Você está na página 1de 3

PAULO RODRIGO BARBOSA

RESENHA DE ARTIGO DE CAPOEIRA

Rio de Janeiro
2022
“Capoeira, herdeira da diáspora negra do atlântico: de arte criminalizada a instrumento
de educação e cidadania.”, de Mônica Guimarães Teixeira do Amaral e Valdenor Silva dos
Santos, fala sobre a força da Capoeira como forma de resistência cultural do negro no Brasil e
sua relevância histórica, passando pelos diversos momentos contextuais onde a Capoeira deixa
de ser crime tipificado no Código Penal Brasileiro para ser um referencial da cultura afro-
brasileira.
O texto nos remete a Capoeira como forma de resposta ao sistema escravagista imposto
pelos colonizadores europeus aos povos de matriz africana, no qual foram sistematicamente
inseridos aspectos da cultura afro em suas práticas e costumes, tomando por exemplo os
cânticos e sua musicalidade. Instrumentos como o berimbau, atabaques, agogô e pandeiro
somam-se as letras que remetem as dificuldades promovidas pela escravização, tornando a
Capoeira uma espécie de memorial concreto da história do negro e de suas lutas, conforme
citação:
Acreditamos que o ritual da capoeira, com suas músicas e
estratégias de luta contra o opressor tenha se constituído em uma forma
de impedir o esquecimento das “formas de representação simbólica da
experiência de desrespeito”, mencionadas pelo autor, as quais, de
acordo com nossa interpretação, foram e continuam sendo a condição
para a construção do sentido de autorrespeito dos afrodescendentes do
país.
No decorrer do texto os autores discorrem sobre diversos processos históricos na
cronologia da história brasileira, como por exemplo as lutas abolicionistas, com agravo para as
graves consequências impostas aos negros devido ao regime escravista e seu impacto ainda nos
dias atuais (tanto do ponto de vista social como cultural). Nesse contexto, as letras das músicas
da Capoeira constituem um registro histórico, riquíssimo em detalhes, de uma época opressora
ao povo negro e também de sua luta para se libertar desse regime que lhe fora imposto. De
modo a exemplificar essa resistência dos negros, os autores citam a questão dos Quilombos,
com muita ênfase ao célebre Quilombo dos Palmares e seu grande líder, o famigerado Zumbi
dos Palmares. Discorrem ainda sobre a importância significativa da oficialização do dia 20 de
novembro como o Dia da Consciência Negra, data marcante no contexto da abolição da
escravatura no Brasil. Em suas canções, a Capoeira fala acerca desse período, ajudando a
disseminar fatos históricos de batalhas travadas entre o Governo e os quilombolas, no que pese
a seguinte citação:
Mestre Valdenor fez uma breve explanação sobre o quilombo dos
Palmares, situado na serra da Barriga, em Alagoas, o mais importante
dos quilombos, que teve como dirigente Zumbi, além de sublinhar sua
repercussão no presente. Disse-lhes, por exemplo, que o Movimento
Negro, conseguiu, após grande mobilização nacional de entidades
culturais e grupos comunitários, oficializar o dia 20 de novembro, data
de aniversário de morte de Zumbi, como Dia da Consciência Negra, que
foi escolhida também para comemorar a Abolição da Escravatura.
Prosseguiu lembrando-os de que o quilombo dos Palmares resistiu por
mais de cem anos às investidas doGoverno, ataques militares de
portugueses, holandeses e senhores de engenho, chegando a ter, em
1670, uma população de 50 mil habitantes. Ele só foi destruído em 1694,
por uma expedição comandada por Domingos Jorge Velho.

Sendo assim, percebo como notória a importância da Capoeira e suas manifestações na


expressão e perpetuação da cultura afro-brasileira. Essa valorização da Capoeira como expoente
cultural perpassa a questão da luta propriamente dita, constituindo um saber fundamental a ser
incentivado e transmitido as novas gerações através da pratica escolar e acadêmica, tendo
enorme contribuição histórico-cultural como patrimônio imaterial.

Você também pode gostar