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ROS
& C ONS T R UIND O
MÁ
Derrubando muros
p//8 — Editorial
RIO
milhares de pessoas
PARTE II
Construindo pontes
para um jornalismo
mais construtivo e focado
em soluções
Parte
1
Derrubando muros
p. 8 // Parte 1
Editorial
// p. 9
1 2
contemporâneos,
simplesmente não
podemos abrir
mão da cooperação
entre as pessoas.
NÃO PRECISAMOS ASSIM COMO
Por sua vez, a coo-
CONCORDAR NOS RELACIO-
peração entre as EM TUDO PARA NAMENTOS,
pessoas depende ENCONTRARMOS NA SOCIEDADE
ALGUNS TAMBÉM A COM-
da construção de
CONSENSOS PATIBILIDADE É
valores comparti- MÍNIMOS. UMA CONQUISTA
lhados, forjados em E NÃO UM
As nossas melhores PRÉ-REQUISITO.
narrativas em que
chances de inovação
podemos encontrar residem em escutarmos Acho que podemos
consensos mínimos pessoas dos mais aprender uma coisa
variados posicionamen- ou outra observando
e, por meio deles,
tos dentro do espectro os relacionamentos
criar visões de ideológico. Pessoas em que passam no teste
futuro convergen- que você não neces- do tempo. E isto vale
sariamente confia, para os relaciona-
tes e inspiradoras
gosta ou concorda. mentos familiares,
que se traduzam em Mas a verdade é: não institucionais e sociais.
soluções possíveis. precisamos ter as Nós nos apoiamos
mesmas opiniões sobre no conhecimento
o aquecimento global, e nos recursos
Por tudo isso, acre- o papel do estado ou a uns dos outros e
ditamos que pre- política econômica para, compreendemos,
talvez, concordarmos nem sempre de
cisamos retomar o
que toda mulher tem forma consciente e
diálogo construtivo direito a uma vida articulada, que nenhum
e saudável e, para livre de violência, que de nós individualmente
o lar deveria ser um é mais inteligente ou
tanto, temos enfati-
espaço seguro, onde capaz do que todos
zado o exercício das prevalece o respeito e nós coletivamente.
seguintes posturas: o amor incondicional.
// p. 11
3 4
Meu desejo é
que esta pre-
disposição nos
ajude a envere-
darmos por uma
HÁ ALGO A TEMOS MUITO discussão diversa,
APRENDER COM MAIS EM COMUM instigante e
CADA PESSOA COM COM OS NOSSOS
enriquecedora.
QUEM FALAMOS. OPOSITORES
DO QUE
É esta postura que SUSPEITAMOS. Que este seja
torna o diálogo
o sentido
possível e sua prática Eu gostaria de resgatar
uma necessidade. as palavras de Terence: das nossas
Ao rotularmos, “Sou parte do gênero conversas e se
descartarmos e humano. Nada do
torne, cada vez
vilanizarmos o nosso que é humano me é
interlocutar, estamos estranho”. Se pararmos mais, o sentido
simplesmente abdicando para pensar, é incrível do nosso tempo.
da oportunidade de como podemos nos
aprender algo novo, deixar aprisionar
expandir o nosso campo pelo nossos medos
de visão e (quem sabe?) e percepções de
Influenciá-lo. Os posi- que os outros são
cionamentos individuais estranhos e perigosos,
não precisam sempre com base na cor da
ser compreendidos sua pele, sua raça,
como imperativos religião, classe social
morais. Às vezes, ou posição ideológica.
são pontos de vista Que tal exercitar
diferentes mesmo sobre a predisposição
questões complexas e contrária: descobrir
multifatoriais. Ouvir é algo em comum com
uma forma de resgatar todas as pessoas com
a velha arte do debate quem interagimos?
democrático ou,
simplesmente, a eterna
virtude do respeito.
p. 12 // Parte 1
A conversa é
um ato sagrado
Ed Rene Kivitz
PASTOR DA IGREJA BATISTA
DE ÁGUA BRANCA
Metodologia
e amostra
// p. 15
Universo Parâmetros da
População brasileira entre ponderação
18 e 59 anos de idade,
usuária da internet. e ajuste da
A coleta foi realizada
amostra
durante um mês, em
março de 2017.
Segmentos etários abaixo
de 18 anos e de idosos (60
Amostra inicial anos e mais) foram excluídos
da base de dados final em
9.163 entrevistas validadas.
função de sua sub-represen-
Amostra balanceada: 1.280
tação na coleta inicial, uma
entrevistas ponderadas.
vez que a correção de sua
representatividade exigiria
multiplicar tais entrevistas por
Técnica pesos muito elevados (>7.0).
