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Esta confluência de influências corporificou-se na pessoa de seu principal líder, Luís Carlos Prestes, capitão
do Exército Brasileiro e líder tenentista convertido ao comunismo, que dirigiu o levante — à revelia da
liderança formal do Partido Comunista Brasileiro, e em articulação direta com a direção da Internacional
Comunista, que mantinha junto a Prestes um grupo de militantes comunistas internacionais, composto pela
companheira de Prestes, a alemã Olga Benário, além do argentino Rodolfo Ghioldi, o alemão Arthur Ernest
Ewert, Ranieri Gonzales e alguns outros militantes ligados ao Comitê Executivo da Internacional
Comunista (CEIC).
Num primeiro momento, Prestes parecia considerar que o programa nacionalista da ANL seria capaz de
permitir-lhe impor-se como um movimento de massa legal, capaz de atrair apoio tanto entre a classe
operária e o campesinato como também entre a burguesia "progressista" de tendências anti-imperialista e
antifascista — para depois, quando o governo Getúlio Vargas declarou a aliança ilegal — com o apoio da
burguesia e da classe média, que temiam a infiltração comunista no movimento — optar, com o apoio do
CEIC, por uma ação revolucionária concebida em termos de uma mera ação militar.
(...) A situação é de guerra e cada um precisa ocupar o seu posto. Cabe à iniciativa das
próprias massas organizar a defesa de suas reuniões, garantir a vida de seus chefes e
preparar-se, ativamente, para o assalto.
(...) A idéia do assalto amadurece na consciência das grandes massas.
(...) Abaixo o fascismo! Abaixo o governo odioso de Vargas! Por um governo popular
nacional revolucionário. Todo o poder à Aliança Nacional Libertadora.[7]
Após a publicação do manifesto, o governo extinguiu a ANL, nos termos da Lei de Segurança Nacional,[8]
no dia 11 daquele mesmo mês.[9]
Eclosão
Prestes estabelecera que a rebelião deveria começar na madrugada do dia 27 de novembro de 1935.
Contudo, por motivos locais, ela teve de começar mais cedo no Rio Grande do Norte e em Pernambuco.[5]
O levante eclodiu em pontos esparsos do território nacional, a saber:[1]
Em Natal
A insurreição comunista começou no Rio Grande do Norte. Ela
derrubou o governador Rafael Fernandes Gurjão, que teve de se
asilar no Chile. O estado ficou por três dias com o comitê popular
revolucionário no poder. Pode-se dizer que foi esse o primeiro
governo comunista que conseguiu se instalar no país, e o primeiro
na América do Sul.[6] A revolta teve fim quando constatou-se que
1) nenhuma guarnição importante havia aderido à insurreição, 2)
que em Pernambuco o movimento havia sido sufocado e 3) que o
20º batalhão de caçadores de Alagoas e a polícia paraibana se
Fachada do Quartel do Regimento
preparavam para invadir o Rio Grande do Norte. Os rebelados,
Policial de Natal cravada de balas
então, fugiram de Natal, para serem capturados mais tarde pela pelos soldados do 21º B.C e pelos
polícia. O total de mortos não chegou a 20.[5] civis comunistas, no contexto do
levante de 1935.
Em Pernambuco
Dos três levantes, o de Pernambuco foi o mais violento. No dia 24, registraram-se movimentações em
algumas cidades do estado. Civis armados fizeram ataques contra delegacias de polícia de Olinda e no
Recife. Parte da guarnição do 29º batalhão de caçadores se revoltava, junto com uma tentativa de levante
na 7ª. Parte dos comunistas foram para Jaboatão, onde libertaram os presos de uma cadeia. No Largo da
Paz, em Recife, rebeldes instalaram metralhadoras no topo da torre da igreja, a fim de atirar contra os
legalistas. Tinham por objetivo conquistar o centro da capital.[5]
O ataque aos rebeldes foi comandado pelos capitães Malvino Reis Neto e Afonso de Albuquerque Lima,
com o apoio do 20º e do 22º batalhão de caçadores. O tiroteio no Largo da Paz durou 28 horas. Os
comunistas, depois disso, começaram a recuar, fugindo para o interior do estado. Somente nos combates do
Recife, 720 pessoas morreram.[5]
No Rio de Janeiro
O episódio mais dramático do levante comunista foi a tentativa de conquistar o Regimento de Aviação no
Campo dos Afonsos, à época integrante do exército (a Força Aérea Brasileira só seria criada em 1941),
visando obter aeronaves para bombardear a cidade do Rio de Janeiro.
