figura 10.2.2-65 e Figura
10.2.2-66) no Sítio de Amostragem “A” durante o estudo, distribuídos em oito espécies, seis famílias e
quatro ordens.

No momento da chegada no ponto de coleta, foram encontrados dois pescadores locais que haviam cap-
turado um Oreochromis niloticus (tilápia), e dois Astyanax bimaculatus (piaba) (Figura 10.2.2-64). Os
pescadores relataram também capturar com frequência traíras e bagre africano (Figura 10.2.2-64) e que
o número de bagres africanos tem aumentado.

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Figura 10.2.2-64 - Esquerda: Oreochromis niloticus (tilápia) e Astyanax bimaculatus (piaba) pescados pelos pescadores
locais usando varinha e anzol. Direita: Rhamdia quelen (jundiá) capturada durante estudo.

Figura 10.2.2-65 - Esquerda: Oreochromis niloticus (tilápia). Direita: Hoplias malabaricus (traíra).

Figura 10.2.2-66 - Esquerda: Astyanax bimaculatus (piaba). Direita: Parachromis managuensis (Pintado).

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b) Sítio de Amostragem “B”

O uso de rede de arrasto e rede de espera não foram possíveis nesse local de coleta, devido a baixa pro-
fundidade do corpo d‟água. Com o uso de tarrafas, puçá e peneirão, um total de 53 peixes foram captu-
rados (Figura 10.2.2-67, Figura 10.2.2-68 e Figura 10.2.2-69) no Sítio de Amostragem “B” durante o
estudo, distribuídos em sete espécies, seis famílias e quatro ordens.
O perfil de tamanho reduzido dos peixes capturados, mostra que a sobrevivência de indivíduos maiores,
que são mais exigentes em oxigênio, torna-se difícil nesse ambiente, possivelmente por conta da má
qualidade e baixa oxigenação da água.
Segundo os moradores, incluindo o proprietário do local onde foram realizadas as coletas, não há pei-
xes no córrego. Ao conversar com o proprietário sobre as espécies encontradas, ele cogitou a possibili-
dade dos peixes capturados terem descido da barragem, à montante, após as chuvas ocorridas nos dias
anteriores à coleta.

Figura 10.2.2-67 - Esquerda: Macho de Poecilia vivipara (candunda) no canto superior e macho de Poecilia reticulata
(guppy) no canto inferior.

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Figura 10.2.2-68 - Esquerda: Hoplias malabaricus (traíra). Direita: Paratocinclus prata (cascudo).

Figura 10.2.2-69 - Esquerda: Callichthys callichthys (Caboje). Direita: Astyanax bimaculatus (piaba).

c) Sítio de Amostragem “C”

Através do uso de todas as artes de pesca propostas (redes de emalhar, redes de arrasto, tarrafas, puçá e
peneirão), um total de 141 peixes foram capturados (Figura 10.2.2-70) durante o estudo no Sítio de
Amostragem “C”, distribuídos em sete espécies, cinco famílias e quatro ordens.

Durante a coleta, chegaram dois moradores locais, que informaram estar à procura de piaba para servir
de isca para pescar traíra. Os mesmos também informaram que além de piaba e traíra, é comum encon-
trar o pintado (Parachromi managuensis) e a tilápia ou fidalgo (Oreochromis niloticus).

Figura 10.2.2-70 - Esquerda: Astyanax bimaculatus (piaba) no canto superior e Hoplias malabaricus (traíra) no canto
inferior. Direita: Clarias gariepinus (bagre africano).

d) Sítio de Amostragem “D”

Através do uso de todas as artes de pesca propostas (redes de emalhar, redes de arrasto, tarrafas, puçá e
peneirão), um total de 309 peixes foram capturados (Figura 10.2.2-71) no Sítio de Amostragem “D”
durante o estudo, distribuídos em três espécies, duas famílias e duas ordens.

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Não foram encontrados Poecilídeos nesse ponto, e somente foram capturados dois indivíduos de Astya-
nax bimaculatus. Em contrapartida, foram capturados tilápias (Orechromis niloticus) e pintados (Para-
chromis managuensis) em abundância, sendo ambas, espécies invasoras.

O proprietário afirmou ter introduzido dois juvenis de pirarucu (Arapaima gigas) e algumas carpas no
lago, mas que somente um pirarucu sobreviveu e permanece até hoje no lago. Em alguns momentos foi
possível observar movimentos na água que poderiam indicar o comportamento de respiração do piraru-
cu, uma vez que é típico da espécie, por ser um peixe pulmonado, o que pode indicar sua presença no
lago. Contudo, o mesmo não foi capturado pelas artes de pesca, nem houve sinais de interação com tal
peixe. O proprietário informou também que no lago podem ser encontrados tilápia, pintado, piaba e tra-
íra.

Figura 10.2.2-71 - Esquerda: Parachromis managuensis (pintado). Direita: Oreochromis niloticus (tilápia).

e) Sítio de Amostragem “E”


Mesmo após o uso do puçá e do peneirão (Figura 10.2.2-72) no Sítio de Amostragem “E”, não foram
capturados peixes. As demais artes de pesca não foram usadas, dada a dimensão reduzida do córrego.
Foram feitas buscas ativas para visualização de alevinos nas margens e entre as macrófitas, que pudesse
indicar a presença de peixes, sem sucesso no encontro de ictiofauna. Não foram encontradas pessoas
próximas ao local que tenham o hábito de pescar no córrego, provvelmente pelo elevado nível de polui-
ção do mesmo.

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Figura 10.2.2-72 - Esquerda: tentativa de captura com puçá. Direita: Tentativa de captura com peneirão.

f) Sítio de Amostragem “F”

Através do uso de todas as artes de pesca propostas (redes de emalhar, redes de arrasto, tarrafas, puçá e
peneirão), um total de 297 peixes foram capturados (Figura 10.2.2-73 e Figura 10.2.2-74) no Sítio de
Amostragem “F” durante o estudo, distribuídos em seis espécies, quatro famílias e quatro ordens. Neste
ponto, o que chamou a atenção foi a grande quantidade de Oreochromis niloticus (tilápia).

Foram encontradas duas pessoas que afirmaram pescar ocasionalmente no local. Estas informaram que
o bagre é o peixe que tem dominado o rio e tem acabado com os peixes pequenos. Relataram também
haver piaba, tilápia e traíra.

Figura 10.2.2-73 - Esquerda: Oreochromis niloticus (tilápia) e Parachromis managuensis (pintado). Direita: Astyanax
bimaculatus (piaba).

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Figura 10.2.2-74 - Esquerda: Clarias gariepinus (bagre africano). Direita: Poecilia reticulata (guppy).

g) Sítio de Amostragem “G”

Mesmo após o uso do puçá e do peneirão (Figura 10.2.2-75) no Sítio de Amostragem “G”, não foram
capturados peixes. As demais artes de pesca não puderam ser utilizadas. Foram feitas buscas ativas para
visualização de alevinos nas margens e entre as macrófitas, que pudesse indicar a presença de peixes,
sem sucesso no encontro de ictiofauna.

Não foram encontradas pessoas próximas ao local que tenham o hábito de pescar no Rio Una, prova-
velmente pelo elevado nível de poluição do mesmo.

Figura 10.2.2-75 - Esquerda: tentativa de captura com puçá. Direita: Tentativa de captura com peneirão.

h) Sítio de Amostragem “H”


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Através do uso de todas as artes de pesca propostas (redes de emalhar, redes de arrasto, tarrafas, puçá e
peneirão), um total de 354 peixes foram capturados (Figura 10.2.2-76 e Figura 10.2.2-77) no Sítio de
Amostragem “H” durante o estudo, distribuídos em quatro espécies, três famílias e três ordens.

A icitiofauna do local foi composta principalmente por Poecilia vivipara além de ter sido o local com
maior abundância de Astyanax bimaculatus, ambas, espécies nativas, e com indivíduos de maiores ta-
manhos que nos demais Sítios de Amostragem, indicando que o nível de poluição e demais impactos
antrópicos no local é provavelmente baixo, apesar de estar próximo à uma olaria, e haver presença de
gado em pequenas quantidades na propriedade. Devido ao aspecto bastante límpido da água, com visi-
bilidade razoável foi possível avistar grandes indivíduos de tilápia, piabas e poecilídeos próximo à lâ-
mina d‟água.

Segundo o proprietário e os trabalhadores da olaria, os peixes da área represada dentro da propriedade


raramente são pescados. Quanto as espécies de peixes existentes apenas informaram a tilápia e a piaba.

Figura 10.2.2-76 - Esquerda: Oreochromis niloticus (tilápia). Direita: Astyanax bimaculatus (piaba).

Figura 10.2.2-77 - Esquerda: Poecilia vivipara (candunda). Direita: registro de captura de diversos Poecilia vivípara e
P. reticulata.

i) Sítio de Amostragem “I”


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Durante o trabalho de campo no Sítio de Amostragem “I”, somente as redes de arrasto não foram usa-
das devido a elevada densidade de macrófitas superficiais que inviabilizaria o sucesso no uso desta arte
de pesca, sendo usados somente as redes de espera, tarrafas, puçá e peneirão (Figura 10.2.2-78). Embo-
ra, hajam condições propícias para a existência de ictiofauna, como presença de vegetação, ribeirinha, e
macrófitas gerando abrigo e alimentação e presença de pequenos insetos d‟água, nenhuma espécie da
ictiofauna foi capturada com nenhuma das artes de pesca usadas ou até mesmo visualizada in loco pela
busca ativa. Após o insucesso nas capturas neste ponto, foram feitas tentativas de captura no outro lago
localizado à montante, também sem sucesso.

Analisando a imagem de satélite (Figura 10.2.2-57), pode-se observar que há três corpos de água repre-
sados que possivelmente se conectavam outrora durante a época das cheias. Contudo, com a não exis-
tência de dispositivo de conexão sob a pista e possivelmente com barragens em outros trechos do rio à
jusante, a conectividade com os rios perenes foram cortadas, impedindo a migração da ictiofauna rio
acima para as cabeceiras dos rios durante a época das cheias. Além disso, o trecho da BR 423 na seção
adjacente ao local de coleta não apresenta ponte, ou tubulações que permitam o fluxo de água para que
seja haja migração da ictiofauna rio acima durante a época das cheias.

Segundo alguns dos assentados entrevistados, eles capturaram alguns peixes em outras barragens pró-
ximas para povoar a barragem dentro da propriedade. Os introduzidos foram a tilápia (Oreochromis ni-
loticus) e o pintado (Parachromis managuensis). A informação de que não havia peixes no barreiro foi
uma surpresa para os moradores, que esperavam encontrar mais peixes que haviam colocado, uma vez
que não estavam pescando no barreiro à muito tempo.

Figura 10.2.2-78 - Esquerda: tentativa de captura usando tarrafa. Direita: tentativa de captura usando peneirão.

j) Sítio de Amostragem “J”

Através do uso de todas as artes de pesca propostas (redes de emalhar, redes de arrasto, tarrafas, puçá e
peneirão), um total de 302 peixes foram capturados (Figura 10.2.2-79, Figura 10.2.2-80 e Figura
10.2.2-81) no Sítio de Amostragem “J” durante o estudo, distribuídos em oito espécies, cinco famílias e
quatro ordens. Foram capturados peixes de duas espécies nativas, somente registradas neste local.

Os proprietários afirmam que no barreiro há tilápias, piabas, traíras e bagres africanos. Foi relatado
também que com o aumento da quantidade de bagres africanos que tem ocorrido há alguns anos, a
quantidade de piabas tem diminuído muito.

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Figura 10.2.2-79 - Esquerda: Geophagus brasiliensis (Cará). Direita: Psalidodon fasciatus (Piaba).

Figura 10.2.2-80 - Esquerda: Juvenil de Hoplias malabaricus (traíra). Direita: Astyanax bimaculatus (piaba) no canto
superior e Oreochromis niloticus (tilápia) no canto inferior.

Figura 10.2.2-81 - Esquerda: indivíduos de Poecilia vivipara (candunda) e Poecilia reticulata (guppy). Direita: Oreo-
chromis niloticus (tilápia).

Composição e Diversidade de Espécies

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Um total de 1504 peixes foram capturados durante o estudo, distribuídos em 12 espécies, oito famílias
e quatro ordens. As cinco espécies mais abundantes no estudo foram Oreochromis niloticus, (tilápia-
do-nilo) com 463 indivíduos registrados, Poecilia vivipara (guaru), com 420 indivíduos, Poecilia reti-
culata (guppy), com 411 registros, Astyanax bimaculatus (piaba-amarela), com 86 registros e Para-
chromis managuensis (pintado), com 76 registros. Não houve registro de espécies ameaçadas de extin-
ção segundo a classificação da IUCN. Das 11 espécies registradas, sete são nativas da bacia hidrográfi-
ca da região e quatro são espécies invasoras, das quais, Clarias gariepinus ainda não havia sido regis-
trada para o estado de Pernambuco, de acordo com o Sistema de Informação Sobre a Biodiversidade
Brasileira (SiBBR, 2022). Juntas, as quatro espécies invasoras somam 64,4% das capturas (971 indiví-
duos), demonstrando seu alto potencial invasor na área de estudo.

Tabela 10.2.2-22 - Lista de espécies e respectiva abundância da ictiofauna registrada nos 10 Sítios de Amostragem da
BR-423/PE, do km 18,20, no entroncamento da BR-232, no município de São Caitano, ao km 86,12, no município de
São João.
Sítios de Amostragem
Espécies Nome popular Total IUCN Origem
A B C D E F G H I J
Ordem Characiformes 101
Família Characidae 89
Astyanax bimaculatus Piaba-amarela 8 14 8 2 12 26 16 86 NE Nativa
Psalidodon fasciatus Piaba-amarela 3 3 LC Nativa
Família Erithrinidae 12
Hoplias malabaricus Traíra 6 3 1 * 2 12 LC Nativa
Ordem Cyprinnodontiformes 831
Família Poecilidae 831
Candunda; guaru;
Poecilia vivipara 1 10 22 5 265 117 420 NE Nativa
barrigudinha
Guppy; guaru; bar-
Poecilia reticulata 10 12 90 135 20 144 411 LC Invasora
rigudinha
Ordem Cichliformes 529
Família Cichlidae 529
Oreochromis niloticus Tilápia; Fidalgo 7 5 2 237 141 43 * 17 452 LC Invasora
Parachromis mana-
Pintado; Jaguar 2 2 70 1 * * 75 LC Invasora
guensis
Geophagus brasiliensis Cará 2 2 NE Nativa
Ordem Siluriformes 7
Família Callichthyidae 7
Callichthys callichthys Caboje 7 7 NE Nativa
Família Clariidae 21
Clarias Gariepinus Bagre africano 1 16 3 1 21 LC Invasora
Família Loricriidae 2
Carí, cascudo, chu-
Paratocinclus prata 2 2 NE Nativa
pa-pedra
Família Pimelodidae 1
Rhamdia quelen Jundiá; mandim 1 1 LC Nativa
* Espécies registradas apenas por relatos dos moradores da localidade.

De acordo com a curva de rarefação, a qual indica um início de estabilidade, o esforço amostral reali-
zado no presente estudo mostra-se adequado para representar com seguridade a riqueza de espécies es-
timada para a localidade (Figura 10.2.2-82). O índice estimador de riqueza Chao 1 corrobora com este

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achado, estimando uma riqueza de 12 espécies para os 10 Sítios de Amostragem, o mesmo valor da ri-
queza absoluta registrado.

Figura 10.2.2-82 - Curva de acúmulo de espécies (rarefação) em função do esforço amostral, medido em número de Sí-
tios de Amostragem.

Os maiores valores de riqueza absoluta de espécies foram registrados para os Sítios de Amostragem A,
C e J. Já a riqueza de Margalef, que leva em consideração a abundância na amostra foi maior nos sítios
A, B e C. Os maiores valores de diversidade de Shannon e Simpson foram registrados para A, B e J. Já
a equitabilidade de Pielou foi maior nas estações J, B e A. Como nas estações E, G e I não houve regis-
tro de ictiofauna, estas estações apresentaram valores 0 para todos os índices Figura 10.2.2-83).

Tabela 10.2.2-23 - Índices de diversidade de Shannon, Simpson, Riqueza absoluta e riqueza de Pielou, registrados pa-
ra os Sítios de Amostragem.
Índice Sítio de Amostragem
A B C D E F G H I J
Riqueza absoluta (S) 8 7 7 3 0 6 0 4 0 7
Riqueza de Margalef (d) 0,22 0,13 0,05 0,009 0 0,02 0 0,01 0 0,02
Shannon (H‟) 1,76 1,78 1,41 0,57 0 0,98 0 0,85 0 1,12
Simpson (D) 0,8 0,81 0,55 0,36 0 0,56 0 0,43 0 0,61
Equitabilidade de Pielou (J) 0,73 0,91 0,58 0,52 0 0,55 0 0,61 0 1,9

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Índices de diversidade por sítio de coleta


2
1,5
Valor

1
0,5
0
A B C D E F G H I J
Sítio de coleta

Riqueza de Margalef (d) Shannon (H’) Simpson (D) Equitabilidade de Pielou (J)

Figura 10.2.2-83 - Valores dos índices de diversidade por Sítio de Amostragem.

As maiores dissimilaridades encontradas entre as comunidades ícticas amostradas foram registradas pa-
ra o Sítio de Amostragem D, em comparação com os sítios A, B, C, H e J. Além disso, o sítio A tam-
bém diferiu bastante dos sítios C, D, F, H e J, apresentando menor dissimilaridade com o local B, sendo
a menor dissimilaridade registrada entre os locais comparados.

Tabela 10.2.2-24 -. Matriz de dissimilaridade de Bray-curtis para a Ictiofauna registrada entre os Sítios de Amostra-
gem.
A B C D F H J
A 0
B 0,39 0
C 0,72 0,66 0
D 0,94 0,96 0,97 0
F 0,83 0,81 0,50 0,52 0
H 0,87 0,80 0,79 0,84 0,73 0
J 0,83 0,76 0,44 0,94 0,43 0,49 0

Fatores Influentes na Diversidade e Riqueza de Ictiofauna

O resultado do GLM elaborado para identificar as variáveis que explicam as variações na diversidade e
na riqueza de espécies da ictiofauna, mostra que nenhuma das variáveis testadas exerce influência na
riqueza ou diversidade (Figura 10.2.2-84). Dentre as variáveis testadas, uma das que é de suma impor-
tância, principalmente em ambientes com altas cargas de efluentes domésticos, é a Demanda Bioquími-
ca por Oxigênio (DBO) que é a quantidade de Oxigênio necessária para manter os micro-organismos
presentes em um volume de efluente específico. Mesmo havendo valores para DBO muito acima do re-
comendado para águas continentais de classe 1 e 2, de acordo com a resolução do CONAMA 357
(CONAMA 357/2005), estas flutuações na DBO não foram suficientes para explicar, uma vez que o
ponto que apresentou maior valor para DBO, que foi o ponto B, teve elevados valores de riqueza e di-
versidade. Uma possibilidade para a falta de resultados conclusivos, é de que o número de amostras (10
Sítios de Amostragem) não seja suficiente para conferir poder estatístico para as análises realizadas pa-

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ra tal conjunto de variáveis, não sendo possível assim, inferir quais características da água tem influen-
ciado a ictiofauna da região.

Figura 10.2.2-84 - Coeficientes de regressão do Modelo Linear Generalizado (GLM) para identificação variáveis ex-
plicativas da diversidade e riqueza de espécies da ictiofauna. Os círculos de cor cinza e com barras de intervalo de
confiança tocando o eixo zero, representam que não há influência significativa das variáveis testadas. A cor azul, indi-
caria influência positiva, e a cor vermelha indicaria influência negativa, em ambos os casos, a barra do intervalo de
confiança não tocaria o eixo zero.

Capturabilidade por Arte de Pesca

As artes de pesca com maior diversidade nas capturas foram o peneirão e o puçá, capturando princi-
palmente os poecilídeos e os indivíduos juvenis das demais espécies. As tarrafas, especialmente a de
malha de 12mm vieram na sequência de melhor desempenho nas capturas. Já as redes de arrasto e as
redes de espera tiveram baixo desempenho nas capturas, especialmente a rede de espera de 50mm. O
perfil de captura obtido pelas malhas usadas no estudo de caracterização da ictiofauna, mostram que a
ictiofauna na área de estudo é caraterizada por espécies de pequeno porte e indivíduos de pouca longe-
vidade para espécies de maior porte. Possivelmente, isto pode ser um reflexo de alguma pressão ambi-
ental que limite o crescimento como por exemplo, poluição, competição intra e/ou interespecífica espe-
cialmente por alimento, ou até mesmo pressão de pesca.

Tabela 10.2.2-25 - egistro do número de captura por espécie, para as diferentes artes de pesca e malhas usadas na cap-
tura, incluindo espécies informadas por terceiros e não capturadas.
Arte de pesca
Relatos de
Espécie Rede de espera Rede de arrasto Tarrafa Peneirão puçá
terceiros
25mm 50mm 12mm 20mm 12mm 15mm 1mm 5mm
Astyanax bimaculatus 24 5 33 7 10 7 X
Psalidodon fasciatus 3
Hoplias malabaricus 3 2 4 3 X
Poecilia vivipara 1 337 82
Poecilia reticulata 361 50
Oreochromis niloticus 32 5 11 20 112 70 198 15 X

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Arte de pesca
Relatos de
Espécie Rede de espera Rede de arrasto Tarrafa Peneirão puçá
terceiros
25mm 50mm 12mm 20mm 12mm 15mm 1mm 5mm
Parachromis managuensis 7 3 26 1 31 8 X
Geophagus brasiliensis 1 1
Clarias Gariepinus 8 1 11 1 1 X
Callichthys callichthys 6 1
Paratocinclus prata 2
Rhamdia quelen 1
Arapaima gigas X
Carpa X

 Considerações Finais

De maneira geral, a comunidade ictiofaunística do presente estudo se assemelha ao esperado para baci-
as hidrográficas da região do semi-árido com predomínio das famílias Poecilidae, Cichlidae e Characi-
dae (Rosa et al., 2003). É importante evidenciar a ocorrência de espécies não-nativas/exóticas, em
grande abundância na maioria das estações de coleta, com especial atenção para a espécie Clarias gari-
epinus (bagre-africano), um predador altamente competitivo, que desempenha grande impacto negativo
sobre espécies nativas de menor porte (Rabelo, 2009). Nenhuma das espécies nativas ou não nativas re-
gistradas possuem algum nível de ameaça de extinção.

Outro ponto de ressalva, é a não identificação de ictiofauna no ponto em que a conectividade com o rio
à jusante foi interrompida devido a não instalação de ponte, ou outro dispositivo que possibilite a pas-
sagem, de ictiofauna (Duprat, 2012; Colleti, 2005). Recomenda-se, portanto, o reestabelecimento da
conectividade entre estes corpos d‟água através da instalação de dispositivo que proporcione o fluxo
d‟água durante a época das cheias, permitindo o repovoamento dos corpos d‟água a jusante.

10.2.2.3.8 Malacofauna (moluscos)


 Material e Métodos

Para o levantamento da malacofauna foram utilizados dois métodos de coleta, um para captura de orga-
nismos aquáticos e outro para organismos terrestres:

a) Kick-net: neste método é utilizada uma rede em formato de D com largura de 40cm e malha de
300µm. Ele consiste em passar a rede (Figura 10.2.2-85) revolvendo o solo ao longo de uma
distância de 1m. Ao final, foi coletado o material referente a uma área de 1x0,4 m2. O material
coletado foi armazenado em potes plásticos e fixado em etanol 70%. Em laboratório, o material
foi triado e os organismos identificados ao menor nível taxonômico possível.

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Figura 10.2.2-85 - Utilização de kick-net para captura de moluscos na margem do rio.

b) Busca ativa: neste método foi feita uma busca por organismos terrestres nas margens dos cor-
pos d‟água por um período de 10 minutos por dia. A busca minuciosa (Figura 10.2.2-86) foi fei-
ta em meio a vegetação, embaixo de pedras, folhas e troncos. Foram priorizados tanto animais
vivos quanto conchas vazias. Os animais foram identificados ao menor nível taxonômico possí-
vel.

Figura 10.2.2-86 - Busca ativa por moluscos terrestres em meio a vegetação às margens de um córrego.

De forma a complementar a amostragem da malacofauna, foram realizadas entrevistas direcionadas


com moradores do entorno, utilizando-se de fotografias da fauna de provável ocorrência na região. No
entanto, os dados obtidos a partir deste método somente foram utilizados para compor a lista de espé-
cies prováveis da região (com indicação do método nas tabelas), não sendo utilizados nas análises esta-
tísticas.

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Análise de Dados

Para avaliar a suficiência do esforço amostral em representar a riqueza es espécies na área do estudo,
foi utilizada uma curva de acúmulo de espécies, que mostra o número cumulativo de espécies registra-
dos com o incremento do número Sítios de Amostragem. Além disso, foi calculada também a riqueza
absoluta estimada (Chao 1) calculada pelo estimador de riqueza absoluta (𝐶 𝑎𝑜 𝑆𝑜 𝑠
( ) ) para a malacofauna de toda a área de estudo.

Para medir e comparar a diversidade da ictiofauna em cada Sítio de Amostragem, foram calculados os
seguintes índices:

1) Riqueza absoluta observada (S) definida pelo número de espécies registradas;


2) Riqueza de Margalef ( ), onde S = número de espécies registrados; N = número total
de indivíduos registrados.
3) Diversidade de Shannon-Weiner (𝐻 ∑ 𝑝𝑖 𝑝𝑖 );
4) Diversidade de Simpson ( ∑ 𝑝𝑖 ), onde S é o número total de espécies e pi é a abun-
dância relativa por espécie na comunidade;
5) Índice de equabilidade de Pielou (𝐽 );

As composições das comunidades dos Sítios de Amostragem foram comparadas através coeficiente de
similaridade de Bray-Curtis aplicado aos dados de abundância das espécies coletadas, comparando o
perfil de abundância das espécies entre os Sítios de Amostragem.

 Resultados

a) Sítio de Amostragem “A”

Neste ponto foram encontradas três espécies: Biomphalaria straminea, Pomacea lineata e Melanoides
tuberculata, sendo essa última a mais representativa com 1330 ind/m2, cerca de 98% dos indivíduos. O
sedimento era, na maior parte, arenoso.

b) Sítio de Amostragem “B”

Foram observadas duas espécies de gastrópode terrestre, a semilesma Omalonix sp. e uma lesma não
identificada. A poluição do córrego, certamente dificulta a presença de moluscos aquáticos. Além dis-
so, o lixo acumulado estava muito presente nas margens, trazidos pela corrente, embora a vegetação
herbácea e a presença de muito material acumulado (troncos, galhos e outros restos vegetais) favoreça
o desenvolvimento de gastrópodes terrestres.

c) Sítio de Amostragem “C”

As espécies encontradas são representadas por conchas vazias, o que indica a presença recente, porém
nenhuma atividade. Elas são Drepanotrema cimex, B. straminea e Stenophysa sp. O sedimento tinha
característica lamosa com elevada quantidade de matéria orgânica.
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d) Sítio de Amostragem “D”

Foram encontradas três espécies aquáticas, Melanoides tuberculata, Gundlachia sp. e Helisoma duryi.
A mais representativa foi M. tuberculata com 1540 ind/m2, o que corresponde a 82,8% dos animais en-
contrados.

e) Sítio de Amostragem “E”

Não foram encontradas nenhuma espécie aquática nessa área, embora ainda puderam ser vistos gastró-
podes terrestres. Foram observadas a semilesma Omalonix sp., o caracol Bulimulus tenuissimus e uma
lesma não identificada.

f) Sítio de Amostragem “F”

O ambiente estava dominado por uma única espécie aquática, o M. tuberculata, onde foi registrada
maior quantidade entre todos os ambientes amostrados, 17660 ind/m2. Nenhum gastrópode terrestre foi
encontrado.

g) Sítio de Amostragem “G”

Não foi observada nenhuma espécie tanto terrestre quanto aquática.

h) Sítio de Amostragem “H”

Foi observado apenas o gastrópode Helisoma duryi nas amostras aquáticas, ao passo que o caracol Bu-
limulus tenuissimus foi visto na busca ativa.

i) Sítio de Amostragem “I”

Não foi observada nenhuma espécie de molusco no local. Foi observado que a não existência de dispo-
sitivo de conexão sob a pista e provavelmente com barragens em outros trechos do rio à jusante, a co-
nectividade com os rios perenes foram cortadas, impedindo a migração da malacofauna rio acima para
as cabeceiras dos rios durante a época das cheias, possivelmente surtiu efeito na comunidade de molus-
cos.

j) Sítio de Amostragem “J”

Nesse ambiente foi encontrada maior riqueza de gastrópodes aquáticos, com quatro espécies: Drepano-
trema cimex, Melanoides tuberculata, Stenophysa sp. e Pomacea lineata. Além da semilesma terrestre
Omalonix sp. A comunidade esteve dominada por M. tuberculata que chegou a 1560 ind/m2.

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Composição e Diversidade de Espécies

Durante o levantamento apenas gastrópodes (caracóis, caramujos, lesmas e semilesmas) foram encon-
trados nos ambientes designados para amostragem (Figura 10.2.2-87). Foram oito espécies de gastró-
podes aquáticos e outros quatro terrestres, distribuídas em oito famílias. A espécie mais abundante no
estudo foi Melanoides tuberculata, sobrepondo quase que inteiramente as demais espécies. Esta espécie
é considerada invasora, tem origem na Asia e vem sendo registrada quase em todos os continentes. Os
demais registros não ultrapassaram 100 indivíduos numa amostra ou foram representados por conchas
vazias. Não houve registro de espécies ameaçadas de extinção segundo a classificação da IUCN e
MMA.

Figura 10.2.2-87 - Espécies registradas durante o estudo. Gastrópodes aquáticos: A, Stenophysa sp.; B, Biomphalaria
schrammi; C, Drepanotrema cimex; D, Helisoma duryi; E, Pomacea lineata; F, Gundlachia ticaga; G, Melanoides tuber-
culata. Gastrópodes terrestres: H, Cyclodontina inflata; I, Bulimulus tenuissimus; J, Omalonyx sp.; K, Lesma não iden-
tificada.

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Tabela 10.2.2-26 - Lista de espécies e respectivas densidades registradas nos 10 Sítios de Amostragem da BR-423, do
km 18,20, no entroncamento da BR-232, no município de São Caitano, ao km 86,12, no município de São João. Dados
foram calculado em ind/m2 para a malacofauna aquática e ind/horabusca para terrestre.
Espécies A B C D E F G H I J Total IUCN
AQUÁTICOS
Família Planorbi- - - -
dae
Biomphalaria 5 - - - 5 LC
schrammi
B. straminea 20 10 10 - - - 40
Drepanotrema cimex 30 - - - 10 40 LC
Gundlachia ticaga 88 - - - 88 LC
Helisoma duryi 233 - - 58 - 290 NA
Família Thiaridae - - -
Melanoides tubercu- 133 154 - 1766 - - 156 2209 LC
lata 0 0 0 0 0
Família Physidae - - -
Stenophysa sp. 3 - - - 10 13
Família Ampulla- - - -
riidae
Pomacea lineata 8 - - - 50 58 LC
TERRESTRES
Lesma não identifi- - 12 - 18 - - -
cada
Família - - - - -
Bulimulus tenuissi- - 6 - 6 - - 6 -
mus
Família - - - - -
Omalonyx sp. - 12 - 6 - - - 6
Família - - - - -
Cyclodontina inflata - 6 - - - -

De acordo com a curva de rarefação o esforço amostral realizado no presente estudo foi adequado para
alcançar o número total de espécies para a região (Figura 10.2.2-88). As estimativas apontam que o
número de espécies não deve ultrapassar 12 caso o esforço amostral seja aumentado. Vale ressaltar que
em três ambientes (E, G e I) não houveram representantes aquáticos devido as péssimas condições da

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água, o que reduziu o número de ambientes funcionais e pode ter interferido na riqueza de espécies po-
tencial.

Figura 10.2.2-88 - Curva de rarefação em função do número de indivíduos amostrados. O sombreamento indica o in-
tervalo de confiança dos resultados. O ponto indica a riqueza de moluscos encontrada com o esforço feito. A linha
pontilhada remete a possibilidade de encontrar novas espécies caso sejam coletados mais indivíduos.

Os maiores valores de riqueza absoluta de espécies foram registrados para os Sítios de Amostragem C e
J com cinco espécies cada. Já a riqueza de Margalef, que revela o efeito das espécies mais abundantes
na comunidade foi maior nos sítios B, C e E. este índice revela o domínio absoluto da espécie Melanoi-
des tuberculata nos sítios onde ocorre. Os maiores valores de diversidade de Shannon e Simpson foram
registrados para B e C, onde não houve presença da espécie invasora M. tuberculata. O ambiente mais
equitativo, ou seja, com melhor distribuição dos indivíduos entre as espécies foi o B.

Tabela 10.2.2-27 - Índices de diversidade de Shannon, Simpson, Riqueza absoluta e riqueza de Pielou, registrados pa-
ra os Sítios de Amostragem.
Sítio de Amostragem
Índice
A B C D E F G H I J
Riqueza absoluta (S) 3 4 5 3 3 1 0 2 0 5
Riqueza de Margalef (d) 0,32 1,3 1,35 0,3 1,24 0 0 0,3 0 0,61
Shannon (H‟) 0,11 0,63 0,75 0,56 0 0 0 0 0 0,21
Simpson (D) 0,04 0,44 0,44 0,3 1 0 1 0 1 0,08
Equitabilidade de Pielou (J) 0,1 0,91 0,68 0,5 0 0 0 0 0 0,15

As comunidades de moluscos ao longo da BR-423 são muito diferentes entre si, o índice de dissimila-
ridade alcançou o máximo entre várias localidades. Os lugares com comunidades mais parecidas são A
comparado com J e D comparado também com J.

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Tabela 10.2.2-28 - Matriz de dissimilaridade de Bray-curtis para a malacofauna registrada entre os Sítios de Amos-
tragem fixados ao longo da BR-423.
A B C D F H J
A 0
B 0,98 0
C 0,98 0,65 0
D 0,17 1 1 0
F 0,86 1 1 0,84 0
H 1 1 1 0,94 1 0
J 0,10 1 0,98 0,11 0,84 1 0

 Considerações Finais

Embora a comunidade de moluscos nos trechos amostrados ao longo da BR-423 já enfrente problemas
sérios como poluição orgânica dos rios (esgoto) e desmatamento das matas ciliares, é imperativo que as
vias de dispersão sejam preservadas para que não se torne mais um agravante à existência das espécies.
Além disso, a preservação do que resta de vegetação associada aos corpos d‟água também é importante
para garantir a presença das espécies que já existem, bem como a chegada e fixação de outras espécies
oriundas de populações mais distantes.

A distribuição das populações animais é de suma importância para evitar a extinção das espécies (Vel-
lend, 2014). A dispersão é o principal fator que garante ampla distribuição e consequentemente evita
deterioração das populações (Leibold, 2004). Para animais de mobilidade limitada como moluscos, os
efeitos da dispersão se tornam ainda mais desafiadores, pois eles precisam usar a dispersão passiva para
chegar a novos ambientes. Esse tipo de dispersão necessita da ação de animais móveis (aves e peixes)
para carrear outros seres menos móveis.

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10.2.3 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (UCS

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10.2.3 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (UCS)

Segundo a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) o estado de Pernambuco possui, hoje, 90 Uni-
dades de Conservação Estaduais (43 de Proteção Integral e 47 de Uso Sustentável). Quais, as unidades
de Proteção Integral correspondem: 34 Refúgios da Vida Silvestre (REVIS), 5 Parques Estaduais (PE),
3 Estações Ecológicas (ESEC), 1 Monumento Natural (MONA). Já entre as Unidades de Uso sustentá-
vel: 21 Áreas de Proteção Ambiental (APAs), 17 Reservas Particulares do Patrimônio Natural
(RPPNs), 8 Reservas de Floresta Urbana (FURBs) e 1 Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE).

Foi realizado um levantamento para avaliar a proximidade das Unidades de Conservação (UCs) de Per-
nambuco com suas respectivas zonas de amortecimento, que estariam localizadas num raio máximo de
10 km de distância a partir da delimitação prévia da área diretamente afetada pela rodovia. Não foi
identificada nenhuma UC nesse Raio. O resultado do mapeamento está disponível no caderno de ma-
pas (ver Tomo anexo).

As UCs que estão localizadas mais próximas da área de estudo, em raio superior a 10 Km, não sofre-
ram impactos com a obra de adequação da rodovia BR-423/PE. A relação e qualificação das 3 UCs
mais próximas é apresentada na tabela a seguir.

Tabela 10.2.3-1 – Unidades de Conservação identificadas próximas a área do estudo com respectivos nomes, Catego-
ria, Municípios, Administração, Ano de criação, Ato de Criação, Distância UC da ADA (km), UC área total (ha), ZA
área total(ha), % UC no raio de 10km. UC: Unidades de Conservação, ZA: Zona de Amortecimento .
Professor João
Nome Pedra do Cachorro Reserva Calaça
Vasconcelos Sobrinho

Reserva Particular do
Categoria Monumento Natural Parque Natural Municipal
Patrimônio Natural

Município São Caitano Lajedo Caruaru

Administração Estadual Federal Municipal

Ano de criação 2014 2007 1983

Decreto nº 40.549/2014 de Lei ordinária nº 2796 de


Ato de criação Portaria nº 32 de 12/04/2007
28/03/2014 07/07/1983

Distância UC da ADA (km) 10,55 11,29 11,89

UC área total (ha) 1376,47 209,10 352,06

ZA área total (ha) 9041,71 não se aplica 5148,75

% UC no raio de 10km 0,00 não se aplica 0,00

% ZA no 10km 14,74 não se aplica 6,17

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10.2.4 ÁREAS PRIORITARIAS PARA CONSERVAÇÃO DA BIOVERSIDADE

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10.2.4 AREAS PRIORITARIAS PARA CONSERVAÇÃO DA BIOVERSIDADE

O mapeamento das Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição dos Be-
nefícios da Biodiversidade é um dos instrumentos de política pública do Ministério do Meio Ambiente
– MMA que tem por objetivo orientar tomadores de decisão e profissionais que atual na conservação
recuperação dos ecossistemas e utilização de recursos naturais de forma sustentável. O projeto atinge
todo o território brasileiro e a apresentação dos resultados é de escala regional e por Bioma e por Esta-
do. A metodologia segue o previsto pelo CONABIO, conforme descrito na Deliberação CONABIO nº
39 de 14/12/2005. Por meio da utilização de software específico de análises para conservação da biodi-
versidade (Marxan), especialistas de diferentes áreas de pesquisa alimetam uma base de dados que por
meio de modelos metematicos processam e determinam às áreas prioritarias a conservação.

Áreas Prioritárias para Conservação do Bioma Caatinga apotam para dois espaços adjacentes à rodovia,
são elas, a Área Brejos Pernambucanos, localizada na região do Brejo da Madre de Deus e a Área La-
jedo/Cachoeirinha, localizada entre os referidos municípios. Ambas são consideradas de importancia
biólogica extremamente alta e de prioridade de açao também extremanete alta, conforme pode ser ob-
servado no mapa constante do Tomo anexo.

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Adequação de Capacidade Viária da


Rodovia BR-423, trecho: do km 18,20 –
entroncamento BR-232 (São Caetano) ao
km 86,12, com extensão total de 67,92 km

PROCESSO CPRH SEI no


0031000013.003417/2021-32

Elaboração:

RECIFE - PE
ABRIL DE 2023
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TOMO II

Capítulo 10

Subcapítulo 10.3 – Diagnóstico do Meio Socioeconômico

Subcapítulo 10.4 – Passivos Ambientais

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SUMÁRIO
10.3 MEIO SOCIOECONÔMICO .................................................................................................. 1
10.3.1 METODOLOGIA ................................................................................................................ 2
10.3.2 Caracterização da Área de Influência Indireta – AII ........................................................... 6
10.3.3 SÃO CAETANO – PE ....................................................................................................... 10
10.3.4 CACHOEIRINHA – PE .................................................................................................... 38
10.3.5 LAJEDO – PE .................................................................................................................... 67
10.3.6 CALÇADO – PE ............................................................................................................... 98
10.3.7 JUPI – PE ......................................................................................................................... 124
10.3.8 JUCATI – PE ................................................................................................................... 157
10.3.9 SÃO JOÃO – PE.............................................................................................................. 193
10.3.10 ANÁLISE INTEGRADA ............................................................................................ 220
10.3.11 . Patrimônio Cultural .................................................................................................... 263
10.4 PASSIVOS AMBIENTAIS ................................................................................................. 275
10.4.1 Descarte Irregular de Resíduos Sólidos ........................................................................... 276
10.4.2 Poluição de Mananciais ................................................................................................... 278
10.4.3 Descaracterização de Áreas de Preservação Permanente ................................................ 278

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LISTA DE FIGURAS

Figura 10.3-1– Evolução da população no município de São Caetano–PE, entre os anos de 1970 e 2021. ........................... 11
Figura 10.3-2– Evolução das populações urbanas e rurais no município de São Caetano-PE, entre os anos de 1970 e 2010. 12
Figura 10.3-3– Mapa das áreas de expansão da malha urbana no município de São Caetano-PE. ......................................... 13
Figura 10.3-4– Perfil nosológico do município de São Caetano, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022. 15
Figura 10.3-5– Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de São Caetano-PE, entre os anos de
2008 e 2021 ............................................................................................................................................................................. 17
Figura 10.3-6– Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de São Caetano-PE,
entre os anos de 2005 e 2021. ................................................................................................................................................. 18
Figura 10.3-7– Nível de instrução da população de São Caetano-PE, aferido no censo de 2010. .......................................... 19
Figura 10.3-8– Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de São Caetano-PE, no ano de
2010. ....................................................................................................................................................................................... 20
Figura 10.3-9– Rendimento mensal, por pessoa, no município de São Caetano-PE, no ano de 2010, por classe de renda. ... 21
Figura 10.3-10–Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de São Caetano-PE, por atividade, entre os anos de
2010 e 2019. ............................................................................................................................................................................ 23
Figura 10.3-11–Localização da malha urbana de São Caetano-PE, em relação à BR-423 e à BR-232. ................................. 30
Figura 10.3-12– Evolução da área plantada com lavouras temporária, no município de São Caetano-PE, entre os anos de
2004 e 2021. ............................................................................................................................................................................ 32
Figura 10.3-13–Entrada do Assentamento Santa Isabel as margens da BR 423, no trecho que corta o município de São
Caetano-PE. ............................................................................................................................................................................ 34
Figura 10.3-14– Estruturas localizadas, parcial ou integralmente, na área de domínio da BR-423, no trecho que corta o
município de São Caetano-PE. ................................................................................................................................................ 35
Figura 10.3-15– Mapa de localização das residências e cultivos dentro da faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o
município de São Caetano-PE. ................................................................................................................................................ 36
Figura 10.3-16– Uso da área de domínio da BR-423 como estacionamento para clientes de estabelecimentos comerciais, no
trecho que corta o município de São Caetano-PE. .................................................................................................................. 37
Figura 10.3-17– Evolução da população no município de Cachoeirinha-PE, entre os anos de 1970 e 2021. ......................... 39
Figura 10.3-18– Evolução das populações urbanas e rurais no município de Cachoeirinha-PE, entre os anos de 1970 e 2010.
................................................................................................................................................................................................ 40
Figura 10.3-19–Mapa das áreas de expansão da malha urbana no município de Cachoeirinha-PE. ....................................... 41
Figura 10.3-20–Perfil nosológico do município de Cachoeirinha, no estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022 42
Figura 10.3-21–Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de Cachoeirinha-PE, entre os anos de
2008 e 2021. ............................................................................................................................................................................ 44
Figura 10.3-22–Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de Cachoeirinha-PE,
entre os anos de 2005 e 2021. ................................................................................................................................................. 45
Figura 10.3-23–Nível de instrução da população de Cachoeirinha-PE, aferido no censo de 2010. ........................................ 46

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Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental


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Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Figura 10.3-24–Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de Cachoeirinha-PE, no ano de
2010. ....................................................................................................................................................................................... 47
Figura 10.3-25–Rendimento mensal, por pessoa, no município de Cachoeirinha-PE, no ano de 2010, por classe de renda. . 47
Figura 10.3-26– Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de Cachoeirinha-PE, por atividade....................... 49
Figura 10.3-27– Mapa de localização da malha urbana do município de Cachoeirinha-PE, em detrimento do território
municipal e da BR 423. ........................................................................................................................................................... 53
Figura 10.3-28– Imagens de cultivo de milho para silagem na área de domínio da BR-423, no trecho que corta o município
de Cachoeirinha-PE, e registro de entrevista com pecuarista responsável pelo cultivo. ......................................................... 58
Figura 10.3-29– Mapa de localização das residências e cultivos na faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o
município de Cachoeirinha-PE. .............................................................................................................................................. 59
Figura 10.3-30– Imagens de estruturas localizadas, parcial ou integralmente, na área de domínio da BR-423, no trecho que
corta o município de Cachoeirinha-PE.................................................................................................................................... 61
Figura 10.3-31– Bloco residencial localizado na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano) da BR-423, no trecho
que corta o município de Cachoeirinha-PE, anterior a ponte sobre o rio Una. ....................................................................... 62
Figura 10.3-32– Bloco residencial localizado na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano) da BR-423, no trecho
que corta o município de Cachoeirinha-PE, posterior a ponte sobre o rio Una. ...................................................................... 63
Figura 10.3-33– Evolução da população no município de Lajedo-PE, entre os anos de 1970 e 2021. ................................... 68
Figura 10.3-34– Evolução das populações urbanas e rurais no município de Lajedo-PE, entre os anos de 1970 e 2010. ...... 69
Figura 10.3-35– Mapa das áreas de expansão da malha urbana no município de Lajedo-PE ................................................. 70
Figura 10.3-36– Perfil nosológico do município de Lajedo, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022. ....... 71
Figura 10.3-37– Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de Lajedo-PE, entre os anos de 2008
e 2021. ..................................................................................................................................................................................... 73
Figura 10.3-38– Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de Lajedo-PE, entre os
anos de 2005 e 2021. ............................................................................................................................................................... 74
Figura 10.3-39– Nível de instrução da população de Lajedo-PE, aferido no censo de 2010. ................................................. 75
Figura 10.3-40– Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de Lajedo-PE, no ano de 2010.
................................................................................................................................................................................................ 76
Figura 10.3-41– Rendimento mensal, por pessoa, no município de Lajedo-PE, no ano de 2010, por classe de renda. .......... 77
Figura 10.3-42– Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de Lajedo-PE, por atividade. ................................ 79
Figura 10.3-43– Mapa de localização da malha urbana do município de Lajedo-PE, em detrimento do território municipal e
da BR-423. .............................................................................................................................................................................. 84
Figura 10.3-44– Evolução da área plantada com lavouras temporárias, no município de Lajedo-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ....................................................................................................................................................................................... 86
Figura 10.3-45– Floricultura localizada na faixa de domínio da rodovia BR-423 no município de Lajedo-PE. .................... 90
Figura 10.3-46– Mapa de localização das residências e cultivos na faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o
município de Lajedo-PE.......................................................................................................................................................... 91
Figura 10.3-47– Entrada do bairro Loteamento Fernandes às margens da BR-423 no trecho que corta o município de
Lajedo-PE. .............................................................................................................................................................................. 92

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Figura 10.3-48– Bloco de imóveis às margens da BR-423 no trecho que corta o município de Lajedo-PE. .......................... 93
Figura 10.3-49– Exemplos de comércios instalados nas margens da BR-423, no trecho que corta o município de Lajedo-PE.
................................................................................................................................................................................................ 95
Figura 10.3-50– Estruturas localizadas às margens da BR-423, que utilizam a área de domínio da rodovia como ponto para
conserto e estacionamento de veículos.................................................................................................................................... 96
Figura 10.3-51– Evolução da população no município de Calçado-PE, entre os anos de 1970 e 2021. ................................. 98
Figura 10.3-52– Evolução das populações urbanas e rurais no município de Calçado-PE, entre os anos de 1970 e 2010. .... 99
Figura 10.3-53– Perfil nosológico do município de Calçado, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022. ... 100
Figura 10.3-54– Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de Calçado-PE, entre os anos de 2008
e 2021. ................................................................................................................................................................................... 102
Figura 10.3-55– Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de Calçado-PE, entre
os anos de 2005 e 2021. ........................................................................................................................................................ 103
Figura 10.3-56– – Nível de instrução da população de Calçado-PE segundo o censo de 2010. ........................................... 104
Figura 10.3-57– Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de Calçado-PE, no ano de 2010.
.............................................................................................................................................................................................. 105
Figura 10.3-58– Rendimento mensal, por pessoa, no município de Calçado-PE, no ano de 2010, por classe de renda. ...... 105
Figura 10.3-59– Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de Calçado-PE, por atividade, entre os anos de 2010
e 2019. ................................................................................................................................................................................... 107
Figura 10.3-60– Mapa de localização do centro urbano do município de Calçado-PE, em relação a BR-423. .................... 113
Figura 10.3-61– Evolução da área plantada com lavouras temporárias, no município de Calçado-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 115
Figura 10.3-62– Imagens das estruturas localizadas, parcial ou integralmente, na área de domínio da BR-423, no trecho que
corta o município de Calçado-PE. ......................................................................................................................................... 118
Figura 10.3-63– Mapa de localização das residências e cultivos dentro da faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o
município de Calçado-PE...................................................................................................................................................... 119
Figura 10.3-64– Registro, em única tomada, da relação: BR-423/Local de Cultivo/Residência, no trecho dentro do
município de Calçado-PE...................................................................................................................................................... 120
Figura 10.3-65– Localização da malha urbana do município de Lajedo-PE, em relação a localização do Povoado Olho
D’Água dos Pombos, no município de Calçado-PE.............................................................................................................. 122
Figura 10.3-66–Unidade de Saúde da Família – USF, administrada pela Prefeitura de Lajedo-PE, localizada no Povoado
Olho D’Água dos Pombos, em Calçado-PE.......................................................................................................................... 122
Figura 10.3-67–Estrutura de acesso ao Harmony hotel, na faixa de domínio da BR-423, no município de Calçado-PE ..... 123
Figura 10.3-68– Evolução da população no município de Jupi-PE, entre os anos de 1970 e 2021. ..................................... 125
Figura 10.3-69–Evolução das populações urbanas e rurais no município de Jupi-PE, entre os anos de 1970 e 2010. ......... 126
Figura 10.3-70–Mapa das áreas de expansão da malha urbana no município de Jupi-PE. ................................................... 127
Figura 10.3-71–Perfil nosológico do município de Jupi, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022. ........... 128
Figura 10.3-72 – Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de Jupi-PE, entre os anos de 2008 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 130

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Figura 10.3-73 – Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de Jupi-PE, entre os
anos de 2005 e 2021. ............................................................................................................................................................. 131
Figura 10.3-74 – Nível de instrução da população de Jupi-PE, auferido no censo de 2010................................................. 132
Figura 10.3-75 – Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de Jupi-PE, no ano de 2010. 133
Figura 10.3-76 – Rendimento mensal, por pessoa, no município de Jupi-PE, no ano de 2010, por classe de renda. ........... 133
Figura 10.3-77 – Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de Jupi-PE, por atividade, entre os anos de 2010 e
2019. ..................................................................................................................................................................................... 135
Figura 10.3-78 – Evolução da área plantada com lavouras temporárias, no município de Jupi-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 145
Figura 10.3-79 – Registro de parte das estruturas localizadas na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano) no
município de Jupi-PE. ........................................................................................................................................................... 148
Figura 10.3-80 – Mapa de localização das residências e cultivos na faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o
município de Jupi-PE. ........................................................................................................................................................... 149
Figura 10.3-81 – Estabelecimento comercial às margens da BR-423, no município de Jupi-PE......................................... 150
Figura 10.3-82 – Pontos de mototáxi na entrada do município de Jupi-PE, às margens da BR-423, em lados opostos da via.
.............................................................................................................................................................................................. 151
Figura 10.3-83 – Cultivo de feijão e mandioca na faixa de domínio da BR-423, no perímetro rural do município de Jupi-PE.
.............................................................................................................................................................................................. 153
Figura 10.3-84 – Locais de moradia e cultivo, em diferentes realidades locacionais, de agricultores das margens da rodovia
BR-423, no trecho rural do município de Jupi-PE. ............................................................................................................... 155
Figura 10.3-85 – Evolução da população no município de Jucati-PE, entre os anos de 1970 e 2021. .................................. 158
Figura 10.3-86 – Evolução das populações urbanas e rurais no município de Jucati-PE, entre os anos de 1970 e 2010...... 159
Figura 10.3-87 – Mapa das áreas de expansão da malha urbana no distrito de Neves no município de Jucati-PE. .............. 160
Figura 10.3-88 – Perfil nosológico do município de Jucati, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022. ...... 161
Figura 10.3-89 – Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de Jucati-PE, entre os anos de 2008 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 163
Figura 10.3-90 – Gráfico da evolução do número de matrículas nos três níveis de ensino básico, no município de Jucati –
PE, entre os anos de 2008 e 2021. ......................................................................................................................................... 164
Figura 10.3-91 – Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de Jucati-PE, entre os
anos de 2005 e 2021. ............................................................................................................................................................. 165
Figura 10.3-92 – Nível de instrução da população de Jucati-PE, auferido no censo de 2010. .............................................. 166
Figura 10.3-93 – Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de Jupi-PE, no ano de 2010. 167
Figura 10.3-94 – Rendimento mensal, por pessoa, no município de Jucati-PE, no ano de 2010, por classe de renda. ......... 167
Figura 10.3-95 – Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de Jucati-PE, por atividade, entre os anos de 2010 e
2019. ..................................................................................................................................................................................... 169
Figura 10.3-96 – Evolução da área plantada com lavouras temporária, no município de Jucati-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 178

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Figura 10.3-97 – Registro da configuração espacial da margem esquerda (sentido São Caetano - Garanhuns) da BR-423, no
distrito de Neves (Jucati-PE). ................................................................................................................................................ 181
Figura 10.3-98 – Mapa de localização das residências e cultivos na faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o
município de Jucati-PE. ........................................................................................................................................................ 182
Figura 10.3-99 Mapa de localização do distrito de Neves, no município de Jucati-PE, em relação à malha urbana do
município de Jupi-PE. ........................................................................................................................................................... 183
Figura 10.3-100 – Estruturas públicas localizadas, parcial ou integralmente, na faixa de domínio da BR-423, no Distrito de
Neves, em Jucati-PE. ............................................................................................................................................................ 184
Figura 10.3-101 - Instituições religiosas (igrejas) instaladas em prédios localizados na faixa de domínio da BR-423, no
trecho que corta o distrito de Neves, no município de Jucati-PE. ......................................................................................... 185
Figura 10.3-102 – Registro do fluxo de veículos de grande porte, no trecho da BR-423 que corta o distrito de Neves, em
Jucati-PE. .............................................................................................................................................................................. 186
Figura 10.3-103 – Bloco de imóveis, predominantemente comerciais, localizados totalmente dentro da faixa de domínio da
BR-423, no distrito de Neves, em Jucati-PE. ........................................................................................................................ 187
Figura 10.3-104– Vista de um trecho da BR-423, com cultivos à margem e o povoado de Neves, distrito do Município de
Jucati-PE, ao fundo. .............................................................................................................................................................. 190
Figura 10.3-105 - Placa de indicação do local de construção da nova Unidade Básica de Saúde – UBS, na comunidade Sítio
Fama, no município de Jucati-PE.......................................................................................................................................... 192
Figura 10.3-106– Evolução da população no município de São João-PE, entre os anos de 1970 e 2021. ............................ 193
Figura 10.3-107 – Evolução das populações urbanas e rurais no município de São João-PE, entre os anos de 1970 e 2010.
.............................................................................................................................................................................................. 194
Figura 10.3-108– Mapa das áreas de expansão da malha urbana no município de São João-PE. ......................................... 195
Figura 10.3-109 – Perfil nosológico do município de São João, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022. 196
Figura 10.3-110– Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de São João-PE, entre os anos de
2008 e 2021. .......................................................................................................................................................................... 198
Figura 10.3-111 – Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de São João-PE,
entre os anos de 2005 e 2021. ............................................................................................................................................... 199
Figura 10.3-112 – Nível de instrução da população de São João-PE, auferido no censo de 2010. ....................................... 200
Figura 10.3-113 - Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de São João-PE, no ano de
2010. ..................................................................................................................................................................................... 201
Figura 10.3-114 - Rendimento mensal, por pessoa, no município de São João-PE, no ano de 2010, por classe de renda. .. 201
Figura 10.3-115 - Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de São João-PE, por atividade, entre os anos de
2010 e 2019. .......................................................................................................................................................................... 203
Figura 10.3-116 - Evolução da área plantada com lavouras temporárias, no município de São João-PE, entre os anos de 2004
e 2021. ................................................................................................................................................................................... 212
Figura 10.3-117 - Mapa de localização das residências e cultivos na faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o
município de São João-PE. ................................................................................................................................................... 216
Figura 10.3-118 - Imagens de cultivos de feijão na área de domínio da BR-423, no trecho que corta o município de São
João-PE. ................................................................................................................................................................................ 217

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Figura 10.3-119 - Localização da malha urbana do município de São João-PE em relação ao trecho da BR-423, analisado.
.............................................................................................................................................................................................. 218
Figura 10.3-120 - Estruturas localizadas imediatamente próximas à BR-423, no trecho que corta o município de São João-
PE. ......................................................................................................................................................................................... 219
Figura 10.3-121 - Índice de desenvolvimento humano dos municípios em estudo, nos anos de 1991, 2000 e 2010. ........... 232
Figura 10.3-122 - Mapa de uso e cobertura do solo nos municípios constantes na área diretamente afetada pelo processo de
duplicação da BR-423 e dos municípios de Caruaru e Garanhuns, todos no estado de Pernambuco. .................................. 256
Figura 10.3-123 - Mapa de pontos com eventos de acidentes reportados pela Polícia Rodoviária Federal, entre os
quilômetros 18,20 e 86,12 da BR-423, no ano de 2021. ....................................................................................................... 258
Figura 10.3-124 - Mapa de concentração de acidentes reportados pela Polícia Rodoviária Federal, entre os quilômetros
18,20 e 86,12 da BR-423, no ano de 2021. ........................................................................................................................... 259
Figura 10.3-125 - Mapa de localização das unidades espaciais localizadas na área diretamente afetada pelo empreendimento,
identificadas na atividade de campo...................................................................................................................................... 261
Figura 10.4-1 – Registro fotográfico das tipologias de resíduos sólidos observados na faixa de domínio do BR-423......... 277

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LISTA DE TABELAS
Tabela 10.3-1– Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de São Caetano-PE. ............ 22
Tabela 10.3-2– Características produtivas da extração vegetal no município de São Caetano-PE, entre os anos de 2004 e
2020. ....................................................................................................................................................................................... 24
Tabela 10.3-3– Características produtivas das lavouras permanente no município de São Caetano-PE, entre os anos 2004 e
2021. ....................................................................................................................................................................................... 24
Tabela 10.3-4– Características produtivas das lavouras temporárias no município de São Caetano-PE, entre os anos de 2004
e 2021. ..................................................................................................................................................................................... 27
Tabela 10.3-5– Características produtivas da produção pecuária no município de São Caetano-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ....................................................................................................................................................................................... 28
Tabela 10.3-6– Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de Cachoeirinha-PE. ........... 48
Tabela 10.3-7– Características produtivas da extração vegetal no município de Cachoeirinha–PE, entre os anos de 2004 e
2021. ....................................................................................................................................................................................... 50
Tabela 10.3-8– Características produtivas das lavouras temporárias no município de Cachoeirinha–PE, entre os anos 2004 e
2021. ....................................................................................................................................................................................... 50
Tabela 10.3-9– Características produtivas das lavouras temporárias no município de Cachoeirinha–PE, entre os anos de
2004 e 2021. ............................................................................................................................................................................ 51
Tabela 10.3-10– Características produtivas da produção pecuária no município de Cachoeirinha–PE, entre os anos de 2004 e
2021. ....................................................................................................................................................................................... 52
Tabela 10.3-11– Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de Cachoeirinha-PE. ......... 78
Tabela 10.3-12– Características produtivas da extração vegetal no município de Lajedo–PE, entre os anos de 2004 e 2021.
................................................................................................................................................................................................ 80
Tabela 10.3-13– Características produtivas das lavouras temporárias no município de Lajedo–PE, entre os anos de 2004 e
2021. ....................................................................................................................................................................................... 80
Tabela 10.3-14– Características produtivas da produção pecuária no município de Lajedo – PE, entre os anos de 2004 e
2021. ....................................................................................................................................................................................... 82
Tabela 10.3-15 - Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de Calçado-PE. ............... 106
Tabela 10.3-16 - Características produtivas da extração vegetal no município de Calçado–PE, entre os anos de 2004 e 2020.
.............................................................................................................................................................................................. 108
Tabela 10.3-17 - Características produtivas das lavouras permanentes no município de Calçado–PE, entre os anos 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 108
Tabela 10.3-18 - Características produtivas das lavouras temporárias no município de Calçado–PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 109
Tabela 10.3-19 - Características produtivas da produção pecuária no município de Calçado–PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 111
Tabela 10.3-20 - Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de Jupi-PE ...................... 134
Tabela 10.3-21 - Características produtivas da extração vegetal no município de Jupi-PE, entre os anos de 2004 e 2020. . 136
Tabela 10.3-22 - Características produtivas das lavouras permanentes no município de Jupi-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 137

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Tabela 10.3-23 - – Características produtivas das lavouras temporárias no município de Jupi-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 138
Tabela 10.3-24 - Características produtivas da produção pecuária no município de Jupi-PE, entre os anos de 2004 e 2021.
.............................................................................................................................................................................................. 141
Tabela 10.3-25– Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de Jucati-PE. ................... 168
Tabela 10.3-26– Características produtivas da extração vegetal no município de Jucati-PE, entre os anos de 2004 e 2021.170
Tabela 10.3-27– Características produtivas das lavouras permanentes no município de Jucati-PE, entre os anos 2004 e 2021.
.............................................................................................................................................................................................. 170
Tabela 10.3-28– Características produtivas das lavouras temporárias no município de Jucati-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 172
Tabela 10.3-29– Características produtivas da produção pecuária no município de Jucati-PE, entre os anos de 2004 e 2021.
.............................................................................................................................................................................................. 174
Tabela 10.3-30 – Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de São João-PE. ............. 202
Tabela 10.3-31 - Características produtivas da extração vegetal no município de São João–PE, entre os anos de 2004 e 2021.
.............................................................................................................................................................................................. 205
Tabela 10.3-32 - Características produtivas das lavouras permanente no município de São João-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 205
Tabela 10.3-33 – Características produtivas das lavouras temporárias no município de São João-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 207
Tabela 10.3-34 – Características produtivas da produção pecuária no município de São João-PE, entre os anos de 2004 e
2021. ..................................................................................................................................................................................... 210
Tabela 10.3-35 - Evolução da população nos municípios constantes na área diretamente afetada pela duplicação de parte da
BR-423, em comparação com diferentes escalas espaciais onde estão contidos, entre os anos e 1991 e 2010. ................... 221
Tabela 10.3-36 - Evolução da população nos municípios constantes na área diretamente afetada pela duplicação de parte da
BR-423, em comparação com diferentes escalas espaciais onde estão contidos, entre os anos e 1991 e 2010. ................... 222
Tabela 10.3-37 - Distribuição dos estabelecimentos de saúde nos municípios constantes na área diretamente afetada - ADA
pelo processo de duplicação da BR 423, no ano de 2009, acrescido pelas cidades de Garanhuns-PE e Caruaru-PE. .......... 226
Tabela 10.3-38 - Casos reportados de Dengue, entre os anos de 2012 e 2022*, nos municípios constantes da área
diretamente afetada** pelo empreendimento e pelos municípios de Caruaru e Garanhuns. ................................................. 228
Tabela 10.3-39 - Casos reportados de Zica vírus, entre os anos de 2012 e 2022, nos municípios constantes da área
diretamente afetada pelo empreendimento e pelos municípios de Caruaru e Garanhuns...................................................... 228
Tabela 10.3-40 - Casos reportados de Tuberculose, entre os anos de 2012 e 2022, nos municípios constantes da área
diretamente afetada pelo empreendimento e pelos municípios de Caruaru e Garanhuns...................................................... 229
Tabela 10.3-41 - Casos reportados de Hanseníase, entre os anos de 2012 e 2022, nos municípios constantes da área
diretamente afetada pelo empreendimento e pelos municípios de Caruaru e Garanhuns...................................................... 229
Tabela 10.3-42 - Nível de instrução da população, com 10 anos ou mais de idade, nos municípios estudas e nas regiões
imediatas, no ano de 2010. .................................................................................................................................................... 234
Tabela 10.3-43 - Local de estudo em relação ao local de residência, nos municípios da área diretamente afetada pelo
empreendimento e nas regiões imediatas, no ano de 2010. ................................................................................................... 236

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Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental


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Tabela 10.3-44 - Rendimento domiciliar mensal, nos municípios da área diretamente afetada pelo empreendimento e região
imediata, no ano de 2010. ..................................................................................................................................................... 239
Tabela 10.3-45 - – Rendimento nominal mensal, nos municípios da área diretamente afetada pelo empreendimento e região
imediata, no ano de 2010. ..................................................................................................................................................... 240
Tabela 10.3-46 - Distribuição percentual dos grupos por faixa de renda nominal, dos municípios estudados e sua região
imediata, no ano de 2010. ..................................................................................................................................................... 241
Tabela 10.3-47 - Pessoas que trabalhavam fora do domicílio e retornavam diariamente do trabalho, considerando o tempo de
deslocamento, no ano de 2010. ............................................................................................................................................. 242
Tabela 10.3-48 – Lista dos meios de comunicação, de caráter regional, identificados nas microrregiões do Vale do Ipojuca e
de Garanhuns. ....................................................................................................................................................................... 244
Tabela 10.3-49 – Produto Interno Bruto - PIB dos municípios estudados em relação a região imediata e aos demais níveis
territoriais, no ano de 2019.................................................................................................................................................... 246
Tabela 10.3-50 – Quantidade produzida e valor da produção na extração vegetal, por tipo de produto extrativo, nos
municípios estudados e nas regiões imediatas, no ano de 2021. ........................................................................................... 248
Tabela 10.3-51 – Área destinada à colheita, quantidade produzida e valor da produção das lavouras permanentes, nos
municípios estudados e nas regiões imediatas no ano de 2021. ............................................................................................ 248
Tabela 10.3-52 – Área plantada, quantidade produzida e valor da produção das lavouras temporárias nos municípios
estudados e nas regiões imediatas no ano de 2021. ............................................................................................................... 250
Tabela 10.3-53 – Efetivo dos rebanhos, por tipo de rebanho, nos municípios estudados e nas regiões imediatas no ano de
2021. ..................................................................................................................................................................................... 251
Tabela 10.3-54 – Produção de origem animal, por tipo de produto, nos municípios estudados e nas regiões imediatas no ano
de 2021. ................................................................................................................................................................................. 252
Tabela 10.3-55 – Distribuição das classes de uso e ocupação do solo nos municípios constantes na área diretamente afetada
pelo processo de duplicação da BR-423 e dos municípios de Caruaru e Garanhuns, todos no estado de Pernambuco. ....... 254
Tabela 10.3-56 – Sítios arqueológicos cadastrados na área de influência indireta (CNSA-IPHAN) .................................... 263
Tabela 10.3-57 – Sítios arqueológicos cadastrados na área de influência indireta................................................................ 264
Tabela 10.3-58 – Bens Imateriais Identificados - Município de São Caetano ...................................................................... 268
Tabela 10.3-59 – Bens Imateriais Identificados - Município de Cachoeirinha ..................................................................... 268
Tabela 10.3-60 – Bens Imateriais Identificados - Município de Lajedo ............................................................................... 269
Tabela 10.3-61 – Quadro 1: Bens Imateriais Identificados - Município de Jupi ................................................................... 269
Tabela 10.3-62 – Bens Imateriais Identificados - Município de Jucati ................................................................................. 270
Tabela 10.3-63 – Bens Imateriais Identificados - Município de Calçado ............................................................................. 270
Tabela 10.3-64 – Bens Imateriais Identificados - Município de São João ........................................................................... 271
Tabela 10.3-65 – Quadro 2: Bens Imateriais Identificados - Município de Garanhuns ........................................................ 271
Tabela 10.3-66 – Comunidades Quilombolas na AII ............................................................................................................ 272
Tabela 10.3-67 – Patrimônio Paisagístico na AII ................................................................................................................. 273
Tabela 10.4-1 – Registro dos pontos de descarte irregular de resíduos sólidos .................................................................... 276

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CAPÍTULO

MEIO SOCIOECONÔMICO

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10.3 MEIO SOCIOECONÔMICO


METODOLOGIA

O presente item apresenta, de forma clara e sucinta, os procedimentos metodológicos adotados na


realização do Diagnóstico Ambiental do Meio Socioeconômico, que objetivou caracterizar os
principais aspectos das dinâmicas populacional, econômica, territorial e sociocultural referentes à Área
de Estudo e à Área Diretamente Afetada (ADA), constantes no item 3.10.3 do Termo de Referência
CPRH Nº 08/2021, possibilitando o conhecimento da realidade social e das interações socioambientais
na região.

O estudo, aqui apresentado, tem como objeto um trecho de 67,92 km da rodovia BR-423/PE, contido
entre os municípios de São Caetano/PE e São João/PE. O referido segmento, ora investigado, inicia-se
no município de São Caetano, no Km 18,2 (da BR-423/PE) e segue, sem interrupção, até o município
de São João, no km 86,12 (próximo à divisa com o município de Garanhuns), com extensão total de
67,92 km.

O trecho estudado intercepta os municípios de São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi,
Jucati e São João, todos no Estado de Pernambuco. Para fins de diagnóstico socioeconômico, ainda
foram considerados os municípios de Garanhuns e Caruaru, por representarem os polos econômicos da
mesorregião e serem indiretamente afetados pela possível ampliação do fluxo viário. A estrutura
socioeconômica destas áreas foi identificada pela caracterização do perfil socioeconômico regional e
local, por meio do detalhamento dos diversos aspectos necessários para a avaliação dos potenciais
impactos ambientais decorrentes do empreendimento. O diagnóstico da área socioeconômica seguiu as
orientações do Termo de Referência do Núcleo de Avaliação de Impacto Ambiental 08 de 2021 (TR
NAIA 08/2021), expedido pela Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH, para fins do
licenciamento ambiental do empreendimento.

Os dados secundários, referentes ao meio socioeconômico, foram levantados a partir de registros


administrativos de fontes oficiais (nacionais, estaduais e locais), enquanto os dados primários foram
coletados in loco, por ocasião da pesquisa de campo, ocorrida entre os meses de junho e agosto de
2022.

10.3.1.1 Procedimentos de Levantamento de Dados Secundários

A obtenção de dados secundários é uma etapa fundamental para o delineamento do quadro geral da
área em estudo, permitindo um diagnóstico, amplo e preciso, do meio socioeconômico a partir das
informações disponibilizadas por diferentes órgãos da administração pública. No estudo em tela foram
utilizadas informações oriundas de bases de dados de fontes oficiais (municipais, estadual e federal),
institutos de pesquisa, pesquisas acadêmicas e outros estudos ambientais para a caracterização do meio
socioeconômico.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE foi utilizado como base principal para os dados
censitário, econômicos, produtivos e agropecuários. Os dados populacionais foram obtidos tomando
como base os Censos Demográficos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e a estimativa total da população para
o ano de 2022, em decorrência do atraso no Censo de 2020. A escolha da observação histórica permitiu
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uma percepção sobre a evolução populacional dentro de um quadro de mais de 40 anos. Para os demais
estudos, utilizou-se a maior série histórica disponível, com o foco das análises nos dados mais recentes,
objetivando permitir um registro do quadro pré-instalação do empreendimento, consideradas, sempre
que possível, as mudanças metodológicas dos indicadores.

A tabulação dos dados obtidos reuniu uma série de indicadores com o intuito de fornecer um panorama
geral econômico e social do município. A seleção dos indicadores teve como base os temas e os
objetivos definidos no Termo de Referência (TR NAIA 08/2021), base da presente perquisição.

Por fim, destaca-se que o diagnóstico do meio antrópico reuniu diferentes fontes de informação, dados
e indicadores divulgados pelo IBGE, por meio das bases dos Censos Demográficos e Agropecuário e
da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar – PNAD, estudos do Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento – PNUD (Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil (PNUD/IPEA)),
estatísticas do Ministério da Saúde, DATASUS e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
– CNES, além de informações obtidas junto às Secretarias de Saúde, Educação, Assistência Social e
Infraestrutura das Prefeituras Municipais. Ainda foi consultado o Plano Diretor Municipal dos
municípios que compõem a área estudada, quando disponível.

10.3.1.2 Procedimentos de Levantamento de Dados Primários

Considerando que as informações secundárias, embora bastante seguras e amplas, não conseguem
apresentar um nível de detalhamento que permita a compreensão de subáreas dentro do campo de
estudo, foram levantadas informações por meio de estudo de campo, que contou com os seguintes
procedimentos:

10.3.1.2.1 Entrevistas a partir de questionário estruturado

A entrevista é um método bastante utilizado nos trabalhos de campo das ciências humanas, como forma
de coletar dados sobre algum tema. Esse método de obtenção de informação permite a captura de dados
objetivos e subjetivos, estes últimos podendo conter opiniões, percepções e comportamentos dos
sujeitos entrevistados. Além disso, como concordam alguns estudiosos da pesquisa qualitativa, a
entrevista é, sobretudo, uma proposta dialógica que compreende a interação atenta entre o pesquisador
e o informante.

Na mesma direção, Haguette (1997, p. 86) define a entrevista como um “processo de interação social
entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por
parte do outro, o entrevistado”. Dentre as diversas forma de se processar este método de obtenção de
dados, destaca-se a entrevista semiestruturada. As entrevistas semiestruturadas consistem em perguntas
abertas e fechadas nas quais o informante pode discorrer sobre o tema sugerido. O pesquisador deve
estabelecer previamente algumas questões e segui-las, conduzindo o entrevistado, dentro de um
contexto parecido ao de uma conversa informal, ao assunto que o interessa com perguntas adicionais ou
contextualizações caso o sujeito da pesquisa tenha “fugido” do tema ou esteja com dificuldades em
discorrer sobre ele (BONI; QUARESMA, 2005).

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O questionário, estruturado e padronizado, contou com questões pré-definidas e sistemas de registro de


respostas que alternaram entre opções previamente definidas e o registro de respostas espontâneas dos
entrevistados. Os questionários base, utilizados na condução das entrevistas, foram preenchidos pelo
entrevistador, que prezou pela fidelidade às respostas apresentadas, de forma padronizada (na mesma
ordem e com os mesmos cuidados metodológicos para todos os entrevistados), buscando a menor
interferência possível nas falas dos sujeitos.

As entrevistas coletadas utilizaram como critério de aplicação a inserção das unidades espaciais
(imóveis e/ou cultivos) na Área Diretamente Afetada (ADA) do empreendimento, tornando-se sujeito
de pesquisa aquele que, encontrando-se dentro dos critérios pré-estabelecidos, estivesse em casa e
disponível para responder ao entrevistador. No trecho em estudo foram contabilizadas 507 unidades
espaciais (Imóveis e/ou áreas cultivadas) dentro da ADA, sendo 409 unidades em área urbana e 98
unidades em ambiente rural. Foram realizadas 281 entrevistas residenciais e comerciais e 77 entrevistas
a agricultores atuantes na ADA, totalizando 358 entrevistados.

Os procedimentos adotados objetivaram levantar informações sobre a população do entorno imediato


do empreendimento, em especial aquela inserida na ADA, e as atividades produtivas e comerciais
também localizadas neste entorno. Os resultados das entrevistas foram compilados em tabelas, tendo
sido realizados procedimentos simples de cruzamentos de respostas, cálculo de médias de variáveis
(por exemplo: pessoas residentes, renda, idade etc.), entre outros que se demonstraram úteis à análise.
Os dados primários coletados foram analisados em paralelo aos dados secundários, obtidos junto aos
órgãos oficiais e à bibliografia consolidada. A integração entre fontes secundárias e primárias de
informações, neste estudo, aconteceu de forma complementar, permitindo o estabelecimento de
inferências e extrapolações, fundamentais às conclusões alcançadas.

10.3.1.2.2 Registro de Campo

Adicionalmente às entrevistas, foram realizados registros de campo, por meio de imagens fotográficas,
anotações e marcações de coordenadas de todos os pontos visitados. Os registros feitos contribuíram
para a identificação dos padrões de comportamento, locais de interesse e descrição emblemática de
situações comuns na área de estudo.

Os equipamentos e materiais utilizados nas atividades de campo compreenderam: formulário de


inquérito para registro de respostas obtidas nas entrevistas da ADA; formulário para registro descritivo
das Áreas de Influência Direta (AID) do empreendimento; registro de localização (por meio de
equipamento de GPS); registro de imagem (equipamento de fotografia).

Ressalta-se que foram observadas, durante todo o trabalho de campo e durante toda a interação com os
sujeitos da pesquisa, as regras de ética profissional estabelecidas pelo Código de Autorregulação da
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, bem como as diretrizes do Código de Ética
ICC/ESOMAR International Code on Market and Social Research.

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10.3.1.2.3 Visitas às Prefeituras Municipais

Afora as entrevistas em campo e as obtenções de dados secundários nos meios oficiais de divulgação
de informação, foram realizadas visitas às Prefeituras dos municípios interceptados pelo
empreendimento, consultando-se as Secretarias de Saúde, Educação e Assistência social. As visitas
objetivaram validar dados de sites oficiais e obter outros mais detalhados, não localizados durante o
levantamento secundário.

10.3.1.3 Estrutura de apresentação e discussão dos dados

Considerando o interesse de análise e a necessidade de compreensão de um grupo amplo de unidades


espaciais, a apresentação do meio socioeconômico buscará compartimentar as informações em três
segmentos: apresentação geral e suscinta da Área de Influência Indireta (AII); apresentação do perfil de
cada município constante na Área de Influência Direta (AID); e, análise integrada da área de estudo,
promovendo a integração das informação da AII e da AID adotando a rodovia BR-423 como eixo
discursivo. Durante a apresentação do perfil dos municípios será ofertada, de forma detida, uma
sequência de informações, exigidas no item 3.10.3 do Termo de Referência CPRH Nº 08/2021. As
análises municipais (AID) permitirão uma observação das condições presentes no meio
socioeconômico, em cada uma das localidades, agrupando-se ao final um resumo das informações das
entrevistas. Os dados obtidos possibilitarão identificar os grupos de maior vulnerabilidade, bem como
os pontos onde a intervenção espacial tem o potencial mais elevado de alteração da dinâmica vigente.

Encerrada a apresentação do perfil socioeconômico dos municípios, proceder-se-á o desenvolvimento


de uma análise integrada do trecho estudado, onde o eixo de discussão é a rodovia BR-423 – trazendo
para a análise o comportamento da AII, representada pelas cidades polo (Garanhuns e Caruaru) e pelas
microrregiões geográficas (Garanhuns e Vale do Ipojuca). Nesta segunda etapa, a rodovia será tomada
como o eixo norteador da relação entre os diferentes territórios apresentados. Buscar-se-á compreender
os impactos da duplicação no relacionamento entre essas macrounidades espaciais.

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Caracterização da Área de Influência Indireta – AII

Para fins de caracterização do meio socioeconômico entende-se a Área de Influência Indireta (AII), do
empreendimento de duplicação da BR-423, abrangendo a totalidade dos componentes das
microrregiões cortadas pelo trecho em estudo, pela relação existente entre os municípios interceptados
pelo traçado da rodovia e os demais territórios municipais. O fluxo de pessoas, bens e mercadoria se
realiza por meio das estruturas físicas de circulação, nesse contexto, aquelas que dispõe de melhor
suporte e/ou que ligam pontos importantes do território conseguem exercer um poder maior de atração
desses movimentos locacionais. A BR-423 tem posição central na conexão dos municípios da porção
meridional do agreste pernambucano com a BR-232, eixo maior de integração viária leste-oeste no
estado de Pernambuco. Ademais a qualquer relação mais ampla de circulação, a rodovia estudada
conecta dois importantes polos regionais (Garanhuns e Caruaru), tornando-se um meio de contato entre
as suas estruturas de suporte e atendimento.

Mesmo cientes que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponibiliza, desde o ano
de 2017, a nova divisão regional brasileira, que organiza o território nacional em Regiões Geográficas
de Influência (regiões geográficas imediatas e regiões geográficas intermediárias), opta-se neste estudo
pela adoção da divisão regional apresentada, pelo mesmo instituto, no ano de 1990, que separa as
regiões menores em mesorregiões e microrregiões. A escolha metodológica adotada se ampara no fato
que a administração pública e os instrumentos oficiais de disponibilização de dados socioeconômicos e
ambientais do IBGE1 ainda utilizam a divisão de 1990, dificultando sobremaneira qualquer análise
regional com base na divisão de 2017.

Os sete municípios (São Caetano, Cachoeirinha, Lajedo, Calçado, Jupi, Jucati e São João) cortados pelo
trecho da rodovia BR-423, alvo do atual estudo, inserem-se na microrregião do Vale do Ipojuca e na
microrregião de Garanhuns. As duas microrregiões (MR) congregam 27 municípios e são polarizadas
pelas cidades de Caruaru e Garanhuns. O censo demográfico de 2010 indicou que estas microrregiões
respondem, juntas, por 14,71% da população do estado, que, em valores totais, toram essas unidades
espaciais na segunda (Vale do Ipojuca) e na sexta (Garanhuns) microrregião mais populosa do estado.
Tal volume populacional permite uma pujança econômica que fomenta um fluxo de bens e mercadorias
constante (intra, inter e transregional).

O contingente populacional observado tem apresentado uma evolução histórica distinta entre as duas
microrregiões. Enquanto na MR do Vale do Ipojuca foi identificado um crescimento de
aproximadamente 13% por década, a população da MR de Garanhuns cresceu numa velocidade de
aproximadamente 7%, para o mesmo período. Para justificar essa evolução é possível arregimentar uma
série de explicações e fatores cooperativos para o fenômeno, contudo, um deles merece destaque: a
duplicação da rodovia BR-232. Iniciada em 2002, a duplicação da rodovia potencializou o
desenvolvimento da MR do Vale do Ipojuca, facilitando o escoamento da produção e permitindo a
instalação de uma série de estruturas produtivas vinculadas a um mercado consumidor localizado em
regiões mais distantes (principalmente na região metropolitana de Recife). A pujança econômico-
produtiva estimula fluxos populacionais de chagada ao passo que inibe movimento emigratórios,
ampliando o contingente dotal de residentes.

1
Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA)
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Dentre os municípios constantes nas regiões discutidas há uma grande diversidade de composição
territorial e populacional. As duas microrregiões e a mesorregião de referência (Mesorregião do
Agreste Pernambucano) apresentam predominância de população urbana, segindo o contexto estadual e
nacional. A distribuição da população conversa diretamente com a importância que os setores da
economia têm no total do PIB. Nas regiões analisadas, percebe-se que onde a agropecuária tem uma
participação maior no PIB os espaços rurais tendem a apresenta maior contingente populacional, ao
passo que a atividade industrial e de serviços tendem a concentrar maior volume populacional nos
núcleos urbanos. Nesta direção há uma predominância das atividades agrícolas na MR de Garanhuns
em detrimento de uma predominância industrial e do setor de serviços na MR do Vale do Ipojuca.

Quando observados os contingentes populacionais em uma dada porção do território, é necessário


entender que a qualidade de vida dessas pessoas está diretamente ligada às condições de assistência e
suporte de que dispõem. A microrregião do Vale do Ipojuca e de Garanhuns, juntas, congregam uma
população de 1.294.288 indivíduos, em sua maioria dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS) e
de toda rede de atenção básica à saúde a ele vinculada. Nos municípios polo (Caruaru e Garanhuns), o
serviço privado de assistência médica tem grande espaço, servindo de referência para aqueles que,
residindo nos municípios próximos e tendo condições econômicas para acessarem à rede privada,
optam por não utilizar a rede pública de saúde. Adicionalmente, o poder público, diante da
impossibilidade de realização de procedimentos de média e alta complexidade, desloca seus pacientes
para os hospitais regionais localizados nesses polos. Considerando o fluxo resultante desta constante
demanda de atendimento, as redes viárias ocupam um lugar central na capacidade de respostas aos
problemas médicos da população, independente da renda.

Além das condições de saúde, as condições de vivência nesses espaços extrapolam a esfera das
estruturas de suporte às demandas imediatas, atingindo a formação dos sujeitos que lá habitam. Tal
formação influi diretamente na sua capacidade de inserção no mercado de trabalho, fornecendo as
condições necessárias para a alocação nas diversas atividades disponíveis. É o nível de formação do
sujeito que garante as condições básicas para ocupar postos de trabalho com melhores condições
remuneratórias, garantindo mais dinamicidade aos espaços e a economia nele circulante.

As microrregiões do Vale do Ipojuca e de Garanhuns apresentam, respectivamente, taxas de 66,51% e


71,13% da população que se autodeclara sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto,
diferindo entre si 4,62 pontos percentuais. Quando observados os municípios na Área de Influência
Direta (AID) do empreendimento este percentual sempre está acima dos 70%. As cidades polo, por sua
vez, destoam de forma mais intensa desses municípios menores, apresentando valores inferiores a 60%
(Caruaru - 57,68% e Garanhuns - 58,64%). Como justificativa para tal realidade é possível lembrar que
no Brasil há um processo histórico que relegou os espaços mais rurais a um analfabetismo imposto pela
escassez de instrumento educacionais. Tal fato justifica a majoração desses valores na região onde há
uma predominância de população rural (MR de Garanhuns).

No polo oposto a realidade supracitada, observam-se valores bem pequenos, por vezes ínfimos, de
indivíduos com formação de nível superior. Esta realidade, contudo, não é apenas local, aprofundando-
se nesses espaços, onde é sentida de forma mais acentuada. As microrregiões aqui estudadas
apresentam percentuais baixos de graduados, com apenas 3,75% (MR do Vale do Ipojuca) e 3,35%
(MR de Garanhuns) frente um percentual nacional (8,31%) e estadual (5,68%) mais elevado. A
formação de nível superior vincula-se a um só tempo a postos de trabalho mais qualificados como a
condição de desenvolvimento de atividade de mais complexidade, mais bem remuneradas. A existência
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desses postos está diretamente ligada a dinâmica econômica da localidade, sendo mais comum sua
ocorrência nos polos econômicos. Esse contexto justifica percentuais mais elevados de população com
nível de formação superior em centralidades microrregionais como Garanhuns (6,61%),
retroalimentando uma lógica de atração de contingentes com esse perfil.

A escolaridade, por sua vez, tende a refletir o grau de ocupação e o perfil socioeconômico das
atividades desenvolvidas no território, bem como a capacidade dos grupos sociais conseguirem atender
às demandas mais complexas resultantes da vivência contemporânea. A observação da renda da
população, bem como a distribuição das classes de renda dentro do conjunto dos indivíduos, ajuda a
entender de forma mais qualificada a realidade social em estudo. Embora muito próximas, as
microrregiões apresentam diferenças no grau de ocupação e na renda dos indivíduos, que revelam
características um pouco distintas na dinâmica local. O número de pessoas que declaram viver sem
rendimento é da ordem de 39,8% na MR de Garanhuns frente 33,8% na MR do Vale do Ipojuca.
Quando observados aqueles que vivem com mais 2 salários-mínimos não é possível perceber grandes
diferenças entre as regiões. Contudo fica claro que o há um aprofundamento das condições de
vulnerabilidade socioeconômica na MR de Garanhuns. Nesse contexto a oferta de postos de trabalho
pela absorção de mão de obra tem um potencial maior de gerar impacto econômico positivo nessas
regiões menos abastadas.

