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UNILAB

Docente: Elizia Cristina Ferreira


Discente: Margareth Marilú Moreira Faustino

Atividade de resumo: Roda de samba

O capítulo número III, do trabalho de Pedro Abib intitulado “Capoeira Angola


Cultura Popular e o Jogo dos Saberes na roda”, fala sobre a origem da capoeira e os
diferentes estilos dessa tradição. Nesse sentido, Abib (2017, p.132) começa por afirmar
que no debate acerca da história capoeira, nosso foco ao falarmos sobre a origem dessa
tradição não deve estar na data histórica, mas sim, nas questões que a criaram e que
mantêm viva a tal ponto da expansão que tem nos dias atuais. Desse modo, o autor
destaca que a capoeira teve início no Brasil, entretanto, no que se refere ao fundamento
e ao mito, ela tem origem na África, especificamente em Angola. Por outro lado, Pedro
demonstra o quanto a capoeira tem semelhança com o ritual de passagem feminina
denominado N’Golo, já que esse ritual envolvia luta de pés e também dança.
Assim sendo, Abib aponta o quanto África contribui para a construção de
diversas manifestações afro-brasileiras, no que toca à dança, jogo, música, e brincadeira,
contudo, sem colocar de lado o contributo de outras culturas, demonstrando assim as
distintas contribuições no processo de construção da capoeira, não apenas no sentido
restrito a África. Tendo em conta isso, Abib (2017, p.135) define o conjunto de técnicas
da capoeira como sendo um tipo de dança guerreira, e não apenas como um exercício de
força combinada com destreza. Em contraste com essa definição, o escritor descreve o
quanto o samba partilha do mesmo universo sociocultural com a capoeira, e como as
influências que ambos recebem, as tornam intimamente ligadas, e pelo fato do maior
número de escravos terem vindo do Brasil, percebe-se a herança cultural deste país em
manifestações como a capoeira e o samba.
Slenes se refere ao termo malungo, que identifica como significando
“companheiro de viagem”, para demonstrar os vínculos de solidariedade que se
estabeleciam entre os africanos nos navios negreiros, durante a dura travessia da
kalunga , que significava oceano, mas também podia significar a linha divisória, ou a
superfície, que separava o mundo dos vivos daquele dos mortos; “portanto, atravessar a
kalunga (simbolicamente representada pelas águas do mar) significava ‘morrer’, se a
pessoa vinha da vida, ou ‘renascer’, se o movimento fosse no outro sentido”.id.)....
Conclui o autor que devido à falta de possibilidades de socialização, por parte dos novos
escravos, em relação às suas culturas de origem, esse processo teria facilitado a
“transculturação” entre africanos, ou seja, a superação de fronteiras
étnicas antigas e a formação de uma nova identidade bantu. A capoeira surge
nesse contexto, enquanto mais um elemento agregador entre as diversas etnias africanas
em interação, bem como, enquanto possibilidade concreta de utilização desse
“repertório cultural”, como um instrumento de luta contra a situação de extrema
violência a qual estavam os negros escravos submetidos, e no qual o saber corporal
inscrito em cada perna, braço, tronco, cabeça e pé, podia ser transformado numa arma
eficaz a serviço da sua libertação. Coube ao corpo, único lugar seguro, a herança do que
ficou perdido. O corpo ganha assim, conforme Júlio Tavares (1997), a função de
“arquivo-arma” e, junto da tradição oral, constitui-se em manancial da população afro-
brasileira. Não existiu uma matriz, ou centro irradiador único que pudesse ser
considerado como o local de surgimento da capoeira. Ela brotou espontaneamente e
com formas diferenciadas em diferentes locais pelo país
A origem do próprio termo “capoeira” é objeto de muita polêmica e dúvida.
Rego (1968), ao fazer um apanhado geral sobre as várias versões etimológicas do termo,
sugere três principais: capoeira vem do tupi-guarani caá-puêra, mato que deixou de
existir ou mato fino e ralo. Lugar onde os escravos praticavam essa luta-dança-jogo.
Capoeira era também o nome de um cesto de palha ou vime, que servia para carregar
víveres levados aos mercados pelos escravos, que nas horas de folga, nesses espaços,
praticavam a capoeira, que assim os identificava. E capoeira é ainda, o nome de uma
ave encontrada em várias regiões do país, principalmente sudeste e centro-oeste, cujos
movimentos utilizados em disputas entre os machos da espécie, se assemelham aos
movimentos executados pelos capoeiras. Os primeiros documentos nos quais aparece o
termo capoeira, datam de fins do século XVIII e início do XIX como já visto, no Rio de
Janeiro, e dizem respeito a registros de ocorrências policiais envolvendo escravos em
brigas e desordens pelas ruas da cidade. Esse período histórico e a cidade do Rio de
Janeiro serão contextos emblemático na discussão das origens da capoeira
A capoeira é brasileira ou africana ? É dança ou luta ? Jogo, esporte ou apenas
“brincadeira de negros vadios” ? São dúvidas que persistem há muito tempo, pelo
menos desde fins do século XVIII e início do século XIX, que é quando são encontradas
as primeiras fontes historiográficas específicas sobre a capoeira. Desde então, muitos
têm se arvorado a defender seus argumentos sobre o assunto. Todavia, a “questão do
começo” é para Muniz Sodré (2002) um

