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MECÂNICA DE FLUIDOS

ESCOAMENTO IDEAL – EQUAÇÃO DE CONTINUIDADE

Szabolcs Varga 1
Esc. ideal – equação de continuidade
- Pontos importantes
- Características de escoamento idealizado
- Campo de velocidades, linhas de corrente e trajetoria
- Lei de conservação de massa (equação de continuidade) para um
escoamento idealizado mono-dimensional

- Equação de continuidade generalizado, análise diferencial

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Para analisar escoamentos de fluidos é necessário considerar as leis


fundamentais como:

- Lei de conservação da massa (equação de continuidade)


- Lei de conservação da quantidade de movimento
- Lei de conservação de energia (1ª lei de termodinâmica)

- 2ª lei de termodinâmica
- ….
- Este facto torna-se a análise complexa, por isso, é útil (e as vezes suficiente)
considerar casos idealizados, onde a complexidade de análise é muito mais
reduzida

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Pressupostos aplicados para análise de escoamentos ideais:


- escoamento invíscido (viscosidade nula):

- escoamento incompressível ( constante)

- escoamento mono-dimensional ( e.g. v(x))

- escoamento em regime permanente (sem variação do tempo)

- sem transferência de calor com o ambiente

- Para escoamentos reais, estes pressupostos podem não ser não válidos, mas
com pequenas modificações , os resultados obtidos podem ser generalizados,
mantendo os erros relativamente baixos

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Esc. ideal – equação de continuidade

- O escoamento dos fluidos pode ser considerado como o movimento de um


conjunto de partículas, que resulta das forças que atuam sobre elas

v1 - v1 (x,y,z,t)
2
1 v2 - v2 (x,y,z,t)
3 v3 - v3 (x,y,z,t)
y z

- O cálculo individual da trajetória das partículas seria demasiado difícil, por


isso, tratamos o fluido como um campo do meio contínuo

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Campo: variação contínua, no espaço e no tempo, de uma grandeza física


(vetorial ou escalar)

- A descrição do campo, com uma referência fixa no espaço, é geralmente mais


vantajosa

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Trajetória e linha de corrente: A linha que une os pontos ocupados por uma
partícula ao longo do tempo (em regime permanente)

1 1
1
1
2 2
2
2

O vetor de velocidade é tangente Tubo de corrente: conjunto de linhas


em qualquer ponto ao linha de de corrente que definem uma superfície
corrente (virtual) fechada.

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Escoamento mono-dimensional: As propriedades de escoamento (v, p, etc.)


apenas variam ao longo da linha de corrente (s) e não entre as várias linhas de
corrente na secção normal

y z

x s
s
y z

𝑑𝑣𝑠 𝑑𝑣𝑠 A velocidade do fluido depende apenas


ቤ =0 ≠0
𝑑𝐴 𝐴 𝑑𝑠 no sentido x - v(𝑥)

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Esc. ideal – equação de continuidade
- Equação de continuidade (conservação da massa): Sendo que não há fluxo
de massa que atravessa as linhas de corrente, em regime permanente:

Massa que entra pela A1 = massa


dm2
tubo de corrente que sai pela A2

dm1= dm2
linhas de corrente 𝑑𝑚1 = 𝜌𝑑𝑉1 = 𝜌𝐴1 𝑣1 𝑑𝑡

𝑑𝑚2 = 𝜌𝑑𝑉2 = 𝜌𝐴2 𝑣2 𝑑𝑡


dm1
𝜌𝐴𝑣 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

𝐴𝑣 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Exemplo: Qual deverá ser o diâmetro do bocal de saída de uma mangueira, para que a
velocidade da água no mesmo ponto seja 10 m/s. Na mangueira, de 1 polegada de
diâmetro, a velocidade da água é 1,5 m/s. Determine também o caudal volumétrico.