As unidades legalistas da Vila Militar, conseguiram instalar peças de artilharia para bombardear a pista e
evitar que aviões decolassem. O assalto final foi realizado com uma carga de infantaria com apoio da
artilharia, que retomou as instalações revoltadas.
Resultados
O historiador Rodrigo
Trespach salientou a falta de
apoio popular do movimento e
a forte presença dos militares (e
não, como se poderia esperar
de um movimento comunista,
dos operários):
Os comunistas não
conseguiram apoio
popular, reunindo
menos de 2 500
pessoas nas três
cidades [em que
ocorreram os
levantes]. Ainda
que o número
possa ser maior, já
Monumento aos mortos na Intentona Vista lateral do Monumento.
que outras 1 420
Comunista, do Rio de Janeiro.
foram presas em
outros estados por
estrarem
supostamente
relacionadas ao
levante, o
movimento de
novembro nem de
longe mobilizou
"as grandes
massas proletárias"
que formariam a
revolução socialista
no Brasil. O que de
fato aconteceu foi
mais uma
quartelada na
história brasileira.
No Rio de Janeiro,
dos 838 indiciados,
65% eram militares
e apenas 9%,
operários.
— Trespach, Rodrigo
(13 de maio de
2021). A Revolução
de 1930: O conflito
que mudou o Brasil
(https://books.google.
com.br/books/about/
A_Revolu%C3%A
7%C3%A3o_de_193
0.html?id=1cEoEAA
AQBAJ). Rio de
Janeiro: Harper
Collins. p. 183
Uma vez reprimido e derrotado, o movimento foi submetido a intensa desmoralização — a começar pelo
nome pejorativo e desqualificante que recebeu ("Intentona", ou "intento louco") — por parte das cúpulas
militares; como lembra o militar esquerdista Nelson Werneck Sodré nas suas memórias, a participação
intensa de oficiais e suboficiais nas fileiras dos insurretos alertou o exército para a necessidade de cerrar
fileiras ideológicas, e de expurgar "influências exógenas" no interior da oficialidade militar nas três décadas
seguintes. Tal cisão ideológica viria a expressar-se nas disputas políticas no interior do Clube Militar da
década de 1950, na Revolta dos Sargentos da década de 1960, e daí até o Golpe de 1964, após o qual
quaisquer traços de esquerdismo organizado foram eliminados das fileiras militares.
A repressão ao movimento permitiu que o Congresso Nacional decretasse o Estado de Guerra, com uma
erosão decisiva nas liberdades e garantias individuais liberais-democráticas, o que preparou o caminho para
que Getúlio Vargas decretasse o Estado Novo em 1937, reforçado pelo chamado Plano Cohen.
Ver também
Aliança Nacional Libertadora
Lutas e revoluções no Brasil
Referências
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_modifiedfrom%3D%26_3_formDate%3D1430518062933%26_3_modified%3D&inheritRed
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a Guerra Fria em Google Books (https://boo d=0CDkQ6AEwAA)
Ligações externas
Militar que participou da Intentona é reincorporado (http://conjur.estadao.com.br/static/text/36
180,1)
Os 104 anos de um sobrevivente da Intentona (http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/01/09/
os-104-anos-de-um-sobrevivente-da-intentona-915497190.asp)
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Intentona_Comunista&oldid=67028826"