Pesquisa realizada por meio de O ajuste ainda à proporção
questionário público na internet menor na amostra de
(Google Form), ao longo de 30 indivíduos com mais de 40
dias. A divulgação inicial foi feita anos e renda familiar mensal
por meio das redes e bases do de até 2 salários mínimos
PapodeHomem. Em seguida, (segmentos mantidos na
a pesquisa foi divulgada por base) levou o plano amostral
sites diversos e reenviada a a ser recalculado para
outros usuários pelos próprios representar 1.280 entrevistas.
respondentes iniciais. Como a Ou seja, os perfis super-repre-
intenção benéfica e de utilidade sentados na amostra tiveram
pública do estudo foi explicitada um peso dimensionado para
desde o princípio, houve grande reduzir sua participação
compartilhamento orgânico. e torná-la proporcional
aos dados secundários,
evitando-se, no sentido
Base de dados para download em inverso, a aplicação de um
www.papodehomem.com.br/pontes peso excessivo às respostas
ou www.institutoavon.org.br dos perfis sub-representados.
p. 16 // Parte 1
Parâmetros para a
ponderação da amostra
1 a 2 SM
3 5%
46,8% 53,2%
2 a 3 SM
14, 4%
HOMENS MULHERES
3 a 5 SM
10,6%
Região 5 a 10 SM
30+70+B
20,9% 6, 3%
10 a 20 SM
2 , 1%
8+92+B
N/NE
8,4%
+ 20 SM
0,6%
CO
47+ B + 53
Faixa etária
15+85+B
21+14+3035B
40 A 59 18 A 24
15,2% SE
37,5% 20,9%
S 46,5%
Criação
de indicadores
sintéticos
3
Com vistas a facilitar a apreensão ÍNDICE DE
dos principais resultados, parte DIALOGICIDADE,
das perguntas aplicadas foram que agrega quatro
agrupadas, gerando quatro índices: perguntas sobre a
valorização de se dialogar
sobre feminismo e
machismo, como meio
1
ou instrumento de
ÍNDICE DE transformação pessoal e
PERCEPÇÃO SOBRE social (medem atitude).
FEMINISMO,
que agrega duas perguntas
que medem opiniões
sobre o feminismo.
4
ÍNDICE PONTES
VERSUS MUROS,
que combina os dois
índices anteriores — de
2
exposição à alteridade e
de valorização do diálogo,
ÍNDICE DE EXPOSIÇÃO articulando as dimensões
À ALTERIDADE, comportamental e
que agrega cinco perguntas sobre atitudinal. Classifica as
a disposição e práticas de leitura pessoas entrevistadas em
e conversa sobre feminismo e uma escala de três pontos:
machismo, seja com quem pensa em um polo, as mais
de forma parecida ou diferente propensas à construção de
(medem comportamentos). Para pontes; no outro polo, as
baixar o material completo que que estariam mais “entre
detalha ainda mais a pesquisa e muros”, avessas a dialogar
a construção dos índices, acesse: sobre os temas propostos;
www.papodehomem.com.br/pontes no meio, as que estão “em
ou www.institutoavon.org.br trânsito” entre esses polos.
p. 18 // Parte 1
Um raio-x das
conversas
sobre temas
de gênero:
o que
aprendemos
ao escutar
milhares de
pessoas
// p. 19
VIVEMO S EM T EM P O S de polariza-
ção ideológica, fake news e pós-verda-
des. Preferimos acreditar no que nos
agrada e desconsiderar qualquer coisa
dita por aqueles de quem não gostamos.
