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ESTRATÉGIAS FEDERAIS DE FIXAÇÃO DO PROFISSIONAL MÉDICO NA ATENÇÃO

PRIMÁRIA À SAÚDE

Marina Moure da Mota, Brígida Gimenez Carvalho


marina.moure.mota@uel.br, brigidagimenez@uel.br
Universidade Estadual de Londrina
Tipo de bolsa – CNPq
Grande área e área do conhecimento conforme tabela do CNPq: Ciências da Saúde, Saúde Coletiva

Palavras-chave: Distribuição de Médicos, Atenção Primária a Saúde; Medicina; Política de Saúde

Resumo
A escassez de médicos é considerada um problema grave em inúmeros países. No Brasil, programas
têm sido propostos em relação à Atenção Primária à Saúde (APS) a fim de amenizar tal situação,
especialmente em pequenos municípios do interior. Podem ser citados o Programa de Valorização dos
Profissionais da Atenção Básica (PROVAB), o Programa Mais Médicos (PMM) e, mais recentemente, o
Programa Médicos pelo Brasil (PMpB). Dessa forma, os objetivos desse trabalho foram analisar as
diferentes estratégias federais para a fixação do profissional médico na APS e descrever o processo de
implementação do PMpB em municípios da macrorregião Norte do Paraná. Trata-se de um estudo de
natureza qualitativa, em que se realizou a análise documental das normativas federais referentes a tais
programas e estratégias, e uma pesquisa de campo, por meio de entrevistas com gestores municipais e
coordenadores da APS sobre a implementação do PMpB em nove municípios selecionados da
macrorregião Norte do Paraná. Os dados foram analisados por meio de análise de conteúdo temática.
Trata-se de um projeto multicêntrico, desenvolvido em parceria com pesquisadores da Escola Nacional
de Saúde Pública Sergio Arouca - Ensp/ Fiocruz e financiado por esta instituição. Foi submetido e
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da FIOCRUZ, sob o parecer
4.196.806/2020. Os resultados revelaram que, entre as estratégias analisadas, foi identificado um objetivo
principal que seria o estímulo ao estabelecimento de médicos em locais de maior escassez de tal
profissional. No entanto, o PROVAB, diferente dos outros programas, ampliou a cobertura do serviço ao
ter incluído profissionais enfermeiros e cirurgiões-dentistas. Além disso, distintamente do PMM e
PROVAB, o PMpB não possuía grande enfoque na Educação Permanente em Saúde e contava com uma
instituição operacionalizadora do programa, a Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à
Saúde (ADAPS). De acordo com as entrevistas realizadas nos municípios selecionados da macrorregião
Norte do Paraná, obteve-se que a maior parte dos municípios apresenta dificuldade em relação ao
provimento do profissional médico para atendimento da população, de forma que as principais
dificuldades elencadas para tal foram: alta rotatividade de profissionais, licenças prolongadas, alto número
de pedidos de exoneração, salários limitados e pouco tempo de prestação de serviços. Ademais, gestores
de municípios de pequeno porte e distantes de centros maiores colocaram essas características como
possíveis empecilhos para a fixação do profissional médico no local. A maioria dos municípios conta com
profissionais contratados pelo PMM, médicos concursados ou médicos credenciados por empresa.
Quatro municípios referiram não adesão ou ausência de profissional do PMM no período. A respeito da
transição entre os programas PMM e PMpB, grande parte dos gestores referiu adesão ao PMpB, mas
não obteve preenchimento das vagas disponibilizadas. O principal fator descrito e associado à dificuldade
de transição foi a comunicação prejudicada entre gestores municipais e organizadores do programa.
Outros municípios, identificaram como interessante a nova proposta em relação a carga horária e

Anais do 32º EAIC – Encontro Anual de Iniciação Científica, 07 a 09 de novembro de 2023, UEL – PR
remuneração. Desse modo, a escassez do profissional médico em regiões com maior vulnerabilidade é
um problema que sempre esteve presente na APS, de forma que durante os últimos anos diversas
estratégias foram propostas como forma de mitigar essa situação. Os resultados demonstram que ainda
é possível perceber uma maior concentração de médicos em grandes centros, bem como uma alta
rotatividade destes profissionais em municípios de menor porte, dificultando o cuidado integral em saúde.
O lançamento dos programas está intimamente relacionado às trocas de governo, levando a uma perda
de continuidade de um programa para outro. Assim, é necessário ressaltar que no ano de 2023, com a
nova gestão do governo brasileiro, foi restituído o PMM.

Agradecimentos
Agradeço ao CNPq pelo apoio financeiro, concessão da bolsa e incentivo à pesquisa.

Anais do 32º EAIC – Encontro Anual de Iniciação Científica, 07 a 09 de novembro de 2023, UEL – PR

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