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GEO015 -

MECÂNICA DOS SOLOS II


Prof. Adinele Gomes Guimarães
adinele@unifei.edu.br
2 HIDRÁULICA DOS SOLOS
AULA 05
Redes de Fluxo
Tipos de Fluxos
3

Quando o fluxo de água ocorre sempre na mesma direção, como no caso dos
permeâmetros, diz-se que o fluxo é unidimensional. Sendo uniforme a areia, a direção
do fluxo e o gradiente são constantes em qualquer ponto.
Quando as partículas de água se deslocam segundo qualquer direção, o fluxo é
tridimensional. A migração de água para um poço é um exemplo de fluxo tridimensional
de interesse para a engenharia.
Quando as partículas de água seguem caminhos curvos, mas contidos em planos
paralelos, o fluxo é bidimensional. É o caso da percolação pelas fundações de uma
barragem.
O estudo do fluxo bidimensional é muito facilitado pela representação gráfica dos
caminhos percorridos pela água e da correspondente dissipação de carga. Esta
representação é conhecida como rede de fluxo.
NA

NA

Barragem de Terra

Ensecadeira
NA NA

Talude
NA Crista Talude
Jusante
Montante
Definições
5

Linhas de fluxo (ou de corrente)

Rede de
Fluxo

Linhas equipotenciais (mesma carga total)

NOTAR QUE AS EQUIPOTENCIAIS SÃO


PERPENDICULARES ÀS LINHAS DE FLUXO
Estudo da Percolação
6

Q nc = número de canais de fluxo


nc nd = número de faixas de perda de potencial
nc
Q q se qn for cons tan te  Q nc qn
qn n 1
n

b Lei de Darcy  q  k.i.A


Logo
a H
H
nd
qn  k nbd a .1

Logo

Q  k H nc
a
s e a  b figuras quadradas
nd b
Q Q  k H nc
nd
Determinação
7

Equação geral da percolação em meios porosos:

 ht  ht  ht
2 2 2
3-D   0
x 2
y 2
z 2

 ht  ht
2 2
2-D  0
x 2
z 2

 ht
2
1-D 0
z 2
CASO UNIDIMENCIONAL

Solução da Equação de Laplace para o caso Uni-Dimensional:


𝜕2ℎ
=0 ℎ(𝑥) = 𝑎 ∙ 𝑥 + 𝑏
𝜕𝑥 2
a e b são constantes de integração e
dependem das condições de contorno

Ponto x h
H
A 0 H
B L 0
x
𝐻
A B 𝑎=− 𝑏=𝐻
𝐿

𝐻
L Relação Linear: ℎ 𝑥 =− ∙𝑥+𝐻
𝐿
CASO UNIDIMENCIONAL
Z
𝜕 2 ℎ𝑡 ℎ𝑡 (𝑧) = 𝑎 ∙ 𝑧 + 𝑏
3 =0
𝜕𝑧 2
15cm

Ponto 𝒉𝒆(cm) 𝒉𝒑(cm) 𝒉𝒕(cm)


2 0 0 0 0
1 15 -15 0
2 55 15 70
40cm

3 70 0 70

𝑧 = 15 𝑐𝑚 → ℎ𝑡 15 = 0 = 𝑎 ∙ 15 + 𝑏

1 𝑧 = 55 𝑐𝑚 → ℎℎ 55 = 70 = 𝑎 ∙ 55 + 𝑏
15cm

0 ℎ𝑡 𝑧 = 1,75 ∙ 𝑧 − 26,25
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CASO BIDIMENSIONAL

 2 ht  2 ht
 0
x 2 y 2

1. Solução Analítica (exata pela resolução matemática da Equação de Laplace, mas


limitada a caso simples, acadêmicos)

2. Solução Gráfica (solução aproximada por processo iterativo, obedece às


propriedades básicas e às condições de contorno, exige experiência e está em
desuso)

