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Estudo de Impacto Ambiental

Condomínio Praia de Guadalupe


Volume I – Caracterização do Empreendimento

Recife – PE

2016
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 7
1 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO, DO PROPONENTE, DA EMPRESA
CONSULTORA E DA EQUIPE TÉCNICA ............................................................................ 11
a) Empreendedor ....................................................................................................... 11
b) Empresa Consultora .............................................................................................. 11
c) Equipe Multidisciplinar ........................................................................................... 12
2 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO .......................................... 16
3 ALTERNATIVAS LOCACIONAIS E TECNOLÓGICAS ................................................. 18
4 DESCRIÇÃO TÉCNICA DO EMPREENDIMENTO ....................................................... 26
a) Caracterização da área ......................................................................................... 26
b) Ordenamento do uso do solo ................................................................................. 30
c) Áreas ..................................................................................................................... 32
d) Diretrizes de ocupação propostas.......................................................................... 34
e) Diretrizes Infraestruturais ....................................................................................... 41
f) Diretrizes de paisagismo e recomposição vegetal ................................................. 53
g) Canteiro de Obras ................................................................................................. 55
h) Estimativa dos Volumes de Terraplanagem e Jazidas ........................................... 58
i) Mão-de-obra utilizada na implantação do empreendimento ................................... 60
j) Empreendimentos associados e decorrentes ........................................................ 64
k) Empreendimentos atraídos .................................................................................... 66
l) Cronograma de desenvolvimento e valor dos investimentos previstos .................. 71
5 PLANO E PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO .................................................... 74
a) Infraestrutura ......................................................................................................... 74
b) Meio Ambiente....................................................................................................... 85
c) Outros.................................................................................................................... 89
6 ANÁLISE JURÍDICA ..................................................................................................... 97
6.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 97
a) Uso e Ocupação do Solo ....................................................................................... 99
a.1 Lei Municipal do Plano Diretor.......................................................................... 104
a.2 Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro – ZEEC do Litoral Sul ................. 108
a.3 Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro – ZEEC da APA de Guadalupe .. 113
a.4 Gerenciamento Costeiro .................................................................................. 118
b) Desapropriação e Usucapião ............................................................................... 119
c) Proteção e Controle da Poluição (Ar, Água, Solo e Resíduos Sólidos) ................ 119

iii
d) Proteção e Controle da Poluição Sonora ............................................................. 123
e) Espaços Legalmente Protegidos ......................................................................... 125
f) Supressão de Vegetação..................................................................................... 127
g) Legislação sobre Fauna ...................................................................................... 127
h) Competências Ambientais ................................................................................... 128
i) Licenciamento Ambiental, EIA/RIMA e Audiência Pública ................................... 129
j) Responsabilidades Ambientais ............................................................................ 134
k) Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural ........................................................... 135
6.2 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 138

iv
RELAÇÃO DE FIGURAS

Figura 4.1 - Planta de Situação da Área .............................................................................. 28


Figura 4.2 - Ocupação desordenada no entorno da Reserva do Paiva – Itapoama e Gaibu 67
Figura 4.3 - Ocupações às margens do Rio Sirinhaém - Praia de Toquinho e Barra de
Sirinhaém ............................................................................................................................ 68
Figura 4.4 - Cronograma de execução da obra .................................................................... 73
Figura 5.1 - Complexo Portuário de Suape. Fonte: Grandes Construções. .......................... 75
Figura 5.2 - Movimentação de Carga de Portos Nordestinos. .............................................. 76
Figura 5.3 - Trecho duplicado da PE-60............................................................................... 78
Figura 5.4 - Píer do Rio Mariassú. ....................................................................................... 80
Figura 5.5 - Ponte sobre o rio Ariquindá............................................................................... 81
Figura 5.6 – Municípios constituintes do Território Estratégico de Suape. ........................... 83
Figura 5.7 - Abrangência da APA Costa dos Corais............................................................. 86
Figura 5.8 - Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro. .................................................... 88
Figura 5.9 - Proposta do Centro de Turismo e Lazer SESC Sirinhaém. ............................... 89
Figura 5.10 - Demolição de clube da vila Aver-o-Mar para construção do Centro SESC. .... 90
Figura 5.11 - Localização do Centro SESC. ......................................................................... 91
Figura 5.12 - Pilares do plano Pernambuco 2035. ............................................................... 93

v
RELAÇÃO DE TABELAS

Tabela 4.1 – Área estimada de ocupação do solo pelas estruturas do condomínio ............. 33
Tabela 4.2 - Discriminação das áreas de preservação do empreendimento ........................ 36
Tabela 4.3 - Discriminação das áreas comuns do empreendimento .................................... 36
Tabela 4.4 - Discriminação das áreas médias do empreendimento ..................................... 37
Tabela 4.5 – Demanda de vazão nas fases de implantação de operação do empreendimento
............................................................................................................................................ 44
Tabela 4.6 - Volumes de aterro e corte ................................................................................ 59
Tabela 4.7 – Alturas médias de movimentação.................................................................... 59
Tabela 4.8 – Faseamento da implantação do pretendido empreendimento ......................... 60
Tabela 4.9 – Função e quantificação da mão-de-obra necessária para a implantação do
empreendimento .................................................................................................................. 61

vi
APRESENTAÇÃO

A empresa PROJETEC – PROJETOS TÉCNICOS LTDA apresenta o


Estudo de Impacto Ambiental (EIA) referente ao PROJETO CONDOMÍNIO PRAIA DE
GUADALUPE, contratado por Costa de Guadalupe Empreendimentos Imobiliários
para avaliação da viabilidade ambiental do empreendimento a ser implantado no
município de Sirinhaém - Pernambuco.
O presente documento foi elaborado por uma equipe técnica plural
composta por especialistas das diferentes áreas abordadas pelo estudo, visando,
assim, a um satisfatório atendimento das disposições apresentadas pelo Termo de
Referência nº 07/2015 elaborado pela Agência Estadual de Meio Ambiente de
Pernambuco (CPRH).
Ressalta-se, ainda, que o presente documento e projeto são resultados de
um esforço iterado de estudos ambientais. Tendo em vista que a região em questão
foi alvo de avaliações anteriores, promovidas pelo empreendedor com vistas à
obtenção de licença ambiental para outros projetos, foi acordado, junto à CPRH, o
aproveitamento de tais estudos mediante sua complementação nos pontos definidos
pelo que se convencionou chamar de “Documento Estruturador”, o qual foi
apresentado ao órgão em reunião com o Núcleo de Avaliação de Impactos Ambientais
no dia 03/11/2015.
Chama-se atenção, também, para a metodologia utilizada na elaboração
do Projeto Condomínio Praia de Guadalupe, a qual lançou mão dos resultados
providos pelos especialistas de cada área do Estudo Ambiental para conformar o
projeto às restrições ambientais verificadas. Portanto, o projeto ora apresentado,
assim como o próprio EIA, também é fruto de um esforço plural de especialistas, tendo
sido esse elaborado à luz das restrições ambientais verificadas para a localidade.
O trabalho elaborado foi segmentado em capítulos conforme disposição
presente no termo de referência que o orientou. Foram, portanto, compilados 20
capítulos com as informações entendidas como de interesse para a compreensão do
empreendimento Projeto Condomínio Praia de Guadalupe e seus impactos
ambientais.
O capítulo primeiro apresenta o empreendimento, o proponente, a
empresa consultora incumbida da elaboração do estudo e a equipe multidisciplinar

7
responsável, bem como as funções de cada um dos seus integrantes dentro do
trabalho realizado.
O segundo capítulo aborda os objetivos e justificativas para realização do
empreendimento. São abordados aspectos técnicos, ambientais, econômicos e
político-governamentais, através da apresentação de justificativas para a implantação
do empreendimento.
A descrição e análise de alternativas locacionais para o projeto ora
proposto é objeto do terceiro capítulo deste EIA, onde é feita avaliação dos aspectos
técnicos, econômicos, sociais e ambientais envolvidos. Sequencialmente, é efetuada
apreciação e comparação das alternativas apresentadas, indicando-se aquela
escolhida.
Ao longo do quarto capítulo, realiza-se a Descrição Técnica do
Empreendimento em suas fases de implantação. A alternativa escolhida é
apresentada de forma detalhada mediante caracterização da área onde está inserido
o empreendimento e do uso atual dado ao solo da propriedade.
Para o Projeto Condomínio Praia de Guadalupe, serão indicadas as áreas
totais da gleba e dos parcelamentos projetados. Além disso, são explicitadas as
diretrizes de ocupação, infraestrutura e paisagismo propostas, as quais foram
desenvolvidas através da observância aos conceitos de uso sustentável compatíveis
com a localidade.
O capítulo trata ainda da descrição das estruturas necessárias à
implementação do empreendimento. É realizada a descrição do canteiro de obra que
será utilizado, especialmente nos aspectos relacionados ao abastecimento d’água,
esgotamento sanitário, destinação de efluentes e resíduos sólidos. A mão-de-obra
utilizada é, também, caracterizada quanto a qualificação, faixa etária e outros
aspectos considerados relevantes.
Os empreendimentos associados ao projeto e aqueles passíveis de serem
atraídos pela implantação desse são descritos através de uma sumarização do perfil
dos mesmos. Por fim, são expostas informações relativas ao planejamento do projeto:
Prazo; Cronograma das etapas de execução; Recursos e Investimentos previstos.
Em sequência, o quinto capítulo apresenta os Planos e Programas de
Desenvolvimento existentes para a localidade. Foram levantados planos e programas
de desenvolvimento propostos e em implantação na área de influência do Projeto
Condomínio Praia de Guadalupe, tendo sido dada ênfase àqueles que guardam

8
relação direta com o projeto. Por fim, é apresentada a relação do empreendimento
com os preceitos do Plano Pernambuco 2035.
O capítulo seis constitui a análise jurídica, na qual é contemplado o
conjunto de leis e regulamentos federais, estaduais e municipais que incidem sobre o
empreendimento em questão. Procede-se com uma análise das limitações impostas
ao projeto e são apresentadas as medidas adotadas para promoção das
compatibilizações necessárias.
Ao longo do sétimo capítulo, são apresentadas as Áreas de Influência do
Empreendimento e as justificativas adotadas para sua delimitação. Essas áreas foram
delimitadas a partir de sucessivas reuniões realizadas entre o Núcleo de Avaliação de
Impactos Ambientais (NAIA) e a equipe multidisciplinar responsável pela elaboração
do estudo, de forma a atender às exigências do órgão licenciador.
O oitavo capítulo abrange o diagnóstico ambiental detalhado das áreas
de influência, o qual foi construído conforme preconizado pelo Documento
Estruturador apresentado ao NAIA. Ao longo do diagnóstico, são caracterizados os
meios Físico, Biótico e Socioeconômico mediante utilização de dados já publicados e
exaustivas investigações de campo realizadas no período de estudos. Ao fim do
diagnóstico, é apresentado o passivo ambiental verificado na área de influência do
empreendimento.
Mediante identificação das ações impactantes ao longo do capítulo nove,
são analisados os impactos ambientais potenciais nos três meios diagnosticados, com
relação às diferentes fases de implantação do empreendimento. A avaliação foi
realizada em observância às propriedades cumulativas, sinérgicas e distributivas dos
impactos identificados.
Em sequência, o capítulo dez, discorre a respeito das medidas orientadas
à minimização, eliminação, compensação ou mesmo potencialização dos possíveis
impactos relativos ao empreendimento.
No décimo primeiro capítulo, são abordados os Programas Ambientas
propostos para as diferentes fases do projeto, sendo, portanto, consolidadas as
medidas identificadas anteriormente. Os programas foram construídos de maneira a
permitir o acompanhamento da evolução dos impactos ambientais do
empreendimento, permitindo a adoção de ações complementares na medida que
essas se mostrem necessárias.

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Os capítulos doze e treze discutem, respectivamente, os temas relativos
à Compensação Ambiental e ao Prognóstico da Qualidade Ambiental. O último
compara os cenários ambientais na presença e ausência do empreendimento tendo
por base as informações advindas do diagnóstico realizado.
Nos capítulos catorze e quinze são condensadas as conclusões da
equipe técnica responsável quanto à viabilidade ambiental do empreendimento e as
referências bibliográficas.
O capítulo dezesseis envolve o diagnóstico do patrimônio cultural,
abrangendo a caracterização etno-histórica dos municípios que compõem a área de
influência do Projeto Condomínio Praia de Guadalupe.
Os impactos que o pretendido empreendimento poderá causar ao
patrimônio histórico e arqueológico são objeto do décimo sétimo capítulo. Em
sequência, o capítulo dezoito elenca os programas voltados à minimização desses
potenciais impactos. No capítulo dezenove são apresentadas as referências
bibliográficas que subsidiaram a análise do patrimônio cultural.
Por fim, no capítulo vinte estão dispostos os anexos, ou seja, documentos
relevantes à elaboração do estudo ora apresentado.
De forma a facilitar a consulta e a compreensão, os capítulos supracitados
foram divididos em cinco volumes dispostos da seguinte maneira: Volume I:
Caracterização do Empreendimento – Capítulos 1 ao 6; Volume II: Diagnóstico
Ambiental – Capítulos 7 e 8; Volume III: Análise de Impactos, Prognóstico e
Conclusões – Capítulos 9 ao 15; Volume IV: Análise do Patrimônio Cultural –
Capítulo 16 ao 19 e Volume V: Anexos.

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1 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO, DO PROPONENTE, DA EMPRESA
CONSULTORA E DA EQUIPE TÉCNICA

a) Empreendedor

 Razão Social
Costa de Guadalupe Empreendimentos Imobiliários S.A.

 Registros Legais
CNPJ – 07.300.052/0001-22

 Endereço Completo
Av. Engenheiro Antônio de Góes, número 60, 20º andar edifício JCPM
Trade Center sala 2001, Pina
Recife/PE
CEP 51.010 - 000
Telefone Comercial: (81) 2127-2000

 Localização do Empreendimento
Área Remanescente de Guadalupe s/nº, Sirinhaém/PE

 Dados do Representante Legal


Francisco Rezende Bacelar; E-mail: juridico@jcpm.com.br;
Telefone: (81) 2127-2000
Jaime de Queiroz Lima Filho; E-mail: juridico@jcpm.com.br;
Telefone: (81) 2127-2000

 Dados do Responsável Técnico


Francisco Rezende Bacelar, CREA/PE 21429O
E-mail: engenharia@jcpm.com.br; Telefone: 2127-2000

b) Empresa Consultora

 Razão Social

Projetec Projetos Técnicos Ltda.

 Registros Legais

CNPJ – 12.285.441/0001-66

11
 Endereço Completo
Rua Irene Gomes Ramos de Matos nº176, Boa Viagem
Recife/PE
CEP 51.011 – 530
Telefone Comercial: (81) 3036-0714 / projetec@projetecnet.com.br

 Dados do Representante Legal


Luiz Alberto Teixeira;
E-mail: projetec@projetecnet.com.br; Telefone: (81) 3316-0700

 Dados do Responsável Técnico


João Joaquim Guimarães Recena;
E-mail: projetec@projetecnet.com.br; Telefone: (81) 3316-0700

c) Equipe Multidisciplinar

 Coordenação Geral
João Joaquim Guimarães Recena
CREA/PE – 5101
CTF: 198879

José Manuel Castro Fernandes dos Santos


CREA/PE – 059590
CTF: 6635656

João Eduardo Canto Sobral, Engenheiro Civil


CREA/PE – 057797
CTF: 6559569

 Coordenação Técnica
Paula Vieira Pinto Guedes, Bióloga
CRBio Nº 023729/01- D
CTF: 124174

12
 Direito Ambiental
Fernanda Sarmento Martorelli, Advogada
OAB/PE 22653
CPF: 010.659.574-16
Melissa de Oliveira Martorelli, Advogada
OAB/PE 37.712
CPF: 049.049.204-57

 Geoprocessamento
Gustavo Grillo Teixeira, Biólogo
CRBio Nº 46437/05 – D
CTF: 667944

 Arqueologia
Veleda Cristina Lucena de Albuquerque, Arqueóloga
SAB Nº 237, CTF: 516194
Marcos Antonio Gomes de Mattos de Albuquerque,
Arqueólogo
SAB Nº 12, CTF: 516200
Darlene Maciel de Souza, Arqueóloga, SAB Nº 536
Doris Walmsley de Lucena, Fotógrafa, RG Nº 1.445.864 – SSP/PE
George Cabral, Historiador, RG Nº 4.353.049 – SSP/PE
Milena Duarte de Oliveira Souza, Arqueóloga, SAB Nº 539
Rúbia Nogueira de Andrade, Arqueóloga, SAB Nº 537
Taciana Mendes Taboza, Técnica em Meio Ambiente, RG Nº 6.391.437 –
SSP/PE

 Meio Físico
João Eduardo Canto Sobral, Engenheiro Civil
CREA/PE – 057797
CTF: 6559569
Patrícia Celeste Lopes Jesuíno, Geóloga
CREA/PE 052658
CTF: 6262156

13
 Meio Biótico
Paula Vieira Pinto Guedes, Bióloga
CRBio Nº 023729/01- D
CTF: 124174

José Cassimiro da Silva Júnior, Biólogo


CRBio Nº 37662/01 - D
CTF: 1619441

Fernando Mendonça D’Horta, Engenheiro Florestal


CREA/SP 5060444216/D
CTF: 248647

Rafael Sales Bandeira, Biólogo


CRBio Nº 77436/05 – D
CTF: 1952428

Fabio Ângelo Melo Soares, Biólogo


CRBio Nº 67069/05 – D
CTF: 2723324

Albérico Queiroz Salgueiro de Souza,


Biólogo
CRBio Nº 77734/05 – D
CTF: 2122675

Alexandre de Jesus Rodrigues Malta, Biólogo


CRBio Nº 59448/05 - D
CTF: 1831196

Jonata de Arruda Francisco, Biólogo


CRBio - 05 Nº 99387/05 - D
CTF: 2472009

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 Meio Socioeconômico
João Eduardo Canto Sobral, Engenheiro Civil
CREA/PE – 057797
CTF: 6559569

Felipe Martins Matos, Economista


CORECON/PE 4830
CTF: 5607217

Equipe do levantamento primário dos dados socioeconômicos da


comunidade Aver-o-mar:

Maria Lia Cavalcanti Corrêa de Araújo,


Socióloga
CI/SSP/PE 868926
CTF: 1137

Glivio Vila Nova A. Coelho


Jan Souto Maior
Witaly Caroliny C Rosas
Josélia Barbosa Maximian
Girllany Revelyns de Lima
Geniel José Soares da Silva
Jackson da Silva Dias
Rodolfo Henrique Rocha Silva

 Apoio
Ainoan do Nascimento Pereira Diniz, Estagiária de Engenharia Civil
Roberto Carneiro Leão Maia, Estagiário de Engenharia Civil
Murilo Carvalho Miranda de Lima, Estagiário de Engenharia Florestal
Mariana Lins de Castro e Melo, Auxiliar de Herpetofauna
Tiago de Alencar Lopes, Designer

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2 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO

Recursos climáticos, ambientais e paisagísticos, vegetação densa de


coqueirais, praias tranquilas e água do mar morna. Essas são algumas das
características que descrevem a região de grande potencial turístico pretendida pelo
empreendimento Projeto Condomínio Praia de Guadalupe, que tem por foco o uso
hoteleiro e de veraneio, mediante a promoção do desenvolvimento urbano, turístico e
econômico local.
O setor turístico favorece a dinamização e ampliação de diversas
atividades, as quais incentivam e alavancam vários segmentos da estrutura produtiva
do estado, aumentando a arrecadação de impostos e ampliando o mercado de
trabalho como um todo. Além disso, a implantação da infraestrutura associada aos
empreendimentos turísticos, quando pautada pelos preceitos da responsabilidade
ambiental, conduz a uma melhora significativa nas condições de vida da população
local.
Inserido em uma área de grande visibilidade ambiental (parte da APA de
Guadalupe), o projeto tem por premissa básica a promoção dos ideais de
sustentabilidade, explicitado pelo esforço de integração dos diferentes aspectos
ambientais à concepção do projeto.
O projeto desenvolvido se encontra, ainda, em sintonia com as políticas
governamentais idealizadas com intuito de disciplinar a ocupação dos espaços
urbanos e reverter seu uso inadequado e conflitante (Secretaria de Planejamento e
Desenvolvimento Social do Estado de Pernambuco, 2000).
Disto posto, constitui objetivo do projeto a promoção e desenvolvimento do
turismo, fundamentado na sustentabilidade, promovendo a geração de empregos e
melhorando a qualidade de vida das pessoas que residem na área. O projeto
executivo do empreendimento será elaborado de modo a integrar todas as
infraestruturas ao meio, conservando a paisagem e seu entorno natural, regenerando
e preservando as áreas definidas pelo projeto e promovendo sua posterior
valorização.
Simultaneamente, com vistas a subsidiar a disseminação dos ideais de
respeito ao meio ambiente entre usuários, funcionários e vizinhança do
empreendimento, será desenvolvido um projeto de Educação Ambiental que
incentivará a construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

16
competências voltadas à conservação ambiental, essencial à sadia qualidade de vida
e promoção dos ideais de sustentabilidade (Política Nacional de Educação Ambiental
- Lei n° 9795/1999, 1999).
Desse modo, o Projeto Condomínio Praia de Guadalupe almeja exercer
um relevante papel no cenário turístico pernambucano ao tornar-se referência para o
desenvolvimento de empreendimentos litorâneos integrados ao meio, seja ele físico,
biótico ou social, no qual está inserido.

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3 ALTERNATIVAS LOCACIONAIS E TECNOLÓGICAS

No que toca às alternativas locacionais desenvolvidas ao longo concepção


do Projeto Condomínio Praia de Guadalupe, essas serão abordadas em dois níveis
de análise: a razão da escolha da Praia de Guadalupe como localidade ideal para
implantação do projeto e o processo iterativo que resultou na presente disposição das
estruturas que constituem o empreendimento. Além disso, serão apresentadas as
tecnologias propostas no intuito de eliminar ou mitigar potenciais impactos ambientais
negativos resultantes da implantação do empreendimento.
Inserido na área que integrava a Fazenda Guadalupe, localizada no
estuário do Rio Formoso, o Projeto Condomínio Praia de Guadalupe foi idealizado
em consonância com as vocações turísticas verificadas para o Litoral Sul
pernambucano. A beleza cênica das praias do litoral sul constitui um relevante ativo
turístico pernambucano. Por essa razão, desde o início dos anos 1990, foi realizado
um esforço de fomento ao desenvolvimento do setor turístico nos municípios do litoral
sul através da implantação da infraestrutura necessária ao desenvolvimento dos
referidos projetos.
Lançado em 1990 pelo governo federal em parceria com os governos de
Pernambuco e Alagoas, o Projeto Costa Dourada, então o projeto turístico mais
importante do país, visava ao aproveitamento das potencialidades turísticas naturais
do litoral compreendido entre Cabo de Santo Agostinho e a Barra de Santo Antônio.
Parte integrante desse esforço, o Centro Turístico de Guadalupe deu início ao
desenvolvimento do Projeto Costa Dourada e constituiu, ao mesmo tempo, o primeiro
Centro Turístico do Nordeste e do Brasil concebido de maneira integrada e planejada
conforme o próprio Governo do Estado de Pernambuco.
“Para os empresários do setor de hotelaria, assim
como para os empresários das outras atividades vinculadas ao
setor de turismo, o Centro Turístico de Guadalupe representa
excelente oportunidade histórica de investir num espaço
planejado, que será dotado de toda a infraestrutura necessária
para tornar Guadalupe um ponto de destino do mercado turístico
nacional e internacional” (Material de Divulgação do CT
Guadalupe produzido pelo Governo do Estado de Pernambuco)

18
A promoção de Guadalupe como destino turístico de visibilidade
internacional se deu pelo fato da localidade reunir alguns fatores como: Localização
Estratégica com relação à região Nordeste e seu circuito turístico (ponto intermediário
entre Salvador e Fortaleza); proximidade do Aeroporto Internacional dos Guararapes,
em posição estratégica com relação à Europa e Estados Unidos; Relativa proximidade
de turistas do Cone Sul (Argentina, Chile e Uruguai) constituindo espaço tropical mais
próximo para sua visitação.
Ainda de forma a subsidiar a implantação do referido centro, foram
realizados investimentos em infraestrutura através do programa PRODETUR. Entre
as obras implantadas, destacam-se a construção da rodovia Costa Dourada, do Píer
do Centro Turístico de Guadalupe e intervenções de implantação de rede de
abastecimento e de sistema de esgotamento.
Percebe-se, portanto, que a escolha da Praia de Guadalupe como
localização pretendida para o projeto é condizente com a vocação vislumbrada pelo
poder público para a região. É possível, inclusive, considerar que tal definição é
consequência natural da política de incentivos concebida para a região nos últimos 20
anos. Tal política de incentivo ao desenvolvimento turístico é explicitada, ainda, por
instrumentos como o Zoneamento Ecológico Econômico da APA de Guadalupe, Plano
Diretor do Município de Sirinhaém e pelos investimentos do PRODETUR.
Para a elaboração do projeto atual, foram concebidas diferentes
alternativas locacionais. O processo de desenvolvimento utilizado apresentou um
caráter marcadamente iterativo. A disposição ora apresentada resultou da avaliação
crítica do projeto inicial face aos resultados provenientes das campanhas de
diagnóstico ambiental realizada, sendo o objetivo desse processo a compatibilização
do empreendimento às restrições ambientais constatadas.
Tais estudos, a exemplo da campanha de reconhecimento de flora ou fauna
terrestre, possibilitaram a revisão do projeto quando verificadas incompatibilidades.
Esse método de construção de alternativas se mostrou mais apropriado à natureza do
trabalho, tanto com relação ao emprego eficiente dos recursos como à obtenção de
uma opção menos impactante do ponto de vista ambiental.
Tendo em vista que a área em questão já foi alvo de projetos anteriores, os
quais também visavam aproveitar seu potencial turístico, verifica-se que a primeira
alternativa desenvolvida para o Projeto Condomínio Praia de Guadalupe já
representava uma grande reformulação do conceito desses projetos.

