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Futuro

Tensionado
No One EDIÇÃO 2023
Bem-vindos ao
Futuro Tensionado

Vivemos hoje um erro de design.

Foi com essa frase que iniciamos a primeira edição deste report, lançado em abril
de 2020.

Vivíamos o primeiro grande momento de acomodação à pandemia que


transformou as nossas vidas e tínhamos convicção que muitos dos modelos,
hábitos e normas culturais que moldavam nossa forma de viver, de trabalhar e de
nos relacionar não seriam capazes de dar conta do momento que atravessávamos.
Mais do que isso, sabíamos que muitos destes modelos já estavam defasados
muito antes disso e tínhamos - temos - a certeza de que é possível desenhar
melhor. 



De lá pra cá, além de uma pandemia e do isolamento (ou reconexão?) provocado


por ela, nos vimos polarizados por assuntos como web3, inteligência artificial,
privacidade, política, e até mesmo ciência. E sentimos que a conta chegou,
estamos à flor da pele. Sentimos um grande holofote voltado para nossa saúde
mental e, ao mesmo tempo em que estamos mais atentos aos limites do nosso
corpo e do que queremos para nossas vidas, nos damos conta de que a máquina
não pára e a pressão é constante.

Será que, neste tempo, aprendemos a desenhar melhor?

Diminuímos o gap entre o que gostaríamos de experienciar e o que estamos


de fato experienciando?
É hora de desenhar melhor

Precisamos evoluir juntos para que possamos desenhar melhores

soluções, serviços e produtos, que respondam a demandas cada vez mais

agudas de um mundo que muda mais rápido do que nossa capacidade de

processamento individual e coletiva.

Este report é uma plataforma para seguirmos contribuindo com esse

desenho, abrindo para nosso mercado e comunidade uma síntese dos

estudos, pesquisas e discussões que normalmente ficam restritas à nossa

equipe e aos nossos clientes.

Futuro Tensionado é um report independente e 100% financiado

pela No One e publicado sob o princípio de Open Research.


Por que tensões? Em 2020, ficamos suspensos de nossas rotinas e buscávamos entender o que o futuro nos reservava. A
aparente inércia do tempo não se traduzia no que sentíamos - observamos oposições se formando,
movimentos divergentes e simultâneos de comportamentos. O mapeamento das tensões não traz
respostas, mas nos permite refletir juntos sobre possibilidades de navegação dentro das polaridades.



Revisamos o conteúdo produzido pelos principais think tanks sobre as mudanças de comportamento das
pessoas, analisamos o posicionamento de marcas dos mais diferentes segmentos e, sobretudo,
investigamos o que tem sido debatido nas rodas presenciais e virtuais para criar um resumo das principais
tensões que têm pautado o debate. 



Para esta edição, revisitamos tensões já conhecidas, evidenciando se neste intervalo elas penderam para
algum dos pólos ou se encontraram um caminho do meio. Apresentamos também duas novas tensões
observadas - resultado desses anos de intensa transformação cultural, social e tecnológica.



Preferimos não acreditar em futuros distópicos ou utópicos, mas sim em protopia, certos de que
somos atores fundamentais no desenho do futuro que desejamos e que temos capacidade de influenciá-lo.
A partir das tensões, podemos refletir sobre o futuro que queremos desenhar. Vamos juntos?
Isolamento Fisicalidade Assíncrono Confiança O pequeno

O desejo pela reconexão (e a O físico e o virtual


Conscientes, porém ainda Confiamos, mas mantemos Escolhemos pelo que

distância que ainda existe) estão em simbiose sem um guia de boas práticas um olho aberto cabe no bolso

Reconexão Virtualização Síncrono Desconfiança O grande

TEN TEN
VA S VA S

NO

NO
Ã

Ã
O

O
Novos Hábitos Produtividade Silêncio Apego ao passado Natural

Corpo são,
Na busca por uma nova O reino do caos (e a busca A curiosidade se torna
O jogo de espelhos

mente ansiosa relação com o trabalho por silêncio interno) uma habilidade valiosa entre natural e artificial

Novos Vícios ócio Caos Receio do futuro Artificial


ISOLAMENTO Reconexão
O desejo pela reconexão

(e a distância que ainda existe)

Reconexão

Com a pandemia, fomos forçados a nos isolar e encontrar

novas formas de estabelecer relações. Anos depois, podemos

dizer que ainda estamos nos testando em relação à melhor

forma de nos conectarmos. Ao mesmo tempo em que as

redes sociais potencializam a solidão (ter muitos amigos

versus não ter realmente nenhum), já entendemos o quanto a

natureza humana depende da conexão para se manter sadia.


