Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
a, c, d
Escola de Engenharia de São Carlos, Departamento de Engenharia Mecânica – Universidade de São Paulo, Av.
Trabalhador São Carlense, 400, C.P. 359, 13566-590, São Carlos-SP, Brasil, b Instituto de Ciências Matemáticas e
de Computação, Departamento de Matemática Aplicada e Estatística, Universidade de São Paulo, Av. Trabalhador
São Carlense, 400, C.P. 668, 13251-900, São Carlos-SP, Brasil.
*e-mail: jmaria02@yahoo.com.br
RESUMO
Um dos maiores problemas associado ao processo de filtração tangencial é o declínio do fluxo de permeado, que
ocorre devido à concentração de polarização na superfície da membrana. Esse trabalho apresenta uma modelagem
matemática para a análise da transferência de massa ao longo de membranas tubulares, durante o processo de
filtração tangencial. O escoamento considerado é o de um fluido não-newtoniano em regime laminar. Um modelo
matemático em coordenadas cilíndricas, formado pelas equações de conservação de massa, de quantidade de
movimento e das espécies químicas, é proposto e implementado. Os efeitos dos termos convectivos não lineares são
investigados, por meio de três esquemas convectivos, e comparados com dados da literatura.
O processo de filtração tangencial com membranas tubulares tem sido largamente adotado por diferentes
indústrias, principalmente nas indústrias de alimentos, as quais utilizam a filtração tangencial para a clarificação de
vinhos, sucos de frutas e vinagre, remoção de levedura de cerveja, separação de bactérias e gorduras do leite, entre
outros. Muitos sucos de frutas e produtos alimentícios são não-newtonianos, por isso o modelo power-law é a
reologia mais comum para esse processo.
Na filtração tangencial, o solvente é forçado a fluir através da membrana por pressão transmembrana. Assim, as
partículas do fluxo de alimentação são convectivamente conduzidas para a superfície da membrana, onde se
acumulam até o equilíbrio entre os fluxos convectivos e difusivos, veja a Fig. 1. O acúmulo de partículas junto à
superfície da membrana favorece a formação da camada de polarização decorrente de fenômenos físicos químicos. A
concentração de polarização provoca o declínio do fluxo de permeado e torna-se um problema relevante no
desempenho do processo de filtração tangencial. Assim, um estudo intenso do fenômeno de transporte é necessário
para um melhor entendimento no mecanismo de transferência de massa durante o processo de filtração tangencial.
Existem muitos autores que se dedicaram a estudar numericamente esse processo. Como [1,2], que investigaram
numericamente o depósito de partículas na superfície da membrana tubular. O desenvolvimento de uma expressão
para determinar o coeficiente de transferência de massa para fluidos não-newtoninos foi proposto por [3]. E outros,
como, por exemplo, [4, 5], que também trabalharam com a formulação de transferência de massa para estudo do
declínio do fluxo de permeado.
Concentração z
membrana na Fonteira
vw Fluxo Convectivo
Fluxo de cw
Permeado
c0
O presente trabalho tem como objetivo desenvolver um modelo matemático para análise da transferência de massa
durante o processo de filtração tangencial, em membranas tubulares de fluidos não-newtonianos em regime laminar.
Para tanto, as equações de conservação de massa, de quantidade de movimento e de espécies químicas são
discretizadas/implementadas pela técnica de diferenças finitas. Os efeitos da discretização dos termos convectivos
não lineares no processo de transferência de massa na superfície da membrana tubular são investigados.
Formulação Matemática
∂u 1 ∂ (r v ) (1)
+ =0
∂z r ∂r
∂u ∂p 2 n ∂ ∂u η ∂u ∂v ∂ ∂u ∂v (2)
=− − CONVu + 2η + + + η ∂r + ∂z
∂t ∂z Re ∂z ∂z r ∂r ∂z ∂r
∂v ∂p 2 n ∂ ∂v 2η ∂v v ∂ ∂u ∂v (3)
=− − CONVv + 2η + − 2η 2 + η +
∂t ∂r Re ∂r ∂r r ∂r r ∂z ∂r ∂z
∂c 2 ∂ 2 c ∂ 2 c 1 ∂c (4)
= −CONVc + + +
∂t Pe ∂r 2 ∂z 2 r ∂r
em que
∂ (u u ) 1 ∂ ( r u v ) , ∂ (u v ) 1 ∂ (r v v ) , ∂ (uc) 1 ∂ ( rvc) ,
CONVu = + CONVv = + CONVc = +
∂z r ∂r ∂z r ∂r ∂z r ∂r
n −1
ρu 2 − n ( 2 R ) n 4 n ,
n
u0 2R , ∂u 2 ∂v 2 v 2 ∂u ∂v 2 2
Re = 0 n−1 Pe = η = 2 + + + + .