19
As principais mudanças introduzidas pela primeira concepção desenvolvida
para o projeto são relativas ao nível de adensamento e tipos de estruturas propostas.
Quando comparada ao projeto alvo de licenciamento ambiental anterior, a
primeira alternativa desenvolvida para o Projeto Condomínio Praia de Guadalupe
já apresentava uma menor densidade de ocupação do terreno, devido a uma maior
parcela de área destinada a habitações unifamiliares.
Para essa alternativa, era prevista uma reduzida taxa de ocupação total de
cerca de 7,5% da área da propriedade. Entre os parâmetros urbanísticos calculados,
destaca-se a elevada taxa de solo natural idealizada inicialmente com valor de 77,8%,
muito superior às condicionantes previstas na legislação de uso do solo municipal.
É importante, também, ressaltar que a primeira disposição do projeto
Condomínio Praia de Guadalupe proposta já levava em consideração os devidos
afastamentos decorrentes da existência de Áreas de Proteção Permanente previstas
na legislação pertinente. Foram guardadas as distâncias com relação aos cursos
d’água, nascentes e diferentes fitofisionomias e ecossistemas protegidos.
O masterplan da primeira alternativa locacional do projeto Condomínio
Praia de Guadalupe pode ser visualizado na figura seguir.

20
21
Conforme abordado anteriormente, o diagnóstico ambiental realizado
quando da elaboração do presente Estudo de Impacto Ambiental aportou informações
fundamentais para redesenho do projeto com vistas à mitigação dos seus potenciais
impactos negativos.
Dessa forma, a exaustiva análise do meio biótico permitiu a verificação de
áreas de vegetação secundária em um estágio de regeneração da vegetação mais
desenvolvido (estágio médio de regeneração). Em concordância com o caráter
sustentável do projeto, desenvolveu-se uma nova alternativa locacional onde se optou
pela manutenção de tais áreas, inclusive mediante sua expansão e conexão pela
criação de corredores biológicos.
Além disso, durante a elaboração da nova alternativa locacional, levou-se
em consideração as áreas que apresentam vegetação sensível, visando conservar e
mitigar eventual supressão. De forma adicional, através de planos e programas
voltados à educação ambiental e à conservação biótica, serão adotadas medidas de
manutenção, regeneração e preservação de tais áreas.
Com as novas restrições identificadas e uma segunda mudança do perfil
do empreendimento, o qual já era marcado pelo baixo adensamento, verifica-se um
rebatimento das alterações propostas nos parâmetros urbanísticos da nova alternativa
desenvolvida.
A taxa de ocupação do solo idealizada para a alternativa locacional
revisada foi reduzida para 3,48% da área total da propriedade, menos que metade
daquela proposta na alternativa inicial. Entre os parâmetros urbanísticos calculados
para essa alternativa, destaca-se a taxa de solo natural de 85,78%, a qual se mostra
bastante superior aos limitantes legais (60%).
Ademais, com intuito de reduzir os volumes de movimentação de terra e o
impacto sobre a vegetação secundária em regeneração, foi dada preferência à
utilização de estradas já existentes na propriedade. Além disso, ainda visando à
mitigação dos potenciais impactos, optou-se pela proposição de estilos construtivos
que fizessem o melhor uso do relevo do local, integrando-se à paisagem e
aproveitando a vista do estuário. O baixo adensamento e a adequação do padrão
construtivo à paisagem podem ser verificados nas figuras a seguir.
Ainda com vistas à minimização dos aspectos negativos associados
empreendimento, sempre que possível foi proposta a adoção de soluções de reduzido
impacto.

22
Entre as soluções propostas, discorridas em maior detalhe ao longo do
capítulo 4, destacam-se a utilização de:

 Pavimentos permeáveis;
 Unidades de tratamento de efluentes de pequeno porte durante as etapas
construtivas;
 Lâmpadas de baixo consumo para iluminação pública;
 Práticas de separação de resíduos sólidos e coleta seletiva;
 Viveiro de mudas para replantio com espécies locais;
 Pátio de compostagem;
 Conexão à rede pública de abastecimento e coleta.

23
24
25
4 DESCRIÇÃO TÉCNICA DO EMPREENDIMENTO

a) Caracterização da área

O Projeto Condomínio Praia de Guadalupe está inserido na Praia de


Guadalupe, pertencente ao distrito de Barra de Sirinhaém, município de Sirinhaém,
localizado no litoral Sul do estado de Pernambuco, entre o estuário do rio Formoso e
a praia de Gamela.
O terreno pretendido, inserido na Zona de Turismo, Veraneio e Lazer da
Área de Proteção Ambiental Guadalupe, apresenta características paisagens de
marcante beleza. As elevações verificadas na propriedade (morro do Bonito, Abacaxi
e da Igreja) possibilitam uma apreciação única da vista do estuário do rio Formoso,
emoldurada pela Praia dos Carneiros.
Sirinhaém, um dos sete municípios que compõem a costa litorânea sul do
Estado de Pernambuco, integra a mesorregião da Mata Pernambucana e a
Microrregião Meridional de Pernambuco O município limita-se ao norte com Ipojuca e
Escada, ao sul com Rio Formoso e Tamandaré, ao leste com o Oceano Atlântico e ao
oeste com Ribeirão, distando 79,1 km da capital pernambucana.
Distando cerca de 8 km do empreendimento, a Barra de Sirinhaém constitui
centro urbano mais próximo. Em segundo plano, tem-se a sede do município de
Sirinhaém, localizado a, aproximadamente, 11 km.
Sirinhaém é constituído por 374,611km² de área distribuída entre os
distritos de Sirinhaém, Santo Amaro, Ibiratinga e Barra de Sirinhaém, além das praias
de Guadalupe, do Guaiamum, Gamela e da Barra de Sirinhaém.
Além das sedes dos distritos, merecem destaque, em termos
populacionais, a Vila 31 de Março, conhecida como Muriçoca, no Distrito de Ibiratinga;
a agrovila Trapiche, no Distrito de Santo Amaro; e a Vila de Aver-o-Mar, na área do
Centro Turístico de Guadalupe – CTG, situado dentro do perímetro urbano de Barra
do Sirinhaém.
Sirinhaém é um centro urbano local, o qual se encontra na área de
influência direta da metrópole de Recife, assim como toda a Zona da Mata
Pernambucana, e tem na rodovia PE-60 sua principal ligação viária. A PE-60
atravessa o município em uma extensão de 16 km. Interligados ao corredor estão
outras rodovias estaduais que fazem as principais articulações intermunicipais: a PE-
64, que permite a ligação pavimentada da sede ao Distrito de Ibiratinga, com 25 km

26
de extensão; e a PE-61, que liga a PE-60 às sedes dos distritos de Santo Amaro e
Barra do Sirinhaém, com extensão de 9 km.
Para ter acesso ao empreendimento, a partir do Recife, é necessário seguir
pela rodovia BR-101, até atingir a cidade do Cabo de Santo Agostinho, a partir de
onde prossegue-se pela PE-060 até alcançar a sede do município de Sirinhaém.
Atingido o entroncamento das rodovias PE-060 e PE-061, segue-se pela segunda por
cerca de 18 km, realizando-se uma conversão à direita na estrada que dá acesso ao
Píer do Rio Formoso, continuando o trajeto por, aproximadamente, 8 km. Ao chegar à
uma segunda bifurcação (Avenida Hilda de Queiroz), deve ser realizada uma
conversão à esquerda na estrada que margeia e permite acesso ao empreendimento.
A área total da propriedade na qual se insere o Projeto Condomínio Praia
de Guadalupe é de 1.169.061,53m² e pode ser visualizada nas Plantas de Situação
apresentadas a seguir.

27
Figura 4.1 - Planta de Situação da Área

28
29
b) Ordenamento do uso do solo

A propriedade onde se pretende instalar o projeto Condomínio Praia de


Guadalupe está localizada em área urbana do município de Sirinhaém, não dispondo
de indivíduos que exerçam posse dentro de seus limites. Em momentos anteriores, a
área em questão foi bastante explorada economicamente. As características do solo
da região permitiram a exploração, por exemplo, do coco-da-baía, atividade que
terminou por introduzir na região espécies exóticas, as quais se adaptaram muito bem
ao ambiente.
Além da atividade agrícola, a pecuária teve um papel relevante, levando,
segundo alguns dos funcionários entrevistados, à criação de valas para
dessedentação dos animais. Conclui-se, portanto, que a propriedade de Guadalupe
foi, desde bastante cedo, explorada sem que houvesse grandes preocupações com a
manutenção de suas características ou do equilíbrio ambiental original.
No entanto, a deficiência de infraestrutura da área, na medida que criou
entraves a um processo de ocupação mais intenso da região, permitiu que essa
conservasse algumas características que a diferenciam das localidades vizinhas, as
quais experimentaram um processo de crescimento mais intenso. É válido ainda
ressaltar que, com base em visitas feitas ao local, não há grandes equipamentos e
infraestrutura instalados ou em instalação na propriedade em questão.
Conforme abordado no capítulo 3, as características particulares da
localidade levaram os criadores de políticas públicas a reconhecer o potencial turístico
da área. Com o auxílio de capital estrangeiro, foram realizados investimentos no
sentido de prover a área com a infraestrutura necessária ao subsídio da atividade
turística pretendida.
Apesar desses investimentos não estarem inseridos diretamente na
propriedade em questão, uma breve análise do entorno do local do projeto revela as
intervenções realizadas pelo poder público em anos anteriores, visando ao fomento
da atividade turística e conseguinte ocupação do território. Exemplos, já mencionados
neste trabalho, dessas obras são a estrada Via Costeira de Guadalupe, o píer do rio
Mariassu, a ponte sobre o rio Ariquindá, e, de forma menos pronunciada, o sistema
de abastecimento d’água que serve à barra de Sirinhaém.
Boa parte dos equipamentos citados foram viabilizados através dos
programas PRODETUR I e PRODETUR II, que, entre outros objetivos, visavam ao

30
desenvolvimento do que se acreditava ser a vocação natural do litoral sul
pernambucano através da instalação de complexos turísticos nos moldes dos centros
de relevância internacional verificados à época.
Em relação ao uso e ocupação do solo urbano do município de Sirinhaém,
segundo o Plano Diretor – Diagnóstico Situacional municipal, observa-se a
predominância do uso residencial unifamiliar associado ao uso misto
residencial/comercial em alguns trechos dos principais logradouros dos distritos de
Santo Amaro, Ibiratinga e Barra de Sirinhaém, destacando-se também a ocorrência
de áreas parceladas não edificadas em áreas relativamente próximas ao
empreendimento (loteamento Aver-o-Mar).
O distrito de Sirinhaém (sede do município) apresenta uma malha urbana
relativamente compacta, com a ocorrência de vazios urbanos localizados, decorrentes
de acidentes geográficos e restrições naturais, com predominância de unidades
residenciais unifamiliares, em todas as suas porções. Em seu principal eixo viário e
entorno imediato, destacam-se os usos de comércio, serviços e uso institucional, no
qual se concentram as principais atividades econômicas, institucionais e de lazer do
município (terminal rodoviário, mercado, comércio, bancos, prefeitura, câmara dos
vereadores, escolas, igrejas, praças e centro esportivo).

31
c) Áreas

O empreendimento Projeto Condomínio Praia de Guadalupe insere-se


em propriedade privada que compreende 116,9 ha, localizados no município de
Sirinhaém, mais especificamente, no estuário do rio Formoso.
Tendo em vista o caráter sustentável proposto para o projeto Condomínio
Praia de Guadalupe, parte considerável da área da propriedade é reservada de
intervenções construtivas sob a denominação de áreas preservadas. Entre essas
áreas, contabiliza-se 18,8 ha de áreas de manguezais, 44,5 ha de Restinga e 7,9 ha
de Mata Atlântica, totalizando 71,2 ha. Chama-se atenção, ainda, para a reduzida taxa
de utilização do terreno, que evidencia a linha seguida quando da concepção do
projeto.
As belezas cênicas da região onde se localiza o terreno levaram à sua
promoção como destino turístico e de veraneio. Lançando mão dessas aptidões
naturais, esforços governamentais atuaram de forma a prover a infraestrutura
necessária à instalação de empreendimentos dessa natureza na região. Nesse
contexto, surge o Projeto Condomínio Praia de Guadalupe, modelado de forma a
atender às restrições ambientais associadas a uma área de fundamental importância
ambiental.
O condomínio é composto por subcondomínios com atividades voltadas ao
lazer e turismo. Além de unidades residenciais unifamiliares, fazem parte das
instalações um hotel, áreas comuns de circulação interna de acesso irrestrito e áreas
de proteção ambiental.
Portanto, das 116,9 ha da propriedade de Guadalupe, 71,2 ha deverão
corresponder a áreas de preservação. Nos 45,7 ha restantes, deverão estar incluídos
10,5 ha associados a áreas de regeneração de vegetação para consolidação de
corredores ecológicos e 2,5 ha referentes a áreas de circulação, a exemplo das
alamedas de acesso à praia.
Por fim, 31,2 ha serão reservados aos subcondomínios e 1,5 ha ao hotel
projetado. Ressalta-se, ainda, que para essas edificações é projetada uma taxa de
ocupação de apenas 8,9%, sendo as áreas verdes associadas reservadas à utilização
de vegetação nativa pela convenção condominial.
Portanto, com relação aos 116,9 ha da propriedade, é projetada uma taxa
de ocupação de aproximadamente 3,5%, bastante inferior aos 25% estabelecidos pelo

32
Plano Diretor do Município. A área estimada de ocupação do solo pelas estruturas do
condomínio pode ser visualizada na tabela a seguir:

Tabela 4.1 – Área estimada de ocupação do solo pelas estruturas do condomínio


Área de Ocupação
Subcondomínio
do Solo (m²)
Hotel 2.250
Town-House 6.030
Colina do rio 9.500
Colina do Norte 8.000
Igreja I 5.400
Igreja II 3.500
Morro do Bonito 3.250
Clube 800
Marina 1.600
Serviços 400
TOTAL 40.730 m²

Dessa forma, a partir das áreas e índices apresentados, fica ilustrado o


baixo adensamento construtivo do Projeto Condomínio Praia de Guadalupe.

33
d) Diretrizes de ocupação propostas

As diretrizes de ocupação propostas para o Projeto Condomínio Praia de


Guadalupe foram idealizadas em consonância com as linhas colocadas pelo
Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro do Litoral Sul de Pernambuco e
Zoneamento Ecológico Econômico da APA de Guadalupe.
Conforme zoneamento da área de proteção ambiental referenciada, a gleba
em questão se encontra inserida, em sua quase totalidade, na Zona de Turismo
Veraneio e Lazer (ZVTL)
Conforme decreto n 21.135/1998, “a Zona de Turismo, Veraneio e Lazer se
caracteriza por estar situada em grande parte da Planície Costeira, formada por
manguezais, praias, recifes, terraços flúvio-lagunares e marinhos, com trechos de
embasamento cristalino, com remanescentes de Mata Atlântica, mangues e restingas.
As atividades dessa Zona se referem à cultura de coco, pesca, turismo e veraneio”
Além das restrições condicionadas pela APA de uso sustentável, observou-
se os limitantes impostos pelo Plano Diretor de Sirinhaém, município onde se insere
o empreendimento em sua totalidade.
Conforme já apresentado no item anterior, das diferentes áreas que formam
o projeto, a maior delas é relativa às Áreas de Preservação, as quais correspondem a
711.656,38 m² ou 60,9% da área da propriedade. O detalhamento da utilização das
diferentes áreas do empreendimento pode ser verificado na Tabela 4.2 e no mapa a
seguir.

34
269.000 269.500 270.000 270.500

35°6'W 35°5'30"W 35°5'W Legenda

Rio perene
Rio intermitente
Curso d'água efêmero
Pier
Rodovia pavimentada
Utilização
Conservação
Regeneração
9.040.500

9.040.500
R io Mariassú
Supressão limitada por convenção condominial

8°40'30"S
8°40'30"S

Supressão parcial
Limite do empreendimento
Projeto viário
Rio

ueiroz Q
Av. H ilda de
da
MAPA DE LOCALIZAÇÃO

ura
Do
st a
35°15'W 35°10'W 35°5'W

Co
IPOJUCA

via
do
9.040.000

9.040.000
Ro
RIBEIRÃO

8°35'S

8°35'S
SIRINHAÉM
GAMELEIRA

8°40'S

8°40'S
RIO FORMOSO

5
TAMANDARÉ

8°45'S

8°45'S
BARREIROS
35°15'W 35°10'W 35°5'W

2
NM
NG

o
10 a

8°41'S
i c
9.039.500

9.039.500
8°41'S

Pier

9 a= 22° 19' 12'' W


Data: 18/12/2015
1 8

n t
Variação anual: 2' W
4 0 100 200 300 400 500

l â
m
Projeção Universal Transversa de Mercator

3 7
Referencial Geodésico: SIRGAS 2000

A t
Fuso UTM: 25 Sul

Mapa elaborado com dados secundários e de autoria da Projetec. A


R saber: Mapeamento da linha de costa do Estado de Pernambuco.
i o SEMAS, 2014; Carta topográfia 1:25.000, DSG; Base planimétrica
6

n o
IBGE 1:250.000; Base planimétrica vetorizada sobre imagem
F o Wordview-2. 06/08/2014, Projetec; Vegetação interpretada por
r m imagem e complementada por levantamento de campo.
o s

e a
o
9.039.000

9.039.000
UTILIZAÇÃO DAS ÁREAS

O c
DATA: ESCALA: TÉC. RESPONSÁVEL:

26/08/2016 1:8.000 Gustavo Grillo Teixeira

35°6'W 35°5'30"W 35°5'W

269.000 269.500 270.000 270.500


Tabela 4.2 - Discriminação das áreas de preservação do empreendimento

Áreas de Preservação
Área de Manguezais 187.693,00 m² 16%
Área de Restinga 444.985,24 m² 38,3%
Área de Mata Atlântica 78.978,14 m² 6,8%
TOTAL 711.656,38 m² 60,9%

Em observância às necessidades de garantia de acesso à praia, foram


reservadas, dentro das áreas comuns do condomínio, espaços para as alamedas de
acesso, assegurando, assim, a livre passagem pelo condomínio. Além das alamedas
de acesso, fazem parte desse grupo de espaços, as vias e áreas verdes comuns.
Chama-se atenção ainda para a vegetação constituinte das áreas verdes
comuns, onde será vedada a introdução de espécies não-nativas com fins
paisagísticos conforme recomendações de especialistas e regulamento condominial.
O detalhamento das áreas comuns pode ser verificado na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 - Discriminação das áreas comuns do empreendimento

Áreas Comuns
Área das Vias de Uso Irrestrito 18.200,00 m² 1,5%
Área das Vias de Uso Restrito 29.400,00 m² 2,5%
Área das Alamedas de Pedestre de Uso Público 7.000,00 m² 0,6%
Áreas Verdes Comuns 105.459,14 m² 9%
TOTAL 113.048,00 m² 10%

No que toca aos subcondomínios concebidos para o projeto, esses foram


idealizados levando em consideração a ocupação imobiliária ordenada, aliada à
conservação ambiental, preconizada pela APA Guadalupe.
Os subcondomínios para habitação foram divididos, com relação aos
parâmetros construtivos, em dois tipos: Subcondomínios de Unidades Territoriais e
Subcondomínio de Town House. Ainda integram o empreendimento, um Hotel, Clube
Esportivo, Marina e Área para administração e serviços.
Nos subcondomínios compostos por unidades territoriais é prevista
construção de residências unifamiliares. Para esses subcondomínios, é previsto um
afastamento de 10 metros de seus limites, 5 metros para suas vias internas e 2,5
metros para as divisas entre unidades territoriais.
A taxa de ocupação é limitada a 25% dentro de cada unidade territorial,
permanecendo 60% do espaço da unidade como área de solo natural. Naturalmente,
como decorrência dos conceitos observados, todos os limites dos subcondomínios e

36
unidades territoriais não poderão ser murados nem gradeados, mas divididos com
cerca e vegetação nativa.
Os subcondomínios que fazem parte da categoria descrita
(subcondomínios de unidades territoriais) são listados na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 - Discriminação das áreas médias do empreendimento

Áreas Médias de U.T. - Subcondomínios de Unidades Territoriais


Colina do Rio 1.398,42 m²
Colina Norte 1.269,68 m²
Colina da Igreja I 3.483,33 m²
Colina da Igreja II 1.727,14 m²
Morro do Bonito 1.492,30 m²

A tipologia subcondomínio de Town House consiste em habitações


verticais, multifamiliares dotadas de recuos de 10 metros para as divisas do
subcondomínio e recuos de 5 metros entre os blocos componentes. A Town House
não foge à reduzida média verificada para o condomínio quanto às taxas de ocupação
do solo, repetindo os 25% idealizados. Para o mesmo tipo de condomínio, é projetado
um gabarito de 4 pisos (térreo + 3) limitado por uma altura máxima conforme disposto
no Plano Diretor.
Além dos referidos subcondomínios, faz parte do Projeto Condomínio Praia
de Guadalupe a construção de um Hotel. A proposta é feita em sintonia com os
incentivos recebidos pela área nas últimas décadas visando ao desenvolvimento do
setor turístico-hoteleiro na região. Ademais, a implantação do referido Hotel, que
deverá compreender não mais que 50 unidades habitacionais totalizando 3.000 m² de
área de construção (2.250 de área de ocupação), mostra-se em consonância com as
ideias de incentivo à atividade hoteleiro-imobiliária mediante uso ordenado e com
baixos índices de ocupação da área.
Para usufruto de todo condomínio, foi idealizado um Clube Esportivo para
a área em questão. O equipamento estaria submetido aos mesmos parâmetros de
ocupação impostos aos subcondomínios com afastamentos de 10 metros para suas
divisas e área de solo natural de 60% com uma taxa de ocupação máxima de 25% do
terreno.
De forma a dar suporte às atividades de lazer a serem desenvolvidas pelos
usuários do Projeto Condomínio Praia de Guadalupe, é previsto ainda que uma área

37
da propriedade seja reservada para o Centro administrativo do Condomínio e suas
respectivas áreas de apoio e serviços. Inclusas nessa área de serviços devem estar
espaços reservados para o apoio de serviços técnicos (centralização do
armazenamento do lixo coletado, subestação geral).
Por fim, faz parte do projeto a implantação de marina composta por píer de
atracação, estacionamento de embarcações cobertas e descobertas, oficias de reparo
e serviços de apoio ao funcionamento e estacionamento para veículos. A marina
projetada não destoa dos outros elementos do condomínio com respeito à utilização
do solo, a mesma estará limitada a uma taxa de ocupação máxima de 25% e ao
gabarito máximo de 4 pisos anteriormente referenciado.
Percebe-se, portanto, que o Projeto Condomínio Praia de Guadalupe foi
concebido com intenção de reduzir a taxa de ocupação do solo e a densidade
habitacional, seguindo as diretrizes preconizadas na minuta no Plano Diretor e ideais
de uma UC de uso sustentável. Essa preocupação foi, consequentemente, refletida
pela expectativa dos índices urbanísticos alcançados pelo projeto.
Espera-se uma projeção horizontal de todas as edificações de 40.730 m²,
a qual corresponde a uma taxa de ocupação de 3,5%, atinge-se valores bastante
inferiores aos limites verificados no Plano Diretor (25%) e satisfaz-se os preceitos da
Zona de Veraneio, Turismo e Lazer da área de proteção ambiental.
Além disso, verifica-se uma área de solo natural com relação ao total da
propriedade de 1.002.916 m² (100,2 ha), que corresponde a uma taxa de 85,78% a
qual, também, é superior ao mínimo de 60% limitado pelo Plano Diretor, mais uma vez
ressaltando o caráter de intervenção mínima proposto pelo projeto. A seguir são
apresentadas: Imagem de Satélite da área do empreendimento; Planta do Projeto
Condomínio Praia de Guadalupe; Mapa de Setorização de Usos e Imagem de Satélite
com elementos do projeto superpostos.

