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AO JUIZO DA 01ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA

REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - ESTADO DO PARANÁ.

Autos nº 0066301-56.2010.8.16.0001

CÉLIA REGINA RIBAS CESTILLE; brasileira, casada,


portadora da cédula de identidade nº 6.406.829-6 (SSP/PR),
inscrito no CPF/MF sob nº 921.421.849-87, residente e
domiciliada na Pedro Wiler nº 1041, casa 43, Curitiba,
Paraná; Por meio de seu procurador que esta subscreve,
vem à presença de V. Exa., apresentar:

IMPUGNAÇÃO Á AVALIAÇÃO
Nos autos de CUMPRIMENTO DE SENTENÇA em epígrafe,
proposta por CONDOMINIO PORTAL DE ASGARD , já
qualificado nos autos, o que faz pelos motivos a seguir
expostos:

DO LAUDO DE AVALIAÇÃO

O Laudo de Avaliação juntado ao MOV. 2 32.1 dos presentes autos atribui ao


imóvel objeto da Matrícula nº 76.443, da 08ª CRI de Curitiba, o valor de
R$831.400,00 (Oitocentos e Trinta e Hum Mil e Quatrocentos Reais) .

Ocorre, Excelência, que o referido Laudo não foi subscrito por profissional da
engenharia ou arquitetura, cuja atividade de avaliação imobiliária é privativa,
como preconizam os artigos 7, alínea “c”, da Lei n.º 5194/1996 , abaixo:

“Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto e


do engenheiro-agrônomo consistem em:
(...)
c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e
divulgação técnica;
(...)” (grifo nosso)

E ainda o Art. 2º, inc. VI, da Lei n.º 12.378/201 0, transcrito a seguir:

“Art. 2o As atividades e atribuições do arquiteto e urbanista consistem em:


(...)
VI - vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria
e arbitragem;
(...)” (grifo nosso)
A v. B ra s í l i a , 6 8 2 2 , s a l a s 5 /7 , No vo M u n do , C u ri ti b a , P R
Fo n e : (0 4 1 ) 3 2 6 8 - 3 8 8 8 e m a i l : dpxge s ta o @ gm a i l . co m
Necessario observar, a inda, que nos termos do art. 156, §1º , do CPC/15, o
profissional que atua em processo judicial, como técnico, deve ter formação
científica superior, o que não restou comprovado neste caso.

“Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de
conhecimento técnico ou científico.
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e
os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido
pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.
(...)” (grifo nosso)

Sendo que as jurisprudencias são claras no sentido de não admitir a


avaliação judicial realizada por oficial de justiça. Como no caso em tela.

“ AV AL I AÇÃO . I mó vel ru ral . I mp u g n ação p o r se t rat ar d e aval i ação


f ei t a p o r O f i ci al d e Ju st i ça. Ad mi ssi b i l i d ad e. Necessi d ad e d e
n o meação d e p eri t o co m q u al i f i cação t écn i ca p ara t al f i m, d i an t e
d as evi d ên ci as d o caso co n cret o . E xeg ese d o art i g o 873, I I , d o
CP C. Deci são ref o rmad a. Cu st o d a p erí ci a a ser su p o rt ad o p el o s
execu t ad o s, so b p en a d e man u t en ção d a aval i ação f ei t a p el o
O f i ci al d e Ju st i ça. Recu rso p ro vi d o , co m o b servação . ( T JS P ; AI
2098935- 12. 2021. 8. 26. 0000; Ac. 14756297; S ão Jo sé d o Ri o P ret o ;
Déci ma T ercei ra Câmara d e Di rei t o P ri vad o ; Rel . Des. Heral d o d e
O l i vei ra; Ju l g . 25/ 06/ 2021; DJE S P 30/ 06/ 2021; P ág . 2356) . ” ( g ri f o
n o sso )