3. Solução Numérica (métodos numéricos – MEF/MDF,mais utilizada atualmente)

4. Solução Analógica (semelhança física com fenômenos também regidos pela


Equação de Laplace, exemplo escoamento elétrico em meio condutor)

5. Modelagem Física (modelos reduzidos, em escala a carga é proporcional ao


escoamento induzido pela gravidade)
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Traçado das Redes de Fluxo

NA Max

NA Min

Impermeável

1 – Identificar as Condições de Contorno


2 – Assinalar as direções de Início e Fim
3 – Desenhar uma primeira tentativa de Linhas de Fluxo
4 – Desenhar uma primeira tentativa de Linhas Equipotenciais
5 – Repetir os passos até que toda a malha esteja “quadrada”
Recomendações feitas por Casagrande (1937)

“ Aproveite todas as oportunidades para estudar o aspecto de redes de fluxo bem


construídas; quando a representação gráfica estiver bem assimilada, tende desenhá-la
sem olhar o desenho original; repita a tentativa até ser capaz de reproduzir a rede de
maneira satisfatória.
Para o traçado de uma nova rede, três ou quatro canais de fluxo são suficientes na
primeira tentativa; o emprego de muitos outros canais de fluxo distrai a atenção dos
aspectos mais importantes da rede.
Sempre observe a aparência de toda a rede. Não se ocupe de acertar detalhes antes
de toda a rede estar aproximadamente correta.
Há uma tendência de se errar em traçar transições muito abruptas entre trechos
aproximadamente retilíneos e trechos curvos das linhas equipotenciais ou de fluxo.
Lembre-se sempre que as transições são suaves, com formatos semelhantes aos de
elipses ou de parábolas. O tamanho dos quadrados em cada canal varia gradualmente.”

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Condições de Contorno:

Interface: Água – Meio Permeável

NA NA

1 2 3 4 1

NA
5 6
4 5 2 3

Impermeável Im perm eável

1-2 Linha equipotencial máxima 1-2-3 Linha equipotencial máxima


3-4 Linha equipotencial máxima 4-5 Linha equipotencial mínima
5-6 Linha equipotencial mínima
Condições de Contorno:

Interface: Meio Permeável – Meio Impermeável

NA

NA NA

NA
1 4
1
6
3 NA 6 3 4
2
11
2 5
5
7 8 10 9 7 8
Impermeável Impermeável

1-2-3 Linha de fluxo superior 1-2-3-4-5-6 Linha de fluxo superior


4-5-6 Linha de fluxo superior 7-8 Linha de fluxo inferior
7-8-11 Linha de fluxo inferior
9-10-11 Linha de fluxo inferior
Condições de Contorno:

Interface: Meio Saturado – Meio Insaturado

NA 1

2 NA

M eio Sat urado - Com Percolação

Impermeável

1-2 Linha de fluxo superior (linha de saturação)

Na linha de saturação a pressão da água é igual à pressão atmosférica.


Condições de Contorno:

Interface: Meio Permeável – Ar

NA
1
NA 2 M eio Sat urado - Com Percolação

Im p e r m e áv e l

1-2 Linha de descarga livre

 Não é linha equipotencial pois a carga total é variável


 Não é linha de fluxo pois a descarga tem uma componente normal à linha de descarga livre
Solução Numérica

Criada uma rede de elementos finitos, pode-se calcular com razoável precisão a carga
total em cada ponto. Atualmente, diversos programas de computador, empregando o
método dos elementos finitos, são disponíveis, inclusive para o traçado de redes de
materiais homogêneos.
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Modelos Físicos

Quando se coloca uma areia em uma caixa de madeira


com face de vidro, cria-se uma percolação e, por meio de
corantes, observam-se as linhas de fluxo. A partir delas,
as linhas equipotenciais podem ser desenhadas.
Logicamente, é um processo caro e demorado e só se
justifica sob o ponto de vista didático.
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Uso
19

nc
1. Cálculo da Vazão Qk H Rede de fluxo
nd

2. Cálculo de Pressões p   wh p Rede de fluxo

3. Cálculo de Gradientes i  d ht  ht
 Rede de fluxo
dL L
Piping
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É a erosão interna do solo e consiste no arrastamento progressivo das partículas do solo


e ocorre nas zonas de saída das linhas de fluxo. Nestas zonas, as forças de percolação
são elevadas e podem produzir a erosão interna.

𝑖𝑚𝑎𝑥 𝑖𝑚𝑎𝑥

∆ℎ𝑡
𝑛𝑑
𝑖𝑚𝑎𝑥 =
𝑙𝑚í𝑛
Processos de Formação:

Erosão regressiva, no qual a erosão se inicia no talude de jusante, no


ponto de saída do fluxo percolado, e progride para montante, formando
um tubo que se liga ao reservatório.

Processo de formação de piping por erosão regressiva.


Fonte: Perini (2009)

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Processos de Formação:
Erosão em torno de trincas existentes na barragem. Essas rachaduras ou
fissuras permitem a formação de um fluxo concentrado, que tem origem direta
no reservatório e vai até um ponto de saída, o qual passa a erodir o solo,
causando o alargamento deste caminho de água, formando o tubo.

Processo de formação de piping por meio de alargamento das paredes das trincas.
Fonte: Perini (2009)
22
Processos de Formação:
Erosão devido ao carreamento de finos. Ocorre geralmente quando os
materiais utilizados são mal graduados, permitindo que solos finos escapem
por uma matriz granular. Esta lavagem de finos, pode desestabilizar
internamente o solo e permitir a formação do tubo.

Processo de formação de piping por meio de carreamento de finos.


Fonte: Perini, 2009
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Exemplo 1
24

1.Cálculo da Vazão

Referencial

1
2
1 12
3
11
2
3 4 4 5 6 7 8 9 10

n 𝑛𝑐 = 4
Qk H c 4 𝑚3
nd 𝐻 = 6𝑚 → 𝑄 = 𝑘. 6. = 2 𝑘 ( /𝑚)
𝑛𝑑 = 12 12 𝑠
8 km

Referencial

𝒌 = 𝟏𝟎−𝟔 𝒎/𝒔

3 Se 𝒌 = 𝟏𝟎−𝟑 𝒎/𝒔 e a barragem tem 8 km de extensão, tem-se:


𝑚
𝑄 = 2 𝑘 ( /𝑚) 𝑄𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿 = 2 ∙ 10−3 ∙ 8.000 = 16 𝑚3 /𝑠
𝑠
25
2. Cálculo de Pressões
𝑛𝑐 = 4 𝑛𝑑 = 12

ℎ𝑡𝑚𝑎𝑥 = 6 m ℎ𝑡𝑚í𝑛 = 0 m
A
Referencial

𝒉𝒕 = 𝟑 𝒎

Pressão no ponto A: 𝑝𝐴 = ℎ𝑝𝐴 ∙ 𝛾𝑤 ℎ𝑝𝐴 = ℎ𝑡𝐴 − ℎ𝑒𝐴 = 3,0 − −1,5 = 4,5 𝑚

𝑝𝐴 = 4,5 ∙ 10 ℎ𝑒𝐴 = −1,5 𝑚


∆ℎ𝑡 6−0
𝑝𝐴 = 45 𝑘𝑃𝑎 ∆ℎ𝑡𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎 = = = 0,5
26 ℎ𝑡𝐴 = 3,0 𝑚 𝑛𝑑 12
2. Cálculo de Pressões
𝑛𝑐 = 4 𝑛𝑑 = 12