CONSTRUTORES
Faixa etária
DE PONTES
18 a 24
1655+ 29 1754+ 29 1552+ 33 1442+ 44
15%
55%
29%
TOTAL 15%
EM
25 a 29
17%
5 4%
TRÂNSITO
29%
30 a 39 TOTAL 50%
15%
ENTRE
52%
33%
MUROS
40 a 59
14%
42%
4 4% TOTAL 35%
// p. 23
C ON ST RUTORE S D E P O NTES
Região
E M T RÂ N S ITO
E N T RE M UROS
18+44+38B 15+59+26B
18% 27%
39% N 27% NE
44% 27%
15+59+26B
Heterossexuais adultos 12%
15%
Heterossexuais jovens 1 1% 26% CO
Não Heterossexuais adultos 5%
59%
Não Heterossexuais jovens 1 3%
11+48+41B 15+46+39B
11% 16%
Heterossexuais adultas 16%
41% S 38% SE
Heterossexuais jovens 19%
48% 46%
Não Heterossexuais adultas 2 5%
Não Heterossexuais jovens 28%
Renda
Heterossexuais adultos 39% *SM: Salário mínimo
Heterossexuais adultas
Heterossexuais jovens
51%
56%
57%
1352+ 35 1644+ 40 1753+ 30 1349+ 38
1 3%
52%
3 5%
1 a 2 SM
1 6%
Não Heterossexuais jovens 60%
4 4%
40%
52%
Cansaço 36%
Curiosidade 36%
Frustração 31%
Falta de paciência 24%
DAS PESSOAS Tristeza 2 1%
se sentem bem caso possam
Raiva 1 3%
compartilhar algo que o outro
Animação 8%
não sabe, pois isso dá a sensação
Alegria 2%
de que estão contribuindo
CONSTRUTORES EM ENTRE
DE PONTE TRÂNSITO MUROS
64%
DAS PESSOAS
afirmam que o
principal obstáculo é a
AGRESSIVIDADE
CONSTRUTORES DE PONTE
que essas conversas
costumam ter
ENTRE MUROS
EM TRÂNSITO
TOTAL
Quem apoia
o feminismo?
Região Identidade
de gênero e orientação sexual
Total: 29% 46% 25%
Total: 29% 46% 25%
16+55+29B 33+41+26B
16% 33%
29% N 26% NE
31+44+25B
31%
25% CO
44%
29+49+22B 28+48+24B
Heterossexuais
29% 28% 3 5% 42% 2 3%
22% S 24% SE Não heterossexuais
49% 48%
55% 37% 8%
Interseccional
- gênero, idade
e orientação Heterossexuais adultos 17% 50% 32%
58%
DAS PESSOAS
ENTREVISTADAS
(6 EM CADA 10)
compreendem o que
MOVIMENTO
NECESSÁRIO DE DEFESA POR DIREITOS
E OPORTUNIDADES IGUAIS
TOTAL 58%
significa feminismo:
LUTA JUSTA
optam pela resposta
que o define como “um
movimento necessário
de defesa por direitos
e oportunidades iguais
para homens e mulheres”.
Essa taxa chega a
81% entre as mulheres
homo e bissexuais. POR DIREITOS IGUAIS, ÀS VEZES
AGRESSIVA E RADICAL
25+75
TOTAL 26%
PARA CERCA DE
1/4 DA AMOSTRA
embora o feminismo
seja “uma luta justa,
às vezes é agressiva
e radical demais”
(26%). Entre os homens
heterossexuais essa taxa
passa de 1/3 (36%).
DEFENDE
A SUPERIORIDADE DAS MULHERES
/ OPOSTO DE MACHISMO / NS
TOTAL 16%
// p. 29
A dificuldade
em dizer "não sei"
é uma das barrei-
Heterossexuais adultos 47% ras-chave para
Heterossexuais jovens 46%
Não heterossexuais adultos 61%
melhores conversas.
Não heterossexuais jovens 62%
Talvez dada a expressividade
Heterossexuais adultas 61% do debate em torno de pautas
Heterossexuais jovens 67% tidas como feministas,
Não heterossexuais adultas
23+38+39
Por Renda
42%
Até 1
salário
34%
mínimo
24%
42%
41%
quase todo
dia / toda
De 1 a 2
semana salários
36%
23% mínimos
poucas vezes
23%
no ano /
nunca / evito
De 2 a 5 45%
35% salários
algumas vezes
32%
Mais de 5
35%
salários
41%
mínimos
24%
// p. 31
23+38+39
17%
Por Gênero
Heterossexuais adultos
38%
algumas vezes Heterossexuais adultas 3 5%
por mês / Heterossexuais jovens 43%
várias por ano
Não heterossexuais adultas 41%
Não heterossexuais jovens 3 8%
Heterossexuais adultos 4 4%
Heterossexuais jovens 43%
Não heterossexuais adultos 4 4%
Não heterossexuais jovens 42%
7 EM CADA 10
Vale a pena dialogar
com quem pensa
muito diferente PESSOAS ACREDITAM QUE
23+38+39
VALE A PENA DIALOGAR,
de você quando o EM ALGUMA MEDIDA
assunto é gênero?