O relacionamento com a vastidão
Se de um lado vemos a (re)conexão social assumindo novas formas, o isolamento nos colocou
frente a clássicos dilemas humanos: o quão pequenos somos neste mundo?

De acordo com relatório da Meta, estamos expandindo nosso relacionamento com o céu seja por
motivos científicos, seja por motivos espirituais. O relatório mostra um aumento de geração de
conteúdo sobre assuntos como ciência planetária e astrologia chinesa.

Impulsionados pela impossibilidade de nos conectarmos com outras pessoas, vimos a oportunidade
de conexão com a natureza de novas formas: assistir aos pássaros pela janela, fazer uma trilha ou
um piquenique no parque. Segundo pesquisa do governo britânico, 68% das pessoas disseram que
estão tendo mais tempo para se conectar com a natureza no dia a dia, o que inclui ações como
ouvir os pássaros e assistir a borboletas.

Americana comprou
uma ilha remota no
Maine para morar
sozinha durante um
período do ano.

The New York Times


Mudamos para onde a câmera está
apontada Nos últimos anos, reviews de produtos
Em tempos de reinvenção de como nos conectamos na Shein ganharam destaque, com
digitalmente, vemos o reforço do poder das comunidades. usuários comuns não se limitando ao
A tendência de gerar comunidades ao redor de marcas e tentar ajudar outros consumidores que
apostar no vínculo afetivo das pessoas não é novidade, desejam comprar. As reviews inusitadas
mas a vida cada vez mais online potencializa a chegam a ser engraçadas, e ao mesmo
possibilidade de conexão ao redor do globo, unindo tempo geram uma sensação de
grupos em prol de uma causa única (ou de uma marca).
comunidade.
Segundo pesquisa da Accenture, as pessoas querem
comprar produtos e serviços baseados nas
recomendações de pessoas em que elas confiam –
podem ser familiares, amigos e comunidades, e também Em um lado negativo, enxergamos o poder das
influencers considerados autênticos que elas sigam nas comunidades quando usuários do Reddit —
redes sociais.
em protesto pela mudança na política de
cobranças por APIs da plataforma — fecharam
Esse movimento resultou em uma nova onda nas redes a maioria de suas comunidades para acesso
sociais de conteúdos gerados por usuários (mais comum público. Esse blackout da plataforma afetou
em inglês: user-generated content, ou UGC), em que inclusive a qualidade das respostas das buscas
produtos são testados em contexto de vida real, sem o no Google. Se o usuário domina as narrativas
dilema de uma review financiada pela empresa. dos produtos, a ele tudo pertence?
Fisicalidade virtualizaçÃo
O físico e o virtual
estão em simbiose

Híbrido
Se em 2020 a necessidade de isolamento colocou a nossa
presença física em xeque — forçando uma virtualização
apressada do mundo —, em 2023 enxergamos um caminho
do meio: o híbrido. A relação de simbiose está longe de ser
bem desenhada, mas a mistura entre presencial e virtual é
definitiva. Hoje, não se consegue mais separar o físico e o
digital, estamos vivendo dentro de um espectro figital.
O digital catalisando o físico — e vice-versa.

Em 2021, em um estudo autoral da No One sobre o figital, afirmamos: 


“A pandemia também acelerou a demanda por entregas cada vez mais rápidas. 


E, novamente, isso faz com que a troca entre on e off fique cada vez mais

naturalizada. Tudo em prol da conveniência.” O híbrido — a interação entre físico 


e virtual — precisa fazer sentido para o usuário e entregar valor.

Com a necessidade de redução do toque físico que vivemos nesses anos de

pandemia, vimos o digital substituir o físico em diversos momentos: o e-commerce

tomando o lugar da loja física, o WhatsApp ao invés do balcão do mercado e até o

PIX se impondo em relação ao dinheiro físico. Muitas dessas trocas trouxeram

agilidade, segurança e conveniência para as pessoas, mas nem tudo são flores.

Tido como um dos grandes vilões pós-pandêmicos, o cardápio em QR Code é um

bom exemplo de como nem sempre o digital é melhor do que o físico. No texto

“Cardápios em QR Codes são a morte da civilização” para o Washington Post, a

jornalista Helaine Olen descreve como o cardápio físico é um artefato importante

para a experiência de jantar fora:

“já passamos tantas horas por dia olhando para a tela do computador e outras

tantas para a tela do celular, por que não usar o cardápio como uma forma de

escape desse mundo digital? Além disso, um cardápio impresso pode se tornar um

artefato que estimula a interação entre as pessoas. O fato é que nem sempre a

conveniência está na tela dos nossos smartphones.”


Estamos mergulhando
na era da imersão?
Com o anúncio do Apple Vision Pro em junho deste ano, temos
mais uma gigante na discussão sobre spatial computing, e as
possibilidades para sua utilização já são muitas. Nesse contexto,
utilizar óculos como forma de imersão em uma realidade virtual é
um conceito que vem crescendo nos últimos anos.

Se tratando de experiências imersivas, o renomado V&A Museum


de Londres revelou em 2021 a exibição “Curious Alice”, em que os
visitantes podiam explorar o mundo criado por Lewis Carroll no
clássico da literatura “Alice no país das maravilhas”. Produzido em
parceria com um estúdio de games, a experiência virtual permitia
a imersão em um mundo criativo que, de outra forma, estaria
somente em nossas telas ou imaginações.
CONFIANÇA
ASSÍNCRONO DESCONFIANÇA
SÍNCRONO
Conscientes, porém ainda
sem um guia de boas práticas

DISPONIBILIDADE
Ganhamos maior consciência do quanto nos custa estar nos lugares, e nos
tornamos mais criteriosos com a nossa presença — seria ela um novo artigo
de luxo? O mesmo aconteceu com nosso cuidado de como queremos ou
não gastar nosso tempo. Junto a tudo isso, ainda temos importantes
conflitos em relação à necessidade de ter ou não respostas imediatas e
descobrimos um novo mal da civilização: o excesso de reuniões.
SHOPIFY E SUA 
 NATURALIZAÇÃO DO
CALCULADORA DE REUNIÕES CONCEITO DE BATERIA SOCIAL
“Excluímos 332.000 horas de reuniões”, disse orgulhosamente
o diretor de operações da Shopify, Kaz Nejatian. Uma empresa
que tem 10.0000 funcionários remotos. Um bot entrou nos
calendários de todos e eliminou todas as reuniões recorrentes
com três ou mais pessoas, devolvendo tempo para todo
mundo. Os funcionários foram instruídos a esperar duas
semanas antes de adicionar qualquer coisa em seus
calendários e a serem "muito, muito críticos" sobre o que
traziam de volta. Além disso, eles deveriam evitar as quartas-
feiras. Nejatian diz que 85% dos funcionários estão cumprindo
sua política de "sem reuniões às quartas-feiras".
Outra ação foi o lançamento de uma ferramenta para ajudar
outras empresas ver quanto as reuniões inúteis estão
custando.
Memes e até acessórios
tem surgido como uma
A extensão Shopify Meeting Cost Calculator mostra o custo forma divertida de lidar
estimado de suas reuniões usando dados baseados em com nossa
remuneração média, número de participantes e duração. disponibilidade.
CONFIANÇA DESCONFIANÇA
Confiamos, mas mantemos
um olho aberto

CINISMO

Se em 2020 intensificamos nosso questionamento da

integridade de instituições e marcas, em 2023 estamos

resignados a esperar a dubiedade dessas entidades. Não é

um pessimismo que desacredita nas instituições de forma

anárquica, mas também não é uma confiança cega.


“Na economia do
conteúdo, atenção
traz capital — não
moralidade” 

SEM EXPECTATIVAS COM AS MARCAS –MJ Corey
Mesmo após cancelamento,
influencer bate 194 mil vendas Uma parte disso é porque o público
O cancelamento ou a exaltação de marcas e pessoas vêm no site durante o período de
uma live e tatua faturamento “Hoje, a reputação está
também está cansado da cultura do
cancelamento. A estratégia funciona
acompanhados de um pé atrás por parte da sociedade.
de 59 milhões de reais. acabada, mas entra o espaço
para a redenção.”
porque se alia com o sentimento do
público.
Passamos a não nos surpreender com as ações das Link para a matéria
Link para a matéria Link para a matéria
marcas. Se algo imoral é feito, ninguém esperava menos.
Se algo de positivo é realizado e divulgado, o teto de vidro
torna-se muito fino. O PODER DA VOZ HUMANA
Vimos desde 2020 uma valorização da reivindicação de
direitos, tanto na esfera coletiva quanto individual.
A Shein consegue ser gigante,
barata e sustentável ao mesmo
tempo?
Fenômeno do TikTok e de
O TikTok e a Geração Z fizeram da escolinhas norte-americanas, "The
varejista de moda a mais valiosa do Boundary Song”, ou A música dos
mundo. Agora, a mesma geração limites, tornou-se um jeito divertido
cobra uma resposta para a e fácil de ensinar as crianças a
emergência climática, sem deixar comunicarem de forma clara
de consumir. quando algo está passando dos
“Os atores de Hollywood se uniram aos seus limites.


Link para a matéria roteiristas no que pode ser a maior
greve na história da indústria. A revisão ”Minha filha aprendeu a cantar uma
dos contratos — que envolve canção quando está desconfortável
atualização de ganhos, – queria eu conseguir me impôr de
regulamentações de streaming e limite forma tão eficiente.”

do uso de inteligência artificial — é The Telegraph


algo totalmente novo para os
profissionais.”
@peanut no tiktok
Omelete
O Pequeno O Grande
Escolhemos pelo
que cabe no bolso

conveniência
Se durante o período de lockdown o movimento de apoiar os
pequenos negócios significou a sobrevivência dos mesmos,
em um contexto com a escassez de recursos financeiros e
uma constante instabilidade no cenário econômico o que é
mais barato (e mais rápido) acaba prevalecendo. E de lá pra
cá, a crise atingiu os grandes também.
As gigantes na berlinda
Americanas, Tupperware, Tok&Stok, Amaro, Livraria
Cultura, Marisa — não foram poucas as marcas que
pediram recuperação judicial ou falência em 2023.
Hiperlocal como uma
Problemas de gestão e falta de transparência manifestação de conveniência 

começam a ser questões mais disseminadas por (e, talvez, menos como uma bandeira)
corporações que até então serviam de exemplo. De acordo com a eMarketer, 58% dos adultos se
tornaram menos leais a uma marca devido ao
As gigantes querem aumento dos custos. Os consumidores também têm
ser mais gigantes pesquisado muito mais antes de apertar o botão.

Mesmo com a alta concorrência, players consolidados Dados do Amazon Conecta, evento da empresa para
como Amazon e TikTok têm conseguido surfar entre empreendedores de e-commerce, mostram que 99%
todas as gerações e são os ambientes preferidos do dos 50 mil vendedores parceiros são pequenas e
público para receber anúncios. No Reino Unido, o médias empresas, que geram 54 mil empregos diretos
TikTok lançou seu primeiro e-commerce, chamado de e indiretos no Brasil. O digital tem crescido, mesmo
“Trendy Beat”. A ideia é aproveitar o hype de produtos entre os pequenos negócios, e a conveniência ganhou
que aparecem no feed e oferecê-los diretamente aos espaço — tanto pela facilidade quanto por questões
usuários. A Amazon teve em 2023 o melhor Prime Day financeiras.
de todos os tempos e conquistou inclusive os jovens,
devido à sua maior presença nas mídias sociais,
especialmente no TikTok.
novos hábitos Novos vícios
Corpo são,

mente ansiosa

Novos vícios
A sensação na pandemia era a de que sairíamos dela sendo
melhores pessoas, cozinheiros e atletas, entre outras tantas
habilidades que desenvolveríamos. No entanto, a realidade do
que significa realmente mudar um hábito se mostrou muito mais
desafiadora. Nem tudo foi perdido — saímos com a certeza de
que precisamos cuidar tanto da nossa saúde mental quanto do
bolso. Ao mesmo tempo, somos a nação mais ansiosa do mundo.
Saúde mental é sobrevivência Finanças pra que te quero
Se depender da nova geração, a terapia vai estar As pessoas estão mais preocupadas com seu
cada vez mais em dia. Segundo o relatório do futuro financeiro. Em uma pesquisa da Meta, o
Pinterest, os Millennials e a Geração Z estão termo “inteligência financeira” cresceu 142% no
pesquisando novas formas de cuidar da saúde mundo e 31% no Brasil. Um outro dado do Will
mental e mapear seus sentimentos e fazem Bank reporta que sete em cada dez brasileiros
crescer termos como: “terapia da escrita” e descrevem suas vidas financeiras com discursos
“musicoterapia”. Além disso, as pessoas estão negativos, representando 47,3%, ou discursos
buscando conteúdos que servem como uma neutros, com 24%. Também vemos uma
extensão dos consultórios: “o número de ascensão de conteúdos e produtos voltados
publicações no Instagram mencionando terapia para finanças femininas.
aumentou em mais de 53 vezes ao longo de um
ano”.

Levantamento da Hibou, empresa de pesquisa e insights de mercado,


aponta que 56% dos brasileiros não ficam longe do celular por mais
de uma hora.
CONFIANÇA
PRODUTIVIDADE DESCONFIANÇA
ÓCIO
Na busca por uma nova
relação com o trabalho

Produtividade
Se a pandemia nos obrigou a revisitar nossa relação com o
ócio, hoje estamos passando a limpo nossa relação com a
produtividade. E, dentro disso, as respostas ainda estão em
construção. A engrenagem é tão complexa e pessoal que
ainda não conseguimos chegar em um senso comum de qual
é o melhor caminho.
Home Office no cabo de força O novo ócio criativo
O trabalho remoto é um tema que rapidamente gera polarizações. Na década de 90, o sociólogo italiano Domenico De Masi criou o
As pesquisas mostram que enquanto as empresas estão conceito de ócio criativo, valorizando que o “fazer nada” é uma
retomando o trabalho presencial, os profissionais preferem o forma de encontrar um equilíbrio entre trabalho e lazer, e nos
modelo home office. Em 2021, eram 55,5% profissionais no home permite ser mais produtivos, criativos e felizes. Em seu novo livro,
office, e em 2022, esse número caiu para 34,1%. O trabalho O Trabalho no Século XXI, aborda que precisamos nos
híbrido também está diminuindo. O JP Morgan encerrou a jornada reeducarmos em relação ao trabalho, ainda mais porque entramos
híbrida e vai retomar o trabalho presencial de 5 dias na semana em uma era em que crescimento econômico e desemprego
(por enquanto para as lideranças). Para eles, a aproximação das andarão juntos, já que produziremos mais com cada vez menos
pessoas é essencial para cultura da empresa. Em contrapartida, contribuição humana.
vão investir em uma nova sede, que terá salas de ioga, ciclismo,
espaços de meditação e uma abundância de áreas livres e Quiet Quitting > 'Loud Quitting'
repertório de última geração. As expressões são importantes ilustrações do momento em que
vivemos. Após a pandemia, falávamos em "desistir silencioso" —
pessoas que já estavam mais fora da empresa do que dentro, só
não tinham avisado seus chefes. Agora, já se fala em “desistir em
voz alta”, tendência caracterizada por funcionários se desligarem
ativamente de seus empregos e expressarem abertamente seu
descontentamento.
Silêncio CAOS
O reino do caos (e a busca

por silêncio interno)

Caos

Durante a pandemia fomos forçadamente “reapresentados”

ao silêncio, mas atualmente parece que se vive um rebote do

caos. Como sociedade, vivemos um reconhecimento coletivo

da falta de controle: um infinito de informação no qual é difícil

saber no que confiar, um futuro climático que impõe crises no

presente, uma promessa de caos futuro e uma sensação ainda

maior de permanente impermanência econômica e política.


Silêncio consciente #silentwalk
A nova # do TikTok acumula quase
400.000 visualizações, com usuários
incentivando outras pessoas a O som do silêncio
aproveitar uma caminhada silenciosa.
O desafio é passear ao ar livre sem O ecologista acústico norte-americano Gordon Hempton
ouvir música ou podcasts e sem falar passou mais da metade da sua vida viajando a lugares
com ninguém. É tudo uma questão de inóspitos e registrando os sons mais raros que ouvia na
focar na conexão mente-corpo- natureza. Para ele, “o silêncio não é ausência de som, mas
natureza e mover-se sem distrações. uma presença, aquilo que se escuta quando cessam os ruídos
e barulhos gerados pelo ser humano”.

Caos com hora marcada


Objetos antigos como televisões de tubo, caixas de som e leitores “Para se tornar
de CD ultrapassados encontraram uma nova utilidade em salas um ouvinte
conhecidas como "salas da raiva". Nesses locais, os clientes têm a melhor, todos os
oportunidade de liberar o estresse e a frustração ao literalmente caminhos levam
destruir esses aparelhos. Empreendedores têm criado essas salas ao silêncio” 

como válvulas de escape para aqueles que se sentem –Gordon Hempton
sobrecarregados pelo estresse cotidiano.
Apego ao
 receio do
passado futuro
A curiosidade se torna
uma habilidade valiosa

CURIOSIDADE
A oportunidade de olhar tanto para o passado quanto para o futuro de forma
atenta e carinhosa nos atravessa todos os dias: tanto como indivíduos quanto
como sociedade. Navegamos entre resgatar passados nostálgicos e aceitar
nossa responsabilidade de co-criação do futuro, por mais incerto que seja.
APEGO AO PASSADO
O apego ao passado se uniu à
cultura do conforto que marcou
os últimos anos e continua a
pipocar em nossas telas.

Parte da cultura retrô atual é anemoia – nostalgia


por uma era que você não viveu –, como, por
exemplo, a Hailey Bieber obcecada pelos anos 90
quando sua certidão de nascimento diz 1996.

“Esse estado mental nostálgico foi


ampliado e acelerado para uma geração
que viveu (e vive) momentos turbulentos.”

The Revival Spiral - The Face

A Geração Z trouxe os anos 90 de


volta porque parece impossível
crescer nessa economia.

Insider

“A Indústria Fonográfica Britânica (BPI) reportou


que a venda de fitas cassete aumentou nos
últimos 10 anos no Reino Unido, apesar do
número ser pequeno comparado ao vinil.”

Rolling Stone

Por que a Moda e Hollywood


são obcecados com o futuro.
Elle UK

“É o fim da internet
como conhecemos”
Amy Webb

Forbes

“Considerando o presente e toda a sua


tediosa e previsível impresivilidade, e se
você pudesse imaginar um futuro
diferente, que parece perfeito?” 

Julien Dossena

RECEIO DO FUTURO
A sociedade investe energia em conhecer e se
preparar para um futuro específico ao invés de
aprender a navegar na incerteza e se colocar
como arquiteto desse futuro.
E é possível questionar também o etarismo, que esconde um
imenso medo de envelhecer e tem sintomas profundos na
cultura de hoje. Parte desse medo se apoia muito no fato de
que envelhecer no Brasil não é igual pra todo mundo.
O MELHOR DE CADA GERAÇÃO
A presença ativa e simultânea (na mídia e na sociedade) de três
gerações gera discussões públicas sobre valores e trabalho, e
sobre o que significa, afinal de contas, envelhecer.

Será que as afinidades a um passado têm a ver com o seu valor


para o mundo coletivo ou se apoiam na nostalgia de um
momento que não teremos de volta como indivíduos? “Palavra 'velho'
virou 'pesadelo' que
reforça medo da
”...momento em que eu era jovem, que eu podia sonhar, que eu sorte que é
tinha toda uma vida pela frente — em que as coisas tomaram um envelhecer, diz
certo desenlace”
 especialista.”

–Christian Dunker Folha de São Paulo

@kyliejenner no tiktok
VALORIZAÇÃO DE NOVAS HABILIDADES Armados com as ferramentas da curiosidade e de um
ceticismo saudável, eles (os estudantes) vão precisar
“Criatividade,
curiosidade e empatia: as
Considerando a imprevisibilidade do futuro, o que entendemos dominar as nuances.
 disciplinas do futuro”

como educação (em todos os níveis) também entra em xeque. – Financial Times – Gerador
Quais os conhecimentos essenciais para o ser humano funcional
do futuro? Que disciplinas devem ser abordadas para seu
aprendizado?
“A quem não viveu nos
O acesso aos fatos é resolvido em um “enter”, então aprender a anos 1990, vale dizer que a
lidar com a flexibilidade de habilidades e instigar a curiosidade e indústria da moda chegou
a resolução de problemas interdisciplinares são competências a cunhar o termo “heroin-
que crianças e adultos precisam desenvolver. chic“. Ele faz em alusão à
magreza extrema e à
palidez das pessoas
dependentes de heroína.”

“O fato de que o futurismo metodológico visa aprofundar 

entendimentos sobre este recorte do presente que chamamos de A escora do remake do Indiana
Jones na nostalgia o levou ao 4 Millennials refletem sobre o impacto da –Summer Hunter
futuro leva a uma conclusão curiosa: livros sobre inovações, seu (templo da) perdição. icônica marca da Barbie.
metaverso e afins têm pouco a acrescentar aqui, enquanto
livros escritos por gente que não tem nem celular podem se
Link para a matéria Link para a matéria

revelar preciosos.”

–Nexo Jornal CUIDADO AO REVISITAR O PASSADO
Apesar da nostalgia ser poderosa, revisitar símbolos é se conectar com um passado que não
necessariamente representa as evoluções que o tempo e a luta de muitas pessoas fizeram
acontecer na sociedade. Essa nostalgia precisa dar conta não só de reconhecer o que o
símbolo não endereçou, mas também de propôr uma atualização que reposicione o símbolo
na sociedade de hoje.

Nesse momento, um dos principais questionamentos é o uso do corpo no ciclo de


tendências da moda e da beleza. O ciclo atual traz o retorno do padrão inatingível dos
corpos - depois de alguns anos de valorização de curvas e corpos diversos que pareceu um
avanço, o retorno nostálgico de uma época para a estética coletiva torna o corpo magro o
Pergunta no Reddit: ”[Curiosidade e o caminho para uma carreira] Oi, então sobre mim: tenho 18 anos e vou
desejável novamente.

começar a faculdade de Ciência da Computação. Tenho bastante interesse nesse campo, então tenho
algumas perguntas: 1. O que e como eu posso aprender biologia e neurologia (ou se chama de outra Apesar do inegável sucesso do filme Barbie, mesmo com as suas reinvidicações de
forma?). 2. Que assuntos eu posso me aprofundar no meu tempo livre, como matemática?”
diversidade, o debate do que o símbolo representa também faz parte desse mesmo zeitgeist.
NATURAL ARTIFICIAL
O jogo de espelhos entre
natural e artificial

PENSAMENTO CRÍTICO
Desde que o mundo é mundo, o humano teme a tecnologia que cria. Estamos
vivendo o começo do debate sobre o valor da IA e seus dilemas éticos.

O que é possível perceber, no entanto, é que a raiz do nosso medo é questionar o


que é unicamente humano (ou natural) e como lidamos com a artificialidade.
Natural
O reconhecimento não só das inteligências
naturais mas também humanas é parte de
uma corrente que se coloca não como
antagonista, mas como complementar.

Linha probiótica de limpeza: ”Feita com


microajudantes que continuam trabalhando duro
enquanto você relaxa".

A ascensão do "wetware” — o estranho mundo


dos fungo-computadores.

OMS promoveu em julho o primeiro workshop


global de Biodiversidade, Conhecimento
Ancestral, Saúde e Bem-Estar no RJ.

A australiana Cortical Labs, uma startup de “computação biológica”


que combina células humanas cultivadas em laboratório com chips de
computador, recebeu 10 milhões em investimentos. CRUNCH BASE

O Barbieverso de Campo Grande

Deezer propõe ferramenta para detectar


música gerada por inteligência artificial -
Folha de São Paulo

Reality do Netflix desafia confeiteiros a


criar bolos em formatos de objetos do dia
a dia. Ganha quem enganar melhor.

As tentações da Inteligência Artificial no


curta ”As Rachels não correm". - New
Yorker

ARTIFICIAL
Ganhamos mais ferramentas para fortalecer
narrativas e acelerar nosso trabalho. O sintético
ganha peso e borra ainda mais os limites do que
é real para nós como humanidade.
ÉTICA: A DISCIPLINA OBRIGATÓRIA
A programação e os recursos de dados dos algoritmos de inteligência artificial precisam
ser pensados de forma a intencionalmente quebrar padrões societários que já não nos
“O pensamento crítico nunca foi tão importante. A
servem mais. Esse papel também é nosso como usuário, ao contar com a IA para facilitar
inteligência, tanto natural quanto artificial, pode
organizar, sintetizar e refinar uma grande quantidade de
nossa vida, questionar criticamente os resultados que ela nos gera antes de seguir.

conhecimento, mas com erros contínuos e


A Unesco tem um material com recomendações em 10 tópicos para construção de uma
inerradicáveis.” 

IA centrada nos direitos humanos.
Financial Times

“A moça ideal construída pela IA é “Se continuarmos a agenda como sempre, as novas
uma mistura de 50% de Barbie, 35% capacidades de IA vão ser novamente usadas para
PSICOSE COTIDIANA de super-heroína, 10% de princesa garantir lucro e poder, ao mesmo sem querer destruindo
O limite difuso entre realidade e artificialidade nos faz da Disney e 5% de atriz pornô sueca” 
 fundamentos da nossa sociedade.” -Yuval Harari

exercer um novo papel como administradores e –Revista Gama –The New York Times
receptores de informação. Se aprendemos a não confiar
em pessoas na internet, estamos aprendendo a desconfiar Uma professora
asiática do MIT pediu
dos formatos que, com sua irrealidade, podem ser para a AI uma foto
danosos. para contextos
profissionais. A
inteligência tornou-a
branca.

“Em última instância, arriscaria dizer que essas novas


Link para a matéria
tecnologias são capazes de produzir realidade.” 

Hernani Pereira dos Santos – Uol Quem — ou o quê —
é responsável por
acidentes com carros
auto dirigíveis?

Criminosos mandam mensagens Japonês que gastou R$ 70 mil


de texto para roubar dados de para se “transformar” em cachorro
vítimas. faz 1º passeio

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E o que Os últimos anos têm sido sobre fazer mais com, teoricamente, menos:

acontece empresas sentem as verbas cada vez mais restritas e os desafios cada vez
mais intrincados e exigentes por agilidade. Precisamos navegar numa visão de

agora?
futuro presos às estruturas do presente (já começou a perceber as tensões em
tudo?). O Futuro Tensionado é um mapa da complexidade do momento
presente e um convite para refletirmos sobre as tensões inerentes ao nosso
tempo — e como vamos agir a partir delas. 



As tensões que mapeamos confirmam que não estamos mais em um


contexto linear. 



A boa notícia é que o design é uma disciplina que nos oferece ferramentas
para criar sentido às coisas ao nosso redor, nos apoia na navegação de
incertezas ao organizar a interdisciplinaridade, a experimentação e resgatar
nosso potencial criativo para criarmos soluções resilientes para problemas
complexos. 



Entretanto, acreditamos que o design, também, pode evoluir. Nos últimos anos
vimos a frase “foco no usuário” ser entoada como mantra. E que bom, colocar
pessoas usuárias no centro ao invés de máquinas ou processos parece uma
evolução significativa. Mas precisamos avançar para o próximo passo: nossas
conversas com usuários não podem mais nos levar a soluções individualistas.
É preciso trazer mais visão sistêmica para o processo do design e aprender a
balancear melhor as necessidades individuais e coletivas das nossas soluções. 



Defendemos que nesta, como em todas as outras tensões, não é tanto sobre
encontrar equilíbrio, mas sobre buscar balanço. Encontrar caminhos
evolutivos em meio ao movimento oscilatório. Se quiser ajuda para navegar as
tensões e desenhar melhores soluções, conta com a gente.
A No One é uma consultoria independente de design
estratégico para organizações e indivíduos
orientados para o futuro. Somos designers,
estrategistas, pesquisadores, desenvolvedores, UX &
Data Experts e juntos vamos além do óbvio para
entregar soluções para o mundo físico e digital que
redefinem a forma como negócios se conectam com
seus clientes e ecossistemas.



Estamos sempre com o dedo no pulso de diversos


segmentos, tecnologias e cenários de mercado,
buscando padrões e tensões que gerem valor nos
projetos e clientes em que atuamos. 



O Futuro Tensionado faz parte do nosso grupo de


estudos aberto a clientes e à nossa comunidade, assim
como a One Bite, nossa newsletter quinzenal, onde
compartilhamos um pouco sobre uma palavra, tema ou
conceito que está aparecendo muito nas nossas
conversas, pesquisas ou projetos (recomendamos
fortemente assiná-la no link abaixo - fique tranquilo, a
gente não manda spam).



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Esse projeto foi feito
Referências:
No One Facebook Natural England NY Times Accenture

por uma equipe incrível


Washington Post Apple Victoria and Albert Museum Asana

NPR CNN Exame Lorena Dazed Digital Spectator Omelete

e super dedicada Telegraph Peanut Pixeld Insider Intelligence Amazon

Marcas Mais G1 BBC Estadão JC Concursos

Escrito por: Bloomberg Línea O Globo The Economic Times Stylist

Lucas Fredo, Luisa Rosa, Raquel Webber The Face Business Insider Rolling Stone Elle Forbes

Desenhado por: Christian Dunker Dr. Drauzio Varella Folha Kylie Jenner Nexo

Dudu Friedrich, Guilherme Dariolli, Leandro Masconale, Sophia Carvalho Financial Times Gerador Collider The Summer Hunter WHO

Contribuições: Crunchbase midiamax The New Yorker UOL Unesco Gama

Felipe Assis Brasil, Luiza Mendonça, Marcelo Quinan, Mari Gutheil, Renata Coufal RecordTV CNN Brasil Insider Tech Jodie Cai

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