𝑑2 =? 𝑉ሶ =? mangueira bocal

v1= 1,5 m/s 1 d1 d2


d1= 1pol= 2,54 cm =2,5410-2 m 2
v2= 10 m/s

- água é incompressível, por isso:

𝑣1 2
𝑣1 2 𝑣1
Av = constante → 𝐴1 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2 → 𝐴2 = 𝐴1 → 𝑑2 = 𝑑1 → 𝑑2 = 𝑑
𝑣2 𝑣2 𝑣2 1
1,5
→ 𝑑2 = × 2,54 × 10−2 ≅ 10−2 𝑚 = 𝟏 𝒄𝒎
10

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Exemplo:
mangueira bocal

1 d1 d2
2

2 3,14 ×(2,54×10 −2 )2
𝜋𝑑
𝑉ሶ = 𝐴1 × 𝑣1 = 4 1 × 𝑣1 = 1,5 = 7,6 × 10−4 m3/s = 0,76 l/s
4

(𝑉ሶ = 𝐴2 × 𝑣2 )

- Sendo que v2> v1, d2 < d1 !

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Exemplo: Considere o misturador na figura com duas entradas (1 e 2) e duas saídas (3 e


4).
Determine os caudais mássicos (1-4), as
velocidades dos fluidos, e o caudal volumétrico
no ponto 4, conhecendo os dados seguintes:

𝑉1ሶ = 2 × 10−3 𝑚3 /𝑠 2= 8102 kg/m3


1= 103 kg/m3 d2=310-2 m
d1=510-2 m 𝑚ሶ 1 = 1 × 𝑉1ሶ = 103 × 2 × 10−3 = 2 kg/s
𝑉ሶ1 4𝑉ሶ1 4×2×10−3
𝑉ሶ3 = 5 × 10−3 𝑚3 /𝑠 d4=610-2 m 𝑣1 =
𝐴1
= =
𝜋𝑑12 𝜋(5×10−2 )2
= 1,02 𝑚/𝑠
3= 9,5102 kg/m3 v4=0,3 m/s
d3=410-2 m

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Exemplo:

𝑚ሶ 3 = 3 × 𝑉ሶ3 = 4,75 kg/s


𝑉ሶ3 4𝑉ሶ3 4×5×10−3
𝑣3 = = = = 3,98 𝑚/𝑠
𝐴3 𝜋𝑑32 𝜋(4×10−2 )2

𝜋𝑑 2
3,14×(6×10 −2 )2
𝑉4ሶ = A4 × 𝑣 = 4 4 𝑣 = × 0,3
4
-4 3
=8,4810 m /s=0,848 l/s

𝑚ሶ 3 = 3 × 𝑉4ሶ = 0,806 kg/s

𝑚ሶ 1 + 𝑚ሶ 2 = 𝑚ሶ 3 + 𝑚ሶ 4 → 𝑚ሶ 2 = 𝑚ሶ 3 + 𝑚ሶ 4 - 𝑚ሶ 1 = 3,56 kg/s

𝑚ሶ 2 4𝑚ሶ 2 4×3,56
𝑣2 = 𝜌 =𝜌 2 = 8×102×3,14×(3×10−2 )2=6,3 m/s
2 𝐴2 2 𝜋𝑑2

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Esc. ideal – equação de continuidade

- A equação de continuidade (conservação de massa) pode ser obtida


recorrendo à análise diferencial, sem a necessidade de fazer pressupostos sobre
o tipo do fluido ou a dimensionalidade de escoamento
volume infinitesimal - dV

dz

dy

dx
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Esc. ideal – equação de continuidade
- Análise diferencial escoamento mono-dimensional apenas (ao longo eixo x):

[A massa acumulada em unidade volume infinitesimal - dV


de tempo no volume dV ] =
dz
Fluxo
[A massa que [A massa que sai dV
-
entra dV em dt] em dt] dy

𝜕𝑚 𝜕𝜌 𝜕𝜌
[o que acumula]= = 𝛿𝑉 = 𝛿𝑥𝛿𝑦𝛿𝑧 dx
𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝜕𝑡 y
z