39%
Heterossexuais adultas 32%
33% Heterossexuais jovens 29%
Heterossexuais jovens
42%
4 4%
você ativamente procura Não heterossexuais adultos 48%
7+18+3144
Não heterossexuais jovens 47%
feminismo ou machismo,
Heterossexuais jovens 4 4%
Não heterossexuais adultas 48%
Heterossexuais adultos 5%
7% Heterossexuais jovens 5%
quase
todo dia / Não heterossexuais adultas 6%
toda semana Não heterossexuais jovens 6%
36+38+26
construtivas, amorosas e saudáveis
entre homens e mulheres?
26% Heterossexuais
ajuda, mas não é 3 8% 37% 2 5%
essencial / não
é necessáriio
36% Não heterossexuais
sim, claro
3 5% 33% 32%
38%
em certa Heterossexuais
medida
36% 37% 2 7%
Não heterossexuais
32% 47% 2 1%
69%
PARA
87%
quando fazemos a
mesma pergunta
sem nos referirmos
às palavras gênero
ou feminismo.
E quando consideramos
apenas as pessoas do perfil
“Entre muros” (as mais fechadas),
o apoio ao diálogo quase dobra:
salta de 44%
para 75%.
p. 36 // Parte 1
75%
DAS PESSOAS
MAS...
APENAS
2 EM CADA 10
relacionados a gênero,
PESSOAS ativamente buscam
como machismo e quem pensa diferente de si para
feminismo, e que isso conversar sobre temas de gênero
com alguma frequência.
as ajudou a construir
seus posicionamentos
Há um consenso de que
as conversas são úteis
e metade de nós quer
ter mais delas, mesmo
com quem pensa
diferente. Mas quase
ninguém está indo
atrás desses encontros.
// p. 37
“Você prefere
apenas defender
suas próprias
crenças ou
se abrir a ver
o mundo da
forma mais clara
possível?”
p. 38 // Parte 1
1. AGRESSIVIDADE
RANKING DE OBSTÁCULOS
2. FALTA DE ENERGIA
3. RADICALISMO DO OUTRO
4. FALTA DE EMPATIA DO OUTRO
5. ARGUMENTOS RUINS
Entre os obstáculos, o principal
em todos os segmentos analisados é a
agressividade, apontado por quase 64% das
pessoas entrevistadas (taxa que chega a 75%
entre os homens não heterossexuais).
16% 39%
são os
pelo outro
outros...”
evitar posturas
DAS PESSOAS radicais
afirmam que
conviver apenas DAS PESSOAS pedir desculpas
com pessoas que dizem que a falta de quando formos
pensam parecido é empatia do outro agressivos
um obstáculo. Ou lado é um problema
seja, a maioria de estudar e melhorar
APENAS nossos argumentos
8%
nós conhece quem
pensa diferente.
Mas escolhe não
se aproximar.
reconhecem que
a falta de empatia não ter vergonha
nelas também é de admitir que não
um obstáculo sabemos algo e
fazer perguntas
p. 40 // Parte 1
65%
DAS PESSOAS
se sentem bem caso possam compartilhar algo que o
outro não sabe, pois isso dá a sensação de que estão
contribuindo. O desafio é: pra essa ajuda acontecer,
alguém precisa assumir uma dúvida ou pedir ajuda.
524723117
52% 47% 23% 11% 7%
421
Curiosidade Animação Alegria Cansaço Falta paciência.
Corto a convera
ou me afasto
4% 2% 1%
Frustração Tristeza Raiva
52%
DAS PESSOAS
se sentem bem caso possam compartilhar algo que o
outro não sabe, pois isso dá a sensação de que estão
contribuindo. O desafio é: pra essa ajuda acontecer,
alguém precisa assumir uma dúvida ou pedir ajuda.
3636312421
36% 36% 31% 24% 21%
1382
Cansaço Curiosidade Frustração Falta paciência. Tristeza
Corto a convera
ou me afasto
13% 8% 2%
Raiva Animação Alegria
Um truque
Heterossexuais
para jovens 1% 7% 55% 40%
transformar
Não
frustração heterossexuais 3% 5% 41% 27%
em otimismo adultas
Ou seja, quando a
interação deixa de ser
um cabo de guerra e se
transforma em um diálogo
38% 30% 24% 29% 12% interessado e curioso, é
possível surgir conexão
mesmo entre duas pessoas
43% 44% 27% 25% 19% que jamais sentariam
numa mesa juntas.
Se a pessoa sente que
52% 50% 39% 24% 34% há um espaço de troca
legítimo, a frequência
muda. A nossa postura
45% 56% 34% 25% 27% emocional de interesse
genuíno no diálogo é chave
para tornar isso possível.