“ DI RE I T O P RO CE S S UAL CI V I L . RE CL AM AÇÃO . T E S E . JUL G ADO


DE S CUM P RI DO . AÇÃO DE DE S AP RO P RI AÇÃO . P E RÍ CI A T É CNI CA.
NE CE S S I DADE . P RO F I S S I O NAL . F O RM AÇÃO UNI V E RS I T ÁRI A. ART .
145 DO CP C. ART . 12, § 3º, DA L E I Nº 8. 629/ 1993. DE CI S ÃO
RE CL AM ADA. NO M E AÇÃO . P E RI T O JUDI CI AL . CO RRE T O R DE
I M Ó V E I S . DE S CUM P RI M E NT O CO NF I G URADO . 1. A t ese f i rmad a n o
j u l g amen t o d o AG 1. 334. 673/ E S co n f i rma a i l eg al i d ad e p ri ma f aci e
d a d esi g n ação d e co rret o r d e i mó vei s p ara p ro ced er a p erí ci a
j u d i ci al em ação d e d esap ro p ri ação , n a f o rma d o art . 145, §§ 1º a
3º, d o CP C, e d o art . 12, § 3º, d a L ei n º 8. 629/ 1993, à mí n g u a d e
q u al i f i cação em en si n o su p eri o r. 2. A d eci são j u d i ci al q u e, a
d esp ei t o d a cl arez a d esse co man d o j u d i ci al , p ro ced e à n o meação
d e p eri t o j u d i ci al so b re co rret o r d e i mó vei s, em q u e p ese n ão
co n f i g u rad a a exceção p revi st a n o § 3º d o art . 145 d o CP C,
d escu mp re o t eo r d o ref eri d o j u l g ad o . 3. Recl amação p ro ced en t e.
( S T J; Rcl 7. 277; P ro c. 2011/ 0269859- 0; E S ; P ri mei ra S eção ; Rel .
M i n . M au ro Camp b el l M arq u es; DJE 05/ 12/ 2013) . ” ( g ri f o n o sso )

No caso dos autos, isso não ocorre e confronta diretamente no resultado da


análise, pois o laudo apresentado sequer observa os requisitos mínimos
estabelecidos pelas normas técnicas, como indicação das amostras utilizadas,
interferências estatísticas, exclusões, modelos, etc., que possibilitem
averiguar com clareza a correção do valor apontado.

Para que seja possível aferir com precisão o resultado da avaliação, o técnico
necessariamente deve indicar com clareza :

1) quais amostras foram de fato empregadas;


2) quais amostras foram descartadas e sua razão;
3) quais as variáveis utilizadas e sua razão;

A v. B ra s í l i a , 6 8 2 2 , s a l a s 5 /7 , No vo M u n do , C u ri ti b a , P R
Fo n e : (0 4 1 ) 3 2 6 8 - 3 8 8 8 e m a i l : dpxge s ta o @ gm a i l . co m
4) quais os cálculos efetuados quanto às variáveis empregadas e a sua
justificativa.

Sem isso, é impossível avaliar detidamente o documento que deve ser


eminentemente técnico. Assim, frente à inobservância de tais requisitos, cabe
a presente impugnação, nos termos do art. 917, §1º, do CPC/15:

“ a i n co rreção d a p en h o ra o u d a aval i ação p o d erá ser i mp u g n ad a


p o r si mp l es p et i ção , n o p raz o d e 15 ( q u i n ze) d i as, co n t ad o d a
ci ên ci a d o at o ” . ( g ri f o n o sso )

Ademais, há se ressaltar que o laudo apresentado sequer observa o disposto


nas normas aplicáveis, quais sejam: ABNT NBR 14653-1 e 14653-2, no que se
refere à avaliação de imóveis urbanos.

DO PEDIDO

Destarte, diante do exposto, requer seja recebida a presente impugnação à


avaliação, bem como que a avaliação do imóvel seja realizada por profissional
da engenharia ou arquitetura, nos termos dos artigos 7, alínea “c”, da Lei n.º
5194/1996, e 2º, inc. VI, da Lei n.º 12.378/2010 .

Deste modo, requer que o laudo observe a norma de regência para avaliação
de imóvel urbano, tal como indicado, apontando adequadamente as amostras
utilizadas e descartadas, dando vistas posteriormente às partes, para se
tornar possível a adequada a impugnação.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Curitiba, 18 de Abril de 2023.

LEOBERTO ESMERIO PEREIRA


OAB/PR 24.556

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