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Introdução aos Estudos Literários-I

Nome: Belmiro Lourenço Sitoe Curso: Ensino de Inglês – Regime laboral


Actividade - 02 1ᵒ ano

MANIFESTO
1. Enquadramento espaço-temporal do texto.
O texto é próprio da negritude (um movimento literário) que contribui bastante para a luta pela
libertação em África, durante o tempo colonial. Muitos escritores dessa época, tal como: Noémia
de Sousa, José Craveirinha e outros, para o caso de Moçambique, usaram a sua lírica como arma
forte para erradicar a presença colonial, não só, mas também para reconquistar sua ideologia,
cultura e, pôr o ponto final à descriminação racial edificada pelo colonizador.

2. Temática do texto.
-Negritude
Portanto, define-se a Negritude como a reconquista do património cultural, os valores e
sobretudo o espírito da civilização negro-africana ou, como variante (o conjunto dos valores
culturais do mundo negro). A negação, recusa do outro e africanização do ser, são características
da Negritude. Pretendia-se, com isso, relevar e assumir o direito de valorização do negro afro-
americano e a sua cultura.

3. Preocupações levantadas pelo poeta no texto.


No poema, o eu poético reconcilia-se com seu corpo, suas raízes, reivindica seu espaço e suas
tradições. Estão presentes, no texto, alguns pressupostos ideológicos, a saber: o combate à
civilização imposta pelo colonialismo e pelo ocidente e, a valorização do homem da cultura
(história, tradição, religião, línguas, etc.) e da terra moçambicana, designado como ‘’pais’’.
Relativamente à civilização, o poeta manifesta uma evidente descrença, denunciando o quanto é
falso acreditar num desenvolvimento resultante do avanço tecnológico – simbólico, afinal, dessa
civilização europeia que se impõe ao africano. Ora, sabe-se que a Negritude manifesta, ao nível
temático – ideológico, as mesmas marcas do pan-africanismo, como a valorização da geografia,
história, da fauna e flora de África, da antropologia cultural, há, no entanto, a acrescentar que
esta corrente sociocultural e política que é a Negritude, dá sobretudo, ênfase e propõe o
enaltecimento do Homem negro, da sua beleza e força, da sua inteligência e capacidades
humanas e guerreias, valoriza os heróis do continente africano, as suas figuras míticas e
combatentes e assenta, igualmente, num arreigado sentimento anti – colonial.
Iniciando com o próprio título ‘’Manifesto’’, que aborda um discurso poético que se propõe a
manifestar a favor ou contra qualquer coisa. A partir das lexemas ou palavras de origem bantu,
nota-se a identificação e o enaltecimento do homem negro, facto que torna este poema típico da
Negritude tal como dei a referência das suas características.
4. Mitonímia
 É uma figura de linguagem que permite a substituição de uma palavra por outra, quando
há entre elas uma aproximação de sentido, ou seja, a relação de contiguidade entre
ambas.
Exemplo:
Estou a ler ‘’ José Craveirinha’’
Nota: na frase acima, houve a troca da obra pelo autor.
5. Mitonímia identificado no texto.
 A mãe do sujeito negro, portanto, não apenas cumpre uma função metonímica do corpo
do sujeito, mas também a de todos os homens negros, que são ‘’raízes do cosmos’’,
dando a ideia do berço da humanidade.

JAMBUL
1. Enquadramento espaço – temporal
Este poema foi escrito em revolta aos tratamentos desumanos perpetuados pelo colonizador,
durante o tempo de ‘’xibalo’’ em que, moçambicanos, particularmente, os da região sul eram
recrutados ou explorados forçosamente para irem operar nas empresas mineiras sul – africanas
bem como nos serviços públicos do colonizador.
2. Temáticas do texto.
-Negritude;
- Trabalho forçado ‘’Xibalo’’.
3. Preocupações do poeta no poema.
Jambul, figura que leva o título do poema, é considerado um herói que lutou contra a ocupação
de Moçambique.
Na primeira estrofe, temos a construção desse homem que está-se preparando para a guerra,
armado com sua Azagaia (flecha). Neste rito de preparação, Jambul, junto com seu povo, cantou
hinos de guerra. Xigubo é uma dança guerreira feita antes ou depois da guerra tal como vimos no
poema ‘’Sangue da minha Mãe’’, então pode-se inferir que, nos primeiros versos, se está a
dançar algo como Xigubo para que vivam ‘’um clima de exaltação bélica’’.
Na terceira estrofe, há existência da expressão ‘’Mãe está chorar’’ que expressa a dor sentida
pela mãe que é o povo oprimido e, o eu poético por sua vez sugere o parto do terceiro homem
Jambul, revitalizando, no povo oprimido, o espírito de resistência, em recurso à guerra como
sendo a única forma de conquistar a sua independência, resgate dos valores e da identidade do
negro. A dança de ‘’Xigubo’’ referida nos primeiros versos deve servir como inspiração e
exortação para a luta anticolonial. Outro elemento importante é ‘’Azagaia’’ que quando lançado
recorre à violência, o poeta, continuamente, á título do exemplo do Jambul, convida o seu povo a
unir-se para uma luta pela independência, identidade, cultura, tradição e a revalorização da raça
negra.
4.Mitonímia identificado no poema:
 Mãe é a mitonímia usada em substituição do povo moçambicano e da África no geral,
isto é, a substituição de todo pela parte.

MULATA MARGARIDA
1. Enquadramento espaço-temporal
O sujeito poético faz, no texto, uma referência à situação vivida durante o tempo colonial e pós-
colonial, particularmente, em Moçambique.
2. Temáticas do texto:
 O mestiço e a estigmatização;
 A prostituição das mulatas, resultante da discriminação racial e a exclusão social.
3. Preocupações levantadas pelo poeta
Neste poema, percebe-se que a ‘’Mulata Margarida’’ é uma prostituta. Na primeira estrofe,
observamos que o eu poético dá um valor em dinheiro para ter quinze minutos com a mulata. Ela
abortou um filho e pegou a parteira com o relógio suíço do marinheiro inglês, obtido como
pagamento pelo acto sexual. Assim, o eu poético inicia o triste relato a respeito das prostitutas
em Moçambique, como todos sabemos, a referência da por eu poético da ‘’Rua Araújo’’,
tradicionalmente, se concentravam os cabarés frequentados por marinheiros e boêmios.
Margarida é descrita com ‘’cabelo desfrisado com ferro e brilhantina’’, mostrando que ela era
vestida às madeixas. Portanto, a partir dessa descrição o sujeito poético apresenta uma serie de
homens que usufruíam do corpo da mulata; ele mesmo, o marinheiro inglês, o senhor da cantina.
A mulata usa vestido pago pelo senhor da cantina e uma ‘’cinta elástica’’ que ‘suspense o ovário
descaído’’ mostrando que se envolvia com muitos homens.
Urge realçar que o ‘’mulato’’ e ‘’mulata’’ são conhecidos pela sua estigmatização no
Moçambique colonial, tanto por brancos como por negros e, por causa dessa exclusão social,
esses mulatos acabavam por ir parar à marginalidade (prostituição e bandidagem).
4. Mitonímia identificado no texto:
Náilon é a mitonímia usada para referir ao tecido usado em meias femininas, roupas
íntimas, maiôs, biquínis, bermudas, shorts, etc. Isso é o que a Mulata recebia como
pagamento pelo acto sexual.

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