Não
heterossexuais
jovens
RANKING DE QUEM MAIS SE EXPÕE ÀS DIFERENÇAS:
Heterossexuais jovens
3 As mulheres não
Não heterossexuais e heterossexuais jovens
heterossexuais adultas são as que mais ativa-
mente, e com regulari-
dade, conversam com
18 a 24
25 a 29
3 4%
3 4%
Heterossexuais adultas 33% 3 5% 33%
32%
Heterossexuais jovens 39% 36% 2 5%
Não heterossexuais adultas 36% 30% 3 4%
Não heterossexuais jovens 5 4% 33% 1 3%
30 a 39
32%
Região 32%
Total: 30% 33% 38%
36%
29+14+57B 31+37+32B
29%
31%
57% N
13%
32% NE 40 a 59
24%
26+37+B
37%
26% 32%
37% CO
4 4%
37%
3 AS PESSOAS
26+32+42B 31+32+37B
ACIMA DE 40
27% 31%
ANOS são as que
42% S 37% SE
menos se expõem
32% 32% à diferença, seja
dialogando ou
3 AS POPULAÇÕES DAS REGIÕES lendo conteúdo
NORTE E SUL são as que menos com opiniões
ativamente buscam se expor à diferença. distintas das suas.
p. 46 // Parte 1
23+60+17v
menos abertura ao diálogo?
APENAS
17 %
Entre
muros
22 , 4%
Construtores
(as) de pontes 17%
das pessoas pró-feministas estão no perfil
“Entre muros” — que são as que menos
PRÓ conversam com quem pensa diferente e
FEMINISTA as que menos acreditam no diálogo.
v 9 59 +
1 4%
6 0,6 %
Construtores
Em trânsito
32
(as) de pontes
34+5214v
ENTRE
MUROS
9, 2% 3 4 , 5%
Construtores Entre
51 , 5 % muros
(as) de pontes
Em trânsito
32%
Em trânsito
NÃO
FEMINISTA
5 8 , 9%
Entre
muros
58,9%
DAS PESSOAS “entre muros”
não apoiam o feminismo.
Isso leva a crer que pessoas mais feministas possuem mais abertura a conversar
sobre temas de gênero. Mas não há como saber se foi uma maior abertura
anterior que as tornou mais feministas ou se o feminismo acabou as tornando
mais abertas. Novas pesquisas podem focar no entendimento desse processo.
Mas será que as O EXERCÍCIO
pessoas “entre QUE DEIXAMOS
muros” estão (E REFORÇAMOS) É:
fechadas a qualquer
Como dialogar sobre temas de
diálogo sobre gênero sem usar palavras
temas de gênero como feminismo, machismo,
ou estão cansadas masculinidade tóxica,
patriarcado, cultura do
de uma abordagem estupro e equidade? Con-
específica? seguimos dizer as mesmas
coisas de outros modos?
75% DAS PESSOAS do perfil “Entre
muros” dizem acreditar que mais Essas palavras não devem
diálogo com quem pensa muito ser invisibilizadas, pois
diferente ajuda a criarmos relações têm poder. Mas ao sermos
mais amorosas, construtivas e capazes de usar linguagens
saudáveis entre homens e mulheres. e abordagens complementa-
res podemos alcançar quem
A pergunta feita para chegar no dado
está fechado a esses termos,
acima foi: “Em sua opinião, o diálogo
por já terem pré-disposição
entre pessoas que pensam muito
para a conotação e inter-
diferente pode nos ajudar a criar
pretação negativa destes.
relações mais construtivas, amorosas e
saudáveis entre homens e mulheres?” Conversar sobre
temas de gênero
Não usamos as palavras “gênero”
ou “feminismo”, ainda que a
sem usar palavras
questão seja sobre isso. como feminismo,
machismo, masculi-
Ao evitar essas palavras, as pessoas
“Entre muros” responderam com
nidade tóxica, pa-
grande abertura. Isso sugere que triarcado, equidade,
experimentar outras linguagens e cultura de estupro e
abordagens pode ser uma ferramenta
útil em certos contextos. Algumas
gênero pode facilitar
palavras carregam significados a construção de
negativos para certos grupos, pontes com quem
ainda que sejam cercadas de
entendimentos positivos para outros.
está muito fechado.