m8 3n + 1 D ∂z ∂r r ∂r ∂z
z, r u , v , p , tu c .
z= r= , u= v= p= t = 0, c= (5)
R R u0 u0 ρu 0
2
R c0
Condições de contorno
Devido à simetria do problema, somente a região entre a parede ( r = 1) e a linha central do tubo ( r = 0) foi
numericamente considerada (como pode ser observado na Fig. 2). Assim, as condições de contorno na forma
adimensional utilizadas são:
L, ∂u ∂v ∂c
z= 0 ≤ r ≤ 1, = 0, =0, =0, (7)
R ∂z ∂z ∂z
L, ∂u r ∂c
r = 0, 0≤ z ≤ = 0, v =0, =0, (8)
R ∂r ∂r
r = 1, L, u = 0, v = vw , Pevw c ∂c , (9)
0≤ z ≤ =
R 2 ∂r r =R
em que v w é a velocidade de permeabilidade local, a qual na forma dimensional é definida pelo modelo de
resistência em série (ver [1,2]):
∆p . (10)
vw =
Rm + R p
Método numérico
As equações de (1) a (4) associadas com as condições de contorno de (6) a (9) são aproximadas por diferenças
finitas em malha deslocada, na qual as células têm dimensões ∆z por ∆r, em que as variáveis pressão (p),
concentração (c) e viscosidade aparente (η) estão definidas no centro da célula, enquanto as componentes de
velocidade u e v estão posicionadas nas faces laterais, que distam do centro ± ∆r / 2 e ± ∆z / 2 , respectivamente. As
aproximações para as derivadas temporais são feitas utilizando-se diferenças avançadas (Euler explícito), os
gradientes de pressão, bem como a equação de conservação de massa e os outros termos das equações da quantidade
de movimento e conservação das espécies, com exceção dos termos convectivos, são aproximados por diferenças
centrais. Os termos convectivos são aproximados por três esquemas convectivos consagrados na literatura: WACEB
[7], CUBISTA [8], QUICKEST ADAPTATIVO [9]. Os campos pressão e velocidade são calculados pelo método
Sola [6, 10], o qual é caracterizado por um esquema de correções de velocidade e pressão em cada passo de tempo.
Estabilidade numérica
A forma explícita do cálculo de u, v e c impõem restrições severas aos valores permitidos de ∆t. Para a
estabilidade numérica, a cada ciclo computacional, o tamanho do passo no tempo é obtido segundo a restrição [6,11]:
∆x ∆y Re ∆z 2 ∆r 2 Pe ∆z 2 ∆r 2
∆t < min , , n+1 , (11)
u 4 ∆x 2 + ∆r 2
max v max 2 η max ∆x + ∆r
2 2
∂c (12)
κ local (cw − c0 ) = − D
∂r r = R
∂c ∂c
− 2R −2
2κ local R ∂r r = R ∂r r =1 . (13)
Shlocal = = =
D (cw − c0 ) (cw − 1)
Por conveniência, algumas vezes é utilizado nesse trabalho o número de Sherwood médio, o qual é definido pela
seguinte forma:
L
1
L ∫0
Sh = Shlocal dz (14)
WACEB CUBISTA
φU se φˆU ∉ [0,1]
φU se φˆU ∉ [0,1] 1
2φU − φR se 0 ≤ φˆU < 3 / 10 , (7φU − 3φR ) se 0 ≤ φˆU < 3 / 8
4
φ f = 1 φ f = 1
8 (3φD + 6φU − φR ) se 3 / 10 ≤ φˆU ≤ 5 / 6 8 (3φD + 6φU − φR ) se 3 / 8 ≤ φˆU ≤ 3 / 4
1
φD se 5 / 6 < φˆU ≤ 1 (3φD + φU ) se 3 / 4 < φˆU ≤ 1
4
QUICKEST ADAPTATIVO
φU se φˆU ∉ [0,1]
(2 − θ )φU − (1 − θ )φ R se 0 ≤ φˆU < a
φ f = 1
( ) 1
( ) 1
( )
6 5 + 3 | θ | −2θ φU + 6 2 − 3 | θ | +θ φ D + 6 − 1 + θ φ R
2 2 2
se a ≤ φˆU ≤ b
(1 − θ )φ D + θφU se b < φˆU ≤ 1
com
∆t , 2 − 3 | θ | +θ 2 , b = − 4 + 6θ − 3 | θ | +θ , φˆU = φU − φR .