38
39
0
e) Diretrizes Infraestruturais

 Abastecimento d’água

Conforme exposto anteriormente, um dos principais princípios norteadores


do Projeto Condomínio Praia de Guadalupe foi o planejamento com vistas à
conciliação do conceito do empreendimento com o meio ambiente. Dentro desse
contexto, insere-se o estudo de viabilidade das diversas formas de abastecimento de
água, por meio do qual se procurou a alternativa menos impactante, capaz e utilizar
os recursos naturais de maneira racional.
O sistema de abastecimento de água pode ser dividido conceitualmente em
duas partes principais: sistema de produção e sistema de distribuição. O sistema de
produção engloba obras de captação de água, adutoras e estações de tratamento,
enquanto que o sistema de distribuição inclui reservatórios e redes de distribuição.
Na década de 1990, por encomenda do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi realizado um estudo para
identificar as principais vantagens competitivas que possibilitariam o desenvolvimento
do Nordeste Brasileiro. Dentre as atividades destacadas, o turismo mostrou-se
bastante promissor, sendo necessários investimentos em infraestrutura de forma a
prover o devido apoio ao desenvolvimento da indústria.
A partir dessa iniciativa, municípios da costa pernambucana, foram objeto
de investimentos de infraestrutura, especialmente de obras de saneamento e
gerenciamento de resíduos sólidos, as quais se iniciaram em 1994, mediante apoio
do PRODETUR/NE.
Dadas a beleza de suas praias, Sirinhaém foi um dos municípios que
recebeu obras de abastecimento de água e esgotamento sanitário, as quais
permanecem em funcionamento até os dias atuais. Além disso, houve um esforço no
sentido de executar perfuração de poços, ligações domiciliares com medição, bombas
e outros equipamentos de tratamento e manutenção. (Banco do Nordeste do Brasil,
2005)
Dentro desse contexto, pode-se inferir a utilização desse sistema de
abastecimento de água já construído, como uma das alternativas para o fornecimento
de água ao empreendimento. Do ponto de vista ambiental, a alternativa pela utilização

41
da rede pública, além de garantir a qualidade da água, garante a conservação do
aquífero local.
Ressalta-se, ainda, que o sistema público existente foi dimensionado com
vistas ao atendimento aos empreendimentos a serem desenvolvidos no Centro
Turístico de Guadalupe, projeto de dimensões bastante superiores ao Projeto
Condomínio Praia de Guadalupe.
Com vistas a tornar a análise mais completa, avaliou-se, ainda, uma outra
alternativa: A perfuração de poços para obtenção de água. De acordo com um
levantamento realizado pela CPRM (Serviço Geológico do Brasil) no município de
Sirinhaém, existem 36 poços d’água cadastrados, sendo 1 poço escavado e 35 poços
tubulares. Esses poços cadastrados encontram-se dispostos em terrenos públicos e
particulares e são destinados ao abastecimento comunitário, quando atendem a várias
famílias e, particular, quando atendem apenas ao seu proprietário. Quanto ao uso,
verificou-se que 40% dos pontos cadastrados são destinados ao uso doméstico
primário (água de consumo humano para beber); 45% são utilizados para o uso
doméstico secundário (água de consumo humano para uso geral), 0,2% para
agricultura; e 13% para outros.
Com relação a qualidade da água, foram realizadas análises das amostras
de águas coletadas para verificação da quantidade de Sólidos Totais Dissolvidos,
onde se constatou que todas as amostras eram água doce, ricas em ferro e
manganês. No entanto, a vazão de exploração necessária para atender a população
fixa e flutuante da região do empreendimento não é suficiente. (Projeto do Cadastro
de Fontes de Abatecimento por Água Subterrânea, 2005)
Portanto, foi dada preferência à integração do sistema interno do
empreendimento com o sistema público da COMPESA, mais especificamente do
sistema de produção das cidades de Sirinhaém/Barra de Sirinhaém, implantado no
âmbito do Programa PRODETUR. Esta alternativa se apresenta como sendo a mais
viável do ponto de vista econômico, ambiental, operacional e técnico. De forma
resumida, as razões técnicas pelas quais tomou-se essa alternativa como sendo a
mais indicada para o abastecimento do empreendimento são:

 Maior assistência ao usuário, tendo em vista que a COMPESA é a


companhia responsável pela operação e manutenção, estando capacitada
para um pronto atendimento. A mesma ainda dispõe de tecnologia

42
necessária para a reparação de falhas que venham a surgir na operação
do sistema.
 Obtenção de uma água de melhor qualidade devido a presença de cloro
residual na rede de distribuição; e
 Maior pressão disponível devido a pressão mínima de projeto em redes de
distribuição pública ser da ordem de 15 m.c.a;
Com base em informações junto a COMPESA, verificou-se que as
projeções acerca da demanda para o ano de 2010, para os sistemas Sirinhaém e
Barra de Sirinhaém eram de 26,97 l/s e 8,62 l/s, totalizando 35,59 l/s, com índice de
perdas circundando 30%, pouco acima do valor padrão “aceitável”, que é de 25%.
Com vistas a garantir o abastecimento mesmo durante interrupções no
serviço de distribuição e garantir a superação das diferenças de cotas verificadas no
terreno, o empreendimento prevê um reservatório apoiado com capacidade de 640m³,
a ser projetado em duas câmaras de 320m³ que serão construídas em duas etapas.
Esse reservatório terá uma sub-adutora com 150mm de diâmetro que será interligada
a tubulação pública já existente.
A rede de distribuição que será interligada ao reservatório, estando este
localizado em área de cota dominante, será executada em plástico PVC da linha
Vinilfer até o diâmetro de 100mm e linha PBA, classe 12, nos diâmetros inferiores a
100mm.
No tocante ao faseamento desse sistema, será levada em consideração a
programação das diversas etapas de construção do empreendimento, que
consequentemente terão uma demanda de vazão aumentada ao longo do final de
cada etapa, como mostra a tabela abaixo.

43
Tabela 4.5 – Demanda de vazão nas fases de implantação de operação do empreendimento

Demanda 1
Demanda 2 Demanda
Fase Ano Funcionários Usuários (Func. +
Operários (Usuários) Total (l/s)
Op.)
2017 920 0 0 1,60 0,00 1,60
Implantação 1 2018 920 0 0 1,60 0,00 1,60
2019 920 0 0 1,60 0,00 1,60
2020 1181 604 1080 3,10 3,75 6,85
Implantação 2 2021 1181 604 1080 3,10 3,75 6,85
2022 1181 604 1080 3,10 3,75 6,85
2023 672 678 1152 2,34 4,00 6,34
Implantação 3 2024 672 678 1152 2,34 4,00 6,34
2025 672 678 1152 2,34 4,00 6,34
2026 681 754 1380 2,49 4,79 7,28
2027 681 754 1380 2,49 4,79 7,28
Implantação 4
2028 681 754 1380 2,49 4,79 7,28
2029 681 754 1380 2,49 4,79 7,28
2030 548 818 1572 2,37 5,46 7,83
Implantação 5 2031 548 818 1572 2,37 5,46 7,83
2032 548 818 1572 2,37 5,46 7,83
Fase de Operação 2033 0 872 1734 1,51 6,02 7,53
Fonte: Projetec, 2016

44
 Esgotamento Sanitário

Infraestruturas voltadas ao esgotamento sanitário também foram


construídas durante a primeira etapa do PRODETUR/NE na zona turística
Gamela/Guadalupe. Dessa forma, assim como o sistema de abastecimento de água,
percebeu-se que a alternativa mais viável e segura para o esgotamento do
empreendimento também seria a sua interligação ao sistema público já existente,
operado pela COMPESA. Dessa forma, seriam evitadas, por exemplo, soluções como
fossas ou sumidouros que poriam em risco a integridade do aquífero local.
O sistema público é do tipo separador absoluto, ou seja, o sistema coleta e
transporta os esgotos sanitários em conjunto de canalizações independentes da rede
de drenagem pluvial, onde são admitidas eventuais infiltrações.
Durante as primeiras de etapas implantação do empreendimento será
projetada uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) compacta, capaz de suprir a
demanda registrada para esta fase.
Após o processo de desinfecção, o efluente será lançado no corpo receptor
apropriado. Nas fases subsequentes do empreendimento, essa estrutura será
desativada, sendo os efluentes gerados pelo empreendimento coletados e tratados
pelo sistema operado pela COMPESA.
Quanto às etapas construtivas, serão implantadas sete sub-bacias de
esgotamento. Levando em consideração que as fases de implantação do
empreendimento não coincidirão necessariamente com as áreas das micro bacias de
drenagem. No que diz respeito ao diâmetro e material utilizado para o transporte do
efluente tem-se para a rede coletora tubos de plástico PVC da linha Vinilfort, da Tigre,
com diâmetro mínimo de 150mm, onde a declividade não será menor que 5mm/m. A
fim de garantir facilidade operacional, os coletores-tronco que recebem as
contribuições dos coletores, transportando-os aos interceptores, serão locados,
quando possível, ao longo dos eixos das vias de acesso.

45
 Drenagem pluvial

De acordo com o diagnóstico do município de Sirinhaém quanto às fontes


de abastecimento d’água elaborado pela CPRM, os principais cursos d’água do
município têm regime de escoamento perene e o padrão de drenagem é o dendrítico,
ou seja, seu desenvolvimento assemelha-se à configuração de uma árvore.
O município de Sirinhaém encontra-se inserido nos domínios da Bacia
Hidrográfica do Rio Sirinhaém e do Grupo de Bacias de Pequenos Rios Litorâneos.
Seus principais tributários são: os Rios Tapiraçu, Diamante, São Lourenço, Sibiró,
Sirinhaém, Camaragibe, Trapiche, da Palma, Goicana, dos Passos e Formoso, além
dos riachos: Canta Galo, Todos os Santos, Boca da mata, Caoité, Jaguarezinho, Rubi,
Triunfo, São José, Cigarra e Aprumado. Não existem açudes com capacidade de
acumulação igual ou superior a 100.000m3.
Os sistemas de drenagem são classificados de acordo com suas
dimensões, em sistemas de microdrenagem, também denominados de sistemas
iniciais de drenagem, e de macrodrenagem. A microdrenagem inclui a coleta e
afastamento das águas superficiais ou subterrâneas através de pequenas e médias
galerias. A macrodrenagem, por sua vez, inclui, além da microdrenagem, as galerias
de grande porte (D > 1,5m) e os corpos receptores tais como canais e rios canalizados.
(Fernandes, 2002)
Levando em consideração a topografia e as características físicas da área,
onde se encontram remanescentes da Mata Atlântica e manguezais, áreas de
preservação permanente, verificou-se que a proposta que minimizaria os impactos ao
meio ambiente seria a utilização de um sistema de drenagem superficial associada à
utilização de um pavimento permeável, a ser executado em blocos intertravados de
concreto, que permite ao pavimento cumprir sua principal função: imitar o solo natural.
Em condições naturais, o solo é uma estrutura permeável e porosa, capaz
de absorver metade da água que passa por ele e de fazer 40% voltar à atmosfera por
meio da evapotranspiração.
Uma das principais vantagens em utilizar o pavimento permeável é a
facilidade da absorção da água, que será filtrada, reduzindo o impacto das alterações.
Portanto, a água absorvida permanecerá alimentando o lençol freático local.
É válido ressaltar que tanto os sistemas de microdrenagem como o de
macrodrenagem terão que ser rigorosamente dimensionados, para inibir eventuais

46
problemas de alagamentos, inundações, que consequentemente danificam as
infraestruturas do empreendimento, além de evitar qualquer tipo de agressão ao solo
natural. Entretanto, serão necessários, a princípio, diversos estudos.
Tendo em vista que os solos dessa área são pouco a medianamente
profundos e bem drenados, que as edificações a serem construídas terão suas
cobertas com beirais livres, onde as águas decorrentes das chuvas cairão diretamente
sob o solo. As áreas de estacionamento serão pavimentadas com elementos vazados,
modelo “uni verde” ou similar, de modo a serem considerados como áreas
permeáveis. As quadras poliesportivas impermeáveis pelas suas próprias
características terão em seu entorno um leito de filtro drenante, protegido por um
envelopamento com tecido geotêxtil, e o seu piso será do tipo em concreto drenante.

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 Resíduos sólidos

Dentro do PRODETUR/NE I foram previstos investimentos para o sistema


de gerenciamento de resíduos sólidos para os municípios envolvidos no CT-
Guadalupe. Entretanto, somente foram elaborados os Planos Diretores de Limpeza
Urbana dos municípios.
Foi verificado que, no município de Sirinhaém, o lixo tem como destino final
o aterro sanitário PortalSul localizado em Rio Formoso. Com relação à coleta em
unidades de saúde, essa é efetuada por empresa licenciada que executa a coleta e
dá a destinação final correta conforme informado pela Prefeitura Municipal. A
produção de lixo é de 26,32 toneladas/dia. (Araújo, 2003).
Durante a fase de implantação do empreendimento serão adotados
procedimentos com base no Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil, que buscam soluções para o gerenciamento dos pequenos volumes de resíduos,
bem como com o disciplinamento da ação dos agentes envolvidos com os grandes
volumes. Já os resíduos gerados pela população fixa e flutuante seguirão o plano
gerado pelo Subprograma de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Esses
planos atendem os seguintes preceitos:

 Minimização;
 Segregação na origem;
 Acondicionamento adequado;
 Coleta apropriada;
 Transporte eficiente e econômico;
 Reciclagem;
 Eliminação ecologicamente segura.

Como este empreendimento abrange um conjunto de subcondomínios, que


caracterizam um pequeno aglomerado e um hotel, então o gerenciamento de resíduos
sólidos deverá atender às exigências de cada uma dessas unidades.
A princípio, desde a fase de implantação será adotado o Programa de
Educação Ambiental para os Funcionários da Obra e, posteriormente, o Programa de
Lazer e Educação Ambiental para Moradores e Turistas, ambos orientados à mudança
de atitude da população para conseguir sua cooperação na minimização da geração
de resíduos, tornando a coleta mais eficiente.

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O acondicionamento consiste na preparação dos resíduos sólidos para a
coleta de forma sanitariamente adequada, compatível com o tipo e a quantidade de
resíduos. É de grande importância já que evita acidentes e a proliferação de animais,
minimizando o impacto visual e olfativo.
De acordo com o IBAMA, os recipientes adequados para acondicionar o
lixo domiciliar devem ter as seguintes características:

 Dispositivos que facilitem seu deslocamento no imóvel até o local de coleta;


 Serem herméticos, para evitar derramamento ou exposição dos resíduos;
 Serem seguros, para evitar que lixo cortante ou perfurante possa acidentar
os usuários ou os trabalhadores da coleta;
 Possam ser esvaziados facilmente sem deixar resíduos no fundo.

É previsto para o empreendimento um sistema de separação e


acondicionamento para resíduos orgânicos, metais, vidros, papéis e plásticos. Os
recipientes coletores serão implantados em pontos estratégicos, protegidos de
animais, como cães e gatos, onde existirá um sistema de controle de roedores nas
proximidades.
A coleta poderá ser executada por uma empresa terceirizada, especialista
em limpeza urbana, ou de forma indireta, através de funcionários do empreendimento.
As duas opções terão que seguir rigorosamente os preceitos da NBR13.221/2003.
Almejando um transporte eficiente e econômico, é prevista ainda a
instalação de um depósito de resíduos com capacidade de armazenamento igual ou
superior ao volume diário coletado. Assim, além dos coletores dispostos em lugares
estratégicos, que terão menor porte, existirá um local para o armazenamento de todos
os resíduos coletados ao longo do dia no empreendimento, que também garante uma
administração centralizada dos resíduos. Este tipo de estocagem garante um menor
fluxo de caminhões nas vias secundárias do empreendimento reduzindo a geração de
ruídos e riscos associados à fauna ou usuários.
Como a coleta seletiva será implantada no empreendimento, ou seja, serão
recolhidos resíduos previamente separados, para os resíduos orgânicos é proposto a
adoção de um galpão de compostagem. Nessa estrutura, resíduos orgânicos deverão
ser convertidos em adubo, o qual será utilizado nas diversas áreas de regeneração
do empreendimento.

49
No tocante à responsabilidade social, o Projeto Condomínio Praia de
Guadalupe será fundamentado no conceito de sustentabilidade, utilizando medidas
que visam primeiramente evitar os impactos para depois reduzi-los. Dentre tais
medidas, destacam-se:

 Utilização de produtos duráveis e recicláveis;


 Emprego de materiais de construção sustentáveis, evitando desperdícios e
consequentemente, redução na geração de resíduos;
 Coleta seletiva, promovendo a reciclagem e a produção de adubo através
da compostagem;
 Promoção de campanhas educativas com objetivo de conscientizar a
população da importância da utilização consciente de materiais.

É importante ressaltar que todas as medidas citadas acima serão


minuciosamente estudas e desenvolvidas para que atendam todas as normas
vigentes dos órgãos específicos de aprovação.

50
 Energia elétrica e telecomunicações

Segundo o Plano Diretor de Sirinhaém, as áreas urbanas do município


possuem acesso satisfatório à energia elétrica e em termos de iluminação pública, a
maioria das vias públicas encontra-se iluminada com lâmpadas comuns. Quanto à
telefonia, as áreas urbanas são parcialmente cobertas por infraestrutura de
telecomunicação. A telefonia fixa é de responsabilidade do Grupo Telemar Norte Leste
S.A. - Oi.
Para o empreendimento é prevista a implantação de um sistema de rede
de distribuição subterrânea por razões como superioridade estética, maior
confiabilidade e segurança.
Os cabos aéreos de baixa e alta tensão conflitam com a natureza
contemplativa do empreendimento. Dessa forma, a utilização de sistema subterrâneo
evita este tipo de problema, uma vez que não haverá cabos expostos.
O aspecto ambiental foi outro ponto relevante para a definição do sistema
utilizado. No modelo de linha aérea a retirada de árvores se faria imprescindível à
instalação do sistema. O sistema subterrâneo contorna essa exigência sendo,
portanto, menos impactante nesse aspecto.
Quanto à confiabilidade, constata-se que mais da metade das interrupções
de energia, no verão, é causada por queda de galhos e árvores na rede aérea. A
queda de galhos ou árvores tem o potencial de romper condutores elétricos de alta,
média e baixa tensão e, com isso, provocar acidentes e incêndios. Esse tipo de
problema não atinge a rede subterrânea, uma vez que esta não está exposta.
Manutenções programadas se fazem necessárias para que o sistema funcione em
perfeito estado, evitando transtornos aos usuários.
Quanto à voltagem, existem duas alternativas para instalação. A Celpe
poderá disponibilizar atendimento em 13,8 kV com um ramal tronco partindo da
subestação de distribuição do município de Rio Formoso ou disponibilizar a
construção de uma subestação rebaixadora de tensão de 69 kV para 13,8 kV,
podendo ser negociado entre a concessionária e o empreendedor.
No Projeto de Rede de Distribuição Subterrânea em Radial Simples o
sistema fluxo de energia, em condições normais de atendimento, terá sentido único,
ou seja, apenas um alimentador. Os cabos de alimentação serão em bitolas de 50,0
mm, em tensão de 12/20 kV e dutos de bitolas de 150,0 mm. O sistema Radial Simples

51
é viável tanto do ponto de vista econômico quanto tecnológico, já que a probabilidade
de ocorrência de danos com necessidade de interrupção no fornecimento de energia
ao sistema é mínima.
No que diz respeito à iluminação pública utilizada no empreendimento,
está em processo de desenvolvimento um sistema de elevada eficiência energética.
Deverão ser utilizadas luminárias com a tecnologia LED (light-emitting diode), de baixo
consumo de energia elétrica. Tal solução vem substituindo as lâmpadas de descarga,
especialmente pelo grande potencial de economia de energia.
Essa tecnologia também se coloca na linha de frente no combate à poluição
ambiental, vez que, não utilizam componentes tóxicos na sua composição, ao
contrário do que acontece com algumas das tecnologias tradicionais, como, por
exemplo, as lâmpadas de mercúrio e de sódio de alta pressão, assim como também,
no tocante ao desperdício de energia, (BLUESPAN, 2009).
Outra vantagem na utilização de luminárias LED é a redução do custo
operacional com manutenção, pois as luminárias LED possuem vida útil superior às
lâmpadas tradicionais. Ademais, também é significativo o aumento da qualidade da
iluminação pública, pois à luz emitida pelo LED apresenta um índice de reprodução
de cor - IRC mínimo de 70, contra um máximo de 25 das lâmpadas de Vapor de Sódio
de Alta Pressão – VSAP.
Quanto ao sistema de telefonia, a localidade é atendida pelos serviços de
telefonia móvel, com suporte à tecnologia 3G. A telefonia fixa, semelhante ao sistema
de energia elétrica, deverá ser realizada por meio de rede totalmente subterrânea,
incluindo os ramais das residências e demais componentes. Essa rede será
totalmente independente, ou seja, será vedado o compartilhamento de caixas de
derivação com a rede elétrica.
Como dimensionamento está previsto a instalação de uma central
telefônica, garantindo, assim o funcionamento adequado do sistema, uma média de 1
a 2 linhas de telefonia fixa por residência e 6 linhas de telefonia fixa para hotéis. Para
absorver eventual demanda de linha de dados, é prevista uma folga de 50% no
número de pares disponíveis para todo o empreendimento.
Para a telefonia móvel e tecnologia 4G, está sendo analisada a
possibilidade de uma estação compartilhada pelas principais operadoras de telefonia
móvel.

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f) Diretrizes de paisagismo e recomposição vegetal

Tendo em vista os aspectos cênicos naturais que contemplam a área do


empreendimento e a localização desse no interior de área de proteção ambiental de
uso sustentável, decorre que o projeto paisagístico desenvolvido para a localidade
deve ter como principal diretriz a harmonização da interação do ser humano com o
meio, possibilitando, assim, uma melhor convivência com a natureza.
Visando ao alcance desse objetivo, faz-se fundamental a integração da
natureza com a arquitetura, através da manutenção das áreas de vegetação nativa,
corpos hídricos existentes e das características paisagísticas. Além disso, o Projeto
Condomínio Praia de Guadalupe, enquanto conceito de empreendimento, visa à
incorporação do relevo e vegetação da área, mediante a implantação de
equipamentos que valorizem e façam uso das características particulares da
paisagem local.
O objeto do Projeto paisagístico é o espaço, comum ou particular, não
ocupado pelas edificações. O primeiro abrange o sistema viário e as áreas de proteção
permanente. O segundo se refere aos condomínios, integrando os espaços
destinados à circulação, recreação, esportes e lazer dos usuários.
Devido ao estágio inicial do processo de licenciamento do
empreendimento, ainda não foi realizada a contratação do projeto executivo
paisagístico. Entretanto, tem-se como condicionantes a sua elaboração, ações que
melhorem as condições de conforto ambiental, estabelecendo-se um elo entre o
processo criativo e o entendimento da natureza pela botânica e condições edáfo-
climáticas. Dessa maneira, tanto usuários terão suas necessidades atendidas como o
meio ambiente sofrerá mínimas intervenções.
Precedendo o projeto paisagístico, tem-se o exaustivo estudo da paisagem
do sítio da construção. A vegetação nativa, não só de árvores e arbustos, mas também
de rasteiras e gramíneas, deve ser avaliada, catalogada e considerada no desenho
da nova paisagem. Além da vegetação, o estudo dos recursos hídricos, da fauna e do
solo são fundamentais para a compreensão da área. Isto é necessário e obrigatório
para o projeto seja desenvolvido em harmonia e consonância com a natureza local.
Considerados esses fatores, tem-se um projeto paisagístico sustentável,
que alia não apenas beleza e conforto, mas também funcionalidade e respeito ao meio

53
ambiente, servindo de elemento atenuador das alterações promovidas pelo
empreendimento.
Em conjunto com o projeto executivo paisagístico, é previsto, ao longo da
implantação e durante a operação do empreendimento, Programas de Educação
Ambiental para funcionários, moradores e turistas, os quais tem como meta e
estratégia a disseminação de informação de interesse ambiental, contribuindo
diretamente para a conservação e utilização racional da biodiversidade local.
Estas informações serão disseminadas através de comunicações visuais
que irão esclarecer e educar quanto ao comportamento adequado dentro e fora da
região, dando total atenção aos recursos naturais.
Nesses Programas, serão envolvidas todas as pessoas que trabalharam
durante a construção do empreendimento, como também os empregados, hóspedes
e visitantes, durante a fase de operação.

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g) Canteiro de Obras

O local para implantação do canteiro de obras deve ser definido em


consonância com a sua tipologia uma vez que, a depender da topografia e das
condições climáticas da área, existem tipos de canteiros mais adequados ao meio.
Entretanto, independente do sistema utilizado, devem ser considerados os seguintes
critérios: custos de aquisição, custos de implantação, custos de manutenção,
reaproveitamento, durabilidade, facilidade de montagem e desmontagem, isolamento
térmico e impacto visual.
Dar-se-á preferência a áreas planas, procurando evitar grandes
movimentos de terra, de fácil acesso, livre de inundações, ventiladas e com insolação
adequada.
Naturalmente, deverão ser observadas as condições de trabalho nas
edificações do canteiro de obras, tais como: abastecimento de água potável,
instalações sanitárias e, destinação adequada para lixo orgânico e inorgânico.
Dessa forma, o canteiro proposto para o empreendimento pretendido será
composto de:

 Guarita de segurança e controle de acesso à obra;


 Almoxarifado e ferramentaria para estocagem de materiais;
 Escritórios para gerenciamento e fiscalização
 Escritório para construtor; recursos humanos, segurança e medicina do
trabalho;
 Central e segurança;
 Alojamentos, sanitários e vestiários;
 Sanitários dispersos nas frentes de trabalho;
 Refeitório e cozinha, sendo esta última analisada pelo construtor quanto à
viabilidade;
 Ambulatório;
 Áreas destinadas ao descanso e lazer dos funcionários;
 Central de armação;
 Central de carpintaria (formas);
 Áreas destinadas para abastecimento de máquinas e equipamentos;
 Laboratório para ensaios tecnológicos.

55
Simultaneamente à finalização da obra, haverá a desmobilização do
canteiro, que deve abranger a recuperação de uso da área anteriormente ocupada
pelas instalações. A área afetada será recuperada mediante a remoção das
construções provisórias, limpeza e recomposição ambiental. Os solos vegetais
removidos serão estocados em locais não sujeitos à erosão, devendo ser
reincorporados à área de origem após a desmobilização.
No que tange os resíduos sólidos, sua coleta, transporte e disposição final
deverão ser realizados em locais adequados e aprovados pela fiscalização. Durante
a coleta seletiva será realizada a separação de lixo orgânico e inorgânico, sendo o
primeiro designado à compostagem para posterior aproveitamento como adubo nas
áreas verdes do empreendimento. Os resíduos que não oferecerem riscos de
disposição no solo e que não se prestarem à reciclagem, serão distribuídos no aterro
sanitário de Rio Formoso.
No que diz respeito aos entulhos resultantes da obra, estes serão dispostos
na Central de Tratamento de Resíduos – CTR Candeias, localizada no município de
Jaboatão dos Guararapes, quando não forem passiveis de reutilização.
No canteiro de obras também há produção de efluentes líquidos como
os sanitários, provenientes dos escritórios, alojamentos e demais instalações de
apoio; os domésticos, originalmente dos refeitórios; e os industriais, das oficinas,
instalações de manutenção, dos locais de estocagem de materiais, entre outros.
Dessa forma, como já citado anteriormente, durante a fase de implantação
será empregada uma estação de tratamento de esgoto de pequeno porte, que
possibilitará o lançamento seguro dos efluentes gerados em um corpo receptor
adequado. Apenas os efluentes sanitários e domésticos serão dispostos nesse
sistema. Os efluentes industriais, compostos por óleos e graxas, serão separados,
acumulados e removidos de maneira adequada, respeitando o local de deposição
aprovado por regulação específica.
Serão, ainda, utilizados “banheiros químicos” portáteis para cada grupo de
operários, evitando a contaminação do solo. Com a presença da ETE a manutenção
dos referidos banheiros acontecerá na área do empreendimento, reduzindo assim,
eventuais custos adicionais.
De forma a manter as características naturais de drenagem verificadas na
área, reduzir-se-á a impermeabilização do solo ao mínimo necessário. Espera-se,

56
portanto, pequena influência na infiltração natural durante as etapas de instalação e
operação.
Quanto a energia elétrica, está previsto o fornecimento pela concessionária
de energia – CELPE e, em casos emergenciais, poderão ser utilizados geradores a
diesel. Ademais, de forma a garantir a segurança local e esclarecer informações e
orientações, as vias serão sinalizadas e estacionamentos serão projetados, tanto para
funcionários quanto para prestadores de serviços e visitantes.