p. 48 // Parte 1
Conclusões de
nosso raio-x
15%
DAS PESSOAS
50%
ESTÃO NO PERFIL
35%
ESTÃO NO PERFIL
ESTÃO NO PERFIL “EM TRÂNSITO” “ENTRE MUROS”
“CONSTRUTORAS DE (oscilam no seu (evitam conversar
PONTES” (ativamente, interesse pelos com os diferentes,
e com regularidade, diferentes e possuem não gostam de ler
buscam conversar ressalvas com o opiniões diversas
com quem pensa diálogo, apesar de e acreditam menos
diferente, acreditam acreditarem que no diálogo)
muito no diálogo). é poderoso)
HÁ FÉ NO DIÁLOGO:
8 EM CADA 10 8 EM CADA 10 8 EM CADA 10
PESSOAS PESSOAS PESSOAS
acreditam que aprenderam gostariam de ter
dialogar com quem coisas novas em mais conversas
pensa muito diferente conversas sobre com quem pensa
é benéfico, em temas de gênero, muito diferente, em
alguma medida em alguma medida alguma medida
MAS NÃO COMO AJUDAR
SABEMOS COMO AS PESSOAS
“ENTRE MUROS”
SUPERAR OS A SE ABRIR?
OBSTÁCULOS...
8 em cada 10 pessoas nunca
ou quase nunca têm conversas com
quem pensa muito diferente
57%
DAS PESSOAS DO
PERFIL “ENTRE
Os principais obstáculos
MUROS” não teve
são, por ordem:
praticamente nenhuma
3 AGRESSIVIDADE
conversa saudável
3 FALTA DE ENERGIA
ou construtiva sobre
3 RADICALISMO DO OUTRO,
temas de gênero.
3 FALTA DE EMPATIA DO OUTRO
3 ARGUMENTOS RUINS
Experimente oferecer
As emoções mais comuns ao uma conversa com
conversar com os diferentes são: bastante empatia,
3 CANSAÇO
3 CURIOSIDADE perguntas curiosas
3 FRUSTRAÇÃO e sem julgamento a
3 TRISTEZA uma pessoa fechada.
3 RAIVA
Não ataque, mesmo
USAR OUTRAS
que discorde de
tudo que ela dizer.
LINGUAGENS
pode ser eficaz ao dialogar com Essa experiência,
pessoas mais fechadas por mais desafiadora
O índice de pessoas do perfil “Entre que seja, pode ser a
muros” que são favoráveis a dialogar sobre chave para fazer com
temas de gênero foi 31 pontos percentuais que ela saia do perfil
maior quando não usamos as palavras
“Entre muros” para
gênero ou feminismo ao fazer a pergunta.
Pulou de 44% pra 75%, quase dobrou.
o “Em trânsito”.
p. 50 // Parte 1
Do que
precisamos?
MAIS PESSOAS
CONSTRUTORAS
DE PONTES.
Dispostas a aprender como se comunicar de modo
não violento, com energia estável e equilíbrio
emocional. Com paciência, escuta empática, bons
argumentos e sem vergonha de assumir suas
dúvidas. Pessoas abertas e curiosas, que possam
tornar o treino da compaixão e de conversas mais
construtivas uma prática diária. E assim realizarem
o trabalho árduo de alcançar quem está atrás dos
muros, com novas linguagens e abordagens criativas.
2
Construindo pontes
p. 54 // Parte 2
Guia prático:
como conversar
com quem pensa
muito diferente
de você
// p. 55
Desenvolver competência ao
conversar com os diferentes
é árduo. as ca cada e
mais a e oso com a tica
PRÉ-
CON
VERSA VOCÊ ESTÁ PREPARADO
preparando EMOCIONALMENTE?
Se estiver ansioso,
COMO CONVIDAR
ALGUÉM QUE PENSA
Qual sua real motiva ão? TÃO DIFERENTE
Escolheu um
ambiente favorável
para a conversa?
Um local silencioso, com
temperatura agradável e
menos distrações é o ideal.
Deixe o celular em modo avião.
Sentar em círculos, se for um
grupo de pessoas, é sempre
melhor do que numa mesa ou
com objetos entre vocês.
p. 58 // Parte 2
9
2. REBOBINE A FITA:
após escutar a outra
pessoa, experimente
dizer o que interpretou
ter sido a fala dela e
cheque se é isso mesmo
o que ela quis expressar,
antes de avançar com
sua resposta. Assim
PRÁTI
evitamos assumir o
que o outro quis dizer
e eliminamos ruídos
CAS
desnecessários. Isso
mostra que prestamos
atenção e que há
durante
a conversa
3. ELOGIE SEU
OPOSITOR, QUANDO
1. Escute atentamente, sem FIZER SENTIDO:
interromper: o que nem de longe valorize os pontos nos
quais concorda com
significa concordar com a opinião
a outra pessoa. Um
do outro. Escutar é uma habilidade território em comum,
essencial para bons diálogos. Treine, por menor que seja,
enfraquece a noção de
olhando nos olhos, sem mexer no celular
que são inimigos mortais.
ou fazer expressões de desdém. Caso Mas evite elogios
seja interrompido em sua vez, peça excessivos. Isso pode
criar a impressão de que
com gentileza e firmeza para que o
está tentando manipular
outro te aguarde finalizar seu ponto. a outra pessoa.
