Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EDUCAÇÃO GERONTOLÓGICA,
ENVELHECIMENTO HUMANO E TECNOLOGIAS
EDUCACIONAIS: REFLEXÕES SOBRE VELHICE
AT I VA
resumo
Este estudo tem como objetivo refletir sobre a questão do envelhe-
cimento do indivíduo e a possibilidade deste participar de uma
educação gerontológica, ampliando sua qualidade de vida. Discute-
se a importância da educação direcionada ao envelhecimento
humano para a vida desse segmento da população, que cresce em
387
processo acelerado, além de formas e ações que proporcionem
ARTGOS
palavras-chave:
Envelhecimento. Gerontologia. Educação. Qualidade de vida.
Tecnologias Educacionais.
1 Introdução
Estud. interdiscipl. envelhec., Porto Alegre, v. 17, n. 2, p. 387-398, 2012.
388
formação de profissionais para essa especialidade. A formação profissional
ARTIGOS
na área gerontológica pode fornecer subsídios para práticas e intervenções
adequadas junto à população idosa. A educação gerontológica, ao nosso ver,
deve ser um projeto que envolva toda a sociedade, buscando superar mitos e
preconceitos no convívio entre as várias idades da vida.
No Brasil, o campo de estudo no qual a educação gerontológica está
integrada tem avançando sensivelmente. Observa-se o avanço, em especial,
pelo crescimento do número de cursos de pós-graduação em gerontologia e
pela difusão das chamadas universidades da terceira idade, importante locus
de projetos de pesquisa e de formação de recursos humanos direcionados
para os idosos (CACHIONI; NÉRI, 2004).
Constata-se que a população idosa apresenta necessidades específicas,
sendo natural entender que não basta que as ciências da saúde estejam atentas
às questões do envelhecimento. Essa categoria social, face ao direito de existir
com dignidade e de modo especial, no atendimento e nas relações satisfató-
rias consigo mesmo, com os outros e o com seu entorno, apresenta demandas
cada vez mais complexas. Isso se dá em razão do avanço da longevidade
relativa e do volume populacional, o qual compete com outras demandas
sociais (BOTH, 2005).
Nessa perspectiva, é importante observar os indicadores sobre a escola-
rização no Brasil, os quais revelam uma melhoria no nível de instrução da
389
disciplinares, sequenciais e direcionados. Essa forma de escolarização, por
ARTGOS
390
2 Envelhecimento Humano, Idoso e Qualidade de Vida
ARTIGOS
Vivencia-se hoje um aumento, em termos quantitativos, no número
absoluto da população idosa e diminuição, seguida de estabilização, do
segmento de pessoas com menos de 15 anos, que pode ser observado através
do índice de envelhecimento – medida que considera apenas os dois grupos
etários extremos, aqueles mais afetados no processo de envelhecimento,
mostrando a velocidade com que esse processo ocorre. O Brasil está entre
os países com o ritmo mais acentuado de crescimento do índice de envelhe-
cimento: em 2025, ele será, provavelmente, três vezes maior do que aquele
observado no ano de 2000. Na população brasileira haverá, então, mais de
50 adultos com 65 anos ou mais, por cada conjunto de 100 jovens menores
de 15 anos. Em 2045, o número de pessoas idosas ultrapassará o de crianças
(WONG; CARVALHO, 2006).
O aumento da longevidade e o rápido crescimento do peso relativo da
população idosa aliados às deficiências no sistema público de saúde, magni-
ficam a importância das redes sociais de apoio aos idosos, pois já é visível
no país a existência de problemas que dificultam o cotidiano dessas pessoas.
Por exemplo, a demora nos atendimentos médicos, exames e as inúmeras
falhas no sistema de previdência social. Há fortes evidências de que uma
rede social sólida contribui, em muito, para um maior bem-estar das pessoas
391
Diante dessa notável transformação epidemiológica que o Brasil vem
ARTGOS
3 Educação gerontológica
392
uma política educacional promovendo a inclusão de tal discussão, bem como
ARTIGOS
o desenvolvimento de mais pesquisas na área.
Nesse sentido, Bulla (2002) relata que até a década de 1990, já haviam
sido realizados no Rio Grande do Sul vários estudos sobre os idosos, mas a
maior parte deles, de pequeno porte, isto é, abrangendo grupos reduzidos
de pessoas ou aspectos muito específicos do envelhecimento. Havia necessi-
dade de pesquisas mais abrangentes, que retratassem as condições reais de
vida da população de todo o estado. Por conta dessa constatação, o Conselho
Estadual do Idoso, em 1993, firmou convênio com 14 universidades gaúchas.
Com as novas perspectivas abertas para a área de gerontologia social, a
partir de 1970, cresceram as preocupações com a capacitação de profissionais
para a atuação na área, pois a carência no desenvolvimento de políticas sociais
estava associada à necessidade de profissionais qualificados para atuar junto
aos idosos em programas sociais e instituições de residência. Um exemplo
importante foi o da PUCRS, que, em 1973, havia aberto o caminho, no Rio
Grande do Sul, com a criação do Instituto de Geriatria, junto ao Hospital
Universitário (Hospital São Lucas), que se dedicava ao estudo do envelhe-
cimento e à formação de médicos geriatras (BULLA, 2002).
Os programas de terceira idade têm dado visibilidade aos idosos,
passando uma imagem desse tempo de vida como de realizações e de ativi-
dade. Porém, ainda temos um grande contingente de idosos em nossa socie-
393
tempo livre e favorecer as relações sociais. Não havia ainda preocupação com
ARTGOS
394
para a produção de conhecimentos de caráter multidisciplinar do envelhe-
ARTIGOS
cimento humano, saúde e sociedade. Apresenta duas linhas de pesquisa:
uma que estuda os aspectos educacionais e psicossociais do envelhecimento
e a segunda, que comporta os aspectos biológicos e culturais do envelheci-
mento humano. Nesse programa, existem diversos projetos de pesquisa que
se inserem em educação gerontológica e se articulam com as unidades do
Creati (da Universidade de Passo Fundo) e do Dati/Cat (Departamento de
Atividades a Terceira Idade/Coordenadoria de Atenção ao Idoso), que foi
criado por iniciativa do poder público municipal.
Um exemplo de projeto de pesquisa do ppgEH que foi realizado é o
estudo intitulado “Envelhecimento e usuários de informática: repercussões
de um programa ergonômico”, que obteve como resultados uma melhor
conscientização da postura corporal, amplitude de movimentos da coluna
vertebral, os quais puderam ser comprovados pelos relatos dos partici-
pantes envolvidos. Por fim, analisou as condições de uso do computador
que se obteve como uma condição ergonômica razoável para esse ambiente.
O projeto foi realizado por meio de um programa ergonômico com uma
dinâmica de exercícios de alongamento, reeducação postural e relaxamento,
orientação postural, tanto para o uso do computador, quanto para atividades
da vida diária, oferecendo informações que são importantes na prevenção
de dores, tensões musculares, fadiga mental e ocular, hábitos posturais mais
395
4 Considerações finais
ARTGOS
G E R O N T O L O G I C A L E D U C AT I O N , H U M A N
A G I N G A N D E D U C AT I O N A L T E C H N O L O G I E S :
REFLECTIONS ON AGING ACTIVE
abstract
This study aims to reflect on the issue of aging of the individual and
the possibility of participating in a gerontological education increa-
sing their quality of life. It discusses the importance of education
directed to human aging for the life of this population that grows
in the accelerated procedure, and forms and actions that provide
an active old age both in the individual and the relationship of the
elderly with the social world that surrounds. It is noteworthy too, the
process of education for the older individual in the creation of open
universities for seniors, new courses aimed at training researchers
and teachers in higher education to analyze and meet the demands
of the elderly population biopsychosocial contributing to the produc-
tion of multidisciplinary knowledge on the subject. These actions
396
together with appropriate public policies, will ensure the necessary
ARTIGOS
conditions for the elderly to stay active, as well as an awareness of
the population to value the older guy, as sources of physical, mental
and emotional.
keywords
Aging. Gerontology. Education. Quality of Life. Educational Techno-
logies.
referências
COHEN, Sheldon. Social relationships and health: Berkman & Syme (1979). Advances
in Mind–Body Medicine, Cambridge, v. 17, p. 2-59, 2001.
DIOGO, Maria José D’elboux; CEOLIM, Maria Filomena; CINTRA, Fernanda Aparecida.
Implantação do grupo de atenção à saúde do idoso (Grasi) no hospital de clínicas da
universidade estadual de campinas (SP): relato de experiência. Revista Latino-americano
de Enfermagem, Ribeirão Preto v. 8, n. 5, p. 85-90, out. 2000.
397
NÓBREGA, Antonio Claudio Lucas et al. Posicionamento oficial da Sociedade Brasileira
ARTGOS
NUNES; Alzira Tereza Garcia Lobato. Serviço social e universidade de terceira idade:
uma proposta de participação social e cidadania para os idosos. Textos sobre Envelhe-
cimento UnATI/UERJ, Rio de Janeiro, ano 3, n. 5, p. 1-97, 1º semestre, 2000.
PEIXOTO Clarice. De volta às aulas ou de como ser estudante aos 60 anos. In: VERAS,
Renato Peixoto (org.). Terceira idade: desafios para o terceiro milênio. Rio de Janeiro:
Relume-Dumará/UERJ-UnATI; 1997. p. 41-74.
SANTOS, Milena Lisboa Couto dos; ANDRADE, Marinúbia Chaves de. Incidência de
Quedas Relacionada aos fatores de riscos em idosos institucionalizados. Revista Baiana
de Saúde Pública, Salvador, v. 29, n.1, p.57-68, jan/jun. 2005.
SANTOS, Sérgio Ribeiro dos; SANTOS, Iolanda Beserra da Costa; FERNANDES, Maria
das Graças; HENRIQUES, Maria Emília Romero. Calidad de vida del anciano en la co-
munidad: aplicación de la Escala de Flanagan. Revista Latino-Americano de Enfermagem,
Ribeirão Preto, v. 10, n. 6, p. 757-764, 2002.
VERAS, Renato Peixoto. País jovem de cabelos brancos: a saúde do idoso no Brasil. 2ª
ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.
VERGARA, Rodrigo; FLORESTA, Cleide. Idosos no Brasil estão cada vez mais ativos.
Folha de São Paulo, São Paulo, 2º. Cad., p. 5, 06 ago. 1999.
Recebido: 04/04/2012
1ª Revisão: 07/09/2012
2ª Revisão: 05/10/2012
3ª Revisão: 23/11/2012
Aceite Final: 29/11/2012
398