Quando olhados de forma individual, os municípios constantes na AID não possuem participação
central na economia de suas microrregiões e no Estado, estando mais vinculados à produção e o
consumo local, realidade contrastante com o fato que as microrregiões observadas têm uma
importância média no contexto estadual. A hiper concentração produtiva e monetária observada entre
as 19 microrregiões estaduais repete-se dentro desses espaços, em relação a suas cidades polo. Embora
a MR do Vale do Ipojuca, por exemplo, apresente o quarto maior Produto Interno Bruto – PIB do
Estado e a MR de Garanhuns apresente o sétimo maior volume, apenas cooperam com 7,96% e 3,13%
do PIB estadual. Tal realidade ocorre porque a MR de Recife e a MR de Suape concentram, juntas,
54,27% do PIB estadual. Essa tendencia concentradora repete-se nos espaços observados, onde as
cidades polo concentram mais de 40% das riquezas produzidas, e as duas microrregiões analisadas
concentram 67,64% das riquezas produzidas na mesorregião (Agreste Pernambucano).

Quando observado o comportamento produtivo dessas microrregiões, há uma concentração econômica


no setor dos serviços, em detrimento da agropecuária e da indústria. Proporcionalmente a MR de
Garanhuns tem parte maior de seu PIB oriundo da agropecuária e da indústria, embora tenha uma
participação menor no total estadual, frente a MR do Vale do Ipojuca. Nas centralidades (Caruaru e
Garanhuns), há um percentual de participação maior dos serviços, seguido da indústria e da
agropecuária, apesar de reunirem as maiores cifras em todos os ramos de atividade dentro de suas
regiões. Deve-se registrar que a produção agropecuária é aquela com maior difusão espacial dentro das
microrregiões, deixando clara a importância dessa atividade para todas as pequenas cidades desses
espaços, fazendo com que até nos territórios onde há predominância de outros setores na composição
do PIB, os espaços rurais ditam a dinâmica e os rumos da economia e da produção.

Embora a produção geral das pequenas cidades da microrregião não tenha repercussão estadual, a
circulação interna desses produtos demanda um conjunto de estruturas viárias que conectem os espaços
de produção aos espaços de consumo. Adicionalmente a esta realidade a proliferação das atividades
pecuárias têm implicado um volume crescente de produtos a serem escoados. Com a duplicação da
principal via de circulação o volume de produção poderá ser afetado, em detrimento da diminuição nos
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custos de transporte. De forma concreta deve-se anotar que a produção pecuária é bastante diversa e
tem, atualmente, a produção leiteira e a criação de galináceos como os grandes expoentes econômicos
da região. Ao longo do trecho estudado há uma presença constante de granjas, bem como de pasto
destinado à pecuária extensiva. A produção de leite é bem mais significativa na MR de Garanhuns, ao
passo que a produção de ovos tem destaque na MR do Vale do Ipojuca.

De maneira geral está claro que a AII tem importância central no desenvolvimento econômico da
mesorregião do Agreste Pernambucano, e que a rodovia BR-423 é a principal ligação entre os
municípios dessas microrregiões. A MR de Garanhuns parece ser aquela mais impactada pelas medidas
de alteração viária, uma vez que a rodovia em análise se converteu na principal ligação com a MR do
Vale do Ipojuca e com a capital do Estado (Recife). As diferenças observadas entre a regiões se
assentam de forma mais expressiva no desenvolvimento de suas cidades polo do que nas condições dos
demais municípios. Um direcionamento produtivo importante é a evolução da produção agrícola em
detrimento da aproximação da cidade de Garanhuns, fato justificado pelas condições de maior
humidade permitidas pelas condições geomorlógicas e edafoclimáticas vinculadas a um brejo de
altitude2.

2
AB’SABER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidade paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editora, 2003,
158p.
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SÃO CAETANO – PE

10.3.3.1 Histórico e dinâmica demográfica

O município de São Caetano está localizado na mesorregião do Agreste do Estado de Pernambuco, na


microrregião do Vale do Ipojuca. Sua formação administrativa deriva do desmembramento territorial
do município de Caruaru-PE, previsto na Lei Estadual no 1931, de 11 de setembro de 1928, depois de
figurar como distrito do município de Bezerros-PE, entre 1844 e 1911.

O primeiro topônimo foi atribuído como “São Caetano da Raposa”, com alteração para “São Caetano”,
em 1924 e, a última grafia, para “São Caitano”, em 1944. As alterações históricas na nomeação fazem
com que haja uma dissonância entre as formas adotadas pelo Poder Público Municipal e alguns órgãos
federais. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, adota a grafia Caitano para o nome
do município, ao passo que a Prefeitura faz uso da grafia com a letra “E”: Caetano. Para tanto,
considerando o respeito a autodeterminação e publicações recorrentes do Diário Oficial do Estado de
Pernambuco e da União, nas quais a grafia apresentada, para referir-se ao município, coincide com
aquela adotada pela Prefeitura; o presente trabalho adotará o topônimo São Caetano (fazendo-se as
correções gráficas necessárias para produtos construídos a partir de planilhas e textos com outra grafia).
O processo de ocupação territorial, por sua vez, ocorreu por meio dos usos das terras relacionados à
expansão pecuária, a partir dos municípios de Bezerros e Caruaru, ambos em Pernambuco (IBGE,
2022).

A população registrada no último censo demográfico, em 2010, foi de 35.274 habitantes, ao passo que
a população estimada, para o ano de 2021, é de 37.488. O crescimento populacional observado segue
uma tendência na série de dados, indicando um aumento na ordem de 6,2% na última década, o que
poderá ser confirmado com o censo demográfico de 2022 3. A taxa de crescimento da população
brasileira vem sendo reduzida, embora isso não seja regra na realidade de alguns espaços nacionais, a
depender do fluxo de relações que os municípios desempenham, entre si, na rede urbana (IBGE, 2022).
A taxa de crescimento populacional de São Caetano manteve-se baixa até a década de 1980, quando
deu um salto na ordem de 16%, em relação ao censo de 1991, mantendo o crescimento acima de 10%
até o ano 2000. Nos últimos 20 anos, a taxa de crescimento oscilou na ordem de 5%, com um
acréscimo de algo em torno de 2.000 habitantes por década, observado um destaque maior para a
proporção de mulheres. A série de dados demonstra uma distribuição média de algo em torno de 3% a
mais de mulheres do que de homens, com pequenas oscilações registradas pelos censos demográficos.
Tanto o crescimento vegetativo, quanto a distribuição entre homens, mulheres e a zona de residência
acompanham a tendência geral para o estado e para o país.

3
A pandemia de COVID-19, causada pela difusão mundial do vírus SARS-COV-2, iniciada no ano de 2020, gerou um
adiamento no Censo demográfico, previsto para ocorrer no ano de 2020. Diante deste adiamento, o Censo 2020 está sendo
realizado no ano de 2022.

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EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO - SÃO CAETANO-PE

40000
35000
30000
POPULAÇÃO

25000
20000
15000
10000
5000
0
1970 1980 1991 2000 2010 2021*
TOTAL 23933 24601 29598 33426 35274 37488
HOMENS 11429 11879 14437 16359 17203
MULHERES 12504 12722 15161 17067 18071

Figura 10.3-1– Evolução da população no município de São Caetano–PE, entre os anos de 1970 e 2021.

*Diante do adiamento do censo demográfico de 2020, que está sendo realizado no ano de 2022, os dados mais atuais da população estão
apresentados baseados na estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Fonte: IBGE, 2022.

A taxa de crescimento da população urbana do município registrou maior aceleração em 1991 (13%),
discreta desaceleração em 2000 (10,8%) e 2010 com (9,5%). Em 1970, a população de São Caetano
distribuía-se em 63,5% rural e 36,5% urbana, com incrementos progressivos dos residentes da zona
urbana, acompanhando a tendência estadual e nacional, marcadamente influenciada pelo êxodo rural
dos últimos 50 anos. Durante a década de 1980, o crescimento da população urbana intensificou-se e
inverteu a proporção de residentes a partir de 1991, chegando a 76,8% de população urbana e 23,2% de
população rural, em 2010. Em geral, esse fenômeno pode ser explicado pelas mudanças no
direcionamento macroeconômico nacional, que converteu os centros urbanos em receptores de mão de
obra, em relação à estrutura essencialmente agrícola vigente até então. No contexto atual, a
dinamização do setor de serviços ajuda a explicar o fundamento econômico, que justifica o arranjo
populacional atual atrelada à localização e o posicionamento em relação à rede urbana.

Adicionalmente a realidade local, do território em análise, deve-se creditar a expansão progressiva ao


centro econômico imediato (Caruaru-PE), parte do desenvolvimento da malha urbana do município. A
pujança econômica experimentada nas últimas décadas funcionou como um catalizador para uma rede
urbana mais ampla, capaz de suportar parte da mão de obra utilizada na indústria e nos serviços da
cidade polo. Ademais, a duplicação da rodovia BR-232, iniciada no ano de 2000, pode ter cooperado
com este processo, facilitando o deslocamento entre essas porções do território e melhorando as
condições para os movimentos pendulares, típicos de regiões metropolitanas (embora ainda não seja o
caso dos territórios aqui analisados). A urbanização das populações é uma tendência nacional iniciada
no final dos anos 1980, contudo, é preciso observar os fatores locais que podem cooperar para a
consolidação desses movimentos.

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EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA E RURAL DE SÃO CAETANO-


PE
URBANA RURAL TOTAL

40.000
35.274
NÚMERO DE HABITANTES

33.426
35.000
29.593
30.000
23.933 24.601
25.000 27.079
20.000 16.710 22.499
13.962
15.000
16.154
10.000 12.888
10.639 10.927
5.000 7.779 8.195

0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
ANO

Fonte: IBGE, 2022.


Figura 10.3-2– Evolução das populações urbanas e rurais no município de São Caetano-PE, entre os anos de 1970 e
2010.

A dinâmica populacional está intrinsecamente dependente das taxas de natalidade, mortalidade e


migração. Suas variações não são explicáveis, de forma isolada, a partir de qualquer um destes fatores,
sem a devida análise das séries de dados atualizadas na base do Sistema IBGE de Recuperação
Automática - SIDRA/IBGE. É possível considerar, como já explicado, alguns aspectos gerais como
tendências, que podem ter afetado substancialmente a evolução dos totais estimados anualmente para a
população residente. Considerando o contexto de análise do município de São Caetano pode-se elencar,
de forma definitiva, explicações como: a dinâmica socioeconômica da região imediata de Caruaru-PE;
a localização do município em relação à rede viária e aos fluxos da BR-232; e, o perfil municipal de
alteração das suas características produtivas. Estes pontos, por sua vez, figuram como dinamizadores
econômicos para a oferta de trabalho e renda, possibilitando a permanência ou atração populacional
para o município, reduzindo os fluxos emigratórios.

O comportamento da expansão da malha urbana permite a observação dos espaços de interesse para
consolidação dos agrupamentos humanos. A criação de novos loteamentos pode indicar os espaços
onde o mercado imobiliário local tem enxergado oportunidade e desejo de residência, indicando os
novos flancos de ocupação. A localização dos novos loteamentos do município de São Caetano (Figura
10.3-03) vinculam-se de forma mais profunda a rodovia BR-232. O direcionamento locacional
observado, ajuda a consolidar a compreensão de que os eixos viários têm o potencial de modular o
desenvolvimento das cidades, exigindo um olhar mais cuidadoso sobre as intervenções propostas.
Considerando que o trecho da rodovia que corta São Caetano não cruza regiões com adensamento
populacional relevante, não foi possível localizar espaços de expansão residencial.

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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-3– Mapa das áreas de expansão da malha urbana no município de São Caetano-PE.

10.3.3.2 Características da saúde pública municipal

A estrutura do sistema de atendimento à saúde pública é parte fundamental das políticas públicas em
todo o território nacional, com diferentes atribuições em cada nível de governo e região. A rede de
atendimento em saúde visa à atenção básica, hospitalar e ambulatorial. O município de São Caetano
conta com 14 estabelecimentos de saúde, dos quais 13 são públicos e 1 privado. Dos estabelecimentos
contabilizados: 12 realizam atendimento geral (ambulatorial) sem internação, 1 oferece atendimento de
especialidades médicas, com internação e 10 oferecem atendimento ambulatorial. O município não
dispõe de leitos hospitalares privados e apresenta 41 leitos hospitalares públicos, com apenas um
estabelecimento oferecendo atendimento de emergência. A quantidade reduzida de unidades
hospitalares é uma realidade compartilhada com os demais municípios de menor porte da região, dado
o quantitativo reduzido de moradores e a relativa facilidade de deslocamento entre a localidade e a
cidade polo que concentra, a um só tempo, os serviços públicos e privados de maior complexidade. Os
municípios ora estudados localizam-se a uma distância de no máximo 43,3 km do polo médico mais
próximo, o que significa um tempo máximo de 45 minutos. A cidade de São Caetano, objeto desta
análise, está a cerca de 20,7 km de Caruaru-PE, trajeto que pode ser percorrido em cerca de 20 minutos.

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Essa proximidade justifica uma rede básica mais ampla em detrimento do desenvolvimento de uma
rede de atendimento de média a alta complexidade, que poderia ficar ociosa por bastante tempo.

A estrutura municipal de saúde conta, atualmente, com nove unidades do Programa Saúde da Família –
PSF, quatro postos de saúde, um Núcleo de Apoio à Saúde da Família - NASF, uma unidade móvel de
atendimento e um hospital. Além das unidades citadas, a rede municipal de saúde conta com a estrutura
de organização e gestão da Secretária Municipal: dois centros de fisioterapia, uma academia da saúde,
um centro de gestão de saúde e uma unidade do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU,
totalizando 23 estruturas de atendimento vinculados à saúde da população. Esta rede busca,
prioritariamente, atuar na atenção básica à saúde, promovendo o monitoramento e o atendimento
precoce às demandas emergentes do cotidiano social. Parte considerável dessa estrutura é pública e
vinculada ao Sistema Único de Saúde – SUS, mantido pela União, por meio do Ministério da Saúde.
Esse atendimento básico, principalmente em ambientes profundamente desiguais, atua como um
promotor de desenvolvimento e qualidade de vida, auxiliando no controle de doenças crônicas e na
prevenção de epidemiologias adquiríveis.

A Portaria nº 204, 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, define a Lista Nacional de


Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública nos serviços de saúde
públicos e privados em todo o território nacional. Nesse sentido, a determinação do perfil nosólógico da
população de uma determinada porção do território nacional pode ser feita utilizando os dados
disponibilizados pelo Ministério da Saúde, disponíveis sobre o comportamento dos eventos de
manifestações de distúrbios na saúde, dentre as doenças repostadas, num dado período. O município de
São Caetano apresenta nove enfermidades, do grupo supracitado, reportadas ao Ministério entre os anos
de 2012 e 2022 (Figura 10.3-04). A quantidade de doenças reportadas merece nota, porque, entre os
municípios da Área Diretamente Afetada, os mais populosos tenderam a apresentar maior quantidade
de doenças reportadas no período analisado. Tal fato, em si, não é de difícil compreensão entendendo
que a maior diversidade de indivíduos pode gerar maior diversidade de enfermidades. Entretanto, uma
enfermidade em particular, merece maior atenção: a sífilis congênita.

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PERFIL NOSOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE SÃO CAETANO - PE


250
NÚMERO DE CASOS

200

150

100

50

0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
DENGUE 0 0 1 71 12 37 3 12 17 13 0
ZIKA VIRUS 0 0 0 4 7 0 0 0 0 0 0
SÍFILIS CONGÊNITA 48 57 86 71 133 210 122 150 130 90 0
SÍFILIS ADQUIRIDA 0 1 0 0 0 0 0 5 3 0 0
LHEISHIMANIOSE 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0
INTOXICAÇÃO EXÓGENA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11 1
ESQUITOSSOMOSE 1 2 2 2 2 1 0 0 0 0 0
HEPATITE 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0
TUBERCULOSE 2 2 6 11 4 7 13 10 3 18 1
HANSENÍASE 8 6 9 13 14 12 11 12 2 8 2
HIV/AIDS 2 7 3 7 5 3 3 7 1

Legenda: Foram apresentadas as doenças constantes na Portaria nº 204, 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, que define a
Lista Nacional de Notificação Compulsória.
Nota: Os espaços sem dados indicam ausência, para aquele ano, na base consultada.
Fonte: DATASUS, 2022.

Figura 10.3-4– Perfil nosológico do município de São Caetano, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e
2022.

A sífilis é uma doença causada pela bactéria Treponema pallidum, exclusiva dos seres humanos, que é
sexualmente transmissível. Trata-se de uma doença de tratamento conhecido, curável e com exames de
detecção disponíveis na rede pública de saúde (SUS) em todo o território nacional. A sífilis congênita,
por sua vez, é uma doença transmitida pela mãe (contaminada e não tratada ou tratada de forma não
adequada) para a criança durante a gestação. A presença de casos de sífilis congênita em números
bastante elevados, quando comparado aos casos de sífilis adquirida, pode revelar uma contaminação
silenciosa, presente no município, dada a ausência de testagem associada a uma ausência e/ou
ineficiência da assistência no pré-natal, que é ofertado a população. Considerando que quase a
totalidade dos partos ocorrem na rede de assistência à saúde, seja pública ou privada, a sífilis adquirida
(anterior ou durante a gravidez) só é identificada na hora do parto, não permitindo o tratamento e a
prevenção à contaminação vertical.

Outro fator indicativo das condições de baixa salubridade do ambiente municipal é a constante
notificação de casos de doenças com processos de transmissão e prevenção conhecidos. A tuberculose,
por exemplo, tem recorrência de contaminação em todos os municípios da área estudada. Em São
Caetano, durante todo o período observado, é possível identificar a recorrência de contaminação,
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mesmo diante de um baixo número de infectados. A baixa infecção demostra não haver um surto
instaurado ou uma condição de exceção epidemiológica, mas sim de uma condição sustentada, mantida
pelas condições socioespaciais vigentes. Os casos de hanseníase atendem ao mesmo padrão observado
no comportamento das contaminações de tuberculose, revelando uma realidade onde há uma clara
dificuldade de zerá-los. Os casos de contaminação por HIV têm apresentado um perfil que não
ultrapassou sete casos e não zera em nenhum dos anos com registro. A despeito do ocorrido nos casos
de sífilis, cumpre investigar a possibilidade de subnotificação vigente nesse tipo de infecção.

Não se pode, com profunda certeza, relacionar essa realidade ao fluxo de veículos e a dinamicidade
gerada pela rodovia da BR-232, todavia, é de notório conhecimento que as condições de
aprofundamento da pobreza estão relacionadas à algumas doenças, como as infecções sexualmente
transmissíveis e àquelas resultantes de vetores ambientalmente difundidos, como mosquitos e roedores.
No município de São Caetano, os casos de Dengue e Zika (doenças transmitidas pelo Aedes aegypti)
não apresentam grandes quantitativos em nenhum dos anos observados, mas, entre 2014 e 2021, há
recorrências de notificações de casos de dengue. Tal realidade não discorda do panorama nacional e
microrregional, revelando uma face complexa da gestão dos espaços urbanos, em realidades com
condições de habitabilidade bastante diversas.

Não obstante a estas questões que abarcam as condições sociais postas, é necessário lembrar que
qualquer ação no ambiente, que insira, retire ou desloque matéria, tem o potencial de agravar alguns
fatores de mudança das condições ambientais. A retirada ou depósito de materiais oriundos de obras de
engenharia, bem como o descarte indevido de resíduos de uso comum rejeitados pelos profissionais
integrantes da equipe de execução, pode gerar proliferação de vetores biológicos. Nesse contexto, é
fundamental a inserção, no planejamento, de estruturas de gerenciamento desses materiais inerentes às
atividades da obra, bem como dos resíduos das atividades humanas (alimentação, vestimenta, proteção
etc.) vinculadas ao projeto.

Todas estas questões de saúde resvalam diretamente na qualidade de vida dos sujeitos, determinando as
condições de salubridade para o desenvolvimento das atividades humanas. Nesse sentido, a fim de
perceber as condições de vida ofertadas por uma determinada localidade, é que marcadores e índices
foram desenvolvidos. O Índice de Desenvolvimento Humano - IDH é um indicador estatístico usado
para classificar os países e demais porções do território, que leva em consideração, para composição do
seu valor: a expectativa de vida; a educação (média de anos de escolaridade completados e anos
esperados de escolaridade ao entrar no sistema de educação); e, indicadores de renda per capita. O IDH
gera um valor resultante que vai de 0 a 1, sendo os valores próximos de 1 aqueles, que indicam
melhores condições de desenvolvimento humano. São Caetano tem um IDH 0,591 (IBGE, 2010).
Embora o valor seja baixo, é necessário registar que nos anos de 1991 e 2000 os índices eram 0,285 e
0,418, respectivamente. O IDH do Estado de Pernambuco foi de 0,673 (2010), 0,544 (2000) e 0,440
(1991), o que indica que, embora esteja abaixo da média estadual, o município segue a tendencia de
melhoria no índice de forma mais acentuada, quando comparado aos outros municípios da área
estudada, saindo da 6ª posição (1991), para a 4ª (2010).
10.3.3.3 Indicadores de educação, renda e trabalho

Considerando que o índice supracitado toma a educação como um dos fatores a determinar o
desenvolvimento humano, cumpre destacar que o município analisado conta com 39 estabelecimentos
de educação infantil, 43 de ensino fundamental e 5 de ensino médio, perfazendo um contingente de 457

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docentes e 7.706 estudantes. O número de instituições no município é marcado por dois fenômenos: a
leve diminuição nos últimos anos (Figura 10.3-05); e, a predominância de instituições privadas de
creches no ensino infantil. A educação infantil congrega as creches e as pré-escolas, nessa última
modalidade, há 32 instituições municipais e 7 privadas, com um adendo de que as instituições privadas
oferecem também o ensino fundamental.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO NÚMERO DE ESCOLAS/ANO, EM


SÃO CAETANO - PE
60
NÚMERO DE ESCOLAS

50

40

30

20

10

0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ensino infantil 52 48 50 51 52 52 50 49 43 43 43 42 41 39
Ensino fundamental* 55 54 54 53 54 54 53 52 48 45 45 44 43 43
Anos iniciais** 55 54 53 52 53 53 52 50 46 44 44 43 42 42
Anos finais** 9 11 12 14 15 15 15 15 15 14 14 15 15 15
Ensino médio 5 6 6 6 6 4 4 4 4 4 4 4 5 5

Legenda: *Os dados referentes às instituições de ensino fundamental apresentam os valores totais desta etapa do ensino. **Os
quantitativos de instituições ofertantes de anos iniciais e finais do ensino fundamental representam um desmembramento dos valores das
escolas de ensino fundamental.
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP, 2022; IBGE, 2022.

Figura 10.3-5– Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de São Caetano-PE, entre os
anos de 2008 e 2021

A aferição das condições de aprendizado permite, ao gestor, desenvolver estratégias para a melhoria
das estruturas e dos processos vigentes, a fim de ofertas as melhores condições de formação escolar.
Ciente da necessidade de avaliar e monitorar o desenvolvimento da educação básica no país, o
Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira – INEP, desenvolveu o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, em 2007.
Este índice reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos: o fluxo escolar e as médias de
desempenho nas avaliações. O índice varia de 0 a 10. A combinação entre fluxo e aprendizagem tem o
objetivo de equilibrar essas duas dimensões, compreendendo que a formação dentro do tempo
planejado e de qualidade é o melhor caminho para uma formação qualificada. O índice ainda é um
importante condutor de políticas públicas em prol da melhoria na educação, sendo utilizado como uma
ferramenta para acompanhamento das metas de qualidade para a educação básica.

O município de São Caetano tem conseguido melhorar seus índices ao longo dos anos (Figura 10.3-06),
embora ainda apresente valores abaixo da média estadual para o ensino público nos anos iniciais e
finais do ensino fundamental (Anos iniciais: São Caetano – 4,5; PE – 5,1; BR – 5,5; Anos finais: São
Caetano – 4,4; PE – 4,7; BR – 4,9) e no ensino médio (São Caetano – 4,2; PE – 4,4; BR – 3,9).

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Destaca-se, ainda, que, no que concerne ao desempenho no ensino médio, as escolas localizadas no
município obtiveram índices quase constantes nos últimos três anos de avaliação.

EVOLUÇÃO DO IDEB DO MUNICÍPIO DE SÃO CAETANO-PE

5
VALORES DO IDEBE

4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
E.F. Anos iniciais (Municipal) 2,5 3,1 3,5 4,4 4,5 4,7 4,8 4,8 4,5
E.F. Anos finais (Municipal) 2,4 2,3 3,3 3,6 3,6 3,8 4 4,3 4,4
E.F. Anos finais (Estadual) 2,4 2,1 2,5 3,4 3,9 4,1 1,9 4,7 4,5
Ensino médio (Estadual) 4,2 4,1 4,2

Legenda: E.F.: Ensino Fundamental; IDEB: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.


Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2021; IBGE, 2022.
Figura 10.3-6– Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de São Caetano-
PE, entre os anos de 2005 e 2021.

A qualidade formativa dialoga diretamente com a qualidade da mão de obra disponível em uma dada
porção do espaço. A educação formal tem seu histórico de massificação vinculado à necessidade de
formação de mão de obra. Nesse sentido, a compreensão desses processos formativos ajuda na
identificação do potencial gerador de sujeitos aptos a integrarem-se ao mercado de trabalho. Ademias, a
atual concepção educacional de desenvolvimento de sujeitos sociais, conscientes de sua realidade,
permite uma observação, por meio dos índices apresentados, da massa de indivíduos prontos a
juntarem-se aos processos de modificação espacial de forma ativa.
Pensando a realidade do município em estudo, é importante destacar que a taxa de alfabetização de 6 a
14 anos de idade, aferida no ano de 2010, foi de 97,2%. Essa realidade pode dar uma impressão
equivocada de estar diante de um potencial grupo social composto de sujeitos escolarizados, contudo, a
realidade apresentada contrasta com um número expressivo de 87,88% de pessoas que declaram, no
mesmo ano, serem sem instrução ou possuírem o ensino fundamental ou médio incompleto. Isso se
deve ao fato da alfabetização declarada está restrita aos sujeitos entre 6 e 14 anos de idade, fato que se
relaciona às políticas públicas para a escolarização na idade certa. O volume de pessoas com ensino
médio completo e que acessaram o ensino superior – completo e incompleto –, revela a face histórica
do inacesso de parte considerável da população ao ensino formal, embora, este (o ensino básico), esteja
universalizado, desde a promulgação da Constituição de 1988. É importante reafirmar que o acesso ao
ensino formal tem o potencial de garantir condições efetivas de inserção qualificada no mercado de
trabalho, ofertando ao sujeito meios para potencializar e agregar valor à sua mão de obra, atuando
como um gerador de renda indireto para o contexto local.
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Nível de instrução da população de São Caetano-PE

Sem instrução e fundamental incompleto

4.091 Fundamental completo e médio


incompleto
2.846 104 Médio completo e superior incompleto
651
547
21.503 Superior completo

Não determinado

Fonte: Censo demográfico de 2010, IBGE, 2022.


Figura 10.3-7– Nível de instrução da população de São Caetano-PE, aferido no censo de 2010.

A escolaridade de uma população reflete diretamente o grau de ocupação e o perfil socioeconômico das
atividades desenvolvidas. O município de São Caetano apresentou, em 2020, um grau de ocupação da
ordem de 9,5% (3.546 pessoas), recebendo um salário médio de 1,5 salário-mínimo. Adicionalmente,
56,4% da população possuía rendimento médio per capita de até 1/2 salário-mínimo. O censo
demográfico de 2010 identificou contradições mais profundas dentro da realidade local: enquanto 545
domicílios apresentaram renda declarada de mais de cinco salários-mínimos (26 deles declarando mais
de 20 salários-mínimos), 3.706 domicílios declararam viver com até um salário-mínimo (Figura 10.3-
08), excluindo-se destes últimos, 406 domicílios que declaram não ter rendimento.

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Renda declarada por quantidade de domicílio particulares permanente

Sem rendimento
2481 Até 1/2 S.M.
3517 95 De 1/2 a 1 S.M.
De 1 a 2 S.M.
545 26
De 2 a 5 S.M.
406 424
De 5 a 10 S.M.
1507 De 10 a 20 S.M.
2199 Mais de 20 S.M.

Legenda: S.M: Salário-Mínimo


Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
Figura 10.3-8– Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de São Caetano-PE, no
ano de 2010.

Quando observada a renda individual, essas condições cristalizam-se (Figura 10.3-09) com a
perspectiva de que 83,83% da população vive com até um salário-mínimo. Nesse contexto, a oferta de
postos de trabalho, com requerimento de qualificação técnica de baixo nível ou com potencial de
formação de mão de obra, pode gerar um incremento nas receitas municipais e uma melhoria nas
condições materiais de vida da população. O incremento de renda, além de melhorar a vida dos
sujeitos, tem o potencial de aumentar a dinâmica da economia local, considerando que os indivíduos de
mais baixa renda tendem a transformar toda a sua renda em consumo. Dessa forma, é pertinente
lembrar que para os grupos economicamente vulneráveis o incremento na renda significa poder efetivo
de compra, conectando a ação direcionada ao sujeito e, consequentemente, a uma intervenção direta na
dinâmica local.

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226 Classe de rendimento nominal mensal de São Caetano-PE


289 50 15
683 8
Sem rendimento
Até 1/4 de S.M.

3434 De 1/4 a 1/2 S.M.


De 1/2 a 1 S.M.
10133
De 1 a 2 S.M.
De 2 a 3 S.M.

8777 De 3 a 5 S.M.
De 5 a 10 S.M.
3386 De 10 a 15 S.M.
De 15 a 20 S.M.

2090 De 20 a 30 S.M.

Legenda: S.M.: Salário-Mínimo.


Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.
Figura 10.3-9– Rendimento mensal, por pessoa, no município de São Caetano-PE, no ano de 2010, por classe de
renda.

Embora o perfil econômico do município não esteja entre aqueles que apresenta a maior
vulnerabilidade social, os espaços urbanizados observados congregam condições particularmente
complexas, com realidades socioeconômicas severamente vulneráveis. As atividades econômicas
decorrentes do processo de desenvolvimento da obra de duplicação da BR-423 podem potencializar, a
curto prazo, a economia local por meio das atividades de serviços vinculadas à execução do projeto e
pode, a longo prazo, afirmar a posição logística de conexão entre as rodovias BR-232 e BR-423.

Adicionalmente, o treinamento e uso de trabalhadores no projeto de duplicação da rodovia tem o


potencial de ofertar profissionais qualificados para a construção civil, capazes de atuar tanto na esfera
local, para atender as demandas oriundas do processo de aquecimento do mercado imobiliário, quanto
como força de trabalho para os mercados, em franca expansão, dos polos microrregionais mais
próximos (Garanhuns e Vale do Ipojuca – capitaneado por Caruaru). Nesse sentido, os impactos
socioeconômicos positivos, na geração de emprego e mão de obra qualificada, podem extrapolar a
circunscrição temporal na execução da obra almejada.

10.3.3.4 Meios de comunicação de abrangência municipal

O desenvolvimento dos meios de comunicação, aliado à difusão das redes sociais eletrônicas, conferiu
uma importância central à comunicação social humana, como forma de compartilhamento de
informações em detrimento do tempo e do espaço. Não é possível, na atualidade, considerar os meios
de comunicação sem inserir, no bojo dos veículos analisados, a ocorrência de blogs, perfis em redes
sociais, canais no youtube etc., além dos meios já tradicionais (televisão, rádio, rádio difusão, jornal e
sites oficiais). O município de São Caetano conta com nove principais meios de comunicação, de
caráter local: dois vinculados à Prefeitura municipal (site e perfil no instagram) e quatro de notícias do
cotidiano (perfil instagram e perfil Facebook), duas rádios e um canal no youtube .

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Tabela 10.3-1– Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de São Caetano-PE.

CATEGORIA MEIO COMUNICAÇÃO SITE/@ RESPONSÁVEL CONTATO


https://www.instagram.com/saocae
Rede Social Instagram
tano_noface/
(87) 3784-1154
https://www.instagram.com/sao_ca
Rede Social Instagram (87) 3784-1146
etano_em_foco/
(87) 3784-1258
https://www.instagram.com/prefeit
Rede Social Instagram Prefeitura
uradesaocaetano.pe/
https://www.facebook.com/saocaet
Rede Social Facebook
anonoface
https://www.facebook.com/groups/
Rede Social Facebook
SCPEINTERATIVIDADE
Imprensa Rádio Rádio Cruzeiro FM 104.9
Rádio comunitária: Sistema
Imprensa Rádio ANA PAULA
independente de Comunicação
Site Oficial SITE https://saocaetano.pe.gov.br/ Prefeitura
https://www.youtube.com/channel/
São Caetano em
Rede Social YouTube UC3i8cOYRvXoCKFc2haM1Mz
Foco
A
Fonte: Dados da pesquisa de campo.

As estruturas de comunicação aqui apresentadas (vinculadas às redes sociais) não abarcam perfis
ligados, secundariamente, à Prefeitura (como secretarias etc.) ou a instituições privadas de comércio
(lojas, parques, restaurantes etc.), apenas tratando daqueles perfis que se propõem a informar questões
referentes ao cotidiano municipal, oficialmente ou não. É fundamental, nesta etapa do levantamento
dos dados, que eventuais reportamentos de fatos, feitos por instrumentos físicos ou digitais oriundos de
outras atividades, não figuram como atividade de comunicação. Nesse contexto, blogs pessoais ou
ações de influencers digitais não integram o bojo das atividades analisadas.

10.3.3.5 Áreas rurais, urbanas e de expansão, principais usos rurais

Os espaços urbanos e ruais, embora relacionados, são distintos entre si e guardam características
espaciais muito particulares. Essas porções do território distinguem-se não somente por suas estruturas
físicas, constitutivas de espaços geográficos complexos, mas também nas formas de uso a que estão
submetidas. Qualquer proposta de compreensão de qualquer um desses sítios demanda essencialmente
um entendimento do funcionamento e das perspectivas de ampliação de cada uma dessas estruturas
municipais, investigando a própria dinâmica de evolução espacial. É necessário, contudo, ponderar que
essas modificações espaciais estão submetidas a um conjunto de interesses meso e macroeconômicos
que modulam, de forma sensível, o desenvolvimento local.

Uma forma de apresentar a produção agropecuária do município é utilizar a divisão de atividades em


quatro grupos, proposta pelo IBGE: extração vegetal e silvicultura (Tabela 10.3-01); desenvolvimento
de lavouras temporárias (Tabela 10.3-02); desenvolvimento de lavouras permanentes (Tabela 10.3-03);
e, desenvolvimento de atividade pecuária (Tabelas MS04). A agropecuária respondeu, no ano de 2019,
por 7,96% do Produto Interno Bruto – PIB municipal, sendo a menor fonte de receitas em sua
composição, atrás de todos os outros segmentos, inclusive o da indústria. A predominância do peso da
administração pública é uma realidade compartilhada pelo conjunto dos municípios constantes nesta
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análise. Nesse cerne, vale destacar o ano de 2014, único momento em que os serviços conseguiram ser
a primeira fonte monetária para a composição do PIB. Após isso, seguiram em queda até 2016 e
posteriormente oscilaram de forma suave, mantendo o patamar (Figura 10.3-10).

PIB por atividade econômica de São Caetano - PE


180000
160000
140000
R$ (x1.000)

120000
100000
80000
60000
40000
20000
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Agropecuária 11042 10140 8016 8368 12660,6 22284,16 17495,18 24989,78 25050,16 27679,88
Indústria 9066 11455 14412 17373 20837,16 27147,74 34143,88 38240,9 35655,94 34925,41
Serviços - Exceto Adm. Pública 57653 72672 84312 102843 129683,69121596,95113350,84117623,11115223,04123056,37
Adm. Pública 77145 85403 92523 101041 114841,43121789,88 133774,2 145489,03154726,12161986,98

Legenda: Adm. Pública: Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social. R$: Reais Brasileiros
Nota: Os dados de 2019 estão sujeitos a revisão, em divulgações posteriores do instituto (Coleta em 29/09/2022)
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca
de Manaus – SUFRAMA.

Figura 10.3-10–Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de São Caetano-PE, por atividade, entre os
anos de 2010 e 2019.

A indústria respondeu por 10,05% do PIB municipal em 2019. A presença forte, em comparação com a
agropecuária, deve-se à presença da BR-232, que facilita o escoamento da produção, e à proximidade
da cidade de Caruaru-PE, que atua como um polo atrator de investimento. Embora fora da série
temporal apresentada no gráfico, verifica-se uma progressiva elevação da participação no PIB a partir
do ano de 2005. Vale destacar que a duplicação da BR-232 iniciou no ano de 2000 e foi concluída em
2007. A escoação da produção para a indústria ocupa um lugar central nos fatores de gerenciamento
locacional de instalação. Nesse sentido, uma malha viária desenvolvida é um vetor de desenvolvimento
econômico de grande importância para esse setor.

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Tabela 10.3-2– Características produtivas da extração vegetal no município de São Caetano-PE, entre os anos de 2004 e 2020.

Extração vegetal de São Caetano-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Quantidade produzida (t) 2 2 2 2 2 3 3 3 2 2 2 0
Castanha de caju
Valor da produção (*R$) 2 2 2 2 2 2 3 3 2 2 3 1
Quantidade produzida (t) 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 0
Umbu
Valor da produção (*R$) 0 0 1 0 0 1 1 1 0 0 0 0
Quantidade produzida (t) 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 0
Carvão Vegetal
Valor da produção (*R$) 1 1 1 1 1 1 1 2 2 3 4 2 0 0 0 0 0
Quantidade produzida (m³) 430 400 300 280 300 280 260 310 260 350 400 200 150 125 120 110 100
Lenha
Valor da produção (*R$) 3 3 3 3 3 3 3 3 3 5 6 3 5 4 4 4 4
Legenda: t: tonelada; R$: valor em real brasileiro *(x 1.000); m³: metros cúbicos.
Fonte: IBGE, Produção da Extração Vegetal e Silvicultura, 2020. Rio de Janeiro: IBGE, 2021
Nota: O símbolo "0" significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
Nota: Os espaços sem números indicam que não há registro de produção para aquele ano, zero absoluto.

Tabela 10.3-3– Características produtivas das lavouras permanente no município de São Caetano-PE, entre os anos 2004 e 2021.

Lavoura Permanente de São Caetano-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 2 2 1 1 1 1 1 2
Valor da produção (*R$) 1 1 0 0 1 1 1 1
Abacate Área destinada à colheita (ha) 3 3 2 2 2 2 2 3
Área colhida (ha) 3 3 2 2 2 2 2 3
Rendimento médio (kg/ha) 666 666 500 500 500 500 500 666
Quantidade produzida (t) 60 50 48 40 40 40 40 50 120 100 90 90 25 90 35 30 40 30
Banana
Valor da produção (*R$) 3 3 3 3 3 3 3 9 48 48 54 59 8 36 5 12 24 78
(cacho)
Área destinada à colheita (ha) 30 40 40 50 100 50 50 50 50 50 30 30 30 30 10 10 10 10
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Lavoura Permanente de São Caetano-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Área colhida (ha) 30 40 40 50 50 50 50 50 50 50 30 30 10 30 10 10 10 10
Rendimento médio (kg/ha) 2000 1250 1200 800 800 800 800 1000 2400 2000 3000 3000 2500 3000 3500 3000 4000 3000
Quantidade produzida (t) 3 4 4 4 4 4 4 5 8 4 4 4 1
Valor da produção (*R$) 3 4 4 4 3 3 3 5 8 4 5 8 2
Castanha
Área destinada à colheita (ha) 35 35 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 5 20 20
de cajú
Área colhida (ha) 35 35 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 5
Rendimento médio (kg/ha) 85 114 200 200 200 200 200 250 400 200 200 200 200
Quantidade produzida (t) 18 18 9 6 6 6 6 5 5 8 8 8 8
Valor da produção (*R$) 6 7 5 3 4 4 4 3 3 3 7 7 5
Coco da
Área destinada à colheita (ha) 6 6 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2
baía
Área colhida (ha) 6 6 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2
Rendimento médio (kg/ha) 3000 3000 3000 2000 2000 2000 2000 2500 2500 4000 4000 4000 4000
Quantidade produzida (t) 2 1 3
Valor da produção (*R$) 4 2 7
Café (grão) Área destinada à colheita (ha) 10 10 10
Área colhida (ha) 10 10 10
Rendimento médio (kg/ha) 200 100 300
Quantidade produzida (t) 16 12 10 8 4 2 2
Valor da produção (*R$) 4 4 4 4 2 1 1
Goiaba Área destinada à colheita (ha) 8 8 8 8 4 2 2
Área colhida (ha) 8 8 8 8 4 2 2
Rendimento médio (kg/ha) 2000 1500 1250 1000 1000 1000 1000
Quantidade produzida (t) 7 5 2 1 1 1 1 2 2 40
Laranja
Valor da produção (*R$) 2 1 1 0 1 1 1 1 1 43

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2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Área destinada à colheita (ha) 7 5 2 1 1 1 1 2 1 8
Área colhida (ha) 7 5 2 1 1 1 1 2 1 8
Rendimento médio (kg/ha) 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 2000 5000
Quantidade produzida (t) 2 2 2 2 2 2 2
Valor da produção (*R$) 1 1 1 1 1 1 1
Mamão Área destinada à colheita (ha) 1 1 1 1 1 1 1
Área colhida (ha) 1 1 1 1 1 1 1
Rendimento médio (kg/ha) 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000
Quantidade produzida (t) 9 9 8 8 8 8 8 8 32 42 40 40 40 20 50 50 50
Valor da produção (*R$) 2 3 3 3 5 5 5 5 8 13 14 10 40 14 50 55 55
Manga Área destinada à colheita (ha) 12 10 10 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 10 10 10
Área colhida (ha) 12 10 10 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 10 10 10
Rendimento médio (kg/ha) 750 900 800 1000 1000 1000 1000 1000 4000 5250 5000 5000 5000 2500 5000 5000 5000
Quantidade produzida (t) 50
Valor da produção (*R$) 75
Maracujá Área destinada à colheita (ha) 5
Área colhida (ha) 5
Rendimento médio (kg/ha) 10000
Legenda: t: Tonelada; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares.
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

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Tabela 10.3-4– Características produtivas das lavouras temporárias no município de São Caetano-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Lavouras Temporárias de São Caetano-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 22 18 32 30 30 30 30 30 30 28 18 60 20 14 300 275 275
Valor da produção (R$) 10 9 18 16 18 18 18 18 24 19 11 48 20 17 390 330 330
Batata doce Área plantada 15 10 8 10 10 10 10 10 5 6 3 10 3 3 50 50 50
Área colhida 15 10 8 10 10 10 10 10 5 6 3 10 3 3 50 50 50
Rendimento médio 1466 1800 4000 3000 3000 3000 3000 3000 6000 4667 6000 6000 6667 4667 6000 5500 5500
Quantidade produzida (t) 10000 10000
Valor da produção (R$) 500 500
Cana de açúcar Área plantada 500 500
Área colhida 500 500
Rendimento médio 20000 20000
Quantidade produzida (t) 3 3 2 2 3 15 15
Valor da produção (R$) 3 3 2 3 2 21 21
Fava (grão) Área plantada 20 15 10 10 25 25 25
Área colhida 20 15 10 10 25 25 25
Rendimento médio 150 200 200 200 120 600 600
Quantidade produzida (t) 100 86 62 47 159 112 682 288 10 43 93 93 13 48 140 20 32 1
Valor da produção (R$) 95 108 87 80 250 134 1227 515 31 86 128 186 78 127 560 77 160 5
Feijão Área plantada 580 770 650 750 880 880 880 880 720 400 310 310 200 310 800 650 600 400
Área colhida 580 725 650 750 880 880 880 880 270 400 310 310 60 310 800 145 180 20
Rendimento médio 172 118 95 62 180 127 775 327 37 108 300 300 217 155 175 138 178 50
Quantidade produzida (t) 2 2
Valor da produção (R$) 2 1
Mamona Área plantada 2 2
Área colhida 2 2
Rendimento médio 1000 1000
Quantidade produzida (t) 900 600 1120 800 960 1200 1200 1600 1000 300 480 450 48 240 770 104 1040 350
Mandioca Valor da produção (R$) 108 81 134 104 173 216 222 320 356 238 315 135 48 204 431 208 728 324
Área plantada 150 100 160 160 300 240 240 200 200 60 60 50 60 60 110 20 130 70
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2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Área colhida 150 100 160 160 160 240 240 200 200 60 60 50 60 60 110 16 130 70
Rendimento médio 6000 6000 7000 5000 6000 5000 5000 8000 5000 5000 8000 9000 800 4000 7000 6500 8000 5000
Quantidade produzida (t) 50 78 60 42 176 192 620 320 8 35 120 200 35 65 310 58 41 8
Valor da produção (R$) 20 31 27 19 97 86 279 192 5 20 72 132 25 65 310 58 45 14
Milho Área plantada 500 700 600 700 800 800 800 900 650 300 350 400 350 350 1300 800 500 400
Área colhida 500 650 600 700 800 800 800 900 250 300 350 400 100 350 1300 240 150 80
Rendimento médio 100 120 100 60 220 240 775 355 32 117 343 500 350 186 238 242 273 100
Quantidade produzida (t) 8
Valor da produção (R$) 2
Sorgo (grão) Área plantada 10
Área colhida 10
Rendimento médio 800
Quantidade produzida (t) 200 120 120 500
Valor da produção (R$) 180 72 72 350
Tomate Área plantada 10 6 6 20 5
Área colhida 10 6 6 20
Rendimento médio 20000 20000 20000 25000
Legenda: t: Tonela; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

Tabela 10.3-5– Características produtivas da produção pecuária no município de São Caetano-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Produção Pecuária de São Caetano-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Efetivo do rebanho
Asinino 200 180 170 140 90 210 220 260 220
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
9800 14200 12800 10800 10200 18800 20600 22500 16200 17800 19000 18500 14507 14650 15100 15964 18061 19398
(Cabeças)
Bovino
Vaca ordenhada
1800 1900 1800 1600 1500 2600 2700 2750 2100 2200 2500 2600 2400 2425 2320 2347 2709 2363
(Cabeças)

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Produção Pecuária de São Caetano-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida
1350 1440 1350 1200 1170 2028 2106 2158 1640 1760 1800 2800 1800 1830 1754 1774 2048 1796
Leite de (*L)
vaca Valor da produção
1942 1558 2200 1980 2800 2430 2745 2806 3017 3686 3771
(*R$)
Efetivo do rebanho
Caprino 3100 3300 3500 3800 3500 5900 5900 6980 4650 5400 4500 5000 5000 4220 4500 6200 7095 8160
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
Equino 500 460 420 400 420 460 500 550 450 530 500 450 450 380 410 438 448 513
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
22220 16300 16300 9900 9150 236000 236000 222000 222000 185000 200000 200000 200000 230000 210000 207100 200800 143400
Galináceo (Cabeças)
Galinha (Cabeças) 5020 3800 2600 2100 1950 27000 37200 32500 27200 24500 70000 90000 90000 140000 127000 124200 129000 80900
Quantidade produzida
35 28 21 17 16 539 709 612 455 466 1050 1500 1650 2700 2770 3203 3059 2480
(Dúzias)
Ovos
Valor da produção
1499 1251 1165 3675 6750 4950 8775 8587 9992 10095 9299
(*R$)
Quantidade produzida
70 80 40 50 25 40 40 45 50 60 50
Mel de (kg)
Abelha Valor da produção
0 1 1 1
(*R$)
Efetivo do rebanho
Muares 300 280 260 250 260 350 350 410 350
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
Ovino 2600 2700 2900 3100 2800 3700 4000 4750 3120 3700 3000 550 600 1430 1600 10300 12986 15328
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
1480 1500 1370 1150 1080 1480 1600 1870 1540 1700 2000 2200 2000 2500 2700 5719 5615 7020
Suíno (Cabeças)
Matriz (Cabeças) 340 380 400 400 480 450 897 898 912
Legenda: R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); L: Litro *(x 1.000); kg: Quilogramas
Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2021, Rio de Janeiro: IBGE, 2022 .

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As atividades agropecuárias observadas, quando bem desenvolvidas, garantem a predominância desses


espaços no ordenamento territorial do município. O núcleo urbano do município de São Caetano, com
cerca de 8,35 Km², é cortado pela BR-232, vinculando-se de forma mais direta com o funcionamento
desta rodovia, do que em relação à BR-423. O município funciona como um entreposto, localizado no
entroncamento dessas importantes rodovias (Figura 10.3-11). A proximidade com a malha urbana de
Caruaru-PE e as boas condições de trafegabilidade, potencializadas pela BR-232 duplicada entre os
anos de 2000 e 2007, geraram um desenvolvimento progressivo nos setores da indústria e de serviços,
relegando a agropecuária a uma posição de menor importância para o contexto local. O quarto lugar
ocupado pela atividade agropecuária, na participação do PIB municipal, contrasta com a contribuição
desse setor na microrregião (1,96%), tendo uma participação proporcionalmente maior do que a da
produção industrial (1,88%), no ano de 2019.

Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-11–Localização da malha urbana de São Caetano-PE, em relação à BR-423 e à BR-232.

A produção agrícola apresentada nos ajuda entender o perfil de ocupação do espaço geográfico
municipal e o funcionamento dos principais usos e ocupações da terra, nessa porção do território. A
atividade de extração vegetal e silvicultura nos apresentam a dinâmica econômica desenvolvida dentro
uma lógica de manejo e exploração da vegetação nativa do ambiente. Para o município, seguindo uma
tendência regional, fica evidente a não relevância na estrutura econômica local, deixando essa atividade
restrita à um número limitado de gêneros. Apenas quatro grupos de gêneros produtivos são
apresentados vinculadas a este ramo de atividade produtiva: castanha de caju; umbu; carvão vegetal; e,
lenha.
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A produção de caju (Anacardium occidentale) está diretamente ligada à tradição regional de


comercialização da castanha de caju para consumo humano. O pseudofruto (caju) embora rico em
nutrientes e com amplo aproveitamento na indústria alimentícia (polpa, suco concentrado, doces etc.),
quando colhido de forma direta em volumes menores, não apresenta o mesmo valor econômico que o
fruto (castanha de caju), bem mais valorizado, com custo para venda direta ao consumidor (na região
de estudo) variando entre 50 e 100 reais por quilograma. A produção dessa castanha não tem sido
perene em todo o histórico apresentado (Tabela 10.3-01), sendo interrompida no ano de 2015. O
período em que houve produção registrada esteve limitada a marca de três toneladas, com um
rendimento nunca superior a 3.000 reais.

O umbu (Spondias tuberosa L.), da mesma família do caju, tem importância econômica derivada do
consumo local e regional do fruto, presente na alimentação em natura e em preparos de doces. Outras
partes da árvore também podem ser consumidas, embora raramente comercializadas. A produção do
umbu, a exemplo do observado na castanha de caju, encerra-se no ano de 2015 com igual volume de
produção e rendimento. O uso das espécies lenhosas, in natura ou em forma de carvão vegetal, é uma
prática comum na realidade do bioma Caatinga, sendo, o desflorestamento, um dos principais fatores de
pressão antrópica sobre este. Nesse sentido, a produção e a comercialização desses gêneros não
apresentam interrupção produtiva no período analisado e estão bastante vinculadas a volumes baixos de
rendimento, atingindo um valor de produção nunca superior a 10.000,00 reais.

O regime hídrico da região (marcado pela existência de um período longo de estiagem com
precipitação concentrada em um lapso temporal bastante estreito), associado a uma rede de drenagem
predominantemente intermitente e efêmera, apresenta condições de baixa potencialidade para o
desenvolvimento de lavouras permanentes (Tabela 10.3-02). Dos gêneros já produzidos no município
(entre os anos de 2004 e 2021) apenas a banana apresenta produção constante em todo o período, com a
manutenção da área plantada no ano anterior em 10 hectares. Quando observada evolução da área
destinada a colheita do primeiro ano até agora, percebe-se uma diminuição de dois terços, saindo de 30
hectares para apenas 10. Vale destacar, durante o período estudado, que a produção já foi de 100
hectares em 2008 e passou para a marca de 50 hectares entre os anos de 2009 e 2013, quando começou
a declinar até o padrão mais recente. Vale, por fim, ressaltar que, entre os anos de 2020 e 2021, houve
uma diminuição de 1000 kg/ha na produtividade, contudo, apresentando um rendimento 325% maior.
A volatilidade desse tipo de produto tende a estar vinculado à oferta no mercado, que pode provocar
oscilações entre os anos.

Os demais itens observados (abacate, castanha de caju, coco baía, café, goiaba, laranja, mamão, manga
e maracujá) não apresentaram produção linear. A produção de manga apresenta-se estável até o ano de
2020, quando encerra, concentrada em uma área de 10 hectares a um rendimento médio de 5000 kg/ha.
Vale destacar que, desde o ano de 20013, esse rendimento médio apresentou-se bastante constante. As
produções de café e de maracujá, por sua vez, estiveram temporalmente confinadas a alguns anos. Não
houve nenhum ano, na série apresentada, em que seja possível constatar a produção de todos os gêneros
listados. Nos anos em que, nove dos dez gêneros apresentados, foram produzidos (2004 e 2005)
geraram juntos 83.000,00 e 73.000,00 reais.

A agricultura de sequeiro (ou seja, aquela com ciclo produtivo ajustado ao regime hídrico da região) é
uma realidade constante nos ambientes semiáridos e subúmidos do Nordeste brasileiro e mantém-se na
economia do município de São Caetano, mesmo diante de um contexto em que a produção pecuária
tem maior impacto. As lavouras temporárias apresentam-se seguindo uma tendência regional. O
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município apresenta um conjunto de nove gêneros produtivos registrados entre os anos de 2004 e 2021,
com maior incidência de quatro deles: batata doce; feijão; mandioca; e, milho. Em 2021, contudo, não
foi registada a produção de batata doce. Os três outros gêneros produzidos ocuparam uma área de
aproximadamente 8,7 km² (870 ha), a qual oscilou bastante nos anos observados, com uma
correspondência entre a produção de feijão e milho distantes da produção de mandioca, que tem
ocupado nos últimos anos uma área sempre inferior a 1 km². Essas dimensões espaciais produtivas não
encontraram equivalência em nenhum dos municípios estudados.

No ano de 2019, os três gêneros produzidos, somados, apresentaram um valor de produção de apenas
R$744.000,00. Quantia bastante singular, quando comparada a Calçado-PE, que deteve um montante
de 12, 6 milhões (1700% maior) somente na produção de feijão, no ano de 2021. Considerando que,
ainda assim, o município apresenta um PIB agropecuário de 27,6 milhões de reais, deve-se inferir que
os valores totais observados são oriundos de outros seguimentos. A pecuária tem se apresentado como
o principal segmento econômico, diante de uma produção de lavouras permanentes e de produtos de
extração vegetal igualmente irrisórios.

ÁREA DESTINADA A CULTIVO DE LAVOURAS TEMPORÁRIAS EM


SÃO CAETANO-PE

14
ÁREA (KM²)

12
10
8
6
4
2
0
200 200 200 200 200 200 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 202 202
4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1
BATATA DOCE 0,15 0,1 0,08 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,05 0,06 0,03 0,1 0,03 0,03 0,5 0,5 0,5 0
CANA DE AÇÚCAR 0 0 0 0 0 0 5 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
FAVA(GRÃO) 0,2 0,15 0,1 0,1 0 0,25 0,25 0,25 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
FEIJÃO 5,8 7,7 6,5 7,5 8,8 8,8 8,8 8,8 7,2 4 3,1 3,1 2 3,1 8 6,5 6 4
MAMONA 0 0 0,02 0,02 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MANDIOCA 1,5 1 1,6 1,6 3 2,4 2,4 2 2 0,6 0,6 0,5 0,6 0,6 1,1 0,2 1,3 0,7
MILHO 5 7 6 7 8 8 8 9 6,5 3 3,5 4 3,5 3,5 13 8 5 4
SORGO (GRÃO0 0 0 0 0 0,1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
TOMATE 0 0 0 0 0,1 0,06 0,06 0,2 0,05 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Fonte – IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.
Figura 10.3-12– Evolução da área plantada com lavouras temporária, no município de São Caetano-PE, entre os
anos de 2004 e 2021.

A pecuária tem sua raiz histórica, em Pernambuco, vinculada à ocupação dos espaços agrestes do
interior do Estado, tanto atrelada à produção de carne como à de laticínios, para abastecimento da zona
da mata canavieira. Outra característica mais recente, presente na região do Agreste pernambucano, é o
desenvolvimento da atividade avícola (especialmente de galináceos) com a proliferação da atividade
granjeira em vários municípios. A observação da Tabela 10.3-04 permite a identificação de quatro
principais ramos, com importância no desenvolvimento econômico da pecuária no município: bovinos,
produção de leite, galináceos e ovinos.

No que concerne ao rebanho de bovinos, podemos observar que ele atinge seu pico entre os anos de
2010 e 2011, com mais de 20.000 cabeças de gado. Por outro lado, a proporção do rebanho destinada à
ordenha atinge seu pico em 2020, com um número de 2.709 animais, em um total de 18.061 cabeças. A

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valor da produção leiteira do município atingiu o quantitativo mais alto em 2021, sendo de R$
3.771.000,00, com um rebanho de 2.363 cabeças de gado e uma produção de 1.796.000 litros de leite.

Já avicultura local, no ano de 2021, contou com um efetivo de 143.400 cabeças de galináceos, dos
quais 80.900 estiveram vinculados à produção de ovos, respondendo por um valor de produção de R$
9.299.000,00, demostrando o peso dessa atividade. A criação de ovinos também merece destaque por
sua evolução, partindo de um rebanho de 2.600 cabeças no ano de 2004, para 15.328 cabeças em 2021,
sendo o maior quantitativo já apresentado. Soma-se, ainda, a estes quatro segmentos às criações de:
asinino, caprino, equino, muares, suíno e a produção de mel de abelha; que contribuem para um
rebanho total (entre todas as espécies de criação) de 277.994 cabeças.

O perfil agropecuário municipal merece destaque por ter parte considerável de seus volumes
econômicos vinculados às produções avícola e de gado, que estão mais ligadas à uma atividade
logisticamente estruturada pelos insumos necessários às suas produções e comercialização. Esse tipo de
produção tende a estar relacionada a núcleos familiares mais abastados, desconectados da realidade
imperante, composta por pequenos agricultores que praticam uma economia de subsistência.

O uso e a ocupação dos solos estão diretamente vinculados às estruturas econômicas vigentes nos
diferentes tempos históricos que constituíram a realidade do município. Quando observada a cobertura
atual da terra de São Caetano percebe-se uma predominância de uso vinculado às atividades
agropecuárias, seguida pela cobertura vegetal nativa (30,84%) – bastante marcante. O percentual de
cobertura de uso pela agropecuária (54,23%) vincula-se de forma mais detida a produção pecuária, em
detrimento da agricultura, uma vez que as áreas destinadas a este segundo ramo não reuniram, no ano
de 2021, mais do que 8,7 km². A vocação para o setor de serviços, indicado na constituição do PIB
municipal, pode também direcionar os contingentes populacionais para as áreas urbanas fazendo com
que as atividades agrícolas percam força no contexto local.

Dentro do núcleo de municípios alvos desta investigação, São Caetano é aquele que apresenta uma
maior área (proporcional ao território) recoberta com vegetação natural. No boja mais amplo de
unidades territoriais, incluindo os polos regionais (Caruaru e Garanhuns), é o segundo nesse tipo de
cobertura – atrás apenas de Caruaru (50,98% de suas terras recobertas por vegetação natural). À
vegetação natural original soma-se as porções territoriais com vegetação natural alterada (12,83%),
geralmente vinculadas a espaços abandonados pela atividade agropecuária e que atualmente apresentam
uma vegetação secundária em processo de consolidação. A resiliência dos ambientes semiáridos
brasileiros e da vegetação de caatinga pode vincular-se a esta realidade, uma vez que uma área
abandonada pela agropecuária em poucos anos poderá apresentar uma vegetação secundária
considerável, passível de identificação por sensoriamento remoto.

Na área imediatamente próxima ao empreendimento, lindeira a rodovia BR-423, há uma predominância


de espaços destinados a pecuária, com pastagem para o gado, e poucos espaços destinados a produção
agrícola. Os pouco espaços destinados a agricultura estão fisicamente distantes da via de circulação. A
atividade granjeira tem relação mais direta com as vias de circulação, sendo possível, durante todo o
percurso, a identificação desses núcleos produtivos num raio de poucos quilômetros da BR. A presença
dessas unidades está inegavelmente vinculada ao escoamento da produção e a facilidade de instalação
das unidades, uma vez que a criação é intensiva, com as aves acondicionadas em espaços confinados
para engorda ou produção de ovos. Nesse contexto a produção pecuária se difunde no espaço sem
alterar de forma tão severa a paisagem (a exceção da criação extensiva de gado – que pode requerer a

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instalação de vastos pastos), permitindo uma coocorrência entre uma produção ampla em volume e uma
cobertura vegetal original difusa.

No município de São Caetano há (segundo relatório publicado em 19 de maio de 2022 da Diretoria de


Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento, do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento) um assentamento rural oriundo de projetos de reforma agrária. O assentamento Santa
Izabel foi instalado em 16 de dezembro de 2005 e tem capacidade de abrigar 34 famílias, atualmente,
conta com 30. O assentamento ocupa uma área de mais de 914 hectares e está localizado na altura do
quilômetro 22 da rodovia BR-423, na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano). Não há
uso da faixa de domínio da rodovia para qualquer atividade pelos assentados ou qualquer outro grupo.

BR-423

Fonte: Os autores, jan/2023.


Nota: Assentamento localizado no km 22 da rodovia BR-423, na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano). Imagem tomadas
da rodovia.
Figura 10.3-13–Entrada do Assentamento Santa Isabel as margens da BR 423, no trecho que corta o município de
São Caetano-PE.

10.3.3.6 Área Diretamente Afetada - ADA

A Área Diretamente Afetada - ADA pelo empreendimento compreende toda a faixa de domínio da BR-
423, no trecho entre os quilômetros 18,20 e 86,12, considerando-se uma margem de 35 metros para
cada lado, a partir do eixo central da via (70 metros no total). O trecho da rodovia que cruza São
Caetano (relativamente extenso) é bastante limitado no número de espaços que tocam a área em
análise. Foram registradas 14 unidades espaciais, localizadas em 3 pontos. Dessas unidades localizadas
na ADA cinco delas tinham como atividade principal o cultivo, cinco tinham o comércio, três foram
reportadas como residências e uma exercia dupla função. O bloco mais consolidado de unidades
espaciais localiza-se na altura do quilômetro 25,5, com uma sucessão de residências e comércios.

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São Caetano
BR-423

BR-423 Garanhun
s
Legenda: A linha vermelha tracejada (------) indica o ponto de continuidade entre as imagens. A e B: fotografias distintas e contínuas de
um trecho construído na Área Diretamente Afetada pelo empreendimento, no km 25,5 da rodovia BR-423. Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-14– Estruturas localizadas, parcial ou integralmente, na área de domínio da BR-423, no trecho que corta
o município de São Caetano-PE.

O uso da faixa de domínio, na sessão rural do município, é bastante restrito principalmente para
o desenvolvimento de atividades agrícolas. Municípios como Cachoeirinha-PE e Lajedo-PE
partilham dessa mesma condição, com um relativo respeito à zona de resguardo da rodovia.
Nesse contexto, é espacialmente visível que os pontos de utilização se concentram em um
trecho, entre os quilômetros 24 e 26, e um segundo ponto no quilometro 31. Os trechos com
cultivo mostraram-se vinculados a indivíduos que residiam imediatamente próximos a área
trabalhada, diferente do que se observou em outros espaços.

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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-15– Mapa de localização das residências e cultivos dentro da faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o município de São Caetano-PE.

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Os indivíduos entrevistados indicaram um tempo de residência superior há 10 anos (com duas exceções
uma de sete meses e outra de quatro anos), o que revela que a posição e a ocupação são bastante
antigas. Embora não seja possível aferir se de fato os comércios têm o mesmo tempo de duração dos
imóveis onde estão instalados, a dependência da ADA para o desenvolvimento de suas atividades, é
expressa por cinco deles, com relatos de dependência total. Outro fator que precisa ser considerado é
que a maioria dos estabelecimentos citados conta com uma estrutura física consolidada e, parte
importante do atendimento ao público, é realizada nas porções constantes na área de interesse.
Adicionalmente, o uso da ADA como estacionamento para os estabelecimentos figura como uma regra.

São Caetano BR-423 Garanhu


ns
Legenda: A área destacada em vermelho indica o uso da faixa de domínio da rodovia como estacionamento para os veículos dos
consumidores, na altura do km 25,5.
Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-16– Uso da área de domínio da BR-423 como estacionamento para clientes de estabelecimentos
comerciais, no trecho que corta o município de São Caetano-PE.

Os estabelecimentos observados movimentam valores mensais modestos, embora nem todos os


entrevistados tenham indicado o rendimento mensal da unidade comercial. O maior volume econômico
reportado foi de R$ 20.000,00 mensais, seguido de valores menores, girando em torno dos R$ 1.000,00
por mês. Considerando que os tipos de estabelecimentos encontrados foram de frigorífico, bar,
restaurante, oficina mecânica e venda de hortifrutis, o rendimento informado coaduna com o padrão de
unidades comerciais dessas tipologias, principalmente quando localizadas em pontos distantes das
manchas urbanas. Ainda concordando com este perfil, apenas dois dos estabelecimentos reportaram uso
de mão de obra contratada para as atividades, ambos sem registro formal, o que indica uma
informalidade no desenvolvimento da atividade.

As respostas sobre as condições de segura da via mostraram percepções distintas quando a relação com
a unidade espacial observada, bem como quanto ao risco de acidentes. Na primeira pergunta, sete
entrevistados consideraram insegura ou totalmente insegura a sua localização em relação à rodovia, ao
passo que seis indicaram a posição como segura. No que concerne ao risco de acidentes, o conjunto dos
entrevistados alternaram a sua percepção em relação a pergunta anterior com cinco deles considerando
inseguro e oito considerando seguro. Já no que diz respeito à segurança da travessia, há quase que uma
unanimidade sobre a insegurança nas diferentes porções do trecho analisado. Essa percepção de
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insegurança geralmente está atrelada ao intenso fluxo de veículos, que dificulta a travessia em horários
de pico, nem sempre estando vinculada a eventos vivenciados ou testemunhados de acidentes. Durante
todo o trecho estudado foram colhidos relatos nas manchas urbanas (onde há um número maior de
redutores de velocidade) de percepção de segurança na travessia, sempre ressalvada a dificuldade para
transpor a via em momentos de maior intensidade de fluxo.

Por fim, a percepção de melhoria, diante de uma possível duplicação, foi unânime, com duas indicações
de provável aumento nas vendas para as unidades comerciais. Essa observação de provável impacto
positivo, para os estabelecimentos desta porção da estrada, contrasta com o indicado nas entrevistas em
pontos das manchas urbanas de outros municípios. Nessas localidades, o medo da dificuldade por
inacesso, a partir da mudança na estrutura da via, criou uma sensação de provável prejuízo. Na
localidade agora investigada, o entendimento de que a duplicação proposta aumentará o fluxo sem
intervir no acesso, pela desnecessidade de instalação de uma via local (apartada da faixa de rolamento),
criou uma perspectiva de ganho. Nesta parte da entrevista, não foi feita nenhuma ressalva sobre às
prováveis condições de transposição da via (travessia), consideradas pela quase totalidade das pessoas
como atualmente inseguras. A desconsideração apontada pode estar vinculada à compreensão mais
intensa dos ganhos prováveis, levando possíveis dificuldades a um lugar de menor importância.

CACHOEIRINHA – PE

10.3.4.1 Histórico e dinâmica demográfica

O município de Cachoeirinha localiza-se na mesorregião do Agreste Pernambucano, na microrregião


do Vale do Ipojuca. O antigo distrito do município de São Bento do Una - PE, entre 1892 e 1958, foi
elevado à categoria de município com a denominação de Cachoeirinha, pela Lei Estadual º 7.3309, de
17 de dezembro 1958. Vale destacar que o desenvolvimento da fazenda Cachoeirinha esteve atrelado à
dissolução da República dos Palmares, por volta de 1694, o então distrito só alcança a categoria de
município nos anos 1958, quase três séculos depois de seu primeiro processo de expansão (IBGE,
2022). Com o passar dos anos, a produção pecuária ganhou importância no contexto local e atualmente
representa um importante ativo para o desenvolvimento dos serviços no município. Conhecida como a
cidade do aço e do couro, Cachoeirinha, direcionou a sua produção para o desenvolvimento de produtos
voltados à criação de cavalos, selaria etc., e para a venda de carne e queijo, principalmente em
estabelecimentos às margens da BR-423.

O município de Cachoeirinha tem uma população aferida, no último censo demográfico de 2010, de
18.819 pessoas e uma população estimada, para o ano de 2021, de 20.618 pessoas. A leve expansão
populacional segue uma tendência nacional de discreto crescimento, que poderá ser confirmada no
censo demográfico de 2022 (Figura 10.3-17). Embora a taxa de crescimento da população brasileira
tenha diminuído ao longo dos anos, o município em análise tem se mostrado estável, com um
crescimento de pouco mais de 1.000 habitantes por década. Alguns fatores podem explicar o
comportamento observado: baixa dinamicidade econômica e na oferta de trabalho; e, crescimento das
cidades polo (Garanhuns e Caruaru), que atraem os contingentes populacionais da região.

É um fato que o crescimento populacional está vinculado à combinação das taxas de natalidade,
mortalidade e migração. Atribuir qualquer variação à ação isolada de qualquer um desses fatores sem o
devido levantamento de dados, pode ser precipitado e impreciso. Contudo, diante da ausência de série
histórica mais ampla, no SIDRA/IBGE, é possível considerar que a hipótese de movimentos de
migração interna associada a uma diminuição da taxa de natalidade, possa ter afetado substancialmente
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a evolução dos totais populacionais do município. É verdade, ainda, que o comportamento evolutivo da
população, aqui observado, é comum aos demais municípios inseridos no trecho em análise,
ressalvadas as exceções de Calçado-PE e Jupi-PE, onde observou-se retração nos contingentes
humanos.

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO - CACHOEIRINHA (PE)


25.000

20.000
POPULAÇÃO

15.000

10.000

5.000

0
1970 1980 1991 2000 2010 2021*
TOTAL 13.512 13.443 15.852 17.042 18.819 20.618
HOMENS 6.510 6.419 7.659 8.258 9.104
MULHERES 7.002 7.024 8.193 8.784 9.715
*diante do adiamento do censo demográfico de 2020, que está sendo realizado no ano de 2022, os dados mais atuas de população estão
apresentados baseados na estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Fonte: IBGE, 2022
Figura 10.3-17– Evolução da população no município de Cachoeirinha-PE, entre os anos de 1970 e 2021.

A distribuição da população municipal, concordando com a realidade nacional, demonstra uma


predominância absoluta de população urbana (80,80%) frente a um percentual de 19,20% de população
rural. O percentual relativo à população urbana alinha-se ainda a realidade dos dois centros econômicos
regionais (Caruaru-PE e Garanhuns-PE) o que indica um segundo alinhamento estrutural pautado na
importância do setor de serviços. A transição para uma população urbana, no município, inicia-se já na
década de 1980, aprofundando-se paulatinamente nas décadas subsequentes. A taxa de crescimento da
população urbana apresentou momentos de aceleração, como o evidenciado pelo censo de 1991 (cerca
de 56,09%), seguido de uma desaceleração, embora ainda demonstrando uma tendência de
crescimento, com 29,98%, entre os censos de 2000 e 2010.

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EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA E RURAL DE CACHOEIRINHA-PE


URBANA RURAL TOTAL

20.000 18.819

18.000 17.042
15.852
15.205
NÚMERO DE HABITANTES

16.000
13.512 13.443
14.000
11.698
12.000 10.533
10.000 8.481 6.695
8.000

6.000

4.000 5.031 6.748 5.319 5.344

2.000 3.614

0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
ANOS

Fonte: IBGE, 2022.


Figura 10.3-18– Evolução das populações urbanas e rurais no município de Cachoeirinha-PE, entre os anos de 1970 e
2010.

A realidade apresentada é interessante num contexto em que a economia municipal parece orbitar as
relações produtivas no campo. Com um direcionamento explícito para a produção de laticínios e de
produtos relacionados à atividade pecuária, Cachoeirinha pauta a sua produção econômica na
comercialização desses produtos, fazendo com que o município tenha destaque, economicamente, no
setor de serviços, em detrimento da atividade agropecuária, stricto sensu. Sendo a cidade o espaço
máximo para o desenvolvimento das trocas e exercícios das práticas manufatureiras, não é de se
estranhar que as estruturas urbanas do município tenham exercido um poder tão alto de atração para a
população, apresentando percentual próximos àqueles de espaços urbanos mais desenvolvidos. O
campo, nesse sentido, serve às atividades urbanas, demandando menor contingente populacional e
esvaziando de forma profunda essas porções territoriais, espacialmente mais amplas. Adicionalmente,
as atividades rurais dos municípios lindeiros também cooperam para o abastecimento desses espaços,
indicando que as conexões terrestres, por meio de estradas e rodovias, ocupam um espaço central na
organização populacional e econômica dos territórios analisados.

O comportamento da expansão da malha urbana permite a observação dos espaços de interesse para
consolidação dos agrupamentos humanos. A criação de novos loteamentos pode indicar os espaços
onde o mercado imobiliário local tem enxergado oportunidade e desejo de residência, indicando os
novos flancos de ocupação. Esses novos núcleos de povoamentos estão claramente ancorados às duas
principais vias de circulação (BR-423 e PE-170). Tal direcionamento ajuda a consolidar a compreensão
apresentada de que esses eixos viários têm modulado o desenvolvimento da cidade, exigindo o olhar
mais cuidadoso sobre as intervenções propostas.

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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-19–Mapa das áreas de expansão da malha urbana no município de Cachoeirinha-PE.

10.3.4.2 Características da saúde pública municipal

A rede de atendimento médico, hospitalar e ambulatorial está diretamente ligada à capacidade de


acolhimento das demandas emergentes das instabilidades da saúde humana. Nesse sentido, é
importante lembrar que a qualidade de vida das populações conecta-se de forma direta às condições de
assistência e suporte de que elas dispõem, principalmente no que concerne aos grupos economicamente
vulneráveis. Portanto, a capacidade de atendimento às demandas emergentes do cotidiano resulta,
diretamente, na condição de bem-estar desses sujeitos. O município de Cachoeirinha conta, atualmente,
com 15 estabelecimentos públicos de saúde, mesmo quantitativo de Lajedo-PE, dos quais 12 são
públicos e 3 privados. Do total de estabelecimentos, 1 realiza atendimento geral com internação, 13
realizam atendimento geral (ambulatorial) sem internação e 1 oferece atendimento de especialidades
médicas, sem internação. O município dispõe de 17 leitos hospitalares de caráter público que
apresentam atendimento de emergência com possiblidade de internação.

A estrutura municipal de saúde conta, atualmente, com oito unidades do Programa Saúde da Família –
PSF, um núcleo de apoio à saúde da família, quatro centros de especialidades, três consultórios
isolados, uma policlínica e um hospital. Além das unidades citadas, a rede municipal de saúde conta
com a estrutura de gerenciamento da Secretaria Municipal de Saúde: uma central de abastecimento e

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uma unidade do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, totalizando 21 estruturas de


atendimento público vinculadas à saúde da população.

A Portaria nº 204, 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, define a Lista Nacional de


Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública nos serviços de saúde
públicos e privados em todo o território nacional. Nesse sentido, a determinação do perfil nosólógico da
população de uma determinada porção do território nacional pode ser feita utilizando os dados
disponibilizados pelo Ministério da Saúde, dentre as doenças reportadas, num dado período. O
município de Cachoeirinha apresenta registros de seis enfermidades reportadas ao Ministério, entre os
anos de 2012 e 2022.

PERFIL NOSOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE CACHOEIRINHA-PE


35
NÚMERO DE CASOS

30
25
20
15
10
5
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
DENGUE 0 0 0 9 20 7 2 0 1 3 0
ZIKA VÍRUS 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
SÍFILIS ADQUIRIDA 0 0 0 0 1 1 1 1 1 0 0
LEISHIMANIOSE 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
INTOXICAÇÃO EXÓGENA 0 0 0 0 0 0 0 0 5 33 4
ESQUITOSSOMOSE 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
HEPATITE 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0
TUBERCULOSE 1 0 2 1 4 5 4 4 2 4 0
HANSENÍASE 5 2 4 3 4 3 5 4 5 3 0
HIV/AIDS 2 2 3 1 1 3 1 0 0

Legenda: Foram apresentadas as doenças constantes na portaria Nº 204, 17 de fevereiro de 2016, do ministério da Saúde, define a Lista
Nacional de Notificação Compulsória. *Espaços sem dados indicam não haver dados disponíveis na data de consulta.
Fonte: DATASUS, 2022.

Figura 10.3-20–Perfil nosológico do município de Cachoeirinha, no estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e
2022

A baixa recorrência dos casos de dengue merece destaque por destoar de todo o contexto regional.
Geralmente associada às condições precárias de ocupação do espaço, decorrente da profunda
desigualdade social vigente no Brasil, doenças difundidas por vetores, que se beneficiam da ausência
de esgotamento sanitário e coleta regular de resíduos sólidos descartados proliferam-se com maior
eficiência em espaços periféricos e de moradias precárias. O município analisado, contudo, apresenta
volumes muito baixos de dengue, mesmo nos anos de maior incidência de casos (20), o que pode estar
vinculado ou a uma ação mais incisiva do poder público no combate à proliferação dos vetores, ou a
baixa procura dos serviços de assistência para diagnóstico, gerando uma subnotificação. Independente
das causas, o município de Cachoeirinha é aquele, dentre os analisados, que apresentou o menor
número de casos da doença no período da investigação, estando abaixo de municípios com contingentes
populacionais menores.
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Um dos fatores indicativos das condições de baixa salubridade do ambiente municipal é a constância na
notificação de casos de doenças com processos de transmissão e prevenção conhecidos. A tuberculose e
a hanseníase, por exemplo, têm recorrência de contaminação em quase todos os municípios da área
estudada. Em Cachoeirinha, é possível observar a repetição de contaminação mesmo diante de um
baixo número de infectados. A baixa infecção demostra não haver um surto instaurado ou uma
condição de exceção epidemiológica, mas sim de uma condição sustentada, mantida pelas condições
socioespaciais existentes. Embora o número de casos observados seja bastante reduzido em relação a
população total (pouco menos de 19.000 habitantes), há uma clara recorrência no registro de casos.

Não obstante às condições sociais postas, é necessário destacar que qualquer ação no ambiente que
insira, retire ou desloque matéria, bem como qualquer intervenção na infraestrutura ou em atividades
produtivas tem o potencial de agravar alguns fatores de mudanças nas condições ambientais. A retirada
ou depósito de resíduos da construção civil, grandes obras de engenharia, bem como o descarte
indevido de materiais de uso comum, rejeitados pelos profissionais integrantes da equipe de execução,
pode intensificar a proliferação de vetores biológicos. Nesse contexto, é fundamental uma atenção
especial durante o gerenciamento dos resíduos da execução da duplicação da BR-423, mas também
aqueles relacionados à alimentação, vestuário e equipamentos de proteção individual ligados à obra.

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH é um dado usado para classificar os países e demais
porções do território, que considera a expectativa de vida, a educação (média de anos de escolaridade
completados e anos esperados de escolaridade ao entrar no sistema de educação) e indicadores de renda
per capita. O IDH gera um valor resultante que vai de 0 a 1, sendo os valores próximos de 1 aqueles
que indicam melhores condições de desenvolvimento humano. O município de Cachoeirinha tem um
IDH definido em 0,579 (IBGE, 2010). Embora o valor seja baixo, é necessário registar que nos anos de
1991 e 2000 os índices eram 0,363 e 0,481, respectivamente. O IDH do Estado de Pernambuco foi
definido em 0,673 (2010), 0,544 (2000) e 0,440 (1991), o que indica que, embora esteja abaixo da
média estadual, o município segue a tendência de melhoria no índice.

10.3.4.3 Indicadores de educação, renda e trabalho

Considerando que o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH tem a educação como um dos fatores
determinantes para o desenvolvimento humano, cumpre investigar as condições de incremento das
estruturas educacionais, bem como o perfil formativo da população. O município de Cachoeirinha
conta com 10 estabelecimento de educação infantil, 11 de ensino fundamental e 2 de ensino médio,
contando com um contingente de 196 docentes e 4.079 estudantes. O número de instituições no
município é caracterizado por dois fenômenos: a leve diminuição dos últimos anos (Figura 10.3-21); e,
a predominância de instituições públicas em detrimentos das instituições privadas. Adicionalmente, o
número bastante superior de instituições municipais vincula-se a responsabilidade constitucional deste
entente administrativo, sobre esse nível de ensino. De maneira mais ampla, a evasão escolar do ensino
médio reflete uma realidade complexa presente na educação básica brasileira. O contingente de
matriculados, aferidos nos diferentes anos, não conseguem dar conta do déficit formativo pela
inconclusão do processo, quando analisado o perfil de formação dos sujeitos, apresentado adiante,
percebe-se o impacto no nível de qualificação da população local.

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO NÚMERO DE ESCOLAS/ANO, EM


CACHOEIRINHA-PE
30
NÚMERO DE ESCOLAS

25

20

15

10

0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ensino infantil 24 20 20 18 18 19 18 13 13 12 11 12 11 10
Ensino fundamental* 26 22 22 20 20 20 19 14 14 13 12 12 12 11
Anos iniciais** 24 20 20 18 18 19 18 13 13 12 11 11 11 10
Anos finais** 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 7 7 6
Ensino médio 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2

Legenda: *Os dados referentes às instituições de ensino fundamental apresentam os valores totais desta etapa do ensino. **Os
quantitativos de instituições ofertantes de anos iniciais e finais do ensino fundamental representam um desmembramento dos valores das
escolas de ensino fundamental.
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP, 2022; IBGE, 2022.

Figura 10.3-21–Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de Cachoeirinha-PE, entre os


anos de 2008 e 2021.

A diminuição no número de escolas não implicou numa variação no número de matrículas. A


manutenção do número aproximado de matriculados indica que a variação no quantitativo de
estabelecimentos, observada na Figura 10.3-19, não se relaciona com uma possível diminuição na
demanda, estando, portanto, vinculada a outros fatores. É preciso atentar que a redução mais importante
acorre no ano de 2015, mais precisamente na educação infantil e no ensino fundamental. No ano de
2009, o governo federal emitiu o Decreto nº 6.768, que disciplina o programa Caminhos da Escola, o
qual busca ofertar estrutura, por meio de veículos, para o deslocamento de estudantes nos municípios
do Brasil. Nos anos de 2012 e 2013 instrumentos normativos (Lei nº 12.695, de 2012; Resolução
CD/FNDE nº 45, de 2013; Lei nº 12.816, de 2013) dispuseram sobre os mecanismos para que os
municípios regulamentassem e adquirissem veículos para transporte de estudantes, com recursos
federais. Essa realidade pode ter impactado de sobremaneira a distribuição espacial das unidades de
ensino.

A aferição dos níveis de aprendizado permite o desenvolvimento de estratégias para a melhoria das
estruturas e dos processos vigentes, a fim de ofertar as melhores condições dignas de formação escolar
aos sujeitos. Ciente da necessidade de avaliar e monitorar o desenvolvimento da educação básica no
país o Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira - INEP, desenvolveu, em 2007, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica –
IDEB. Esse índice reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos fundamentais para a
percepção da qualidade educacional: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O
índice varia de 0 a 10. A combinação entre fluxo e aprendizagem tem o objetivo de equilibrar essas
duas dimensões, compreendendo que a formação dentro do tempo planejado, com qualidade, é o
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melhor caminho para uma formação qualificada. O índice ainda é um importante marcador para
políticas públicas em prol da melhoria na educação, sendo utilizado como uma ferramenta para
acompanhamento das metas de qualidade da educação básica.

O município de Cachoeirinha tem conseguido melhorar seu desempenho na educação ao longo dos
anos (Figura 10.3-22). Apresentou, em 2021, valores acima da média estadual para o ensino público
nos anos iniciais do ensino fundamental (Cachoeirinha – 5,7; PE – 5,1; BR – 5,5) e nos anos finais do
ensino fundamental (Cachoeirinha – 5,5; PE – 4,7; BR – 4,9). Apresenta, contudo, valores inferiores à
média estadual e maior que a média nacional no ensino médio (Cachoeirinha – 4,3; PE – 4,4; BR –
3,9). No que concerne ao desempenho nos anos iniciais para o ensino fundamental, o município
apresentou uma oscilação negativa no ano de 2019, com uma posterior recuperação no ano de 2021,
mesmo movimento observado nos anos finais do ensino fundamental na rede estadual. O ensino médio
apresentou um pequeno decréscimo entre os anos de 2019 e 2021.

EVOLUÇÃO DO IDEB DO MUNICÍPIO DE CACHOEIRINHA-PE


6

5
VALORES DO IDEB

0
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
E.F. Anos iniciais (Municipal) 2,8 3,1 3,5 3,8 4,6 5 5,1 4,7 5,7
E.F. Anos finais (Municipal) 2,2 2,7 2,7 3 4,6 4,8 5,5
E.F. Anos finais (Estadual) 2,2 2,3 2,6 3,1 2,9 3,8 4,7 4,5 5,5
Ensino médio (Estadual) 3,7 4,6 4,3

Legenda: E.F.: Ensino Fundamental; IDEB: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.


Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2021; IBGE, 2022.

Figura 10.3-22–Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de Cachoeirinha-


PE, entre os anos de 2005 e 2021.

A melhoria nos índices que avaliam a qualidade da educação aqui analisados dá conta de um processo
de investimento no ensino a nível municipal e estadual, que contou com políticas públicas nos três
níveis da administração pública (federal, estadual e municipal). Contudo, as ações relatadas funcionam
como criadoras de condições formativas para o futuro, exigindo um olhar mais qualificado sobre as
condições presentes da população adulta. Os sujeitos que hoje compõem a massa de trabalhadores
tiveram sua formação anterior ao período observado, anterior até a criação dos sistemas de análise em
consideração, portanto, entender o nível de instrução desses sujeitos ajuda a desvelar as condições dos
indivíduos que compõem o corpus de trabalhadores de cada espaço.

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A taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade, aferida no ano de 2010, foi de 95,3%. Tal realidade
contrasta com um número expressivo de pessoas que declararam, no mesmo ano, não terem instrução
formal ou possuírem o ensino fundamental ou médio incompleto (86,46% da população). O número de
pessoas, com ensino médio completo e que acessaram o ensino superior – completo e incompleto
(Figura 10.3-23) –, revela à deficiência histórica no acesso à educação formal, ainda que, desde a
promulgação da Constituição de 1988, ela seja considerada um direito universal. O acesso à educação
possibilita condições efetivas de inserção qualificada no mercado de trabalho, garantindo valorização
da mão de obra e atuando como um gerador de renda indireto para o contexto local.

Nível de instrução da população de Cachoeirinha-PE


256 55

1.827 Sem instrução e fundamental incompleto

Fundamental completo e médio incompleto


1.741
Médio completo e superior incompleto

11.915 Superior completo

Não determinado

Fonte: Censo demográfico de 2010, IBGE, 2022.

Figura 10.3-23–Nível de instrução da população de Cachoeirinha-PE, aferido no censo de 2010.

A escolaridade de uma população reflete diretamente o grau de ocupação e o perfil socioeconômico das
atividades desenvolvidas. Em 2020, o município de Cachoeirinha apresentou um grau de ocupação da
ordem de 7,0% (1.436 pessoas), recebendo um salário médio de 1,5 salário-mínimo. Adicionalmente,
47,6% da população possuíam rendimento médio per capita de até 1/2 salário-mínimo. O censo
demográfico de 2010 identificou contradições ainda mais profundas na realidade local, enquanto 205
domicílios apresentaram renda declara de mais de cinco salários-mínimos (8 deles declarando mais de
20 salários-mínimos), 2.930 domicílios declararam viver com até 1 salário-mínimo (Figura 10.3-24).

Quando observada a renda individual, a distribuição de pessoas que recebem até 1 salário-mínimo é de
89,15% da população (Figura 10.3-25). É necessário destacar que, embora 40,53% da população
declare-se sem renda (sobrando 59,47%), apenas 7% dos sujeitos compõem o grupo dos
economicamente ativos, atualmente. Nesse contexto, a oferta de postos de trabalhos com pouca
qualificação técnica ou com potencial de formação de mão de obra pode gerar um incremento nas
receitas municipais e uma melhoria nas condições materiais de vida da população.

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Renda declarada por quantidade de domicílios particulares permanentes

Sem rendimento
1760 Até 1/2 S.M.
975 De 1/2 a 1 S.M.
27
De 1 a 2 S.M.
205 8
De 2 a 5 S.M.
411 170
De 5 a 10 S.M.
1728
De 10 a 20 S.M.
791
De 20 S.M.

Legenda: S.M.: Salário-Mínimo


Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
Figura 10.3-24–Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de Cachoeirinha-PE, no
ano de 2010.

Classe de rendimento nominal mensal de Cachoeirinha-PE


166 77 1 6
237 4
Sem rendimento
Até 1/4 de S.M.
1218
De 1/4 a 1/2 S.M.
De 1/2 a 1 S.M.

6389 De 1 a 2 S.M.
De 2 a 3 S.M.
5096 De 3 a 5 S.M.
De 5 a 10 S.M.
De 10 a 15 S.M.
De 15 a 20 S.M.
1258 De 20 a 30 S.M.
1311
De 30 S.M.

Legenda: S.M.: Salário-Mínimo.


Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.
Figura 10.3-25–Rendimento mensal, por pessoa, no município de Cachoeirinha-PE, no ano de 2010, por classe de
renda.

O alto índice de urbanização da população do município somado à uma massa de desempregados pode
gerar um alto potencial de oferta de força de trabalho para o empreendimento pretendido. Concomitante
a esse fator, o desenvolvimento de programas formativos (capacitação profissional de baixa
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complexidade) garante, a um só tempo, uso de uma mão de obra local, que se relaciona diretamente
com o produto construído e a garantia de oferta de trabalhadores para a construção civil. Quanto à
oferta de profissionais qualificados para a construção civil, deve-se considerar que eles podem atuar
tanto na esfera local, para atender demandas oriundas de processo de aquecimento do mercado
imobiliários, frente a uma malha urbana em franca expansão. Somando-se a isso, a força de trabalho
gerada tem o potencial de atender aos mercados, em franca expansão, dos polos microrregionais mais
próximos (Garanhuns e Vale do Ipojuca – capitaneado por Caruaru).

10.3.4.4 Meios de comunicação de abrangência municipal

O desenvolvimento dos meios de comunicação, aliado à difusão das redes sociais eletrônicas, deram
uma importância central à comunicação social humana como forma de compartilhamento de
informações. Não é possível considerar os meios de comunicação locais sem a conexão com as
diferentes plataformas da internet, além dos meios tradicionais, tais como: televisão, rádio difusão,
jornais e sites oficiais. Atualmente, o município de Cachoeirinha-PE conta com sete principais meios
de comunicação locais: dois vinculados à Prefeitura (site e perfil no instagram) e um que reporta fatos
do cotidiano mesclando informações com humor (perfil no instagram), uma rádio, um perfil
independente de notícia (perfil no facebook) e dois carros de anúncios.

Tabela 10.3-6– Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de Cachoeirinha-PE.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO - CACHOEIRINHA


MEIO
CATEGORIA SITE/@ RESPONSÁVEL
COMUNICAÇÃO
Rede Social Instagram https://www.instagram.com/cachoeirinha_ordinaria/
Rede Social Instagram https://www.instagram.com/cachoeirinha_pee/
Imprensa Rádio Rádio Couraço FM 104.9
Imprensa Facebook https://www.facebook.com/tvnovareplay/
Site Oficial SITE https://cachoeirinha.pe.gov.br/ Prefeitura
Comunicação Carro de Anúncio Zeca Publicidades
Cícero da
Comunicação Carro de Anúncio
Anunciação
Fonte: Dados da pesquisa de campo.

As estruturas de comunicação aqui apresentadas (vinculadas às redes sociais) não abarcam perfis
ligados à Prefeitura (secretarias etc.) ou a instituições privadas de comércio (lojas, parques, restaurantes
etc.), apenas tratando daqueles perfis que se propõem a informar questões referentes ao cotidiano
municipal, oficialmente ou não. É fundamental, nesta etapa do levantamento dos dados, que eventuais
reportamentos de fatos, feitos por instrumentos físicos ou digitais oriundos de outras atividades, não
figuram como atividade de comunicação. Nesse contexto, blogs pessoais ou ações de influencers
digitais não integram o conjunto das atividades analisadas.

Quando um determinado blog, site e/ou perfil em rede social ocupa-se do cotidiano de um município de
pequeno porte, coloca, inevitavelmente, a vida do sujeito no centro do ato informativo. O diálogo com
essas estruturas de comunicação, desde que atendam a princípios éticos básicos (isonomia, respeito
pelos fatos e responsabilidade ética e moral com a informação prestada) pode maximizar o alcance das
atividades propostas e esclarecer possíveis dúvidas oriundas do desconhecimento dos processos que
regem atividade com alto grau de complexidade e execução.
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10.3.4.5 Áreas rurais, urbanas e de expansão, principais usos rurais

Os espaços urbanos e ruais são distintos não somente por suas estruturas físicas, constitutivas de
espaços geográficos complexos e resultantes das formas distintas de criação e recriação das trocas
relacionais (fluxos) projetadas nas estruturas físicas (fixos), mas também pelas formas de uso a que
estes espaços estão submetidos. Qualquer proposta de compreensão desses espaços exige um
entendimento detido sobre o funcionamento e perspectivas de ampliação de cada uma das porções do
território municipal, investigando a própria dinâmica de evolução espacial e as potencialidades
econômicas vinculadas a eles. A ligação entre os movimentos dinâmicos ocorridos em cada um desses
espaços, é capaz de justificar ou explicar as oscilações presentes no outro, permitindo a elaboração
mais precisa de um perfil socioeconômico municipal.

A produção agropecuária do município pode ser dividida em quatro grandes grupos, adotando o critério
utilizado pelo IBGE: extração vegetal e silvicultura; desenvolvimento de lavouras temporárias;
desenvolvimento de lavouras permanentes; e, desenvolvimento de atividade pecuária.

A agropecuária respondeu, no ano de 2020, por 12,97% do Produto Interno Bruto – PIB do município,
sendo a terceira maior fonte de receitas na composição do PIB municipal, atrás da administração
(agregada à defesa, educação, saúde pública e seguridade social) e dos serviços, realidade
compartilhada apenas com o município de Lajedo-PE e São Caetano-PE (entre os municípios
constantes na ADA). Esta participação (em volume) só foi menor do que aquelas apresentadas nos anos
de 2017, com uma queda no ano de 2018 e retomada a partir de 2019. Embora seja a terceira maior
fonte de renda na composição do PIB municipal, esse ramo de atividade apresenta-se bem distante do
produto gerado pelos serviços que, no ano de 2020, agregou R$ 84.728.660,00, diante de R$
26.907.170,00 da agropecuária.

PIB por atividade econômica de Cachoeirinha - PE


100000
90000
80000
70000
R$ (x1000)

60000
50000
40000
30000
20000
10000
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Agropecuária 19309 16966 14243 17434 16343,3119033,8621907,1627118,6324089,9624632,0126907,17
Indústria 4119 3999 4407 4819 5684,95 5843,3 6120,03 7817,81 10694,5710374,6910896,05
Serviços - Exceto Adm. Pública 41911 35823 46007 54308 60616,3658924,6360133,8674475,8182395,8985935,5384728,66
Adm. Pública 44028 46659 50367 56106 63284,3569744,2373849,5479529,8783129,2983125,4984983,85

Legenda: Adm. Pública: Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social. R$: reais brasileiros
Nota: Os dados de 2019 e 2020 estão sujeitos a revisão, em divulgações posteriores do instituto (Coleta em 29/09/2022)
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca
de Manaus – SUFRAMA

Figura 10.3-26– Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de Cachoeirinha-PE, por atividade.
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Tabela 10.3-7– Características produtivas da extração vegetal no município de Cachoeirinha–PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Extração vegetal de Cachoeirinha-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 2 10 10 5 50 45 23 20 20 12 10 7 13 25 20 21 21 19
Castanha de caju
Valor da produção (*R$) 2 10 12 5 50 45 34 30 30 18 17 14 31 80 70 80 100 95
Quantidade produzida (t) 5 5 6 7 6 5 3 3 3 2 2 2 2 5 10 11 15 14
Umbu
Valor da produção (*R$) 3 4 5 4 5 5 1 1 2 2 2 2 2 8 12 12 16 15
Quantidade produzida (t) 10 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 15 20 22 21 21
Carvão vegetal
Valor da produção (*R$) 6 0 0 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1 8 10 20 21 22
Quantidade produzida (m³) 400 420 250 1200 1000 1000 1100 1200 1300 1500 1500 1700 2400 2500 2600 2500 2600
Lenha
Valor da produção (*R$) 3 4 2 12 10 10 13 14 16 21 30 34 60 63 60 56 62
Legenda: t: tonelada; R$: valor em real brasileiro *(x 1.000).
Fonte: I BGE, Produção da Extração Vegetal e Silvicultura, 2020. Rio de Janeiro: IBGE, 2021
Nota: O símbolo “0” significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
Nota: Os espaços sem número atribuído não apresentam registros de dados para a produção.

Tabela 10.3-8– Características produtivas das lavouras temporárias no município de Cachoeirinha–PE, entre os anos 2004 e 2021.

Lavoura Permanente de Cachoeirinha-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 18
Valor da produção (*R$) 9
Castanha de
Área destinada à colheita (ha) 12
Caju
Área colhida (ha) 12
Rendimento médio (kg/ha) 1500
Legenda: t: Tonelada; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares.
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022
Nota: Os espaços sem número atribuído não apresentam registros de dados para a produção.

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Tabela 10.3-9– Características produtivas das lavouras temporárias no município de Cachoeirinha–PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Lavouras Temporárias de Cachoeirinha-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 250 250 188 800 1200 285 285 855 7 833 115 120 19 190 41 270 180
Valor da produção (R$) 240 245 254 2000 1800 463 926 1841 19 2083 242 300 57 340 103 1350 1044
Feijão
Área plantada (ha) 800 800 600 1000 1000 990 990 1220 1220 1190 400 400 400 400 250 150 300 500
(grão)
Área colhida (ha) 800 800 600 1000 1000 716 716 1220 110 1190 320 400 320 400 150 300 500
Rendimento médio (kg/ha) 312 312 313 800 1200 398 398 700 64 700 359 300 59 475 273 900 360
Quantidade produzida (t) 8 8
Valor da produção (R$) 3 3
Mamona
Área plantada (ha) 20 20
(baga)
Área colhida (ha) 20 20
Rendimento médio (kg/ha) 400 400
Quantidade produzida (t) 88 88 700 1000 1000 1320 1320 2700 900 540 4000 4000 1200 880 386 520 840
Valor da produção (R$) 12 10 70 160 145 264 264 486 900 243 1684 1200 437 688 97 396 588
Mandioca Área plantada (ha) 25 25 100 100 300 120 120 180 180 90 350 350 350 80 95 70 60 70
Área colhida (ha) 25 25 100 100 100 120 120 180 180 90 350 350 350 80 70 60 70
Rendimento médio (kg/ha) 3520 3520 7000 10000 10000 11000 11000 15000 5000 6000 11429 11429 3429 11000 5514 8667 12000
Quantidade produzida (t) 720 720 720 900 900 476 216 285 6 684 168 210 134 1584 108 638 1575
Valor da produção (R$) 444 468 216 342 342 286 129 199 5 274 67 139 121 1109 76 638 2520
Milho (grão) Área plantada (ha) 1500 1500 1500 1500 1500 950 800 950 950 950 700 700 700 2200 800 400 380 750
Área colhida (ha) 1500 1500 1500 1500 1500 850 600 950 95 950 560 700 560 2200 400 380 750
Rendimento médio (kg/ha) 480 480 480 600 600 560 360 300 63 720 300 300 239 720 270 1679 2100
Quantidade produzida (t) 7 12 140 140 140 20
Valor da produção (R$) 2 24 35 42 53 7
Sorgo (grão) Área plantada (ha) 6 6 70 70 70 15
Área colhida (ha) 6 6 70 70 70 15
Rendimento médio (kg/ha) 1166 2000 2000 2000 2000 1333
Legenda: t: Tonelada; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.

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Tabela 10.3-10– Características produtivas da produção pecuária no município de Cachoeirinha–PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Produção–Pecuária de Cachoeirinha - PE
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Efetivo do rebanho
Asinino 70 120 120 100 100 100 110 120 86
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
20000 22000 21000 22139 23172 15327 18000 18239 14935 15389 15849 14822 12323 13011 11000 11655 10560 13700
Bovino (Cabeças)
Vaca ordenhada (Cabeças) 9000 12000 12000 7321 7345 5153 5617 3552 2120 2100 2500 2300 1912 2019 1700 1650 1520 1960
Quantidade produzida (*L) 12150 17280 17500 10800 10577 7200 10111 6394 3800 3200 3806 4000 3325 3511 2956 2870 2641 3356
Leite de vaca
Valor da produção (*R$) 4795 3800 3840 4187 4000 4323 4916 3843 3588 3354 6040
Efetivo do rebanho
Bubalino 8 10 10 4 4 4 2 3 3
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
Caprino 2000 2000 2000 1000 1000 1100 900 1000 1024 838 889 1000 1076 1114 1133 1100 1190 1315
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
Equino 600 1200 1050 1500 1500 1400 1400 800 749 649 672 800 827 400 800 780 745 865
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
27000 30000 30000 127000 471800 415000 415000 463000 463000 400000 380000 247510 284460 428875 430000 425000 403800 410000
(Cabeças)
Galinha (Cabeças) 7000 5000 6000 7000 71800 65000 69000 72000 70000 80000 85000 92392 106805 126805 127300 126000 120980 123000
Galináceo
Quantidade produzida de
70 150 162 189 1436 1293 1621 1152 1100 1000 1063 1155 1335 1585 1591 1570 1507 1510
ovos (*Dúzias)
Valor da produção (*R$) 2880 2750 3000 3188 3465 4806 6023 6365 5966 5275 5663
Efetivo do rebanho
Muares 60 60 55 60 60 50 54 60 51
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
Ovino 3500 4000 4300 3000 3000 3300 3395 3600 4475 4031 4800 5100 4800 4750 4800 4750 5340 6070
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
3400 4200 3920 4200 4200 2470 6181 4018 4190 4472 6526 7500 7130 7087 7388 7200 6850 8690
Suíno (Cabeças)
Matriz (Cabeças) 1800 2500 2880 2738 2722 2841 2600 2470 3130
Legenda: R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); L: Litro *(x 1.000); kg: Quilogramas
Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2021, Rio de Janeiro: IBGE, 2022 .

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As atividades agropecuárias, quando bem desenvolvidas, garantem a predominância desses espaços no


ordenamento territorial do município. Com um núcleo urbano localizado na porção ENE da área de
abrangência municipal, lindeira a principal via de circulação (BR-423), Cachoeirinha conta com uma
mancha urbana que se desenvolveu em detrimento da posição da rodovia de referência. É possível
indicar que o primeiro flanco de ocupação do município desenvolveu-se na porção oeste da referida
rodovia e que, atualmente, já expande-se na porção leste. A importância do setor de serviços é capaz de
justificar o desenvolvimento de uma malha urbana mais sólida, no contexto local, considerando o fato
de que as atividades agrícolas não movimentaram valores consideráveis, fazem da vivência urbana a
melhor opção para a inserção no mercado de trabalho e obtenção dos meios básicos para a subsistência.

Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-27– Mapa de localização da malha urbana do município de Cachoeirinha-PE, em detrimento do
território municipal e da BR 423.

A produção agrícola apresentada nos ajuda entender o perfil de ocupação do espaço geográfico
municipal e o funcionamento dos principais usos e ocupações da terra nessa porção do território. Os
valores de extração vegetal e silvicultura expressam bem a dinâmica econômica desenvolvida dentro
uma lógica de manejo e exploração da vegetação nativa. No município de Cachoeirinha, contudo, fica
bastante claro que as atividades desenvolvidas não apresentam peso significativo na estrutura
econômica local, embora tenham apresentado uma evolução nos últimos períodos, fato que destoa dos
demais territórios em análise.

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Apenas quatro grupos de gêneros produtivos são apresentados: castanha de caju; umbu; carvão vegetal;
e, lenha. A produção de caju (Anacardium occidentale) está diretamente ligada à tradição regional de
comercialização da castanha de caju para consumo humano. O pseudofruto (caju) embora rico em
nutrientes e com amplo aproveitamento na indústria alimentícia (polpa, suco concentrado, doces etc.),
quando colhido de forma direta em volumes menores, não apresenta o mesmo valor econômico que o
fruto (castanha de caju), bem mais valorizado, variando entre R$ 50,00 e R$ 100,00 por quilograma.
Essa realidade faz com que esse produto seja registrado também como produto de lavouras
permanentes. A produção de castanha tem sido constante em todo o período apresentado (Tabela 10.3-
05), com volumes crescentes na produção, saindo de 2 toneladas, no ano de 2004, atingindo um
máximo de 50 toneladas e apresentando um volume produtivo, nos últimos anos, em torno de 20
toneladas/ano, com rendimentos que chegam a R$ 100.000,00, o ano de 2020. Esse movimento de
ampliação produtiva não foi observado em nenhum dos municípios estudados, sendo comum uma
manutenção ou diminuição dos volumes produtivos para esse segmento.

O umbu (Spondias tuberosa L.), da mesma família do caju, tem importância econômica derivada do
consumo local e regional do fruto, presente na alimentação in natura e em preparos de doces. Outras
partes da árvore também podem ser consumidas, embora raramente comercializadas. A produção do
umbu, a exemplo do observado na castanha de caju, é constante no período observado. Essa produção
apresenta o mesmo padrão de aumento nos volumes a partir de 2017, saindo de 5 toneladas, em 2004,
para 14 toneladas no ano de 2021, com um valor da produção estimado em R$ 14.000,00. Embora
relativamente baixo, a variação produtiva destoa, a exemplo do observado na castanho de caju, do
contexto regional, não pelo volume, mas pela evolução do histórico produtivo.

O uso da vegetação nativa, como lenha ou carvão, é uma prática comum na realidade do bioma
Caatinga, sendo, o desflorestamento, um dos principais fatores de pressão antrópica sobre ele. Nesse
sentido, a produção e a comercialização desses gêneros apresentam um desenvolvimento constante a
partir do ano de 2005. Nos anos observados, a comercialização desses gêneros produtivos aumentou
substancialmente, contudo, não atingiu no ano de maior produção, volumes iguais ou superiores a R$
100.000,00. Em 2019, embora tenha apresentado o segundo maior valor de produção da série analisada,
estes produtos só responderam por aproximadamente 0,04% do PIB municipal e 0,32% do PIB
agropecuário do município.

O regime hídrico da região, vinculado à existência de um período longo de estiagem, com precipitações
concentradas em um período restrito, associado a uma rede de drenagem predominantemente
intermitente e efêmera, apresenta condições de baixa potencialidade para o desenvolvimento de
lavouras permanentes (Tabela 10.3-07). O município de Cachoeirinha, dentre aqueles alvo desta
investigação, é o único que não apresenta registros de lavouras permanentes. A única referência a esse
tipo de lavoura é feita no ano de 2011, para castanha de caju, gênero que pode ser obtido por extração
vegetal ou cultivado em pomares. No único ano em que a produção foi registrada, o valor não
ultrapassou os R$ 9.000,00, bem inferior àquele quantitativo obtido, no mesmo ano, com a extração
vegetal, de R$ 30.000,00.

A agricultura de sequeiro, ou seja, ciclo produtivo ajustado ao regime hídrico da região, é uma
realidade constante nos ambientes semiáridos e subúmidos do Nordeste brasileiro. A produção agrícola
no município de Cachoeirinha não tem grande relevância no contexto econômico municipal,
respondendo, no ano de 2020, por apenas 9,58% do PIB agropecuário. Com um conjunto de cinco
gêneros produtivos registrados entre os anos de 2004 e 2021, detém a menor diversidade entre os
territórios estudados, o município apresenta, desde 2011, a ocorrência de cultivo de apenas três desses
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gêneros: feijão; mandioca; e, milho. Em 2021, essa produção ocupou uma área de aproximadamente
13,2 km² (1.320 ha) do território municipal, o que representa a totalidade das terras destinadas às
lavouras temporárias para esse ano.

A produção de feijão, diferente do observado nos demais municípios, aparece em volume inferior a
produção de milho tanto em área plantada, quanto em valor de produção. O cultivo de milho representa
56,82% da área plantada com lavouras temporárias, seguida pelo feijão 37,88% e da mandioca 5,30%.
Economicamente, essas produções têm gerado valores moderados para a economia local, o milho,
maior produção municipal, gerou no ano de 2021 um total de R$ 2.520.000,00, seguido pelo feijão R$
1.044.000,00, ao passo que a mandioca só gerou um valor de produção da ordem de R$ 588.000,00.
Quando comparado a produção pecuária, esses valores diminuem de importância, dada a relevância
econômica deste ramo de atividade na agropecuária municipal, enquanto a produção de lavouras
temporárias somada ao produto da extração vegetal responde por pouco mais de 9% do PIB
agropecuário, apenas a comercialização de ovos e leite produzidos no município, responde por 32,07%
desta sessão do PIB. Nesse contexto, há um claro direcionamento da produção municipal para
atividades outras que não a agricultura.

Ainda no que concerne às lavouras temporárias, o município apresenta registros de produção de


mamona (Ricinus communis L.) e sorgo (Sorghum bicolor), esse último claramente vinculado à
agropecuária destinado a silagem para o gado. A produção de ambos os gêneros está temporalmente
limitada, no caso do sorgo, entre os anos de 2004 e 2009 e, no caso da mamona, aos anos de 2010 e
2011, momento em que apenas os municípios de Lajedo-PE e São João-PE apresentam produção desse
gênero. A produção de R. communis está concentrada, nos demais municípios, entre os anos de 2004 e
2008, período que coincide com a implementação da Política Nacional de Biodiesel e do Selo
Biocombustível Social, concedido a produtores de biodiesel que promovessem à inclusão social de
agricultores familiares, através do Decreto 5.297/2004. A produção limitada aos anos de 2010 e 2011,
compartilhada com o município de Lajedo-PE, não dialoga com o contexto regional. Deve-se destacar,
por fim, que, embora tenha-se dado destaque a estas produções, os volumes gerados não excederam 8
toneladas para a mamona e 140 toneladas para o sorgo.

A produção mais relevante para a agropecuária municipal é pecuária leiteira e de corte, que está
vinculada à forma histórica de ocupação dos espaços agrestes do interior pernambucano. Uma
característica recente da região do Agreste de Pernambuco é o desenvolvimento da atividade avícola
(especialmente de galináceos), com a proliferação da atividade granjeira em vários municípios. A
Tabela 10.3-10 permite a identificação dos três principais ramos com maior importância no
desenvolvimento dessa atividade para o município: pecuária bovina de corte, leite e avicultura.

No que concerne ao rebanho bovino, observa-se a maior produção nos anos de 2008, com um rebanho
de 23.172 cabeças, entretanto, a proporção destinada à ordenha apresentou seu pico nos anos de 2005 e
2006, com um rebanho leiteiro de 12.000 cabeças, em um efetivo total de 22.000 e 21.000 cabeças,
respectivamente. A produção leiteira do município merece nota pelo aumento sensível no valor da
produção, atingindo a cifra de R$ 6.040.000,00 em 2021, com um rebanho de 1.960 cabeças e uma
produção de 3.356.000 litros de leite. Para o ano de 2020, o valor de produção alcançado atingiu R$
3.354.000,00, relativo a 1,62% do PIB municipal e 12,47% do PIB agropecuário municipal, para esse
ano.

A avicultura no ano de 2021 contou com um efetivo de 410.000 cabeças, das quais 123.000 estiveram
vinculadas à produção de ovos, que, por sua vez, correspondeu a um valor de R$ 5.663.000,00 na
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produção, demostrando sua importância econômica. Somam-se à atividade agropecuária do município,


outros rebanhos de menor importância numérica e econômica, tais como: caprinos, ovinos, suínos,
equinos, asininos, muares e bubalinos, que contribuem para um rebanho total (entre todas as espécies
de criação) de 440.640 cabeças.

A produção agrícola, por não apresentar ampla difusão no município e por não conseguir apresentar
volumes monetárias consideráveis, não oferece capacidade de sustentação econômica para a população
residente no campo, permitindo a baixa retenção populacional nesses espaços, o que privilegia o
desenvolvimento da malha urbana municipal. As produções avícola e bovina, por sua vez, demonstram
maior estruturação, em conformidade com as exigências de insumos necessários às suas produções e
comercialização, contudo, desenvolvem-se em estruturas comerciais mais concentradoras de renda, não
estando baseada na produção familiar.

O uso dos espaços se concretiza nas formas de cobertura da superfície terrestre. A intencionalidade
humana e a organização socioeconômica têm o poder de remodelar a paisagem, fazendo dela uma
expressão das estruturas econômicas imperantes nos diferentes tempos históricos. A classificação da
cobertura do solo no município de Cachoeirinha nos ajuda a identificar uma predominância de uso
vinculado às atividades agropecuárias (70,86%). O percentual bastante alto obtido por este segmento
produtivo vincula-se de forma mais detida a produção pecuária, em detrimento da agricultura, uma vez
que as áreas destinadas a atividade agrícola não reuniram, no ano de 2021, mais do que 13,2 km² (de
uma ocupação total de 127,2 km²). A vocação para o setor de serviços, indicado na constituição do PIB
municipal, pode também, direcionar os contingentes populacionais para as áreas urbanas fazendo com
que as atividades agrícolas percam força no contexto local. Adicionalmente, a vinculação histórica com
a pecuária bovina e a produção de itens de selaria (selas, arreios, vestuário em couro etc.), justificam a
concentração das áreas rurais neste tipo de atividade.

A cobertura de vegetação natural do município não é expressiva, com apenas 12,14% do território
recoberto por essas estruturas vegetais. À vegetação nativa original soma-se às porções territoriais com
vegetação natural alterada (15,44%), geralmente vinculadas a espaços abandonados pela atividade
agropecuária e que atualmente apresentam uma vegetação secundária em processo de consolidação.
Cachoeirinha apresenta o terceiro maior percentual desse tipo de vegetação, dentre os municípios
estudados, fato que pode estar vinculado a ciclos de descanso de terras utilizadas para a pastagem e a
modificação do perfil produtivo de algumas fazendas. A resiliência dos ambientes semiáridos
brasileiros e da vegetação de caatinga podem vincularem-se a esta realidade, uma vez que uma área
abandonada pela agropecuária em poucos anos poderá apresentar uma vegetação secundária
considerável, passível de identificação por sensoriamento remoto, compondo um arranjo vegetacional
que pode sofrer alteração em detrimento de ciclos de uso de terras.

Na área imediatamente próxima ao empreendimento, lindeira a rodovia BR-423, há uma predominância


de espaços destinados a pecuária, com pastagem para o gado, e poucos espaços destinados a produção
agrícola. Foram identificados espaços produtivos onde os gêneros plantados estavam vinculados a
produção de silagem para o gado. A conjunção dos processos de criação intensiva e extensiva faz com
que uma mesma unidade espacial possua pasto para o gado e destine parte do seu território para o
cultivo de gêneros para consumo animal, como sorgo e milho. Nesse contexto, embora a produção
pecuária se difunda no espaço sem alterar de forma tão severa a paisagem, a provável ocorrência de
criação extensiva de gado (que pode requerer a instalação de pastos amplos), permitiu uma vasta
ocupação da paisagem rural municipal relegando a vegetação nativa (natural ou alterada) a uma posição
secundária, mesmo diante de uma baixa cobertura por cultivares.
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No município de Cachoeirinha há, segundo relatório do Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento, na Diretoria de Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento, de 19
de maio de 2022, um assentamento rural oriundo de projetos de reforma agrária, denominado PA
CABANAS. O assentamento Cabanas tem capacidade de abrigar 114 famílias e conta, atualmente, com
113 famílias assentadas, ocupando uma área de mais de 2.043 hectares. O Assentamento fica localizado
na porção noroeste do município e foi criado em 20 de janeiro de 2000, sob o código PE0208000. Por
sua localização, o assentamento encontra-se longe da área direta de interesse do projeto de duplicação
da rodovia BR-423, não recebendo intervenção direta decorrente das atividades de engenharia. A
estrutura conta com uma associação de moradores denominada “Associação dos Moradores do
Assentamento Cabanas”, registrada sob o CNPJ 05.514.644/0001-11, desde o dia 17 de fevereiro de
2003, no endereço: Assentamento Cabanas, S/N, Bairro: ZONA RURAL, Cachoeirinha-PE, CEP
55.380-000, nas coordenadas 8°24'34.4"S e 36°20'01.7"W.

10.3.4.6 Área Diretamente Afetada – ADA

A Área Diretamente Afetada – ADA pelo empreendimento compreende toda a faixa de domínio da BR-
423, no trecho entre os quilômetros 18,20 e 86,12, considerando-se uma margem de 35 metros para
cada lado, a partir do eixo central da via (70 metros no total). O trecho da rodovia que cruza o
município de Cachoeirinha é bastante amplo e corta a sede municipal, sendo extremamente
diversificado o número de empreendimentos lindeiros à faixa de domínio. Considerando tal
diversidade, a área foi dividida, para fins de análise, em ADA urbana e ADA rural, sendo essa última
aquelas unidades espaciais localizadas na porção rural do município (independente do uso feito) e a
primeira, como sendo as unidades espaciais localizadas no trecho que corta a mancha urbana, de forma
contínua (independente de delimitação administrativa4).

No trecho da ADA rural deste município foram identificadas 11 unidades espaciais 5 localizadas, parcial
ou integralmente, na faixa de domínio da rodovia nas duas margens. Todas as unidades espaciais
observadas localizaram-se na porção anterior a mancha urbana, no sentido Garanhuns – São Caetano.
Todas elas destinavam-se a produção agrícola de milho ou sorgo, com registros de produção
consorciada de feijão. Parte do milho produzido servia, segundo relato dos entrevistados, a produção de
silagem para o gado, bem como todo o sorgo observado. O direcionamento da produção para
manutenção das atividades pecuárias e a predominância do cultivo de milho frente a de feijão e outros
gêneros vai ao encontro dos dados observados na produção agropecuária do município, o que indica
correção nos dados obtidos junto ao IBGE. Adicionalmente a escassez de produção na faixa de
domínio, quando comparado a municípios como Jupi-PE, Jucati-PE e Calçado-PE, tem-se confirmado
esse direcionamento produtivo, onde a agricultura ocupa lugar secundário frente a outras práticas
econômicas.

4
A delimitação do trecho urbano é feita pelo município e sinalizada na via, contudo, nem todos os espaços contam com essa
delimitação, impossibilitando a identificação dos limites. Adotou-se como critérios para a identificação do limite as
construções contínuas, lindeiras à faixa de domínio da rodovia.
5
Considera-se unidade espacial qualquer porção apropriada de área, seja ela para cultivo, residência ou comércio, esteja
construída de fixa, temporária ou apenas delimitada (desde que com função claramente definida) no momento da visita.
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A B

BR 423
Legenda: A- Cultivo de milho na faixa de domínio da BR-423; B – Registro da entrevista com pecuarista responsável pelo cultivo de
milho para silagem, na faixa de domínio da BR-423.
Foto: Os autores, 2022.

Figura 10.3-28– Imagens de cultivo de milho para silagem na área de domínio da BR-423, no trecho que corta o
município de Cachoeirinha-PE, e registro de entrevista com pecuarista responsável pelo cultivo.

No que diz respeito a renda, os sujeitos entrevistados relatam valores que não superam 2 salários-
mínimos mensais, com registro de famílias vivendo com pouco mais de 400 reais, dependentes de
benefícios sociais. A renda, nestes espaços, merece destaque pela dificuldade de mensuração dos
ganhos não regulares, fazendo com que os indivíduos que não desenvolvem atividade regular
assalariada, não indiquem os vencimentos oriundos de diária, podendo, os valores indicados –
principalmente por aqueles que afirmam não ter renda –, defasados frente a realidade. Independente da
omissão de parte dos ganhos, é nítido que o perfil predominante dos entrevistados ser composto por
sujeitos de baixo poder aquisitivo, que praticam uma agricultura de subsistência para complementação
da renda. No trecho estudado foram observados dois casos de produção de silagem para gado de
indivíduos que, aparentemente, não dependem dessa produção para a manutenção do seu rebanho,
nesse contexto, o uso da faixa de domínio funciona como uma extensão da propriedade e o cultivo é
feito por funcionários, com o objetivo de amenizar o custo com ração.

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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-29– Mapa de localização das residências e cultivos na faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o município de Cachoeirinha-PE.

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Das 11 unidades espaciais identificadas, em cinco não foi possível localizar e conversar com o
proprietário, embora em algumas tenha sido possível (por meio de informação de terceiros) identificar
o nome ou localizar a residência dos sujeitos. Dentre os entrevistados, foi identificada uma percepção
de insegurança quanto à via, com uma preocupação com as dificuldades de transposição após a
duplicação, bem como reticencias a respeito da possível ausência de retornos próximos, dificultando o
acesso às residências. Ressalvadas as questões de travessia e retorno, os entrevistados concordaram que
a duplicação tem um alto potencial de diminuir o volume de acidentes, melhorando as condições de
trafegabilidade no trecho observado. Essa percepção tem sido corriqueira nos trechos rurais,
considerando que, nesses espaços, os relatos de acidentes estão vinculados à colisão de veículos, fato
que poderá ser minorado, no entendimento predominante, com a duplicação.

A ADA urbana, do município de Cachoeirinha, considerando o projeto atual de duplicação, é uma das
mais complexas por abranger um número considerável de unidades espaciais, de forma direta e
indireta, apresentando um potencial de impacto considerável na economia local. Parte do setor de
serviços municipais concentram-se na comercialização de produtos derivados ou afeitos a produção
pecuária. Sobre esses serviços, é importante dizer que eles estão relacionados de forma sólida a BR-
423. O desenvolvimento de comércios especializados em carne e queijos tem ganhado força na região,
fazendo com que os rendimentos desses estabelecimentos garantam um volume considerável de renda
para toda a cadeia produtiva envolvida. A localização de boa parte dessas unidades de comercialização
alimentícias, às margens da rodovia, garante acesso fácil dos transeuntes às estruturas comerciais,
aumentando substancialmente as vendas. Quando observada a distribuição dos estabelecimentos de
comercialização de carne e derivados de leite, em detrimento daqueles ditos de selaria (selas, arreios,
botas, vestuário e demais produtos de couro), percebe-se que esse último consegue espraiar para o
interior da mancha urbana, distanciando-se da rodovia, ao passo que o primeiro concentra-se de forma
predominante às margens da BR-423, deixando clara a importância do fluxo veicular para essa
atividade.

Os estabelecimentos comerciais observados, na sessão urbana do trajeto, não apresentam grandes


porções de suas estruturas dentro da faixa de domínio. Quando observadas, são apenas estruturas
semifixas como cobertas ou varandas, geralmente de madeira ou alvenaria simples (apenas piso e
pilastras que sustentam um pequeno telhado). As construções na linha divisória da faixa de domínio
têm sido constantes em todo o trecho analisado, o que faz com que alguns estabelecimentos,
principalmente aqueles com fins comerciais, criem estruturas de recepção ou de suporte aos clientes na
faixa reservada da rodovia. A compreensão da transgressão da legalidade faz com que essas estruturas
não apresentem suporte físico total, sendo mais abertas, quase como um terraço, de fácil supressão.
Adicionalmente, as estruturas de comercialização: barracas de alimentos, pontos de mototáxi etc. são
todas semimóveis, feitas de madeira ou materiais leves, com igual facilidade de remoção. A realidade,
contudo, mostra-se complexa porque as unidades espaciais observadas, quando demandarem remoção,
estarão fora da faixa de domínio, exigindo processos de desapropriação.

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Legenda: As estruturas sinalizadas representam prolongamentos da unidade construídas, contudo, não compõem efetivamente o corpo do
imóvel, funcionando como um terraço, utilizado para a atividade comercial desenvolvida.
Notas: As quatro imagens foram tomadas na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano), da BR-423.
Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-30– Imagens de estruturas localizadas, parcial ou integralmente, na área de domínio da BR-423, no
trecho que corta o município de Cachoeirinha-PE.

O trecho urbano analisado, ressalvadas as realidades já discutidas, não apresenta construções na faixa
de domínio, contudo, considerando o projeto apresentado para duplicação da BR-423, no trecho urbano
do município de Cachoeirinha, há a projeção de construção de um conjunto de vias locais de acesso e
retorno que demandarão o alargamento da área diretamente afetada. Para tanto, a ADA urbana, aqui
considerada, compreende também essa realidade hipotética, prevendo o uso de espaços para a
construção de passarelas ou rotatórias. Nesse contexto, foram identificadas 183 unidades espaciais com
porções de suas estruturas na ADA atual ou futura (considerando o projeto proposto de engenharia).
Dessas estruturas, 67 localizaram-se na margem esquerda da rodovia (sentido Garanhuns – São
Caetano), das quais 10 eram barracas ou ambulantes e 57 eram imóveis, residenciais e comerciais. Na
margem direita, no mesmo sentido, foram identificadas 116 estruturas, das quais apenas 2 eram
barracas ou ambulantes e 114 imóveis.

A margem esquerda conta com uma diversidade menor de estabelecimentos comerciais, alguns postos
de combustíveis e o pórtico de entrada da cidade. Destaca-se, nesta porção, um bloco
predominantemente residencial concentrado na porção NE do trecho, composto por residências de
menor porte e alguns estabelecimentos comerciais, em uma área relativamente pequena de 37 unidades
espaciais. Entre essas unidades, há um subgrupo de aproximadamente 15 residências que se encontram
na ADA (Figura 10.3-31). O bloco referido não apresenta imóveis com porções consideráveis na área
de domínio da rodovia, todavia, compõe a ADA pelo empreendimento diante da previsão de instalação
de uma passarela. Na mesma margem, após o rio Una, encontra-se um segundo bloco residencial
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composto por 11 unidades habitacionais, que demandarão remoção para a instalação de uma rotatória
na via local de acesso, conforme o projeto elaborado. As unidades em questão apresentam-se
predominantemente ocupadas por seus proprietários, com apenas dois imóveis com inquilinos
residentes.

BR 423
Garanhuns

Legenda: As estruturas sinalizadas não estão dentro da faixa de domínio da rodovia BR-423, contudo, compõem a área diretamente
afetada pelo empreendimento, por ser necessária a instalação de uma passarela, prevista no projeto.
Foto: Os autores, 2022.

Figura 10.3-31– Bloco residencial localizado na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano) da BR-423, no
trecho que corta o município de Cachoeirinha-PE, anterior a ponte sobre o rio Una.

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1 2

Garanhuns

3 4

São Caetano
Legenda: 1, 2, 3 e 4 – Sequência contínua de fotos tomadas da esquerda (porção mais a sudoeste) para a direita (porção mais a nordeste),
do bloco de imóveis localizados na área diretamente afetada pelo empreendimento.
Nota: As estruturas apresentadas não estão dentro faixa de domínio da rodovia BR-423, entretanto, compõem a área diretamente afetada
pelo empreendimento, por ser necessária a instalação de uma rotatória na via local, prevista no projeto.
Foto: Os autores, 2022.

Figura 10.3-32– Bloco residencial localizado na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano) da BR-423, no
trecho que corta o município de Cachoeirinha-PE, posterior a ponte sobre o rio Una.

A porção direita da rodovia apresenta um número mais amplo de estabelecimentos comerciais e


residências de maior porte, talvez por essas características, seja a área com o maior número de imóveis
com dupla função (residência e comércio). É nesta margem direita que se encontram as principais
estruturas de comercialização alimentícias responsáveis pelos comércios mais rentáveis da área
estudada. A relação histórica que colocou Cachoeirinha como a cidade do couro e do aço, vinculando a
pecuária à economia do município, criou um espaço fértil para o desenvolvimento de um mercado
amparado na comercialização dos produtos derivados desse ramo de atividade. A comercialização de
carnes e derivados de leite conectou-se a cidade, gerando fama e reconhecimento regional,
potencializando o comércio alimentício local. O fluxo da rodovia BR-423 cooperou com esse processo,
ao garantir rotatividade no mercado consumidor, que está em constante deslocamento entre as cidades
polo do Agreste pernambucano.

A relação comercial anteriormente indicada, entre a rodovia e a economia da cidade, cristaliza-se na


característica dos imóveis identificados durante a atividade de campo. Dentre as 183 unidades espaciais
identificadas na ADA, 81 cumpriam função residencial, 15 conjugavam a função de comércio e

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residência6 e 87 cumpriam a função de comércio. Os comércios identificados foram bastante diversos:


lava-jato; hospedagem; alimentos (carne, queijos, bebidas e restaurantes); itens de couro e selaria;
autopeças e funilaria; e, pequenos fabricos de peças em couro e aço. Uma característica importante é
que as atividades comerciais observadas vinculam-se de forma direta e inequívoca a vocação
proporcionada pela presença da rodovia. Diferente do observado em Jupi-PE e Jucati-PE, na porção
analisada, não foram encontrados supermercados, padarias ou lanchonetes, ficando estes
estabelecimentos, típicos do cotidiano da população, posicionados no interior da macha urbana.

Quando interrogados sobre o tempo que o imóvel exercia a função relatada, as respostas obtidas foram
bastante distintas, apresentando unidades temporais que variaram entre alguns meses, até 50 anos. As
unidades residenciais próprias foram aquelas que apresentaram o maior tempo médios de residência,
geralmente acima de 10 anos, ao paço que as unidades comerciais alugadas foram aquelas que
apresentaram o menor tempo de exercício de função. Embora a pergunta elaborada seja o tempo de
função do imóvel, a resposta obtida (quando de imóveis alugados) ia na direção do tempo de
permanência do sujeito relator e da função que ele atribuía ao imóvel, dado o seu desconhecimento das
atividades pregressas desenvolvidas no local.

Uma segunda interrogação foi feita no sentido de saber qual o tempo que o imóvel estava no local,
independente da função. Nessas perguntas, as respostas foram pouco precisas, quando feitas a
inquilinos. A realidade temporal dos espaços alugados não é estranha considerando que os fatores que
determinam a permanência no imóvel são diversos e, quando se acresce a estes fatores a atividade
comercial, a rentabilidade do comércio ganha posição central na permanência. A ciclicidade do uso,
nos imóveis alugados, depende diretamente da capacidade do inquilino de arcar com o custo da
moradia, fazendo com que a manutenção seja muito mais volátil que nos imóveis próprios. Os relatos
de temporalidade de função, porém, permitem o entendimento de que a ocupação observada é bastante
antiga, com sucessivos relatos de mais de 40 anos de exercício de função.

Quando averiguado o valor dos aluguéis pagos nos imóveis estudados, foi possível identificar uma
oscilação severa dos valores, que variam de R$ 200,00 até R$ 2.800,00. Uma tendência clara de que a
compartimentação dos valores é a função do imóvel: residências apresentam os menores valores de
aluguéis, ao passo que as estruturas comerciais apresentam os valores mais altos. O valor dos aluguéis
residenciais, nesta região, não ultrapassa R$ 300,00, fato que pode estar vinculado à característica
média da renda no município. Adicionalmente, deve-se informar que o percentual dos imóveis
reportados como alugados, durante as entrevistas, não ultrapassou os 23%, o que indica um uso direto
pelos proprietários. Ainda sobre a característica dos imóveis residenciais, foi percebida uma
predominância de núcleos familiares de até três indivíduos, com relatos de aglomerados de até sete
sujeitos numa mesma residência. Os núcleos familiares menores são uma realidade cada vez mais
imperante no contexto brasileiro, que se cristaliza no baixo crescimento da população, não sendo
destoante do observado nas demais localidades estudadas.

A diversidade dos tipos comerciais estudados amplifica-se nas condições e rendimento dessas
estruturas. O número de funcionários, por exemplo, varia entre um ou nenhum, para aqueles
estabelecimentos em que apenas o proprietário realiza os serviços oferecidos, como nas borracharias,
pequenas oficinas mecânicas, bares e restaurantes; e até 15 funcionários, em estabelecimentos

6
A função de comércio e residência foi caracterizada quando o núcleo residente era também responsável pelo comércio
(atividade econômica) desenvolvido. Nos casos em que os imóveis apresentavam, no térreo, um comércio e na parte
superior uma residência, com proprietários (usuários) distintos, foram considerados como unidades espaciais distintas,
embora ocupem o mesmo território.
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comerciais que lidam com maior volume de venda, como frigoríficos, lojas de carne e queijo, selarias,
comércios de couro etc. Ainda foi possível identificar uma unidade produtiva com 25 funcionários,
porém, não se vinculava ao atendimento direto ao público, funcionando como uma unidade de
produção de alimentos prontos para instituições públicas.

Esta diversidade é ainda mais clara quando observado o volume de venda mensal relatado por esses
estabelecimentos, variando, para pequenos estabelecimentos, de pouco mais de R$ 500,00 até R$
350.000,00. Dos estabelecimentos alimentícios, os valores observados variam desde R$,15.000,00, em
um pequeno restaurante, até R$,200.000,00, em uma pequena loja especializada em comercializar
carnes e queijos, na margem direita da rodovia. Tal variação e os valores relatados dão conta do volume
que estes produtos, vinculados à pecuária local, conseguem movimentar valores consideráveis na
realidade econômica municipal. O estabelecimento citado ocupa uma área que não ultrapassa 25m² e
conta com quatro funcionários, dependendo diretamente do fluxo de transeuntes resultantes da BR-423.
Interrogados sobre a possibilidade duplicação da rodovia, manifestaram profunda preocupação com os
impactos sobre o comércio, uma vez que a separação física entre os eixos de rolagem da via dificultaria
o acesso de uma das mãos ao estabelecimento.

Os menores volumes de venda mensal estão concentrados nas atividades de serviços como oficinas
mecânicas, lava-jato e borracharia. Os serviços ligados à comercialização de produtos de couro ou à
atividade pecuária e selaria, movimentam volumes próximos àqueles identificados na comercialização
de alimentos, chegando aos R$ 250.000,00 mensais, abrigando um número de funcionários mais amplo.
Esse tipo de atividade não se concentra intensamente na área em estudo, estando espraiada no centro
econômico do município, o que indicaria uma menor vulnerabilidade a alteração no fluxo veicular. Foi
observado ainda estabelecimentos comerciais de produtos de couro, com lojas dos dois lados da
rodovia, a fim de garantir a captura de clientes em ambos os fluxos. Essa capacidade de ampliação de
lojas não é uma regra, ficando a maioria dos estabelecimentos restritos à uma única unidade, em sua
maioria localizada na margem direita da rodovia, oposta ao núcleo urbano central, o que preocupou
alguns dos entrevistados, principalmente de serviços automotivos, relativo à dificuldade de
transposição pelos clientes, podendo diminuir a procura pelos serviços. Nesse sentido, deve-se lembrar
que estas atividades são as que movimentam, no contexto apresentado, os menores volumes
monetários, estando, portanto, mais vulneráveis a oscilações na demanda.

Quando interrogados sobre as condições de segurança do trecho imediatamente próximo, os


entrevistados relataram uma condição predominante de segurança, embora reconheçam a presença de
um fluxo intenso de veículos que pode colocar em risco à vida dos transeuntes. A presença de
lombadas físicas, duas na entrada da mancha urbana e uma no centro, coopera para diminuição da
velocidade no trecho urbano, o que pode diminuir os relatos de acidentes naquela porção da rodovia.
De forma mais ampla, os reportamentos de acidentes no trecho da BR-423 em estudo não se revelaram
intensos no município de Cachoeirinha, o que coaduna com a percepção predominante. Os relatos de
insegurança sempre estiveram atrelados à dificuldade de travessia em horários de maior intensidade de
fluxo. Diante desta condição, foi interrogado aos participantes sobre a perspectiva de melhoria das
condições gerais após a duplicação. A preocupação com as condições de travessia foi predominante,
seguida pela necessidade de instalação de retornos próximos, o que melhoraria as condições de trânsito
entre as duas porções da cidade. Dentre os entrevistados, 11 sujeitos indicaram não ver nenhuma
melhoria com a duplicação, para estes indivíduos, a ampliação da BR-423 criará dificuldades de
trânsito entre as porções da cidade e gerará um profundo problema na economia, diminuindo as vendas
nos estabelecimentos comerciais em suas margens.

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A preocupação dos moradores e comerciantes, das margens da rodovia, quanto à dinâmica econômica
do município merece especial atenção. Embora seja possível a instalação da rodovia sem necessidade
de supressão dos imóveis da margem direita e, ainda que, a rede viária local projetada permita o
trânsito entre as margens (por meio da construção de um elevado para circulação, sem a necessidade de
uso de retorno operacional da rodovia), a criação de acessos à via local apenas nas pontas do trecho
urbano acaba inibindo os movimentos fortuitos de acesso aos comércios, quando o transeunte decide,
no momento em que se depara com o estabelecimento, fazer a compra. É necessário compreender que,
diferente do que ocorre com os consumidores de produtos de couro e selaria, os clientes dos espaços de
comercialização de alimentos, nesse trecho, são consumidores ocasionais que fazem a parada por
facilidade de acesso e por considerarem que durante a pausa na viagem podem adquirir os produtos de
seu interesse. Essa percepção consolida-se no fato de que as casas especializadas nesses tipos de
produtos quase inexistem no interior da mancha urbana, como ocorre com os produtos de couro e
selaria.

Diante da realidade exposta, considera-se pertinente que a duplicação proposta desenvolva políticas
mitigatórias que busquem criar condições de fácil acesso dos usuários da rodovia a estes espaços, de
modo a não causar um impacto severo no rendimento desses estabelecimentos. A ampla e breve
sinalização, indicando a entrada para acesso aos comércios desse tipo de produto, bem como a garantia
de espaços (estacionamento) que comporte a frota de veículos, atualmente feita na faixa de domínio da
rodovia, tem o potencial de minimizar possíveis impactos negativos nas vendas. O funcionamento da
relação consumidor/produto é bastante dinâmico, sendo imprevisível a longo prazo. Para tanto,
qualquer intervenção espacial precisa monitorar a evolução do funcionamento comercial no período
posterior a instalação, a fim de elaborar medidas mitigatórias eficientes, validando aquelas
anteriormente propostas e implementadas e/ou implementando novas ações que se mostrem mais
eficientes. A escuta da população local, quanto a caminhos possíveis para a manutenção da dinâmica
posta, é fundamental para a eficiência do projeto proposto e para a maximização dos impactos
positivos.

Qualquer projeto de engenharia de grande porte gera, naturalmente, um impacto sensível na vida das
populações que assistem nas regiões lindeiras ao empreendimento. Esse impacto amplifica-se quando o
projeto em análise é uma obra viária, uma vez que impacta um conjunto muito mais amplo de
indivíduos, de forma direta e indireta. No campo em análise, o impacto observado é ainda maior porque
parte da economia local tem relação diretamente com o objeto da obra, exigindo que as questões
logísticas e de engenharia dialoguem com às necessidades de vivência e de trabalho dos sujeitos que
convivem na região. Caso o projeto proposto venha a provocar o desaquecimento da economia local,
mesmo que atue como um motor de desenvolvimento alhures, terá sua eficácia plenamente
comprometida, independente do cumprimento de sua atividade fim (melhoria no deslocamento, e
amplificação no fluxo e pessoas e mercadorias).

Por fim, compreende-se que, no espaço aqui analisado, bem como no distrito de Neves, município de
Jucati-PE, encontram-se as localidades que demandam o maior número de intervenções preventivas
para garantia da dinâmica produtiva, de trabalho e de vivência dos sujeitos que habitam a região, uma
vez que a ação de instalação do projeto (duplicação da BR-423) tem o potencial de alterar a dinâmica
vigente de forma severa.

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LAJEDO – PE

10.3.5.1 Histórico e dinâmica demográfica

O município de Lajedo está localizado na mesorregião do Agreste do Estado de Pernambuco, na


microrregião de Garanhuns. Sua formação administrativa deriva do desmembramento territorial do
município de Canhotinho-PE, por meio da Lei Estadual no 508 de 27 de junho de 1949, depois de
figurar como distrito deste município, entre 1911 e 1949. Originalmente nomeada de Lajeiro de Santo
Antônio, a localidade passou a denominar-se de Lajeado, nomenclatura que durou até o ano de 1911.
Quando da composição como distrito de Canhotinho-PE, a localidade recebeu o nome de “Lagedo”,
toponímia foneticamente igual a utilizada na atualidade. A grafia atual (Lajedo), só passou a vigorar no
então distrito a partir de 1938. A ocupação territorial decorre da expansão de fazendas de gado nas
imediações da atual sede municipal, as quais inicialmente utilizaram o acúmulo de água em grandes
afloramentos rochosos, que deram a referência para a nomeação da localidade (IBGE, 2022).

O município conta com uma população contada no último censo demográfico de 2010, de 36.628
habitantes e uma população estimada de 40.883 pessoas para o ano de 2021 (Figura 10.3-33). O
crescimento populacional observado segue uma tendência na série de dados, que indica um aumento na
ordem de 10,4% na última década, o que poderá ser confirmado com o censo demográfico de 2022. Em
geral, a taxa de crescimento da população brasileira vem sendo reduzida, com maior ou menor
intensidade, a depender do fluxo de relações que os municípios desempenham entre si na rede urbana
(IBGE, 2022).

A taxa de crescimento populacional de Lajedo vem aumentando progressivamente desde a década de


1970, quando deu um salto na ordem de 16%. A partir da década de 1980, o crescimento manteve-se,
mas com decréscimos registrados a cada censo demográfico. Durante essa última década, o crescimento
foi da ordem de 13,6%, reduzido para 7,7% em 1990 e, na década de 2000, houve uma aceleração na
ordem de 12,1%. Lajedo vivenciou acréscimos de mais de 4.000 habitantes por década, exceto na
última do século XX, quando o crescimento ficou na ordem de 2.000 habitantes. A série de dados
demonstra uma distribuição média de algo em torno de 5% a mais de mulheres do que de homens, com
pequenas oscilações registradas pelos censos demográficos. Tanto o crescimento vegetativo, quanto a
distribuição entre homens, mulheres e zona de residência acompanham a tendência geral para o estado
e em escala nacional.

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EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO - LAJEDO-PE

45.000
40.000
35.000
POPULAÇÃO

30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
1970 1980 1991 2000 2010 2021
TOTAL 21.478 25.687 29.718 32.209 36.628 40.883
HOMENS 10.032 12.161 14.233 15.395 17.418
MULHERES 11.446 13.526 15.485 16.814 19.210

*Diante do adiamento do censo demográfico de 2020, que está sendo realizado no ano de 2022, os dados mais atuais de população estão
apresentados baseados na estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Fonte: IBGE, 2022.

Figura 10.3-33– Evolução da população no município de Lajedo-PE, entre os anos de 1970 e 2021.

A distribuição da população municipal, concordando com a realidade nacional, demonstra uma


predominância absoluta de população urbana (72,06%) frente um percentual de 27,94% de população
rural. O percentual relativo da população urbana alinha-se ainda a realidade dos dois centros
econômicos regionais (Caruaru-PE e Garanhuns-PE), o que indica um segundo alinhamento estrutural
pautado na importância do setor de serviços. A transição para uma população urbana, no município,
tem início já em meados da década de 1980, aprofundando paulatinamente nas décadas subsequentes
(Figura 10.3-34). A taxa de crescimento da população urbana registrou maior aceleração no censo
demográfico de 1991 (61,49%), embora tenha sido identificada como tendência já na década anterior.
O censo de 1980 captou um incremento da população urbana da ordem de 51,72%, em relação a
contagem de 1970. Nas décadas posteriores a 1991, percebe-se uma desaceleração dessa taxa de
crescimento, em 2000 (25,22%) e em 2010 com 17,15%. Em 1970, a população de Lajedo distribuía-se
em 65,81% rural e 34,19% urbana.

O incremento na população urbana acompanhou a tendência estadual e nacional, marcadamente


influenciada pelo êxodo rural. Os movimentos migratórios entre o campo e a cidade materializam-se na
diminuição relativa e absoluta observada nos residentes de área rural do município a partir da década de
1980. A partir do censo demográfico de 1991, percebe-se um decréscimo progressivo na população
rural até a década de 2000. Entre 1980 e 1991, essa população encolheu 19,39%, enquanto na década
seguinte, o encolhimento foi de 17,46%. Somente na década de 2000 que a população rural do
município volta a crescer (5,73%), mesmo com quantitativos inferiores ao aferido em 1991. Em geral,
esse fenômeno pode ser explicado pelas mudanças no direcionamento macroeconômico nacional, que
converteu os centros urbanos em receptores de mão de obra, em relação à estrutura essencialmente
agrícola vigente até então. No contexto atual, a dinamização do setor de serviços ajuda a explicar o

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fundamento econômico que justifica o arranjo populacional atual, juntamente à localização e o


posicionamento em relação à rede urbana.

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA E RURAL DE LAJEDO-PE


URBANA RURAL TOTAL

40.000 36.628

35.000 32.209
NÚMERO DE HABITANTES

29.718
30.000
25.687
25.000
21.478 26.395
17.993
20.000 22.531
14.134 14.545
15.000

10.000 11.725
11.142 10.233
9.678
5.000 7.344

0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
ANOS

Fonte: IBGE, 2022.


Figura 10.3-34– Evolução das populações urbanas e rurais no município de Lajedo-PE, entre os anos de 1970 e 2010.

A realidade apresentada é interessante num contexto em que a economia municipal parece orbitar as
relações produtivas tipicamente urbanas, frente a uma importância dos serviços na composição do
Produto Interno Bruto (PIB) municipal. Destoando da realidade de boa parte dos municípios
circundantes, Lajedo, desde 2011, tem os serviços, como o setor de maior incremento na composição
do seu PIB, superando em até 12 pontos percentuais (em 2014) a participação na composição das
riquezas municipais. Com um direcionamento explícito para este setor da economia, a produção
agropecuária tem participação pequena nas riquezas do município, raramente superando os 10%. Sendo
a cidade o espaço máximo para o desenvolvimento das trocas e exercícios das práticas manufatureiras,
não é de se estranhar que as estruturas urbanas do município tenham exercido um poder tão alto de
atração para a população, apresentando percentuais próximos àqueles de espaços urbanos mais
desenvolvidos. A posição de entroncamento entre as rodovias BR-423 e PE-170 cooperou
sobremaneira para a amplificação do desenvolvimento da macha urbana municipal.

O comportamento da expansão da malha urbana permite a observação dos espaços de interesse para
consolidação dos agrupamentos humanos. A criação de novos loteamentos pode indicar os espaços
onde o mercado imobiliário local tem enxergado oportunidade e desejo de residência, indicando os
novos flancos de ocupação. Os novos núcleos de povoamentos (Figura 10.3-35) estão claramente
ancorados às duas principais vias de circulação (BR-423 e PE-170). Esse direcionamento ajuda a
consolidar a compreensão apresentada de que esses eixos viários têm modulado o desenvolvimento da
cidade, exigindo o olhar mais cuidadoso sobre as intervenções propostas.

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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-35– Mapa das áreas de expansão da malha urbana no município de Lajedo-PE

10.3.5.2 Características da saúde pública municipal

A qualidade de vida das populações conecta-se de forma direta às condições de assistência e suporte de
que dispõem, principalmente no que concerne aos grupos economicamente vulneráveis. Quando essas
condições estão vinculadas à rede de atendimento médico, hospitalar e ambulatorial a qualidade de vida
confunde-se com a capacidade de manutenção da vida, diante das demandas emergentes das
instabilidades da saúde humana. O município de Lajedo conta, atualmente, com 15 estabelecimentos
públicos de saúde, mesmo quantitativo de Cachoeirinha-PE, dos quais 12 são públicos e 3 privados. Do
total de estabelecimentos, 1 realiza atendimento geral com internação, 10 realizam atendimento geral
sem internação e 2 oferecem atendimento de especialidades médicas, com internação. O município
dispõe de 41 leitos hospitalares de caráter público e 9 leitos hospitalares privados. Ainda possui dois
estabelecimentos que oferecem atendimentos de emergência. Sobre os leitos privados, Lajedo é o único
município que dispõe dessa estrutura, sendo ainda o município com o maior número de leitos
disponíveis entre os integram à ADA do empreendimento.

A estrutura municipal de saúde conta, atualmente, com 12 unidades do Programa Saúde da Família –
PSF, um núcleo de apoio à saúde da família, três centros de especialidades, oito consultórios isolados,
quatro postos de saúde, dois laboratórios de análises médicas, uma unidade móvel de atendimento e um
hospital. Além das unidades citadas, a rede municipal de saúde conta com a estrutura de gerenciamento
da Secretaria Municipal de Saúde: uma central de regulação, um Centro de Atenção Psicossocial –
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CAPS e uma unidade do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, totalizando 36


estruturas de atendimento público vinculadas à saúde da população. A amplitude da rede privada de
atendimento está diretamente ligada aos movimentos de expansão da rede urbana, transformando a
localidade, uma referência em serviços para os municípios de menor porte do entorno.
Geograficamente localizada entre as cidades de Garanhuns-PE e Caruaru-PE, Lajedo apresenta-se
como uma referência imediata e alternativa a estes espaços mais consolidados.

A Portaria nº 204, 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, define a Lista Nacional de


Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública nos serviços de saúde
públicos e privados em todo o território nacional. Nesse sentido, a determinação do perfil nosólógico da
população de uma determinada porção do território nacional pode ser feita utilizando os dados
disponibilizados pelo Ministério da Saúde, dentre as doenças reportadas num dado período. A
observação do comportamento destas patologias permite uma compreensão mais amplificada das
condições socioeconômicas vigentes na localidade, indicando caminhos preventivos que evitem o
agravo de condições de vulnerabilidade em determinados grupos sociais. O município de Lajedo
apresenta registro de 10 enfermidades reportadas ao Ministério, entre os anos de 2012 e 2022.

PERFIL NOSOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE LAJEDO-PE


700
NÚMERO DE CASOS

600
500
400
300
200
100
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
DENGUE 0 0 4 14 91 674 18 13 3 16 0
ZIKA VÍRUS 0 0 0 9 2 2 0 0 0 0 0
SÍFILIS CONGÊNITA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0
SÍFILIS ADQUIRIDA 0 0 0 1 0 0 6 5 1 0 0
INTOXICAÇÃO EXÓGENA 0 0 0 0 0 0 1 12 29 44 21
ESQUITOSSOMOSE 0 3 9 0 0 0 0 0 0 0 0
HEPATITE 0 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0
TUBERCULOSE 14 11 6 8 4 13 10 13 7 12 1
HANSENÍASE 3 2 2 4 4 3 3 2 1 0 0
HIV/AIDS 2 1 4 11 2 1 2 3 2

Legenda: Foram apresentadas as doenças constantes na Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, define a Lista
Nacional de Notificação Compulsória. *Espaços sem dados indicam não haver dados disponíveis na data de consulta.
Fonte: DATASUS, 2022.
Figura 10.3-36– Perfil nosológico do município de Lajedo, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022.

O comportamento dos casos de dengue merece destaque por evidenciar um grave problema que rege a
gestão da saúde pública brasileira. Associadas às condições precárias de ocupação do espaço,
decorrente da profunda desigualdade social vigente no Brasil, doenças difundidas por vetores que se
beneficiam da ausência de esgotamento sanitário e coleta regular de resíduos sólidos descartados (lixo),
proliferam-se com maior eficiência em espaços economicamente subdesenvolvidos e/ou onde as
condições de moradia são insuficientes. As notificações observadas no município de Lajedo dão conta
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de uma concentração profunda do número de casos nos anos 2016 e 2017. O registo de 674 casos no
ano de 2017 indica a ocorrência de um surto da doença, localizado temporalmente naquele ano. O
aumento nos casos dessa doença, no trecho estudado, foi observado no ano de 2016 em três dos
municípios, sendo São João-PE, o único dentre eles em que essa condição estende-se para o ano de
2017. Vale ressaltar que a terminologia “surto”, aqui apresentada, refere-se ao fato da ocorrência
elevada em relação aos padrões observados nos anos imediatamente anteriores e posteriores, sem
guardar relação com uma contaminação massificada de um elevado percentual da população, uma vez
que os registros não dão conta de volumes superiores a 674 contaminações, o que representa 1,84% da
população.

Outro fator indicativo das condições de baixa salubridade do ambiente municipal é a recorrência de
notificação de casos de doenças com processos de transmissão e prevenção conhecidos. A tuberculose e
a hanseníase, por exemplo, ambas têm recorrência de contaminação em quase todos os municípios da
área estudada. No município de Lajedo observar-se essa recorrência de contaminação das duas doenças
por quase todo o período analisado, fato que não ocorre, por exemplo, com a dengue. A baixa infecção,
não superando 14 casos, demostra não haver um surto instaurado ou uma condição de exceção
epidemiológica, mas sim de uma condição sustentada, mantida pelas condições socioespaciais
existentes.

Qualquer ação no ambiente que insira, retire ou desloque matéria, bem como qualquer intervenção na
infraestrutura ou em atividades produtivas tem, inevitavelmente, o potencial de agravar alguns fatores
que interfiram nas condições ambientais. A retirada, depósito ou transporte de resíduos da construção
civil, de grandes obras de engenharia, bem como o descarte indevido de materiais de uso comum,
rejeitados pelos profissionais integrantes da equipe de execução, todos esses fatores juntos podem
intensificar a proliferação de vetores biológicos. Nesse contexto, é fundamental uma atenção especial
durante o gerenciamento dos resíduos da execução da duplicação da BR-423, mas também aqueles
relacionados à alimentação, vestuário e equipamentos de proteção individual ligados à obra. O espaço
em analise já demonstrou ter potencial para sustentar movimentos ascendentes de contaminação por
doenças oriundas de vetores biológicos oportunistas, sendo necessária uma especial atenção às
intervenções espaciais potencializadoras desses processos.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um indicador usado para classificar os países e demais
porções do território que considera a expectativa de vida, a educação (média de anos de escolaridade
completados e anos esperados de escolaridade ao entrar no sistema de educação) e indicadores de renda
per capita. O IDH gera um valor resultante desses tópicos que vai de 0 a 1, sendo os valores próximos
de 1 aqueles que indicam melhores condições de desenvolvimento. O município de Lajedo tem um
IDH definido em 0,611 (IBGE, 2010). Embora o valor seja baixo, é necessário registar que nos anos de
1991 e 2000, os índices eram 0,355 e 0,474, respectivamente. O IDH do Estado de Pernambuco foi
definido em 0,673 (2010), 0,544 (2000) e 0,440 (1991), o que indica que, embora esteja abaixo da
média estadual, o município tem seguido a tendência de melhoria no índice.

10.3.5.3 Indicadores de educação, renda e trabalho

Considerando que o Índice de Desenvolvimento Humano tem a educação como um dos fatores
determinantes do desenvolvimento humano, cumpre investigar as condições de desenvolvimento das
estruturas educacionais, bem como o perfil formativo da população. O município de Lajedo conta com
38 estabelecimentos de educação infantil, 38 de ensino fundamental e 5 de ensino médio, com um
contingente de 570 docentes e 9.979 estudantes. O número de instituições no município é caracterizado
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por dois fenômenos: a leve variação no número de escolas, com incremento nas escolas de nível médio
(Figura 10.3-37); e, a predominância de instituições públicas em detrimentos das instituições privadas,
realidade compartilhada entro os municípios da região. A permanência no número de estabelecimentos
de ensino é uma exceção dentro do contexto regional, que experimentou uma diminuição sensível do
número de escolas, nos diferentes níveis. Há uma redução de 19,15% das unidades de educação em
nível fundamental, acompanhada de uma redução de 13,64% nas unidades de educação infantil, no
período analisado. Porém, há no mesmo período, um incremento de 66,7% de instituições de ensino
médio.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO NÚMERO DE ESCOLAS/ANO, EM


LAJEDO-PE
50
NÚMERO DE ESCOLAS

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ensino infantil 44 41 44 40 42 40 41 41 39 39 39 36 38 38
Ensino fundamental* 47 46 46 43 42 40 41 41 39 39 38 37 38 38
Anos iniciais** 46 45 45 43 42 40 41 41 39 39 38 37 38 38
Anos finais** 16 16 17 15 16 16 17 18 18 19 18 17 17 17
Ensino médio 3 3 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5

Legenda: *Os dados referentes às instituições de ensino fundamental apresentam os valores totais desta etapa do ensino. **Os
quantitativos de instituições ofertantes de anos iniciais e finais do ensino fundamental representam um desmembramento dos valores das
escolas de ensino fundamental.
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP, 2022; IBGE, 2022.

Figura 10.3-37– Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de Lajedo-PE, entre os anos de
2008 e 2021.

A redução no número de unidades educacionais dialoga diretamente com o decréscimo no número de


matrículas, em relação ao número médio de estudantes por escola. Apenas no ensino médio é possível
observar um aumento na quantidade de unidades educacionais em detrimento de uma variação negativa
no número de matriculados. A realidade observada no ensino médio pode estar relacionada a
implementação, em nível estadual, do ensino em tempo integral, que inviabiliza o funcionamento da
escola em modelo de turno, comportando menos estudantes por unidade. De maneira mais ampla, a
evasão escolar do ensino médio reflete uma realidade complexa presente na educação básica brasileira.
O contingente de matriculados, aferidos nos diferentes anos, não consegue dar conta do déficit
formativo pela inconclusão do processo, quando analisado o perfil de formação dos sujeitos,
apresentado mais adiante, percebe-se o impacto no nível de qualificação da população local.

A aferição dos níveis de aprendizado permite o desenvolvimento de estratégias para a melhoria das
estruturas e dos processos vigentes, a fim de ofertar as melhores condições dignas de formação escolar
aos sujeitos. Ciente da necessidade de avaliar e monitorar o desenvolvimento da educação básica no
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país o Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira - INEP, desenvolveu em 2007, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(IDEB). Este índice reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos fundamentais para a
percepção da qualidade educacional: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O
índice varia de 0 a 10. A combinação entre fluxo e aprendizagem tem o objetivo de equilibrar essas
duas dimensões, compreendendo que a formação dentro do tempo planejado, com qualidade, é o
melhor caminho para uma formação significativa.

O município de Lajedo tem conseguido melhorar seu desempenho na educação ao longo dos anos
(Figura 10.3-38), contudo, apresentou em 2021, valores abaixo da média estadual para o ensino público
nos anos iniciais do ensino fundamental (Lajedo – 5; PE – 5,1; BR – 5,5) e nos anos finais do ensino
fundamental (Lajedo – 4,5; PE – 4,7; BR – 4,9). O ensino médio é o único nível em que a educação
municipal mostrou valores superiores à média estadual e nacional (Lajedo – 5,1; PE – 4,4; BR – 3,9).

No que concerne ao desempenho no nos anos iniciais no ensino fundamental, há uma clara interrupção
de melhoria no ano de 2017, seguido de uma retomada. Nos anos finais do ensino fundamental, o
processo de melhoria no índice parece sustentado.

EVOLUÇÃO DO IDEB DO MUNICÍPIO DE LAJEDO-PE


7

6
VALORES DO IDEB

0
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
E.F. Anos iniciais (Municipal) 2,4 3,4 4 5 6,5 4,7 4,9 5
E.F. Anos finais (Municipal) 2,6 2,4 2,9 2,9 3,1 4 3,9 4,2 4,5
Ensino médio (estadual) 4,3 5 5,1

Legenda: E.F.: Ensino Fundamental; IDEB: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.


Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo
Educacional 2021; IBGE, 2022.

Figura 10.3-38– Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de Lajedo-PE,
entre os anos de 2005 e 2021.

O progressivo processo de melhoria nos índices de avaliação da educação resulta de um processo de


investimento no ensino básico, que contou com políticas públicas nos três níveis da administração
(federal, estadual e municipal). Tais ações funcionam como criadoras de condições formativas para o

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futuro, exigindo um olhar mais qualificado sobre a realidade contemporânea da população adulta. Os
sujeitos que hoje compõem a massa de trabalhadores tiveram sua formação anterior ao período
observado (anterior, inclusive, a criação dos sistemas de análise em consideração) e, portanto, entender
o nível de instrução desses sujeitos, ajuda a desvelar as condições dos indivíduos que compõem a mão
de obra disponível no espaço analisado.

A taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade, aferida no ano de 2010, foi de 97,9%, a segunda maior
dentre os municípios estudados. Tal realidade contrasta com um número expressivo de pessoas que
declararam, no mesmo ano, não terem instrução formal ou possuírem o ensino fundamental ou médio
incompleto (84,60% da população). A baixa proporção de pessoas com ensino médio completo e que
acessaram o ensino superior (Figura 10.3-39) revela à deficiência histórica no acesso à educação formal
de maneira plena. O acesso à educação possibilita condições efetivas de inserção qualificada no
mercado de trabalho, garantindo valorização da mão de obra e atuando como um gerador indireto de
renda para o contexto local. Em um espaço onde predomina o setor de serviços, onde o contexto
espacial de predominância agropecuária, seria natural esperar uma maior qualificação da população,
porém, a realidade revela um aprofundamento das desigualdades, com apenas 3% da população tendo
ensino superior completo.

Nível de instrução da população de Lajedo-PE


914
40

3722
Sem instrução e fundamental incompleto

Fundamental completo e médio incompleto

4491
Médio completo e superior incompleto
21192
Superior completo

Não determinado

Fonte: Censo demográfico de 2010, IBGE, 2022.


Figura 10.3-39– Nível de instrução da população de Lajedo-PE, aferido no censo de 2010.

A escolaridade de uma população reflete diretamente o grau de ocupação e o perfil socioeconômico das
atividades desenvolvidas. Em 2020, o município de Lajedo apresentou um grau de ocupação da ordem
de 11,2% (4.545 pessoas), recebendo um salário médio de 1,3 salário-mínimo. Nestas condições,
Lajedo é, dentro da área de estudo, o município com a maior taxa de ocupação e o menor salário médio.
Isso implica dizer que parte considerável desses trabalhadores vive com apenas 1 salário-mínimo, o que
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justifica a média observada. Adicionalmente, no ano de 2010, 46,3% da população possuía rendimento
médio per capita de até 1/2 salário-mínimo. O censo demográfico de 2010 identificou contradições
mais profundas na realidade local, enquanto 477 domicílios apresentaram renda declara de mais de 5
salários-mínimos (33 deles declarando mais de 20 salários-mínimos), 5.075 domicílios declararam
viver com até 1 salário-mínimo.

Renda declarada por quantidade de domicílios particulares permanentes

Sem rendimento
Até 1/2 S.M.
3403 2047 99 De 1/2 a 1 S.M.
De 1 a 2 S.M.
477 33
De 2 a 5 S.M.
415 345
De 5 a 10 S.M.
3166 1494
De 10 a 20 S.M.
De 20 S.M.

Legenda: S.M.: Salário-Mínimo


Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

Figura 10.3-40– Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de Lajedo-PE, no ano de
2010.

Quando observada a renda individual, a maior proporção está entre as pessoas que recebem até 1
salário-mínimo, totalizando 88,22% da populaçãO. Considerados os volumes de indivíduos ocupados
no município e a mão de obra ociosa disponível para o trabalho, percebe-se o alto potencial de impacto
com a movimentação da cadeia produtiva local. Nesse contexto, a oferta de postos de trabalho com
pouca qualificação técnica ou com potencial de formação para mão de obra pode gerar um incremento
nas receitas municipais e uma melhoria nas condições materiais de vida da população. Adicionalmente,
a demanda por serviços inerentes ao processo de construção da obra pode afetar diretamente a
economia local, gerando empregos e criando oportunidades de negócios em serviços de alimentação,
hospedagem etc.

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Classe de rendimento nominal mensal de Lajedo-PE


358 223
23 29 11
485 4 Sem rendimento
Até 1/4 de S.M.
2446 De 1/4 a 1/2 S.M.
De 1/2 a 1 S.M.

11527 De 1 a 2 S.M.
De 2 a 3 S.M.

9836 De 3 a 5 S.M.
De 5 a 10 S.M.
De 10 a 15 S.M.
De 15 a 20 S.M.
2737
2701 De 20 a 30 S.M.
De 30 S.M.

Legenda: S.M.: Salário-Mínimo.


Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.

Figura 10.3-41– Rendimento mensal, por pessoa, no município de Lajedo-PE, no ano de 2010, por classe de renda.

O alto índice de urbanização da população do município associado a uma massa de desempregados


gera um potencial enorme na oferta de mão de obra direta para o empreendimento. O desenvolvimento
de programas formativos (capacitação profissional de baixa complexidade) garante o uso de mão de
obra local, que se relaciona diretamente com o produto construído e, ainda, garante a oferta
profissionais qualificados, aptos a atuar na construção civil. Todo esse processo tem o potencial de
espraiar-se pela região, atendendo demandas oriundas do processo de aquecimento do mercado
imobiliários, frente a uma malha urbana em franca expansão. Nesse sentido, os impactos
socioeconômicos positivos podem extrapolar a circunscrição temporal e espacial da obra.

10.3.5.4 Meios de comunicação de abrangência municipal

O desenvolvimento dos meios de comunicação, aliado à difusão das redes sociais eletrônicas, deram
uma importância central a comunicação social humana como forma de compartilhamento de
informações. Não é possível considerar os meios de comunicação locais sem a conexão com as
diferentes plataformas da internet, além dos meios tradicionais, tais como: televisão, rádio difusão,
jornais e sites oficiais. Atualmente, o município de Lajedo-PE conta com 13 principais meios de
comunicação locais: dois vinculados à Prefeitura Municipal (site e perfil no instagram) e um que
reporta fatos do cotidiano, mesclando informação com humor (perfil instagram), duas rádios (com
perfil no instagram e site – perfazendo cinco meios), um blog (site), um blog perfil de notícia (perfil
facebook), e três perfis (instagram e facebook).

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Tabela 10.3-11– Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de Cachoeirinha-PE.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO - LAJEDO


MEIO
CATEGORIA SITE/@ RESPONSÁVEL VIGÊNCIA CONTATO
COMUNICAÇÃO
Lajedo FM 104.9 (87) 99636-
Rádio Edson Lucas Vilaça 1998
MHz 7546
Site Internet https://www.lajedofm.com.br Edson Lucas Vilaça
Instagram Internet @lajedofm Edson Lucas Vilaça
Rádio Asas FM 91.1 MHz Alberto Sales 2009
Instagram Internet @asasfm91.1 Alberto Sales 2019
Blog na boca do https://www.blognabocadopovo.com
Blog Dinho Santos
povo .br
Instagram Guia Lajedo @guialajedo 2020
Insta/Face Portal Lajedo @portallajedo 2022
Instagram Lajedo Ordinário @lajedordinario 2021
Facebook Blog do Redimar @BlogdoRedimar Redimar Araujo 2020
Site Prefeitura de Lajedo https://www.lajedo.pe.gov.br / Prefeitura (87) 3773-4706
Instagram Prefeitura de Lajedo @preflajedo Prefeitura
Fonte: Dados da pesquisa de campo.

As estruturas de comunicação aqui apresentadas (vinculadas às redes sociais) não abarcam perfis
ligados à Prefeitura (secretarias etc.) ou a instituições privadas de comércio (lojas, parques, restaurantes
etc.), apenas tratando daqueles perfis que se propõem a informar questões referentes ao cotidiano
municipal, oficialmente ou não. É fundamental, nesta etapa do levantamento dos dados, que eventuais
reportamentos de fatos, feitos por instrumentos físicos ou digitais oriundos de outros meios, não
figuram como atividade de comunicação. Nesse contexto, blogs pessoais ou ações de influencers
digitais não integram o conjunto das atividades analisadas.

Quando um determinado blog, site e/ou perfil em rede social ocupa-se do cotidiano de um município de
pequeno porte, coloca, inevitavelmente, a vida do sujeito no centro do ato informativo. O diálogo com
essas estruturas de comunicação, desde que atendam a princípios éticos básicos (isonomia, respeito
pelos fatos e responsabilidade ética e moral com a informação prestada) pode maximizar o alcance das
atividades propostas e esclarecer possíveis dúvidas oriundas do desconhecimento dos processos que
regem essa atividade com alto grau de complexidade e de execução. Os jornalistas de porte regional,
por meio de afiliadas de televisão, rádios e jornais impressos, alcançam o público de forma geral, mas
nem sempre conseguem dialogar com as vivências interpessoais. Desse modo, ao optar por utilizar
esses meios de comunicação mais contemporâneos, pode surtir um efeito maior e significativo nos
objetivos propostos.

10.3.5.5 Áreas rurais, urbanas e de expansão, principais usos rurais

Os espaços urbanos e ruais são distintos não somente por suas estruturas físicas, constitutivas de
espaços geográficos complexos e resultantes das formas diferentes de criação e recriação das trocas
relacionais (fluxos) projetadas nas estruturas físicas (fixos), mas também pelas formas de uso a que
esses espaços estão submetidos. Qualquer proposta de compreensão desses espaços exige um
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entendimento detido sobre o funcionamento e perspectivas de ampliação de cada uma das porções do
território municipal, investigando a própria dinâmica de evolução espacial e as potencialidades
econômicas vinculadas a eles. A relação entre os movimentos dinâmicos ocorridos em cada um desses
espaços, é capaz de justificar ou explicar as oscilações presentes no outro, permitindo a elaboração
mais precisa de um perfil socioeconômico municipal. Adicionalmente, quando tratamos de uma
realidade onde o padrão de distribuição espacial da população diferencia-se de alguns das localidades
circundantes, a compreensão do comportamento produtivo desses espaços valida as interpretações
propostas, elucidando interrogações firmadas.

A produção agropecuária de Lajedo pode ser dividida em quatro grandes grupos, adotando o critério
utilizado pelo IBGE: extração vegetal e silvicultura (Tabela 10.3-09); desenvolvimento de lavouras
permanentes; desenvolvimento de lavouras temporárias (Tabela 10.3-10); e, desenvolvimento de
atividade pecuária (Tabela 10.3-11). A agropecuária respondeu, no ano de 2020, por apenas 8,88% do
Produto Interno Bruto – PIB do município (Figura 10.3-42), sendo a terceira maior fonte de receitas,
ficando atrás dos setores de serviços e da administração (agregada à defesa, educação, saúde públicas e
seguridade social), realidade compartilhada apenas com os municípios de Cachoeirinha-PE e São
Caetano-PE (constantes na ADA).

Esta participação proporcional só foi menor do que aquelas apresentadas nos anos de 2010 e 2019
(9,20% e 10,79%, respectivamente), o que indica, nas décadas observadas, que a baixa importância do
setor agropecuário é regra. Embora seja a terceira maior fonte de receita, na composição do PIB
municipal, esse ramo de atividade apresenta-se bem distante do produto gerado pelos dois outros
setores (serviços e administração pública), que, em 2020, agregaram R$ 201.225.100,00 e R$
182.990.300,00, diante de apenas R$ 39.806.270,00 da agropecuária.

PIB POR ATIVIDADE ECONÔMICA DE LAJEDO - PE


250000

200000
R$ (x1.000)

150000

100000

50000

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Agropecuária 16516 18033 16364 22884 23322,62 27560,18 26872,31 32696,02 34014,79 48195,98 39806,27
Indústria 8184 9508 11932 13557 15618,54 16132,28 17032,89 19227,29 22056,21 23423,32 24341,39
Serviços - Exceto Adm. Pública 70002 90465 112741 143593 178457,14156596,46179052,08197670,94180911,99194609,27201225,08
Adm. Pública 84786 93324 104808 117970 131516,79137506,44149094,53160891,18170932,09180585,32182990,29

Legenda: Adm. Pública: Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social. R$: Reais Brasileiros
Nota: Os dados de 2019 e 2020 estão sujeitos a revisão, em divulgações posteriores do instituto (Coleta em 29/09/2022)
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca
de Manaus - SUFRAMA

Figura 10.3-42– Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de Lajedo-PE, por atividade.
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Tabela 10.3-12– Características produtivas da extração vegetal no município de Lajedo–PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Extração vegetal de Lajedo-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 6 6 7 7 4 4 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1
Castanha de caju
Valor da produção (*R$) 5 6 7 7 4 4 2 2 1 1 1 1 1 1 2 3 3 3
Quantidade produzida (t) 5 5 6 5 7 6 3 4 2 1 1 3 2 1 1 1 1 1
Umbu
Valor da produção (*R$) 3 3 3 3 3 3 2 2 2 1 1 3 2 1 1 1 1 1
Quantidade produzida (t) 3 3 3 3 2 2 2 2 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Carvão vegetal
Valor da produção (*R$) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 3
Quantidade produzida (m³) 500 515 515 500 5760 5100 5100 5865 6500 6450 6400 10000 8200 8856 8000 8200 8000 8250
Lenha
Valor da produção (*R$) 4 4 4 5 52 61 61 88 117 97 102 200 164 186 184 205 184 202
Legenda: t: tonelada; R$: valor em real brasileiro *(x 1.000).
Fonte: I BGE, Produção da Extração Vegetal e Silvicultura, 2020. Rio de Janeiro: IBGE, 2021
Nota: O símbolo “0” significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
Nota: Os espaços sem número atribuído não apresentam registros de dados para a produção.

Tabela 10.3-13– Características produtivas das lavouras temporárias no município de Lajedo–PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Lavouras Temporárias de Lajedo-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 240 240 240 240
Valor da produção (*R$) 72 72 72 72
Batata doce Área plantada (ha) 100 100 100 100
Área colhida (ha) 100 100 100 100
Rendimento médio (kg/ha) 2400 2400 2400 2400
Quantidade produzida (t) 84 60 50
Valor da produção (*R$) 126 120 150
Fava (grão)
Área plantada (ha) 200 200 200
Área colhida (ha) 200 200 200

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Lavouras Temporárias de Lajedo-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Rendimento médio (kg/ha) 420 300 250
Quantidade produzida (t) 3900 3270 2970 3360 2800 8100 2000 2229 36 2800 1280 324 139 168 208 900
Valor da produção (*R$) 6591 2943 3638 10752 3500 10125 5400 3579 72 3360 2598 823 417 470 936 4199
Feijão Área plantada (ha) 4600 4600 3600 4800 5000 5000 5000 4195 2700 2200 3200 675 770 700 670 1000
Área colhida (ha) 4600 3900 3600 4800 4000 5000 5000 4195 300 2200 3200 675 770 700 670 1000
Rendimento médio (kg/ha) 847 838 825 700 700 1620 400 531 120 1273 400 480 181 240 310 900
Quantidade produzida (t) 40 30 8 8
Valor da produção (*R$) 18 13 3 3
Mamona Área plantada (ha) 80 60 20 20
Área colhida (ha) 80 60 20 20
Rendimento médio (kg/ha) 500 500 400 400
Quantidade produzida (t) 18000 24000 24000 12000 12000 12000 12000 7500 2000 2250 12960 12960 2000 5950 2160 2035 2970 7425
Valor da produção (*R$) 2700 3120 2400 2100 2400 2400 2400 1350 2200 1013 5832 3888 1600 2870 588 509 1134 4388
Mandioca Área plantada (ha) 1500 2000 2000 1600 3200 1000 1000 500 500 150 1000 1000 1000 425 360 370 495 495
Área colhida (ha) 1500 2000 2000 1600 1600 1000 1000 500 250 150 1000 1000 1000 425 360 370 495 495
Rendimento médio (kg/ha) 12000 12000 12000 7500 7500 12000 12000 15000 8000 15000 12960 12960 2000 14000 6000 5500 6000 15000
Quantidade produzida (t) 480 480 700
Valor da produção (*R$) 797 796 560
Melancia Área plantada (ha) 400 400 50
Área colhida (ha) 40 40 50
Rendimento médio (kg/ha) 12000 12000 14000
Quantidade produzida (t) 1125 1125 1125 780 780 1620 750 300 3 1500 350 396 72 43 27 270
Valor da produção (*R$) 698 731 394 390 374 810 375 99 2 600 210 230 54 30 24 405
Milho (grão) Área plantada (ha) 1500 1500 1500 1300 1300 1800 1800 600 600 1000 1400 825 600 180 90 300
Área colhida (ha) 1500 1500 1500 1300 1300 1800 1500 600 60 1000 1400 825 600 180 90 300
Rendimento médio (kg/ha) 750 750 750 600 600 900 500 500 50 1500 250 480 120 239 300 900
Sorgo (grão) Quantidade produzida (t) 0 15

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2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Valor da produção (*R$) 0 30
Área plantada (ha) 20 20
Área colhida (ha) 0 10
Rendimento médio (kg/ha) 1500
Quantidade produzida (t) 650 600 160 80 1200 1200
Valor da produção (*R$) 504 780 144 72 1080 1080
Tomate Área plantada (ha) 34 30 8 4 40 40 40
Área colhida (ha) 34 30 8 4 40 40
Rendimento médio (kg/ha) 19117 20000 20000 20000 30000 30000
Legenda: t: Tonelada; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.

Tabela 10.3-14– Características produtivas da produção pecuária no município de Lajedo – PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Produção Pecuária de Lajedo-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Efetivo do rebanho
Asinino 140 145 130 120 120 100 85 94 85
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
19000 12000 14600 15000 16050 15300 19400 19013 12820 17500 19152 13993 13026 14884 14800 15300 14773 19050
(Cabeças)
Bovino
Vaca ordenhada
5500 4000 4500 4500 5500 4803 5787 5671 4320 4850 4712 4830 4496 5137 5120 5300 5141 6500
(Cabeças)
Quantidade produzida
7950 9720 13140 13170 5940 5110 8449 8280 6500 6980 6729 10000 9120 10420 10345 10700 10326 12907
(*L)
Leite de vaca
Valor da produção
6624 7475 9074 7402 11000 12312 14589 12415 13375 13217 23232
(*R$)
Efetivo do rebanho
Bubalino 16 18 18 23 21 36 34 33 33 31 28 17
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
Caprino 700 700 800 1000 900 1900 841 926 820 1450 1570 8478 8024 7500 6551 6045 6350 6760
(Cabeças)
Codorna Efetivo do rebanho 5000 10000
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Produção Pecuária de Lajedo-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
Equino 600 660 660 700 1000 2000 2300 2530 2320 2200 2000 1800 1600 373 370 360 378 390
(Cabeças)
Efetivo do rebanho 100000 200000 166980 170050
66000 70620 70620 452200 474810 570000 570000 242000 242000 298000 355000 439512 395560 573000
(Cabeças) 0 0 0 0
Galinha (Cabeças) 16000 17120 117200 122200 128310 220000 80000 88000 85000 93500 106000 131853 118667 154000 160000 170000 82500 84300
Galináceo Quantidade produzida
355 521 3025 3154 3312 4935 567 1408 1350 1460 1590 1978 1780 1869 1942 2060 990 1010
de ovos (*Dúzia)
Valor da produção
3520 3780 4380 4770 5933 6319 7476 7573 7828 3465 3735
(*R$)
Efetivo do rebanho
Muares 250 250 200 200 300 200 200 220 200
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
Ovino 1200 1400 1600 1700 1600 1800 2300 2530 2250 4580 4336 12553 18000 17658 17104 17260 17505 17760
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
3690 3670 3670 4017 4338 4000 2803 3088 2750 3250 3638 10849 10748 10662 10784 10741 10879 12050
Suíno (Cabeças)
Matriz (Cabeças) 1050 1109 4592 4549 4513 4560 4500 4560 5020
Legenda: R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); L: Litro *(x 1.000); kg: Quilogramas
Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2021, Rio de Janeiro: IBGE, 2022 .

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As atividades agropecuárias, quando bem desenvolvidas, garantem a predominância desses espaços no


ordenamento territorial do município. Com um núcleo urbano localizado na porção NO da área de
abrangência municipal (Figura 10.3-43), cortada pela principal via de circulação a BR-423 e a PE-170,
Lajedo conta com uma mancha urbana que tem amplificado em detrimento da posição de
entroncamento entre essas duas rodovias. É possível indicar que o primeiro flanco de ocupação do
município desenvolveu-se na porção NE da atual área urbana, na localidade conhecida como
Caldeirões. A formação geomorfológica que permitia o armazenamento de água e que também gerou a
toponímia da cidade, perdeu força de atração espacial com a implementação de um sistema regular de
abastecimento hídrico, cedendo, posteriormente, o foco ocupacional para as principais vias de
circulação. A consolidação desse espaço de passagem e troca conferiu importância ao setor de serviços,
sendo atualmente, capaz de justificar o desenvolvimento de uma malha urbana mais sólida. A pouca
capacidade de geração de riquezas das localidades rurais do município acaba por validar a cidade como
o espaço com as melhores oportunidades de trabalho e renda.

Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-43– Mapa de localização da malha urbana do município de Lajedo-PE, em detrimento do território
municipal e da BR-423.

A produção agrícola, anteriormente apresentada, ajuda a entender o perfil de ocupação do espaço


geográfico municipal e o funcionamento dos principais usos e ocupações da terra nessa porção do
território. A atividade de extração vegetal e silvicultura apresenta a dinâmica econômica desenvolvida
dentro de uma lógica de manejo e exploração da vegetação nativa do ambiente. Apenas quatro grupos
de gêneros produtivos são apresentados, vinculados a este ramo: castanha de caju; umbu; carvão
vegetal; e, lenha.
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A produção de caju (Anacardium occidentale) está diretamente ligada à tradição regional de


comercialização da castanha de caju para consumo humano. O pseudofruto (caju) embora rico em
nutrientes e com amplo aproveitamento na indústria alimentícia (polpa, suco concentrado, doces etc.),
quando colhido de forma direta em volumes menores, não apresenta o mesmo valor econômico que o
fruto (castanha de caju), bem mais valorizado, variando entre R$ 50,00 e R$ 100,00 por quilograma. A
produção de castanha tem sido constante em todo o período apresentado (Tabela 10.3-09), com
volumes decrescentes na produção, saindo de seis toneladas, no ano de 2004, atingindo uma tonelada
nos últimos anos (entre 2018 e 2020), com rendimentos que chegam a R$ 3.000,00.

O umbu (Spondias tuberosa L.), da mesma família do caju, tem importância econômica derivada do
consumo local e regional do fruto, presente na alimentação in natura e em preparos de doces. Outras
partes da árvore também podem ser consumidas, embora raramente comercializadas. A produção do
umbu, a exemplo do observado na castanha de caju, é constante no período observado. Essa produção
apresenta o mesmo padrão de diminuição nos volumes a partir de 2012, saindo de cinco toneladas, em
2004, para uma tonelada no ano de 2021, com um valor da produção estimado em R$ 1.000,00.

O uso da vegetação nativa como lenha ou carvão é uma prática comum na realidade do bioma
Caatinga, sendo, o desflorestamento, um dos principais fatores de pressão antrópica sobre ele. Nesse
sentido, a produção e a comercialização desses gêneros apresentam um desenvolvimento constante a
partir do ano de 2005. Nos anos observados, a comercialização desses gêneros produtivos comportou-
se de forma distinta entre eles. Enquanto a produção de carvão vegetal manteve-se estável oscilando de
3 para 2 toneladas ao final do período estudado (entre 2004 e 2021), a produção de lenha cresceu de
500 m³ para 8.250 m³, no mesmo período, saindo de um rendimento de R$ 4.000,00 para R$
202.000,00.

O regime hídrico da região (caracterizado pela existência de um período longo de estiagem, com
precipitações concentradas em um período restrito), associado a uma rede de drenagem
predominantemente intermitente e efêmera, apresenta condições de baixa potencialidade para o
desenvolvimento de lavouras permanentes. Lajedo é único município, presente na ADA, onde não há
registro de produção de lavoura permanente entre os anos 2004 e 2021, sendo acompanhado de perto
pelo município de Cachoeirinha-PE, que só apresentou produção desse tipo de lavoura em 2011.
A agricultura de sequeiro, ou seja, ciclo produtivo ajustado ao regime hídrico da região, é uma
realidade constante nos ambientes semiáridos e subúmidos do Nordeste brasileiro. A produção agrícola
de Lajedo não tem grande relevância no contexto econômico municipal, respondendo, no ano de 2020,
por apenas 5,26% do PIB agropecuário. Com um conjunto de nove gêneros produtivos registrados entre
os anos de 2004 e 2021, o território registra, desde 2017, a ocorrência de cultivo de apenas três desses
gêneros: feijão; mandioca; e, milho. Em 2021, essa produção ocupou uma área de aproximadamente
17,95 km² (1.795ha) do território municipal, o que representa a totalidade das terras destinadas às
lavouras para aquele ano.

A produção de feijão é predominante, ocupando 55,71% da área cultivada. A mandioca ocupa por sua
vez 27,58% da área de cultivo total, seguida do milho, que responde pelos 16,71% restantes (Figura
10.3-44). É importante destacar, porém, que o cultivo consorciado (quando na mesma área de cultivo
alternam-se carreiras/fileiras de um gênero e de outro) entre feijão e milho também é muito comum na
região. Essa condição de produção consorciada está vinculada a dois fatores do saber tradicional
validados pelo saber científico: a possibilidade de manutenção do desenvolvimento de dois cultivares
com tempos distintos de desenvolvimento e maturação; e, a melhoria no desenvolvimento do feijão,
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quando consorciado com o milho. Nesse sentido, é possível que essas áreas, destinadas à produção do
feijão, estejam também sendo usadas para a produção de milho em modelo de consórcio.

O valor da produção de feijão atingiu R$ 4.199.000,00 (em 2021), ocupando uma área de 10 km². O
valor alcançado pelo feijão foi inferior àquele obtido pela produção de mandioca que, no mesmo ano,
foi de R$ 4.388.000,00, em uma área de 4,95 km². Para o ano observado, a diferença de área foi
compensada pela produtividade do segundo gênero (15.000 kg/ha) que também amparou o baixo valor
médio do produto (R$ 0,60/kg). Vale ressaltar que o cultivo de mandioca é muito comum na região e
as casas de farinha ocupam um lugar central no escoamento desses produtos. O milho ocupa uma área
bem menor das terras dedicadas à agricultura, de 3 km², movimentando um volume de R$ 405.000,00,
no ano de 2021. É importante destacar que a produção dessas lavouras oscila bastante dentro da série
temporal analisada, tanto no quantitativo (em toneladas), como na área destinada aos cultivos. A
oscilação observada está inegavelmente vinculada às características dos cultivos, pois, por exemplo,
dependendo da estabilidade dos regimes de chuva, eles se alteram ao longo dos anos. Exigindo, do
agricultor, uma constante análise de risco para implementação dos diferentes tipos de lavoura.

ÁREA PLANTADA DE LAVOURAS TEMPORÁRIAS DE


LAJEDO-PE (KM²)
50
ÁREA (KM²)

45
40
35
30
25
20
15
10
50
200 200 200 200 200 200 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 202 202
4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1
BATATA DOCE 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
FAVA (GRÃO) 0 0 0 0 0 0 0 2 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0
FEIJÃO 46 46 36 48 50 50 50 41,95 27 22 32 0 0 6,75 7,7 7 6,7 10
MAMONA 0 0,8 0,6 0 0 0 0,2 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MANDIOCA 15 20 20 16 32 10 10 5 5 1,5 10 10 10 4,25 3,6 3,7 4,95 4,95
MELANCIA 0 0 0 0 0 4 4 0 0 0 0,5 0 0 0 0 0 0 0
MILHO (GRÃO0 15 15 15 13 13 18 18 6 6 10 14 0 0 8,25 6 1,8 0,9 3
SORGO (GRÃO) 0,2 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
TOAMTE 0,34 0,3 0,08 0,04 0,4 0,4 0,4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022
Figura 10.3-44– Evolução da área plantada com lavouras temporárias, no município de Lajedo-PE, entre os anos de
2004 e 2021.

Ainda no que concerne à produção de lavouras temporárias, o município apresenta registros de batata
doce, fava, mamona, melancia, sorgo e tomate, todos em menor porte e temporalmente limitados. Dá-se
destaque, aqui, para o fato da produção de batata doce, fava e sorgo surgirem em registros sequenciais
de 2 a 4 anos, com uma quantidade constante de área plantada e desapareçam. O comportamento
observado nesses três gêneros indica uma possível iniciativa isolada de cultivo, posteriormente
abandonada pelo agricultor ou grupo organizado de agricultores, não representado uma iniciativa
amplamente difundida.

A produção de carnes e de laticínios é bastante relevante para toda a região Agreste de Pernambuco e
vincula-se, diretamente, à forma histórica de ocupação dessa porção do território estadual. Outra
característica mais recente da região é o desenvolvimento da atividade avícola (especialmente de
galináceos), com a proliferação da atividade granjeira em vários municípios. A observação da Tabela
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10.3-11 permite a identificação de três principais ramos com importância no desenvolvimento


econômico da pecuária para o município: bovinos, produção de leite e galináceos.

O rebanho de bovinos apresenta seu pico no ano de 2010, com um efetivo de 19.400 cabeças, seguido
de progressivas oscilações, chegando em 2016 com um total 13.026 cabeças. Passado o período de
instabilidade nos números, a criação bovina tem apresentado progressivos aumentos, atingindo
números total de 19.050 cabeças (2021). A atividade leiteira tem acompanha a tendência de alta,
apresentando para 2021, o maior rebanho do período analisado (entre 2004 e 2021), com 6.500 cabeças.
O incremento na quantidade de animais refletiu diretamente na produção (12.907.000,00 litros em
2021) e no rendimento alcançado naquele ano (mais de 23 milhões de reais). Sobre esta realidade, é
importante apontar que os volumes observados superam em muitos aqueles observados no município
vizinho de Cachoeirinha-PE (conhecido regionalmente pela produção de laticínios e produtos de
couro), o que indica uma possibilidade de escoamento da produção lajedense para localidades próximas
– como o do município citado. Ainda é possível identificar a importância econômica microrregional do
município, diante de uma produção agropecuária relativamente baixa, frente ao seu PIB e, uma
apresentação de volume, que supera muitas das localidades próximas. Sobre o rebanho, Lajedo
apresenta o segundo maior volume, superado apenas por São Caetano-PE (19.398 cabeças), no que se
refere ao valor obtido pela produção de leite, não há unidade, na ADA, que supere a produção do
município. Ao inserirmos as cidades polo (Caruaru-PE e Garanhuns-PE) na análise, apenas a segunda
delas consegue apresentar um volume leiteiro superior, reafirmando a importância indicada.

A produção de galináceos, em 2021, contou com um efetivo de 1.700.500 cabeças, das quais 84.300
foram de galinhas. A produção de ovos respondeu por um valor de R$ 1.010.000,00, demostrando que,
embora apresente um dos maiores contingentes de galináceos da microrregião, o município não tem
grande importância na produção de ovos. O escoamento da produção pecuária depende diretamente das
condições das vias de acesso e comunicação ao mercado consumidor. Com uma produção tão ampla de
galináceos, o consumo não está restrito ao mercado local, conectando a comercialização às principais
vias de circulação microrregional. A importância de uma localidade para o seu entorno está diretamente
relacionada à capacidade de acesso que os grupos humanos circundantes têm ao núcleo produtivo, bem
como dos bem e serviços ofertados serem transportados até as diversas localidades. Dessa forma, a
duplicação da BR-423 tem o potencial de elevar as trocas econômicas no município, aumentando a
importância regional de Lajedo.

Embora não haja uma participação considerável das atividades agropecuárias no PIB municipal,
algumas delas atingem, no conjunto da produção, valores milionários. Tal realidade não exclui o fato
de que, o perfil médio dos grupos que habitam o campo, esteja relacionado à agricultura de
subsistência, com comercialização do excedente e organização em pequenos grupos familiares. Os
grupos urbanos também demostraram um poder econômico médio limitado. Sobre a agropecuária, as
atividades avícola e de gado estão mais ligadas a uma economia fisicamente estruturada, pelos insumos
necessários à produção e à comercialização, o que indica a possível ocorrência de núcleos produtivos
desvinculados da agricultura de subsistência imperante.

As estruturas econômicas imperantes nos diferentes tempos históricos, tem o poder de modelar
paulatinamente o uso e a ocupação dos solos nas diversas porções do território. A cobertura atual da
terra em Lajedo apresenta uma predominância de uso vinculada às atividades agropecuárias (69,62%) o
que replica a realidade da maioria dos municípios estudados. O percentual de cobertura de uso pela
agropecuária vincula-se de forma mais detida a produção pecuária, em detrimento da agricultura, uma
vez que as áreas destinadas a este último segmento não reuniram, no ano de 2021, mais do que 17,95
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km² (num contexto geral de 131,8 km²). A vocação para o setor de serviços, indicado na constituição
do PIB municipal, pode também direcionar os contingentes populacionais para as áreas urbanas
fazendo com que as atividades agrícolas percam força no contexto local.

A área de vegetação natural (9,99%) e a área de vegetação natural alterada (16,78%) totalizam um
percentual de 26,77% das terras municipais, perfazendo menos da metade do quantitativo de área
ocupado pela agropecuária. As áreas de vegetação nativa alterada estão, geralmente, vinculadas a
espaços abandonados pela atividade agropecuária apresentando, atualmente, uma vegetação secundária
em processo de consolidação. Sempre que há o abandono de uma área, ou seja, sessam-se os usos
vigentes, inicia-se o processo de sucessão ecológica - que resultará em uma floresta secundária próxima
(morfologicamente) a original. A resiliência dos ambientes semiáridos brasileiros e da vegetação de
caatinga podem estar vinculadas a esta realidade, uma vez que uma unidade agropecuária abandonada
em poucos anos poderá apresentar uma vegetação secundária considerável, passível de identificação
por sensoriamento remoto.

Na área lindeira a rodovia BR-423, imediatamente próxima ao empreendimento, há uma predominância


de espaços destinados a pecuária, com pastagem para o gado, sendo possível observas também
localidade destinadas a produção de gêneros alimentícios como batata, mandioca, milho e feijão.
Diferente dos municípios de Cachoeirinha – PE e São Caetano – PE os espaços destinados a agricultura
não estão fisicamente distantes da via de circulação, tendo sido identificada a ocorrência de casas de
farinha nas margens da rodovia. A produção pecuária bovina (desde que extensiva) tem o potencial de
abranger uma área muito mais ampla do que aquela utilizada pela produção agrícola – desenvolvida por
médio e por pequenos agricultores. Neste contexto a extensão das áreas destinadas ao desenvolvimento
da pecuária leiteira e de corte se justifica, a um só tempo, nas características da atividade e no perfil
socioeconômico daqueles que a desenvolvem, detentores de largas porções de terra. A atividade
granjeira, por sua vez, tem relação mais direta com as vias de circulação, sendo possível, durante todo o
percurso, a identificação desses núcleos produtivos num raio de poucos quilômetros da BR. A presença
dessas unidades está inegavelmente vinculada ao escoamento da produção e a facilidade de instalação
das unidades, uma vez que a criação é intensiva, com as aves acondicionadas em espaços confinados
para engorda ou produção de ovos.

No município de Lajedo há, segundo o relatório, datado de 19 de maio de 2022, da Diretoria de


Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento, do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, um assentamento rural oriundo de projetos de reforma agrária, denominado PA
FAZENDA NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS. O assentamento, localizado na Fazenda Pereiro, tem
capacidade de abrigar 37 famílias e ocupa uma área de mais de 792 hectares. Estando na porção sudeste
do município, na divisa com Jurema-PE, o núcleo foi criado em 13 de junho de 2011, sob o código
PE0391000. Por sua localização, o assentamento encontra-se longe da área direta de interesse do
projeto de duplicação da rodovia BR-423, não recebendo intervenção direta decorrente das atividades
de engenharia. A estrutura conta com uma associação de moradores denominada “Associação Nossa
Senhora Das Graças Do Assentamento Pereiro I, de Lajedo Pernambuco” registrada sob o CNPJ
12.070.129/0001-55, desde o dia 02 de junho de 2010, no endereço: Acampamento Assentamento
Pereiro I, S/N, Bairro: ZONA RURAL, Lajedo-PE, CEP 55.385-000, nas coordenadas 8°43'04.5"S
36°12'44.5"W (casarão sede da antiga Fazenda Pereiro).

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10.3.5.6 Área Diretamente Afetada – ADA

A Área Diretamente Afetada - ADA pelo empreendimento abrange toda a região de domínio da BR-
423, no trecho compreendido entre os quilômetros 18,20 e 86,12, considerando-se uma faixa de 70
metros a partir do eixo central da via (35 metros para cada lado). O trecho que cruza o município de
Lajedo é bastante amplo e corta a sede municipal, sendo extremamente diversificado o número de
empreendimentos próximos a esta faixa de domínio. Considerando essa diversidade, a área foi dividida,
para fins analíticos, em ADA Urbana e ADA Rural, sendo essa última composta por aquelas unidades
espaciais localizadas na porção rural do município (independente do uso feito) e a primeira, como
sendo as unidades espaciais localizadas no trecho que corta a mancha urbana (desde que de forma
contínua – independente de delimitação administrativa7).

No trecho da ADA rural deste município foram identificadas 13 unidades espaciais 8, parcial ou
integralmente, na faixa de domínio da rodovia, nas duas margens (Figura 10.3-46). Dentre as unidades,
sete destinavam-se ao cultivo, quatro a atividades comerciais e duas a residências. As unidades com uso
agrícola produziam capim, feijão, mandioca e/ou milho, sem grande expressividade de área,
destinando-se predominantemente ao consumo pessoal dos agricultores ou ao uso como silagem para
alimentação do gado. A renda média desses agricultores não ultrapassou dois salários-mínimos, com
indicação de percepção de benefícios sociais por duas famílias. A necessidade da área cultivada, para
os entrevistados, apareceu de forma marginal, sem indicação de prejuízo severo com possibilidade de
supressão pela duplicação da rodovia. O baixo uso da faixa de domínio para cultivo, comparado a
municípios como Jupi-PE, Jucati-PE e Calçado-PE, confirma o direcionamento produtivo local, onde a
agricultura ocupa lugar secundário frente a outras práticas econômicas.

As atividades comerciais, embora limitadas a quatro unidades, merecem destaque por sua diversidade e
condição de uso da faixa de domínio. As duas primeiras unidades são uma floricultura (Figura 10.3-45)
e uma loja de autopeças (com serviços de oficina) localizadas próxima à divisa com o município de
Calçado-PE. Ambos os estabelecimentos usam a faixa de domínio da rodovia, entretanto, a floricultura
está plenamente instalada nessa área, enquanto a autopeças utiliza essa porção como local de
estacionamento para os clientes, ponto para realização de pequenos consertos e local de guarda de
veículos avariados. A área diretamente afetada pela duplicação da rodovia impacta, segundo os
entrevistados, de forma diferente em seus estabelecimentos. Para a floricultura, há uma dependência
familiar dos rendimentos obtidos com essa atividade, além do poço artesiano que abastece a família
encontra-se nessa porção do terreno. Já para a autopeças, a importância da área está na disponibilidade
de estacionamento para os clientes, possuindo área para a guarda dos veículos avariados.

Próximo à área urbana do município há um hotel (de alta rotatividade – função de motel) e um clube
(piscinas – aparentemente desativadas) com prolongamentos físicos (muro frontal) avançando
aproximadamente 1,5 metro sobre a área de domínio da rodovia. Essas duas unidades pertencem a
mesma pessoa e a estrutura do clube serve, ainda, para a comercialização de água potável.

7
A delimitação do trecho urbano é feita pelo município e sinalizada na via, contudo, nem todos os espaços contam com essa
delimitação, tanto por expansão da mancha urbana – após a fixação do limite –, ou por supressão da sinalização,
impossibilitando a identificação direta. Quando a sinalização (placas) estava ausente, adotou-se como critérios a
identificação do limite de construções contínuas, que margeavam a rodovia, sendo a última construção, no dia da atividade
de campo (realizado entre junho e agosto de 2022), o limite para a mancha urbana.
8
Considera-se unidade espacial qualquer porção apropriada de área, seja ela para cultivo, residência ou comércio, esteja
construída de fixa, temporária ou apenas delimitada (desde que com função claramente definida), no momento da visita.
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Garanhuns BR-423 São Caetano

Legenda: A- vista frontal da Floricultura na faixa de domínio da BR 423; B – Vista lateral da Floricultura na faixa de domínio da BR 423.
Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-45– Floricultura localizada na faixa de domínio da rodovia BR-423 no município de Lajedo-PE.

Ainda foram identificadas duas residências com porções de sua estrutura na faixa de domínio da
rodovia. As residências localizam-se na altura do km 53 da BR-423, em um pequeno povoado na
margem direita (sentido Garanhuns – São Caetano). Uma das residências conta apenas com uma porção
murada inserida na ADA. Já a segunda unidade, após uma reforma recente, ampliou a estrutura e
avançou um pouco (1,5 metro) sobre a área de domínio da rodovia. Nesse mesmo trecho há um poço
artesiano e uma caixa d’água (segundo relato de moradores, instalados pela prefeitura) atualmente
desativados.

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Fonte: Os autores, 2022.

Figura 10.3-46– Mapa de localização das residências e cultivos na faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o município de Lajedo-PE.

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Dentre os entrevistados na ADA rural foi identificada uma percepção de insegurança no que se refere
ao risco de acidentes e da travessia. Ainda sobre as questões de segurança, quando o risco era o de
moradia às margens da BR-423, não houve uma predominância de posição, com metade dos
entrevistados apontando insegura e metade apontando segurança. Algumas das atribuições de
insegurança guardavam relação com o furto de parte da produção (milho). Ressalvadas as questões de
travessia, os entrevistados concordaram que a duplicação tem um alto potencial de melhoria no fluxo
de veículos. Essa última percepção, por sua vez, tem sido corriqueira nos trechos rurais, considerando
que, nesses espaços, os relatos de acidentes estão vinculados à colisão de veículos, fato minorado, no
entendimento predominante, com a duplicação.

A ADA urbana do município de Lajedo, embora densamente povoada – abrangendo um número


considerável de unidades espaciais –, não apresenta um grau elevado de complexidade, considerando o
fato de que um percentual muito grande dos imóveis respeita a faixa de domínio da via. A utilização
atual da área diretamente afetada está relacionada às unidades comerciais semifixas (quiosques,
barracas e trailers) e prolongamentos de alguns estabelecimentos (cobertas, varandas etc.). As unidades
construídas com efetivo percentual na ADA estão localizadas em dois segmentos da margem esquerda
(sentido Garanhuns – São Caetano) da BR-423. O primeiro segmento congrega cerca de oito imóveis
com função de residências e um imóvel com função comercial (ferro velho), os quais localizam-se na
entrada do Bairro Loteamento Fernandes (Figura 10.3-47). O imóvel comercial é o único alugado,
estando os demais sob a responsabilidade de seus proprietários. Outra característica importante é que
mais da metade dessas estruturas está dentro da faixa exclusiva da rodovia, o que acarretará na
necessidade de remoção para o desenvolvimento do projeto.

Garanhuns

BR 423

Legenda: As estruturas sinalizadas ([]) indicam os imóveis com partes do seu terreno na faixa de domínio da rodovia.
Notas: O imóvel visualizado em primeiro plano é um ferro velho. Na porção inferior esquerda do quadrante destacado observa-se veículos
sem uso (de propriedade do comércio) em seu local usual de guarda.
Foto: Os autores, 2022.

Figura 10.3-47– Entrada do bairro Loteamento Fernandes às margens da BR-423 no trecho que corta o município de
Lajedo-PE.

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O segundo bloco de imóveis com porção dentro da ADA é composto por estabelecimentos comerciais
de caráter automotivo (Figura 10.3-48). A maioria das estruturas têm uma parcela pequena de sua área
inserida dentro da faixa de domínio da rodovia. A exceção a essa regra é o conjunto de imóveis
localizados na esquina da Rua Ten. Manoel P. de Matos (Figura 10.3-48-C), que avançam de forma
mais acentuada sobre a faixa de domínio da rodovia.

Rua
Vicente
B

Rua Ten. Manoel P.


Vicente
Rua

C
Rua Ten. Manoel P.

Legenda: A, B e C: Sequência de registros fotográficos do conjunto dos imóveis comerciais que possuem parte do seu terreno na faixa de
domínio da rodovia BR-423.
Notas: Os nomes dos logradouros faram colocados na imagem para facilitar a compreensão da sequência espacial das imagens
apresentadas.
Foto: Os autores, 2022.

Figura 10.3-48– Bloco de imóveis às margens da BR-423 no trecho que corta o município de Lajedo-PE.

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Dos sete imóveis componentes desse bloco, apenas dois são próprios. A média de aluguéis dos demais
estabelecimentos é de R$ 638,00. O valor médio baixo dos aluguéis indica que esses comércios podem
ser de pequeno porte, fato confirmado pelo rendimento mensal apresentado pelos entrevistados. Com
um volume de venda médio de R$6.885,00 é possível considerá-los como microempreendedores,
obtendo condições mínimas de estabilidade financeira. O direcionamento das atividades desenvolvidas
está claramente vinculado à estrutura rodoviária, realidade compartilhada com inúmeros
estabelecimentos ao longo de todo o trecho urbano (inclusive com a instalação de estruturas
direcionadas a venda de produtos para os transeuntes). O número de estruturas como barracas, trailer,
food truck e quiosques é maior do que em qualquer um dos outros territórios analisados.

Ao longo da malha urbana, a faixa de domínio da rodovia tem sido utilizada para a instalação de
diversos pontos de venda, todos relacionados à dinâmica de fluxo rodoviário gerado pela BR-423. A
diversidade dos tipos de produtos comercializados também é singular dentro do trecho total do
empreendimento. Foi observado a comercialização de bichos de pelúcia, alimentos (lanche, refeições e
laticínios), floricultura, utilidades para casa (panela, churrasqueira de zinco etc.), obras de arte (quadros
e artesanatos), ponto de mototáxi etc. Essa realidade vincula-se tanto ao potencial rodoviário, já
discutido, como também à vocação na oferta de serviços da malha urbana observada. O município tem
atraído, nos últimos anos, lojas de diversos segmentos consolidando-se como um polo microrregional.
Paralelamente a esta realidade Lajedo não está entre os produtores industriais dos bens
comercializados, criando uma relação de dependência com a rede viária para seu abastecimento. A
duplicação da principal via de conexão com os mercados produtores tem o potencial de ampliar essa
dinâmica econômica local.

Durante o campo foram identificadas 26 estruturas comerciais na faixa de domínio das mais diversas
ordens. O volume de venda desses estabelecimentos é majoritariamente baixo, com uma média de
rendimento de R$ 1.548,00. O pequeno valor monetário movimentado representa o tipo de
estabelecimento encontrado, geralmente pouco estruturado e mantido pelos proprietários com no
máximo mais um funcionário (Figura 49). Uma constatação importante é que as estruturas são
predominantemente recentes, com apenas oito delas relatando mais de 10 anos de tempo de instalação.
Outro fato que merece especial anotação foi o relato de uma das unidades construídas encontrar-se
alugada, revelando que – uma vez fixadas – os construtores dessas estruturas gozam de uma
propriedade efetiva, mesmo estando em condição irregular. Comparado com o ocorrido na zona rural
de Jupi-PE (onde foi identificada a instalação de um “sistema de meia produtiva”, como um certo
arrendamento das terras públicas), nesse ponto de Lajedo, é mais compreensível dada a construção de
uma estrutura física que é cedida, mediante pagamento, a outro.

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BR 423

BR 423

C
BR 423

BR 423

Legenda: Todas as estruturas apresentadas na sequência de registros retratam comércios instalados na faixa de domínio da rodovia BR-
423. A: Comércio de bichos de pelúcia. B, C e D: Comércio de alimentos.
Foto: Os autores, 2022.

Figura 10.3-49– Exemplos de comércios instalados nas margens da BR-423, no trecho que corta o município de
Lajedo-PE.

Os estabelecimentos comerciais observados ao longo de toda a mancha urbana, ressalvados os


exemplos já discutidos, não apresentam porções de suas estruturas dentro da faixa de domínio atual,
nem presentes na área diretamente afetada pelo processo de duplicação da rodovia BR-423. Em alguns
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pontos, contudo, foram identificadas estruturas semifixas como cobertas ou varandas, geralmente de
madeira ou alvenaria simples (apenas piso e pilastras que sustentam um pequeno telhado de zinco ou
amianto). Adicionalmente, o uso da faixa de domínio para estacionamento ou pequenos consertos
relacionados aos serviços ofertados pelos estabelecimentos comerciais foi uma regra (Figura 10.3-50).
Considerando a extensão da faixa em análise não causa estranheza o uso observado, sendo necessário
durante o processo de planejamento e desenvolvimento da obra, o contato com os
proprietários/inquilinos para que eles se programem quanto a possibilidade de supressão da área em
uso.

BR-423

BR-423

Legenda: As estruturas sinalizadas indicam os pontos de estacionamento ou conserto dos automóveis.


Notas: As duas imagens foram tomadas na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano), da BR 423, em pontos distintos.
Foto: Os autores, 2022.

Figura 10.3-50– Estruturas localizadas às margens da BR-423, que utilizam a área de domínio da rodovia como
ponto para conserto e estacionamento de veículos.

A ADA urbana, aqui considerada, é margeada por um conjunto de 130 unidades espaciais. Dentre essas
unidades, há um número de 41 que estão totalmente ou parcialmente dentro da área diretamente afetada
pelo empreendimento. A percepção de insegurança para a travessia da via foi bastante constante nas
entrevistas, independente do ponto onde a unidade espacial encontrava-se. A compreensão de melhoria
também predominou, com apenas 14% dos sujeitos indicando percepção de piora. Esse último
percentual indicado esteve sempre atrelado ao impacto possível para a diminuição nas atividades
comerciais, por vezes, precedida de uma indicação de melhoria nas condições da via.

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DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

A recorrência, ao longo dos núcleos urbanos, de preocupação com os possíveis impactos comerciais da
duplicação (por meio da diminuição das vendas) alerta para a necessidade de comunicação com a
população desses espaços e o desenvolvimento de estratégias de mitigação desses impactos. O
desenvolvimento de um sistema viário que permita o acesso rápido às vias locais pode mitigar parte dos
problemas previstos. Qualquer projeto de engenharia de grande porte gera, naturalmente, um impacto
sensível na vida das populações que assistem nas regiões lindeiras ao empreendimento, esse impacto
amplifica-se quando o projeto em análise é uma obra viária, uma vez que impacta um conjunto muito
mais amplo de indivíduos, de forma direta e indireta. Caso o projeto proposto provoque o
desaquecimento da economia local, mesmo que atue como um motor de desenvolvimento em outros
espaços, terá sua eficácia plenamente comprometida. Portanto, as ações de garantia das atividades
instaladas precisam estar no centro do planejamento estratégico para consolidação da obra.

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CALÇADO – PE

10.3.6.1 Histórico e dinâmica demográfica


O município de Calçado localiza-se na mesorregião do Agreste Pernambucano, na microrregião de
Garanhuns. O antigo distrito do município de Canhotinho, entre 1911 e 1963, foi elevado à categoria de
município com a denominação de Calçado, pela Lei Estadual nº 4948, de 20 dezembro de 1963,
desmembrando-se efetivamente do município de origem. Vale destacar que o cultivo de algodão
chegou a ser a principal atividade deste aglomerado, sendo responsável por importante fonte econômica
e política do município de Canhotinho (IBGE, 2022). Atualmente, a citada produção não apresenta
valores referentes a área planta e colhida desde o ano de 2008, segundo dados do Sistema IBGE de
Recuperação Automática - SIDRA.
O município de Calçado tem uma população auferida, no último censo demográfico de 2010, de 11.125
pessoas e uma população estimada, para o ano de 2021, de 10.983. A leve retração observada segue
uma tendência discreta de estagnação do crescimento populacional, iniciada no ano de 2010, que
poderá vir a ser confirmada no censo demográfico de 2022 (Figura 10.3-51). Embora a taxa de
crescimento da população brasileira tenha diminuído ao longo dos anos, movimentos de retração
populacional, ainda que discretos, não figuram como regra na realidade nacional. Considerando o
contexto de análise da presente perquisição, apenas o município de Jupi-PE apresenta fenômeno
parecido. Alguns fatores podem explicar o comportamento observado: baixa dinamicidade econômica e
na oferta de trabalho; crescimento das cidades-pólo (Garanhuns-PE e Caruaru-PE); e, pujança
econômica experimentada na primeira década do século atual gerando condições de trabalho e vivência
nos centros urbanos maiores.

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO - CALÇADO-PE

12.000
10.000
POPULAÇÃO

8.000
6.000
4.000
2.000
0
1970 1980 1991 2000 2010 2021
(estimativa)
Total 8.467 8498 9424 11709 11125 10983
Homens 3.993 4.055 4.532 5.820 5.566
Mulheres 4474 4443 4892 5889 5559

*Diante do adiamento do censo demográfico de 2020, que está sendo realizado no ano de 2022, os dados mais atuas de população estão
apresentados baseados na estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Fonte: IBGE, 2022.
Figura 10.3-51– Evolução da população no município de Calçado-PE, entre os anos de 1970 e 2021.

É um fato que o crescimento populacional está vinculado à combinação das taxas de natalidade,
mortalidade e migração. Atribuir qualquer variação à ação isolada de algum desses fatores - sem o
devido levantamento de dados - pode ser precipitado e impreciso. Contudo, diante da ausência de série
histórica, no SIDRA/IBGE, é possível considerar que as hipóteses de movimentos de migração interna,
anteriormente levantadas, possam ter afetado substancialmente a evolução dos totais populacionais do
município.
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A distribuição da população, a despeito da realidade nacional, demonstra uma predominância da


população rural, que corresponde a 65,75%, frente a um percentual de 34,25% de população urbana.
Entre as décadas de 1970 e 2010, o incremento na população urbana do município acompanha à
tendência de urbanização vivenciada no Brasil, a partir da década de 1960. Essa tendência de expansão
não foi o suficiente para gerar uma alteração significativa do perfil populacional no município,
majoritariamente composto por residentes em ambientes rurais. A taxa de crescimento da população
urbana apresentou momentos de aceleração, como o evidenciado pelo censo de 1991 (61,32%), com
posterior desaceleração, embora ainda demonstrando uma pequena tendência de crescimento da
população urbana, com 16.69%, segundo o censo de 2010.

Evolução da População Urbana e Rural de Calçado-PE


URBANA RURAL TOTAL

14.000
11.709
NÚMERO DE HABITANTES

12.000 11.125
9.424
10.000 8.467 8.498
8.000
8.444
6.000 7.248 7.315
6.802 6.688
4.000
3.810
2.000 3.265
2.736
1.219 1.696
0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
ANO

Legenda: Foram apresentadas as doenças constantes na Portaria nº 204, 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, define a Lista
Nacional de Notificação Compulsória. *Não foram reportados casos de infecção por HIV/AIDS no período estudado.
Fonte: IBGE, 2022.

Figura 10.3-52– Evolução das populações urbanas e rurais no município de Calçado-PE, entre os anos de 1970 e
2010.

10.3.6.2 Características da saúde pública municipal

A qualidade de vida das populações está diretamente ligada às condições de assistência e suporte de
que dispõem, principalmente no que concerne aos grupos economicamente vulneráveis. A rede de
atendimento médico, hospitalar e ambulatorial está diretamente relacionada à capacidade de
acolhimento frente às demandas emergentes das instabilidades da saúde humana. Calçado conta,
atualmente, com 10 estabelecimentos públicos de saúde. Destes, nove realizam atendimento geral
(ambulatorial) sem internação e um oferece atendimento de especialidades médicas, com internação. O
município dispõe de 13 leitos hospitalares que apresentam atendimento de emergência com
possiblidade de internação.
A estrutura municipal de saúde conta, nos tempos atuais, com cinco unidades do Programa Saúde da
Família – PSF, um posto de saúde, um Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF, um Centro de
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Atenção Psicossocial – CAPS, uma unidade de Vigilância Sanitária e uma unidade móvel de
odontologia. Além das unidades citadas, a rede municipal de saúde conta com um laboratório de
análises clínicas, uma academia da saúde e uma unidade do Sistema de Atendimento Móvel de
Urgência – SAMU, totalizando 15 estruturas de atendimento público vinculadas à saúde da população.

A Portaria nº 204, 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, define a Lista Nacional de


Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública nos serviços de saúde
públicos e privados em todo o território nacional. Nesse sentido, a determinação do perfil nosólógico da
população de uma determinada porção do território nacional pode ser feita utilizando os dados
disponibilizados pelo Ministério da Saúde, dentre as doenças reportadas num dado período. O
município de Calçado apresenta registros de seis enfermidades reportadas ao Ministério, entre os anos
de 2012 e 2022.

PERFIL NOSOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE CALÇADO-PE


90
80
NÚMERO DE CASOS

70
60
50
40
30
20
10
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
HANSENÍASE 1 2 2 0 0 4 2 0 0 0 0
TUBERCULOSE 0 0 1 1 2 2 3 1 1 2 0
DENGUE 0 0 4 87 25 34 2 21 1 0 0
HEPATITE 0 0 0 1 0 1 2 1 0 0 0
SÍFILIS ADQUIRIDA 0 0 0 0 4 0 1 0 0 0 0
SÍFILIS CONGÊNITA 1 0 0 0 1 0 2 0 0 0 0

Nota: Foram apresentadas as doenças constantes na Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, que define a
Lista Nacional de Notificação Compulsória. *Não foram reportados casos de infecção por HIV/AIDS no período estudado.
Fonte: DATASUS, 2022.

Figura 10.3-53– Perfil nosológico do município de Calçado, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022.

A recorrência dos casos de dengue merece destaque por corroborar um grave problema, que demanda a
gestão da saúde pública brasileira. Associadas às condições precárias de ocupação do espaço,
decorrente da profunda desigualdade social vigente no Brasil, as doenças difundidas por vetores, que se
beneficiam da ausência de esgotamento sanitário e coleta regular de resíduos sólidos descartados,
proliferam-se com maior eficiência em espaços periféricos e de moradias precárias.
Deve-se destacar a inexistência de registro de casos de dengue nos anos de 2020 e 2021. Entretanto,
deve-se destacar também que a ocorrência da pandemia de Covid-19 provocou ausência ou
subnotificação de doenças virais. Em parte, isso pode ser explicado pela reclusão das populações em
casa, permitindo a identificação de possíveis pontos de proliferação de vetores, mas também por menor
procura pelas unidades de saúde, em decorrência do alto volume de pessoas infectadas pelo SARS-
COV 2.
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Outro fator indicativo das condições de baixa salubridade do ambiente municipal é a recorrente
notificação de casos de doenças com processos de transmissão e prevenção conhecidos. A tuberculose,
por exemplo, tem recorrência de contaminação em todos os municípios da área estudada. Em Calçado,
desde o ano de 2014, é possível observar a reincidência de contaminação, mesmo diante de um baixo
número de infectados. A baixa infecção demostra não um surto instaurado ou uma condição de exceção
epidemiológica, mas sim de uma condição sustentada, mantida pelas condições socioespaciais
existentes. Embora o número de casos observados seja bastante reduzido em relação a população total
(pouco mais de 10.000 habitantes), há uma clara recorrência no registro de casos.

Não distante das condições sociais postas, é preciso destacar que qualquer ação no ambiente, que insira,
retire ou desloque matéria, bem como qualquer intervenção na infraestrutura ou em atividades
produtivas tem o potencial de agravar alguns fatores de alteração das condições ambientais. A retirada
ou depósito de resíduos da construção civil, grandes obras de engenharia, bem como o descarte
indevido de materiais de uso comum, rejeitados pelos profissionais integrantes da equipe de execução,
podem intensificar a proliferação de vetores biológicos. Nesse contexto, é fundamental uma atenção
especial durante o gerenciamento dos resíduos no processo de execução da duplicação da BR-423, mas
também aqueles relacionados à alimentação, vestuário e equipamentos de proteção individual ligados à
obra.

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH é um apontador usado para classificar os países e demais
porções do território, que considera a expectativa de vida, a educação (média de anos de escolaridade
completados e anos esperados de escolaridade ao entrar no sistema de educação) e indicadores de renda
per capita. O IDH gera um valor resultante que vai de 0 a 1, sendo os valores próximos de 1 aqueles
que indicam melhores condições de desenvolvimento humano. O município de Calçado tem um IDH
definido em 0,566 (IBGE, 2010). Embora o valor seja baixo, é necessário registar que nos anos de 1991
e 2000 os índices eram 0,313 e 0,410, respectivamente. O IDH do Estado de Pernambuco foi definido
em 0,673 (2010), 0,544 (2000) e 0,440 (1991), o que indica que embora esteja abaixo da média
estadual, o município tem seguido a tendência de melhoria no índice.

10.3.6.3 Indicadores de educação, renda e trabalho

Partindo do princípio de que o IDH avalia a educação como um dos fatores determinantes do
desenvolvimento humano, cumpre destacar que o município conta com 13 estabelecimentos de
educação infantil, 14 de ensino fundamental e 1 de ensino médio, apresenta um contingente de 124
docentes e 2.048 estudantes. O número de instituições no município é caracterizado por dois
fenômenos: a leve diminuição nos últimos anos (Figura 10.3-54); e, a predominância de instituições
municipais.

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO NÚMERO DE ESCOLAS/ANO, EM CALÇADO -PE

18
16
NÚMERO DE ESCOLAS

14
12
10
8
6
4
2
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ensino infantil 16 16 16 16 16 16 16 14 14 13 13 13 13 13
Ensino fundamental* 17 17 18 18 18 18 18 16 15 14 14 14 14 14
Anos iniciais** 15 16 16 16 16 16 16 14 14 13 13 13 13 13
Anos finais** 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1
Ensino médio 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Legenda: *Os dados referentes às instituições de ensino fundamental apresentam os valores totais desta etapa do ensino. **Os
quantitativos de instituições ofertantes de anos iniciais e finais do ensino fundamental representam um desmembramento dos valores das
escolas de ensino fundamental.
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP, 2022; IBGE, 2022.

Figura 10.3-54– Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de Calçado-PE, entre os anos
de 2008 e 2021.

A averiguação dos níveis de aprendizado permite o desenvolvimento de estratégias para a melhoria das
estruturas e dos processos vigentes, a fim de ofertar condições dignas de formação escolar dos sujeitos.
Diante da necessidade de avaliar e monitorar o desenvolvimento da educação básica no país, o
Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira - INEP, desenvolveu, em 2007, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB.
Este índice reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos fundamentais para a percepção
da qualidade educacional: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O índice varia de
0 a 10. A combinação entre fluxo e aprendizagem tem o objetivo de equilibrar essas duas dimensões,
compreendendo que a formação, dentro do tempo planejado, com qualidade, é o melhor caminho para
uma formação qualificada. O indicador ainda é um importante marcador para políticas públicas em prol
da qualidade da educação, sendo utilizado como uma ferramenta para acompanhamento das metas de
qualidade da educação básica.

Calçado tem conseguido melhorar seu desempenho da educação na série histórica entre os anos de
2005 e 2021 (Figura 10.3-55) e apresenta, em relação ao último ano averiguado, valores acima da
média estadual para o ensino público nos anos iniciais do ensino fundamental (Calçado – 5,2; PE – 5,1;
BR – 5,5) e no ensino médio (Calçado – 5,1; PE – 4,4; BR – 3,9). Apresenta, contudo, valores
inferiores à média estadual e nacional nos anos finais do ensino fundamental (Calçado – 4,2; PE– 4,7;
BR– 4,9). No que diz respeito ao desempenho no ensino médio, a atuação apresentada pelo município
obteve índice bastante significativo acima da média das escolas públicas do país.

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EVOLUÇÃO DO IDEB DO MUNICÍPIO DE CALÇADO-PE


6

5
VALOS DO IDEB

0
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
E.F. Anos iniciais (Municipal) 3,1 3,5 2,7 3,6 3,9 4,3 3,9 5,5 5,2
E.F. Anos finais (Municipal) 2,4 2,2 2,8 3,4 3,3 3,2 4,7 4,2
E.F. Anos finais (Estadual) 2,6 2,5 3,4 3,4 3,7 3,8
Ensino médio (estadual) 4,1 4,2 5,1

Legenda: E.F.: Ensino Fundamental; IDEB: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.


Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2021; IBGE, 2022.

Figura 10.3-55– Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de Calçado-PE,
entre os anos de 2005 e 2021.

O percentual de escolarização de 6 a 14 anos de idade, auferida no ano de 2010, foi de 97,1%. Tal
realidade contrasta com um número expressivo de pessoas que declararam, no mesmo ano, não terem
instrução formal ou possuírem o ensino fundamental e/ou médio incompleto (86,24% da população). O
número de pessoas com ensino médio completo e que acessaram o ensino superior – completo e
incompleto – revela a deficiência histórica no acesso à educação formal, ainda que, desde a
promulgação da Constituição de 1988, esta seja considerada um direito universal. O acesso à educação,
por sua vez, possibilita condições efetivas de inserção qualificada no mercado de trabalho, o que
garante a valorização da mão de obra e atua como um gerador de renda indireto para o contexto local.

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NÍVEL DE INSTRUÇÃO DA POPULAÇÃO DE CALÇADO-PE


149 14

1088
Sem instrução e fundamental incompleto

955 Fundamental completo e médio incompleto

Médio completo e superior incompleto

Superior completo

6892
Não determinado

Fonte: Censo demográfico de 2010, IBGE, 2022.

Figura 10.3-56– – Nível de instrução da população de Calçado-PE segundo o censo de 2010.

A escolaridade de uma população reflete diretamente o grau de ocupação e o perfil socioeconômico das
atividades desenvolvidas. Em 2020, o município de Calçado apresentou um grau de ocupação na ordem
de 5,9% (650 pessoas) recebendo um salário médio de 1,5 salário-mínimo. Adicionalmente, 56,4% da
população possuía rendimento médio per capita de até 1/2 salário-mínimo, em 2010. O censo
demográfico desse ano identificou contradições mais profundas na realidade local: enquanto 76
domicílios apresentaram renda declarada de mais de cinco salários-mínimos (quatro deles declarando
mais de 20 salários-mínimos), 1.544 domicílios declararam viver com até um salário-mínimo.

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Renda declarada por quantidade de domicílios particulares permanentes

Sem rendimento
934 25 Até 1/2 S.M.
570
De 1/2 a 1 S.M.
De 1 a 2 S.M.
76 4
De 2 a 5 S.M.
100
De 5 a 10 S.M.
769 47
De 10 a 20 S.M.
675
Mais de 20 S.M.

Legenda: S.M: Salário-Mínimo


Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
Figura 10.3-57– Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de Calçado-PE, no ano
de 2010.

Quando observada a renda individual, a distribuição dos valores mensais apresenta maior proporção
entre pessoas que recebem até um salário-mínimo, totalizando 88,24% da população. É preciso destacar
que embora 38,33% da população se declare sem renda (restando 61,67%), apenas 5,9% dos sujeitos
compõem o grupo dos economicamente ativos, atualmente. Nesse contexto, a oferta de postos de
trabalho com pouca qualificação técnica ou com potencial de formação de mão de obra pode gerar um
incremento nas receitas municipais e uma melhoria nas condições materiais de vida da população.

Classe de rendimento nominal mensal de Calçado-PE


46 35
156 4 Sem rendimento
Até 1/4 de S.M.
828
De 1/4 a 1/2 S.M.
De 1/2 a 1 S.M.
3487 De 1 a 2 S.M.
2235 De 2 a 3 S.M.
De 3 a 5 S.M.
De 5 a 10 S.M.

974 De 10 a 15 S.M.
1331
De 15 a 20 S.M.
De 20 a 30 S.M.

Legenda: S.M.: Salário-Mínimo.


Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.
Figura 10.3-58– Rendimento mensal, por pessoa, no município de Calçado-PE, no ano de 2010, por classe de renda.

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Diante da distribuição de renda e vulnerabilidade socioeconômica, é possível afirmar que Calçado pode
tornar-se o município mais impactado por uma possível utilização de sua mão de obra durante o
processo de duplicação da BR-423. De acordo com o perfil médio de renda, dos registros de
desemprego e com uma população numericamente pequena, novas oportunidades na geração de renda
conseguem impactar significativamente os espaços de produção difusa e subdesenvolvida.

O desenvolvimento de programas formativos, a exemplo da capacitação profissional de baixa


complexidade, garantem, a um só tempo, o uso de uma mão de obra local, que se relaciona diretamente
com o produto construído e a garantia de oferta desse contingente para a construção civil. Quanto à
oferta de trabalhadores qualificados para execução do projeto, deve-se considerar que tais profissionais
podem atuar tanto na esfera local, para atender as demandas oriundas do processo de aquecimento do
mercado imobiliário, quanto como força de trabalho para os mercados, em franca expansão, dos polos
microrregionais mais próximos (Garanhuns e Vale do Ipojuca – capitaneado por Caruaru). Nesse
sentido, os impactos socioeconômicos positivos podem extrapolar a circunscrição temporal na
execução da obra pretendida.

10.3.6.4 Meios de comunicação de abrangência municipal

O desenvolvimento dos meios de comunicação, aliado à difusão das redes sociais digitais, deu
importância central à comunicação social humana, como forma de compartilhamento de informações.
Não é possível considerar os meios de comunicação locais sem a conexão com as diferentes
plataformas da internet, além dos meios tradicionais, tais como: televisão, rádio difusão, jornais e sites
oficiais. Atualmente, o município de Calçado-PE conta com quatro principais meios de comunicação
locais: dois vinculados à Prefeitura Municipal (site e perfil no instagram) e dois autointitulados de
jornalismo independentes (perfil no instagram e perfil no facebook), ambos de mesma autoria e
propriedade.
Tabela 10.3-15 - Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de Calçado-PE.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO – CALÇADO-PE


CATEGORI MEIO
SITE/@ RESPONSÁVEL VIGÊNCIA CONTATO ATIVIDADE
A COMUNICAÇÃO
Prefeitura de Prefeitura
Instagram @prefeituradecalcado 2021 Ativo
Calçados Municipal
Prefeitura de http://calcado.pe.gov.br/ (87)98165.61
Site Roney Sobral Ativo
Calçados v3/ 16
Sem Atualização
Instagram Calçado Online* @calcadoonlineoficial Não Identificado 2020
(desde Nov.2020)
www.facebook.com/cal Sem Atualização
Facebook Calçado Online* Não Identificado 2020
cadoonlineoficial/ (desde Out.2020)
Nota: O perfil Calçado Online (facebook e instagram), embora apresente-se como um canal de notícia no município, denota contornos
aparentemente políticos, uma vez que tem sua atuação circunscrita, temporalmente, ao ano eleitoral de 2020, contendo apenas duas
publicações de caráter geral (história do município) e demais publicações relacionadas à possíveis ilícitos cometidos pela Prefeitura e pelo
prefeito. Não foram identificadas publicações sobre questões do cotidiano (ações sociais, notificações de crimes, eventos culturais etc.)
Fonte: Dados da pesquisa de campo.

As estruturas de comunicação aqui apresentadas (vinculadas às redes sociais) não abarcam perfis
vinculados à Prefeitura (secretarias etc.) ou a instituições privadas de comércio (lojas, parques,
restaurantes etc.), apenas tratando daqueles perfis que se propõem a informar questões referentes ao
cotidiano municipal, oficialmente ou não. É fundamental, nesta etapa do levantamento dos dados, que
eventuais reportamentos de fatos, feitos por instrumentos físicos ou digitais oriundos de outras
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atividades, não figuram como atividade de comunicação. Nesse contexto, blogs pessoais ou ações de
influencers digitais não integram o conjunto das atividades comunicativas analisadas.

Quando um determinado blog, site e/ou perfil em rede social ocupa-se do cotidiano de um município de
pequeno porte, coloca, inevitavelmente, a vida do sujeito no centro do ato informativo. O diálogo com
essas estruturas de comunicação, desde que atendam aos princípios éticos básicos (isonomia, respeito
pelos fatos e responsabilidade ética e moral com a informação prestada) pode maximizar o alcance das
atividades propostas e esclarecer possíveis dúvidas oriundas do desconhecimento dos processos que
regem essa prática com alto grau de complexidade e execução.

10.3.6.5 Áreas rurais, urbanas e de expansão, principais usos rurais

Os espaços urbanos e ruais distinguem-se não somente por suas estruturas físicas, constitutivas de
espaços geográficos complexos e resultantes das formas distintas de criação e recriação das trocas
relacionais (fluxos) projetadas nas estruturas físicas (fixos), mas também nas formas de uso a que estes
espaços estão submetidos. Qualquer intuito de compreensão desses ambientes demanda um
entendimento sobre o funcionamento e perspectivas de ampliação de cada uma das porções do território
municipal, investigando a própria dinâmica de evolução espacial.

A produção agropecuária do município pode ser dividida em quatro grandes grupos, adotando o critério
utilizado pelo IBGE: extração vegetal e silvicultura; desenvolvimento de lavouras permanentes;
desenvolvimento de lavouras temporárias; e, desenvolvimento de atividade pecuária . A agropecuária
respondeu, no ano de 2019, por 25,15% do Produto Interno Bruto – PIB do município, sendo a segunda
maior fonte de receitas na composição do PIB, atrás apenas da administração pública (agregada à
defesa, educação, saúde pública e seguridade social); realidade compartilhada, no conjunto dos
municípios presentes nesta análise, apenas com o município de Jucati-PE. Esta participação, em termos
de volume, só foi menor do que aquelas apresentadas nos anos de 2014 e 2015, com uma queda abrupta
no ano de 2016 e retomada a partir de 2017.

PIB por atividade econômica de Calçado - PE


60000
50000
R$ (x1000)

40000
30000
20000
10000
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Agropecuária 9528 11764 13645 15177 25533,94 28538,75 10122,69 20765,25 21756,46 25047,6
Indústria 1904 1726 2318 2148 2859,01 2667 2314,57 2610,68 3187,18 3117,22
Serviços - Exceto Adm.Pública 11263 11289 14000 15398 16498,67 17535,14 16384,79 16872,72 17671,01 19346,85
Adm. Pública 26884 28630 31719 35904 39980,99 41011,39 44185,24 47279,77 48352,66 52053,67

Legenda: Adm. Pública: Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social. R$: reais brasileiros
Nota: Os dados de 2019 estão sujeitos a revisão, em divulgações posteriores do instituto (Coleta em 29/09/2022)
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca
de Manaus – SUFRAMA.
Figura 10.3-59– Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de Calçado-PE, por atividade, entre os anos
de 2010 e 2019.

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Tabela 10.3-16 - Características produtivas da extração vegetal no município de Calçado–PE, entre os anos de 2004 e 2020.

Extração vegetal de Calçado-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Quantidade produzida (t) 9 9 8 7 8 7 5 6 6 5 5 5 2 6 7 7 7
Castanha de caju
Valor da produção (*R$) 9 8 5 7 6 5 9 6 7 7 10 10 5 15 21 20 21
Quantidade produzida (t) 1 2 2 2 3 3 3 3 4 5 5 2 2 2 2 3
Umbu
Valor da produção (*R$) 1 1 1 1 2 1 1 2 5 19 12 7 8 9 10
Quantidade produzida (t) 7 7 6 4 1 1 5 5 1 1 1 1 1 0 1
Carvão vegetal
Valor da produção (*R$) 2 2 2 2 0 1 3 2 1 1 0 1 1 0 1
Quantidade produzida (t) 3600 3680 1960 900 800 750 1000 500 900 900 400 400 400 380 350
Lenha
Valor da produção (*R$) 26 28 17 9 12 12 19 8 23 18 10 10 10 9 11
Legenda: t: tonelada; R$: valor em real brasileiro *(x 1.000).
Fonte: I BGE, Produção da Extração Vegetal e Silvicultura, 2020. Rio de Janeiro: IBGE, 2021
Nota: O símbolo "0" significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
Nota: Atribui-se zeros aos valores dos municípios onde, por arredondamento, os totais não atingem a unidade de medida.

Tabela 10.3-17 - Características produtivas das lavouras permanentes no município de Calçado–PE, entre os anos 2004 e 2021.

Lavoura Permanente de Calçado-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 125
Valor da produção (*R$) 47
Banana
Área destinada à colheita (ha) 25
(Cacho)
Área colhida (ha) 25
Rendimento médio (kg/ha) 5000
Quantidade produzida (t) 1 1 1 1 8
Valor da produção (*R$) 3 3 3 3 29
Café
Área destinada à colheita (ha) 2 2 2 2 10
(grão)
Área colhida (ha) 2 2 2 2 10
Rendimento médio (kg/ha) 500 500 500 500 800

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Lavoura Permanente de Calçado-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 144 138 137 137 68 175 175 184 175 240 240 240 240 240 240 480 480 300
Valor da produção (*R$) 42 53 71 82 34 100 100 110 123 168 120 144 120 264 180 624 960 330
Laranja Área destinada à colheita (ha) 34 33 33 33 45 38 38 40 50 60 60 60 60 60 60 80 60 60
Área colhida (ha) 32 33 33 33 15 38 38 40 50 60 60 60 60 60 60 80 60 60
Rendimento médio (kg/ha) 4500 4181 4151 4151 4533 4605 4605 4600 3500 4000 4000 4000 4000 4000 4000 6000 8000 5000
Quantidade produzida (t) 128 129 129 129 129 111 111 117 104 117 117 117 117
Valor da produção (*R$) 30 31 35 36 35 32 32 19 31 41 70 29 94
Manga Área destinada à colheita (ha) 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13
Área colhida (ha) 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13
Rendimento médio (kg/ha) 9846 9923 9923 9923 9923 8538 8538 9000 8000 9000 9000 9000 9000
Legenda: t: Tonelada; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares.
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

Tabela 10.3-18 - Características produtivas das lavouras temporárias no município de Calçado–PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Lavouras Temporárias de Calçado-PE

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Quantidade produzida (t) 2 2 2 2


Algodão Valor da produção (*R$) 2 1 2 2
Herbáceo Área plantada 6 6 6 6
(Caroço) Área colhida 6 6 6 6
Rendimento médio (kg/ha) 333 333 333 333
Quantidade produzida (t) 6 6 8 8 4 4 4 4 2 4 4 4 3 4 3 5
Valor da produção (*R$) 8 8 12 12 7 5 5 7 6 14 10 11 12 20 15 29
Fava (Grão) Área plantada 28 26 28 28 10 10 10 10 10 10 10 10 10 5 10 8 8
Área colhida 23 22 28 28 10 10 10 10 10 10 10 10 5 10 8 8
Rendimento médio (kg/ha) 260 272 285 285 400 400 400 400 200 400 400 400 600 400 375 625
Feijão (Grão) Quantidade produzida (t) 3456 1944 3200 3200 3080 2660 1800 2960 1051 3189 2360 3680 226 3630 2400 2304 4620 3150
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Lavouras Temporárias de Calçado-PE

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Valor da produção (*R$) 4085 2429 3568 4118 4127 3830 3600 4438 1882 4811 5500 11040 1357 8871 6660 5760 14662 12600
Área plantada 4800 4700 4700 4700 4700 4400 4400 5000 3700 5200 6000 6000 6000 6000 6000 4000 3300 3500
Área colhida 4800 4300 4700 4700 4700 4400 3000 5000 3520 5200 6000 6000 800 4700 4300 3200 3300 3500
Rendimento médio (kg/ha) 720 452 680 680 655 604 600 1120 299 613 393 613 283 772 558 720 1400 900
Quantidade produzida (t) 9750 11050 9600 9000 8400 9600 12000 12000 8000 10900 10900 10800 3300 5000 10800 20250 13500 10800
Valor da produção (*R$) 1443 1160 1152 1553 1512 1632 2040 2400 9600 7630 3052 3024 1320 1750 8640 4455 2970 2160
Mandioca Área plantada 750 850 800 750 1600 800 1000 1000 1000 990 990 900 900 800 900 1500 900 900
Área colhida 750 850 800 750 700 800 1000 1000 1000 990 900 900 900 450 900 1500 900 900
Rendimento médio (kg/ha) 13000 13000 12000 12000 12000 12000 12000 12000 8000 11010 12111 12000 3667 11111 12000 13500 15000 12000
Quantidade produzida (t) 260 195 195 234 260 390 390 405 150 150
Valor da produção (*R$) 47 54 71 91 94 148 148 182 75 83
Melancia Área plantada 20 15 15 18 20 30 30 30 15 15
Área colhida 20 15 15 18 20 30 30 30 15 15
Rendimento médio (kg/ha) 13000 13000 13000 13000 13000 13000 13000 13500 10000 10000
Quantidade produzida (t) 450 351 480 480 600 736 460 1350 180 600 13 15 18 2 99 135 135
Valor da produção (*R$) 194 135 192 250 300 309 234 688 92 390 8 11 11 2 66 90 180
Milho (Grão) Área plantada 1200 1100 1200 1200 1200 1600 1000 1500 1500 1200 60 30 100 20 30 150 150 150
Área colhida 900 900 1200 1200 1200 1600 1000 1500 1500 1200 60 30 10 10 150 150 150
Rendimento médio (kg/ha) 500 390 400 400 500 460 460 900 120 500 217 500 1800 200 660 900 900
Quantidade produzida (t) 46 60 80 80 80 240 80 90 150 150 75000 50000
Valor da produção (*R$) 29 63 40 51 51 156 48 54 135 150 64000 45000
Tomate Área plantada 2 2 2 2 2 6 2 3 6 6 2000 1000 50
Área colhida 2 2 2 2 2 6 2 3 6 6 2000 1000
Rendimento médio (kg/ha) 23000 30000 40000 40000 40000 40000 40000 30000 25000 25000 37500 50000
Legenda: t: Tonelada; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

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Tabela 10.3-19 - Características produtivas da produção pecuária no município de Calçado–PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Produção Pecuária de Calçado-PE

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Quantidade produzida
5000
(kg)
Tilápia
Valor da produção
40
(*R$)
Efetivo do rebanho
Asinino 69 68 71 76 50 45 50 50 50
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
3860 4205 4620 7200 6721 6050 5750 6125 3260 2600 6500 4025 4303 4129 4559 4636 2338 2450
(Cabeças)
Bovino
Vaca ordenhada
814 853 910 1260 1260 1100 1000 1400 960 770 823 1250 1336 907 973 1300 1500 1600
(Cabeças)
Quantidade produzida
894 940 1070 1852 1588 1502 1365 1617 1008 700 1111 1700 1804 1469 2626 3441 3581 3600
(*L)
Leite de vaca
Valor da produção
1197 806 630 1000 1700 1804 1763 2889 3441 7161 5400
(*R$)
Bubalino Efetivo do rebanho (Cabeças) 10 10
Efetivo do rebanho
Caprino 291 296 270 300 300 290 300 300 250 500 1500 1191 1512 1581 1625 1627 1710 1479
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
Equino 162 163 148 150 200 210 220 211 230 250 500 120 154 157 196 220 253 275
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
157540 201710 201710 199160 120560 173600 173600 175800 175800 200000 200000 245080 268090 355890 365900 391590 380090 395090
Galináceo (Cabeças)
Galinha (Cabeças) 5240 5310 4980 5560 5560 5600 6000 5800 5900 6000 6000 7352 8042 10676 21000 25500 26500 20340
Quantidade produzida
27 28 27 40 37 34 36 31 32 33 72 85 92 123 210 250 273 260
(Dúzias)
Ovos
Valor da produção
78 83 113 245 254 333 614 1218 1502 1637 1562
(*R$)
Quantidade produzida
500 600 500 500 500
Mel de (kg)
Abelha Valor da produção
10 12 10 10 15
(*R$)
Efetivo do rebanho
Muares 63 62 58 50 10 10 10 10 10
(Cabeças)

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Produção Pecuária de Calçado-PE

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Efetivo do rebanho
Ovino 498 537 560 1410 2000 2100 2100 2200 2000 2500 2000 3704 4133 4268 4382 4500 4950 4682
(Cabeças)
Efetivo do rebanho
235 244 253 584 380 411 452 460 540 750 2500 2945 3026 3076 3043 3053 3449 3763
Suíno (Cabeças)
Matriz (Cabeças) 30 1500 18 56 57 56 61 82 90
Legenda: R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); L: Litro *(x 1.000); kg: Quilogramas
Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2021, Rio de Janeiro: IBGE, 2022 .

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As atividades agropecuárias, quando bem desenvolvidas, garantem à predominância desses espaços no


ordenamento territorial do município. Com um núcleo urbano localizado no centro da área de
abrangência municipal (Figura 10.3-60), distante da principal via de circulação (BR-423), Calçado
conta com a menor mancha urbana, dentre os municípios ora estudados. É possível justificar o baixo
desenvolvimento da malha urbana tanto pelo contingente populacional reduzido, quanto pela
importância das atividades agrícolas para o conjunto da população. É fundamental destacar que quando
essas atividades agrícolas não conseguem gerar uma renda considerável, realidade vivenciada em
outros espaços rurais do país (vinculadas ao agronegócio), a dupla moradia (rural e urbana) dão lugar a
uma residência atrelada às formas de uso do solo e de subsistência familiar, onde os seus integrantes
vivem e trabalham na propriedade rural.

Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-60– Mapa de localização do centro urbano do município de Calçado-PE, em relação a BR-423.

A produção agrícola apresentada nos ajuda entender o perfil de ocupação do espaço geográfico
municipal e o funcionamento dos principais usos e ocupações da terra, nessa porção do território. Os
valores de extração vegetal e silvicultura expressam bem a dinâmica econômica desenvolvida dentro de
uma lógica de manejo e exploração da vegetação nativa. No município de Calçado, contudo, fica
bastante claro que as atividades desenvolvidas não apresentam peso significativo na estrutura

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econômica local. Apenas quatro grupos de gêneros produtivos estão ligados a essa atividade produtiva:
castanha de caju; umbu; carvão vegetal; e, lenha.

A produção de caju (Anacardium occidentale) está diretamente relacionada à tradição regional de


comercialização da castanha de caju para consumo humano. O pseudofruto (caju) embora rico em
nutrientes e com amplo aproveitamento na indústria alimentícia (polpa, suco concentrado, doces etc.),
quando colhido de forma direta em volumes menores, não apresenta o mesmo valor econômico que o
fruto (castanha de caju), bem mais valorizado, variando entre R$ 50,00 e R$ 100,00 por quilograma. A
produção de castanha tem sido constante em todo o período apresentado (Tabela 10.3-12), porém, com
resultados restritos a nove toneladas, em 2004, e uma produção de sete toneladas, em 2020, com um
rendimento de R$ 21.000,00.

O umbu (Spondias tuberosa L.), da mesma família do caju, tem importância econômica derivada do
consumo local e regional do fruto, presente na alimentação in natura e em preparos de doces. Outras
partes da árvore também podem ser consumidas, embora raramente comercializadas. A produção do
umbu, a exemplo do observado na castanha de caju, é constante, no período observado, com um hiato
produtivo no ano de 2011. Esta produção, contudo, não atinge em momento algum volumes
consideráveis, com um máximo produtivo de cinco toneladas, nos anos de 2014 e 2015, e uma
produção de três toneladas, em 2020, com um valor da produção estimado em R$ 10.000,00.

O uso da vegetação nativa, como lenha ou carvão, é uma prática comum na realidade do bioma da
Caatinga, sendo, o desflorestamento, um dos principais fatores de pressão antrópica sobre ele. Nesse
sentido, a produção e a comercialização desses gêneros apresentam uma breve interrupção produtiva
entre os anos de 2012 e 2013, e estão bastante vinculadas a volumes muito baixos de extração nos
últimos anos. De forma geral, o valor da produção dessas espécies, girou em torno de R$ 43.000,00,
correspondendo a aproximadamente 0,042% do PIB municipal.

O regime hídrico da região (caracterizado por períodos longos de estiagem e com precipitações
concentradas em um período restrito), associado a uma rede de drenagem predominantemente
intermitente e efêmera, apresenta condições de baixa potencialidade para o desenvolvimento de
lavouras permanentes (Tabela 10.3-13). Dos gêneros já produzidos no município (entre os anos de
2004 e 2021) apenas a laranja apresenta produção constante em todo o período, com uma evolução da
área plantada de 34 hectares (2004) para 60 hectares (2021) com um incremento no rendimento médio
(kg/ha) de 11,11%, no ano de 2021, em relação ao primeiro ano da série. Vale destacar, contudo, que
esse rendimento médio é 37,5% menos do que aquele observado no ano anterior. Considerando que as
áreas plantadas e colhidas tiveram o mesmo tamanho (60 ha), a diminuição observada deve estar
vinculada a problemas produtivos e de volume da safra. A volatilidade dos preços desse tipo de produto
tende vincular-se à oferta no mercado, o que pode provocar oscilações entre os anos.

Os demais itens observados (banana, café e manga) não apresentaram produção linear. A produção de
manga esteve limitada a um conjunto de 13 hectares até o ano de 2013, a partir de quando não há mais
registros deste produto. Vale destacar que o rendimento médio dessa fruta se apresentou bastante
constante, oscilando entre oito e nove mil quilogramas por hectare. A produção de café, por sua vez,
esteve temporalmente restrita entre os anos de 2004 e 2007, com um registro em 2011. Já a produção
de banana ocorreu apenas no ano 2011, com áreas destinadas para esse cultivo na ordem de 2 e 25

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hectares, respectivamente. No único ano em que todos os gêneros foram produzidos (2011) geraram
juntos R$ 205.000,00, o que representou 0,37% do PIB municipal e 1,74% do PIB agropecuário.

A agricultura de sequeiro, a qual o ciclo produtivo ajusta-se ao regime hídrico da região, é uma
realidade constante nos ambientes semiáridos e subúmidos do Nordeste brasileiro e mantém-se com
relevante importância econômica para o município de Calçado, através das lavouras temporárias
(Tabela 10.3-14). Com um conjunto de sete gêneros produtivos registrados entre os anos de 2004 e
2021, o município apresenta predominância de quatro desses gêneros: fava; feijão; mandioca e milho.
Em 2021, essas produções ocuparam uma área de aproximadamente 45,58 km² (4.558 ha) e já
constavam na totalidade das terras destinadas às lavouras temporárias desde 2019.

A produção de feijão, neste contexto, aparece de forma desproporcional. Dos 45,58km² destinados à
lavoura temporária no município, 35km² estão destinados para este cultivo (Figura 10.3-61). É
importante destacar, porém, que o cultivo consorciado entre feijão e milho também é muito comum na
região. Essa condição de produção consorciada está vinculada a dois fatores do saber tradicional,
validados pelo saber científico: a possibilidade de manutenção do desenvolvimento de dois cultivares
com tempos distintos de desenvolvimento e maturação; e, a melhoria no desenvolvimento do milho,
quando consorciado com o feijão. Apesar disso, embora as áreas de milho e feijão sejam praticamente
as mesmas, a produtividade do primeiro é muito baixa em relação ao segundo.

Área plantada de Lavouras Temporárias de Calçado-PE (km²)


70
60
50
Área (km²)

40
30
20
10
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Algodão Herbáceo (Caroço) 0,06 0,06 0,06 0,06 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fava (Grão) 0,28 0,26 0,28 0,28 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,05 0 0,1 0,08 0,08
Feijão (Grão) 48 47 47 47 47 44 44 50 37 52 60 60 60 60 60 40 33 35
Mandioca 7,5 8,5 8 7,5 16 8 10 10 10 9,9 9,9 9 9 8 9 15 9 9
Melancia 0,2 0,15 0,15 0,18 0,2 0,3 0,3 0,3 0,15 0,15 0 0 0 0 0 0 0 0
Milho (Grão) 12 11 12 12 12 16 10 15 15 12 0,6 0,3 1 0,2 0,3 1,5 1,5 1,5
Tomate 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,06 0,02 0,03 0,06 0,06 20 10 0,5 0 0 0 0 0

Fonte – IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

Figura 10.3-61– Evolução da área plantada com lavouras temporárias, no município de Calçado-PE, entre os anos de
2004 e 2021.

Adicionalmente à área plantada, o valor da produção de feijão também merece especial anotação,
atingindo à cifra, no ano de 2021, de R$ 12,6 milhões. Em 2019, a produção de feijão foi responsável
por 14,31% do PIB municipal e 58,53% do PIB agrícola. Além do feijão, o cultivo de mandioca
também tem importância, com uma área plantada de 9 km² e um valor de produção na ordem de R$
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2,16 milhões, com uma produtividade de 12.000 quilogramas por hectare, para o ano de 2021. A
produção de mandioca é muito comum na região e as casas de farinha ocupam um lugar central para o
seu beneficiamento.

O milho ocupou uma área menor das terras dedicadas à agricultura, com cerca de 1,5 km²,
movimentando um volume de R$ 180.000, em 2021. Na sequência, a fava deteve uma área de 0,08 km²
(equivalente a oito hectares) e um valor de produção de apenas R$ 29.000, no mesmo ano de
referência. Estes dois gêneros não conseguem apresentar uma participação considerável no PIB
municipal, estando muito mais vinculados ao consumo local.

Ainda no que concerne às lavouras temporárias, o município apresenta registros de produção de tomate,
melancia e algodão herbáceo, com interrupção produtiva há, pelo menos, cinco anos, tendo suas
produções restritas aos anos em que ocorreram. Também há registros da produção de algodão entre os
anos de 2004 e 2007, embora não tenha sido identificado um direcionamento específico quanto ao seu
uso. Contudo, os registros coincidem com a implementação do Selo Biocombustível Social, concedido
a produtores de biodiesel, que promovessem à inclusão social de agricultores familiares, através do
Decreto 5.297/2004. A semente do algodão herbáceo produz um óleo de alta qualidade para a produção
de biodiesel, o que pode estar relacionado com a produção restrita a duas toneladas, em apenas seis
hectares.

Outras produções bastante relevantes, que estão vinculadas à forma histórica de ocupação dos espaços
Agrestes do interior pernambucano, são a pecuária leiteira e de corte. Uma característica recente dessa
região é o desenvolvimento da atividade avícola (especialmente de galináceos) com a proliferação da
atividade granjeira em vários municípios. A Tabela 10.3-15 permite a identificação dos três principais
ramos com maior importância no desenvolvimento dessas atividades para o município: pecuária bovina
de corte, leite e avicultura.

No que concerne ao rebanho bovino, observa-se a maior produção entre os anos de 2007 e 2011, com
um rebanho de 7.200 cabeças, para o primeiro ano. Contudo, a proporção destinada à ordenha atinge
seu pico em 2021, com um rebanho leiteiro de 1.600 cabeças, atingindo um efetivo total de 2.450
cabeças. A produção leiteira do município merece nota pelo aumento sensível no valor da produção,
chegando à cifra de R$ 7.161.000,00, em 2020, com um rebanho 1.500 cabeças e uma produção de
3.581.000 litros de leite. Já em 2019, com a queda nos preços deste produto, o valor de produção
alcançado atingiu R$ 3.441.000,00, o que correspondeu a 3,35% do PIB municipal e 13,74% do PIB
agropecuário naquele ano.

A avicultura, em 2021, contou com um efetivo de 380.090 cabeças, das quais 20.340 estiveram
vinculadas à produção de ovos que, por sua vez, correspondeu a um valor de R$ 1.637.000,00 na
produção, demostrando sua importância econômica. Somam-se à atividade agropecuária do município,
outros rebanhos de menor importância numérica e econômica, tais como: caprinos, ovinos, suínos,
equinos, asininos, muares e bubalinos, que contribuem para um rebanho total (entre todas as espécies
de criação) de 428.079 cabeças; além do registo da produção de mel de abelhas e a piscicultura, através
da criação de tilápia.

Embora haja uma participação considerável das atividades agrícolas para o PIB municipal e que,
algumas dessas atividades atinjam valores milionários no conjunto da produção, o perfil médio da
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população do campo está relacionado à agricultura de subsistência de pequenos grupos familiares, com
a comercialização do excedente produzido. As produções avícola e bovina demonstram maior
estruturação, em conformidade com as exigências de insumos necessários às suas produções e
comercialização.

O uso e a ocupação dos solos estão diretamente vinculados às estruturas econômicas imperantes nos
sucessivos tempos históricos que resultaram na realidade municipal observada. A cobertura atual da
terra de Calçado apresenta uma predominância de uso vinculada às atividades agropecuárias (75,70%),
sendo esta proporção a segunda mais alto entre os municípios analisados – atrás apenas daquele
apresentada pelo município de São João – PE (76,29%). Diante de um volume tão expressivo de áreas
destina a agropecuária o município apresenta a menor taxa relativa de vegetação natural (8,82%). A
pecuária, diferente do observado nos municípios de São Caetano – PE, Cachoeirinha – PE e Lajedo –
PE divide espaço em pé de igualdade com a agricultura (cerca de 50% para cada).

À vegetação natural original somam-se as porções territoriais com vegetação natural alterada (14,96%),
geralmente vinculadas a espaços abandonados pela atividade agropecuária e que atualmente apresentam
uma vegetação secundária em processo de consolidação. A importância da atividade agrícola no
município contrasta com essa alta taxa de vegetação natural alterada, uma vez que o abandono das
terras agricultáveis não ser tão comum. A resiliência dos ambientes semiáridos brasileiros e da
vegetação de caatinga podem vincularem-se a esta realidade, uma vez que uma área abandonada pela
agropecuária em poucos anos poderá apresentar uma vegetação secundária considerável, passível de
identificação por sensoriamento remoto. Somadas, as zonas de vegetação natural (alteradas ou não)
recobrem uma área total de 29 km², menos de um terço da área destinada a agropecuária (92,4 km²),
indicando um território rural profundamente antropizado.

A área imediatamente próxima ao empreendimento, lindeira a rodovia BR-423, é bastante restrita, o


que não consegue ser significativo para uma reflexão mais ampla. Há, contudo, uma predominância de
uso agrícola desses espaços, sendo presente ainda atividades comerciais e de residência. O perfil das
unidades territoriais próximas é de médio e pequeno porte vinculados, aparentemente, a produção de
alimentos. A atividade granjeira está presente, guardando relação mais direta com as vias de circulação,
sendo perceptível, não só neste trecho, núcleos produtivos de avicultura num raio de poucos
quilômetros da BR. A presença dessas unidades está inegavelmente vinculada ao escoamento da
produção e a facilidade de instalação das unidades, uma vez que a criação é intensiva, com as aves
acondicionadas em espaços confinados para engorda ou produção de ovos.

No município de Calçado não há, segundo relatório publicado em 19 de maio de 2022 da Diretoria de
Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento, do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, assentamos rurais oriundos de projetos de reforma agrária.

10.3.6.6 Área diretamente afetada – ADA

A Área Diretamente Afetada – ADA pelo empreendimento compreende toda a faixa de domínio da BR-
423, no trecho entre os quilômetros 18,20 e 86,12, considerando-se uma margem de 35 metros para
cada lado, a partir do eixo central da via (70 metros no total). O trecho da rodovia que cruza o
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município de Calçado é pequeno e afastado da sede municipal, bem como é limitado e pouco
diversificado o número de empreendimentos. No trecho da ADA, referente a este município, foram
identificadas oito unidades espaciais localizadas parcial ou integralmente na faixa de domínio da
rodovia, nas duas margens (Figura 10.3-63). Dentre elas, quatro são áreas de cultivos (todas
integralmente dentro da ADA) e quatro sendo de estruturas construídas. Sendo elas:
• um terreno murado (parcialmente na ADA), onde houve a informação de uma estrutura de poço
artesiano desativado e de preparação da área para futura realização de feira livre semanal –
Entrevista CAL01;
• uma unidade residencial de baixa renda (totalmente dentro da ADA), com cultivo associado –
Entrevista CAL02 (Figura 10.3-62A);
• um estabelecimento comercial em processo de finalização de construção (parcialmente na
ADA) – Entrevista CAL03 (Figura 10.3-62C);
• um estabelecimento comercial, com parte do material na ADA (parcialmente na ADA) –
Entrevista CAL04 (Figura 10.3-62B).

A B C

Legenda: A- Residência e cultivo, predominantemente na ADA; B – Residência (a direita) com atividade de ferro velho, com material
integralmente dentro da ADA; C - Imóvel (prédio a esquerda) recém-construído, parcialmente dentro da ADA.
Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-62– Imagens das estruturas localizadas, parcial ou integralmente, na área de domínio da BR-423, no
trecho que corta o município de Calçado-PE.

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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-63– Mapa de localização das residências e cultivos dentro da faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o município de Calçado-PE.

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Das quatro áreas identificadas com cultivos, em duas não foi possível localizar os usuários (CAL05 e
CAL06), um reside nas imediações (CAL07 – Figura 10.3-64) e o outro reside no Povoado Olho
D'água dos Pombos (CAL08). Os principais gêneros cultivados são feijão e milho, que se relacionam às
atividades observadas no perfil produtivo do município. Todos os entrevistados afirmaram que a
produção serve, primariamente, ao consumo e, secundariamente, à comercialização do excedente. Esse
perfil de subsistência dialoga com o padrão socioeconômico autodeclarado, com renda que não
ultrapassa a marca de 1,5 salário-mínimo, destacando o fato de que o incremento, nos casos de valores
acima do piso remuneratório, advém de programas de assistência social percebido por algum dos
integrantes da família.

1
3

Legenda: 1 – Local de moradia do agricultor; 2 – Local de cultivo (feijão); 3 – BR-423.


Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-64– Registro, em única tomada, da relação: BR-423/Local de Cultivo/Residência, no trecho dentro do
município de Calçado-PE.

É fundamental o registro de que, a residência nas imediações do cultivo não é uma regra, sendo muito
comum o cultivo ser realizado por residentes de localidades mais afastadas da rodovia. Não foram
registrados relatos de conflitos entre os produtores que moravam distantes das áreas de cultivo e os
habitantes imediatos, quando esse fenômeno ocorria. Ademais, ao serem questionados sobre a
impossibilidade de uso da área a partir da duplicação, apenas um dos entrevistados (aquele com maior
área de cultivo – CAL08) indicou que o fato o abrigaria a trabalhar em regime de “meia” (no qual o
agricultor trabalha em propriedades de terceiros e divide a produção, como forma de pagamento pelo
uso) para algum proprietário de terras.

Quando interrogados sobre o tempo em que aquelas áreas, objetos da investigação (residência,
comércio e/ou cultivo), tinham aquela função, dois entrevistados (CAL01 e CAL08) afirmaram utilizá-
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las há aproximadamente 30 anos. Os demais (CAL02, CAL04 e CAL07) afirmaram utilização entre 5 e
7 anos. O tempo de residência ajuda na percepção das condições de segurança da via, bem como na
prospecção de possíveis impactos resultantes de sua duplicação. Quando interrogado sobre as
condições de segurança, o conjunto dos entrevistados apontou o trecho como inseguro e seguro,
levando em consideração a gradação: Totalmente Inseguro; Inseguro; Seguro; e, Totalmente Seguro).
Essa percepção está geralmente associada aos eventos presenciados pelos sujeitos da pesquisa, não
guardando relação direta com os dados estatísticos de segurança da BR-423.

Já no que se refere aos impactos da duplicação da via, apenas um dos entrevistados apontou somente
melhorias, enquanto os demais fizeram ressalvas sobre os riscos associados à travessia, destacando a
necessidade de instalação de equipamentos que facilitem à transposição da via, tais como: lombadas
eletrônicas ou físicas e passarelas.

A preocupação com a segurança dá-se por dois motivos: 1º - Nesse trecho há um Povoado nominado de
Olho D’Água dos Pombos, onde há um contingente populacional que usa a BR-423 como principal rota
de deslocamento; e, 2º – A existência de dois centros urbanos de referência (Lajedo-PE, para atividade
corriqueira; e, Garanhuns-PE, para atendimento de maior especialização) em direções opostas, criando
uma demanda por constante transposição da via para o uso do transporte público de passageiros.

Acerca do Povoado Olho D’Água dos Pombos, é importante destacar a relação identitária com o
município de Lajedo-PE, em detrimento do município de Calçado. Este fato está relacionado à
proximidade da localização com a mancha urbana do município vizinho (Figura 10.3-65) e com o fato
de que, boa parte da gestão pública do espaço, é realizada pela administração de Lajedo-PE. Durante a
atividades de campo, foi possível observar que a Unidade de Saúde da Família do povoado é de
responsabilidade do município de Lajedo-PE, não estando, portanto, entre as cinco unidades
apresentadas anteriormente (Figura 10.3-66). Durante conversas com os moradores, tanto da ADA,
como do próprio povoado, ficou evidente o pertencimento e a relação cotidiana das pessoas com o
município de Lajedo-PE, fato que cobrou dos pesquisadores a filtragem da informação quanto ao local
de moradia, considerando a divisão político-administrativa do IBGE.

O trecho, portanto, é composto por uma sucessão de pequenas residências, que se encontram fora da
ADA: um posto de gasolina e uma churrascaria (próximos à divisa com Jupi-PE); um hotel de alta
rotatividade; um clube; e algumas oficinas automotivas.

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Fonte: os autores, 2022.


Figura 10.3-65– Localização da malha urbana do município de Lajedo-PE, em relação a localização do Povoado
Olho D’Água dos Pombos, no município de Calçado-PE.

Foto: Os autores, 2022.


Figura 10.3-66–Unidade de Saúde da Família – USF, administrada pela Prefeitura de Lajedo-PE, localizada no
Povoado Olho D’Água dos Pombos, em Calçado-PE.

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O hotel de alta rotatividade, anteriormente referido, possui uma estrutura de acesso dentro da ADA, a
qual precisa ser considerada como melhoria estrutural, considerando-se, contudo, que é de pleno
conhecimento dos proprietários do estabelecimento tratar-se de uma faixa de propriedade e sob
jurisdição do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT.

Foto: Os autores, 2022.

Figura 10.3-67–Estrutura de acesso ao Harmony hotel, na faixa de domínio da BR-423, no município de Calçado-PE

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JUPI – PE

10.3.7.1 Histórico e dinâmica demográfica

O município de Jupi localiza-se na mesorregião do Agreste Pernambucano, na microrregião de


Garanhuns. O antigo povoado de Brejo da Madre de Deus passou à categoria de distrito do município
de São Bento do Una, e somente em 1911 passou a pertencer a Canhotinho (entre 1911 e 1927).
Posteriormente, no ano de 1928, o distrito de Jupy, com o advento da emancipação de Palmeirina,
figurou como parte desse município. Com a integração de Palmeirina ao município de Angelim, em
1931, Jupy tornou-se, também, parte de Angelim. O distrito de Jupi (grafia alterada pela Lei Estadual
nº 421, de 31 de dezembro de 1948) foi elevado à categoria de município pela Lei Estadual nº 3.331, de
31 de dezembro de 1958, desmembrando-se efetivamente do último território ao qual esteve vinculado,
constituído pelos distritos de Jupi e Jucati. A Lei Municipal nº 97, de 13 de março de 1968, criou o
distrito de Neves e o anexou a Jupi, que passou a contar com três distritos. Em 01 de janeiro de 1991, a
Lei Estadual nº 10.624 desmembrou de Jupi os distritos de Jucati e Neves, formando o novo município
de Jucati, com área acrescida pelo povoado de Neves. Atualmente, Jupi só possui o distrito sede (IBGE,
2022).

Jupi tem uma população auferida, no último censo demográfico de 2010, de 13.705 pessoas, e uma
população estimada, para o ano de 2021, de 15.007 pessoas. A expansão progressiva, ainda que lenta,
da população segue a tendência nacional de crescimento vegetativo desacelerado, embora esse
crescimento venha após uma queda populacional abrupta, da ordem de 37,93%, captada pelo censo de
2000 (Figura 10.3-68). Apesar de a taxa de crescimento da população brasileira ter diminuído ao longo
dos anos, movimentos de retração populacional tão grande, em um período tão curto (10 anos), não são
comuns. Na realidade observada, a variação populacional não decorre de fluxo migratório nem eventos
extremos que exacerbem a taxa de mortalidade (peste ou guerras), mas pelo fato de dois dos distritos,
que compunham o município, terem se desmembrado no ano de 1991. Com o desmembramento dos
distritos, o município perde área e população, na contagem feita na década seguinte. Se for considerada,
por exemplo, a evolução populacional desses dois espaços (Jupi e Jucati) em conjunto, no censo de
2000 em relação a contagem de 1991, perceber-se-á a continuidade do processo de evolução constante
do contingente populacional. Portanto, é seguro afirmar que a população de Jupi tem crescido de forma
sustentada, quando desconsiderados os processos geopolíticos de desmembramento territorial.

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EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO - JUPI-PE


Total Homens Mulheres
NÚMERO DE HABITANTES

20.000
18.000
16.000
14.000
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
1970 1980 1991 2000 2010 2021
Total 17.216 17.828 19.865 12.329 13.705 15.007
Homens 8.132 8.515 9.672 5.999 6.683
Mulheres 9.084 9.313 10.193 6.330 7.022
ANOS

*Diante do adiamento do censo demográfico de 2020, os dados mais atuais de população estão baseados na estimativa do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Fonte: IBGE, 2022.
Figura 10.3-68– Evolução da população no município de Jupi-PE, entre os anos de 1970 e 2021.

É fato que o crescimento populacional está vinculado à conjunção das taxas de natalidade, mortalidade
e migração. Atribuir qualquer variação à ação isolada de qualquer destes fatores, sem o devido
levantamento de dados, pode ser precipitado e impreciso. Contudo, diante dos registros históricos dos
processos de desmembramento do território municipal, mesmo diante da ausência de série histórica
mais ampla, no Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA, é possível considerar que a
explicação acima apresentada é plenamente pertinente, conversando de forma direta com os fatos
históricos.

Ao observar a distribuição da população municipal percebe-se que, acompanhando a realidade


nacional, há uma predominância da população urbana (61,19%) frente à população rural (38,81%). O
incremento na primeira acompanha a tendência de urbanização dos grupos humanos, afetada pelo
movimento de êxodo rural, vivenciado no Brasil a partir da década de 1960. Essa tendência de
expansão foi suficiente para gerar uma alteração do perfil populacional do município, majoritariamente
composto por residentes em ambientes urbanos (Figura 10.3-69), a partir da década de 2000. A taxa de
crescimento da população urbana do município apresentou momentos de discreta aceleração, como
evidenciado pelo censo de 2010, contudo, com um crescimento parecido com aquele observado entre as
décadas de 1980 e 1990. Essa tendência de expansão poderá ser confirmada pelo censo demográfico de
2022.

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EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA E RURAL DE JUPI-PE


URBANA RURAL TOTAL

25.000
NÚMERO DE HABITANTES

19.865
20.000 17.216 17.828

13.652 13.705
15.000 12.329
15.076
14.354
10.000 8.356
6.544

5.000 2.140
6.213 5.785 5.349
0 3.474
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
ANOS

Fonte: IBGE, 2022.


Figura 10.3-69–Evolução das populações urbanas e rurais no município de Jupi-PE, entre os anos de 1970 e 2010.

Adicionalmente, é importante destacar que, com a perda dos distritos de Jucati e Neves, o município de
Jupi perdeu parte considerável do seu território rural, fazendo crescer a relação entre a população
urbana e rural, com acentuado encolhimento do contingente dos habitantes de ambiente rural.
Considerando as contagens de 1991 e 2000, e desconsiderando portanto o aumento natural da
população que ficou no município de Jupi após a cisão (em 1991), é possível observar que a população
urbana apresentou um decréscimo de apenas 428 habitantes, o que equivale a 6,89% da população
desse tipo de espaço. Em contrapartida, a população rural do município teve um encolhimento de
52,06%, implicando na diminuição de 7.108 pessoas nos espaços rurais.

O comportamento da expansão da malha urbana permite a observação dos espaços de interesse para
consolidação dos agrupamentos humanos. A criação de novos loteamentos pode indicar os espaços
onde o mercado imobiliário local tem enxergado oportunidade e desejo de residência, indicando os
novos flancos de ocupação. Entre os quatro novos núcleos de povoamentos (Figura 10.3-70) dois estão
claramente ancorados na principal via de circulação (BR-423). A realidade de Jupi destoa daquela
encontrada nas demais manchas urbanas, porque os dois maiores loteamentos observados estão
fisicamente afastados da rodovia. Uma observação mais detida, contudo, permite perceber que o
loteamento localizado na porção sul da malha urbana está apartado da rodovia por uma área ainda sem
uso, podendo indicar uma reserva de mercado para especulação imobiliária futura. O direcionamento
locacional observado, ajuda a consolidar a compreensão apresentada de que os eixos viários têm
modulado o desenvolvimento da cidade, exigindo um olhar mais cuidadoso sobre as intervenções
propostas.

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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-70–Mapa das áreas de expansão da malha urbana no município de Jupi-PE.

10.3.7.2 Características da saúde pública municipal

A qualidade de vida das populações está diretamente ligada às condições de assistência e suporte de
que dispõem, principalmente no que concerne aos grupos economicamente vulneráveis. A rede de
atendimento médico, hospitalar e ambulatorial relaciona-se diretamente à capacidade de acolhimento
das demandas emergentes das instabilidades da saúde humana. Jupi conta, atualmente, com seis
estabelecimentos de saúde, em sua totalidade públicos. Destes, cinco realizam atendimento geral
(ambulatorial) sem internação e um oferece atendimento de especialidades médicas, com internação. O
município dispõe de 24 leitos hospitalares que apresentam atendimento de emergência com
possiblidade de internação.

A estrutura municipal de saúde tem seis unidades do Programa Saúde da Família – PSF, dois postos de
saúde, duas unidades de apoio diagnose e terapia, um consultório odontológico, um centro de
especialidades, um hospital geral. Além das unidades citadas, a rede municipal de saúde dispõe da
estrutura de organização e gestão da Secretaria Municipal, uma central de abastecimento e uma unidade
do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, totalizando 16 estruturas de atendimento
público vinculadas à saúde da população.

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A Portaria nº 204, 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, define a Lista Nacional de


Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública nos serviços de saúde
públicos e privados em todo o território nacional. Nesse sentido, a determinação do perfil nosológico da
população de uma determinada porção do território nacional pode ser feita utilizando os dados
disponibilizados pelo Ministério da Saúde, dentre as doenças reportadas, num dado período. No
município de Jupi, apenas sete enfermidades, do grupo supracitado, apresentaram registros reportados
ao Ministério entre os anos de 2012 e 2022 (Figura 10.3-71).

PERFIL NOSOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE JUPI-PE


60
NÚMERO DE CASOS

50

40

30

20

10

0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
DENGUE 0 0 0 17 41 0 0 1 57 4 0
ZIKA VÍRUS 0 0 0 5 1 0 0 0 0 0 0
SÍFILIS ADQUIRIDA 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0
INTOXICAÇÃO EXÓGENA 0 0 0 0 0 1 5 5 1 2 0
ESQUITOSSOMOSE 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
TUBERCULOSE 1 2 0 0 3 2 3 3 4 4 0
HANSENÍASE 2 0 2 2 2 2 2 4 0 0 0
HIV/AIDS 1 2 1 1 0 1 1 1 0

Nota: Foram apresentadas as doenças constantes na Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, que define a
Lista Nacional de Notificação Compulsória.
Fonte: DATASUS, 2022.
Figura 10.3-71–Perfil nosológico do município de Jupi, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022.

A recorrência dos casos de dengue merece destaque por evidenciar um grave problema que rege a
gestão da saúde pública brasileira. Associadas às condições precárias de ocupação do espaço,
decorrente da profunda desigualdade social vigente no Brasil, doenças difundidas por vetores, que se
beneficiam da ausência de esgotamento sanitário e coleta regular de resíduos sólidos descartados (lixo),
proliferam-se com maior eficiência em espaços economicamente subdesenvolvidos e/ou onde as
condições de moradia são insuficientes. A observação detida do fenômeno da dengue revela a
ocorrência de pequenos surtos de contaminação, intercalados por anos sem nenhuma notificação. Deve-
se destacar também que a pandemia de Covid-19, causada pela difusão mundial do vírus SARS-COV-
02, não neutralizou um surto de contaminação, como observado em outros espaços. Vale ressaltar que a
terminologia “surto”, aqui apresentada, refere-se à ocorrência elevada em comparação ao padrão
observado nos anos imediatamente anteriores e posteriores, sem guardar relação com uma
contaminação massificada de um elevado percentual da população, uma vez que os registros não dão
conta de volumes superiores a 57 contaminações.

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Outro fator indicativo das condições de baixa salubridade do ambiente municipal é a constante de
notificação de casos de doenças com processos de transmissão e prevenção conhecidos. A tuberculose,
por exemplo, tem recorrência de contaminação em todos os municípios da área estudada. Em Jupi,
apenas em três anos (2014, 2015 e 2022) não há notificação para essa doença, mesmo diante de um
baixo número de infectados. A baixa infecção demostra não um surto instaurado ou uma condição de
exceção epidemiológica, mas sim de uma condição sustentada, mantida pelas condições socioespaciais
vigentes. Embora o número de casos observados seja bastante reduzido em relação à população total
(pouco mais de 15.000 habitantes), há uma clara dificuldade de zerá-lo.

Não obstante a estas questões, que abarcam as condições sociais postas, sempre será necessário lembrar
que qualquer ação, no ambiente, que insira, retire ou desloque matéria tem o potencial de agravar
alguns fatores de alteração das condições ambientais. A retirada ou depósito de material, oriundo de
obras de engenharia, bem como o descarte indevido de materiais de uso comum rejeitados pelos
profissionais integrantes da equipe de execução, pode gerar proliferação de vetores biológicos. Nesse
contexto, é fundamental a inserção, no planejamento, de estruturas de gerenciamento dos resíduos
inerentes às atividades fins da obra, bem como dos resíduos das atividades humanas (alimentação,
vestimenta, proteção etc.), vinculadas ao projeto.

Ao discutir as condições de vida humana é importante considerar o Índice de Desenvolvimento


Humano – IDH, que se trata de um dado estatístico usado para classificar os países e demais porções do
território levando em consideração a expectativa de vida, a educação (média de anos de escolaridade
completados e anos esperados de escolaridade ao entrar no sistema de educação) e os indicadores de
renda per capita. O IDH gera um valor que vai de 0 a 1, sendo os valores próximos de 1 aqueles que
indicam melhores condições de desenvolvimento humano. O município de Jupi tem um IDH de 0,575
(IBGE, 2010). Embora o valor seja baixo, é necessário registrar que nos anos de 1991 e 2000 os índices
eram 0,281 e 0,440, respectivamente. Em paralelo, o IDH do Estado de Pernambuco foi de 0,673
(2010), 0,544 (2000) e 0,440 (1991), o que indica que, apesar de estar abaixo da média estadual, o
município tem seguido a tendência de melhoria no índice.

10.3.7.3 Indicadores de educação, renda e trabalho

Considerando que o IDH apresenta a educação como um dos fatores a determinar o desenvolvimento
humano, cumpre discorrer sobre as condições da educação municipal, destacando que o município
conta com 11 estabelecimentos de educação infantil, 8 de ensino fundamental e 1 de ensino médio e
apresenta um contingente de 220 docentes e 4.071 estudantes. O número de instituições no município é
marcado por dois fenômenos: a leve diminuição nos últimos anos (Figura 10.3-72); e, a predominância
de instituições municipais, com apenas uma instituição de ensino médio, estadual.

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO NÚMERO DE ESCOLAS/ANO, EM JUPI -PE

25
NÚMERO DE ESCOLAS

20

15

10

0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ensino infantil 23 23 18 15 15 15 14 14 14 14 12 11 11 11
Ensino fundamental* 24 23 20 15 15 15 11 11 11 11 9 8 8 8
Anos iniciais** 24 23 20 15 14 14 11 11 11 11 9 8 8 8
Anos finais** 3 2 3 3 2 3 2 2 2 2 2 2 2 2
Ensino médio 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Figura 10.3-72 – Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de Jupi-PE, entre os anos de
2008 e 2021.

Legenda: *Os dados referentes às instituições de ensino fundamental apresentam os valores totais desta
etapa do ensino. **Os quantitativos de instituições ofertantes de anos iniciais e finais do ensino
fundamental representam um desmembramento dos valores das escolas de ensino fundamental.
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP, 2022;
IBGE, 2022.

A aferição das condições de aprendizado permite ao gestor desenvolver estratégias de melhoria das
estruturas e dos processos vigentes, a fim de ofertar condições dignas de formação escolar dos sujeitos.
Ciente da necessidade de avaliar e monitorar o desenvolvimento da educação básica no país, o
Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira – INEP, desenvolveu, em 2007, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB.
Este índice reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos fundamentais para a percepção
da qualidade educacional: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O índice varia de
0 a 10. A combinação entre fluxo e aprendizagem tem o objetivo de equilibrar essas duas dimensões,
compreendendo que a formação dentro do tempo planejado, com qualidade, é o melhor caminho para
uma formação qualificada. O dado ainda é um importante condutor de política pública em prol da
qualidade da educação, sendo utilizado como uma ferramenta para acompanhamento das metas de
qualidade para a educação básica.

O município de Jupi tem oscilado muito nos valores obtidos no índice entre os anos de 2005 e 2021
(Figura 73), e apresentou, na última avaliação, valor igual à média estadual e um pouco abaixo da
média nacional, para o ensino público nos anos iniciais do ensino fundamental (Jupi – 5,1; PE – 5,1;
BR – 5,5). Nos anos finais do ensino fundamental, apresentou em 2021 valor igual à média nacional
(Jupi – 4,9; PE – 4,7; BR – 4,9). Contudo, em relação ao ensino médio, o valor se mostra acima das
médias estadual e nacional (Jupi – 5,1; PE – 4,4; BR – 3,9). Embora os resultados estejam próximos ou
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acima das referências estadual e nacional, deve-se destacar que não há uma estabilidade nos índices
observados, com aumentos e quedas progressivos ao longo do período analisado.

EVOLUÇÃO DO IDEB DO MUNICÍPIO DE JUPI-PE

6
VALORES DO IDEB

0
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
E.F. Anos iniciais (Municipal) 2,5 2,6 3,6 4,2 5,9 6,5 5,6 5,6 5,1
E.F. Anos iniciais (Estadual) 3 3,6 4,1 5,9
E.F. Anos finais (Municipal) 2,5 2,6 3,6 3,4 3,7 4,5 5 5,2 4,9
E.F. Anos finais (Estadual) 2,4 2,7 3,1 4,2 4,7
Ensino médio (estadual) 5 5 5,1

Legenda: E.F.: Ensino Fundamental; IDEB: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.


Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2021; IBGE, 2022.
Figura 10.3-73 – Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de Jupi-PE,
entre os anos de 2005 e 2021.

Ainda nesse contexto, é importante destacar que a taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade,
auferida no ano de 2010, foi de 96,3%. Tal realidade contrasta com um número expressivo de pessoas
que declararam, no mesmo ano, serem sem instrução ou possuírem o ensino fundamental e/ou médio
incompleto (86,97% da população). O volume de pessoas com ensino médio completo e que acessaram
o ensino superior – completo e incompleto (Figura 10.3-74) – revela a face histórica do inacesso de
parte considerável da população ao ensino formal, embora, este (ensino básico) esteja universalizado
desde a promulgação da Constituição de 1988. O acesso ao ensino formal garante condições efetivas de
inserção qualificada no mercado de trabalho, assegurando ao sujeito meios para potencializar e agregar
valor à sua mão de obra e atuando como um gerador de renda indireto para o contexto local.

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Nível de instrução da população de Jupi-PE


292 12

1167
Sem instrução e fundamental
incompleto
Fundamental completo e médio
1619 incompleto
Médio completo e superior
incompleto
Superior completo

8204
Não determinado

Fonte: Censo demográfico de 2010, IBGE, 2022.

Figura 10.3-74 – Nível de instrução da população de Jupi-PE, auferido no censo de 2010.

No que tange à realidade de Jupi, é necessário indicar que as atividades econômicas apresentam
relevância no PIB municipal na seguinte ordem: 1 – administração pública; 2 – serviços; 3 – indústria;
e, 4 – agropecuária. Revela-se, então, a importância da formação para atender a demanda dos diferentes
setores. Embora alguns ramos do setor de serviços e do setor industrial exijam menores qualificações, o
conjunto das atividades de melhor condição remuneratória, desses setores, demanda qualificação
formal de nível médio, técnico e superior. Ademais, a própria administração pública exige formação
específica como um dos critérios de atuação.

A escolaridade de uma população reflete diretamente o grau de ocupação e o perfil socioeconômico das
atividades desenvolvidas. O município de Jupi apresentou, em 2020, um grau de ocupação na ordem de
8,5% da população (1.269 pessoas) recebendo um salário médio de 1,4 salário-mínimo.
Adicionalmente, 52,5% possuíam rendimento médio per capita de até 1/2 salário-mínimo, em 2010. O
censo demográfico desse ano identificou contradições mais profundas dentro da realidade local:
enquanto 112 domicílios apresentaram renda declarada de mais de cinco salários-mínimos (três deles
declarando mais de 20 salários-mínimos), 2.145 domicílios declararam viver com até um salário-
mínimo (Figura 10.3-75). As condições de educação guardam relação direta com a realidade posta, uma
vez que quanto menos qualificados mais vulneráveis a subempregos os grupos humanos estão
submetidos.

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Renda declarada por quantidade de domicílio particulares


permanente
Sem rendimento
Até 1/2 S.M.
1129
Mais de 1/2 a 1 S.M.
587 25
Mais de 1 a 2 S.M.
112 3
Mais de 2 a 5 S.M.
1107 185 84
Mais de 5 a 10 S.M.
853
Mais de 10 a 20 S.M.
Mais de 20 S.M.

Legenda: S.M: Salário-Mínimo


Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
Figura 10.3-75 – Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de Jupi-PE, no ano de
2010.

Quando observada a renda individual, essas condições se cristalizam (Figura 10.3-76), com a
perspectiva de que 91,1% da população vive com até um salário-mínimo. Nesse contexto, a oferta de
postos de trabalho, com requerimento de qualificação técnica de baixo nível ou com potencial de
formação de mão de obra, pode gerar um incremento nas receitas municipais e uma melhoria nas
condições materiais de vida da população.

Classe de rendimento nominal mensal de Jupi-PE


Sem rendimento
1 Até 1/4 de S.M.
3094
Mais de 1/4 a 1/2 S.M.
145 2 Mais de 1/2 a 1 S.M.
1051
716
81 1 Mais de 1 a 2 S.M.
1367 48 Mais de 2 a 3 S.M.
10 Mais de 3 a 5 S.M.
4776 14
Mais de 5 a 10 S.M.
Mais de 10 a 15 S.M.
Mais de 15 a 20 S.M.

Legenda: S.M.: Salário-Mínimo.


Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.
Figura 10.3-76 – Rendimento mensal, por pessoa, no município de Jupi-PE, no ano de 2010, por classe de renda.

Considerando o perfil econômico do município de Jupi, é possível inferir que, por suas condições de
vulnerabilidade socioeconômica, exista uma alta sensibilidade às iniciativas de captação de mão de
obra para as atividades desenvolvidas no empreendimento pretendido de duplicação da BR-423. Diante
do perfil médio de renda e do grande contingente de pessoas desocupadas, ações de inserção de renda

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tendem a gerar impactos positivos na dinâmica econômica de forma mais intensa, quando comparado a
espaços de produção mais difusa, ainda que também subdesenvolvidos.

10.3.7.4 Meios de comunicação de abrangência municipal

O desenvolvimento dos meios de comunicação, aliado à difusão das redes sociais digitais, deu
importância central à comunicação social humana, como forma de compartilhamento de informações
em detrimento do tempo e do espaço. Hodiernamente, não é possível considerar os meios de
comunicação sem inserir, no bojo dos veículos analisados, a ocorrência de blogs, perfis em redes
sociais, canais no youtube etc., além dos meios tradicionais (televisão, rádio, rádio difusão, jornal e
sites oficiais). O município de Jupi conta, na atualidade com quatro principais meios de comunicação,
de caráter local: dois vinculados à Prefeitura Municipal (site e perfil do Instagram) e dois de jornalismo
e entretenimento (rádio FM e perfil do Instagram), ambos de mesma autoria e propriedade.

Tabela 10.3-20 - Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de Jupi-PE

MEIOS DE COMUNICAÇÃO – JUPI-PE


MEIO
CATEGORIA SITE/@ RESPONSÁVEL VIGÊNCIA CONTATO
COMUNICAÇÃO
Site Prefeitura de Jupi https://www.jupi.pe.gov. Prefeitura 2018 (87) 3779-1137
br/?page=not
Instagram Prefeitura de Jupi @prefeituradejupi Prefeitura 2019
Rádio Rádio Líder de Jupi www.jupifm.com Agnelo Alves (87) 99628-7023
87.9 MHz
Instagram Rádio Líder de Jupi @radioliderfmjupi Agnelo Alves 2014 radiojupifm@gmail.
87.9 MHz com
Fonte: Dados da pesquisa de campo.

As estruturas de comunicação aqui apresentadas (ligadas às redes sociais) não abarcam perfis
vinculados à Prefeitura (Secretarias, projetos etc.) ou a instituições privadas de comércio (lojas,
parques, restaurantes etc.), apenas tratando daqueles perfis que se propõem a informar questões
referentes ao cotidiano municipal, oficialmente ou não. É fundamental, nesta etapa do levantamento
dos dados, que eventuais reportamentos de fatos, feitos por instrumentos físicos ou digitais oriundos de
outras atividades, não figurem como atividade de comunicação, para distinguir as atividades fins dos
perfis/instrumentos. Nesse contexto, blogs pessoais ou atividade de influencers digitais não integram o
bojo analisado.
10.3.7.5 Áreas rurais, urbanas e de expansão, principais usos rurais
Os espaços urbanos e ruais distinguem-se não somente por suas estruturas físicas, constitutivas
de espaços geográficos complexos e resultantes das formas distintas de criação e recriação das trocas
relacionais (fluxos) projetadas nas estruturas físicas (fixos), mas também nas formas de uso a que estão
submetidos. Qualquer intuito de compreensão desses espaços demanda um entendimento do
funcionamento e das perspectivas de ampliação de cada uma dessas porções do território municipal,
investigando a própria dinâmica de evolução espacial.
A produção agropecuária de Jupi pode ser apresentada sob a divisão das atividades
desenvolvidas em quatro grandes grupos, adotando o critério utilizado pelo IBGE: extração vegetal e
silvicultura (Tabela 10.3-16); desenvolvimento de lavouras permanentes (Tabela 10.3-17);
desenvolvimento de lavouras temporárias (Tabela 10.3-18); e, desenvolvimento de atividade pecuária
(Tabela 10.3-19). A agropecuária respondeu, no ano de 2019, por 14,46% do Produto Interno Bruto –
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PIB municipal (Figura 10.3-77), sendo, apenas, a quarta fonte de receitas na sua composição. Ainda
considerando o processo de consolidação da divisão territorial, cumpre lembrar que, com a
emancipação de Jucati-PE, a área rural de Jupi foi bastante retraída, deixando o município sem
diversificação e volume produtivos para desenvolvimento de uma base econômica sólida na
agropecuária. O principal volume monetário na composição do PIB municipal é a Administração
Pública (44,16%), realidade compartilhada com muitos dos municípios de menor porte da região.

PIB por atividade econômica de Jupi-PE


80000
70000
R$ (x1.000)

60000
50000
40000
30000
20000
10000
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Agropecuária 11240 13579 14145 17166 17921,4125510,22 33818,2 34099,0924575,3623351,74
Indústria 1885 3169 4533 4801 3575,95 6195,61 8567,64 12719,1918650,1424635,27
Serviços - Exceto Adm. Pública 15170 17543 21791 31530 33045,4529862,5132671,3735509,6138525,1942214,57
Adm. Pública 34399 37848 42027 44636 51919,9453032,4758499,9966010,1766591,4371343,75
Legenda: Adm. Pública: Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social. R$: Reais Brasileiros.
Nota: Os dados de 2019 estão sujeitos a revisão, em divulgações posteriores do instituto (Coleta em 29/09/2022).
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca
de Manaus – SUFRAMA.

Figura 10.3-77 – Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de Jupi-PE, por atividade, entre os anos de
2010 e 2019.

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


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Tabela 10.3-21 - Características produtivas da extração vegetal no município de Jupi-PE, entre os anos de 2004 e 2020.

Extração vegetal em JUPI-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 9 9 9 8 8 7 7 8 8 7 7 7 1 0 1 1 1 1
Castanha de caju
Valor da produção (*R$) 9 9 5 8 6 5 12 8 9 10 12 10 2 1 2 2 2 4
Quantidade produzida (t) 1 1 1 5 5 4 1 1 1 1 1
Umbu
Valor da produção (*R$) 0 0 0 5 5 6 3 3 3 4 3
Quantidade produzida (t) 5 5 6 4 1 1 1 1 1 1 1 2 1 5 3 3 3 3
Carvão Vegetal
Valor da produção (*R$) 1 1 1 2 0 0 1 1 1 1 1 3 2 6 4 3 6 8
Quantidade produzida (m³) 2190 2230 2500 1600 500 450 400 400 380 340 680 1000 200 200 200 180 300 301
Lenha
Valor da produção (R$) 16 18 25 17 6 7 7 6 6 5 14 20 5 5 5 4 8 9
Legenda: t: tonelada; R$: valor em real brasileiro *(x 1.000). m³: metros cúbicos
Fonte: I BGE, Produção da Extração Vegetal e Silvicultura, 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022
Nota: O símbolo "0" significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
Nota: Atribui-se zeros aos valores dos municípios onde, por arredondamento, os totais não atingem a unidade de medida.
Nota: Os espaços sem números indicam a não ocorrência de registro de produção, naquele ano.

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Tabela 10.3-22 - Características produtivas das lavouras permanentes no município de Jupi-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Lavouras Permanentes em JUPI-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 30
Valor da produção (*R$) 9
Abacate Área plantada (ha) 3
Área colhida (ha) 3
Rendimento médio (kg/ha) 10000
Quantidade produzida (t) 14 14 14 14 70
Valor da produção (*R$) 5 6 5 5 25
Banana Área plantada (ha) 2 2 2 2 10
Área colhida (ha) 2 2 2 2 10
Rendimento médio (kg/ha) 7000 7000 7000 7000 7000
Quantidade produzida (t) 1 1 1 1 150
Valor da produção (*R$) 3 3 3 3 540
Café (grão) Área plantada (ha) 2 2 2 2 300
Área colhida (ha) 2 2 2 2 300
Rendimento médio (kg/ha) 500 500 500 500 500
Quantidade produzida (t) 30 29 29 29 34 35 35 32 24 32 32 35 19 32 32 8 19 32
Valor da produção (*R$) 9 11 15 17 19 22 22 19 17 24 16 18 5 32 34 16 38 32
Laranja Área plantada (ha) 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8 10 5 8 8 2 3 8
Área colhida (ha) 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8 10 5 8 8 2 2 8
Rendimento médio (kg/ha) 4285 4142 4142 4142 4250 4375 4375 4000 3000 4000 4000 3500 3800 4000 4000 4000 9500 4000
Quantidade produzida (t) 116 118 118 118 118 96 96 96 84 96 96
Valor da produção (*R$) 27 29 32 33 32 27 27 25 34 43 48
Manga
Área plantada (ha) 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
Área colhida (ha) 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

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Lavouras Permanentes em JUPI-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Rendimento médio (kg/ha) 9666 9833 9833 9833 9833 8000 8000 8000 7000 8000 8000
Quantidade produzida (t) 20
Valor da produção (*R$) 10
Maracujá Área plantada (ha) 6
Área colhida (ha) 3
Rendimento médio (kg/ha) 6667
Legenda: t: Tonelada; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares.
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

Tabela 10.3-23 – Características produtivas das lavouras temporárias no município de Jupi-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Lavouras Temporárias em JUPI-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 2 2 2 2
Valor da produção (*R$) 2 1 2 2
Algodão Área plantada (ha) 7 7 7 7
Área colhida (ha) 7 7 7 7
Rendimento médio
285 285 285 285
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 80
Valor da produção (*R$) 120
Batata doce Área plantada (ha) 10
Área colhida (ha) 10
Rendimento médio
8000
(kg/ha)
Cana de Quantidade produzida (t) 840 840
açúcar Valor da produção (*R$) 38 38
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2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Área plantada (ha) 20 20
Área colhida (ha) 20 20
Rendimento médio 4200 4200
(kg/ha) 0 0
Quantidade produzida (t) 7 7 6 6 7 7 7 4 1 2 2 2 2 2 1 1 6
Valor da produção (*R$) 9 9 9 9 12 8 10 7 3 6 6 16 9 30 5 6 40
Fava (grão) Área plantada (ha) 30 29 21 21 20 20 20 10 10 5 5 5 5 5 2 5 10
Área colhida (ha) 26 26 21 21 20 20 20 10 10 5 5 5 3 5 2 5 10
Rendimento médio
269 269 285 285 350 350 350 400 100 400 400 400 667 400 500 200 600
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 4068 2286 3052 3052 3340 2693 1142 2220 192 1660 2680 620 1830 3920 396 807 2532 4520
2109
Valor da produção (*R$) 4832 2777 3403 3990 5027 3878 2169 3205 450 2533 5760 2335 9140 9850 992 1950 7116
3
Feijão (grão) Área plantada (ha) 5400 5000 4700 4700 5000 4600 3128 4000 5200 2850 6700 4700 5600 6800 2700 1420 5500 4400
Área colhida (ha) 5300 4600 4700 4700 5000 4600 3128 4000 3200 2850 6700 1120 5600 5800 2700 1195 5500 4400
Rendimento médio
767 496 649 649 668 585 365 1000 60 582 400 554 327 676 147 675 460 1027
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 9 60 7 2
Valor da produção (*R$) 8 35 4 1
Mamona Área plantada (ha) 10 100 10 3
(baga) Área colhida (ha) 10 80 10 3
Rendimento médio
900 750 700 666
(kg/ha)
2340 2470 2340 2145 2600 3250 3770 3770 1300 1430 1000 1200 2400 1573 3600
Quantidade produzida (t) 9000 2500 7410
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Mandioca 1800
Valor da produção (*R$) 3510 2686 2808 3781 4680 5525 6409 7917 9000 9100 4748 3000 1750 5700 6000 1556 3146
0
Área plantada (ha) 1800 1900 1800 1650 5000 2500 2900 2900 1500 1430 1430 2000 1430 1000 2000 570 1330 3000

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Lavouras Temporárias em JUPI-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Área colhida (ha) 1800 1900 1800 1650 2000 2500 2900 2900 1500 1300 1430 1400 715 1000 2000 570 1210 3000
Rendimento médio 1300 1300 1300 1300 1300 1300 1300 1300 1000 1000 1200 1200 1300 1300 1200
6000 7143 3497
(kg/ha) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Quantidade produzida (t) 39 39 56 56 12 39 36 39 40 52 52 52 52 72 45 45
Valor da produção (*R$) 8 11 20 22 4 14 12 14 20 29 31 47 62 58 54 45
Melancia Área plantada (ha) 3 3 4 4 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 3 3
Área colhida (ha) 3 3 4 4 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 3 3
Rendimento médio 1300 1300 1400 1400 1300 1200 1300 1000 1300 1300 1300 1300 1800 1500 1500
4000
(kg/ha) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Quantidade produzida (t) 240 175 270 270 400 480 400 500 84 400 360 99 14 720 24 101 760
Valor da produção (*R$) 103 68 99 132 200 197 160 260 44 240 234 66 17 418 14 59 1140
Milho (grão) Área plantada (ha) 1000 1000 900 900 1000 1000 1000 1000 1200 800 1200 600 120 1200 200 112 400
Área colhida (ha) 800 700 900 900 1000 1000 1000 1000 700 800 1200 300 120 1200 200 112 400
Rendimento médio
300 250 300 300 400 480 400 500 120 500 300 330 117 600 120 902 1900
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 160 630 504 504 900 1500 800 800 500 400 130 300
Valor da produção (*R$) 103 657 252 305 567 1035 520 560 450 400 390 1500
Tomate Área plantada (ha) 4 10 8 8 15 30 20 20 20 20 3 20
Área colhida (ha) 4 10 8 8 15 30 20 20 20 20 3 20
Rendimento médio 4000 6300 6300 6300 6000 5000 4000 4000 2500 2000 4333 1500
(kg/ha) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0
Legenda: t: Tonela; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

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Tabela 10.3-24 - Características produtivas da produção pecuária no município de Jupi-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Produção Pecuária de JUPI-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Quantidade produzida (kg) 4000 4000


Tilápia
Valor da produção (*R$) 48.000 48.000

Asinino Efetivo do rebanho (cabeças) 12 12 12 13 14 15 16 25 25

Efetivo do rebanho (cabeças) 4275 4298 5585 9210 7060 6194 6800 6750 4565 3400 5710 5695 5884 5738 5542 5514 5209 6000
Bovino
Vaca ordenhada (cabeças) 850 865 1123 1824 2030 1830 2000 1810 1000 750 1425 1500 1500 1242 1194 1488 1600 1500

Quantidade produzida (*L) 990 1054 1651 2681 2771 2326 2520 2281 1155 800 1924 2700 1800 2682 3225 4018 3500 3780
Leite de vaca
Valor da produção (*R$) 1665 924 784 1635 2430 1980 2950 3225 3616 4200 5670

Bubalino Efetivo do rebanho (cabeças) 52 67 67 53 53 44 50 50

Caprino Efetivo do rebanho (cabeças) 304 316 316 310 295 268 248 300 280 600 897 1190 1456 1392 1507 1500 1526 1530

Equino Efetivo do rebanho (cabeças) 64 63 80 87 95 103 110 210 190 198 133 135 149 147 149 150 144 152

Efetivo do rebanho (cabeças) 118508 381640 381640 338710 436900 394430 394430 417400 417400 810000 850000 700000 700000 710864 720214 625240 554955 598228

Galinha (cabeças) 5590 6040 6040 6610 6120 6730 6500 6800 6100 6800 8000 82526 82526 83532 84630 70240 68000 69360
Galináceo
Quantidade produzida de ovos
29 31 31 52 43 47 46 44 40 41 60 949 1000 961 973 808 850 867
(*dúzias)

Valor da produção (*R$) 109 103 139 228 5694 6000 4803 4866 4847 8500 4162

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Produção Pecuária de JUPI-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (kg) 350 350
Mel de abelha
Valor da produção (*R$) 12 14
Muares Efetivo do rebanho (cabeças) 9 9 9 9 15 14 13 14 13
Ovino Efetivo do rebanho (cabeças) 480 495 510 580 630 690 1200 1600 1500 2600 3155 3555 4136 4283 4358 4200 4000 5000
Efetivo do rebanho (cabeças) 345 338 392 1192 1288 1410 1442 2010 2145 3000 3955 4231 4319 4282 4207 4327 3900 4100
Suíno
Matriz 160 1900 2200 2220 225 132 130 110 116
Legenda: R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); L: Litro *(x 1.000); kg: Quilogramas
Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2021, Rio de Janeiro: IBGE, 2022 .

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A segunda maior participação no PIB municipal vem do setor de serviços (26,13%), fato que guarda
relação direta com o desenvolvimento da malha urbana, concentradora de mais de 61% da população.
Outro fator que deve ser levado em consideração ao observar a importância do setor de serviços é a
proximidade física com a BR-423, fazendo desse espaço um centro comercial para alguns dos
municípios mais próximos (ex.: Jucati-PE). Vale lembrar que, logisticamente, o povoado de Neves
(distrito de Jucati-PE) está mais próximo do centro urbano de Jupi do que de seu centro de origem, e
que o acesso da população de Jucati-PE aos centros econômicos mais próximos (Garanhuns, Lajedo e
Caruaru) se faz passando obrigatoriamente por Jupi.

As atividades de serviços, quando bem desenvolvidas, garantem uma difusão maior de renda no
contexto municipal, contudo, tendem a apresentar maior instabilidade quanto à geração de lucro, uma
vez que dependem diretamente do consumo, fazendo com que possíveis oscilações macroeconômicas
interfiram diretamente na dinamicidade local. Um espaço urbano consolidado não aniquila, por si, o
desenvolvimento e a diversidade das atividades do setor primário da economia, porém, indica que esta
não consegue, no contexto observado, gerar volumes que sobressaiam aos demais ramos produtivos.
Embora apareçam de forma menos expressiva, os gêneros produzidos estão em linha com aqueles
observados nos demais municípios da região.

A produção agrícola, anteriormente apresentada, ajuda a entender o perfil de ocupação do espaço


geográfico municipal e o funcionamento dos principais usos e ocupações da terra nessa porção do
território. A atividade de extração vegetal e silvicultura apresenta a dinâmica econômica desenvolvida
dentro de uma lógica de manejo e exploração da vegetação nativa do ambiente. Apenas quatro grupos
de gêneros produtivos são apresentados, vinculados a este ramo: castanha de caju; umbu; carvão
vegetal; e, lenha.

A produção de caju (Anacardium occidentale) está diretamente ligada à tradição regional de


comercialização da castanha de caju para consumo humano. O pseudofruto (caju), embora rico em
nutrientes e com amplo aproveitamento na indústria alimentícia (polpa, suco concentrado, doces etc.),
quando colhido de forma direta em volumes menores, não apresenta o mesmo valor econômico que o
fruto (castanha de caju), bem mais valorizado, com custo para venda direta ao consumidor (na região
de estudo) variando entre 50 e 100 reais por quilograma. A produção de castanha tem sido perene em
todo o histórico apresentado (Tabela 10.3-16), sem interrupção produtiva, contudo, limitada a um
máximo de produção de nove toneladas (entre 2004 e 2006), e uma produção em 2021 de uma
tonelada, com um rendimento de quatro mil reais.

O umbu (Spondias tuberosa L.), da mesma família do caju, tem importância econômica derivada do
consumo local e regional do fruto, presente na alimentação in natura e em preparos de doces. Outras
partes da árvore também podem ser consumidas, embora raramente comercializadas. A produção do
umbu, diferentemente do observado na castanha de caju, não é constante, no período observado, com
um hiato produtivo entre os anos de 2007 e 2013. Esta produção, contudo, não atinge, em momento
nenhum, volumes consideráveis, com um máximo produtivo nos anos de 2014 e 2015 (cinco toneladas)
e uma produção de uma tonelada no ano de 2021, com um valor da produção estimado em três mil
reais.
O uso das espécies lenhosas, in natura ou em forma de carvão vegetal, é uma prática comum na
realidade do bioma Caatinga, sendo o desflorestamento um dos principais fatores de pressão antrópica
sobre este. Nesse sentido, a produção e a comercialização desses gêneros são constantes no período
estudado, sem interrupção produtiva, e estão bastante vinculadas a volumes muito baixos de extração
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nos últimos anos. De forma geral, o valor da produção dessas espécies, em 2021, ficou em torno de 17
mil reais, equivalendo a aproximadamente 0,011% do PIB municipal.

O regime hídrico da região (caracterizado por um período longo de estiagem com precipitação
concentrada em um período bastante estreito), associado a uma rede de drenagem predominantemente
intermitente e efêmera, apresenta condições de baixa potencialidade para o desenvolvimento de
lavouras permanentes (Tabela 10.3-17). Dos gêneros já produzidos no município (entre os anos de
2004 e 2021), apenas a laranja apresentou produção constante em todo o período, com uma oscilação
na área plantada com pico de dez hectares, em 2015, e oito hectares, em 2021. No ano de 2019,
contudo, a área destinada a estas lavouras foi de apenas dois hectares. O ano que apresentou o melhor
rendimento médio foi 2020, com produção de 9500 kg/ha. Vale destacar, entretanto, que esse
rendimento médio esteve sempre próximo a 4000 kg/ha, o que indica que a produção em 2020 foi
atípica. O rendimento ainda se mostrou bastante instável, oscilando muito ao longo dos anos.

Os demais itens observados (abacate, banana, café, manga e maracujá) não apresentaram produção
linear. A produção de manga esteve limitada a um conjunto de 12 hectares até 2014, quando deixou de
ser produzida. O rendimento médio dessa fruta, vale destacar, se apresentou bastante constante,
oscilando entre oito e nove mil quilogramas por hectare. A produção de café, por sua vez, esteve
temporalmente confinada entre os anos de 2004, 2005, 2006, 2007 e 2011, mesmo período em que foi
observada a produção de banana. A produção de café merece destaque no ano de 2011, com 150
toneladas, em uma área plantada que saiu de dois para 300 hectares. No único ano em que todos os
gêneros, exceto maracujá, foram produzidos (2011), houve a geração de 618.000 reais, o que
representou 0,857% do PIB municipal, e 4,551% do PIB agropecuário, sendo o ano de maior
participação das lavouras permanentes no PIB.

A agricultura de sequeiro, regime no qual o agricultor organiza o seu ciclo produtivo em detrimento do
regime hídrico da região, é bastante forte nos ambientes semiáridos e subúmidos do nordeste brasileiro.
A produção de lavouras temporárias (Tabela 10.3-18), em Jupi, ajuda a entender a importância
econômica dessas lavouras para a renda local, ainda que a agricultura não seja a atividade mais
relevante para a realidade local. Com um conjunto de nove gêneros produtivos com cultivo registrado
entre os anos de 2004 e 2021, o município apresentou uma direção produtiva que indica a consolidação
de cinco desses gêneros: fava, feijão, mandioca, melancia e milho. Esses cinco tipos reuniam mais de
99% das terras destinadas a lavouras temporárias em 2021, com uma área total destinada à produção
dessas lavouras de aproximadamente 78,13 km² (7.813 ha).

A produção de feijão, nesse contexto, aparece de forma desproporcional. Dos 78,13 km² destinados à
produção de lavoura temporária no município, 44 km² estão ocupados por este gênero (Figura 10.3-78).
Segue-se de perto a produção de mandioca, disposta em uma área de 30 km². É importante destacar,
contudo, que o cultivo consorciado (quando na mesma área de cultivo alternam-se carreiras – fileiras –
de um gênero e de outro) entre feijão e milho também é muito comum na região. Essa condição de
produção consorciada está vinculada a dois fatores do saber tradicional, validados pelo saber científico:
a possibilidade de manutenção do desenvolvimento de dois cultivares com tempos distintos de
desenvolvimento e maturação; e, a melhoria no desenvolvimento do feijão, quando consorciado com o
milho. Nesse sentido, é possível que essas áreas destinadas à produção de feijão estejam também sendo
usadas para a produção de milho, em modelo de consórcio.

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Adicionalmente à área plantada, o valor da produção de feijão também merece especial anotação,
atingindo a cifra, no ano de 2021, de mais de 21 milhões de reais. Além do feijão, o cultivo de
mandioca também tem importância central para a produção agrícola do município, com uma área
plantada de 30 km², e um valor de produção (em 2021) na ordem de 18 milhões de reais, com uma
produtividade de 12.000 quilogramas por hectare. A produção de mandioca é muito comum na região,
e as casas de farinha ocupam um lugar central no escoamento desses produtos. Vale destacar que a
produção oscila bastante dentro da série temporal analisada, variando tanto o quantitativo (em
toneladas) como a área destinada aos cultivos. A oscilação observada está inegavelmente vinculada às
características dos cultivos, pois, por exemplo, dependendo da estabilidade dos regimes de chuva, eles
se alteram ao longo dos anos. Exige-se do agricultor uma constante análise de risco para
implementação dos diferentes tipos de lavoura.

O milho ocupa uma área menor, das terras dedicadas à agricultura, de cerca de 4 km², movimentando
um volume de um milhão e cento e quarenta mil reais, no ano de 2021. Em seguida, temos o tomate,
que só apresenta uma área de 0,2 km² (equivalente a 20 hectares) e um valor de produção de apenas um
milhão e quinhentos mil reais, no mesmo ano de referência. Estes dois gêneros não conseguem
apresentar uma participação considerável no PIB municipal (1,634%), estando muito mais vinculados
ao consumo local imediato.

ÁREA PLANTADA DE LAVOURAS TEMPORÁRIAS DE JUPI-PE (KM²)

70
60
50
ÁREA (KM²)

40
30
20
10
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Algodão Herbáceo (Caroço) 0,07 0,07 0,07 0,07 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Cana-de-Açúcar 0 0 0 0 0 0 0,2 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fava (Grão) 0,3 0,29 0,21 0,21 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,05 0,05 0 0,05 0,05 0,05 0,02 0,05 0,1
Feijão (Grão) 54 50 47 47 50 46 31,28 40 52 28,5 67 47 56 68 27 14,2 55 44
Mamona 0,1 1 0,1 0,03 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Mandioca 18 19 18 16,5 50 25 29 29 15 14,3 14,3 20 14,3 10 20 5,7 13,3 30
Melancia 0,03 0,03 0,04 0,04 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,04 0,04 0,04 0 0 0,04 0,04 0,03 0,03
Milho (Grão) 10 10 9 9 10 10 10 10 12 8 12 6 1,2 12 2 1,12 0 4
Tomate 0,04 0,1 0,08 0,08 0,15 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 0 0,03 0 0 0 0 0 0,2

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

Figura 10.3-78 – Evolução da área plantada com lavouras temporárias, no município de Jupi-PE, entre os anos de
2004 e 2021.

Ainda no que concerne à produção de lavouras temporárias, o município apresenta registros de algodão
herbáceo, cana-de-açúcar, fava, melancia e mamona de menor porte. Dá-se destaque aqui para a
produção de algodão, registrada entre 2004 e 2007. Não foi encontrado, durante a fase de investigação
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bibliográfica, registro do direcionamento dessa produção; porém, vale destacar, que o ano de 2004
coincide com a implementação, pelo Decreto nº 5.297/2004, do Selo Biocombustível Social, concedido
a produtores de biodiesel que promovessem a inclusão social de agricultores familiares. O algodão
herbáceo (em caroço) oferece um óleo de alta qualidade para a produção de biodiesel, o que pode estar
atrelado ao cultivo relativamente limitado (duas toneladas em apenas seis hectares), observado nos
registros.

Outra produção bastante relevante, vinculada à forma histórica de ocupação dos espaços agrestes do
interior pernambucano, é a pecuária, tanto vinculada à produção de carne como de laticínios. Outra
característica mais recente da região é o desenvolvimento da atividade avícola (especialmente de
galináceos), com a proliferação da atividade granjeira em vários municípios. A observação da Tabela
10.3-19 permite a identificação de três principais ramos, com importância no desenvolvimento
econômico da pecuária, no município: bovinos, produção de leite e galináceos.

No que concerne ao rebanho de bovinos, pode-se observar o pico no ano de 2007, com um rebanho de
9.210 cabeças de gado, seguido de uma progressiva queda até 2013 (3.400 cabeças), e nova retomada,
atingindo um efetivo de 6.000 cabeças em 2021. Em se tratando do rebanho leiteiro, o efetivo máximo
foi de 2.030 cabeças em um rebanho total de 7.060 cabeças, no ano de 2008. A produção leiteira do
município merece nota pelo aumento sensível do valor da produção, atingindo a cifra de 5.670.000
reais, em 2021, com um rebanho de 1.500 cabeças e uma produção de 3.500.000 litros de leite.

A produção de galináceos, no ano de 2021, contou com um efetivo de 598.228 cabeças, das quais
69.360 foram de galinhas. A produção de ovos respondeu por um valor de 4.162.000 reais,
demostrando o peso que essas atividades têm. Somam-se ainda, aos três arranjos produtivos já citados,
para a realidade da pecuária municipal, as criações de tilápia, asinino, bubalino, caprino, equino, mel de
abelha, muares, ovino e suíno, que contribuem para um rebanho total (entre todas as espécies de
criação) de 615.060 cabeças.

Embora não haja uma participação considerável das atividades agropecuárias no PIB municipal,
algumas delas atingem, no conjunto da produção, valores milionários. Tal realidade não exclui o fato
de o perfil médio dos grupos que habitam o campo estar relacionado à agricultura de subsistência, com
comercialização do excedente e organização em pequenos grupos familiares. As produções avícola e de
gado estão mais ligadas a uma atividade economicamente estruturada, pelos insumos necessários à
produção e à comercialização.

O uso e a ocupação dos solos estão diretamente vinculados às estruturas econômicas imperantes nos
sucessivos tempos históricos. A cobertura atual da terra de Jupi apresenta uma predominância de uso
vinculada às atividades agropecuárias (66,88%), plenamente direcionada a atividade agrícola. Embora
apresente uma população predominantemente urbana, Jupi tem sua área rural recoberta por unidades
territoriais dedicadas predominantemente à produção agrícola de feijão e mandioca, fazendo com que a
atividade pecuária perca importância no contexto local. Mesmo diante de um volume expressivo de
áreas destina a agricultura o município apresenta uma taxa relativa de vegetação natural (17,99%) e
vegetação natural alterada (13,16%). Sobre a vegetação natural alterada cumpre destacar que
geralmente vincula-se a espaços abandonados pela atividade agropecuária e que atualmente apresentam
uma vegetação secundária em processo de consolidação.

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A importância da atividade agrícola no município concorda com uma taxa de vegetação natural alterada
moderada, uma vez que o abandono das terras agricultáveis não ser tão comum – frente a realidade
observada pelas terras dedicadas a pecuária. A resiliência dos ambientes semiáridos brasileiros e da
vegetação de caatinga podem vincularem-se, também, a esta realidade, uma vez que uma área
abandonada pela agropecuária em poucos anos poderá apresentar uma vegetação secundária
considerável, passível de identificação por sensoriamento remoto. Somadas, as zonas de vegetação
natural (alteradas ou não) recobrem uma área total de 44,30 km², cerca de 44% da área destinada a
agropecuária (70,3 km²), indicando um território rural com vastas porções de vegetação ainda de
profundamente utilizado.

A área imediatamente próxima ao empreendimento é bastante ampla e profundamente utilizada para a


prática agrícola. O perfil das unidades territoriais próximas é de médio e pequeno porte, aparentemente
vinculadas à produção de alimentos. A atividade granjeira também está presente, guardando relação
mais direta com as vias de circulação. A presença dessas unidades está inegavelmente vinculada ao
escoamento da produção e a facilidade de instalação das unidades, uma vez que a criação é intensiva,
com as aves acondicionadas em espaços confinados para engorda ou produção de ovos. A mancha
urbana, também importante para a compreensão da lógica territorial, ocupa 1,85% das terras
municipais, ficando atrás apenas de São Caetano – PE (2%) e Lajedo – PE (3,44%), quando
considerados os municípios diretamente afetados pelo empreendimento. O desenvolvimento da malha
urbana municipal indica a importância local desses espaços de trocas e vincula-se a posição referencial
em relação ao traçado atual da rodovia de referência (BR-423).

Em Jupi, não há, segundo o relatório, datado de 19 de maio de 2022, da Diretoria de Desenvolvimento
e Consolidação de Projetos de Assentamento, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
assentamos rurais oriundos de projetos de reforma agrária.

10.3.7.6 Área Diretamente Afetada – ADA

A Área Diretamente Afetada – ADA pelo empreendimento compreende toda a faixa de domínio da BR-
423, no trecho entre os quilômetros 18,20 e 86,12, considerando-se uma margem de 35 metros para
cada lado, a partir do eixo central da via (70 metros no total). Uma vez que o trecho da rodovia que
cruza o município de Jupi é bastante amplo e diverso, para fins de análise foram considerados dois
trechos: ADA Urbana e ADA Rural (Figura 10.3-80). No trecho da ADA Urbana, identificaram-se 66
unidades espaciais localizadas parcial ou integralmente em uma das duas margens da faixa de domínio.
Destaca-se que na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano) concentra-se quase que a
totalidade dos imóveis com porção constante na faixa de domínio, observando-se na margem direita
apenas um prédio, uma barraca que servia como ponto de mototáxi e alguns cultivos. Nesse contexto,
as estruturas identificadas foram:
• 66 imóveis;
o 47 comerciais
o 13 residenciais
o 6 comerciais e residenciais9
• Quanto à propriedade do imóvel (referente ao declarante):

9
Os imóveis que declararam usar uma parte do estabelecimento para a prática de comércio e as demais dependências para a
residência da família foram enquadrados nesta categoria. Os imóveis que apresentaram uma estrutura térrea comercial e
outra estrutura habitacional, gerida por outras pessoas, foram considerados independentes e contados separadamente.
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o 25 próprios
o 22 alugados
o 17 não identificados10

O perfil das estruturas é bem diverso. Durante a atividade de campo, identificou-se na margem
esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano) um conjunto de imóveis que se projeta, em poucos metros
(entre um e três metros), para a faixa de domínio da rodovia (Figura 10.3-79). Tal realidade não foi
observada na margem direita, exceto em um caso.

Foto: Os autores, 2022.


Figura 10.3-79 – Registro de parte das estruturas localizadas na margem esquerda (sentido Garanhuns – São
Caetano) no município de Jupi-PE.

O perfil geral dos imóveis instalados na margem esquerda é de uma sucessão de estabelecimentos
comerciais e residências, alternando-se no conjunto comercial lojas de autopeças (serviços para
automóveis, no geral) e alimentação (entre restaurantes, bares, mercados e comércio de bebidas). O
perfil comercial está claramente vinculado ao potencial gerado pela presença da BR-423. Nesse
sentido, o funcionamento dessas atividades vincula-se diretamente ao objeto dessa investigação. Esse
potencial conversa ainda com a disponibilidade de área, pela reserva espacial da faixa de domínio, para
o uso algumas vezes como estacionamento e outras como locus de desenvolvimento das atividades,
principalmente nas oficinas mecânicas e lojas de autopeças. A guarda de material de uso (material de
construção e maquinário) também foi observada no trecho, vinculando-se diretamente à atividade
desenvolvida no estabelecimento. A utilização do espaço da faixa de domínio com essa finalidade
apareceu igualmente fora da mancha urbana.

10
Nem todos os imóveis apresentavam pessoas dispostas a responder ao inquérito, bem como alguns aparentavam não estar
em uso, inviabilizando a entrevista. Os imóveis nessas condições foram devidamente registrados e georreferenciados, ainda
que não apresentem respostas para a entrevista.
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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-80 – Mapa de localização das residências e cultivos na faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o município de Jupi-PE.

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Em se tratando da rentabilidade do negócio, as pessoas entrevistadas apresentaram respostas variadas, a


depender do perfil e do tamanho do estabelecimento. Os relatos registrados indicaram rendimento
mensal entre 700 e 150.000 reais. Essa variação decorre do fato de o espaço abrigar atividades
especializadas que prestam serviços de manutenção automotiva para veículos de diversos tipos (carros
de passeio, caminhões etc.), e, também, pequenas oficinas, instaladas em garagens, que trabalham com
borracharia ou serviços de consertos de pequeno porte, tanto para automóveis como para ciclomotores.
Nesses locais de pequeno porte, a faixa de domínio figura como principal locus de desenvolvimento
das atividades de reparo e/ou armazenamento, na medida em que a unidade física é bastante restrita,
exigindo espaço para o atendimento de mais de um cliente por vez.

Os estabelecimentos comerciais de perfil alimentício apresentam igual diversidade, compreendendo


desde pequenos bares até supermercados, o que indica o atendimento de diferentes demandas. A
ocorrência de restaurantes, lanchonetes e sorveterias às margens de estradas não causa estranheza, uma
vez que estão integrados à lógica do transeunte. Contudo, a presença de um supermercado, sem
característica atacadista, e pequenos bares, com funcionamento noturno, vincula-se muito mais às
condições de moradia no entorno, atendendo a uma população residente que considera a rodovia como
um elemento integrado ao cotidiano urbano. Ainda sobre esses estabelecimentos de cunho alimentício,
foi identificado apenas um no trecho urbano, totalmente dentro da ADA (Figura 10.3-81): trata-se de
uma barraca simples de comercialização de lanches (pastel, caldo de cana e cachorro-quente), com
volume de venda estimado em apenas 600 reais por mês, e mantido pelo proprietário sem contratação
de funcionários.

A B

Legenda: A: Barrada de lanches. B: Contextualização da barraca de lanches às margens da BR-423.


Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-81 – Estabelecimento comercial às margens da BR-423, no município de Jupi-PE.

Outras duas estruturas de atendimento à população local são pontos de mototáxi (serviço de transporte
pago de passageiros em motocicletas). Os dois locais (Figura 10.3-82) são bem simples e congregam
um total de três mototaxistas, cada, contando com uma base de cimento, um apoio para sentar e uma
coberta de telha de zinco para proteger da chuva e do sol. Os entrevistados indicaram que o serviço de
transporte não constitui sua única fonte de renda, face à baixa lucratividade (cerca de 250 reais por
mês) e à instabilidade da demanda (poucos passageiros em épocas mais chuvosas). Em relação às
demais atividades por eles desenvolvidas, mencionaram desde tarefas no comércio até o cultivo dentro
da ADA em outros pontos da BR-423. Quando interrogados sobre o quanto a duplicação da rodovia

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poderia afetar o desenvolvimento do trabalho de transporte de passageiros, indicaram a possibilidade de


transferência do ponto para outra localidade ainda às margens do novo traçado da rodovia.

A B

Legenda: A: ponto de mototáxi, lado esquerdo. B: ponto de mototáxi, lado direito. (ambos no sentido Garanhuns – São Caetano).
Destaque vermelho: pontos de mototáxi.
Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-82 – Pontos de mototáxi na entrada do município de Jupi-PE, às margens da BR-423, em lados opostos
da via.

As pessoas entrevistadas relataram tempos muito distintos de uso das estruturas, indo desde alguns
meses (três meses) até muitos anos (50 anos). Nos imóveis próprios, o tempo de uso tende a ser mais
amplo, ao passo que nos espaços alugados a rotatividade gera menor tempo de fixação. Os valores dos
aluguéis oscilaram, em sua maioria, entre 200 e 500 reais, com apenas um ponto com aluguel de 1.200
reais. A esse respeito, é necessário reforçar o registro sobre a existência de pequenos pontos
comerciais, que funcionam como verdadeiras garagens que oferecem serviços. Os estabelecimentos de
maior porte tendem a ser próprios, não gerando, no conjunto dos dados coletados, registros de valores
mais altos de aluguel. Embora haja uma diversidade considerável de tipos e portes de estabelecimentos
comerciais, todos aqueles com funcionários relataram remunerá-los com um salário-mínimo, condição
que dialoga com a realidade local.

Durante a atividade de campo, observou-se uma obra de construção de calçamento (paralelepípedos)


dentro da faixa de domínio, na margem esquerda (sentido Garanhuns – São Caetano). Relatos dos
moradores indicaram que a obra havia começado há pouco menos de um ano e que seria resultado de
algum financiamento/fomento11 da Caixa Econômica Federal. Segundo as fontes ouvidas, a obra era
idealizada e realizada pelo poder público municipal. Os pesquisadores tentaram obter informações com
os funcionários da obra sobre a construtora responsável pelo empreendimento, contudo, não lograram
êxito. Vale destacar que, no lado oposto da rodovia (em todo o trecho urbano), há uma pavimentação
de mesma tipologia dentro da faixa de domínio, aparentemente instalada há bastante tempo.

11
Como os relatos eram um tanto imprecisos não ficou claro se a referência feita era a um fomento da Caixa Econômica
Federal ou se era um projeto de financiamento do banco que foi pego pelo município para o desenvolvimento da obra.
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No trecho considerado como ADA Rural, foram identificados 25 cultivos lineares 12, praticamente todos
localizados entre a malha urbana e a divisa com o município de Calçado-PE, sendo a única exceção um
cultivo de feijão e milho (Figura 10.3-83) localizado na ADA entre a divisa com o município de Jucati-
PE e o Posto Santa Quitéria, no início do trecho urbano. Esse fato pode ser justificado pela proximidade
da mancha urbana com o município vizinho (Jucati-PE), deixando um trecho muito curto de área rural,
próximo ao traçado da rodovia.

O trecho apresentado confronta fisicamente duas realidades distintas das relações que regem o uso da
terra na faixa de domínio. Enquanto o cultivo representado na Figura 10.3-83 – B1 e B2 funciona como
um prolongamento da atividade desenvolvida dentro da propriedade adjacente, representando uma
expansão espacial extraoficial para fins de produção, o cultivo representado na Figura 10.3-83 – A1 e
A2 é resultante de uma relação de “meia” (regime no qual o agricultor trabalha na terra de outrem e
divide a produção, em pagamento pelo uso). Esse segundo mecanismo de uso da terra é digno de
anotação porque é de pleno conhecimento de todas as partes que a propriedade das terras cultivadas é
do DNIT, não subsistindo motivos para que o usuário “pague” para cultivar. Parece haver, contudo,
uma compreensão de existência de um direito de uso que permite esse tipo de negociação. O agricultor
que desenvolve as atividades de cultivo nesta porção do território trabalha ainda como mototáxi
(atividade de baixa remuneração) para complementar a renda e usa os produtos oriundos do cultivo
como fonte de alimentação familiar e obtenção de renda por meio da comercialização do excedente.

12
Considerou-se como cultivos lineares aqueles trechos contínuos ou não de cultivo dentro, total ou parcialmente, da ADA,
que pertenciam, por afirmação do proprietário ou relato de vizinhos, a uma mesma pessoa ou grupo familiar. Para tanto,
deve ser entendida esta unidade espacial como referência de cultivo e não as unidades distintas por gênero.
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A1 A2

1 2

B1 B2

2
1

Legenda: A1 e B1: trecho do cultivo, limitado pela divisa com o município de Jucati-PE (indicado pela seta 1). A2 e B2: Continuação do
cultivo indicado na imagem “A e B”, seguindo até a placa de indicação do início do trecho urbano (indicado pela seta 2).
Nota: Os cultivos apresentados localizam-se, no mesmo trecho, nas margens direita (A1 e A2) e esquerda (B1 e B2) da BR-423, no
sentido Garanhuns – São Caetano.
Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-83 – Cultivo de feijão e mandioca na faixa de domínio da BR-423, no perímetro rural do município de
Jupi-PE.

Quando observadas as duas realidades anteriormente apresentadas, percebe-se que a condição de


vulnerabilidade dos agricultores que usam a faixa de domínio, parcial ou integralmente, para suas
atividades produtivas é bastante diversa. A supressão da área cultivada pelo processo de duplicação
poderá implicar para o agricultor “meeiro” a cessação imediata da atual fonte de produção, embora seja
possível o deslocamento para outra região, desde que encontradas terras com proprietários dispostos a
adotar o regime de partilha. Para o agricultor que utiliza a faixa como extensão espacial de sua
produção, a supressão acarretaria uma diminuição no volume final, mas sem riscos à condição de
subsistência, diante de uma renda declarada estável. É sabido que decisões logísticas de implementação
de obras de engenharia não podem atender a interesses específicos, sob o risco de inviabilização do
projeto, pela incapacidade de atendimento e conciliação dos interesses particulares dos diferentes
atores, contudo, é fundamental que, dentre as atividades de captação de mão-de-obra, realidades de
vulnerabilidade econômica sejam consideradas, primeiramente no que tange àqueles que serão afetados
diretamente pelo projeto.

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As realidades supracitadas, embora destacadas, não podem ser consideradas dissonantes do conjunto
dos espaços produtivos dentro da faixa de domínio no trecho da BR-423 que corta o município de Jupi.
Os gêneros alimentícios mais produzidos são: feijão, milho e mandioca (e/ou macaxeira). Houve relato
também de cultivo de fava, batata doce, palma e capim, sendo esses dois últimos gêneros vinculados à
atividade pecuária. A produção de capim e palma foi uma constante em toda a faixa estudada, sendo o
desenvolvimento em pequenas faixas de produção para suprir a complementação alimentar de um
pequeno rebanho. Como a maior parte do gado observado é criado no método extensivo de pastoreio, a
alimentação no cocho é sempre uma complementação nos meses mais secos. A palma, nesse sentido, é
um recurso tradicional para pecuária nordestina.

Quando interrogados sobre a destinação da produção, sete entrevistados indicaram que a produção era
apenas para consumo, cinco informaram que era para comercialização (venda), e cinco disseram ser
tanto para consumo como para comercialização do excedente. Em relação a esses fins produtivos, vale
entender que o consumo, a depender do perfil, é mais uma consequência que um fim. Cumpre explicar
que, produzindo itens integrantes da dieta alimentar dos sujeitos da família, não faz sentido a
comercialização de 100% da produção, para posterior aquisição dos mesmos produtos em centros
comerciais. Tal explicação é necessária porque alguns dos entrevistados que indicaram o consumo e a
venda do excedente podem, na verdade, utilizar a produção comercial como fim e o consumo aparecer
apenas como uma consequência da disponibilidade. Um desses respondentes, por exemplo, mora
sozinho e produz na faixa de domínio de 10 a 15 sacas, volume elevado para o consumo e condizente
com a comercialização. Deve-se destacar, contudo, que a média produtiva das áreas investigadas é de
10 sacas, oscilando para cima até 15 de acordo com o gênero.

A dependência da área de cultivo não foi expressa pela maioria dos entrevistados, mas aqueles que
indicaram tal dependência apresentaram, pelo conjunto das demais informações prestadas, uma grande
vulnerabilidade a alterações (supressão) na área cultivada. Apenas quatro indicaram necessitar da área
de cultivo para sua produção; destes, dois mostraram-se preocupados por não terem outra fonte de
renda, vivendo da produção e de benefício social (Bolsa Família), enquanto os outros dois pontuaram
que a área do cultivo é importante, embora tenham como fonte de renda principal a percepção de
benefício previdenciário (aposentadoria). Essa condição de renda é compartilhada pela média dos
sujeitos da pesquisa. Foram identificados 12 beneficiários de programa de renda (Bolsa Família) e
cinco aposentados ou pensionistas, vivendo em núcleos familiares bastante reduzidos (entre duas e
quatro pessoas). Apenas duas unidades espaciais apresentaram grupos superiores a quatro indivíduos
(uma com cinco e outra com seis pessoas).

O perfil predominante de subsistência dialoga com o padrão socioeconômico autodeclarado presente


nos dados secundários, com rendas que não extrapolam 1,5 salário-mínimo. Nos casos de valores
remuneratórios maiores, o incremento advém de programas de assistência social percebidos por algum
dos integrantes da família ou pela ocorrência no mesmo domicílio de mais de um aposentado. Ademais,
a distância entre a residência e a área cultivada não atende a um padrão específico, ocorrendo cultivo
como prolongamento da propriedade imediatamente próxima, como também o uso de áreas por
habitantes da malha urbana ou em núcleos de povoamento (Figura 10.3-84), com deslocamento
cotidiano para manutenção e cuidado da lavoura. Não foram registrados relatos de conflitos entre os
produtores que moravam distantes das áreas de cultivo e os habitantes imediatos, quando esse
fenômeno acontecia.

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A realidade observada na Figura 10.3-84 – 2 não se relaciona com os casos em que, possuindo dupla
moradia, o agricultor desenvolve atividade agrícola na faixa de domínio perto de sua propriedade rural
e passa a maior parte dos dias na sua residência urbana (fato também observado no estudo). Trata-se
aqui da condição de residência distante da área de cultivo que impele o agricultor ao deslocamento
diário para manutenção do roçado. Na realidade exemplificada, o trabalhador mora distante cerca de
600 metros do local do cultivo, em uma área de residências rurais

A
B

2 2
A

C
B

Legenda: Pontos 1 e 2 (A: residência. B: área cultivada com feijão. C: BR-423).


Foto: Os autores.
Figura 10.3-84 – Locais de moradia e cultivo, em diferentes realidades locacionais, de agricultores das margens da
rodovia BR-423, no trecho rural do município de Jupi-PE.

Os entrevistados, quando perguntados sobre o tempo que desenvolvem aquelas atividades nas áreas de
cultivo, apresentaram duas realidades: de três a cinco anos (cinco entrevistados) e mais de 10 anos (10
entrevistados); com relatos de mais de 30 anos nesse último grupo. O tempo longo de atividade indica a
condição perene desses espaços vinculados a estes usos para agricultura. Nenhum dos respondentes,
porém, requereu, ainda que discursivamente, a propriedade das terras, mostrando clara compreensão de
que se tratam de terras públicas ligadas à existência da BR-423. O tempo de residência ajuda ainda na
percepção das condições de segurança da via, bem como na prospecção de possíveis impactos
resultantes de sua duplicação. Quando interrogadas sobre as condições de segurança referentes à
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proximidade da área de cultivo com a rodovia, as pessoas, em sua maioria, avaliaram como seguro
(dentre a gradação: Totalmente Inseguro; Inseguro; Seguro; e Totalmente Seguro). De outra parte,
cinco entrevistados indicaram como inseguro. Sobre a segurança para acidente e riscos na travessia, as
respostas predominantes foram inseguro e totalmente inseguro. Eventos presenciados pelos sujeitos da
pesquisa tendem a modular esta percepção, havendo, por vezes, uma possível desconexão com dados
estatísticos de segurança da via. Entretanto, entender como essa percepção se cristaliza no imaginário
coletivo ajuda na formulação de medidas que atinjam o cotidiano dos sujeitos, validando-as no
sentimento da realidade vivida.

No que concerne aos impactos da duplicação da rodovia, houve uma predominância de prognósticos
positivos, mas com indicações de preocupação para o aumento de fluxo e a dificuldade de transposição
da via para os transeuntes caminhantes e para aqueles que fazem uso de carroças. A preocupação do
acesso às localidades é central na maioria das falas. A instalação de alças e retornos perto de núcleos de
habitação tanto melhora a circulação daqueles que assistem na região como evita possíveis travessias
irregulares que podem culminar em acidentes.

No mais, fora do trecho urbano, só foi identificada uma estrutura física (imóvel) dentro da ADA,
tratando-se de uma residência com parte de sua área na faixa de domínio. Segundo a entrevistada, a
residência está no local há mais de 30 anos e é de sua propriedade. Nos demais pontos, é constante a
presença de cultivos, alternados com áreas sem vegetação ou de vegetação nativa em recuperação. No
trecho ainda foram encontrados postos de combustíveis e hotéis de alta rotatividade, que apresentam
suas estruturas de acesso e identificação visual dentro da faixa de domínio, mas sem expandir suas
estruturas físicas originais (prédio e bombas) para essa região. Ainda foi identificado um
estabelecimento de comercialização de equipamentos agrícolas que expunha seus produtos na ADA;
contudo, o proprietário indicou haver capacidade para deslocamento do material para dentro da
propriedade. O uso do espaço da faixa de domínio como prolongamento de comércio (exposição de
peças, estacionamento, depósito de materiais, realização de reparos etc.) foi uma realidade observada
tanto nos trechos rurais como urbanos no município em discussão e nos demais componentes da
investigação.

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JUCATI – PE

10.3.8.1 Histórico e dinâmica demográfica


O município de Jucati localiza-se na mesorregião do Agreste Pernambucano, na microrregião de
Garanhuns. O antigo povoado de Angelim teve duas outras nomenclaturas (Ouricuri – entre 1936 e
1938, Pindorama – entre 1938 até 1943) até a efetivação da toponímia atual, passando a integrar o
recém-criado município de Jupi, em 1958, já com a nomenclatura de Jucati. A Lei Municipal nº 97, de
13 de março de 1968, criou o distrito de Neves e o anexou a Jupi, que passou a contar com três distritos
(Jupi, Jucati e Neves). Em 01 de janeiro de 1991, a Lei Estadual nº 10.624 desmembrou de Jupi os
distritos de Jucati e Neves, formando o novo município de Jucati, com área acrescida pelo povoado de
Neves (IBGE, 2022). O contingente de habitantes para a elevação de categoria do agrupamento
populacional exigiu uma ampliação territorial considerável fazendo com que a área total tivesse que
abranger diversas porções de Jupi, para atendimento dos parâmetros legais então vigentes. Tal fato
explica o amplo território rural do município (JUCATI, 2022 13). Atualmente, dada a realidade histórica
apresentada, Jucati apresenta área total maior que o seu município de origem, Jupi, sendo as áreas
dessas localidades da ordem de 120,604 km² e 104,994 km², respectivamente (IBGE, 2022).

Jucati tem uma população auferida, no último censo demográfico de 2010, de 10.604 pessoas, e uma
população estimada, para o ano de 2021, de 11.545 habitantes. A expansão progressiva, ainda que
lenta, da população, segue a tendência nacional de crescimento vegetativo desacelerado (Figura 10.3-
85). Vale destacar que, diante do fato de o município ter sido instituído em 1991, e instalado apenas em
1993, os dados censitários disponíveis são de 2000 e 2010, considerando que o censo demográfico de
2020 não foi finalizado até janeiro de 2023. Apesar de a taxa de crescimento da população brasileira ter
diminuído ao longo dos anos, é possível observar uma constância na evolução dos contingentes
populacionais de Jucati, a cada decênio, de cerca de 1.000 habitantes. Esse crescimento sustentado
coaduna com o perfil populacional do município, que, nos últimos 20 anos, não tem passado por fortes
alterações nem na origem (rural e urbana) nem no gênero (homem e mulher). Eventos de alteração do
perfil populacional tendem a estar relacionados a mudanças na dinâmica socioeconômica do espaço,
que não foram identificadas no recorte ora analisado.

13
JUCATI, Prefeitura Municipal de. História do Município. Jucati, 2022. Disponível em:
https://www.jucati.pe.gov.br/v5/historia.php#main <acesso em: 17/10/2022>
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EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO DE JUCATI-PE


12000
NÚMERO DE HABITANTES

10000

8000

6000

4000

2000

0
1970* 1980* 1991* 2000 2010 2022**
TOTAL 0 0 0 9695 10604 11545
HOMENS 0 0 0 4821 5272
MULHERES 0 0 0 4874 5332

*Dado o período de emancipação do município, 1991, não há dados demográficos para períodos anteriores ao censo de 2000. **Diante
do adiamento do censo demográfico de 2020, os dados mais atuais de população estão baseados na estimativa do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE.
Fonte: IBGE, 2022.
Figura 10.3-85 – Evolução da população no município de Jucati-PE, entre os anos de 1970 e 2021.

É um fato que o crescimento populacional está vinculado à conjunção das taxas de natalidade,
mortalidade e migração. Atribuir qualquer variação à ação isolada de qualquer destes fatores, sem o
devido levantamento de dados, pode ser precipitado e impreciso. Contudo, diante dos registros
históricos dos processos de desmembramento do território municipal original, mesmo diante da
ausência de série histórica mais ampla, no Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA, é
possível considerar que a tendência observada, convergente com o fato histórico de cooptação de um
percentual rural bastante amplo para a validação legal da malha municipal, resultou no perfil de uma
população de crescimento lento, composta por indivíduos predominantemente de espaços rurais,
mesmo havendo dois núcleos de povoamento consolidados.
Ao observar a distribuição da população municipal percebe-se, diferentemente da realidade nacional, a
predominância da população rural (73,33%) frente à população urbana (26,67%). O incremento nesta
última acompanha a tendência de urbanização dos grupos humanos, afetada pelo movimento de êxodo
rural, vivenciado no Brasil a partir da década de 1960. Entre as décadas de 2000 e 2010, a população
urbana aumentou 24,2%, ao passo que a rural cresceu apenas 4,83%. Tal alteração, contudo, não foi
suficiente para gerar uma mudança do perfil populacional do município, majoritariamente composto
por residentes em ambientes rurais (Figura 10.3-86). A raiz histórica, amparada no processo de
constituição do território em análise, permite concluir que qualquer tendência de expansão dos
residentes nos espaços urbanos não conseguirá por muito tempo alterar o perfil municipal, de rural para
urbano. Tal característica difere da maioria dos municípios imediatamente próximos.

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TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL (URBANA-RURAL) DE


JUCATI/PE
URBANA RURAL TOTAL

12000 10.604
NÚMERO DE HABITANTES

9.695
10000
7.776
8000

6000 7.418

4000 2.828
2.277
2000
0 0 0
0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
ANOS

*Os dados entre os anos de 1970 e 1991 inexistem porque o município foi emancipado no ano de 1991 e instalado no ano de 1993,
estando até então como distrito do município de Jupi-PE.
Fonte: IBGE, 2022.
Figura 10.3-86 – Evolução das populações urbanas e rurais no município de Jucati-PE, entre os anos de 1970 e 2010.

O comportamento da expansão da malha urbana permite a observação dos espaços de interesse para
consolidação dos agrupamentos humanos. A criação de novos loteamentos pode indicar os espaços
onde o mercado imobiliário local tem enxergado oportunidade e desejo de residência, indicando os
novos flancos de ocupação. Os novos núcleos de povoamentos (Figura 10.3-87) estão claramente
ancorados à rodovia BR-423 e uma via local de ocupação. No distrito de Neves, diferente de outros
núcleos municipais as distâncias fazem com que todos os espaços estejam próximos a rodovia de
referência. Quando observado o direcionamento na ocupação a compreensão apresentada, de que esses
eixos viários têm modulado o desenvolvimento desse espaço, se materializa espacialmente. A realidade
do distrito de Neves exige uma observação cuidadosa, pela possibilidade de deslocamento do eixo
viários. O deslocamento da via, para minimizar as alterações espaciais no distrito, pode alterar o
direcionamento histórico de ocupa.

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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-87 – Mapa das áreas de expansão da malha urbana no distrito de Neves no município de Jucati-PE.

10.3.8.2 Características da saúde pública municipal

A qualidade de vida das populações está diretamente ligada às condições de assistência e suporte de
que dispõem. Quando pensamos nos grupos economicamente vulneráveis, a assistência prestada pelo
Estado adquire um peso muito maior. A rede de atendimento médico, hospitalar e ambulatorial, por sua
vez, liga-se diretamente à capacidade estrutural de acolhimento das demandas emergentes das
instabilidades da saúde humana. Jucati conta, atualmente, com seis estabelecimentos de saúde, em sua
totalidade públicos. Destes, quatro realizam atendimento geral (ambulatorial) sem internação e dois
oferecem atendimento de especialidades médicas sem internação. O município não dispõe de nenhum
leito hospitalar, sendo o único da Área Diretamente Afetada – ADA pelo empreendimento com essa
condição de indisponibilidade de leitos, não contando, também, com atendimento de emergência.

A estrutura municipal de saúde tem três unidades do Programa Saúde da Família – PSF, dois postos de
saúde, uma unidade laboratorial, um centro de reabilitação, uma unidade mista de atendimento, um
hospital de campanha COVID-19, um centro de apoio a saúde da família e um Centro de Atenção
Psicossocial – CAPS. Além das unidades citadas, a rede municipal de saúde dispõe da estrutura de
organização e gestão da Secretária Municipal, uma central de abastecimento e uma unidade do Sistema

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de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, totalizando 14 estruturas de atendimento público


vinculadas à saúde da população.

A Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, define a Lista Nacional de


Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública nos serviços de saúde
públicos e privados em todo o território nacional. Nesse sentido, a determinação do perfil nosológico da
população de uma determinada porção do território nacional pode ser feita utilizando os dados
disponibilizados pelo Ministério da Saúde, dentre as doenças reportadas, num dado período. No
município de Jucati, apenas cinco enfermidades, do grupo supracitado, apresentaram registros
reportados ao Ministério entre os anos de 2012 e 2022 (Figura 10.3-88).

PERFIL NOSOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE JUCATI-PE


60
NÚMERO DE CASOS

50
40
30
20
10
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
DENGUE 0 0 0 55 2 14 1 5 27 6 0
ZIKA VÍRUS 0 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0
SÍFILIS ADQUIRIDA 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0
INTOXICAÇÃO EXÓGENA 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
TUBERCULOSE 1 2 2 2 0 3 1 1 1 1 0
HIV/AIDS 2 0 1 1 1 0 0 0 0

Nota: Foram apresentadas as doenças constantes na Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, que define a
Lista Nacional de Notificação Compulsória. *Não foram reportados casos de infecção por HIV/AIDS no período estudado.
Fonte: DATASUS, 2022.
Figura 10.3-88 – Perfil nosológico do município de Jucati, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e 2022.

A recorrência dos casos de dengue merece destaque por evidenciar um grave problema que rege a
gestão da saúde pública brasileira. Associadas às condições precárias de ocupação do espaço,
decorrente da profunda desigualdade social vigente no Brasil, doenças difundidas por vetores, que se
beneficiam da ausência de esgotamento sanitário e coleta regular de resíduos sólidos descartados (lixo),
proliferam-se com maior eficiência em espaços economicamente subdesenvolvidos e/ou onde as
condições de moradia são insuficientes. A observação detida do fenômeno da dengue revela a
ocorrência de pequenos surtos de contaminação, intercalados por anos sem nenhuma notificação. Deve-
se destacar também que a pandemia de Covid-19, causada pela difusão mundial do vírus SARS-COV-
02, não neutralizou um surto de contaminação (no ano de 2020), como observado em outros espaços.
Vale ressaltar que a terminologia “surto”, aqui apresentada, refere-se à ocorrência elevada em
comparação ao padrão observados nos anos imediatamente anteriores e posteriores, sem guardar
relação com uma contaminação massificada de um elevado percentual da população, uma vez que os
registros não dão conta de volumes superiores a 55 contaminações.