A obra de Abib aborda sobre o samba, e como ela foi relacionada com o
conceito de marginalidade. Assim sendo, o autor afirma que desde os tempos antigos o
samba sempre foi um símbolo da identidade brasileira, em especial da afrobrasileira, por
representar a cultura inicialmente dos grupos tidos como minoria. Entretanto, o escritor
aponta que essa manifestação cultural sempre sofreu perseguição e descriminação
política justamente por ser elaborada por pessoas pretas e mestiças. Além disso, o
mesmo descreve que essa perseguição estava relacionada ao racismo presente na
sociedade brasileira, pelo fato de que, esse mesmo produtor do samba era anteriormente
o escravizado que ocupava um lugar de subalternidade. Tendo em conta que essa
manifestação cultural tinha raízes africanas, e estava ganhando espaço e forças, para os
detentores do poder isso passou a ser um problema, logo, essa expressão cultural não
tinha lugar no seio da sociedade elitista se não fosse enquadrada no formato da cultura
europeia. Em virtude disso, as forças políticas tentaram reprimir, controlar e eliminar o
samba, muitas vezes pelo uso da violência; mas ele prevaleceu.

Em seguida, Pedro afirma que foi por essa razão que tanto o samba como os seus
praticantes eram associados à marginalidade, vistos como malandros, pessoas que não
tinham o que fazer, arruaceiros e desordeiros. Todavia, Abib assinala que o samba
possui a mesma significação nos diferentes lugares, ao mesmo tempo que diverge no
que toca à expressão corporal em cada região. Ademais, para Pedro existe o samba
histórico e o gênero musical, em que o samba histórico data desde a época da
escravatura, em contrapartida, o samba estilo musical passou a ganhar visibilidade há
aproximadamente 60 anos atrás, por meio da promoção que os diversos fazedores dessa
arte, oriundos da Bahia para o Rio de Janeiro, fizeram ao longo do tempo no que hoje
chamamos de Pequena África; foi nesse lugar onde o samba como gênero musical,
bem como as rodas de samba se desenvolveram. Abib descreve que as rodas de samba,
têm um caráter religioso, científico e até filosófico, por causa do conteúdo falado,
cantado e expressado corporalmente pelos participantes, seja dentro ou fora da roda,
nessa que é a maior festa comunitária do Brasil.

Em suma, Abib finaliza descrevendo as lutas dos fazedores de samba para se


afirmarem no mercado, a ponto de hoje ser estudado e considerado como patrimônio da
humanidade. Outrossim, ele também traz em sua obra a nova significação do termo
malandro nos dias atuais, dentro do contexto musical. E que a roda deve ser considerada
um outro ambiente de educação, visto que nela ocorre a produção, reprodução e troca de
conhecimento. O autor finaliza sua tese, salientando que apesar de ainda existir
preconceitos contra as artes e os saberes populares, devemos todos nos envolver nessa
luta pela valorização do samba, e de toda produção de cunho acadêmico que se produz
dentro dela.

Referência:
ABIB, Pedro Rodolpho Jungers. Roda de samba: Identidade, resistência e
aprendizagem. [s.n.]: [s.d.]

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