ℎ𝑡𝑚𝑎𝑥 = 6 m ℎ𝑡𝑚í𝑛 = 0 m
Referencial

ℎ𝑡 = 3 m

Pressão no ponto P: 𝑝𝑃 = ℎ𝑝𝑃 ∙ 𝛾𝑤 ℎ𝑝𝑃 = ℎ𝑡𝑃 − ℎ𝑒𝑃 = 3,0 − −10 = 13 𝑚

𝑝𝑃 = 13 ∙ 10 ℎ𝑒𝑃 = −10 𝑚
∆ℎ𝑡 6−0
𝑝𝑃 = 130 𝑘𝑃𝑎 ∆ℎ𝑡𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎 = = = 0,5
27 ℎ𝑡𝑃 = 3,0 𝑚 𝑛𝑑 12
3. Cálculo de Gradientes
𝑛𝑐 = 4 𝑛𝑑 = 12

B
Referencial L

∆ℎ𝑡𝐵
Gradiente no ponto B: 𝑖=
∆𝐿𝐵 ∆𝐿𝐵 ≈ 1,8 𝑚

0,5
𝑖= ∆ℎ𝑡 6−0
1,8 ∆ℎ𝑡𝐵 = = = 0,5
𝑛𝑑 12
28 𝑖 ≅ 0,28
Exemplo 2
29

1.Cálculo da Vazão
𝑛𝑐 = 4 𝑛𝑑 = 8

2 1
1 3 8
𝒌 = 𝟏𝟎−𝟒 𝒎/𝒔

4
2 7
3 4 5 6

𝑛𝑐 4
𝑄 = 𝑘. ∆𝐻. = 10−4 ∙ 25 − 5 ∙ = 10−3 𝑚3 /𝑠 /𝑚
𝑛𝑑 8
𝒌 = 𝟏𝟎−𝟒 𝒎/𝒔

Se a cortina tem 10 m de comprimento


30
𝑄 = 10−3 𝑚3 /𝑠 /𝑚 𝑄𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿 = 10−3 × 10 = 10−2 𝑚3 /𝑠
2. Cálculo de Pressões
𝑛𝑐 = 4 𝑛𝑑 = 8

Referência

∆ℎ𝑡 25 − 5
∆ℎ𝑡𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎 = = = 2,5
𝑛𝑑 8

Pressão no ponto B: 𝑝𝐵 = ℎ𝑝𝐵 ∙ 𝛾𝑤 ℎ𝑝𝐵 = ℎ𝑡𝐵 − ℎ𝑒𝐵 = 10 − −20 = 30 𝑚

𝑝𝐵 = 30 ∙ 10 ℎ𝑒𝐵 ≈ −20 𝑚
𝑝𝐵 = 300 𝑘𝑃𝑎 ℎ𝑡𝐵 = 25 − 6 × 2,5 = 10 𝑚
31
2. Cálculo de Pressões
𝑛𝑐 = 4 𝑛𝑑 = 8

Referência

∆ℎ𝑡 25 − 5
∆ℎ𝑡𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎 = = = 2,5
𝑛𝑑 8

Pressão no ponto A: 𝑝𝐴 = ℎ𝑝𝐴 ∙ 𝛾𝑤 ℎ𝑝𝐴 = ℎ𝑡𝐴 − ℎ𝑒𝐴 = 6,25 − −5 = 11,25 𝑚

𝑝𝐴 = 11,25 ∙ 10 ℎ𝑒𝐴 ≈ −5 𝑚
𝑝𝐴 = 112,5 𝑘𝑃𝑎 1
ℎ𝑡𝐴 = 5 + × 2,5 = 6,25 𝑚
32 2
3. Cálculo de Gradientes
𝑛𝑐 = 4 𝑛𝑑 = 12

Referência

L

∆ℎ𝑡𝐴
Gradiente em A: 𝑖𝐴 =
∆𝐿𝐴 ∆𝐿𝐴 ≈ 10𝑚

2,5
𝑖𝐴 = ∆ℎ𝑡 25 − 5
10 ∆ℎ𝑡𝐴 = = = 2,5
𝑛𝑑 8
33 𝑖𝐴 ≅ 0,25

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