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Outro fator indicativo das condições de baixa salubridade do ambiente municipal é a constante
notificação de casos de doenças com processos de transmissão e prevenção conhecidos. A tuberculose,
por exemplo, tem recorrência de contaminação em todos os municípios da área estudada. Em Jucati,
apenas em 2016 e 2022 não há notificação para essa doença, mesmo diante de um baixíssimo número
de infectados. A baixa infecção demostra a não ocorrência de um surto ou uma condição de exceção
epidemiológica, mas sim de uma condição sustentada, mantida pelas condições socioespaciais vigentes.
Embora o número de casos observados seja bastante reduzido em relação à população total (pouco mais
de 11.000 habitantes), há uma clara dificuldade de zerá-lo.

Não obstante a estas questões, que abarcam as condições sociais postas, sempre será pertinente lembrar
que qualquer ação, no ambiente, que insira, retire ou desloque matéria tem o potencial de agravar
alguns fatores de alteração das condições ambientais. A retirada ou depósito de material, oriundo de
obras de engenharia, bem como o descarte indevido de materiais de uso comum rejeitados pelos
profissionais integrantes da equipe de execução, pode gerar proliferação de vetores biológicos. Nesse
contexto, é fundamental a inserção, no planejamento, de estruturas de gerenciamento dos resíduos
inerentes às atividades fins da obra, bem como dos resíduos das atividades humanas (alimentação,
vestimenta, proteção etc.), vinculadas ao projeto.

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH é um dado estatístico usado para classificar os países e
demais porções do território, levando em consideração para a composição do seu valor: a expectativa
de vida; a educação (média de anos de escolaridade completados e anos esperados de escolaridade ao
entrar no sistema de educação); e, indicadores de renda per capita. O IDH gera um valor que vai de 0 a
1, sendo os valores próximos de 1 aqueles que indicam melhores condições de desenvolvimento
humano. A avaliação deste índice permite uma compreensão das condições de vida dos indivíduos
residentes, identificando possíveis vulnerabilidades que componham a vida de um grupo humano. O
município de Jucati, nesse contexto, tem um IDH de 0,550 (IBGE, 2010). Embora o valor seja baixo, é
necessário registrar que nos anos de 1991 e 2000 os índices eram 0,246 e 0,373, respectivamente. Em
paralelo, o IDH do Estado de Pernambuco foi de 0,673 (2010), 0,544 (2000) e 0,440 (1991), o que
indica que, embora esteja abaixo da média estadual, o município segue a tendência de melhoria no
índice.

10.3.8.3 Indicadores de educação, renda e trabalho

Considerando que o IDH apresenta a educação como um dos fatores a determinar o desenvolvimento
humano, cumpre destacar que Jucati conta com nove estabelecimentos de educação infantil, oito de
ensino fundamental e um de ensino médio e apresenta um contingente de 142 docentes e 2.942
estudantes. O número de instituições no município é marcado por dois fenômenos: a considerável
diminuição dos últimos anos (Figura 10.3-89); e a predominância de instituições municipais, e 1
instituição de ensino médio, estadual. O número de instituições municipais de ensino fundamental caiu
abaixo da metade nos últimos 13 anos, saindo de 21 para 9 no ensino infantil, de 20 para 8 no ensino
fundamental e de 2 para 1 no ensino médio.

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO NÚMERO DE ESCOLAS/ANO EM JUCATI -PE

25
NÚMERO DE ESCOLAS

20
15
10
5
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ensino infantil 21 21 14 11 11 10 11 10 10 9 8 8 9 9
Ensino fundamental* 20 20 19 18 19 14 13 13 13 11 7 8 8 8
Anos iniciais** 20 20 19 18 19 14 13 13 13 11 7 8 8 8
Anos finais** 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2
Ensino médio 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Legenda: *Os dados referentes às instituições de ensino fundamental apresentam os valores totais desta etapa do ensino. **Os
quantitativos de instituições ofertantes de anos iniciais e finais do ensino fundamental representam um desmembramento dos valores das
escolas de ensino fundamental.
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP, 2022; IBGE, 2022.

Figura 10.3-89 – Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de Jucati-PE, entre os anos de
2008 e 2021.

A diminuição acentuada no número de escolas não coaduna com uma variação expressiva no número
de matrículas (Figura 90). A não oscilação no número de matrículas indica que a variação no número
de estabelecimentos não se relaciona com a baixa demanda, estando, portanto, vinculada a outros
fatores. Para elaborar qualquer explicação plausível, é preciso atentar que a primeira redução no
número de estabelecimentos data de 2010, na educação infantil, seguida, em 2013, pela educação
fundamental e, em 2012, pelo ensino médio. No ano de 2009, o governo federal emitiu o Decreto nº
6.768, que disciplina o programa Caminho da Escola na oferta de estrutura, por meio de veículos, para
o deslocamento de estudantes nos municípios do Brasil. Em 2012 e 2013, instrumentos normativos (Lei
nº 12.695, de 2012; Resolução CD/FNDE nº 45, de 2013; Lei nº 12.816, de 2013) dispuseram sobre os
mecanismos para que os municípios regulamentem e adquiram veículos para transporte de estudantes,
com recursos federais. Esta realidade pode ter impactado sobremaneira a distribuição espacial das
unidades de ensino, principalmente em um município com uma área rural tão ampla. Considerando que
a decisão logística para o atendimento do estudante passa pelo acesso dele à escola, com o advento da
estrutura de transporte, oferecida pelo Poder Executivo Federal, é possível reestruturar a rede
concentrando espacialmente as unidades de ensino e reduzindo os estabelecimentos sem prejudicar o
atendimento da demanda instalada.

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Número de matrículas por faixa de ensino, em Jucati-PE


3500

3000
Númeor de Matrícolas

2500

2000

1500

1000

500

0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Total 3072 3025 3028 2976 3007 2930 2981 3051 3062 2914 2991 3010 2929 2942
Ensino infantil 411 413 406 450 459 456 513 501 502 443 457 500 493 512
Ensino fundamental 2161 2188 2190 2104 2077 2034 2058 2155 2105 2077 2109 2091 2011 2014
Ensino médio 500 424 432 422 471 440 410 395 455 394 425 419 425 416

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, 2022.

Figura 10.3-90 – Gráfico da evolução do número de matrículas nos três níveis de ensino básico, no município de
Jucati – PE, entre os anos de 2008 e 2021.

A aferição das condições de aprendizado permite ao gestor desenvolver estratégias de melhoria das
estruturas e dos processos vigentes, a fim de ofertar condições dignas de formação escolar dos sujeitos.
Frente à necessidade de avaliar e monitorar o desenvolvimento da educação básica no país, o
Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira – INEP, desenvolveu, em 2007, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB.
Este índice reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos, fundamentais para a percepção
da qualidade educacional: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O índice varia de
0 a 10. A combinação entre fluxo e aprendizagem tem o objetivo de equilibrar essas duas dimensões,
compreendendo que a formação dentro do tempo planejado, com qualidade, é o melhor caminho para
uma formação qualificada. O dado ainda é um importante condutor de política pública em prol da
qualidade da educação, sendo utilizado como uma ferramenta para acompanhamento das metas de
qualidade para a educação básica.

O município de Jucati não tem oscilado muito nos valores obtidos no índice entre os anos de 2005 e
2021 (Figura 10.3-91), mas é possível perceber uma regressão a partir do ano de 2015. Apresentou
desde 2005 uma trajetória ascendente considerável nos dados relativos aos anos iniciais do ensino
fundamental, saindo de 2,5 naquele ano para 6,0 em 2015. Nos anos finais do ensino fundamental
também se observa uma trajetória ascendente até 2015. A partir de 2017 acontece um processo de
regressão progressiva, atingindo em 2021 valores comparáveis aos observados em 2013, nos anos
iniciais do ensino fundamental, e valores pouco estáveis nos anos finais do ensino fundamental. É
importante destacar que, mesmo com essa situação de decréscimo nas notas, o município ainda ficou
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com nota superior à média estadual, para o ensino público nos anos iniciais do ensino fundamental
(Jucati – 5,2; PE – 5,1; BR – 5,5), mesma situação apresentada quando observadas as médias estadual e
nacional nos anos finais do ensino fundamental (Jucati – 4,8; PE – 4,7; BR – 4,9). No que se refere ao
ensino médio, ainda apresentou valores acima das médias estadual e nacional (Jucati – 5,1; PE – 4,4;
BR – 3,9), numa estabilidade nas últimas três medições.

EVOLUÇÃO DO IDEB DO MUNICÍPIO DE JUPI-PE


6

5
VALORES DO IDEB

0
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
E.F. Anos iniciais (Municipal) 2,5 3,1 4,1 4,3 5,1 6 5,5 5,4 5,2
E.F. Anos finais (Municipal) 2,2 2,3 2,9 3,3 3,9 4,9 4,4 4,9 4,8
Ensino médio (estadual) 4,9 5,1 5,1

Legenda: E.F.: Ensino Fundamental; IDEB: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.


Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2021; IBGE, 2022.

Figura 10.3-91 – Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de Jucati-PE,
entre os anos de 2005 e 2021.

Ainda nesse contexto é importante destacar que a taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade,
auferida no ano de 2010, foi de 98,0%. Tal realidade contrasta com um número expressivo de pessoas
que declararam, no mesmo ano, serem sem instrução ou possuírem o ensino fundamental e/ou médio
incompleto (89,20% da população). O volume de pessoas com ensino médio completo e que acessaram
o ensino superior – completo e incompleto (Figura 10.3-92) – revela a face histórica do inacesso de
parte considerável da população ao ensino formal, embora, este (ensino básico), esteja universalizado
desde a promulgação da Constituição de 1988. O acesso ao ensino formal garante condições efetivas de
inserção qualificada no mercado de trabalho, garantindo ao sujeito meios para potencializar e agregar
valor à sua mão de obra e atuando como um gerador de renda indireto para o contexto local.

No que tange à realidade de Jucati, é necessário indicar que as atividades econômicas apresentam
importância no PIB municipal na seguinte ordem: 1 – administração; 2 – agropecuária; 3 – serviços; e,
4 – indústria. Revela-se um pouco do processo histórico que fomenta o grau de desescolarização da
população, diante de uma educação formal no campo bastante deficitária no cenário nacional.

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Nível de instrução da população de Jucati-PE


98 10

816
Sem instrução e fundamental
incompleto
Fundamental completo e médio
1191
incompleto
Médio completo e superior incompleto

Superior completo

6437 Não determinado

Fonte: Censo demográfico de 2010, IBGE, 2022.


Figura 10.3-92 – Nível de instrução da população de Jucati-PE, auferido no censo de 2010.

A escolaridade de uma população reflete diretamente o grau de ocupação e o perfil socioeconômico das
atividades desenvolvidas. O município de Jucati apresentou, em 2020, um grau de ocupação na ordem
de 8,3% da população (950 pessoas) recebendo um salário médio de 1,5 salário-mínimo.
Adicionalmente, 56,1% possuíam rendimento médio per capita de até 1/2 salário-mínimo, em 2010. O
censo demográfico desse ano identificou contradições mais profundas dentro da realidade local:
enquanto 51 domicílios apresentaram renda declarada de mais de cinco salários-mínimos (três deles
declarando mais de 20 salários-mínimos), 1.817 domicílios declararam viver com até um salário-
mínimo (Figura 10.3-93).

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Renda declarada por quantidade de domicílio particulares


permanente
Sem rendimento
758 Até 1/2 S.M.
Mais de 1/2 a 1 S.M.
363 38 3
Mais de 1 a 2 S.M.
798 Mais de 2 a 5 S.M.
10
13
Mais de 5 a 10 S.M.
819 200
Mais de 10 a 20 S.M.
Mais de 20 S.M.

Legenda: S.M: Salário-Mínimo


Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

Figura 10.3-93 – Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de Jupi-PE, no ano de
2010.

Quando observada a renda individual, de forma mais detida, essas condições se cristalizam (Figura
10.3-94), com a perspectiva de que 93,15% da população vive com até um salário-mínimo. Nesse
contexto, a oferta de postos de trabalho, com requerimento de qualificação técnica de baixo nível ou
com potencial de formação de mão de obra, pode gerar um incremento nas receitas municipais e uma
melhoria nas condições materiais de vida da população.

Classe de rendimento nominal mensal de Jucati -PE


Sem rendimento
745 2 Até 1/4 de S.M.
2045 Mais de 1/4 a 1/2 S.M.
441 4 Mais de 1/2 a 1 S.M.
1102 73 2 Mais de 1 a 2 S.M.
44
30 Mais de 2 a 3 S.M.
22
Mais de 3 a 5 S.M.
4101
Mais de 5 a 10 S.M.
Mais de 10 a 15 S.M.

Legenda: S.M.: Salário-Mínimo. Valores expressos em número de pessoas.


Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.
Figura 10.3-94 – Rendimento mensal, por pessoa, no município de Jucati-PE, no ano de 2010, por classe de renda.

Considerando o perfil econômico do município de Jucati é possível inferir que, por suas condições de
vulnerabilidade socioeconômica, exista uma alta sensibilidade às iniciativas de captação de mão de
obra para as atividades desenvolvidas no empreendimento pretendido de duplicação da BR-423. Diante
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do perfil médio de renda e do grande contingente de pessoas desocupadas, ações de inserção de renda
tendem a gerar impactos positivos na dinâmica econômica de forma mais intensa, quando comparado a
espaços de produção mais difusa, ainda que também subdesenvolvidos.

10.3.8.4 Meios de comunicação de abrangência municipal

O desenvolvimento dos meios de comunicação, aliado à difusão das redes sociais digitais, deu
importância central à comunicação social humana, como forma de compartilhamento de informações
em detrimento do tempo e do espaço. Não é possível, na atualidade, considerar os meios de
comunicação sem inserir, no bojo dos veículos analisados, a ocorrência de blogs, perfis em redes
sociais, canais no youtube etc., além dos meios tradicionais (televisão, rádio, rádio difusão, jornal e
sites oficiais). O município de Jucati conta, na atualidade, com quatro principais meios de
comunicação, de caráter local: dois vinculados à Prefeitura municipal (site e perfil do Instagram) e dois
de jornalismo (perfil do Instagram e rádio eletrônica), ambos de mesma autoria e propriedade.

Tabela 10.3-25– Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de Jucati-PE.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO - JUCATI-PE


MEIO
CATEGORIA SITE/@ RESPONSÁVEL VIGÊNCIA CONTATO
COMUNICAÇÃO
Site Prefeitura de Jucati https://www.jucat.pe.gov.br/ Prefeitura (87) 3779-8103
Instagram Prefeitura de Jucati @prefeituradejucati Prefeitura 2019
Rádio Jucati (104,9 www.radios.com.br/aovivo/radio-
Rádio Senildo Silva (87) 99936-6277
FM) jucati-1049-fm/44890
Rádio Jucati (104,9
Instagram @radiojucatifm Senildo Silva 2018 (87) 98117-5611
FM)
Fonte: Dados da pesquisa de campo.

As estruturas de comunicação aqui apresentadas (ligadas às redes sociais) não abarcam perfis
vinculados à Prefeitura (Secretarias, projetos etc.) ou a instituições privadas de comércio (lojas,
parques, restaurantes etc.), apenas tratando daqueles perfis que se propõem a informar questões
referentes ao cotidiano municipal, oficialmente ou não. É fundamental, nesta etapa do levantamento
dos dados, que eventuais reportamentos de fatos, feitos por instrumentos físicos ou digitais oriundos de
outras atividades, não figurem como atividade de comunicação, para distinguir as atividades fins dos
perfis/instrumentos. Nesse contexto, blogs pessoais ou atividade de influencers digitais não integram o
bojo analisado.

10.3.8.5 Áreas rurais, urbanas e de expansão, principais usos rurais

Os espaços urbanos e ruais distinguem-se não somente por suas estruturas físicas, constitutivas de
espaços geográficos complexos e resultantes das formas distintas de criação e recriação das trocas
relacionais (fluxos) projetadas nas estruturas físicas (fixos), mas também nas formas de uso a que estão
submetidos. Qualquer intuito de compreensão desses espaços demanda um entendimento do
funcionamento e das perspectivas de ampliação de cada uma dessas porções do território municipal,
investigando a própria dinâmica de evolução espacial.

A produção agropecuária de Jucati pode ser apresentada sob a divisão das atividades desenvolvidas em
quatro grandes grupos, adotando o critério utilizado pelo IBGE: extração vegetal e silvicultura (Tabela
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10.3-20); desenvolvimento de lavouras permanentes (Tabela 10.3-21); desenvolvimento de lavouras


temporárias (Tabela 10.3-22); e, desenvolvimento de atividade pecuária (Tabelas MS23). A
agropecuária respondeu, no ano de 2019, por 29,05% do Produto Interno Bruto – PIB municipal
(Figura 10.3-95), sendo, a segunda fonte de receitas na sua composição do PIB. Ainda considerando o
processo de consolidação da divisão territorial, cumpre lembrar que, com a emancipação de Jucati, o
território municipal ficou majoritariamente composto pelos espaços rurais, que, quando usados, gerarão
um volume considerável de ativos para a composição do PIB.

PIB por atividade econômica de Jucati-PE


70000
Valores R$ (x1.000)

60000
50000
40000
30000
20000
10000
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Agropecuária 11430 11738 15375 16966 15116,43 23158,36 24435,96 29875,74 25609,74 32853,46
Indústria 1294 1384 1993 1812 1680,94 1963,81 2172,13 2021,13 2798,29 3334,25
Serviços - Exceto Adm. Pública 8430 9694 12384 14361 14320,66 14783,41 16737,56 17156,29 16824,98 19348,38
Adm. Pública 26640 29408 33125 35821 40379,31 41901,29 48894,79 52836,08 53047,56 57551,48

Legenda: Adm. Pública: Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social. R$: Reais Brasileiros.
Nota: Os dados de 2019 estão sujeitos a revisão, em divulgações posteriores do instituto (Coleta em 29/09/2022).
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca
de Manaus – SUFRAMA.

Figura 10.3-95 – Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de Jucati-PE, por atividade, entre os anos
de 2010 e 2019.

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Tabela 10.3-26– Características produtivas da extração vegetal no município de Jucati-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Extração vegetal em JUCATI-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 6 6 5 5 5 4 4 5 5 2 3 2 1 1 1 1 5
Castanha de caju
Valor da produção (*R$) 6 6 3 5 2 7 5 6 6 4 4 4 3 2 2 2 14
Quantidade produzida (t) 1 1 1 1 1 0 0 0
Umbu
Valor da produção (*R$) 0 0 0 0 1 0 0 0
Quantidade produzida (t) 5 5 4 3 2 2 2 2 2 1 1 1 1 2 0 0 0 0
Carvão Vegetal
Valor da produção (*R$) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 2 0 0 0 0
Quantidade produzida
Lenha (m³) 2300 2330 2170 1100 800 730 700 620 500 400 250 250 200 20
Valor da produção (*R$) 17 18 17 14 10 12 13 9 7 7 6 8 5 1
Legenda: t: tonelada; R$: valor em real brasileiro *(x 1.000). m³: metros cúbicos
Fonte: I BGE, Produção da Extração Vegetal e Silvicultura, 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022
Nota: O símbolo "0" significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
Nota: Atribui-se zeros aos valores dos municípios onde, por arredondamento, os totais não atingem a unidade de medida.
Nota: Os espaços sem números indicam a não ocorrência de registro de produção, naquele ano.

Tabela 10.3-27– Características produtivas das lavouras permanentes no município de Jucati-PE, entre os anos 2004 e 2021.

Lavouras Permanentes em Jucati-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 30
Valor da produção (*R$) 9
Abacate Área destinada à colheita (ha) 3
Área colhida (ha) 3
Rendimento médio (kg/ha) 10000
Quantidade produzida 70
Banana
Valor da produção (*R$) 25

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Lavouras Permanentes em Jucati-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2019 2020 2021
Área destinada à colheita (ha) 10
Área colhida (ha) 10
Rendimento médio (kg/ha) 7000
Quantidade produzida 150
Valor da produção (*R$) 540
Café (Grão) Área destinada à colheita (ha) 300
Área colhida (ha) 300
Rendimento médio (kg/ha) 500
Quantidade produzida 9 8 8 8 8 22
Valor da produção (*R$) 3 3 4 4 5 44
Laranja Área destinada à colheita (ha) 2 2 2 2 2 5
Área colhida (ha) 2 2 2 2 2 5
Rendimento médio (kg/ha) 4500 4000 4000 4000 4000 4400
Quantidade produzida 86 88 87 87 87 72 72 72 45 72 72 72 72 72
Valor da produção (*R$) 20 21 23 24 52 21 21 20 20 36 36 18 58 50
Manga Área destinada à colheita (ha) 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9
Área colhida (ha) 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9
Rendimento médio (kg/ha) 9555 9777 9666 9666 9666 8000 8000 8000 5000 8000 8000 8000 8000 8000
Legenda: t: Tonelada; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares.
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

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Tabela 10.3-28– Características produtivas das lavouras temporárias no município de Jucati-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Lavouras Temporárias de Jucati-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 1 1 2 2
Valor da produção (*R$) 1 1 2 2
Área plantada (ha) 4 4 6 6
Algodão
Área colhida (ha) 4 4 6 6
Rendimento médio 250 250 333 333
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 50 60
Valor da produção (*R$) 48 60
Área plantada (ha) 5 5
Batata doce
Área colhida (ha) 5 5
Rendimento médio 10000 12000
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 840 840
Valor da produção (*R$) 38 38
Cana de Área plantada (ha) 20 20
açúcar Área colhida (ha) 20 20
Rendimento médio 42000 42000
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 6 6 6 6 6 6 6 7 1 2 2 2 2 2 3 2 6
Valor da produção (*R$) 8 8 9 9 10 7 7 12 3 7 6 7 8 40 30 18 30
Área plantada (ha) 29 26 23 23 23 18 18 18 15 8 5 5 5 5 5 5 5 10
Fava (grão)
Área colhida (ha) 25 23 23 23 23 18 18 18 5 8 5 5 5 5 5 5 10
Rendimento médio 240 260 260 260 260 333 333 388 200 250 400 400 400 400 600 400 600
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 2676 1509 2568 2568 2940 2320 1480 1650 351 1950 1647 1480 908 1824 940 2898 3330 3490
Feijão (grão)
Valor da produção (*R$) 3175 1833 2893 3338 4557 3538 2812 2555 643 2880 3351 4440 6136 5517 2296 8694 11322 15705

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Área plantada (ha) 4700 4300 4100 4100 4500 4300 4000 4000 5000 3500 4100 2900 4100 3740 3700 3700 3700 5000
Área colhida (ha) 4600 3850 4100 4100 4500 4300 4000 4000 2950 3500 4100 2820 1630 3040 3700 3700 3700 5000
Rendimento médio 581 391 626 626 653 539 370 817 119 557 402 525 557 600 254 783 900 698
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 27 27 45 21 10 2
Valor da produção (*R$) 270 283 472 221 110 5
Área plantada (ha) 30 30 50 30 10 5
Fumo (folha)
Área colhida (ha) 30 30 50 30 10 5
Rendimento médio 900 900 900 700 1000 400
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 40 200 12 5
Valor da produção (*R$) 34 117 6 3
Mamona Área plantada (ha) 50 300 15 6
(baga) Área colhida (ha) 50 250 15 6
Rendimento médio 800 800 800 833
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 13750 14400 13200 12000 13200 15000 15600 14400 12500 12000 15300 9765 3500 900 4250 11250 23800 10200
Valor da produção (*R$) 2063 1530 1584 2085 2112 2550 2652 3024 12500 8400 5355 2930 2625 585 1275 2250 4998 4284
Área plantada (ha) 1100 1200 1100 1000 2400 1250 1300 1200 2500 1500 1700 1100 1700 100 850 750 1700 850
Mandioca
Área colhida (ha) 1100 1200 1100 1000 1100 1250 1300 1200 2500 1500 1700 1100 1000 100 850 750 1700 850
Rendimento médio 12500 12000 12000 12000 12000 12000 12000 12000 5000 8000 9000 8877 3500 9000 5000 15000 14000 12000
(kg/ha)
Quantidade produzida (t) 240 175 432 432 600 480 576 720 72 750 570 1400 720 180 102 90
Valor da produção (*R$) 103 68 165 224 306 206 293 367 37 488 399 1050 475 135 133 113
Área plantada (ha) 1000 1000 900 900 1200 1200 1200 1200 1300 1500 1900 1900 1900 1900 300 200 170 100
Milho (grão)
Área colhida (ha) 800 700 900 900 1200 1200 1200 1200 600 1500 1900 1900 1000 200 170 100
Rendimento médio 300 250 480 480 500 400 480 600 120 500 300 737 720 900 600 900
(kg/ha)
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2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 300 650 520 520 500 240 200 300 225 80 80 250 80 135 80 60
Valor da produção (*R$) 192 674 252 313 350 144 142 270 248 64 68 200 80 203 112 119
Área plantada (ha) 5 10 8 8 10 6 5 10 9 2 2 6 2 2 2 5
Tomate
Área colhida (ha) 5 10 8 8 10 6 5 10 9 2 2 6 2 2 2 5
Rendimento médio 60000 65000 65000 65000 50000 40000 40000 30000 25000 40000 40000 41667 40000 67500 40000 12000
(kg/ha)
Legenda: t: Tonela; R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: Quilogramas/hectares
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

Tabela 10.3-29– Características produtivas da produção pecuária no município de Jucati-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Produção Pecuária de Jucati-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Efetivo do rebanho 16 15 18 19 20 20 20 20 20
Asinino
(Cabeça)
Efetivo do rebanho 4380 4395 6240 7960 7263 7498 8240 9225 6046 4200 7191 6892 7190 6328 5720 6000 4494 5000
(Cabeça)
Bovino
Vaca ordenhada 856 848 997 1460 1515 1600 1634 2376 2000 1700 1000 1806 1884 1677 1554 1926 1500 1650
(Cabeça)
Quantidade produzida 1015 1019 1212 2024 1981 2016 1887 2794 2420 1800 1890 1599 2035 3622 3775 4680 3675 4455
(L)
Leite de vaca
Valor da produção 2040 1936 1800 1607 1759 2645 4346 4153 4680 5513 6683
(*R$)
Efetivo do rebanho 356 362 379 310 268 250 231 250 230 500 600 2367 2768 2571 2560 2100 1031 1135
Caprino
(Cabeça)
Efetivo do rebanho 174 173 178 180 171 154 146 150 150 156 180 195 200 190 197 200 163 180
Equino
(Cabeça)
Efetivo do rebanho 7377 7706 7706 6177 6449 7868 7868 6558 6558 7502 7800 2766 3296 5094 5108 6241 6251 8050
Galináceo
(Cabeça) 3 4 4 60 80 50 50 00 00 00 00 50 65 50 50 50 00 00
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Produção Pecuária de Jucati-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Galinha (Cabeça) 6473 6498 6645 6760 6980 7100 6900 5800 5400 6000 6200 6916 7000 1081 1084 6250 4200 4300
2 0 75 72 0 0 0
Quantidade produzida 33 33 34 47 48 47 45 38 33 32 62 795 805 1244 1247 1042 714 645
de ovos (*Dúzia)
Valor da produção 94 85 108 192 4772 4830 7464 7485 6250 5712 5486
(*R$)
Quantidade produzida 50 50 100
Mel de (kg)
abelha Valor da produção 1 1 4
(*R$)
Efetivo do rebanho 14 14 12 11 10 10 11 10 11
Muares
(Cabeça)
Efetivo do rebanho 473 485 481 560 527 560 570 550 600 700 840 3716 3902 4432 4400 3610 3078 2770
Ovino
(Cabeça)
Efetivo do rebanho 244 247 248 884 785 722 660 670 670 850 1190 4193 4319 3113 3200 2655 2104 1894
Suíno (Cabeça)
Matriz (Cabeça) 40 52 208 1080 778 800 265 150 135
Legenda: R$: Reais Brasileiros *(x 1.000); L: Litro *(x 1.000); kg: Quilogramas
Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2021, Rio de Janeiro: IBGE, 2022 .

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A participação da pecuária, dentro da área de investigação desta pesquisa, só tem comparação com
Calçado-PE. Diferentemente do município citado, em Jucati, a agropecuária sempre manteve essa
importância durante todo o período observado, sem grandes oscilações, indicando a regularidade nos
mecanismos que regem a economia local. A participação da administração pública (50,86%), não difere
muito da realidade observada na maioria dos municípios de menor porte da região. O setor de serviços
não consegue apresentar uma tendência, no período observado, de ampliação, indicando estabilidade.
Vale lembrar que, logisticamente, o povoado de Neves (distrito de Jucati, e segundo núcleo de
povoamento) está mais próximo do centro urbano de Jupi-PE, em comparação ao seu centro de origem,
o que direciona os fluxos econômicos para essa porção do território, fazendo da sede municipal
referência, em serviços, para outros espaços.

A produção agrícola ajuda a entender o perfil de ocupação do espaço geográfico municipal e o


funcionamento dos principais usos e ocupações da terra nessa porção do território. A atividade de
extração vegetal e silvicultura apresenta a dinâmica econômica desenvolvida dentro de uma lógica de
manejo e exploração da vegetação nativa do ambiente. Em Jucati, contudo, fica bastante claro que tal
atividade, embora desenvolvida, não apresenta peso significativo na estrutura econômica local. Apenas
quatro grupos de gêneros produtivos são apresentados, vinculados a este ramo: castanha de caju; umbu;
carvão vegetal; e, lenha.

A produção de caju (Anacardium occidentale) está diretamente ligada à tradição regional de


comercialização da castanha de caju para consumo humano. O pseudofruto (caju), embora rico em
nutrientes e com amplo aproveitamento na indústria alimentícia (polpa, suco concentrado, doces etc.),
quando colhido de forma direta em volumes menores, não apresenta o mesmo valor econômico que o
fruto (castanha de caju), bem mais valorizado, com custo para venda direta ao consumidor (na região
de estudo) variando entre 50 e 100 reais por quilograma. A produção de castanha tem sido perene em
todo o histórico apresentado (Tabela 10.3-20), com uma única interrupção produtiva no ano de 2008.
Observa-se, porém, a limitação a um máximo de produção de seis toneladas (em 2004 e 2005), e uma
produção em 2021 de cinco toneladas, com um rendimento de 14 mil reais.

O umbu (Spondias tuberosa L.), da mesma família do caju, tem importância econômica derivada do
consumo local e regional do fruto, presente na alimentação, in natura e em preparos de doces. Outras
partes da árvore também podem ser consumidas, embora raramente comercializadas. A produção do
umbu, diferentemente do observado na castanha de caju, não é constante, no período observado, com
um hiato produtivo entre os anos de 2007 e 2014. Esta produção, contudo, não atinge, em momento
nenhum, volumes consideráveis, com um máximo de uma tonelada e rendimentos iguais ou inferiores a
um mil reais. Desde o ano de 2019, não há produção desta fruta no município.

O uso das espécies lenhosas, in natura ou em forma de carvão vegetal, é uma prática comum na
realidade do bioma Caatinga, sendo o desflorestamento para estes fins um dos principais fatores de
pressão antrópica sobre esse bioma. Nesse sentido, a produção e a comercialização desses gêneros são
constantes no período estudado, com poucas interrupções produtivas, e estão bastante vinculadas a
volumes muito baixos de extração nos últimos anos. De forma geral, o valor de produção dessas
espécies, em 2021, é praticamente nulo. No ano de melhor produção (2005), o resultado foi de 19.000
reais.
O cultivo de gêneros alimentícios tem importância central na ocupação espacial de grupos humanos.
Para tal cultivo, a disponibilidade hídrica torna-se o principal indutor do estilo de produção. Nesse
contexto, cabe lembrar que o regime hídrico da região (caracterizado por um período longo de estiagem
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com precipitação concentrada em um período bastante estreito), associado a uma rede de drenagem
predominantemente intermitente e efêmera, apresenta condições de baixa potencialidade para o
desenvolvimento de lavouras permanentes (Tabela 10.3-21). Dos gêneros já produzidos no município
(entre os anos de 2004 e 2021), apenas a manga apresentou uma produção mais constante, que cessou a
partir de 2019. Até então a produção de manga ocupava uma área plantada, constante, de nove hectares,
e uma produção média próxima a 8.000 kg/ha.

Os demais itens observados (abacate, banana, café e laranja), não apresentaram produção linear. A
produção de abacate, banana e café só ocorreu em 2011, com destaque para o último item, que
apareceu com uma área de 300 hectares destinados à produção e um rendimento de 540.000 reais.
Naquele ano, existiu algum fenômeno de boom produtivo do café nos municípios da região. A laranja,
por sua vez, teve uma produção bastante tímida entre os anos de 2004 e 2008, com dois hectares
plantados, e uma produção pontual, em 2019, com cinco hectares.

Diante de uma realidade pouco aprazível às lavouras perenes, a agricultura de sequeiro, regime no qual
o agricultor organiza o seu ciclo produtivo em detrimento do regime hídrico da região, é bastante forte.
Esse tipo de agricultura, vinculada aos ciclos sazonais de disponibilidade hídrica, relaciona-se de forma
direta com a produção de lavouras temporárias (Tabela 10.3-22). A produção de Jucati ajuda a entender
a importância econômica dessas lavouras para a renda local, diante de uma economia em que a
agricultura é a segunda atividade mais importante para o conjunto das riquezas produzidas. Com um
número de 10 gêneros produtivos com cultivo registrado entre os anos de 2004 e 2021, o município
apresenta uma direção produtiva que indica a consolidação de cinco desses gêneros: fava, feijão,
mandioca, milho e tomate. Esses cinco tipos reuniam mais de 99% das terras destinadas a lavouras
temporárias em 2021, ocupando uma área de aproximadamente 59,65 km² (5.965 ha).

A produção de feijão, nesse contexto, aparece de forma desproporcional. Dos 59,65 km² destinados à
produção de lavoura temporária no município, 50 km² estão ocupados por este gênero (Figura 10.3-96).
Segue-se, ainda que em área bem inferior, a produção de mandioca, com 8,5 km². É importante
destacar, contudo, que o cultivo consorciado (quando na mesma área de cultivo alternam-se carreiras –
fileiras – de um gênero e de outro) entre feijão e milho também é muito comum na região. Essa
condição de produção consorciada está vinculada a dois fatores do saber tradicional, validados pelo
saber científico: a possibilidade de manutenção do desenvolvimento de dois cultivares com tempos
distintos de desenvolvimento e maturação; e, a melhoria no desenvolvimento do feijão, quando
consorciado com o milho. Nesse sentido, é possível que essas áreas destinadas à produção de feijão
estejam também sendo usadas para a produção de milho, em modelo de consórcio, mesmo com o
registro de área destinada ao milho sendo de apenas um hectare (em 2021).

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ÁREA PLANTADA DE LAVOURAS TEMPORÁRIAS DE JUPI-PE (KM²)


50
45
40
35
ÁREA (KM²)

30
25
20
15
10
5
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
ALGODÃO 0,04 0,04 0,06 0,06 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
BATATA DOCE 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,05 0,05
CANA DE AÇÚCAR 0 0 0 0 0 0 0,2 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
FAVA 0,25 0,23 0,23 0,23 0,23 0,18 0,18 0,18 0,05 0,08 0,05 0,05 0 0,05 0,05 0,05 0,05 0,1
FEIJÃO 46 38,5 41 41 45 43 40 40 29,5 35 41 28,2 16,3 30,4 37 37 37 50
FUMO 0 0 0 0 0 0,3 0,3 0,5 0,3 0,1 0,05 0 0 0 0 0 0 0
MAMONA 0,5 2,5 0,15 0,06 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MANDIOCA 11 12 11 10 11 12,5 13 12 25 15 17 11 10 1 8,5 7,5 17 8,5
MILHO 8 7 9 9 12 12 12 12 6 15 19 19 0 10 0 2 1,7 1
TOMATE 0,05 0,1 0,08 0,08 0 0,1 0,06 0,05 0,1 0,09 0,02 0,02 0,06 0 0,02 0,02 0,02 0,05

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022
Figura 10.3-96 – Evolução da área plantada com lavouras temporária, no município de Jucati-PE, entre os anos de
2004 e 2021.

Adicionalmente à área plantada, o valor da produção de feijão também merece especial anotação,
atingindo a cifra, no ano de 2021, de mais de 15 milhões de reais. Além do feijão, o cultivo de
mandioca também tem importância central para a produção agrícola do município, com um valor de
produção (em 2021) na ordem de 4 milhões de reais, com uma produtividade de 12.000 quilogramas
por hectare. A produção de mandioca é muito comum na região, e as casas de farinha ocupam um lugar
central no escoamento desses produtos. Vale destacar que a produção oscila bastante dentro da série
temporal analisada, variando tanto o quantitativo (em toneladas) como a área destinada aos cultivos. A
oscilação observada está inegavelmente vinculada às características dos cultivos, pois, por exemplo,
dependendo da estabilidade dos regimes de chuva, eles se alteram ao longo dos anos, exigindo do
agricultor uma constante análise de risco para implementação dos diferentes tipos de lavoura.

O milho ocupa uma área menor, das terras dedicadas à agricultura, de cerca de 1 km², movimentando
um volume de apenas 113 mil reais, no ano de 2021, valor um pouco abaixo da produção de tomate,
que alcançou, naquele ano, 119 mil reais. As produções desses dois gêneros não conseguem apresentar
uma participação considerável no PIB municipal, estando muito mais vinculados ao consumo local
imediato.

Ainda no que concerne à produção de lavouras temporárias, o município apresenta registros de algodão
herbáceo, cana-de-açúcar, fava, melancia e mamona, em menor porte. Dá-se destaque aqui para a
produção de algodão, registrada entre 2004 e 2007. Não foi encontrado, durante a fase de investigação
bibliográfica, registro do direcionamento dessa produção; porém, vale destacar, que o ano de 2004
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coincide com a implementação, pelo Decreto nº 5.297/2004, do Selo Biocombustível Social, concedido
a produtores de biodiesel que promovessem a inclusão social de agricultores familiares. O algodão
herbáceo (em caroço) oferece um óleo de alta qualidade para a produção de biodiesel, o que pode estar
atrelado ao cultivo relativamente limitado (duas toneladas em apenas seis hectares), observado nos
registros. Deve-se destacar que este mesmo perfil produtivo do algodão herbáceo foi verificado nos
municípios de Calçado-PE, Jupi-PE e São João-PE.

Outra produção bastante relevante, vinculada à forma histórica de ocupação dos espaços agrestes do
interior pernambucano, é a pecuária, tanto vinculada à produção de carne como de laticínios.
Adicionalmente, outra característica mais recente da região é o desenvolvimento da atividade avícola
(especialmente de galináceos), com a proliferação da atividade granjeira em vários municípios. A
observação da Tabela 10.3-23 permite a identificação de três principais ramos, com importância no
desenvolvimento econômico da pecuária, no município: bovinos, produção de leite e galináceos.

No que concerne ao rebanho de bovinos, pode-se observar o pico no ano de 2011, com um rebanho de
9.225 cabeças de gado, seguido de uma progressiva queda até 2013 (4.200 cabeças) e, novo movimento
de retomada, atingindo um efetivo de 5.000 cabeças em 2021. Em se tratando do rebanho leiteiro, o
efetivo máximo foi de 2.000 cabeças em um rebanho total de 6.046 cabeças, no ano de 2012. A
produção leiteira do município merece destaque pelo aumento sensível do valor da produção, atingindo
a cifra de 6.683.000 reais, em 2021, com um rebanho de 1.650 cabeças e uma produção de 4.455.000
litros de leite.

A produção de galináceos, no ano de 2021, contou com um efetivo de 805.000 cabeças, das quais
43.000 foram de galinhas. A produção de ovos respondeu por um valor de 5.486.000 reais,
demostrando o peso que essa atividade tem. Somam-se ainda, aos três arranjos produtivos já citados,
para a realidade da pecuária municipal, as criações de asinino, caprino, equino, mel de abelha, muares,
ovino e suíno, que contribuem para um rebanho total (entre todas as espécies de criação) de 815.979
cabeças.

Embora haja uma participação considerável das atividades agropecuárias no PIB municipal, atingindo
valores milionários no conjunto da produção, tal realidade não exclui o fato de o perfil médio dos
grupos que habitam o campo estar relacionado à agricultura de subsistência, com comercialização do
excedente e organização em pequenos grupos familiares. As produções avícola e de gado estão mais
ligadas a uma atividade economicamente estruturada, pelos insumos necessários à produção e à
comercialização e a movimentação de maiores valores econômicos.

As estruturas econômicas imperantes nos diferentes tempos históricos modulam uma sucessão de usos
e coberturas das terras que resultam em paisagens complexamente constituídas. A evolução dessas
paisagens permite uma impressão, nas estruturas espaciais, da dinâmica social vigente e de seu
processo de produção e reprodução, permitindo, pela análise da morfologia da paisagem, uma
compreensão integral do funcionamento social. A cobertura atual da terra de Jucati apresenta uma
predominância de uso vinculada às atividades agropecuárias (75,45%), predominantemente direcionada
a atividade agrícola. Considerando o processo histórico de constituição do município, a predominância
dos espaços rurais coaduna com a formação territorial relatada. As áreas urbanas não chegam a 1%
(0,69%) do território, o que é representativo da predominância de população rural observada. O volume
expressivo de áreas destinas a agricultura gera uma taxa relativamente baixa de vegetação natural
(11,88%) e vegetação natural alterada (11,98%). A vegetação natural alterada geralmente vincula-se a
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espaços abandonados pela atividade agropecuária e que atualmente apresentam uma vegetação
secundária em processo de consolidação.

A área imediatamente próxima ao empreendimento é bastante utilizada para a prática agrícola. O perfil
das unidades territoriais próximas é de médio e pequeno porte, aparentemente vinculadas à produção de
gêneros alimentícios. A atividade granjeira também está presente, guardando relação mais direta com
as vias de circulação. A presença dessas unidades está inegavelmente vinculada ao escoamento da
produção e a facilidade de instalação das unidades, uma vez que a criação é intensiva, com as aves
acondicionadas em espaços confinados para engorda ou produção de ovos. O perfil produtivo rural é
diretamente refletido nas formas de ocupação das terras municipais, indicando a validade e pertinência
dos dados secundários obtidos.

Em Jucati, não há, segundo o relatório, datado de 19 de maio de 2022, da Diretoria de


Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento, do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, assentamos rurais oriundos de projetos de reforma agrária.

10.3.8.6 Área Diretamente Afetada – ADA

A Área Diretamente Afetada – ADA pelo empreendimento compreende toda a faixa de domínio da BR-
423, no trecho entre os quilômetros 18,20 e 86,12, considerando-se uma margem de 35 metros para
cada lado, a partir do eixo central da via (70 metros no total). O trecho da rodovia que cruza o
município de Jucati é bastante amplo e consideravelmente diverso. Para fins de análise foram
considerados dois trechos: ADA Urbana e ADA Rural (Figura 10.3-98). A ADA Urbana difere dos
demais municípios por tocar um povoado, uma vez que o núcleo central de Jucati (cidade) fica
geograficamente distante da BR-423. Nesse sentido, o Distrito de Neves será considerado como
mancha urbana, por se tratar de um núcleo de povoamento bastante antigo. Nessa direção,
identificaram-se 62 unidades espaciais localizadas parcial ou integralmente em uma das duas margens
da faixa de domínio. Destaca-se que a realidade observada no distrito de Neves não encontra
equivalência em nenhum ponto do trecho total objeto desta investigação. Na sessão ora analisada há
uma sucessão de imóveis localizados integralmente dentro da faixa de domínio da rodovia, dentre os
quais destacam-se moradias bastante antigas, indicando que a extrapolação dos limites impostos para
uso da faixa é um processo iniciado há bastante tempo. As estruturas identificadas foram:
• 62 imóveis;
o 27 comerciais
o 30 residenciais
o 4 comerciais e residenciais14
o 1 terreno15
• Quanto à propriedade do imóvel (referente ao declarante):
o 31 próprios
o 11 alugados
o 2 cedidos16

14
Os imóveis que declararam usar uma parte do estabelecimento para a prática de comércio e as demais dependências para a
residência da família foram enquadrados nesta categoria. Os imóveis que apresentaram uma estrutura térrea comercial e
outra estrutura habitacional, gerida por outras pessoas, foram considerados independentes e contados separadamente.
15
Trata-se de um terreno que, atualmente, cumpre função de depósito para estruturas (barracas/bancas de madeira)
utilizadas na feira livre do distrito.
16
Os imóveis cedidos não são próprios daqueles que os utilizam, mas não geram pagamento de aluguéis aos proprietários.
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o 18 não identificados17
O perfil das estruturas é bem diverso. Durante a atividade de campo, identificou-se uma ocupação
bastante consolidada às margens da rodovia nesse trecho. Diferentemente do que foi observado em
outras áreas de ocupação, os serviços ofertados nesta porção lindeira da rodovia não se limitam às
atividades típicas de margem rodoviária (alimentação, hospedagem e manutenção de automóveis),
abrangendo um outro conjunto que dialoga com o cotidiano dos grupos que assistem na região (serviço
religioso, gráfica, venda de rações, venda de utilidades para o lar etc.). A proximidade com a BR-423 é
um fator bastante particular, uma vez que alguns imóveis ficam muito próximos da faixa de rolamento
da via (Figura 10.3-97), tendo sido construídos inteiros dentro da faixa de domínio. Ora, se
considerarmos que a referida faixa abrange uma zona de 35 metros para cada margem, a partir do eixo
central da via, terrenos com 10 ou 15 metros de comprimento podem estar integralmente dentro dessa
região e ainda guardarem mais de 10 metros de distância do bordo da via.

Garanhuns
1 Garanhuns

3 2 3
2

Legenda: 1: Área de construção dos imóveis. 2: via local. 3: Rodovia BR-423.


Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-97 – Registro da configuração espacial da margem esquerda (sentido São Caetano - Garanhuns) da BR-
423, no distrito de Neves (Jucati-PE).

O perfil geral dos imóveis instalados na margem esquerda (sentido São Caetano – Garanhuns) é de uma
sucessão de estabelecimentos comerciais e residências, alternando-se no conjunto comercial lojas de
utilidades (venda de produtos para casa), alimentação (entre lanchonetes, bares, mercados e padaria),
farmácia, escola, igrejas etc.

17
Nem todos os imóveis apresentavam pessoas dispostas a responder ao inquérito, bem como alguns aparentavam não estar
em uso, inviabilizando a entrevista. Os imóveis nessas condições foram devidamente registrados e georreferenciados, ainda
que não apresentem respostas para a entrevista.
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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-98 – Mapa de localização das residências e cultivos na faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o município de Jucati-PE.

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O perfil comercial está claramente vinculado às condições de atendimento à população residente no


distrito, mas também se liga ao potencial gerado pela presença da BR-423. Assim, o funcionamento das
atividades não se relaciona de forma exclusiva com o objeto dessa investigação. Diferentemente do
observado em outros trechos, não há uma exploração da faixa de domínio como estacionamento para
comportar os transeuntes, uma vez que ela já foi ocupada pelas construções, restando pouco espaço, em
uma das margens, entre as construções e a rodovia. Nesse sentido, são poucas as atividades de
manutenção automotiva, limitando-se o atendimento a ciclomotores (muito comuns nas cidades
interioranas). Nesse ponto, cabe lembrar a proximidade com o centro urbano de Jupi-PE (Figura 10.3-
99), fato que também explica essa característica, na medida em que toda demanda de manutenção
automotiva já é atendida pelo centro econômico imediatamente próximo (menos de 5,5 km de
distância).

Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-99 Mapa de localização do distrito de Neves, no município de Jucati-PE, em relação à malha urbana do
município de Jupi-PE.

Outro ponto bastante interessante para a análise pretendida é o fato de que instrumentos públicos estão
localizados dentro da faixa de domínio (Figura 10.3-100). Ao longo de todo o trecho analisado neste
trabalho não foi possível observar construções públicas na faixa exclusiva da rodovia em nenhum outro
ponto, sendo da iniciativa privada a burla da norma espacial. Em se tratando de construções públicas,
apenas pórticos e monumentos foram identificados em outras localidades. No povoado de Neves,
entretanto, observaram-se dentro da faixa de domínio parte considerável de uma escola municipal, parte
do açougue público e parte do prédio do serviço postal, vinculado à Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, sendo este último um espaço privado cedido para a função de distribuição postal. Esses
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espaços estão sendo utilizados há bastante tempo. A escola, segundo relatos da gestão, está no local há
cerca de 26 anos, enquanto o serviço postal encontra-se no imóvel há mais de 20 anos. Não foi possível
identificar o tempo que o açougue municipal ocupa o espaço, que pertence à Prefeitura.

1 2

Legenda: 1: Serviço Postal (Correios). 2: Açougue Público (Vila de Neves). 3: Escola Municipal Vereador Eliel Peixoto De Melo.
Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-100 – Estruturas públicas localizadas, parcial ou integralmente, na faixa de domínio da BR-423, no
Distrito de Neves, em Jucati-PE.

Quando interrogados sobre os títulos de propriedade dos imóveis, os entrevistados, em sua maioria,
mencionaram possuir registros de propriedade em cartório civil (contratos de compra e venda) sem
indicação de registro no cartório de imóveis. A ocupação está bastante consolidada, com proprietários
relatando residência por mais de 50 anos18. No total, foram identificados 16 imóveis com mais de 20
anos, quatro com relatos entre 10 e 20 anos, 11 entre 1 e 10 anos e 31 sem indicação temporal 19. Não
foi possível validar as informações de tempo de construção. Contudo, é visível que aquela ocupação
não é recente e que os imóveis localizados às margens da rodovia são bastante antigos. A existência de
instituições religiosas com estrutura própria ajuda na confirmação desta realidade. A capela da Igreja

18
Como o tempo relatado é de residência, alguns não sabiam informar há quanto tempo aquele imóvel exercia aquela
função. Apenas nos imóveis com mais tempo de residência foi possível averiguar o tempo de instalação do imóvel.
19
A ausência de indicação temporal se deu ou pelo desconhecimento do entrevistado ou pela inexistência de morador para
prestar a informação.
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Católica, por exemplo, mesmo estando bastante recuada em relação a alguns imóveis, ainda apresenta
mais de 40% de sua área principal na faixa de domínio da via. A Igreja Presbiteriana do Brasil conta
com mais de 60% da sua área integralmente dentro da faixa (Figura 10.3-101). De acordo com relatos
diversos, ambas as instituições estão há bastante tempo na localidade. Verificou-se mais uma
instituição religiosa na faixa de domínio, contudo, mais recente e ocupando um prédio alugado.

1
2

Legenda: 1: Igreja Católica Apostólica Romana. 2: Igreja Bíblica Presbiteriana do Brasil. 3: BR 423. 4: Igreja Assembleia de Deus Seara.
Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-101 - Instituições religiosas (igrejas) instaladas em prédios localizados na faixa de domínio da BR-423, no
trecho que corta o distrito de Neves, no município de Jucati-PE.

Em relação aos imóveis com destinação comercial, quando interrogadas sobre a rentabilidade do
negócio, as pessoas entrevistadas apresentaram respostas variadas, a depender do perfil do tamanho do
estabelecimento, contudo com valores bem modestos. Os relatos registrados indicaram rendimento
mensal entre 1.500 e 20.000 reais. Essa variação decorre do fato de o espaço abrigar atividades de
diversos tipos, desde bares e lanchonetes até mercadinhos que vendem alimentos para os moradores do
entorno. As lanchonetes e as sorveterias acabam sendo os espaços que melhor se relacionam com o
fluxo de pessoas resultante da rodovia (Figura 10.3-102), ao passo que os demais estabelecimentos
claramente visam oferecer suporte para os moradores, atendendo, de forma lateral o fluxo de veículos
de grande porte na região.
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Foto: Os autores, 2022.


Figura 10.3-102 – Registro do fluxo de veículos de grande porte, no trecho da BR-423 que corta o distrito de Neves,
em Jucati-PE.

O trecho é tão próximo à rodovia que só foram observadas, durante o dia, uma barraca de
comercialização de pastel, e, durante o período noturno, uma tenda desmontável de comercialização de
lanches. Esse uso ocorre porque a maioria dos imóveis de comercialização estão construídos na faixa
de domínio, não deixando espaço para o comércio informal. Adicionalmente, existem duas praças na
faixa estudada. Entre essas duas praças é possível observar a ocorrência de um bloco de imóveis
totalmente localizados na ADA (Figura 10.3-103), predominantemente comerciais. No referido bloco, a
única exceção é uma residência, que fica no pavimento acima (primeiro andar) de um supermercado, de
propriedade única (proprietário do mercado é o mesmo da residência).

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GARANHUN
S

SÃO CAETANO

Legenda: -------- Linha aproximada de delimitação da faixa de domínio da BR-423.


Nota: A sequência de registros apresenta o conjunto dos imóveis seguindo no sentido Garanhuns – São Caetano.
Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-103 – Bloco de imóveis, predominantemente comerciais, localizados totalmente dentro da faixa de
domínio da BR-423, no distrito de Neves, em Jucati-PE.

O conjunto imobiliário apresentado, ajuda a compreender a complexidade da ocupação, considerando


que esses imóveis não pertencem a um mesmo grupo familiar ou pessoa, têm diversas funções e
atendem a diferentes públicos. A sorveteria, observada na imagem, é conhecida local e regionalmente
pelos produtos oferecidos, ao passo que a loja de rações e o supermercado atendem às necessidades dos
moradores do núcleo urbano e daqueles que habitam a área rural próxima.
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A instalação da faixa de duplicação nesse trecho demandará uma intervenção bem acentuada na
dinâmica física do lugar, considerando que foram identificados 32 imóveis na margem direita da
rodovia (sentido Garanhuns – São Caetano) e 30 imóveis no lado oposto. A faixa contínua com maior
extensão territorial é a do lado direito, uma vez que conta com imóveis de maior porte e se estende por
quase toda a mancha urbana. No lado esquerdo, embora o número de imóveis seja bem próximo ao
observado do outro lado, a extensão linear, à margem da rodovia, é bem menor (cerca de metade do
lado oposto), dado os imóveis trazerem como principal característica o menor porte. Vale destacar que
a instalação (reconhecimento) do distrito de Neves data do ano de 1968 (Lei municipal nº 97, de 13 de
março de 1968, do município de Jupi). Nesse sentido, é possível assegurar que a ocupação observada
tem mais de 54 anos, considerando que, para a elevação à categoria de distrito, é necessário um mínimo
de adensamento humano em um dado local.

Portanto, considera-se prudente refletir no plano de consolidação do projeto de engenharia a


possibilidade de desvio da rota duplicada, evitando a necessidade de remoção de uma população já
consolidada (há mais de 50 anos), ainda que em trecho indevido. Vale lembrar que os processos de
consolidação de aglomerados espaciais humanos ocorrem de forma orgânica, resultando das interações
sociais vigentes, projetadas no espaço. O poder público, nesse contexto, atua como um vetor de
direcionamento de esforços, por meio de políticas estruturais – que garantem melhores condições para
instalação em um dado local em detrimento de outro – para racionalizar o processo de (re)construção
do espaço geográfico. Quando se observa a realidade discutida, percebe-se que o poder público, por
ação ou omissão, cooperou para as condições espaciais vigentes, sendo necessário à intervenção
proposta refletir sobre os menores impactos a serem gerados a partir do processo de duplicação.

Quando perguntados sobre as condições de segurança da via no trecho que corta o distrito de Neves,
todos concordaram em três aspectos: são raros os acidentes; é muito difícil a travessia em horário de
pico (pela manhã e no final da tarde), em razão do intenso fluxo de veículos; e o volume de acidentes
nos trechos imediatamente anterior e posterior ao povoado são alarmantes, com relatos seguidos de
eventos com resultado morte, de pessoas próximas ou conhecidas pelos entrevistados. Diante de tal
situação, os pesquisadores questionaram qual era a expectativa de impacto da duplicação da rodovia na
realidade local, considerando duas hipóteses: o desenvolvimento de uma duplicação imediatamente
lateral à via atual e uma duplicação que passe por fora da malha urbana.

A possibilidade de duplicação, em qualquer das duas realidades apresentadas, tem um potencial de


impacto elevado, segundo a percepção dos residentes. Quando considerada a hipótese de duplicação do
trecho, ampliando a área do atual traçado, as preocupações estiveram vinculadas à necessidade de
instrumentos de travessia e controle de velocidade (passarelas e lombadas eletrônicas), pois quase todos
concordaram sobre haver uma tendência ao aumento do fluxo de veículos, dada a maior facilidade de
trânsito. Quando aventada a possibilidade do traçado ser desviado, para não alterar a logística do
distrito, a percepção dos comerciantes foi de que tal opção causaria a diminuição abruta do fluxo de
pessoal, acarretando a perda sensível de vendas e podendo gerar a impossibilidade de manutenção do
comércio. Embora perguntados, os respondentes não informaram o percentual das vendas para os
transeuntes em relação àquelas feitas aos residentes, sendo apenas indicado que a venda de produtos
resultante do tráfego de veículos de grande porte (caminhões) era fundamental para as receitas. Ao
longo da atividade de campo foi possível observar veículos desse tipo estacionados na via local
somente no final da tarde, enquanto durante o dia apenas pessoas locais aparentavam fazer uso das
estruturas de comércio.
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É preciso considerar que os impactos negativos nesse trecho serão inevitáveis, considerando que, para
que a faixa de domínio fosse realmente respeitada, seria necessário um processo maciço de
desocupação das duas margens da rodovia, dado o total desacordo com as normas de recuo das
construções atualmente instaladas. Ademais, ainda que fosse feita a opção pela desapropriação de
apenas um dos lados da via, ao menos 30 imóveis necessitariam ser suprimidos, demandando
negociação para a desapropriação e remoção de um ou mais equipamentos públicos (escola, açougue
e/ou serviço postal). Diante do exposto, parece seguro considerar que a alteração da rota rodoviária
causa menor interferência logística na realidade física observada, devendo, durante a construção do
novo trecho, haver condições físicas específicas de acesso, fácil e direto, ao distrito, bem como acordos
pré-estabelecidos entre o empreendimento, o poder público local/estadual e as empresas de transporte
(regular ou alternativo) para garantia das rotas, sob risco de isolamento dos grupos que assistem no
povoado e consequente dificuldade de acesso aos polos micro e mesorregionais.

No trecho considerado como ADA Rural, um dos mais regularmente ocupados no percurso estudado,
foram identificados 19 cultivos lineares20, difusos entre a divisa com São João-PE e a divisa com Jupi-
PE. Esse fato pode ser justificado pela tradição agrícola do município, que faz com que os grupos
populacionais da região utilizem todos os espaços disponíveis para a agricultura. Adicionalmente, a
ocorrência de pequenas áreas rurais espalhadas pelo município contribui para que alguns grupos vejam
na faixa de domínio a possibilidade de expandir sua produção sem ter que arrendar terras de terceiros.
Relatos colhidos durante as entrevistas em campo dão conta de uma realidade em que, diante de um
terreno relativamente pequeno, a produção na faixa de domínio garante um meio relativamente estável
que atende a alguma das necessidades imediatas do núcleo familiar.

O perfil dos entrevistados não apresenta grandes variações quanto aos gêneros produzidos, ao destino
da produção e à renda. Os principais gêneros são milho, feijão e mandioca (Figura 10.3-104),
conversando diretamente com o perfil produtivo rural do município. Ainda se observou o cultivo de
fava e capim, este último voltado à alimentação do gado, geralmente criado em pequenos currais e em
número modesto. Das 19 unidades identificadas, em apenas duas não foi possível identificar e
entrevistar o responsável; nas demais, obteve-se informações importantes para entender o perfil dos
indivíduos de trabalham na faixa de domínio.

20
Considerou-se como cultivos lineares aqueles trechos contínuos ou não de cultivo dentro, total ou parcialmente, da ADA,
que pertenciam, por afirmação do proprietário ou relato de vizinhos, a uma mesma pessoa ou grupo familiar. Para tanto,
deve ser entendida esta unidade espacial como referência de cultivo e não as unidades distintas por gênero.
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Legenda: 1: cultivo de milho. 2: cultivo de feijão. 3: Povoado de Neves, Jucati-PE.


Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-104– Vista de um trecho da BR-423, com cultivos à margem e o povoado de Neves, distrito do Município
de Jucati-PE, ao fundo.

Os núcleos familiares são bastante diversos em número de integrantes, variando de dois a nove
indivíduos. Apresentam renda familiar que não ultrapassa dois salários-mínimos. Das 19 unidades
identificadas, sete núcleos indicaram que pelo menos um integrante da família recebia algum benefício
social do governo (a exemplo do Bolsa Família). A alta vulnerabilidade social dos grupos analisados
contrasta diretamente com o fato de que apenas três entrevistados indicaram depender da produção
desenvolvida na faixa de domínio, manifestando preocupação com a possibilidade de supressão de
parte da faixa onde hoje desenvolvem suas atividades laborativas. Essa realidade pode ser justificada
pela farta compreensão de que o trecho cultivado é de propriedade do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes – DNIT, fazendo com que os agricultores sempre considerem a produção
como um extra, mesmo reconhecendo sua importância para a realidade familiar.

O tempo de trabalho no cultivo da maioria dos entrevistados é bastante longo, superando 10 anos, o que
coaduna com o longo período de residência daqueles que habitam o núcleo urbano, em Neves. A
relação que esses grupos humanos construíram com a rodovia é bastante interessante porque, ao passo
que aquela está ligada à ocupação por conta do tráfego e deslocamento para os centros urbanos de
referência, também permite a exploração produtiva em face da reserva de espaço em suas laterais. Os
pequenos núcleos habitacionais, nessa realidade, ganham a possibilidade de trabalharem a terra fora de
suas pequenas propriedades. Uma característica marcante observada em algumas unidades espaciais é o
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fato de que nem toda a população que habita esses ambientes rurais dispõe de terras suficientes para
cultivo de qualquer gênero. Por vezes, o terreno é um pouco maior que uma unidade espacial grande
em espaço urbano (30mX30m), sendo impossível o desenvolvimento de produção agrícola na
propriedade, tornando a faixa de terra, próxima ao domicílio, o único locus para o desenvolvimento do
talento produtivo.

Embora haja um registro amplo de que a produção seria destinada ao consumo e à venda, apenas dois
entrevistados atribuíram valores médios para a produção (300 e 1.500 reais). Aquele que indicou o
rendimento médio de 1.500 reais também foi o único que disse fazer uso de mão de obra contratada
para o desenvolvimento das atividades vinculadas ao cultivo. Fica claro que o perfil geral dos
agricultores identificados é de baixo poder aquisitivo, praticando agricultura de subsistência, ainda que
tenham a possibilidade de comercializar o excedente da produção.

O tempo de residência, predominantemente longo, ajuda na percepção das condições de segurança da


via, bem como na prospecção de possíveis impactos resultantes de sua duplicação. Quando interrogadas
sobre as condições de segurança referentes à proximidade da área de cultivo com a rodovia, as pessoas,
em sua maioria, consideraram inseguro e totalmente inseguro (dentre a gradação: Totalmente Inseguro;
Inseguro; Seguro; e Totalmente Seguro). Sobre a segurança para acidente e riscos na travessia, as
respostas predominantes foram inseguro e totalmente inseguro. Eventos presenciados pelos sujeitos da
pesquisa tendem a modular esta percepção, havendo, por vezes, uma possível desconexão com dados
estatísticos de segurança da via. Contudo, entender como essa percepção se cristaliza no imaginário
coletivo ajuda na formulação de medidas que atinjam o cotidiano dos sujeitos, validando-as no
sentimento da realidade vivida. O relato de acidentes com conhecidos e/ou presenciados foi recorrente
em todo o trecho. Colisões de veículos foram predominantes vinculadas à condição de não duplicação.

No que concerne aos impactos da duplicação da rodovia, houve uma predominância de prognósticos
positivos, mas com indicações de preocupação para o aumento de fluxo e a dificuldade de transposição
da via para os transeuntes caminhantes. A preocupação do acesso às localidades é central na maioria
das falas. A instalação de alças e retornos perto de núcleos de habitação tanto melhora a circulação
daqueles que assistem na região como evita possíveis travessias irregulares que podem culminar em
acidentes. Alguns dos pontos trazem uma organização social que permite a ocorrência de núcleos com
casas espaçadas, mas que concentram uma população considerável para um contexto rural. No núcleo
conhecido como Sítio Fama, essa preocupação foi mais evidente pelo fato de a Prefeitura estar
iniciando a instalação de uma Unidade Básica de Saúde – UBS (Figura 10.3-105), no lado oposto à
maioria das propriedades. Pensar formas de garantia de acesso a essas estruturas é fundamental para
que a duplicação viária não se converta em um fator complicador para o usufruto dos instrumentos
básicos de assistência, fundamentais à vida da população.

No mais, fora do trecho urbano, não foram identificadas estruturas físicas (imóveis) dentro da ADA,
sendo constante a presença de cultivos, alternados com áreas sem vegetação ou de vegetação nativa em
recuperação. Dentro do trecho ainda foram encontrados postos de combustíveis que apresentam suas
estruturas de acesso e identificação visual dentro da faixa de domínio, mas sem expandir suas estruturas
físicas originais (prédio e bombas) para essa região.

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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2023
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Foto: Os autores, 2022.


Figura 10.3-105 - Placa de indicação do local de construção da nova Unidade Básica de Saúde – UBS, na comunidade
Sítio Fama, no município de Jucati-PE.

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Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 192


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DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

SÃO JOÃO – PE

10.3.9.1 Histórico e dinâmica demográfica


O município de São João está localizado na mesorregião do Agreste Pernambucano, na microrregião de
Garanhuns. O antigo sítio São João tornou-se distrito do município de Garanhuns no ano de 1911,
passando à categoria de município pela Lei Estadual nº 3280, em 25 de novembro de 1958. O novo
município foi instalado em 16 de maio de 1962. Atualmente, São João possui apenas o distrito sede
(IBGE, 2022). O território tem limites com os municípios de Garanhuns, Jucati, Jupi, Angelim e
Palmeirina, todos no estado de Pernambuco.

São João tem uma população auferida, no último censo demográfico de 2010, de 21.312 pessoas e uma
população estimada de 23.002 pessoas para o ano de 2021. O aumento progressivo, embora lento da
população, segue a tendência nacional de crescimento vegetativo desacelerado. O aumento progressivo
não apresenta nenhuma oscilação na série histórica observada (Figura 10.3-106). O histórico evolutivo
do município é estável, sem desmembramentos, anexação de novos distritos ou oscilações
populacionais abruptas, demostrando uma estabilidade no processo de consolidação do agrupamento
populacional.

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO - SÃO JOÃO-PE

25.000
NÚMERO DE HABITANTES

20.000

15.000

10.000

5.000

0
1970 1980 1991 2000 2010 2021*
TOTAL 16.323 17.668 18.912 19.967 21.312 23.002
HOMENS 7.765 8.549 9.280 9.965 10.441
MULHERES 8.558 9.119 9.632 10.001 10.871

*diante do adiamento do censo demográfico de 2020, os dados mais atuais de população estão baseados na estimativa do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Fonte: IBGE, 2022
Figura 10.3-106– Evolução da população no município de São João-PE, entre os anos de 1970 e 2021.

Ao observar a distribuição da população municipal percebe-se, acompanhando a realidade nacional,


uma tendência de predominância da população urbana frente à população rural. O incremento na
população urbana do município acompanha a progressiva urbanização dos grupos humanos, afetada
pelo movimento de êxodo rural, vivenciada no Brasil, a partir da década de 1960. A população urbana
do município, que, no ano de 1970, era da ordem de 14,15% da população total, atingiu 45,31% da
população em 2010 (Figura 10.3-107). Se mantida essa taxa de crescimento, o censo de 2021 poderá
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indicar a completude do ciclo de transição de uma população predominantemente rural para uma
população predominantemente urbana.

Vale destacar que esse processo ainda não está consolidado, com uma população rural 10% superior à
urbana, aferida no censo demográfico de 2010. Se mantida a média observada até o momento, será o
suficiente para a efetivação da transição em marcha. A taxa de crescimento da população urbana do
município apresentou, a partir de 1980, uma aceleração constante com incrementos populacionais entre
1.500 e 2.500 pessoas, ao passo que a população rural diminui entre 400 e 1.200 pessoas a cada década.

TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL URBANA E RURAL DE


SÃO JOÃO-PE
URBANA RURAL TOTAL

25.000
21.312
NÚMERO DE HABITANTES

19.967
18.912
20.000 17.668
16.323
14.554
15.000 13.285 12.823
11.656
14.014
10.000
7.144
5.627 9.656
5.000 3.114
2.309

0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
ANOS

Fonte: IBGE, 2022.


Figura 10.3-107 – Evolução das populações urbanas e rurais no município de São João-PE, entre os anos de 1970 e
2010.

Enquanto percebe-se uma ascensão linear nos volumes populacionais totais, as linhas que apresentam a
evolução dos grupos por locus de vivência, rural e urbano, caminham em direções opostas tendendo,
claramente, ao cruzamento e inversão. Essa tendência já se reflete no perfil produtivo do município,
que encontra no setor de serviços o segundo maior percentual na composição do Produto Interno Bruto
(PIB) municipal. A inversão da composição do PIB já pode ser observada desde o ano de 2010, pelo
menos.

O comportamento da expansão da malha urbana permite a observação dos espaços de interesse para
consolidação dos agrupamentos humanos. A criação de novos loteamentos pode indicar os espaços
onde o mercado imobiliário local tem enxergado oportunidade e desejo de residência, indicando os
novos flancos de ocupação. Os novos núcleos de povoamentos (Figura 10.3-108) no município de São
João estão diretamente relacionados com a malha urbana de Garanhuns-PE. No mapa é possível
identificar dois loteamentos contíguos a área urbana municipal e sete vinculados ao município vizinho.
Um dos loteamentos identificados está às margens da rodovia BR-423, num trecho que não é objeto da
presente pesquisa. A proximidade com a cidade gera dinâmicas relacionais que se impõem sobre o
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poder de atração de vias de circulação, fazendo com que os novos espaços ocupados de São João não
sigam a mesma tendencia que as demais áreas.

Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-108– Mapa das áreas de expansão da malha urbana no município de São João-PE.

10.3.9.2 Características da saúde pública municipal

A qualidade de vida das populações está diretamente ligada às condições de assistência e suporte de
que dispõem, principalmente no que concerne aos grupos economicamente vulneráveis. A rede de
atendimento médico, hospitalar e ambulatorial está diretamente ligada à capacidade de acolhimento das
demandas emergentes das instabilidades da saúde humana. O município de São João conta, atualmente,
com 14 estabelecimentos de saúde, sendo 13 públicos e 1 privado. Do total de estabelecimentos, 12
realizam atendimento geral (ambulatorial) sem internação e 1 oferece atendimento de especialidades
médicas com internação. O município dispõe de 12 leitos hospitalares públicos e 1 atendimento de
emergência.

A estrutura municipal de saúde conta, atualmente, com 11 unidades do Programa Saúde da Família –
PSF, cinco postos de saúde, um consultório odontológico, três centros de especialidades e um Hospital
Geral. Além das unidades citadas, a rede municipal de saúde conta com a seguinte estrutura de
organização e gestão da Secretária Municipal: uma central de abastecimento, uma unidade do Sistema
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de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, um Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, um Núcleo


de Apoio à Saúde da Família – NASF e um Consultório Isolado, totalizando 27 estruturas de
atendimento público vinculadas à saúde da população.

A Portaria nº 204, 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, define a Lista Nacional de


Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública nos serviços de saúde
públicos e privados em todo o território nacional. Nesse sentido, a determinação do perfil nosológico da
população de uma porção do território nacional pode ser feita utilizando os dados disponibilizados pelo
Ministério da Saúde, num dado período, dentre as doenças reportadas. O município de São João
apresenta sete enfermidades do grupo supracitado, reportados ao Ministério, entre os anos de 2012 e
2022 (Figura 10.3-109).

PERFIL NOSOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO-PE


300
NÚMERO DE CASOS

250

200

150

100

50

0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
DENGUE 0 0 0 14 295 206 16 58 36 0 0
SÍFILIS ADQUIRIDA 0 0 0 0 0 1 1 5 4 1 5
INTOXICAÇÃO EXÓGENA 0 0 0 1 2 78 96 8 9 3 0
ESQUITOSSOMOSE 0 1 3 2 1 0 0 0 0 0 0
HEPATITE 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
TUBERCULOSE 5 11 5 3 6 3 7 2 2 3 0
HANSENÍASE 4 4 2 1 1 1 1 2 0 1 0
HIV/AIDS 0 1 2 4 1 0 5 4 1

Nota: Foram apresentadas as doenças constantes na Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde, que define a
Lista Nacional de Notificação Compulsória.
Fonte: DATASUS, 2022.
Figura 10.3-109 – Perfil nosológico do município de São João, no Estado de Pernambuco, entre os anos de 2012 e
2022.

A quantidade e recorrência dos casos de dengue merecem destaque por evidenciar um grave problema,
que rege a gestão da saúde pública brasileira, decorrente da profunda desigualdade social. Doenças
difundidas por vetores estão associadas às condições precárias de ocupação do espaço e de moradia,
sendo recorrentes, também, pela insuficiência de saneamento básico e coleta regular de resíduos
sólidos. A presença constante dessas notificações, em todos os municípios do trecho estudado, ajuda a
notar que independente do porte e das condições econômicas do município, o enfrentamento a este tipo
de patologia ainda é insuficiente. A observação detida do fenômeno de contaminação pela dengue
revela a ocorrência de um surto concentrado nos anos de 2016 e 2017, com acontecimentos nos anos de
2015, 2018, 2019 e 2020. Vale ressaltar que a terminologia “surto”, aqui apresentada, refere-se ao fato
da ocorrência elevada em relação ao padrão observado nos anos imediatamente anteriores e posteriores,

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sem guardar semelhança com uma contaminação massificada de um elevado percentual da população,
uma vez que os registros não dão conta de volumes superiores a 295 contaminações.

Outro fator indicativo das condições de baixa salubridade do ambiente municipal é a constante
notificação de casos de doenças com processos de transmissão e prevenção conhecidos. A tuberculose,
por exemplo, tem recorrência de contaminação em todos os municípios da área estudada. Em São João,
apenas no ano de 2022, não há notificação para essa doença, mesmo diante de um baixo número de
infectados (máximo de 11, no ano de 2013). A baixa infecção demostra não haver um surto instaurado
ou uma condição de exceção epidemiológica, mas sim de uma condição sustentada, mantida pelas
condições socioespaciais vigentes. Embora o número de casos observados seja bastante reduzido em
relação à população total (pouco mais de 21.000 habitantes), há uma clara dificuldade de zerá-lo.

Não obstante às condições sociais postas, é necessário destacar que qualquer ação, no ambiente, que
insira, retire ou desloque matéria, bem como qualquer intervenção na infraestrutura ou em atividades
produtivas tem o potencial de agravar alguns fatores de mudança das condições ambientais. A retirada
ou depósito de resíduos da construção civil, em grandes obras de engenharia, bem como o descarte
indevido de materiais de uso comum, rejeitados pelos profissionais integrantes da equipe de execução,
pode intensificar a proliferação de vetores biológicos. Nesse contexto, é fundamental uma atenção
especial durante o gerenciamento dos resíduos na execução da duplicação da BR-423, mas também
aqueles relacionados à alimentação, vestuário e equipamentos de proteção individual ligados à obra.

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH é um dado estatístico usado para classificar os países e
demais porções do território, levando em consideração para composição do seu valor: a expectativa de
vida; a educação (média de anos de escolaridade completados e anos esperados de escolaridade ao
entrar no sistema de educação); e, indicadores de renda per capita. O IDH gera um valor compreendido
de 0 a 1, sendo os valores próximos de 1, aqueles que indicam melhores condições de desenvolvimento
humano. São João tem um IDH de 0,570 (IBGE, 2010). Embora o valor mais recente seja baixo, é
necessário registar que nos anos de 1991 e 2000 os índices eram 0,278 e 0,398, respectivamente. O
IDH do Estado de Pernambuco foi de 0,673 (2010), 0,544 (2000) e 0,440 (1991), o que indica que,
embora esteja abaixo da média estadual, o município segue a tendência de melhoria nas condições de
desenvolvimento humano.

10.3.9.3 Indicadores de educação, renda e trabalho

Considerando que o índice, anteriormente citado, apresenta a educação como um dos fatores a
determinar o desenvolvimento humano, cumpre destacar que o município conta com 27
estabelecimentos de educação infantil, 29 de ensino fundamental e 1 de ensino médio, tendo um total
de 176 docentes e 4.012 estudantes. O número de instituições de educação no município é marcado por
dois fenômenos: a leve oscilação nos últimos anos, com aumento no número de unidades de ensino
infantil e diminuição das instituições de ensino fundamental (Figura 10.3-110); e, a predominância de
instituições municipais, com apenas uma instituição estadual de ensino médio.

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO NÚMERO DE ESCOLAS/ANO, EM


SÃO JOÃO-PE
40
NÚMERO DE ESCOLAS

35
30
25
20
15
10
5
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ensino infantil 21 26 31 33 27 25 24 27 26 25 27 25 27 27
Ensino fundamental* 40 39 37 37 35 32 33 31 31 32 31 29 29 29
Anos iniciais** 39 38 36 36 34 31 33 31 31 32 31 29 29 29
Anos finais** 2 2 2 3 4 4 3 3 3 3 3 4 4 4
Ensino médio 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Legenda: *Os dados referentes às instituições de ensino fundamental apresentam os valores totais desta etapa do ensino. **Os
quantitativos de instituições ofertantes de anos iniciais e finais do ensino fundamental representam um desmembramento dos valores das
escolas de ensino fundamental.
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP, 2022; IBGE, 2022.

Figura 10.3-110– Evolução histórica do número de instituições de ensino no município de São João-PE, entre os anos
de 2008 e 2021.

A aferição das condições do aprendizado permite o desenvolvimento de estratégias para a melhoria das
estruturas e dos processos de ensino formal vigentes, a fim de ofertar condições dignas de formação
escolar. Ciente da necessidade de avaliar e monitorar o desenvolvimento da educação básica no país, o
Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira – INEP, desenvolveu o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, em 2007.
Este índice reúne os resultados de duas variáveis fundamentais para a percepção da qualidade
educacional: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O índice varia de 0 a 10. A
combinação entre fluxo e aprendizagem tem o objetivo de equilibrar essas duas dimensões,
compreendendo que a formação de qualidade no tempo planejado é o melhor caminho para uma
formação qualificada. O índice ainda é um importante marcador para políticas públicas em prol da
melhoria na educação, sendo utilizado como uma ferramenta para acompanhamento das metas de
qualidade do serviço prestado.

O município de São João tem apresentado uma melhora constante nos valores obtidos no índice entre
os anos de 2005 e 2021 (Figura 10.3-111), com exceção do ano de 2013 para o ensino fundamental.
Observam-se, na última avaliação, valores superiores à média estadual e um pouco abaixo da média
nacional, para o ensino público nos anos iniciais do ensino fundamental (São João – 5,3; PE – 5,1; BR
– 5,5). Nos anos finais do ensino fundamental, embora em uma constante ascendente, ainda apresentou
valores abaixo das médias estadual e nacional (São João – 4,4; PE – 4,7; BR – 4,9). O ensino médio
obteve o conceito 4, mantendo-se próximo das médias estadual e nacional (PE – 4,4; BR – 3,9).
Destaca-se, ainda, que, apenas os anos iniciais do ensino fundamental têm conseguido manter um
padrão linear de melhoria.

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EVOLUÇÃO DO IDEB DO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO-PE


6

5
VALORES DO IDEB

0
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
E.F. Anos iniciais (Municipal) 2,3 2,7 3,3 4,4 4,5 5,5 5,1 5,2 5,3
E.F. Anos finais (Municipal) 1,8 2 2,9 3,1 2,4 3 3,9 4,4 4,4
E.F. Anos finais (Estadual) 2,3 2,4 2,6 3,6 3,7
Ensino médio (estadual) 4 4,3 4

Legenda: E.F.: Ensino Fundamental; IDEB: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.


Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2021; IBGE, 2022.

Figura 10.3-111 – Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, no município de São João-
PE, entre os anos de 2005 e 2021.

A taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade, auferida no ano de 2010, foi de 96,3%. Tal realidade
contrasta com um número expressivo de pessoas que declararam, não terem o ensino fundamental e/ou
médio incompleto (88,35% da população). O número de pessoas com ensino médio completo e que
acessaram o ensino superior – completo ou incompleto (Figura 10.3-112) – revela a deficiência
histórica no acesso à educação formal, ainda que, desde a promulgação da Constituição de 1988, ela
seja considerada um direito universal. O acesso à educação formal garante melhores condições de
inserção no mercado de trabalho, possibilitando qualificação da mão de obra e atuando como um
gerador indireto de renda para o contexto local.

No que se refere à realidade de município de São João, é necessário indicar que as atividades
econômicas apresentam importância na seguinte ordem para o PIB municipal: 1 – administração
pública; 2 – serviços; 3 – agropecuária; e, 4 – indústria. Atestando a relevância da educação para
atender a demanda desses setores. Embora alguns ramos do setor de serviços e do setor industrial
exijam menor qualificação, o conjunto das atividades de melhor remuneração requer qualificação
formal de nível médio, técnico e superior. Ademais, a própria administração pública exige formação
específica como um dos critérios de atuação.

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Nível de instrução da população de São João-PE

148
361

Sem instrução e fundamental


1523 incompleto
Fundamental completo e médio
2094 incompleto
Médio completo e superior
incompleto
Superior completo
13316
Não determinado

Fonte: Censo demográfico de 2010, IBGE, 2022.

Figura 10.3-112 – Nível de instrução da população de São João-PE, auferido no censo de 2010.

O município de São João apresentou, em 2020, um grau de ocupação na ordem de 6,1% 1.405 pessoas,
com rendimento médio de 1,5 salário-mínimo. Adicionalmente, 54,2% possuíam rendimento médio per
capita de até 1/2 salário-mínimo, em 2010. O censo demográfico desse ano identificou contradições
mais profundas dentro da realidade local: enquanto 159 domicílios apresentaram renda declarada de
mais de cinco salários-mínimos (10 deles declarando mais de 20 salários-mínimos), 3.088 declararam
rendimento de até um salário-mínimo (Figura 10.3-113).

Renda declarada por quantidade de domicílio particulares permanente

Sem rendimento
Até 1/2 S.M.
1690
Mais de 1/2 a 1 S.M.
872 10
127 Mais de 1 a 2 S.M.
32 0 Mais de 2 a 5 S.M.
254
Mais de 5 a 10 S.M.
1541 22
Mais de 10 a 20 S.M.
1293
Mais de 20 S.M.
Sem declaração

Legenda: S.M: Salário-Mínimo


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Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

Figura 10.3-113 - Renda declarada por quantidade de domicílios permanentes, no município de São João-PE, no ano
de 2010.

Quando observada a renda individual, a distribuição da riqueza evidencia grande concentração e


profunda desigualdade (Figura 10.3-114), com 91,51% da população obtendo até um salário-mínimo
mensal. Nesse contexto, a oferta de postos de trabalho, com requerimento de qualificação técnica de
baixo nível ou com potencial de formação de mão de obra, pode gerar um incremento nas receitas
municipais e uma melhoria nas condições materiais de vida da população. É fundamental compreender
que além do circuito formal de circulação de capital, há um circuito informal, que se vale da dinâmica
de produção e reprodução das estruturas financeiras e produtivas, que se conectam de forma objetiva
sustentando-se de forma estável. Nesse sentido, a estrutura demandada para a efetivação de qualquer
empreendimento de engenharia movimenta a economia em microescala, aquecendo os fluxos
econômicos nos diferentes circuitos.

Classe de rendimento nominal mensal de São João-PE

Sem rendimento
Até 1/4 de S.M.

4387 195 Mais de 1/4 a 1/2 S.M.

132 8 Mais de 1/2 a 1 S.M.


1569
Mais de 1 a 2 S.M.
1063 68
1 Mais de 2 a 3 S.M.
2198
Mais de 3 a 5 S.M.
21 3
Mais de 5 a 10 S.M.
9
7794 Mais de 10 a 15 S.M.
Mais de 15 a 20 S.M.
Mais de 20 a 30 S.M.
Mais de 30 S.M.

Legenda: S.M.: Salário-Mínimo.


Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.

Figura 10.3-114 - Rendimento mensal, por pessoa, no município de São João-PE, no ano de 2010, por classe de renda.

10.3.9.4

Considerando o perfil econômico do município de São João é possível afirmar que, por suas condições
de vulnerabilidade socioeconômica, haja uma sensível demanda por aproveitamento da mão de obra
para as atividades do empreendimento. Vale destacar que a malha urbana do município está localizada
afastada da Área Diretamente Afetada, o que dificulta o aquecimento das atividades econômicas apenas
com o desenvolvimento direto da obra. Diante do perfil médio de renda e do grande contingente de
pessoas com força de trabalho ociosa, a inserção de renda tende a impactar positivamente a dinâmica
econômica durante a atividade da obra de duplicação da BR-423. É preciso, contudo, que a captação
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da mão de obra seja realizada de forma ativa para garantir os impactos positivos na geração de trabalho
e renda nessa porção do território.

10.3.9.5 Meios de comunicação de abrangência municipal

O desenvolvimento dos meios de comunicação, aliado à popularização das redes sociais digitais,
possibilitou novas formas de interação e informação. Não é possível compreender essas novas formas
sem considerar a existência de blogs, perfis em redes sociais, canais no youtube, comunicação através
de aplicativos de mensagens, em interação com os meios tradicionais (televisão, rádio, rádio difusão,
jornal e sites oficiais). Atualmente, o município de São João conta com sete principais meios de
comunicação locais: três vinculados à Prefeitura Municipal – site oficial, perfil do instagram e perfil no
facebook - e duas rádios, ambas com perfil no instagram.

Tabela 10.3-30 – Lista dos meios de comunicação, de caráter local, identificados no município de São João-PE.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO - SÃO JOÃO


MEIO
SITE/@ RESPONSÁVEL VIGÊNCIA CONTATO
COMUNICAÇÃO
Rádio FM Areia
Rádio Branca (FM 87.9 FM 87.9 MHz Herlan Naiton 2017
MHz)
https://instagram.com/fmareiabranca?ig
Instagram Rede Social Herlan Naiton
shid=YmMyMTA2M2Y=
Site Site Oficial https://www.saojoao.pe.gov.br Prefeitura (87)3784-1154
https://www.instagram.com/prefsaojoao
Instagram Rede Social Prefeitura (87)3784-1146
/
Facebook Rede Social https://www.facebook.com/prefsjpe Prefeitura (87)3784-1258
radiowebsaojoaof
Rádio Rádio Online http://www.radiowebsaojoaofm.com.br/
m@gmail.com
https://www.instagram.com/radioweb
Instagram Rádio Online
saojoaofm/?next=%2F
Fonte: Dados da pesquisa de campo.

As estruturas de comunicação aqui apresentadas (vinculadas às redes sociais) não abarcam


perfis laterais ligados à Prefeitura (secretarias, projetos etc.) ou a instituições privadas de comércio
(lojas, parques, restaurantes etc.), apenas tratando daqueles perfis que se propõem a informar questões
referentes ao cotidiano municipal, oficialmente ou não. É fundamental que fatos eventualmente
reportados, feitos por instrumentos físicos ou digitais oriundos de outras meios, não figurem como
atividade de comunicação, para distinguir as atividades fins dos perfis/instrumentos. Nesse contexto,
blogs pessoais ou ações de influencers digitais não integram o conjunto das atividades analisadas.