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h) Estimativa dos Volumes de Terraplanagem e Jazidas

Uma das definições usualmente utilizadas para terraplenagem é que esta


é uma técnica de engenharia de escavação e movimentação de terras e rochas,
dividida em quatro etapas: escavação, carregamento, transporte e espalhamento.
Sob o ponto de vista econômico e ambiental, sabe-se que o custo do
movimento de terra, é na maioria dos projetos, significativo em relação ao custo total
da obra. Além disso, a movimentação, ao deslocar o solo original do terreno, altera
significativamente o meio ambiente.
A concepção sustentável e contemplativa do Projeto Condomínio Praia
de Guadalupe o leva a encarar a paisagem natural da localidade pretendida como
um grande ativo que precisa ser preservado. Dessa forma, uma das premissas para
a implantação do empreendimento é a mínima movimentação de terra, adotando um
traçado racional capaz de adequar-se à topografia do terreno.
Disto posto, quando a movimentação se mostrar imprescindível, será
utilizada a técnica de compensação de volumes, que compreende o aproveitamento
dos cortes para realização dos aterros, nos locais onde os materiais de corte
apresentarem características satisfatórias a sua utilização, minimizando, assim, a
utilização de empréstimos e bota-foras.
Como pode ser percebido na Tabela 4.6, o volume de corte é superior em
relação ao volume de aterro. Dessa forma, o volume necessário para a elaboração
dos aterros será proveniente dos cortes.
Abaixo segue tabela com a quantificação preliminar e avaliação dos valores
dos volumes envolvidos no balanço de massas dos terraplenos decorrentes da
aplicação dos traçados geométricos horizontais e verticais sobre o modelado do
terreno existente.

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Tabela 4.6 - Volumes de aterro e corte

ATERRO CORTE
EIXO EXTENSÃO ATERRO
EMPOLADO (m³) (m³)
EIXO 01 335,63 294,63 368,29 844,91
EIXO 02 1188,29 369,71 462,14 17.595,29
EIXO 03 392,47 209,98 262,48 6.119,33
EIXO 04 849,85 1.512,10 1.890,13 3.496,94
EIXO 05 437,91 46,61 58,26 10.948,24
EIXO 06 374,314 55,47 69,34 8.818,28
EIXO 07 413,73 47,58 59,48 9.473,77
EIXO 08 518,406 149,18 186,48 8.255,98
EIXO 09 351,665 28,35 35,44 3.455,78
EIXO 10 252,665 309,81 387,26 621,94
TOTAIS 5.114,93 3.023,42 3.779,28 69.630,46
Fonte: Projetec, 2016
Tabela 4.7 – Alturas médias de movimentação
ALTURA MÉDIA DE ATERRO 0,05 m
ALTURA MÉDIA DE ATERRO
0,06 m
EMPOLADO
ALTURA MÉDIA DE CORTE 1,13 m

Quanto às jazidas, ressalta-se que as vias principais mencionadas no


projeto executivo são aquelas já implantadas na propriedade. Assim, será necessário
que estas passem apenas por uma requalificação, ou seja, somente as vias
secundárias, que dão acesso direto aos subcondomínios serão implantadas.
Ainda com intuito de minimizar os potenciais impactos causados pela
implantação do empreendimento, todo material proveniente de jazidas que venha a
ser utilizado (implantação de viário ou construção de estruturas) será proveniente dos
cortes realizados ou adquirido junto a jazidas devidamente licenciadas pelos órgãos
ambientais.

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i) Mão-de-obra utilizada na implantação do empreendimento

A construção do pretendido empreendimento será faseada em cinco etapas


(Tabela 4.8), com duração estimada de 15 anos. Em cada fase deverão ser
implantados diferentes trechos das infraestruturas destinadas aos serviços básicos
dos usuários, como sistemas de abastecimento d’água, esgotamento sanitário,
drenagem e vias de acesso.
A primeira fase abarca a construção das edificações voltadas ao mercado
hoteleiro e as fases subsequentes a construção dos demais subcondomínios de
unidades territoriais. Durante a construção dos subcondomínios de unidades
territoriais, a infraestrutura (viário, abastecimento, saneamento, iluminação, etc.) será
implantada pelo empreendedor, ao passo que as habitações serão construídas
posteriormente pelos moradores disciplinadas pelas normas do condomínio.
Para efeito de previsão de emprego de mão-de-obra, foram considerados
os trabalhadores empregados na construção do hotel, Town House, infraestruturas e
casas integrantes dos subcondomínios de unidades territoriais.
De forma a incentivar a contratação de trabalhadores oriundos das
comunidades na área de influência do projeto, é previsto o Subprograma de
Favorecimento à Contratação de Trabalhadores Locais, parte do Programa de
Comunicação Social. Esse subprograma visa, através de contato com as prefeituras
dos municípios e utilização de meios de comunicação locais, facilitar a contratação e
treinamento desses profissionais, fomentando o desenvolvimento socioeconômico
local.
Tabela 4.8 – Faseamento da implantação do pretendido empreendimento

FASE Descrição
Clube Social
Hotel de Charme
FASE 1
Subcondomínio Town House
Marina
Subcondomínio da Igreja I
FASE 2
Serviços e Infraestruturas
FASE 3 Subcondomínio Colina do Rio
FASE 4 Subcondomínio Colina Norte
Subcondomínio da Igreja II
FASE 5 Subcondomínio do Morro do
Bonito

60
Tabela 4.9 – Função e quantificação da mão-de-obra necessária para a implantação do empreendimento

Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5

QUALIFICAÇÃO 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032

1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S
Gerente de
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Contrato
Técnico de
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
Planejamento
Coordenador de
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Projetos
Telefonista/Rece
2 2 2 2 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
pcionista
Gerente Adm.
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Financeiro
Auxiliar
4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
Administrativo
Auxiliar de Apoio 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6
Gerente de
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Suprimentos
Encarregado de
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Compras
Almoxarife 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Auxiliar de
2 2 2 2 2 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6
Almoxarifado
Ferramenteiro 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Auxiliar de
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Ferramenteiro
Assistente Social 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Orientador
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Ambiental
Eng. De Seg. do
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Trabalho
Técnico de Seg.
8 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8
do Trabalho
Médico do
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Trabalho
Auxiliar de
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Enfermagem

61
Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5

QUALIFICAÇÃO 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032

1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S

Eletricista de
2 2 3 4 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6
Apoio
Encanador de
2 2 3 4 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6
Apoio
Motorista 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
Servente p/
4 8 8 14 18 18 18 18 18 18 18 18 21 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 20 20 20 20 20 20 20
Serviços
Vigilante 8 12 12 16 16 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20

Topógrafo 4 4 4 4 4 4 4 4 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

Nivelador 4 4 4 4 4 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Auxiliar de
4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Topógrafo
Bentoneiro 1 6 6 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 10 10 10 10 10
Engenheiro de
2 8 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
Produção
Engenheiro
2 2 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 8 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
Júnior
Mestre de Obras 6 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 9 6
Encarregado de
7 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
Pedreiro
Encarregado de
8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 10 10 10 10 10 10 10
Carpinteiro
Cabo de Turma
2 8 8 10 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 20 20 20 20 16 16
de Servente
Operador de
Máq. 12 28 24 12
Terraplanagem
Motorista de
16 24 20 44
Caçamba
Operador de
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Carregadeira
Oper. De Retro-
2 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
escavadeira
Pedreiro 100 100 240 240 240 240 240 240 240 240 240 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180 150 150 150 110 105 100 100

Carpinteiro 10 120 120 120 120 120 120 120 120 120 120 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 50 50 50 50 50 50 50

62
Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5

QUALIFICAÇÃO 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032

1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S 1S 2S

Armador 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 35 35 35 35 18 10

Pintor 0 0 0 40 40 40 40 40 40 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 18 18 18 18 18 18 18

Servente 100 400 400 400 400 400 400 400 400 400 400 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 75 75 75 65 55 50
Equipe de Inst.
4 20 20 25 35 40 40 40 40 40 40 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 25 25 25 25 25 25 25
Elétrica
Equipe de Inst.
2 16 16 18 25 30 30 30 30 30 30 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 18 18 18 18 18 18 18
Hidrosanitárias
Equipe Inst. Ar
0 14 24 24 20 20 20 20 20 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 8 8 8 8 8 8 8
Condicionado
Equipe Inst. Prev.
10 30 30 30 36 36 36 36 36
Incêndio
Somatório 348 916 1068 1141 1126 1180 1182 1182 1180 1180 1180 654 657 660 678 680 682 682 682 678 682 682 682 682 682 682 682 682 642 622 607 547

Total 920 1181 672 681 548

63
j) Empreendimentos associados e decorrentes

A concepção do ambiente urbano abrange ocupações-tipo, as vias e


equipamentos públicos nela instalados. A partir disso, faz-se fundamental a
observância da relação entre novos empreendimentos com os elementos naturais
circundantes, tais como ar, água, solo, relevo, flora e fauna, além da população e as
atividades humanas presentes na região.
Nesse âmbito, a viabilização do Projeto Condomínio Praia Guadalupe
está vinculada à disponibilidade de infraestrutura e serviços essenciais ao seu pleno
funcionamento, como suas condições de acesso, disponibilidade de infraestruturas de
saneamento ambiental, telecomunicações, entre outros.
No início dos anos 90, o projeto Costa Dourada, elaborado pelos Governos
de Pernambuco e Alagoas, compreendeu o desenvolvimento turístico da costa entre
os municípios de Cabo Santo Agostinho/PE e Barra de Santo Antônio/AL. Um dos
vetores de implantação desse projeto foi a Rodovia Costa Dourada, situada a
Noroeste do projeto atual do Condomínio Praia de Guadalupe, e que consiste no
principal acesso ao novo empreendimento.
Apesar de sua relevância para a viabilização do projeto Costa Dourada, a
rodovia encontra-se em mau estado de conservação, caracterizado pela presença de
avarias no pavimento, mesmo após a última intervenção realizada, que contou apenas
com um tratamento superficial. Considerando a estimativa do fluxo incremental de
residentes, funcionários e visitantes do condomínio, a situação deve tornar-se ainda
mais crítica. Desse modo, assume-se como imprescindível a requalificação da dita
rodovia de forma a possibilitar um melhor conforto ao tráfego.
No que diz respeito às infraestruturas de saneamento, o abastecimento de
água, o esgotamento sanitário e a coleta de lixo aparecem como principais fatores a
serem atendidos. Diretamente relacionados ao bem-estar da população e, no caso da
atividade turística, estreitamente associada ao poder de atratividade do
empreendimento.
Tanto o abastecimento de água como o esgotamento sanitário na região
de Guadalupe, contam com conexão à rede geral da COMPESA, mas que termina a
aproximadamente um quilômetro do novo empreendimento condominial. Para tanto,
está previsto um ramal de ligação desde a atual rede geral de abastecimento da
COMPESA até o reservatório de regularização de vazão do empreendimento.

64
Intervenção semelhante está prevista para as ligações de esgotamento sanitário do
Condomínio, com o objetivo de que os serviços da prestadora sejam viabilizados em
toda a área de influência do empreendimento. A viabilidade da ligação do Condomínio
na rede é atestada na Carta de Viabilidade apresentada Volume IV deste estudo.
Para a gestão de resíduos sólidos, a área específica destinada a serviços
e infraestruturas assume papel de centralização da coleta em todo o empreendimento.
Dessa maneira, tem como objetivo facilitar a logística de recolhimento de resíduos
sólidos por parte da Prefeitura, que deve realizar ainda seu tratamento e destinação
final. Nesse sentido, vale ressaltar a importância da abrangência dos serviços
municipais na área, sendo essencial que as rotas de coleta prevejam o
empreendimento como novo polo gerador de resíduos sólidos.
Outro aspecto a ser observado consiste na infraestrutura de
telecomunicações, ainda muito deficiente na região. Nesse sentido, quando das
atividades de levantamento realizados para elaboração do EIA do Condomínio Praia
de Guadalupe, foram encontradas uma série de dificuldades de comunicação em toda
a área. Essa situação fica ainda mais crítica se considerado que, atualmente, as redes
de conectividade móvel são requisitos básicos para atração de pessoas e de
negócios. Assim, por se tratar de uma infraestrutura concedida a agentes privados,
espera-se que a telefonia fixa e móvel será naturalmente expandida pelas operadoras
à medida que surja a demanda por parte dos usuários do Condomínio.
Fortemente baseado no modelo de negociação entre as partes
interessadas, notadamente o empreendedor e as empresas públicas e privadas
envolvidas, a viabilidade do Condomínio é diretamente atrelada à provisão das
infraestruturas supracitadas. No caso do saneamento, são estes sistemas os
responsáveis pela qualidade do serviço a ser prestado pelo Condomínio como um
todo, impactando diretamente em seu poder de atração aos turistas e veranistas. Não
somente, nos dias de hoje, a disponibilização de rede telefônica atua como
condicionante ao desenvolvimento de negócios, abrangendo não somente a facilidade
de comunicação proporcionada, mas também a conectividade às redes sociais,
atuando inclusive como meio de promoção do próprio empreendimento.
Disso posto, a viabilidade do Condomínio Praia de Guadalupe conta com o
desenvolvimento das infraestruturas relacionadas ao saneamento básico do
condomínio, além da melhoria das condições de acesso de suas vias e implantação
de rede de telecomunicações.

65
k) Empreendimentos atraídos

De forma a analisar os possíveis empreendimentos atraídos pelo Projeto


Condomínio Praia de Guadalupe, faz-se necessário a avaliação de outros projetos ou
expansões imobiliárias verificadas no litoral pernambucano.
A Reserva do Paiva, primeiro bairro planejado de Pernambuco, com 8,5
quilômetros de praia e cercado por mata atlântica apresenta sete condomínios
residenciais, sendo um destinado à construção de 66 casas de alto padrão e os
demais a edifícios com até 13 pavimentos. Ademais, conta-se ainda com o Sheraton
Reserva do Paiva, hotel cinco estrelas de 298 apartamentos, com apenas 29.000 m²
ocupados frente aos 200.000 m² de área disponível. Nota-se que, de maneira
semelhante ao Projeto de Guadalupe, também foi dado destaque à sustentabilidade
ambiental, com preservação de 85,5% da gleba destinada a implantação do Sheraton.
A maior frequência de veranistas e condôminos no Paiva ensejou ainda a
construção do Empório Gourmet do Paiva, com opções de alimentação entre
restaurantes, bares, cafés e lanchonetes. Dispõe de um viveiro de árvores nativas da
região e plantas ornamentais que subsidia a recomposição vegetal decorrente da
abertura da Via Parque, a qual corta toda a extensão do bairro planejado. Essa
conjuntura é característica do planejamento de desenvolvimento e crescimento do
bairro, com estabelecimento de infraestruturas a partir do surgimento da demanda por
serviços.
Nos arredores da Reserva, observa-se a valorização dos imóveis
localizados à outra margem do Rio Jaboatão, em Barra de Jangada, e após o
empreendimento, próximo à praia de Itapuama. Nesse cenário, por se tratar de um
“bairro” autossuficiente do ponto de vista da oferta de serviços, não se verifica o
desenvolvimento de uma rede de serviços em áreas contíguas com vistas a atender
sua demanda. A implantação da Reserva do Paiva, portanto, gerou impactos muito
reduzidos no que diz respeito ao surgimento de novos comércios e sua consequente
pressão urbana nas regiões vizinhas.
Em contraposição à ocupação planejada do Paiva, as Praias de Itapoama
e Gaibu são características da expansão urbana desordenada. Nesses moldes, a
urbanização dessas áreas baseou-se na supressão do meio ambiente para instalação
de serviços e comércios que viessem a atender as necessidades de sua população.
O resultado desse processo caracteriza-se por uma massa urbana que avança sobre

66
os ecossistemas da área de forma descontrolada, ocasionando diversos problemas
urbanos decorrentes da pressão ao meio ambiente, como inundações, proliferação de
doenças, comprometimento paisagístico, entre outros.

Figura 4.2 - Ocupação desordenada no entorno da Reserva do Paiva – Itapoama e Gaibu


Fonte: Google Earth

Ainda no Litoral pernambucano, a ocupação da Praia de Toquinho também


teve como foco a construção de residências, dessa vez com perfil de veraneio e
menos residencial. Assim, teve-se como base a apropriação territorial da área através
da construção de um condomínio fechado. Nessas condições, o desenvolvimento da
região se deu de forma controlada, semelhante ao do Paiva, com presença ínfima de
quaisquer comércios em seu entorno, e sendo atendido de forma pontual através do
comércio existente nas praias vizinhas, como Serrambi.
Nesse aspecto, vale ressaltar que, em paralelo ao estabelecimento das
residências na Praia de Toquinho, o distrito de Barra de Sirinhaém, na outra margem
no Rio Sirinhaém, foi sendo ocupado. Não obstante, diferentemente de Toquinho, que

67
teve como cerne de sua ocupação a construção de condomínios de veraneio
fechados, Barra de Sirinhaém respondeu por um crescimento orgânico que terminou
de forma desordenada.
Sua ocupação em ritmo acelerado envolveu, com frequência, aterro dos
mangues, destruição de dunas e cerceamento do acesso a alguns trechos da praia
através de muros, rampas e outras construções. Essas supressões foram ensejadas
pelo desenvolvimento de comércios e serviços para suprimento das novas demandas
turísticas, que surgiram com o movimento migratório às praias litorâneas a partir da
crise sucroalcooleira, semelhante ao que ocorreu em Gaibu, próximo ao Paiva.
Nesses moldes, foram intensificadas a proliferação de bolsões de pobreza e seus
desdobramentos sociais, dentre os quais cabe destacar os inúmeros riscos à saúde
das populações silvestres e também humanas.

Figura 4.3 - Ocupações às margens do Rio Sirinhaém - Praia de Toquinho e Barra de Sirinhaém
Fonte: Google Earth

68
A valorização imobiliária, o incentivo ao turismo e a geração de empregos
aparecem como principais benefícios da implantação do Condomínio Praia de
Guadalupe. Nesse caso, a ocupação urbana ordenada, tendo como regulador o
próprio planejamento do Condomínio, tem capacidade de superar e impedir o
surgimento das problemáticas urbanas constantes em Gaibu e Barra de Sirinhaém.
A implantação do Condomínio Guadalupe estimula o aquecimento do
mercado imobiliário nas redondezas. De maneira semelhante ao ocorrido na Reserva
do Paiva e na Praia de Toquinho, a implantação de estruturantes urbanos na área
tende a atrair mais turistas e interessados na aquisição de casas de veraneio. Disso
posto, a maior procura por moradias atuará como balizador da oferta imobiliária.
No caso da Reserva do Paiva, o centro de negócios multiuso chegou a
responder por uma valorização dos imóveis de 13,5%, mesmo antes de ser
construído. Nesse cenário, sua localização privilegiada ao uso residencial e seus
atrativos comerciais consistiram nos principais responsáveis por esse adendo. Já em
Toquinho, o próprio modelo de ocupação foi baseado na implantação de residências
de alto padrão, através da construção de condomínios diferenciados e que, por si só,
já motivavam a valorização dos imóveis na área.
O movimento imobiliário depende da capacidade real de compra da
população a ser atraída. Nesse caso, o comportamento predominante dos
interessados em usufruir de seus serviços, aliado à oferta limitada por se tratar de uma
ocupação planejada, apresenta fortes inclinações para superioridade da demanda em
relação à oferta, ou seja, a tendência consiste no aumento do preço/m² na área no
entorno.
Nesse âmbito, os principais fatores a serem considerados na equação
oferta-demanda e que, consequentemente, possuem poder de influência na
precificação dos serviços de empreendimentos quaisquer, consistem nos desejos e
necessidades das pessoas envolvidas, o poder de compra, a disponibilidade dos
serviços e a existência de produtos substitutos nas proximidades.
No caso do Condomínio Praia de Guadalupe, seu foco na atividade turística
e de veraneio está intimamente ligado à atratividade turística do empreendimento. No
que diz respeito ao poder de compra, o porte do Condomínio indica se tratar de um
produto de qualidade superior ao do entorno, configurando status de empreendimento
diferenciado. Disso posto, o Condomínio Praia de Guadalupe incita, naturalmente, a
valorização imobiliária na região, semelhante ao ocorrido no Paiva e em Toquinho.

69
O deslocamento constante de pessoas, representativo da intensificação
das atividades turísticas e de veraneio, tem como consequência o aumento do
consumo na região. Nesse sentido, o maior consumo enseja a diversificação da
produção de bens e serviços. No caso do Condomínio Praia de Guadalupe, a atividade
turística responde pela movimentação financeira proveniente da intensificação das
transações locais através do setor de lazer e entretenimento previsto para o
empreendimento, bem como a decorrente geração de emprego e renda em suas
instalações.
Dessa forma, o gasto inicial no empreendimento total acaba convertido em
valores superiores, reinvestidos na melhoria dos serviços prestados, e que acabam
fazendo parte do seu ciclo de valorização. Nessa perspectiva, a renda em
consequência da ação do turismo tem sua manifestação na criação de riqueza para
região, representadas pelas rendas salariais e de capital geradas diante do
fortalecimento da atividade comercial.
A definição do turismo, portanto, passa pela provisão de uma combinação
de serviços (hospedagem, alimentação, lazer e transporte) para atender as
necessidades da população fora de suas residências habituais, num período
determinado de tempo. São esses serviços que caracterizam o turismo de forma
complementar a economia dos locais receptores da atividade turística. Uma vez
planejado, o poder de contribuição da atividade conta com a geração de impostos,
aumento dos rendimentos e salários da ocupação local, estímulo aos investimentos
ligados à infraestrutura urbana, e força motora para impulsionar a valorização do
empreendimento.
Quando atuante em espaços litorâneos, o turismo surge a partir da
atividade de veraneio e da implantação de meios de hospedagens de pequeno e
grande porte, conforme previsto no projeto do Condomínio Praia de Guadalupe.
Assim, geram investimento na infraestrutura básica e turística, ao mesmo tempo em
que influenciam a atividade imobiliária na região e sua dinâmica socioeconômica.
Diante desse cenário, nota-se atividade turística fortemente vinculada à
expansão urbana, devendo ambas serem desenvolvidas a partir de um planejamento.
Deverão abranger a avaliação e o controle de suas respectivas atividades, conciliando
a preservação de recursos naturais, atratividade de visitantes ao destino e o
desenvolvimento da economia.

70
l) Cronograma de desenvolvimento e valor dos investimentos
previstos

Para a implantação do empreendimento, deverão ser utilizados recursos


próprios que totalizam 255 milhões de reais, distribuídos na implantação das
infraestruturas básicas (rede de abastecimento d’água, esgotamento sanitário,
drenagem, instalações elétricas, etc.), do sistema viário, do hotel e habitações multi e
unifamiliares (investimento dos moradores).
O desenvolvimento das atividades passará pelas etapas de planejamento,
Implantação e Operação.
A etapa de Planejamento consiste nas atividades iniciais do processo de
implantação. Nela, será realizada a formação do Comitê de Implantação, a primeira
Reunião Executiva, a Reunião de Abertura do Projeto e o detalhamento do
Cronograma de Implantação. Abrange, como principal operação, a elaboração de
projetos urbanísticos e suas possíveis implantações, desenvolvendo o conceito de
empreendimento e seu respectivo planejamento. Soma-se à pratica dessa fase a
elaboração de plano de gerenciamento e manutenção, através de modelos de
gerenciamento de projetos, com o objetivo de preservar áreas protegidas e
ecossistema existente. Também se define nessa etapa a equipe de trabalho, que
analisará os casos de outras organizações.
Nesse estágio, as diretrizes de ocupação serão contempladas, orientadas
e determinadas pela equipe responsável pelo diagnóstico ambiental, bem como será
realizado o processamento dos projetos elaborados nos respectivos órgãos
competentes. Incluem-se estudos de otimização do uso de recursos naturais, bem
como sistemas construtivos menos impactantes e desenvolvimento de atividades
educacionais e treinamento ambiental, auxiliando quanto à correta implantação da
obra a fim de mitigar eventuais impactos decorrentes.
No que tange a etapa de Implantação, esta inclui a construção das
edificações, bem como instalações de infraestruturas de água, esgotamento sanitário,
eletricidade, telefonia e comunicação, além da construção das vias que pertencem ao
condomínio. Sendo assim, ocorrerá a contratação e gerenciamento da mão de obra,
bem como dos materiais que serão necessários para execução do empreendimento,
seguindo então com alterações no ambiente natural. A fim de regularizar essas

71
atividades, será realizada a gestão ambiental e a continuidade do licenciamento
ambiental.
Segue-se com as seguintes etapas: instalação do canteiro de obras e
acomodação de funcionários; execução do Programa de Educação Ambiental voltado
aos operários durante as obras de implantação da infraestrutura dos equipamentos;
instalação de sementeiras de espécies nativas; regeneração de áreas degradadas;
armazenamento de matéria orgânica advinda da terraplenagem para utilização na
rede viária e no processo de paisagismo; resgate da flora e fauna pré-existentes.
Assim, o processo de implantação ocorrerá nas seguintes etapas: a
primeira fase abarcará a construção das infraestruturas, do Clube Social, do Hotel, do
Subcondomínio Town House e da Marina. Em seguida, proceder-se-á com a
implantação dos subcondomínios de unidades territoriais nas etapas seguintes, sendo
o da Igreja I e de Serviços e Infraestruturas pertencentes à fase 2, Colina do Rio à
fase 3. O subcondomínio Colina Norte deverá ser implantado na fase 4 e, por último,
o do Morro do Bonito, na fase 5.
É importante ainda enfatizar que a construção das habitações unifamiliares
será de responsabilidade dos moradores e regulamentada por norma condominial.
Tendo em vista a natureza faseada do empreendimento, ressalta-se que o
processo de operação se dará, em vários momentos, de forma simultânea ao de
implantação. Assim sendo, é fundamental a manutenção da estrutura de programas
de gestão ambiental apresentados neste documento. O alcance dos objetivos
traçados durante o projeto deverá ser constantemente verificado.

72
Figura 4.4 - Cronograma de execução da obra

73
5 PLANOS E PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO

Tendo em vista o dinamismo do ambiente no qual encontra-se inserido o


Projeto Condomínio Praia de Guadalupe, faz-se fundamental a análise da área
associada ao empreendimento quanto à existência ou desenvolvimento de Planos e
Programas capazes de influenciar a mesma. Para o estudo em questão, será
observada a inter-relação do projeto com as demais ações propostas para a área por
esse influenciada.
De forma complementar, serão considerados os programas externos à área
de influência que apresentem magnitude tal que possam vir a interagir com o projeto
Condomínio Praia de Guadalupe e os programas já desenvolvidos que foram
responsáveis por grandes modificações na região. Para a realização da referida
sumarização, lançou-se mão de dados secundários, conversas com autoridades
públicas e visitas a campo.
A exposição dos planos e programas identificados será dividida por
natureza (infraestrutura, meio ambiente e outros) de forma a ressaltar as decorrências
das possíveis intervenções, sejam elas positivas ou negativas, permitindo, assim, a
avaliação das compatibilidades ou conflitos.

a) Infraestrutura

Entre os projetos de infraestrutura de potencial influência para o Projeto


condomínio Praia de Guadalupe, ressalta-se:

 SUAPE – Complexo Industrial portuário

O Complexo Industrial Portuário de Suape – CIPS é um porto marítimo, de


uso público, com uma área total de 13.500 hectares de infraestrutura. É administrado
pelo Governo do Estado de Pernambuco através da SUAPE – Complexo Industrial
Portuário, empresa pública estadual vinculada à Secretaria de Desenvolvimento
Econômico do Estado de Pernambuco. O Porto está localizado no litoral sul do estado
de Pernambuco, entre a foz dos rios Ipojuca e Massangana, na divisa entre o
município do Cabo de Santo Agostinho e o Pontal do Cupe, este último em Ipojuca.
Dista cerca de 40km do sul da cidade do Recife.
O desenvolvimento de criação do Porto de Suape surgiu com o crescimento
da população urbana, que gerou uma sobrecarga no Porto do Recife. O fenômeno

74
impulsionou o desenvolvimento de estudos de viabilidade para a implantação de um
‘super-porto’ destinado a exportações e à captação de indústrias no seu entorno.
Então, na década de 70, baseadas no conceito de porto-indústria já existente na
França (Porto de Marseille-Fos) e no Japão (Porto de Kashima), foram traçadas as
primeiras características do futuro complexo. Concebido para atender não só a
demanda latente na região, mas também para que se consolidasse como polo indutor
de novos volumes.
Na mesma década, definiu-se que o empreendimento seria instalado na
região de Suape, em função da profundidade dos seus acessos aquaviários junto à
costa, da disponibilidade de extensas áreas e a curta distância dos centros urbanos,
estes concentrados principalmente em Recife. Em seguida foram realizados os
estudos de viabilidade. No início da década de 80, o Complexo iniciava suas
operações.
Já nos anos 2000, com a recuperação da economia nacional e as
perspectivas de crescimento, o CIPS se tornou um dos maiores polos de investimento
do país. Além dos incentivos fiscais oferecidos pelo Governo do Estado, sua
atratividade deveu-se à disponibilidade de infraestrutura completa, que vão desde
uma rede multimodal de transportes ligada à estrutura portuária a redes de
abastecimento de água, energia elétrica, telecomunicações e gás natural instaladas.

Figura 5.1 - Complexo Portuário de Suape. Fonte: Grandes Construções.


Fonte: Google Imagens
Esses investimentos levaram o porto a movimentar cerca de 15 milhões de
toneladas em 2014, o que representa um crescimento de 19,3%, em relação ao ano
de 2013, a maior variação entre os grandes portos do país. Atualmente, segundo a

75
Agência Nacional de Transporte Aquaviários – ANTAQ, Suape já é o sexto em termos
de movimentação de carga no Brasil dentre os portos públicos do país. Quando
comparado aos principais da região Nordeste, é o que mais cresce nos últimos anos,
como se pode perceber na figura abaixo.

20
18
16
14
12 Itaqui (MA)
10 Suape (PE)

8 Pecem (CE)

6 Aratu (BA)

4
2
-
2010 2011 2012 2013 2014

Figura 5.2 - Movimentação de Carga de Portos Nordestinos.


Fonte: ANTAQ

Nos últimos anos Suape tem crescido de forma acelerada, consolidando o


Porto com características de distribuidor e concentrador de cargas. Suape conta com
infraestrutura terrestre própria e permanece em desenvolvimento, incluindo projetos
de ferrovias e rodovias para modernizar-se. A ferrovia Transnordestina, conectando o
Porto ao sudoeste piauiense e interior pernambucano, deve garantir um aumento da
participação dos granéis sólidos, nomeadamente, minério de ferro e grãos. O potencial
de incremento na movimentação do Porto a ser gerado por esse tipo de carga deve
alcançar os doze milhões de toneladas.
O otimismo em relação ao desenvolvimento futuro do complexo baseia-se
no aporte recente de recursos: estima-se que os investimentos entre 2007 e 2010
tenham sido o triplo dos realizados desde sua concepção. Tais investimentos
alavancaram novas cadeias produtivas, consolidando diversos polos industriais na
região.
Embora o recente ciclo de investimentos no estado, que remetem ao ainda
recente ciclo de pujança pelo qual passou o país, tenha passado, o fato é que seus

76
efeitos se propagarão na economia local por anos alguns anos. E, dentre todos os
investimentos estruturadores que Pernambuco recebeu, destaca-se aqueles que
compõem o Complexo Industrial e Portuário de Suape – CIPS.
No que tange ao projeto proposto, o desenvolvimento do CIPS foi um
grande facilitador do avanço turístico do litoral sul pernambucano, uma vez que
proporcionou e continuará a proporcionar uma significativa melhora nas condições de
infraestrutura disponíveis para a região.

 Adequação e Restauração da Rodovia BR-101

A BR-101, considerada a principal rodovia do país, é a espinha dorsal que


une as capitais do litoral brasileiro e tem fundamental importância para o projeto em
questão. No entanto, as atuais condições de trafegabilidade estão longe daquelas
ideais para um deslocamento eficaz entre as localidades conectadas pela via. Dado o
caráter turístico do projeto que se pretende desenvolver, a ligação com estados
vizinhos tem um papel importante no sucesso do empreendimento.
Portanto, a conclusão das obras de adequação da BR-101 em trechos
como o Contorno do Recife, em Pernambuco, melhorando as condições de rodagem
em uma rodovia que pode ser considerada corredor turístico do nordeste, atendendo
ao tráfego de 25 mil veículos/dia.

 Arco Metropolitano

O Arco Metropolitano consiste na construção de uma pista dupla que ligará


a BR-101 ao norte de Recife com o trecho sul da mesma rodovia, facilitando a
mobilidade de cargas que tem como origem ou destino o Porto de Suape e
melhorando a fluidez dos acessos à montadora Fiat e demais indústrias e
empreendimentos no Norte do Estado de Pernambuco. A obra, que irá beneficiar
aproximadamente quatro milhões de habitantes, também vai aliviar o tráfego na BR-
101/PE no trecho que atravessa a cidade de Recife, denominado Contorno de Recife,
retirando da capital pernambucana o trânsito de longa distância.
Com relação à área de influência do projeto Condomínio Praia de
Guadalupe, existe a possibilidade que, como decorrência da construção do arco, o
acesso ao litoral sul, seja através da obra ou da BR-101, seja facilitado atraindo assim

77
mais turistas e propiciando um maior desenvolvimento do litoral sul do estado de
Pernambuco.

 Duplicação da PE-60

A principal rota do turismo de Pernambuco, a PE-60 é responsável pelo


acesso às praias do litoral sul do estado, destinos como Porto de Galinhas, Serrambi
e Tamandaré estão entre aqueles direta ou indiretamente servidos pela rodovia.

Figura 5.3 - Trecho duplicado da PE-60.


Fonte: Google Imagens

A duplicação da PE-60 de Suape até a PE-38 facilitaria o acesso ao litoral


sul do estado e propiciaria um maior desenvolvimento turístico dos municípios que
exercem tal atividade, entre os beneficiados pelo projeto estariam os municípios de
Ipojuca, Sirinhaém e Tamandaré.

 Restauração do Aterro Sanitário de Rio Formoso

Conforme abordado no diagnóstico do meio Socioeconômico, o Aterro


Sanitário de Rio formoso foi desativado e funciona hoje como um lixão, uma vez que
algumas de suas instalações não apresentam mais condições de ser restauradas. A
Prefeitura de Sirinhaém cedeu um terreno para a instalação de uma nova usina de
triagem e compostagem, devendo ser cercado e isolado.

78
Além disso, a Petroquímica Suape destinou recursos para o Programa
Recicla Pernambuco, como parte da compensação ambiental estipulada no processo
de licenciamento ambiental. O ITEP foi a instituição responsável pela elaboração dos
estudos e das propostas de restauração do aterro de Rio Formoso, retomando a ideia
do Consórcio de municípios, dessa vez ampliado, pois além de Rio Formoso,
Sirinhaém e Tamandaré, farão parte Gameleira e, talvez, Barreiros e São José da
Coroa Grande.
Além da elaboração dos estudos e da proposta de intervenção, o ITEP
ainda é responsável pela recuperação do aterro e pela realização de cursos de
educação ambiental e reciclagem.
A administração do novo aterro de Rio Formoso será realizada pelo
CONSUL (Consórcio de Municípios da Zona da Mata Sul), instituição que já
desenvolve trabalho semelhante no aterro de Escada.

 PRODETUR/NE

Conforme o Banco do Nordeste, o PRODETUR/NE é o bem sucedido


programa de desenvolvimento turístico que proporcionou melhorias significativas na
infraestrutura de saneamento básico (água e esgoto) e de suporte ao turismo
(aeroportos, urbanização de áreas turísticas, centros de convenções, recuperação de
patrimônio histórico), bem como um aquecimento da economia das localidades
turísticas beneficiadas e/ou impactadas pelas ações do Programa. No entanto, na
segunda fase do programa (PRODETUR/NE II) constata-se a ocorrência de impactos
negativos decorrentes do programa original.
Com a elaboração do PRODETUR/NE II, definiu-se dois direcionamentos
estratégicos: A reparação dos impactos negativos resultantes da primeira fase do
programa e a não repetição desses impactos na segunda fase, incorporando os
princípios do Desenvolvimento Sustentável.
Para isso, estruturou-se a segunda forma mediante:

 Definição de áreas a serem beneficiadas pelo programa com base no


conceito de Polos Turísticos;
 Realização de planejamento participativo, integrado e sustentável para o
desenvolvimento dos polos selecionados;
 Foco no desenvolvimento social;

79
 Priorização da mitigação dos Passivos Ambientais provenientes do
PRODETUR/NE I;
 Priorização da complementação dos investimentos da primeira fase do
programa;
 Fortalecimento da gestão municipal.
O PRODETUR/NE II teve como meta o aporte de U$$ 240,00 milhões do
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e U$$ 160,00 milhões via Ministério
do turismo, estados e órgãos executores. O prazo para contratação estendeu-se até
2006 enquanto os desembolsos e amortização tem como data limite 2009 e 2027
respectivamente.
Os recursos oriundos dos programas PRODETUR foram fundamentais
para o desenvolvimento da infraestrutura hoje verificada no litoral sul de Pernambuco
tendo papel importante na visibilidade alcançada pela região como destino turístico.
Nos municípios da AII, o PRODETUR foi responsável por:

 Fortalecimento das estruturas operacionais e capacitação de RH da AD-


Diper, a qual exercerá o papel de gestora do Complexo Turístico de
Guadalupe;

Figura 5.4 - Píer do Rio Mariassú.


Fonte: Google Imagens

 Capacitação/Treinamento de RH;
 Legislação básica municipal;
 Modernização/Implantação do sistema de administração municipal;

80
 Plano Diretor municipal e legislação;
 Sensibilização/Conscientização dos agentes e comunidade local;
 Via de Penetração Sul (Entr. PE-060/Praia dos Carneiros);
 Implantação e Ampliação do sistema de abastecimento d`água da cidade;
 Construção de kits sanitários do sistema de esgotamento sanitário da
cidade;
 Ligações hidrossanitárias no sistema de esgotamento sanitário da cidade;
 Capacitação / Treinamento de recursos humanos municipais;
 Legislação básica municipal;
 Modernização/Implantação do sistema de administração municipal;
 Plano Diretor municipal e legislação;
 Sensibilização/Conscientização dos agentes e comunidade local;
 Construção da ponte sobre o rio Ariquindá como parte do sistema viário de
Guadalupe.

Figura 5.5 - Ponte sobre o rio Ariquindá.


Fonte: Google Imagens

 Implantação das instalações necessárias à geração de energia elétrica


para a operação dos sistemas de abastecimento d`água e de esgotamento
sanitário na cidade;
 Sistema de Esgotamento Sanitário de Rio Formoso;
 Construção da via litorânea Guadalupe;
 Construção e Reforma do Centro de Visitação da APA de Guadalupe;

81
 Caracterização e Avaliação do Estado de Conservação dos Fragmentos
Vegetacionais da Mata Atlântica;
 Controle de Bacias Hidrográficas - APA de Guadalupe;
 Levantamento e Caracterização da População Avifaunística – APA
Guadalupe;
 Monitoramento de Empreendimentos de Aquacultura APA de Guadalupe;
 Montagem do Centro de Visitação da APA de Guadalupe;
 Plano de Resíduos Sólidos da APA DE Guadalupe;
 Capacitação/Treinamento de RH Municipais;
 Legislação básica municipal;
 Modernização/Implantação do sistema de administração municipal;
 Plano Diretor Municipal e Legislação Urbanística;
 Sensibilização/Conscientização dos agentes e comunidade local;
 Recuperação da Rodovia PE 061.

 Plano Território Estratégico de Suape

Busca orientar os municípios do entorno do Complexo Portuário de Suape


na construção do território segundo princípios de desenvolvimento sustentável e
participativo, atendendo a demandas de expansão e acessos viários, ordenamento do
uso e ocupação de área de influência, além de compatibilizar ações e propostas, de
forma integrada e harmônica, e minimizar impactos, decorrentes da proximidade ao
Complexo.

82
Figura 5.6 – Municípios constituintes do Território Estratégico de Suape.
Fonte: Plano Território Estratégico de Suape.

Este plano, com a participação do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca,


Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Escada, somando-se, Ribeirão, Sirinhaém e Rio
Formoso (parte da AII do empreendimento), inseridos pelos impactos sofridos, direta
e indiretamente, pela proximidade a Suape, visa a consolidar a região como Polo
Dinâmico do Estado, diante dos investimentos recentes e projetos estruturadores –
Refinaria, Estaleiro, Petroquímicas, entre outros –, que demandam expansão e
ordenamento territorial, compatibilizando ações, minimizando impactos e conflitos e
potencializando investimentos.

 Distrito Industrial de Sirinhaém

Com o intuído de promover o Distrito Industrial de Sirinhaém, foram


desapropriados 32,9345 hectares de terras da Usina Trapiche, fazendo com que
Sirinhaém deixasse de ser apenas uma cidade satélite de Suape para moradia de
trabalhadores, intensificando um processo de industrialização da região. Através da
Lei Estadual n. 14846/2012 o Estado de Pernambuco doou à Agência AD Diper os
quase 33 hectares do Engenho Água Fria desapropriados da Usina, com o encargo
de se implantar o referido Distrito Industrial.

83
 Distrito Industrial de Rio Formoso

O distrito industrial de Rio Formoso, na Mata Sul do estado, inicia seu


processo de estruturação com unidades fabris cujos investimentos somam R$ 17
milhões. Para atração de novas fábricas, o governo do estado, juntamente com a
prefeitura mediante a doação de terras, realiza um programa de investimentos em
infraestrutura.

 Polo Industrial Privado de Sirinhaém

Parte do Engenho Tinoco, no município de Sirinhaém, foi loteada para fins


industriais. Mediante aporte de R$ 12 milhões, Atualmente já se instalaram
companhias de atuação nacional na fabricação de spools (pequenos trechos de
grandes tubulações) visando suprir a demanda de parceiros como Odebrecht,
Consórcio Ipojuca e Petroquímica Suape.

84
b) Meio Ambiente

 APA de Guadalupe

Criada pelo Governo de Pernambuco através do Decreto nº 19.635, de 13


de março de 1997, a Área de Proteção Ambiental de Guadalupe, unidade de
conservação estadual de uso sustentável, fica localizada no litoral sul e possui 32.135
ha de área continental que somam-se a 12.664 ha de área marítima, englobando parte
dos municípios de Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré e Barreiros.
A área de proteção ambiental teve seu uso de solo regulamentado em
dezembro de 1998 através do Decreto Estadual nº21.135 aprovando o Zoneamento
Ecológico-Econômico e criando o conselho gestor (referir ao item ZEEC).
Uma diversidade de ambientes sujeitos às mais diversas atividades
econômicas compõem a APA que compreende áreas públicas, privadas, moradias,
casas de veraneio, assentamentos rurais, engenhos, atividades de pesca, agricultura
e turismo. Parte de sua extensão é marcada por belezas naturais e abundância de
recursos naturais, os quais incluem manguezais, mata atlântica e arrecifes, sendo
bastante atrativa à visitação turística. Vale, ainda, ressaltar que conforme o referido
zoneamento, o empreendimento localiza-se em zona de turismo, veraneio e lazer.

 APA de Sirinhaém

Localizada ao norte da mancha urbana da Barra de Sirinhaém, a APA de


Sirinhaém, criada pelo Decreto Estadual n. 21229/1998, com área de 6.589ha, foi
declarada Área de Proteção Ambiental em 1998. Tem como objetivo promover o
desenvolvimento econômico e social, voltado às atividades que protejam e conservem
os ecossistemas naturais essenciais à biodiversidade, visando à melhoria da
qualidade de vida da população. Ainda segundo o decreto, “O zoneamento ecológico-
econômico e o plano de gestão indicarão as diretrizes e normas de uso e ocupação,
as atividades a serem encorajadas, limitadas, restringidas ou proibidas em cada zona,
de acordo com a legislação aplicável”.

85
 APA Costa dos Corais

A APA Costa dos Corais – Área de Proteção Ambiental Federal foi criada
em 23 de outubro de 1997 e abrange os Estados de Alagoas e Pernambuco, numa
extensão de aproximadamente 150 Km, que vai de Maceió, em Alagoas, ao município
de Rio Formoso, em Pernambuco. Criada para garantir a conservação dos recifes
coralígenos e de arenito, assim como os ambientes costeiros.

Figura 5.7 - Abrangência da APA Costa dos Corais.


Fonte: APA dos Corais

86
Uma longa barreira de recifes de corais delimita esta região, que em seu
nome faz alusão a este importante ecossistema transformado na maior área de
preservação ambiental marinha do Brasil.

 Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro do Litoral sul do Estado de


Pernambuco

O Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro (ZEEC) abrange os


municípios do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Sirinhaém, Rio Formoso,
Tamandaré, Barreiros e São José da Coroa Grande. O ZEEC, inserido no Plano
Nacional de Gerenciamento Costeiro – PGNC, fundamentado na Política Nacional do
Meio Ambiente, juntamente com o programa Estadual de Gerenciamento Costeiro,
tem como objetivo avaliar e orientar o processo de ocupação do uso do solo na zona
costeira, através do planejamento participativo e da implementação de ações
integradas de gestão, incorporando princípios de sustentabilidade, visando à melhoria
da qualidade de vida das populações locais e o disciplinamento da utilização dos
recursos da Zona Costeira.
O ZEEC do litoral sul foi consolidado durante o seminário GERCO realizado
em maio de 1999 em Porto de Galinhas, através do planejamento participativo e de
ações integradas, compatibilizando as esferas municipais, estaduais e federais com
vistas a orientar o processo de desenvolvimento da região. O seminário Contou com
a participação de diversos atores envolvidos no processo de ocupação da área,
representados pelos 7 municípios integrantes do litoral sul (Cabo de Santo Agostinho,
Ipojuca, Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré, Barreiros e São José da Coroa
Grande); Órgãos Federais: INCRA, IBAMA, MPF, DPU e MMA; Órgãos Estaduais:
SECTMA, SEPLANDES, SDETE, SEIN,SPRRA, SUAPE, FIDEM, AD/DIPER, MPE,
COMPESA; Sociedade Civil: Colônia de Pescadores, Representante dos Assentados,
Pastoral dos Pescadores, ABIH, UNICAP; entre outros.
Quanto ao uso e ocupação do solo, o ZEEC estabeleceu sete zonas e
dezoito subzonas para o litoral sul, definindo os usos e atividades que deverão ser
fomentados, tolerados e proibidos visando o desenvolvimento sustentável do litoral
sul.

87
Figura 5.8 - Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro.

Fonte: ZEEC

A área do empreendimento em questão encontra-se, de acordo com o


ZEEC litoral sul de Pernambuco inteiramente na Zona B – Zona de Turismo, veraneio
e lazer.

88
c) Outros

 Construção do Centro de Turismo e Lazer SESC em Sirinhaém

Figura 5.9 - Proposta do Centro de Turismo e Lazer SESC Sirinhaém.


Fonte: Google Imagens
Empreendimento com investimentos superiores a R$ 45 milhões será
construído em dois terrenos nas proximidades do empreendimento: um doado pelo
Governo do Estado e o outro pela Prefeitura de Sirinhaém, totalizando um área de
107.269,42 m². Desta área, 64.316,56 m2 são ocupados por um revestimento vegetal
de mata nativa e manguezal que serão preservados.
As obras do Centro e Turismo e Lazer Sesc Sirinhaém, com capacidade
para mais de 200 leitos, incluindo apartamentos adaptados para pessoas com
deficiência e terceira idade, foram iniciadas em 2012. O hotel deverá contar, ainda,
com uma infraestrutura completa de lazer, com parque aquático, salas de jogos, salão
de festas, sala de leitura, sala de vídeo, miniclube, restaurante, sala de musculação,
bares e quiosques. Serão oferecidos serviços adicionais para os hospedes como
fraldário, cabelereiro e salão de beleza.

89
Figura 5.10 - Demolição de clube da vila Aver-o-Mar
para construção do Centro SESC.
Fonte: Google Imagens

O projeto terá ainda um Centro Especializado do Senac com infraestrutura


moderna de ensino. Serão 5 salas de aula com capacidade para 35 alunos e 9
laboratórios didáticos nas áreas de hotelaria, gastronomia, beleza e informática.
Haverá cursos, capacitações e residência nas áreas de gastronomia, turismo e meio
ambiente, como cozinheiro, garçom, camareira, recepcionista, recreador e guia de
turismo. O Centro vai receber alunos de todo o Estado, dispondo de alojamento para
até 30 estudantes.
Como cerca de 50% do terreno é composto de mata nativa e manguezal, a
preocupação com a preservação do meio ambiente está presente em toda a obra
através de práticas ecotécnicas, contribuindo para o melhor aproveitamento dos
recursos naturais.

90
Figura 5.11 - Localização do Centro SESC.
Fonte: Google Maps
Será construído, ainda, o Centro de Interpretação Ambiental, que realizará
pesquisas e estudos sobre a preservação do mangue, em parceria com as
universidades e estará aberto aos estudantes de escolas públicas e privadas. Além
disso, o Centro de Interpretação Ambiental deve abrigar um eco museu sobre o bioma
do manguezal e da Mata Atlântica.

 Resorts na Praia dos Carneiros

A praia dos Carneiros apresentou, nos últimos anos, intenso crescimento


no que toca ao setor hoteleiro-turístico. Tendo em vista a vocação da região para
empreendimentos desse tipo, dada as suas belezas naturais, multiplicaram-se ao
longo da Praia dos Carneiros resorts, condomínios e Hotéis. Alguns exemplos são:

 Club Meridional Carneiros: localizado na praia dos Carneiros, em


Tamandaré. Na primeira etapa foram erguidas 51 unidades, divididas em
três chalés tipo superluxo, oito chalés luxo, 16 chalés conjugados e 24
apartamentos. O empreendimento terá, também, 110 imóveis residenciais,
distribuídos em um terreno de seis hectares. No total, o investimento
previsto é de R$ 55 milhões.

91
 Eco Resort Carneiros: O resort é composto por cerca de 300 unidades
de apartamentos e bangalôs e estrutura de lazer.

 FINTUR

A Secretaria de Turismo de Pernambuco (Setur-PE) lançou em março de


2008 o ‘Programa de Financiamento ao Turismo de Pernambuco (Fintur PE)’ com
apoio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Caixa
Econômica Federal (CEF), do Banco do Brasil (BB) e do Banco do Nordeste (BNB),
com taxas de 6,5% a 10% ao ano e prazos que vão de três meses a 12 anos.
O Fintur integra os 45 programas iniciais que compõem o Planejamento
Estratégico para o Turismo 2008-2020. Desde o seu lançamento, o Fintur vem
cumprindo a meta de despertar o interesse dos empresários em adquirir crédito. Os
recursos disponibilizados ajudam a promover serviços e produtos relacionados à
cadeia turística como a requalificação de hotéis, pousadas, restaurantes, entre outros.
Entre as ações, o Fintur-PE proporciona aos empresários uma cartilha com dados
básicos sobre os financiamentos que são oferecidos pelo BB, CEF, BNB e BNDES,
incluindo taxas de juros, público-alvo e prazos para pagamento.
Ainda para facilitar a liberação de empréstimos, o Fintur-PE disponibiliza
uma lista de consultores, que orienta os empresários durante o processo de
elaboração de projetos seguindo as exigências dos bancos. Os profissionais mantêm
uma agenda de encontros entre o empresariado interessado e as instituições
financeiras. Profissionais da Setur acompanham todo o processo de aquisição do
crédito para facilitar o acesso às informações ligadas ao poder público.

 Pernambuco 2035

O plano Pernambuco 2035 é uma iniciativa conjunta do Governo do Estado


de Pernambuco com e do Movimento Brasil Competitivo, para a formulação de um
Plano Estratégico de Desenvolvimento de Longo Prazo que prepare o estado para os
desafios do futuro. O projeto visa pensar um Pernambuco com mais qualidade de vida,
coesão social e prosperidades nos próximos 20 anos.

92
Figura 5.12 - Pilares do plano Pernambuco 2035.
Fonte: www.pernambuco2035.com.br

Entre as diferentes áreas abordadas pelo plano, destaca-se as visões de


qualidade de vida e prosperidade que abarcam as questões ambientais e de
crescimento econômico, ambas diretamente relacionadas ao projeto Condomínio
Praia de Guadalupe.
Entre os desafios identificados com o tema sustentabilidade, no que toca
ao projeto, destaca-se a manutenção de biomas como mata atlântica mediante
redução do desmatamento e poluição hídrica decorrente das concentrações
populacionais.

93
Segundo o plano, Pernambuco tem 10,5% da cobertura vegetal da Mata
Atlântica e 53,4% de Caatinga e apenas 6,5% de área protegida. A dinâmica
econômica não será sustentável se não forem enfrentadas a escassez e a poluição
dos recursos hídricos, e contido o processo de degradação. Ainda segundo o plano,
a política ambiental do governo deve promover a recuperação da cobertura florestal e
a definição das áreas mínimas de proteção ao longo dos próximos 20 anos.
Percebe-se, portanto, que não há contradição entre a proposição do Projeto
Condomínio Praia de Guadalupe e a seção de sustentabilidade do plano Pernambuco
2035, uma vez que o projeto, conforme explicitado nas seções anteriores deste
documento, propõe a observância a preceitos de sustentabilidade e a valorização da
conservação do meio ambiente de maneira a tornar-se referência para
empreendimentos desse modelo na região, através de uma supressão mínima de
vegetação e da utilização de soluções para infraestrutura que visem à manutenção
das características da região.

94
 Considerações a respeito dos planos e programas para a região

Conforme os Planos e Programas identificados, verifica-se que a área


proposta para o Projeto Condomínio Praia de Guadalupe é identificada em múltiplos
planos como território estratégico para empreendimentos turísticos litorâneos. A
exemplo do Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro, que classifica a área em
questão como zona de turismo, veraneio e lazer.
Ademais, como explicitado por outros trabalhos como o Plano de Território
Estratégico para Suape, que busca orientar os municípios integrantes do referido
território (Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Moreno,
Escada, Ribeirão e Sirinhaém), na construção de um território integrado seguindo os
princípios do desenvolvimento sustentável e participativo, esforços para o
atendimento à demanda de infraestrutura de tais centros gerada pela proximidade ao
complexo de Suape estão sendo depreendidos.
De forma geral, pode-se dizer, ainda, que, dada sua vocação natural para
a tarefa, o litoral sul reúne grande parcela dos investimentos voltados ao turismo
(PRODETUR I e II, FINTUR, etc.), sendo boa parte desse movimento realizado
mediante incentivos a um turismo de valorização do meio ambiente e patrimônio
cultural.
No entanto, esses incentivos contrastam com realidade que se verifica nos
principais focos de expansão turística da região. Um crescimento desordenado e
deficiência de infraestrutura marca localidades costeiras como Tamandaré e Barra de
Sirinhaém, contrastando com os investimentos e esforços realizados.
Com vistas a mitigar esses impactos, o projeto Condomínio Praia de
Guadalupe, embasado nas diretrizes da sustentabilidade, implantará planos e
programas voltados à proteção dos recursos naturais e à disseminação de
informações aos moradores dos municípios afetados. Além disso, a implantação do
empreendimento mostra-se compatível com a nova realidade dos municípios
localizados no litoral sul do estado de Pernambuco, os quais experimentam uma
retomada do protagonismo do turismo de veraneio.
É importante que, neste momento em que os governos municipais
direcionam suas atenções para o turismo como forma estímulo ao crescimento, que
esses investimentos sejam feitos mediante observância às questões ambientais e
estruturais pertinentes, conforme o levantamento de planos e programas exposto.

95
Uma vez apresentado esse quadro, o projeto Condomínio Praia de
Guadalupe adquire caráter de potencial impulsionador de um crescimento sustentável
para o município de Sirinhaém, que não dispõe de empreendimentos dessa natureza
e porte. A implantação de um empreendimento de tal dimensão, segundo preceitos
da sustentabilidade pode servir de marco para o início de uma nova forma de
exploração turística do litoral sul pernambucano. Dessa forma, o projeto se mostra em
sincronia com os mais recentes planos de desenvolvimento para o estado como o
plano Pernambuco 2035 e Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro.
Conforme exposto, fica claro que o empreendimento Condomínio Praia de
Guadalupe se alinha satisfatoriamente com as estratégias de desenvolvimento
traçadas para a região. Ademais, o empreendimento se apresenta como um potencial
incentivador do turismo sustentável em uma região e setor ainda marcados pela
ausência de planejamento e não observância às questões ambientais.

96
6 ANÁLISE JURÍDICA PRELIMINAR

6.1 INTRODUÇÃO

A complexidade jurídica do licenciamento ambiental do empreendimento


em tela representa um desafio que envolve as responsabilidades do Órgão Ambiental
de Pernambuco e do Empreendedor, convergindo institucionalmente órgãos do Poder
Público e do setor privado, no cumprimento da imposição determinada pelo art. 225
da Carta Maior.
O licenciamento do empreendimento na determinada localização já foi
objeto de avaliações anteriores, havendo o órgão licenciador imposto restrições e
exigências fundamentadas, em razão das quais é proposto o presente EIA. O EIA
abordado é um resultado de estudos aprofundados, que visa à Licença Ambiental do
empreendimento, e se constituiu em um “Documento Estruturador” acordado junto ao
órgão licenciador.
É oferecida, portanto, a presente análise numa demonstração cabal de que
os impactos significativos deste empreendimento são, em maior número, positivos. Na
mitigação de impactos negativos, reside o desafio de se buscar a consolidação de um
procedimento contínuo de preservação e recuperação de uma área que, sem o
necessário cuidado, corre o risco de degradar.
Vale ressaltar que o presente empreendimento deriva de um projeto de
repercussão ambiental de significativo impacto, em área de grande e multifacetada
fragilidade. O que se discorre a seguir demonstra a possibilidade não somente da
concessão de um licenciamento com a necessária segurança jurídica, como também
do fortalecimento ambiental positivo das áreas impactadas.
Manter e preservar: é este o apelo do próprio empreendimento, como se
demonstrará ao longo dos argumentos do estudo e das pontuações técnico-jurídicas
da presente análise.
A exploração econômico-social do empreendimento, através da prática da
sustentabilidade, consiste na utilização dos recursos naturais a favor da sociedade,
como se verá a seguir.
Não se pretende aqui rechear a Análise de transcrições legais não
aplicáveis à espécie ou de conceitos acadêmicos abstratos, mas tão somente apontar
a conformidade ambiental do empreendimento.

97
Observa-se que, de acordo com a orientação do TR em seu item 3.7: “Deverá ser
contemplado o conjunto de leis e regulamentos, nos diversos níveis (federal, estadual
e municipal), que regem os empreendimentos dessa natureza e a proteção do meio
ambiente na área de influência, e que tenham relação direta com o projeto. Além da
enumeração ou listagem das normas, o EIA deve proceder à análise das limitações
por elas impostas ao empreendimento, bem como as medidas para promover as
compatibilidades porventura necessárias (8). O TR recomenda que ‘ênfase especial
deverá ser dada aos aspectos vinculados a: “(8) (As recomendações propostas
deverão ser explicitadas no item 3 do EIA. (Medidas de Controle)”.

A sistematização das leis ambientais mereceu especial análise da doutrina:


“Em outro dizer, sobretudo face à complexidade das
questões jurídicas suscitadas no mundo moderno, a
exegese literal, isolada e excessivamente positivista, deve
ser substituída por uma interpretação sistemática que não
deixe de considerar a intervisão, a interrelação, a
interdependência, a organicidade do todo, além da
somatória com os demais princípios e direitos
fundamentais previstos na Carta Magna. Por conseguinte,
quando se trata de questões que envolvem a variável
ambiental, não deve haver dúvidas quanto à necessária
sistematização da análise jurídica.”1

Portanto, o roteiro observado persegue fielmente os itens elencados no


citado Termo de Referência. Esta Análise Jurídica, trata do limite imposto pelas
restrições ambientais para o licenciamento do projeto e as alternativas legais para a
sua implantação e operação, mantendo uma visão jurídica integral.

1MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: a gestão ambiental em foco. 7. ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2011, p.1088.

98
a) Uso e Ocupação do Solo

O terreno escolhido para a implantação do empreendimento encontra-se


inserido na Área de Proteção Ambiental de Guadalupe, ao norte da Área de Proteção
Ambiental Costa dos Corais, e em circunvizinhança com as Unidades de Conservação
da Natureza Reserva Biológica de Saltinho e Área de Preservação Ambiental de
Sirinhaém.
Ao encontro da vocação do local, indubitavelmente identificada como área
de desenvolvimento sustentável, especificada para a implantação de projeto turístico,
o empreendimento pretende se utilizar dessa finalidade. Assim, o conceito do
projeto objetiva a sustentabilidade, na ocupação com baixa densidade construtiva e
populacional, valorizando o respeito à paisagem litorânea e ao equilíbrio ambiental.
A questão locacional é superposta às opções que se ofereceriam, posto
que a localização é definida legalmente para a finalidade de implantação do
empreendimento.
Não raro, situações imperativas levam à necessidade de adoção de
alternativa locacional. Para LEME MACHADO, a importância da localização é tão
grande que determina a própria existência ou não do empreendimento:

“Havendo, portanto, regra que estabeleça zoneamento


ambiental para um determinado espaço territorial
(exemplos: lei federal para o Vale do Rio Doce, Lei 7.566,
de 19.12.1986; lei do Estado de Mato Grosso do Sul, que
proíbe instalação de destilarias de álcool no Pantanal; Lei
328 de 25.2.1982; lei do Estado de São Paulo que regula
as atividades da Bacia do rio Piracicaba, Lei 2.446, de
12.9.1980), não pode ser contrariada pela concessão da
autorização do Poder Público não só Estadual, como
Federal e Municipal.”2.

2MACHADO,Paulo Affonso Leme, Direito Ambiental Brasileiro, 9a..ed.,São Paulo, Malheiros, 2001. P
254

99
As normas legais tratam de determinar a conciliação entre a preservação
ambiental e o desenvolvimento socioeconômico, prevendo, estimulando e ordenando
o uso e a ocupação do solo. Impõem sérias restrições, exigências e condicionantes
para a implantação de empreendimentos. Senão, vejamos.
A propriedade destinada à implantação do Projeto Condomínio Praia de
Guadalupe é situada na praia de Guadalupe, distrito de Barra de Sirinhaém, município
de Sirinhaém, no litoral sul do estado de Pernambuco, a uma distância de 80 km da
cidade do Recife. O município de Sirinhaém, um dos sete municípios que compõem a
costa litorânea sul do Estado de Pernambuco, integra a mesorregião da Mata
Pernambucana e a Microrregião Meridional de Pernambuco. O município limita-se ao
norte com Ipojuca e Escada, ao sul com Rio Formoso e Tamandaré, a leste com o
Oceano Atlântico e a oeste com Ribeirão.
O empreendimento dimensionado no Projeto Condomínio Praia de
Guadalupe, prevendo ocupação para a finalidade de uso turístico, encontra-se
inserido em propriedade privada que compreende a área total de 1.169.061,50m²,
localizada no município de Sirinhaém, mais especificamente no estuário do rio
Formoso.
A área está compreendida na Macrozona Urbana, Zona de Lazer e
Turismo, (ZLT), definida na Lei do Plano Diretor do Município de Sirinhaém3, na Praia
de Guadalupe, pertencente ao distrito de Barra de Sirinhaém, município de Sirinhaém,
localizado no litoral Sul do estado de Pernambuco, entre a foz do rio Formoso e a
praia de Gamela. De acordo com a Lei do Plano Diretor do Município:

Art. 55. A Zona de Lazer e Turismo- ZLT- corresponde a


áreas parcialmente parceladas com potencial para
expansão urbana em que o uso turístico e recreativo deve
ser estimulado, admitindo-se condomínios residenciais e
de turismo de segunda residência, nas quais os parâmetros
urbanísticos privilegiam a baixa densidade construtiva e
populacional e são orientados pelo respeito à paisagem
litorânea e ao equilíbrio ambiental.

3 Lei Complementar Municipal n° 001/2016, Sirinhaém, PE.

100
Art. 56. São diretrizes para Zona de Lazer e Turismo- ZLT:

I - estimular a implantação de empreendimentos turísticos


de médio e grande porte;

II – valorizar a paisagem litorânea, por meio de parâmetros


urbanísticos que assegurem a baixa densidade e a escala
do conjunto construído compatível com o acervo ambiental;

III – assegurar a integração ambiental da ocupação urbana


observando as condições exigidas para a sustentabilidade
das Unidades de Conservação em que se insere.

O empreendimento se localiza exatamente diante da foz do Rio Formoso,


em área estuarina, ambiente praial de areias contínuas que integra ininterruptamente
a praia marinha com a praia fluvial, secularmente frequentada por pessoas que tem
para isso livre acesso.
A definição legal desse ecossistema na conformidade da Lei Federal nº
7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro e dá outras providências, estabelece que:

Art. 10. As praias são bens públicos de uso comum do


povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso
a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido,
ressalvados os trechos considerados de interesse de
segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas
por legislação específica.

§ 1º. Não será permitida a urbanização ou qualquer forma


de utilização do solo na Zona Costeira que impeça ou
dificulte o acesso assegurado no caput deste artigo.

§ 2º. A regulamentação desta lei determinará as


características e as modalidades de acesso que garantam
o uso público das praias e do mar.

101
§ 3º. Entende-se por praia a área coberta e descoberta
periodicamente pelas águas, acrescida da faixa
subsequente de material detrítico, tal como areias,
cascalhos, seixos e pedregulhos, até o limite onde se inicie
a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde comece
um outro ecossistema.

A praia circunda, portanto, a área do pontal do empreendimento, em


continuação da orla marítima até a orla estuarina onde inicia o ecossistema mangue.
Pelas limitações legais e em razão da necessidade de adequação do
projeto ao forte apelo ambiental que lhe é intrínseco, a ocupação se dará
restritivamente. As áreas de preservação correspondem a 520.266,50 m² ou 44,5%
da área total da propriedade. Registram-se nessas áreas 18,8 ha de áreas de
manguezais, 44,5 ha de Restinga e 7,9 ha de Mata Atlântica, totalizando 71,2 ha.
O empreendimento propõe a utilização de uma área de 116,906 ha. A
propriedade é certificada de acordo com a Certidão de Situação de
Aforamento/Ocupação, registrado no Cadastro Imobiliário Municipal com o número
02.01.141.0160.001, código de logradouro 002172.
A Situação de Aforamento/Ocupação conforme certidão emitida pela
Secretaria do Patrimônio da União, ao CNPJ 07.300.052/0001-22, registra como
sendo responsável atual a empresa COSTA DE GUADALUPE EMPREENDIMENTOS
IMOBILIÁRIOS LTDA., que tem como endereço: AREA PROP GUADALUPE, S/N –
constando como área de marinha com acrescido, sendo área total do terreno
1.169.066 m2 e área total da União 479.353,56m2. O Projeto Condomínio Praia de
Guadalupe se destaca pela baixa taxa de utilização do terreno, em proposta que se
compõe de subcondomínios com atividades voltadas ao lazer, turismo e veraneio, um
hotel, além de áreas comuns de circulação interna de acesso irrestrito e áreas de
proteção ambiental.
De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental ora apresentado: “As áreas
referentes aos componentes do projeto compreendem 71,2 ha correspondentes a
áreas de preservação; 45,7 ha referentes à area aedificandi, incluindo 16 ha referentes
às áreas comuns dentro do condomínio e alamedas de acesso à praia; 31,2 ha
reservados aos subcondomínios a serem parcelados; e 1,5 ha ao hotel. Para o
conjunto das edificações, projeta-se uma taxa de ocupação de apenas 3,48%,

102
bastante inferior ao estabelecido no Plano Diretor. A área do terreno ocupada pelas
construções concebidas (4,1 ha) representa apenas 3,8% da área total da gleba.”
Seu desenvolvimento assegurará uma ocupação ordenada, conforme
detalhado e aqui justificado, dentro das limitações legalmente impostas e com ênfase
especial aos aspectos vinculados.
A Lei Federal no 6.766, de 19 de dezembro de 1979, dispõe sobre o
parcelamento do solo urbano e dá outras providências, enuncia que:
Art. 1º. O parcelamento do solo para fins urbanos será
regido por esta Lei.

Art. 2º. O parcelamento do solo urbano poderá ser feito


mediante loteamento ou desmembramento, observadas as
disposições desta Lei e as das legislações estaduais e
municipais pertinentes.

(...)

§ 2º- considera-se desmembramento a subdivisão de gleba


em lotes destinados a edificação, com aproveitamento do
sistema viário existente, desde que não implique na
abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no
prolongamento, modificação ou ampliação dos já
existentes.

(...)

Art. 53. Todas as alterações de uso do solo rural para fins


urbanos dependerão de prévia audiência do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, do
Órgão Metropolitano, se houver, onde se localiza o
Município, e da aprovação da Prefeitura municipal, ou do
Distrito Federal quando for o caso, segundo as exigências
da legislação pertinente.

103
a.1 Lei Municipal do Plano Diretor

De acordo com a Lei Complementar Municipal n° 001/2016 que institui o


Plano Diretor Participativo do Município de Sirinhaém, promulgada em 27 de julho de
2016 nos termos da Lei Orgânica Municipal e em atendimento às disposições do
artigo 182 da Constituição Federal, do Capítulo III da Lei Federal nº 10.257, de 10 de
julho de 2001 - Estatuto da Cidade, esse Plano se constitui no instrumento básico de
política municipal territorial, para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente
urbano e rural, objetivando cumprir a premissa constitucional da garantia das funções
sociais da cidade e da propriedade.
Em seu macrozoneamento, que tem por objetivo regular o uso e ocupação
do solo no município de Sirinhaém, estabelecendo condições segundo as diferentes
características de seus sítios natural e construído, bem como os princípios, objetivos
e diretrizes firmados no Plano Diretor (art.32), o território do Município é dividido em
duas macrozonas complementares (art.33): a Macrozona Rural e a Macrozona
Urbana.
Com relação à Macrozona Rural, essa é destinada a atividades de
agricultura, pecuária, agroindústrias, extrativismo, equipamentos e atividades de lazer
e turismo, sistemas agroflorestais e atividades assemelhadas.
A Macrozona Urbana é dividida, entre outras, em Zona de Lazer e Turismo
– ZLT, essa situada nas coordenadas geográficas que abrangem o local da instalação
do Projeto Condomínio Praia de Guadalupe. A partir desse permissivo legal, o
empreendimento traz acessoriamente todo o atendimento ao exigido no
enquadramento da Zona de Lazer e Turismo – ZLT do município de Sirinhaém.

A referida Lei Municipal define ainda que;

Art. 63. Fica estabelecida no município de Sirinhaém, a


seguinte classificação de uso do solo:

I. uso residencial;

II. uso não residencial;

III. uso misto.

104
(..)

§ 3º MISTO - é aquele constituído de uso habitacional mais


uso não habitacional, qualquer que seja a atividade urbana,
dentro de um mesmo lote.

Percebe-se então que o município exige para a ocupação de seu solo - e o


empreendimento satisfaz a exigência ao apresentar o seu projeto para licenciamento
- as diretrizes que norteiam a ocupação na Zona de Lazer e Turismo- ZLT (art.56),
atendendo à legislação que prevê: estimular a implantação de empreendimentos
turísticos de médio e grande porte; valorizar a paisagem litorânea, por meio de
parâmetros urbanísticos que assegurem a baixa densidade e a escala do conjunto
construído compatível com o acervo ambiental; além de assegurar a integração
ambiental da ocupação urbana, observando as condições exigidas para a
sustentabilidade das Unidades de Conservação em que se insere.
Verifica-se que o empreendimento se coaduna com o que estabelece a Lei
do Plano Diretor do Município (art.63), dentro da classificação de uso do solo: uso
misto, sendo MISTO o constituído de uso habitacional mais uso não habitacional,
qualquer que seja a atividade urbana, dentro de um mesmo lote (§3º do art. 63).
Quanto aos recuos estabelecidos para a implantação do projeto, é de se
considerar, do ponto da Lei do Plano Diretor do Município, o que dispõe o seu art. 74
quanto à vedação de áreas edificantes ou parceláveis do Município de Sirinhaém:
faixa de preservação mínima de 20 m de distância dos mangues; faixa de Área de
Preservação Permanente - APP definida na Legislação Federal de Meio Ambiente em
função da largura dos cursos d’água; faixa de preservação de 33m da orla marítima,
a partir da preamar máxima atual, conforme Decreto Estadual n.º 21.135/98 – da APA
de Guadalupe e § 2°, do artigo 10, da Lei Estadual Nº 14.258/10; faixa de domínio de
15m, em ambos os lados das rodovias federais e estaduais.
Com relação à Lei de Parcelamento e de Uso e Ocupação do Solo do
Município de Sirinhaém, essa ainda não se encontra promulgada, constando da Lei
do Plano Diretor a previsão de sua elaboração e promulgação em prazo determinado.
A mesma Lei do Plano Diretor de Sirinhaém revoga expressamente em seu art. 164
as até então vigentes Lei nº 1.005/2001, que instituiu o Plano Diretor de Sirinhaém, e
Lei nº 1.003/2001, que dispõe sobre o Parcelamento, o Uso e a Ocupação do Solo

105
Urbano e sobre as Zonas e Áreas Especiais localizadas na área rural do Município de
Sirinhaém.
Nesse sentido, a Lei Municipal do Plano Diretor estipula que:

Art. 61. A Lei de Parcelamento e de Uso e Ocupação do


Solo deve complementar a regulação da produção e a
organização do espaço do Município, obedecendo à
Legislação Federal e Estadual e demais normas
complementares emanadas desta lei, conforme as
seguintes diretrizes:

I - estabelecer normas simplificadas, de modo a torná-las


acessíveis à compreensão e aplicação dos cidadãos;

II - normatizar de acordo com o zoneamento disposto


nesta lei;

III - consagrar uso múltiplo entre residências e demais


atividades, como característica básica da cidade;

IV - estabelecer parâmetros urbanísticos complementares


por zona, considerando suas características
socioeconômicas e morfológicas;

V - estabelecer critérios diferenciados para a ocupação de


áreas de habitação de baixa renda.

Art. 62. A Lei de Parcelamento de Uso e Ocupação do


Solo deve regular a instalação de usos e atividades no
território do município de Sirinhaém.

Percebe-se claramente que o empreendimento se enquadra no disposto no


Plano Diretor e nos princípios definidos para a Lei Municipal de Parcelamento, Uso e
Ocupação do Solo do Município de Sirinhaém, especificamente no Distrito de Barra
do Sirinhaém, onde se localiza.

106
Deverá, no entanto, o empreendimento, em suas fases de instalação e de
operação, observar o contido na norma municipal, além de outras menos restritivas,
adequando-se aos princípios de exploração sustentável.
Nas áreas em que seja permitido o desenvolvimento de atividades
econômicas de interesse social, catalogadas como apanha de caranguejos e
mariscos, que são atividades de subsistência de populações ribeirinhas, o aceso ao
local e a prática dessas atividades devem ser facilitados, sob condicionantes da
manutenção de conservação ambiental.
Portanto, considerando-se as restrições e as exigências de uso e
ocupação do solo, a área configura-se como o único espaço no qual é permitida a
instalação do empreendimento, e, por outro lado, nenhum empreendimento de outra
natureza poderia ali se instalar.
Associada ao empreendimento, com acesso público, toda uma estrutura de
ocupação vinculada à preservação ambiental será implantada, seja no ordenamento
da área, seja na educação ambiental disseminada. Dentre os produtos ofertados, a
prática saudável de caminhadas através de trilhas ecológicas, a observação da
paisagem, a observação de pássaros, o arvorismo e outras opções relacionadas ao
turismo ecológico e ao bem-estar dos frequentadores.
O uso e a ocupação do solo na área específica para o projeto recebe
incentivos legais.
O Decreto Estadual nº 21.229, de 28 de dezembro de 1998, que declara
Área de Proteção Ambiental (APA) a região situada nos municípios de Sirinhaém e
Rio Formoso, incentiva literalmente a implantação de empreendimentos adequados.
Assim se depreende do seu artigo 2º:
Art. 2º. O objetivo geral da APA de Sirinhaém constitui-se
na promoção do desenvolvimento sustentável, baseado na
implementação de programas de desenvolvimento
econômico-social, voltados às atividades que protejam e
conservem os ecossistemas naturais essenciais à
biodiversidade, visando à melhoria da qualidade de vida da
população.

Parágrafo Único - Os objetivos específicos da criação


dessa APA baseiam-se na garantia:

107
(...)

VI - da diversificação das atividades econômicas, voltadas


para o turismo, a produção e o desenvolvimento
sustentável.

(...)

a.2 Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro – ZEEC


do Litoral Sul

A ocupação proposta pelo Projeto Condomínio Praia de Guadalupe se


encontra em conformidade com os limites e condicionantes definidos pelo Decreto
Estadual nº 21.972 de 29 de dezembro de 1999, que aprova o Zoneamento Ecológico-
Econômico Costeiro - ZEEC do litoral sul, ficando as condicionantes ambientais, para
cada Zona, sujeitas às normas estabelecidas. Aqui, são destacadas as principais
condicionantes do Decreto à ocupação pelo empreendimento.

Art. 3º. Para efeito deste Decreto, considera-se:

(...)

IX - zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro - ZEEC: é


um instrumento de gestão ambiental que tem por objetivo
o disciplinamento do uso e ocupação do solo, o manejo
racional dos recursos ambientais, indicando as atividades
a serem estimuladas, toleradas e proibidas, em cada Zona,
bem como a garantia da preservação dos ecossistemas
frágeis, indicando atividades econômicas compatíveis com
o desenvolvimento ambientalmente sustentado; e

(...)

Art. 4º - O Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro _


ZEEC do litoral sul de Pernambuco, conforme se apresenta
no mapeamento integrante deste Decreto, apresenta as
seguintes Zonas e Subzonas:

(...)

108
SUBSEÇÃO II Da Zona de Turismo, Veraneio e Lazer

Art. 8° - A Zona de Turismo, Veraneio e Lazer estende-se


da desembocadura dos Rios Pirapama - Jaboatão até a foz
do Massangana e da foz do Rio Ipojuca até a do
Persinunga (divisa PE/AL), com uma breve interrupção (da
foz dos rios Ilhetas-Mamucabas até o riacho Meireles),
abrangendo os núcleos urbanos litorâneos consolidados e
os loteamentos de veraneio, bem como a presença
marcante do Parque Armando Holanda Cavalcanti (Cabo
de Santo Agostinho), área esta tombada pelo Estado.

(...)

§ 2º As metas ambientais para essa Área são:

(...)

IV - ocupação do solo urbano ordenada;

V - serviços básicos, infraestrutura e comércio de apoio às


comunidades urbanas implantados;

VI - atividades econômicas diversificadas, voltadas para o


turismo e desenvolvidas de forma sustentável;

VII - ocupação da orla marítima ordenada de modo a


possibilitar a livre e plena circulação do público em todas
as direções e sentidos.

(...)

§ 3° Proíbe-se nessa Área:

I - edificações definitivas ou qualquer forma de ocupação


do solo que impeça ou dificulte o acesso público às praias
e ao mar;

II - aterro de maceiós e manguezais;

109
III - destruição da vegetação remanescente de restinga;

IV - instalação de lixões e aterro, assim como disposição


de lixo em locais inadequados;

V - lançamento, nos cursos de água, de efluentes


domésticos e industriais sem tratamento adequado;

VI - retirada de areia e material rochoso; e

VII - construção fixa ou equipamento permanente na faixa


de praia, medida a partir da linha máxima de preamar (33m
em direção ao continente) e circulação de veículos
automotores na faixa de praia.

(...)

Art. 37. Todo e qualquer empreendimento urbanístico com


alteração do solo que pretenda se implantar na área deverá
estar, obrigatoriamente, enquadrado em uma categoria de
parcelamento do solo.

Art. 38. Qualquer projeto apresentado à CPRH deverá


respeitar o índice de permeabilidade (Ip) previsto neste
Zoneamento e, quando se tratar de condomínio dividido em
fração ideal, e atendido o índice máximo permitido, não
poderá se dar nenhuma ampliação futura da área ocupada.

Art. 39. Por se tratar de área situada na Zona Costeira,


como parte integrante do Patrimônio Nacional, o acesso à
praia se constitui em uma importante garantia a ser
considerada na implantação efetiva do Zoneamento
Ecológico-Econômico Costeiro, não devendo nenhum tipo
de empreendimento impedir ou dificultar o acesso a esse
bem de uso comum.

Portanto, o empreendimento, ao se situar na Zona de Turismo, Veraneio e


Lazer determinada pelo Decreto Estadual n° 21.972/1999, enquadra-se perfeitamente

110
ao exigido pela norma, ao tempo em que observa, também, normas correlatas que
apontam para a adequação e preservação do uso do solo, como se vê a seguir.
A seu turno, a Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012 que dispõe
sobre a vegetação nativa e altera as Leis n°s 6.938/81, 9.393/96, e 11.428/2006,
revoga as Leis ns 4.771/65 e 7.7854/89 e a Medida Provisória n° 2.667/2011 e dá
outras providências, impõe restrições e condicionantes, como segue:

Art. 3° Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

II - Área de Preservação Permanente - APP: área


protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade,
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas;

(...)

Art. 11-A. A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos


termos do § 4o do art. 225 da Constituição Federal,
devendo sua ocupação e exploração dar-se de modo
ecologicamente sustentável. (Incluído pela Lei nº
12.727, de 2012).

Essas restrições especificas para o uso do solo nas áreas do pontal e


adjacências levaram à reformulação de todo o projeto desde a sua concepção inicial.
O que se apresenta nessa etapa da primeira fase do licenciamento é a sua
adequação ao mandamento legal, demonstrado à sobeja no Projeto Condomínio
Praia de Guadalupe.
A zona costeira cuja proximidade do empreendimento se revela, é
constituída por vários tipos de ecossistemas. São encontrados o estuário,
manguezais, praias, recifes de corais e restingas. Cada um com diferentes espécies
de flora e fauna.
As considerações técnicas do Gerco Pernambuco - Coordenação Estadual
do Programa de Gerenciamento Costeiro, em parecer n ° 03/2015, são substanciais
ao entendimento da questão:

111
“O ecossistema manguezal está associado às margens de
baías, barras, enseadas, desembocaduras de rios, lagunas
e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de
rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da
costa. A cobertura vegetal, ao contrário do que acontece
nas praias arenosas e nas dunas, instala-se em substratos
de vasa de formação recente, de pequena declividade, sob
a ação diária das marés de água salgada ou, pelo menos,
salobra”. 4

Com relação ao ecossistema praia, a contribuição acadêmica reflete um


entendimento técnico esclarecedor;
“Este ecossistema costeiro depende principalmente do
acúmulo de areia, pedras, seixos ou conchas, que são
depositados nas regiões baixas do terreno, na interface
terra-água. Seus limites estendem-se desde a linha da
maré baixa até o ponto mais alto da maré, delimitados por
mudança de material formador ou por expressão
fisiográfica, como uma falésia ou linha de vegetação
permanente.

(...)

O litoral brasileiro possui inúmeras praias arenosas em mar


aberto, ou nas regiões próximas de grandes rios, lagunas,
estuários e baías. Em Alagoas existem praias arenosas, de
areias claras, com granulometrias variáveis, desde muito
finas até grossas e também as praias areno-lodosas, com
formação de areia e lama, proveniente de rios, em áreas
de lagunas e estuários.”5

4 http://www.cprh.pe.gov.br/sec-acprh/ctudo-proj-gerco.html
5
http://www.ufal.edu.br/usinaciencia/multimidia/livros-digitais-cadernos-
tematicos/Ecossistemas_Marinhos_recifes_praias_e_manguezais.pdf

112
a.3 Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro – ZEEC da
APA de Guadalupe

Ao encontro dos objetivos da APA de Guadalupe para a zona de Turismo,


Veraneio e Lazer, considerando a conservação ambiental, o empreendimento foi
concebido para ocupação ordenada dessa área.
O desenvolvimento do projeto se pautou na orientação da valorização da
paisagem e do patrimônio histórico natural, considerando a sua inserção na subzona
Terraços Marinhos de Gamela e Guadalupe, visando à preservação e à valorização
da paisagem e proteção do relevo litorâneo.
O Decreto Estadual nº 19.635, de 13 de março de 1997, declarou como
Área de Proteção Ambiental denominando a região situada nos municípios de
Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré e Barreiros como APA de Guadalupe, e definiu
como providências para a implantação e gestão da APA a elaboração do zoneamento
ecológico-econômico e plano de gestão, a criação e a implantação do sistema de
gestão da área.
Dessa forma, o Decreto nº 21.135, de 16 de dezembro de 1998, aprovou o
zoneamento ecológico-econômico - ZEEC e criou o Conselho Gestor da Área de
Proteção Ambiental – APA - de Guadalupe – na qual se situa integralmente o
empreendimento -, estabeleceu condicionantes para a ocupação da área e
mecanismos de gestão ambiental.
Particularmente por ser a inserção do empreendimento nessa área, as
observações estritas ao disposto em sua regulamentação são consideradas pelo
empreendimento.
O citado Decreto Estadual nº 21.135/98 definiu a área dessa ocupação:

Art. 5º. O Zoneamento Ecológico-econômico da APA de


Guadalupe, conforme se apresenta no mapeamento
integrante deste Decreto, apresenta as seguintes Zonas:

(...)

II - Zona de Turismo, Veraneio e Lazer – ZTVL

a) Área de Usos Urbano, de Turismo e Veraneio


b) Área Estuarina do Rio Formoso

113
(...)

Art. 7º. A Zona de Turismo, Veraneio e Lazer se caracteriza


por estar situada em grande parte da Planície Costeira,
formada por manguezais, praias, recifes, terraços flúvio-
lagunares e marinhos, com trechos de embasamento
cristalino, com remanescentes de Mata Atlântica, mangues
e restingas. As atividades dessa Zona se referem à cultura
de coco, pesca, turismo e veraneio. É formada por três
subzonas, que se encontram disciplinadas nos artigos 8º a
11.

Art. 8º. A Área de Uso Urbano, Turismo e Veraneio se


estende da Barra do Sirinhaém até o estuário do rio
Mamucabas, onde predomina o uso urbano com forte
crescimento demográfico, apresentando um perfil de
ocupação, em sua maior parte carente de infra-estrutura
básica, especialmente esgotamento sanitário,
abastecimento de água, drenagem e limpeza urbana.

§ 1º - As metas ambientais para essa Área são:


ecossistemas conservados e/ou recuperados; núcleos
urbanos ordenados, dotados de infra-estrutura de
esgotamento sanitário, abastecimento de água e limpeza
urbana; áreas livres e comuns dos lotes ou glebas
revegetadas (áreas públicas e privadas); comércio e
serviços bem equipados; comunidade ambientalmente
conscientizada; atividades econômicas diversificadas,
voltadas para o turismo e desenvolvidas de forma
sustentável; faixa de orla marítima ordenada, com livre e
franco acesso do público em todas as direções e sentidos;
patrimônio histórico e cultural recuperado e/ou revitalizado;
e municípios dotados de Planos Diretores e legislação
urbanístico-ambiental básica.

114
§ 2º - Proíbem-se nessa Área as edificações definitivas ou
qualquer forma de utilização do solo que privatize, impeça
ou dificulte o acesso público ao mar; instalação de lixões e
aterros sanitários; lançamento de despejo líquido urbano e
industrial sem tratamento adequado; disposição de lixo de
forma inadequada; retirada de areia e material rochoso;
circulação de veículos automotores na faixa de praia,
exceto para manutenção dos serviços públicos;

§ 3º - São toleradas as barracas e marinas, na faixa de


praia, e os pontos de apoio à pesca artesanal nas praias,
ambos mediante licenciamento ambiental.

§ 4º - Serão incentivados o turismo e o lazer, especialmente


o turismo ecológico-cultural; a recuperação e manutenção
dos coqueirais consorciados com outras culturas e
cultivados com novas tecnologias; indústria e comércio
voltados para o beneficiamento do pescado e outros
produtos regionais; a criação de áreas especiais de
interesse da preservação do patrimônio histórico e cultural;
a preservação do patrimônio histórico-cultural; a
preservação e/ou recuperação de matas de restinga; a
coleta seletiva de lixo e limpeza das praias com centro de
triagem para a coleta seletiva do lixo.

É de grande significância para o processo de licenciamento do


empreendimento e para o órgão licenciador, a CPRH, o que dispõe o Decreto Estadual
nº 21.135/98, ao estabelecer a competência da Agência Ambiental:

Art. 16. A gestão da APA se dará sob a coordenação da


CPRH, auxiliada pelo Conselho Gestor, em caráter
consultivo e paritário, com representações de entidades
públicas, a nível federal, estadual e municipal, e por
representações da sociedade civil, com a seguinte
composição provisória:

115
(...)

Art. 17. Compete à CPRH:

(...)

c) exercer a supervisão e a fiscalização das atividades


implantadas na APA de Guadalupe, respeitada a
competência municipal e as dos órgãos executores
identificados no Plano de Gestão;
(...)

f) licenciar a instalação, a ampliação e funcionamento de


empreendimentos ou atividades causadoras de poluição
ou degradação do meio ambiente.

(...)

Com relação ao Marco Regulatório da APA de Sirinhaém;

Art. 2º. O objetivo geral da APA de Sirinhaém constitui-se


na promoção do desenvolvimento sustentável, baseado na
implementação de programas de desenvolvimento
econômico-social, voltados às atividades que protejam e
conservem os ecossistemas naturais essenciais à
biodiversidade, visando à melhoria da qualidade de vida da
população.

Parágrafo único - Os objetivos específicos da criação


dessa APA baseiam-se na garantia:

I - do ecossistema estuarino bem conservado e


monitorado;

(...)

III - da comunidade ambientalmente conscientizada;

116
IV - da proteção e recuperação da Mata Atlântica;

(...)

VI - da diversificação das atividades econômicas, voltadas


para o turismo, a produção e o desenvolvimento
sustentável.

Através das diretrizes do mais significativo plano municipal, a Lei do Plano


Diretor de Sirinhaém, percebe-se a adequação e a vocação da área para o
empreendimento, que se enquadra no estudo ora analisado em seus aspectos
jurídicos.
Constata-se com clareza, a vocação do uso e ocupação do solo na área
pretendida pelo empreendimento, condicionada, no entanto, à limitação legal.
É o que decorre também da análise do Decreto Estadual n° 21.972/1999,
que aprova o Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro ZEEC do litoral sul de
Pernambuco, e dá outras providências, o qual prevê, ao tratar da Zona de Turismo,
Veraneio e Lazer:
Art. 8º. A Zona de Turismo, Veraneio e Lazer estende-se
da desembocadura dos Rios Pirapama- Jaboatão até a foz
do Massangana e da foz do Rio Ipojuca até a do
Persinunga (divisa PE/AL), com uma breve interrupção (da
foz dos rios Ilhetas-Mamucabas até o riacho Meireles),
abrangendo os núcleos urbanos litorâneos consolidados e
os loteamentos de veraneio, bem como a presença
marcante do Parque Armando Holanda Cavalcanti (Cabo
de Santo Agostinho), área esta tombada pelo Estado.

(...)

§ 2º As metas ambientais para essa Área são:

(...)

VI - atividades econômicas diversificadas, voltadas para o


turismo e desenvolvidas de forma sustentável;

(...)

117
a.4 Gerenciamento Costeiro

A Lei Federal nº 7.661, de 16 de maio de 1988 que Institui o Plano


Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências, estabelece a exigência
de que:
Art.6º. O licenciamento para parcelamento e
remembramento do solo, construção, instalação,
funcionamento e ampliação de atividades, com alterações
das características naturais da Zona Costeira, deverá
observar, além do disposto nesta Lei, as demais normas
específicas federais, estaduais e municipais, respeitando
as diretrizes dos Planos de Gerenciamento Costeiro.

(...)

§ 2º Para o licenciamento, o órgão competente solicitará


ao responsável pela atividade a elaboração do estudo de
impacto ambiental e a apresentação do respectivo
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, devidamente
aprovado, na forma da lei.

Essa Lei teve sua regulamentação através do Decreto Federal nº 5.300


de 7 de dezembro de 2004.
O referido Decreto 5.300/2004 dimensiona:

Art. 23. Os limites da orla marítima ficam estabelecidos de


acordo com os seguintes critérios:

(...)

III - estuários: cinquenta metros contados na direção do


continente, a partir do limite da praia ou da borda superior
da duna frontal, em ambas as margens e ao longo delas,
até onde a penetração da água do mar seja identificada
pela presença de salinidade, no valor mínimo de 0,5 partes
por mil;

118
Testes realizados e constantes do presente Estudo de
Impacto Ambiental comprovam a salinidade da área em valor superior, como
registrado no Volume II, (Tomo I) Seção 8.1.8

b) Desapropriação e Usucapião

O instituto de desapropriação, com assento no art. 5° da Constituição


Federal, especifica que:
(...)

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para


desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou
por interesse social, mediante justa e prévia indenização
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;

(...)

Quanto ao usucapião, previsto no Código Civil, em seus arts. 1.238 e 1.242,


e ainda no artigo 10 da Lei n° 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), não incidem sobre a
área objeto deste EIA, sendo comprovada a posse mansa e pacífica do empreendedor
sobre a área.
A propriedade onde se pretende instalar o projeto Condomínio Praia de
Guadalupe está localizada em área urbana do município de Sirinhaém, desocupada
de pessoas e edificações.

c) Proteção e Controle da Poluição (Ar, Água, Solo e Resíduos


Sólidos)

A definição legal de poluição se encontra consubstanciada na Lei Federal


nº 6.938/81, alterada pela Lei Federal nº 7.804, de 18 de julho de 1989, em seu art.
3º, inciso I.
Objetivando a proteção e o controle da poluição, são previstas medidas
específicas para a implantação e operação do empreendimento.
A qualidade do ar na área de implantação do empreendimento é
diretamente influenciada pelos ventos predominantes.

119
A emissão de poluentes decorre de atividades localizadas a montante,
principalmente da forte antropização da área situada na margem oposta do Rio
Ipojuca, com intenso tráfego de veículos durante as datas de verão, feriados e fins de
semana. Dentre os principais emissores, citem-se as lanchas, jet skis e outros tipos
de embarcações propulsionadas por motores a combustão, bem como a queima de
carvão e madeira para churrascos e fogueiras. A emissão de partículas se origina de
fontes diversas e são carreados pela ação eólica.
A área recebe, no entanto, correntes aéreas continuadas, provindas de
sudeste, e nordeste e noroeste em determinadas épocas do ano, originadas no
Oceano Atlântico, o que determina a rápida dispersão e a renovação constante na
bacia aérea na qual será localizado o empreendimento.
As atividades previstas para serem desenvolvidas no empreendimento
descartam emissão de poluentes, e envolvem a utilização de equipamentos e veículos
com baixa emissão de poluição atmosférica, sendo incentivado, em seu interior, o
transporte de pessoas e de materiais, dentro dos princípios de sustentabilidade
ambiental.
A Lei Federal no 9.966, de 28 de abril de 2000 que dispõe sobre a
prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e
outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras
providências, estabelece os parâmetros que regem a proteção e controle da poluição
da água.
Por seu turno o Decreto Federal nº 4.136, de 20 de fevereiro de 2002,
trata das sanções aplicáveis às infrações às regras de prevenção, controle e
fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas
ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, prevista na Lei no 9.966, de 28 de abril
de 2000.
Na proteção dos mananciais será optado o fornecimento pela Companhia
Pernambucana de Saneamento – COMPESA.
Com relação à utilização de água, esse é estimado em 7,8 l/s, na fase de
operação e taxa de retorno de efluentes de 80%, prevista para 2033. Em Carta
COMPESA GNR Mata Sul n°42/16, de 02 de maio de 2016, a Companhia
Pernambucana de Saneamento responde à solicitação da sobre a viabilidade técnica
de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário para atender ao Projeto
Condomínio Praia de Guadalupe de forma positiva. No expediente, a COMPESA

120
declara que há viabilidade para atendimento do fornecimento e manutenção dos
serviços de água e esgotamento sanitário.
A área do empreendimento prevê um sistema interno de coleta transporte
e tratamento de esgoto, considerando a existência de uma Estação de Tratamento de
Esgoto Compacta e contando com saídas de efluentes nos parâmetros permitidos
legalmente, no período anterior a conexão à rede pública de esgoto.
Por ocasião da entrega ao órgão licenciador, na etapa respectiva do
licenciamento ambiental, constará do Projeto Básico de Engenharia para a
implantação do Condomínio, na forma prevista pelo EIA.
Quanto aos resíduos sólidos, de acordo com a Lei no 12.305, de 2 de agosto
de 2010 Lei 12.305/2010 (Plano Nacional de Resíduos Sólidos) , que institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos e altera a Lei n0 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e
dá outras providencias, a observância aos seus preceitos está definida no EIA,
contemplada em “Planos e Programas Ambientais do Condomínio Praia de
Guadalupe”, havendo as providências de coleta, seleção, transporte e descarte de
forma ordenada.
Oportunamente, de acordo com a Lei do Plano Diretor do Município de
Sirinhaém será apresentado à Municipalidade o Plano Urbanistico, que busca conciliar
as atividades referentes ao manejo de resíduos sólidos, de acordo com o disposto no:

Art. 94. O Município exigirá, ainda, plano urbanístico para


parcelamento em terrenos com área igual ou superior:

I - a 6,25 ha, quando destinadas a edificações para uso


habitacional ou misto;

II - a 10 ha (dez hectares) quando destinadas ao uso não


habitacional.

Art. 96. O Plano Urbanístico mencionado no artigo 94


deverá conter:

I.Análise urbanística da área na qual se insere, observando


condições atuais de oferta de infraestrutura e serviços
urbanos;

121
II.Projeção e análise da população residente e circulante
futura no empreendimento, com avaliação de impactos
sobre a área urbanizada circunvizinha e estratégias para
compatibilização;
III.Área definida para centralidade local, com espaços
previstos para equipamentos urbanos e/ou comunitários e
para atividades de comércio e serviços, assegurando
diversidade no uso do solo;
IV.Adequada integração ao sistema viário área de entorno
onde se insere, assegurando os distintos padrões
hierárquicos e as dimensões compatíveis com a rede viária
existente e planejada para o município, incluindo ciclovias
ou ciclofaixas, bem como definição e tratamento apropriado
para corredor de transporte público local;
V.Elementos do sistema de espaços livres públicos com
definição de diretrizes paisagísticas para tratamento dos
logradouros;
VI.Previsão de infraestrutura urbana básica, condizente com
as exigências legais de parcelamento e compatível com as
diretrizes do planejamento municipal para a região.
Na fase de obras para a sua implantação, o Projeto observará o Programa
de Resíduos sólidos contemplado no capítulo 11 do volume 3.
Quando de sua operação, será observado o que dispõe a mesmo Lei do
Plano Diretor do Municipio de Sirinhaém:
Art. 121 Os assentamentos em condomínio caracterizam-se
ainda por apresentarem:

(...)

VII.Responsabilizar-se em suas áreas internas pela:

a) Coleta de lixo, porta-à-porta;


(...)

122
d) Proteção e Controle da Poluição Sonora

O EIA discorre em seu item 9.1.3 sobre Ruído e vibração (p.45).


Vige, assim, a norma nacional, sobre a qual se discorrerá. Nesse sentido,
o Estudo de Impacto Ambiental realizado na área, que pode ser aferido no Relatório
do Ensaio (item 9.1.3 do EIA) dimensiona emissões perfeitamente contidas dentro dos
parâmetros legais.
Portanto, a proteção e o controle da poluição sonora encontram-se sob o
comando das normas mencionadas no TR e aqui analisadas. A rigor, a Lei Estadual
nº 12.789, de 28 de abril de 2005, que dispõe sobre ruídos urbanos, poluição sonora
e proteção do bem-estar e do sossego público e dá outras providências, dimensiona,
em tabela no seu art. 15, os parâmetros a serem utilizados para aplicação dos níveis
máximos aceitáveis de ruídos, de acordo com o tipo de área e períodos do dia.
Com relação à NBR 10151, de junho de 2000, exigida pelo TR, essa norma
com o título “Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da
comunidade – Procedimento” fixa as condições exigíveis para avaliação da
aceitabilidade do ruído em comunidades, independentemente da existência de
reclamações, e os níveis de avaliação de emissão de db(A).
A Resolução Conama n.º 001 de 08 de março de 1990, publicada no D.O.U,
de 02/04/90, Seção I, Pág. 6.408 traz a eficácia erga omnes ao contido na NBR 10152,
de dezembro de 1987. A Resolução, considerando que os critérios e padrões deverão
ser abrangentes e de forma a permitir fácil aplicação em todo o Território Nacional,
resolve que a emissão de ruídos, em decorrência de atividades industriais, comerciais,
sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política obedecerá, no interesse da
saúde e do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos naquela.
Considera que são prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item
anterior, os ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma
NBR 10.152 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, que trata da
Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando ao conforto da comunidade, e que
fixa os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos,
(Na aplicação desta Norma é necessário consultar: NBR 10151(...)” –
Ao demais, todo o regramento que disciplina a emissão de ruídos, suas
atividades e resultados, contidos na legislação consectária assemelhada, deve ser

123
observado pelo empreendimento dentro dos rígidos parâmetros apresentados, a
exemplo da Resolução Conama nº 002/90.
Portanto, tratam ainda do ordenamento da emissão de ruídos, do sossego
e do silêncio as disposições normativas contidas na Resolução Conama n.º 002 de 08
de março de 1990, publicada no D.O.U, de 02/04/90, Seção I, Pág. 6.408, que
estabelece o Programa Silêncio, coordenado pelo Ibama, com a participação de
ministérios federais, órgãos estaduais e municipais de meio ambiente e demais
entidades necessárias. Os Estados e Municípios têm competência para estabelecer e
implantar os Programas Estaduais de Educação e Controle da Poluição Sonora, bem
como definir sub-regiões e áreas de implementação previstas no programa.
Ainda que não explicitamente colocado como exigência do TR pela CPRH,
analisamos que as disposições legais contidas no ordenamento brasileiro devem ser
seguidas em sua inteireza pelo empreendimento ora proposto. Os entes federados
estaduais e municipais têm competência para estabelecer e implantar os Programas
Estaduais de Educação e Controle da Poluição Sonora.
Ao se propagarem na atmosfera, as ondas sonoras trazem ao ambiente a
ser licenciado interferências de emissões geradas em zonas exógenas. Como se
depreende do EIA, “pode-se inferir que os níveis de ruído e vibração, verificados
atualmente, encontram-se dentro dos níveis considerados como aceitáveis, exceto
através de situações incômodas muito acentuadas em pontos localizados,
principalmente durante a alta estação, devido à grande movimentação de catamarãs
que transportam turistas entre as praias Dos Carneiros, Porto de Galinhas e
Guadalupe para a visitação e/ou para o banho de lama, emitindo sons altos e
diversificados. Existe, ainda, o uso de alto-falantes em áreas urbanas por atividades
ocasionais de divulgação ou quando da realização de festas públicas.”
Vale salientar que a preservação da emissão de ruídos em níveis
confortáveis resulta em um dos principais atrativos da atividade-fim deste
empreendimento.
As medições realizadas do nível sonoro expressas em dB(A) permitem uma
avaliação e a consequente adoção de procedimentos de redução ou correção do nível
sonoro, o que compõe aspectos do planejamento de gestão do empreendimento.
Em seus aspectos logísticos, a instalação proposta deve operar sob estrito
controle e monitoramento de regras internas que elegem a manutenção de emissão

124
de ruídos, observando os parâmetros legais já citados e outros que se tornem
supervenientes.
Na fase de execução da Licença de Instalação – LI, todas as medidas
serão tomadas para a manutenção dos níveis de emissão de ruídos dentro dos
parâmetros aceitáveis na norma, fazendo constar de contratos de realização de
serviços a imposição dessa exigência. Na fase de operação, após a emissão da
respectiva Licença de Operação, a própria Convenção do Condomínio deverá
internalizar os procedimentos, através do regramento na elaboração dos Contratos de
Prestação de Serviços, da Normatização de Trânsito Interna, da fixação de horários e
normas. Todos eles devem contar com a inserção de cláusulas que obrigam prioridade
na observação dos princípios adotados, o que garantirá resultados que visam vincular
o regramento legal vigente às operações do empreendimento.
Por sua vez, o Programa de Educação Ambiental proposto pelo
empreendimento deve visar disseminar os conhecimentos de forma didática,
estendendo a colaboradores, visitantes e usuários os estímulos à participação
interativa no programa.
Através do monitoramento constante, será possível produzir resultados
e compartilhá-los com o Poder Público competente, através do envio de relatórios e
indicativos de focos de emissão de ruídos fora dos padrões.

e) Espaços Legalmente Protegidos

Os espaços legalmente protegidos permeiam toda a área do


empreendimento e obrigam ao cumprimento dos limites para a sua implantação e
operação. O projeto cuidadosamente os mantém observados em sua área de
influência direta e indireta, adaptando-se às exigências na busca de preservação do
seu estado natural. Para uma melhor sistematização da análise em foco, a Tabela 4.2.
elenca as ocorrências significativas.
A localização do empreendimento se encontra encravada em um raio de
até dez quilômetros de quatro Unidades de Conservação da Natureza, sendo na área
de influência de três áreas de Proteção Ambiental – APAs e uma Reserva Biológica.
São espaços legalmente protegidos, e como o empreendimento se insere
parcialmente em suas áreas de influência, deve observar os procedimentos legais
contidos na legislação que rege e define tais áreas. As APAs Costa dos Corais,
Guadalupe e Sirinhaém, notadamente em relação ao estuário, trazem limitações a

125
lançamento de efluentes, utilização de equipamentos náuticos, pesca predatória,
extração de corais, coleta de mariscos, dentre outras atividades potencialmente
danosas.
Os Decretos que instituem as APAs de Guadalupe e de Costa dos Corais
fixaram normatização específica. De resto, na legislação ambiental brasileira,
encontram-se limitações e definições das áreas a serem devidamente observadas

Reserva Biológica de Saltinho


A Rebio de Saltinho, criada pelo Decreto Federal no. 88.744, de 21 de
setembro de 1983, teve seu plano de manejo aprovado, definindo sua zona de
amortecimento e área de influência, que distam do empreendimento, localizando-se
na sua área de influência indireta.
Trata-se de uma Reserva Biológica Federal inserida no bioma Mata
Atlântica, que tem a sua gestão a cargo do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade.
Os limites estabelecidos para a Zona de Amortecimento da Rebio Saltinho
são os seguintes: Norte: limita-se pelo divisor de bacias do Rio Formoso com o Rio
Sirinhaém, por vezes se unindo ao limite desses rios; Sul: faz limite com o Rio Una,
excluindo a cidade de Barreiros; Leste: limita-se por parte do rio Formoso e do Oceano
Atlântico, sendo excluída a cidade de Tamandaré; Oeste: faz limite com divisores de
microbacias no município de Rio Formoso.
Compõe o grupo das Unidades de Proteção Integral na categoria Reserva
Biológica. É catalogada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da
Natureza e dos Recursos Naturais) na categoria “Ia”, como Reserva Natural Integral,
que a classifica como ecossistema excepcional representativo das condições
específicas da região biogeográfica, sendo a presença humana interditada ou
fortemente condicionada.
Inclui proibições que englobam atividades de perseguição, caça, apanha
ou introdução de espécimes da flora e da fauna, silvestre ou doméstica, bem como a
exploração dos recursos naturais e as atividades a qualquer título pretendidas, que
implicarem modificações do meio ambiente, exceto as de caráter estritamente
científico, devidamente autorizadas pela autoridade competente.

126
f) Supressão de Vegetação

Com relação à vegetação, contida nos limites do empreendimento, são


constatadas as ocorrências de indivíduos de várias espécies em diversos estágios
sucessionais, compondo uma rica e exuberante flora, inclusive com presença da Mata
Atlântica.
O empreendimento prevê a elaboração de um Plano de Gestão Ambiental,
em que é proposta uma gestão eficiente de resultados, inclusive com entregas de
pesquisas e disseminação de geração vegetal para recuperação de outras áreas.
O EIA ora apresentado enfatiza a valorização paisagística da área como
um ativo a ser incorporado. A supressão de vegetação procura restringir-se à
vegetação exótica presente, com as devidas cautelas para a sua recomposição
imediata.

g) Legislação sobre Fauna

A fauna contida no espaço do empreendimento, assim como aquela em


trânsito natural ou que mereça cuidados especiais, são protegidas pela regulação
disposta na Lei Federal nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, e em legislação especifica.
Na forma da Lei Federal nº 5.197/67, é definido que a fauna é
propriedade do Estado.
No âmbito estadual a fauna tem abordagem, entre outros normativos, na
Lei nº 11.206, de 31 de março de 1995, que dispõe sobre a política florestal do Estado
de Pernambuco, e dá outras providências. Por seu turno a Lei nº 13.787, de 8 de junho
de 2009, que institui o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza –
SEUC, no âmbito do Estado de Pernambuco, atribui competências ao Sistema, trata
de Unidades de Conservação de Uso Sustentável classificando Reserva Estadual de
Fauna – REF em seu art. 14, IV.
O EIA ora apresentado aponta as ocorrências. O presente estudo operou
em campo para a sua pesquisa, na forma do requerido no TR 07/2015 da CPRH.
Foram obtidas as devidas autorizações para a coleta de animais, e cumpridas as suas
exigências, as quais restaram registradas, na forma da Portaria Ibama nº 332, de 13
de março de 1990.

127
h) Competências Ambientais

A competência para o licenciamento, monitoramento e fiscalização do


empreendimento é claramente definida.
A discussão sobre competência no entorno do artigo 23 da Constituição
Federal, da Lei Federal 6.938/81 e das Resoluções Conama 01/86 e 237/97, buscava
definições.
Essa disposição da competência foi dirimida pela Lei Complementar n°
140, de 8 de dezembro de 2001, que, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput do
parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, definiu as normas para a
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção
das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição
em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e
altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.
O disposto pela LC 140 veio a ser regulamentado pelo Decreto Federal nº
8.437, de 22 de abril de 2015, que, ao regulamentar o art. 7°, caput, inciso XIV, alínea
“n” e parágrafo único, estabelece as tipologias de empreendimentos e atividades cujo
licenciamento ambiental será de competência da União.
Em face do ordenamento jurídico brasileiro e da hierarquia das leis, o
Decreto do Poder Executivo regulamenta os aspectos relativos à União, à qual ficaram
afetas competências estratégicas, e, por exclusão, cabendo aos estados e municípios
a competência contida no remanescente da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.
Inexistindo órgão ambiental licenciador no Município de Sirinhaém,
prevalece a competência do Estado de Pernambuco, através da Agência Estadual de
Meio Ambiente.
Suplementarmente ao licenciamento ambiental processado pelo órgão
competente, a CPRH aprecia o pedido de Licença Prévia, à qual sucederão as
respectivas Licenças de Instalação e finalmente a de Operação. Anuências e
autorizações são necessárias para a complementação das exigências legais.
Dessa forma, a participação interveniente no Processo de Licenciamento
Ambiental se inicia no município com a anuência municipal, conforme descrito
anteriormente através do Termo de Anuência Prévia n°079/2016 da Prefeitura

128
Municipal de Sirinhaém, através da Secretaria Municipal de Turismo, Meio Ambiente
e Desenvolvimento Econômico, datado de 29 de julho de 2016.
Descreve o documento municipal que não há oposição legal na Legislação
Urbanística nem Ambiental do município até a data de sua emissão e dá a sua
anuência para a implantação do empreendimento na área e aduz que “esta carta tem
efeito para os limites da análise prévia e endossa a possibilidade de destinação para
implantação de empreendimento turístico com ocupação adensada”.
O Termo de anuência condiciona a Liberação Definitiva pela Prefeitura
Municipal de Sirinhaém, da licença de construção, quando da apresentação àquela
municipalidade da Licença de Instalação emitida pela Agência Estadual de Meio
Ambiente – CPRH e anuência oportunamente do Condepe/Fidem.
Com relação às Unidades de Conservação – UC, é de ser observado o
contido na Lei Federal nº 9.985/2000 que define que Zona de Amortecimento é o
entorno de uma Unidade de Conservação onde as atividades humanas estão sujeitas
a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos
negativos sobre a unidade (art. 2°, i – XVIII).
Ao seu turno, a Resolução Conama n° 428, de 17 de dezembro de 2010,
regulamenta os procedimentos de licenciamento ambiental de empreendimentos de
significativo impacto ambiental que afetem as Unidades de Conservação específicas
ou suas zonas de amortecimento.
Conforme demonstrado nos mapas de localização das Unidades de
Conservação, existem interseções dessas com as áreas de influência do
empreendimento, devendo essas aquiescer para a concessão do licenciamento
ambiental.

i) Licenciamento Ambiental, EIA/RIMA e Audiência Pública

O Licenciamento Ambiental no Brasil é matéria de permanente discussão


e tem sofrido constantes modificações. Atualmente, encontram-se em tramitação em
regime de urgência, prevendo alterações na legislação, o Projeto de Lei do Senado nº
654, de 2015, que cria o Licenciamento Ambiental Especial, tramita Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) de nº 65/2012, que objetiva acrescentar ao artigo 225
da CF, e na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 3.729/04. Existe, ainda, uma
proposta de alteração das Resoluções Conama nºs 01/86 e 237/97, atualiza as
normas de 1986 e 1997 respectivamente, traz as figuras do licenciamento ambiental

129
por adesão e compromisso e do licenciamento ambiental por registro, encaminhada
pela Associação Brasileira de Entidades de Meio Ambiente - ABEMA, que agrega os
órgãos ambientais dos governos estaduais.6
O Brasil é um dos únicos países do mundo que ainda adotam o
licenciamento em procedimento trifásico, e tem encontrado dificuldades para aplicar a
profusão de dispositivos legais sobre a matéria ambiental, a exemplo da Lei
Complementar 140, de 2011, que introduz alterações ainda não implementadas. No
mesmo sentido o previsto Cadastro Ambiental Rural e adesão ao Programa de
Regularização Ambiental previsto na Lei n° 12.651, de 25 de maio de 2012, novo
Código Ambiental, tiveram os seus prazos estendidos, através da Medida Provisória
nº 724, de 2016 pela absoluta falta de condições de sua implementação no prazo
estipulado.
Referida lei complementar estabelece as normas que pontuam a
cooperação no exercício das competências dos entes federados, e em Pernambuco
ainda tramita no Conselho Estadual de Meio Ambiente – Consema - PE, a discussão
das tipologias a serem atribuídas aos municípios, indicando as atividades que poderão
ser licenciadas pelo município.
A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, com as suas sucessivas
alterações, inclusive incorporando princípios da Lei Complementar 140/2011, dispõe
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e
aplicação. São incorporados então àquela os princípios que norteiam o Licenciamento
Ambiental, definindo em seu art. 9º, IV e 10º as etapas.
Nas hipóteses em que haja significativo impacto ambiental, a Licença
Ambiental terá, como exigência para a sua concessão, um Estudo Prévio de Impacto
Ambiental, o EIA.
A Constituição Brasileira de 1988 prevê a obrigatoriedade, no Capitulo VI,
quando trata do Meio Ambiente, e a Constituição do Estado de Pernambuco de 1989
estabelece a exigência em seu art. 215.
Na forma da Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988 que institui o Plano
Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências, a exigência é clara:

6
www..abema.org.br Novas Propostas para o Licenciamento Ambiental no Brasil –publicações
Técnicas Abema n.01 – Brasilia – DF, 2013.

130
Art. 6º. O licenciamento para parcelamento e
remembramento do solo, construção, instalação,
funcionamento e ampliação de atividades, com alterações
das características naturais da Zona Costeira, deverá
observar, além do disposto nesta Lei, as demais normas
específicas federais, estaduais e municipais, respeitando
as diretrizes dos Planos de Gerenciamento Costeiro.

§ 1º. A falta ou o descumprimento, mesmo parcial, das


condições do licenciamento previsto neste artigo serão
sancionados com interdição, embargo ou demolição, sem
prejuízo da cominação de outras penalidades previstas em
lei.

§ 2º Para o licenciamento, o órgão competente solicitará ao


responsável pela atividade a elaboração do estudo de
impacto ambiental e a apresentação do respectivo
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, devidamente
aprovado, na forma da lei.

Quanto ao empreendimento em tela, foi requerida a licença ambiental e,


tendo sido a proposta considerada de significativo impacto pelo órgão licenciador,
esse exigiu a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental, conforme o Termo de
Referência e seu Respectivo Rima, 07/2015, emitido em 20 de agosto de 2015.
O RIMA, Relatório de Impacto Sobre o Meio Ambiente, preconizado na Lei
Federal 6.938/81, é o documento que reflete, com uma linguagem acessível e
compreensível por todos, o contido no Estudo de Impacto Ambiental, o qual, por sua
vez, encerra detalhes técnicos aprofundados.
É parte integrante do EIA e destina-se a divulgar o mais amplamente
possível ao público os impactos ambientais revelados em decorrência do estudo.
A Constituição do Estado de Pernambuco estabelece em seu art. 215 que
para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação ambiental, será exigido estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade e, na forma da lei, submetido à audiência pública.
A Resolução Conama 01/86, em seu art. 11 § 2° estabelece:

131
§ 2º - Ao determinar a execução do estudo de impacto
ambiental e apresentação do RIMA, o estadual competente
ou o IBAMA ou, quando couber o Município, determinará o
prazo para recebimento dos comentários a serem feitos
pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre
que julgar necessário, promoverá a realização de audiência
pública para informação sobre o projeto e seus impactos
ambientais e discussão do RIMA,

A Resolução Conama 09/87 dispõe que:

Art. 1°. A Audiência Pública referida na Resolução


CONAMA nº 1/86, tem por finalidade expor aos
interessados o conteúdo do produto em análise e do seu
referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos
presentes as críticas e sugestões a respeito.

Art. 2°. Sempre que julgar necessário, ou quando for


solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por
50 (cinquenta) ou mais cidadãos, o Órgão de Meio
Ambiente promoverá a realização de audiência pública.

A Lei Estadual Nº 14.249, de 17 de dezembro de 2010, alterada pela Lei


Estadual nº 14.549, de 21 de dezembro de 2011, que dispõe sobre licenciamento
ambiental, infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, e dá outras
providências, na Seção IV, define sobre os procedimentos de licenciamento
ambiental:
Art. 9º. - O procedimento de licenciamento ambiental
obedecerá às seguintes etapas:

(...)

V - audiência pública, quando couber, de acordo com a


regulamentação pertinente;

(...)

132
Art. 11. - A Agência definirá, se necessário, procedimentos
específicos para as licenças ambientais, observadas a
natureza, características e peculiaridades da atividade ou
empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo
de licenciamento com as etapas de planejamento,
implantação e operação.

§1º A Agência, mediante Instrução Normativa, poderá


estabelecer procedimentos simplificados de licenciamento
ambiental.

(...)

A matéria tem a atenção da CPRH que, através da Instrução Normativa nº


001/2008, Dispõe sobre Audiência Pública no âmbito do Licenciamento Ambiental
realizado pela Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - CPRH e
estabelece procedimentos para a realização de audiências públicas no âmbito do
licenciamento ambiental de obras, empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas
que, sob qualquer forma, possam causar significativa degradação ambiental.

Essa Instrução Normativa, entre outros dispositivos estabelece que:

Art.5°. - A Audiência Pública será realizada sempre no


município ou área de interferência em que a implantação
da obra, atividade, plano, programa ou projeto estiver
previsto, tendo prioridade de escolha o município onde os
impactos forem mais significativos.

§ 1° A critério da CPRH a Audiência Pública poderá ser


transmitida simultaneamente para outras localidades,
constituindo-se em tele-audiência com as mesmas
características da audiência principal, para tanto seguindo

133
todas as demais previsões contidas nesta Instrução, sendo
considerada para os efeitos do licenciamento uma única
Audiência Pública.

Existe portanto, a possibilidade de, a critério da CPRH, que seja adotada


a alternativa de tele audiência prevista na Instrução Normativa 001/2008 da CPRH,
no sentido de tornar a audiência mais eficaz, por possibilitar uma maior área de
abrangência, interação com o público de forma mais objetivo e, sobretudo por evitar
deslocamentos desnecessários, emissão de Co², consumo de combustível e gastos.
Pelo que foi analisado sobre a matéria de audiência pública, a realização
dessa se torna recomendável para o presente empreendimento, devendo ser
realizada conforme a manifestação do órgão licenciador.

j) Responsabilidades Ambientais

A responsabilidade civil pelos danos de acordo com o artigo 225§3 da CF/


é objetiva: “As condutas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas independentemente da
obrigação de reparar o dano causado”.
No mesmo sentido, o artigo 14 §1 da Lei 6.939/81 da Política Nacional do
Meio Ambientem (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente) adota a teoria objetiva
da responsabilidade civil: “Sem obstar a aplicação das penalidades neste artigo, é o
poluidor obrigado, independentemente da existência da culpa, a indenizar ou reparar
os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.
A Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providências, define o crime ambiental, enumera tipologias e
comina penas aos infratores das disposições vigentes no ordenamento legal
brasileiro.
Referida Lei, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, prevê penas
restritivas de liberdade e multas aos infratores.
A Lei Estadual nº 11.206, de 31 de março de 1995, que dispõe sobre a
Política Florestal do Estado de Pernambuco e dá outras providências, estabelece
responsabilidades.

134
No tocante à fauna, a normatização de uso do empreendimento, de
característica imobiliária, através de sua Convenção de Condomínio, prevê definir
responsabilidades e operar com rigidez a proibição interna em sua área de todas as
práticas de utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de qualquer
espécime. Não há, portanto, limitação ou conflito de interesses entre as suas
atividades e o disposto na legislação sobre fauna.

k) Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural

De acordo com a Constituição Federal, “As obras, monumentos e


documentos de valor histórico e artístico, bem como os monumentos naturais, as
paisagens e os locais dotados de particular beleza ficam sob a proteção do Poder
Público”. Esse princípio consta da Lei Federal n° 3.924/1961:
Os bens arqueológicos e históricos brasileiros de natureza material e
imaterial se constituem patrimônio cultural nacional e são protegidos pela Constituição
Federal de 1988, conforme definem os seus arts. 215 e 216.
Essa proteção legal inclui registros, inventários, vigilância, tombamento e
desapropriação, como também formas de acautelamento e preservação, atribuindo a
a gestão ao Instituto Histórico e Artístico Brasileiro – IPHAN.
Regem ainda a matéria, entre outros diplomas, o Decreto-Lei nº0 25/37, a
Lei Federal nº 3.924/61, a Portaria SPHAN nº0 07/88, e a Instrução Normativa IPHAN
nº0 01/15.
O Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, organiza a proteção do
patrimônio histórico e artístico nacional, trata do tombamento dos bens históricos,
arqueológicos e culturais, e a Lei Federal n° 3.924, de 26 de julho de 1961, dispõe
sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos.
Nesse diapasão, a recente Instrução Normativa nº 001, de 25 de março de
2015, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional estabelece
procedimentos administrativos a serem observados nos processos de licenciamento
ambiental dos quais participe e define os procedimentos a serem adotados quando
intervenientes no processo de licenciamento ambiental.
A Portaria Iphan n° 07, de 1° de dezembro de 1988, regulamenta os
pedidos de permissão e autorização e a comunicação prévia quando do
desenvolvimento de pesquisas de campo e escavações arqueológicas, visando à

135
preservação de objetos. Suas normas incidirão em relação ao empreendimento
tempestivamente, nas etapas subsequentes, conforme se depreende a seguir.
A Portaria Iphan nº 230, de 17 de dezembro de 2002, restou revogada
expressamente pela Instrução Normativa n º 001, de 25 de março de 2015.
Há, no local pretendido para a ocupação pelo empreendimento,
compreendido na Área Diretamente Afetada (ADA) (ref.EIA-8.1-Meio Físico, p.31),
indícios de bens históricos, formados por ruínas de uma igreja localizada no alto de
um dos montes que compõem o terreno, além de outras ocorrências que possam ser
identificadas por ocasião da prospecção necessária.
Tem-se, portanto, a necessidade de aquiescência para o licenciamento
ambiental do empreendimento, localizado na área referida anteriormente.
O empreendedor protocolizou, nesta etapa do processo de Licenciamento
Ambiental, junto ao Iphan, a Ficha de Caracterização de Atividade (FCA), e, através
do ofício nº 03/2016, de 7 de março de 2016, apresentou complementações à Ficha
de Caracterização de Atividade (FCA). Em resposta, através do ofício nº 318/2016, a
Superintendência do Iphan-PE/MinC, em 29 de março de 2016, informou que a
Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em
Pernambuco- Iphan/PE, com base no Parecer Técnico n° 13/PB/2016 do Setor de
Arqueologia, Processo Iphan/PE 11° 01498.000219/2016-01, referente à análise da
Ficha de Caracterização de Atividade (FCA) do "Empreendimento Condomínio Praia
de Guadalupe, Sirinhaém-PE", Processo CPRH /NAIA 11° 16098/2015, encaminhou
Termo de Referência Específico (TRE) Nível III, com os parâmetros para a elaboração
do Projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
conforme a Instrução Normativa 01/2015.
Em anexo ao expediente, foi encaminhado o Termo de Referência
Específico – TER, Empreendimento Nível III, Avaliação de Impacto, considerando que
o empreendimento foi enquadrado como sendo de média e/ou alta interferência sobre
as condições vigentes do solo (Nível III), grandes áreas de intervenção, com limitada
ou inexistente flexibilidade para alterações de localização e traçado. O órgão enviou
também ao empreendedor a lista de documentos e as informações necessárias à
continuidade do processo junto ao Iphan, que será apensado ao Processo de
Licenciamento Ambiental do órgão licenciador, a CPRH.

136
Nesta fase do procedimento, encontram-se em tramitação tempestiva as
providências para cumprimento e satisfação das exigências pertinentes, em fase
concomitante ao licenciamento ambiental do empreendimento.
Na hipótese de ficar constatada a identificação de interesse de sítios
históricos ou outros bens que possam constituir patrimônio cultural brasileiro na área
do empreendimento, deverão ser observadas as normas específicas para sua
adequada proteção, em fases posteriores previstas na Lei Federal 3.924/61 e
legislação pertinente.

137
6.2 CONCLUSÃO

A presente análise jurídica do Projeto Condomínio Praia de Guadalupe,


sua leitura, análise e interpretação não pretendem esgotar o assunto, mas fornecem
os subsídios necessários para que o empreendimento se coadune com o emaranhado
de leis e exigências determinantes de sua viabilidade e implementação.
Ao demais, o planejamento constante dos “Planos e Programas Ambientais
do Condomínio Praia de Guadalupe” (EIA) garantem a execução de ações
coordenadas e perfeitamente ajustadas à uma ocupação e operação dentro dos
parâmetros legais, não somente mas também, promovendo iniciativas paralelas de
manejo ambiental adequado.
A exegese jurídica aplicada ao Direito Ambiental não pode se tornar um
princípio dogmático da condução dos processos legais, posto que o domínio da
técnica avançou, permitindo o fornecimento de dados precisos em tempo real. O
presente EIA contém esses elementos e permite adequações e ajustes constantes,
evoluindo no sentido de buscar cumprir a norma aplicável às situações que se
apresentem.
Nesse contexto, é apropriada e indispensável a atenção do órgão ambiental
licenciador, que promove o licenciamento e consequentes monitoramento,
fiscalização e intervenção ao longo da existência do empreendimento, com
competência e poder de polícia para intervir quando necessário, desde já conhecedor
do Projeto Condomínio Praia de Guadalupe.
Afinal, como ensina o Professor Edis Milaré,

“ainda que aparentemente haja um conflito de regras


positivadas, o ordenamento jurídico requer coerência, de
modo que é preciso procurar a correta interpretação
jurídica quando da sua aplicação, a fim de demonstrar a
efetiva inexistência de incompatibilidade/antinomia entre
as normas e, por conseguinte, a sua manutenção
concomitante no ordenamento jurídico”.7

7MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: a gestão ambiental em foco. 7. ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2011, p.1088.

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