2
θ = vf a=
∆s 7 − 6θ − 3 | θ | +2θ 2 − 5 + 6θ − 3 | θ | +2θ 2 φD − φ R
Essa secção tem como objetivo verificar a influência dos termos convectivos nos resultados numéricos, em
especial, para o caso de transferência de massa. Por isso, além das simulações com fluidos não-newtonianos, foram
feitas também simulações com fluidos newtonianos. Utilizaram-se 100×40 células computacionais, números de
Reynolds entre 100 e 300, difusividade (D) 5 × 10−8 m2s-1, resistência da membrana (Rm) 0,25 × 109 kg m-2s-1 e pressão
transmembrana inicial (∆pi) 1 × 10 −5 Pa, em membranas tubulares de diâmetro 0,015 m.
Na Fig. 4 estão comparados os resultados numéricos com o analítico [12], para índice das leis de potência (n)
igual a um (fluido newtoniano). Essa figura representa o perfil de concentração, próximo à superfície da membrana,
em função da coordenada axial, para os três esquemas convectivos. Observa-se a partir dessa figura que o esquema
QUICKEST ADAPTATIVO produziu resultados melhores. Pode-se observar também, por essa mesma figura, uma
diferença entre os resultados numéricos e o analítico. Acredita-se que essa diferença se deve ao fato de na
modelagem analítica a equação de conservação das espécies químicas ser simplificada, ao contrário do presente
modelo numérico que possui uma modelagem completa. O mesmo pode ser observado na Fig. 5.
1,5 1,30
A.L. Venezuela, S.R. Fontes [12] A.L. Venezuela, S.R. Fontes [12]
QUICKEST ADAPTATIVO [9] QUICKEST ADAPTATIVO [9]
1,25
1,4 CUBISTA [8] CUBISTA [8]
WACEB [7] WACEB [7]
1,20
1,3
1,15
c/c0
c/c0
1,2
1,10
1,1
1,05
Re = 100 Re = 300
1,0 1,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
z/R z/R
Fig. 4: Comparação dos esquemas convectivos para a concentração próxima a superfície da membrana em função da
coordenada axial z, para número de Reynolds 100 e 300.
A Fig. 5 mostra também comparações dos resultados numéricos, produzidos pelos esquemas convectivos, com
resultados analíticos [3], porém, agora para o número de Sherwood médio em função do índice das leis de potência
(índice powe-law) para número de Reynolds 150 e 300. Novamente, observa-se que o esquema QUICKEST
ADAPTATIVO produziu melhores resultados.
Com as observações feitas nos resultados representados nas Fig. 4 e 5, pode-se concluir que os esquemas
convectivos produzem influências nos resultados numéricos, principalmente para o estudo em questão que é a
transferência de massa. Portanto, para os casos estudados, tem-se que o esquema QUICKEST ADAPTATIVO é o
mais indicado para o estudo numérico do problema de transferência de massa no processo de filtração tangencial,
assim esse esquema será adotado nas próximas simulações.
100 100
90
R. Ranjan, S. DasGupta e S. De [3] 90
QUICKEST ADAPTADO [9]
80 CUBISTA [8] 80
WACEB [7]
70 70
60 60
Sh
Sh
50 50
R. Ranjan, S. DasGupta e S. De [3]
QUICKEST ADAPTATIVO [9]
40 40
CUBISTA [8]
30 30 WACEB [7]
Re = 150 Re = 300
20 20
0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 0,70 0,75 0,80 0,85 0,90 0,95 1,00
Fig. 5: Comparação dos esquemas convectivos para o número de Sherwood médio em função de n, para
número de Reynolds 150 e 300.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nos resultados das simulações numéricas, que serão apresentados a seguir, foram utilizadas membranas tubulares
de diâmetro 0,0063 m, 100×20 células computacionais, números de Reynolds entre 50 e 500, resistência da
membrana (Rm) 0,25 × 10 7 kg m-2s-1, pressão transmembrana inicial (∆pi) 1 × 10 −5 Pa, difusividade (D) 8,3 × 10 −8 m2s-1
e índice das leis de potência (n) 0,87, que são propriedades de uma solução de goma Guar [13].
Observa-se na Fig. 6 que quando o número de Reynolds aumenta, a concentração local próxima da superfície da
membrana diminui, pois para altos Reynolds, têm-se altas velocidades axiais, o que impede o acúmulo de solutos na
superfície da parede porosa e, conseqüentemente, obtém-se aumento do coeficiente de transferência de massa, como
pode ser observado na Fig. 7, a qual apresenta um gráfico do número de Sherwood local em função da coordenada
axial.
100
1,030 Re = 50 90 Re = 50
Re = 100 Re = 100
80
1,025 Re = 500 Re = 500
70
1,020
60
Shlocal
cw/c0
50
1,015
40
1,010 30
20
1,005
10
1,000 0
0 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
z/R z/R
Fig. 6: Concentração local próxima à superfície da Fig. 7: Número de Sherwood local como função da
membrana como função da coordenada axial. coordenada axial.
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
NOMENCLATURA