10.3.9.6 Áreas rurais, urbanas e de expansão, principais usos rurais

Os espaços urbanos e rurais distinguem-se não somente por suas estruturas físicas, constitutivas de
espaços geográficos complexos e resultantes das formas distintas de criação e recriação das trocas
relacionais (fluxos) projetadas nas estruturas físicas (fixos), mas também nas formas de uso a que estão
submetidos. Qualquer intuito de compreensão desses espaços demanda um entendimento do
funcionamento e das perspectivas de ampliação de cada uma dessas porções do território municipal,
investigando a própria dinâmica de evolução espacial.
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A produção agropecuária do município pode ser apresentada em quatro grupos, adotando o critério
utilizado pelo IBGE: extração vegetal e silvicultura (Tabela 10.3-24); desenvolvimento de lavouras
permanentes (Tabela 10.3-25); desenvolvimento de lavouras temporárias (Tabela 10.3-26); e,
desenvolvimento de atividade pecuária (Tabela 10.3-27).

Em 2019, a agropecuária respondeu por 20,94% do Produto Interno Bruto – PIB do município (Figura
10.3-115), sendo, apenas, a terceira fonte de receita na composição do PIB municipal. São João
apresenta uma realidade particular porque, mesmo tendo os serviços como a segunda fonte de renda na
composição do PIB, encontra na agropecuária parte considerável da sua atividade produtiva. Com uma
vasta área rural, conta com regiões inseridas nos domínios de Caatinga e de Mata Atlântica. A
produção agrícola ocupa mais da metade do seu território, sendo quase que a totalidade dessa área
destinada à produção de lavouras temporárias; dentre elas, a produção de feijão é aquela com maior
importância para a realidade local, impactando na produção regional desse gênero. O principal volume
monetário na composição do PIB municipal é a Administração pública (46,89%), realidade
compartilhada com muitos dos municípios de menor porte da região.

PIB por atividade econômica de São João-PE


120000

100000

80000
R$ (X1.000)

60000

40000

20000

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Agropecuária 19765 20077 21830 31256 25929,8823933,1239295,3731198,5542966,4846855,37
Indústria 2926 3731 5458 5758 6079,4 6165,21 6843,44 5533,94 7367,52 8047,20
Serviços - Exceto Adm. Pública 20501 24584 33876 38932 44049,8243287,9555278,6556713,6559846,8363917,50
Adm. Pública 51078 57239 63014 68947 76102,3979956,2787699,8495267,7799734,63104917,89

Legenda: Adm. Pública: Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social. R$: reais brasileiros.
Nota: Os dados de 2019 estão sujeitos a revisão, em divulgações posteriores do instituto (Coleta em 29/09/2022).
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca
de Manaus – SUFRAMA.

Figura 10.3-115 - Evolução do Produto Interno Bruto - PIB do município de São João-PE, por atividade, entre os
anos de 2010 e 2019.

A segunda maior participação no PIB concentra-se no setor de Serviços (28,57%), fato que demanda
um olhar mais atento sobre a realidade observada. Embora o ambiente rural, vinculado à produção de
feijão tenha um lugar central nos rendimentos dessa localidade, muito da produção é realizada em
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escala compatível com as pequenas propriedades rurais e abastecimento de feiras livres, dentro e fora
do território municipal.
Diante desse contexto, a maior parte do fluxo financeiro é direcionado ao consumo, uma vez que, esses
produtores representam um percentual bastante considerável dentre os que movimentam a economia
local no que se refere ao setor de serviços. Quando o olhar está direcionado para um ramo de atividade
específico é comum a compreensão parcial do fator observado, por este motivo, o entendimento do
contexto local desses movimentos, ajuda na compreensão de uma realidade em microescala.
As atividades no setor de serviços proporcionam uma difusão maior de renda no contexto municipal,
embora apresentem tendência instável quanto à rentabilidade. A dependência na manutenção do
consumo, diretamente ligado ao poder de compra, cria vulnerabilidade em momentos de instabilidades
macroeconômicas. No contexto observado, há ainda uma relação direta entre as condições de
produtividade no campo e a manutenção desse consumo, fazendo com que esses dois parâmetros
evoluam de forma relacionada. A variedade na produção agropecuária do município está alinhada com
aquela observada no contexto regional imediato, baseada em outras fontes de renda, como a
administração pública e outros meios externos.

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Tabela 10.3-31 - Características produtivas da extração vegetal no município de São João–PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Extração vegetal em São João-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 21 21 21 20 21 19 18 19 21 19 10 18 8 8 7 6 4 1
Castanha de caju
Valor da produção (*R$) 20 20 17 22 16 14 31 19 25 27 25 50 20 24 23 22 13 5
Quantidade produzida (t) 25 15 5 4 4 4 4
Umbu
Valor da produção (*R$) 50 30 11 8 7 7 7
Quantidade produzida (t) 7 7 5 3 2 2 2 2 2 2 2 6 6 5 5 5 4 4
Carvão Vegetal
Valor da produção (*R$) 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 5 5 5 5 5 10
Quantidade produzida 4235 4315 2315 1200 900 820 200 200 180 170 170 350 350 600 650 1100 900 900
Lenha (m³)
Valor da produção (*R$) 30 34 23 18 11 13 4 3 3 3 3 6 7 15 16 28 25 36
Legenda: t: tonelada; R$: valor em real brasileiro *(x 1.000). m³: metros cúbicos
Fonte: I BGE, Produção da Extração Vegetal e Silvicultura, 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022
Nota: O símbolo "0" significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
Nota: Atribui-se zeros aos valores dos municípios onde, por arredondamento, os totais não atingem à unidade de medida.
Nota: Os espaços sem números indicam a não ocorrência de registro de produção, naquele ano.

Tabela 10.3-32 - Características produtivas das lavouras permanente no município de São João-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Lavoura Permanente de São João-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 5 6 6 6 5 3 3 30
Valor da produção (R$) 1 2 2 2 2 1 1 9
Abacate Área destinada à colheita (ha) 5 5 5 5 3 3 3 3
Área colhida (ha) 5 5 5 5 3 3 3 3
Rendimento médio (kg/ha) 1000 1200 1200 1200 1666 1000 1000 10000
Quantidade produzida (t) 129 121 115 115 70 80 80 80 70 70 42 42 42 42 28 43 51
Banana (cacho) Valor da produção (R$) 43 52 35 42 25 29 29 28 28 32 17 11 21 17 10 33 85
Área destinada à colheita (ha) 18 17 16 16 10 10 10 10 10 10 6 6 6 6 4 6 6

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Lavoura Permanente de São João-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Área colhida (ha) 18 17 16 16 10 10 10 10 10 10 6 6 6 6 4 6 6
Rendimento médio (kg/ha) 7166 7117 7187 7187 7000 8000 8000 8000 7000 7000 7000 7000 7000 7000 7000 7167 8500
Quantidade produzida (t) 90 90 90 90 30 25 25 25 15 10 7 4 7 4 1
Valor da produção (R$) 250 290 279 302 105 90 90 90 54 40 18 20 47 26 16
Café (grão) Área destinada à colheita (ha) 150 150 150 150 60 50 50 50 30 20 14 10 14 8 2
Área colhida (ha) 150 150 150 150 60 50 50 50 30 20 14 10 14 8 2
Rendimento médio (kg/ha) 600 600 600 600 500 500 500 500 500 500 500 400 500 500 500
Quantidade produzida (t) 150 150 153 153 163 100 100
Valor da produção (R$) 148 144 138 153 98 60 60
Castanha de Caju Área destinada à colheita (ha) 170 170 170 170 170 100 100
Área colhida (ha) 167 167 170 170 170 100 100
Rendimento médio (kg/ha) 898 898 900 900 958 1000 1000
Quantidade produzida (t) 58 54 53 53 20 20 20 60 45 40 40 40 40 40 34 40 50
Valor da produção (R$) 17 20 27 32 12 12 12 36 27 32 20 40 44 30 41 80 60
Laranja Área destinada à colheita (ha) 13 13 13 13 5 5 5 15 15 10 10 10 10 10 10 10 10
Área colhida (ha) 13 13 13 13 5 5 5 15 15 10 10 10 10 10 10 10 10
Rendimento médio (kg/ha) 4461 4153 4076 4076 4000 4000 4000 4000 3000 4000 4000 4000 4000 4000 3400 4000 5000
Quantidade produzida (t) 3 3 3 3 3 4 4
Valor da produção (R$) 1 1 1 1 1 1 1
Limão Área destinada à colheita (ha) 2 2 2 2 2 2 2
Área colhida (ha) 2 2 2 2 2 2 2
Rendimento médio (kg/ha) 1500 1500 1500 1500 1500 2000 2000
Quantidade produzida (t) 9 10 10 10
Valor da produção (R$) 4 6 7 7
Mamão
Área destinada à colheita (ha) 1 1 1 1
Área colhida (ha) 1 1 1 1

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Lavoura Permanente de São João-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Rendimento médio (kg/ha) 9000 10000 10000 10000
Quantidade produzida (t) 231 231 201 201 230 230 230 138 92 184 184 396 184
Valor da produção (R$) 54 57 56 52 62 60 60 35 24 77 110 111 147
Manga Área destinada à colheita (ha) 23 23 20 20 23 23 23 23 23 23 23 13 23
Área colhida (ha) 23 23 20 20 23 23 23 23 23 23 23 13 23
Rendimento médio (kg/ha) 10043 10043 10050 10050 10000 10000 10000 6000 4000 8000 8000 30462 8000
Quantidade produzida (t) 9 9 9 9 4 4 4 4 2 2 3 3 3 12 20 20
Valor da produção (R$) 6 7 7 6 3 3 3 2 2 2 3 2 3 11 26 26
Maracujá Área destinada à colheita (ha) 5 5 5 5 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2
Área colhida (ha) 5 5 5 5 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2
Rendimento médio (kg/ha) 1800 1800 1800 1800 2000 2000 2000 2000 1000 1000 1500 1500 1500 12000 10000 10000
Legenda: t: tonelada; R$: reais brasileiros *(x 1.000); ha: hectares; kg/ha: quilogramas/hectares.
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

Tabela 10.3-33 – Características produtivas das lavouras temporárias no município de São João-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Lavouras Temporárias de São João-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade produzida (t) 2 2 1 1
Valor da produção (R$) 2 2 1 1

Algodão Área plantada 7 6 3 3

Área colhida 7 6 3 3
Rendimento médio 285 333 333 333
Quantidade produzida (t) 30 30 48 48
Batata Doce Valor da produção (R$) 10 10 22 24
Área plantada 4 4 6 6

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Lavouras Temporárias de São João-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Área colhida 4 4 6 6
Rendimento médio 7500 7500 8000 8000
Quantidade produzida (t) 840 840
Valor da produção (R$) 38 38
Cana-de-
Área plantada 20 20
açúcar
Área colhida 20 20
Rendimento médio 42000 42000
Quantidade produzida (t) 9 9 9 9 7 7 7 7 2 4 7 7 4 2
Valor da produção (R$) 12 12 13 15 12 8 11 13 6 12 18 53 40 15
Área plantada 40 40 35 35 60 20 20 20 20 10 15 15 10 5
Fava (grão)
Área colhida 37 35 35 35 60 20 20 20 10 10 15 15 10 5

Rendimento médio 243 257 257 257 116 350 350 350 200 400 467 467 400 400
Quantidade produzida (t) 8742 3762 7380 7380 5000 8651 6300 7720 660 10000 6550 1000 6500 4800 7020 10728 5305 24570
Valor da produção (R$) 10447 4679 8081 12509 7850 12803 12096 11698 1920 15075 13100 2750 24471 10320 18699 23244 24130 113846
Feijão (grão) Área plantada 11000 10400 10500 10500 10300 12500 12000 12500 5600 12000 13000 1750 13000 12000 11500 9500 8000 11700
Área colhida 10900 9300 10500 10500 10000 12500 12000 12500 2500 12000 13000 1500 13000 7600 11500 8940 8000 11700
Rendimento médio 802 404 702 702 500 692 525 1120 264 833 504 667 500 632 610 1200 663 2100
Quantidade produzida (t) 135 80 9 2 2 2
Valor da produção (R$) 122 47 5 1 1 1
Mamona Área plantada 150 130 11 3 2 2
Área colhida 150 100 11 3 2 2
Rendimento médio 900 800 818 666 1000 1000
Quantidade produzida (t) 24700 25350 22800 22800 21600 24000 28800 28800 30000 30000 10000 7800 2400 6000 30000 15120 36000 39600
Mandioca Valor da produção (R$) 3730 2757 2793 4104 3672 4080 4896 5760 24000 21000 3000 2730 1800 3060 7500 3318 12600 19008
Área plantada 1900 1950 1900 1900 4000 2000 2400 2400 2000 3000 940 900 1000 500 3000 1010 3000 3300

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Lavouras Temporárias de São João-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Área colhida 1900 1950 1900 1900 1800 2000 2400 2400 2000 3000 940 600 800 500 3000 1010 3000 3300
Rendimento médio 13000 13000 12000 12000 12000 12000 12000 12000 15000 10000 10638 13000 3000 12000 10000 14970 12000 12000
Quantidade produzida (t) 60 60 65 65 52 65 130 130 80 65 48 48 50 24
Valor da produção (R$) 12 16 21 25 19 24 48 44 36 33 29 24 75 29
Melancia Área plantada 5 5 5 5 4 5 10 10 10 5 4 4 4 2
Área colhida 5 5 5 5 4 5 10 10 10 5 4 4 3 2
Rendimento médio 12000 12000 13000 13000 13000 13000 13000 13000 8000 13000 12000 12000 16667 12000
Quantidade produzida (t) 363 297 624 624 750 640 640 800 144 600 640 450 576 216 540 50 4 7200
Valor da produção (R$) 159 119 233 362 375 272 320 288 52 360 448 300 691 151 378 39 5 9600

Milho (grão) Área plantada 1400 1400 1300 1300 1500 1600 1600 1600 1200 1200 1600 1500 1600 1600 1500 100 10 1200

Área colhida 1100 1100 1300 1300 1500 1600 1600 1600 1200 1200 1600 1500 1600 300 1500 100 10 1200
Rendimento médio 330 270 480 480 500 400 400 500 120 500 400 300 360 720 360 500 400 6000
Quantidade produzida (t) 69 420 390 390 650 600 600 600 800 525 1077
Valor da produção (R$) 45 433 187 238 403 372 474 420 280 263 1795
Tomate Área plantada 3 6 6 6 10 10 10 10 20 15 30
Área colhida 3 6 6 6 10 10 10 10 20 15 30
Rendimento médio 23000 70000 65000 65000 65000 60000 60000 60000 40000 35000 35900
Legenda: t: tonela; R$: reais brasileiros *(x 1.000); ha: Hectares; kg/ha: quilogramas/hectares
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022

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Tabela 10.3-34 – Características produtivas da produção pecuária no município de São João-PE, entre os anos de 2004 e 2021.

Produção Pecuária de São João-PE


2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Asinino Efetivo do rebanho (Cabeças) 86 84 86 80 74 68 69 65 60
Efetivo do rebanho (Cabeças) 7805 7817 12132 14100 12450 14319 15100 15340 11899 8900 11963 12510 12601 10664 11397 13000 11588 11000
Vaca ordenhada (Cabeças) 1493 1506 1987 2200 2410 2450 3480 3980 2872 2200 3154 3700 3750 1846 1805 3250 3200 3300
Bovino
Quantidade produzida (L) 1705 1729 2295 3003 3037 3087 4750 4597 3016 2400 8516 10000 10125 3986 4875 8775 8649 9344
Valor da produção (*R$) 3356 2412 2352 7238 7000 10125 4385 4875 10091 11676 14016
Bubalino Efetivo do rebanho (Cabeças) 20 10
Caprino Efetivo do rebanho (Cabeças) 537 528 530 540 490 442 480 490 310 443 553 596 585 726 839 950 973 975
Efetivo do rebanho (Cabeças) 64262 65850 65850 75680 70780 76900 76900 116000 116000 130000 119438 237000 281000 300000 350000 305000 320000 280000
Galinha (Cabeças) 5743 5634 5827 6480 6680 6400 5500 5000 4800 6000 71663 59250 70250 75000 90000 91500 95000 80000
Galináceo/ ovos
Quantidade produzida (Dúzias) 30 30 31 40 47 46 45 36 31 35 824 271 808 863 1035 1052 1092 1100
Valor da produção (*R$) 90 81 123 2884 1623 4847 5175 6210 6314 6555 5280
Quantidade produzida (kg) 80 85 85 50 60
Mel de abelha
Valor da produção (*R$) 10 10 11 6 9
Equino Efetivo do rebanho (Cabeças) 360 361 358 369 390 400 410 400 380 450 493 482 502 560 540 570 559 600
Muares Efetivo do rebanho (Cabeças) 78 79 78 68 59 55 51 50 30
Efetivo do rebanho (Cabeças) 255 249 256 609 509 520 533 480 458 1257 1763 2149 2298 2446 2521 3000 2938 2664
Suíno
Matriz (Cabeças) 30 60 12 67 71 73 300 295 300
Quantidade produzida (kg) 1000 1000 1000
Tambaqui
Valor da produção (*R$) 12.000 14.000 15.000
Quantidade produzida (kg) 8000 8000 10000 8500 8000
Tilápia
Valor da produção (*R$) 64.000 72.000 120.000 119.000 120.000
Efetivo do rebanho (Cabeças) 1500 2500 150 300 300 50
Codorna/ ovos Quantidade produzida (dúzia) 26 31 2 3 3 1
Valor da produção (*R$) 32 38 9 17 10 2
Ovino Efetivo do rebanho (Cabeças) 1065 1076 1081 1590 1440 1500 1600 1730 2569 3324 4012 4258 4571 4797 4966 5000 5148 5148
Legenda: R$: reais brasileiros *(x 1.000); L: litro *(x 1.000); kg: quilogramas
Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2021, Rio de Janeiro: IBGE, 2022 .

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A produção agrícola apresentada ajuda a entender o perfil de ocupação do espaço geográfico municipal
e o funcionamento dos principais usos e ocupações da terra. A atividade de extração vegetal e
silvicultura apresenta a dinâmica econômica desenvolvida dentro de uma lógica de manejo e
exploração da vegetação nativa. Apenas quatro grupos de gêneros produtivos estão vinculados a este
ramo: castanha de caju; umbu; carvão vegetal; e, lenha.

A produção de caju (Anacardium occidentale) está diretamente ligada à tradição regional de


comercialização da castanha de caju para consumo humano. O pseudofruto (caju), embora rico em
nutrientes e com amplo aproveitamento na indústria alimentícia (polpa, suco concentrado, doces etc.),
quando colhido de forma direta em volumes menores, não apresenta o mesmo valor econômico que o
fruto (castanha de caju), bem mais valorizado, com custo para venda direta ao consumidor (na região
de estudo) variando entre R$ 50,00 e R$ 100,00 por quilograma. A produção dessa castanha tem sido
perene em todo o histórico apresentado (Tabela 10.3-24), sem interrupção produtiva, contudo, limitada
a um máximo de 21 toneladas (entre 2004 e 2006, em 2008 e em 2012) e uma tonelada, com um
rendimento de R$ 5.000,00, em 2021. A partir de 2015, a produção diminui de forma sensível, saindo
de 18 para uma tonelada em apenas 6 anos.

O umbu (Spondias tuberosa L.) tem importância econômica derivada do consumo local e regional,
presente na alimentação in natura e em preparos de doces. Outras partes da árvore também podem ser
consumidas, embora raramente comercializadas. A produção do umbu, diferente do observado na
castanha de caju, inicia no ano de 2015, com 25 toneladas, e diminui até o ano de 2021, com apenas
quatro toneladas, com um valor da produção estimado em R$ 7.000,00.

O uso das espécies lenhosas, in natura ou em forma de carvão vegetal, é uma prática comum na
realidade do bioma Caatinga, o que torna o desflorestamento um dos principais fatores de pressão
antrópica sobre este. Nesse sentido, a produção e a comercialização desses gêneros são constantes no
período estudado, sem interrupção produtiva e estão bastante vinculadas a volumes muito baixos de
extração nos últimos anos. De forma geral, o valor da produção dessas espécies, em 2021, ficou em
torno de R$46.000,00, o equivalente a aproximadamente 0,02% do PIB municipal.

O regime hídrico da região (caracterizado por ciclos anuais de estiagem, com precipitações
concentradas em um período curto), associado a uma rede de drenagem predominantemente
intermitente ou efêmera, apresenta condições de baixa potencialidade para o desenvolvimento de
lavouras permanentes, que dependam da regularidade pluvial (Tabela 10.3-25). Dos gêneros já
produzidos no município (entre os anos de 2004 e 2021) apenas a laranja e a banana apresentaram
produção constante em quase todo o período, com uma interrupção produtiva no ano de 2015, numa
superfície 10 e seis hectares, respectivamente, no ano de 2021. No ano de 2019, a produção ainda
contava com o maracujá, em apenas dois hectares. O ano que apresentou o melhor rendimento médio
foi em 2021, com produção 8.500 kg/há, para banana e 5.000 kg/ha, para a produção de laranja. Vale
destacar que esse rendimento médio para a banana esteve próximo a 7.000 kg/ha, e, para a laranja,
próximo a 4.000 kg/ha, o que indica que a produção no ano de 2021 estava um pouco acima da média.
O rendimento da produção mostrou-se instável, oscilando ao longo dos anos e não ultrapassou
R$85.000,00 em nenhum dos dois gêneros.

Os demais itens observados (abacate, café, castanha de caju, limão, mamão, manga e maracujá) não
apresentaram produção linear. A produção de manga encerrou-se no ano de 2016, tendo estado limitada
a aproximadamente 23 hectares. Vale destacar que o rendimento médio dessa fruta se apresentou
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constante, variando entre oito e dez mil quilogramas por hectare. Já o cultivo de café, por sua vez,
esteve temporalmente restrito entre os anos de 2004 e 2017, com um reaparecimento no ano de 2021
(em apenas dois hectares). O plantio teve seu auge entre os anos de 2004 e 2007, quando apresentou a
maior área destinada ao cultivo, rendendo 90 toneladas por ano. No único ano em que todos os gêneros
foram produzidos (2007) geraram juntos R$597.000,00.

Adicionalmente aos gêneros perenes, as lavouras temporárias compõem um dos principais meios de
produção de alimento para a humanidade. A agricultura de sequeiro (regime no qual o ciclo produtivo
ajusta-se com o regime hídrico da região) é uma alternativa recorrente em função do nível técnico e de
investimento econômico do município. A produção em lavouras temporárias tem significativa
importância econômica para a renda local, ainda que a agricultura não seja a atividade mais importante
na composição do PIB municipal (Tabela 10.3-26). Com um conjunto de 10 gêneros registrados entre
os anos de 2004 e 2021, o município apresenta uma direção produtiva que indica a preponderância de
feijão, mandioca e milho. Esses três tipos ocuparam 100% das terras destinadas às lavouras temporárias
no ano de 2021, ocupando aproximadamente 162,00 km² (16.200ha), o equivalente a 62,61% do
território municipal.

A produção de feijão, neste contexto, aparece de forma desproporcional. Dos 162 km² destinados à
produção de lavouras temporárias no município, 117 km² (72,22%) estão ocupados com produção de
feijão (Figura 10.3-116), seguido pela produção de mandioca, com 33 km² (20,37%). O milho, por sua
vez, ocupa uma área de 12 km² (7,4%).

ÁREA PLANTADA DE LAVOURAS TEMPORÁRIAS DE SÃO


JOÃO-PE (KM²)
140
120
100
ÁREA (KM²)

80
60
40
20
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
ALGODÃO 0,07 0,06 0,03 0,03 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
BATATA DOCE 0,04 0,04 0,06 0,06 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
CANA DE AÇÚCAR 0 0 0 0 0 0 0,2 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
FAVA (GRÃO) 0,4 0,4 0,35 0,35 0,6 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1 0,15 0 0,15 0 0,1 0,05 0 0
FEIJÃO (GRÃO) 110 104 105 105 103 125 120 125 56 120 130 17,5 130 120 115 95 80 117
MAMONA 1,5 1,3 0,11 0,03 0 0 0,02 0,02 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MANDIOCA 19 19,5 19 19 40 20 24 24 20 30 9,4 9 10 5 30 10,1 30 33
MELANCIA 0,05 0,05 0,05 0,05 0,04 0,05 0,1 0,1 0,1 0,05 0,04 0 0,04 0,04 0,02 0 0 0
MILHO (GRÃO) 14 14 13 13 15 16 16 16 12 12 16 15 16 16 15 1 0,1 12
TOMATE 0,03 0,06 0,06 0,06 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,15 0 0,3 0 0 0 0 0 0

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022
Figura 10.3-116 - Evolução da área plantada com lavouras temporárias, no município de São João-PE, entre os anos
de 2004 e 2021.

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O cultivo consorciado (quando na mesma área alternam-se linhas de plantio de diferentes cultivares)
entre feijão e milho é muito comum na região. Esse modo de cultivo tem relação com dois fatores do
saber tradicional, validados pelo saber científico: a possibilidade de produção dupla - com ciclos
distintos; e, a melhoria no desenvolvimento do milho, quando consorciado com o feijão. Nesse sentido,
é possível que essas áreas, destinadas à produção de feijão, estejam também sendo usadas para a
produção de milho, seguindo esse modelo.

Adicionalmente à área plantada, o valor da produção de feijão também merece especial anotação,
atingindo cifras superiores a R$ 113.000.000,00, em 2021. Além do feijão, o cultivo de mandioca
também tem importância central para a produção agrícola do município, com uma área plantada de 33
km², produzindo cerca de 12.000 kg/ha e um valor na ordem de R$ 19.000.000, em 2021. A produção
de mandioca é muito comum na região e as casas de farinha ocupam um lugar central no seu
processamento e escoamento. Vale destacar que a produção oscila bastante dentro da série temporal
analisada, variando tanto o volume da produção, como a área cultivada. Tal variação observada está
inegavelmente vinculada às características dos cultivos, dependendo da estabilidade dos regimes de
chuva, alterando-se ao longo dos anos, exigindo uma constante avaliação de risco para implementação
do cultivo. O milho, por sua vez, ocupa uma área menor, cerca de 16 km², movimentando um volume
de R$ 9.600.000,00 no ano de 2021. Esses três gêneros, juntos, foram responsáveis por 56,77% do PIB
da agropecuária local e 11,89% do PIB do município no ano de 2019.

No que concerne a outros cultivos temporários, o município desenvolve a produção de algodão


herbáceo, batata doce, cana-de-açúcar, fava, melancia, mamona e tomate, em menor quantidade. Não
foi encontrado, durante a fase de investigação bibliográfica, qualquer registro do direcionamento dessa
produção do algodão entre os anos de 2004 e 2007. Contudo, vale destacar que o ano de 2004 coincide
com a implementação do Selo Biocombustível Social, concedido a produtores de biodiesel que
promovessem à inclusão social de agricultores familiares, pelo Decreto 5.297/2004. O óleo de alta
qualidade, presente nas sementes do algodão herbáceo, tem destinação à produção de biodiesel, o que
pode estar atrelado ao cultivo temporalmente limitado nos registros (entre uma e duas toneladas,
restritas a porções de sete e três hectares).

Outras produções relevantes, que estão vinculadas à forma histórica com que foram ocupados os
espaços do Agreste no interior pernambucano, são a pecuária leiteira e de corte. A avicultura obteve
relevante estruturação produtiva nessa região, através da recente implantação e expansão da atividade
granjeira em vários municípios, o que inclui São João. A observação da Tabela 10.3-27 permite a
identificação de três principais ramos, com importância no desenvolvimento econômico da pecuária no
município: pecuária bovina, atividade leiteira e avicultura industrial.

O rebanho bovino atingiu o pico de 15.340 cabeças, em 2011, seguido de uma progressiva queda para o
número de 8.900 cabeças, em 2013, e sequência de oscilações, atingindo um efetivo de 11.000 cabeças,
no ano de 2021. No que dizer respeito ao rebanho leiteiro, o efetivo máximo observado foi de 3.980
cabeças, no ano de 2011. Essa produção merece nota pelo aumento sensível do valor de produção,
atingindo a cifra de R$ 14.016.000,00, no ano de 2021, com um rebanho 3.300 cabeças e uma produção
de 9.344.000 litros de leite.

A avicultura industrial, por sua vez, em 2021, contou com um efetivo de 280.000 cabeças, das quais
80.000 são de galinhas. A produção de ovos respondeu por uma receita de R$ 5.280.000,00,
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demostrando a importância econômica desta atividade para o município. Somam-se à pecuária


rebanhos de bubalinos, caprinos, ovinos, suínos, equinos, asininos muares, que totalizam juntos um
rebanho de 300.437 cabeças; além do registro da coturnicultura, psicultura e apicultura.

Embora a atividade agropecuária não esteja entre as duas mais importantes atividades na composição
do PIB municipal, algumas dessas produções atingem cifras milionárias. Tal realidade não exclui o fato
de que o perfil médio da população rural se relaciona à agricultura de subsistência, com
comercialização do excedente e organização em pequenos grupos familiares. A avicultura e a pecuária
bovina estão ligadas às estruturas produtivas mais sofisticadas, que requerem maior aporte de
investimentos, utilização de insumos e conexão com maiores circuitos produtivos e de comércio.
As formas de organização das sociedades humanas impõem modificações constantes na paisagem,
reorganizando o espaço em detrimento das necessidades vigentes. O uso e a ocupação dos solos estão
diretamente vinculados às estruturas econômicas imperantes nos sucessivos tempos históricos que
resultaram na realidade municipal observada. São João apresenta uma configuração bastante singular,
dentro do contexto analisado. Com a segunda maior porção territorial (258,6 km² - atrás apenas de São
Caetano – PE, com 383,1 km²), dentre os territórios diretamente afetados pelo projeto de duplicação do
BR-423, apresenta uma população rural predominante e uma participação do setor de serviços maior
que a agropecuária. Compreendendo que o setor de serviços está intrinsicamente ligado a vivência
urbana a importância desse setor pode se vincular a oferta de suporte para os viventes no meio rural,
bastante vinculados a comercialização do feijão produzido. As áreas recobertas por atividades
agropecuárias representam 76,29% do território total, sendo a maior proporção entre os municípios
analisados. O direcionamento produtivo dessa região é singular, uma vez que quase 60% desta área está
cultivada por um único gênero: o feijão.

Mesmo diante de um volume tão expressivo de áreas destina a agropecuária o município apresenta uma
taxa de 15,33% de vegetação natural. À vegetação natural original somam-se as porções territoriais
com vegetação natural alterada (6,13%), geralmente vinculadas a espaços abandonados pela atividade
agropecuária e que atualmente apresentam uma vegetação secundária em processo de consolidação. A
importância da atividade agrícola no município concorda com essa baixa taxa de vegetação natural
alterada, uma vez que o abandono das terras agricultáveis não é tão comum. A presença recorrente
desses espaços, nas microrregiões observadas, vincula-se à resiliência dos ambientes semiáridos
brasileiros e da vegetação de caatinga, uma vez que uma área abandonada pela agropecuária em poucos
anos poderá apresentar uma vegetação secundária considerável. Somadas, as zonas de vegetação
natural (alteradas ou não) recobrem uma área total de 55,5 km², menos de um terço da área destinada a
agropecuária (197,3 km²), indicando um território rural profundamente antropizado.

A área imediatamente próxima ao empreendimento, lindeira a rodovia BR-423, é bastante restrita


(menos de três quilômetros), o que não consegue ser significativo para uma reflexão mais ampla. Há,
contudo, uma predominância de uso agrícola desses espaços, sendo presente ainda áreas residenciais. O
perfil das unidades territoriais próximas é de médio e pequeno porte vinculadas, aparentemente, a
produção de alimentos. O núcleo urbano municipal ocupa uma área de 4,8 km² (1,84% do município), o
que, no contexto microrregional implica uma malha urbana sólida, embora de pequeno porte.

No município de São João não há, segundo relatório publicado em 19 de maio de 2022 da Diretoria de
Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento, do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, assentamos rurais oriundos de projetos de reforma agrária.

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10.3.9.7 Área Diretamente Afetada – ADA

A Área Diretamente Afetada – ADA pelo empreendimento compreende toda a faixa de domínio da BR-
423, no trecho entre os quilômetros 18,20 e 86,12, considerando-se uma margem de 35 metros para
cada lado, a partir do eixo central da via (70 metros no total). O trecho da rodovia que cruza o
município de São João compreende uma área limitada para a observação, de apenas 2,62 km (Figura
10.3-117). São João não possui, no trecho da rodovia que corta o município, estruturas urbanas, sendo
apenas analisada a ADA rural do município. O perímetro observado possui escola, hotel, posto de
combustível e residências, com uma ocupação da faixa de domínio para cultivo de alguns gêneros
alimentícios. Por se tratar de um trecho curto, o número de pessoas, que desenvolvem essas atividades,
é igualmente pequeno.

Na ADA, referente ao município analisado, foram identificadas quatro unidades espaciais localizadas
parcial ou integralmente na faixa de domínio, nas duas margens da rodovia. Os entrevistados relataram
possuírem um rendimento familiar de aproximadamente um salário-mínimo (R$1.212,00, valor
referente ao ano de 2022). As quatro unidades identificadas resultam de atividades de produção de
alimentos para consumo familiar. Dois dos entrevistados declararam comercializar o excedente
produzido, a fim de complementação de renda. Os outros dois entrevistados afirmaram não depender da
produção nem para a alimentação, nem para o comércio. Os referidos cultivos são sempre de pequeno
porte, não excedendo poucas centenas de metros à margem da rodovia, compostos por cultivos de
feijão e milho (Figura 10.3-118). Esses cultivos têm pouca expressão, embora integrem o perfil
produtivo municipal.

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 215


2023
Execução Engenharia e construção
DNIT- PE CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-117 - Mapa de localização das residências e cultivos na faixa de domínio da BR-423, no trecho que corta o município de São João-PE.

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Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 216


2023
Execução Engenharia e construção
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A B

C C
1 2

Legenda: A- Cultivo de feijão na margem direita (sentido Garanhuns-São Caetano) da BR-423; B – Cultivo de feijão na margem direita
(sentido Garanhuns-São Caetano), da BR-423; C1 e C2 – Cultivo de feijão na margem esquerda (sentido Garanhuns-São Caetano) da BR-
423. As fotos C1 e C2 representam o mesmo cultivo, tendo sido tomada em duas direções distintas a partir do centro da faixa cultivada.
Foto: Os autores, 2022.

Figura 10.3-118 - Imagens de cultivos de feijão na área de domínio da BR-423, no trecho que corta o município de
São João-PE.

O cultivo apresentado na Figura 10.3-118 (C1 e C2), guarda uma particularidade por se tratar de uma
atividade que como finalidade a guarda da faixa de domínio. O proprietário do terreno imediatamente
próximo a um hotel de alta rotatividade, contrata mão de obra para preparo do solo e plantio de feijão,
garantindo, assim, o uso da faixa e inibindo o uso por terceiros. As demais localidades estão vinculadas
ao uso por pessoas residentes nas proximidades.

O trecho analisado, além de curto, está localizado à distância da sede municipal, fazendo com que os
residentes construam maior relação com a cidade de Garanhuns-PE, do que com a de São João (Figura
10.3-119). Diferentemente do que foi observado no Povoado Olho d’Água, em Calçado-PE (que além
da proximidade da malha urbana do município vizinho, há uma clara identificação dos moradores com
o município limítrofe, contando até com rede de assistência básica à saúde de Lajedo-PE) no presente
caso, não se observa o mesmo fenômeno. Os residentes, neste caso, identificam-se com o município de
São João e a rede de assistência, incluindo uma escola, é mantida pelo município detentor do território.

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Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

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Fonte: os autores, 2022.


Figura 10.3-119 - Localização da malha urbana do município de São João-PE em relação ao trecho da BR-423,
analisado.

A área em observação conta com uma sucessão simples (que parte de Garanhuns-PE em direção a São
Caetano-PE) de residências, uma escola (Figura 10.3-120-A), um hotel (Figura 10.3-120-C) e um posto
de combustível desativado (Figura 10.3-120-B). O cultivo mais extenso observado na ADA fica
próximo à divisa com o município de Jucati-PE e pertence a uma família residente no município
vizinho. Trata-se de uma organização familiar de baixa renda, a qual utiliza da faixa de domínio como
uma extensão da produção desenvolvida dentro da propriedade, que é de pequeno porte. O núcleo
familiar citado depende de uma aposentadoria e de benefícios sociais somados aos resultados obtidos
com os cultivos de feijão e mandioca.

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A B

C
1

Legenda: A – Escola municipal de São João – PE; B – Posto de combustível desativado; C – Hotel de alta rotatividade (no centro superior
da imagem).
Foto: Os autores, 2022.
Figura 10.3-120 - Estruturas localizadas imediatamente próximas à BR-423, no trecho que corta o município de São
João-PE.

Os entrevistados, quando perguntados sobre o tempo que desenvolvem aquelas atividades nas áreas de
cultivo, indicaram tempo superior há 15 anos, tendo apenas um indicado atividade há 3 anos. No que
diz respeito aos impactos da duplicação da via, houve uma predominância de prognósticos positivos
com indicações de preocupação quanto ao aumento de fluxo e a dificuldade de transposição da via para
os pedestres. Quando interrogados sobre a segurança atual da área, a percepção de insegurança foi
unânime. Esta percepção vincula-se diretamente à expectativa de melhoria, por meio da duplicação. No
mais, não foram identificadas residências ou outras edificações dentro da ADA, com exceção da
estrutura de acesso ao posto desativado e ao hotel, sendo constante a presença de cultivos alternados em
áreas com solo exposto ou de vegetação nativa em recuperação.

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA Pag.


Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental 219


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ANÁLISE INTEGRADA

10.3.10.1 Histórico e dinâmica demográfica


O Estado de Pernambuco apresenta uma dimensão total de 98.311 km² e é constituído, atualmente, por
185 municípios, dispostos em cinco mesorregiões e 19 microrregiões. A BR-423 estende-se desde o
município de Caruaru-PE, localizado na microrregião do Vale do Ipojuca, corta 10 municípios da
microrregião de Garanhuns-PE e segue por dois municípios da microrregião do Vale do Ipanema, até a
divisa com o Estado de Alagoas, seguindo, atualmente, entre os municípios de Delmiro Gouveia-AL e
Paulo Afonso-BA. O trecho de interesse para o presente estudo está delimitado pelo quilômetro 18,20,
no município de São Caetano-PE e o quilômetro 86,12, no município de São João-PE. Nesse sentido,
duas microrregiões serão importantes para a análise pretendida, sendo elas as regiões de Garanhuns e
do Vale do Ipojuca.

A regionalização é, antes de tudo, um ato consciente de delimitação espacial, ressaltando-se


características importantes ao pesquisador. Esse constructo mental, muito importante para a análise
geográfica, e, portanto, fundamental para a avaliação do meio socioeconômico, resulta de uma seleção
consciente e intencional dos fatores ambientais que relacionam as porções conectadas dentro de uma
dada região de interesse. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, é o órgão
responsável por apresentar a regionalização oficial do Brasil, ficando a cargo de seus pesquisadores a
formulação de propostas de reorganização da regionalização nacional, sempre que aquela vigente se
mostrar insatisfatória. No ano de 2017, a coordenação de Geografia, vinculada à diretoria de
geociências deste instituto, apresentou uma nova divisão regional do Brasil, organizada em Regiões
Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas Intermediárias, com posterior atualização no ano de
2018.

Embora datada de 2017, a atual divisão regional não é utilizada dentro do Sistema IBGE de
Recuperação Automática – SIDRA, que reúne todos os dados históricos levantados e armazenados pelo
instituto. Nesse ambiente eletrônico, os dados apresentados seguem a divisão regional elaborada em
1990, que divide o país em mesorregiões e microrregiões geográficas. Dessa maneira, para fins de
contextualização das realidades observadas, os dados compilados e analisados doravante, bem como as
regiões anteriormente apresentadas, na localização da rodovia, adotam a divisão regional elaborada e
publicada pelo IBGE em 1990.

O Estado de Pernambuco conta com uma população, aferida no censo demográfico de 2010, de
8.769.448 habitantes e uma população estimada para o ano de 2021, de 9.674.793, sendo o 7º estado
mais populoso do país. Tal realidade, caso confirmada pelo censo de 2022, indicará um aumento de
quase 1.000.000 de habitantes em 12 anos. Essa evolução populacional é muito próxima daquela
observada no Brasil. Enquanto a população do Estado evoluiu em um percentual de aproximadamente
9,08%, a cada 11 anos, o país aumentou 10,58%, no mesmo período21. Nas microrregiões do Vale do
Ipojuca e de Garanhuns, essa evolução não ocorre de forma equânime. Enquanto a microrregião do
Vale do Ipojuca cresceu numa taxa de aproximadamente 13% por década, a população da microrregião
de Garanhuns cresceu numa velocidade de aproximadamente 7%, para o mesmo período.

21
Vale destacar que a indicação do percentual de evolução baseia-se apenas na observação da evolução dos dados
registrados, não sendo possível fazer previsões de crescimento nem elaboração de taxas constantes da evolução
populacional.
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Tabela 10.3-35 - Evolução da população nos municípios constantes na área diretamente afetada pela duplicação de
parte da BR-423, em comparação com diferentes escalas espaciais onde estão contidos, entre os anos e 1991 e 2010.

População Residente
Ano
1991 2000 2010
Brasil 146.825.475 169.872.856 190.755.799
Pernambuco 7.127.855 7.929.154 8.796.448
Mesorregião do Agreste Pernambucano (PE) 1.818.575 2.000.353 2.217.600
Microrregião do Vale do Ipojuca (PE) 663.807 744.010 852.171
Caruaru (PE) 213.697 253.634 314.912
Cachoeirinha (PE) 15.852 17.042 18.819
São Caitano (PE) 29.598 33.426 35.274
Microrregião de Garanhuns (PE) 385.299 414.938 442.117
Garanhuns (PE) 103.341 117.749 129.408
Calçado (PE) 9.424 11.709 11.125
Jucati (PE) ... 9.695 10.604
Jupi (PE) 19.865 12.329 13.705
Lajedo (PE) 29.718 32.209 36.628
São João (PE) 18.912 19.967 21.312
Nota: Considerando que a delimitação das mesorregiões e microrregiões geográficas só foram publicadas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, no ano de 1990, não há dados para essas regiões nos anos anteriores, não permitindo a comparação
proposta, entre os anos 1970 e 1980. Para observar a evolução histórica completa dos municípios analisados, deve-se recorrer às análises
individuais, anteriormente apresentadas.
Fonte: IBGE - Censo Demográfico.

Das seis microrregiões que compões o Agreste pernambucano, as duas citadas têm importância central
no desenvolvimento do Estado. Do crescimento populacional, nesta mesorregião, identificado pelo
censo de 2010, 62,29% vieram desses microterritórios regionais. A importância econômica da região
do Vale do Ipojuca, capitaneada pela cidade de Caruaru, merece destaque uma vez que respondeu,
sozinha, por 49,79 pontos percentuais desse total. Caruaru, como centro econômico dessa região, tem
importância estrutural nesses movimentos expansivos. No ano de 2019, a cidade de Caruaru apresentou
o sexto maior Produto Interno Bruto - PIB do Estado, ficando à frente de Petrolina e atrás da capital
Recife e, de mais quatro municípios da região metropolitana, sendo a mais importante cidade do
interior do Estado.

Embora a microrregião de Garanhuns coopere apenas com 12,5 pontos percentuais do total
anteriormente apresentado (62,29%), é a segunda microrregião em contingente populacional dentro do
Agreste pernambucano. A cidade de Garanhuns (que além de polarizar, nomeia a região) apresentou,
no ano de 2019, o 12º maior PIB no Estado, sendo a terceira22 cidade interiorana mais importante para a
economia estadual, atrás apenas de Caruaru e Petrolina. A relação de produção agrícola, historicamente
relacionada à pecuária e à produção de café, vinculada, recentemente, à exploração turística, dada sua

22
A cidade de Vitória de Santo Antão-PE apresenta-se, atualmente, integrada à dinâmica de funcionamento da região
metropolitana de Recife, embora não faça parte, oficialmente, do núcleo metropolitano. Diante desta realidade e da
dinâmica econômica particular observada, neste município, vinculada diretamente à estrutura metropolitana, optou-se por
não a considerar como uma das cidades do interior do estado.
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condição de brejo de altitude, geraram uma pujança econômica digna de nota. O município de
Garanhuns localiza-se numa região colinosa com pontos que superam os 800 metros de altitude,
gerando um espaço de amenidade térmica, encrustado um contexto subúmido e semiárido quente, fato
de atrai turistas de toda região nordeste, em diversas épocas do ano. Atualmente, o setor de serviços
reponde pela maior participação no PIB municipal, seguido pela administração pública e pela indústria.
A atividade agropecuária, fator gerador da primeira ocupação, coloca-se como última fonte de receitas
na composição das riquezas municipais (R$ 71.910.350,00, no ano de 2019), consolidando o novo
perfil econômico do município.

As microrregiões de Garanhuns e do Vale do Ipojuca têm como principal fonte de ligação a BR-423,
que, além de mediar os fluxos de pessoas e mercadorias entre essas porções territoriais, garante a
conexão da região de Garanhuns com os polos econômicos mais próximos, dentro do Estado (Caruaru e
Recife). A importância crescente da cidade de Garanhuns como destino turístico associado à ampliação
da produção agropecuária de derivados de leite e avicultura, na região, tem aumentado a relevância
dessa via de comunicação no contexto regional. Dentre os municípios de margeiam a rodovia analisada,
deve-se destacar aqueles que compreendem o trecho que conecta as duas cidades polo. Os sete
municípios que têm porções do seu território cortado pela BR-423, entre essas duas cidades,
apresentam uma dinâmica populacional e econômica pouco diferente daquela observada dentro dos
demais componentes da microrregião, por vezes sendo afetados (direta ou indiretamente) pela
circulação provocada.

Os municípios são diversos e apresentam composições territoriais e populacionais bastante distintas.


Dos municípios diretamente afetados pelo processo de duplicação, quatro apresentam maioria de
população urbana e três apresentam predominância de população rural (Tabela 10.3-29). As duas
microrregiões e a mesorregião de referência apresentam predominância de população urbana, tal qual o
Estado e o país, onde estão inseridas. A distribuição da população conversa diretamente com a
importância que os setores da economia têm no total do PIB. Nas regiões analisadas, percebe-se que
onde a agropecuária tem uma participação maior no PIB os espaços rurais tendem a apresenta maior
contingente populacional, ao passo que a atividade industrial e de serviços tendem a concentrar maior
volume populacional nos núcleos urbanos. Essa realidade dialoga diretamente com uma população
pautada na produção de subsistência, distante da produção extensiva de commodities, presente em
espaços rurais tecnificados do Centro Sul do Brasil. A única exceção a essa realidade, é o município de
São João-PE que, embora congregue uma população rural bem extensa, não tem na agropecuária a sua
segunda fonte de receitas.

Tabela 10.3-36 - Evolução da população nos municípios constantes na área diretamente afetada pela duplicação de
parte da BR-423, em comparação com diferentes escalas espaciais onde estão contidos, entre os anos e 1991 e 2010.

PERCENTUAL DE POPULAÇÃO POR LOCAL DE RESIDÊNCIA


Ano
1991 2000 2010
Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural
Brasil 75,6 24,4 81,2 18,8 84,4 15,6
Pernambuco 70,9 29,1 76,4 23,6 80,2 19,8
Mesorregião do Agreste Pernambucano (PE) 54,2 45,8 60,8 39,2 68,9 31,1
Microrregião do Vale do Ipojuca (PE) 67,3 32,7 72,0 28,0 78,0 22,0

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PERCENTUAL DE POPULAÇÃO POR LOCAL DE RESIDÊNCIA


Ano
1991 2000 2010
Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural
Caruaru (PE) 85,2 14,8 85,7 14,3 88,8 11,2
Cachoeirinha (PE) 66,4 33,6 68,6 31,4 80,8 19,2
São Caitano (PE) 56,5 43,5 67,3 32,7 76,8 23,2
Microrregião de Garanhuns (PE) 51,1 48,9 56,9 43,1 62,9 37,1
Garanhuns (PE) 86,3 13,7 87,8 12,2 89,1 10,9
Calçado (PE) 29,0 71,0 27,9 72,1 34,2 65,8
Jucati (PE) ... ... 23,5 76,5 26,7 73,3
Jupi (PE) 31,3 68,7 46,9 53,1 61,0 39,0
Lajedo (PE) 60,5 39,5 70,0 30,0 72,1 27,9
São João (PE) 29,8 70,2 35,8 64,2 45,3 54,7
Nota: Considerando que a delimitação das mesorregiões e microrregiões geográficas só foram publicadas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, no ano de 1990, não há dados para essas regiões nos anos anteriores, não permitindo a comparação
proposta, entre os anos 1970 e 1980. Para observar a evolução histórica completa dos municípios analisados, deve-se recorrer às análises
individuais, anteriormente apresentadas.
Fonte: IBGE - Censo Demográfico.

As cidades de Caruaru-PE e Garanhuns-PE congregam o conjunto dos serviços de média e alta


complexidade das regiões imediatas, fazendo com que os espaços urbanos dos municípios analisados
tragam como principal característica a estruturação de empreendimentos de médio e pequeno porte,
capazes de suportar o consumo dos grupos populacionais ao seu entorno. Os centros urbanos dão
suporte, por meio de um conjunto de serviços, à dinâmica de vivência dos grupos rurais imediatos. A
manutenção da vida cotidiana gera, por sua vez, demandas que extrapolam o locus de vivência. Nesse
sentido, a vida rural sempre irá conectar-se a vida urbana. Estes micro espaços urbanos são centrais na
vida dos munícipes, mas, por seu porte, não atendem às necessidades de maior complexidade,
vinculando essas porções territoriais aos centros regionais imediatos de uma forma estrutural. A
capacidade de acesso a esses centros, portanto, regula o vínculo e condiciona os fluxos resultantes
dessa relação, transformando as vias em vetores de comunicação de uma densa rede regional.

Nesse contexto, a ampliação das trocas desses espaços tem o potencial de desenvolver toda a região,
difundindo centros de produção pelo espaço em decorrência de uma maior facilidade na circulação dos
bens produzidos. A própria circulação traz consigo um potencial de renda para os pontos disposto ao
longo da via, criando oportunidades de desenvolvimento dentro de contextos economicamente
limitados. A densidade populacional tende a vincular-se mais a pujança econômica dos espaços
urbanos que às condições de circulação, contudo, quando consideramos que a dinâmica dos polos
imediatos, ofertando postos de trabalho e centros de formação (universidades, escolas, cursos etc.),
funcionam como pontos atratores de movimento migratórios, a facilitação do movimento pendular pode
garantir a manutenção da população no seu centro de origem, ainda que desenvolvam atividades nas
cidades próximas.

Outro fator bastante interessante é o aquecimento do mercado imobiliário nas cidades de Caruaru-PE e
Garanhuns-PE, resultando numa especulação imobiliária que tem afastado a população de classe média
e baixa das centralidades. A habitação em municípios vizinhos ameniza de forma severa os custos de
moradia, entretanto, é a circulação um fator preponderante nessas escolhas locacionais. A facilidade e
segurança no deslocamento entre as cidades ocupa um lugar central na preocupação de quem
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desenvolve atividades profissionais e de formação longe do município de residência. Pode-se concluir,


portanto, que a melhoria das condições viárias impacta diretamente nas escolhas de residência, sendo
um fator indireto de fixação populacional, permitindo aos munícipes, dessas localidades menores, a
permanência em seus espaços de residência, mesmo com atividades nos centros imediatos.

10.3.10.2 Características da saúde pública

Quando observados os contingentes populacionais em uma dada porção do território, é necessário


entender que a qualidade de vida dessas pessoas está diretamente ligada às condições de assistência e
suporte de que dispõem. A assistência à saúde, nesse sentido, ocupa um lugar central para a
manutenção da qualidade de vida dos grupos humanos. É imperioso lembrar que, embora os espaços
sejam compartilhados entre diferentes estratos sociais, as condições de vivência não se distribuem de
forma homogênea, tanto no que tange a salubridade ambiental, quanto ao acesso à saúde. Os grupos
economicamente vulneráveis encontram-se, corriqueiramente, em espaços onde os riscos à saúde são
mais intensos, ao passo que demandam da assistência prestada pelo Estado de forma muito mais severa,
para a assistência médica. Nesse sentido, a rede de atendimento médico, a hospitalar e a ambulatorial
ligam-se diretamente à capacidade estrutural de acolhimento das demandas emergentes das
instabilidades da saúde humana, pesando de formas distintas sobre os diferentes grupos sociais.

A compreensão das condições de saúde de uma dada porção do território, antes de uma intervenção,
permite o planejamento estratégico quanto a capacidade de atendimento das urgências resultantes dos
sinistros ocorridos durante o processo de intervenção espacial, bem como, permite a compreensão do
impacto causado pela alteração da dinâmica normal do ritmo social vigente. A rede hospitalar, pública
e privada, compreende a capacidade elementar de atenção à saúde, gerindo as demandas de emergência
e resolução dos problemas de saúde, porém, não são suficientes para a garantia das condições de saúde
dos grupos humanos. O Brasil conta com uma ampla rede de atenção básica à saúde, vinculada ao
Sistema Único de Saúde – SUS, que é capaz de oferecer suporte nos mais diferentes espaços, em todas
as etapas da vida.

A microrregião do Vale do Ipojuca e de Garanhuns, juntas, congregam uma população de 1.294.288


indivíduos, dentre os quais, apenas nos municípios estudados23, nesta análise integrada, estão 591.787
pessoas, capitaneados pelas duas cidades polos. Os municípios diretamente afetados pelo
empreendimento, por terem seus territórios cortados pela rodovia, apresentam um contingente
populacional de 147.467 habitantes, em sua maioria dependentes do SUS e de toda rede de atenção
básica à saúde a ele vinculada. Nos municípios polo (Caruaru e Garanhuns), o serviço privado tem
grande espaço, servindo de referência para aqueles que, residindo nos municípios e tendo condições
econômicas para acessarem à rede privada, optam por não utilizar a rede pública de saúde.
Adicionalmente, o poder público, diante da impossibilidade de realização de procedimentos de média e
alta complexidade, desloca seus pacientes para os hospitais regionais localizados nesses polos, criando
uma relação de dependência interna da rede, que utiliza a rodovia como meio de comunicação.

Os municípios constantes na área diretamente afetada pelo empreendimento congregam um total de 80


estabelecimentos de saúde, que quando adicionados daqueles presentes nos municípios de Caruaru e
Garanhuns, atingem um total de 331 (Tabela 10.3-30). Fica claro como há uma concentração desse tipo

23
Municípios de Caruaru (PE), Cachoeirinha (PE), São Caitano (PE), Garanhuns (PE), Calçado (PE), Jucati (PE), Jupi (PE),
Lajedo (PE), São João (PE).
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de estabelecimentos nestes dois municípios polo, vinculando à assistência médica de média e alta
complexidade aos espaços mais adensados. O número de estabelecimentos privados, bem como o
número de estabelecimentos que prestam atendimento de urgência reafirma essa concentração. Dos 131
estabelecimentos de saúde privados, apenas 8 estão distribuídos entre os 7 municípios constantes na
ADA do empreendimento, sendo que apenas 1 desses estabelecimentos oferece internação (localizado
no município de Lajedo-PE, com apenas 9 leitos). Os demais instrumentos de saúde privados estão
relacionados à atenção mais básica, como laboratórios de análises médicas e consultórios para
atendimento especializado. O número de leitos também é bastante discrepante entre os municípios
analisados, uma vez que dos 1.308 leitos disponíveis nos municípios em análise, apenas 157 ficam nos
7 municípios constantes na ADA, devendo-se destacar que o município de Jucati-PE não possui
nenhum leito para internação.

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Tabela 10.3-37 - Distribuição dos estabelecimentos de saúde nos municípios constantes na área diretamente afetada - ADA pelo processo de duplicação da BR 423, no ano de
200924, acrescido pelas cidades de Garanhuns-PE e Caruaru-PE.

Serviços de apoio à diagnose e

Atendimento de emergência
Atendimento ambulatorial
ATENDIMENTO
ESTABELECIMENTOS DE ATENDIMENTO ATENDIMENTO
COM LEITOS
SAÚDE GERAL ESPECIALIZADO
ESPECIALIDADES

terapia
internação

internação

internação

internação

internação

internação
Privados

Privados
Públicos

Públicos
Total

Com

Com

Com
Sem

Sem

Sem
SÃO CAITANO 14 13 1 0 12 1 1 0 0 10 0 41 0 1
LAJEDO 15 12 3 1 10 2 0 0 2 12 2 41 9 2
CACHOEIRINHA 15 12 3 1 13 0 1 0 0 13 1 17 0 1
JUPI 6 6 0 0 5 1 0 0 0 5 0 24 0 1
JUCATI 6 6 0 0 4 0 1 0 1 4 1 0 0 0
CARUARU 176 86 90 1 64 9 36 1 65 127 42 332 295 13
GARANHUNS 75 42 33 0 31 5 12 2 25 48 24 164 360 6
SÃO JOÃO 14 13 1 0 12 1 1 0 0 12 1 12 0 1
CALÇADO 10 10 0 0 9 1 0 0 0 9 0 13 0 1
Fonte: IBGE, 2022.
Nota: Os dados foram obtidos a partir do IBGE Cidades, individualmente, e compilados na planilha apresentada acima.

24
O ano de referência para a construção da planilha foi o de 2009, dada a disponibilidade de dados apresentados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, bem como no
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS. Os dados de estabelecimentos de saúde não aparecem atualizados em nenhuma das bases consultadas. Para fins
de levantamento das unidades de saúde, descritas na análise individualizada (apresentadas anteriormente), foi feita uma busca ativa nos sete municípios constantes na área diretamente
afetada pelo empreendimento.
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Duas condições merecem destaque a partir da realidade expressa na tabela anterior: a predominância de
restabelecimentos privados, frente os estabelecimentos públicos no município de Caruaru; e, a
predominância de leitos privados, frente os leitos públicos em Garanhuns. O descompasso entre esses
dois fatores (leitos x estabelecimentos) também é um fator interessante. A posição de centralidade
regional (Mesorregião do Agreste pernambucano) exercida pela cidade de Caruaru, gera a ocorrência
de estabelecimentos públicos de grande porte (associada a própria condição de centro de adensamento
populacional), a exemplo do hospital Regional do Agreste Dr. Waldemiro Ferreira (com cerca de 184
leitos), que atende a toda região. Garanhuns, apesar de responder como centralidade de sua
microrregião, não atende a uma demanda tão ampla, ao passo que seu maior estabelecimento público, o
Hospital Regional Dom Moura (com cerca 124 leitos), embora apresente uma maior amplitude de
especialidades atendidas, apresenta menor capacidade para acomodar pacientes em internação.

A cidade de Garanhuns conseguiu, ao longo do seu histórico de formação, tornar-se um polo médico
hospitalar consolidado na região. O número amplo de clínicas e estabelecimentos de saúde justifica a
predominância de leitos hospitalares privados em detrimento dos leitos público, mesmo possuindo
maior número de estabelecimentos público. Quando observados os demais municípios estudados,
percebe-se que apresentam uma estrutura de saúde vinculada à atenção básica, com amplo número de
estabelecimentos de Unidades de Saúde da Família (UBS, USF, PSF etc.), Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU) e, em alguns casos, um hospital geral. O panorama predominante consiste
em serviços básicos que funcionam como porta de entrada para o SUS e prestam um primeiro
atendimento para transferência, dos casos mais complexos, para os centros regionais. Neste sentido, o
incremento de pessoal decorrente de obras de médio e grande porte não tem o potencial de
estrangulamento da rede, uma vez que esta apresenta-se pronta para prestar uma assistência primária,
direcionando para os centros imediatos, as demandas de alta complexidade.

Diante de um cenário de estrutura ampla, porém pouco robusta, a prevenção e acompanhamento de


morbidades é o caminho mais adequado para manutenção da capacidade de acolhimento daqueles que
desenvolvam doenças e demandem maiores cuidados. A Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, do
Ministério da Saúde, define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e
Eventos de Saúde Pública, nos serviços de saúde públicos e privados, em todo o território nacional.
Desse modo, a determinação do perfil nosológico da população de uma determinada porção do
território nacional pode ser feita utilizando os dados, disponibilizados pelo Ministério da Saúde, dentre
as doenças reportadas num dado período. Dentre as doenças reportadas, algumas apresentam maior
recorrência e podem guardar relação com as condições de vivência dos sujeitos. Nesta breve análise
serão apresentadas quatro dessas doenças, representando as condições evolutivas delas de suas
ocorrências.

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Tabela 10.3-38 - Casos reportados de Dengue, entre os anos de 2012 e 2022*, nos municípios constantes da área
diretamente afetada** pelo empreendimento e pelos municípios de Caruaru e Garanhuns.

CASOS REPORTADOS DE DENGUE


ANOS
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
CARUARU 0 1 69 700 806 295 272 224 142 222 0
GARANHUNS 0 3 120 1.403 3.283 391 66 600 1.011 126 0
SÃO CAETANO 0 0 1 71 12 37 3 12 17 13 0
CACHOEIRINHA 0 0 0 9 20 7 2 0 1 3 0
LAJEDO 0 0 4 14 91 674 18 13 3 16 0
CALÇADO 0 0 4 87 25 34 2 21 1 0 0
JUPI 0 0 0 17 41 0 0 1 57 4 0
JUCATI 0 0 0 55 2 14 1 5 27 6 0
SÃO JOÃO 0 0 0 14 295 206 16 58 36 0 0
Fonte: IBGE, 2022; Datasus, 2022.
Nota: * Os dados foram coletados em agosto de 2022, não apresentando todos os casos reportados neste ano.
**
A Área Diretamente Afetada pelo empreendimento abrange porções dos municípios de São Caetano
(PE), Cachoeirinha (PE), Lajedo (PE), Calçado (PE), Jupi (PE), Jucati (PE) e São João (PE).

Tabela 10.3-39 - Casos reportados de Zica vírus, entre os anos de 2012 e 2022 *, nos municípios constantes da área
diretamente afetada** pelo empreendimento e pelos municípios de Caruaru e Garanhuns.

CASOS REPORTADOS DE ZICA VIRUS


ANOS
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
CARURARU 0 0 0 46 71 13 7 4 2 4 0
GARANHUNS 0 0 0 28 36 3 4 3 12 7 0
SÃO CAETANO 0 0 0 4 7 0 0 0 0 0 0
CACHOEIRINHA 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
LAJEDO 0 0 0 9 2 2 0 0 0 0 0
CALÇADO
JUPI 0 0 0 5 1 0 0 0 0 0 0
JUCATI 0 0 0 3 3 0 0 0 0 0 0
SÃO JOÃO
Fonte: IBGE, 2022; Datasus, 2022.
Nota: * Os dados foram coletados em agosto de 2022, não apresentando todos os casos reportados neste ano.
**
A Área Diretamente Afetada pelo empreendimento abrange porções dos municípios de São Caetano
(PE), Cachoeirinha (PE), Lajedo (PE), Calçado (PE), Jupi (PE), Jucati (PE) e São João (PE).

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Tabela 10.3-40 - Casos reportados de Tuberculose, entre os anos de 2012 e 2022 *, nos municípios constantes da área
diretamente afetada** pelo empreendimento e pelos municípios de Caruaru e Garanhuns.

CASOS REPORTADOS DE TUBERCULOSE


ANOS
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
CARUARU 168 137 183 206 193 266 255 259 205 275 9
GARANHUNS 39 32 50 58 63 49 73 72 40 50 2
SÃO CAETANO 2 2 6 11 4 7 13 10 3 18 1
CACHOEIRINHA 1 0 2 1 4 5 4 4 2 4 0
LAJEDO 14 11 6 8 4 13 10 13 7 12 1
CALÇADO 0 0 1 1 2 2 3 1 1 2 0
JUPI 1 2 0 0 3 2 3 3 4 4 0
JUCATI 1 2 2 2 0 3 1 1 1 1 0
SÃO JOÃO 5 11 5 3 6 3 7 2 2 3 0
Fonte: IBGE, 2022; Datasus, 2022.
Nota: * Os dados foram coletados em agosto de 2022, não apresentando todos os casos reportados neste ano.
**
A Área Diretamente Afetada pelo empreendimento abrange porções dos municípios de São Caetano
(PE), Cachoeirinha (PE), Lajedo (PE), Calçado (PE), Jupi (PE), Jucati (PE) e São João (PE).

Tabela 10.3-41 - Casos reportados de Hanseníase, entre os anos de 2012 e 2022 *, nos municípios constantes da área
diretamente afetada** pelo empreendimento e pelos municípios de Caruaru e Garanhuns.

CASOS REPORTADOS DE HANSENÍASE


ANOS
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
CARUARU 16 28 55 27 38 38 37 38 27 64 0
GARANHUNS 9 11 4 6 13 5 11 11 11 9 2
SÃO CAETANO 8 6 9 13 14 12 11 12 2 8 2
CACHOEIRINHA 5 2 4 3 4 3 5 4 5 3 0
LAJEDO 3 2 2 4 4 3 3 2 1 0 0
CALÇADO 1 2 2 0 0 4 2 0 0 0 0
JUPI 2 0 2 2 2 2 2 4 0 0 0
JUCATI
SÃO JOÃO 4 4 2 1 1 1 1 2 0 1 0
*
Nota: Os dados foram coletados em agosto de 2022, não apresentando todos os casos reportados neste ano.
**
A Área Diretamente Afetada pelo empreendimento abrange porções dos municípios de São Caetano
(PE), Cachoeirinha (PE), Lajedo (PE), Calçado (PE), Jupi (PE), Jucati (PE) e São João (PE).
Fonte: IBGE, 2022; Datasus, 2022.

As condições de moradia influenciam diretamente na vulnerabilidade dos indivíduos a certo tipo de


doenças. Embora, biologicamente, sejamos igualmente vulneráveis, condições de salubridade ambiental
podem diminuir os riscos de contaminação por alguns patógenos. O vírus que causa a dengue,
difundido pelo Aedes Aegypti, possui uma capacidade equânime de infecção em humanos, porém, o
vetor (mosquito) necessita de certas condições para desenvolver-se. As condições de difusão da doença
são sempre ambientais, uma vez que, as condições físicas de contato entre os organismos estão
dispostas na natureza (ainda que antropizada). Assim sendo, a organização espacial, que resulta em
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espaços desiguais, cria vulnerabilidades distintas para grupos sociais diferentes. A recorrência dos
casos de dengue merece destaque por evidenciar um grave problema que rege a gestão da saúde pública
brasileira. A ausência de esgotamento sanitário e a falta de coleta regular de resíduos sólidos
descartados (lixo) permitem a proliferação, com maior eficiência, desses vetores, em espaços
economicamente subdesenvolvidos e/ou onde as condições de moradia são insuficientes.

Ao observar o comportamento do registro de casos nos municípios em estudo, percebe-se que há uma
ocorrência de pequenos surtos de contaminação, intercalado por anos com pouca ou nenhuma
notificação. A ocorrência da pandemia de Covid-19, causada pela difusão mundial do vírus SARS-
COV-02, não neutralizou a ocorrência de um surto de contaminação (no ano de 2020), como observado
em outros espaços. A neutralização discutida não parte do princípio de que os vírus neutraliza-se, mas
do fato de que o medo de procurar as unidades de saúde causou, em alguns espaços, a subnotificação de
outras patologias. Vale ressaltar que a terminologia “surto”, aqui apresentada, refere-se ao fato da
ocorrência elevada em relação ao padrão observado nos anos imediatamente anteriores e posteriores,
sem guardar relação com uma contaminação massificada de um elevado percentual da população, uma
vez que os registros não dão conta de volumes superiores a 55 contaminações.

Vale destacar, por fim, que a os indicadores de casos de contaminação no município de Garanhuns,
destoam do entorno, inclusive dos valores registrados na cidade de Caruaru, com população bem maior.
Essa realidade pode estar vinculada às condições ambientais específicas do município. Considerando
que a proliferação do mosquito A. Aegypti demanda a presença de água parada para postura dos ovos e
eclosão das larvas, e de grupos humanos adensados, o município de Garanhuns apresenta um potencial
mais alto que Caruaru. Os volumes constantes de precipitação ao longo do ano geram maior
predisposição a ocorrência desse tipo de patologia. Nesse sentido, é fundamental que esteja previsto, no
planejamento de mitigação de impacto, a possibilidade de as atividades gerarem pontos de acúmulo de
água, considerando que os municípios afetados encontram-se em uma região de maior potencial
pluviométrico entre os meses de maio e agosto, embora sofram influência de eventos causados pela
ação de vórtices ciclônicos de altos níveis, que podem gerar pancadas de chuva, temporalmente
isoladas, nos meses entre dezembro e abril. Os casos de Zica vírus, também provocados pela
contaminação a partir da picada do A. Aegypti, são bem menos frequentes do que os de dengue e
apresentam menor oscilação.

A observação dos casos de tuberculose, contudo, indica o potencial de difusão que pode ser indicado
como antropovetorial25, guardando maior relação com a organização dos adensamentos humanos em
detrimento das condições ambientais não antrópicas. Tal realidade revela-se ao ser observado que o
número de casos tem relação com tamanho da população. Caruaru, por deter um número de habitantes
bem maior que as demais cidades, detém um número mais expressivo de casos reportados. Outra
característica importante da ocorrência dessa doença, é o fato do volume de infectados conversar
diretamente com o número de habitantes nos ambientes urbanos. Adicionalmente, fazendo-se o
exercício de ranquear os municípios estudados pelo número de habitantes e ranqueando-se também, os
mesmos territórios, pelos totais de casos reportarmos no período estudados, encontraremos uma relação
direta entre o número de habitantes e o número de casos reportados 26, com destaque para os municípios
de Calçado-PE e Jucati-PE, com inversão de posição dado registro de um caso a mais. Essa diferença,

25
O termo aqui cunhado não encontra abrigo na bibliografia consolidada, apenas exprime a ideia de que o principal vetor de
proliferação é o ser humano e que, o principal fator de difusão, é o adensamento populacional do homo sapiens sapiens.
26
Não se fala aqui de uma relação de proporcionalidade, esta análise não foi feita. O indicado, nesse ponto, é que os
municípios com maior contingente populacional apresentaram maior número de casos em relação aos demais.
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contudo, não expressa uma variação considerável para registrar uma exceção absoluta, uma vez que a
diferença entre os totais populacionais é igualmente equivalente (diferença de 512 habitantes).

A recorrência de notificação de casos de doenças com processos de transmissão e prevenção


conhecidos revela uma clara dificuldade de zerar os casos, frente às condições estruturais postas. A
hanseníase é um exemplo interessante desse tipo de doença. Embora não apresente quantitativos
consideráveis em nenhum dos anos observados, a doença se mantem presente em quase todos os
municípios, em números relativamente estáveis. O município de Caruaru apresenta um máximo de
infecção no ano de 2021, com 64 casos reportados e, nos demais municípios, não há a ocorrência em
nenhum dos anos, de números superiores a 14 casos.

É importante refletir que além das questões que abarcam as condições sociais postas, sempre será
pertinente lembrar que, considerando verdadeira a afirmação - feita anteriormente - de que toda doença
contagiosa tem como fator condicionante o ambiente, qualquer ação realizada no espaço que insira,
retire ou desloque matéria tem o potencial intrínseco de agravar problemas preexistentes, inclusive de
saúde. A retirada ou depósito de material, oriundo de obras de engenharia, bem como o descarte
indevido de materiais de uso comum rejeitados pelos profissionais integrantes da equipe de execução,
pode gerar proliferação de vetores biológicos. Em virtude disso, o planejamento de estruturas de
gerenciamento dos resíduos inerentes às atividades da obra e dos resíduos das atividades humanas
(alimentação, vestimenta, proteção etc.) precisam ocorrer de forma integrada ao gerenciamento do
projeto. Os grupos humanos que habitam a localidade podem tender a arcar com os prejuízos de mais
longo prazo, diante de um gerenciamento indevido dos rejeitos da atividade humana. Adicionalmente, a
exposição dos funcionários aos fatores ambientais e às doenças circulantes pode gerar prejuízo
econômico diante da indisponibilidade temporária de recurso humano.

O desenvolvimento humano é um fator que expressa de forma indireta a capacidade de bem viver dos
indivíduos em uma dada localidade. As condições de vivência influem diretamente na sensação de
bem-estar social e, portanto, na capacidade de desenvolvimento de um agrupamento humano. O Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH), nesse contexto, é um índice estatístico usado para classificar os
países e demais porções do território, levando em consideração, para composição do seu valor: a
expectativa de vida; a educação (média de anos de escolaridade completados e anos esperados de
escolaridade ao entrar no sistema de educação); e, indicadores de renda per capita. O IDH gera um
valor que vai de 0 a 1, sendo os valores próximos de 1 aqueles que indicam melhores condições de
desenvolvimento. Embora puramente mecanista, a avaliação desse índice permite uma compreensão
das condições de vida dos indivíduos residentes, identificando possíveis vulnerabilidades que possam
compor a vida de um grupo humano. O IDH dos municípios estudas (Figura 10.3-121) tem evoluído de
forma sustentada nas últimas décadas.

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ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - IDH


0,800
0,700
VALORES DE IDH

0,600
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
0,000
Brasil Pernamb Caruaru Garanhun São Cachoeiri Lajedo Calçado Jupi Jucati São João
uco s Caetano nha
1991 0,621 0,440 0,481 0,466 0,285 0,363 0,355 0,313 0,281 0,246 0,278
2000 0,685 0,544 0,558 0,533 0,418 0,481 0,474 0,410 0,440 0,373 0,398
2010 0,727 0,673 0,677 0,664 0,591 0,579 0,611 0,566 0,575 0,550 0,570

Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD apud IBGE, 2022.
Figura 10.3-121 - Índice de desenvolvimento humano dos municípios em estudo, nos anos de 1991, 2000 e 2010.

A evolução do IDH, observada nos municípios constantes na ADA, é condizente com aquela observada
no cenário nacional e estadual, indicando uma movimentação alinhada com os demais níveis
territoriais. Os municípios de Lajedo-PE e São Caetano-PE são os que mais tracionaram o seu IDH no
período observado. Caso seja considerado apenas os municípios em análise, perceberemos que o
segundo município citado deixa de ser o 6º maior valor para ser o 4º, enquanto o primeiro sai da 4ª para
a 3ª posição. O município de Calçado-PE apresenta a maior desaceleração, saindo da 5ª posição para a
8ª, embora tenha conseguido aumentar os seus valores a cada década analisada. A melhoria progressiva
da condição de vida alinha-se com a evolução da dinâmica econômica e das condições de assistência
social vivenciadas pela população brasileira ao longo das últimas décadas. A melhoria da estrutura
física espacial (estradas, via de acesso etc.), melhorando os fluxos internos, cooperam de forma
substancial para essa evolução, ampliando as trocas e desenvolvimento da região.

10.3.10.3 Indicadores de educação, renda e trabalho

As condições formativas dos sujeitos influem diretamente na sua capacidade de inserção no mercado de
trabalho, fornecendo as condições necessárias para a alocação nas diversas atividades disponíveis. O
nível de instrução da população, nos municípios em estudo, pode apresentar um panorama das
condições formativas dos recursos humanos presente.
Quando observados os municípios com área diretamente afetada pelo empreendimento, é clara
as diferentes realidades dos espaços menores do interior do país. Diferente da média do cenário
nacional e estadual, que possuem um percentual abaixo de 60% de autodeclarados sem instrução ou
com o ensino fundamental incompleto, os municípios da ADA apresentam percentuais superiores a
70%. A realidade avistada parece não destoar muito das condições presentes no entorno, excetuando-se
as cidades polo, uma vez que a média das microrregiões apresenta um panorama parecido. As
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microrregiões de Garanhuns e do Vale do Ipojuca apresentam, respectivamente, taxas de 71,13 e 66,51,


por cento, diferindo entre si 4,62 pontos percentuais. A realidade microrregional, porém, difere das
realidades das cidades polo que apresentam percentuais próximos à média estadual, ficando entre
57,68% (Caruaru) e 58,64% (Garanhuns).

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Tabela 10.3-42 - Nível de instrução da população, com 10 anos ou mais de idade, nos municípios estudas e nas regiões imediatas, no ano de 2010.

Nível de instrução da população com 10 anos ou mais de idade (2010)


Sem instrução e Fundamental completo e Médio completo e
Total Superior completo Não determinado
fundamental incompleto médio incompleto superior incompleto
Total Percentual Total Percentual Total Percentual Total Percentual Total Percentual Total Percentual
Brasil 161981299 100,00 81386577 50,24 28178794 17,40 37980515 23,45 13463757 8,31 971655 0,60
Pernambuco 7373671 100,00 4263137 57,82 1107663 15,02 1543681 20,94 418856 5,68 40335 0,55
Microrregião
do Vale do 711750 100,00 473420 66,51 99022 13,91 108844 15,29 26719 3,75 3746 0,53
Ipojuca (PE)
Caruaru (PE) 265208 100,00 152960 57,68 42018 15,84 54256 20,46 14550 5,49 1425 0,54
Cachoeirinha
15794 100,00 11915 75,44 1741 11,02 1827 11,57 256 1,62 55 0,35
(PE)
São Caitano
29091 100,00 21503 73,92 4091 14,06 2846 9,78 547 1,88 104 0,36
(PE)
Microrregião
de Garanhuns 362938 100,00 258141 71,13 45006 12,40 46877 12,92 12173 3,35 740 0,20
(PE)
Garanhuns
107418 100,00 62994 58,64 16407 15,27 20784 19,35 7101 6,61 134 0,12
(PE)
Calçado (PE) 9098 100,00 6892 75,75 955 10,50 1088 11,96 149 1,64 14 0,15
Jucati (PE) 8588 100,00 6473 75,37 1191 13,87 816 9,50 98 1,14 10 0,12
Jupi (PE) 11294 100,00 8204 72,64 1619 14,34 1167 10,33 292 2,59 12 0,11
Lajedo (PE) 30359 100,00 21192 69,80 4491 14,79 3722 12,26 914 3,01 40 0,13
São João (PE) 17442 100,00 13316 76,34 2094 12,01 1523 8,73 361 2,07 148 0,85
Fonte: IBGE, 2022.

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No polo oposto a realidade supracitada, observa-se valores bem pequenos, por vezes ínfimos, de
indivíduos com formação de nível superior. Esta realidade, contudo, não é apenas local, aprofundando-
se nesses espaços se fazendo sentir de forma mais acentuada. O Brasil, segundo o último censo
demográfico (realizado em 2010), tem apenas 8,31% da sua população com ensino superior completo,
ao passo que o Estado de Pernambuco tem 5,68%. As microrregiões aqui estudadas estão distantes
desses valores, com apenas 3,75% (Microrregião do Vale do Ipojuca) e 3,35% (Microrregião de
Garanhuns). A realidade observada resulta de um processo histórico que relegou os espaços mais rurais
a um analfabetismo imposto pela escassez de instrumento educacionais. As cidades polo apresentam
taxas mais elevadas, pondo-se próximas ou até superando o percentual do Estado, como em Garanhuns,
que apresenta uma percentagem de 6,61% de pessoal com nível superior. Essa concentração de
formados em nível superior consolida duas percepções: a primeira, já expressa, de que historicamente
os espaços mais urbanizados receberam maior instrumento educacionais em detrimento do abandono
dos espaços mais rurais; e a segunda, pelo fato de que os espaços economicamente ativos tendem a
atrair os profissionais de maior qualificação, concentrando esses recursos humanos.

Considerando-se que para o desenvolvimento das atividades laborativas remuneradas, dentro do


mercado de trabalho, constantemente há uma exigência mínima de formação, vale refletir sobre os
percentuais de sujeitos que apresentam como formação básica o ensino fundamental completo e o
ensino médio. Ao observar esses indicadores, no campo de estudo atual, percebe-se que o volume de
pessoas com formação nesse espectro formativo (entre o ensino fundamental completo e o ensino
superior incompleto), apresentam, entre alguns municípios, o percentual de 20,74% (São João/PE)
atingindo um máximo de 36,30% (Caruaru/PE). Deve-se destacar, diante do que já foi exposto, que as
cidades de Caruaru e Garanhuns têm apresentado-se como exceções em seus contextos microrregionais.
Tal realidade revela, de forma inequívoca, a face histórica do inacesso, de parte considerável da
população, ao ensino formal, embora esteja universalizado, desde a promulgação da Constituição de
1988.

O acesso ao ensino formal garante condições efetivas de inserção qualificada no mercado de trabalho,
garantindo ao sujeito meios para potencializar e agregar valor à sua mão de obra, atuando como um
gerador de renda indireto para o contexto local. Quando observa-se, na realidade posta, em que o nível
médio de formação é muito baixo e que o conjunto de oportunidade efetivas de geração de renda está
subjuga a uma lógica dissonante da materialidade vivida dos sujeitos, percebe-se que, salvo
movimentos efetivos de alteração da realidade, o status quo mantem-se cristalizado, reproduzindo,
nesses territórios, o subdesenvolvimento atual. A ação de agente externos, que possam gerar impactos
positivos pela captação de mão de obra precisa abarcar esses sujeitos marginalizado, adicionalmente
qualificando-os para o desenvolvimento de uma vida integrada ao mercado de trabalho. Os impactos
socioeconômicos precisam superar o limite temporal da ação e entender que a oferta de mão de obra já
qualificada, presente no entorno, não pode amplificar as externalidades no locus da ação. Nesse
sentido, considera-se fundamental a captação de mão de obra dentro da população analisada, evitando o
direcionamento optativo gerado pela realidade mais diversa das cidades polo.

Somadas às condições de escolarização, é fundamental levar em consideração que a oferta de ensino


extrapola a realidade local, exigindo, por vezes, o deslocamento dos sujeitos para o desenvolvimento
das atividades de formação, principalmente no nível superior.

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Tabela 10.3-43 - Local de estudo em relação ao local de residência, nos municípios da área diretamente afetada pelo
empreendimento e nas regiões imediatas, no ano de 2010.

Locais da escola ou creche que frequentavam


Município de Outro
Total Percentual Percentual
residência município
Brasil 59416659 55090577 92,72 4289232 7,22
Pernambuco 2841389 2616150 92,07 224584 7,90
Microrregião do Vale do Ipojuca (PE) 268004 253410 94,55 14594 5,45
Caruaru (PE) 93600 91455 97,71 2144 2,29
Cachoeirinha (PE) 5479 5024 91,70 455 8,30
São Caitano (PE) 11699 10998 94,01 701 5,99
Microrregião de Garanhuns (PE) 144106 133294 92,50 10812 7,50
Garanhuns (PE) 41897 40550 96,78 1347 3,22
Calçado (PE) 3594 2925 81,39 669 18,61
Jucati (PE) 3727 3271 87,76 456 12,24
Jupi (PE) 4331 3845 88,78 486 11,22
Lajedo (PE) 11697 10993 93,98 705 6,03
São João (PE) 7220 6339 87,80 881 12,20
Nota: Os valores totais, aqui apresentados, não tratam dos valores totais de residentes no município em estudo. Os valores totais, portanto,
dizem respeito àqueles que declararam desenvolverem atividades presenciais de estudo, assim, os valores apresentados dizem respeito ao
número de estudantes na unidade territorial apresentada.
Fonte: IBGE, 2022 – Censo demográfico.

Quando observa a tabela anterior, é possível constatar uma tendência de ampliação do deslocamento
para estudo em detrimento do tamanho da população. Adicionalmente, a condição de polo regional tem
o potencial de inibir o deslocamento dos residentes para municípios adjacentes, gerando, nas cidades de
Garanhuns e Caruaru, taxas de deslocamento de 3,22% e 2,29%, respectivamente. Quando pensados
estes deslocamentos, compreende-se que a rodovia em estudo ocupa posição central na oferta de
condições para o acesso desses grupos humanos às unidades educacionais escolhidas. Apenas os
municípios de São João-PE e São Caetano-PE parecem não estar submetidos a esta lógica, uma vez
que, a ligação da cidade de São Caetano e sua cidade polo (Caruaru) dá-se pela BR-232 e, a ligação
entre o núcleo urbano de São João e Garanhuns, pela PE-177. Ademais, qualquer deslocamento entre
as cidades estudadas faz-se, prioritariamente, pela rodovia BR-423, fazendo com que as condições de
segurança e trafegabilidade atinjam um conjunto de sujeitos que necessitam dessa estrutura para sua
formação.

Considerando o percentual dos estudantes, dentro o total no município, que se desloca para estudo,
nota-se que algumas unidades espaciais fornecem maior número de discentes em detrimento das outras.
O município de Calçado-PE apresentou o maior percentual de estudantes fora do município de
residência (18,61%), seguido, decrescentemente, por Jucati-PE (12,24%), São João-PE (12,20%), Jupi-
PE (11,22%), Cachoeirinha-PE (8,30%), Lajedo-PE (6,03%) e São Caetano-PE (5,99%). Esses
percentuais deixam claro como a comunicação entre as unidades intrarregionais ocupam um espaço
importante na constituição da realidade educacional dos municípios. A melhoria, portanto, da estrutura
viária resulta em melhores condições de tráfego e de segurança para esses sujeitos. Embora o total
nominal dos indivíduos, quando retirados os estudantes das cidades de Garanhuns, Caruaru, São
Caetano e São João, por suas especificidades já exposta, pareça não ser tão grande (2.771), o volume
veicular é considerável. Avaliando, hipoteticamente, que todos os discentes se desloquem em transporte

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coletivo (ônibus) seriam necessárias mais de 100 viagens para transportar estes estudantes todos os
dias.

Considerando, ainda, que nos dados apresentados não constavam os volumes de estudantes de nível
superior que se deslocam entre esses municípios, o que foi indicado pode ser consideravelmente maior,
principalmente porque parte desse transporte é feito em vans e carros de passeio, inclusive, entre as
cidades polo (Garanhuns e Caruaru), reafirmando a importância da via analisada para a realidade
observada. Ademais, a amplificação das unidades de educação de nível básico e superior nas cidades de
Garanhuns e Caruaru, por exemplo, podem ter elevado o número desses migrantes pendulares diários,
com esta finalidade, tornando a contagem apresentada inferior à realidade contemporânea.

A escolaridade de uma população reflete diretamente o grau de ocupação e o perfil socioeconômico das
atividades desenvolvidas no território, bem como a capacidade dos grupos sociais conseguirem atender
às demandas mais complexas resultantes da vivência contemporânea. Nesse contexto, a observação
conjunta dos dados de escolaridade e de renda da população ajuda a entender, de forma mais
qualificada, a realidade social em estudo. A distribuição de renda, considerando os domicílios nos
municípios observados (Tabela 10.3-36), nos indica um pouco da realidade socioeconômica dos
viventes no local, considerando que os dados referentes ao PIB não conseguem capturar as
desigualdades internas que podem imperar nos territórios analisados.