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Esc. ideal – equação de continuidade
- Análise diferencial num sentido apenas (ao longo eixo x):

𝜕𝑚
[o que entra]= ቤ = 𝜌𝑣𝑥 ቚ 𝛿𝑦𝛿𝑧
𝜕𝑡 𝑥 𝑥 volume infinitesimal - dV

dz
Fluxo
𝜕𝑚
[o que sai]= ቤ = 𝜌𝑣𝑥 ቚ 𝛿𝑦𝛿𝑧
𝜕𝑡 𝑥+𝛿𝑥 𝑥+𝛿𝑥
dy

𝜕𝜌
𝛿𝑥𝛿𝑦𝛿𝑧 = 𝜌𝑣𝑥 ȁ𝑥 𝛿𝑦𝛿𝑧- 𝜌𝑣𝑥 ȁ𝑥+𝛿𝑥 𝛿𝑦𝛿𝑧 dx
𝜕𝑡 y
z

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Esc. ideal – equação de continuidade
- Análise diferencial caso geral (3D):
volume infinitesimal - dV
𝜕𝑚 𝜕𝑚 𝜕𝑚 dz
[o que entra]= ቚ + ቚ + ቚ = 𝜌𝑣𝑥 ȁ𝑥 𝛿𝑦𝛿𝑧 +
𝜕𝑡 𝑥 𝜕𝑡 𝑦 𝜕𝑡 𝑧

𝜌𝑣𝑦 ห𝑦 𝛿𝑥𝛿𝑧+ 𝜌𝑣𝑧 ȁ𝑧 𝛿𝑥𝛿y


dy
𝜕𝑚 𝜕𝑚 𝜕𝑚
[o que sai]= ቚ + ቚ + ቚ =
𝜕𝑡 𝑥+𝛿𝑥 𝜕𝑡 𝑦+𝛿𝑦 𝜕𝑡 𝑧+𝛿𝑧

𝜌𝑣𝑥 ȁ𝑥+𝛿𝑥 𝛿𝑦𝛿𝑧 + 𝜌𝑣𝑦 ห𝑦+𝛿𝑦 𝛿𝑥𝛿𝑧+ dx


y z
𝜌𝑣𝑧 ȁ𝑧+𝛿𝑧 𝛿𝑥𝛿𝑦
x
𝜕𝜌
𝛿𝑥𝛿𝑦𝛿𝑧 = (𝜌𝑣𝑥 ȁ𝑥 - 𝜌𝑣𝑥 ȁ𝑥+𝛿𝑥 )𝛿𝑦𝛿𝑧 + (𝜌𝑣𝑦 ห − 𝜌𝑣𝑦 ห )𝛿𝑥𝛿𝑧+
𝜕𝑡 𝑦 𝑦+𝛿𝑦

+(𝜌𝑣𝑧 ȁ𝑧 - 𝜌𝑣𝑧 ȁ𝑧+𝛿𝑧 )𝛿𝑥𝛿𝑦


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Esc. ideal – equação de continuidade
- Análise diferencial caso geral (3D):
𝜕𝜌
𝛿𝑥𝛿𝑦𝛿𝑧 = (𝜌𝑣𝑥 ȁ𝑥 - 𝜌𝑣𝑥 ȁ𝑥+𝛿𝑥 )𝛿𝑦𝛿𝑧 + (𝜌𝑣𝑦 ห𝑦 − 𝜌𝑣𝑦 ห𝑦+𝛿𝑦 )𝛿𝑥𝛿𝑧 +(𝜌𝑣𝑧 ȁ𝑧 - 𝜌𝑣𝑧 ȁ𝑧+𝛿𝑧 )𝛿𝑥𝛿𝑦
𝜕𝑡

- Dividindo cada termo pelo volume dV= dx dy dz :

𝜕𝜌 (𝜌𝑣𝑥 ȁ𝑥 − 𝜌𝑣𝑥 ȁ𝑥+𝛿𝑥 ) (𝜌𝑣𝑦 ห − 𝜌𝑣𝑦 ห ) (𝜌𝑣 ȁ − 𝜌𝑣 ȁ


𝑦 𝑦+𝛿𝑦 𝑧 𝑧+𝛿𝑧 )
= + + 𝑧𝑧
𝜕𝑡 𝛿𝑥 𝛿𝑦 𝛿𝑧

- Tirando os limites dx= dy= dz →0 :

𝜕𝜌 𝜕𝜌𝑣𝑥 𝜕𝜌𝑣𝑦 𝜕𝜌𝑣𝑧 𝜕𝜌 𝜕𝜌𝑣𝑥 𝜕𝜌𝑣𝑦 𝜕𝜌𝑣𝑧


=− − − ou + + + =0
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

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Esc. ideal – equação de continuidade
- Escoamento 3D em regime permanente:

𝜕𝜌𝑣𝑥 𝜕𝜌𝑣𝑦 𝜕𝜌𝑣𝑧 𝜕𝜌


+ + =0 =0
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑡

- Escoamento incompressível em 3D e em regime permanente:

𝜕𝑣𝑥 𝜕𝑣𝑦 𝜕𝑣𝑧 𝜕𝜌


+ + =0 =0 e ρ 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑡

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Exemplo: Para descrever as componentes de velocidade (vx e vy) num escoamento


bidimensional, de um fluido incompressível, proponha-se as seguintes expressões :

x y
vx = − ; vy = −
x +y
2 2
x 2 + y2

Verifique que as expressões assumidas cumprem a lei de conservação da massa!

𝜕𝑣𝑥 𝜕𝑣𝑦 𝜕𝑣𝑥 𝜕𝑣𝑦


+ =0 =? =?
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦

𝑥 𝑓(𝑥)
𝑣𝑥 = − 2 =− 𝑓(𝑥) = 𝑥 𝑔(𝑥) = 𝑥 2 + 𝑦 2 (y const.)
𝑥 + 𝑦2 𝑔(𝑥)

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Exemplo:
𝑥 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) = 𝑥 2 + 𝑦 2
𝑣𝑥 = − 2 =− 𝑓(𝑥) = 𝑥
𝑥 + 𝑦2 𝑔(𝑥)

d
𝑓(𝑥)
/dx=
𝑓´ 𝑥 𝑔 𝑥 −𝑓 𝑥 𝑔(𝑥) 𝑓′(𝑥) = 1 𝑔′(𝑥) = 2𝑥 g2(x)= (𝑥 2 +𝑦 2 )2
𝑔(𝑥) 𝑔2 (𝑥)

𝜕𝑣𝑥 𝑥 2 +𝑦 2 −2𝑥 2 𝑦 2 −𝑥 2 𝑥 2 −𝑦 2
= − 2 2 2 =- 2 2 2= 2 2 2
𝜕𝑥 (𝑥 +𝑦 ) (𝑥 +𝑦 ) (𝑥 +𝑦 )

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Esc. ideal – equação de continuidade

- Exemplo:
𝑦 𝑓(𝑦) 𝑔′(𝑦) = 2𝑦 g2(y)= (𝑥 2 +𝑦 2 )2
𝑣𝑦 = − 2 =− 𝑓′(𝑦) = 1
𝑥 + 𝑦2 𝑔(𝑦)

𝜕𝑣𝑦 𝑥 2 +𝑦 2 −2𝑦 2 𝑥 2 −𝑦 2
= − 2 2 2 =- 2 2 2
𝜕𝑦 (𝑥 +𝑦 ) (𝑥 +𝑦 )

𝜕𝑣𝑥 𝜕𝑣𝑦 𝑥2 − 𝑦2 𝑥2 − 𝑦2
+ = 2 2 2− 2 2 2=0
𝜕𝑥 𝜕𝑦 (𝑥 +𝑦 ) (𝑥 +𝑦 )

As expressões para vx e vy cumprem a lei de conservação da massa.

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