// p. 59
4. TENTE
COMPREENDER
E VALIDAR AS
NECESSIDADES
CENTRAIS DA
OUTRA PESSOA:
6. Evite ironias, sarcasmo e
fazer perguntas é
um ótimo jeito de linguagem corporal fechada:
fazer isso. Segue quanto mais fechado e agressivo
um exemplo prático:
você fica, mais a outra pessoa tende a
“Então você está
tentando dizer que acompanhar esse comportamento.
igualdade salarial
entre homens e
mulheres é o ponto 7. ASSUMA RESPON- de nos colocar
central de nossa SABILIDADE POR vulneráveis, a tendência
conversa para você?”. SUAS EMOÇÕES: da outra pessoa agir
“eu me sinto assim parecido é maior.
5. ANTES DE quando você age de
RESPONDER, certa maneira” é bem 9. A PAUSA
RESPIRE: melhor do que “você SÁBIA:
diálogos construtivos fez com que eu me caso o diálogo se torne
são mais como sentisse assim”. Na agressivo demais ou
cerimônias de chá primeira frase você pouco construtivo,
e menos como uma assume que a emoção é considere seguir a
partida de tênis. É sua. Na segunda, você conversa em outro
normal respirarmos culpa e acusa o outro. momento. Assuma que
de modo mais não está bem, peça
curto e tenso em 8. NÃO TENHA desculpas e diga que
conversas duras. VERGONHA DE FALAR seria melhor dialogarem
Respirar oxigena “NÃO SEI”, voltar atrás em outras condições.
seu corpo e oferece quando necessário e Sugira uma nova data,
tempo para escolher fazer perguntas bobas: seja daqui uma hora
suas palavras. quando temos coragem ou daqui alguns dias.
p. 60 // Parte 2
das
racismo,
antes que ambos
homofobia,
BOAS
cotas, qualquer se esgotem.
coisa…)
Agradeça o tempo e
PER
: Como ou atenção oferecidos pela
com quem você outra pessoa de modo tão
aprendeu o sincero e digno quanto
GUN
que sabe sobre possível, mesmo que
o tema Y? tenha a sensação de que
a conversa foi frustrante.
TAS
: Considerando Tenha paciência. Siga firme
o tema de nossa buscando as conversas
conversa, como com pessoas diferentes.
foi sua criação?
Caso tenha algum pedido
: Pode me a fazer, esse pode ser um
Experimente fazer contar mais bom momento. Seja tão
de suas específico quanto possível,
perguntas abertas,
experiências sem hostilidade. Exemplos:
com sincero interesse pessoais com “Me sentiria melhor se você
e tom amistoso. Não esse tema? não me interrompesse
enquanto falo em nossas
subestime o poder
: Qual o ponto próximas conversas,
desse exercício, central de toda podemos seguir assim?”.
seja em conversas essa conversa
para você? Pergunte se a pessoa estaria
presenciais ou
Do que não aberta a novos diálogos
digitais. A seguir, gostaria de abrir no futuro, caso sinta que
algumas sugestões: mão e por quê? há espaço para isso.
// p. 61
Para se aprofundar
e praticar
DOCUMENTÁRIO
CORTESIA
ACIDENTAL
Disponível
na Netflix,
sobre como
um homem
negro se
tornou amigo
de líderes da
Ku Klux Klan e
fez com que
vários deles
desistissem da
organização
racista
Guia de boas
práticas para
um jornalismo
mais construtivo
e focado em
soluções, que
nos ajude
a construir
melhores pontes
// p. 63
O jornalismo é chave
para cultivarmos
mais pontes —
e não mais ódio
— entre nós.
jornalismo
dos pilares éticos do jornalismo.
e focado em
em notícias positivas ou que façam
os leitores se sentirem bem. O olhar
“Não é só dar
notícias positivas
ou oa in as n o é
ati ismo n o é a e
o tica o na ismo
construtivo é pura
e simplesmente
lembrar que também
somos responsáveis
pela sociedade.”