As realidades vistas apresentam-se muito próximas. Notadamente marcadas pela predominância de


uma massa de domicílios vivendo com até 1 salário-mínimo27, o que coaduna com a realidade
observada em campo e registrada nas entrevistas. Quando observado o comportamento médio das
microrregiões, percebe-se que a microrregião de Garanhuns concentra um número mais amplo de
domicílios em situações economicamente mais vulneráveis. A distribuição de domicílios entre as três
primeiras faixas de renda apresentadas é bastante equânime, ao posso que na microrregião do Vale do
Ipojuca, há um crescente progressivo, ao paço que a renda amplia-se dentro dessas faixas. Passada a
faixa de 1 salário-mínimo, observa-se um decréscimo progressivo em todas as unidades espaciais. Os
municípios que apresentam seu maior contingente domiciliar na primeira faixa de renda (até 1/4 de
salário-mínimo), em detrimento das demais, são eles: Calçado (PE), Jucati (PE) e São João (PE). Duas
características merecem destaque nos referidos municípios: todos estão localizados na microrregião de
Garanhuns; e, os três municípios são os únicos, entre os estudados aqui, que apresentam um maior
contingente populacional na zona rural dos seus territórios.

Observadas as condições adicionais que preenchem o perfil econômico dos territórios estudos, a renda
nominal individual (Tabela 10.3-37) vai ao encontro dos dados observados no perfil de renda
domiciliar, com quase que a totalidade da população recebendo até dois salários-mínimos. Nos
municípios anteriormente destacados, Calçado (PE), Jucati (PE) e São João (PE), mantém-se a
predominância de pessoas vivendo com até um salário-mínimo, em detrimento das outras faixas de
renda. A realidade observada pode estar vinculada com a predominância de população rural nesses
municípios. Tal vinculação não se relaciona, necessariamente, com possíveis/propensas condições de
subdesenvolvimento profundo desses espaços, mas sim com o fato da pessoa, vivente no campo, tender
a obter suas fontes de subsistência (alimentar ou não) dos produtos da terra, fazendo com que a
indicação de volumes monetários seja mais difícil, ficando vinculado à percepção de valores que
podem advir de aposentarias ou benefícios sociais. Nesse contexto, quando indicada renda média nos

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O salário-mínimo no ano de 2010 era de 510,00 reais brasileiros.
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territórios onde esses espaços detêm o maior volume populacional, a renda média tende a apresentar-se
mais depreciada, frente ao ambiente com população predominantemente urbana, onde o trabalho
assalariado dita o movimento econômico e a quantificação do valor monetário do trabalho é mais fácil.

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Tabela 10.3-44 - Rendimento domiciliar mensal, nos municípios da área diretamente afetada pelo empreendimento e região imediata, no ano de 2010.

Classes de rendimento nominal mensal domiciliar


MR. Vale do MR São
Brasil Pernambuco Cachoeirinha Calçado Caruaru Garanhuns Jucati Jupi Lajedo São João
Ipojuca Garanhuns Caetano
Total 57324167 2546872 257169 124453 5870 3119 96304 37368 2989 3973 11002 10660 5809
Até 1/4 de S.M. 5979813 513499 53336 39274 1516 1401 12098 7818 1237 1388 2951 2860 2224
Mais de 1/4 a 1/2 S.M. 9861054 639482 64726 30213 1437 643 21724 9276 681 975 2908 2755 1443
Mais de 1/2 a 1 S.M. 16445089 706850 80199 32019 1855 742 32254 10106 692 1061 3438 3227 1429
Mais de 1 a 2 S.M. 12556453 307050 30248 10645 510 153 16554 5121 149 289 956 911 362
Mais de 2 a 3 S.M. 4027622 88561 7010 2523 88 30 4190 1522 16 38 169 150 57
Mais de 3 a 5 S.M. 3059369 70610 4508 1608 38 12 2838 1063 8 29 106 82 24
Mais de 5 a 10 S.M. 2069873 50775 2323 901 11 6 1518 664 4 5 47 35 7
Mais de 10 S.M. 874165 21737 668 290 4 1 432 214 2 3 12 13 9
Sem rendimento 2450729 148308 14151 6980 411 131 4696 1584 200 185 415 627 254
Legenda: MR.: Microrregião. S.M.: Salário(s) Mínimo(s). O salário-mínimo no ano de 2010 era de 510,00 reais brasileiros.
Fonte: IBGE, 2022 – Censo 2010.

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Tabela 10.3-45 - – Rendimento nominal mensal, nos municípios da área diretamente afetada pelo empreendimento e região imediata, no ano de 2010.

Classes de rendimento nominal mensal


MR.Vale do MR. São São
Brasil Pernambuco Cachoeirinha Calçado Caruaru Garanhuns Jucati Jupi Lajedo
Ipojuca Garanhuns Caitano João
1744
Total 161981299 7373671 711750 362938 15794 9098 265208 107418 8588 11294 30359 29091
2
Até 1 S.M. 44991563 2841074 317364 160362 8168 4541 100299 40745 4143 5916 15913 14252 8553
Mais de 1 a 2 S.M. 32934535 1028864 100441 36229 1784 828 50848 13903 802 1091 3243 3434 1854
Mais de 2 a 3 S.M. 11367350 275035 22546 8964 227 156 12738 4452 169 225 723 683 221
Mais de 3 a 5 S.M. 9202384 216238 16419 6872 216 46 9614 3945 52 118 572 289 132
Mais de 5 a 10 S.M. 6674038 164074 10054 4249 93 35 5898 2701 38 73 333 226 132
Mais de 10 a 20 S.M. 2493924 64964 3403 1235 12 - 2275 819 10 16 91 65 62
Mais de 20 S.M. 1212631 35031 1291 486 6 4 885 412 - - 7 8 -
Sem rendimento 53104874 2748391 240232 144541 5289 3487 82650 40441 3375 3856 9477 10133 6489
Legenda: MR.: Microrregião. S.M.: Salário(s) Mínimo(s). O salário-mínimo no ano de 2010 era de 510,00 reais brasileiros.
Fonte: IBGE, 2022 – Censo 2010.

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A observação rápida dos dados números daqueles que vivem com renda de até dois salários-mínimos
podem parecer proporcionalmente baixos, a exemplo da realidade nacional que não atingiria 50% do
total (Tabelas MS38). Contudo, quando observados esses dados de forma mais detida, considerando
que há um percentual considerável da população que declara não ter renda, percebe-se que apenas nas
cidades polo, das duas microrregiões analisadas, esse percentual é inferior a 90%. Dessa forma, a oferta
de postos de trabalho, com requerimento de qualificação técnica de baixo nível ou com potencial de
formação de mão de obra, pode gerar um incremento nas receitas municipais e uma melhoria nas
condições materiais de vida da população.

Tabela 10.3-46 - Distribuição percentual dos grupos por faixa de renda nominal, dos municípios estudados e sua
região imediata, no ano de 2010.

Distribuição percentual das faixas de renda no total da população


do

MR Garanhuns

Cachoeirinha
Vale
Pernambuco

São Caitano
Garanhuns

São João
Calçado

Caruaru
Ipojuca

Lajedo
Brasil

Jucati

Jupi
MR

Até 2 S.M. 48,1 52,5 58,7 54,2 63,0 59,0 57,0 50,9 57,6 62,0 63,1 60,8 59,7
Entre de 2 e 5 S.M. 12,7 6,7 5,5 4,4 2,8 2,2 8,4 7,8 2,6 3,0 4,3 3,3 2,0
Mais de 5 S.M. 6,4 3,6 2,1 1,6 0,7 0,4 3,4 3,7 0,6 0,8 1,4 1,0 1,1
Sem rendimento 32,8 37,3 33,8 39,8 33,5 38,3 31,2 37,6 39,3 34,1 31,2 34,8 37,2
Legenda: MR: Microrregião.
Nota: Todos os valores estão porcentagem (%). Todos os municípios e microrregiões ficam no estado de Pernambuco.
Nota: Todos os territórios supracitados localizam-se no estado de Pernambuco – Brasil.
Fonte: IBGE, 2022, Censo 2010.

O desenvolvimento de empreendimentos de engenharia pesada, vinculados à obras de infraestrutura,


possui um alto potencial de uso da mão de obra local, considerando que o tempo de desenvolvimento e
o custo de deslocamento de pessoal cria condições para um melhor aproveitamento da força de trabalho
ociosa imediatamente próxima, disponível nos municípios cortados pela obra. O perfil longilíneo desse
tipo de empreendimento permite, ainda, a ampliação da zona econômica de impacto, afetando
positivamente a economia de mais pontos no espaço.

É importante refletir, todavia, a título de análise, que a ocorrência de pontos de atração espacial como
as cidades de Garanhuns e Caruaru tendem a exercer poder na oferta de mão de obra, já qualificada a
ser utilizada, sem necessariamente amplificar os custos de deslocamento (anteriormente abordado)
fazendo com que o volume de pessoal captado para as atividades laborativas sejam menores do que
aqueles potencialmente apontados. Portanto, é fundamental que sejam pensadas estratégias para
garantir a efetiva participação de parte da população desocupada nas obras do empreendimento
pretendido. O desenvolvimento de programas formativos (capacitação profissional de baixa
complexidade), garante, a um só tempo, uso de uma mão de obra local, que se relaciona diretamente
com o produto construído e a garantia de oferta de profissionais para a construção civil.
Quanto a oferta de trabalhadores qualificados para a construção civil, deve-se considerar que estes
podem atuar tanto na esfera local, para atender demandas oriundas de processo de aquecimento do
mercado imobiliários, quanto como força de trabalho para os mercados, em franca expansão, dos polos
microrregionais mais próximos (Garanhuns e Vale do Ipojuca – capitaneado, esta última, por Caruaru).
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Nesse sentido, caso feito de forma planejada, os impactos socioeconômicos positivos podem extrapolar
a circunscrição temporal da execução da obra pretendida.

Ademais, tal qual na observação feita quanto ao panorama educacional, a rodovia, objeto da ação
proposta, tem lugar central nas atividades laborativas de parte da população estudada, tanto porque há
um volume considerável de estruturas de serviços às margens da BR-423, que se beneficia do fluxo,
como há um número de trabalhadores que se deslocam para fins de trabalho diariamente (Tabela 10.3-
39). Estes trabalhadores, por sua vez, dependem diretamente das boas condições de trafegabilidade e de
segurança para o exercício regular de sua atividade laborativa, sendo afetados diretamente pela
melhoria da estrutura e ampliação da capacidade de tráfego.

Tabela 10.3-47 - Pessoas que trabalhavam fora do domicílio e retornavam diariamente do trabalho, considerando o
tempo de deslocamento, no ano de 2010.

Tempo habitual de deslocamento do domicílio para o trabalho principal


Mais 30 até 60 Mais de 1 até 2
Total Até 5 min De 6 a 30 min Mais de 2 horas
min horas
Brasil 61588447 8046344 32156635 14367449 5924107 1093910
Pernambuco 2426761 313943 1264529 595094 221380 31815
MR Vale do Ipojuca 238026 39917 152342 37465 6870 1432
MR Garanhuns 119109 24027 70815 18961 4285 1021
Cachoeirinha 4748 1117 2964 528 73 65
Calçado 4481 1797 2068 532 68 17
Caruaru 94068 12772 63834 14916 2262 284
Garanhuns 35812 4010 24053 6459 1051 241
Jucati 4078 1476 2294 284 24 -
Jupi 5051 1166 3324 491 57 14
Lajedo 11331 2719 7027 1157 374 55
São Caitano 10703 1477 6035 2729 352 111
São João 5484 1120 3543 624 154 43
Legenda: min: minutos. MR: Microrregião.
Nota: Todos os territórios supracitados localizam-se no estado de Pernambuco – Brasil.
Fonte: IBGE, 2022 – Censo 2010.

Ao observar o tempo de deslocamentos relatado, percebe-se que os trajetos pequenos e médios são os
predominantes, porém, os trajetos entre 30 minutos e duas horas permitem uma maior vinculação à
rodovia estudada, considerando que os trajetos mais longos tendem a vincular-se à atividades em
municípios mais distante. Não é possível afirmar, com os dados obtidos, que todos esses trabalhares
utilizam a BR-423 como eixo de deslocamento para seu campo laboral, por existirem rodovias
estaduais que conectam alguns dos municípios estudados a cidades intra e extrarregionais. Contudo, é
correto dizer que a principal via de deslocamento entre os municípios analisados é sim a BR-423.

10.3.10.4 Meios de comunicação de abrangência regional

Os meios de comunicação, na atualidade, ocupam um lugar central na dinâmica social. As redes sociais
eletrônicas trouxeram para o centro da vida em sociedade o compartilhamento, em tempo real, de fatos
do cotidiano, de interesse comum ou privado, dando importância nuclear à comunicação social
humana, comprimindo ainda mais o tempo e o espaço. Outrora limitados aos veículos de mídia, a
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notificação de fatos de interesse comum massificou-se por meio de blogs, perfis em redes sociais,
canais no youtube etc., aliando-se aos meios já tradicionais (televisão, rádio, rádio difusão, jornal e sites
oficiais). O Agreste pernambucano tem nas cidades de Caruaru e Garanhuns os seus dois principais
polos de desenvolvimento, o que faz com que os meios de comunicação transformem essas cidades em
bases para o reportamento de fatos que interferem na vida dos municípios do entorno. Foi reunido, em
um quadro síntese, os principais veículos de comunicação que trazem, em seus perfis de atuação, o
reportamento de fatos relevantes para as microrregiões geográficas estudadas, considerando aqueles
que não se limitavam a abordagem dos municípios de forma isolada (Quadro MS8). Na análise
individual, dos municípios diretamente afetados, optou-se por apresentar os instrumentos de
comunicação de caráter local.

A proliferação desses meios de comunicação (mídias sociais), onde os fatos ocorridos no município
conseguem ser divulgados em tempo real, traz consigo dois fatores que precisam ser brevemente
abordados: a capacidade de informar e reportar acontecimentos do interesse direto da população local,
que pelos meios tradicionais poderiam não ser difundidos, pela necessidade de seleção de pautas
relevantes à região; e, a ausência de crivos éticos no reportamento de fatos que podem ser de foro
íntimo. A questão espacial parece ser o elemento primordial no potencial informativo dessas novas
formas de informar. Considerando que os meios de difusão em massa abrangem uma área geográfica
mais ampla, cumpre às redações, a seleção dos fatos que apresentam maior interesse para o cotidiano
das populações destes macro e mesoespaços. Quando um determinado blog, site e/ou perfil em rede
social ocupa-se do cotidiano de um município de pequeno porte, coloca, inevitavelmente, a vida do
sujeito no centro do ato informativo. O diálogo com essas estruturas de comunicação, desde que
atendam a princípios éticos básicos (isonomia, respeito pelos fatos e responsabilidade ética e moral
com a informação prestada) pode maximizar o alcance das atividades propostas e esclarecer possíveis
dúvidas oriundas do desconhecimento dos processos que regem essa atividade com alto grau de
complexidade e execução.

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Tabela 10.3-48 – Lista dos meios de comunicação, de caráter regional, identificados nas microrregiões do Vale do Ipojuca e de Garanhuns.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO - REGIONAL


MEIO
CATEGORIA SITE/@ RESPONSÁVEL VIGÊNCIA CONTATO SEDE OBSERVAÇÃO
COMUNICAÇÃO
tvasabrancaoficial /
TV/Site/Instagr TV Asa Branca-Filial
https://redeglobo.globo.com/pe/tvasabra (81) 2103-1299 Caruaru
am/Facebook Rede Globo
nca/
tvjotnalinteriorsbt /
TV/Site/Instagr TV Jornal Interior-
https://interior.ne10.uol.com.br/tv- (81) 3722-8600 Caruaru
am/Facebook Filial SBT
jornal/ao-vivo
Rádio
Site/Rádio/Inst CBN Caruaru/ CBN cbncaruaru /
Caruaru retransmitida de
agram Caruaru FM 89.9 https://www.cbncaruaru.com/aovivo
Recife
https://g1.globo.com/pe/caruaru-regiao/ Instagram sem
Site G1 Caruaru e Região Caruaru
/ g1caruarueregiao movimentação
portalnodetalhe / https://nodetalhe.com /
Site Portal No Detalhe 081 99739-7144 Caruaru
dr107contato@gmail.com
https://www.espiaqui.com.br /
Site Espiaqui/CNF Caruaru
caruarunoface
Rádio/Instagra Rádio Asas FM 91.1
asasfm91.1 Alberto Sales 2009 albertosales1961 Lajedo
m MHz
Blog Blog na boca do povo https://www.blognabocadopovo.com.br Dinho Santos dinhoalsantos Lajedo
(87) 99628-7023 /
Rádio/Insta/Sit Rádio Líder Jupi FM radioliderfmjupi / Rádio sem alcance
Agnelo Alves 2014 radiojupifm@gma Jupi
e de notícias 87,9 MHz https://www.jupifm.com regional
il.com
Rádio Jornal FM 107.5
https://interior.ne10.uol.com.br/radio-
Rádio de Garanhuns - PE, Garanhuns
jornal/garanhuns
migrante da AM 1210.
https://www.garanhunsnoticias.com.br /
Site Garanhuns Notícias 87 9 8130-1122 Garanhuns
garanhunsnoticias
Rádio Marano FM maranofm@gmail
Rádio http://maranofm.com.br / maranofm Garanhuns
102.3 MHz .com
Fonte: Dados da pesquisa de campo.

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As estruturas de comunicação aqui apresentadas (vinculadas às redes sociais) não abarcam perfis
vinculados às prefeituras (secretarias, projetos etc.) ou a instituições privadas de comércio (lojas,
parques, restaurantes etc.), apenas tratando daqueles perfis que se propõem a informar questões
referentes ao cotidiano municipal, oficialmente ou não. É fundamental, nesta etapa do levantamento
dos dados, que eventuais reportamentos de fatos, feitos por instrumentos físicos ou digitais oriundos de
outras atividades, não figurem como sendo de comunicação, para distinguir as atividades fins dos
perfis/instrumentos. Nesse contexto, blogs pessoais ou ações de influencers digitais não integram o
bojo dos que foram aqui elencados.

10.3.10.5 Produto interno bruto e os espaços de produção

A produção econômica apresenta-se nas diferentes esferas da vivência de uma sociedade. Submetidos a
um regime capitalista de produção e consumo, o valor da produção sobrepõe-se ao valor de uso dos
recursos disponíveis. Nesse sentido, a percepção das riquezas geradas por determinados segmentos do
mercado produtivo pode indicar a importância que esse grupo tem dentro da realidade estudada. O
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, divide a atividade econômica em 4 segmentos
principais: agropecuária, indústria, serviços e administração pública. A estrutura de gerenciamento do
estado tem o potencial de gerar um incremento sensível das finanças de uma determinada porção do
território, sendo capaz de interferir diretamente nos fluxos econômicos dos demais setores da
economia, em razão disso, é considerado, para fins de constituição do Produto Interno Bruto – PIB, que
se refere ao somatório das receitas geradas numa dada porção territorial.

Os municípios com porções do território contidas na Área Diretamente Afetada pelo empreendimento
não possuem participação central na economia de suas microrregiões e para o Estado, estando mais
vinculados à produção e o consumo local, cooperando de forma mais ampla para a constituição
economia das unidades espaciais imediatas. Observando a participação do PIB nas unidades espaciais
imediatamente superiores (Tabela 10.3-40) percebe-se que, embora as microrregiões observadas
tenham uma importância média no contexto estadual, as cidades observadas não apresentam
participações expressivas. A hiper concentração produtiva e monetária observada entre as
microrregiões repete-se dentro desses espaços em relação a suas cidades polo. Embora a microrregião
do Vale do Ipojuca, por exemplo, apresente o quarto maior PIB do Estado e a microrregião de
Garanhuns apresente o sétimo maior volume, esses volumes cooperam apenas com 7,96% e 3,13% do
PIB estadual. Esse fato ocorre porque a microrregião de Recife e de Suape concentram, juntas, 54,27%
do produto estadual. Tal realidade acaba por reproduzir nos espaços observados, onde as cidades polo
concentram mais de 40% das riquezas produzidas.

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Tabela 10.3-49 – Produto Interno Bruto - PIB dos municípios estudados em relação a região imediata e aos demais níveis territoriais, no ano de 2019.

Produto Interno Bruto a preços correntes (Mil Reais) – Ano - 2019

INDUS Part. MR (%)


AGRO Part. MR (%)

ADMINISTRAÇÃO
INDUS Part. PE (%)

SERV Part. MR (%)


AGRO Part. PE (%)

ADM Part. MR (%)


AGROPECUÁRIA

SERV Part. PE (%)

ADM Part. PE (%)


Part. MR (%)

INDÚSTRIA
PIB-TOTAL

Part. PE (%)

SERVIÇOS
Brasil 7389131000 - - 310714000 - - 1385804000 - - 3554075000 - - 1106091000 - -
Pernambuco 197853378 - - 7551625 - - 33358616 - - 85871514 - - 42171444 - -
MR Vale do
15748283 - 7,96 1410846 - 18,68 1860860 - 5,58 6628343 - 7,72 4085041 - 9,69
Ipojuca
Cachoeirinha 223975 1,42 0,11 24632 1,75 0,33 10375 0,56 0,03 85936 1,3 0,1 83125 2,03 0,2
Caruaru 7610822 48,33 3,85 110385 7,82 1,46 793572 42,65 2,38 4106276 61,95 4,78 1527960 37,4 3,62
São Caitano 377231 2,4 0,19 27680 1,96 0,37 34925 1,88 0,1 123056 1,86 0,14 161987 3,97 0,38
MR Garanhuns 6188590 - 3,13 642294 - 8,51 826646 - 2,48 2087432 - 2,43 2129055 - 5,05
Calçado 102440 1,66 0,05 25048 3,9 0,33 3117 0,38 0,01 19347 0,93 0,02 52054 2,44 0,12
Garanhuns 2603254 42,07 1,32 71910 11,2 0,95 374490 45,3 1,12 1225744 58,72 1,43 611072 28,7 1,45
Jucati 115457 1,87 0,06 32853 5,12 0,44 3334 0,4 0,01 19348 0,93 0,02 57551 2,7 0,14
Jupi 170106 2,75 0,09 23352 3,64 0,31 24635 2,98 0,07 42215 2,02 0,05 71344 3,35 0,17
Lajedo 488834 7,9 0,25 48196 7,5 0,64 23423 2,83 0,07 194609 9,32 0,23 180585 8,48 0,43
São João 238786 3,86 0,12 46855 7,29 0,62 8047 0,97 0,02 63917 3,06 0,07 104918 4,93 0,25
Legenda: ADM: Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social. AGRO: Agropecuária. SERV: Serviços. INDUS: Indústria. R$: Reais Brasileiros. Part.: Participação percentual. MR:
Microrregião. PE: Pernambuco. PIB: Produto Interno Bruto.
Nota: todos os valores devem ser multiplicados por 1.000,00.
Nota: Os dados de 2019 estão sujeitos à revisão, em divulgações posteriores do instituto (Coleta em 29/09/2022).
Nota: Todos os territórios supracitados localizam-se no Estado de Pernambuco – Brasil.
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA.

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As múltiplas atividades apresentam importâncias distintas na composição interna dos produtos


municipais, vinculando-se a dinâmica interna de cada município. Quando observado o comportamento
das microrregiões, há uma concentração econômica no setor dos serviços, em detrimento da
agropecuária e da indústria. Comparativamente, a microrregião de Garanhuns-PE tem parte maior de
seu PIB oriundo desses dois últimos setores, embora tenha uma participação menor no total do Estado
para esses dois seguimentos, pelo seu volume de produção. Esse mesmo padrão ocorre também nas
centralidades (Caruaru e Garanhuns), com percentuais de participação nos serviços, seguido da
indústria e da agropecuária, apesar de reunirem as maiores cifras em todos os ramos de atividade dentro
de suas regiões. Deve-se registrar que a produção agropecuária é aquela com maior difusão espacial
dentro das microrregiões, deixando clara a importância dessa atividade para todas as pequenas cidades
desses espaços. Para tanto, até nos territórios onde há predominância de outros setores na composição
do PIB, os espaços rurais ditam a dinâmica econômica e produtiva.

Distintos entre si, os espaços urbanos e rurais constituem porções complexas dos territórios. As formas
igualmente distintas de criação e recriação das trocas relacionais (fluxos), projetadas nas estruturas
físicas (fixos), geram maneiras de uso diversas que submetem estes espaços a organizações
particulares, vinculadas à formas diversas de apropriação e desenvolvimento pelos grupos humanos.
Qualquer intuito de compreensão desses espaços demanda um entendimento do funcionamento e das
perspectivas de ampliação de cada uma dessas porções do território municipal, investigando a própria
dinâmica de evolução econômica e social, uma vez que estas projetam-se no espacial de forma
imperativa.

A produção agropecuária, das regiões em análise, pode ser apresentada dividindo-as em quatro grandes
grupos, adotando o critério utilizado pelo IBGE: extração vegetal e silvicultura (Tabela 10.3-41);
desenvolvimento de lavouras permanentes (Tabela 10.3-42); desenvolvimento de lavouras temporárias
(Tabela 10.3-43); e, desenvolvimento de atividade pecuária (Tabelas MS44 e MS45).
A agropecuária, embora represente o menor percentual no PIB das microrregiões, tem importância
central na realidade dos municípios, ficando, por vezes, atrás apenas do valor da administração pública.
A realidade econômica dos municípios observados é bastante diversa, guardando como característica
principal a relação de dependência econômica com a administração municipal e a forte presença de
uma população rural com tendências produtivas para lavouras temporárias. A extração vegetal mostrou-
se limitada a um número muito restrito de gêneros, tal qual a produção de lavouras permanentes. Os
gêneros produzidos pelos agricultores mostraram-se igualmente limitados, na atualidade, com registros
esporádicos de produção divergente, definindo um perfil produtivo em gêneros alimentares de baixo
custo, como feijão, milho e mandioca.

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Tabela 10.3-50 – Quantidade produzida e valor da produção na extração vegetal, por tipo de produto extrativo, nos municípios estudados e nas regiões imediatas, no ano de
2021.

Extração vegetal no ano de 2021

Carvão vegetal (*R$)


Castanha-de-caju (t)

Umbu (fruto) (*R$)


Alimentícios (*R$)

Carvão vegetal (t)


Castanha-de-caju

Umbu (fruto) (t)


Alimentícios (t)

Lenha (*R$)
Lenha (m³)
(*R$)
Brasil 884054 1861312 1769 6523 12771 17608 441663 465347 19075274 579549
Pernambuco 1184 3537 502 1713 391 722 6828 8372 1847394 50948
MR Vale do Ipojuca 69 206 33 154 36 52 112 133 32600 894
Caruaru - - - - - - 1 1 140 6
São Caitano
Cachoeirinha 33 110 19 95 14 15 21 22 2600 62
MR Garanhuns 167 504 132 401 35 103 158 188 35823 975
Lajedo 2 4 1 3 1 1 2 3 8250 202
Calçado 8 32 5 20 3 12 3 4 500 20
Jupi 2 7 1 4 1 3 3 8 301 9
Jucati 5 14 5 14 - - 0 0 - -
São João 5 12 1 5 4 7 4 10 900 36
Garanhuns 19 75 18 72 1 3 2 3 2000 54
Legenda: t: tonelada; R$: valor em real brasileiro *(x 1.000); m³: metros cúbicos
Nota: O símbolo "0" significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
Nota: O símbolo “-” significa: Zero absoluto
Nota: Os espaços sem números indicam a não ocorrência de registro de produção, naquele ano.
Nota: Todos os territórios supracitados localizam-se no estado de Pernambuco – Brasil.
Fonte: IBGE, Produção da Extração Vegetal e Silvicultura, 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.

Tabela 10.3-51 – Área destinada à colheita, quantidade produzida e valor da produção das lavouras permanentes, nos municípios estudados e nas regiões imediatas no ano de
2021.

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Produção de Lavouras Permanentes em 2021

Castanha de caju(*R$)
Café (em grão) (*R$)

Castanha de caju (ha)


Banana (cacho)(*R$)
Banana (cacho) (ha)

Castanha de caju (t)


Café (em grão) (ha)

Café (em grão) (t)


Banana (cacho)(t)

Laranja(*R$)
Laranja (ha)

Laranja (t)
Brasil 456375 6811374 9998070 1837833 2993780 34896546 1445734 111103 476952 427185 16214982 12534709
Pernambuco 43228 483107 494029 990 223 2469 990 2625 14861 2165 5054 5729
MR Vale do Ipojuca 293 1462 1665 15 2 12 15 3 7 17 16 25
Cachoeirinha ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Caruaru 40 300 683 - - - - 1 4 8 - -
São Caitano 10 30 78 - - - - - - - - -
MR Garanhuns 1069 13280 21526 107 69 719 107 - - - 1158 1332
Calçado - - - - - - - - - - 300 330
Garanhuns 10 80 220 25 15 175 25 - - - 75 125
Jucati ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Jupi - - - - - - - - - - 32 32
Lajedo ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
São João 6 51 85 2 1 16 2 - - - 50 60
Legenda: t: tonelada; R$: valor em real brasileiro *(x 1.000); ha: Hectares.
Nota: O símbolo "0" significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
Nota: O símbolo “-” significa: Zero absoluto
Nota: Os espaços sem números indicam a não ocorrência de registro de produção, naquele ano.
Nota: Todos os territórios supracitados localizam-se no estado de Pernambuco – Brasil.
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.

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2023
Jupi
Brasil

Jucati

Lajedo
Calçado

Caruaru

São João
DNIT- PE
Execução

Garanhuns

São Caitano
Pernambuco

Cachoeirinha

MR Garanhuns
MR Vale do Ipojuca
68672 23978 16200 870 1795 7843 5970 2762 1750 4558 1320 713097 81290999 Total (ha)

Nota: O símbolo “-” significa: Zero absoluto


357053 52844 142454 343 8992 41938 20311 15279 2947 14969 4152 3429806 651751259 Total (*R$)
1439 76 - - - 10 5 8 23 - - 3071 56587 Batata-doce (ha)
Lavouras Temporárias no ano de 2021

20196 515 - - - 80 60 80 184 - - 35907 824680 Batata-doce (t)


27074 1175 - - - 120 60 67 515 - - 56763 1222363 Batata-doce (*R$)
225 59 - - - 10 10 6 - 8 - 5192 33374 Fava (em grão) (ha)

Legenda: t: tonelada; R$: valor em real brasileiro *(x 1.000); ha: Hectares.
128 22 - - - 6 6 3 - 5 - 1248 9554 Fava (em grão) (t)

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.
Nota: O símbolo "0" significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
1062 140 - - - 40 30 36 - 29 - 8943 61642 Fava (em grão) (*R$)

2023
Nota: Todos os territórios supracitados localizam-se no estado de Pernambuco – Brasil.
48790 12745 11700 400 1000 4400 5000 1950 710 3500 500 187395 2765724 Feijão (em grão) (ha)
50778 5531 24570 1 900 4520 3490 1281 15 3150 180 71155 2899864 Feijão (em grão) (t)
227200 20336 113846 5 4199 21093 15705 5807 90 12600 1044 315015 12049373 Feijão (em grão) (*R$)
12204 3247 3300 70 495 3000 850 200 200 900 70 43550 1212284 Mandioca (ha)

Elaboração: Ecotech Consultoria Ambiental


ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA
140249 33786 39600 350 7425 36000 10200 1600 1510 10800 840 421311 18098115 Mandioca (t)
64792 16966 19008 324 4388 18000 4284 640 1806 2160 588 265501 12702124 Mandioca (*R$)
Engenharia e construção

Adequação da Capacidade BR-423/PE KM 18,20 ao 86,12


estudados e nas regiões imediatas no ano de 2021.

71 - - - - 3 - 18 - - - 3113 93630 Melancia (ha)


1106 - - - - 45 - 234 - - - 80865 2141970 Melancia (t)
911 - - - - 45 - 117 - - - 55024 1844638 Melancia (*R$)
CONSÓRCIO LCM/BTEC/CONTECNICA

5590 7500 1200 400 300 400 100 500 800 150 750 182855 19587069 Milho (em grão) (ha)
18073 3590 7200 8 270 760 90 2100 122 135 1575 66731 88461943 Milho (em grão) (t)
24820 5694 9600 14 405 1140 113 2974 183 180 2520 101927 116396867 Milho (em grão) (*R$)
153 42 - - - 20 5 80 - - - 1464 52046 Tomate (ha)

Pag.

250
4856 2180 - - - 300 60 3600 - - - 67092 3679160 Tomate (t)
9944 4720 - - - 1500 119 5638 - - - 135222 6478833
Tabela 10.3-52 – Área plantada, quantidade produzida e valor da produção das lavouras temporárias nos municípios

Tomate (*R$)
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Tabela 10.3-53 – Efetivo dos rebanhos, por tipo de rebanho, nos municípios estudados e nas regiões imediatas no ano de 2021.

Efetivo dos rebanhos, por tipo de rebanho (cabeças)


Vacas Suíno
Bovino Bubalino Equino Suíno Caprino Ovino Galináceos Galinhas Codornas
Ordenhadas (Matrizes)
Brasil 224602112 15944584 1551618 5777046 42538652 4956626 11923630 20537474 1530668972 255603607 15335403
Pernambuco 2173313 545309 10723 130127 862473 172214 3204448 3435530 51198380 14656972 896073
MR Vale do Ipojuca 284106 73454 145 16677 256987 54847 128528 201471 15057190 6632018 234420
Cachoeirinha 13700 1960 - 865 8690 3130 1315 6070 410000 123000 -
Caruaru 19096 1776 - 1949 6777 813 7560 17753 978839 597975 -
São Caitano 19398 2363 - 513 7020 912 8160 15328 143400 80900 -
MR Garanhuns 342541 113681 130 14139 90869 12464 34063 105276 9999553 1564301 5371
Calçado 2450 1600 - 275 3763 90 1479 4682 395090 20340 -
Garanhuns 26769 8232 - 1493 12926 556 2323 7793 1890852 150123 -
Jucati 5000 1650 - 180 1894 135 1135 2770 805000 43000 -
Jupi 6000 1500 50 152 4100 116 1530 5000 598228 69360 3840
Lajedo 19050 6500 17 390 12050 5020 6760 17760 1700500 84300 -
São João 11000 3300 - 600 2664 300 975 5148 280000 80000 50
Nota: Todo os valores referem-se a número de cabeças de animais.
Nota: O símbolo "0" significa: Zero resultante de um cálculo ou arredondamento.
Nota: O símbolo “-” significa: Zero absoluto
Nota: Todos os territórios supracitados localizam-se no estado de Pernambuco – Brasil.
Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2021, Rio de Janeiro: IBGE, 2022.

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Tabela 10.3-54 – Produção de origem animal, por tipo de produto, nos municípios estudados e nas regiões imediatas no ano de 2021.

Produção de origem animal


Leite (*litros) Leite (*R$) Leite (%total) Ovos (*dúzias) Ovos (*R$) Ovos (%total) Mel (kg) Mel (*R$) Mel (%total)
Brasil 35305047 68173032 74,55 4849697 21858718 23,9 55828154 854416 0,93
Pernambuco 1265542 2246550 62,88 283545 1284710 35,96 1248005 21195 0,59
MR Vale do Ipojuca 150978 279613 31,92 140871 588735 67,21 27107 672 0,08
Cachoeirinha 3356 6040 51,61 1510 5663 48,39 - - -
Caruaru 3229 9686 12,48 13868 67954 87,52 - - -
São Caitano 1796 3771 28,85 2480 9299 71,15 - - -
MR Garanhuns 313044 536649 81,22 24440 123554 18,7 4749 191 0,03
Calçado 3600 5400 77,56 260 1562 22,44 - - -
Garanhuns 24202 49130 86,76 2200 7480 13,21 560 20 0,04
Jucati 4455 6683 54,9 645 5486 45,07 100 4 0,03
Jupi 3780 5670 56,11 867 4162 41,19 350 14 0,14
Lajedo 12907 23232 86,15 1010 3735 13,85 - - -
São João 9344 14016 72,6 1100 5280 27,35 60 9 0,05
Legenda: Leite: Leite de Vaca. %total: Percentual do total da produção de origem animal da unidade espacial. *: vezes 1.000. R$: Reais brasileiros. Ovos: Ovos de galinha. Kg:
Quilogramas.
Nota: O símbolo “-” significa zero absoluto (não há registro da produção)
Nota: Todos os territórios supracitados localizam-se no estado de Pernambuco – Brasil.
Fonte: IBGE - Pesquisa da Pecuária Municipal.

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O cultivo de gêneros alimentícios tem importância central na ocupação espacial de grupos humanos.
Para tal atividade, a disponibilidade hídrica torna-se o principal indutor do estilo de produção. Nesse
contexto, cabe lembrar que o regime hídrico da região, vinculado à existência de um período longo de
estiagem com precipitação concentradas em um período bastante estreito, associado a uma rede de
drenagem predominantemente intermitente e efêmera, apresenta condições de baixa potencialidade para
o desenvolvimento de lavouras permanentes.

Diante de uma realidade pouco aprazível às lavouras perenes, a agricultura de sequeiro (regime no qual
o agricultor organiza o seu ciclo produtivo em detrimento do regime hídrico da região) é uma realidade
bastante forte. Esse tipo de agricultura, ligada aos ciclos sazonais de disponibilidade hídrica, relaciona-
se de forma direta com a produção de lavouras temporária. Outra produção bastante relevante,
relacionada a forma histórica de ocupação dos espaços agrestes do interior pernambucano, é a pecuária,
tanto atrelada à produção de carne como à de laticínios. A atividade avícola (especialmente de
galináceos) tem ganhado proeminência mais recentemente com a proliferação da atividade granjeira em
vários municípios.

Na produção de lavouras temporárias foi possível observar sete gêneros produzidos no ano de 2021:
batata doce, fava, feijão, mandioca, melancia, milho e tomate. Dentre esses gêneros, há uma clara
predominância do feijão, da mandioca e do milho, sendo a produção de feijão a mais expressiva em
quantidade produzida e a de mandioca aquela que tem maior valor e produção. O milho está presente
em quase todos os municípios, contudo, sempre em quantitativos bem inferiores aos outros dois
gêneros. Os demais gêneros alimentícios não apresentam presença difusa entre as unidades territoriais,
estando espacialmente limitados.

A produção pecuária é bastante diversa e tem, atualmente, a produção leiteira e a criação de galináceos
como os grandes expoentes econômicos da região. Ao longo dos trechos estudados há uma presença
constante de granjas, bem como de pasto destinado à pecuária extensiva. A produção de leite é bem
mais significativa na microrregião de Garanhuns, ao passo que a produção de ovos tem destaque na
microrregião do Ipojuca. Nos municípios estudados localizados na microrregião do Vale do Ipojuca, o
município de Cachoeirinha é aquele que apresenta o maior volume de produção de leite, ainda que não
seja o mais valor da produção. Essa produção relaciona-se diretamente com a comercialização de
derivados de leite que, por sua vez, atualmente, está atrelada às atividades de comércio de carnes e
queijos à margem da BR-423.

10.3.10.6 Uso e ocupação do solo

O uso dos espaços se concretiza nas formas de cobertura da superfície terrestre. A intencionalidade
humana e a organização socioeconômica têm o poder de remodelar a paisagem, fazendo dela uma
expressão das estruturas econômicas imperantes. A caracterização dos perfis de ocupação do solo por
meio de classes de uso permite a compreensão do funcionamento da dinâmica socioespacial. Ao se
considerar os principais usos do solo, é possível distinguir 5 classes representativas da dinâmica
territorial: zona de mananciais; zona de vegetação natural; zona de vegetação natural alterada; zona
rural – agropecuária; e, zona urbana.

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Tabela 10.3-55 – Distribuição das classes de uso e ocupação do solo nos municípios constantes na área diretamente
afetada pelo processo de duplicação da BR-423 e dos municípios de Caruaru e Garanhuns, todos no estado de
Pernambuco.

Percentual de cobertura do solo por classe

Zona de Vegetação Natural (%)

Zona Rural -Agropecuária (%)


Zona de Vegetação Natural
Zona de Mananciais (%)

Zona Urbana (%)


Área Total (km²)

Alterada (%)
Caruaru 924,855 0,25 50,98 16,39 22,35 10,02
Garanhuns 459,042 0,75 17,29 10,22 65,16 6,58
São Caetano 383,111 0,11 30,84 12,83 54,23 2,00
Cachoeirinha 179,511 - 12,14 15,44 70,86 1,56
Lajedo 189,363 0,18 9,99 16,78 69,62 3,44
Calçado 122,109 - 8,82 14,96 75,70 0,53
Jupi 105,123 0,12 17,99 13,16 66,88 1,85
Jucati 120,741 0,00 11,88 11,98 75,45 0,69
São João 258,660 0,41 15,33 6,13 76,29 1,84
Nota: Todos os municípios localizam-se no estado de Pernambuco, na mesorregião do Agreste pernambucano.
Nota: Os dados foram extraídos do mapa de uso e ocupação do solo produzido para o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do processo de
duplicação da BR-423, disponível no presente documento.
Fonte: Os autores, 2023.

De maneira geral é possível perceber, com exceção de Caruaru (apenas 22,35%), que há uma
predominância de uso pela agropecuária do território dos municípios. Esse ramo produtivo é
responsável pela ocupação de mais de 50% dos municípios analisados. A vocação histórica para o
desenvolvimento agrícola e pecuário no Agreste de Pernambuco subsidiou a realidade encontrada,
fomentando o desenvolvimento dessas atividades nos diferentes espaços intrarregionais. Caruaru, na
condição de polo regional (com forte desenvolvimento de atividades industriais), destoa do entorno
concentrando sua produção na área urbana. Um segundo fator interessante neste polo regional é a
cobertura vegetal nativa densa (50,98%). O baixo percentual de áreas vegetais naturais é uma constante
nos demais municípios atingindo percentuais que não ultrapassam 18% (a exemplo de Calçado –
8,82%), a exceção de São Caetano (30,84%), revelando um espaço rural extremamente antropizado. A
vocação para o setor de serviços, em municípios como Caruaru, São Caetano, Cachoeirinha e Lajedo
aparentemente inibe o desenvolvimento das atividades agrícolas, em detrimento das atividades
pecuária. Nos municípios menores (Calçado, Jupi, Jucati e São João), localizados em ambientes mais
úmidos, há um direcionamento oposto, privilegiando as práticas agrícolas com a produção de gêneros
alimentícios (como mandioca, feijão e milho) ocupando um percentual considerável das terras.

As manchas urbanas mais expressivas estão localizadas nos municípios com maior importância
microrregional: Caruaru (10,02%), Garanhuns (6,58%), Lajedo (3,44%) e São Caetano (2%). O alto
percentual de território urbano em Lajedo, superior à aquele apresentado por São Caetano, dá conta do
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processo recente de expansão e importância da malha urbana lajedense. Deve-se destacar, contudo, que
o que se discute neste momento não é a comparação entre as malhas urbanas e sim a área ocupada
dentro do território municipal. Como os municípios diferem bastante em tamanho, indo de 924,8 km²
(Caruaru) até modestos 105,1 km² (Jupi), o percentual ocupado pelos diferentes arranjos espaciais
revela a importância dessas estruturas no contexto socioeconômico local.

Na área imediatamente próxima ao empreendimento, lindeira a rodovia BR-423, os usos estão


diretamente vinculados às características dos municípios (Figura 10.3-122), refletidos inclusive nos
usos da faixa de domínio da rodovia. Há nos municípios de São Caetano, Cachoeirinha e Lajedo, uma
predominância de espaços destinados a pecuária, com pastagem para o gado e poucos espaços
destinados a produção agrícola. No município de Cachoeirinha e Lajedo, foram identificados pontos
onde a faixa de domínio é utilizada para o cultivo de silagem para o gado (milho e sorgo). Nos
municípios de Calçado, Jupi, Jucati e São João a produção este direcionada para gêneros alimentício
humanos (feijão, milho, batata e mandioca), entrecortados por área de pastagem. Nesse contexto,
embora a produção pecuária se difunda em alguns espaços sem alterar de forma tão severa a paisagem,
a provável ocorrência de criação extensiva de gado (que pode requerer a instalação de pastos), permitiu
uma vasta ocupação da paisagem rural em todo o trecho relegando a vegetação nativa (natural ou
alterada), salvo pequenas exceções, a uma posição secundária.

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Figura 10.3-122 - Mapa de uso e cobertura do solo nos municípios constantes na área diretamente afetada pelo
processo de duplicação da BR-423 e dos municípios de Caruaru e Garanhuns, todos no estado de Pernambuco.

Fonte: Os autores, 2023.

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10.3.10.7 Condições de Segurança e Acidentes

As condições de segurança de uma via estão diretamente ligadas às condições de preservação da


estrutura física do eixo viário e da capacidade de suporte do tráfego imperante. O volume de veículos
que circulam em uma dada rodovia tanto pode ser responsável pela deterioração acelerada da estrutura,
como pode ser geradora, em caso de excesso, de condições potenciais para a ocorrência de acidentes. A
necessidade constante de ultrapassagem pode gerar situações de risco que colocam a vida dos
transeuntes em vulnerabilidade.

As entrevistas em campo revelaram um número considerável de relatos de acidentes ao longo do trajeto


estudado, os quais tiveram como principal ponto de indicação áreas externas às malhas urbanas,
indicando uma relação entre os eventos relatados e as condições de tráfego em locais de maior
velocidade. Como forma de averiguar a pertinência dos relatos obtidos, foi realizada uma consulta
quanto aos casos de acidentes reportados pela Polícia Rodoviária Federal, para o ano de 2021. Os dados
coletados vão ao encontro das observações empíricas, apresentando, no ano analisado, um total 72
eventos de acidentes. Para tentar filtrar aqueles que poderiam resultar das condições de não duplicação
da via, os eventos foram filtrados em: colisão frontal, colisão lateral, colisão lateral no mesmo sentido,
colisão lateral no sentido oposto e colisão transversal.

Quando filtrados, os dados obtidos foram localizados 41 eventos de acidentes no trecho em análise, o
que representa 56,94% dos registros. A predominância de acidentes envolvendo colisão frontal e lateral
indicando uma clara vinculação com o fato de a via apresentar mão dupla, sem separação física entre as
faixas. Quando observados os locais de acidente, quanto ao traçado da via, percebe-se que 63,42%
ocorreram em trechos retos, o que pode indicar tentativa de ultrapassagem malsucedidas. Nos registros
analisados há uma indicação, por parte da força policial, da causa do acidente. Dos motivos indicados,
16 foram por transitar na contramão, ultrapassagem e mudança de faixa. Entretanto, registros de
ingestão de álcool, condutor dormindo e reação tardia podem estar vinculados ao mesmo fator, embora
o registro feito dê conta de especificidades importantes para a autoridade que o faz, sem conseguir
apreender de forma precisa os acontecimentos geradores do acidente.

Quando pensados os acidentes relatados (Figura 10.3-123), é necessário considerar que o fato gerado
envolve múltiplas dimensões, que se estendem desde a perda de vidas, até o prejuízo econômico para o
sistema de saúde. Ademais, o período de recuperação impõe, aos envolvidos, tempo longe do mercado
de trabalho e custos para a previdência social, para os casos daqueles que são segurados. Considerando
ainda que os dados anteriormente apresentados, sobre a força de trabalho que afirma deslocar-se
diariamente para exercer suas atividades laborativas, são pertinentes podemos estimar os números de
trabalhadores que se encontram diariamente vulneráveis a ocorrência de eventos impeditivos para sua
atividade. No ano analisado, os 41 acidentes atingiram 124 pessoas, das quais 13 vieram a óbito, em 10
eventos, e 54 ficaram feridas. Levando-se em consideração que os acidentes registrados tiveram uma
letalidade de 24,4%, deve-se ponderar que tal condição exige ações com potencial de minorar esses
eventos, evitando perdas humanas e prejuízos econômicos.

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Fonte: Os autores, 2022.


Figura 10.3-123 - Mapa de pontos com eventos de acidentes reportados pela Polícia Rodoviária Federal, entre os
quilômetros 18,20 e 86,12 da BR-423, no ano de 2021.

A comparação entre rodovias, ainda que ambas sejam federais, é sempre difícil. Ainda que elas estejam
submetidas a mesma administração e estando na mesma região, a interação com os grupos sociais que
delas fazem uso resultam em dinâmicas muito particulares, sem simetria em qualquer outro espaço.
Ciente de dessa realidade, pode-se tecer considerações comparativas sobre os efeitos de diferenças
estruturais, considerando sempre que a dinâmica observada diverge de forma estrutural. A BR-232,
importante eixo de circulação no Estado de Pernambuco, tem parte de seu território duplicado. O trecho
já duplicado da referida rodovia, da ordem de 149,1 km, o que representa 26,6%, é relativamente
pequeno considerando seu tamanho total de 560,1 km. Ao observar os índices de acidentes nesta
rodovia, percebe-se que proporcionalmente eles são bem menores quando comparados aos eventos na
BR-423. Em toda a rodovia BR-232, apenas 32,18% dos acidentes ocorreram por eventos de colisão
frontal, colisão lateral, colisão lateral no mesmo sentido, colisão lateral no sentido oposto e colisão
transversal. Já na BR-423, contudo, o índice percentual de acidentes desse tipo foi de 45,93% dos
registros, caso sejam seccionados os eventos ocorridos no trecho em análise, entre os quilômetros 18,2
e 86,12, esse percentual aumenta para 56,94%. Esses acidentes, todavia, têm mostrado uma tendência
de concentração em trechos muito específicos do traçado (Figura 10.3-124), indicando uma
necessidade de adoção de medidas mitigadores desse tipo de evento, a fim de preservar a vida da
população.
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Fonte: Os autores, 2022

Figura 10.3-124 - Mapa de concentração de acidentes reportados pela Polícia Rodoviária Federal, entre os
quilômetros 18,20 e 86,12 da BR-423, no ano de 2021.

O mapa apresentado indica uma clara concentração dos acidentes nos trechos imediatamente próximos
a mancha urbana de Neves, distrito do município de Jucati-PE, e a malha urbana de Jupi-PE, as quais
são próximas fisicamente entre si. Um segundo espaço de maior concentração desses eventos é nas
proximidades da mancha urbana de Lajedo-PE, importante município para a microrregião. A realidade
observada relaciona-se diretamente com o potencial gerado pelo fluxo de pessoal entre os municípios
da região e a cidade de Garanhuns-PE.

Os deslocamentos, nessas áreas, ocorrem de forma cotidiana para fins profissionais, de estudo, de lazer
etc. As distâncias, relativamente curtas, potencializam o deslocamento intenso, amplificando a relação
de interação entre estes espaços. Neste sentido, a duplicação do eixo viário tem o potencial de facilitar
o deslocamento entre esses espaços e, a um só tempo, aumentar a segurança dos transeuntes, evitando
acidentes claramente vinculados aos riscos decorrentes da possibilidade de contato entre os veículos,
dada a inexistência de barreiras físicas entre as faixas de rolamento.

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10.3.10.8 Área Diretamente Afetada – ADA

A Área Diretamente Afetada - ADA pelo empreendimento compreende toda a faixa de domínio da BR-
423, no trecho entre os quilômetros 18,20 e 86,12, considerando-se uma faixa de 70 metros a partir do
eixo central da via (35 metros para cada lado). Esse trecho corta os territórios de sete municípios,
atravessando a estrutura urbana central de três deles e um aglomerado urbano (distrito). Na ADA foram
identificadas 536 unidades espaciais28 com potencial de serem diretamente afetadas pelo
empreendimento (Figura 10.3-125). Dessas unidades, 442 estão em ambiente urbano e 94 em
ambientes rurais. O potencial de afetação foi considerado a partir da presença de parte da estrutura ou
de parte da atividade (para comércios) ser desenvolvido na ADA, bem como pelo potencial do
desenvolvimento do projeto de engenharia proposto a ser efetivado sem alterações.

28
Considera-se como unidade espacial qualquer estrutura física espacialmente delimitável (terreno, imóvel ou cultivo), que
tenha propriedade, conhecida ou não. Para tanto, nos ambientes urbanos foram consideradas as delimitações claras dos
espaços, nos ambientes rurais foram considerados os espaços com claros indicativos de uso (cultivo instalado, cultivo
recém-colhido ou terra preparada para cultivo).
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Nota: A atividade de campo foi realizada entre os meses de junho e agosto do ano de 2022. Fonte: Os autores, 2022.
Figura 10.3-125 - Mapa de localização das unidades espaciais localizadas na área diretamente afetada pelo empreendimento, identificadas na atividade de campo.

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No que concerne a ADA em ambiente urbanos dois núcleos e um distrito apresentaram um maior
potencial para impactos na dinâmica atual: os núcleos urbanos de Cachoeirinha-PE e de Jupi-PE e o
Distrito de Neves, no município de Jucati-PE. O município de Cachoeirinha destaca-se porque são
poucas as unidades territoriais que se projetam sobre a faixa de domínio da rodovia, porém, com o
advento da duplicação, algumas dessas unidades espaciais podem ter parte de sua estrutura de
estacionamento suprimida para o desenvolvimento de vias locais de acesso e circulação, alças de
retorno etc. No município de Jupi, contudo, há um conjunto amplo de imóveis, em uma das margens da
rodovia, que apresentam um pequeno prolongamento (cerca de 3 metros) sobre a faixa de domínio, bem
como o desenvolvimento de estruturas viárias (calçamento) recentemente instaladas nessa zona.
O trecho urbano de Neves, distrito do município de Jucati-PE, talvez seja o mais complexo a ser
analisado. Neste espaço não há somente uma burla da restrição de construção, por meio do
prolongamento de imóveis por poucos metros, mas há sim uma clara desconsideração desse
regramento. No referido distrito, encontram-se imóveis totalmente construídos dentro da faixa de
domínio, tornando a sua retirada imperativa para qualquer ação de ampliação da via. Ademais, essa
condição de construção espacial integrada à rodovia mostra-se generalizada e historicamente arraigada
na estrutura do território, requerendo um olhar especial sobre a localidade. A argumentação retórica dos
comerciantes e moradores é que, um possível desvio do traçado da BR a fim de mitigar o impacto de
uma desapropriação em massa, geraria prejuízos severos ao desenvolvimento econômico local.
Contrastante a isso, a desapropriação de imóveis, para regulamentação da via, causaria impactos
severos, como a supressão de estruturas religiosas e prédios públicos. Diante desse contexto, parece
importante provocar o menor impacto espacial na estrutura local, desviando o traçado da rodovia e
garantido o acesso fácil ao distrito, de forma a não prejudicar o deslocamento daqueles que assistem na
região.

Ainda considerando as questões de acesso, é fundamental destacar que a região urbana de


Cachoeirinha-PE, possui uma relação bastante consolidada com o fluxo de transeuntes oriundo da BR-
423. Dessa forma, qualquer alteração na via que gere dificuldade de acesso aos estabelecimentos
comerciais que estão em ambas as margens, pode gerar um colapso em estabelecimentos já
consolidados, causando agravamento severo na economia local. Todos os núcleos urbanos observados
(Cachoeirinha, Lajedo, Jupi e Neves) utilizam a rodovia como eixo de potencialização de seus
comércios, porém, é em Cachoeirinha onde esta relação apresenta-se mais consolidada. Diante disto, é
necessário que o planejamento de ação priorize o desenvolvimento de soluções de engenharia que
facilitem o acesso a esses estabelecimentos. A construção das características locais dá-se de maneira
orgânica, resultado da interação complexa de um conjunto de fatores. Sendo assim, a ação programada
do Estado ou de agentes econômicos não tem o poder de remodelar esses fatores, mas tem o potencial
de inserir novos elementos que, caso sejam manejados de forma inapropriada, podem colocar em risco
à estrutura vigente.

Nos espaços rurais, a Área Diretamente Afetada é amplamente usada por grupos de agricultores que
veem, nessa faixa de terra, a possibilidade de desenvolver seu potencial agrícola. Uma característica
comum é a clara compreensão da ausência de propriedade da terra, fazendo com que até aqueles que
indicam dependerem daquela região para o sustento familiar, considerem que o uso para ampliação da
via é legítimo. O planejamento e o diálogo com esses sujeitos são fundamentais, considerando que o
tempo de uso da terra difere dos tempos de organização logística das atividades laborativas de
construção. Qualquer ação de intervenção espacial sem compartilhamento com os usuários transitórios

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pode lhes gerar grandes prejuízos econômicos, principalmente por suas realidades de vulnerabilidade
econômica.

Outro ponto que merece destaque é o fato de que a maior concentração de cultivos, na ADA, dá-se na
microrregião de Garanhuns-PE (64,9%). Nos municípios de Jucati-PE e Jupi-PE (responsáveis por
46,8% das unidades espaciais em áreas rurais) essa concentração mostra-se mais evidente, sendo
comum, durante todo o trajeto, espaços contínuos de produção às margens da rodovia (na faixa de
domínio). A propriedade (tutela e uso) dos cultivos é de diferentes agricultores, que se organizam
delimitando seus espaços de trabalho sob uma lógica de direito de uso da terra. Essa concentração
espacial pode estar vinculada às condições climáticas mais úmidas, que permitem um cultivo mais
constante, considerando que a atividade agrícola ocorre sem uso de técnicas de irrigação.

. Patrimônio Cultural

Os dados e resultados apresentados abaixo foram extraídos do Estudo de Impacto Ambiental - EIA das
Obras de Adequação de Capacidade (Duplicação) e Restauração da Rodovia BR-423/PE,
majoritariamente do seu TOMO V, intitulado “Patrimônio Cultural”.
A pesquisa relativa ao Patrimônio Cultural nas áreas de influência do empreendimento BR-423
consistiu em levantamentos primários e secundários que procuraram estabelecer uma caracterização e
avaliação da situação atual dos bens culturais acautelados em âmbito federal que possam ser
impactados em decorrência da realização das obras previstas.

10.3.11.1 Caracterização do Patrimônio Arqueológico, Paleontológico, Histórico, Imaterial e


Paisagístico da Área de Influência Indireta (AII).

10.3.11.1.1 Arqueológico

A partir de consultas realizadas no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) realizada pela
equipe responsável foram levantados o cadastro de seis sítios arqueológicos cadastrados na área de
influência indireta deste projeto. Os mesmos estão distribuídos em três dos sete municípios que formam
a AII, são eles: São Caetano, Lajedo e São João.

Tabela 10.3-56 – Sítios arqueológicos cadastrados na área de influência indireta (CNSA-IPHAN)

SÃO CAETANO
Nome CNSA Classificação Descrição
Sítio Arqueológico em área
privada, atualmente utilizada
PE 7 - Ua PE00050 Não informado
para plantio. Sítio a céu
aberto.
Sítio Arqueológico em área
privada, com incidência de
PE 27 PE00054 Não informado
pinturas rupestres em matacão
localizado a céu aberto.
Sítio Arqueológico com
Sítio Arqueológico pré- tombamento federal,
PE 27 - Im PE00178
colonial localizado em área privada,
atualmente utilizada para
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SÃO CAETANO
Nome CNSA Classificação Descrição
plantio, com incidência de
pinturas rupestres em matacão
a céu aberto. Sítio de
relevância alta.
LAJEDO
Sitio Arqueológico localizado
em área privada, atualmente
utilizada para plantio, com
Sítio Arqueológico pré-
Lajedo 5 PE00464 incidência de vestígios
colonial
cerâmicos pré-coloniais a céu
aberto. Sítio de relevância
média.
Sitio Arqueológico localizado
em área privada, atualmente
utilizada para plantio, com
Sítio Arqueológico pré-
Lajedo 3 PE00465 incidência de vestígios
colonial e histórico
cerâmicos, históricos e líticos
lascados com exposição a céu
aberto.
SÃO JOÃO
Sítio arqueológico pré-
colonial, localizado em área
Sítio Arqueológico privada, atualmente utilizada
São João 1 PE00334
Pré-Colonial para plantio. Sítio de
relevância média, com
incidência de cerâmica
Fonte: EIA-RIMA. BR-423

Além dos sítios que se encontram cadastrados na página do IPHAN, outras áreas onde se registrou a
presença de material arqueológico foram localizados na área e são apresentados abaixo:

Tabela 10.3-57 – Sítios arqueológicos cadastrados na área de influência indireta

São Caetano
Nome Classificação
PE 0742 LA/UFPE Sítio pré-colonial que apresenta pinturas rupestres
Ocorrência rupestre existente na área, uma furna
Não Identificado com inscrições localizada no alto da Pedra do
Cachorro
Cachoeirinha
sítio a céu aberto constituído por fragmentos de
Cachoeirinha 1
cerâmica e lítico lascado
Lajedo
Lajedo 1 Sítio histórico a céu aberto
Lajedo 2 Sítio histórico a céu aberto
Lajedo 4 Sítio histórico a céu aberto
Calçado
PE 0743 LA/UFPE Sítio com grafismos rupestres
Garanhuns
Garanhuns 1 (PE) Sítio Arqueológico Pré-Colonial
Garanhuns 2 (PE) Sítio Arqueológico Pré-Colonial

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Fonte: EIA-RIMA. BR-423

10.3.11.1.2 Paleontológico

Conforme apresentado no EIA-RIMA BR-423 o Agreste Pernambucano apresenta considerável


potencial em relação à presença de sítios paleontológicos, estes normalmente estão associados a antigos
depósitos naturais de águas. Segundo a Professora Alcina Magnólia Barreto, pesquisadora do
Departamento de Geologia da UFPE, há ocorrências de depósitos fossilíferos em pelo menos 40
municípios do Estado.
Em relação a área de influência indireta do empreendimento, autores como Sebastião Galvão (2006) e
Silva et. al. (2006) afirmam a existência de vestígios de fósseis e vestígios de mamíferos pleistocênicos
no município de Garanhuns. Na área de influência direta (AID) da BR-423 não foi registrada a
presença de depósitos fossilíferos conhecidos.

10.3.11.1.3 Histórico (Edificado)

Em âmbito Federal não foram identificados bens tombados nos municípios da AII. Nos municípios de
Garanhuns, São João e São Caetano se destacam bens relacionados ao patrimônio ferroviário que
correspondem as Estações Ferroviárias localizadas nesses municípios. Importante destacar que o
patrimônio ferroviário pertencente a extinta RFFSA, hoje é de responsabilidade do IPHAN, de acordo
com o Art. 9º da Lei 11.483, promulgada em 2007.
No âmbito estadual, além do patrimônio ferroviário supracitado, está em processo de tombamento junto
a FUNDARPE, o Sítio Histórico de Nossa Senhora de Nazaré do Timbó, localizada no município de
Garanhuns-PE.
Além da pesquisa da existência de bens edificados acautelados e em processo de acautelamento foi
realizado o levantamento em publicações, inventários, entrevistas, visitas in loco, entre outras
alternativas no intuito de identificar lugares de memória relevantes às populações do município e que
num futuro possam vir a ser objeto de processos de acautelamento. Os principais meios de busca foi:
Inventário do Patrimônio Cultural (FUNDARPE, 2005); Inventário da Oferta Turística de Pernambuco
(EMPETUR, 2005); Publicação Intitulada Educação Patrimonial para o Agreste Central (FESTIVAL
PERNAMBUCO NAÇÃO CULTURAL, 2009), além da aplicação de questionários com os membros
de Prefeituras e da Secretarias dos municípios da AII e vistorias in loco. Abaixo seguem os resultados
obtidos através desses levantamentos.

- Município de São Caetano


• Igreja Matriz de São Caetano;
• Casa da antiga fazenda que deu origem a cidade de São Caetano;
• Casarão da família Ferreira Gomes;
• Casarão da Família Souza Leão;
• Casarão da família Gomes Torres;
• Capela da Sagrada Família;
• Cruzeiro;
• Museu Histórico de São Caetano;
• Casarão que abriga a Sede da Fundação “Música e Vida”;
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• Antiga Fábrica Caruá;


• Prédio da antiga fábrica Cilpe;
• Sede da antiga Fazenda que deu origem a cidade de São Caetano.

- Município de Cachoeirinha
• Igreja Matriz de Santo Antônio;
• Santuário de Mãe Rainha;
• Clube Diversional;
• Açougue Público;
• Mercado Público.

- Município de Lajedo
• Casarão da Pensão Mucurana de Dona Di
• Casarão do Sítio Pereiro
• Prédio da Antiga Prefeitura
• Prédio do Antigo Cineteatro Santa Isabel
• Prédio do Antigo Açougue
• Igreja Matriz de Santo Antônio
• Capela de São Sebastião
• Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
• Povoado de Santo Inácio
• Praça 19 de Maio
• Praça Santo Antônio
• Engenho Barreiros
• Feira Livre de Lajedo

- Município de Jupi
• Igreja de São Joaquim
• Igreja de Nossa Senhora do Rosário
• Capela de Santa Rita de Cássia
• Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
• Casas de Farinha
• Mercado Público de Jupi
• Cruzeiro de Jupi

- Município de Jucati
• Igreja de Santa Terezinha
• Igreja de Nossa Senhora das Neves (Vila Neves)
• Fábricas de farinha – Sede
• Fábricas de farinha - Vila Neves
• Feira Livre de Jucati / Feira do Gado
• Mercado Público de Jucati

- Município de Calçado
• Açougue Público
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• Igreja de Nossa Senhora de Lourdes


• Casarão de Rafael Pastor
• Casa de Dona Nega e Daniel
• Casa de Dona Maroquinha e Seu Leopoldo
• Casa de Luiza Silva
• Capela do Povoado Riacho Dantas;
• Capela do Povoado Santa Rita;
• Capela do Povoado Olho d’ Água dos Pombos;
• Capela de Nossa Senhora Aparecida (Sítio Mocós);
• Capela de São José (Sítio Melancias);
• Capela do Sagrado Coração de Jesus (Sítio Marrecas).
- Município de São João
• Santuário de Santa Quitéria das Frexeiras
• Casa de Farinha do Sítio Gambelo
• Igreja Matriz de São João Batista
• Açude Municipal
• Cemitério Municipal
• Barragem de Inhumas
• Açude Municipal
• Feira Livre de São João
- Município de Garanhuns
• Casa do Barão do Café
• Parque Ruber Van Der Linder - Pau Pombo
• Castelo de João Capão
• Parque Euclides Dourado - Eucaliptos
• Mosteiro de São Bento
• Esplanada Cultural Guadalajara
• Palácio Celso Galvão - Prefeitura
• Parque de Exposição de animais João Pessoa Guerra
• Seminário de São José
• Parque Galego Barros
• Parque Vaquejada Meridional
• Santuário de Mãe Rainha
• Santuário de São Cristóvão e Via Sacra
• Igreja de Nossa Senhora de Nazaré do Timbó
• Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
• Igreja Matriz de Santo Antônio
• Igreja de São Sebastião
• Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti
• Espaço Cultural Luiz Jardim
• Museu Memória de Garanhuns
• Relógio de Flores
• Casa do Artesão
• Cristo do Magano

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• Centro de Alimentos e Produtos Artesanais


• Museu Latino Americano
• Casa de Farinha de Castainho
• Sala da Memória do Transporte do Trânsito
• Casa da Cultura
• Colégio Diocesano de Garanhuns
• Casarão à Praça Jardim

10.3.11.1.4 Imaterial

Em relação ao patrimônio imaterial não foram identificados registros de bens dessa natureza nas esferas
federal, estadual ou municipal nos municípios que integram a Área de Influência Indireta. Ainda que
não registrados oficialmente, a Fundarpe, através do Inventário do Patrimônio Cultural relacionou
diversos aspectos relacionados ao patrimônio imaterial presentes nos municípios da AII e que serão
listados a seguir. Corroborando nesse âmbito, foi realizado junto aos órgãos municipais responsáveis, o
adensamento e atualização desse inventário por meio da realização de entrevistas com representantes
das prefeituras e com alguns representantes envolvidos com a realização de manifestações culturais.

- Município de São Caetano

Tabela 10.3-58 – Bens Imateriais Identificados - Município de São Caetano

BENS IMATERIAIS
EVENTO E FESTA POPULAR FOLCLORE
Aniversário da cidade - 11 de Setembro Banda de Pífano
Festa de São Caetano - 7 de Agosto Bacamarteiros
Festa de Reis Dança da Mazurca
Festa de São Sebastião - Sítio Cauã Coco de Roda (Dança da Roseira)
Capoeira
Grupo de Pernas de Pau (Quadrilha)

Fonte: EIA-RIMA. BR-423


- Município de Cachoeirinha

Tabela 10.3-59 – Bens Imateriais Identificados - Município de Cachoeirinha

BENS IMATERIAIS
EVENTO E FESTA POPULAR FOLCLORE
Festa do Couro e do Aço - Extinta Bloco de Trio Adrenalina - Extinto
Festa de São Sebastião Bloco de Trio Tentação - Extinto
Banda Marcial de Cachoeirinha - Criado há três
Aniversário da cidade - Correção: 17 de Setembro
anos
Festa de Santo Antônio Bacamarteiros
Educadrilha (abertura do são João com as escolas
Sete de Setembro
do município - criada há 5 anos)
Municifolia (abertura do Carnaval com as escolas
Natal Luz
do município - criada há 5 anos)
Cortejo Folclórico (com as escolas do município -
ARTESANATO
criada há 5 anos)
Couro Bloco “Cobrão” (criado há 6 anos)
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BENS IMATERIAIS
EVENTO E FESTA POPULAR FOLCLORE
Metal
GASTRONOMIA
Carne de Sol
Queijos
Galinha de Capoeira com Xerém
Feijão de Corda
Fonte: EIA-RIMA. BR-423

- Município de Lajedo

Tabela 10.3-60 – Bens Imateriais Identificados - Município de Lajedo

BENS IMATERIAIS
FOLCLORE ARTESANATO
Bacamarteiros Tecido
Banda de Pífanos Esquenta Mulher - Banda de
Madeira
Pífanos do Povoado de Imaculada (mesma banda)
Banda de Pífanos Padre Cícero Pintura
Canadrilha Bordado
Grupo de Dança do Projeto Aliança para o Futuro
EVENTO E FESTA POPULAR
- Desconhecida
Cavalgada de Sete de Setembro Festa de São Sebastião
Reisado Festa de Santo Antônio
Lajefeliz - Carnaval fora de época - Atualmente
GASTRONOMIA
parado
Tapioca Lajeforró - Correção: São João da Gente
Doces Aniversário da Cidade - 19 de Maio
Carne de Sol Sete de Setembro
Comidas de Milho Natal Iluminado
Leite e derivados Festa de Nossa Senhora do Perpétuo socorro
Carne de Bode Projeto Criança Feliz
Buchada de Bode
Feijão
Farinha
Fonte: EIA-RIMA. BR-423

- Município de Jupi

Tabela 10.3-61 – Quadro 1: Bens Imateriais Identificados - Município de Jupi

BENS IMATERIAIS
FOLCLORE ARTESANATO
Samba de Coco do Sítio Cachoeira - pertence a Couro (celas, arreios e chicotes) - Não pertence
Jucati ao município
Grupo Folclórico Acauã Madeira (esculturas)
Quadrilhas Palha (cestos, vassouras)
Grupo de Dança Yupinabuko Crochê
Balé de Rua Ponto Cruz
Banda Musical Nossa senhora do Rosário Fuxico
Banda Professor Antônio de Oliveira EVENTO E FESTA POPULAR
Bacamarteiros Festa de Nossa Senhora do Rosário

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BENS IMATERIAIS
FOLCLORE ARTESANATO
Bandas de Pífano Festa de santa Rita de Cássia
GASTRONOMIA Festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Festa de São Joaquim - Correção: Festa de São
Comidas de Milho
Joaquim e Santa Ana
Doce de Leite e de Mamão Festas juninas
Bolo de Mandioca Aniversário da Cidade - 11 de Março
Tapioca Vaquejada
Sarapatel Cavalgada
MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA
Grupo da Escola Sebastião Tiago de Oliveira
Fonte: EIA-RIMA. BR-423

- Município de Jucati
Tabela 10.3-62 – Bens Imateriais Identificados - Município de Jucati

BENS IMATERIAIS
FOLCLORE ARTESANATO
Pastoril Crochê e Tricô
Quadrilhas Bordados, Vagonete e Macramê
Grupo Imaginário Popular Pinturas em Tecido
Grupo Brincantes EVENTO E FESTA POPULAR
GASTRONOMIA Festa de Santa Terezinha
Cocada Festa de Nossa Senhora das Neves - Vila Neves
Bolo de Mandioca Aniversário da Cidade - 1 de Outubro
Jucati Amostras Culturais (JAC) - existe desde
Tapioca
2009
Mandioca
Feijão
EVENTO ESPORTIVO
Vaquejadas - Atualmente fora de atividade
Cavalhadas - Extinto
Cavalgada - Criada a 15 anos
Fonte: EIA-RIMA. BR-423

- Município de Calçado
Tabela 10.3-63 – Bens Imateriais Identificados - Município de Calçado

BENS IMATERIAIS
FOLCLORE EVENTO E FESTA POPULAR
Pastoril Festa de São José - Sítio Melancias
Festa de Nossa Senhora do perpétuo Socorro -
Grupo Teatral
Sítio Marrecas
Festa de Santa Rita de Cássia - Povoado Santa
Quadrilhas
Rita
Vaquejadas Festa de São João - Povoado Riacho Dantas
Festa de Nossa Senhora do Carmo - Sítio várzea
Blocos Carnavalescos
do Gado
Festa de Nossa Senhora Auxiliadora - Sítio do
Reisado
Meio
Violeiros e Repentistas Festa de Emancipação Política
Festa de Nossa Senhora de Lourdes
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BENS IMATERIAIS
FOLCLORE EVENTO E FESTA POPULAR
Festa de Santo Antônio
Festa de São Pedro
Festa de São João
Natal Iluminado
Festival da Lavoura
Fonte: EIA-RIMA. BR-423

- Município de São João


Tabela 10.3-64 – Bens Imateriais Identificados - Município de São João

BENS IMATERIAIS
FOLCLORE ARTESANATO
Corrida da Fogueira Artesanato em Couro
Ex-votos do Santuário de Santa Quitéria das
Cestarias e Trançados
Frexeiras
Literatura de Cordel Colchas e Retalhos
Aboio Bordados
Blocos Carnavalescos EVENTO E FESTA POPULAR
Quadrilhas Festa de Santa Quitéria das Frexeiras
Violeiros/Repentistas Ciclo Junino
GASTRONOMIA
Bordados
Pão de Milho no Ralo
Buchada
Mão de Vaca
Canjica
Sarapatel
Doce de Mamão
Feijão de Corda
Fonte: EIA-RIMA. BR-423

- Município de Garanhuns

Tabela 10.3-65 – Quadro 2: Bens Imateriais Identificados - Município de Garanhuns

BENS IMATERIAIS
FOLCLORE ARTESANATO
Reisado Nordestino. Correção: Esse grupo
específico está inativo, mas existem diversos Sisal
grupos de reisado no município.
Samba de Coco de Castainho Cabaça
Zabumba de Castainho Madeira
Cordel Seixos
Banda de Pífanos do Castainho Chifres
Coco Castelo Branco (Comunidade Quilombola
Sementes e Ossos
do Timbó)
GASTRONOMIA EVENTO E FESTA POPULAR
Buchada Festival de Inverno
Licores Festa de São Sebastião
Chocolate Artesanal Aniversário da cidade - 4 de Fevereiro

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BENS IMATERIAIS
FOLCLORE ARTESANATO
Festa de Santo Antônio
Festa de Santa Terezinha
Festa da Mãe Preta
FECAJU - Festa do Caju (Distrito de Mirandiba)
Fonte: EIA-RIMA. BR-423

10.3.11.1.5 Comunidades tradicionais

- Populações Quilombolas
Na área de influência indireta do empreendimento estão cadastrados. junto a Fundação Cultural
Palmares. seis (06) comunidades quilombolas no município de Garanhuns e uma (01) no município de
São Caetano e que são descritas no quadro abaixo:

Tabela 10.3-66 – Comunidades Quilombolas na AII

Nome da Data da
Estado Município Código IBGE
Comunidade Publicação
Sítio Barro
PE São Caetano 2613107 Vermelho e 01/10/2012
Japecanga
PE Garanhuns 2606002 Timbó 0/12/2004
PE Garanhuns 2606002 Castainho 08/06/2005
PE Garanhuns 2606002 Estiva 08/06/2005
PE Garanhuns 2606002 Estrela 08/06/2005
PE Garanhuns 2606002 Caluete 12/07/2005
PE Garanhuns 2606002 Tigre 13/12/2006
Fonte: EIA-RIMA. BR-423

10.3.11.1.6 - Populações Indígenas

Em pesquisa realizada no sítio eletrônico da FUNAI, consta que no estado de Pernambuco habitam
grupos e indivíduos das etnias Atukum, Fulni-ô, Kambiwá, Kapinawá, Pankará, Pankararu, Truká,
Tuxá, Xucuru, no entanto, nos limites da área de influência indireta da da rodovia BR-423 não há
incidência de nenhuma terra indígena homologada.

10.3.11.1.7 Patrimônio Paisagístico

No que tange ao Patrimônio Paisagístico, em âmbito federal, são tombados pelo IPHAN no estado de
Pernambuco: O Conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Olinda; Conjunto arquitetônico,
urbanístico e paisagístico do antigo Bairro do Recife; Conjunto paisagístico do Sítio da Trindade,
Estrada do Arraial n° 3250 e a Casa de Gilberto Freyre - Vivenda Santo Antônio de Apipucos,
edificações e sítio paisagístico ao seu redor.
O Patrimônio paisagístico profuso na AII, na realidade se sobressai como paisagem valorizada onde os
atrativos ambientais foram listados em publicações e inventários realizados pela FUNDARPE, ou
através de informações obtidas com representantes das prefeituras e com a comunidade local.

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Tabela 10.3-67 – Patrimônio Paisagístico na AII

Patrimônio Paisagístico
Município Paisagens
São Caetano Pedra do Cachorro
Caldeirões de Pedra, Nascente “Nos Olhos
Lajedo d’Água”, Riacho Doce, Mata das Velhas e
Manancial Olho d’Água Velho.
Mata da Serra, Lagoa Salgada, Pedra Botija,
Jupi
Cachoeira da Cidade.
Jucati Cachoeira do Riacho, Lajero.
Calçado Cachoeira da Pitombeira, Pedra dos Mocós
Fonte: EIA-RIMA. BR-423

10.3.11.2 Diagnóstico do Patrimônio Cultural na Área de Influência Direta (AID) e na Área


Diretamente Afetada (ADA)

10.3.11.2.1 Diagnóstico do Patrimônio Arqueológico da AID e ADA

O diagnóstico arqueológico foi realizado através da tentativa de identificação de materiais em


superfície, bem como o estabelecimento de pontos de prospecção em subsuperfície. Foram levantadas
ainda informações relativas à ocorrência de sítios arqueológicos através de contato direto e informal
com a população local.
As planilhas com dados dos pontos de prospecção de superfície (Quadro 31) e subsuperfície (Quadros
32 e 33) com suas respectivas coordenadas, nomes e descrição da ocorrência ou não de material
arqueológico podem ser consultadas no Item 27.7 do Tomo V do EIA BR-423.
Conforme os dados apresentados no TOMO V do EIA BR-423 a pesquisa arqueológica não resultou na
descoberta de remanescentes da cultura material humana na Área de Influência Direta e Área
Diretamente Afetada do empreendimento.

10.3.11.2.2 Diagnóstico do Patrimônio Histórico da AID e ADA

Através do caminhamento sistemático na faixa de domínio da BR-423, além do contato com a


população local, pode-se afirmar que não há ocorrência de bem histórico edificado na área de domínio
do empreendimento. Foi relatado pela população local a estima da comunidade do distrito de Neves,
município de Jucati-PE, com a Capela de Nossa Senhora das Neves, que apresenta cronologia da
década de 80 do século XX, no entanto, a mesma não sofrerá impactos negativos em decorrência das
obras.
.
10.3.11.2.3 Diagnóstico do Patrimônio Imaterial da AID e ADA

O Diagnóstico do Patrimônio Imaterial na AID e ADA foi realizado a partir da aplicação de


questionários com o objetivo de identificar os bens culturais porventura existentes na área,
privilegiando os relatos da população residente nas áreas afetadas.
Como resultado, entende-se que apesar das obras interferirem em algumas áreas de comercialização de
produtos produzidos na região, o empreendimento não causará impactos negativos significativos. As
obras não afetarão nenhuma área de produção dos produtos comercializados na margem da rodovia.

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O local que será parcialmente afetado é “O Parque Aveloz de Vaquejada” que está localizado no limite
da área a ser afetada pelas obras e deverá ter apenas seu acesso afetado, não ocasionando impactos
significativos quanto a ocorrência de Vaquejadas na região.

10.3.11.2.4 Manifestações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

No Ofício nº 100/2017/COTEC IPHAN-PE de 08 de novembro de 2017 a Superintendência do


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan/PE informa que no que tange ao
Patrimônio Ferroviário, no município de São Caetano (PE), a estação ferroviária está valorada em
âmbito federal, fundamentado na Lei no. 11.483/2007.
A Superintendência do IPHAN/PE enfatiza que “não há registro de bens tombados por esta Autarquia
situados nos municípios abrangidos pelo empreendimento, segundo consulta realizada nesta data no site
do Iphan”, no entanto, ainda neste ofício, expõe que consta no município de Garanhuns uma área
conhecida como “Castainho” ocupada por comunidade remanescente de quilombola que se encontra na
Lista de Processos de Tombamento Inconcluso.

Por fim, o citado ofício traz que “no que se refere ao Patrimônio Arqueológico, já foram cumpridos
pelo empreendedor os critérios relativos a Avalição de Impacto ao Patrimônio Cultural”.

Em 20 de março de 2018, instado pela Agência Estadual de Meio Ambiente do Pernambuco através do
ofício nº 166/2018 de 13 de março de 2018, acerca de medidas, programas ou condicionantes que
devem ser adotas nas licenças ambientais referentes aos patrimônios identificado, o IPHAN responde
que após análise e aprovação do Relatório Final, referente ao Processo n° 01498.001318/2013,
é favorável à anuência da licença prévia pretendida.
Em 2022, com a alteração do interessado pela obra, anteriormente movido pelo Departamento de
Estradas de Rodagens do Estado do Pernambuco (DER/PE) e atualmente sob condução do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Superintendência Regional de Pernambuco,
o DNIT/PE solicitou, através do Ofício nº 207483/2022 de 17 de novembro de 2022 a ratificação da
manifestação favorável do IPHAN à anuência da licença prévia ao que se refere a avaliação de impacto
aos bens acautelados em âmbito federal nas áreas de influência da rodovia BR-423.
Assim, em 16 de dezembro de 2022, o IPHAN-PE se manifesta através do Ofício nº
1456/2022/COTEC (ANEXO), pela ratificação da anuência da Licença Prévia (LP), referente ao
empreendimento BR-423.

O mesmo ofício determina que, levando em consideração à ampla ocorrência do patrimônio imaterial
nas diversas regiões do estado de Pernambuco, o “empreendedor deverá estar atento a ocorrência de
bens culturais, sedes de bens ou práticas e espaços referenciais para a produção e reprodução cultural
de Bens Culturais Registrados (patrimônio imaterial), nas próximas fases do licenciamento ambiental”
enfatizando que caso sejam encontrados indícios da existência de Bens Culturais Registrados, que o
fato seja imediatamente comunicado ao IPHAN-PE, para que sejam tomadas as devidas
providências com relação a compensações e mitigações ambientais eventualmente necessárias.

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CAPÍTULO

PASSIVOS AMBIENTAIS

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10.4 PASSIVOS AMBIENTAIS

Descarte Irregular de Resíduos Sólidos

O descarte de resíduos sólidos na margem de rodovias é crime ambiental previsto na Lei 9.605/1998,
estando sujeito à multa e/ou detenção. Ainda assim, é recorrente a observação de lixo doméstico,
resíduos da construção civil e até embalagem de produtos contaminantes irregularmente depositados no
entorno das rodovias. Esse tipo de passivo ambiental também foi observado na faixa de domínio BR-
423.
O descarte de resíduos de forma irregular pode poluir o meio ambiente às margens da rodovia, como
por exemplo, o lençol freático, além de prejudicar o sistema de escoamento da água da chuva,
resultando no entupimento de bueiros, acúmulo de água e propagação de vetores de doenças
infectocontagiosas.
Na tabela a seguir são apresentados, qualificados e georeferenciados os pontos onde esse tipo de
passivo ambiental foi observado ao longo do trecho da BR-423 em estudo. Além do lixo doméstico e
dos resíduos da construção civil, foram em dois pontos a utilização da faixa de domínio da rodovia para
dispor carcaças de veículos automotivos.

Esses locais deverão ser objeto do programa de gerenciamento de resíduos sólidos e recuperação de
áreas degradadas

Tabela 10.4-1 – Registro dos pontos de descarte irregular de resíduos sólidos

NR Coord UTM X Coord UTM Y Tipologia


1 813.641 9.077.647 Doméstico e Construção Civil
2 790.750 9.041.185 Sucata
3 787.925 9.040.603 Doméstico
4 781.264 9.025.216 Doméstico
5 782.979 9.029.760 Doméstico
6 782.665 9.033.385 Doméstico
7 784.678 9.037.805 Doméstico e Construção Civil
8 785.709 9.039.670 Doméstico e Construção Civil
9 791.496 9.041.355 Doméstico
10 792.277 9.041.531 Doméstico e Construção Civil
11 792.499 9.041.615 Sucata
12 799.175 9.051.568 Doméstico

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Figura 10.4-1 – Registro fotográfico das tipologias de resíduos sólidos observados na faixa de domínio do BR-423.

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Poluição de Mananciais

A Demanda Química de Oxigênio - DQO é um dos indicadores integrais mais comuns da poluição
antrópica nos corpos d’água. Em todas as amostras de qualidade das águas (ver Capítulo Meio Físico
item Resultados das análises da qualidade das águas superficiais) foram encontrados valores muito
elevados, indicando poluição causada por atividades antrópicas nas águas analisadas. De acordo com a
resolução CONAMA nº 430/2011, os efluentes não poderão conferir ao corpo receptor características
de qualidade em desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e finais, do seu
enquadramento. Todos os corpos d’água analisados apresentaram pelo menos um parâmetro de
qualidade da água acima do limite estabelecido, cabendo medidas para que os mananciais sejam
despoluídos até que seus parâmetros se enquadrem na Classe II.

A existência de casas de farinha em operação na área de influência da Rodovia é responsável pela


geração do efluente liquido denominado manipueira, produzido a partir da prensagem da mandioca no
processo de fabricação da farinha. Este efluente apresenta em sua composição concentrações elevadas
de cianeto, nutrientes e matéria orgânica, influenciando diretamente na Demanda Química de Oxigênio
- DQO. O acondicionamento do efluente por alguns dias em um tanque fechado antes de ser descartado
promovem diminuição da concentração de cianeto e matéria orgânica devido à fermentação anaeróbica
e consequentemente o impacto na região de descarte será menor. A manipueira tratada e diluída serve
como um adubo orgânico ou até como pesticida e pode ser aplicada no solo ou direto na planta.

A melhoria da qualidade no saneamento urbano e educação ambiental da população do entorno deve


ser aborda no programa de monitoramento das águas e do programa de educação ambiental.

Descaracterização de Áreas de Preservação Permanente

O traçado da Rodovia atual se sobrepõe às Áreas de Preservação Permanente. Em especial, as matas de


galeria das APPs do Rio Canhoto, Rio Chatá, Rio Quatis, Rio Uma e Rio Zaguarda que encontram-se
em alto grau de degradação, desprovida da vegetação original, com disseminação de espécies exóticas,
deposição de resíduos sólido e desenvolvimento de culturas agrícolas. No Tomo das peças cartográficas
é possível observar o desvirtuamento do uso e ocupação das APPs e consequentemente degradação
ambiental desse espaço protegido por Lei.

Essas APPs devem ser objeto do programa de recuperação de áreas degradas e atendidas com os
recursos destinados à compensação florestal.

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