ULRIK HAAGERUP, FUNDADOR DO
“CONSTRUCTIVE JOURNALISM INSTITUTE”
p. 66 // Parte 2
2. OFERECER
10
RECURSOS E
SUGESTÕES que
permitam aos leitores se
aprofundar e aprender
mais sobre o assunto.
3. INCLUIR CONTEXTO
EXPLICATIVO E
DIDÁTICO que facilite
PRÁTI
compreender o tema de
maneira mais ampla e
ponderada, assim como
CAS
as questões centrais
envolvidas e possíveis
consequências. Procure
adicionar as camadas de
para um nuance e complexidade
necessárias. A notícia
jornalismo ganha força como
fagulha de processos
mais de aprendizado e
conversas mais longas.
construtivo
e focado
em soluções
4. PRIORIZAR
ABORDAGENS
ORIENTADAS À
CONSTRUÇÃO DE
FUTUROS POSSÍVEIS.
1. Investigar os pontos em
Não priorizar a busca
comum entre lados opostos. por mais cliques e
Dar luz ao progresso feito até acessos. O vício em
cliques e curtidas é um
agora, assim como às histórias de dos maiores inimigos
resiliência, compaixão e aprendizado. atuais do jornalismo.
// p. 67
5. COBRIR EM
DETALHES o que não
está funcionando e quais
os obstáculos específicos
a serem superados.
6. INVESTIGAR OS DADOS
COM CUIDADO, NUMA
PERSPECTIVA HISTÓRICA.
A situação está progredindo 9. Evitar manchetes e chamadas
ou piorando? Uma análise
superficial e apressada pode de redes sociais que sejam
levar a leituras equivocadas sensacionalistas ou raivosas.
e sensacionalistas.
Muitas vezes o resultado disso
80% a I m pa
c to
100%
em
oc
I m pa
c to
io
e
na
ln
m
DOS JORNALISTAS
as
oc
io n
vai presenciar eventos
ocie da d e
Saúde
a l n o s l e i to
traumáticos diretamente
ligados ao exercício emocional
dos jornalistas
de sua profissão res
ATÉ 20%
DELES VÃO
LIDAR COM
DEPRESSÃO,
por fatores
diretamente
1 em cada 8
JORNALISTAS, nos EUA e Europa, lidam com
conectados ao estresse extremo ou Transtorno do Estresse
seu trabalho Pós-Traumático, conectados à sua profissão
Fontes: “A mental health epidemic in the newsroom”, por Gabriel Arana, no The Huffington Post
| “Covering trauma: impact on journalists”, página especial em http://dartcenter.org
// p. 69
Se as pessoas
DART CENTER (SAÚDE
que contam pra EMOCIONAL DOS JORNALISTAS)
nós a história http://dartcenter.org
do que acontece
LIVRO
no mundo estão “FROM MIRRORS TO
mal pagas, so- MOVERS: FIVE ELEMENTS OF
CONSTRUCTIVE JOURNALISM” ,
brecarregadas,
por Cathrine Gyldensted, disponível
frustradas, gratuitamente no site Issuu.com
ansiosas e de-
pressivas, qual QUER SEGUIR O PAPO?
impacto isso Esse capítulo foi escrito por
tem em nós? Guilherme N. Valadares, à
convite do Instituto Avon.
Guilherme é fundador da
chave cuidarmos plataforma PapodeHomem, que
melhor do bem-estar se dedica à transformação das
masculinidades há 12 anos.
emocional dos jornalis-
Ele viajou o mundo para estudar
tas para que possamos as abordagens do jornalismo
ter melhores conversas de soluções e jornalismo
construtivo, por meio de uma
entre segmentos sociais
bolsa de estudos oferecida
em lados opostos. pelo Instituto Ling. Você pode
encontrá-lo no email: guilherme@
papodehomem.com.br
p. 70 // Parte 2
Últimas
palavras
// p. 71
Chegamos à conclusão de
Dialogar não é que precisamos de mais
acreditar que pessoas construtoras de
pontes, dispostas a aprender
a conversa vai como se comunicar de modo
Equipe
REALIZAÇÃO TRATAMENTO E
DA PESQUISA ANÁLISE DOS DADOS
Instituto Avon e
PapodeHomem
GUILHERME VALADARES
PapodeHomem
GABRIELLE ESTEVANS
PapodeHomem
GUSTAVO VENTURI
Professor de Sociologia
da FFLCH-USP
A todas as Expediente
9 mil pessoas que
participaram da UMA INICIATIVA
REALIZAÇÃO MINI-DOCUMENTÁRIO
El Toro Filmes
DIREÇÃO
Rafael Guimarães Luiz
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA